aetherchevalier
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𝖉𝖗𝖆𝖌𝖔𝖓𝖊𝖘𝖘
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aetherchevalier · 1 hour ago
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continuaria se amaldiçoando eternamente por ter deixado aquelas palavras escaparem. tentara corrigir, da melhor forma, dar um melhor sentido que não ficasse atido em: eu não deveria ter deixado que fosse embora. e ponto. se fosse menos atida às regras, fossem suas ou do instituto, se tivesse arriscado um pouco mais, quais as possibilidades estaria contemplando agora? não teria desistido de ser dirigente, ou escolhido outro caminho. mas perguntava-se como seria se essa trajetória tivesse uma companhia extra, que não caelith.
se teria mais momentos como aquele. o toque em seu rosto. era precisamente daquilo que fugia. tinha o receio tão grande de ceder aos próprios impulsos. a criação militar a forjava daquela forma, acreditando que a disciplina partia de fugir de seus desejos. afastar-se de tudo aquilo que poderia prejudicar sua função. deveriam estar certos, era uma distração. pois não conseguia ocupar sua mente com mais nada que não aquilo. o rubor se intensificava na pele bronzeada, enquanto se recostava inconscientemente sobre o toque. nada do que estava habituada.
ainda sim, não fechou os olhos. na verdade, o encarava diretamente, como se tentasse se manter a parte das próximas movimentaçÔes, e registrar cada um dos momentos. por isso o vira se aproximar, e um lado racional gritava para que recuasse. mas não se moveu. recordar-se da noite de milhÔes de anos atrås fazia com que quase necessitasse daquilo: viver uma pitada dela no presente.
sentia o aroma invadir seu olfato, agora afagada em seu peito... com cada pelo de seu corpo se arrepiando com o encaixe em seu pescoço. maldito! em parte dos quinze anos, torcera para que nunca mais o visse. orgulhosa, magoada; torcia para que o destino se encarregasse de mantĂȘ-los devidamente separados, cada um em sua ilha. pensara que era aquilo que desejava, a hipĂłtese de desconhecĂȘ-lo, de esquecer que se importara com ele. e tendo em vista as artimanhas contrĂĄrias que o destino lhe entregava, nĂŁo conseguia parar de pensar em sua ironia.
não sabia o que lhe dizer. perdera qualquer tipo de palavra ou anedota engraçadinha ao conseguir erguer a cabeça, e finalmente tornar a prender os olhos nos seus. por poucos segundos, porque vagaram lentamente, para os novos detalhes da compleição... para seus låbios. estava perto o suficiente para que fosse a protagonista da vez, a responsåvel por bagunçar tudo. pensara, a proximidade sendo perdida pelo gesto inconsciente... sentia até a respiração dele contra seu rosto. tinha que falar algo. recostou a testa sobre a dele, e tentou conter um sorriso. "o quanto possivelmente pode ter aprendido? aposto que ainda te dou uma surra."
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aetherchevalier · 3 hours ago
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continuaria se amaldiçoando eternamente por ter deixado aquelas palavras escaparem. tentara corrigir, da melhor forma, dar um melhor sentido que não ficasse atido em: eu não deveria ter deixado que fosse embora. e ponto. se fosse menos atida às regras, fossem suas ou do instituto, se tivesse arriscado um pouco mais, quais as possibilidades estaria contemplando agora? não teria desistido de ser dirigente, ou escolhido outro caminho. mas perguntava-se como seria se essa trajetória tivesse uma companhia extra, que não caelith.
se teria mais momentos como aquele. o toque em seu rosto. era precisamente daquilo que fugia. tinha o receio tão grande de ceder aos próprios impulsos. a criação militar a forjava daquela forma, acreditando que a disciplina partia de fugir de seus desejos. afastar-se de tudo aquilo que poderia prejudicar sua função. deveriam estar certos, era uma distração. pois não conseguia ocupar sua mente com mais nada que não aquilo. o rubor se intensificava na pele bronzeada, enquanto se recostava inconscientemente sobre o toque. nada do que estava habituada.
ainda sim, não fechou os olhos. na verdade, o encarava diretamente, como se tentasse se manter a parte das próximas movimentaçÔes, e registrar cada um dos momentos. por isso o vira se aproximar, e um lado racional gritava para que recuasse. mas não se moveu. recordar-se da noite de milhÔes de anos atrås fazia com que quase necessitasse daquilo: viver uma pitada dela no presente.
sentia o aroma invadir seu olfato, agora afagada em seu peito... com cada pelo de seu corpo se arrepiando com o encaixe em seu pescoço. maldito! em parte dos quinze anos, torcera para que nunca mais o visse. orgulhosa, magoada; torcia para que o destino se encarregasse de mantĂȘ-los devidamente separados, cada um em sua ilha. pensara que era aquilo que desejava, a hipĂłtese de desconhecĂȘ-lo, de esquecer que se importara com ele. e tendo em vista as artimanhas contrĂĄrias que o destino lhe entregava, nĂŁo conseguia parar de pensar em sua ironia.
não sabia o que lhe dizer. perdera qualquer tipo de palavra ou anedota engraçadinha ao conseguir erguer a cabeça, e finalmente tornar a prender os olhos nos seus. por poucos segundos, porque vagaram lentamente, para os novos detalhes da compleição... para seus låbios. estava perto o suficiente para que fosse a protagonista da vez, a responsåvel por bagunçar tudo. pensara, a proximidade sendo perdida pelo gesto inconsciente... sentia até a respiração dele contra seu rosto. tinha que falar algo. recostou a testa sobre a dele, e tentou conter um sorriso. "o quanto possivelmente pode ter aprendido? aposto que ainda te dou uma surra."
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Era engraçado como a presença de certas pessoas conseguia silenciar as vozes mais altas em sua cabeça. Se estivesse sendo sincero, mal conseguia raciocinar—seu coração martelava dentro do peito com tanta força que conseguia ouvir os prĂłprios batimentos. Talvez estivesse em choque. NĂŁo o tipo de choque por algo traumĂĄtico, mas aquele em que a situação lhe parecia tĂŁo surreal que seu cĂ©rebro ainda nĂŁo havia processado completamente todas as sensaçÔes que estava experienciando pela primeira vez em muito tempo. Estava vivo. Sentia-se vivo. E, de alguma forma, aquilo lhe parecia errado.
Sua vida havia parado anos atrĂĄs, e ele ainda carregava tanto de seu luto que, Ă s vezes, se sentia paralisado. Mas algo dentro dele mudava naquele momento, algo que ele sabia que deveria ignorar. Taeron sempre foi movido por lealdade e moralidade inabalĂĄveis, mas, naquele instante, sentia-se inclinado a dobrĂĄ-las Ă  sua vontade. Aquilo era perigoso. Talvez fosse um sinal claro de que deveria sair dali o quanto antes. Mas, claro, nĂŁo o fez.
Se fosse sincero, Aether sempre lhe fora uma incĂłgnita.Nunca conseguira compreender totalmente o que se passava por trĂĄs daqueles olhos dourados—sempre foram um mistĂ©rio para ele. E o mistĂ©rio o intrigava. Sempre quis decifrar cada fragmento dela, entender o que passava por sua mente, o que ela nĂŁo dizia, o que escondia. As memĂłrias o inundaram como uma onda brutal, e seu sangue ferveu em suas veias, aquecendo todo seu corpo. Quinze anos. Era difĂ­cil acreditar que jĂĄ havia se passado tanto tempo, e ainda assim, cada lembrança era nĂ­tida, gravada em sua pele como um espectro do que nunca pĂŽde ser. Por muito tempo, atĂ© considerou que o momento que compartilharam tivesse sido apenas um fever dream—uma alucinação febril de um jovem apaixonado. Mas nĂŁo.
Sabia que tinha sido real porque ainda se lembrava detalhadamente da Ășltima vez que a vira. Da primeira e Ășltima vez que a beijara. Odiava onde sua cabeça estava agora. Havia tantas perguntas, tantas dĂșvidas engasgadas no fundo de sua garganta, mas Taeron era um mestre no controle prĂłprio. NĂŁo perguntaria. NĂŁo deixaria que suas emoçÔes transbordassem agora.
EntĂŁo, quando Aether negou, um suspiro de alĂ­vio escapou de seus pulmĂ”es. A Ășltima coisa que queria era que ela sentisse a necessidade de fugir dele. Se fosse a vontade dela, aquela poderia ser a Ășltima vez que o veria. E ele a respeitava demais para impedir. Se tivesse parado para pensar, talvez nĂŁo tivesse feito aquilo. Mas fez. Seus dedos alcançaram o rosto dela com um toque hesitante, mas terno. O polegar deslizou suavemente pela maçã de seu rosto, quase como um pedido silencioso de permissĂŁo antes que ele sentisse a linha de seu maxilar sob o toque. Merda, Taeron. O que estava fazendo?
Por segundos, achou que ela estava falando de outra coisa, e, em parte, seu coração se partiu um pouco. Porque, independentemente de tudo, ele genuinamente sentiu falta dela. Ele assentiu, tentando manter a compostura. "Eu jå era um homem, Aether," sua voz saiu mais baixa, mais controlada do que ele realmente se sentia. "Mas estå no passado. Sei me defender bem hoje, e isso é o que importa, não é mesmo?" Tentou permanecer positivo, como se tudo dentro dele não estivesse um caos. Finalmente, tomou coragem e a puxou para mais perto, num abraço firme, mas cheio de cuidado. Respirou fundo, sentindo o perfume dela. Doce. Familiar. Fechou os olhos por um instante. "I can't tell you enough how glad I am you are okay." E, pela primeira vez em muito tempo, estava dizendo exatamente o que sentia.
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aetherchevalier · 11 hours ago
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"nĂŁo consigo parar de pensar em uma boa justificativa para a ausĂȘncia de ĂĄlcool." ela pronunciou quando se aproximou de tadhg, extremamente silenciosa, com a expectativa de assustĂĄ-lo um pouco. que diversĂŁo haveria se nĂŁo replicasse o mesmo que passara com o dirigente de sua Ă©poca? tinha que assumir, ainda que tratasse com a mais absoluta seriedade necessĂĄria do cargo, nĂŁo deixava de se divertir. e tivera que aprender a ser particularmente criativa com as puniçÔes de tadhg, que insistia em lhe dar trabalho. "mas a que me vem primeiro na cabeça, Ă© a briga. estou surpresa que sua presença foi permitida, mas como punição, estamos todos sĂłbrios. aposto que, para evitar novos conflitos. deverĂ­amos organizar algo para lhe agradecer posteriormente." @tadhgbarakat
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aetherchevalier · 11 hours ago
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sabia perfeitamente onde o encontrar. não havia, dias antes, esgueirado-se com cuidado para longe da biblioteca após notå-lo com a cabeça entre livros? não quebraria com sua promessa, ele sabia que não. havia algum tempo jå que se reservara de conversar sobre aquilo, deixå-lo a par de um fato que todos pareciam saber, menos ele. mas até a explicação ficava um pouco falha, quando nutria seja-lå-o-que-fosse com o di medici. 
era engraçado se pensasse como estavam fadados Ă  desencontros. jĂĄ pouco favorecidos pela rivalidade do sangue, e entĂŁo lentamente afastados um do outro por agente externos. era difĂ­cil de presumir se aquela era a trajetĂłria necessĂĄria para um determinado final, ou se apenas seriam dois adultos saudosos, tratando de memĂłrias doces da adolescĂȘncia. desde o princĂ­pio, nĂŁo achara que ela e taeron seriam mais que conhecidos. ouvira seu sobrenome, e ainda que nĂŁo fosse exatamente uma grande conhecedora de linhagens de khajols, sabia o peso associado Ă quele. sujeitos arrogantes, difĂ­ceis, o que tornara pouco crĂ­vel a personalidade que conhecera posteriormente. 
torturante devanear sobre a noite de milhares de anos atrĂĄs. imaginar o que teria feito, se possuĂ­sse o conhecimento de outrora. se algo teria mudado, ou em sua permanente falta de coragem emocional, teria sido exatamente como passado. a memĂłria de acordar-se e vĂȘ-lo em um sono tranquilo, nĂŁo muito distante de si; a maneira como guardava atĂ© hoje o trapo que um dia fora uma camiseta presenteada. era o pleno clichĂȘ, a dubiedade de alguĂ©m tĂŁo rĂ­spido que conseguia comportar-se daquela forma. era precisamente parte do motivo que a apelara para tentar fugir da situação: nĂŁo fora algo similar que ele a dissera? 
parte de seu distanciamento de taeron derivavam de sua tentativa de fugir de uma situação em que não havia sido correspondida. era esse o cenário em sua cabeça, diagnóstico final de anos de pensamento sobre os acontecimentos. não fora correspondida por lumine, e tampouco por taeron (ainda que se negasse jamais ter nutrido algo por ambos). então havia o orgulho, havia a vergonha
 e havia o receio. de não estar totalmente correta. não conseguia acreditar que seria aquilo, depois de tantos anos. a verdade de que provavelmente havia sido ela mesma a perita em mandar sinais errados, que o redirecionara para longe de sua vida. pois não havia como ser impressão sua; sentia o olhar sobre seus lábios, a maneira como ele parecia se esforçar para manutenção de algum tipo de controle, e agora aquilo. pudera sentir, quando seus dedos esticaram-se para segurá-la, a eletricidade que transferira para sua pele.
virar-se fora de imediato. cravar os olhos dourados no dele, e ouvir suas palavras. “nĂŁo.” saiu como um suspiro, antes de passĂ­vel de reflexĂŁo. a mais pura honestidade. “vocĂȘ sĂł me lembrou de outra coisa. e eu nĂŁo soube como lhe responder mais.” parte sua esperava que ele nĂŁo entendesse por completo o que queria dizer, que nĂŁo lembrasse. enquanto outra fração praticamente que agonizava para que ele entendesse o que dizia. “nĂŁo deveria ter deixado que vocĂȘ fosse embora.” as palavras deixaram seus lĂĄbios antes de sua percepção, e tentando conter o arregalar de olhos, seguiu para completar a ideia. “sozinho, no caso. deveria ter mandado um dos rapazes com vocĂȘ. soube do que aconteceu pouco tempo depois.” e limpou a garganta. 
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Taeron hesitou antes de assentir levemente, sua resposta vindo com a mesma serenidade contida que sempre carregava. "Acredito em seu julgamento. VocĂȘ sabe onde me encontrar." NĂŁo era difĂ­cil prever seus hĂĄbitos. Uma criatura de rotina, Taeron dividia seu tempo entre a biblioteca, sua sala de aula, o treinamento e, quando exausto e sem opçÔes, seu dormitĂłrio.
Mais uma vez, seus pensamentos o arrastaram anos atrĂĄs, e, por ser quem era, jamais diria a Aether sua suspeita do que realmente acontecera. Lumine aconteceu. Seu ciĂșme, sua possessividade e seu Ăłdio pelo khajol que retribuĂ­a cada sentimento na mesma intensidade. Taeron nunca gostara da amiga de Aether—havia algo na personalidade dela que lhe causava um asco que nĂŁo sabia explicar, uma desconfiança silenciosa que o acompanhava desde a primeira vez que ouvira aquele nome. Mesmo em suas cartas, evitava mencionar ou perguntar sobre a pessoa que tinha certeza de que o denunciara.
Ainda jovem, teve uma de suas maiores brigas com seus pais. A ameaça de ser deserdado nĂŁo o abalou—o que o abalou foi perceber que, no fundo, jĂĄ nĂŁo pertencia mais ao mundo deles. Com o temperamento curto e a paciĂȘncia fraca, a discussĂŁo se tornou uma explosĂŁo inevitĂĄvel, e Taeron abandonou o castelo dos di Medici apenas com a roupa do corpo, decidido a provar um ponto. Um ponto que, quinze anos depois, ainda insistia em provar diariamente—que um di Medici nĂŁo precisava de sua fortuna ou de seu nome para sobreviver. Conquistou sua liberdade, sua identidade. E, acima de tudo, se assegurou de nunca mais se curvar Ă s ordens de sua mĂŁe. "Eu temo que a vida seja complicada, Aether." Sua voz saiu mais baixa do que pretendia, carregada pela marĂ© de memĂłrias que tentava conter. "Podemos sempre brindar, com ĂĄlcool ou sem, especialmente devido Ă  situação." Era estranho confessar, mas de todos os caminhos que poderia ter cruzado, estava genuinamente feliz por ter cruzado o dela.
O toque dela foi breve, um deslizar quase imperceptĂ­vel pelos fios de seu cabelo atĂ© um rĂĄpido toque contra seu peitoral. Agradeceu mentalmente que nĂŁo durou tempo suficiente para que Aether percebesse quĂŁo forte seu coração batia em seu peito. "Talvez sĂł nĂŁo esteja habituada ainda. É uma rotina diferente." Ele riu novamente, assentindo com a cabeça, aproveitando a oportunidade para desviar do desconforto que subia em sua garganta. "Certamente demora algum tempo para assimilar. Tentei colorir de preto por um tempo, mas passou a ser muito trabalho e sou constantemente desprovido de tempo." NĂŁo era apenas tempo que lhe faltava. Perder alguĂ©m que amava lhe custou muito. Vaidade, juventude, atĂ© mesmo o desejo de se importar. Ele ainda era disciplinado o bastante para manter sua rotina de treinos, mas fora isso? Era praticamente tudo que ainda fazia. Observou como cada elogio parecia tornĂĄ-la mais desconfortĂĄvel, e, por algum motivo, aquilo apenas lhe deu mais vontade de elogiĂĄ-la novamente. Mas conteve o impulso. NĂŁo era sĂĄbio. Sabia que aquela conversa lhe manteria acordado noite adentro. Culpado por tudo que fez. Culpado por tudo que nĂŁo fez. NĂŁo havia como vencer essa situação. Quando notou que ela começava a se afastar, agiu antes que pudesse racionalizar. Quase de imediato, Taeron deslizou a mĂŁo do ombro de Aether atĂ© seu braço—um toque gentil, uma sĂșplica silenciosa. "Lhe ofendi?" Sua voz saiu mais baixa, mas o peso na pergunta era quase palpĂĄvel. Ele queria que ela ficasse. SĂł por mais um pouco.
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aetherchevalier · 15 hours ago
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ambos odiavam, nĂŁo? como se fosse o destino que os forçasse Ă quilo. como se nĂŁo tivessem nenhuma escolha senĂŁo aquela, compelidos um pelo outro. os olhos dourados se fixavam nos dele como se pudessem ler mais do que se expressava superficialmente. nĂŁo era apenas uma questĂŁo dela se afetar com ele, de conduzir aquela dança inconsciente: ora se aproximava, ora se recostava sobre a bancada. achava que a recĂ­proca pudesse ser verdadeira. mas se negava, prendendo no peito a mĂĄgoa de nĂŁo ter sido escolhida, anos antes. ah, aether. se fosse uma questĂŁo de reconhecer a dificuldade com a qual demonstrava seus prĂłprios sentimentos, talvez pudesse perceber o quĂŁo friamente se comportava. sĂłbria (e nĂŁo me refiro a sem ĂĄlcool em seu sangue, ainda existiam os drinques de seus aposentos), com nada mais que aquela aproximação e o toque para reafirmar, demonstrar alguma coisa. sempre havia sido assim com ele. mesmo na noite em que havia o flagrado, nĂŁo havia o dado uma surra? nĂŁo percebia, imersa em como confiara nele, logo em seguida, como nunca confiara em nenhum khajol. cĂ©us, atĂ© entre os changelings, era de difĂ­cil ocorrĂȘncia conseguir se aproximar, retrair uma pequena fração da fortaleza impenetrĂĄvel.
por isso era complexo. talvez para os dois. se fosse racional sobre aquilo, segurava uma bomba relĂłgio; desejo contido, engarrafado e maturado em esquecimento
 por longos quinze malditos anos? se as ocasiĂ”es tivessem sido ligeiramente diferentes, se nĂŁo houvesse tantos desencontros destinados a acontecer, quem sabe a doe tivesse esquecido seu contragosto por khajols muitos anos atrĂĄs. o incĂŽmodo era mĂștuo, sim, conflito, curiosidade, atração. queimando mais que a tequila de mais cedo, aninhando uma chama no centro de seu peito. 
nĂŁo respondeu a primeira afirmação, mais fixa na pergunta que veio pouco depois. enquanto ainda formulava uma resposta para o elogio, foi pega de surpresa por algo que nĂŁo achava que ele perguntaria. como um assunto indiscutĂ­vel entre os dois, a sua recusa e completa resistĂȘncia em aceitar a relação que dividiam. “nĂŁo Ă© exatamente sobre vocĂȘ. e complicado de explicar, um tanto quanto indigesto para um casamento, atĂ© para esse em especĂ­fico. hm, nĂŁo vou lhe deixar sem resposta, mas ela nĂŁo virĂĄ exatamente hoje.” ficando entĂŁo a promessa de que o procuraria eventualmente, para cumprir o falado. mais alguns goles de sua cidra, e deu-se por satisfeita para aquele tĂłpico, evitando as Ă­ris escuras.
a resposta de que ele se lembrava muito bem era recebida com um estranho desconforto, recordava-se do conteĂșdo de algumas. era particularmente jovem, e em seu ver, fora demasiadamente aberta sobre sua vida. falava muito de sua rotina, mas em extratos, acessava memĂłrias desconhecidas, vindas em sonhos. pensamentos que sĂł dividira com caelith. teorias sobre o universo. expectativas para o futuro. um fragmento de uma aether que nĂŁo existia mais. ou que talvez, estivesse muito oculto para ser acessado, esquecido em meio a dirigente que nascera.
â€œĂ© uma verdadeira pena. as coisas ficaram ligeiramente mais complicadas por aqui depois que vocĂȘ foi embora.” se restringiu a comentar isso, embora a descoberta nĂŁo muito distante do verdadeiro culpado pelo fim das cartas fora a prĂłpria lumine. em meio documentos a serem organizados, um ou dois anos atrĂĄs, acabara com um pequeno bilhete, a denĂșncia de uma cavaleira abrigando um rapaz em seus aposentos. com a perfeita caligrafia que conhecia bem. juntara os pontos semanas depois, encucada com as atitudes de alguĂ©m imaculado em sua mente. se fosse racional, sabia o que aquilo significava. o retorno das cartas portanto nunca acontecera, colocando-se em vista o inĂ­cio do relacionamento dele com uma changeling com a qual nĂŁo se entendia.
o som da risada a pegou de surpresa, fragmentos de memĂłrias em frente uma lareira acesa eluindo em sua mente. “seria evidentemente melhor se com ĂĄlcool, mas acho que ainda podemos brindar.” nĂŁo conteve de comentar, aproximando-se mais um pouco para que brindassem. naquela proximidade, sentir seu perfume era uma intoxicação voluntĂĄria. ela sorria, como ainda nĂŁo havia sorrido para ele naquela noite. aquele sorriso difĂ­cil de ser contido, como um movimento involuntĂĄrio no canto direito de sua boca. convencido, entretido, cativado. lutou para tentar apagĂĄ-lo, tendo seu ĂȘxito com o comentĂĄrio seguinte. gosto de como meu nome soa saindo dos seus lĂĄbios.
observava com a taça recostada sobre os lĂĄbios, ouvindo atentamente. a mĂŁo nĂŁo estava mais sobre o cabelo, mas nĂŁo havia conseguido conter um leve deslizar de ponta de dedos pelo tecido antes de recolhĂȘ-la. imediatamente se repreendendo, amaldiçoando. se forçou a comentar alguma coisa, para tentar dissipar parte da tensĂŁo. “nĂŁo consigo me imaginar no lugar. o treino de novos recrutas costuma ser um desafio, mas tenho pegado o jeito.” por fim, se pausou, imaginando o que haveria causado o esbranquiçado do cabelo. algo de khajols, imaginava? “nĂŁo ficou ruim. mas, leva algum tempo para assimilar, nĂŁo parece com quem vocĂȘ costumava ser.” nĂŁo conseguiu se ater ao pensamento, sendo surpreendida mais uma vez.
nĂŁo era possĂ­vel. sentia o rubor tingir suas bochechas, atingindo-a como uma facada em seu peito. uma resposta involuntĂĄria, que fugia por completo de seu controle, e a maior denĂșncia de que o elogio havia sucedido em seu propĂłsito. os olhos dourados clareando-se em sĂșbito, nĂŁo sabia como responder. changelings eram mais inteligentes que aquilo, evitavam falar algo. aether era o tipo de pessoa sĂ©ria o suficiente para repelir aquele tipo de elogio, tĂŁo abertamente, tĂŁo fĂĄcil. costumava ouvir de pessoas mais prĂłximas, mas dele? havia sĂł um outro momento em que ele falara aquilo.nĂŁo sabia como reagir, como responder, entĂŁo foi a primeira vez em longos minutos que se afastou. bastante, em fato, como se repelida fisicamente pelo elogio. queria devolver o elogio, dizer algo como similar, mas a cabeça nĂŁo conseguia discernir. “obrigada, taeron.” o tom era baixo, e pronunciava seu nome de uma maneira doce. deslizando de seus lĂĄbios como se nĂŁo processado pelo centro de filtragem de aether. ainda sim, o corpo fazia menção de seguir afastando-se, de ir embora. nĂŁo conseguia conter o impulso de sair.
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Taeron odiava que, mesmo depois de tantos anos, Aether ainda exercia algum tipo de controle sobre ele. Era um controle sutil, irritante, e, pior de tudo, involuntĂĄrio—o tipo de coisa que descompassava sua respiração, que fazia com que, mesmo que por segundos, ele abrisse mĂŁo de sua discrição. Seus olhos, normalmente atentos a tudo ao redor, permaneciam fixos nela. No vestido, na forma como o tecido complementava sua beleza de maneira quase irreal. Sentiu o estĂŽmago revirar e, enfim, cortou o contato visual, temendo que, se continuasse olhando, nĂŁo conseguiria parar. A cada segundo que passava ao lado de Aether, sentia um incĂŽmodo crescer dentro de si, porque, pela primeira vez em cinco anos, sentia algo que nĂŁo havia sentido por ninguĂ©m—curiosidade, conflito, atração. Escolheu nĂŁo elogiĂĄ-la de imediato, nĂŁo porque nĂŁo achasse que ela merecia, mas porque nĂŁo acreditava que ela precisava de reafirmação, e, talvez, por medo de dizer o que realmente pensava. Que Aether parecia surreal. “VocĂȘ tem um ponto, Aether, mas nĂŁo estava me referindo a todos os changelings. Estava falando de vocĂȘ.”
Manteve-se em silĂȘncio por um tempo. Pouco havia mudado. Aether ainda o fazia pensar em cada palavra antes de falar, porque sabia que, com ela em especial, qualquer escolha errada poderia iniciar uma guerra. Por sorte, inteligĂȘncia e paciĂȘncia nĂŁo lhe eram estranhas, entĂŁo apenas indagou, sem rodeios: “Me intriga saber o porquĂȘ. Por que nunca permitiu que eu soubesse?” Soava pessoal. Porque era.
Sua mente viajou no tempo, voltando para um passado distante, quase duas dĂ©cadas atrĂĄs—com um pouco de exagero—quando sua maior preocupação era sua rebeldia e o quanto batia de frente com sua famĂ­lia. Mesmo assim, jamais teria acreditado se lhe dissessem que um dia seria excomungado, muito menos que hoje ele sequer sentiria falta de alguĂ©m em sua famĂ­lia. “Tenho uma memĂłria impecĂĄvel, entĂŁo sim, me lembro muito bem.” A sinceridade em sua voz era inegĂĄvel. Ele nĂŁo havia sido quem escolheu cortar o contato, mas algo dentro de si dizia que a responsĂĄvel pelo afastamento repentino tambĂ©m nĂŁo havia sido Aether. Provavelmente, uma terceira influĂȘncia. NĂŁo era um assunto que traria Ă  tona agora. Talvez nunca. “É uma pena que nossas cartas se perderam no meio do caminho,” comentou, a voz mais baixa, sem encarar diretamente. “Ou que o hĂĄbito de enviĂĄ-las tenha se perdido.”
Assentiu levemente com a cabeça. Honestamente? Se tivesse escolha, tambĂ©m nĂŁo estaria ali. “I guess I’m happy I’m no longer alone in my misery?” Riu levemente, tentando quebrar o peso no ar, pegando uma das cidras nĂŁo alcoĂłlicas. “VocĂȘ tem um ponto. Afinal, esse casamento serviu para alguma coisa.” Ele ergueu a taça levemente antes de levar aos lĂĄbios. “Um brinde
 aos velhos tempos?” Saboreou a bebida, mas nĂŁo saboreou o silĂȘncio.
Seus olhos a acompanhavam enquanto ela se movimentava—para mais perto, para mais longe, numa dança que era quase torturante. E ele se recusava a se mover. NĂŁo porque nĂŁo queria. Mas porque nĂŁo acreditava que fosse prudente se aproximar. Ao mesmo tempo, definitivamente nĂŁo queria se afastar. EntĂŁo, ficou ali. No mesmo lugar. A tensĂŁo aos poucos se tornando quase palpĂĄvel. EntĂŁo, ela o chamou por seu Ășltimo nome—formal demais, distante demais—e ele pĂŽde jurar que sentiu sua pele formigar. De repente, o traje feito sob medida parecia desconfortĂĄvel. Tomou um gole mais longo de sua bebida. “Gosto de como meu nome soa saindo dos seus lĂĄbios,” admitiu, sem pensar muito. “Mas sim, Professor di Medici.” O sorriso surgiu em seus lĂĄbios, mas algo nele parecia carregado demais para ser apenas brincadeira. “Certamente foi uma surpresa para mim tambĂ©m, mas hoje acho que nĂŁo me vejo fazendo outra coisa.” Falou com a voz controlada, como se estivesse apenas discutindo trivialidades, mas seu olhar ainda a acompanhava. “O cabelo nĂŁo foi necessariamente minha escolha,” continuou, dando de ombros. “Chegou sem ser combinado. E bem
” Deixou escapar uma risada curta. “Agora eu sĂł desisti.”
E, naquele momento, percebeu algo que o pegou desprevenido. Talvez fosse a primeira vez em muito tempo que ouvia tantas vezes o eco de sua própria risada. Talvez fosse a primeira vez em anos que não se sentia tão sufocado por sua própria tristeza. Afastou o pensamento antes que ele tomasse forma. “You look exceptionally beautiful tonight.”
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aetherchevalier · 1 day ago
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"nunca fui exatamente muito prĂłxima, mas Ă© difĂ­cil de nĂŁo ter algum tipo de relação. principalmente quando presenciamos." e se referia ao momento da ceifa, pensativa sobre o cenĂĄrio que fora alvo de sonhos recentes. a presença de ashla era tranquilizante para a morena, nutriam aquele vĂ­nculo antigo por tantos anos que perdera a conta. acostumara-se com sua personalidade calma, fosse presencialmente ou por cartas; era a pessoa que costumava a aconselhar em sua parte mais frĂĄgil, o emocional. pois o tato que lhe faltava parecia vir em excesso na amiga (ou pelo menos assim era visto por ela), que ainda desprovida de detalhes importantes, seguia para dar os melhores conselhos possĂ­veis. "pessoas, no plural? estou de coração partido, estava crente que era a pessoa incrĂ­vel em seu caminho. jokes aside, nĂŁo vamos ficar emocionais, sabe que nĂŁo resisto uma boa oportunidade de desaparecer quando isso acontece. tĂȘm gostado de hexwood?"
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Sorriu junto com a amiga “As vezes penso que quanto mais envelhecemos, mais perdemos contato com essa parte de nĂłs mesmas, sabe? A religiosidade” tentava nĂŁo pensar no que sua deusa acharia dela. Ashla passou por momentos tenebrosos em sua vida e talvez nĂŁo tivesse feito as melhores escolhas. Mas uma das escolhas que nĂŁo se arrependia era de ter voltado a ser curandeira e para o instituto. E era bom estar perto de Aether novamente. Provavelmente a mulher nĂŁo sabia que foi uma das responsĂĄveis por ajudar Ashla a manter a sanidade enquanto estava afastada de Wulfhere. Suas cartas, apesar de periĂłdicas e sem revelar toda a verdade - da parte de Ash - eram um lembrete que alguĂ©m ainda se importava com ela. Um lembrete que Ashla era mais do que a esposa de um coronel condecorado. Ashla era Ashla. E agora, graças a Erianhood, teve a oportunidade de recomeçar sua vida. Era isso que pensava enquanto observava o altar de oferendas. “Acho que eu tenho bastante a agradecer, pela deusa ter colocado em meu caminho pessoas incrĂ­veis” sorriu e com o quadril deu um empurrĂŁo de leve em Aether, para deixar claro que estava falando dela. “Pessoas que tem ideias geniais”
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aetherchevalier · 1 day ago
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"nĂŁo fale assim das belĂ­ssimas estatuetas. elas atĂ© projetam grandes imagens no teto do quarto quando no escuro..." seguiu inventando, procurando manter seus pĂ©s numa distĂąncia suficiente de ataques da mais nova. tudo para a sustentação da breve encenação, nunca vira priyah em sua versĂŁo mais violenta fora de uma situação de treino. "casamentos sempre costumam ser chatos. devem ser momentos felizes para aqueles que se casam... mas nĂŁo, nĂŁo gosto. acho que evitei todos a qual fui convidada, na aversĂŁo de ser a convidada com a cara emburrada no canto da festa. motivos complexos, um dia eventualmente lhe contarei. ou nĂŁo." e sĂł assentiu com as afirmaçÔes seguintes, afinal, o tĂ©dio havia sido algo que recaĂ­ra sobre si ainda na primeira meia hora do evento. era uma vĂ­tima da ausĂȘncia do ĂĄlcool e da inabilidade social consequente. "ah, Ă© mais comum do que parece. quando era mais jovem, um ou outro khajol costumava fazer visitas Ă  ilha. lembro atĂ© de um casal em especĂ­fico, mas o destino foi bem distinto desse. vocĂȘ consegue imaginar." aether era muito inespecĂ­fica, deixando de fora a sua participação na prĂłpria histĂłria que contava. mas pela maneira que pronunciava as palavras, parecia haver bem menor impessoalidade diante dos personagens citados. "nĂŁo me diga que se apaixonou por um khajol."
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A expressĂŁo de desgosto no rosto de Priya foi clara, embora ela achasse que Aether estava apenas provocando. NĂŁo havia razĂ”es para ser presenteada com mini estĂĄtuas de JĂșpiter; jogaria todos no fogo, talvez em oferenda para Erianhood. "Se vocĂȘ fizer isso, terei certeza de que me odeia." A brincadeira era leve, a sugestĂŁo de um sorriso brincando na face. "VocĂȘ pode sempre falar que estĂĄ com o pĂ© machucado. Posso lhe ajudar a tornar isso mais realista, jĂĄ que sua sugere usar sua bondade para me dar mini estĂĄtuas horrendas." A ameaça aumentou seu sorriso, mas era apenas uma provocação suave. Apesar de violenta, nĂŁo costumava usar isso contra os seus prĂłprios. Poucas vezes havia machucado outros changelings por causa da raiva, nĂŁo em razĂŁo do treinamento pesado da academia. "NĂŁo gosta de casamentos?" A surpresa tingiu a voz. "Casamentos da nossa espĂ©cie sĂŁo agradĂĄveis. Eu atĂ© gosto, ainda que em um momento se torne chato, mas isso aqui?" Estendeu a mĂŁo ao redor, quase como se pudesse tocar o sentimento de tĂ©dio. "Isso aqui ficou chato desde o primeiro instante. Nada de comida. Nada de alcool. Uma dança ridĂ­cula. Fico com um pouco de pena de Devet." Priya suspirou ao olhar para o homem, que parecia atĂ©... feliz? NĂŁo era tĂŁo boa em interpretar expressĂ”es a distĂąncia, mas achava que ele estava sorrindo. "Mas ele parece feliz, nĂŁo Ă©? Acho isso estranho. Como poderiam ter se conhecido e se apaixonado?" Era curiosa o bastante para dedicar um pouco de seus neurĂŽnios a especulação.
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aetherchevalier · 1 day ago
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o quesito vaidade nĂŁo era muito diferente com aether. a postura jĂĄ era impecĂĄvel, porque sempre era, mas tirou alguns segundos para arrumar as madeixas rebeldes. tentava ainda sim conter o sorriso, nĂŁo deixar transparecer tanto do que sua mente titubeava sobre para o khajol. mesmo antes, mantinha uma distĂąncia sempre saudĂĄvel dele, como se deixar de contar detalhes de sua vida fosse auxiliar em nĂŁo pagar a sua prĂłpria lĂ­ngua. “honestidade Ă© um valor de quase todos changelings, taeron. a herança feĂ©rica.” mas nĂŁo que nĂŁo pudessem mentir, de vez em quando, ou atĂ© omitir determinados fatos, como a doe muito gostava de fazer. tinha dado alguns passos na direção do velho amigo, mas aquela breve aproximação regrediu uma vez que um funcionĂĄrio os abordou para oferecer algo parecido com cidra. usou aquela desculpa para ornamentar a mĂŁo com algo, recostando-se na sacada para conter a si mesma de voltar a se aproximar.
“talvez eu tenha batido a cabeça e perdido capacidade cognitiva. ainda sim, vocĂȘ nĂŁo sabe exatamente, nĂŁo. eu nunca permiti que soubesse.” a defensiva vindo em resposta Ă  afirmação. pfft, como poderia ele saber quem ela Ă©? se ela tampouco sabia? sabia que ele nĂŁo estava totalmente errado, mas era impossĂ­vel de nĂŁo retornar para sua configuração padrĂŁo: retrucar e erguer suas grandes muralhas. nĂŁo queria dar espaço para a verdade que ele conhecera sim uma faceta dela que outros nĂŁo tiveram oportunidade. e a deixava completamente insana ter que lidar com isso naquele cenĂĄrio. mas em meio toda sua atitude, ouvira; como era bom a ver. nĂŁo deveria falar sĂ©rio, possivelmente
 porĂ©m, relaxou a postura, e deu um passo curto em direção ao professor.
tinha que se acostumar tambĂ©m com seu novo estilo, que era um comentĂĄrio todo Ă  parte. o terno bem assentado em seu corpo, sapatos polidos, barba alinhada, e o perfume. foi quando lhe ocorreu que ele tambĂ©m nunca havia a visto fora de seu uniforme. a sensação era definitivamente estranha. como se vocĂȘ visse seu inimigo natural, mas disfarçado de alguĂ©m que jĂĄ tivera um lugar especial em sua vida. era difĂ­cil de dissociar a figura khajol do adolescente que conhecera dĂ©cadas atrĂĄs. era difĂ­cil de ostentar as mesmas muralhas que acostumara-se a erguer, pois a situação nĂŁo lhe era nada padrĂŁo. “nĂłs trocamos, por um espaço de tempo surpreendente. vocĂȘ se lembra do conteĂșdo delas?” lembrava-se de lumine comentar sobre essas mesmas cartas, enciumada, e como fora uma motivação para que prolongasse aquilo por mais tempo do que havia planejado. atĂ© tornar-se um hĂĄbito Ă­mpar em sua rotina, conversando sempre sobre os treinos, os dragĂ”es, a ĂĄgua, a mĂșsica de caelith. o hĂĄbito permanecera em formato de diĂĄrios, mas as cartas eventualmente pararam. descobrira por alguĂ©m que ele mantinha um relacionamento com alguma changeling, e foi precisamente quando se despediram. o olhar semicerrava sobre ele, como se avaliasse o que falava. qual a intenção dele?
foi o assunto seguinte entĂŁo o mais efetivo em instalar um clima complicado entre os dois. olhares sobre a decoração, as pessoas, qualquer coisa que evitasse de terem que olhar um para o outro. um tĂłpico extremamente complexo, nĂŁo? as mortes diĂĄrias. para ser lembrada nĂŁo sĂł do incidente com lumine, mas do fato de que estava falando com alguma espĂ©cie de viĂșvo. num casamento que poderia igualmente ter sido dos dois, se em uma Ă©poca distinta. se nada tivesse acontecido. sentia-se quase intrusa, bebendo a cidra para ter mais alguns segundos antes do silĂȘncio tornar-se desconfortĂĄvel. 
“nĂŁo muito. para ser sincera, nĂŁo gosto de casamentos. Ă© uma sensação de felicidade esquisita, dissimulada, principalmente quando nĂŁo se tem proximidade com os noivos.” confessou, logo depois de ouvi-lo tratar sobre o mesmo que pensara. “e nĂŁo, nĂŁo acho que deveria estar feliz. os deuses sabem como eu estaria irritada em seu lugar. mas nĂŁo acho que faria diferença.” nĂŁo quis se demorar muito no assunto, recostando-se na sacada mais uma vez. nĂŁo conseguia evitar de sentir uma pontada de ciĂșmes. a mesma de anos atrĂĄs, quando soubera do inĂ­cio do relacionamento. o dia em que pensara que havia imaginado em sua cabeça mais do que as cartas realmente eram, ou do que aquele outro dia teria sido. esquecera-se desse sentimento, afundado em seu peito, e agora forçava-se a esquecer novamente. que coisa horrĂ­vel. como poderia ter ciĂșmes de uma pessoa morta? 
tentou mudar o tĂłpico de seus pensamentos, mordiscando ligeiramente o lĂĄbio inferior. “bem, nĂŁo teria me flagrado aqui se nĂŁo fosse o casamento, se servir de alguma coisa. e eu teria perdido a oportunidade de comentar sobre o longo cabelo branco. acho que combina com sua nova posição.” tentava nĂŁo deixar transparecer o desconforto com o tĂłpico anterior, evitar deixar claro em sua expressĂŁo que se desagradara. a associação ficaria muito mais fĂĄcil, nĂŁo? do porquĂȘ ela nunca respondera mais suas cartas. engraçado que ainda sim, se viu dando um inconsciente passo Ă  frente, com o olhar atido ao dele. erguia os dedos para tocar nas pontas das madeixas, crente de que teria aquele tipo de permissĂŁo: nĂŁo se lembrava de taeron negando algo que pedira. “professor medici, nĂŁo Ă© mesmo? nĂŁo posso dizer que previ isso.”
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Aos poucos, algo muito estranho ressurgia dentro de Taeron—vaidade. O peito instintivamente se estufava, a postura se tornava impecĂĄvel, e, por um instante, ele se pegou se importando com detalhes que hĂĄ muito havia abandonado. Talvez a Ășltima vez que se sentiu assim tenha sido hĂĄ dez anos, quando começou a pintar os cabelos de preto para esconder a mancha branca que teimava em se alastrar. Mal sabia ele que, uma dĂ©cada depois, nĂŁo teria um fio negro sequer.
O sorriso inevitavelmente surgiu ao ouvir a confissão, ou, ao menos, aquilo que chegava mais próximo de uma. Certas coisas jamais mudariam. Riu levemente quando Aether hesitou em terminar a frase. Como supunha, havia algo pessoal ali, algo que mesmo depois de quinze anos ainda causava certa estranheza. Mas, independente de tudo, Taeron um dia apreciou a amizade da changeling—e por isso se importava, independente do resto. "Fico feliz que a honestidade ainda seja um dos seus valores," comentou, sem tentar desenterrar diretamente qualquer inimizade que pairava no ar. Talvez aquela fosse uma conversa para outro dia.
Respirou fundo ao ouvir a provocação. "Porque se vocĂȘ nĂŁo bateu com a cabeça e perdeu alguma capacidade cognitiva, eu sei exatamente quem vocĂȘ Ă©. NĂŁo seus gostos ou desgostos, obviamente, mas sei que Ă© inteligente." Ele estreitou levemente os olhos antes de acrescentar, com um meio sorriso: "Novamente, Ă© bom te ver bem, Aether. Seu ramo Ă© perigoso." Cruzou os braços, um gesto inconsciente, como se o simples fato de estar conversando com ela o fizesse sentir uma culpa que nem sequer sabia nomear.
Entendia o que ela quis dizer—sua vida seguiu, ele havia praticamente se casado, construĂ­do uma nova realidade para si. E do fundo do coração, Taeron esperava que Aether tivesse tido a mesma chance. Que tivesse amado e sido amada. "Lembro de Caelith. De vocĂȘ. Especialmente do seu amor pela ĂĄgua." O tom era mais suave agora, quase nostĂĄlgico. "Fomos amigos por bastante tempo. Trocamos cartas, nĂŁo trocamos?" Tudo parecia tĂŁo distante agora.
Ele arqueou a sobrancelha ao ouvir a provocação seguinte. "Calma aĂ­, entĂŁo eu nĂŁo tenho o direito de me insultar? Quem vai me dizer que estou errado?!" Bufou, exagerando na indignação. Riu brevemente ao ser chamado de dramĂĄtico, embora entendesse perfeitamente o porquĂȘ. Sua melancolia era quase uma segunda pele, e podia senti-la ali, pesando sobre seus ombros, porque era a tristeza que tĂŁo cuidadosamente carregava.
"Claro que vocĂȘ Ă©," respondeu, nĂŁo esperava nada menos de Aether, dirigente. "E desculpe-me, acredito que a ignorĂąncia Ă© uma bĂȘnção. Aprendi a nĂŁo me manter a par de nossas forças armadas, visto as perdas diĂĄrias." Um bolo se formou em sua garganta, a sensação incĂŽmoda se alastrando por seu corpo como um veneno familiar. Seu sorriso morreu ali, dando espaço Ă  expressĂŁo ilegĂ­vel de sempre.
"EstĂĄ aproveitando o casamento?" O tom era mais frio agora, mas nĂŁo propositalmente. "Quem diria, nĂŁo Ă© mesmo? Hoje eles comemoram o mesmo motivo pelo qual fui excomungado." Ele soltou uma risada breve, sem qualquer humor. "Eu deveria estar feliz, nĂŁo Ă©?"
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aetherchevalier · 1 day ago
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"com toda certeza. pensei que tivesse deixado isso completamente claro em outro momento." assentiu vĂĄrias vezes, com um sorriso divertido em lĂĄbios. era engraçado de assistir a diferença grotesca de tratamento que aplicava para changelings e khajols. no caso em particular, havia a vantagem de que realmente gostava da mais nova. "posso considerar em te oferecer uma pequena volta em outro momento, mas apenas se continuar me passando os segredos, vocĂȘ sabe." nĂŁo conseguiu evitar de seguir perturbando, ainda que falasse sĂ©rio em sua primeira afirmação. ela, da mesma maneira, nunca se imaginaria ocupando outra posição que nĂŁo exatamente a atual. jamais sustentaria a ideia de um mundo em que caelith nĂŁo existia. "e posso ajudar com o corpo sĂŁo, sempre, se quiser retornar com os treinamentos avulsos. devo ter um espaço de tempo no inĂ­cio da noite."
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um gracejo bem vindo, as palavras da dirigente a fizeram sorrir, baixando sua taça, agora quase vazia, antes de respondĂȘ-la. — ah, entendo. quer dizer entĂŁo que seus interesses na minha permanĂȘncia na infantaria sĂŁo para que eu possa ser sua espiĂŁ particular? — a provocação veio de forma natural, acompanhada de uma risada breve. — mas nĂŁo nego que a ideia de montar um dragĂŁo no campo de batalha seja atraente. — confessou, a voz parecendo baixar a cada palavra dita, como se fosse uma traição tornĂĄ-las reais para alĂ©m da privacidade de seus pensamentos. — vez ou outra me pego pensando que tipo de dragĂŁo eu teria. coisas assim. — jamais verbalizaria tais pensamentos para qualquer um; para zagan, talvez, dada sua proximidade, mas aether passava-lhe segurança e fazia com que nĂŁo se sentisse tĂŁo patĂ©tica assim por pensar tais coisas. — nah, nĂŁo vou largar. sabe como Ă©. mente sĂŁ, corpo sĂŁo.
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aetherchevalier · 1 day ago
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uma repreensĂŁo em formato de ligeiro toque com os pĂ©s veio em conjunto com uma risada, ambos desagradados do imperador. seria sua figura uma piada para quase todos changelings? definitivamente nĂŁo ajudavam sua prĂłpria espĂ©cie daquela forma, irreverentes como dragĂ”es. "nĂŁo imagino que estava no calendĂĄrio dele esse pequeno evento quando começaram a planejar o casamento." ela bebericou mais um pouco de sua bebida, antes de quase colocĂĄ-la para fora com a sugestĂŁo seguinte. "calma lĂĄ, nĂŁo! pensei que vocĂȘ iria me exibir seus grandes movimentos solo. vocĂȘ falou uma ou duas vezes sobre o balanceado envolvente, como gostaria de citar." e poderia ou nĂŁo ser pura fabricação. "eu nĂŁo danço, dav. quando me viu arriscando um passo sequer?"
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Apenas sorriu com a devolução, ela tinha um nome bem mais difĂ­cil de criar apelidos, mas bem, ele jamais desistiria de criar novos. ❝Olha, acho que Ă© uma ideia bem ruim chamar pessoas que recĂ©m descobriram poderes para serem decoração, mas o velho nĂŁo parece bater bem da cabeça mesmo.❞ NĂŁo precisava citar nomes para que soubesse que se referia ao imperador, nĂŁo tinha por que esconder o desgosto por aquelas decisĂ”es de merda. Levou uma mĂŁo atĂ© o peito, um gesto exagerado como se fosse uma dama da corte surpresa. ❝Oh! VocĂȘ estĂĄ me chamando para dançar, Thery? CĂ©us, eu fico tĂŁo lisonjeado!❞ O tom de voz era forçado em sua encenação, ele rindo logo em seguida e ofertou uma mĂŁo para ela. ❝Vamos, eu estou doido pra ver como vocĂȘ dança sem a influĂȘncia do ĂĄlcool.❞
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aetherchevalier · 1 day ago
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pouco tempo para si, claro. aether assentiu, suprimindo um canto de sorriso. era claro que precisaria estar em alerta, quem senĂŁo ela e as dezenas de empregadas que lady hannah provavelmente teria? a morena nĂŁo conhecia muito da organização daqueles eventos, mas tinha suas dĂșvidas sobre o tanto de trabalho que poderia realmente gerar. parecia supĂ©rfluo. do ponto de vista de alguĂ©m que nunca amara o suficiente para considerar o casamento, ou que jamais presenciara de perto... de fato parecia. decidiu por nĂŁo compartilhar nem um pouco de seus pensamentos, apreciando o fato de que ao mĂ­nimo, ela se dera ao trabalho de dar seguimento a algum tipo de conversa. "ainda nĂŁo superei muito bem a falta de bebidas, mas nĂŁo Ă© como se me parecesse o tipo de evento em que eu beberia muito, tampouco. teria sido eficiente para melhorar a socialização. nĂŁo costumo ser tĂŁo criativa sobre assuntos enquanto sĂłbria... e vocĂȘ? encontrou um tempo para se divertir, ao menos?"
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Deixou que ela se aproximasse por que realmente se sentia incomodada, sentiu algum alĂ­vio ao ter a planta removida, ainda que a regiĂŁo lhe desse uma leve coceira incomoda ainda. ❝Obrigada.❞ Agradeceu enquanto ajeitava o vestido com uma das mĂŁos, ainda nĂŁo se sentindo inteiramente bem, mas nĂŁo querendo se prender muito mais naquilo. ❝Quem me dera eu tivesse o feito, como madrinha nĂŁo tenho exatamente muito tempo para mim, preciso estar em alerta caso Lady Hannah precise de algo.❞ Ainda que claro gastaria todo o tempo do mundo com uma pessoa em especial, certamente o coração nublava toda sua razĂŁo, nĂŁo teria como negar algo daquele tipo. E talvez fosse naquele aspecto que ela e Declan realmente eram mais parecidos, deixavam que certas emoçÔes o dominassem o suficiente para agir sem pensar nas consequĂȘncias. Deixou os pensamentos de lado e optou por ao menos tentar uma conversa, mesmo que sobre amenidades apenas. ❝Tem aproveitado a festa ao menos um pouco? A falta de bebidas Ă© uma tristeza, realmente, mas espero que nĂŁo esteja sendo um empecilho para a diversĂŁo geral.❞
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aetherchevalier · 1 day ago
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"eu posso acobertar vocĂȘ. atĂ© perceberem a ausĂȘncia, devo ter pensado em uma boa desculpa." sugeriu, mas puramente por brincadeira. se estivesse no lugar, muito provavelmente gostaria de uma oferta similar. o pensamento de estar em foco dentro do evento a embrulhava o estĂŽmago: mal queria participar como convidada. ainda assim, havia o ponto de verdade sobre sua sugestĂŁo; de fato avaliava os arredores, estrategicamente atenta Ă  movimentação. defender o paĂ­s ainda era uma de suas obrigaçÔes, e que oportunidade mais propĂ­cia que um momento de relaxamento? assim fora outrora. "Ă© uma surpresa, sempre achei que todo professor tinha o sonho secreto de casar-se e formar nĂșcleo familiar."
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"Seria pĂ©ssimo se eu fugisse.", replicou em tom humorado e quase de imediato. Ele era um dos padrinhos do noivo, certamente dariam por sua falta se nĂŁo estivesse no altar. Por outro lado, ele sabia que nĂŁo era exatamente isso que a mais nova tentava implicar com suas palavras, talvez apenas quisesse estar preparada para uma eventual necessidade e, se assim fosse, ele jĂĄ tinha pensado uma coisa ou outra. "Mas nĂŁo estĂĄ errada em cogitar essa necessidade. Parece-me que temos o pĂ©ssimo histĂłrico de acontecimentos ruins quando estamos desprevenidos ou reunidos assim.", primeiro o incĂȘndio, depois o roubo da pira, o que aconteceria naquele casamento? Com sorte, a felicidade dos noivos e o inĂ­cio de uma sociedade melhor. "Eu sei de quem estou me esgueirando essa noite, das queridas sacerdotisas. NĂŁo desejo mais flores do que jĂĄ tenho, com todo respeito as tradiçÔes dos nossos colegas.", das quais ele conhecia bastante.
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aetherchevalier · 1 day ago
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ouvira a voz de oberyn em meio algum tipo de conversa completamente entediante com um khajol que havia a abordado. algo sobre decoraçÔes e vestidos, tecidos... ela tentava dar o melhor de seus micro-sorrisos amarelados e seguir assentindo, atĂ© que o convidado desistisse. nĂŁo era como se pudesse abandonar uma conversa e dar as costas para seus interlocutores; ocupava um cargo que exigia que no mĂ­nimo fingisse que estava acima dos estigmas carregados. pediu licença com educação, para discretamente acertar o mais novo no braço. "desculpe, ele tem problemas auditivos. pensou que vocĂȘ tinha falado alguma coisa, nĂŁo dĂȘ muita importĂąncia." agora o puxava para longe, em meio de um sorriso completamente dissimulado... que durou apenas o tempo de se afastarem para um lugar mais reservado. "vocĂȘ poderia apenas ignorar. sabe que nĂŁo queremos problemas numa festa como essa, nĂŁo? nĂŁo tem pena de mim?"
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status: aberto
evento: the wedding of the century
Oberyn perambulava pelo casamento como um limĂŁo azedo em forma humana, o uniforme habitual amarrotado e sujo como um claro sinal de seu desprezo por toda aquela encenação. Nem sequer se deu ao trabalho de lavĂĄ-lo—atĂ© parece que apoiaria aquela uniĂŁo ou qualquer outra. Amor? NĂŁo acreditava nisso. Nunca acreditou. Ainda assim, havia algo naquele evento que o deixava inquieto, algo que normalmente conseguia evitar: a lembrança do desprezo de seu pai, um khajol que jamais o quisera. O pensamento corroĂ­a em silĂȘncio enquanto observava a celebração. Se perguntava se a criança que nasceria dessa uniĂŁo teria o mesmo destino que o seu—rejeitada, sozinha, sem pertencer a lugar algum.
Foi tirado de seus devaneios por uma voz que o irritou instantaneamente. Ele virou o rosto com uma expressĂŁo de puro desdĂ©m antes de responder, os olhos estreitados. "VocĂȘ nĂŁo Ă© muito inteligente, nĂŁo, nĂ©?" resmungou, cruzando os braços. "Take a guess, does it look like I’m having fun, genius?!"
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aetherchevalier · 1 day ago
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𝒓𝒆𝒘𝒂𝒓𝒅: 𝒕𝒉𝒆 𝒂𝒘𝒂𝒌𝒆𝒏𝒊𝒏𝒈.
eu consigo ouvir vocĂȘ. a sua mĂșsica. Ă© sobre solidĂŁo.
havia sonhado mais uma vez com o dia de sua ceifa. alguns anos jĂĄ desde a Ășltima vez que aquelas memĂłrias se desenharam tĂŁo claras em sua mente, protagonizando um sonho. mas aquele dia em particular fora distinto. pois quando fechara os olhos e devaneara para longe, nĂŁo assistira o sonho como ela mesma. na verdade, atĂ© demorara para perceber. analisando silencioso, oculto no escuro das ĂĄguas. pĂŽde sentir o Ăłdio, a tristeza, a empatia. mas mais que aquilo, era capaz de palpar, notar com perfeição que havia mais alguĂ©m naquelas ĂĄguas. a turbulĂȘncia quase imperceptĂ­vel, mas que era falha em nĂŁo despertar aquele que era um com a ĂĄgua. nĂŁo precisava abrir seus olhos. percebia a insolĂȘncia caminhando em sua direção, ousando tocar. e ao finalmente erguer suas pĂĄlpebras, viu a si mesma.
tw: talassofobia.
então, ela era caelith. lembrava-se perfeitamente da sensação de integrar um com o elemento. de não sentir a privação de ar mesmo submersa sobre a ågua. e quando abriu os olhos, foram aquelas memórias que perduraram em seu imagético. seguia com a rotina, pensativa, dispensando algumas das tarefas menos importantes para serem resolvidas posteriormente. na verdade, precisava, como uma necessidade urgente em seu peito, procurar algum lugar em hexwood para que pudesse fugir com caelith.
nĂŁo tinha algo em mente quando subira nas costas do dragĂŁo. ele particularmente avoado, como se como ela, estivesse ansioso para que realizassem aquele ritual. a noite caĂ­a sobre ardosia, e daquela vez em particular, escolhera o mar. precisava do som das ondas em seu ouvido, da areia em seus pĂ©s. o dragĂŁo os deixara diretamente no meio do mar, em uma regiĂŁo onde o relevo permitia a existĂȘncia de uma pequena piscina. ligeiramente profunda, mas nada que nĂŁo pudesse ser lidado pela dirigente. nadava antes mesmo de aprender a andar, nĂŁo?
parcialmente submersa, tirava satisfação em observar seu dragĂŁo desaparecer pelas ĂĄguas. a mais bela criatura que jĂĄ havia posto seus olhos, majestoso em seu elemento. talvez, empolgado demais. pois em um de seus saltos, agitara as ĂĄguas ao ponto de perturbação, criando uma onda grande demais para ser evitada. mergulhou para evitar o impacto, sendo arrastada pela violĂȘncia repentina do mar. e como um instinto esquisito, abriu os olhos. era evidente que todos evitavam abrir seus olhos na ĂĄgua salgada, preservando os pobres globos oculares da salinidade. 
o fizera porque embaixo da ågua, sentira-se diferente. o corpo estranhamente mais leve, quase que dormente. e ao abrir os olhos, enxergara com perfeição num mar completamente escuro. perfeição suficiente para olhar para si mesma e não observar formato corpóreo, apenas a ågua se agitando em torno do espaço onde haveria um corpo. estava num sonho? o susto fez com que todo o ar se esvaziasse de seus pulmÔes. assim que viera um susto ainda maior. não entendia como impulsionar o seu corpo daquela maneira, e sem ar, afogaria.
procurara caelith, sem observar qualquer tipo de sinal do dragĂŁo. um grito abafado, pensou que se engasgaria. e respirou. respirou? o oxigĂȘnio difundido finalmente aliviando as cĂ©lulas de seu corpo fez com que percebesse que novamente tinha um, ora visĂ­vel, ora translĂșcido como a ĂĄgua. o que estava acontecendo? impulsionou-se quando conseguiu avisar em distĂąncia as escamas brilhantes de caelith. aproximando-se muito mais rĂĄpido do que esperara, percorrendo a distĂąncia larga em alguns segundos. ambos pareciam muito surpresos com a movimentação, mas diferente dela, ele estava tĂŁo satisfeito. como se exclamasse: finalmente!
em proximidade dele, sentia-se mais disposta a explorar, entender o que acontecia. olhava para as prĂłprias mĂŁos, e ria, o som difuso no meio lĂ­quido. parecia uma criança que havia descoberto uma nova habilidade. passaram mais longos minutos ali, enquanto ela aproveitava o novo dom, a capacidade de matar a curiosidade e bisbilhotar o que havia no assoalho marinho naquela pequena profundidade. mas vĂ­tima do trauma do incĂȘndio, e receosa de que pudesse ser um efeito temporĂĄrio, chamara caelith para que rumassem para hexwood. em seu caminho, sorria como nunca.
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𝒉𝒚𝒅𝒓𝒐𝒌𝒊𝒏𝒆𝒔𝒊𝒔
the psychic ability to manipulate or control water.
esse tipo de habilidade permite ao usuĂĄrio exercer controle direto sobre a ĂĄgua ao seu redor, moldando-a de acordo com sua vontade. para aether, se manifesta especificamente quando em contato direto ou proximidade com fontes de ĂĄgua. nĂŁo que seja algo que jĂĄ tenha descoberto, acreditando que se manifesta unicamente com a capacidade de respirar e movimentar-se rapidamente debaixo da ĂĄgua. a habilidade e seu controle sobre ela parecem estar ligados de alguma forma Ă  caelith, como se fosse algo quase que previsto pelos deuses ao lhe assinalar um dragĂŁo do tipo aquaris.
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aetherchevalier · 4 days ago
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𝒕𝒂𝒔𝒌 𝑰𝑰: 𝒄𝒐𝒓𝒆 𝒎𝒆𝒎𝒐𝒓𝒊𝒆𝒔.
embora o momento da ceifa esteja imaculado em sua mente, Ă© difĂ­cil de se lembrar em exatidĂŁo de tudo que ocorreu atĂ© chegar lĂĄ. como se o dia tivesse sido resumido naquilo, o raiar do sol fora beber diretamente do cĂĄlice. os dedos trĂȘmulos segurando o metal para o momento tĂŁo esperado. estava ansiosa, ao ponto de sentir o coração bater desconfortavelmente em seu peito. lembrava-se do ar se fazer ralo conforme repousava nas pedras frias do pĂĄtio, e o pulsar de suas veias aumentar em seus ouvidos. o palpitar do coração. procurara lumine, o olhar aterrorizado encontrando-se com o dela antes das pĂĄlpebras tornarem-se pesadas sobre os olhos. em segundos, despedia-se do instituto, para acordar no Ășnico lugar que jĂĄ teve o desejo de ficar.
tw: talassofobia.
sonhar fora como mergulhar numa piscina. o som do seu coração sendo substituĂ­do pelo barulho de submersĂŁo, bolhas expandindo e eclodindo no lĂ­quido. mas nĂŁo nadava, e ainda podia respirar. vocĂȘ poderia ler diversas vezes sobre a dimensĂŁo em livros, mas palavras jamais seriam capazes de mensurar a beleza presenciada. estar lĂĄ parecia o sinal de uma bĂȘnção divina, a permissĂŁo para tocar o etĂ©reo. as lĂĄgrimas se acumulavam no canto dos seus olhos, os pelos de seu braço se arrepiavam. aether conseguiu entender como haviam aqueles que jamais retornavam: haviam eles feito a escolha? ou sucumbido nas mĂŁos de algum perigo?
a paisagem reconfortante acalmou seu coração por um curto perĂ­odo de tempo. lembrar-se que haviam aqueles que nĂŁo retornavam a colocava em constante cheque com a realidade; nĂŁo podia falhar. mas constatar-se disso nĂŁo fez com que obtivesse mais ĂȘxito. nĂŁo sabia quando tempo havia passado conforme rumava sobre vegetação densa. podia sentir o desespero em seu peito quando sentia dificuldade de seguir caminhando, atĂ© o sĂșbito momento em que sentiu ĂĄgua sob seus pĂ©s. mais um passo e a vegetação revelava uma pequena gruta, encrustada sob a base de uma montanha. e foi o primeiro momento em que sentiu que ia para o lugar correto, pois agora ouvia.
era a mesma mĂșsica de seus sonhos, difĂ­cil de ser explicada. uma melodia, mas da qual era quase impossĂ­vel de discernir qual instrumento musical que a produzia. como um quebrar de ondas, produzindo notas musicais constantes entĂŁo traduzidas em uma mĂșsica. era aquilo que a chamava.
insistiu em avançar. ainda que o nĂ­vel da ĂĄgua fosse lentamente progredindo, e a iluminação fosse quase extinta. nadava sem sentir o chĂŁo sob seus pĂ©s quando sentiu-se imersa em completo escuro. nĂŁo era possĂ­vel discernir o caminho de retorno, entĂŁo sĂł lhe havia a opção de seguir. a sensação do sonho nĂŁo preveniu que seu corpo fosse fadigando. os mĂșsculos pedindo descanso, enquanto ela lutava para se manter acima da superfĂ­cie. parecia um esforço sem sucesso, poderia estar sendo enganada. a ansiedade em seu peito seria vitoriosa, se nĂŁo houvesse visualizado uma luz. um brilho, abaixo da superfĂ­cie. agora era capaz de discernir; jĂĄ nĂŁo estava mais sozinha. era ele.
nĂŁo houve espaço para raciocĂ­nio ou muito pensamento antes dela reservar todo ar possĂ­vel em seus pulmĂ”es para mergulhar, nadando em direção Ă  luz. parecia tĂŁo distante. forçava os mĂșsculos exaustos, submergindo-se em uma velocidade anormal. pouco a pouco, sentia o ar evadindo, o tempo escorrendo de seus dedos. nĂŁo estava prĂłximo o suficiente. nĂŁo iria conseguir. com a sua Ășltima lufada de ar, se impulsionou, esticando o braço para conseguir se aproximar, tocĂĄ-lo. pode sentir a ponta dos dedos contra uma superfĂ­cie ĂĄspera, e em seu Ășltimo vislumbre, os olhos azuis, agora abertos.
não havia conseguido. a hipóxia a abraçava, roubando-lhe a pouca capacidade de enxergar na ågua enegrecida. quase pensou que gostaria de ter se despedido de lumine, antes de sentir o corpo sendo violentamente agarrado. as garras do dragão seguravam-lhe, conforme rumavam em alta velocidade para a superfície. o dragão fazia como se de contragosto, largando-a sobre a entrada da mesma gruta do início. sentia a terra dura sobre si, machucados do encaixe das garras e o peito cheio de ågua. ainda tentava recuperar o ar em meio tosses quando ouviu o rugido. esquecera-se que viera ali não apenas para encontrar, mas também domå-lo, não? e era tão belo. estremecendo a terra, estourando-lhe os tímpanos! mas não havia espaço para insatisfação em alguém que achava que morreria. girou o corpo para escapar das garras, que agora pareciam bem menos amistosas. os cortes sangravam em suas roupas, mas ela sorria. agora estava sobre suas duas pernas.
tossiu mais algumas vezes antes de finalmente conseguir falar algo. “.... vocĂȘ me salvou!” um momento de pausa para jogar o corpo fora do alcance de mais um ataque. “nĂŁo teria feito isso se nĂŁo me quisesse por aqui!” exclamou, em um misto de surpresa e felicidade. suas tentativas de dialogar eram recebidas de alguma forma. podia ver o dragĂŁo inclinando a cabeça, como se estivesse intrigado com a insolĂȘncia dela. desviou ainda de um terceiro golpe, antes de pensar: se realmente fosse da vontade dele, estaria morta. entĂŁo, ela parou. veja, para ela era algo particularmente difĂ­cil. aether nunca havia confiado a sua vida Ă  alguĂ©m antes. e tivera a ideia insana, o pensamento de que ele nĂŁo a mataria. e estava disposta a tentar. 
por isso, ela parou. ergueu as mĂŁos longe do corpo, e abaixou a cabeça. “vocĂȘ Ă© exatamente como eu, nĂŁo? poderia ter me deixado para morrer. entretanto, Ă© mais fĂĄcil fazer isso que assumir que vocĂȘ confiou em alguĂ©m. eu consigo ouvir vocĂȘ. a sua mĂșsica. Ă© sobre solidĂŁo.” ela se pausou por alguns segundos, verificando se ainda estava viva. “eu consigo entender. Ă© por isso que vim atĂ© vocĂȘ.” agora conseguiu criar coragem para erguer o rosto, encarando o dragĂŁo diretamente em seus olhos. “eu sei que vocĂȘ estava me esperando. eu tambĂ©m estive esperando vocĂȘ.” foi a primeira vez que voltou a movimentar o corpo, ousando se aproximar do dragĂŁo. 
os olhos azuis como galĂĄxias repousavam com curiosidade. ela conseguia sentir um misto de indignação com a insolĂȘncia e ao mesmo tempo, apreciação pela atitude. por isso arriscou, erguendo a mĂŁo. e o tocou pela primeira vez. como era possĂ­vel? seus olhos encheram-se de lĂĄgrimas. naquele momento, ela sabia que o amaria como jamais havia amado ninguĂ©m. era recĂ­proco, expresso nos olhos do dragĂŁo fechando e abrindo-se diante de si, fazendo um voto de confiança igual. podia sentir seu coração palpitando em conjunto com o da criatura, em completa consonĂąncia. havia achado a sua famĂ­lia.
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aetherchevalier · 4 days ago
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𝒕𝒂𝒔𝒌 𝑰: 𝒐 đ’Šđ’đ’•đ’†đ’“đ’“đ’đ’ˆđ’‚đ’•đ’Ìđ’“đ’Šđ’.
era possĂ­vel ver os grandes olhos dourados arderem. aether nĂŁo soltava lĂĄgrimas, mas observava de longe o fogo engolir as estruturas do Ășnico lar que conhecera em toda sua vida. quase como se pudesse ouvir as memĂłrias sendo ateadas em chamas. a morena nĂŁo sabia como se sentir. havia nascido lĂĄ, e por lĂĄ havia ficado todos esses anos
 como poderia se despedir?
𝒐𝒏𝒅𝒆 đ’—đ’đ’„đ’†Ì‚ 𝒆𝒔𝒕𝒂𝒗𝒂 𝒏𝒐 𝒎𝒐𝒎𝒆𝒏𝒕𝒐 𝒆𝒎 𝒒𝒖𝒆 𝒐 đ’Šđ’đ’„đ’†Ì‚đ’đ’…đ’Šđ’ đ’„đ’đ’Žđ’†đ’„Ì§đ’đ’–?
percebeu que deixara o seu interlocutor sem resposta assim que a pergunta foi repetida. a grande causadora de voltar tĂŁo vividamente Ă  noite do incĂȘncio, junto do gatilho causado pela resposta. “eu nĂŁo estava no instituto.” assumiu, entĂŁo erguendo os olhos para assegurar o que falava. “a noite Ă© o Ășnico momento em que nĂŁo estou ocupada com alunos ou outras tarefas. costumo tomar algumas dessas para passar com caelith.” era sincera, ainda que nĂŁo o respondesse com exatidĂŁo. era difĂ­cil de determinar, tinha o costume peculiar de desaparecer pelos cĂ©us com caelith. a noite em particular era uma que tinha o costume de voar um pouco mais longe, para ir ao encontro vaelion. e de todas as noites em que se ausentara por algumas horas, aquela fora a mais longa; nĂŁo havia nenhum sinal de vaelion. com o tempo passado, regressaram sem sucesso para testemunhar de longe o inĂ­cio do incĂȘndio.
đ’—đ’đ’„đ’†Ì‚ 𝒏𝒐𝒕𝒐𝒖 𝒂𝒍𝒈𝒐 𝒊𝒏𝒄𝒐𝒎𝒖𝒎 𝒐𝒖 𝒇𝒐𝒓𝒂 𝒅𝒐 𝒍𝒖𝒈𝒂𝒓 𝒂𝒏𝒕𝒆𝒔 𝒅𝒐 đ’Šđ’đ’„đ’†Ì‚đ’đ’…đ’Šđ’, 𝒔𝒆𝒋𝒂 𝒏𝒐 𝒄𝒐𝒎𝒑𝒐𝒓𝒕𝒂𝒎𝒆𝒏𝒕𝒐 𝒅𝒆 𝒐𝒖𝒕𝒓𝒂𝒔 𝒑𝒆𝒔𝒔𝒐𝒂𝒔 𝒐𝒖 𝒏𝒐 𝒄𝒂𝒔𝒕𝒆𝒍𝒐 𝒅𝒆 đ’˜đ’–Ìˆđ’đ’‡đ’‰đ’†đ’“đ’†?
“nĂŁo.” era difĂ­cil que notasse algo, pois havia ainda um Ășltimo detalhe: o incĂȘndio coincidia perfeitamente com o aniversĂĄrio de morte de lumine. a carranca mais acentuada poderia nem ser notada pela grande maioria das pessoas, mas quem conhecia ambas, imaginava que o motivo de passar o dia particularmente avoada. podia sentir o interrogador semicerrando os olhos por detrĂĄs de seus Ăłculos, ligeiramente insatisfeito com as respostas curtas
 e a recĂ­proca era o vinco de sempre, instalado em sua testa, adornando o olhar completamente irritado. e ainda com tudo que se sucedera, tinha aquela questĂŁo especĂ­fica de agora estar rodeada de khajols, que acabava com o seu humor.
đ’—đ’đ’„đ’†Ì‚ 𝒏𝒐𝒕𝒐𝒖 𝒂𝒍𝒈𝒖𝒎 𝒅𝒐𝒔 đ’…đ’“đ’‚đ’ˆđ’Ìƒđ’†đ’” 𝒂𝒈𝒊𝒏𝒅𝒐 𝒆𝒔𝒕𝒓𝒂𝒏𝒉𝒐 𝒏𝒐 𝒅𝒊𝒂 𝒅𝒐 đ’Šđ’đ’„đ’†Ì‚đ’đ’…đ’Šđ’?
“nĂŁo passei muito tempo com outros dragĂ”es no dia do incĂȘndio. apenas caelith.” nĂŁo mencionara vaelion, desgostosa de ter que explicar o vĂ­nculo com o outro dragĂŁo. poderia ter falado que caelith tambĂ©m nĂŁo se comportava como de habitual. que parecia aflito, ansioso, mas que atribuĂ­ra ser Ă  data. afinal, ainda que nĂŁo tivesse morrido, vaelion partira. portanto naquele dia nĂŁo houve mĂșsica, ou a tentativa de arrastĂĄ-la para ĂĄgua. apenas o mecĂąnico, instalando uma tensĂŁo correspondente aos eventos. podia sentir as canetadas irritadas do rapaz na outra cadeira, rabiscando algo correspondente ao que ela tinha dito antes de disparar a prĂłxima pergunta.
đ’—đ’đ’„đ’†Ì‚ 𝒕𝒆𝒗𝒆 𝒂𝒍𝒈𝒖𝒎 𝒔𝒐𝒏𝒉𝒐 𝒐𝒖 𝒑𝒓𝒆𝒔𝒔𝒆𝒏𝒕𝒊𝒎𝒆𝒏𝒕𝒐 𝒆𝒔𝒕𝒓𝒂𝒏𝒉𝒐 𝒂𝒏𝒕𝒆𝒔 𝒅𝒆 𝒔𝒂𝒃𝒆𝒓 𝒅𝒐 đ’Šđ’đ’„đ’†Ì‚đ’đ’…đ’Šđ’?
a dirigente respirou fundo, levando a mĂŁo ao rosto enquanto dissimulava uma risada cansada. “visĂ”es, premoniçÔes? Ă© disso que estĂŁo Ă  procura? deveriam entrevistar khajols entĂŁo, nĂŁo possuo esse tipo de habilidade.” e dessa forma, mais uma vez ela se esquivava da pergunta feita. observando o seu interrogador parecendo menos e menos entusiasmado com as perguntas que se passavam. atĂ© o ouviu limpar a garganta apĂłs sua resposta, explicando como se tratava do procedimento padrĂŁo, de perguntas feitas igualmente a todos. aether, entretanto, jĂĄ havia saturado do prĂłprio interrogatĂłrio, fazendo menção de ir levantando-se. “estamos acabando aqui?” o gesto fez com que o interrogador riscasse a pergunta seguinte, pulando para o Ășltimo tĂłpico em seu miserĂĄvel bloquinho de notas. 
𝒏𝒂 𝒔𝒖𝒂 đ’đ’‘đ’Šđ’đ’Šđ’‚Ìƒđ’, 𝒒𝒖𝒆𝒎 𝒆𝒔𝒕𝒂𝒓𝒊𝒂 𝒎𝒂𝒊𝒔 𝒊𝒏𝒕𝒆𝒓𝒆𝒔𝒔𝒂𝒅𝒐 𝒏𝒐 𝒅𝒆𝒔𝒂𝒑𝒂𝒓𝒆𝒄𝒊𝒎𝒆𝒏𝒕𝒐 𝒅𝒐 đ’„đ’‚Ìđ’đ’Šđ’„đ’† 𝒅𝒐𝒔 𝒔𝒐𝒏𝒉𝒐𝒔 𝒆 𝒏𝒂 đ’Šđ’đ’•đ’†đ’“đ’“đ’–đ’‘đ’„Ì§đ’‚Ìƒđ’ 𝒅𝒐 𝒂𝒄𝒆𝒔𝒔𝒐 𝒂𝒐 đ’”đ’đ’đ’‰đ’‚Ì„đ’“?
a pergunta fez com que parasse por alguns segundos. nĂŁo deveriam ser os khajols. qual interesse destes em parar os treinamentos militares? changelings eram a Ășnica barreira viva que os impedia de terem que lutar contra os inimigos com as prĂłprias mĂŁos. os pensamentos iam a mil, e sĂł conseguia determinar com certeza que nĂŁo havia sido um incidente. se fosse sincera com sua intuição, admitiria que considerava se tratar de algo feito por alguĂ©m dentro do instituto. talvez, um prĂłprio changeling. podia ver seu interrogador brilhando os olhos, acreditando que finalmente fizera a pergunta que desencadearia algo para preencher em seu bloquinho
 sĂł para frustrĂĄ-lo, devolvendo a pergunta com uma outra. “quem estaria interessado em enfraquecer nossas forças militares? provavelmente, aqueles que lutam contra elas.” era mais fĂĄcil ser genĂ©rica e apontar uthdon como o culpado. pelo menos, poderia considerar que aquilo estava finalizado. 
nem esperou a confirmação alheia, retirando-se da sala sem mais nenhuma palavra, com um estrondoso bater de porta.
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aetherchevalier · 6 days ago
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uma vez que se superava a mudança dråstica no corte de cabelo, a verdade que o tempo não havia sido maldoso com nenhum deles era clara. ele parecia quase a mesma pessoa de quinze anos atrås. as íris enegrecidas encontrando as douradas. mais um pouco, e levada pelo seu fraco, a fragrùncia extremamente familiar, quase cedeu o impulso de se aproximar ainda mais dele. antes de constatar: não sabia se confiava no khajol. pessoas poderiam mudar. os deuses sabiam que ela havia, que perdera o que lhe sobrara de esperança e restara apenas a cavaleira, a dirigente. ela, com seus comentårios agridoces e poucos sorrisos.
ainda sim, havia algo que a irritava profundamente em taeron. aqueles estĂșpidos olhos, especialistas em arrancar a verdade dela. fora assim em todas ocasiĂ”es que se encontraram: nĂŁo sentia como se pudesse faltar com honestidade para ele. dividiam ainda um vĂ­nculo bobo, a memĂłria de nĂŁo quinze anos atrĂĄs, mas aquela mais antiga. a amizade estranha entre um khajol e uma changeling, quando nĂŁo passavam de dois adolescentes. por isso, que nĂŁo conseguiu ocultar, e assumiu. "nĂŁo Ă© ruim te ver." e o poupou de comentĂĄrios desagradados sobre a estadia ali.
agora o mimicava, apoiando o corpo sobre a sacada. caelith nem acreditaria... aether sentira uma pontada de culpa sobre ocultar sua presença por longos meses. o olhar alheio vagava sobre a paisagem, enquanto ela o avaliava. a postura tensa, o tom, e enfim, o silĂȘncio. "Ă© minha maneira de lidar com as coisas. nĂŁo Ă© nada sobre..." mas se parou, pois nĂŁo seria verdade. era sim algo sobre ele. nĂŁo conseguia aceitar o fato de que nĂŁo era um changeling. e muito menos, aquele fato oculto, que empurrava para o fundo de sua mente. sentia-se terrivelmente inclinada a procurĂĄ-lo. limpou a garganta, e olhou para o cĂ©u para evitar encarĂĄ-lo por algum tempo.
as palavras seguintes, entĂŁo, nĂŁo iam muito distante do esperado. era a primeira vez que os papĂ©is se invertiam, e ela tinha um vislumbre dele irritado com ela, em vez do contrĂĄrio. "e por quĂȘ tem a expectativa de que eu seja tĂŁo sĂĄbia sobre as coisas ao ponto de se insultar?" se pausou, agora procurava o encarar diretamente. "eu nĂŁo tinha como imaginar que vocĂȘ ainda lembrava.... sua vida mudou. vocĂȘ seguiu... outros rumos." ali estava a verdade oculta, que ela sabia mais sobre ele do que o contrĂĄrio. porque se mantivera atualizada.
"nĂŁo seja dramĂĄtico." e mais uma vez, desviava, olhando para a saia do vestido e fingindo subitamente ter algo para consertar nesta. era como a maneira implĂ­cita de pronunciar que sim, era mĂștuo. mas nada seria entregue de graça ali, como pedaços de um enigma a ser descoberto. ela nĂŁo tornava nada fĂĄcil. "fifteen years indeed." assentiu, voltando a olhar a paisagem a frente deles. "nĂŁo mudaram muitas coisas para mim. exceto que... sou dirigente agora. mas vocĂȘ deveria saber disso, khajol. ou nĂŁo procura saber quem dirige as forças militares que o protegem?"
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Desde o momento em que seu olhar encontrou a figura de Aether, ele não se deteve sobre qualquer outra coisa além dela. O tempo parecia ter sido generoso, quase não a havia mudado, e talvez fosse exatamente por isso que o coração de Taeron repentinamente batia de maneira diferente, revivendo memórias de mais de quinze anos atrås. Inevitavelmente, sentiu-se culpado pelo pequeno sorriso que se estampava em seus låbios, aquele que estava ali por causa dela.
A curiosidade o queimava por dentro—queria saber sobre sua vida, tudo o que havia acontecido desde entĂŁo, apenas ouvir sua voz contando sobre os anos que passaram. Mas ele conhecia Aether. Sabia que nĂŁo seria tĂŁo simples assim. Assentiu ao ouvir sua resposta, ainda absorvendo a estranheza daquele encontro. "Bem, sinto muito pelo incĂȘndio. Espero que esteja tendo um tempo formidĂĄvel aqui em Hexwood," disse, mantendo seu tom cuidadosamente neutro. "É certamente um prazer vĂȘ-la novamente." Resolveu nĂŁo perguntar mais nada. Algo na expressĂŁo dela o fazia sentir que havia um descontentamento relacionado a ele, embora nĂŁo soubesse exatamente o motivo.
"Eu visitaria sua sala, se soubesse onde estava... ou esteve," comentou, recostando-se contra a sacada. "Mas esse tambĂ©m Ă© um privilĂ©gio que nĂŁo tive." Seu corpo estava mais enrijecido agora, a tensĂŁo se acumulando nos mĂșsculos, como se aquele reencontro o fizesse reviver todas as versĂ”es do passado que ele tentava enterrar.
Taeron ficou calado por longos segundos após a sentença de Aether, os olhos vagando para além da sacada enquanto sua mente se enredava em lembranças. Lembranças da própria juventude. Das pessoas que um dia haviam sido.
"Sempre discordamos de muito mas nĂŁo achei que lhe faltava discernimento atĂ© hoje, Aether," murmurou, a voz carregada de algo quase ferido, mas disfarçado em ironia. "Suas deduçÔes sĂŁo quase um insulto." Independente do tempo, todas as pessoas que passaram por sua vida lhe eram importantes, atĂ© mesmo aquelas que mais o magoaram—como seus pais. Taeron sempre carregou um coração grande demais para seu prĂłprio bem, e dentro dele, muito mais fantasmas do que qualquer um poderia imaginar.
Passou a lĂ­ngua pelos lĂĄbios, umedecendo-os enquanto ponderava sobre como tudo era mutĂĄvel. "Se vocĂȘ nĂŁo significasse tanto, nĂŁo teria sido parte da minha vida." Sua voz era baixa, mas firme. "Fico feliz em vĂȘ-la, mesmo que o sentimento nĂŁo seja mĂștuo. NĂŁo precisa ser." Deu um meio sorriso, melancĂłlico, mas sincero. "Espero que tudo esteja bem... que loucura." Ele soltou um suspiro, balançando a cabeça levemente antes de acrescentar. "I would honestly love to catch up. How long has it been? Fifteen years?"
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