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Meu povo é indígena! por Thabata Santos
Sou abá.
Tupi-guarani, Kawaiwete, Baniwa, Yanomami, Paumari, Kanoê, Paresi, Yawanawá, Carijá, e tantos outros...
Chamado de animal desprezível por andar pelado, descalço, comer com as mãos, caçar, banhar no rio, dormir em tocas, admirar îasy, amar filhos, esposa e tribo. Ensinado pelo mestre, curado pelo paîé, contar sobre Xamã, na teosofia me comunicar com Tupã, dançar Cateretê, se pintar com uruku.
Minha terra é a mata que muitos matam por riquezas, sangue jorrando num estalar de tempo; seu "Nhe-nhe-nhe" tirou nossa pátria e por prazer açoitou crianças, abusou de mães. Nos trazem escolas, mas não permitem nossas línguas, mandam até calçar sapatos e ir à igreja, atiram em irmãos há muito antes de 1500.
— “Tens liberdade de ir e vir” — bradou na constituição —, mas ameaçado todo dia.
"Ay kakyri tama", clamando para amana lavar todo sangue derramado e nunca esquecer dos Gûaranim asé que lutaram. São eles: Humberto, Cacique Firmino Guajajara, Emyra Waiãpi, Mackpak, Willames Alencar, Francisco Pereira, Paulo Paulino, Raimundo Benício e mais outros mil, de um ano pra cá.
Sempre matam nosso povo, e parece que está tudo certo! A miscigenação é pouco vista, mas chicote ainda é permitido. O hoje lembra o ontem quando deram nome pra quem já existia. Amanhã mais um dos nossos pode ser estuprado, esquartejado, preso pela cor, inútil por nascença ou porquê preferiu amar o mesmo sexo. Meu povo também é mulher, negro, pobre, trans, criança inocente, de todas as etnias, culturas, religiões e gêneros, trabalhadores buscando direitos, fugindo de navios negreiros e mais colonização.
Dê mais oportunidades e mostraremos quem somos nós. Nossa matilha vai à luta todo dia, não se esconde embaixo de propina, muito menos na saia do advogado; sabemos usar fogo sem destruir a natureza, vocês com uma arma, ganância e arrogância, querem dominar o planeta. Ingênuos! Só o nativo brasileiro sabe o que é ser rico, olhar pro chão que pisa, e reconhecer que não existe dinheiro nas nádegas que ofereça tal alívio. Vocês mandam robôs fazerem o trabalho, enquanto nós cultuamos a esperança de viver em harmonia, do povo branco saber que a "Pátria Amada" é mentira! Como que se ama aquilo que desde o princípio tu despreza e rouba, asfalta até a terra, e controla o "Tarzan"?
Por fim, dito o pouco do que posso, saiba que estamos aprendendo sua língua. Nossas crianças se preparam pra ir à escolas, praças e empresas, elas vão falar de nós e vocês terão que aprender! Sem guerra, flecha, faca, mas com palavras no papel ou em alto som. Um dia seremos libertos, e vocês serão nossos verdadeiros irmãos. Não vamos nos calar, reprimir, fingir de morto, seremos professores sem medo de bom moço.
"Prefiro virar adubo dessa terra do que parar de lutar por ela."
Sou da tribo, sou indígena!
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Aula 8 - Thabata Santos
O rapaz era músico. Partilhava dos seus muitos encantos, e com cantos foi crescendo na relação de amor e ódio a cada passo da vida. A partitura o encontrava e mesmo com harmonia, faltava o fluxo perfeito. Mas num acaso, mesmo que imerecido, encontrou com uma poetisa que parecia se enlaçar perfeitamente, como o breu no violino, as cordas no violão, o sotaque do sertão e claro, o amor sem ser em vão.
Dali começou a balsa nova, seria inferno ou paraíso, caos ou Bach, mas o vazio se foi e se sentia vivo. O músico estava amando sem qualquer má intenção, ouvia o "Eu te amo" e com vários motivos cantava igual passarinho sabendo sim que tinha razão.
Ah, se tu soubesse o que ele sentia, como Pitty estava a equalizar, "Pense num cara que anda feliz pra cachorro", na moda de viola cantava aquele "Beijinho doce", no vazio suspirando "Ai que saudade d`ocê", e se eu pudesse faria o mesmo!
Sem qualquer segredo, de serenata à música clássica, melhor coisa é beijar versos compondo cada estrofe no corpo onde habita refrões, pontes e tablaturas infinitas e sem receio.
O "Sim" veio de imediato, subir na vida requer humildade, e o músico aprendeu que ter tal é amar a música de verdade!
Parece poesia clichê, mas quem me dera o alvo ler o meu escrito e perceber: que sem medo e insegurança amar-te-ei como a música descreve nós, musicistas apaixonados, porque na manhã pensam na musa, e à noite fazem a lua e as estrelas chorarem de tanto ver e saber que amar é encontrar tu, ò bela sinfonia e inspiração, para compor a vida!
Esquecer que amar é quase uma dor quando tu deságua em mim, e eu, "Oceano".
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Aula 4 - Thabata Santos
O telefone tocou. O contato era dela, mas a notícia do doutor. Todo mês levo flores e pontos de interrogação!
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Aula 3 - Thabata Santos
8:00. Merda, acordei atrasado!
Banho, música, "Soneto de Bach para violoncelo", n°8 ou 13°? É sempre necessário ouvir uma boa música!
Café da manhã, sem avelãs. Meias. Relógio. Fone. Carteira. Chaves... Ração pro Pompom. Oh meu Deus, mais contas nããão!
Bom dia, céu! Parece que hoje vem chuva! Ônibus. 10:30, de novo atrasado. Então vamos atender a clientela. 13:00. Almoçar. Comprar cigarros. Fumar. "Noah não veio de novo!". Que horas são agora? 14:05. Caramba! Voltar pro trabalho. Será que Ana está bem? Que chegue a hora de ir embora logo, amém.
19:00. Ir embora. Ônibus chegando, "Não vou perder!", atravessar corredor (escorregando entre pistas), "O importante é chegar vivo, e pra Ana ler poesias". Bolsa presa na catraca. Senhora brava com a filha, coitada da menina! Ouvir histórias de cobrador, pessoas cada vez mais entrando, lotação. Chegou meu ponto...
Caminhada vazia, chegar em casa. Cumprimentar Pompom. Banheiro, banho, roupa cheirosa, perfume importado. Sair de novo, bicicleta, ciclovia ainda molhada. "Amor, chegarei atrasado!"
21:07, cadê Ana...? "Ó céus, ela é tão bela!". Beijo. Mãos dadas. Chegou o momento, ela no violoncelo, e eu aqui no piano tremendo.
[Passam-se as horas]
Sorveteria, piadas, cantadas, abraços. Em casa, amor com palavras, "Te amo", ela nua na cama e eu aqui no sofá, minha sogra sempre certa, eu é quem tenho sorte de ela poder amar.
01:00. Assistir séries, graças a deus amanhã é sábado!
Às 10:00 levar Pompom pra passear...
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Aula 2 - Thabata Santos
Só mais uma overdose
Já era agosto. E atordoado pelos desgostos, encontrava-se num boteco qualquer. Via o garçom cumprindo mal o seu trabalho, e pediu mais uma. — Traz pra mim a mais braba — pigarreou. O garçom se apiedando da situação, não sabia o que fazer, mas logo disse: — Melhor o senhor descansar, ou beber somente um café, pois braba já está a sua saúde! — Escute, jovem, melhor fazer o seu trabalho e não se intrometer! Então um pouco de rum foi colocado no copo já usado, e o velho bebeu como se fosse a última. Numa overdose de arrependimentos, morreu sendo mais um.
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Aula 1 - Thabata Santos
Vidas sangrentas, calçadas contrárias
Alguns dias atrás, eles disseram que se cumprisse as leis de Deus, conheceria então o paraíso e a liberdade. Mas de imediato o aconchego só alcançava os olhos dela; corpo de anjo, escolhas de sorte. Escolheu amar uma garota e abandonar o amor paternal. Por incrível que pareça era amor prematuro demais, levou a distância de uma calçada para o pedido de namoro, também a distância de alguns socos de demônios da terra para a morte. Morreu amando, era certeza absoluta. Foi morte "tranquila" pois enfrentou a luta, olhou para o lado e lá estava ela, a piedade e misericórdia dos filhos de Deus. Utopia!
Todo dia são vidas sangrentas na estrada, pisam, mas não jogam a toalha. E pregar o amor ficou fácil demais, quando tal é só palavra, quem dera eu pudesse sair na rua com minha namorada sem medo de calçadas. Ou será que por minha própria família, serei pisada?
A paz de Deus me custou o amor, amar me custou a morte.
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