Text
Baby, I know places we won’t be found (celric)
Não sabia por quê vivia provocando Cedric assim. Claro, isso já fazia parte da dinâmica deles, mas mesmo depois de começar a se sentir mais confortável perto dele, ainda gostava de atiçá-lo daquela forma. Era por que, dessa forma, ainda que inicialmente mascarada, acabavam se revelando mais e mais? Por meio de brincadeiras e piadas, deixavam no ar coisas que não conseguiam falar em voz alta e séria. Observou Cedric se aproximar com as duas taças enquanto abria o pote de sais de banho, revirando o olho divertida à sua pergunta. Ainda que já tivesse — em teoria — superado aquele episódio, ainda assim não gostava de lembrá-lo com muita clareza. Não tinha mostrado sua melhor versão naquela noite e a memória da cena que vira ainda lhe esquentava ligeiramente. Celeste se aproximou um pouco enquanto sentava na borda da banheira, colocando um punhado de sais na mão e jogando na água enquanto falava: — Diz aquele que não gosta nem de pensar em outro me pintando… — brincou, usando de certa licença poética para exagerar. Depois, pegou outro punhado um pouco maior e jogou na banheira. Ela riu silenciosamente e deixou o pote de lado sem fechá-lo, olhando-o nos olhos enquanto perguntava, audaciosa: — Por quê? Você gosta que eu sinto ciúmes de você? Imitou o tom de voz que Cedric tinha usado na cama algums minutos antes, ao perguntá-la algo parecido, e inclinou-se para trás, apoiando-se nas duas mãos.
Aproximando-se e se sentando na borda da banheira branca, Celeste iniciou a preparação do banho, passando dois punhados dos sais de banho rosados para a água enquanto respondia sua brincadeira. O cheiro inconfundível de rosas escapou quase imediatamente das pequenas pedras de sal e sabão, intensificado pela espuma abundante que começava a se formar pela mistura dos sais com a água corrente.
Cedric conteve uma pequena risada, lembrando-se da forma que ela o havia enganado ao fazê-lo pensar que já tinha se relacionado com um amante pintor, antes dele. E o Bondurant mal teve tempo de erguer os olhos da banheira para a maga quando foi pego de surpresa por sua pergunta perspicaz.
Ele gostava? Claramente sim. Uma grande parte sua, pelo menos, tinha o ego alimentado pelas expressões de ciúmes da maga, provas de seu apego por ele. No entanto, isso também o confundia, como a maioria das ações de Celeste em algum ponto acabavam fazendo. Em nenhum momento a maga de fogo havia deixado explícito que gostaria que ele fosse apenas dela, mas esse desejo estivera implícito o suficiente em suas reações. Ela, porém, não parecia tão interessada em ser apenas dele.
Talvez Celeste ainda estivesse acostumada a se relacionar com homens socialmente inferiores, que cumpririam suas exigências sem esperar reciprocidade em suas demandas, especialmente focados em agradá-la a qualquer custo… Ou talvez os ciúmes fossem parte de sua personalidade, como Cedric descobria agora ser, aparentemente, parte da dele. De qualquer forma, apesar de brincar com ele, os ciúmes da maga de fogo o confundiam.
Ele desviou os olhos para a taça de champanhe e a levou nos lábios, forçando um sorriso que se encaixasse na energia de provocação que lhes era clássica.
— Hm… Não sei... — Começou como se brincasse, mas evitou seu olhar por alguns instantes. — Você não seria a primeira nem última pessoa a sentir ciúmes de mim... Talvez eu já esteja acostumado. — Alfinetou, mantendo o sorriso ao voltar a olhá-la e terminando a taça em um longo e ligeiramente ansioso gole.
Não queria que os pensamentos voltassem ao caminho que pareciam gostar tanto de seguir nos últimos dias: o próprio ciúme. Esperava, secretamente, que o álcool o ajudasse a evitá-los.
0 notes
Text
Baby, I know places we won’t be found (celric)
Esperou pacientemente e ansiosamente Cedric responder, mas quanto levantou os olhos para ele, o mago estava mais sóbrio do que esperava. Pensava que ele demostraria uma certa timidez, já que provavelmente era o que Celeste sentiria se a pergunta fosse dirigida a ela, mas não a seriedade que apareceu em seu rosto. Ele então a respondeu de modo sucinto, sem dar muitos detalhes, e devolveu a pergunta. Celeste ergueu as sobrancelhas minimamente por um segundo e não devolveu seu sorriso, instigada. Demorou também um momento para respondê-lo, analisando seu rosto com interesse. Por mais que a relação dos dois estivesse mais confortável e eles se permitissem se expressar mais, principalmente fisicamente, Cedric parecia hesitar mais cada vez que ela lhe perguntava algo mais profundo. Claro que entendia, de certa maneira. Não era o assunto mais fácil e ela mesma tinha evitado — e ainda evitava, até certo ponto — falar abertamente sobre os sentimentos, mas não era isso que estava perguntando ali, era? Só queria saber o quanto ele compartilhava com Lucien. Não sabia porquê tinha começado a desviar-se assim quando antes lhe dava tudo sem grandes problemas, mas se não queria falar, não tinha nada que Celeste pudesse fazer além de se frustrar. Resolveu não pressioná-lo mais, até porque não queria parecer desesperada, e abriu um sorriso no máximo educado. — Foi basicamente como você disse… — começou, deixando a taça em cima do frigobar. A banheira já estava em um terço e era o suficiente para começar a preparar o banho — Ele insistiu até eu deixar escapar. De onde estava, conseguia ver os sais e bombas de banho numa prateleira perto da banheira e começou seu caminho até lá. — Sobre Maddie… — disse, hesitando ao se recordar da conversa que estava tendo ao deixar escapar que Cedric conhecia a menina Mechathin — Foi sem querer. Não era o assunto principal. Ela foi seduzida pelo frasco rosado, acertando em cheio no que queria: rosas, um clássico e sempre útil. Pegou-o e virou para Cedric, dessa vez abrindo um pequeno sorriso malandro. — Ele estava tentando me convencer que eu estava com ciúmes. Eu me irritei e… saiu.
Celeste o respondeu tranquilamente, embora levasse um sorriso um pouco mais duro que o comum em seu rosto, e logo andou até a região onde a banheira estava. Ali, tomou um pote do que parecia ser sais de banho em mãos enquanto falava, virando-se com uma expressão menos comportada do que antes. Cedric ergueu as sobrancelhas, rindo com leveza.
Pegou a taça que a maga havia deixado para trás e fez a gentileza de levá-la para ela. A banheira era espaçosa e retangular e, em uma de suas pontas, tinha espaço suficiente para que ele pudesse descansar ambas as taças, a dele e a dela, uma ao lado da outra. Fez isso e voltou a erguer o rosto para a Mechathin. Cedric espelhou seu sorriso arteiro com um próprio.
— … E ele conseguiu te convencer?
Ele se lembrava de quando Lucien também tentou convencê-lo de que Celeste havia tido uma crise de ciúmes após vê-lo com Liza. Obviamente, ele havia conseguido perceber isso sozinho, uma vez que sua amante não tinha conseguido esconder muito bem sua reação, mas Lucien o trouxe à atenção outros detalhes da situação: o que isso significava para os dois, se teimavam em agir como se estivessem envolvidos em uma relação meramente casual? E, além disso, não era a própria Celeste que insistia em mantê-los emocionalmente afastados?
— Imagino que não tenha sido tão difícil. — Brincou, suavizando o sorriso. — Você não foi muito sutil naquele dia...
0 notes
Text
Então Lucien realmente agia da mesma forma com Celeste. Perguntou-se como se davam essas conversas. Sabia que ele já havia conseguido arrancar da maga algumas informações que nunca a imaginara dividindo com qualquer pessoa… Ele a pressionava como fazia com Cedric ou apenas abusava da intimidade para incomodar o amigo de infância, poupando Celeste?
A pergunta de Celeste o tirou de seus pensamentos e ele congelou o movimento suave que fazia com a própria taça de champanhe inconscientemente. Sua expressão se tornou um pouco mais séria. Essa era uma daquelas perguntas que Celeste fazia mesmo sabendo que, se os papéis estivessem invertidos e fosse ele questionando, ela não responderia. Inventaria uma maneira de fugir do assunto ou faria algum comentário bem humorado ou malicioso, mas não seria transparente.
Era uma boa ideia admitir que às vezes precisava de alguém com quem conversar sobre ela e o caso impensável que alimentavam? Que, apesar de geralmente ser Lucien quem iniciava esse tipo de assunto, de vez em quando era ele quem o dava de bandeja? Não parecia…
— Ele costuma perguntar sobre, de tempos em tempos... — Disse, e finalmente bebeu da taça, ganhando tempo para pensar. Não queria que ela pensasse que ele passava seu tempo livre conversando sobre ela, como um tolo apaixonado. — E insiste até que eu deixe algo escapar. Parece que acha fascinante. E vocês?
Jogou a pergunta de volta para ela, curioso com como a maga lidaria com ela.
— Ele ficou sabendo que eu conhecia a Maddie através de você… Eu não esperava isso. — Voltou a abrir um pequeno sorriso, ligeiramente divertido.
0 notes
Text
O banheiro da suíte era espaçoso como imaginava e quase tão grande quanto ele lembrava ser o do próprio Lucien, na propriedade. Todo feito em mármore branco com veias amareladas que traziam um brilho suavemente dourado para as paredes, o cômodo seguia a estética do restante da casa: era luxuoso e elegante, sem os exageros em que os novos ricos costumavam apostar.
Celeste seguiu rapidamente para a banheira e Cedric a acompanhou com os olhos, fitando seu corpo firme e completamente nu com um pequeno sorriso. Mesmo após se deliciar com esse mesmo corpo, ainda sentia a força que o atraía para ela quase fisicamente. Ela seria seu fim, ele lembrou.
Focou no que a maga dizia e desviou os olhos para o frigobar, soltando uma risada com o que via. Indiscutivelmente, Lucien os havia deixado uma garrafa de seu espumante favorito, da marca que nunca faltava em suas festas.
— É claro. — Concordou, logo balançando a cabeça ao se lembrar do que o amigo o havia dito mais cedo, pelo celular. — Ele disse que nos daria um presente. Imagino que seja isso.
Era um alívio ter a confirmação de que Lucien não havia inventado alguma bizarrice para pregar uma peça nos dois, como a imaginação — e experiência passada — de Cedric sugeria.
Ele caminhou até o refrigerador e abriu a porta transparente, retirando as duas taças de champanhe e pousando ambas sobre o aparelho branco. Em seguida, buscou a garrafa congelante e deu início à abertura da rolha. Com um pop, ela foi expulsa pela pressão, e o Bondurant os serviu.
Entregou a primeira taça a Celeste.
— Às vezes não sei se Lucien está maravilhado ou horrorizado com nós dois. Acho que nem ele sabe... Mas quando fala sobre isso ele me olha como se... — Pausou, tentando encontrar as palavras. Então, riu. — Como se estivesse vendo um fantasma.
0 notes
Text
Já tinha dado alguns passos, sem ouvir uma resposta a sua provocação, quando Celeste o abraçou por trás, grudando seus corpos por um instante. Cedric sorriu com a aproximação bem vinda e ergueu as sobrancelhas suavemente para sua pergunta.
Havia sugerido que se encontrassem mais cedo do que o normal para que pudessem ter alguma flexibilidade de horário e a possibilidade de passarem mais tempo juntos. Não poderiam atravessar a noite mais e nem adormecer na mesma casa, então essa foi a solução mais adequada que conseguiu pensar. Aparentemente, a maga de fogo também tinha em mente o passar dos minutos no relógio e Cedric não conseguiu esconder seu agrado ao perceber esse fato.
Celeste fez um semicírculo à sua volta e o pegou pelas mãos, sugerindo que passassem parte do tempo que ainda tinham relaxando em uma banheira. Ela tinha a cabeça ligeiramente pendida para o lado, evidentemente tentando convencê-lo. Dessa vez, porém, seu sorriso carregava afeto em vez da malícia habitual que costumava usar para persuadi-lo, e Cedric quis envolvê-la num abraço de igual ternura ao vê-lo.
Assim o fez, abraçando-a pela cintura e dando um passo para mais perto, olhos baixando para focar nos dela e narizes se encostando com cuidado.
— Eu gostaria de experimentar, então. — Ele confirmou, sorrindo e selando a resposta com um pequeno beijo. — Tem algum tempo que não uso uma banheira.
Era impossível recusar essa oferta e, ali, percebeu que passara a enxergar as horas que passava na companhia da Mechathin como um momento de relaxamento em meio a uma rotina de campanha cada vez mais exigente. Os dois não tinham a relação mais fácil do mundo, é claro, mas estar perto dela cada vez mais provocava nele o efeito inebriante de recarregar suas baterias.
Deu um passo atrás novamente e, buscando uma de suas mãos, seguiu para o banheiro com Celeste à sua cola e qualquer ciúme anterior esquecido.
0 notes
Text
O embaraço de Celeste foi perceptível o suficiente para que Cedric alargasse o próprio sorriso, satisfeito em tê-la afetado. Ela não aguentou passar mais de um momento na posição de perdedora, no entanto, pois logo tentou virar o jogo, levando carícias confortáveis a seu cabelo e depois bochecha e queixo.
Cedric balançou a cabeça, ainda sorridente, mas pouco convencido pela sedução provocante da maga. Ele podia ter sido o primeiro a procurar por um beijo dentro daquele carro, mas todos os outros primeiros passos haviam sido dados por uma Celeste ávida, que sentia os efeitos intensos da ausência de encontros dos dois.
Aproximou o rosto para deixar um novo beijo suave em seus lábios e logo trouxe o corpo para trás, deixando a cama.
— Não aceita nunca ficar por baixo, não é, Vossa Graça? — Devolveu, com uma risada baixa acompanhando a brincadeira. Então, com mais mais malícia, mas buscando somente implicar com a amante, continuou: — Quer dizer… Exceto em algumas situações…
E começou a caminhar em direção ao ainda desconhecido banheiro da suíte, desejando tomar uma ducha rápida.
0 notes
Text
A maga de fogo se virou para ele dentro de seu abraço e acariciou o rosto de Cedric com os dedos, acompanhando sua brincadeira com uma própria. O Bondurant semicerrou os olhos, sabendo que ela apenas o torturava com a possibilidade do afastamento dos dois se tornar algo rotineiro. Provavelmente a distância havia sido desagradável para ela, assim como para ele. Ou ao menos era nisso que ele escolhia acreditar...
Cedric a beijou mais uma vez, puxando-a para mais perto de novo e virando os dois com cuidado até que se colocasse sobre seu corpo nu. Seus cotovelos evitavam que a incomodasse com seu peso, no entanto, e quando afastou o rosto, ele a olhou nos olhos castanhos para perguntar:
— Você gosta que eu sinto sua falta? — Foi sugestivo, mantendo o olhar fixo no dela com um pequeno sorriso que se tornava ligeiramente mais diabólico com o passar dos segundos. — Hm… Que eu me lembre, na última vez que ficamos sem se ver foi você quem quis que eu te desse prazer dentro do carro mesmo. — Sua nova provocação era uma devolução clara à fala da Mechathin, e foi concluída com um risinho: — Tão impaciente... Não conseguiu esperar.
0 notes
Text
Celeste o recebeu com um sorriso tímido e este reapareceu em seus lábios após o beijo de boas vindas. Cedric afagou seu rosto e a vulnerabilidade que ela demonstrava nele, sentindo um quieto calor no peito com a visão. Era um grande contraste a forma como se tratavam agora, comparada às trocas de ofensas de quando se conheceram. Ele sorriu para isso, tanto pela memória de uma Celeste arredia quanto pela suavidade que ela trazia agora.
— Estamos… — Ele concordou, em voz baixa. Ela tinha concordado, na noite anterior, em encontrá-lo ali, e tinha sido rapidamente convencida… Se é que Celeste ainda precisava ser convencida de algo. Nas últimas semanas, era ela quem o convencia a experimentar novas coisas.
Beijou-a novamente e ali ficaram por alguns minutos, com o beijo se tornando cada vez mais exploratório lentamente. Suas mãos acariciaram o corpo da maga de fogo um pouco mais timidamente do que o comum, como se o novo espaço o trouxesse uma calma renovada, mas, como de costume, foi impossível se manter aos beijos com Celeste por muito tempo sem querer se pressionar contra ela e arrancar gemidos de sua boca.
Os lençóis de seda perolada da suíte principal foram um detalhe claramente pensado por Lucien e, por mais que talvez tivessem sido um exagero do amigo, trouxeram uma textura nova e suave que casou bem com os arredores pouco familiares do quarto. Quando posicionou Celeste no colo e alisou suas coxas, a sensação de sua pele era parecida com a que tinha contra as costas — assim como a maciez de estar dentro dela.
.
— Fizemos uma bagunça nos lençóis… — Murmurou, trazendo Celeste mais para perto no lado da cama que estava seco. Ele não tinha economizado no esforço de fazê-la chegar ao êxtase daquela vez, disposto a lembrá-la de como a fazia se sentir na cama, e, devido a isso, a seda branca trazia agora um círculo de umidade no outro lado do colchão.
Era quase criminoso como os gemidos de Celeste o excitavam e serviam de gasolina para que ele a fizesse gozar mais vezes. E era excitante pra ele, também, usar de todas as ferramentas que tinha para chegar a essa finalidade. Sentir os dedos da maga em seu cabelo puxando-o para que ele não parasse de beijá-la entre as pernas tinha sido quase a gota d'água para que voltasse para dentro dela, mas foi paciente e, com isso, colheu os frutos de fazê-la gozar uma terceira vez. Depois, com ele dentro dela novamente, Celeste chegou ao quarto orgasmo do dia, e Cedric permitiu-se terminar, com um gemido entrecortado por sua exasperação de prazer.
Próximos na cama, Cedric a abraçou por trás e deixou beijos suaves em seu pescoço.
— Estava com saudades. — Era quase uma justificativa bem humorada.
1 note
·
View note
Text
Ao fechar a porta atrás de si e visualizar o enorme hall de entrada, Cedric riu baixo. Tinha percorrido os muitos metros de jardim refletindo sobre as escolhas que o haviam levado até ali. Minutos antes, deixara dois seguranças de sua confiança na entrada principal do terreno, como planejava fazer em toda visita àquele local, e sentia um sutil frio na barriga que se encaixava bem naquela situação. Celeste entraria pelo portão secundário, fora da vista de seus funcionários e, uma vez dentro da casa, fechariam as portas, para se certificarem da privacidade do encontro.
Era uma loucura. Uma loucura arriscada. A outra alternativa, porém, era parar de vê-la, e algo em seu íntimo se contorcia quando o Bondurant pensava nessa possibilidade.
Olhou em volta curiosamente, observando como a luz do entardecer entrava pelas mansardas da construção e se refletiam pacificamente nas paredes e no chão de mármore clássico. Estivera ali outras vezes, mas nunca o lugar tinha estado tão silencioso, sem empregados, Lucien, ou dezenas de convidados para fazê-lo companhia. Essa construção suntuosa era uma diferença e tanto do apartamento simples onde rotineiramente dividia a cama com Celeste.
Trancou a enorme porta, sabendo que a maga de fogo entraria por outra, e seguiu até a cozinha para recebê-la quando chegasse. E não esperou muito. Ainda tinha luz no céu quando Cedric ouviu passos e viu a maçaneta girar. Ele abriu um sorriso charmoso para a recém-chegada, que havia dado oportunidade a uma corrente de ar gelado com a abertura da porta.
— Oi… — Cumprimentou, preguiçosamente. — Bem vinda.
Seria uma experiência diferente para ambos, essa, de se verem em outro local, um que neutro e não totalmente familiar, e ele estava curioso para descobrir o que mudaria ou se manteria na dinâmica dos dois.
Desencostou da longa bancada da cozinha para chegar mais perto, a saudade se mostrando quase imediatamente. Levou a mão ao seu rosto e deixou um beijo leve em seus lábios. Este durou poucos segundos, mas quando Cedric o desfez, seus olhos refletiam o que havia dito a ela na ligação do dia anterior: dez dias seria tempo demais.
0 notes
Text
Cedric ouviu sua resposta e risada com um leve sorriso nos lábios. Ao ouvir sua pergunta ligeiramente mais sóbria, no entanto, ele imitou o suspiro da maga de fogo, desencostando da parede e retomando seu caminho para o quarto, sem descolar o celular do ouvido esquerdo.
— Talvez um pouco. — Admitiu.
Os dois tinham uma razão muito racional para a pausa dos encontros, afinal.
— Mas eu queria te ver… — Abaixando o volume da fala, seu tom se transformou em um que transbordava persuasão e charme. — E dessa vez seria em um lugar novo, menos suspeito…
Que diferença faria três dias a menos? Era realmente importante assim que não se vissem por todo esse tempo? Aurora pareceu convencida o suficiente na noite anterior.
— Acho que conseguiríamos organizar um encontro pra amanhã… Já tenho chaves.
0 notes
Text
Realmente, ser o centro da atenção de não apenas os dois homens que a queiram naquele momento, mas também toda a cidade, deveria ter enfeitado bastante a noite de Celeste. Pensar que ela apreciava os olhares e as conversas de Lance, no entanto, trouxe irritação ao seu peito.
— Algumas… — Ele respondeu, sendo propositalmente vago.
Ao todo, tinha conversado com três mulheres Bondurant, as outras duas escolhidas a dedo por Aurora enquanto a valsa comemorativa ainda acontecia. Uma delas ele havia tirado para dançar, e a outra apenas acompanhado até a varanda por alguns minutos.
Porém, para sua tortura, entre todas as pessoas daquela festa, queria Celeste. Apenas Celeste. Então, quando ela saiu de sua visão, acompanhada por Lance, pôde focar melhor em sua missão, mas também se flagrou se perguntando sobre seu paradeiro. Já tinha sido beijada por Doyle naquela festa? Estava gostando de sua companhia?
Cedric apoiou um ombro na parede do corredor, parando em meio a seu caminho e respirando fundo. Então, falou com mais calma, ainda que ma8s intensamente:
— Ontem à noite… Te ver como centro das atenções de outros sem poder te dar a minha atenção… — Pausou, recordando-se da sensação que os ciúmes haviam trazido. Não foi só a raiva de vê-la com outro que despertou em seu corpo, mas também a ânsia de tê-la e lembrá-la de como ele a fazia se sentir. Se estivesse com os lábios no corpo dela, Celeste não teria espaço para pensar em mais ninguém. — Me fez me arrepender do nosso combinado. Dez dias é tempo demais…
A frustração transparecia em sua voz e ele mordeu o lábio enquanto pensava.
— Uma semana não é suficiente?
0 notes
Text
I might change your contact to don’t leave me alone (celric)
Ok, agora estava irritada. As palavras de Cedric no jantar com a Anciã passaram como um lampejo em sua mente, insistentemente lembrando-na do quanto a provocação que fazia agora podia estar muito próximo da verdade. Quis mudar de foco para não iniciar uma briga, pois política era algo implicitamente proibido como tópico de conversa, e Cedric a ajudou nisso. Suspirou, reencostando-se na cadeira e recobrando as memórias da noite anterior. Saudades não era exatamente a emoção principal que surgira. Preocupação, talvez. Ciúmes. Infelizmente, ciúmes parecia cada vez mais comum, sentia ele quando observava interações bobas entre Cedric e qualquer pessoa ou quando o mago falava de seu passado. Era estúpido. — Com saudades eu já estava… — disse, mas completou maliciosamente para não parecer tão apaixonada quanto a frase sugeria: — … De muitas coisas. Depois, porém, se recompôs, não querendo que a conversa fosse para esse lado. — Como foi para você? Imagino que o festival de inverno não seja o seu favorito, com todo o fogo e tal…
“Com saudades eu já estava…”, Celeste respondeu, logo complementando a frase com um comentário malicioso, e isso fez o sorriso de Cedric se manter no rosto. Já sabiam, ambos, que não conseguiam se manter longe um do outro por muito tempo, mas ouvir suas pequenas admissões costumava ter um efeito tão positivo em seu humor que Cedric se pegava quase constrangido com esse seu poder sobre ele.
Após a mudança de assunto, riu baixo para sua pergunta. No festival de solstício de inverno, o fogo era o protagonista, pois era esse o elemento que trazia proteção e vida em meio à aridez gélida que o inverno produzia. No frio o fogo tomava sua forma mais positiva, com seu aspecto destruidor sendo enfraquecido ao dar lugar para suas qualidades regeneradoras e purificadoras. Devido a isso, magos de fogo e, com eles, a Casa Mechathin, eram honrados com presentes e homenagens nessa época.
— Eu ando apreciando o fogo, ultimamente. — Foi sugestivo e ligeiramente malicioso em sua fala. — Então não foi um grande sacrifício. A fogueira estava bem bonita, também.
Foi difícil até para Bondurants não se deslumbrar com as chamas intensas e enormes que rapidamente tomaram o centro da praça naquela noite, explodindo em vermelho e laranja.
Cedric deu início a uma caminhada para fora da academia, já planejando mentalmente a ducha que tomaria dentro de minutos, mas as memórias de Celeste sorrindo enquanto dançava com Lance o invadiram sem aviso, levando um gosto amargo a sua boca. Ele havia deixado a festa antes do que gostaria para evitar a visão irritante dos dois conversando.
— Você parecia estar se divertindo… — O amargor se traduziu em sua voz de forma sutil. Lambeu os lábios e tentou disfarçar melhor ao continuar. — Aproveitou a festa?
0 notes
Text
Usou o fim do dia para treinar. Tinha uma pequena academia em um dos quartos da casa e era ali que gastava a tensão acumulada na maior parte do tempo. Nos últimos meses, instalara sacos de areia e eles se faziam úteis para tardes como aquela. Preocupava-se com as eleições, com a reunião que tivera mais cedo com investidores internacionais, com os sumiços constantes de Lyra, com a falta de tempo para pintar, mas, principalmente, preocupava-se com Celeste. O que ela estava fazendo todas as noites, sem seus encontros habituais? Estaria vendo Lance Doyle? Já havia deitado em sua cama novamente?
Quando recebeu suas mensagens o informando sobre o andamento da situação de Madeleine, então, enxugou o suor da testa antes de respondê-la com um leve sorriso aliviado. Ela não estaria conversando com ele sobre aquilo se planejasse substituí-lo, certo? Celeste tinha concordado em encontrá-lo às escondidas nas casas de Lucien, afinal, e se tivesse se arrependido não o procuraria para falar sobre assuntos que não fossem urgentes… Ele deveria se preocupar menos com Doyle. Ele, Cedric, era quem atraía a atenção da maga de fogo sempre que dividiam o mesmo espaço.
Mas e se não fosse o único? Talvez ela falasse a verdade e não sentia nada por Lance, mas não teria dormido com ele, naquela noite de hotel, se não se atraísse por ele…
Esforçou-se em silenciar a mente, conversando com Celeste nas pausas do erguer ritmado de pesos que o tranquilizava. Após receber suas duas mensagens que brincavam sobre a propaganda eleitoral da noite, ele riu baixinho, lembrando-se de como imaginou que ela se irritaria enquanto aprovava o conteúdo em reunião, poucos dias antes. Sua equipe havia agrupado, em vídeo, algumas das falas incoerentes da Mechathin, e as colocado uma atrás da outra, em sequência, para que a população desconfiasse de suas reais intenções.
Apertou o ícone de telefone ao lado das iniciais de Celeste e levou o celular à orelha. Ao ouvi-la atender, logo falou.
— Um vídeo fala mais do que mil palavras, Mechathin. — Ele provocou, ainda um pouco ofegante e com o sorriso se alargando no rosto. Contudo, temendo que a maga se irritasse de verdade, preferiu mudar de assunto para uma implicância mais comum aos dois. — Mas, aliás, consegui não ficar tão atraente pra você no festival? Ou te deixei com saudades?
O humor provocativo era claro em sua voz.
0 notes
Text
Aparentemente, nem as fotos de Celeste e Lance envolvidos em um beijo, publicadas por todos os tabloides do país poucas semanas antes, e nem mesmo o conhecimento que Cedric tinha sobre a possibilidade de um dia ver esse ato em público o haviam protegido da raiva insistente que se manteve com ele durante a próxima valsa. Na verdade, o beijo voltava à sua memória a cada passo de dança que ambos completavam.
Cedric não se considerava possessivo. Tinha segurança suficiente pra saber que era um homem atraente e valorizado por seus pares e pelo sexo oposto. Não corria o risco de perder o interesse daqueles com que se envolvia, e muito menos se sentia em competição com magos sem título algum, como Lance Doyle… Mas vê-lo cheio de sorrisos, com uma das mãos na lombar de sua amante, sabendo exatamente o que ele planejava com sua aproximação, trazia ciúmes flamejantes ao peito de Cedric.
Ele respirou fundo, obrigando-se a encarar um ponto neutro da festa, e fez o possível para ignorar a situação. Sua mãe tinha outros planos, no entanto, pois em voz baixa comentou:
— Que inconveniente… — Ela falava com um desagrado claro. — Eles combinam como casal, a Mechathin e o rapaz.
Cedric bufou levemente.
— Não acho.
Aurora, por sua vez, ergueu os olhos para ele com um pequeno arquear das sobrancelhas.
— Bem, é o que o público acha. — E isso era tudo que importava, ela queria dizer. — Estude bem suas opções, Cedric, não podemos ficar para trás.
Seu filho cruzou os braços em frente ao peito.
— Não acha que pode parecer falso? Me aproximar de uma Bondurant no meio da campanha?
— Ou pode parecer que você está finalmente se dedicando ao seu papel. — Ela foi fria e direta, embora sua voz não passasse de um murmúrio, assim como a do filho. — Ganhando ou perdendo essa eleição, outras virão, e é importante termos novos herdeiros assegurados e produzirmos a sensação de estabilidade.
Ela estava certa, ele sabia. Após a morte de Lyra, Cedric era o último herdeiro da sua linhagem, e precisava ter filhos para que ele e sua mãe não sofressem o risco de uma tentativa de mudança de linha principal. De preferência, mais de dois filhos, era o que diziam, para que não sofressem o mesmo risco novamente na próxima geração. Porém, Cedric ainda era jovem demais e não se sentia confortável com a ideia de um casamento por aparências antes mesmo dos trinta anos. Gostava da vida mais livre que tinha no presente.
Manteve-se em silêncio, a raiva dando lugar a certa frieza e se amaciando.
— Você me jurou esforço. — Sua mãe fez questão de lembrá-lo. Um ano atrás, ele havia prometido aos Bondurants substituir o espaço vago da irmã da melhor forma possível. Dar a eles tudo que queriam dele.
— Jurei. — Cedric concordou, mais secamente do que gostaria. Então, fez outra curta reverência. — Com licença. Estou com sede.
A mãe permitiu sua saída, embora trouxesse impaciência no olhar que dirigia ao mais novo.
0 notes
Text
Not what I usually do, but I’ve peepin’ you (celric)
— Às vezes é bom improvisar algumas coisas — ele respondeu e sorriu. Celeste sorriu de volta, quase revirando os olhos em brincadeira, ainda que não concordasse nem um pouco com sua afirmação.
Nas últimas semanas, Cedric fazia o possível para fingir que Doyle não era uma ameaça e que a incerta relação que existia entre ele e Celeste era algo passageiro. Porém, vê-lo provocar sorrisos na Mechathin em meio a um evento tão público o tirou de equilíbrio consideravelmente. Errou um passo na própria valsa, distraído em sua procura pela rival perdida de vista após dois giros, e Flora olhou em volta, confusa e à procura de seu objeto de interesse.
Cedric a trouxe para mais perto e logo em seguida a afastou, em um passo de dança mais elaborado que retornaria sua atenção a ele. Não podia levantar qualquer suspeita, não quando estava no centro das atenções daquele evento e sob o olhar atento da Matriarca Bondurant. Flora conseguiu acompanhá-lo facilmente, mas em seu rosto estava estampada clara hesitação, como se não soubesse o que pensar a respeito de seu convite. Então, ele iniciou um novo assunto.
— A senhorita se ocupa com o que nos dias de hoje? — O Bondurant perguntou. — Se me lembro bem, estudava Direito alguns anos atrás…
— Sim, Vossa Graça… — Seu olhar adquiriu mais leveza ao respondê-lo, distanciando da desconfiança vacilante lentamente. — Tenho um escritório de advocacia há alguns anos. Atendo principalmente na área imobiliária e empresarial.
Foi preciso bastante foco para que Cedric se mantivesse interessado no que ela dizia. Flora era uma bela mulher. Seus olhos escuros traziam uma altivez charmosa e sua postura refletia igualmente tal imponência. E, como se seu rosto já não fosse estonteante, naquela noite seu corpo tinha a beleza sinuosa realçada pela seda verde do vestido tradicional que usava, cujo decote reto era tão elogioso quanto o batom avermelhado era a seus lábios carnudos. Nada disso, no entanto, distraía Cedric da possibilidade de perder sua amante para Lance Doyle.
— Você costumava cantar, quando éramos mais jovens… — Ele continuou, mantendo a constância da dança e se esforçando para expressar alguma curiosidade. — Preferiu o caminho do Direito?
Flora deu uma risada suave, como se surpresa com o assunto abordado.
— Ainda canto, claro, mas está em segundo plano no momento. É uma paixão minha, mas não me vejo levando como profissão.
Cedric ofereceu a ela um sorriso charmoso. Precisava vender a interação para Aurora, afinal, além dos outros que assistiam.
— O foco era música tradicional, não? Você tinha uma voz muito bonita.
— Obrigada… — E ali estava sua hesitação novamente, digerindo o elogio com cuidado. A maga desviou os olhos por alguns momentos, pensativa, e quando voltaram aos dele traziam ainda a hesitação de antes, mas agora ela estava acompanhada de um brilho astuto. — Os rumores estão certos, não é?
Cedric juntou as sobrancelhas, sem entender.
— Rumores?
— Vossa Graça está finalmente considerando cortejar mulheres Bondurant?
A pergunta o pegou desprevenido. Não podia negar, podia? Apesar de entender a razão do círculo Bondurant saber de sua resistência ao matrimônio, ele nem deveria, na verdade, passar a impressão de que não considerava se aproximar romanticamente de mulheres de sua família. Prolongar a linha de seus ancestrais era seu dever desde o nascimento, um dos únicos que carregava mesmo quando ainda não era um herdeiro direto. No entanto, concordar talvez fizesse a notícia se espalhar rapidamente entre as interessadas, dificultando seu plano de protelar a promessa que fizera para a mãe.
Cedric forçou um sorriso diplomático.
— Por que? Isso te interessaria? — Ele perguntou, consciente de que a frase ambígua poderia ser interpretada como um flerte ou uma provocação.
Flora o estudou pacientemente, seus olhos de raposa presos nos dele enquanto considerava o que dizer.
— Talvez. — Ela disse, apenas, tomando sua resposta evasiva como exemplo ao escolher a dela.
A Bondurant ergueu os cantos dos lábios misteriosamente e, com o fim da música, deu um passo solene para trás. Ela fez uma reverência breve, mas completa, e logo Cedric a deixava no mesmo local de onde a tinha encontrado antes.
Ao retornar para perto da Matriarca, Cedric recebeu seu olhar de aprovação com um pequeno sorriso, mas rapidamente voltou a buscar Celeste entre aqueles que haviam tomado o salão em pares. Poderia a Mechathin estar escondendo dele o que sentia por Doyle? Talvez para evitar magoá-lo, talvez para… mantê-lo por perto. Quantas vezes os dois já haviam trocado beijos? Ela parecia confortável o suficiente em seus braços.
Ao encontrar os olhos da maga de fogo, conseguiu esconder pouco da intensidade de ciúmes que tinha tido sucesso em camuflar nos minutos anteriores.
0 notes
Text
Not what I usually do, but I’ve peepin’ you (celric)
Quando encontrou Cedric e Aurora no caminho até a escada, fingiu normalidade como sempre fazia, mas sem se permitir olhar para ele por muito tempo. Ele realmente não tentou fazer o que ela pediu no dia anterior, pois estava extremamente atraente vestido um fraque preto longo, que estava fechado mas ainda permitia que a blusa branca de manga longa por baixo fosse vista, e calça da mesma cor. A gola alta da blusa combinava com ele, deixando-o elegante, uma moda que contrastava com sua personalidade descontraído mas que lhe cabia bem. Não teve tempo de apreciá-lo, no entanto, pois logo desviou os olhos para a escada e a desceu atrás de Eleonor. Chegando na porta do hotel, Celeste pôde sentir o calor e a sensação levemente claustrofóbica causado pela multidão que estava ali, mesmo que seus seguranças criassem espaço suficiente para andar com tranquilidade. Sorriu amigávelmente por onde passava, acompanhada por vários olhos cheios de admiração e sob o som das palmas. Posicionou-se de um lado da fogueira, junto à sua mãe, enquanto Cedric e Aurora pararam do outro. No solstício de inverno, o elemento homenageado era o fogo, dado à sua importância para a sobrevivência no passado, o que justificava a decoração rúbia do festival. Celeste olhou para o montante de madeira que seria aceso em instantes. Ainda que os Bondurant não tivessem o fogo em sua linhagem, também participavam do ritual como forma de demonstrar apreço ao elemento, em respeito à Morgana que carregava os quatro. Esperou, então, que os membros da Casa Rival recebessem suas tochas de forma solene e logo após um breve discurso do governador, a maga pode criar a chama com sua mão e jogá-la em direção ao fogo. Era incrível. Quando mais o fogo se alastrava, mais Celeste se sentia poderosa, energética, viva. Continuou a soltar chamas pelas mãos até que o fogo chegasse à uma altura satisfatória, sob os aplausos e gritos da população que os assistia. Com uma chama três vezes o tamanho dos magos, a fogueira engolia os pedaços de madeira por completo, deixando a Mechathin quase eufórica à medida que ela os consumia. Com certeza não era apenas ela que sentia isso, todos os magos de fogo presentes deveriam sentir o mesmo. Ela olhou para sua mãe ao seu lado, observando o olhar de quase adoração que ela dirigia à queima e teve sua resposta. Após alguns ritos formais, os membros das duas Casas retornaram ao prédio lentamente, com os Bondurant por último. No enorme hall do hotel, Lance as interceptou, muito bem recebido pela matriarca Mechathin. Após um beijo na mão da mais nova, um hábito que parecia não querer largar, ele as acompanhou até o grande salão onde aconteceria a festa privada. — O fogo combina perfeitamente com você — Lance disse, baixo o suficiente para que Eleonor não ouvisse — Foi como te assistir no seu ambiente natural. Incrível, simplesmente. Celeste abriu um sorriso leve. — Obrigada — respondeu, simpática — A sensação é incrível também, estar perto de uma fonte tão grande assim…. Energizante.
O herdeiro sorriu de volta, animado com a resposta mais informal dela. — Imagino — ele disse, mas logo completou — Quer dizer, não tenho como saber exatamente, mas acredito que possa ser parecido com como eu me sinto perto do mar… ou de qualquer corpo d’agua, na verdade. Celeste pensou por um segundo. Não tinha ideia de como ele se sentia, não tinha como saber, mas talvez fosse igual, talvez ele se sentisse tão poderoso quanto ela. Ou não. Talvez a sensação que tomou o corpo da morena estivesse ligado diretamente ao seu elemento, aquele que queima. Muitos magos de água descreviam sentir certa calmaria junto à corpos d’aguas, o que constratava com o sentimento que o fogo trazia, principalmente. — É, talvez — concluiu, sabendo muito bem que ninguém nunca saberia se a comparação era verdadeira ou não.
Fez o possível para ignorar a presença de Celeste. Estando tão perto de sua mãe, era arriscado que seus olhos se demorassem na maga de fogo. Em alguns momentos, no entanto, não conseguiu controlar a direção de seu olhar e foi surpreendido pela visão dos sutis toques que Lawrance Doyle deixava na Mechathin. Suavemente no pulso, para guiá-la até um local mais ameno da festa, ou em seu cotovelo, ao se aproximar para dizer algo mais próximo de seu ouvido, seus dedos a buscavam mais vezes do que os de meros conhecidos fariam.
Em meio ao salão, Cedric não era o único que os observava. Era uma novidade ainda fresca a recente e pública relação entre um herdeiro dos negócios e a principal herdeira Mechathin, rendendo cochichos curiosos dos transeuntes assim que saíam do campo de visão dos dois.
Em dado momento, seu suspiro pesado em desagrado foi interpretado por Aurora como tédio e ela o olhou com as sobrancelhas ligeiramente erguidas. sua mãe era mais de uma cabeça mais baixa que ele, então Cedric abaixou a dele para devolver seu olhar.
— Não estamos aqui há muito mais do que trinta minutos… Sentindo falta de seus amigos? — Ela olhou para o canto próximo a uma pilha de taças de cristal cheias de champanhe, onde estavam reunidos alguns de seus amigos e conhecidos. Lucien, vestido em trajes tradicionais grafite, arriscou um sorriso para a Matriarca, que não devolveu a cortesia.
Cedric abriu a boca para respondê-la, mas foi interrompido pela orquestra recomeçando sua apresentação. Uma valsa victoriana se iniciava, convidando os presentes a dançar.
— Tem diversas jovens Bondurants espalhadas pelo salão… — Sua mãe falou, deixando finalmente que um sorriso sugestivo crescesse nos lábios. — Por que não tira uma para a valsa?
Cedric riu, considerando o que ela dizia. Dançar era uma atividade que ele achava agradável, uma das únicas exigências da tradição que não o incomodava praticar. Tomava como parceira nessas situações, por vezes, a própria mãe, mas quando a relação entre os dois estava tensa, escolhia as mulheres mais atraentes do local, tomando o cuidado de evitar aquelas com quem os Bondurant mais desejavam que ele interagisse: as Bondurants que podiam dar continuidade a sua linhagem.
— Está bem. — Concordou. Tinha decidido dar o braço a torcer, afinal. E não doeria também, pensou, com um sorrisinho, devolver um pouco do que estava sentindo ao ver Celeste interagindo com Doyle.
Afastou-se da mãe dando alguns passos para trás, em direção à parte mais vazia do salão. Então, após uma breve reverência sob a expressão de aprovação de Aurora, caminhou um pouco sem rumo pelo espaço. Falsificou uma paciência performática enquanto estudava suas opções. Alguns rostos, prevendo suas próximas ações, ergueram-se ansiosamente e Cedric respirou fundo. Não era novidade essa parte, em que jovens Bondurants criavam esperanças de que ele finalmente daria alguma chance ao caminho inevitável de escolher uma delas. E pela primeira vez em muitos anos ele escolheu.
Dois minutos depois, Flora Bondurant o olhava com uma desconfiança velada, misturada com certa admiração. Dançavam a valsa quase perfeitamente, como membros da família Bondurant deveriam dançar, mas Cedric evitava um pouco seus olhos. Apesar de querer fazer parecer, principalmente para a mãe, que estava considerando suas opções para o futuro, não queria que Flora pensasse o mesmo.
— Você dança bem. É algo que faz com frequência? — Havia visto a mulher, uma maga de ar como ele, algumas vezes. Ambos tinham uma idade aproximada, então a família havia testado uma possível química algumas vezes. Ela era uma jovem ambiciosa e não havia jogado fora as oportunidades, mas uma vez que Cedric deixou claro que não pretendia se casar tão cedo, Flora nunca mais havia dirigido a palavra a ele.
— Quando absolutamente necessário. — Ela abaixou os olhos castanhos e Cedric sorriu mais sinceramente, analisando sua face negra com algum interesse.
— Me agradar está dentro dessa categoria? — Brincou. Claramente estava. Negar seu convite seria praticamente desonrar seu próprio sobrenome.
Ela não respondeu, voltando a olhá-lo com um sorriso hesitante. A situação a havia surpreendido, claramente.
Mantiveram uma conversa superficial, mas agradável e a música se intensificou gradualmente, exigindo mais voltas e movimentos de pés. Em um de seus giros Cedric viu que Celeste também estava na pista de dança. Ele deixou de responder Flora ao notar com quem a maga de fogo dançava — Lance. Novamente Lance.
0 notes
Text
titulo
Um sino tocou três vezes anunciando o momento em que Cedric precisava se levantar e o arrancando de seus pensamentos sobre pintura. Ao seu lado, Aurora Bondurant também se ergueu de uma das cadeiras luxuosas de estofamento roxo que haviam sido colocadas na sacada superior direita do hotel onde os dois ramos principais das Grandes Famílias tradicionalmente esperavam e observavam as atividades do festival que celebrava o solstício de inverno em Victoria.
Cedric sorriu como mandava a etiqueta, em um leve erguer dos cantos dos lábios que indicava a quantidade ideal e educada de animação, e acenou para a população que vibrava à espera do início oficial das festividades. Abaixo das sacadas onde estavam Bondurants e Mechathins, uma grande praça se encontrava rodeada de pessoas, embora o espaço central estivesse vazio, reservado para a enorme fogueira que seria acesa pelas famílias dentro de instantes. As ruas cheias de neve que chegavam à praça estavam adornadas por fitas e faixas vermelhas, folhas de pinheiro e pinhas, e também iluminadas por incontáveis e pequenas lâmpadas piscantes de cor branca, algumas no formato de flocos de neve. Barracas de madeira, muito bem organizadas e decoradas, podiam ser vistas em todas as ruas, e nelas pessoas de todas as idades compravam bebidas e comidas típicas. Além disso, algumas tochas acesas circulavam a praça redonda, levando calor para os cidadãos que celebravam o feriado.
Tanto mãe como filho precisaram voltar ao interior do prédio momentaneamente para que pudessem descer as escadas até a entrada e, então, caminhar pelo tapete púrpura que cobria o caminho até a fogueira apagada. Foi nesse momento que viu Celeste novamente, descendo as escadas diretamente à sua frente. Ao encontrá-la meia hora antes, foi especialmente difícil para Cedric manter a expressão neutra enquanto sua figura deslumbrante passava, usando um longo e vermelho vestido tradicional, com detalhes dourados ao redor do decote reto e nas mangas compridas que chegavam até seu pulso. Cobrindo o peito desnudo, Celeste carregava um colar complexo e tão suntuoso quanto seu vestido. Os olhos de Cedric foram atraídos para a maga por mais tempo do que considerou sábio, levando o Bondurant a se obrigar a observar o lustre de cristal acima dos convidados.
Ali, enquanto desciam os degraus, porém, ele foi disciplinado e permitiu-se encarar os olhos de Celeste de forma quase desinteressada por apenas três segundos, como conhecidos — aquilo que supostamente eram — fariam em uma situação como aquela.
Quando finalmente acenderam o amontoado de madeira da altura de uma casa, representando a vivência de um inverno seguro e proteção contra maus espíritos, Aurora e Cedric usaram tochas, enquanto Celeste e Eleanor Mechathin puderam criar chamas com as próprias mãos.
Sob os olhares atentos de centenas de pessoas, Cedric não se atreveu a retornar o dele para sua amante novamente, apenas voltando a sorrir para a multidão que agora aplaudia o crescente fogo. Levou os olhos para Celeste somente ao darem meia volta e fazerem o mesmo caminho na direção oposta, caminhando pelo tapete roxo mais uma vez. Ela estava à sua frente, conversando em voz baixa com a mãe, e ele sentiu seu peito se aquecer contra sua vontade. Gostava de vê-la em sua dia a dia, percebeu. Terem que esconder a relação que tinham em público fazia com que visse outros lados de Celeste, na forma como ela interagia com aqueles que se aproximavam dela, familiares, amigos ou desconhecidos.
Quando Lance Doyle foi quem se aproximou, no entanto, logo que cruzaram a entrada do hotel, a faísca em seu peito teve sua natureza transformada em irritação. Ele estava tão desesperado assim, para se aproximar da maga de fogo tão logo seus pés pousaram no mármore branco do hall de entrada? Os lábios de Cedric congelaram num sorriso duro.
— Vamos para a área principal. — Sua mãe o chamou, envolvendo seu braço com o dela, e em segundos Celeste e Lance estavam fora de vista.
0 notes