#turno: alec hale
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ALEC HALE : BANDA ➛ RICHIE ➛ GALERA
Estou preparado para Talk Dirty to Me, mas não o que escuto. Levo alguns segundos num embaraço mental antes de entender o que de fato estava acontecendo e reconhecer a melodia prontamente engatada pelos demais. Gonna Make You Taste. Arregalo os olhos de ímpeto numa atitude extremamente amadora porque sou pego de surpresa, mas a exteriorização desse choque para por ali, tenho que ser rápido e improvisar. Estou confuso. Entramos em consenso sobre aquela música em específico, acerca da necessidade de pequenos ajustes e creio que concordamos com o seguinte: ela ainda não estava pronta para ser mostrada ao mundo. Não daquela forma. Mas já estou tocando, minha guitarra dando a base a de Richard ao mesmo tempo que a minha voz, já um tanto rouca, flui de forma natural e o microfone a amplifica. O show não pode parar, e, de todo modo, isso nem fazia parte dos meus planos. À essa altura demonstro confiança, aquela que fui adquirindo gradativamente durante a performance porque é a única coisa que eu tenho a fazer no momento, afinal, eu não ia dar uma de Marilyn Manson e sair no soco com meu guitarrista. A plateia está ensandecida, eles nos aprovam e eu gosto disso. Cometo alguns erros imperceptíveis aos olhos do público, visto que se tratava de uma de nossas inéditas, mas o dom do improviso - com o qual felizmente fui agraciado - me salva mais uma vez e os aplausos preenchem o ambiente ao final. Eu não sei se pela experiência pretérita ou pelo sucesso que executaremos a seguir, já velho conhecido de qualquer roqueiro que se preze.
O suor escorre pelo meu rosto e o barulho ambiente soa abafado em meus ouvidos devido ao estado de euforia no qual me encontro. A sensação que estar ali me proporciona é melhor que qualquer droga. Retiro a alça da guitarra de meus ombros com destreza e apoio o instrumento em um canto estratégico. Tudo premeditado, vez que Talk Dirty to Me não exigiria a minha base. Enfim eu posso explorar o palco, após ter o microfone em mãos e derrubar sua base de forma teatral. Ando de um lado para outro, hora ou outra dando evidência aos meus companheiros de banda ao melhor estilo Bret Michaels que consigo. E eu sei que somos bons, até porque é isso que o público transmite em seus gestos, dessa vez com uma opinião livre de vícios - não era como os comentários de Ace, Adam e Catrina, por exemplo, que muito embora fossem válidos, tinham lá sua parcialidade. E apesar de ser a última música cada um de nós se entrega de corpo e alma. Suspeito que por motivos diferentes, mas particularmente falando, quero deixar aqueles filhos da mãe pedindo por mais. Volta e meia divido o microfone com um Richard deveras empolgado, e a despeito de suspeitar que nossas motivações não são as mesmas, ele não deixa a desejar em termos técnicos. Joshua, logo atrás de nós, permanece alheio ao que se passa, porque o cara parece se transportar para uma dimensão particular enquanto batuca a bateria estrondosa, e Oliver, ainda que deveras reservado, consegue impor sua presença.
Deixamos o palco em meio aos aplausos e gritos de um público que nos aclama. Me sinto embriagado, embora longe de álcool por pelo menos uma hora e alguns minutos. Abro alguns botões da camisa branca encharcada de suor e cumprimento os caras da banda com animação. É como se um raio corresse por minhas veias e incendiasse o meu sangue. Não quero parar de sentir, mas de modo gradativo meu coração descompassado retoma o seu ritmo costumeiro e coloco o juízo no lugar. Consigo uma garrafa de cerveja no backstage e a bebo como se fosse água, porque a sensação é de que eu estava no deserto e aquele era o primeiro líquido que eu via há dias. Fico meio tonto, passando amigavelmente os braços em volta dos ombros de Parrish e Oliver. — Richard, seu filho da mãe. Eu só ensaiei essa porra completa cinco vezes! Se vai pegar alguém de surpresa eu sugiro que seja a plateia, não seu vocalista. — Meu tom não é de acusação, ou eu penso não ser, vez que ainda estou vagamente ofendido. — Gonna Make You Taste deixou essa galera ensandecida. — Dou de ombros por fim, na tentativa de evitar animosidades. Seguimos com uma troca de comentários intensa sobre tudo que aconteceu. E assim como fora no palco, sinto que ali estamos na mais perfeita sincronia. Stryder fala algo sobre pegar um whisky decente, mas, verdade seja dita, penso que é só uma desculpa para ir ver a irmã. Ou a amiga dela, sei lá. — Vai lá ô babysitter. — Cutuco, recebendo o típico dedo do meio e um comentário grosseiro em resposta. Isso me faz rir, mas não por muito tempo porque Parrish permanece ao meu lado e eu sei que preciso jogar as cartas na mesa.
— Eu não sabia que você era adepto à serenatas, Richie. — Provoco ao colocar uma garrafa em suas mãos, estudando a feição alheia. Nunca fui de me meter em assuntos que não me diziam respeito, era bem verdade, mas aquele em específico poderia respingar em mim, e vejam só, eu não estou afim de me sujar. — Não faço ideia do que tá rolando entre você e a Catrina, mas se forem esconder isso do Josh eu sugiro que se empenhem um pouco mais. — Ainda que o Stryder tenha desaparecido por entre aquele mar de gente, meu tom de voz é controlado. — O cara é uma bomba relógio, ‘cê sabe disso melhor que eu. E bomba quando estoura... Sobra pra muita gente. — Concluo um tanto pensativo. Acho à essa altura que a banda significa para mim um pouco mais que um mero hobby adolescente, porque vejo do que somos capazes e não quero que nada catastrófico arruíne a coisa toda. — Quer dizer, não vou contar nada, então não precisa se preocupar comigo. — Tenho que tranquilizá-lo, afinal, Richard podia entender aquilo erroneamente - e isso era tudo que eu precisava evitar no momento. — Agora, Romeu, eu vou procurar uma coisa decente pra beber. — E aponto para o balcão, que é para onde me dirijo naquele instante.
Quando finalmente alcanço o que interessa - no caso, bebida alcoólica - sou surpreendido por ninguém menos que o coroa calvo sobre o qual meus contatos me alertaram, que conversa com um Joshua deveras desconfortável. Minha feição muda de imediato porque quero parecer profissional, me aproximando com casualidade forjada. Jason Baker se apresenta e, após alguns comentários aleatórios sobre nada em especial, ele sugere que façamos audições para tocar no Willamette Rock Festival, que ocorreria dali uns quatro ou cinco meses. Preciso fazer um esforço tremendo para não deixar transparecer meu estado de espírito real e soltar um simples “É, a gente pode ver isso aí.” naturalmente. Após algumas bebidas o desconhecido se despede e eu cutuco Josh. — A gente acabou de receber um convite pra audição. — Digo ao outro quando o careca se afasta o bastante para não conseguir distinguir minhas palavras. Ele franze o cenho ao perguntar se eu já estava bêbado e sou obrigado a gargalhar quando ele afirma ser apenas uma sugestão. — Não mano, foi um convite. Aquele cara trabalha pra uns caras e você já entendeu onde eu quero chegar. — Explico e, dessa vez, sou recebido com uma conduta animada do baterista, que parece quase tão incrédulo e extasiado como eu. Só precisaria convencer os outros, mas suspeito que isso não seria lá tão difícil.
É preciso muito esforço do acaso para que eu note uma aglomeração familiar à poucos metros e vá abrindo caminho. Estudo a cena com respeito estampado na cara porque Adam certamente não perdia oportunidades. — E aí, o que eu perdi? — Indago Ace, ainda que soubesse o que estava acontecendo ali. Era muito óbvio, como um mais um são dois. Seis copos enfileirados, duas notas de cinquenta dólares no balcão. Isso porque a noite estava só começando. Infelizmente Jonathan pegou a primeira vaga, e se eu quisesse descolar uma grana extra deveria esperar a próxima rodada.
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ALEC HALE : BANDA
Eu era Clyde Barrow. Sem minha Bonnie, é claro. Queria deixar para usar tal fantasia numa ocasião em que, de fato, pudesse fazê-la em dupla, mas duas coisas me impediam: a primeira, eu não sabia se seria capaz de encontrar uma namorada e, segundo, poderia não estar mais vivo no próximo halloween. Não que tivesse planos para desencarnar, mas minhas atividades recentes e hábitos nada saudáveis me faziam levantar a hipótese. Dei uma conferida nos tiros falsos espalhados pelo corpo - um na testa e outro na bochecha, bem explícitos e chocantes, com sangue falso escorrendo em meu rosto e misturando-se ao pó preto que simulava pólvora, mais tantos furos na camisa branca entreaberta. As calças se safaram da destruição, óbvio, eram de boa qualidade e eu não poderia me dar ao luxo. Estavam presas a um suspensório maneiro que encontrei no guarda-roupa de Will, ele não se importaria com o empréstimo. Encenei um disparo na testa com o simulacro que jazia na pia do banheiro, bem no suposto buraco da bala e fiz uma careta exagerada, colocando a língua pra fora ao revirar os olhos enquanto inclino a cabeça. Meu chapéu cai, obrigando-me a curvar as costas para recuperá-lo. Estou ficando velho, concluo. Enfio a arminha de brinquedo no cós da calça e finalmente saio do banheiro abafado, dando de cara com um William exausto, ao lado de Edward e Katharine contando uma quantidade absurda de doces que agora estavam espalhados em dois montes na mesa da cozinha. Kid Kat solta um grito estridente quando me vê e preciso despender dois minutos e meio ao explicar que os ferimentos eram falsos. Por fim deixo a casa e vou a pé para Gehenna - o bar descolado no qual a Seventh Heaven faria o que eu definiria como sua performance mais importante nos últimos meses. Foi difícil descolar uma vaga - ainda mais em noite de halloween, mas eu fui agraciado com o dom da boa lábia, para nossa própria sorte.
Estudo a frente do bar por alguns segundos e um arrepio sobe-me a espinha. Estava fodidamente lotado, fazendo um contraste alarmante com a situação pretérita, naquela mesma manhã, quando fui sozinho deixar os instrumentos e organizar a parafernalha toda no palco. Era meu modo de tentar me redimir com os caras pela ausência nos últimos ensaios. Apresento orgulhoso minha identidade falsa ao segurança que me abre passagem e vou até o ambiente outrora indicado pelo dono do lugar, no segundo andar, onde espero de forma nada paciente os demais integrantes da banda. O primeiro a chegar é Oliver, numa versão menos aterrorizante do Freddy Krueger, e se recolhe num canto para a sua meditação. O segundo é Richie, que não perde tempo em tirar um cigarro dos bolsos e empurrar nicotina pros pulmões. Se bem que não precisava necessariamente ascender o tabaco pra realizar tal feito, já que o ambiente era bem propício. Ligo para Josh, atrasado como de costume, e trocamos uma série de ofensas. Era divertido irritá-lo por um simples fato: ele pilhava com facilidade e eu adorava jogar gasolina no incêndio alheio. Em menos de cinco minutos ele aparece e não me agrada a visão. Pensei ter sido original o suficiente para me trajar como um gangster, mas o infeliz teve a mesma ideia. Tudo bem que ele estava mais pra O Poderoso Chefão enquanto eu mesmo era um Clyde falecido, mas ainda assim fico puto. Até falsa Tommy Gun que o indivíduo carrega chama mais atenção que meu revólver calibre trinta e oito. Joshua era um playboyzinho desgraçado, mas a caracterização ficou foda. Estreitei os olhos e me aproximei em uma provocação prontamente repelida, mas rir era inevitável.
Passo boa parte do tempo aquecendo os vocais com vodka pura e limão ao som ambiente, torcendo para que não tocassem nenhuma música do nosso repertório. Passei a lista de proibições pro cara, mas sabe-se lá o que essa galera tem na cabeça. Estalo meus dedos, um por um, ao ritmo da música que soa alta em meus ouvidos. Não quero confessar que estou nervoso pra caralho, então presto atenção no diálogo mantido por Richard e Joshua. Não é grande coisa, sequer consigo me entreter, mas ouço meu nome na sequência e essa é minha deixa. Me aproximo de Richie, passando um dos braços em volta de seu pescoço.
— Mas é claro Parrish. — Digo como se a resposta fosse muito óbvia, e, pelo menos em meu universo particular, ela era sim. — Eu não fiz essa obra prima pra ficar guardada na minha gaveta. Aliás, é uma honra apresentar a vocês a vida noturna, já passou da hora de descobrirem o lado bom da existência humana. — Indico o ambiente, girando-o para que o guitarrista pudesse vislumbrar a parte de baixo do bar, o aglomerado de corpos dançantes, os flertes nada confidenciais e os copos sendo virados sem cerimônia. Um sorriso presunçoso toma conta de meus lábios ao admirar aquela maravilha, extasiado com a sensação de fazer parte daquilo. É quando um dos funcionários do bar nos dá a intimação. Subiríamos no palco em menos de três minutos e isso me causa um alvoroço interno. Não sei se quero vomitar, o que é engraçado porque geralmente estou muito seguro de mim mesmo. Esfrego a palma das mãos, molhadas, na calça preta e sigo o caminho indicado. No backstage, camuflado pela pouca luz, analiso a plateia. Aponto para um cara de meia idade recostado em uma das pilastras, um pouco mais afastado da multidão que se amontoa ali. — Tá vendo aquele ali? É um olheiro. — Informo a Richard, que é quem está perto de mim no momento. Não digo como consegui a informação, afinal, um bom mágico nunca revela seus truques. Também não sei o porquê de tê-lo dito aquilo, talvez fique mais nervoso. — É zoeira. — Minto, arrependido da confissão prévia e passo a alça da guitarra pela cabeça, posicionando-a num dos ombros. — Vamos incendiar essa merda. — Incentivo os outros três, que respondem sem hesitação.
Somos anunciados e uma série de aplausos, assobios e gritos tomaram conta do ambiente. As luzes se apagam e, nesse meio tempo, nos posicionamos no palco. Gehenna tinha capacidade para seiscentas pessoas e eu acho que nosso público beirava a isso naquele momento. De algum modo estou mais calmo, recuperando a confiança gradativamente quando as luzes se acendem novamente. Faço a contagem regressiva e então as guitarras, tanto a minha quanto a de Richie, soam em uníssono acompanhadas pelo baixo grave de Oliver e a bateria furiosa de Joshua. Começamos por Talk to The Devil por indicação de Ace e Adam. De qualquer modo aquela era de fato nossa música mais conhecida - ao menos era a que mais tinha visualizações no Youtube. Embora mais voltada ao hard rock do que pro metal puro e simples, o engajamento do público surpreendeu. Pegaram o refrão com facilidade, as cabeças batiam ao ritmo da música e as mãos levantavam ao estilo maloik. Sentia-me em casa, aquele era de fato o nosso lugar. A energia da banda, sincronizada, lembrava um quebra-cabeça com todas as partes encaixadas. A euforia explodia em minha cabeça e o suor escorrendo por minha testa não incomoda mais. As vozes formam um coro interessante quando tocamos velhas conhecidas, como Pour Some Sugar on Me, I Wanna Rock e Sad But True por exemplo, intercaladas com as autorais para manter a plateia interessada. Estamos prestes a iniciar a última música, fecharíamos com Talk Dirty To Me. É então que desperto de meu estado de topor e vislumbro faces conhecidas. Catrina está animada nos ombros de Adam, olhando diretamente para nós - para Richard, sendo mais exato, com um sorriso que vai de orelha à orelha e eu torço pra Josh não interpretar aquilo da forma correta. Olivia está ali perto também, o que deve chamar a atenção do baterista por ora. Além dos três consigo ver, um pouco mais afastados, Jonathan e Ace, acompanhados das duas novatas que agora conhecia por Max e Gwen.
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ALEC HALE ➛ Jonathan; Joshua; Adam; Max; Gwen & Bryce
Katherine não quer me deixar ir. Tento convencê-la de que as coisas seriam mais fáceis para nós se ela simplesmente descesse do carro por livre e espontânea vontade, mas ela só o faz quando a suborno com McDonald’s. Ah, capitalismo de merda. Dou partida no Jeep e troco a playlist para Ramones, vez que meus pequenos irmãos insistiam em ouvir qualquer droga pop que passava na rádio. Como o bom irmão mais velho, fazia parte escutar porcarias sem reclamar. Modéstia parte eu era bom nisso.
Estaciono o carro em um lugar estratégico, a julgar que pelo menos 70% dos alunos daquela escola estavam com uma ressaca fodida e era zero a minha vontade de ter dor de cabeça com um automóvel que nem era meu. Esfrego uma mão na outra com a finalidade de esquentar os dedos e deixo o Jeep para trás na medida que vou adentrando à selva escolar. Caminho até o armário para resgatar uma pequena lista de exercícios matemáticos do clube – os quais eu não fiz – para responder na aula de história americana e entregar sem atrasos. Se já não bastasse a dor de cabeça proveniente da cerveja, eu não precisava de mais problemas.
Daí eu encontro Joshua Stryder com uma expressão mais próxima de ânimo que ele conseguia chegar, e eu acho as coisas um pouco suspeitas. Ele obviamente não vira o que eu vi ontem, e sequer ficou sabendo, porque não estava surtando. Dou-lhe um tapinha nas costas. Estava ao telefone, com Richard. O assunto nada mais era do que os ensaios dessa semana, e antes de desligar, uma promessa de boa-notícia que seria anunciada mais tarde, porque eu supostamente o interrompi.
(...)
De alguma forma estamos sentados na mesma mesa que Maxine, amiga de Ace e Catrina, do clube de música, e a loira com sotaque carregado e a perna quebrada, também amiga de Ace. Elas não parecem muito interessadas em nossa conversa. Aliás, não pareciam interessadas em nada. Estavam cansadas, suponho. No lugar delas eu também estaria, mas eu estava acostumado em virar noites e beber energéticos – como estava fazendo no momento.
– Eu só não sei se meu amplificador aguenta muito tempo, Joshua. – Dou continuidade à conversa após dar outro gole no Red Bull despejado sorrateiramente em uma garrafa de água. Não era como se fosse proibido, mas também não era exatamente permitido. Por via das dúvidas... – Qual era a tão boa notícia que conseguiu te animar em plena segunda, cara? – Ele diria para Richard mais tarde, mas eu acho que não era bem um segredo. É nessa hora que Adam brota ao nosso lado, e é recebido de forma animada por meu amigo, que acaba passando a mão sobre os ombros do outro e alimenta ainda mais minha curiosidade.
Joshua passa algumas informações relevantes sobre a casa de praia da família, e que ela estaria livre na próxima semana. Ao ouvi-lo falar, me pergunto se não estava treinando com o pai em segredo para assumir a empresa em um futuro incerto, porque ele levava jeito para a coisa, infelizmente. Josh era a melhor oportunidade de sucesso da banda, ele tinha contatos, e não seria legal perde-lo para um escritório chato e caras de terno. Que pensamento egoísta. As meninas ainda se perdem no desinteresse, ao contrário de Adam, que sugere um sorteio de palitos.
– De jeito nenhum, Hatten. Tá bêbado? – Era uma pergunta retórica, eu sabia que ele estava mesmo. Jonathan Patterson passa por nós, levando consigo um Adam que chutou o meu traseiro. Reclamo, mas não é o suficiente para fazê-lo se manifestar, e eles saem comentando algo sobre a polícia e a festa de ontem. Max questiona se fora obra do velho ranzinza, mas a ideia é afastada de imediato e eu solto um riso contido quando a loira se manifesta, porque lembro da brilhante cena de Ace e não consigo me segurar.
Após uma comoção esquisita que incluía Hatten, Patterson, Davis e uma galera a qual não fazia questão nenhuma de gravar o nome, o jogador decide vir até nós e questionar onde estava “sua garota”. Joshua não o recebe muito bem, e levanta de imediato com o punho cerrado, pronto para acertar um alvo bem escolhido, enquanto a outra mão segura o tal alvo pela roupa. Eles trocam palavras destiladas de ódio mútuo e provocações, mas é quando Bryce esboça um sorriso debochado que decido intervir.
– Josh, fica frio. Quebrar esse boçal só vai te trazer problema. – Coloco a mão no pulso do meu amigo a fim de evitar que eles entrassem nas vias de fato, porque tinha noção dos avisos do Sr. Stryder ao seu primogênito no quesito “bancar um lutador de MMA”. E nós tínhamos um show marcado para sábado, não era viável ter um baterista com a mão machucada.
– Problema? Problema quem trouxe foi aquele seu amig-
– Calado és um poeta, Davis. – Interrompo, me certificando de o encarar com seriedade ao pronunciar minhas palavras, que eram mais como um aviso. Por que eu faria isso? Vi muitas coisas na noite anterior, inclusive um Richard afrontoso beijando a inconsequente irmã mais nova do melhor amigo. Tive que fazer um esforço singular para evitar que Joshua visse alguma coisa – estávamos tão perto, e ainda assim era como se o casal recém-formado me devesse muita coisa. Não sabia o que estava rolando entre eles, ou como chegaram àquele ponto, mas devia haver uma boa explicação. Era importante lembrar também que essa merda toda não me dizia respeito, mas estava, invariavelmente, declarando minha lealdade aos pombinhos ao não abrir a boca para meu-também-amigo Stryder. Se ia dar merda em algum momento? Provavelmente. Mas eu não podia fazer nada além de fingir demência. Caralho, eu sou um bom ou um mau amigo?
Minha mão firme ainda está no pulso de Josh, que gradativamente solta o casaco supostamente descolado de Bryce, e este me dirige um olhar carregado de agradecimentos silenciosos. Qualquer um ali sabia quem ganharia essa briga caso fosse adiante, e não era ele. Eu não fiz isso por você, filho da mãe narcisista, era o que eu queria cuspir para o loiro, mas prefiro terminar logo com isso e evitar que ele também decida abrir a boca por ora. Tinha meus motivos. Me pergunto em silêncio se o tapado do jogadorzinho não tinha um pingo de juízo naquela cabeça.
O atleta solta uma risadinha teatral e arruma a blusa amassada por Josh, enquanto segue seu rumo em direção à Adam.
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