Dia frio.
Eu, cansado e sóbrio demais, procurava lugar vago no ônibus onde pudesse fechar-me em mim.
Foi quando te vi. Do lado, um banco vazio.
Desde o início era para ser você.
Quando meus olhos te viram, estremeci. Fiquei sem ar, sem fala.
Você se afastou cedendo-me espaço, invadindo todos os meus espaços.
Enquanto me olhavas firmemente e falavas coisas inteligíveis, só conseguia fitar teus lábios e imaginar-me perdido neles.
O som de tua voz me inebriava: falavas algo entre arte e poesia.
Eras um ser de muitas bagagens e livros.
Sorrimos.
Respirava tão perto que pude beber teu hálito, sentir teu perfume.
Segurei teu livro, e de repente foste embora, era a tua parada.
Nem nos apresentamos.
Não trocamos telefones.
Não sei quem és.
Fiquei com teu livro nas mãos.
Por muitos dias peguei mesma condução para ver-te.
Nunca mais.
Nenhuma pista.
Vou deixar teu livro no assento onde nada assentimos.
E, quem o encontrar,
há de ler a história de um amor que só houve em mim.
>O colecionador de lágrimas . Augusto Cury
>Enviada por Rakel Kieff (encontrada no ônibus)
>Ela conta: Encontrei o livro numa tarde, no assento de um ônibus que eu raramente pego. Não havia ninguém por perto. Abri imediatamente para ver se tinha algum nome, endereço, e me deparei com essa carta?dedicatória? Até suspirei e desejei encontrar os personagens dessa desventura. Li o livro, é maravilhoso. Acho que devo colocá-lo onde o encontrei…
Às vezes somos intensamente amados e nem sabemos disso…
Alguém, por favor! Me ame assim…
118 notes
·
View notes