#. ⋆ 𝙩𝙝𝙚 𝙚𝙫𝙚𝙣𝙞𝙣𝙜 𝙨𝙩𝙖𝙧 : aeolian & vincent.
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itzaeolian · 3 months ago
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.       ✶⠀   𝒂𝐧𝐭𝐞𝐬 𝐝𝐨 𝐞𝐯𝐞𝐧𝐭𝐨
  𝐏or um breve instante, contemplou o quanto ele se afogava na própria prepotência, com os lábios bonitos curvados em um sorriso, mas não de contento, Aeolian notou; era uma expressão de desprezo mal contido, daqueles que transbordam cinismo de forma quase ensaiada.
A palavra "limitações" ressoava transitória na mente, como se houvesse sido proferida com uma solenidade ridícula, enquanto Vincent, com toda a altivez que sua posição de príncipe lhe conferia, tencionava rebaixá-la. Falava da espécie com a mesmo repulsa que alguém teria ao descrever uma sujeira inconveniente no próprio sapato, e que, por algum motivo, insistia em permanecer.
Ela ponderou internamente, fingindo por um instante refletir sobre o insulto, mas ao invés de se deixar envolver pelo jogo mesquinho, escolheu o silêncio como arma. Era decerto mais afiado que qualquer insulto cuidadosamente planejado, afinal, o silêncio era a lâmina que mais conveniente para aqueles como Vincent — homens que abominavam ser ignorados, se alimentando ávidos da atenção e do poder que esta lhes conferia. Além disso, ele, sem dúvida, estava atento a cada movimento e detalhe que pudesse ser usado contra o orgulho dela — ou a favor de sua própria vaidade. Então, se esperava uma reação explosiva, algo que o alimentasse e justificasse o olhar faíscante em seus olhos, lhe daria exatamente o oposto, decidida a não permitir que ele colhesse o que desejasse ou esperasse.
Era quase espirituoso, na verdade, como ele conseguia se esforçar para se colocar em posição de superioridade, como se o sangue real que corria em suas veias lhe conferisse vantagem natural e inquestionável sobre ela. Para Aeolian, tudo não passava de uma bela encenação de papéis deliberados. A monarquia, afinal, sempre foi uma farsa bem ornamentada, e o fato de Vincent insistir em puxar esses fios era quase encantador em seu desespero. Quiçá, por tal, em maioria somente conseguia vê-lo como alguém desesperado por algo a que se agarrar e chamar de seu, uma vez que o império, ao menos, dificilmente seria.
Os olhos se desviaram lentamente para o alto, depois para o chão, como se as palavras de Vincent continuassem plenamente insignificantes, quase imperceptíveis. O Seon atrás dele começava a brilhar com uma intensidade inquietante, projetando jogos de luz contra os fios desvanecidos de ambos, mas não estava nem um pouco impressionada. Não que fosse cega à beleza etérea daquela manifestação de poder mágico — ela reconhecia a força que ali se revelava —, mas, no caso de Vincent, enxergava como apenas mais um reflexo da vaidade.
Talvez por tudo e por tanto, Aeolian mal se dignou a interromper o ritmo de seus passos quando estes a conduziam adiante. Nem mesmo após o inesperado turbilhão de água a encharcou por completo, transformando o chão outrora polido e reluzente em um mosaico cravejado de gotas e poças cintilantes, pois se tornasse agora, iria com certeza arrepender-se. Ainda assim, Vincent logo estava diante dela, alto e impetuoso, com sua aura aristocrática emanando mais arrogância. Os cabelos, dourados e encaracolados como anéis de ouro, brilhavam, mas a beleza quase solar de seus traços não passava de uma ilusão agradável — um invólucro oco que mal continha a vaidade e a frustração que lhe ferviam por dentro. Ela notou o leve arquear de seus lábios, impregnado de uma polidez artificial que era só fachada para o desprezo. E, então, parou.
A névoa que ainda se arrastava pelo chão misturava-se à umidade trazida pela magia recém liberada. O ar carregado cheirava à água fria, ao metal das espadas e ao incenso ritualístico. Após alguns segundos, como se estivesse voltando de um devaneio, ela chacoalhou, fingindo naturalidade, uma das mãos encharcadas na direção dele, e voltou a mirá-lo diretamente, sem pressa, como se estivesse observando uma peça frágil, pronta para se estilhaçar.
Uma gota solitária, cuja origem permanecia incerta — se lançada ao acaso pela ondulação do feitiço ou pelo ato anterior — encontrou seu destino no rosto meticulosamente esculpido. Ela deslizou pela bochecha dourada, antes de serpentear pelo pescoço dele e desaparecer entre as curvas de seu peito coberto pelos trajes nevados. Quase como uma ironia do destino, a cena parecia pedir atenção — como se a própria gota soubesse o impacto de sua trajetória — e Aeolian, que mal se importava com o brilho ensaiado dos nobres, se viu por um segundo acompanhando o trajeto da água, como se o destino daquela gota fosse mais interessante do que qualquer outra palavra que Vincent pudesse proferir.
Mas não por muito tempo.
Piscou os cílios com sutileza, puxando-se de volta ao momento, agora com a sensação do pano molhado colando-se à pele, e dos fios platinados grudando-se à sua testa e pescoço. O feitiço não a havia surpreendido; era exatamente o tipo de resposta que esperava dele — uma criança com poder demais e bom senso de menos.
Decerto, a provocação, desde a torrente d'água ao suposta odor desagradável, poderia ter sido fatal à paciência naturalmente rarefeita, mas tinha outros planos. Permitiu que um sorriso se desenhasse nos lábios, mas dessa vez, mais indulgente e imprudente, quase como se estivesse lidando com um animal de estimação particularmente teimoso. Não importava quantas vezes ele franzisse a testa ou tentasse agir como uma chama de justiça divina; para ela, ele sempre pareceria mais uma vela tremulante no vento.
Aeolian, então, soltou um suspiro longo, como se finalmente estivesse resignada à sabedoria incomensurável do segundo pequeno sol do reino. A mão trêmula pelo indício do frio, porém decidida, começou a desabotoar os fechos do manto negro, lentamente, sem pressa alguma, como se, de repente, houvesse algum mérito em se despir de suas vestes "impróprias" para o ritual. Cada movimento era deliberado, quase ritualístico, enquanto continuava a encará-lo. O tecido pesado pela água cedeu gradualmente, revelando em seus deslizes ocasionais a fina camada de roupa que a separava da vulnerabilidade plena, agora aderida à pele alva.
“Vossa alteza,” começou, a voz baixa e melódica, sem desviar os olhos dos dele por um segundo. “porta toda a razão e me permita remediar tamanho solecismo. Afinal, quem sou para burlar, mesmo na ignorância, as regras sagradas deste ritual e incomodá-lo?” Suas mãos moveram-se para o próximo fecho, liberando mais tecido, o qual agora pendia frouxamente dos ombros. A brisa úmida do ambiente arrepiou a película exposta, mas ela sequer piscou. “Se o branco é crucial, devo seguir seus conselhos com mais seriedade e solidariedade.” A voz, cada vez mais adocicada, portava um subtexto de desdém que apenas um príncipe imerso em sua própria vaidade poderia não captar de imediato.
Ela deixou que a primeira camada escorregasse suavemente pelos braços, e o fluído que ainda impregnava o tecido saturado respingava nas águas sob seus pés a cada vez que era remexido, mas Aeolian continuou, imperturbável. Para ela, tal situação não representava nada de extraordinário; no entanto, considerando os preceitos do decoro real, ponderou que poderia ser suficientemente chocante. “Em verdade, não intento me desgastar à toa, e seguirei o que os mais capacitados disseram, como faço entre os militares” repetiu com precisão as palavras outrora ditas por Vincent, desabotoando mais uma parte da roupa, expondo o colo pálido e delicadamente marcado por constelações de sinais e pelas batalhas. “Espero que isso contribua para a purificação de quaisquer vestígios de infortúnio que ainda persistam. Afinal, não quero ser a responsável por perturbar o delicado equilíbrio das forças místicas,” ela inclinou ligeiramente a cabeça, os lábios permanentes no delinear dum sorriso suave, mas absolutamente sem humor. “ou o seu, é claro. E espero, profundamente, que meu auxílio lhe seja de valia, vossa alteza.”
As gotas restantes escorriam por seu corpo em uma dança languida entre a pele e o tecido, e, mesmo assim, Aeolian não rompeu o contato visual com Vincent, desafiando-o a desviar o olhar primeiro. Ele poderia dominar toda a situação por meio de sua magia e posição, mas não poderia controlar a forma como Aeolian escolheria responder à humilhação.
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Vincent teve a ligeira impressão que Aeolian não era muito diferente das paredes de mármore em seu quarto — ambas eram de uma firmeza inabalável e um branco estonteante, com detalhes e imperfeições que ele poderia ficar reparando por horas a fio. Uma coisinha até que intrigante, mas certamente desagradável se tentasse se chocar contra ela. Era a estratégia errada. Seus olhos, íris lilases e de uma indiferença distante, o fitavam como se ela soubesse que nenhuma palavra que o príncipe pudesse dizer fosse minimamente capaz de penetrar o escudo que a protegia, pois já estava muito decidida a não se importar com as reclamações alheias — ou ao menos não com as dele. Era como encarar o abismo. Desconfortável, mas intrigante.
“Não disse isso. Disse que faz parte do ritual, e portanto você está dificultando as coisas, já que está pisando nos esforços de todo mundo.” Explicar a problemática das roupas parecia tão produtivo quanto falar com as paredes. Sendo honesto, no caso de Aeolian o incômodo ia muito além das roupas. A existência dos híbridos o incomodava por si s��, mas ela era uma mancha que Vincent vinha tentando limpar há algum tempo por baixo dos panos, e portanto tornou-se uma coisa desagradável que ele tem que encarar porque não conseguiu isso ainda. O descaso dos changelings com a fé dos khajols o incomodava, mas foi a risadinha desdenhosa dela que tornou o ultraje algo mais pessoal, fisgando o aborrecimento que permaneceu translúcido na expressão do príncipe — um alimento para as provocações da changeling, certamente.
Ela deu um passo à frente, agindo como um felino cínico e despreocupado, ciente que pode matar sua presa quando bem entender. Vincent não devia se surpreender, pois a selvageria sempre era esperada vindo dos changelings. Uma que domava dragões no tempo livre como Aeolian certamente era pior, habituada à arte da insolência velada. No entanto, a expressão do príncipe não conseguia esconder o nojo imensurável que sentiu com as sugestões absurdas e profanas que saíram por aquela boca, o nariz arrebitado se retorcendo numa careta. “Sua criatividade é fora de série. Acho uma graça ver tanto entusiasmo. É uma pena que isso não possa compensar as… hum…” Vincent pausou, indeciso, olhando-a como se ponderasse sobre a forma mais delicada de falar sobre a capacidade intelectual lamentável dos changelings. “as limitações mentais da sua espécie.” Os lábios se repuxaram num meio sorriso contido e cortês, mas que transbordava cinismo. “Não se desgaste à toa. Apenas siga o que os mais capacitados estão dizendo, como você faz entre os militares.”
Não era essa a única utilidade dos changelings? Servir a Aldanrae como cães bem treinados para que consigam ter algum valor e dar significado às vidas medíocres que levam? Changelings nasciam para servir ao império, e consequentemente à toda a família real — aquela, no entanto, parecia estar brincando com a coleira em seu pescoço, sem se importar realmente com posições e títulos, apesar da surpreendente formalidade na reverência. O comentário a seguir, no entanto, o acertou como uma flechada violenta no ego, levando embora as palavras afiadas que tinha aos montes em seu estoque. O príncipe deixou escapar uma risada curta, desacreditado com tamanho atrevimento, e passou a língua entre os dentes. Os lábios lentamente abriram um sorriso largo, embora as íris azuis faiscassem de irritação, quase tão reluzentes quanto o Seon cujo brilho ganhou força logo atrás dele, sendo alimentado pela mesma gasolina despejada no interior de Vincent. Um espelho de sua raiva.
Dar as costas a um khajol ardiloso é um erro — e se Vincent não estivesse preso às amarras das aparências que o imperador impôs quando chamou os changelings como seus convidados, aquele seria um dos grandes. Talvez mortal. Seus dedos alcançaram o cabo do pincel delicado que guardava sob as longas mangas brancas, escondido entre os símbolos recém desenhados por quase toda a pele abaixo das vestes. Um segundo sol ainda podia incendiar aqueles que se atrevessem a chegar perto, mas o símbolo que desenhou no ar tinha o intuito contrário — e cortou a dimensão para libertar uma onda violenta que pareceu ter sido retirada do próprio oceano para ir em direção a Aeolian e consequentemente a tudo que havia por perto. A água caiu do ar e se espalhou para todos os lados quando atingiu o chão, encharcando a barra da calça branca de Vincent e até um pouco mais, formando uma poça gigante sobre o chão num instante.
“Perdoe-me. Seu mau cheiro estava perturbando os humores místicos do local.”, justificou, guardando o pincel de volta sem se preocupar em parecer minimamente arrependido pela ação impulsiva e de cunho completamente infantil que causou tamanha bagunça no ambiente. Mais do que tudo, Vincent odiava ser ignorado. O príncipe caminhou em direção à ela, atraído pelo abismo perigoso que Aeolian era, como imaginou que ela fazia quando ia em direção a um dragão, seus passos reverberando nas ondas pela poça deixada no chão. “Ou talvez só o meu.”
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itzaeolian · 4 months ago
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A névoa que pairava no ar misturava-se ao som abafado dos passos de Aeolian. Os cabelos platinados reluziam à luz pálida, e seus olhos refletiam tanto a fumaça quanto a irritação velada que mantinha sob controle, ou ao menos, tentava. Mal notou a figura alta e impaciente de Vincent se aproximando até ouvir o eco de sua repreensão cortando o silêncio. A expressão permaneceu impassível, embora uma sobrancelha tenha se arqueado sutilmente, como se a reprimenda do príncipe fosse pouco mais que o zumbido de uma mosca inconveniente.
“Ah, claro…” Ela começou, a voz suave, porém carregada de uma camada perigosa, mas sutil de ironia. “Notoriamente, o que impedirá que as forças malignas que está tentando purificar vençam… é o branco. Mil perdões pelo desatento tão tolo, meu príncipe.” Com a mão sobre as montanhas do peito, rente ao coração, como se houvesse sido lesionada por uma flecha fatal e veloz, ela deixou a frase pairar no ar por um momento, não aparentando ponderar a seriedade da afirmação. Então, um risinho baixo e curto escapou de seus lábios. Ela o olhou de cima a baixo, demoradamente, como se ele fosse uma criança reclamando de uma mancha na roupa.
“Mas, em puro e adequado respeito pelos deuses antigos e novos, auxilie esta pobre ignorante que sou e tire-me uma dúvida,” continuou, o tom ainda calmo, mas com um brilho de divertimento mal disfarçado nos olhos. “Se eu estivesse usando branco, de fato seria capaz de purificar as tais ‘energias negativas’, ou será que eu teria que também acenar com um galhinho de sálvia enquanto entoava cânticos feéricos?” Felina, ela deu um pequeno passo em direção a ele, sem se deixar intimidar pela presença principesca, mas a expressão indicava genuína dúvida acerca do assunto; para além das provocações, de fato pouco conhecia acerca das ritualísticas, afinal nunca interessou-se; eles viviam em seus mundinhos coloridos e confortáveis de qualquer maneira, e ela possuía obrigações extensas demais para abrigar curiosidade na rotina. “Só para garantir que estou entendendo bem as regras desse seu... ritual. Afinal, se as energias ruins se agravam tanto com a cor das minhas vestes, talvez o problema esteja um pouco além do simples tecido, não acha? Mas, não se preocupe, alteza," disse, com uma falsa doçura. "Da próxima vez, agora que estou atenta, vestirei algo imaculado para não perturbar os humores místicos do local." Aeolian então inclinou com surpreendente sutileza o tronco, não pondo-se alheia às famigeradas regras de etiqueta e às exigências que residiam na monarquia mas, no fundo, o gesto formal, na verdade, estava repleto de cinismo mascarado. "Sempre disposta a ajudar o humor do pequeno segundo sol deste império, claro. Com sua licença..." E antes que ele pudesse retrucar, novamente arqueou o corpo na direção dele, mas não afastou os olhos brilhantes dos azuis à frente, notando a profundidade intensa de azul na íris, tão bonitos que desavisados que por muito tempo olhassem, poderiam se afogar, ela, contudo, não era um deles; e se virou, com fios rebeldes esvoaçando enquanto dava as costas ao príncipe, como se a breve conversa não tivesse sido nada além de um incômodo trivial.
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˚  。  ⋆⠀starter aberto para qualquer changeling que queira ser perturbado .
Entre a névoa branca da fumaça que paira pelo ar, toda a serenidade de Vincent é levada embora no momento em que ele avista a figura destoante do changeling desavisado que aparentemente decidiu arruinar o ritual de purificação. “Ei!” A repreensão ecoa alto pelo ambiente, as sobrancelhas franzidas com força ao encará-lo. Os passos são firmes e impacientes em direção ao desajustado, como se prestes a prendê-lo pelo crime que cometeu. Afinal, fosse intencional ou não, o changeling havia perturbado fortemente a paz dos khajols no momento que teve a petulância de sair com aquelas vestimentas. Se perguntassem a opinião de Vincent, a única maneira verdadeiramente eficiente de conseguir limpar a energia ruim daquele local seria expulsando os changelings, mas, como sempre, ninguém parecia se importar muito com a opinião do príncipe. “Você tem que usar branco, senão fica ainda mais difícil limpar essa energia negativa repentina por aqui.”
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