#turninhos da lian
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──── ⠀ 𝖺𝗇𝖽 𝗇𝗈𝗐 𝗍𝗁𝖾𝗋𝖾 𝗈𝗇𝗅𝗒 𝘢𝘴𝘩𝘦𝘴 𝗈𝖿 𝗍𝗁𝖾 𝖽𝗋𝖾𝖺𝗆𝗌 𝗍𝗁𝖾𝗒 𝙗𝙪𝙧𝙣𝙚𝙙. . ✶⠀ ᵗ ᵃ ˢ ᵏ
⠀⠀⠀𑁪ㅤׅㅤ۫ 𝗍 𝗁 𝖾 𝖿 𝗂 𝗋 𝖾
A ilha repousava em uma quietude quase sagrada, com ondas sutis formando-se na costa e o reflexo do luar enfeitando o corpo d'agua com prata. Apesar do sono, costumava acompanhar Maresia algumas noites para observar seus cochilos, hábito de quando era apequenado. Antes, o dragão enrolava a cauda em seu braço e torcia o pescoço para aninhar-se na curva de seu ombro, mas pelo tamanho absurdo, agora limitava-se a aninhar-se no chão, com Aeolian repousada sobre a tez escamosa. Para distrair os olhos cansados e pesados, ela manteve-se atirando pedrinhas, observando-as quicar algumas vezes e afundarem.
Do lado oposto, cresciam labaredas, nascidas de origem desconhecida mas famintas como feras, devorando as paredes de pedra até engolir o que houvesse no caminho. Quando tomou a maior parte do castelo, dilacerou também a escuridão habitual com um clarão implacável, iluminando os arredores e criando matizes entrelaçadas de laranja e amarelo na água, bem à frente de Aeolian.
Com passadas erráticas e o coração disparado, lembra que seus olhos se arregalaram ao avistar a destruição. Não lembra, contudo, de quando voou com Maresia e alcançou o pátio, onde ao invés de recuar, ela acelerou, correndo contra a maré de pessoas que escapavam desesperadamente. Seu pensamento era somente um: recuperar a coroa de flores que seu irmão Ciella havia feito para ela no aniversário, a última lembrança palpável de seu tempo juntos.
Naturalmente, foi impedida por alguém, que, vendo sua loucura, a segurou com firmeza. "O que está fazendo?! Não pode entrar lá!" gritou, enquanto ela debatia-se como se cada fibra do seu ser estivesse em chamas junto com as paredes.
"Me solta! Me solta agora, ou-!" irritada, cravou os dentes sobre a carne de seu captor, preenchendo, dado momento, de sabor ferroso a língua, e carmesim partes dos lábios. Se um dia houvera lucidez em Aeolian, ali havia esvaziado-se como água.
O braseiro estralava cada vez mais forte, e o calor crescia cada vez mais insuportável, com fagulhas voando para todos os lados. A imagem das chamas resplandeceram em seus olhos raivosos, sabia, no fundo, que a coroa, tão delicada, já devia ter sido reduzida a cinzas, com as chamas levando consigo não apenas o edifício, mas as últimas recordações de seu irmão. O que restava, então? Apenas o vazio crescente em seu peito. Por fim, cedeu à força.
Fogo devorou tudo, e os dragões dançaram em fuga através da fumaça.
Quando o sol despontou no horizonte, o que restou do Instituto eram apenas escombros fumegantes, e apesar da notícia do diretor ter gerado considerável choque, o pior haveria de vim depois — o Cálice dos Sonhos havia desaparecido. Aeolian, sempre tão segura, sentiu o par de pernas vacilarem, como se o chão tivesse desaparecido sob seus pés. Mas não permitiu que o medo a tomasse por completo.
Ela caminhou até um local que julgou seguro, onde seu corpo finalmente cedeu ao peso do que vivenciara. O estômago revolveu, e ela vomitou, sentindo-se vazia, traída pelo destino. O alívio era fugaz; pois sim, seu pai, tudo que a restava da família, estava ao seu lado, mas nada poderia preencher a ausência que sentiria do Sonhār e da sua outra família que lá tanto a bem-queria; não há amor possível que possa substituir outro. Aos bocados, a ansiedade que crescia transmutou-se em tristeza, e então, em uma raiva surda.
Dias depois, a ordem do Imperador veio como um golpe final: seriam obrigados a se mudar para Ardosia. A transição, uma obrigação imposta, parecia um exílio, longe de tudo o que conhecia e amava, cada vez mais afastada do único laço que ainda a unia ao irmão, ao Sonhār, e à sua própria identidade.
⠀⠀⠀𑁪ㅤׅㅤ۫ 𝗍 𝗁 𝖾 𝗂 𝗇 𝗍 𝖾 𝗋 𝗋 𝗈 𝗀 𝖺 𝗍 𝗂 𝗈 𝗇
Em uma das salas úmidas e pouco iluminadas no subsolo de Hexwood, Aeolian sentava-se diante de uma mesa de madeira que parecia tão antiga quanto o próprio castelo. Os oficiais à sua frente tinham expressões frias e profissionais, mas não o suficiente para mascarar a tensão que pairava no ar. Com a ponta dos dedos, ajeitou os cabelos platinados, que caíram de forma elegante sobre seus ombros, e lançou um olhar lento para os homens que aguardavam suas respostas, seus olhos com cores divergentes cintilando à luz trêmula das tochas.
A primeira pergunta veio com uma formalidade quase penosa. Ela inclinou a cabeça, um sorriso irônico dançando nos lábios. Poderia mentir e alegar um estado mais neutro, evitando presunções, mas que culpa teria ela se este fosse incapaz de fazer um trabalho decente ao invés de apegar-se a primeira criatura sem papas na língua que cruzasse seu caminho? "Distante o bastante para que pudesse assistir ao espetáculo de luzes sem ser queimada viva, mas perto o suficiente para ouvir os gritos. Fascinante, não acha?" O oficial pareceu vacilar, mas manteve a postura, mirando-a agora com certa desconfiança e impaciência.
Coçando a garganta, ele prosseguiu indagando-a dos companheiros, como se fosse capaz de lembrar dos comportamentos de outrem, se sequer lembra-se o que digeriu no café de mais cedo. "Ah, claro. Todos estavam com um comportamento incrivelmente... normal. Então, sinto desapontar, mas não notei nada de espetacular." Aeolian ergueu uma sobrancelha, seu tom soando levemente condescendente, tamborilando a sequência de dedos calejados no braço da cadeira que a pertencia.
Apesar de mascarar a escassez de respeito que resguarda nada sutil em relação aos homens à frente, não pôde evitar bufar levemente quando o rumo pareceu cada vez mais desrespeitoso, e a pergunta fosse uma piada privada. "Os dragões são criaturas de instinto afiado, e sempre sabem mais do que nós. Agora, se está insinuando que um dragão foi o culpado, lamento dizer que os dragões são mais inteligentes do que isso. Se um deles estivesse por trás de algo, não restaria nem este porão para vocês me interrogarem." Como a cria de um ventre podre e qualquer ousava sujar com insinuações absurdas como essa, a reputação dos seres que evitavam a ruína deste lugar?
Sonhos? Aeolian fez uma pausa, desacredita acerca da junção de palavras que passou pelos seus ouvidos. "Senhor..." Ah, claro, com certeza, ela pensou, tive uma visão mística vinda diretamente do inferno, que previu todo o incêndio e mesmo assim permiti o único bem que restava de meu irmão virar cinzas. Cruzando as pernas, barrou quaisquer possibilidade de mais veneno derrapar da ponta da língua, retomando às rédeas, e limitou-se a dizer: "Não, não tive."
Uma risada seca, presa entre a goela e a boca fechada, induziu a atenção dos olhos do entrevistador a ela, que cruzou os braços, inclinando-se um pouco para frente, seus olhos fixos nos dele. "Acreditar que foi um acidente é conveniente, não acha? Eu, por outro lado, sou um tanto cética com tragédias que acontecem tão... oportunamente. Quem se beneficiaria? Bem, certamente não os estudantes que viram suas vidas virar cinzas."
Aeolian exalou lentamente, sua paciência começando a se esvair a cada nova questão que não parecia rumar a lugares aproveitáveis. "Quem quer que deseje desestabilizar a ordem e provocar o colapso de nossa conexão com o Sonhār. Talvez vocês já tenham uma lista de suspeitos, mas prefiram fingir que isso ainda é uma investigação neutra." Ela se levantou, o som das botas ecoando na sala. "Agora, se não se importam, tenho um dragão para cuidar. Não vou perder mais tempo respondendo perguntas que vocês já sabem as respostas." Apesar de ter sido impedida na porta pelos guardas, estando entre a cruz e a espada, o interrogador, contrariado, somente acenou com a mão, também parecendo impaciente com todo acontecido e as sessões infindáveis com os changelings, permitindo que saísse, deixando para trás apenas o som de seus passos e um rastro de irritação velada.
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A névoa que pairava no ar misturava-se ao som abafado dos passos de Aeolian. Os cabelos platinados reluziam à luz pálida, e seus olhos refletiam tanto a fumaça quanto a irritação velada que mantinha sob controle, ou ao menos, tentava. Mal notou a figura alta e impaciente de Vincent se aproximando até ouvir o eco de sua repreensão cortando o silêncio. A expressão permaneceu impassível, embora uma sobrancelha tenha se arqueado sutilmente, como se a reprimenda do príncipe fosse pouco mais que o zumbido de uma mosca inconveniente.
“Ah, claro…” Ela começou, a voz suave, porém carregada de uma camada perigosa, mas sutil de ironia. “Notoriamente, o que impedirá que as forças malignas que está tentando purificar vençam… é o branco. Mil perdões pelo desatento tão tolo, meu príncipe.” Com a mão sobre as montanhas do peito, rente ao coração, como se houvesse sido lesionada por uma flecha fatal e veloz, ela deixou a frase pairar no ar por um momento, não aparentando ponderar a seriedade da afirmação. Então, um risinho baixo e curto escapou de seus lábios. Ela o olhou de cima a baixo, demoradamente, como se ele fosse uma criança reclamando de uma mancha na roupa.
“Mas, em puro e adequado respeito pelos deuses antigos e novos, auxilie esta pobre ignorante que sou e tire-me uma dúvida,” continuou, o tom ainda calmo, mas com um brilho de divertimento mal disfarçado nos olhos. “Se eu estivesse usando branco, de fato seria capaz de purificar as tais ‘energias negativas’, ou será que eu teria que também acenar com um galhinho de sálvia enquanto entoava cânticos feéricos?” Felina, ela deu um pequeno passo em direção a ele, sem se deixar intimidar pela presença principesca, mas a expressão indicava genuína dúvida acerca do assunto; para além das provocações, de fato pouco conhecia acerca das ritualísticas, afinal nunca interessou-se; eles viviam em seus mundinhos coloridos e confortáveis de qualquer maneira, e ela possuía obrigações extensas demais para abrigar curiosidade na rotina. “Só para garantir que estou entendendo bem as regras desse seu... ritual. Afinal, se as energias ruins se agravam tanto com a cor das minhas vestes, talvez o problema esteja um pouco além do simples tecido, não acha? Mas, não se preocupe, alteza," disse, com uma falsa doçura. "Da próxima vez, agora que estou atenta, vestirei algo imaculado para não perturbar os humores místicos do local." Aeolian então inclinou com surpreendente sutileza o tronco, não pondo-se alheia às famigeradas regras de etiqueta e às exigências que residiam na monarquia mas, no fundo, o gesto formal, na verdade, estava repleto de cinismo mascarado. "Sempre disposta a ajudar o humor do pequeno segundo sol deste império, claro. Com sua licença..." E antes que ele pudesse retrucar, novamente arqueou o corpo na direção dele, mas não afastou os olhos brilhantes dos azuis à frente, notando a profundidade intensa de azul na íris, tão bonitos que desavisados que por muito tempo olhassem, poderiam se afogar, ela, contudo, não era um deles; e se virou, com fios rebeldes esvoaçando enquanto dava as costas ao príncipe, como se a breve conversa não tivesse sido nada além de um incômodo trivial.
˚ 。 ⋆⠀starter aberto para qualquer changeling que queira ser perturbado .
Entre a névoa branca da fumaça que paira pelo ar, toda a serenidade de Vincent é levada embora no momento em que ele avista a figura destoante do changeling desavisado que aparentemente decidiu arruinar o ritual de purificação. “Ei!” A repreensão ecoa alto pelo ambiente, as sobrancelhas franzidas com força ao encará-lo. Os passos são firmes e impacientes em direção ao desajustado, como se prestes a prendê-lo pelo crime que cometeu. Afinal, fosse intencional ou não, o changeling havia perturbado fortemente a paz dos khajols no momento que teve a petulância de sair com aquelas vestimentas. Se perguntassem a opinião de Vincent, a única maneira verdadeiramente eficiente de conseguir limpar a energia ruim daquele local seria expulsando os changelings, mas, como sempre, ninguém parecia se importar muito com a opinião do príncipe. “Você tem que usar branco, senão fica ainda mais difícil limpar essa energia negativa repentina por aqui.”
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──── ⠀ 𝗌𝗍𝖺𝗋𝗍𝖾𝗋 𝖺𝖻𝖾𝗋𝗍𝗈 𝗉𝖺𝗋𝖺 𝗰𝗵𝗮𝗻𝗴𝗲𝗹𝗶𝗻𝗴𝘀, 𝗉𝖺𝗋𝖺 𝗆𝖾𝗅𝗁𝗈𝗋 𝖼𝗈𝗇𝗍𝖾𝗑𝗍𝗈 𝗮𝗾𝘂𝗶 . ✶⠀ 𝘴𝘺𝘤𝘢𝘮𝘰𝘳𝘦 𝘱𝘢𝘳𝘬
⠀⠀⠀𑁪ㅤׅㅤ۫ 𝗍 𝗁 𝖾 𝖻 𝗅 𝖺 𝗆 𝖾
O crepitar das chamas ainda ecoava na memória de Aeolian, assim como o calor sufocante que quase consumira não apenas o Instituto, mas também a última lembrança de seu irmão. O caos ao redor, as labaredas dançando como sombras sobre as paredes, e o cheiro de pele queimada misturado ao ferro do sangue... Tudo isso parecia distante, como se estivesse vendo de fora, mesmo que o gosto metálico em sua boca permanecesse.
Ela não lembrava de ter cravado os dentes no changeling que tentara contê-la, apenas da ira que a cegara no momento em que percebeu que não podia mais avançar. Ele havia segurado seus braços com força, a voz carregada de uma mistura de incredulidade e preocupação, e ela, num frenesi descontrolado, o atacara, como se ele fosse o inimigo, como se ele fosse o obstáculo final entre ela e a coroa de flores desfeita.
Agora, com a tempestade emocional apaziguada e os destroços do Instituto ao longe, ela sabia que devia algo, mas não era do tipo que se desculpava com palavras.
⠀⠀⠀𑁪ㅤׅㅤ۫ 𝗍 𝗁 𝖾 𝖺 𝗅 𝗆 𝗈 𝗌 𝗍 𝖺 𝗉 𝗈 𝗅 𝗈 𝗀 𝗒
Aeolian caminhou pela trilha verdejante, o som de pequenos gravetos pisoteados abaixo dos pés misturando-se ao cantar de um pássaro ou outro, cada vez mais distante da nuvem de fumaça que pairava lá atrás. A brisa agora trazia o aroma das folhas úmidas e o murmúrio distante da água correndo entre as pedras. Sycamore Park era um lugar pacífico, um oásis perdido que estava contente em encontrar.
Ela avistou o changeling à distância, uma silhueta solitária sob as árvores antigas, com a luz filtrada pela copa das folhas lançando sombras irregulares sobre sua pele. Por dias, havia o evitado, culpando-se pela mordida e pelo ataque. Cada vez que seus olhares se cruzavam de longe, ela seguia outro caminho, como se pudesse fugir da culpa. Mas a verdade era que ele a salvara — e ela sabia que o ferira.
Depois de tanto evitar o inevitável, ela respirou fundo, endireitando os ombros enquanto se aproximava com passos deliberados. O parque parecia uma tela pintada ao redor deles, com as cores outonais dos galhos formando um cenário paradisíaco, enquanto a natureza continuava terna, indiferente à tensão crescente.
Quando estava próxima o suficiente, Aeolian parou. Não disse nada, apenas puxou algo de dentro do bolso de seu manto: uma pequena pomada que costumava usar em suas próprias feridas e… um pão. Bem, o que poderia ser chamado de um pão. Meio murcho, sim, e certamente não com o aspecto fresco das iguarias feitas pelo seu pai, mas ainda assim, feito com suas próprias mãos — algo que raramente fazia. Ela estendeu ambos os objetos. Não houve explicação, nenhum pedido de desculpas formal. Apenas o gesto, e ele era desconcertante, mas qualquer que um que minimamente a conhecesse, sabia que palavras de desculpa não eram algo que ofereceria. Esse era seu pedido de perdão, silencioso, mas claro como o dia.
"Sei que não é como os servidos por padeiros" disse, olhando-o diretamente, mas evitando qualquer menção direta ao que havia acontecido. "Mas o gosto é... razoável."
#apesar de estar usando “ele” para descrição pode ter sido uma bela dama gente#cae:starter#turninhos da lian#. ⋆ 𝙩𝙝𝙚 𝙚𝙫𝙚𝙣𝙞𝙣𝙜 𝙨𝙩𝙖𝙧 : interactions
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──── ⠀ 𝗌𝗍𝖺𝗋𝗍𝖾𝗋 𝗉𝖺𝗋𝖺 @tadhgbarakat . ✶⠀ 𝘴𝘢𝘭𝘢 𝘥𝘦 𝘵𝘳𝘦𝘪𝘯𝘢𝘮𝘦𝘯𝘵𝘰
O calor que emanava da sala de treinamento era sufocante, mas Aeolian estava acostumada. O espaço apertado, improvisado e mal ventilado, adaptado às pressas pelos khajols, era um reflexo amargo da maneira como sua espécie era tratada — um lembrete de que estavam sendo tolerados, não respeitados.
Mas, naquele momento, não pensava em nada disso. Todo o seu foco estava em Tadgh.
O som abafado dos passos e respirações pesadas preenchia o ambiente, enquanto eles trocavam golpes incessantes. O suor escorria por suas testas, misturando-se ao calor do local, mas nem ela nem Tadgh se davam ao luxo de um momento de descanso. Cada ataque era seguido por uma defesa rápida, cada investida respondida com precisão. Aeolian se movia com uma fluidez felina, e ele, com sua habitual destreza, parecia quase prever seus movimentos.
Quase.
Quando ele avançou, usando uma de suas entradas mais conhecidas, Aeolian notou a pequena falha, quase imperceptível, mas suficiente para que agisse. Um pequeno desvio no tempo, um lapso que talvez qualquer outro combatente teria ignorado, mas não ela. Com uma força brutal e precisão indomável, ela o levou ao chão com um impacto surdo, montando-se sobre ele com uma destreza que lembrava sua prática em cima do próprio dragão.
O corpo quente de Tadgh estava preso sob o dela, e o punhal de treino próximo à sua jugular, não afiado, mas ainda assim uma ameaça clara, e Aeolian sorriu, um meio sorriso quase doce, mas que trazia consigo uma vivacidade perigosa, como o brilho de uma serpente prestes a abocanhar uma presa há muito desejada.
"Eu sei suas táticas, Tadgh," ela disse suavemente, mas arfando pelo esforço, os olhos cintilando com um frenesi de vitória. "Elas não funcionarão comigo."
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──── ⠀ 𝗌𝗍𝖺𝗋𝗍𝖾𝗋 𝗉𝖺𝗋𝖺 @miraycolmain . ✶⠀ 𝘱𝘢𝘴𝘴𝘢𝘨𝘦𝘮 𝘯𝘰𝘳𝘵𝘦
O som da água correndo e despescando preenchia o ar, tecendo melodias suaves, mas não o suficiente para aliviar a tensão latente que pairava entre as duas figuras imponentes ali paradas. Aeolian fixou e manteve a visão repousada em Miray, a khajol à sua frente, inicialmente surpresa. O lilás das íris faiscava, mas o verde de sua mancha no olho esquerdo parecia mais sombrio, como se refletisse entre a indecisão e o desconforto. Sequer o deslumbramento da paisagem ao redor poderia abafar a ironia amarga de estarem ali, juntas, na infame Hexwood, de todos os lugares possíveis.
Miray parecia tão resoluta e cativante quanto Aeolian se recordava. Sempre houvera nela uma leveza, uma naturalidade fluida em sua postura que contrastava com a selvageria quase instintiva da montadora de dragões. Talvez fosse esse carisma natural que havia, de algum modo, construído aquela ponte invisível entre elas. Não era amizade, não propriamente. Era algo mais incerto, quiçá um coleguismo amalgamado com brandura, mas ainda assim era algo agradável.
Sob o véu da defumação, a fumaça se dispersava em ondas tão alvas quanto as vestes que lhe envolviam o corpo, serpenteando pelo ar como se traçasse desenhos invisíveis. Aeolian, então, coçou a garganta, não tanto por necessidade, mas para ganhar tempo. Sentia-se como uma fera enjaulada, sem saber se deveria rosnar, exibir as presas e morder ou ceder à trégua silenciosa, baixando a guarda. Momentos como esse — carregados de palavras não ditas e uma vulnerabilidade incômoda, exigentes de pés cuidadosos acima de ovos — não eram seu forte. No fim, diria que estavam sendo testadas pelo destino… ou ele apenas tem um senso de humor terrível.
Estava evidente que Miray, a essa altura, poderia notar a hesitação de Aeolian; contudo, diferentemente da changeling, ela parecia certamente mais hábil e adequada para guiar e navegar por entre as marés desconfortáveis do prenúncio daquela situação... Ou será que não?
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O cheiro da defumação ainda pairava no ar, e mesmo a média distância, dava para ouvir resmungos entre dentes vindo ao lado. Algo sobre "defumação involuntária" e "péssimos anfitriões", o que quase arrancou uma risada baixa e natural.
Sabia que não eram exatamente próximos, mas, honestamente, quem resistiria a uma boa reclamação quando o assunto era aquela fumaça anuviando todo seu juízo?
"Então, defumado e mal-humorado logo cedo, hein? Parece que alguém foi servido no ponto perfeito hoje." Ela se sentou ao lado dele, lançando-lhe um olhar de soslaio, como quem compartilha uma piada interna. "Pense pelo lado bom, Cadeyrn. Pelo menos você não saiu correndo de pijamas pelo pátio gritando 'fogo!'"
⠀ ⠀ ⋆ ⠀ ✶ ⠀ ⠀ previously at lago oeste
a memória ainda fresca do incêndio serviu como um alerta quando ele viu a fumaça entrando pela porta do seu quarto naquela manhã. se não fosse pelo cheiro que a acompanhava, teria saído correndo sem nem ao menos estar preparado para começar o dia. o susto parecia ter definido seu humor pelo resto do dia; o vinco em sua testa denunciava o estado em que se encontrava. as horas da manhã haviam se arrastado tão lentamente que ele mal podia esperar para que aquele dia acabasse, permitindo-lhe fazer qualquer outra coisa. sua mania de murmurar sozinho algo que o incomodava era antiga, e assim ele fazia enquanto estava sentado na grama do lago oeste, com o caderno de rascunhos em mãos.⠀⠀❛❛⠀⠀como essa gente acha aceitável ser acordado com uma defumação involuntária? isso é que eles chamam de bom anfitrião?⠀⠀❜❜⠀⠀resmungou ele, irritado.
obs. sob o read more tem um call para quem preferir.
starter call. escolha uma frase daqui ou daqui que seu char vai falar + um lugar da página, para ganhar um starter com o cadeyrn. (0/6)
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A essa altura, nada a surpreendia. Ou, pelo menos, assim pensava, até que aquela figura emergiu à distância. E que ironia, pensou Aeolian, permitindo-se um sorriso mínimo, quase desdenhoso. Ela a reconhecia, claro, como poderia não reconhecer? Ainda que os anos tivessem passado, ainda que as promessas de amizade tivessem se desintegrado junto com a inocência da juventude, a lembrança de Sigrid como uma garota vibrante, cheia de vida, permanecia cravada na memória.
O choque ao ver a figura da antiga amiga não veio, no entanto, da surpresa de reencontrá-la, mas da imagem de Sigrid vestida em branco — uma cor que, ao seu olhar, parecia destoar da ousadia que costumava resplandecer em suas cores. As brilhantes sedas vibrantes e as risadas ensolaradas estavam agora enterradas sob a conformidade pálida daquela versão.
Quando a distância entre ambas se reduziu, o seon brilhante foi o primeiro a romper a barreira de formalidade. A pequena esfera luminosa dançou ao redor de Aeolian com uma energia inquieta, mas adorável.
Como uma lembrança persistente de sua própria alteridade, Aeolian permitiu que seu olhar deslizasse lentamente sobre Sigrid, absorvendo cada detalhe de sua presença. Os anos, de fato, haviam deixado marcas visíveis naquela que fora outrora a garota familiar, moldando-a de outras formas, mas a essência — ou ao menos o eco da vaidade que sempre a acompanhara — permanecia. Estava lá, implícita no perfume sutil que emanava de sua pele e nas suaves ondulações de seus cabelos escuros, tão bonitos e bem cuidados como antes.
E então, Sigrid falou, suas palavras carregadas de um pedido de desculpas que pareceu... desnecessário.
"Ele estranhamente gosta de changelings."
Não pôde deixar de erguer uma sobrancelha, o olhar afiado como a lâmina que trazia embainhada. Estranhamente. O uso do termo a fez soltar uma risada baixa, breve, quase imperceptível, como se a ironia daquela frase tivesse cortado o ar antes que ela precisasse fazer qualquer comentário imediato.
"Não precisa se desculpar por ele." replicou, carregada de uma falsa elegância. "Há quem diga que as criaturas mais sensíveis sabem reconhecer o que muitos escolhem não ver." O sorriso não se formou por completo, mas estava lá, nas palavras, no tom. "Ou talvez ele apenas tenha bom gosto." Havia peso em suas palavras, uma acusação sutil, envolta na amabilidade superficial. No entanto, não ressentimento real ainda. Apenas uma constatação.
Imaginou, por um instante, que talvez Sigrid sequer a reconhecesse. No entanto, as palavras escaparam-lhe com uma naturalidade calculada: "Como era de se prever, nossas vidas trilharam caminhos bem distintos." Aeolian deu um passo à frente, fechando a distância de maneira deliberada, o som suave das botas contra o chão ecoando pelo corredor. Ela inclinou levemente a cabeça, deixando que uma mecha de cabelo caísse sobre os olhos por um breve segundo, como se considerasse algo profundamente. "Eu sempre soube que não era feita para o ouro das cortes, mesmo se houvesse nela eclodido noutro corpo. E você, Sigrid? O nome saiu de seus lábios como uma lembrança esquecida. "Finalmente encontrou seu lugar?"
Starter para @itzaeolian
Corredor.
Sigrid sentiu as pernas pesadas como cimento ao parar no corredor avistando quem vinha em outra direção, demonstrando que os outros definitivamente a odiavam. Todas as tentativas de evitar, se esconder e correr tinham dado errado, levando-a até aquele momento onde se encontrava frente com Aeolian. A lembrança brilhou na mente, como gostavam de subir em árvores e como a admiração por ela era crescente no peito infantil. Aeolian, mais velha e mais bonita, parecendo também mais talentosa e esperta. Sigrid ficava impressionada, ainda sem saber que o abismo que as separavam era bem maior do que posição social e orelhas pontudas. Durante a vida, havia colecionado alguns amigos changelings, mas nenhuma das amizades havia sido mantida. Após crescer, buscava evitá-los, mas enquanto criança não possuía o discernimento para tal. Era mimada, de fato, mas não possuía a arrogância embutida pelos anos a viver com sua tia Valeriel. Pensou em algum aon para escapar. Ou alguma oração. Nada parecia bom o suficiente, então apenas se contentou com a realidade de que não adiantava mais fugir: teria que encará-la. Será que Aeolian também a reconhecia? Antes de pensar no que fazer, Trevo se adiantou para perto dela, brilhante e feliz em orbitar ao redor da changeling. Seon traidor! Sigrid apressou seus braços, repreendendo a bola brilhante em sua mente. "Desculpe por ele." Pediu para a outra quando o seon se aproximou demais dela. "Ele estranhamente gosta de changelings."
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A expressão mantinha-se tão rígida quanto o habitual, embora uma hesitação quase imperceptível se insinuasse em seus olhos. O silêncio de Liatris, que aceitou as "oferendas", enfiando a pomada em um dos bolsos como se aquilo encerrasse o assunto, foi a única resposta imediata, marcada por um sorriso discreto e uma sobrancelha levemente arqueada. O que se seguiu foi a análise crítica do pão em suas mãos, que, embora pouco atraente à primeira vista, surpreendeu-a no primeiro mordisco. O sutil maravilhamento em seu rosto fez com que Aeolian quase soltasse um suspiro de alívio – ou seria satisfação? Ela não saberia dizer. Mas o que importava era que Liatris, apesar de tudo, parecia apreciar o gesto, por mais mal articulado que fosse.
Assentiu com uma expressão estoica acerca da fabricação ser sua própria, quase desinteressada, embora estivesse mais atenta à reação da outra do que gostaria de admitir. "Uma carreira promissora como padeira? Nunca pensei em algo tão... emocionante." A suavidade das palavras contrastava com o esboço de um sorriso, que se insinuava como uma sombra nos cantos de seus lábios.
Quando Liatris ergueu a pomada, acenando com ela no ar como uma bandeira de trégua tácita, Aeolian permitiu-se respirar um pouco mais aliviada, como se provisoriamente as duas voltassem a ser aquelas figuras do passado, que dividiam o espaço apertado de um quarto. Ambas sabiam, no íntimo, que o ataque ao castelo pendia como um véu denso, onde nenhuma desejava revisitar tão cedo. No entanto, quando as palavras pereceram permanentes, o silêncio crescente tornava-se, de maneira desconfortável, insustentável. Acostumadas à ação constante, à urgência dos campos de batalha e à companhia dos dragões, aquele momento de inércia era quase... desconcertante.
A pergunta de Liatris, surgida do nada, enfim arrancou de Aeolian um riso seco cujo não pôde evitar, tão inesperado quanto a própria indagação.
"Uma completa perda de tempo," respondeu, a voz carregada de sarcasmo sutil, as palavras envoltas na habitual agressividade velada que lhe era tão própria. "Imagine, ser questionada por alguém que sequer entende a diferença entre uma sela de dragão e uma sela comum. Perguntas absurdas, uma atrás da outra. E, no instante em que me peguei refletindo por que estava ali, desperdiçando meu tempo… Saí antes que ele se afundasse ainda mais na própria tolice."
Ela então voltou a encarar Liatris, seus olhos encontrando os da mais nova com uma mistura de cinismo e algo mais suave, quase como se a irritação estivesse começando a ceder lugar ao cansaço. "Espero que a sua tenha sido menos enfadonha," completou, inclinando levemente a cabeça, uma sobrancelha arqueada, sugerindo que ela sabia que provavelmente não foi.
Por fim, ergueu o pedaço de pão que ainda restava em mãos, como se fosse a única coisa digna de nota naquele dia. "Mas veja só... Se minha carreira como montadora de dragões um dia ruir, e eu não estiver enterrada sob sete palmos de terra, ao menos terei um futuro promissor como padeira."
Não era do feitio de Liatris se importar com qualquer um, exceto quando sentia em seu âmago que alguém estava numa situação fragilizada ou sofrendo alguma injustiça. A noite do incêndio em Wülfhere foi uma noite atípica em todos os sentidos, no entanto. No momento do desespero, tudo o que fizera na companhia de Mistvelyssar fora ajudar todos aqueles pelos quais havia jurado vingança, já que as duas estavam entre as mais velozes do quadrante e conseguiam levar as vítimas para longe dali com relativa facilidade. Era o que o desespero fazia com as pessoas, provavelmente – trazia de dentro de sua essência uma solidariedade com quem estava vivendo uma experiência tão traumática quanto ela. Ou talvez ela se importasse mais com alguns de seus colegas do que gostava de admitir.
Misty gostava do Sycamore Park mais que ela, embora várias conversas telepáticas com o próprio dragão tivessem sido necessárias para convencê-la de que aqueles animais não eram comida. Passou por alguns trizes antes que ela passasse a se contentar com as enormes árvores e picos onde podia se empoleirar e apreciar a vista, mas agora ambas já estavam acostumadas – com o parque, apenas. A situação inteira com o incêndio, a perda do acesso ao Sonhār e a convivência com os khajols em Hexwood não seriam coisas com as quais se acostumariam tão cedo.
Um galho particularmente robusto sendo quebrado chamou a sua atenção antes que a outra presença se anunciasse no local, imediatamente virando em sua direção. O treinamento militar lhe deixava alerta até mesmo em momentos de relaxamento, mas provavelmente nenhum changeling devia estar se sentindo apto a relaxar naquele lugar. Quando reconheceu Aeolian, a lembrança do momento em que quase tivera um pedaço do seu antebraço arrancado aos dentes fez com que se tornasse novamente consciente do ferimento, instintivamente levando a mão ao local. Não havia sido um momento agradável, e Liatris se lembrava bem de ter proferido dizeres bem absurdos sobre a Finarfin de imediato. Quando pensou melhor sobre o assunto, no entanto, relevou bastante. Aquela noite foi desesperadora para todos eles, e o que quer que tenha sido o motivo para fazê-la cometer aquela loucura provavelmente era justificável. Ainda assim, era estranho olhar alguém pelos corredores e pensar Ei, lembra daquela vez em que você quase arrancou um pedaço do meu braço?
Não esboçou nenhuma reação à medida que ela se aproximava, embora conseguisse sentir a inquietação de Misty em algum lugar ali perto, atenta a qualquer sinal de perigo. Quando ela se aproximou e estendeu algo sem falar nada, no entanto, a Ashgleam não pôde evitar que franzisse o próprio cenho, muito confusa. Aquilo era um... pão? Alguns segundos em silêncio desconfortável foram necessários para que finalmente entendesse o que estava acontecendo: a outra coisa em suas mãos parecia com uma pomada usada para ferimentos, então provavelmente era um pedido de desculpas. Liatris compadeceu pela tentativa, já que ela também não era uma pessoa que costumava vocalizar quando pedia perdão, e aceitou as "oferendas" com um discreto sorriso, colocando a pomada em um dos bolsos para uso posterior.
Assentiu para a explicação, só então analisando melhor o pãozinho murcho em suas mãos. Provavelmente estaria melhor que qualquer coisa que ela se propusesse a fazer, de qualquer forma. “Você fez?” perguntou, aceitando o pedido silencioso de não tocar no assunto. Ela também não queria ter nenhuma conversa que pudesse remeter àquele evento traumático, de qualquer forma. Mordeu um pedaço, partindo com um pouco de dificuldade, e logo uma expressão ligeiramente surpresa tomou o seu rosto, já que não esperava que o sabor estivesse tão bom. “Cara, tá bem mais que razoável! Dava pra tu vender isso aqui.” comentou honestamente, não tomando nenhuma precaução de engolir antes de opinar. “Hm... valeu. Pelo pão e...” tirou a pomada do bolso e sacudiu de leve no ar para indicar ao que estava se referindo. “Vou usar mais tarde.”
Queria saber se o ato impulsivo dela em voltar para o instituto no meio do fogo tinha valido a pena, já que provavelmente se tratava de uma busca por algum objeto de valor ou algo do tipo; mas as chances de ter conseguido eram mínimas, e não queria trazer à tona nenhuma lembrança desnecessária. O silêncio estava ficando levemente constrangedor, no entanto, e Liatris se sentiu na necessidade de falar alguma coisa, qualquer que fosse. “Como foi a sua entrevista?”
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Aeolian só percebeu a lâmina quando ele fez questão de a lembrar, pressionando-a sutil contra seu abdômen, uma sensação fria e afiada, quase íntima em sua ameaça. Apesar do metal contra a pele, não pareceu minimamente abalada. Sequer moveu um músculo, mas o brilho vitorioso suavizou até esmaecer, e suas sobrancelhas se arquearam, delineando uma sombra de frustração misturada a uma admiração relutante, que só ele parecia conseguir extrair dela.
Dizem os poetas, contudo, que os olhos são a janela direta à alma, e os de Aeolian, selváticos e inquietos, não mudaram de direção, fixos com intensidade palpável em Tadhg, exibindo a cólera que ali dissimulava. A ponta daquela lâmina tão próxima e ainda assim sem perfurar sua pele, refletia perene que ele também a havia pegado em um descuido — algo raro, mas intolerável —, e seu orgulho queimava como brasas sob o gelo de sua expressão imprecisamente controlada. Foi o sorriso dele, no entanto, sutil mas cativante e precioso em sua raridade, que amenizou a dureza de seu semblante, embora não o suficiente para fazê-la esquecer completamente o peso de outro empate.
“Não consegue deixar uma lady ganhar, hm?” Ela murmurou, carregada de cinismo, o tom mais provocador do que qualquer lamento. Claro, Aeolian não era nenhuma lady; era uma montadora de dragões, uma guerreira forjada na brutalidade, não se encaixava em rótulos frágeis como aquele. Tadhg sabia disso tão bem quanto ela. E, no entanto, havia algo quase delicioso em saber que ele jamais se renderia a cortesias vazias. Não com ela. Não quando ambos eram frutos de campos de batalha, onde o conceito de “ganhar” é nada além de perene. “Mas seria uma forma cativante de morrer," com a fria ironia que lhe era própria, imaginando a sina de cair ao lado daquele que também seria responsável por sua morte, ela pensou. “É quase charmoso.” sussurrou casual, como quem faz um comentário qualquer sobre o clima, sem a necessidade de explicar a que referia-se.
O convite de Tadhg, como quase tudo o que se passava entre ambos entre estas quatro paredes, não era mais que uma transação velada; ele jamais oferecia algo sem esperar uma troca, e ela não era do tipo que recusava uma oportunidade de aprimorar suas próprias técnicas. Aeolian, então, desviou brevemente a atenção para qualquer outro ponto secundário antes de se distanciar e reaver a postura, retraindo a própria adaga com um movimento vertiginoso mas ameno, como se fosse uma carícia desprovida de qualquer agressão.
“Sim, mostre-me,” ela deslizou a mão por sobre o metal amparado por ele como se fosse um amante cuidadoso, o toque tão íntimo que fazia parecer que o aço era uma extensão de seus próprios dedos. Os olhos de Aeolian não vacilaram enquanto buscavam o dele, até descerem por seu punho e, por fim, repousarem em seu pulso firme. A familiaridade daquela tensão — uma corda esticada ao limite — era familiar, mas perigosa, e como Aeolian, ele era tão imprevisível quanto letal, e a sensação formigava sua carne. Ela não gostava desses momentos.
Com um movimento fluído e controlado, induziu o afastamento da mão dele, retraindo a adaga até então pressionada contra a própria pele. Ela, enfim, se ergueu com uma graça predatória, seus músculos respondendo com uma fluidez que só quem vive em constante estado de alerta poderia possuir. “Mas saiba que minha retribuição pode não ser tão gentil.” Completou com uma leveza traiçoeira, as palavras ecoando com um toque de diversão quase afetuoso e dando um passo atrás, estendeu-lhe a mão.
Em ato raro de piedade, a deusa havia decidir abrir seus caminhos no exato momento em que precisava: após dias treinando sob olhos inimigos e curiosos, estava exausto de ter que restringir os próprios movimentos. Naquela manhã, os changelings finalmente tinham toda a sala só para si, e no momento certo. Depois de todos os acontecimentos recentes, Tadhg tinha muita agressão a extravasar.
Como um espelho de sua própria violência, Aeolian era a companhia perfeita. Lutavam de igual para igual, e não precisava temer machucá-la – o que significava também que não precisava conter seus instintos. Só o que tinham era o chão sob os pés, o metal em mãos, e o entrecortar de suas respirações. No ritmo em que treinavam, os movimentos parecia quase coreografia: por muito que ainda guardassem seus truques, conheciam os movimentos um do outro bem o suficiente para os antecipar.
No tatame e fora, tudo o que fazia era calculado. Ao circulá-la, o prolongar do intervalo entre uma passada e outra pareceria um erro aos olhos nus; aos atentos como os dela, seria um convite. Não se surpreendeu que a ínfima fração de segundo fosse suficiente para que ela o aceitasse, invadindo a sua guarda e o levando ao chão. Sua única reação foi simples, um movimento tão pequeno que seria quase impossível o detectar: com sua mão armada subjugada, ela não se preocupou em imobilizar aos dígitos livres, e Tadhg usou do ajuste da própria postura ao cair para sacar uma das muitas adagas que tinha escondida em seus couros de montaria, a angulando de maneira a posicionar sua ponta a milímetros do abdômen da loira. Não a tocou. Um curto movimento de seu pulso seria suficiente para a rasgar de ponta a ponta, colocando suas entranhas para fora–com a própria lâmina em sua garganta, Aeolian sequer o parecia notar.
Em outra situação, a respiração quente em seu rosto devido à proximidade muito teria feito para anuviar seus pensamentos. Naquela, os manteve claros como o dia: nada o fazia sentir mais vivo do que o acelerar de seu coração ao lutar. Não era um homem de muitos sorrisos mas, encontrando humor na situação, retribuiu o dela à sua maneira.
Brilhando de orgulho, Aeolian pensava ter vencido. Já havia estado em seu lugar antes: depois de tanto tempo treinando juntos e com tanta semelhança em seus estilos, era raro que seus combates não terminassem em empates, e ela não mentia ao dizer que conhecia suas táticas. Alternavam em situações como aquela: ambos predadores, teimosos demais para se permitir ser a presa. Para levar sua atenção ao impasse, pressionou a adaga posicionada em seu ventre de maneira quase brincalhona, sem força ou intenção de a perfurar. ❛ I'm not just happy to see you, you know. ❜ A informou ao olhar para baixo, se referindo ao volume que a cutucava. ❛ Eu também te conheço. ❜ Ofereceu em lembrete, sabendo que a daria no que pensar: o havia subestimado, e aquela era uma vantagem que ela o havia permitido usar. Seus olhos se prenderam aos dela então, firmes e impassíveis a princípio, antes de algo os suavizar.
O algo era o respeito. A achava uma guerreira formidável, e confiava nela o suficiente para dividir sua estratégia. ❛ Quer que eu te mostre? ❜ Perguntou, oferecendo compartilhar mais uma de suas táticas. A sugestão era transacional: não julgava saber mais, e ela o conhecia o suficiente para saber que esperava receber uma lição em troca. Era assim que funcionavam.
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