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Com a negação e seguinte admissão da maga de fogo, o coração de Cedric pulsou mais rápido, mas ele fez o possível para ignorar o efeito de suas palavras em seu espírito. As confissões de Celeste aumentavam suas dúvidas, ainda mais quando ela o dizia para tomar seu tempo, enquanto seu olhar expressava frustração em ter que esperar por uma resposta. Além disso, também era difícil para ele estar em sua presença sem capturar seus lábios a cada minuto. Não tinham se beijado em uma semana, afinal…
Ela estava comprometida.
Repetiu mentalmente a nova informação para manter o foco. Se dividisse sua cama novamente, seria sabendo que ela não era verdadeiramente sua. Antes, isso já era implícito nas noites em que se encontravam, mas agora tinha a certeza. Celeste nunca poderia ser dele.
A ideia de não poder tê-la como amante uma última vez, caso decidisse pôr um fim na relação, era suficiente para deixá-lo nervoso. Intimamente, porém, havia uma parte de Cedric que acreditava que, mesmo se terminassem, Celeste ainda não conseguiria resistir a encontrá-lo para uma despedida. E essa seria longa, cheia da ânsia em tê-la que tentava impedir que tomasse seu corpo naquele instante.
— Eu te aviso. — Abaixou os olhos e, em silêncio, seguiu para a porta.
Não sabia quando tomaria uma decisão, então não a informou, temendo que não conseguisse seguir um prazo fixo. Sentiria sua falta. Pela deusa, já sentia, mas o tempo poderia ser um bom aliado para os dois. Talvez agora conseguisse esquecê-la. Talvez o ego ferido o ajudasse a despertar e não voltar a procurar uma Mechathin para esquentar sua cama.
Antes de cruzar o portal, no entanto, olhou para trás sem realmente vê-la.
— Mas ainda pode me atualizar sobre Maddie se quiser… — Ele adicionou em voz baixa e, enfim, deixou o quarto. Madeleine era, como a vida política, outro fator que os conectava; mais uma brincadeira dos deuses para se certificar de seu tormento. Independentemente do que estivesse ocorrendo entre os dois, ainda desejava saber mais sobre a criança e suas experiências sobrenaturais, tão similares às dele. Principalmente se envolveriam a Anciã.
Deixou a casa e o terreno com uma expressão mais dura do que chegou, mas seus seguranças nada comentaram, como de costume.
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Provavelmente percebendo que ele se preparava para deixar o local, Celeste se ergueu da cama. Ela aceitou sua resposta como se desejasse ouvir outra e o olhou nos olhos ao fazer um pedido.
A possibilidade de não vê-la mais — ou melhor, não encontrar-se mais com ela, pois ainda a veria incontáveis vezes nas vidas conectadas um ao outro que tinham — o balançou. “Deixaria as coisas mais difíceis��, ela disse. Difíceis como? Não suportaria a despedida como ele, talvez, também não? Então, se decidisse que não era mais uma boa ideia sair com a mulher que dominava seus pensamentos, aquele seria o último momento privado que teria com ela?
Cedric sustentou o olhar dessa vez, sentindo sua falta por antecipação. Como ela brincava com ele e, aparentemente, nem consciência tinha de como suas falas e ações o desnorteavam. O ciúme ainda queimava em uma chama firme, mas ele conseguiu abrir um meio sorriso para as ousadias inocentes de Celeste.
— Essa é sua maneira de me convencer a aceitar? Ter que talvez dizer adeus agora? — Sentiu um aperto no peito ao pôr em palavras a última pergunta.
Apesar de querer se aproximar, deu um passo lento para trás, carregando o corpo para mais perto da porta. Precisava pensar e não queria cair em seu canto tão fácil de novo.
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A hesitação da maga de fogo quebrou grande parte da dureza de Cedric, que se pegou prendendo a respiração ao ouvi-la concluir sua resposta. Ela não queria terminar, não conseguia, e ainda desejava tê-lo, mesmo comprometida, mesmo sob a ameaça da posição que ocupavam.
Sentimentos conflitantes passaram a habitar seu corpo. Estava acostumado a ser desejado e a receber propostas indecentes ou até mesmo perigosas, mas nunca estivera tão profundamente envolvido ao ponto de não saber quando parar e colocar a lógica acima das emoções, como fazia nos últimos meses. Celeste despertava nele a coragem parar se arriscar em níveis alarmantes e agora, além disso, colocava seu coração em jogo ao trazer uma terceira pessoa para a cena.
Cedric sabia que gostaria de manter o caso dos dois indefinidamente. Nada o inebriava mais do seu cheiro e seu toque sob os lençóis, pensava neles até mesmo durante seus sonhos. No entanto, como poderia alimentar esse sentimento, essa obsessão, enquanto ela entrava em um relacionamento com outro homem? Teria que dividir seus toques com outro, sabendo que ele, também, poderia encaixar o rosto em seu pescoço e sentir seu perfume, compartilhar de suas risadas, de seus gemidos e sorrisos implicantes. Como seu orgulho o permitiria não ser o centro dos desejos de Celeste Mechathin?
Lambeu os lábios. Ele teria que decidir? Fazia sentido, é claro, ele seria aquele que teria que lidar com os ciúmes que sentia. Ainda assim, era um golpe baixo ser obrigado a verbalizar sua falta de controle, humilhar-se por ainda querê-la, mesmo nessa situação. Ele era um Bondurant, pela deusa, e não qualquer um — o herdeiro. Não deveria aceitar algo assim, que somente homens sem o status dele eram obrigados a aceitar.
Abriu a boca para dar a ela sua resposta, mas levou alguns segundos até falar:
— Vou precisar de um tempo pra pensar… Decidir. — A frase carregava frustração e também hesitação. Era claro seu conflito interno e Cedric abaixou os olhos para o casaco que deixou sobre a cama poucos minutos antes, buscando a peça dobrada para pendurá-la no braço. — Não consigo te responder agora.
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Dessa vez, foi mais do que ciúmes o que suas palavras provocaram nele. Cedric juntou as sobrancelhas e sua pose vacilou rapidamente, músculos relaxando com a surpresa, ainda que mantivesse os braços cruzados.
Lucien o havia avisado sobre a proximidade dos Doyle com os Mechathins e possibilidade das coisas estarem caminhando para um cortejo. Ele mesmo tinha visto os sinais com clareza, mas… Achava que o magnetismo que os unia seria suficiente para afastá-la de um relacionamento mais sério. Estava errado.
O cortejo era um período mais comum entre a aristocracia de Sarin e servia como uma fase avaliativa e também de experimentação. Nesse momento, o casal poderia se conhecer melhor e testar a harmonia antes de um possível pedido de casamento. Raramente cortejos eram interrompidos sem que a conclusão fosse um noivado, ainda mais na modernidade de Sarin, em que a fase de namoro — mais casual e descompromissada — havia sido adicionada logo antes. Na prática, Celeste estava se preparando para se casar.
Cedric não conseguiu manter contato visual por muito tempo, voltando a baixar os olhos enquanto refletia.
— Você gosta dele, então. — Murmurou. Era uma frase um tanto tola, pois sabia que casamentos, para pessoas como eles, não eram exatamente construídos utilizando sentimentos como base. Ainda assim, ela havia dormido com Lance novamente, usando o periodo que incentivava casais a se conhecerem também fisicamente. Isso provava que aquela não era uma união que a desagradaria.
Novamente, não entendeu os planos dos deuses para ele. Precisava ter o ego ferido por um igual? Tinha os desagradado em alguma escolha?
— Me chamou aqui para terminar? — Perguntou com um meio sorriso derrotado surgindo no canto dos lábios.
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Celeste manteve o semblante sério e o coração do Bondurant se acelerou. Sua primeira frase já entregou o restante do que ela o diria, pois ele lembrava do que ela havia prometido contar. E sua conclusão confirmou a introdução.
Porra.
Sua respiração se prendeu no peito e o sorriso forçado se tornou muito pesado em seu rosto, desfazendo-se para denunciar seu choque. Entre as possibilidades, aquela era a conversa que Cedric preferiu nem pensar que poderia acontecer, que afastou imediatamente da mente assim que sua sombra ameaçou se aproximar.
Como haviam falado uma semana antes, ele não era do tipo ciumento, nunca havia se reconhecido dessa forma. Somente uma vez na vida tinha entrado em um relacionamento sério, digno de tais reações e em que monogamia era algo a se esperar da parceira, e mesmo com Alice não havia chegado perto de sentir o fogo doloroso dos ciúmes que sentia agora tomando seu corpo.
Cruzou os braços, pois ainda se sentia incapaz de formar palavras, e abaixou os olhos para o colchão. Sabia que aquilo poderia acontecer um dia. Nunca haviam descartado a possibilidade, mas… em apenas uma semana sem vê-lo? Isso era tudo que Celeste precisava para procurar a cama de outro? Ele a havia interpretado mal, imaginando que existia algum apego que a impediria de, de alguma forma, substituí-lo por outro?
Engoliu em seco, tentando engolir também o ciúme corrosivo que subia sua garganta.
— Entendo. — A tentativa de frieza era a resposta mais segura que poderia dar, enquanto fazia o possível para raciocinar sobre o que aquilo significava.
Como Celeste provocava nele tantas emoções? Estavam envolvidos havia pouco tempo, em um romance completamente proibido e insensato, em meio a uma disputa política acirrada… E ali estava ele, estupidamente desejando esganar Lance Doyle com as próprias mãos.
— Obrigado por me manter informado. — A língua de Cedric queimou ao ser obrigada a dizer as palavras, em um tom duro e quase robótico.
Por que ela contava isso a ele? Realmente apenas porque havia prometido ou por que, como ele questionou quando viu as fotos publicadas dos dois, aquilo significava o fim de seus encontros? Trincou os dentes, tentando fingir para si mesmo que não havia uma tempestade em seu interior.
Apenas imaginá-la aos beijos com Doyle o deixava desnorteado, mas era muito pior pensar na maga na cama de Lance, nua, recebendo suas carícias e gemendo sob seu corpo. Apertou os punhos nos braços cruzados com a mesma firmeza que seus dentes se encontravam. Ela tinha gostado? E se sim, mais do que quando estava com ele? Isso havia acontecido em que momento da semana? Logo depois de vê-lo? Na noite anterior? Tinha adormecido ao seu lado como fez com ele, diversas vezes? O quão facil era para ela apenas trocá-lo por outro? Já estava entediada?
Precisava silenciar a mente inquieta, então respirou fundo, tentando inutilmente relaxar o corpo tenso. Ela não o devia nada, muito menos fidelidade. Repetiu mentalmente seu mantra já não tão recente, uma verdade dolorosa, e por pouco não teve coragem de perguntar, erguendo os olhos para os dela com dificuldade e hesitação:
— E o que isso quer dizer?
A pergunta podia ter múltiplos significados, mas não conseguia escolher qual deles mais queria saber. Afinal, sua dúvida mais urgente e também mais irracional era sobre o que ela ainda sentia por ele. Queria saber se deitava-se com outro por buscar um prazer que não encontrava com ele. Celeste havia deixado claro que o queria apenas para ela, que sentia ciúmes ao pensar em dividi-lo, mas havia ele interpretado errado sua amante? Essa era apenas a posse que uma criança sentia por seu brinquedo?
Desejava também saber o que aquilo significava sobre a relação que ela levava com Lawrence. Davam outro passo em algo que se solidificava? Estava apenas se divertindo? E se construíam um relacionamento sério... O que ela tinha em mente? Terminaria com Cedric? Desejaria mantê-lo como amante?
Foi quase impossível se manter imóvel, pois sua natureza agitada o pedia para caminhar pela sala e expressar seu nervosismo, mas obrigou-se a esperar sua resposta.
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Naquela manhã, fez o possível para evitar pensar muito sobre a mensagem que Celeste enviara na noite anterior. Todas as opções que sua mente conseguia elaborar pareciam péssimas notícias, e Cedric chegou à conclusão rapidamente de que remoer possibilidades serviria apenas para preocupá-lo. Ainda esperava, no entanto, que a maga não desejasse parar de encontrá-lo.
Por sorte, as reuniões padrão da manhã foram substituídas por um brunch simbólico com figuras importantes da política de Sarin e também de países vizinhos. Ao seu lado, na mesa do Palácio do Governo, sentaram-se Aurora, sua prima de segundo grau — a vice governadora de Sarin —, seu tio e mais duas anciãs Bondurant: uma de suas tias e sua tia avó, também mãe da vice governadora.
Do outro lado da mesa retangular feita de um grande bloco de quartzo transparente e parcialmente polido, encontravam-se representantes de outras nações do continente. Destacava-se Isobel Belaris, presidente de Carínia, um país em constantes crises políticas e militares, posicionado imediatamente ao sul de Sarin. Nos próximos dias, ela também se encontraria com figuras da família Mechathin, como era apropriado.
Foi somente a importância da ocasião, então, que conseguiu tirar Celeste de sua mente e, após as despedidas dos convidados, os pensamentos começaram a brotar novamente, intensificando-se até o momento em que se viu dentro da propriedade de Lucien. Antes da mensagem, tinha passado dias ansiando por aquele momento, mas ali, passando pela porta principal da mansão e em seguida chegando ao quarto, desejava adiá-lo.
Sorriu levemente ao ver Celeste e retirou o casaco pesado de algodão. Dobrou o tecido sobre a cama. Não se viam havia uma semana, gostaria de beijá-la ali mesmo, mas a situação misteriosa parecia exigir dele cautela.
— Não me chamou para terminar, chamou? — Perguntou com ar de risos, tentando esconder a preocupação, mas também querendo diminuir seu sofrimento. Se fosse isso, que soubesse de uma vez, e se não fosse... Poderia ser…?
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Sua confissão rendeu a ele carícias em seus cabelos e bochecha, que Cedric apreciou semicerrando os olhos. Devolveu seu beijo breve e pensamentos perigosos passaram a rondar sua mente. Se aquilo era tão intenso para ela quanto era para ele e se ambos não apenas sentiam ciúmes, mas já admitiam essa insensatez em voz alta…
Poderiam apenas decidir que não veriam mais outras pessoas. Enquanto estivessem envolvidos, poderiam focar um no outro. Seria uma loucura entrar em uma relação monogâmica com Celeste Mechathin, mas não muito mais do que deitar-se com ela diversas vezes na semana. Isso certamente diminuiria a raiva que sentia sempre que o nome Doyle era mencionado e Celeste não se preocuparia mais com outras pessoas se aproximando dele em eventos e festas…
Como ela reagiria a uma sugestão como essa? Acharia perigoso, mas aceitaria mesmo assim, como fizera com os encontros na mansão de Lucien?
A maga se despediu dele, porém, após outro pequeno beijo, e Cedric viu-se engolindo a ideia que por pouco não saíra de sua boca. Precisava considerar que, apesar do ciúme que sentia, Celeste parecia confortável com a liberdade de sair com outros homens. Ele lambeu os lábios.
— Tudo bem. — Respondeu. A possibilidade fantasiada era estranhamente doce, mas improvável. Os dois eram rivais, apesar desse fato ser mais difícil de lembrar a cada dia que se passava. — Me mande uma mensagem quando quiser voltar.
Minutos depois, no banco de trás do carro, obrigou a mente a focar em sua agenda semanal e no novo discurso que precisava decorar.
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A ducha que se seguiu após a banheira foi íntima e carinhosa e fez seu trabalho de retirar os sais de banho do corpo dos dois, deixando para trás apenas a prova em suas peles: um perfume suave de rosas.
Enquanto se vestiam, haviam decidido silenciosamente que aquele era o momento propício para o fim do encontro. Os momentos juntos deveriam ser encurtados, pelo menos por algum tempo. Cedric se manteve calado e ergueu os olhos dos botões para a amante quando ela falou. Celeste também pensava sobre aquilo, então.
— Sim… — Respondeu com certo pesar. — É o sensato a se fazer, acho.
Não existia muita sensatez no caso dos dois, mas, se queriam manter aquela relação indefinida, precisavam buscar soluções para os riscos que corriam.
Não falou mais nada, mas observou Celeste terminar de se vestir enquanto ele próprio o fazia e, ao fim, aproximou-se para envolver os braços em sua cintura e deixar um beijo suave em sua boca. Era possível que já estivesse sentindo saudades antecipadas?
Ao dar um passo para trás, sentiu novamente a perda da despedida e quebrou o silêncio, um pouco mais sem jeito:
— Aliás… Eu também não estou acostumado a sentir ciúmes.
Soltou uma risada baixa e um pouco seca, embora essa secura viesse da sensação que sentia ao saber que outras pessoas poderiam desfrutar de sua presença — e até mesmo toques — nos próximos dias. Enquanto isso, ele precisaria esperar por um momento mais seguro para vê-la. Sua admissão vinha atrasada, amaciada pelos carinhos trocados e conversa aprofundada, mas era sincera.
— Essa parte não está sendo a coisa mais agradável do mundo. — Ele brincou com um sorriso fraco.
Gostaria de poder perguntá-lá sobre seus planos para a semana. Substituiria suas noites por outra companhia? Por Doyle? No entanto, apenas congelou a expressão, tentando não demonstrar seu desconforto com os pensamentos que passavam em sua mente. Nada de bom sairia de perguntas como essas.
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Durante os últimos anos da adolescência, a arrogância de Celeste Mechathin costumava ser vista por ele como uma afronta, pois o que seus olhares superiores comunicavam era claro: somos melhores do que vocês. Isso costumava esquentar o sangue de Cedric, que fazia o possível para ignorar sua presença.
Ao conhecê-la sob o nome de Psiqué, no entanto, a postura com que a Mechathin se portava nada dizia sobre o que ela pensava dos Bondurant. Era seu puro talento que se espelhava na confiança com que se movia e escolhia cada golpe.
Não era a toa que Psiqué tinha tantos fãs, homens e mulheres, que torciam com lealdade durante suas lutas, acompanhando suas vitórias e raras derrotas. Ela também tinha aqueles que a admiravam como herdeira Mechathin e que tudo fariam para estar em sua presença por mais do que alguns poucos segundos. Como os admiradores de Cedric, os dela também pediam por fotos e deviam, por vezes, arriscar um flerte ou outro.
O Bondurant sentiu uma pontada de possessividade com o pensamento pegou-se se perguntando: Além desses homens, como Lance a via? Também conhecia sua segunda persona, a feroz gladiadora dos finais de semana mais caros do Malice? Esperava que não. Esperava que pudesse ter alguma parte de Celeste que não precisasse dividir com Lance.
Cedric quis guardá-la apenas para si, presa para sempre dentro daquela casa, para que somente ele pudesse vê-la e, principalmente, beijá-la nos lábios. Um desejo tóxico que durou apenas um momento. Ela não merecia ser escondida. Ele não sabia como Celeste se sentia verdadeiramente sobre isso, mas tinha a impressão de que estar sob o holofote era parte de sua natureza, mais natural do que era para ele.
Seu murmúrio em seu ouvido retornou a atenção do mago de ar para o presente. Mesmo que estivesse submerso em água quente, um arrepio conhecido de desejo percorreu sua espinha. Ajeitou a cabeça para capturar seus lábios por alguns segundos, incapaz de resistir a sua provocação, e então sorriu com leve malícia.
— Ganhei o suficiente. — Murmurou de volta. Tinha visto poucas lutas de Celeste, mas em nenhuma delas havia saído de mãos vazias. ��� Um de seus nocautes me rendeu uma quantia generosa.
Desvencilhando seus braços, ele desceu as mãos pelas laterais do corpo da maga lentamente até que apalpasse seu quadril com suavidade e, depois, o início de suas coxas.
— Talvez eu seja um dos seus fãs… — Dedilhou as dobras de seus glúteos maliciosamente, em seguida apertando suas coxas com mais firmeza. Sua pele escorregadia escapou aos poucos de seu aperto. — Aliás, você está me devendo uma aula.
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Sorriu para sua risada e admissão e, depois, preparou-se para respondê-la, observando a espuma. Devolveu suas carícias lentamente.
— Eu sou uma pessoa diferente agora. De um tempo pra cá certas coisas perderam a importância que elas tinham pra mim… Acho que nunca vou ter simpatia pelo seu sobrenome, mas… Eu costumava ser bem mais competitivo e apegado à Casa Bondurant. — Pensou um pouco antes de continuar, entortando o sorriso para cima. — No fim, não somos uma família só, rompida?
Quando as descendentes de Morgana se voltaram uma contra a outra, separando os quatro elementos de sua mãe em dois, pertencentes a duas famílias rivais, elas inauguraram sozinhas essa inimizade secular que os perseguia até aquele segundo.
Cedric pegou o pulso direito de Celeste e, com cuidado, deslizou o dedão por sua veia. Sentiu sua pulsação distraidamente.
— Nós dois temos sangue de Morgana. — Falou. Eram ambos odiados igualmente pelos rebeldes e amados por aqueles que apoiavam os descendentes de Morgana. Mais os unia do que os separava, por mais que odiasse admitir.
Depois de uma pausa, continuou:
— Também ajudou quando eu descobri que você era a lutadora em que eu apostava no Malice. — Ele riu baixinho, deixando seu pulso sobre seu colo e provocando: — E não só a garota arrogante que eu via em aparições oficiais, quando adolescente.
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Cedric ergueu uma sobrancelha e os cantos dos lábios com a frase sugestiva da maga de fogo. Seu rosto estava bem próximo e podia beijar cada centímetro dele, se desejasse. Não fez isso, no entanto, preferindo respondê-la com um flerte bem humorado:
— Se tivesse… Você me deixaria te beijar às escondidas nas festas do Lucien?
Caso tivesse juntado alguma coragem para tentar conquistá-la ainda na adolescência e conseguisse driblar o namorado com quem sempre a via… Como lidariam com a energia intensa que os envolvia? Teriam maturidade para conseguir esconder o romance do restante de Victoria?
Ainda que Cedric duvidasse de que existia algum período temporal em que a relação dos dois poderia ser mais apropriada ou segura para suas vidas políticas, com certeza a idade adulta os protegia muito melhor do que a adolescência conseguiria.
Um pensamento lhe ocorreu, então. O que mudaria em sua vida caso estivessem envolvidos na época do atentado que tirou a vida de sua irmã, alguns anos antes? Teria encontrado algum conforto em sua presença e na paixão que sentia ou cometeria com ela os mesmos erros que cometeu com Alice?
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Imitou seu aperto e a trouxe mais para perto com ambos os braços, em um abraço apertado que durou alguns segundos.
— Talvez tenha sido inesperada quando éramos adolescentes. — Ele deu risada, acariciando seu pescoço com o próprio nariz. — Recentemente o que me impressionou foi… a intensidade.
Não era sempre que sentia uma atração tão forte, afinal, que o fazia se arriscar de tal maneira. Essa parte ainda o surpreendia sempre que pensava sobre as possíveis consequências dos encontros secretos e prazerosos que dividiam.
— Mas foi fácil ignorar todos esses anos, seu sobrenome tinha muito mais peso do que qualquer coisa. — Ele apenas revirava os olhos ao ver sua expressão arrogante, lembrando-se de que ela era uma Mechathin e voltando a atenção para aqueles que não eram inimigos de sua família. — Isso antes de você me beijar, claro… Ficou difícil ignorar depois disso.
Uma chave havia virado após provar da paixão de seus lábios e se tornou impossível estar próximo a ela sem querer que a ação se repetisse. Mais tarde, se tornou insustentável não dividir um quarto com ela por muito tempo.
— E você? Já me achava atraente ou só percebeu o que queria mais tarde? — Cedric tinha um sorriso convencido no rosto.
Sabia como Celeste se prendia no formato de seu abdômen ou peito, com olhares que se demoravam em seu corpo sempre que tinha acesso a ele nu. Antes disso, apenas um beijo tirava seu fôlego, assim como acontecia com ele, e a Mechathin se esforçava para fingir que não o queria. De seu desejo, ele nunca teria dúvidas.
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Riu baixo com sua fala, logo interrompido por um beijo que o fez descansar os olhos por alguns segundos. Depois disso, Celeste se aninhou sobre seu peito, posicionando-se entre suas pernas e fazendo com que ele a abraçasse.
Cedric esboçou uma risada e acatou seu pedido. Abraçou-a com o braço esquerdo também, deixando um leve e carinhoso beijo em sua têmpora. O assunto já havia ficado sério demais por muito tempo.
— Podemos. — Concordou, encostando a nuca na pequena almofada branca presa à banheira. — Ela também não é meu assunto preferido.
Deixou espaço para que Celeste pudesse descansar a cabeça confortavelmente entre seu peito e pescoço e novamente fechou os olhos. Nunca imaginaria, meses antes, que estaria relaxando em uma banheira com a herdeira Mechathin ou muito menos que teria um dia intimidade suficiente com ela para conversar sobre tudo aquilo.
Cedric reparava em Celeste, claro, era difícil que não se encontrassem em eventos ou festas a partir da adolescência, mas as poucas palavras trocadas através dos anos haviam sido breves e protocolares. Seus círculos sociais eram diferentes, apesar de serem ambos da elite Victoriana, e haviam estudado sempre em regiões ou países diferentes, tornando o contato entre os dois escasso.
Ainda assim, não ignorava sua beleza clássica quando a via. Seus amigos comentavam sobre ela e, apesar de não concordar abertamente, Cedric se pegava observando os movimentos confiantes da Mechathin quando estavam no mesmo local. Talvez a atração que sentia era inevitável.
— Sempre te achei atraente, sabia? — Começou, após dois ou três minutos de silêncio confortável. Falava em voz baixa em seu ouvido. — Quando te via em algum evento, você estava sempre muito bonita... Eu tinha que me impedir de olhar por muito tempo. — Deixou dois beijos embaixo dele, um pouco mais maliciosos do que os de antes. — Quem diria que você estaria nua em cima de mim um dia?
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Sorriu, embora ainda um pouco hesitante, para a brincadeira de Celeste. Compartilhavam da mesma antipatia pela família do outro — afinal, a disputa entre Mechathins e Bondurants era secular —, mas na última vez que os insultara publicamente havia visto as consequências na expressão magoada de Madeleine e nas respostas furiosas de Celeste. O veneno cuspido não o dava satisfação suficiente se também feria as duas.
Era uma situação delicada a que escolheram criar.
A pergunta da Mechathin o fez erguer as sobrancelhas, surpreso, e logo depois juntá-las no centro da testa. Cedric gostava de se arriscar e mais ainda de provocar sua amante, mas nunca faria aquilo propositalmente em frente às Matriarcas.
— … Chamei? — Perguntou, lentamente, agora fitando os olhos da morena. — Não percebi. Eu estava… irritado. Devo ter me distraído.
Naquela noite, a briga que nasceu na mesa de jantar se tornou muito mais pessoal do que política, e interferiu ao menos por algumas horas no funcionamento do casal. Se Celeste dizia a verdade, aquele tinha sido um deslize de alto perigo que refletiu os sentimentos íntimos que ali borbulharam, por mais que provavelmente tivesse sido visto pelos presentes como um insulto em vez de uma prova de intimidade.
— Sua mãe provavelmente adorou… — Brincou. Um Bondurant insolente se referindo tão casualmente a sua filha, em meio a uma discussão fervente… Foi um milagre que a briga não escalou para insultos piores. — Agora vai ser mais difícil de conquistar a sogra, então.
Seu sorriso cresceu para o lado e ele deslizou um braço para as costas de Celeste novamente, tentando amenizar o clima de momentos antes.
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Sorriu, embora ainda um pouco hesitante, para a brincadeira de Celeste. Compartilhavam da mesma antipatia pela família do outro — afinal, a disputa entre Mechathins e Bondurants era secular —, mas na última vez que os insultara publicamente havia visto as consequências na expressão magoada de Madeleine e nas respostas furiosas de Celeste. E o veneno cuspido não o dava satisfação suficiente se também feria as duas. Era uma situação delicada a que escolheram criar.
A pergunta da Mechathin o fez erguer as sobrancelhas, surpreso, e logo depois juntá-las no centro da testa. Cedric gostava de se arriscar e mais ainda de provocar sua amante, mas nunca faria aquilo propositalmente em frente às Matriarcas.
— … Chamei? — Perguntou, lentamente, agora fitando os olhos da morena. — Não percebi. Eu estava… irritado. Devo ter me distraído.
Naquela noite, a briga que nasceu na mesa de jantar se tornou muito mais pessoal do que política, e interferiu ao menos por algumas horas no funcionamento do casal. Se Celeste dizia a verdade, aquele tinha sido um deslize de alto perigo que refletiu isso, por mais que provavelmente tivesse sido visto pelos presentes como um insulto em vez de uma prova de intimidade.
— Sua mãe provavelmente adorou… — Brincou. Um Bondurant insolente se referindo tão casualmente a sua filha, em meio a uma discussão fervente… Havia sido um milagre que a briga não tinha escalado para insultos piores. — Agora vai ser mais difícil de conquistar a sogra, então.
Seu sorriso cresceu para o lado e ele deslizou um braço para as costas de Celeste novamente, tentando amenizar o clima de momentos antes.
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A negação de Celeste o fez prender os olhos nela. O que deveria ser um banho de relaxamento, se mostrava mais conflituoso do que esperavam, e era ele quem estava reagindo mal às conversas que levavam. No entanto, à medida que a maga de fogo falava, Cedric sentia seu coração se acalmar.
“Existe algo… uma certa liberdade em você que não é familiar para mim” ela disse. Ele conseguia enxergar essa diferença, por mais que, no momento, não estivesse se sentindo tão leve assim. Celeste era quem costumava problematizar suas interações e, na maioria das vezes, era ela quem expressava mais livremente seus ciúmes e também seus medos em relação ao que viviam. Ela o julgava, no início, por se deixar vencer pela atração que sentia por ela tão facilmente, mas, segundo ela, gostava dessa sua característica.
Sua fala ácida aparentemente havia deixado a Mechathin preocupada, pois ela pensou um pouco, demonstrando certa apreensão antes de continuar a resposta. Quando pousou a mão sobre a dele, suas palavras levaram Cedric ao embaraço. Ela as dizia com intensidade, olhando-o em seus olhos sinceramente, e ele se arrependeu da reação que havia tido segundos antes.
Sentiu-se um pouco como quando Celeste o contou sobre a sensação de sua aura sobre ela. Surpreso e, ao mesmo tempo, exposto. Porém, essa exposição não era desconfortável como costumava ser com outras pessoas… Essa esquentava seu peito, assim como seu rosto.
Levou alguns segundos para conseguir juntar alguma frase em mente, ainda digerindo o que ouvira e deixando a irritação para trás.
— Me desculpa também… Acho que estou habituado a ser mal interpretado. — Ele abriu um meio sorriso embaraçado e virou a palma para cima, envolvendo a mão de Celeste na dele. — E me importo mais do que deveria com como você me vê… — Admitiu mais baixo, agora fitando as bolhas próximas a seus pés.
— Desculpa pelo castelo também. Foi um pouco difícil pros dois manter a calma naquele dia… Parecia que sua família estava decidida a me fazer explodir.
Já tinham uma relação complicada e a disputa política os desafiava ainda mais, uma vez que parte de seu funcionamento era dependente dos insultos proferidos entre ambos os lados. Conforme se aproximavam como casal, contudo, precisariam ter mais cuidado com o que diziam publicamente sobre o outro? Se sim, aquela seria a disputa ao governo mais respeitosa que Victoria já havia visto.
Voltou a olhá-la com um suspiro, beijando seu rosto em um gesto de paz.
— Eu não consigo mais te ofender em um palanque, aliás. — Testou uma brincadeira que dizia a verdade. — Estou ficando mole demais.
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Os carinhos de Celeste pouco serviram para amaciar suas palavras anteriores. Segundo ela, parte de sua atração vinha do que ela entendia como atitudes de playboy e a maga dava a entender que essa não era uma crítica de sua parte, apenas uma brincadeira. Contudo, ele sabia que, no fundo, ela enxergava essa suposta característica com desdém, como sua mãe também via e como provavelmente sua campanha faria e já fazia. Era um desvio de caráter, afirmavam os Mechathins, a forma como Cedric Bondurant vivia, e qualquer outra imagem vinda dele era absolutamente falsa.
— Naquele dia, no Castelo… Você deu a entender que eu estava em um personagem, fingindo me importar com a população… ou com qualquer coisa, pareceu. Que eu era uma pessoa superficial.
Afastou-se quase automaticamente, incomodado. Conhecia playboys, garotos que viam o mundo como seu playground, ostentando dinheiro e símbolos de poder, sem nenhum ideal ou ética como guia, e muito menos alguma conexão com Morgana. Para ele, o que Celeste dizia não fazia sentido.
— Eu não sou assim. — Falou. — Talvez eu só não me importe tanto com as limitações que minha família tentou me impor. Quase sempre só fiz o que quis fazer com a minha vida e isso pode ter incomodado algumas pessoas, mas não posso fazer nada sobre isso.
Ele a ofereceu um sorriso de suave decepção e disse, um pouco mais baixo:
— Mas acho que é engraçado quando o teatro convence tanto que a realidade passa a parecer uma mentira. — A frase incerta falava sobre ele.
Nos últimos meses, estava cada vez mais consciente de como tinha começado a sair e beber mais após a morte de Lyra, em parte criando um personagem superficial, para evitar perguntas e também memórias. As novas distrações com a campanha e seus sentimentos por Celeste o haviam afastado quase que completamente dessa vida e hábitos, porém, e ele não sentia falta deles. Ultimamente, preocupava-se mais com o que faria com o poder que receberia, caso fosse eleito, do que com qualquer evento social de Lucien. Onde conseguiria fazer alguma diferença? Que cartas deveria jogar para não ser apenas um fantoche da mãe em um cargo político?
Se o assassinato de Lyra havia resultado, para sua mãe, em uma maior obsessão por seus lugares na sociedade, para Cedric retirou qualquer significado das inúmeras tradições mal justificadas dos Bondurants e Mechathins. Eram todos carne e osso, como aqueles sem nobreza, ainda que fossem mais educados e preparados para a liderança. Que diferença fazia se usava azul ou preto em um jantar ou a quantos passos de sua Matriarca deveria andar? Por que não poderia namorar com quem bem entendesse? Era seu direito ser livre, feliz. A Morte, e portanto a Vida, eram soberanas a qualquer regulamento.
— Eu não fujo do prazer, mas… — Pensou duas vezes, calando-se em meio à frase. O que estava fazendo, tentando se explicar e mudar sua opinião? Se Celeste ainda o via assim, não seriam meras palavras que a convenceriam do oposto. Já tinham passado tempo juntos o suficiente para que ela mudasse de pensamento. Tinham visões de mundo diferentes.
Respirou fundo rapidamente.
— Mas não importa, não me incomoda. — Forçou uma despreocupação que não sentia e abriu um sorriso mais provocativo, ainda que um falso. — Posso ser um playboy, se é disso que você gosta. Vou embora logo depois do sexo, volto a sair com outras pessoas… — Sua ironia aumentava a cada frase. — Definitivamente não ajudo mais irmãs mais novas…
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