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Por alguns segundos, Celeste nada fez. Ela se mostrou surpresa com sua frase e hesitou. Não tinha gostado da forma com que ele havia falado? A névoa de tesão e irritação quase se dissipou da mente do Bondurant, que se perguntou se a ofendera, mas a maga de fogo logo exibiu um meio sorriso discreto e fez como ele mandou, sem tirar os olhos dos dele.
A primeira peça a sumir foi a camisa desabotoada e, depois, o sutiã de renda. Cedric não conseguiu evitar de seguir seus movimentos lentos e calculados, e muito menos de focar em seus seios desnudos por alguns instantes, antes de acompanhar, com expectativa, a retirada da calça.
Ele não interferiu em momento algum, satisfeito com a posição voyeuristica que ela o estava dando o privilégio de estar. Celeste, por sua vez, se certificou de que ele teria um bom show. A Mechathin fez como se estimulasse sua região mais sensível antes de finalmente deslizar os dedos até as laterais a calcinha. Mas ela não puxou imediatamente, ah, não… Esperou que ele a fitasse, desejo claro e queimando nos olhos, e só então se livrou da última peça.
Ele deixou o olhar dançar por seu corpo, capturando cada parte de sua pele ligeiramente bronzeada com a atenção que ela merecia, e parou na junção de suas pernas, onde ele trouxe mais luz ao abri-las ligeiramente com toques nos joelhos. Cedric xingou mentalmente. Estava duro como mármore dentro da própria calça e, ainda assim, sentiu-se enrijecer. Suas mãos logo estavam no cinto, abrindo fivela, botão e zíper, à procura de mais espaço para a própria ereção.
Ao contrário dela, teve pressa. Baixou calça e boxer assim que se ergueu, deixando ambas no chão claro e próximas às roupas de sua amante. Quando retornou ao sofá e a seu lugar entre as coxas de Celeste, Cedric enganchou uma delas em seu quadril e, decidido, guiou o pênis ereto até sua entrada. Beijou-a com uma paixão destrutiva e determinada, mas ao penetrá-la de uma vez só até que atingisse seu limite, deu a ela alguns instantes para se acostumar antes de começar a se mover.
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So how you wanna play this? (celric)
Imediatamente, Cedric a abraçou firmemente contra o próprio corpo e levou uma mão até o cabelo da morena, apertando levemente ali também. Sentiu ele endurecer embaixo dela e essa percepção levou fogo até seu ventre, além de pensamentos sórdidos à sua mente. O mago parecia pensar o mesmo, pois a pressionou contra a ereção e movimentou-se contra ela, produzindo pequenas ondas de prazer. Celeste gemeu baixinho, tanto pelo movimento quando pela antecipação do que iria acontecer em poucos minutos. Ela abriu os olhos e encontrou os dele cheio de desejo, mas não teve muito tempo para admirá-los, pois as mãos sempre habilidosas de Cedric encontraram rapidamente seu sutiã e o soltou, levando então uma até o seio esquerdo já endurecido dela einiciando uma massagem lenta. Celeste então fechou os olhos, gemendo com o pequeno prazer gerado, e quase teve dificuldade em ouvir sua pergunta. A maga era quem geralmente pedia confirmações verabis da atração e sentimentos dele, mas dessa vezi era Cedric quem pedia. Era óbvio para os dois que sim, assim como ela sabia que ele tinha sentido sua falta mesmo tendo levado uma semana para se decidir, mantendo os dois longe um do outro. Ela, por sua vez, costumava deixar seu corpo falar mais que as palavras, mas achou que aquele era um bom momento para comprovar seu apego. Celeste respondeu com um aceno breve de cabeça inconsciente e sons que expressavam seu deleite antes mesmo de verbalizar. — Você não faz ideia do quanto — disse com a respiração curta e o coração batendo forte. Ela deixou um beijo delicado em sua boca e então uma trilha de pequenos beijos até o pescoço do moreno, onde sugou levemente. Gemeu suavemente por causa das movimentações de quadril que ele ainda fazia e falou: — Quando eu falei sobre ficar uma semana sem se ver da última vez… eu estava brincando. Beijou-o no pescoço mais uma vez e se afastou, voltando a olhá-lo, claramente ofegante: — Não vamos fazer isso de novo. Se viam há menos de quatro meses e já tinham tido mais brigas e pausas que um casal normal. Primeiro Liza, depois Aurora, depois Lance… não queria mais isso. Não queria mais tempo separados, não queria mais ansiedade ou dúvida, queria apenas aproveitar o tempo que tinha com ele sem grandes comoções. Era pedir muito?
O peito esquentou com a primeira resposta da Mechathin, que gemia baixo com seus toques e movimentos. Ela devolveu seus beijos em seu pescoço e Cedric a deu espaço para trabalhar inclinando a cabeça ligeiramente. Quando ela terminou de beijá-lo e, depois, de falar, ele sorriu suavemente. Tinha sido ele quem os havia afastado, em um misto de indecisão, mágoa e tentativa de esquecê-la, e agora Celeste o pedia para que nunca mais passassem tanto tempo sem se ver.
Não podia prometê-la isso, mas duvidava que conseguisse repetir seu ato tão cedo. Sentira na pele sua falta, assim como Celeste parecia ter sentido e, por mais que tivesse procurado consolo em outras atividades e amantes, não tinha achado. Abriu a boca para respondê-la, mas fechou. Não conseguia admitir a falta que ela havia feito, não sabendo que ela procurara outro, que iniciara um relacionamento, ainda que prático, após trocarem confidências e sentimentos.
Inspirou fundo e lambeu os próprios lábios antes de beijá-la novamente, dessa vez com uma leve irritação ajudando a guiar suas ações mais obstinadas. A mão que antes acariciava seu seio se juntou à segunda para dar apoio às suas costas e deitá-la no sofá, com Cedric entre suas pernas, e depois, passou a desabotoar a camisa de Celeste sem que parasse de beijá-la. Foi eficiente nessa tarefa, abrindo a peça de roupa por completo, e só após mais alguns minutos assim ele enfim separou suas bocas arquejantes. Ajoelhando-se entre seus joelhos, se apressou em retirar o suéter pela cabeça, também começando a desabotoar a própria camisa. Deixou que o tecido caísse no chão e a olhou.
Observá-la desse ângulo, que mesmo visto outras dezenas de vezes ainda o tirava o fôlego, retirou parte de sua resolução recém-adquirida e o deixou conflitante. Numa hora dessas, geralmente diria o quão atraente aquela mulher era, ou concordaria com sua última fala. No entanto, se voltasse a expressar o que sentia mesmo sabendo que a Mechathin estava envolvida com outro, estaria novamente colocando a corda em torno do pescoço.
Mas você já colocou. Uma voz irritante soou em sua mente, uma lembrança a si próprio de que suas ações falavam mais do que qualquer palavra. Estava ali. Mesmo ciente da situação em que se colocava. O que poderia incriminá-lo mais do que aquilo?
Engoliu em seco, a impaciência consigo mesmo se juntando à excitação e se traduzindo na ordem firme dita em voz baixa:
— Tire a roupa.
Ele a queria nua. Logo. E queria que ela retirasse peça por peça, para que pudesse assistir.
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Já tinha percebido que estava condenado, mas em momentos como aquele sentia que as coisas estavam verdadeiramente fora de seu controle, pois apenas um beijo de Celeste parecia ser suficiente para que ele se esquecesse de todos os avisos de perigo que piscavam em sua mente. Era impossível tê-la somente para ele mas, pelos deuses, pelo menos ela suspirava e o abraçava daquele jeito, pelo menos ela agradecia ao divino, com alívio genuíno nos olhos, pela decisão de Cedric de ficar.
A Mechathin devolveu seu beijo com um mais intenso, pausando esse encontro de lábios apenas para sentar-se sobre o colo do mago de ar. Cedric a envolveu com o braço imediatamente, grudando seus torsos como se quisesse mantê-la ali para sempre. Dele. Somente dele.
Abraçou-a mais forte no beijo e deixou que sua frustração fosse expressada através do desejo, entrelaçando dedos em seus cabelos e aproveitando seus lábios como uma primeira vez. Seu corpo entrava em um estado de torpor que apenas Celeste conseguia causar e ele buscava sua língua para mais daquela sensação que ao mesmo tempo o eletrizaca e acalmava. Ficaram assim por tempo o suficiente para que sua excitação naturalmente se pressionasse contra o quadril da maga e ele a puxou lentamente para baixo enquanto se movia, causando um atrito delicioso.
Ofegante, separou seus rostos, mas as mãos já haviam se enfiado por dentro de sua camisa e agora abriam seu sutiã. Ele olhou sua boca avermelhada e então seus olhos quando deslizou a mão esquerda para seu abdômen e, enfim, por baixo da lingerie recém aberta. Massageou o seio com cuidado, o indicador e polegar dedilhando seu mamilo e por vezes apertando levemente. Gostava da textura de seus seios e da forma com que seus mamilos se enrijeciam em sua presença.
— Sentiu minha falta? — Murmurou a pergunta enquanto beijava o canto de sua boca, o ar ainda lhe faltando, e movia o quadril ligeiramente, deixando Celeste no lugar com a outra mão.
Sabia que sim, mas ainda queria ouvir em sua voz outra confirmação de sua influência sobre ela.
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O sorriso que havia surgido no rosto de Celeste com sua brincadeira se desfez lentamente ao ouvir sua próxima frase e Celeste tomou um gole da bebida recém feita. Era uma confirmação silenciosa de que ele realmente não podia pedir qualquer coisa além daquilo. Não teve tempo de sentir a tristeza que o incomodava em seu cerne, contudo, pois a maga de fogo se ergueu.
Cedric a acompanhou com os olhos enquanto ela caminhava até o sofá e se sentava ao seu lado, curioso para saber o motivo de sua movimentação. Ela pousou a mão em sua coxa, acariciando logo em seguida e provocando nele, assim, um arrepio que pareceu seguir diretamente para sua virilha.
Sua fala, apesar de sensual, trazia uma insegurança que não era natural aos dois, àquela altura da relação. Ela espelhava sua tensão e o olhou à procura de suas reações.
Em outro momento, não se demoraria em beijá-la, mas uma parte de Cedric lutava contra aquilo. Sentia um receio da própria decisão, o mesmo receio que o fez levar uma semana para tomá-la. Tinha medo do poder que a Mechathin tinha sobre ele e até onde iria para não perdê-la. Porém, seu rosto estava tão próximo, a apenas alguns centímetros do dele, enquanto os dedos tocavam uma área que ela sabia ser sensível a seus toques…
Voltou a observar seus lábios suavemente úmidos, o temor se calando a cada segundo e dando lugar ao anseio. Antes que se desse conta, levava a mão a seu rosto. Ela se encaixou abaixo da orelha da maga, o dedão acariciando a maçã corada e, depois, sua boca. Pela deusa, por que ela tinha que ser tão bonita e tão proibida? Após poucos segundos, desceu a mão para seu queixo e o ergueu, pendendo seu rosto para o lado e finalmente se aproximando.
Ele beijou seu pescoço primeiro, um suave encontro de pele e lábios, e depois a beijou mais uma vez dois centímetros abaixo. Esses gestos foram suficientes para acelerar sua circulação e aquecer seu corpo, então o terceiro beijo foi de boca aberta, sentindo o gosto de seu perfume, mas ainda assim lambendo ali lentamente. A mão que descia de seu queixo foi para sua cintura e, gemendo baixo por puro deleite, ele sugou bem em cima de uma veia.
Quando se deu por satisfeito, afastou o rosto o suficiente para olhá-la mais uma vez antes de beijá-la sensualmente. Puxou-a para mais perto, como era possível com ambos sentados, já aprofundando o beijo lento desde o início.
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Piscou, observando Celeste por alguns segundos. Ela havia reagido com tranquilidade, ainda que expressando certa surpresa. Abriu um pequeno sorriso e aceitou seu pedido sem resistência alguma. Não a incomodava, então, que ele se intrometesse no ritmo de seu novo relacionamento. Na verdade, parecia que ela até achava sua proposta justa, pois abriu para ele a possibilidade de outras demandas.
Cedric alargou o sorriso tímido. Se pudesse escolher, seu único pedido seria para que ela desistisse do relacionamento que iniciava com Lance.
— Está disposta a aceitar qualquer pedido? — Perguntou, trazendo bom humor à própria voz. — Já ouvi muitos elogios, mas uma Mechathin me querendo tanto é um maior ainda…
Arriscou a brincadeira mais relaxada porque, apesar de ter sido ele quem tinha passado a última semana lutando contra o próprio ciúme, Celeste também confessava seu envolvimento intenso ao escolher não terminar o que tinham, mesmo dentro de suas novas circunstâncias.
Ele pegou-se descendo os olhos para seus lábios. Era mais difícil se afastar da atração que sentiam um pelo outro quando compartilhavam um cômodo e, ainda mais, quando estavam próximos. E também era inegável o que sairia daquele encontro, depois de duas semanas sem tocar um ao outro, depois de ter aceitado estar ali justamente por não conseguir superá-la. Lembrar-se disso o fez inspirar mais longamente.
— Não posso pedir o que quero de verdade... — Comentou com mais seriedade, os olhos focados nos dela. Já havia dito algo parecido outra vez, quando desejou inutilmente contar a ela o que sentia.
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Com o sinal verde de Celeste, ele começou a aprontar sua bebida com os itens citados, todos já próximos sobre a mesa de centro de vidro. Enquanto Cedric derramava algumas pedras de gelo no copo, ela expressou suas preocupações sobre o treinamento da irmã.
O Bondurant a observou com empatia, embora controlasse, percebeu, as emoções que sentia. Na noite anterior, quando finalmente tomou uma decisão, também decidiu que teria mais cuidado. A partir dali, não poderia aprofundar nenhum sentimento por Celeste Mechathin. Ainda não conseguia deixar de vê-la mas… O que havia sido sua notícia além de um anúncio antecipado do fim do caso dos dois? Se ela estava caminhando para um noivado e, depois, um casamento, não poderiam durar mais do que alguns meses. Deveria ser sensato, então, aproveitar o que tinham enquanto durava, como era seu plano anteriormente, mas com a afeição que se desenvolvia por ela em rédeas curtas.
— A Deusa não a colocaria nesse caminho se ela não conseguisse aguentar… Assim espero. — Ele respondeu, mais suavemente do que antes e resistindo à tentação de se mover no sofá para se aproximar da Mechathin. Após colocar duas fatias de laranja no copo, derramou dois dedos do líquido transparente ali.
Deslizou o copo para a ponta da mesa, em sua direção e voltou a olhá-la.
Gostava da forma que seu cabelo ondulava na metade e agora caía ligeiramente sobre seu rosto preocupado. E também gostava do perfume que ela costumava usar e já se infiltrava, suave e lentamente, na sala. Tinha tanto tempo que não o sentia de perto e não passava os dedos por seus fios castanhos…
Inspirou fundo e desviou os olhos para a bebida ao se pegar encarando.
— Eu pedi pra conversar… — Ele mudou de assunto um pouco subitamente e passou a língua por trás dos dentes enquanto pensava na melhor maneira de dizer o restante da frase. — … porque queria pedir uma coisa.
Bebeu outro pequeno gole do próprio gin, apenas para molhar os lábios. Grudou os olhos nos dela, então.
— Nós continuamos isso… mas você não… — Pausou por um instante para enviá-la um olhar significativo que misturava insinuação com ciúmes — sai com ele… — se deita com ele… — no mesmo dia que me vê.
Não sabia se estava sendo razoável pois não fazia ideia de como a relação de Celeste e Lawrence funcionava. Eles se viam com frequencia? Dormiam juntos toda semana? Várias vezes por semana? Só sabia que o pensamento de se despedir dela apenas para que ela fosse para a cama de outro o atormentaria caso Celeste não concordasse com seu pedido.
— Não quero lembrar que ele existe mais do que o necessário. — Tinha consciência de que seus olhos haviam se escurecido de ciúmes e se esforçou para suavizá-los, sorrindo um pouco com o pequeno chiste.
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Após pendurar o casaco, expondo a camisa branca de botão e calça escura como a que ele mesmo usava, Celeste pareceu não ter certeza do que fazer. Cedric gesticulou para que ela subisse antes dele, então, e ambos chegaram ao andar de cima envolvidos em um clima estranho, ainda que mais leve do que o que sentiram na última vez que se encontraram.
Ao passarem a entrada da sala superior, a maga de fogo pausou e o olhou, parecendo um pouco confusa. “Você voltou a fumar?”, ela perguntou. Não havia julgamento em sua voz, apenas curiosidade. Cedric abriu um meio sorriso fraco. Para que ela não pensasse que fumava por causa da situação em que estavam, podia mentir ou diminuir a verdade… Podia dizer que aquela era uma exceção. Não quis maquiar a realidade, porém, um pouco exausto do hábito de fazer isso que estava criando devido à nova carreira política.
— Sim… Tem pouco tempo. — Ele andou até o lavabo e se esforçou rapidamente em retirar a tinta que se agarrava à pele de suas mãos. O sabão deu conta da tarefa em alguns segundos.
Secando as mãos com a toalha, Cedric tentou comprar um pouco mais de tempo antes de finalmente aceitar o que havia adiado por uma semana.
— Como está Maddie?
Ele voltou à sala e novamente gesticulou para Celeste, dessa vez para que ela se sentasse se quisesse. Buscou o copo de gin deixado na mesa de centro e se sentou no sofá.
— Acha que ela vai se adaptar? — Ele encheu o copo quadrado mais um dedo e ofereceu outro vazio para a Mechathin, deixando-o em frente a ela com um olhar de questionamento, enquanto segurava a garrafa gelada. A primeira vez que a olhou nos olhos desde o andar de baixo. Adicionou rapidamenfe, mais baixo: — Tenho laranja e gelo, se quiser.
Tenso com o encontro, tomava o dele sem nenhum acompanhamento, apenas ansiando o relaxamento.
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So how you wanna play this? (celric)
A última coisa que queria, depois de ser obrigado a ver imagens de Lance e Celeste praticamente todos os dias — em tabloides ou na mesa de reunião —, era ouvir o que quer que Lucien fosse querer dizer sobre os últimos acontecimentos de sua vida amorosa. Foi por essa razão que, quando chamou Celeste para encontrá-lo, preferiu que ela o visse em seu atelier.
Já havia passado a tarde ali, organizando a mostra requisitada de pinturas e esculturas que abriria no próximo fim de semana, que reuniria obras de alguns artistas contemporâneos estrangeiros. Então, após escrever a mensagem “Ok, eu aceito. Podemos conversar hoje no meu atelier?”, Cedric aproveitou para dar andamento a uma de suas pinturas. A ansiedade o incomodou mais naquela tarde do que em toda a semana, levando o mago a acender um cigarro enquanto trabalhava.
Tinha tomado seu tempo para admitir mas, apesar de sentir o ciúme gélido queimando sua carne quando se lembrava de que teria que dividir Celeste com outro homem, era pior a possibilidade de nunca mais tê-la. Precisaria ser calmo sobre o assunto porque, afinal, havia aceitado continuar se encontrando com ela. Não poderia agir como o animal ciumento dentro de si desejava. Não poderia ressentir sua própria escolha ou querer controlar Celeste, que, precisava admitir, agia como sua posição exigia dela.
Assim como ele deveria aceitar um dia, a maior das responsabilidades de um herdeiro era dar continuidade à linhagem de Morgana. E Celeste nunca poderia fazer tal coisa com ele, um Bondurant. Esse pensamento causou em Cedric um mal estar instantâneo e, como sempre, também trouxe uma irritação por tais reações irracionais. Como podia querê-la só pra ele?
Não tinha certeza se conseguiria agir racionalmente, como planejava, mas era ela quem o pedia para que continuassem, apesar de Lance. Será que estaria disposta a lidar com as emoções que surgiam no peito de seu amante e pareciam cada vez mais ter vida própria?
Horas depois, ainda retocava e refazia detalhes do homem alado que pintara entre nuvens brancas e cinzentas, caindo em direção ao desconhecido, muito como ele se sentia. Tomou um pequeno gole de gin e, ao ouvir a campainha, apagou o cigarro e retirou o avental preto. Ele liberou a entrada do carro de Celeste na garagem ainda pelo painel do segundo andar, mas desceu as escadas para recebê-la.
— Pode deixar o casaco na entrada, se preferir. — Disse ao abrir a porta e vê-la, deixando que seus olhos se encontrassem por apenas um segundo e gesticulando em direção ao cabideiro de chão branco ao lado da porta, que sairia dali em alguns dias quando a mostra do térreo abrisse oficialmente.
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Sua pergunta não o surpreendeu, mas Cedric ainda assim colocou as costas contra o encosto da cadeira, sem saber como responder de imediato. Nesse momento, o garçom chegou com sua bebida e aperitivo e o fez bloquear a tela do celular instintivamente. Ele agradeceu, distraído, com um aceno suave de cabeça e logo tomou um gole da água com gás.
Ao desbloquear o celular, digitou lentamente: “Ainda não. Desculpe”, mas, depois de cinco segundos de avaliação, apagou a última palavra, um pouco por orgulho e um pouco por mágoa. Ambos sabiam que aquela não era uma decisão agradável ou fácil.
“Ainda não. Te aviso nos próximos dias.”
Tinha se dado mais dois dias para se decidir, afinal, e começava a perceber que o tempo servia mais para digestão da notícia do que para chegar a alguma conclusão racional.
I'm sending you one text at a time (celric)
Lendo as mensagens, sentiu saudades de Madeleine e seus sorrisos arteiros, mas ainda tão inocentes. Se ele sentia tal pesar com a possibilidade da Deusa tomar Maddie para si como uma de suas sacerdotisas, tendo que treinar por anos em Azure, só podia imaginar o que isso significava para Celeste. A maga de fogo era tão apegada à irmã… Talvez, porém, a criança ficasse na cidade apenas pelo período em que a Anciã achasse prudente, até conseguir lidar melhor com os poderes caóticos que ela demonstrava ter. Talvez ela não teria que ser entregue à Deusa. Cedric gostaria de saber como exatamente Azure treinaria Madeleine. Não encontrara formas em livro algum e, para quem perguntasse, Oráculos eram tão raros que nem havia registro, escrito ou oral, de um treino adequado para tal dom. Aparentemente, no entanto, todos que consultou estavam errados. Tamborilou os dedos na mesa e fez o possível para controlar a vontade que sentia de estar ao lado de Celeste. ���Entendo. Acho que você tomou a decisão certa… Não consigo imaginar uma pessoa melhor pra ajudar”, foi o que escreveu, já que não podia pôr a mão sobre a dela. A Anciã, além de ser uma mulher muito poderosa, sabia quando ser gentil e não parecia ter muitos problemas em lidar com crianças. Precisou de alguns segundos para decidir mandar a próxima mensagem. “E quando você volta a Victoria?” Não queria que a maga interpretasse que ele havia chegado a uma conclusão, mas ele tinha uma data limite para sua resposta.
Cedric a consolou e, por mais que a maga de fogo entendesse que não havia ninguém melhor para amparar Madeleine, a angustia que a assolava o peito era quase tão grande quanto o alívio de saber que sua irmã mais nova estaria em segurança sob a orientação de uma sacerdotisa com décadas de conhecimento e prática. Longe de ser o fim, o caminho de Maddie estava apenas começando e não seria nada fácil.
Perguntava-se se Azure reduziria o contato delas quando recebeu outra mensagem de Cedric, que dizia: “E quando você volta a Victoria?”. Celeste sentiu o coração pular uma batida. Teria ele finalmente feito uma escolha? E se queria vê-la, talvez…
“Amanhã a tarde já estarei de volta”, tentou soar contida e não desesperada como se sentia. Aguns segundos depois, porém, mandou outra mensagem, sem conseguir se controlar: “Você decidiu?”
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Lendo as mensagens, sentiu saudades de Madeleine e seus sorrisos arteiros, mas ainda tão inocentes. Se ele sentia tal pesar com a possibilidade da Deusa tomar Maddie para si como uma de suas sacerdotisas, tendo que treinar por anos em Azure, só podia imaginar o que isso significava para Celeste. A maga de fogo era tão apegada à irmã…
Talvez, porém, a criança ficasse na cidade apenas pelo período em que a Anciã achasse prudente, até conseguir lidar melhor com os poderes caóticos que ela demonstrava ter. Talvez ela não teria que ser entregue à Deusa.
Cedric gostaria de saber como exatamente Azure treinaria Madeleine. Não encontrara formas em livro algum e, para quem perguntasse, Oráculos eram tão raros que nem havia registro, escrito ou oral, de um treino adequado para tal dom. Aparentemente, no entanto, todos que consultou estavam errados.
Tamborilou os dedos na mesa e fez o possível para controlar a vontade que sentia de estar ao lado de Celeste.
“Entendo. Acho que você tomou a decisão certa… Não consigo imaginar uma pessoa melhor pra ajudar”, foi o que escreveu, já que não podia pôr a mão sobre a dela. A Anciã, além de ser uma mulher muito poderosa, sabia quando ser gentil e não parecia ter muitos problemas em lidar com crianças.
Precisou de alguns segundos para decidir mandar a próxima mensagem.
“E quando você volta a Victoria?”
Não queria que a maga interpretasse que ele havia chegado a uma conclusão, mas ele tinha uma data limite para sua resposta.
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Ao ver que Celeste digitava após poucos instantes, ele lambeu os lábios em uma antecipação apreensiva. Estaria a Mechathin sozinha ou ainda acompanhada pelas familiares? Se podia respondê-lo tão rapidamente deveria estar com algum nível de privacidade… Ou apenas ansiando por ele, como ele estava por ela.
Cedric se lembrou, com o olhar distraído sobre a tela do celular, de como, na última vez em que se viram, a maga se mostrou preocupada com sua resposta, querendo seu “sim”... E pareceu decepcionada ao receber um pedido de paciência, junto com a possibilidade, na prática cada vez mais improvável, de sua negação. Isso tornava as coisas piores ou melhores? Provavelmente piores. Mas por que o fazia se sentir melhor?
“Nervosa”, foi sua primeira mensagem, seguida da informação de que a Anciã confirmara que Maddie era um Oráculo e desejava treiná-la.
“Treinar como sacerdotisa?” ele digitou, rapidamente. Mandou em seguida “Ou Oráculo?”.
Não sabia quais eram os segredos que viviam dentro das bibliotecas e paredes de Azure. Ao buscar ajuda para Maddie, a Anciã havia sido a última opção de ambos também por esse mistério propositalmente mantido através dos séculos. Grande parte do que ocorria naquele território era confidencial. Até mesmo para eles.
“Ela vai ficar em Azure?”
Poderia perguntá-la mais, mas manteve as dúvidas na mente até que ela respondesse as primeiras. No entanto, enquanto a imaginava lendo suas mensagens, seu peito doía um pouco por não poder ouvir sua voz ou, talvez, vê-la outra vez.
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I'm sending you one text at a time (celric)
Participar de uma festa como aquela, estando ligeiramente bêbado e ainda sem ter superado o anúncio de Celeste, naturalmente o levaria àquela situação. Lysander já havia sido, pouco anos antes, um amante frequente e quando se cumprimentaram naquela noite ambos deixaram uma tensão conhecida no ar. Depois, encontrando-se na porta de um dos quartos por uma coincidência quase inteiramente proposital da parte de ambos os magos, entregaram-se a beijos que começaram leves e rapidamente escalaram para aquilo: os dois se recuperando e se vestindo após um momento de prazer.
Lysander se aproximou, ajoelhado na cama enquanto Cedric fechava o cinto em pé. Ele tinha um sorriso malicioso impresso nos lábios e se curvou para lamber um dos mamilos do segundo, que soltou uma risada de cócegas e se afastou meio passo.
— Você estava mais… intenso que nas outras vezes. — O mago de fogo falou em tom de elogio, mas o Bondurant perdeu parte do sorriso, lembrando-se da possível origem da firmeza com que agiu na cama.
— Estava? — Fez-se de desentendido, começando a se virar para buscar a camisa.
Lysander o segurou pelo cinto e puxou para mais perto do colchão com firmeza, impedindo que se afastasse. Ele vestia apenas a cueca, deixando seu corpo de atleta à mostra, e talvez esperasse por mais um round, pois parecia tentar atrasar a saída do outro homem.
— Sim… mas eu gostei. — Ele beijou o abdômen de Cedric, e agora fitava seus olhos, com as sobrancelhas castanhas erguidas e um meio sorriso preguiçoso. — Está tenso hoje?
O mago de ar levou as mãos até a que o segurava pelo cinto e, com cuidado, retirou-a. O álcool ainda o afetava o suficiente para ser fácil sorrir novamente, mesmo que o sorriso não viesse de um lugar completamente sincero.
Diferentemente da vez que transou com Yumi, mais cedo naquela semana, Celeste não havia estado em sua mente. Ainda assim, a frustração que se acumulara na semana, após ouvir os rumores sobre seu cortejo e vê-la na TV mais de uma vez, acabou sendo descontada em Lysander de forma pouco consciente. Somente ouvi-lo comentar sobre sua suposta intensidade o fez buscar as memórias recentes e perceber que havia sido mais bruto do que o normal. Ele se importou com o prazer do parceiro, sim, mas o quis em posições mais castigantes e profundas e, além de não se segurar em nenhuma delas, aumentou a força com que lidava com seu corpo à medida que o prazer crescia.
Ao contrário de seu encontro com Yumi, também, não se enganou sobre os efeitos do sexo em seu humor. Percebia que tentava resgatar a época em que um encontro casual o divertia e que as bajulações lhe eram suficientes. Desde Celeste, no entanto, isso não era mais possível. Conseguia uma parte da satisfação, mas nem de longe da mesma forma que sentia com a Mechathin. E essa verdade também contribuiu para a aspereza do sexo com Lysander.
— Um pouco. — Ele finalmente se distanciou, buscando a camisa preta jogada no canto da cama, vestindo-a e começando a abotoá-la. — Mas não te machuquei, não é?
— Só do jeito bom, Vossa Graça. — Lysander brincou com malícia, influenciando um revirar de olhos bem humorado no outro, que sabia que ele usava seu título como provocação erótica. Costumavam se encontrar bastante em jantares Bondurant, uma vez que a família do mago era uma das que carregavam um título de nobreza havia gerações, dado a eles pelos Bondurant. Essa não era uma brincadeira que Lysander fazia pela primeira vez e ele parecia gostar especialmente dela, nos mais diferentes momentos.
— Que bom. — Cedric respondeu.
Uma vez em casa, grunhiu debaixo das cobertas e se deu um prazo para se decidir. Sete dias. Seriam sete dias desde a pergunta de Celeste até sua resposta. Era tempo suficiente para decidir se seu ego conseguiria dar conta de ser o amante hesitante de uma Mechathin.
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Soube pelas atualizações diárias de sua equipe que Celeste estava em Azure, capital espiritual de Sarin e moradia da Anciã. Ela, Madeleine e a Matriarca Mechathin certamente haviam agendado uma reunião com a Anciã, como ele sabia que fariam naquela semana.
Cedric deu um trago no cigarro pendendo nos lábios e recebeu os documentos que Bryce o entregava. Assinou um por um e expirou a fumaça com pesar. Enquanto ele se preocupava com seu caso secreto e perdia o sono por isso, Maddie provavelmente estava nervosa sobre seus dons e os expondo a uma mulher que, apesar de respeitada, era uma desconhecida. Ela não sabia o que aquilo significaria para seu futuro e nem a que tipo de riscos seria exposta.
Observou o celular na mesa e retirou o cigarro da boca, apagando-o pela metade no cinzeiro transparente do escritório. Pela janela, podia ver algumas das almas vagantes de sempre, atravessando os carros e presas em um tempo em que tais máquinas ainda não existiam. Em cinco segundos, mudou os planos das próximas horas. Ergueu-se rapidamente e Bryce o olhou com uma sobrancelha erguida.
— Estou saindo para comer. — Ele avisou, guardando dois celulares nos bolsos da calça.
— Ah, não está não. — A ruiva se aproximou e Cedric conseguia ver a irritação aumentar rapidamente em seus olhos claros. — Temos três discursos diferentes para corrigir e você decorar até amanhã.
— Passe um deles para o dia seguinte. Os outros dois volto a tempo para treinar com você. — Cedric sorriu com a malandragem que Bryce Bondurant conhecia até demais e ela grunhiu, largando a pilha de papeis de uma vez sobre sua mesa e dando as costas para o mago de ar.
— Você me estressa. — Ela resmungou, alargando o sorriso do Bondurant.
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Uma vez no restaurante, Cedric olhou o pôr do sol rosado do inverno e tomou coragem para abrir as mensagens com Celeste. Não haviam se falado desde que ela o informou do relacionamento sério com Lance Doyle, cinco dias antes, e ainda sentia o ego sensível ao digitar:
“Oi, vi que chegou em Azure pela manhã… Como está Maddie?”
Sua respiração encurtou apenas ligeiramente, mas o suficiente para que ele percebesse. Será que Celeste pensaria que estava começando uma conversa para finalmente dar a ela uma resposta? Ela ficaria nervosa como ele ficaria, se estivesse em seu lugar? Apertou o botão de enviar e, depois de um segundo, adicionou outra pergunta logo abaixo:
“Se reuniram com a Anciã?”
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It started out with a kiss, how did it end up like this? POV
Ao acordar, seus primeiros pensamentos costumavam ser sobre os afazeres do dia, as reuniões, almoços ou brunchs que participaria, os locais que visitaria em campanha ou qualquer um dos compromissos que Aurora o obrigaria a ter nas próximas horas. Naquele dia, no entanto, pensou em Celeste e seu novo namorado assim que abriu os olhos. Ela havia estado em seus sonhos, sorrindo ao levantar de sua cama para partir para os braços de Lance Doyle.
Soltou um xingamento mau humorado e esfregou os olhos. Odiava a forma como se sentia, como o ciúme já o comia vivo nos primeiros minutos de sua manhã. Aquilo teria que esperar. Tinha uma campanha extensa para liderar, não podia voltar a pensar nela a ponto de atrapalhar sua rotina, como acontecia antes.
Conseguiu evitar ter o humor consideravelmente alterado pela maior parte do dia e, quando o assunto da mesa voltou a se tornar Celeste, Cedric suspirou e fixou sua atenção na estrangeira ao seu lado, cuja admiração vocal pelos Bondurant havia soado mais próxima ao flerte do que da política. Ela tinha cabelos e olhos negros, seguindo o biotipo de seu país, mas os fios grossos se organizavam em ondas pouco comuns ao seu povo. As maçãs do rosto eram demarcadas e elevadas, coradas pelo frio que castigava o continente, e ornavam perfeitamente com seu rosto. Além de atraente, era carismática e se expressava muito bem, conseguindo arrancar sorrisos de Aurora com comentários perspicazes acerca da eleição e dos Mechathin.
— A senhorita planeja ficar quanto tempo em Sarin? — Cedric perguntou em dado momento, arriscando o idioma materno de sua convidada, aprendido por Cedric desde a infância, mas pouco praticado nos últimos anos.
Os olhos de Yumi Aoki brilharam de interesse e nem a observação cautelosa — e cheia de avisos quase palpáveis — de Aurora o impediu de acompanhá-la até seu quarto de hotel, duas horas depois.
Foi diferente ter que aprender novamente os toques que levariam uma mulher ao êxtase pela primeira vez, encaixar lábios estranhos aos dele, mas Cedric sabia o que buscava: uma prova de que conseguia esquecer Celeste.
A forma como Yumi passou os dedos pelo seu corpo era parecida, ainda um toque feminino suave que percorria as partes que considerava mais atraentes; seus beijos também o excitavam e estar dentro dela ainda era prazeroso, mas não o ocorreram as explosões intensas que sentia sempre que se emaranhava em lençóis com a Mechathin. Ali não existia a urgência de seus beijos, por mais que tentasse fabricá-la, e tampouco a profundidade em que seu coração mergulhava perto dela.
Porém, Cedric fez questão de fazê-la gozar uma terceira vez em uma hora, estimulando-a também com os dedos sob o som de gemidos de quase protestos de sensibilidade que encheram seus ouvidos e alimentaram seu ego. Só então ele seguiu a mulher até o próprio ápice e, depois, desabou ao seu lado. Não admitiria nem a si próprio, mas, além de generosidade e sede por se provar como amante, sua demora também vinha de uma dificuldade em atingir o prazer, com Celeste voltando tantas vezes à sua mente. O que ela diria se soubesse que ele estava dentro de outra? Por que sexo não parecia tão prazeroso com uma mulher que não carregava seu sorriso provocante e seu talento em tirá-lo do sério? Ele encontraria, em algum momento, outra parceira que nem ela?
A forma como Yumi o olhou, no entanto, completamente exausta e satisfeita, logo beijando-o em agradecimento por seu prazer, foi suficiente para acalmar seu ego ferido até a noite. Ainda assim, pensamentos amargurados invadiram sua mente alguns minutos depois: seria ela quem o perderia, seria ela quem sentiria falta de seus encontros. Não ele. Ali estava a evidência de que conseguia superá-la. Apenas precisava ser insistente. Cedric sabia como era Celeste quem se desmanchava com um mero toque e como era incapaz de resistir a ele, atraída o suficiente para arriscar tudo, reputação e carreira. Já ele, sempre se deu por satisfeito com outras mulheres e homens. Recuperaria esse desprendimento rapidamente.
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Três dias depois, ainda não havia se decidido numa resposta. Sua posição firme e irritada das primeiras vinte e quatro horas já tinha se desfeito em desesperança e agora leve apatia. Em seu apartamento, Lucien falava dos resultados de algum torneio que estava acompanhando, mas Cedric não saberia dizer o esporte em questão. Ele girava o copo de whisky à sua frente lentamente, encarando o gelo que teimava em se recusar a acompanhar o movimento que fazia. Essa era a natureza da água, assim como a dos sentimentos: eram de uma teimosia tremenda, ignorando a vontade e infiltrando tudo de sólido, aos poucos.
Mal reparou que seu amigo se silenciara, notando a mudança na atmosfera apenas após sentir seu olhar preocupado. Ele manteve os olhos pousados em Cedric por alguns segundos, estudando o mago de ar até este erguer as sobrancelhas em questionamento.
— Eu ouvi rumores… Sobre Celeste e Lance. — Sua fala testava o humor de Cedric e o resultado não foi dos melhores, pois ele bufou e desviou o olhar.
Cedric ergueu-se do banco do bar e seguiu para outra parte da sala de estar de Lucien, como se fugir fisicamente fosse impedir o outro de abordar o assunto, ou talvez até mesmo impedir que a realidade o alcançasse. Carregou a bebida na mão direita e, ao se sentar no sofá azul, apoiou a base na coxa.
Lucien soltou um longo suspiro ao acompanhá-lo. Sentou-se ao seu lado, com a distância de duas pessoas entre os dois, e virou o torso em sua direção.
— São verdade, então. Imagino que vocês não vão usar a casa mais? — Perguntou. Cedric não o olhou, pois sua voz trazia algo pior do que as implicâncias comuns de Lucien: empatia… pena.
— Talvez não. — Ele respondeu, duro. Tomou um gole final da bebida enquanto o loiro digeria sua frase e, então, espiou sua reação.
— Talvez? — Tinha os olhos levemente arregalados e riu, descrente. — Deusa, vocês estão loucos. Mas não me surpreendo mais.
O amargor do whisky também não o ajudava a ignorar a realidade.
— Talvez. — Repetiu. — Acha que ela vai casar? — Ele questionou.
Seus olhares se encontraram e desencontraram novamente. Lucien o conhecia bem demais, conseguia ver o que tentava esconder desde a noite em que Celeste o havia pedido para decidir o futuro. E Cedric também o conhecia, conseguia ver a compaixão pouco velada em seu rosto. Ele odiava quando o olhavam assim… Tinha recebido muitos desses olhares no ano de morte de Lyra.
Ele não respondeu de imediato, mas logo a sinceridade cruel escapou dos lábios do mago de água, hesitante.
— Pela velocidade que as coisas estão caminhando, parece que sim.
Cedric apertou o copo para evitar sentir a pontada aguda que o atingiu no peito.
— O que ela te disse? — Lucien perguntou, fazendo o Bondurant encarar mais intensamente o chão. Não tinha ousado perguntar isso a ela, não quando sabia o quanto temia a resposta crua que ela poderia dar.
— Nada. Ela me disse pra decidir. Se quero continuar. — Irritou-se ao verbalizar isso, mas rapidamente suavizou a expressão pois suas próximas palavras foram: — Ela não quer terminar.
Com um novo silêncio, voltaram a se olhar. Bane estava cauteloso e seu amigo o entendia. Provavelmente pensava que ele estava se deixando levar pela irracionalidade, que não tinha mais controle algum de si mesmo. Ao menos era assim que se sentia.
— E você quer?
Sabia que não. Preferia saber que outro homem a tinha a perdê-la completamente. Mas não queria admitir que estava tão perdido por uma Mechathin. Não queria estar disposto a isso, sabendo que não sentia por ela o mesmo que sentia pelas outras pessoas com quem já se envolvera. O ciúme o visitava à noite, afinal, e ele se perguntava se ela estava com ele naquele momento, se o substituiria rapidamente ou continuaria sentindo sua falta caso ele se recusasse a continuar o caso.
Apertou os olhos em frustração.
— Por que agora? No meio da campanha? Ela não tinha um momento melhor? — Sua voz saiu rouca e irritada. Qualquer outro momento seria melhor, principalmente se tivesse sido antes do primeiro beijo dos dois, antes dela aceitar a proposta irresponsável que tinha recebido dele.
— Sarin tem a tendência de amar candidatas compromissadas. A maioria das líderes eleitas eram casadas. — Apesar da sinceridade, Lucien parecia pesar as palavras pensativas, aquelas que Cedric já entendia mas se recusava a compreender. — Não seria a primeira vez. Sua avó fez a mesma coisa antes de ser presidente. Os Mec devem ter pesquisado a opinião pública antes de aceitar ele na família. Talvez estejam tentando se distanciar ainda mais de você, ter dois candidatos opostos.
Houve alguns segundos sem resposta, interrompidos pelo Bondurant ao murmurar uma piada dolorida, o único jeito de continuar evitando conversar honestamente sobre a realidade do casal:
— Você acha que ela planejou tudo isso pra me enlouquecer, Lucien? — O sorriso triste de Cedric fez o outro copiá-lo em si mesmo.
— Seria uma boa estratégia de campanha. — Ele brincou.
Já havia opinado sobre isso antes. Para Lucien, Celeste estava apaixonada e isso apenas se confirmava com a incapacidade da Mechathin de acabar com o relacionamento mesmo sob essas circunstâncias. Bane se aproximou do moreno e colocou a mão esquerda sobre seu ombro, apertando suavemente.
— Não vou te aconselhar porque sei que você não seguiria meus conselhos... Mas como você está?
Cedric retirou algo do bolso e mostrou entre dois dedos. Era uma cartela de cigarros, cheia pela metade.
— Fumando. — Alargou um sorriso falso. — E saindo com outras pessoas.
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Com a negação e seguinte admissão da maga de fogo, o coração de Cedric pulsou mais rápido, mas ele fez o possível para ignorar o efeito de suas palavras em seu espírito. As confissões de Celeste aumentavam suas dúvidas, ainda mais quando ela o dizia para tomar seu tempo, enquanto seu olhar expressava frustração em ter que esperar por uma resposta. Além disso, também era difícil para ele estar em sua presença sem capturar seus lábios a cada minuto. Não tinham se beijado em uma semana, afinal…
Ela estava comprometida.
Repetiu mentalmente a nova informação para manter o foco. Se dividisse sua cama novamente, seria sabendo que ela não era verdadeiramente sua. Antes, isso já era implícito nas noites em que se encontravam, mas agora tinha a certeza. Celeste nunca poderia ser dele.
A ideia de não poder tê-la como amante uma última vez, caso decidisse pôr um fim na relação, era suficiente para deixá-lo nervoso. Intimamente, porém, havia uma parte de Cedric que acreditava que, mesmo se terminassem, Celeste ainda não conseguiria resistir a encontrá-lo para uma despedida. E essa seria longa, cheia da ânsia em tê-la que tentava impedir que tomasse seu corpo naquele instante.
— Eu te aviso. — Abaixou os olhos e, em silêncio, seguiu para a porta.
Não sabia quando tomaria uma decisão, então não a informou, temendo que não conseguisse seguir um prazo fixo. Sentiria sua falta. Pela deusa, já sentia, mas o tempo poderia ser um bom aliado para os dois. Talvez agora conseguisse esquecê-la. Talvez o ego ferido o ajudasse a despertar e não voltar a procurar uma Mechathin para esquentar sua cama.
Antes de cruzar o portal, no entanto, olhou para trás sem realmente vê-la.
— Mas ainda pode me atualizar sobre Maddie se quiser… — Ele adicionou em voz baixa e, enfim, deixou o quarto. Madeleine era, como a vida política, outro fator que os conectava; mais uma brincadeira dos deuses para se certificar de seu tormento. Independentemente do que estivesse ocorrendo entre os dois, ainda desejava saber mais sobre a criança e suas experiências sobrenaturais, tão similares às dele. Principalmente se envolveriam a Anciã.
Deixou a casa e o terreno com uma expressão mais dura do que chegou, mas seus seguranças nada comentaram, como de costume.
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Provavelmente percebendo que ele se preparava para deixar o local, Celeste se ergueu da cama. Ela aceitou sua resposta como se desejasse ouvir outra e o olhou nos olhos ao fazer um pedido.
A possibilidade de não vê-la mais — ou melhor, não encontrar-se mais com ela, pois ainda a veria incontáveis vezes nas vidas conectadas um ao outro que tinham — o balançou. “Deixaria as coisas mais difíceis”, ela disse. Difíceis como? Não suportaria a despedida como ele, talvez, também não? Então, se decidisse que não era mais uma boa ideia sair com a mulher que dominava seus pensamentos, aquele seria o último momento privado que teria com ela?
Cedric sustentou o olhar dessa vez, sentindo sua falta por antecipação. Como ela brincava com ele e, aparentemente, nem consciência tinha de como suas falas e ações o desnorteavam. O ciúme ainda queimava em uma chama firme, mas ele conseguiu abrir um meio sorriso para as ousadias inocentes de Celeste.
— Essa é sua maneira de me convencer a aceitar? Ter que talvez dizer adeus agora? — Sentiu um aperto no peito ao pôr em palavras a última pergunta.
Apesar de querer se aproximar, deu um passo lento para trás, carregando o corpo para mais perto da porta. Precisava pensar e não queria cair em seu canto tão fácil de novo.
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A hesitação da maga de fogo quebrou grande parte da dureza de Cedric, que se pegou prendendo a respiração ao ouvi-la concluir sua resposta. Ela não queria terminar, não conseguia, e ainda desejava tê-lo, mesmo comprometida, mesmo sob a ameaça da posição que ocupavam.
Sentimentos conflitantes passaram a habitar seu corpo. Estava acostumado a ser desejado e a receber propostas indecentes ou até mesmo perigosas, mas nunca estivera tão profundamente envolvido ao ponto de não saber quando parar e colocar a lógica acima das emoções, como fazia nos últimos meses. Celeste despertava nele a coragem parar se arriscar em níveis alarmantes e agora, além disso, colocava seu coração em jogo ao trazer uma terceira pessoa para a cena.
Cedric sabia que gostaria de manter o caso dos dois indefinidamente. Nada o inebriava mais do seu cheiro e seu toque sob os lençóis, pensava neles até mesmo durante seus sonhos. No entanto, como poderia alimentar esse sentimento, essa obsessão, enquanto ela entrava em um relacionamento com outro homem? Teria que dividir seus toques com outro, sabendo que ele, também, poderia encaixar o rosto em seu pescoço e sentir seu perfume, compartilhar de suas risadas, de seus gemidos e sorrisos implicantes. Como seu orgulho o permitiria não ser o centro dos desejos de Celeste Mechathin?
Lambeu os lábios. Ele teria que decidir? Fazia sentido, é claro, ele seria aquele que teria que lidar com os ciúmes que sentia. Ainda assim, era um golpe baixo ser obrigado a verbalizar sua falta de controle, humilhar-se por ainda querê-la, mesmo nessa situação. Ele era um Bondurant, pela deusa, e não qualquer um — o herdeiro. Não deveria aceitar algo assim, que somente homens sem o status dele eram obrigados a aceitar.
Abriu a boca para dar a ela sua resposta, mas levou alguns segundos até falar:
— Vou precisar de um tempo pra pensar… Decidir. — A frase carregava frustração e também hesitação. Era claro seu conflito interno e Cedric abaixou os olhos para o casaco que deixou sobre a cama poucos minutos antes, buscando a peça dobrada para pendurá-la no braço. — Não consigo te responder agora.
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Dessa vez, foi mais do que ciúmes o que suas palavras provocaram nele. Cedric juntou as sobrancelhas e sua pose vacilou rapidamente, músculos relaxando com a surpresa, ainda que mantivesse os braços cruzados.
Lucien o havia avisado sobre a proximidade dos Doyle com os Mechathins e possibilidade das coisas estarem caminhando para um cortejo. Ele mesmo tinha visto os sinais com clareza, mas… Achava que o magnetismo que os unia seria suficiente para afastá-la de um relacionamento mais sério. Estava errado.
O cortejo era um período mais comum entre a aristocracia de Sarin e servia como uma fase avaliativa e também de experimentação. Nesse momento, o casal poderia se conhecer melhor e testar a harmonia antes de um possível pedido de casamento. Raramente cortejos eram interrompidos sem que a conclusão fosse um noivado, ainda mais na modernidade de Sarin, em que a fase de namoro — mais casual e descompromissada — havia sido adicionada logo antes. Na prática, Celeste estava se preparando para se casar.
Cedric não conseguiu manter contato visual por muito tempo, voltando a baixar os olhos enquanto refletia.
— Você gosta dele, então. — Murmurou. Era uma frase um tanto tola, pois sabia que casamentos, para pessoas como eles, não eram exatamente construídos utilizando sentimentos como base. Ainda assim, ela havia dormido com Lance novamente, usando o periodo que incentivava casais a se conhecerem também fisicamente. Isso provava que aquela não era uma união que a desagradaria.
Novamente, não entendeu os planos dos deuses para ele. Precisava ter o ego ferido por um igual? Tinha os desagradado em alguma escolha?
— Me chamou aqui para terminar? — Perguntou com um meio sorriso derrotado surgindo no canto dos lábios.
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