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christopherd-amato · 20 days ago
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closed to @neslihvns, no bar.
Era final de tarde quando ele entrou no bar. Após um longo dia, repleto de comentários e da presença desnecessária do pai em seu escritório, a única coisa que Christopher conseguia pensar era que precisava de uma boa dose de whisky. Talvez mais de uma, isso se ele quisesse ter chances de acordar relativamente bem humorado no dia seguinte.
Acomodou-se em um dos bancos próximos da bancada e esperou pelo atendimento. Geralmente quando ia ali, Christopher exibia um sorriso simpático, que fazia com que as pessoas quisessem se aproximar dele naturalmente, mas naquele momento, seu esgotamento mental era tamanho que ele sequer era capaz de fingir normalidade. O garçom, que já o conhecia, tentou puxar assunto enquanto servia a dose costumeira de whisky, falando sobre as recentes histórias dos apaixonados, mas tudo o que conseguiu foi incomodá-lo mais.
"Você realmente acredita nessa história de maldição?" Questionou, o cenho franzido em uma clara expressão de julgamento. "Não te causa nem um pouco de estranhamento um monte de gente que se julgava incapaz de amar começar a amar após dois estranhos saírem gritando que estão apaixonados?" Os dedos se fecharam ao redor do copo que prontamente foi levado em direção aos lábios para que ele sorvesse um gole curto do líquido âmbar. "Isso não existe. Esse boom de histórias nada mais é do que um efeito manada. O amor sempre esteve por aí, e graças ao fato da maioria não saber como senti-lo, criou-se essa história boba pra ser usada como justificativa." Finalizou como se estivesse dizendo algo óbvio, não percebendo um rosto conhecido que estava próximo.
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miloricci · 20 days ago
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ligue 0-800 riquinho e escolha:
💪🏻 para um trabalho braçal w. @graziellz
👄 para um beijo w. @christopherd-amato
👶🏻 para um bebê
💃🏻 para um vestido w. @butshesamoviestar
🏠 para uma cabana
🎱 para uma aposta w. @neslihvns
🍳 para um jantar w. @oliviafb
📲 para um celular w. @pasqualinas
@khdpontos
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christopherd-amato · 2 days ago
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with @neslihvns, at Coreto de Rose.
Desde o dia em que Olívia, em um ato deliberado, decidiu expor publicamente na praça a existência da maldição e declarou Christopher como sua possível alma gêmea, sua vida se transformou em uma constante fuga de encontros arranjados. A situação era frustrante ao extremo, especialmente porque ele sequer acreditava na possibilidade de aquilo ser real, algo que fazia questão de deixar claro sempre que podia. No entanto, suas palavras pareciam cair em ouvidos surdos. Ignorando suas objeções, as pessoas continuavam marcando encontros em seu nome ou lhe dando longas palestras sobre o porquê ele deveria se dedicar mais a encontrar sua suposta alma gêmea. Christopher já não tinha mais forças para argumentar ou tentar convencer ninguém de que toda aquela história era absurda. Ele estava cansado das discussões, e sua paciência parecia se esgotar cada vez mais rápido. Depois do episódio na cachoeira, algo dentro dele vacilou. Embora se recusasse a admitir em voz alta, uma pequena parte de sua mente começou a ponderar se talvez houvesse algum fundo de verdade naquela loucura. Mas esse pensamento permaneceu trancado dentro dele, enterrado sob uma fachada de descrença teimosa. Sem energia para continuar resistindo, ele começou a adotar uma estratégia de sobrevivência: simplesmente concordava. Afinal, o pior que poderia acontecer era ele não aparecer, dependendo de quem estivesse esperando por ele. No entanto, naquele dia específico, fugir não era uma opção. O organizador da vez tinha recorrido a um método infalível para garantir sua presença: envolver a mãe de Christopher na situação. E, bem, dizer "não" para ela era algo que ele jamais conseguiria fazer, dada sua condição.
O dia estava particularmente belo, com o sol iluminando tudo ao redor em sua plena intensidade, mas sem o incômodo de um calor abrasivo. Uma brisa suave serpenteava pelo ar, trazendo um frescor sutil que tornava o clima ainda mais agradável. O céu, de um azul profundo, era pontilhado por poucas nuvens, como pinceladas leves em uma tela. Acompanhado por uma das pessoas responsáveis por organizar o encontro, Christopher seguia em direção ao interior do Coreto, caminhando com passos calmos enquanto seus olhos captavam os detalhes ao redor. Os olhos percorriam as oferendas que agora preenchiam o local com uma abundância ainda maior desde que a quebra da maldição se tornara uma realidade em Khadel. Mesmo que uma parte cínica de sua mente considerasse o motivo dos tributos um tanto trivial, ele não podia ignorar a beleza que cada detalhe carregava.
As flores, em um festival de cores e formas, estavam dispostas de maneira quase poética. Algumas eram selvagens, outras cuidadosamente escolhidas, mas todas exalavam uma energia vibrante. Entre elas, pequenos objetos pessoais chamavam sua atenção – talismãs, fotos e pequenos itens cuidadosamente deixados ali, como se carregassem o peso de sentimentos profundos. Cartas escritas à mão, com caligrafias tão distintas quanto os autores, estavam presas com fitas coloridas que tremulavam suavemente ao toque da brisa, acrescentando um movimento delicado àquela cena já tão viva. Ele parou por um momento, deixando os olhos vagarem por tudo ao redor. Havia algo inegavelmente encantador naquela simplicidade cheia de significado. Pela primeira vez, Christopher sentiu que entendia o apelo romântico do lugar.
Agradeceu a pessoa que o havia levado até a mesa e passou a observar as comidas espalhadas sobre ela enquanto se acomodava no sofá. Reconheceu ali alguns dos pratos que havia dado como referência quando perguntado anteriormente sobre suas comidas favoritas, no entanto, era os que não haviam sido mencionados que chamavam sua atenção. Aquele treco branco é tofu? Quem que come essa porcaria? Me arrumaram um encontro as cegas com uma vegetariana? pensava enquanto encarava alguns dos pratos com o cenho franzido. No entanto, o barulho de passos fez com que sua atenção fosse redirecionada, e foi só então que entendeu. Claro que seria ela. "Isso só pode ser uma pegadinha." Disse, totalmente incrédulo que alguém havia achado um encontro entre eles uma boa coisa. "Onde estão as câmeras?" Perguntou, olhando para os lados enquanto aos poucos a compreensão do motivo do encontro ser as cegas o atingia como um soco.
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christopherd-amato · 12 days ago
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A palavra fraude repetia em sua mente como um eco distante, fazendo com que um riso sem qualquer traço de humor escapasse por seus lábios. Mal sabia ela que outra carreira era tudo o que ele quis desde quando aprendeu a ler. No entanto, ela não estava errada sobre sua capacidade de ler as pessoas, Christopher era realmente bom em reconhecer comportamentos e em perceber detalhes que na grande maioria das vezes escapavam dos olhos da grande maioria. Sua capacidade de se colocar tanto na pele dos clientes que recebia como na pele daqueles que enfrentaria em um tribunal era justamente o que o tornava um advogado acima da média e também o que fazia ele ter ainda mais raiva da profissão que exercia. Ser um advogado exigia que ele fosse imparcial e ser imparcial, na grande maioria das vezes, exigia ir contra tudo o que ele acreditava. Neslihan não sabia, mas vencê-la no tribunal não havia trazido nenhum bem-estar pessoal para Christopher que sabia muito bem o tipo de pessoa que o pai dela era. No entanto, seu fracasso implicava em uma perturbação da tênue linha de paz entre ele e o pai, o que por sua vez poderia resultar em estresses para a mãe, e isso era algo que ele não arriscaria, mesmo que significasse ter de lidar com a miséria causada pela vitória depois. Talvez se ela o tivesse chamado de hipócrita, ele ficaria mais tentado a concordar com ela.
"Bom, se você acredita que eu sou uma fraude, talvez devesse olhar para si mesma, já que sabemos quem acabou levando a melhor no último embate." A máscara de tranquilidade mantinha-se intacta, enquanto ele a ouvia recitar vários de seus autores favoritos. "Miserável, imperfeito, assim é o mundo e o mais perfeito de seus fenômenos, o homem." Citou Schopenhauer, um dos autores que costumava ler em momentos não muito bons, mas que o pessimismo do mesmo em relação a humanidade muitas vezes ia de encontro ao próprio estado de espírito. "O ser humano é como uma folha em branco." Agora foi a vez de Locke, que o fez sorrir brevemente. "Todos os seres humanos são falhos, incompletos, mas ainda sim dotados de capacidade cognitiva para trilhar o próprio caminho, escrever sua própria história e com um senso do que é certo e errado que, por n motivos, pode não ser igual para todos. Por isso que podem haver conhecimentos similares, mas que foram adquiridos e interpretados de diferentes formas." Disse em um tom neutro, como se toda a irritação do momento houvesse desaparecido. " Você assume que eu nunca senti o amor porquê você não o sentiu, o que de certa forma não me surpreende, já que é mais do que nítido o tipo de sentimentos que possuem lugar na sua vida." Pela primeira vez, os olhos encontraram os dela, notando ali o mesmo tipo de incômodo que sentia. Quase sorriu de satisfação. "Enfim, tudo isso pra te dizer que eu não saber dar uma descrição exata não é advento da ausência do amor na minha vida, e sim porque existem tantas formas e maneiras de falar sobre ele, que se torna impossível colocar tudo em uma única resposta." No fundo ele sabia que sua resposta havia sido um tanto quanto vaga, mas acreditava o suficiente no que havia dito para soar completamente convincente.
A risada que seguiu após a fala dela, dessa vez, foi mais alta e carregada de um divertimento genuíno. "Fala sério, você consegue se ouvir?" Perguntou, sua expressão claramente incrédula. "Pra alguém que se diz tão cheia de virtudes e boas intenções, bastou um instante para se provar a pessoa hipócrita e arrogante que você realmente é." Tornou a dar risada. "Moralmente inferiores a mim. " Christopher repetiu a fala dela entre risos. "E quem diabos você é pra se julgar superior a alguém? Uma deusa? Uma inteligência artificial? Você é tão cheia de falhas como qualquer pessoa, só que se enfia em um mundo onde finge não existem porque no fim das contas você é tão controladora que só de pensar em perder um pouco do controle sobre essa máscara de perfeição que veste com tanto orgulho já é mais do que suficiente para te deixar desesperada." Ele balançou a cabeça para os lados levemente. "Sua moral é tão duvidosa quanto a de qualquer outro ser humano, só difere o fato de que você não é capaz de aceitar isso."
Um riso soprado saiu por seus lábios e a mão tornou a circular o copo que mais uma vez foi de encontro aos lábios e só voltou para a mesa após ele sorver todo seu conteúdo. Achava cômico que ela tentasse atingi-lo o chamando de monstro, afinal, ele mesmo pensava coisas bem piores sobre si mesmo. Christopher gostava de se definir como uma pessoa consiente, que sabia suas qualidades e defeitos e lutava constantemente contras as partes ruins afim de atingir um amadurecimento pessoal. No entanto, as vezes era difícil se ater ao processo de melhora, especialmente quando já não sentia nem um respingo de paciência em si. "Diferentemente de você, eu não escondo quem eu sou de verdade, ao menos, as pessoas que realmente - a ênfase na palavra deixava claro que ela não participava desse grupo de pessoas - me conhecem, sabem tudo ao meu respeito." Ergueu levemente os ombros, como se a fala dela não o tivesse afetado em nada, mas na verdade sentia como se seu sangue estivesse borbulhando.
"E que ela te traga um pingo de humildade, pra ver se talvez um pouco dessa amargura desapareça." Respondeu de forma sarcástica enquanto negava que o atendendente colocasse mais uma dose. Sem perguntar o quanto havia gastado, colocou a mão do bolso de puxou algumas notas que carregava consigo. O valor posto sobre a mesa provavelmente cobria a conta dele, dela e de mais umas três pessoas sobre a bancada. "Pode ficar com o troco. Mais do que merecido por ter que suportar um certo tipo de clientela." Claro que não se referia apenas a Neslihan, mas não se alongaria. Em seguida, se preparava para deixar o local antes que a conversa entre os dois desse seguimento.
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a  percepção  de  mais  uma  batalha  perdida  contra  os  próprios  impulsos  fez  seus  músculos  se  enrijecerem  ,  enquanto  o  estômago  ardia  como  se  atravessado  por  uma  corrente  elétrica  ,  carregando-a  tal  como  um  fio  exposto  ,  vibrando  em  ira  e  vivacidade. seus  pensamentos  ,  tudo  menos  indulgentes  ,  orbitavam  em  torno  da  repulsa  por  sua  falha  e  na  abominação  que  acreditava  encarnar  quando  confrontada  com  as  feridas  emocionais  que  ele  parecia  despertar  com  sua  mera  presença. o  problema  é  você. a  frase  ecoava  em  sua  mente  ,  arrastando-a  para  um  passado  ,  onde  em  sua  infância  os  fios  dourados  se  tornavam  pretos  ,  e  uma  figura  imponente  pairava  sobre  ela  ,  sufocando-a  em  submissão  mental. as  lágrimas  infantis  ,  pequenas  , mas  intensas  ,  alimentando  golpes  emocionais  que  ainda  reverberavam. podia  quase  sentir  o  gosto  salobre  na  garganta  antes  de  sacudir  a  cabeça  ,  dispersando  as  memórias  cáusticas.
seus  olhos ,  ferinos  e  borbulhando  com  animosidade ,  fixavam-se  com  uma  hostilidade  peculiarmente  reservada  à  figura  loira. com  uma  calma  traiçoeira  que  contradizia  a  eletricidade  em  seus  nervos  ,  repousou  as  mãos  sobre  a  bancada. ele  não  merecia  o  privilégio  de  vê-la  vulnerável  ,  nem  a  satisfação  de  perceber  o  ímpeto  visceral  de  estrangulá-lo  que  lhe  aflorava. observou-o  virar-se  com  desdém  calculado  ,  os  movimentos  meticulosamente  ensaiados  ,  enquanto  um  sorriso  enviesado  ,  desprovido  de  calor  ,  curvou  seus  lábios. sua  voz  emergiu  doce  ,  quase  melíflua  ,  mas  carregada  de  um  veneno  que  nenhum  esforço  fazia  questão  de  mascarar. ❝  mais  engraçado  e  fascinante  é  como  você  parece  saber  tanto  sobre  mim  a  ponto  de  formular  uma  análise  tão  detalhada. talvez  devesse  considerar  uma  carreira  em  psicologia  ,  porque  ,  no  direito  ,  sabemos  a  fraude  que  é. ❞  seu  tom  ,  cortante  ,  ecoava  em  sarcasmo.
❝  não  perguntei  sobre  como  brontë  considera  o  amor  uma  força  poderosa  ,  arrebatadora  e  destrutiva  ,  uma  tempestade  que  transcende  as  normas  sociais  e  o  bem-estar  pessoal. nem  sobre  como  shakespeare  o  define  como  complexo  ,  imperfeito  e  intrínseco  ao  ser  humano. muito  menos  sobre  a  visão  de  austen  ,  que  o  interpreta  como  ações  e  não  palavras  ,  respeito  mútuo  e  entendimento  profundo. perguntei  o  que  você  considera  ser  o  amor  ,  christopher. ❞  os  olhos  semicerraram  num  gesto  de  calculada  ironia. ❝  talvez tolstói  seja  mais  do  seu  gosto. ele  o  descreve  como  o  ato  de  fazer  o  bem  ,  a  essência  da  vida  ,  a  fundação  do  mundo  ,  uma  força  universalmente  reconhecível , impossível de não ser compreendida. irônico  ,  não  ?  o  completo  oposto  de  sua  ladainha  vazia. então  ,  diga-me  ,  como  essas  citações  sustentariam  seu  ponto  falho  ?  ❞  as  palavras  eram  carregadas  com  o  desprezo  acumulado  —  passado  ,  presente  e  ,  inevitavelmente  ,  futuro.
❝  descrever  utopias  é  infinitamente  mais  fácil  do  que  vivê-las. o  'amor'  é  um  desejo  fabricado  pelos  que  buscam  preencher  o  vazio  deixado  pela  verdadeira  natureza  humana  —  crueldade  ,  desprezo  e  obrigações  que  nos  afastam  do  que  realmente  queremos. no  fim,  não  passa  de  um  conceito  ,  uma  ferramenta  para  subjugar  em  nome  de  algo  inalcançável. ❞  as  aspas  eram  acompanhadas  por  um  olhar  incisivo  ,  que  estudava  as  reações  alheias  como  um  predador  observando  sua  presa. ❝  ou  talvez  seja  fácil  falar  do  amor  em  ficção  ,  como  tantos  antes  de  nós  fizeram. mas  ,  você  não  pode  descrevê-lo  na  realidade  ,  na  prática  ,  d'amato  ,  porque  nunca  o  sentiu. ❞  girou  o  líquido  rubi  lentamente  no  copo  entre  seus  dedos  antes  de  elevá-lo  ,  canalizando  em  cada  movimento  o  desdém  crescente.
❝  não  sou  eu  quem  se  acha  detentora  de  uma  razão  suprema  para  discursar  sobre  algo  que  nunca  experimentei. essa  é  a  sua  arrogância  ,  não  a  minha. ❞  abaixando  o  vidro  com  delicadeza  ,  permitiu  a  distância  entre  eles  ser  preenchida  pela  tensão. ❝  e não coloco a minha verdade acima da de  ninguém  ,  exceto  daqueles  que  são  moralmente  inferiores  a  mim. isso  se  chama  ter  princípios  ,  deveria  experimentar  tê-los  ,  talvez  assim  criasse  algo  próximo  de  uma  consciência. ❞  era uma dança de  palavras  afiadas como navalhas  ,  cada  uma  estrategicamente  lançada  para  encontrar  brechas  na  impecável  fachada  do  adversário. por  um  instante  ponderou  continuar  com  o  assunto  ou  simplesmente  levantar-se  e  dar  as  costas  ,  quando  a  menção  do  próprio  fracasso  despertou  ódio  em  suas  veias. neslihan  encontraria  a  ferida  de  christopher  e  a  faria  sangrar  como  nunca  antes. ❝  você  é  desprezível. quantas  pessoas  sabem  do  verdadeiro  monstro  que  você  é  ?  ou  prefere  se  esconder  atrás  dessa  empáfia  calculada  ,  apenas  para  evitar  sufocar  por  tudo  que  reprime  ?  ❞  o  gosto  do  negroni  parecia  menos  amargo  do  que  o  que  sua  fala  deixava  no  ar. não  se  tratava  apenas  do orgulho  ferido  ,  mas  a  memória  viva  de  tudo  que  kadir  şahverdi  havia  conquistado  às  custas  de  inocentes  ,  auxiliado  pelos  homens  rizzo ,  era  como  derramar  ácido  em  sua  alma  ,  em  seu  senso. algo  que  o  outro  seria  incapaz  de  desenvolver  nem  mesmo  em  mil  vindas  ao  plano  terreno.
 a  verdade  era ,  de  longe ,  a  coisa  mais  vulnerável  a  se  compartilhar  com  alguém  ,  e  a  sua  a  corroía  em  pequenas  e  dolorosas  doses  ,  não  permitiria  que  ele  tivesse  aquele  tipo  de  influência  sob  si. ❝  um  brinde  à  miséria  ,  d’amato  ,  que  ela  continue  sendo  a  musa  inspiradora  da  sua  eterna  arrogância. ❞  sorveu  outro  gole  elegante  ,  antes  de  repetir  a  saudação  sem  a  mesma  teatralidade. por  uns  instantes  repousou  o  cenho  sobre  os  dígitos  sustentados  pelos  braços  apoiados  contra  a  bancada  ,  como  se  apenas  assim  pudesse  conter  o  caos  em  seu  interior.
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christopherd-amato · 18 days ago
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A princípio, a risada não havia chamado a atenção de Christopher, afinal, haviam pessoas demais ali e o alvo de riso podia estar em qualquer lugar, porém a voz que se fez audível no segundo seguinte, para seu total desprazer, era de alguém que ele conhecia bem o suficiente para saber que toda aquela ironia contida era dirigida a ele.
Devagar, se virou na direção dela, não fazendo a menor questão de esconder a expressão clara de descontentamento em seu rosto. "Só uma pessoa como você, Gokçe, para achar que alguém precisa ser autoridade para falar sobre algo que, no fim das contas, é inerente a cada ser humano." Sarcasmo se mesclava ao desprezo emoldurando cada palavra pronunciada em seu tom naturalmente calmo enquanto fixava seus olhos no rosto alheio. Para ele, não havia a menor possibilidade de alguém conseguir falar com exatidão sobre o sentimento, afinal, cada um o sentia de uma forma, por isso o amor era retratado de tantas formas diferentes em livros e canções. E era exatamente por isso que o considerava um sentimento tão bonito: pela sua forma de se adaptar.
O indicador circulava a circunferência do copo enquanto ele esperava, da forma mais calma possível, ela falar. Vez ou outra, arqueava a sobrancelha conforme a irônia parecia crescer em suas declarações. Quase soltou um palavrão ao vê-la ajustar a postura, como se ela o estivesse dispensando de uma conversa da qual ela sequer fazia parte a princípio. Em diferentes ocasiões, ele sequer se daria ao trabalho de respondê-la, mas naquele dia ele já havia engolido seu desconforto vezes o suficiente a ponto de se recusar a fazê-lo de novo. Em busca de manter os nervos em seus devidos lugar, Christopher levou o copo aos lábios, sorvendo o restante do whisky em um gole único, e logo após, gesticulou para que o garçom efetuasse a reposição de bebida. Ela podia considerar o assunto encerrado, mas ele não.
"Engraçado como um elogio vindo da pessoa errada é capaz de causar tanto desconforto, não acha?" Comentou em tom divertido, apenas porque sabia que iria incomoda-la ainda mais. Claro que ele sabia que os tais elogios haviam sido feitos de forma sarcástica, mas se recusava a cair na provocação. "Sabe, eu poderia citar trechos e mais trechos de renomados nomes da literatura, músicas de todos os estilos possíveis que falam sobre o amor, mas ainda assim você não iria compreender, porque no fim das contas, o problema não é na existência ou não do sentimento, o problema é você." Agradeceu o garçom com um aceno breve de cabeça ao ter o copo preenchido novamente. "Você que acredita ser tão dona da verdade que quando acha alguém que pensa e age diferente de você já se acha no pleno direito de se colocar como certa." Independente da irritação que sentia, Christopher manteve o tom ameno e os sentimentos devidamente camuflados em uma máscara de tranquilidade que já estava mais do que habituado em utilizar. "Fora que é extremamente engraçado você se achar no direito de falar sobre fracasso comigo, já que visivelmente fica remoendo o seu até hoje." Sim, aquele havia sido um golpe baixo, afinal. ele entendia perfeitamente a frustração que perder algo para uma figura paterna, mas naquele momento pouco importava. Ela até poderia ter sucesso em tornar o dia dele ainda mais miserável, mas ele não se sentiria miserável sozinho. "Cheers to our own misery!" Ergueu o copo como se estivessem brindando e mais uma vez o levou aos lábios, sorvendo um longo gole e então virou-se novamente para frente, decidido a não dirigir a palavra à ela novamente.
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com  os  antebraços  apoiados  contra  a  pegajosa  bancada  ,  a  pele  despida  do  blazer  e  sobretudo  se  arrepiava  contra  o  ar  palpável  do  the  loft. neslihan  questionava  se  aquela  realmente  era  uma  boa  opção  para  finalizar  o  dia  que  a  exaurira  ,  mas  a  certeza  de  negronis  de  proveniência  questionável  —  dos  quais  já  havia  consumido  o  suficiente  para  justificar  a  postura  desalinhada  —  firmava  sua  permanência  por  um  interlúdio. o  gravame  psíquico  arqueava  os  ombros  ,  os  nervos  tilintantes  suprimindo  o  que  restava  de  paciência  em  seu  âmago  ,  e  somente  a  noção  de  estar  sozinha  ,  ainda  que  cercada  de  pessoas  ,  a  fazia  respirar  pausadamente  em  tentativa  de  conter  o  ímpeto  que  se  alastrava.      não  só  pela  sandice  que  parecia  ter  tomado  khadel  que  o  estado  de  humor  mordaz  da  gökçe  se  manifestava  ,  mas  também pelo  caso  de  severidade  peculiar  que  havia  chegado  em  suas  mãos  —  a  complexidade  similar  ao  último  ,  e  único  ,  litígio  malsucedido  de  sua  carreira. a  memória  escaldante  ,  marcada  não  só  pela  vaidade  ferida  ,  mas  pela  sensibilidade  do  assunto  e  as  figuras  associadas  ,  permanecia  um  peso  em  suas  entranhas  ,  a  impregnando  de  amargura. por  breves  instantes  almejou  uma  presença  com  quem  pudesse  exorcizar  o  sentimento  ,  mas  rapidamente  rejeitou  a  noção  como  uma  simples  frivolidade.      o  fim  de  mais  um  negroni  entre  as  palmas  —  frias  ao  toque  ,  mas  abrasadoras  contra  o  delicado  vidro  —  ,  preparava-se  para  adornar  as  feições  com  um  breve  sorriso  e  solicitar  outra  sequência  do  drink  ,  quando  os  sons  dispersos  do  bar  e  o  inconfundível  timbre  da  última  pessoa  que  desejava  encontrar  ,  fosse  naquele  instante  ,  ou  em  qualquer  outro  ,  se  quisesse  ser  honesta  ,  a  alcançaram  em  um  único impulso. todo  o  amargor  que  fervilhava  em  seu  íntimo  encontrou  escape  diante  da  voz  que  transbordava  arrogância,  como  se  a  verdade  fosse  sua  propriedade  exclusiva  ,  e  ele  ,  o  único  digno  de  desvendá-la. a  risada  carregada  de  escárnio  escapou  os  lábios  ainda  tingidos  do  habitual  carmesim  antes  mesmo  que  pudesse  pensar  em  reprimi-la  —  não  que  fosse  fazê-lo  de  qualquer  forma. ❝  ah  ,  claro...  e  você  é  a  maior  autoridade  em  amor  que  existe  ,  não  é  mesmo  ,  d'amato  ?  ❞  as  orbes  vagamente  turvas  atinham-se  ao  homem  ,  a  meros  dois  bancos  de  distância. a  quanto  tempo  ele  estava  ali?  
❝  com  todas  as  suas  brilhantes  músicas  e  poesias  verbais  ,  como  não  ser. ❞  os  lábios  repuxavam-se  sutilmente  em  ironia  ,  o  desprezo  francamente  exposto. ❝  conte-nos  mais  sobre  o  que  é  o  amor  ,  como  é  o  sentimento  ,  christopher  ?  é  ser  superficial  e  arrogante  ?  dar  as  costas  a  quem  precisa  ?  ou fazer  tudo  o  que  é  mandado  somente  para  não  ter  que  lidar  com  o  sentimento  de  fracasso  ?  ❞  a  cada  questionamento  o  corpo  inclinava  em  direção  a  ele  ,  o  olhar  ácido  corroendo  a  si  mesma. ❝  é  claro  que  a  maldição  é  uma  falácia  ,  mas  não  porque  ninguém  —  além  de  você  ,  é  claro  ,  chris-  ❞  o  epíteto  soava  como  um  sibilo  na  língua  feminina. ❝  sabe  identificar  o  amor  ,  mas  pelo  simples  fato  de que. o. amor. não. existe. ou  você  acha  mesmo  que  se  existisse  o  mundo  seria  como  é  ?  ❞  considerando  o  assunto  encerrado  ,  o  ar  nocivo  ,  até  então  aprisionado  em  seus  pulmões  ,  finalmente  expelia. ajustando  a  postura  com  precisão  ,  os  olhos  se  fixaram  na  rodela  de  laranja  que  adornava  o  copo  ,  como  se  fosse  um  ponto  de  contemplação  existencial.
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