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Quais são as diferenças e semelhanças entre as transmissões esportivas?
Ao longo dos anos, surgiram vários meios de assistir aos jogos: Felipe Fortunato apresenta em seu TCC uma análise comparativa entre eles
Jogo entre Ceará e São Paulo pelas Quartas de Final da Copa Sul-americana - Foto: Daniel Carvalho / Reprodução: Instagram
Acompanhar jogos de futebol faz parte da vida dos brasileiros há décadas. Esperar o dia de ver o time do coração em campo é a rotina de muitos, mas nem sempre as transmissões foram como hoje.
No último mês, o Brasil viu o streamer Casimiro Miguel transmitir, de um jeito descontraído, a Copa do Mundo gratuitamente e bater recordes mundiais de visualizações no Youtube mundial.
Ainda, a Rede Globo esteve presente veiculando todos os jogos pelos canais Sportv e Globo, para os que preferem a tradicional narração, e a conhecida Rádio Itatiaia transmitiu para os amantes da empolgação do rádio.
Diante de toda essa diversidade, Felipe Fortunato de Melo, egresso do curso de Jornalismo na Universidade Federal de Uberlândia, buscou em seu TCC, “Apita o árbitro, bola em jogo”, analisar as diversas formas de transmissão de jogos de futebol no país.
O jornalista contou em entrevista que sempre gostou muito de esporte e de rádio, portanto, ao notar que o streaming esportivo vinha crescendo no país, decidiu pesquisar e comparar os três tipos de transmissão: rádio, televisão e streaming.
Anos atrás, o rádio era uma forma importante de os torcedores acompanharem os jogos, com a narração lance a lance normalmente animada pelo narrador. Porém, com o surgimento e popularização de aparelhos capazes de transmitir gráficos e imagens, perdeu um pouco seu destaque, abrindo espaço para as transmissões de televisão.
Os streamings, herdando diversas características das transmissões via emissoras de rádio e televisivas, passaram a ganhar espaço com narrações e comentários mais livres, definindo sua estrutura própria.
A fim de conhecer e entender melhor as semelhanças e diferenças entre essas três vias de transmissão esportiva, Felipe analisou 12 partidas de futebol, utilizando comparações e descrições das características de cada meio.
Ele acredita que sua pesquisa pode ser importante para quem deseja conhecer mais sobre o assunto. “Percebi que são poucos os trabalhos sobre estes temas e principalmente sobre o streaming esportivo”, nos disse o ex-aluno da UFU.
Rádio
Foram analisadas quatro transmissões de emissoras de rádio, sendo elas Rádio Bandeirantes, Rádio Jovem Pan, Rádio Energia97 e Rádio Rede Globo. A primeira semelhança notável foi o fato de os jogos não serem transmitidos exclusivamente por rádio, mas também pela plataforma Youtube.
A partir dos dados analisados, foi possível perceber que duas emissoras utilizaram dois repórteres para a partida, cada um cobrindo uma equipe, enquanto outras duas rádios utilizaram apenas um, que foi responsável por informações de ambas as equipes.
Além disso, a Energia97 possuía uma mulher em sua equipe, assim como também foi a única a interagir com os ouvintes, que ligavam ou mandavam gravações de áudio para a emissora.
Vale citar também as várias semelhanças entre as quatro transmissões, como a presença do pré-jogo, as propagandas e anúncios na tela do YouTube e mencionados ao decorrer da narração, os intervalos sem os narradores e o padrão de narração lance-a-lance durante o jogo.
Televisão
Dentro das transmissões via televisão foram analisados três canais pagos, Premiere, ESPN Brasil e Sportv, e um canal gratuito, a Rede Globo. Ao contrário das rádios, foram encontradas muitas diferenças entre os quatro canais analisados.
A começar pela equipe, o Sportv apresentou uma equipe formada quase completamente por mulheres e, assim como a Rede Globo, utilizou dois repórteres, enquanto o Premiere utilizou apenas um e a ESPN, nenhum.
O pré-jogo foi presente em apenas três transmissões e as propagandas foram apresentadas em metade da tela no caso do Premiere e da Rede Globo, em um canto da tela na ESPN e apenas durante o intervalo no Sportv.
Em relação às semelhanças, todas exibiram propagandas e comentários sobre o jogo durante o intervalo, além de terem pouca interação com os telespectadores.
Streaming
Das quatro transmissões analisadas, duas foram realizadas pelo Facebook e duas pelo canal DAZN, que apresentou um pré-jogo curto e uma partida sem propagandas. Ao contrário do Facebook, no qual o pré-jogo era mais longo e a transmissão apresentava diversas propagandas.
Houve também uma interação maior com o público, com os tweets dos torcedores aparecendo na tela e, no caso do Facebook, enquetes interativas. A linguagem utilizada nas transmissões também era diferente nos dois casos, com a DAZN sendo mais próxima da narração tradicional da televisão, enquanto no Facebook era animada e empolgada como a do rádio.
É interessante observar, a partir do TCC de Felipe, como o rádio, a primeira forma de transmitir jogos no país, influenciou todas as outras que vieram a seguir. Por exemplo, tanto a televisão quanto o streaming herdaram o emocionante e prolongado grito de gol, que surgiu na década de 30 com o radialista Rebello Júnior e, a partir disso, desenvolveram suas próprias características com tendências mais tradicionais ou descontraídas.
A produção do trabalho inicialmente foi desafiadora, mas Felipe afirma que: “Durante a escrita fui percebendo que o trabalho estava ficando da maneira que eu desejava, então isso foi animador até o final de todo o processo”.
Ficou curioso para saber mais? Acesse o TCC de Felipe Fortunato: Apita o árbitro, bola em jogo: uma análise comparativa das transmissões via rádio, televisão e streaming.
Por: Aléxia Vilela, Giulia Brandolezi, Greicy Kelly, Kathleen Cristina, Luana Martinez e Sarah Doralice.
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As relações na Era da Tecnologia
Aléxia Vilela e Giulia Brandolezi
Foto: iStock
Desde os anos 70, a tecnologia caminha a passos largos melhorando significativamente a forma como o ser humano se relaciona com a natureza. Além disso, as inovações contribuíram para as transformações das relações entre as pessoas na sociedade, como o surgimento dos namoros online.
Segundo Nicolau Sevcenko, um importante historiador brasileiro, a chegada das novas tecnologias abriu a possibilidade de manter relações interpessoais de forma mais simples.
Mas até quando as conexões virtuais são benéficas às pessoas?
O fenômeno das redes sociais
Sevcenko afirma que na sociedade não há mais tempo para desenvolver conversas profundas e, por isso, as pessoas buscam formas práticas de se conhecerem.
Nesse sentido, surgem as redes sociais. A SixDegrees, criada em 1997, é considerada a primeira rede a permitir que o usuário se conectasse com diferentes indivíduos pelo mundo. Não era possível enviar fotos e vídeos, mas a intenção do projeto de uma comunicação simples, rápida e sem fronteiras permanece até hoje.
As redes surgiram a partir da emergência de facilitar o modo como as pessoas se relacionavam. Em um mundo que a tecnologia evoluía tão rápido não era possível esperar dias por uma carta ou fazer várias ligações para obter uma informação, o mundo precisava do imediatismo.
Em 2022, é difícil encontrar uma pessoa que não tenha uma rede social. No Brasil esse número vem crescendo expressivamente todos os anos, como mostrado no gráfico:
Com as pessoas mais ativas na internet, a frequência de conversas online também cresceu. Essas novas relações permitem contato com quaisquer pessoas do mundo, mas é possível conhecer alguém só por fotos e vídeos?
Essa é a história de Lucas Jansen, 24 anos, natural de Resende no estado do Rio de Janeiro e sua noiva Stefanie Ferreira, de Porto Alegre - RS.
“Nos seguimos no Twitter por torcermos para um time em comum de futebol americano [...]. No dia 30 de dezembro de 2021, ela me enviou uma mensagem para dizer que meu cabelo era bonito e aí começamos a conversar todos os dias desde então. “
O primeiro contato nos filmes, em que os livros caem no corredor da escola e a pessoa não consegue falar um oi, é um pouco diferente online. Como no caso de Lucas foi necessário um interesse em comum, um cabelo bonito e uma rede social, bem mais real que a magia inventada na ficção.
Para ele, o encontro pessoalmente não foi importante inicialmente, pois “com o tempo nossa relação foi aumentando e nosso coração começou a ser do outro.”
1.400 km foi o que separou os dois por 4 meses. Durante esse tempo a relação entre os dois foi se desenvolvendo e "tudo foi muito fácil e sincero, quando me dei conta já estava entregue a Stefanie.”
A respeito da pergunta se é possível conhecer alguém pela internet, Lucas afirma: “Quando nos encontramos pela primeira vez foi como se eu estivesse de frente com uma pessoa que eu via todos os dias.”
“Nos víamos por redes sociais de fotos e vídeos, nos falamos por rede social de mensagens e compartilhamos um pouco de nós em outra rede social.”
No livro "A corrida para o século XXI", Sevcenko escreve que as novas comunicações são baseadas em símbolos exteriores. Hoje em dia o importante é o potencial da pessoa em cativar e atrair a outra, não mais pelas qualidades humanas, mas pela forma que ela se exibe socialmente.
Essas relações exteriores estão, por exemplo, no Instagram, onde o feed mais bonito é o mais seguido. Também no Tinder, em que você precisa ter a melhor foto e descrição para poder ser curtido e conversar com alguém.
Você não é mais visto pelo que é.
Em uma sociedade que não se procura mais conhecer as pessoas pelo que elas são, como confiar em alguém pelo que mostra em uma rede social?
Nem sempre a pessoa do outro lado da tela é verdadeira e o final feliz como de Lucas e Stefanie é interrompido.
O Tinder e suas histórias
Na sociedade atual, é muito difícil achar pessoas que realmente querem se aprofundar em algo, normalmente relações rasas bastam. Não é mais importante conhecer alguém profundamente e desenvolver uma conexão, basta apenas se interessar por algo visto em uma foto bem-posicionada e em uma legenda elaborada.
Mas quem garante que aquela foto retrata a realidade?
Veja um exemplo dos casos mais corriqueiros: uma moça baixa o aplicativo de namoro para conhecer alguém. Ela se interessa pela foto de um rapaz que em um primeiro momento parece atraente, frequenta lugares caros e possui um carro. Somente isso é o suficiente para ela querer marcar um encontro com ele. Chegando no local do encontro, o rapaz não é o mesmo cara da foto, não possui o mesmo carro e pede para ela pagar a conta. Esse acontecimento foi exposto no Tik Tok por Laura Carpes, a partir de um relato que uma seguidora mandou sobre sua experiência de namoro virtual
Mas esse não é o pior caso ou o mais perigoso. De acordo com dados da Secretaria Pública de São Paulo, divulgados pela BBC NEWS, 9 a cada 10 sequestros em São Paulo são golpes do Tinder. A Polícia Civil esclareceu 94 ocorrências desse tipo, prendeu 251 suspeitos e apreendeu 9 adolescentes.
Novamente a mesma história. Chamam a atenção de uma moça com seus carros caros e restaurantes legais. Quando marcam a data do encontro, tentam sequestrar e em alguns casos estuprar a moça.
Sociedade das aparências
Foto: WEB
Como visto anteriormente, a sociedade considera mais o que é visto, do que a essência. O filósofo Allan Watts, explica que a felicidade das pessoas depende daquilo que podem comprar e ostentar. Um mundo de aparências onde você se define pelos bens materiais que tem.
A pessoa é o que ela tem e consome. A ostentação é uma forma de se autopromover na sociedade.
Muitas pessoas tendem a se basear no que veem na internet, sem ao menos considerar a verdadeira realidade do que está por trás dos celulares. Isso pode acabar gerando uma ansiedade pelo falso sentimento de nunca conseguir conquistar aquilo que é postado. Mas aquele algo às vezes nem existe, apenas é mostrado como uma verdade maquiada.
“Conhecia uma menina que era muito crente nas redes sociais, sempre postava fotos e vídeos na igreja, ajudando os outros e parecia ser uma pessoa do bem. Porém, esses dias recebi a notícia de alguns parentes, que essa mesma menina ofendeu uma atendente de supermercado, pensei na hora, cadê aquela pessoa do bem que sempre mostrava ser uma boa pessoa nas redes sociais?”. Esse é o relato do rio-pretense de 20 anos, José Eduardo.
Uma forma negativa de enxergar essa nova relação tecnologia interpessoal é analisar que as pessoas estão mantendo relações rasas e quando tentam se aprofundar podem ser enganadas porque o outro pode escolher o que te contar sobre si mesmo.
Uma pessoa que não quis se identificar contou sua experiência em uma relação online em 2022: “Conheci uma menina no Tinder que se identificava por Isadora, começamos a conversar e ela nunca dava sinais de que não era a pessoa da foto. Até que começou a nunca aceitar ligações de vídeo, algo bem estranho. Ela vivia a vida como se fosse a garota da foto, tinha todas as redes sociais e postava várias fotos. Até que um dia, depois de 7 meses, descobri que o perfil era falso e encontrei o perfil da pessoa original, era uma blogueira, por isso que tinha tantas fotos dela”
As pessoas não se importam em se mostrar e ao viver de aparências deixam de valorizar quem são de verdade.
Nicolau Sevcenko, em 2001, afirmou que os novos fatores, influenciados pelas tecnologias, iriam provocar mudanças na sensibilidade e nas percepções sensoriais das populações. Em 2022, já é possível percebê-las na forma como as pessoas se comunicam e criam relações.
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