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݁ 𝐛𝐫𝐨𝐤𝐞𝐧 𝘱𝘳𝘰𝘮𝘪𝘴𝘦𝘴 ۪
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i'm lost in these memories, living behind my own illusion. lost all my dignity, living inside my own confusion.
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twcfaced · 4 hours ago
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Elewen encantava-se pelo intercâmbio cultural que a presença dos changelings no castelo proporcionava, uma oportunidade que incitava ainda mais sua curiosidade já tão aguçada. Embora desejasse que algumas circunstâncias fossem diferentes para tornar esta imersão possível, eram evidentes os impactos positivos que aquele convívio já provocava e tinha fortes esperanças nos frutos que seriam gerados a partir da convergência. Lúcidas, as observações feitas pelo rapaz foram pertinentes, de modo a lhe dar mais um vislumbre da perspectiva dos meio-feéricos ao que acontecia. ── É claro que teria pompa, trata-se de uma cerimônia khajol! Nós vivemos de aparência. ── Retribuiu a honestidade com seu comentário, rindo dele com leveza. Fazer parte daquela realidade não a impedia de reconhecer seus defeitos, principalmente aqueles que eram tão óbvios. Também não via problemas em expressar suas críticas, apesar de seu título, pois acreditava que a sinceridade era valiosa. Salvo a exceção de alguns segredos necessários, é claro. ── Mas é mesmo curioso acompanhar como essa fusão tem se desenrolado. ── Sem saber o que esperar de um casamento como aquele, se surpreendia positivamente com a união dos ritos e culturas. ── Existe algum dos nossos costumes que tenha lhe agradado mais? ── Insistia com seus questionamentos, demonstrando seu genuíno interesse em conhecê-lo melhor.
Perceber que o interesse parecia mútuo preservou o sorriso presente em seus lábios. Sempre seria um afago em seu coração ter suas abordagens bem recebidas pelos visitantes. ── Sim, muito! Acho o vínculo entre vocês e os dragões especialmente intrigante, embora entenda o esforço e o sacrifício que demanda domá-los na dimensão de Erianhood. ── Aquela era apenas uma fração do que buscava aprender sobre os changelings. Com uma breve pausa, assumiu um pouco mais de seriedade antes de prosseguir. ── Também acho importante estar a par de todos os desafios que enfrentam durante suas trajetórias. ── Não era necessário entrar em detalhes, já que as marcas destas contrariedades eram carregadas por cada um deles. A importância deste conhecimento era reconhecer e valorizar todo o sacrifício que faziam em prol da segurança de todos ali. Tão rápido quanto surgiu, a seriedade deu espaço para a espontaneidade. ── Mas, para ser honesta, eu tenho curiosidade a respeito de tudo. Gostaria de ter o tempo hábil e a capacidade de aprender tudo que há para aprender sobre o mundo, e o que existe fora dele também. ── Soprou um riso mudo. Maior que sua curiosidade e desejo por conhecimento, era apenas sua capacidade de falar pelos cotovelos.
Com o convite informal, firmou o compromisso ao aceitá-lo com um aceno afirmativo de cabeça. ── Seria uma honra estar presente. ── Voltando o olhar para o ramo que delicadamente se projetava do bolso do paletó, rapidamente identificou suas flores. ── Lavanda… Durante a juventude as evitava como quem foge da própria morte, simplesmente por ser o aroma favorito do meu irmão, o que significava tê-lo impregnado em cada cômodo que visitava. ── As lembranças evocavam mais doces risadas. ── Mas agora o entendo como uma lembrança afetuosa de Vincent. ── Para o restante de sua vida se recordaria do mais velho ao se deparar com aquele cheiro específico. ── Aliás, você já foi apresentado a ele? ── A questão era feita com certo receio, uma vez que o rapaz era conhecido por não demonstrar a mesma gentileza ou aceitação para com os changelings. Estreitando o olhar que se fixava nas feições de outrem, uma reminiscência turva pareceu se despertar em sua mente. Recordava-se de tê-lo visto pelos corredores do castelo antes, durante uma de suas noites de fuga como Roderic. Curiosamente, nesta memória, estava na companhia de Vincent.
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   Pesou o tom de voz por ela empregado, o catalogando mentalmente em comparação com os demais Essaex com quem já tinha interagido. Elewen lhe parecia gentil–diferente do tom afiado de Vincent, do nariz em pé de Aleera, e do pragmatismo do Imperador. Ainda não sabia dizer se era um ato calculado para a corte ou se era quem a loira era de verdade, mas a atitude lhe parecia genuína em um primeiro momento. Era um bom sinal que ela falasse com tanta positividade sobre a união entre uma khajol e um changeling–se o seu futuro e o do príncipe estavam entrelaçados, seria bom que tivessem aliados na família real que o pudessem ajudar a tornar possível. ❛ Eu acho as diferenças muito curiosas. Uniões khajols parecem ter mais pompa e circunstância que as dos changelings. Admito que eu esperava ver menos da nossa cultura. ❜ Aquela era a maneira mais educada que encontrou para dizer que achava que o casamento seguiria apenas os ritos da nobreza, por muito que tivesse sido posado como uma união entre iguais. A surpresa lhe era bem-vinda. ❛ Talvez minha visão esteja ultrapassada, já agora que há espaço para que nossos povos convivam em harmonia. ❜
   Havia algo de ingênuo na maneira com que a princesa focou nos aspectos mais românticos das tradições dos meio-feéricos. Cínico que era, semanas antes a teria julgado, mas se pegou aquiescendo ao imaginar o laranja do pôr-do-sol tingindo os cachos de Vincent. Se voltou para Elewen, inclinando a cabeça ao fitá-la enquanto decidia se devia ou não dar voz à própria curiosidade. Ao medir as chances de que ela o mandasse executar, decidiu que eram baixas o suficiente para se arriscar. ❛ Você sempre teve interesse na cultura changeling? ❜ A pergunta era pessoal e um tanto invasiva, mas não carregava julgamento; foi o uso dela da palavra 'sempre' que a evocou. Havia interesse genuíno no questionamento, quiçá por estar surpreso com a visão positiva por ela expressada. A maioria dos nobres não parecia pensar em seu povo como mais do que armas, mas a princesa parecia os enxergar como gente. Talvez o otimismo por ela demonstrado fosse contagioso, pois também queria acreditar que o convívio pacífico fosse possível, e que os khajols pudessem aprender a respeitá-los como iguais. A risada que dela arrancou o fez sorrir de modo cortês em retorno, e a explicação dada à presença das sacerdotisas só fez solidificar a própria interpretação. Ao ouvi-la perguntar se tinha sido presenteado com uma flor, indicou o ramo de lavanda que agora adornava o bolso de seu paletó. Duvidava que ela o fosse associar ao perfume do irmão. ❛ Aparentemente eu serei o próximo a me casar–prometo estender um convite se for o caso, assim vossa alteza pode ver o que é uma festa changeling de verdade. ❜
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twcfaced · 4 hours ago
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A afirmação feita pela outra apenas reforçava a ideia que expressava, por isso assentiu, concordando com um murmúrio baixo. ── Pode ser... ── Contemplando o assunto, mais uma vez voltou o olhar para o homem que se escondia, vendo um sorriso singelo voltar a nascer nos lábios. ── É curioso pensar como são as mulheres quem mais têm a perder com um casamento, e ainda assim, são os homens que mais o temem. ── O adjetivo usado não traduzia com exatidão o que pensava sobre a hipocrisia daquele raciocínio enraizado na sociedade, mas era o mais adequado durante aquela conversa. Respeitando a crença alheia, novamente anuiu com a cabeça. ── Trata-se apenas de uma brincadeira, e independe de sua fé. Considera apenas a beleza de ser presenteada com uma flor. ── Não gostaria que nenhum dos meio-feéricos se sentisse pressionado por um costume tão inocente, uma dinâmica criada apenas para divertir os convidados durante a cerimônia. Um suspiro deixou sua boca ao refletir sobre a questão complexa, tentando condensar sua ideia de convite tentador. ── Qualquer proposta que me beneficiasse de alguma forma, que não significasse um contrato com um futuro fadado a uma vida de desamparo. A ideia de me casar por amor me parece cada vez mais inalcançável, então não descarto a possibilidade de apenas encontrar um bom homem disposto a me oferecer o que eu procuro. Também iria tratá-lo com a mesma consideração e cuidado, é claro. ── Seria uma via de mão dupla, onde o respeito necessariamente seria mútuo, uma condição indiscutível. Agora foi a vez de focar a atenção nos noivos, sendo guiada a uma fantasia breve, onde se observava unir laços com um dos membros de Wülfhere. Por algum motivo ainda desconhecido, a ideia a fazia sorrir. ── Eu nunca sei o que esperar do meu pai. Mas, se ele acredita realmente na união entre os povos ou deseja apenas convencer a todos desta narrativa, acredito que não se importaria de me ver casando com um changeling. ── O que lhe restava era dar de ombros, pois jamais encontraria uma resposta correta para a dúvida. E, sucintamente, a declaração de Priya expressou um sentimento que parecia universal. ── Acho que, no fim das contas, é o que a maioria procura: a pessoa ideal.
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A ideia de que Elewen já estivera atada a promessa de um enlace encheu Priya de curiosidade. Ela não estava casada, então como havia escapado? Havia também uma pequena fagulha de alerta que a fazia querer saber mais sobre os matrimônios khajol. Muitas das coisas ali eram diferentes das quais estava acostumada e embora pouco curiosa sobre a outra classe, viu-se querendo saber mais. "Pode ser o fim da linha para as mulheres também." A voz saiu amarga sem querer, recordando-se de que a mão havia falecido no parto. Não tinha grandes problemas com a ausência da figura, mas a ideia de uma mulher perecer ao trazer outra vida ao mundo parecia assustadora. "Não quero subir em altar nenhum. Não acredito em Vênus." Também não gosto dela, queria completar, mas não podia arriscar; já era casual demais com uma princesa, não queria também ofender a fé dela. Estar na mira de uma deusa do amor e suas sacerdotisas parecia terrível. "O que você consideraria uma proposta tentadora? Imagino que seja bem exigente, porque é uma princesa." Não conseguia pensar no que alguém do status dela poderia considerar tentador, porque todas as outras pessoas estariam abaixo dela. Não tinha como competir com o título de uma princesa, filha do imperador, prole da própria imperatriz. "Acha que seu pai aceitaria caso fosse você a subir no altar assim?" Indicou os noivos, pensando se o imperador queria promover a igualdade apenas para outros ou se também acetaria algo assim na família. "Quanto a mim... não sou oposta a ideia, mas tenho problemas a resolver antes. Também devo achar alguém adequado, um guerreiro bom e ambicioso como eu." Tinha medo de ser apenas vendida ou trocada como uma qualquer, portanto tinha bem em mente o que queria.
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twcfaced · 4 days ago
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Enquanto atravessava o salão em direção aos casais que já rodopiavam pela pista, Elewen sequer considerava os olhares curiosos que pudessem estranhar aquela inesperada parceria. Pouco lhe importava o que imaginariam ou que conclusões tirariam a partir daquela cena. Sempre inclinada às alegrias simples da vida, a princesa se deixava guiar pelo encanto da dança, pelo fascínio dos costumes feéricos e, acima de tudo, pelo prazer de compartilhar aquele momento com Sylas. Para ela, isso bastava. No entanto, uma inquietação pairava à margem de sua felicidade, ameaçando macular a beleza daquele instante: a possibilidade de Viktor estar entre os observadores mal-intencionados. O simples ato de cogitar a presença daquela figura nefasta na cerimônia era o bastante para envenenar seu ânimo. Mas entendia que, se o rapaz se mostrava tão leve e confiante a ponto de convidá-la para dançar, então só podia significar que estava livre das garras opressoras do terrível khajol que o mantinha sob seu controle.
Assim que parou diante do montador e seus olhos encontraram os dele, observando neles toda a segurança que buscava em um par, se tornou mais fácil ignorar qualquer fator externo que ameaçasse estragar sua animação. Nem mesmo se atrevia a olhar para os lados com a intenção de copiar os movimentos alheios, escolhendo confiar na condução de quem já estava habituado àquela valsa. A postura espontaneamente se ajustou quando repousou a mão livre sobre o ombro do rapaz, sentindo o próprio peito inflar com um entusiasmo crescente. Investindo toda sua confiança nas orientações passadas por Sylas, ameaçou fechar os olhos para que a melodia que a envolvia fosse melhor absorvida e guiasse seus movimentos, até ser surpreendida pela mordacidade da brincadeira a respeito de sua forma animal. Com um sorriso radiante brotando nos lábios rosados, ela soltou uma risada leve, inclinando a cabeça de modo sutil, como se saboreasse o momento aprazível. ── Seu pé? Acho que deveria me atentar mais à sua língua afiada, isso sim. ── Não havia qualquer traço de repreensão em seu tom, apenas o brilho de quem apreciava um raciocínio rápido e a franqueza na forma como era tratada, sem formalidades excessivas. Por um breve instante, sentiu-se transportada aos encontros furtivos que tivera com ele sob a proteção de seu alter ego, mas sem precisar esconder quem realmente era.
Adicionando o detalhe da fogueira à coleção de informações que reunia sobre os rituais nupciais changelings — elementos deixados de lado naquela cerimônia específica — Elewen suspirou, um misto de pesar e encantamento transparecendo em seu semblante. ── É claro que vocês dançam ao redor de uma fogueira! ── Murmurou, a incredulidade marcando suas palavras enquanto balançava a cabeça em negação. Temendo que sua reação fosse mal interpretada, apressou-se em esclarecer seus pensamentos. ── Cada particularidade que aprendo sobre o costume de matrimônio entre vocês me faz querer fugir para invadir um casamento changeling como penetra. Tudo parece tão sublime, profundo e envolvente… ── Um brilho genuíno ascendia aos olhos. Ainda que se mantivesse fiel aos costumes dos feiticeiros, pela primeira vez desejava que eles não tivessem sido impostos naquela ocasião.
Logo descobria que o segredo para a naturalidade de seus passos não estava em se perder na melodia envolvente que preenchia o templo, mas sim na leveza da conversa que mantinha com o rapaz. Sob sua condução e imersa no diálogo, rodopiava com fluidez, integrando-se à sinfonia harmoniosa dos dançarinos que abrilhantavam a festividade. Sentia-se tão à vontade que, sem perceber, sua mão deslizava até o alto das costas de outrem, com os pés de ambos em perfeita sintonia, alternando os movimentos sem jamais se chocarem. Foi com felicidade que confirmou a boa índole do noivo. ── Alguns destes frequentadores mais assíduos das tavernas podem ser tão invasivos e inconvenientes que merecem mesmo alguns tabefes para se colocarem no lugar. ── Depois de se deparar com alguns deles durante suas escapadas noturnas, secretamente felicitava Devet por ter realizado algo que Roderic nunca foi capaz de fazer. Percebendo o deslize que cometia ao revelar um conhecimento obtido em circunstâncias questionáveis, tratou de se corrigir. ── Pelo menos é o que eu ouço por aí. ── Deslizando um pouco mais para perto, ofereceu um de seus sorrisos encantadores como distração. Por fim, suavizou a brincadeira com sinceridade. ── Mas fico feliz que seja um homem decente. Desejo ao casal uma história longa e repleta de felicidade.
A questão levantada por ele pareceu causar confusão, fazendo com que seu cenho se franzisse em um reflexo involuntário. ── Não parecia? ── Perguntou, não por se sentir invadida, mas por concluir que talvez Sylas tivesse observado algo que nem mesmo ela havia notado em si. Tomou um instante para avaliar seus próprios sentimentos recentes, descendo o olhar para os detalhes bordados no colarinho das vestes alheias, perdida demais em pensamentos para realmente absorver sua beleza como pretendia. ── Enquanto me arrumava para vir até aqui, meu coração palpitava de expectativa pelo casamento. Até poucos meses atrás, jamais imaginaria ter a oportunidade de presenciar a bênção sobre uma união entre khajols e changelings, e meu lado esperançoso vibrava com a chance de viver um momento tão especial. ── Sua voz assumiu um tom contemplativo enquanto refletia em voz alta, convidando-o a acompanhá-la em sua linha de raciocínio. Aos poucos, ergueu o olhar até encontrar o dele novamente. ── Mas, inevitavelmente, a realidade encontra um jeito de nos arrancar do mundo da fantasia, não é mesmo? E ao chegar aqui, me deparei com olhares desconfiados e rostos amargos, como se houvesse um sombra espreitando a cerimônia. E conforme conversava com os convidados, percebi que as motivações de cada um eram genuínas o suficiente para minar meu entusiasmo infantil. Acho que foi isso que acabou me afetando.  ── Chegando a essa conclusão, anuiu suavemente com a cabeça, e um sorriso pesaroso desenhou-se em seus lábios. Ainda assim, o brilho afetuoso em seus olhos ao fitá-lo destoava da melancolia da expressão. Logo o montador se arrependeria de conceder a ela a oportunidade de abrir seu coração, pois tinha o hábito de falar demais. ── Você foi o primeiro a me tirar para dançar e a me fazer rir de verdade. Parece até que o casamento só começou agora pra mim. ── Falava com gratidão, sempre preferindo encerrar suas palavras em uma nota positiva. ── E quanto a você? O que tem achado da cerimônia? Não precisa medir as palavras por minha causa, sei que vivemos em uma realidade bem distante da ideal. ──  Queria que ele se sentisse à vontade para ser sincero, sem a necessidade de amenizar suas impressões apenas para preservar seu ânimo. Aquela não era exatamente a indagação que pretendia fazer, mas parecia inapropriado questionar a veracidade da união que comemoravam.
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Sylas ergueu uma das sobrancelhas em resposta a brincadeira, sua curiosidade transparente, embora não tenha a questionado a respeito da cauda. Aquela parecia ser outra habilidade muito conveniente. A vida secreta da Princesa podia ser uma teia de mentiras um tanto desagradáveis à primeira vista, mas também revelava algo fundamental sobre ela: seu desejo pela vida além das sufocantes paredes do castelo. Era onde os dois se encontravam, de certa forma. Entendia o desejo por experimentar uma vida diferente, e era natural dos unseelies incentivar a liberdade. A mão estendida para ela era um convite ousado para cruzar os limites que sua posição naturalmente impunha e experimentar a dança calorosa dos changelings em meio a elegância monótona dos nobres que escolheram apenas assistir de longe, como já faziam quando fora dali. Não sabia até onde ela separava as coisas, se tinha a coragem necessária para tratá-lo da mesma forma que com o alter ego. Em sua experiência, as pessoas tendiam a mudar subitamente de lado quando estavam na mira do julgamento alheio, ao ponto que se acostumou a esperar por isso, e inevitavelmente mantinha a guarda alta para a Princesa. Os lábios de Sylas se curvaram num leve sorriso ao ver o modo como o rosto da loira se iluminou quando aceitou o convite, calando seus receios. Nessas horas, Elewen lhe parecia um passarinho na segurança de uma gaiola bonita; uma criatura obviamente feita para voar. A conduziu entre os outros casais sem pressa, tentando ignorar a compreensão esmagadora de que estava tirando uma princesa para dançar em público. Esse ainda era um detalhe difícil de ignorar.
──  Não se preocupe. É mais simples do que parece  ──  Se colocou na frente de Elewen, segurando sua mão no alto com graça, como os outros ao redor estavam fazendo. Seu olhar era tranquilo e seguro, passando a mensagem silenciosa de que não havia necessidade de se preocupar com isso quando estava nas mãos dele. Havia, é claro, um padrão a se seguir para fazer a roda de pessoas girar como planetas em órbita no sistema solar, mas os movimentos não eram conduzidos pela mesma normas robótica e inflexíveis das danças dos nobres, e portanto era mais fácil de se deixar ser conduzido pelo ritmo da dança depois da estranheza inicial.  ──  A música precisa ser sentida. Só tente não pisar no meu pé, se possível, e em troca eu tento não pisar na sua cauda caso ela apareça.  ──  Se permitiu brincar um pouquinho, o vislumbre de um sorriso sutil erguido no canto dos lábios por um breve momento. A conduzia num movimento rotatório, como se o eixo fosse o centro deles, onde suas mãos se encontravam. O olhar se mantinha preso ao dela, a mão livre posicionada nas costas; certamente mais comportado que os outros ao redor.  ──  Normalmente essa dança acontece ao redor de uma fogueira…  ──  A informou apenas porque sabia que a loira era curiosa, achando uma pena que ela não estivesse vendo a cerimônia tradicional dos feéricos, mas sim aquela versão diluída e misturada dela, onde não cabia muito da natureza. Inesperadamente, Elewen foi direta em mostrar o interesse em sua figura com a pergunta. Não tinha nada de errado com aquela pequena curiosidade, é claro, mas era um contraste engraçado com o cuidado que Sylas tinha para ocultar a própria curiosidade e não denunciar o interesse beirando ao obsessivo que nutria por ela, como se o menor dos vacilos pudesse condená-lo. Não gostava de se sentir exposto, de forma que mantinha sua expressão neutra habitual para não se deixar ser desvendado.  ──  Somos amigos, sim. Devet é um homem muito decente, apesar dos históricos com as brigas de bar que talvez você possa ter ouvido por aí entre os convidados.  ──  Não sabia bem o porquê, mas mesmo que ela não soubesse a profundidade da podridão do ex-noivo, sentia a necessidade de informá-la que suas companhias não eram todas como o khajol a quem ele servia como braço direito, o que o fazia se sentir patético.  ──  Se me permite ser intrometido, o que está achando da cerimônia? Você não me parecia estar muito animada.
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twcfaced · 4 days ago
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Depois de tanta saudade sentida da cumplicidade que compartilhava com a amiga, a princesa sorriu radiante ao ver sua brincadeira acolhida com leveza, sentindo-se aliviada por não ter ultrapassado nenhum limite. Ainda era cedo para fingir que nada havia acontecido entre elas, mas aos poucos a transparência que voltava a existir entre ambas permitia que reconstruíssem os laços de uma amizade tão preciosa. Os olhos de Elewen seguiram o movimento da flor erguida diante dela, e suas sobrancelhas arquearam em um reflexo de surpresa. Também havia sido alvo das escolhas das sacerdotisas. Enquanto assimilava o significado daquele gesto, sua atenção foi capturada pela expressão insatisfeita da outra, deixando evidente que o presente não lhe trazia nenhuma alegria. Mas não demorou a receber a notícia de que a causa do descontentamento ia muito além daquela simples brincadeira — algo mais sério estava em jogo.
── O quê?! Um casamento?! ── A exclamação desatou em meio à incredulidade, e o seu coração deu um salto, alojando-se na garganta em um nó sufocante. Não podia acreditar que aquilo estava se repetindo. Atormentada pela revelação e incerta quanto ao que realmente se passava com a outra, ela reduziu a distância entre ambas, garantindo a privacidade necessária para a conversa. ── Freyja, quando isso aconteceu? ── Seus olhos buscaram os da amiga, e ali encontraram um reflexo de sua própria dor passada: o amargo desamparo de que sua vida não lhe pertencia mais, desvanecendo-se como um sonho ao despertar. Seu semblante se contraiu ao ouvir a pergunta sobre seu alter ego, rejeitando de imediato qualquer tentativa de desviar o assunto. Não havia espaço para trivialidades naquele momento. ── Já faz um tempo que não me aventuro por aí com Roderic. Tenho problemas suficientes para lidar, inclusive este. ── A resposta veio firme, mas carregada da delicadeza que a situação exigia. ── Me conte os detalhes e eu te ajudo a acabar com esse noivado. Você sabe que tenho experiência nisso.
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A abordagem de Elewen fez com que Freyja rolasse os olhos, mas não estava descontente com a presença da princesa. Aquele provavelmente era o primeiro riso sincero que Freyja dava antes de repreendê-la. "Boba." Murmurou baixo uma vez com o apelido, já acostumada com sua forma animal. Foram dias tentando ir e voltar das patas, e finalmente tinha algum domínio decente sobre ele. Conseguia se transformar bem quando queria, sem dormir como gente e acordar como gato. A pergunta seguinte fez com que Freyja levantasse a flor que tinha próxima, fazendo uma careta para a planta e desejando que ela queimasse com a flor do pensamento. Pensou em tirar o pincel para desenhar um aon de fogo, mas seria ofensivo demais. Muitas pessoas também já haviam visto, e ela sabia que na tradição seria um péssimo sinal. Freyja já tinha diversos empecilhos para lidar. "Elas já fizeram um ótimo trabalho me deixando apavorada. Sabe que eu não quero." Suspirou uma vez, desviando o olhar da princesa enquanto abaixava a planta com o amargor estampado no rosto. "Meus pais me arrumaram um casamento. Não é nada romântico." Encarou os próprios pés, sentindo-se envergonhada pela confissão. Para Freyja, era a pior das condenações possíveis. Tudo que remetia o romântico e singelo a colocava em outra direção, e fugia de relações como aves migrando durante a troca de estações. Era um pesadelo e não sabia por onde começar; as pessoas estavam sabendo agora que os pais anunciavam com muito orgulho, embora ela tivesse a sensação de que preferia pegar fogo ao invés de concordar. Olhou para a loira, tentando parecer menos ingrata. "Onde está o lorde? Não o vejo há dias." Se referia ao outro lado de Elewen que ainda tentava entender.
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twcfaced · 4 days ago
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Ser tratada como se fosse a primeira vez que experienciava os ecos do comportamento de seu pai através das línguas afiadas da nobreza era algo que incomodava Elewen. Não era estranha àquela forma de injustiça e apenas esperava encontrar uma oportunidade para se queixar na companhia de uma figura confiável. A insatisfação com o tratamento refletia em suas feições, mas se controlava para não projetar os sentimentos negativos naqueles que nada tinham a ver com seus problemas. Se Zara não era a pessoa apropriada para ser sua ouvinte no momento, que guardasse suas lamentações para outra ocasião mais propícia. Não havia argumentos capazes de contestar o quão inapropriado era celebrar um casamento enquanto monstros literais espreitavam ao redor, e por isso ela apenas anuiu discretamente, reconhecendo a verdade naquelas palavras.
No entanto, algumas considerações se faziam necessárias diante do ceticismo alheio em relação ao amor. ── Se ao dizer "o mundo como conhecemos", você se refere à realidade da aristocracia, então devo concordar que os casamentos motivados por amor têm se tornado uma raridade. ── Grande parte das uniões servia apenas como acordos estratégicos, movidos pelo desejo de influência e notoriedade. ── Mas, embora nunca tenha vivido uma paixão e me sinta cada vez mais distante de algo que sequer se assemelhe a isso, já presenciei incontáveis histórias de amor verdadeiro. ── Decerto que muitas delas haviam chegado aos ouvidos de Roderic durante suas andanças pelos terrenos da liberdade, o que reforçava sua crença de que, se houvesse alguma chance de viver uma paixão, ela estaria muito além da sua realidade como filha do imperador. ── Me perdoe por isso, mas, mesmo que esse sentimento tenha caído em desuso, me recuso a acreditar que jamais tenha testemunhado o mesmo. ── Com um sorriso delicado, lançou o desafio de forma educada, incitando-o a se aprofundar no assunto, quem sabe compartilhando algumas experiências próprias.
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"SEJA BEM-VINDA à rodinha de fofoca da nobreza: seu pai escorregou pelado no chuveiro e foi encontrado em um estado deplorável, mas quem fica com os olhares tortos é você... E toda sua família." Zara riu, escondendo os lábios para que não soasse tão divertido. Não mentiria ter imaginado a cena, achando graça com aquele humor duvidoso no qual a personalidade se construía ao redor. "Penso que é um evento batido. Importante, claramente, mas chega em um momento conturbado--- como se tivesse se perdido na linha do tempo. Mas presumo que teríamos de começar a mudança em algum momento..." Elewen trazia à superfície uma faceta mais centrada e razoável da Byaerne. Por vezes, Zara pegava-se contemplativa, como agora. Apoiou o queixo, soltando um breve suspiro antes de continuar, buscando entender primeiro como se sentia para então responder ao questionamento. Quando decidiu falar, o olhar estava distante, como se visse algo que apenas sua mente pudesse ver. "O mundo como o conhecemos não abre espaço para paixão. Ela é como... Histórias de criança. Uma fábula. Um artigo furtado, para momentos em segredo e no escuro. Dificilmente alguém se casa por amor. Acredito que está tão em desuso que em breve sairá do dicionário." Ela respondeu antes de dar um gole em sua bebida. Os lábios se curvaram num sorriso infimamente amargoso. "Eu mesma nunca vi mais que um vulto."
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twcfaced · 7 days ago
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Se já desconfiava de que algo incomodava Brianna ao notar sua reação às suas palavras, teve a certeza ao perceber a dureza com que ela se referiu a Hannah em sua observação. Naturalmente, suas sobrancelhas se ergueram em um misto de surpresa e preocupação, mas o sorriso permaneceu firme nos lábios. ── Sim! É muito interessante observar a conexão dos changelings com a natureza e como esses elementos conferem ainda mais vida a este lugar. ── Disse com igual fascínio, mesmo que suspeitasse que aquele seria o último ponto da conversa voltado à árvore mencionada. O sentimento mal reprimido pela outra não deveria ser ignorado. ── Mas… qual é o seu problema com a noiva? Perdi algo que deveria saber? ── Seu semblante se tornou um pouco mais sério ao formular a pergunta, a curiosidade agora mesclada a inquietação.
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O sorriso que deu para Elewen era rígido e não alcançava os seus olhos. Não por qualquer problema com a amiga, longe disso, mas porque tinha dificuldade em sentir qualquer sentimento positivo em relação ao evento, em especial porque não confiava que a noiva estivesse fazendo aquilo por amor. — É fofo mesmo. Embora eu odeie ter que elogiar Hannah, eu realmente gostei da ideia de trazer um pouco de natureza para o templo. Deixou o lugar um pouco mais acolhedor, você não acha? — O comentário positivo usou uma quantidade absurda de energia, e as palavras deixaram um gosto amargo em sua boca, como se traísse sua própria essência ao falar bem de algo relacionado a noiva.
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twcfaced · 7 days ago
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Embora houvesse recusado a flor, era algo a se considerar o fato de Priya estar entre as escolhidas das sacerdotisas da deusa do amor. Cabia a cada um decidir se levaria a brincadeira a sério ou não, mas Elewen acreditava que, de alguma forma, todos eram afetados por essa nomeação. Afinal, como ignorar o fato de ter sido notada por Vênus? Até os mais céticos em relação ao amor poderiam se sentir, no mínimo, balançados diante de tal escolha. Guiado pelo comentário da changeling, seu olhar se voltou para o rapaz que se escondia, temendo as mulheres como se fossem arautos de sua ruína. A cena era cômica demais para que contivesse a risada. ── Alguns encaram o matrimônio como o fim da vida. ── Comentou com um toque de sarcasmo, apenas para logo reconhecer a ironia em suas próprias palavras. Suas sobrancelhas arquearam levemente. ── Normalmente, são os homens que reagem assim, mas devo admitir que já estive nesse lugar antes. Em certos casos, é realmente o fim da linha. ── Abordava o próprio noivado atribulado, propositalmente evitando entrar em detalhes, disposta a compartilhá-los apenas se houvesse interesse por parte da outra. ── Não é uma intimação, um contrato ou uma garantia de que acontecerá… Mas a possibilidade existe. Pelo menos, você agora está entre as candidatas mais prováveis a subir ao altar sob o olhar de Vênus e suas sacerdotisas. ── A interpretação era livre para cada indivíduo. Franziu o nariz em resposta à pergunta, deixando clara sua resistência à ideia de casamento. ── Nenhum dos dois! Me recuso a noivar de novo… a menos que me apaixone ou receba uma proposta realmente tentadora. ── Já sem muitas esperanças de encontrar seu grande amor, não descartava a possibilidade de aceitar uma união que lhe trouxesse algum benefício — fosse mais liberdade ou a oportunidade de conhecer o mundo e investir em seus sonhos. ── E você? Está entre aqueles que fogem da ideia de se casar?
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A flor na mão da outra despertava alguma curiosidade, porque já havia recusado uma anteriormente, sem saber da falta de educação que era. Não era muito versada nos costumes khajol, tampouco nas regras de etiqueta. "Eu ouvi alguns comentários apenas depois que recusei uma." Comentou ao perceber a princesa se aproximando, decida a oferecer um pouco de educação. Ela era sempre uma presença misteriosa e Priya não entendia porque conversar com ela — estavam em lado extremos de uma mesma corda, ao que parecia. No entanto, ainda assim era fácil deixar a conversa fluir e se esquecer de todo o resto. "Não sei se chamaria de brincadeira..." O próprio tom dela sugeria um brincar, pois o olhar se direcionou ao outro lado, onde um homem parecia quase se esconder de uma sacerdotisa atrás de um pilar. "Mas como é isso? Você recebe uma dessas e está fadada ao casamento?" Indagou, curiosa de verdade. Os changelings não tinham nada assim. Não tinham deusas do amor, apesar da afeição pelas flores. A obrigação as vezes envolvia os costumes dos changelings, porém acreditava que diferente dos khajols, possuíam alguma liberdade a mais para escolher. "Você quer se casar ou vai em breve?"
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twcfaced · 7 days ago
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Sentiu a tensão do corpo se esvair ao perceber que sua contemplação prolongada não havia sido recebida com hostilidade. Sabia que aquele gesto poderia ser mal interpretado, mas também compreendia que a curiosidade era um traço natural diante das mudanças que ambos os povos vivenciavam desde a chegada dos meio-feéricos a Hexwood. Até mesmo aqueles que resistiam à presença do novo grupo não podiam negar o fascínio gerado por essa convivência inesperada. Anuiu com a cabeça em resposta a ele. ── É sim! E estou adorando. ── Observou, então, que ainda não havia tido a oportunidade de estar presente em uma cerimônia tipicamente fiel aos meio-feéricos. ── Bem, pelo menos é minha primeira vez em um casamento parcialmente changeling. Está sendo fascinante acompanhar essa fusão de costumes. ── Podiam dizer o que quisessem, podiam criticar o decreto de seu pai à vontade, mas para Elewen ficava cada vez mais claro que a harmonia entre os dois povos era uma possibilidade mais tangível do que muitos imaginavam.
Levou alguns instantes para processar o que ele dissera sobre a árvore, por fim concordando que naquele momento havia apenas uma tentativa de adaptação para a tradição. ── Deve ser um espetáculo ainda mais deslumbrante. Sempre me perguntei como seria casar à beira-mar durante o pôr do sol. ── Havia lido sobre esse cenário em um romance na adolescência e, desde então, a imagem permanecera vívida em sua mente. ── Espero que um dia eu possa testemunhar um casamento tradicional entre changelings. Se continuarmos avançando rumo à harmonia, acredito que esse objetivo se tornará cada vez mais alcançável. ── Mantinha-se cautelosamente esperançosa, desejando apenas que o melhor acontecesse a todos. A menção ao “exército de sacerdotisas” a fez soltar uma risada suave antes de esclarecer, com um brilho divertido nos olhos. ── É uma brincadeira que costumamos fazer. São sacerdotisas de Vênus, e acredita-se que aqueles que recebem uma flor delas estão destinados a serem os próximos a subir ao altar. ── Então, inclinando levemente a cabeça, lançou-lhe um olhar inquisitivo. ── Chegou a receber alguma?
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   A irmã de Vincent o estava encarando. Um, dois, três... Contou mentalmente os segundos que se passaram enquanto ela o observava, fingindo perfeita ignorância. Podia sentir o par de olhos sobre si como um raio de sol filtrado através de uma lupa. A princípio, manteve a própria atenção no copo de bebida em sua mão–a ideia de constranger uma integrante da família real lhe parecia péssima. O momento pareceu se prolongar até que, por fim, decidiu a fitar de volta. Uma parte de si queria saber se a curiosidade era com changelings em geral, ou com ele em particular. Não era um idiota–certamente o príncipe não o teria mencionado para a família... certo? ❛ Obrigado, vossa alteza. ❜ Aquiesceu com uma curta reverência, se esforçando para retribuir o sorriso já que a simpatia não lhe vinha de modo natural. Detestava ter que usar títulos de nobreza, é claro, mas gostaria de manter a cabeça no pescoço, de modo que escolheu não a desrespeitar. ❛ Este é seu primeiro casamento changeling? ❜ Perguntou, permitindo que atenção vagasse pelo salão, notando a arquitetura tradicional khajol e o pé direito alto do templo que nada condizia com os costumes de seu povo. Não considerava aquela uma boa representação da sua cultura, não verdadeiramente–a via mais como uma versão diluída para ser palatável para a nobreza. Aquela era uma opinião que não lhe cabia compartilhar com uma Essaex. ❛ Normalmente usamos uma árvore de verdade–nossos casamentos costumam ser na natureza. ❜ Foi o que escolheu dividir, já que a loira parecia interessada. A árvore ali não era falsa, é claro, mas lhe parecia uma miniatura em comparação às escolhas habituais. Perguntado sobre o adorno no bolso de seu paletó, baixou os olhos para os ramos antes de voltar a encará-la. ❛ É costume que os convidados adornem as vestes com algo vindo da terra. Eu me esqueci, então roubei estes aqui do jardim de Hexwood antes de vir. ❜ A confissão foi sussurrada com ares de diversão, entregando que não era o mais envolvido nos ritos religiosos da Fé Antiga. ❛ Já que estamos falando de cultura, por que há um exército de sacerdotisas perambulando pra cima e pra baixo? ❜ Tinha notado mais de um khajol correndo na direção oposta ao vê-las, e guardado aquela curiosidade como algo a saciar.
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twcfaced · 10 days ago
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who: @fromodins
where: templo de júpiter.
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As divergências em torno daquela cerimônia tinham o poder de dividir opiniões, ainda que seu propósito fosse justamente o oposto: unir. Elewen, no entanto, pertencia ao grupo que escolhia se deixar levar pelo clima ameno da festividade, aproveitando cada instante de leveza antes que os desafios inevitáveis voltassem a bater à porta. Sabia que, mais cedo ou mais tarde, os problemas os alcançariam, e era essencial reunir forças para enfrentá-los com vigor renovado. Entre seus passatempos favoritos — que iam muito além de matrimônios — estava a arte da provocação amistosa, especialmente quando se tratava de sua amiga. Agora que pareciam ter retomado os bons termos, sentia-se livre para reacender aquela velha dinâmica. O brilho travesso em seu olhar denunciava sua intenção conforme se aproximava de Freyja, os lábios adornados por um sorriso malicioso antes que as palavras se desenrolassem em tom de brincadeira. ── Já se rendeu ao espírito do romance, gatinha pescadora? ── Sabendo bem que ela nunca fora exatamente o retrato do romantismo, preparava-se para se divertir com sua reação ao tema. ── Ou será que as sacerdotisas ainda precisam te oferecer uma flor como incentivo? ── Piscou os cílios de maneira dramática enquanto as mão se uniam diante do corpo, compondo uma expressão falsamente angelical.
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twcfaced · 11 days ago
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A disparidade no tratamento que recebia de Sylas quando se apresentava como princesa era impossível de ignorar, um contraste que lhe saltava aos olhos e deixava um amargor discreto em seu íntimo. Percebia-o mais reservado, tão hesitante quanto ela própria diante dos encontros que o acaso lhes proporcionava. Ainda que compreendesse essa dinâmica e até soubesse tirar proveito da forma como o mundo a enxergava ao assumir a identidade de um rapaz, era inevitável sentir frustração ao constatar que jamais conseguiria se desprender completamente do peso que seu título lhe impunha — sobretudo quando se tratava de alguém da raça oposta. E, como se isso não bastasse, havia ainda o agravante de seu noivado rompido. Talvez aquela fosse uma batalha perdida antes mesmo de começar, mas algo dentro dela se recusava a aceitar a derrota sem ao menos tentar. O sorriso devolvido a ele se mantinha inalterado, assim como seu interesse em enfrentar as circunstâncias nada favoráveis. ── Sem caudas? Então, tivemos experiências bem diferentes nos últimos dias. ── Arriscou uma brincadeira, aludindo à sua recente transformação animal, mesmo que o rapaz desconhecesse esse novo dom. No entanto, manter a leveza na conversa tornou-se difícil ao ser lembrada das ameaças que se escondiam além das paredes do templo. O peso da realidade logo se refletiu em um suspiro curto. Tão logo os pensamentos inquietantes surgiam, a chance de se distrair e adiar um pouco mais aqueles problemas foi levantada pelo changeling. As írises azuladas percorreram o ambiente para confirmar que havia interpretado corretamente o convite inesperado e, em resposta, um sorriso radiante iluminou seu rosto enquanto estendia a mão para encontrar a dele, aceitando o convite com uma reverência. ── Seria um prazer.
Atentando-se à melodia e aos passos graciosos dos changelings, Elewen foi tomada por uma breve onda de insegurança enquanto caminhava ao lado do rapaz em direção aos casais que já dançavam. Aproximando-se um pouco do rapaz, expressou o sentimento com uma orientação que julgava pertinente, apesar de óbvia. ── Vai precisar me guiar. ── De qualquer forma, a incerteza era rapidamente superada pelo entusiasmo genuíno de vivenciar aquela dança e mergulhar mais fundo na cultura dos meio-feéricos. De repente, sentiu-se confortável o suficiente para abordar uma dúvida que a acompanhava. ── É próximo do noivo? ── Perguntou diretamente enquanto se posicionavam. ── Espero não estar sendo intrometida, mas notei que é um de seus padrinhos. ── A pergunta escapou de seus lábios quase sem perceber, revelando de maneira involuntária que vinha observando Sylas com mais atenção do que talvez devesse. Não que houvesse qualquer intenção maldosa em seu olhar, era apenas incapaz de conter a curiosidade que ele lhe despertava. Não se tratava apenas das circunstâncias incomuns que haviam compartilhado, mas também das palavras trocadas sob a proteção concedida por seu alter ego. Em momentos de introspecção, permitia-se desejar que a existência de seu ex-noivo fosse apagada de vez, como se isso pudesse libertá-la por completo dos receios que ainda a assombravam. Afinal, por mais que quisesse acreditar na bondade do changeling, a sombra do não tão nobre pairava sobre ele e essa incerteza, embora tentasse ignorá-la, jamais desaparecia por completo.
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━━━ Princesa. ━━━ Sylas baixou o olhar quando se curvou numa reverência respeitosa, com a elegância perfeitamente ensaiada que se acostumou a tratar os nobres. Era a forma de deixá-los pensar que era um cão na coleira, muito embora nada o impedisse de quebrá-la quando assim o quisesse. Ele ergueu o olhar de volta para a princesa, cuja mente agora lhe parecia um mistério. Roderic. Sabia que tecnicamente eram a mesma pessoa, mas era impossível que as coisas fossem tão simples. Sequer sabia como ela o enxergava agora, uma vez que as condições com que tinham se conhecido inevitavelmente trazia uma certa estranheza. Descobrir a pessoa por trás de seu alter ego o incomodou, é claro, pois sabia que jamais mostraria o mesmo lado para a versão dela que era a noiva do homem a quem ele servia. No entanto, com as liberdades que tomou por suas costas, sentia que as coisas estavam justas.
As relações com humanos eram um terreno difícil de lidar, especialmente quando envolvia tantas camadas. No entanto, quando Elewen o abordava desse jeito, com normalidade, pensava que talvez pudessem reescrever as coisas de uma forma diferente. Que talvez ela pudesse enxergá-lo como algo além de um pertence de seu ex-noivo.  ━━━  Nada fora do habitual. ━━━  Foi o que respondeu com um meio sorriso cortês que não alcançava os olhos, sem querer se alongar em seus dramas. Seus problemas nada tinham a ver com o desequilíbrio que vinha afetando os changelings e rasgando o véu da dimensão, então não julgava como algo do interesse de qualquer um.  ━━━  Sem habilidades estranhas ou caudas. Mas ouvi dizer que há problemas piores por Ânglia agora.  ━━━  Se referia as criaturas que apareceram pela capital, espalhando o desespero por aí. Era estranho como, na festividade daquele templo, nada disso os alcançava agora, mas continuava acontecendo. Ao redor, as pessoas dançavam alheias ao mundo lá fora, a dança típica dos meio-feéricos invadindo o espaço que normalmente era dos khajols.  ━━━  De fato, o destino não parece ter colaborado muito pra isso. Mas acho que, ao menos durante essa cerimônia, dá pra considerar como algo mais próximo da normalidade. ━━━  Estendeu a mão para ela; um convite ousado de quem não sabia o próprio lugar. E uma péssima ideia, considerando que hoje sua perna não estava nas melhores condições.  ━━━  Me permite?
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twcfaced · 11 days ago
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who: @srideviz
where: templo de júpiter.
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Envolvendo o caule da rosa carmesim delicadamente com as mãos, a princesa exibia um sorriso divertido nos lábios, apreciando por alguns instantes a beleza da flor recebida. Já não era mais jovem o bastante para interpretar aquele gesto como um presságio divino sobre seu destino matrimonial, mas ainda assim não deixava de se entreter com a escolha inesperada de uma daquelas mulheres. Ao contrário de muitos khajol, não se intimidava diante delas, pois sabia que, no fim das contas, os únicos verdadeiramente empenhados em decidir o rumo de sua vida conjugal eram seus próprios pais. Ao erguer o olhar de volta para o ambiente, notou que Priya a observava, possivelmente curiosa com o significado do presente. ── Se Vênus soubesse o quanto sua credibilidade se fragiliza cada vez que uma de suas sacerdotisas me oferece uma flor, elas estariam encrencadas. ── Comentou em tom de brincadeira, acompanhando as palavras com uma risada delicada. Deslizou os dedos pelas pétalas aveludadas antes de voltar-se para a changeling com curiosidade. ── Conhece a brincadeira? ── Deixou a pergunta no ar, disposta a compartilhar mais detalhes caso a outra desejasse saber.
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twcfaced · 11 days ago
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who: @tadhgbarakat
where: templo de júpiter.
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Sem perceber o deslize até que fosse tarde demais, Elewen se viu flagrada examinando minuciosamente as vestes em tons terrosos do changeling. Quando seus olhares finalmente se encontraram, um sorriso espontâneo surgiu em seus lábios, e, apesar de reconhecer a falta de delicadeza em observá-lo por tanto tempo, não se permitiu se acanhar. Pelo contrário, aproveitou a oportunidade para iniciar uma conversa. ── Belos trajes! Muito elegantes! ── Teceu os elogios de maneira espontânea, a sinceridade transparecendo através da voz. Pigarreando suavemente, tomou um instante para refletir sobre o que dizer em seguida, deixando o olhar vagar brevemente pelo templo antes de retomar o discurso. ── Tem sido um verdadeiro privilégio vivenciar de perto os costumes de vocês acerca do matrimônio. ── Não era necessário forjar interesse pela riqueza cultural que o convívio direto com os changelings proporcionava. Com um brilho sutil no olhar, permitiu-se um devaneio passageiro. ── Se eu fosse me casar, iria querer que os convidados deixassem seus desejos em uma árvore também. ── A ideia lhe parecia encantadora, ainda que um casamento não estivesse em seus planos. Sem se deixar levar por longas divagações, voltou a atenção para o jovem, apontando delicadamente para os adornos presos à parte superior de sua vestimenta. ── Estes ramos têm algum significado especial?
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twcfaced · 11 days ago
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who: @zcrabyn
where: templo de júpiter.
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Tendo se hidratado somente com alguns cálices de água e nada além, Elewen não podia responsabilizar uma possível adulteração nas bebidas servidas aos convidados pela sinceridade impetuosa que escapava de seus lábios, sem filtros ou hesitação. Resumia-se a um reflexo nítido da frustração que pesava sobre seus ombros, mesmo que o trono não estivesse em seu horizonte. ── Se esse decreto foi obra do meu pai, por que alguns me olham como se eu fosse a insana aqui? ── Deu evasão ao descontentamento que lhe fervia no peito. Seu olhar se voltou para a amiga, o cenho levemente franzido, mas sem permitir que a indignação maculasse a leveza da cerimônia. Com um suspiro, prosseguiu, a voz carregada por uma discreta ironia. ── Bem, teriam certeza de que herdei essa característica dele se soubessem que também apoio a união entre as raças. ── Um leve erguer de ombros acompanhou a confissão, como se qualquer julgamento fosse irrelevante a ela. ── Quem se ama de verdade já encontrou seu próprio caminho para viver a paixão. ── As regras podiam existir, mas jamais seriam barreiras intransponíveis para um sentimento genuíno. Curiosa, deu oportunidade para uma nova perspectiva. ── O que é que você pensa sobre tudo isso?
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twcfaced · 11 days ago
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who: @thclioness
where: templo de júpiter - diante da árvore.
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Ainda relutante em provar a bebida que mantinha em mãos, Elewen se distraía com a movimentação de um jovem changeling que se aproximava de um dos inúmeros galhos da ampla árvore, pronto para deixar ali seu desejo aos noivos. Recém ciente daquele hábito para a ocasião matrimonial, encantava-se com o que observava. Um sorriso de fascínio tomou forma em seus lábios ao se voltar para a amiga, com quem passava seu tempo compartilhando impressões sobre a festividade. ── É um costume encantador, não acha? ── Fez um gesto sutil com a mão que segurava o cálice, permitindo que a conversa rumasse para algo além da escolha controversa feita por seu pai.
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twcfaced · 17 days ago
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Desde que descobrira sua habilidade de se transformar e assumir a forma de uma raposa, passou a atribuir ímpetos como aquele aos instintos do animal. No entanto, não considerava o momento adequado para discutir o assunto com Sigrid, limitando-se, então, a responder com um sorriso suave. Seu desejo era que todos compartilhassem do mesmo raciocínio ao ouvir a perspectiva alheia, mas sabia que essa não era a realidade em que viviam. O estado de quase abandono daquela capela era a prova palpável do esquecimento que recaía sobre aquelas figuras, relegadas a meras sombras na memória da maioria. Decidiu não contestar o pensamento da outra, porém, respeitando seu momento de se expressar. Em vez disso, apenas assentiu algumas vezes em sinal de concordância, até que uma risada carregada de melancolia escapou de seus lábios. ── Parece algo intrínseco à nossa cultura. ── Comentou, referindo-se à falta de reconhecimento entre as mulheres, um dilema persistente entre o povo khajol e uma questão que há muito se tornara central para a princesa.
Acenou levemente com a cabeça em sinal de gratidão pelo conselho encorajador, ainda que ele não refletisse exatamente seus modestos anseios de vida. ── Mas não disse isso como um desabafo pessoal. Para mim, a grandiosidade da vida está na busca pela felicidade, não apenas na realização de feitos grandiosos. ── Sentiu a necessidade de esclarecer, pois a ideia de ser vista como uma pessoa ambiciosa lhe era desagradável. Seu desejo era deixar um rastro de bondade por onde passasse, sem a necessidade de inscrever seu nome nas páginas da história. ── Apenas lamento por elas, pois tiveram um impacto imensurável em nossas vidas e, ainda assim, permanecem sem o reconhecimento que lhes é devido. Mas me conforta saber que há exceções entre os khajols. ── Dirigiu a ela um sorriso, referindo-se à demonstração de respeito que Sigrid havia expressado em relação às irmãs de Ardan, algo raro de presenciar. ── Conhecê-las seria uma experiência incrível. Poderíamos até perguntar se essa falta de reconhecimento realmente as afeta. Quem sabe estamos lamentando algo que sequer lhes incomoda? ── Brincou, soltando uma risada curta antes de mais uma vez assentir em concordância. Era evidente que aquela insatisfação permeava os pensamentos de muitas mulheres, e talvez, se canalizada de forma inteligente e estratégica, pudesse resultar em mudanças concretas. ── Essa realidade só se transformará quando nos unirmos e reivindicarmos as posições que nos pertencem por direito. ── Concluiu, convicta. Ação era o que lhes faltava. Após uma breve pausa, sua curiosidade se sobrepôs à cautela. ── Há algum motivo específico para estar refletindo sobre isso? ── Indagou, esforçando-se para não soar invasiva.
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"Eu não te culpo, são animais adoráveis. Acho que eu também poderia perseguir uma." Apesar de não ser ligada a um deus da natureza, Sigrid havia crescido em uma fazenda, cercada por plantas e animais, o que tinha conferido a personalidade um interesse genuíno por todas as formas de vida que a cercava. Poderia bem perseguir também uma doninha, assim como já tinha feito com alguns esquilos. A atenção facilmente corria para outras direções quando havia algum pequeno e fofo animal envolvido. Sigrid concordava com a princesa sobre a necessidade de deixar o animal em paz, porque achava mesmo que ali era um lugar dedicado a tranquilidade, onde o culto poderia ser feito sem medo. Não havia muito de divino na figura das estátuas, não eram deusas, mas elas sempre despertavam grande atenção em Sigrid. Mulheres cujo nome havia se perdido na história, mas com responsabilidades que tinham atravessado os séculos. Os livros se lembravam de Ardan, mas pouco de sua mãe e irmãs.
Pensar que a existência estava ligada a glórias era algo bem khajol de fazer e Sigrid não pensava muito diferente. Achava que era importante cada pessoa deixar uma marca de sua existência, não apenas passar a vida de forma desconhecida. "Acho que mesmo que seus nomes tenham se perdido, seus feitos ainda são lembrados. Ardan não seria nada sem a mãe e as irmãs." Ali parecia um lugar seguro para falar do fundador de Aldanrae, mas Sigrid se encolheu quando percebeu que estava se referindo também a um antepassado da princesa. "Desculpe, ele foi grandioso, claro, mas não parece ter honrado como deveria as figuras femininas de sua vida." Buscou explicar, os olhos se voltando para as mulheres de pedra. "Você sempre pode mudar o seu destino se não quiser se tornar como elas, ainda há tempo. É isso o que eu penso. Se elas estiverem na dimensão divina, adoraria conhecê-las, trocar algumas palavras. Não acha que seria incrível? Perguntaria seus nomes e então entalharia eu mesma nessas pedras!" Provavelmente perderia um dedo no processo, mas havia grande dedicação nas palavras de Sigrid. "Os tempos estão mudando, digo isso pela própria postura do imperador diante de alguns assuntos, mas as mulheres ainda parecem secundárias ou acessórios." Sempre tinha sido muito tradicional, sem se importar com isso. Desejava ser uma esposa e mãe. Contudo, havia uma frustração crescente sempre que pensava nas estátuas das irmãs de Ardan.
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twcfaced · 17 days ago
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Reconhecer a beleza indiscutível da amiga não impedia Elewen de identificar que aquela representava apenas uma qualidade irrisória dentro das inúmeras virtudes que ela apresentava. ── De que vale a beleza se você não souber usar essa característica a seu favor? Eu já acho que é sua astúcia que te livra dos problemas, mas como quiser pensar... ── Teceu o novo elogio com um sorriso amistosamente ladino nos lábios, enquanto os ombros se erguiam. Alheia à situação na qual havia caminhado por inocência, a princesa viu-se subitamente sobrecarregada por todos os pontos abordados pela amiga, que desaguava sobre ela todos os detalhes que a afligiam. Esperando pela conclusão que lhe permitiria rebater o que era dito, apoiou as costas no encosto da cadeira ocupada, tombando a cabeça ligeiramente para trás. Sempre seria exaustivo ter que lidar com as consequências das ações de seus pais. Como se ela pudesse saber o que se passava dentro da cabeça deles. Como se fosse um de seus conselheiros. Cada questão levantada por Brianna era pertinente, mas também direcionada à pessoa errada naquele momento. Se as dúvidas dela pareciam infinitas, as de Elewen alcançavam um patamar ainda mais inalcançável por também carregarem o peso das expectativas depositadas sobre si. De qualquer forma, não cabia a ela julgar as pessoas por desejarem expressar suas inseguranças e buscar figuras mais acessíveis do que o próprio imperador para fazê-lo.
Quando notou a conclusão do desafogo, voltou a ajustar a postura, mirando a outra em silêncio durante breves instantes de contemplação. ── Com todo o respeito a você, Bri... Mas, por acaso, você chegou aqui ontem? Há muito tempo, meu pai já é reconhecido por suas decisões controversas e atitudes inesperadas. ── A doçura no tom usado não permitia que suas palavras fossem interpretadas como grosseria. Pelo contrário, Elewen demonstrava compreensão quanto aos detalhes que o anúncio implica e como eram recebidos pelas pessoas. ── E já sabemos que nada é em vão no jogo político, então podemos descartar a possibilidade de ser a luta pelo amor verdadeiro o guiando nesta última decisão. ── Dessa maneira, validava o sentimento de desconfiança expressado pela amiga. Todos os afetados tinham o direito de indagar os verdadeiros motivos que levaram o homem a tomar aquela atitude. ── E se for o caso de distração, acredito que esse plano tenha falhado miseravelmente. Já chegaram a todos nós as notícias sobre a ruptura das dimensões e as consequências já são sentidas pela maioria. ── Confabulava, inconscientemente refletindo ao lado de Brianna. Era assustador pensar no que poderia acontecer em seguida e, talvez, este fosse o motivo para evitar se desgastar demais pensando a respeito daquele problema. ── Eu não sei quem exatamente me ensinou sobre isso, já que posso descartar meus pais como os responsáveis, mas a mentira tem perna curta. Cedo ou tarde a verdade vem à tona.
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Não pode conter o sorriso ao ouvir as palavras de Elewen. A verdade era que desde o Saturnália algo parecia errado com ela. Como se sua pele estivesse apertada demais e ela queria enfiar as unhas por debaixo dela, revelando uma nova versão de si. Não seria a primeira vez que algo como aquilo acontecia, sendo ela alguém acostumada a abraçar as mudanças e encontrar beleza nelas sempre que possível. Seu corpo demandava que uma nova era começasse. Talvez uma não pautada em sobrevivência, e sim em tentar ser mais autêntica. Afinal de contas, com todas as mudanças recentes, só os deuses sabiam quanto tempo de paz ainda teriam. — Acho que você tem razão. — Soltou um suspiro pesado, sem grande convicção. Como era seu hábito, puxou uma mecha fina do cabelo trançando os fios sem muito empenho, apenas para ter algo para fazer com as mãos.  Era algo que sempre a relaxava. — Você entendeu o que eu quis dizer! Ter esse rosto é justamente o que me permite me safar com grande parte das minhas falhas. — Brincou, com um sorriso no rosto. O que a afligia era uma grande questão. E ela nem sabia por onde começar a responder. — Acho que a pergunta melhor é o que não me aflige. Essa talvez seja mais fácil de responder. Uma das coisas que me anda tirando o sono inclusive é o que se passa na mente do seu pai. Com todo respeito, o que ele anda pensando  com essa história de casamentos arranjados para todo mundo? Honestamente, esse talvez seja meu maior medo atualmente. Acordar de madrugada e descobrir que o imperador decidiu me casar com alguém aleatório. — Apesar do tom bem humorado, suas preocupações eram genuínas. Mesmo não tendo nada contra casamentos inter-raciais, inclusive parecia bem arcaico que não fossem mais comuns. Mas não podia deixar de achar suspeito o momento que o imperador tomou a decisão de dar sua bênção para aquela união, isso ao lado da união das academias, parecia um alinhamento quase perfeito demais. — Me parece uma decisão tomada um tanto quanto às pressas, sem refletir sobre as possíveis repercussões. Quer dizer, se um herdeiro decidir que quer casar com algum mestiço ele vai ser deposto do título? Porque isso não parece muito diferente do que já acontece. Ou só mulheres têm a benção para esse tipo de união? O que apresenta toda uma outra série de problemas se a gente parar para pensar, todo mundo sabe que a magia é passada pela linha materna, será possível ter um montador de dragão que também é hospedeiro de um deus? Essa criança hipotética com certeza seria um problema. — Podia ser sua ligação com Bast falando, mas ela não queria nem chegar no ponto que mulheres khajol não lidariam nada bem com ter seus filhos sendo arrancados de seus braços para servirem ao exército. A decisão inteira do imperador parecia desconsiderar os problemas reais que surgiriam com aquela pequena mudança na constituição. — Novamente, com todo o respeito do mundo ao imperador. Por favor não considere isso uma conspiração ou qualquer coisa do tipo, eu sou bonita demais para ir para a forca. Mas não consigo deixar de pensar que isso é uma tentativa de nos distrair de algo maior. 
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twcfaced · 18 days ago
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Entre os destinos que mais apreciava, Trafalgar ocupava uma posição de destaque. O local, frequentado assiduamente por Roderic, era um espaço onde ele desfrutava da liberdade de debater política e as realidades dos habitantes sem restrições. Ao longo do tempo, aquele cenário se tornara palco de momentos inestimáveis, moldando sua visão sobre determinadas questões e deixando marcas profundas em sua forma de pensar. O impacto que tivera em seu crescimento pessoal e na formação de seu caráter fez com que conquistasse um lugar cativo em seu coração. Naquela ocasião, porém, era a princesa quem fazia uma rara aparição, decidida a prestigiar a festividade que animava a data — a permissão arrancada à força, fruto de sua insistência em convencer o irmão de que estava plenamente apta a acompanhá-lo. Como Elewen, sua versão infinitamente mais reservada, preferiu manter-se à margem da celebração, encontrando satisfação apenas em observar a alegria contagiante ao seu redor.
Ainda que distraída, sua atenção captou a silhueta de um rapaz que circulava por perto, e bastou um instante para reconhecê-lo como alguém com quem Caelan já havia trocado algumas palavras em Hexwood. Apesar de sua fisionomia ser familiar, seu nome lhe escapava. Considerou abordá-lo antes que a situação se tornasse ainda mais desconfortável, mas foi ele quem tomou a dianteira, logo revelando a razão de sua aproximação. A surpresa indignada que tomou suas feições foi tão genuína quanto involuntária, ainda que a história que ouvira não lhe fosse novidade. Mas precisava manter a farsa de que não era uma visitante frequente de Trafalgar. ── Eu estava de acordo em oferecer o dobro de ouro que me cobrassem por sua arte, mas a simples possibilidade do uso de tinta tóxica me fez mudar de ideia. ── O tom de alarde em sua voz era tão convincente quanto a expressão em seu rosto. ── Agradeço pelo alerta. ── Acrescentou com sinceridade, antes de abandonar as formalidades e lançar-lhe um olhar estreito, os lábios esboçando um sorriso astuto. ── Diga-me, foi meu pai quem te enviou para me espionar? Ou minha mãe? ── Indagou, divertida. ── Se foi Caelan, ambos sabemos que é com ele que devemos nos preocupar.
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ONDE: Trafalgar
COM: @twcfaced
A celebração feita era uma qualquer, comum entre os populares. Parecia dar início a uma época carnavaleca que Cillian tinha pouca intimidade com, sendo mais comum entre os khajols, ou pelo menos era o que ele acreditava. Em Zelaria, as pessoas sempre pegavam tradições emprestadas para acabar com o clima pacato e por isso se tornava um dos lugares mais festivos que existia no país, com tantas cores nas roupas e nas pinturas que quase ficava zonzo. De vez em quando, via um rosto amigo por perto. O príncipe Caelan Essaex era o mais presente, mas não esperava reconhecer a princesa Elewen logo de cara. Estudou o espaço ao redor da moça, aparentando estar sozinha. Com certeza haveria algum guarda disfarçado pelos cantos, mas ele não estava tão confiante sobre aquilo. O próprio Caelan sempre aparecia sem cerimônias e agia como igual, mas uma princesa interessa naquilo? Era novidade. Cogitou ignorar a presença, sentindo um leve pesar por imaginar algo acontecendo com ela. Sua relação com a família real estava distante de ser muito amigável, e com Caelan ele se importava. Não seria perdoado se algo acontecesse com a sua caçula. Coçou o nariz uma vez, mudando seu canto para um ao lado dela, tentando parecer minimamente agradável, o que já era difícil por si só. "Quer uma dica?" Pigarreou, chamando a atenção dela. "Não deixe que pintem você. Vão cobrar muitos ouros além do que realmente vale e a alergia é quase sempre inevitável. Bolhas ficam logo debaixo da pintura." A conversa era apenas para puxar assunto, e não era mentira ao mesmo tempo. "Está longe de casa, Alteza." Disse mais baixo para que ela pudesse ouvir além da música. "Não hesite em me procurar se precisar de algo."
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