#tenho demasiados traumas com isso
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maevemills · 7 months ago
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Pronto, agora é que fodeu.
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everysingleday1dream · 3 months ago
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Sinto que fui demasiado dramática no passado e quero fugir disso.
Sinto-me envergonhada das coisas que sinto e que tenho vontade de dizer...
Sinto que não quero amar mais ninguém na vida e que o capítulo amoroso eram estes 11 anos e acabou. A parte do amor romântico para mim simplesmente desapareceu e nunca mais vai existir da mesma maneira. E para mim, de maneira nenhuma. Tenho nojo quando penso em outros homens e tenho nojo quando penso na possibilidade do João estar com outra mulher.
Ele estragou tudo e eu sei que também o magoei muito no ano passado devido a um mal entendido da minha cabeça e dos meus traumas passados.
Sei que me esforcei para ser uma mulher boa para ele e consegui ser, apesar da minha depressão. Sinto-me injustiçada porque apesar de ter sido uma boa mulher e apesar do meu trabalho árduo dia após dia para o ajudar em tudo, ele vai acabar com outra mulher nos braços dele e a tocá-lo como só eu toquei na vida e isso é a maior injustiça que tenho de aceitar.
O que ele me fez foi horrível mas não superior ao amor que sinto por ele e vou sempre sentir.
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megyy-facas · 5 months ago
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Encontrei o significado de amor em ti.
Faz algum tempo que não escrevo sobre ti ou para ti. Este texto não é sobre ti mas sobre o que tenho sentido e o quão feliz me sinto por ter alguém como tu do meu lado. São 2:48 da manhã e eu só penso na sorte que tenho por te ter. Por nos ter.
Fugi durante tanto tempo de ti com medo ao amor. E agora que me apanhas-te fujo contigo no rumo da felicidade e não quero que largues mais a minha mão.
Não sabia o quão bom podia ser viver um amor tão intenso e tão leve. Não sabia que me podia curar e alguém me podia ajudar a sarar feridas, ou mesmo traumas.
Vais ser o amor para a minha vida ou a minha maior dor. Encontro-te no caminho do amor para a vida toda?
Não te quero agradecer por nada do que és comigo, quero continuar a viver tudo o que me tens proporcionado. Sou a maior sortuda. Encontrei o amor em ti. Em nós. Encontrei companheirismo, amizade, sensualidade, atração, amor, afeto, carinho, preocupação, cúmplice, encontrei o amor da minha vida. É isso? Sinto-te para além de feliz, e vivemos tanto mas tão pouco ao lado do que quero ainda viver contigo.
Estar nos teus braços é estar em casa e sentir que os problemas acabam onde o teu conforto começa.
Ainda bem que te desperdiçaram, que te deixaram para mim, se não, nunca teria tido o privilégio de ser a ter-te. Sim, ter-te foi a minha lotaria sem ter jogado. Ainda bem que não deste certo com mais ninguém e ainda bem que deixei os amores rasos e mergulhei no teu amor fundo. Obrigada pela botija de oxigénio, quero viver aqui para sempre contigo e não preciso de voltar a secar-me. Sim, eu estava demasiado seca, fria, aqui sinto-me bem, aqui a minha chama pode arder e trazer-nos calor sem nos queimar.
Temos um mundo para conhecer e tantos caminhos para seguir, mas que todos eles me levem a ti. Ou que viva todos eles contigo.
O amor não está no amo-te, não está no bom dia , não está na mão dada, o amor está nas flores, está nos abraços, está no cuidado, está nos detalhes , está na confiança, está no teu colo, o amor está em tudo o que praticas. Tu és o meu amor, e é contigo que quero praticar o amor. É contigo que quero viver esse amor. És tu que me fazes ser amor. Que me fazes sentir o amor.
Andei tanto tempo a fugir de ti com medo do amor. Mas do teu amor, eu não fujo mais.
Amo-te com e por amor.
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psicologiadascoisas · 2 years ago
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Sina
Ontem eu tive um pensamento que fez muito sentido pra mim, mas ainda não sei o que pensar sobre. Meu sofrimento mais forte é a sensação de estar dividido, como se tivesse que juntar duas partes de mim que se perderam. Quando consigo unir essas duas coisas, a conexão é tão boa e sublime. A coisa mais perfeita desse mundo. E quando elas se separam eu posso ficar desesperado, paranoico e profundamente triste. É algo bem profundo e penso que todos os humanos sentem a mesma coisa, porém não tenho certeza disso. Se você fizer uma análise de músicas e filmes e tentar encontrar esse padrão, vai ver em todo lugar - pelo menos eu vejo. Porém, voltando para o que eu pensei sobre isso, num nível específico pra mim como indivíduo, é que tem muito a ver com a separação dos meus pais quando eu era ainda criança. MUITO. Eu não lembro como aconteceu, mas com certeza foi um evento significativo que afeta toda minha vida. Constantemente sinto isso, de estar divido entre duas coisas, "should I stay or should I go", de não saber quem eu escolho me relacionar. É um impasse. Sinto como se eu tivesse tentando juntar duas coisas contraditórias, duas coisas que são impossíveis de se tornar uma só, principalmente nas relações que tenho com as pessoas. Parece que sempre estou num vaivém entre dois mundos, tentando agradar ambos, tentando que os dois se juntem novamente e se entendam. Que conversem e tenham um diálogo. Isso soa demasiado parecido com uma angústia que veio da separação dos meus pais. Faz muito sentido, não é?
Eu só não sei o que fazer com isso. O pensamento de que não preciso mais me esforçar pra unir essas duas coisas me conforta, mas não me parece inteiramente certo. Porque, para ser sincero, isso me parece algo que vai além dos meus pais, é uma sensação de que eu preciso unir todos os seres humanos no geral. Eu acho que essa é minha sina, se houver realmente uma: o sofrimento e trauma serviu para que agora eu pudesse ajudar outras pessoas, serviu para eu ajudar a unir o povo, unir o mundo, fazer com que todo mundo perceba como somos todos seres humanos, independentemente de raça, vestimenta, gênero, orientação sexual e etc. A minha angústia é também meu propósito, como se fossem dois lados de uma mesma moeda.
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um-tant0-agrid0ce-blog · 4 years ago
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                    Ver o reflexo do espelho me remete automaticamente teu rosto, o que torna nulo o fato de que um dia eu vá te esquecer. Seus traços são vívidos em mim. O fracasso aparente. E são exatamente nesses momentos em que as ardentes palavras ecoam no mais profundo da minha mente. “Ser diferente, ser diferente, ser diferente, ser diferente, ser diferente, ser diferente…” Meu desejo ávido de querer ser totalmente o contrário de você. Minha loucura iminente. 
                    Como posso abominar a quem mais amo? Amei. Como posso ter resquícios de vida em mim de um alguém que literalmente morreu? E me fez morrer. Como seus passos, erros, traços e tropeços puderam causar tanto estrago em mim? Como a visão dos teus olhos ainda hoje me atormenta em demasiado uma vez que a 14 anos suas pálpebras definitivamente se fecharam? Está errado, é injusto. Eu não posso ser como você, suja.
                    Você foi meu exemplo. Um péssimo exemplo, diga-se de passagem. Sim, eu posso dizer isso, afinal sou sua maior fã. E embora não queira nada de você, a cada dia que vivo, vive comigo sua morte. Vivem seus erros. Vivem suas decisões, as quais não te afetaram apenas, mas também a mim. Vivo suas atitudes, as quais estão presentes em cada um dos meus traumas. Traumas esses que se unidos  tornam-se uma única pessoa com nome e sobrenome ( Aparecida de Fátima Sena). Tornam-se a pessoa que deveria me proteger, e que no final das contas vem me destruindo gradativamente. Eu odeio você, e te amo no mais profundo do meu ser. Mãe você me deu a luz, mas hoje a única coisa que tenho de você e que perdura, é escuridão. Feliz aniversário Mamãe.
Priscila Sena.
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relatosdeumsobrevivente · 8 years ago
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Sala de espera
Quando uma vida anda várias vezes em círculos, como um filhote de cachorro que segue seu próprio rabo tentando mordê-lo, é preciso aceitar entrar na sala de espera para receber o diagnóstico do que está havendo de errado, para saber o porquê de estar perdido. Essa pequena sala fria de azulejos brancos e cheia de cadeiras solitárias é o lugar em que se chega quando a vida atinge tais níveis de descontrole. Bem a minha frente de onde estou sentado há um imenso corredor escuro cheio de portas cerradas, espero até que em alguma delas alguém saia e venha ao meu encontro. 
Se passaram várias horas, que se tornaram dias, transformando-se em meses, perdi as contas do quanto vale um ciclo de uma vida ou ainda o tempo que me resta nessa sala de espera. Estou esperando para perguntar o que devo fazer, aguardando para ter respostas, ter auxílio na construção de mais certezas que façam eu me achar no caminho e retomar o viver da minha vida. Não importa quem irá tentar me ajudar, estou convicto de que ninguém e nem as melhores intenções poderão converter minha vida pra melhor, toda e pura pressão está sobre o peso dos meus pés  nessa sala de espera que é cada vez mais tortuosa. Só se aumenta a aflição do tratamento e reabilitação, mas o procedimento fundamental do processo terapêutico eu já domino, se trata de lidar com a solidão. Solidão não significa estar sozinho necessariamente, pode ser a escolha de quem prefere ter paz do que ter a razão.
Enquanto não sou atendido recebo mensagens da minha consciência e do meu coração. Minha consciência fala demasiado, me dá diversos conselhos e possibilidades, porém entra em contradições muito fácil, ela é boa pra me fazer ter coragem e ousadia nas apostas do jogo da vida e cabe a mim assumir os riscos das minhas próprias escolhas e atitudes. Por isso eu contato meu coração as vezes, ele é sempre muito sincero, não é capaz de me enganar como as vezes minha consciência faz, muito contrário disso meu coração me dá certezas do que é o melhor pra mim, de como respirar minha liberdade e minha forma de interpretar e conjugar o verbo “amar”.
Os sintomas são de cansaço, procrastinação, ansiedade e desânimo em viver, já me perdi algumas vezes anteriormente e acho que o diagnóstico que irei receber será familiar das outras vezes que estive nessa sala de espera. A vida é uma brincadeira que conspira pra injustiça, violência e opressão, parece até ser dirigida por um ser imaturo, arrogante e que não sabe perder, constantemente reformulando as regras de funcionamento para surgir curvas e acidentes em nosso caminho, afinal, que graça teria se a vida fosse assim tão fácil e simples? De tanto sofrer agressões as resistências crescem através da raiva, indignação e ódio, na qual compete internamente equivalente com as coisas boas ainda que nos falta perder que é tão almejada ser retirada pela forte má conspiração que arbitra as funções dos humanos no mundo.
Cada vez que volto a ser um paciente (impaciente) é por sintomas semelhantes mas que doem em intensidades e lugares diferentes da minha vida. Quantas vidas precisarei desperdiçar dentro dessa sala de espera para finalmente me encontrar, ser feliz, saudável e livre das feridas inflamadas do corpo e dos traumas que alma carrega? Infinitas vidas foram mortas por fome, se perderam em guerras, foram enjauladas, ridiculamente escravizadas, brutalmente estupradas e profundamente humilhadas, pois humanos foram programados para errar e para disseminar imperfeição. Então quando saio da sala de espera com o diagnóstico em mãos já tenho em mente “Até logo, Sala de Espera... Se a morte não retornar meus emails nos vemos em breve”. 
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themazerunnerpt · 7 years ago
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Dylan O’Brien fala sobre acidente no set de ‘Maze Runner: A Cura Mortal’
Dylan O’Brien, que se encontra atualmente a promover o seu novo filme American Assassin, falou com o San Francisco Chronicle sobre o acidente no set de Maze Runner: A Cura Mortal em março do ano passado. Podem ler a tradução do artigo abaixo.
A estrela em ascensão Dylan O’Brien estava a gravar A Cura Mortal, o último filme da saga Maze Runner, quando tudo mudou. Estava a efetuar uma acrobacia num veículo em movimento, com um arnês por precaução, quando foi inesperadamente levantado para o ar. O ator voou e caiu num outro veículo, batendo com a cara primeiro.
“Sofri uma concussão grave e lesão cerebral,” diz O’Brien, calmamente. “Eu basicamente parti todo este lado da minha cara,” indicando o lado direito. “Tive de passar por cirurgia facial reconstrutiva. Agora tenho placas. Eu pensei que a minha cara nunca mais iria parecer a mesma.”
Mas parece. Os cirurgiões fizeram um trabalho notável. Para além da barba e dos músculos que desenvolveu para o seu novo filme, a única diferença óbvia é que a sua cara parece agora mais cheia, mais velha.
“Olho para a experiência como ter escapado com uma tremenda sorte. A -  por ter escapado e B – ter um doutor fantástico que tomou conta de mim.”
A seguir a essa experiência, O’Brien decidiu por aceitar o seu trabalho mais físico até à data: Mitch Rapp da CIA em American Assassin. Para representar a personagem dos livros de Vince Flynn, ele teria de treinar o seu corpo e aprender a lutar como nunca teve de fazer antes.
(…) O’Brien diz que os conselheiros (vindos das CIA) do filme o ensinaram sobre traumas que levam as pessoas em direção a determinados caminhos. “A força vem, de certa forma, de ter sobrevivido a esses incidentes traumáticos. Obviamente, não acontece a todos, mas senti-me realmente conectado a isso.”
Como Rapp, O’Brien é um assassino que nem reage quando uma mulher não combatente é morta à sua frente. 
“Eu sempre quis tentar implementar esses sinais de dor desta forma,” diz sobre a aparente dissociação de Rapp, “mas é realmente importante que Mitch aceite que o que lhe acontece vai estar sempre com ele e que nenhuma quantidade de vingança alguma vez o vá curar disso.”
Interpretar um assassino que ele não poderia ter imaginado anteriormente que iria compreender desta forma, assim como finalmente regressar ao set de A Cura Mortal, foi tudo parte do seu ano de tratamento.
“Eu tive bons dias e maus dias. Às vezes aparecia no ginásio e o meu treinador sentia que eu estava num lugar não muito bom. De forma aleatória, eu tive dias em que duvidava bastante e momentos de pânico em que apenas queria sair. Eu tive que lutar contra isto constantemente, mesmo quando estava a sair para ir filmar. Tive um episódio de ataque de pânico grave uma hora antes do meu voo – ao ponto de nem saber se me deixariam entrar no avião. Mas sempre tive imenso apoio. O meu pai esteve comigo nesse voo. Acho que não teria sido capaz de o fazer sozinho; ele veio comigo e foi a minha âncora.”
O’Brien está claramente orgulhoso por ter ultrapassado essas dúvidas e ter completado ambos os filmes. Mesmo depois de American Assassin, regressar a A Cura Mortal foi quase demasiado.
“Por dentro, tu queres sempre fugir, não o queres fazer. Acabou por ser uma das melhores experiências da minha vida e estou feliz por ter sido capaz de acabar. Eu achei que me tinha sentido aliviado depois de American Assassin, mas [com A Cura Mortal] foi definitivamente um tipo diferente de alívio. Aí já tinha passado mais de um ano desde o acidente e senti-me mais livre e mais comigo próprio quando o acabei do que me senti durante o ano todo anterior.”
American Assassin estreia em Portugal a 14 de setembro de 2018.
Fonte: SFChronicle.
Tradução por The Maze Runner Portugal. Se copiar, credite-nos.
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diariodenoticiaspt-blog · 6 years ago
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Allan Katz: "Disseram-me: 'Temos Portugal para ti.' Foi o melhor que me podia ter acontecido"
Embaixador dos Estados Unidos em Lisboa entre 2010 e 2013, Allan Katz voltou para a América mas acabou por regressar. Hoje passa grande parte do ano no apartamento de arrendou na Ajuda. Ao DN falou de Obama, de como foi crescer numa família judaica nos anos 1950 e de como os portugueses o fazem sentir-se em casa.
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Allan Katz nasceu em St. Louis, no Missouri, em 1947 e passou a infância entre os jantares do shabbat preparados pela mãe e o trauma da fuga do pai da Alemanha nazi para os EUA. Uma história que partilhava com muitos dos miúdos da vizinhança, eles também judeus e imigrantes de primeira geração na América. Formou-se em Direito e exerceu no setor privado até vir para Portugal. O convite veio de Barack Obama, em cuja campanha para as presidenciais o advogado participara na Florida. Três anos em Lisboa chegaram para admirar a forma como os portugueses o fizeram sentir em casa. Tanto que quando voltou aos Estados Unidos em 2013 manteve a ligação. E até arrendou um apartamento na Ajuda onde agora passa grande parte do ano com a mulher, Nancy. "Uma das primeiras perguntas que me faziam sempre era 'Onde está a Nancy?'", lembra, orgulhoso do português quase perfeito da mulher, aprendido nos tempos em que serviu no Peace Corps no Brasil. O dele até chega para não ter dificuldades quando vai ao café, mas prefere o inglês para a nossa conversa.
Veio para Portugal como embaixador em 2010, nomeado pelo presidente Barack Obama, e deixou o cargo em 2013. Mas continua por Portugal. Porque decidiu ficar?
Todos os anos trago a Portugal estudantes da minha universidade, em janeiro. Faço parte da administração da EDP Renováveis. Gostamos muito de Portugal. Eu e a minha mulher sentimos como se estivéssemos em casa quando estávamos aqui. Fizemos muitos amigos maravilhosos. E, como sabe, em Portugal ou temos apenas conhecidos ou quando fazemos amigos de verdade é quase como se nos tornássemos parte da família. Pelo menos é essa a perceção que eu tenho. Quanto a nós, tivemos a sorte de sermos acarinhados por um grande número de pessoas que nos fizeram sentir em casa. Por isso quando chegou a hora de deixar a embaixada, a ideia de ficarmos ligados a Portugal era muito atraente para nós. Eu tinha deixado de exercer advocacia e tinha decidido que não queria voltar a essa atividade. Voltei à universidade para dar aulas em Kansas City. Mas isso significava que tinha mais tempo livre. Por isso decidimos que queríamos passar mais tempo em Portugal. Agora presido ao conselho consultivo da Business School do ISCTE. Essa função, mais a EDP Renováveis e os meus alunos, tudo isso me obriga a vir a Portugal com frequência. Por isso decidimos arranjar um apartamento para não termos de ir para um hotel sempre que vimos a Lisboa. Se vier a uma reunião, em vez de passar duas noites no hotel, passo umas semanas no apartamento na Ajuda.
Porquê a Ajuda. Era um sítio que já conhecia quando era embaixador ou foi apenas uma coincidência?
O apartamento pertencia a uns amigos. Ele é um diplomata britânico, ela é portuguesa. Tiveram de deixar Portugal porque ele foi colocado em Londres. Mas eles tinham uma pessoa de confiança que toma conta da casa e para nós é muito mais descansado arrendar a pessoas de confiança. Poupa-nos muitas preocupações. Gostamos muito daquela casa. Tornou-se o nosso lar português.
É uma grande mudança, passar da residência do embaixador dos EUA - um palacete na Lapa - para um apartamento na Ajuda?
Viver na residência foi uma oportunidade única e uma experiência maravilhosa. Muitos dos funcionários acabaram por, de certa forma, tornar-se parte da nossa família. Não estávamos habituados a ter pessoas a tomar tão bem conta de nós. Foi tudo uma experiência nova. Mas sabíamos que era uma situação transitória. A nossa vida não ia ser assim para sempre. Foi muito agradável e conseguimos desenvolver relações privilegiadas com muitas daquelas pessoas. Quando estamos em Portugal continuamos a visitá-los.
O que mais o surpreendeu nos portugueses?
Em primeiro lugar, a forma calorosa como fomos recebidos. E como as pessoas estavam dispostas a convidar-nos para entrarmos nas vidas delas. Falando de uma forma geral, quando se é o embaixador dos Estados Unidos, em praticamente qualquer país do mundo, somos reconhecidos e há muitas coisas para as quais somos convidados e nas quais podemos participar. O que conseguimos encontrar em Portugal, a juntar a estas benesses que estão ao alcance de qualquer embaixador americano em qualquer sítio, foi a capacidade de desenvolver relações pessoais que cresceram rapidamente. Há sempre pessoas que se vão aproximar de nós só porque somos o embaixador dos EUA e é assim que conhecemos muita gente. No meu caso, até já tinha estado ligado ao mundo da política antes e sei que havia muita gente que antes de ser eleito achava que eu não era muito inteligente nem muito bonito e depois mudou de ideias. De certa forma isso explica porque é que eu estava mais preparado para lidar com pessoas que só se aproximavam de mim porque eu era o embaixador mas não tinham nada a ver comigo. Aqui conhecemos muita gente que gosta de nós pelo que nós somos e não pela posição que temos.
Foi nomeado pelo presidente Obama. Antes disso trabalhou na campanha dele na Florida. Como se conheceram?
Tenho um amigo que conhecia dos meus tempos ligado à política e um dia recebo um telefonema dele. Estávamos em finais de 2006, início de 2007. Ele fazia parte do grupo que apoiava o então senador Obama para a presidência. E queria que eu me juntasse a eles. Eu expliquei-lhe que não conhecia Obama. Gostava do que via, mas não tinha a certeza de me querer comprometer. Ele disse que era justo. E dez minutos depois o meu telefone toca e era o senador Obama do outro lado! O meu primeiro pensamento foi: uau, o meu amigo é mesmo influente [risos]! Falei com o Barack. Tivemos uma conversa muito interessante. Ele convidou-me para ir a Washington para nos conhecermos. Foi o que fiz. Quando estive com ele, perguntei o que é que podia fazer para ajudar. Estávamos em janeiro ou fevereiro de 2007. Honestamente, naquele momento não parecia nada certo que um tipo chamado Barack Obama fosse ser presidente dos Estados Unidos. Mas aconteceu. Ele tem uma história pessoal muito comovente e uma personalidade forte. Achei que ele tinha todas as ferramentas para ser bem sucedido. Na altura não era possível saber se ia correr bem, mas decidi que se ia depositar os meus esforços em alguém, pelo menos que fosse em alguém em quem acreditava.
Ficou surpreendido quando ele o convidou para ser embaixador em Portugal?
Bem... Depois da campanha alguns de nós foram contactados para saberem se estaríamos interessados em ter um cargo na Administração. Eu disse que sim. Mas não tinha qualquer interesse em me mudar para Washington. Só havia um cargo em Washington que me interessaria e disseram-me que ia para outra pessoa.
Qual?
Presidente da Federal Trade Commission [a Comissão Federal do Comércio aplica o direito do consumo e controla as práticas comerciais que violem as leis da concorrência]. Na verdade às vezes é uma sorte não conseguirmos aquilo que queremos! Há uma célebre frase de Oscar Wilde que diz assim "existem apenas duas tragédias no mundo, uma é não conseguir o que se quer; a outra é conseguir". Então surgiu a hipóteses de ser colocado no estrangeiro, mas também estava a falar com Susan Rice sobre a possibilidade de ir para a ONU. Ela acabou por perguntar porque não ia com ela. Parecia-me bem, mas houve um problema com a nomeação. E disseram-me: Temos Portugal para ti. Não foi linear. Mas foi o melhor que me podia ter acontecido.
Tem mantido o contacto com o presidente Obama desde que ele saiu da Casa Branca? Ele esteve no Porto em julho...
Por muito que queiramos, há várias camadas até chegar a ele. Falo com algumas das pessoas que o rodeiam de tempos a tempos. Mas não o vejo desde que ele saiu da Casa Branca. A verdade é que não tenho ido a Washington, onde ele agora vive. É daquelas coisas... acredito que em determinado momento os nossos caminhos vão voltar a cruzar-se. Ele tem uma vida pós-presidência que é muito ocupada. Faz o que tem a fazer. Houve uma grande oportunidade em que eu o ajudei e da qual acabei por também tirar partido. Tenho a certeza que o vou voltar a ver num futuro não muito distante.
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Como americano e como ex-embaixador falam-lhe muito de Trump?
Sim, muito!
O que perguntam? E o que responde?
A primeira pergunta, geralmente, é: Como é que ele conseguiu ser eleito? E eu costumo responder com uma alusão ao futebol: estão a ver aquele jogo de Portugal contra a Espanha no Mundial em que os espanhóis estavam a ganhar 3-2 e Ronaldo fez o terceiro golo de Portugal com um remate perfeito. Foi perfeito. Nem demasiado alto, mesmo no canto, perfeito. Para Trump ser eleito também bastou juntarem-se as condições ideais. Foi a tempestade perfeita. Uma adversária má, uma campanha má, os russos, Jim Comey no FBI. Foram várias coisas diferentes que se conjugaram. E aconteceu. Ele soube tirar vantagem de um elevado nível de descontentamento sentido por muitos americanos. Muitos deles que nunca tinham votado nos republicanos. E a secretária [Hillary] Clinton não foi capaz de entusiasmar pessoas suficientes do lado democrata para irem votar.
Recuando um pouco. Cresceu no Missouri...
Sim, nasci e cresci em St. Louis, Missouri.
Como foi crescer em St. Louis nos anos 1950?
Bem, St. Louis era uma cidade de tamanho médio. O meu pai era um emigrante da Alemanha. Foi detido mas conseguiu escapar e sair de lá antes de Hitler mandar invadir a Polónia. Nunca terminou o liceu. Não voltou à escola. À medida que crescíamos, eu e as minhas duas irmãs percebemos que todos trabalhavam muito lá em casa para nos dar a educação que o nosso pai nunca teve. Se tínhamos 90% num teste a pergunta era sempre porque é que não tínhamos tido 100%. O nosso pai trabalhou mesmo muito para que todos nós fossemos para a universidade. Ele era vendedor. Se não vendesse, não ganhava, por isso fazia-se à estrada. Não foi uma vida fácil para ele. Tudo para que fosse mais fácil para nós. Deve ter sido ainda mais difícil para ele do que eu tinha noção na altura.
As tradições judaicas marcaram a sua infância?
Sim. Todos os shabbat, a minha mãe fazia um jantar especial, com pratos especiais. Íamos à sinagoga. Mas não nos considerávamos religiosos. Apenas seguíamos as tradições. Na verdade cresci com um grande sentido do que era a minha religião sobretudo devido ao que aconteceu ao meu pai.
Foi uma coisa que marcou a sua infância. A sua mãe também emigrou da Europa?
Não, ela era de Chicago. A mãe dela é que veio da Rússia. Mas sempre me senti o típico imigrante de primeira geração, por causa do meu pai. Na zona onde vivíamos em St Louis quase todos os meus colegas de escola tinham histórias semelhantes. As famílias tinham pouco dinheiro. Não era que fôssemos pobres, mas sabíamos que tínhamos de trabalhar. Arranjei o primeiro emprego aos 14 anos.
A fazer o quê?
Vendia coca-colas no estádio de basebol. E achava que era um emprego fantástico porque me deixavam ver os jogos de graça. Gosto de dizer que foi o melhor emprego que tive até ser embaixador [risos]! Foi muito bom. Cresci numa comunidade que era metade judeus, metade católicos. Mas quase todos os miúdos católicos andavam em colégios católicos. Por isso no meu liceu público éramos quase todos judeus. Quase todos imigrantes de primeira geração. Terminei o liceu em 1965 e quase todos os alunos da minha turma foram para a universidade. Os nossos pais não tinham muito dinheiro mas apostavam na nossa educação. E eles iam garantir que tínhamos uma oportunidade. Quer quiséssemos quer não.
Passou algumas dessas tradições e valores para os seus filhos e netos?
Os meus dois filhos cresceram em Tallahassee, na Florida, onde vivíamos. O meu filho mais velho é muito mais praticante do que nós alguma vez fomos. É o que chamados um judeu ortodoxo. Os miúdos cresceram a saber que eram judeus, que havia tradições ligadas à religião e encontraram o seu próprio caminho. Fomos sempre kosher. E até hoje os meus filhos nunca comeram porco. Quando se tornaram adultos, podiam fazer o que quisessem. Mas eles mantiveram essa tradição.
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Estudou Direito...
Primeiro andei em Gestão, mas depressa percebi que não tinha as qualidades necessárias para isso e mudei para Direito. Fui advogado em Washington, antes de mudar para a Florida onde acabei por ir trabalhar para um escritório de advogados privado. Mantive-me no setor privado até vir para Portugal.
Foi na universidade que conheceu a sua mulher, Nancy?
Não, conhecemo-nos quando tínhamos 17 anos, num grupo de jovens judeus. Apaixonei-me loucamente por ela. Mas ela achava que éramos bons amigos. Não era bem o que eu tinha em mente! Fomos para universidades diferentes, mantivemos o contacto. Fiquei a saber que ela se tinha juntado ao Peace Corps, no Brasil, e eu fui para Washington. Ela voltou para os EUA. Em resumo: um dia um amigo comum diz-me: Sabes quem voltou? A Nancy! Liguei-lhe e ela disse para a ir visitar. Eu fui. Passados uns tempos, ela mudou-se para Washington e casámos. Foi há 41 anos.
Ela é uma espécie de estrela porque fala português...
Ela fala português muito bem. Quando cheguei a Portugal, uma das primeiras perguntas que me faziam sempre era 'Onde está a Nancy?'
Passa a vida a viajar entre Portugal, os EUA, as visitas aos filhos. Era a reforma que imaginava?
Um dos nossos filhos vive em Chicago. E o outro conseguiu agora um lugar de professor na Universidade de Berkeley. Estou muito orgulhoso dele. Vamos visitá-lo também. A nossa vida divide-se entre a universidade onde dou aulas em Kansas City, as temporadas em Portugal e, de vez em quando, ligar a um amigo para ir beber café comigo.
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sophigo-blog · 7 years ago
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diários (transcrição)
Eu li os textos dela num blog, na Internet, e não sei como me senti. Na verdade, sei, e bem: como se eu estivesse invadindo a sua privacidade, espiando através do buraco da fechadura na direção de algo demasiado íntimo e pessoal. Enquanto lia, voraz, tentei amaciar minha culpa pensando que ela já me mostrara aquelas palavras, noutra ocasião. Assim, não me era proibido lê-las. Além disso, quão íntimas podem ser as palavras, uma vez proferidas e, mais, publicadas? Eu li os textos e dei-me conta de que, nela, há uma vida inteira sobre a qual eu não possuo regência, facetas e sentimentos que eu desconheço, pois nunca se direcionaram para mim. Li seus textos e foi como observá-la de outro ângulo, a partir de uma perspectiva tão distinta que mal a reconheci: mudei a inclinação do caleidoscópio, e enxerguei tudo em novas cores. 
Engraçado, como o amor é uma questão de linguagem. Amar, acredito, é basicamente aprender o discurso amoroso do Outro, mas isso pode tornar-se um problema, porque todo discurso vem maculado de amores mais antigos, de discursos anteriores, dos quais o meu Eu não faz parte, cheio de palavras que inevitavelmente desconheço; e esta é uma realização tão difícil quanto dolorosa e incompreensível, pois fere o que há de ego e narciso em mim, claro. Gosto, porém, de ler os textos dela. Acho, de verdade, que ela escreve bem. Inclusive, já lhe disse várias vezes que deveria voltar a escrever com frequência —  faz bem primeiro para si mesma (catarses serão sempre benéficas) e, depois, pro mundo: as pessoas até que merecem saber das nossas visões individuais acerca da existência. Ainda que quase sempre pessimista, nos textos que li, trata-se de uma visão de peso, que me cativa e encanta. 
[recado para ela: escreva, escreva, escreva! Crônicas do seu cotidiano, e das histórias improváveis que acontecem diante dos seus olhos castanhos (que não são sem graça, veja bem). Escreva cartas e textos e poemas de amor romântico para mim — um tanto quando cafona, mas é verdade. E, confesso, irei adorar: sinto falta, às vezes, de palavras e coisas concretas vindas de você. Eu, a todo momento, me abro diante de você, com minhas linhas e palavras escritas atrás de papéis e manchas de aquarela: será que a exposição constante te cansou? Não sei, não sei, vez ou outra te noto tão fatigada, não sei se comigo ou com o mundo]
Resulta estranho, ler tudo o que ela escreveu, por conta de duas sensações distintas. A primeira, até que agradável, e um tanto curiosa, é enxergar no seu discurso, mesmo de anos tão passados, coisas que ela já disse pra mim, coisas sobre as quais já conversamos — talvez os pilares de seu pensamento, as questões que rodam sem parar na sua cabeça. Eu também tenho as minhas questões centrais, os problemas que me constituem como gente. Assim, é cômico e angustiante, em iguais medidas, notar que ninguém nunca resolve suas questões primordiais, que elas voltam e voltam e voltam, ainda que de novas roupagens. É preciso constantemente divagar sobre nossos traumas e recalques freudianos, correto? Somos, todos, tão atormentados.
Foi um tanto invasivo, mas delicioso justamente por quase constituir delito, observar as mudanças pelas quais ela passou, os dramas que enfrentou…
[outro recado, diretamente para ela: coisas que enfrentou tão longe mim. O divórcio, a dúvida, o amor, a rejeição. A dor da perda, uma vez depois da outra. Tudo isso você atravessou sem minha mão junto da sua; como eu mesma caminhei, sem sua companhia, pelo vale das sombras, repetidas vezes, e quase me perdi. O que teria sido de nós, se estivéssemos na vida uma da outra antes de nossa colisão? Eu sei lá. Mas a única vontade que eu tenho, ao ler suas tristezas inevitáveis de menina e adolescente e jovem adulta, é voltar no tempo de cada relato triste e impedir, com meu corpo, que as dores te atinjam. Ou, no mínimo, ser capaz de beijar e curar as cicatrizes que o mundo te causou. Te amo]
Lendo, observei  —  de longe e de cima, com o olhar privilegiado do amor e da intimidade  —  os caminhos que ela teve de trilhar para tornar-se quem é, hoje: esta a quem conheço, só talvez melhor que a maioria. Esta a quem eu amo, e tanto. A quem admiro como ser humano. Gosto de perceber as personalidades que ela teve de criar pra viver consigo mesma: eu também (de novo colocando-me aqui) precisei fragmentar-me a fim de sobreviver, e em cada canto que estive, fui uma. Hoje, acredito estar mais estável — ainda que, de vez em quando, minhas estruturas se abalem, e eu sinta meu império frágil e arenoso, rachando, e meus outros egos escapando por entre as frestas que nunca serei capaz de fechar (afinal, há sempre uma falha. É por onde a luz entra). Pergunto-me o quanto das personalidades dela, esplanadas nos textos que li, todavia vivem no seu corpo e mente, e como e quando e porque ela as reprime ou demonstra.
Minha outra sensação, ao ler, é a de notar comportamentos dela que eu nunca pude enxergar, mesmo a conhecendo há tanto tempo, a vendo tão próxima, quase sempre olhos nos olhos: uma espécie de melancolia enorme, sobre a qual ela fala com cautela (como se temesse abrir uma torneira, e deixá-la escapar), mas pouco demonstra. Além disso, é quase que dolorido notar o amor que ela sentiu, ou sente, por outras mulheres, tão além de mim: mesmo sendo quem eu sou, e pensando como penso, em grande liberdade, me dói um tanto. Passa, é claro, quando racionalizo, lembrando-me que também já senti, forte e intensamente, por outras que não ela.
Mas a comparação, ao modo do que acontece entre irmãos, é inevitável, e parece-me que cada célula do meu ser pergunta-se, apesar de minha resistência e vontade de ser mais e mais liberta dessas amarras e feiúras: será que ela me ama tanto assim? Será que algum dia amará? Não quero, nem devo, nem posso, me comparar (cada amor é único, eu sei disso). Porém, não consigo evitar, e dói tudo, e sinto que o amor dela, por mim, seja talvez um pouco menor, e um pouco mais brando. No entanto, pensando em mim mesma, será que a brandura e a pequenez (e a calma e a tranquilidade, e a linha reta que se traça na direção do futuro) não advém com a madurez, este momento no qual nós duas estamos inseridas? Não seria natural, procurar por romances menos voláteis, que queimam menos? Não sei. Das nossas próprias narrativas, creio, nunca enxergamos a real grandeza — talvez a questão seja essa. E somos grandes ao nosso modo. E, no início, queimamos: estranho tudo ao meu redor, ao notar que a chama possa estar se extinguindo, tão aos pouco que não a percebo sumir. 
Distancio-me, com toda minha racionalidade, da comparação, e obrigo-me a ler os textos não como a companheira que espia a outra pelo buraco da fechadura (que feio!), mas como a professora de Literatura e Gramática e Redação, coordenadora dos códigos e linguagens, e ávida leitora desde a infância: devo analisá-los friamente, pela sua qualidade intrínseca, e para nosso próprio bem, sem personalizá-los. Vejo, é claro, pequenos deslizes de concordância e vírgula, mas nada ululante — se fosse minha aluna, faria alguns círculos vermelhos na redação, nada exagerado. Sinto a sua poesia. Sinto a amargura, a melancolia, o amor, a confusão, a saudade, o tesão, o vício, a dor, a alegria, a paixão. Sinto tudo isso, junto desta que observo de longe, como se não a conhecesse, enquanto a leio. O importante é sempre sentir, portanto, a avaliação é positiva. 
[terceiro recado, para ela, é claro: mesmo através de caracteres virtuais, palavras flutuando na nuvem, você me atinge. Me contamina, me inunda, me fere. Por que carajo você tem esse efeito em mim? Ainda e ainda e ainda. O que me fode é que eu nunca saberei do efeito que tenho em você...]
Não sei se ela gostaria de saber que li seus textos. Não sei, não sei, não sei: afogo-me na dúvida. Independentemente da resposta dela, eu os li, e foi como se a abrisse  —  feito Tomás, em Insustentável Leveza do Ser  —  com um bisturi metafórico, e espiasse suas entranhas poéticas, e percebesse, embebida de sentimentos contraditórios, que o amor é isso mesmo: a difícil realização de que alguém, para além de nós mesmos, é real. Ela é real, e existe além e antes e depois de mim, e tem toda uma subjetividade que sempre me escapará um pouco, e arestas que não poderei nunca aparar. Quão bonito, e terrivelmente doloroso, é isso?
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everysingleday1dream · 5 years ago
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Fim
Eu sei que isto não é a melhor forma de fazer as coisas. Mas neste momento, não consigo cooperar com a melhor forma de fazer as coisas, porque já não sei o que se passa, e já lutei muito para fazer as coisas da melhor forma. Se é que me faço entender.As minhas costas não aguentam mais nenhum peso. Tantas responsabilidades sobre mim acompanhadas de sofrimento, este fardo é muito pesado para mim. Principalmente neste momento em que perdi tanta coisa importante. Sou corajosa por isso.Eu não vou falar do que a relação significa para mim, porque é uma forma de vida. É um projeto a longo prazo, é um projeto a iniciar com tudo o que isso implica em poucos anos, talvez 3 ou 4. É ter filhos, é ter casa, é viajar, é amar e ser amado, e acima de tudo ser respeitado. É compromisso. É não desistir, é não perder o foco no bem maior. Que é a construção de uma história bela a dois, e a quatro ou 5 no fim. Mas nisto tudo, existe uma coisa básica que cada um de nós tem que é a nossa honra. A nossa honra tem por base o respeito que cada um tem pelos nossos limites. E o fio da relação é o mais valioso, é sagrado, e é nosso dever preservá-lo. Durante os longos 6 anos, quase 1 década de relação, eu nunca senti desejo por outro homem. Tu sempre foste suficiente para mim, sempre te venerei. Cada parte de ti, apesar de não o demonstrar muitas vezes. O meu amor por ti é muito forte, é tão forte que eu era capaz de morrer se soubesse que ias ficar bem. Eu dei-me a ti, dei a minha alma para que a pudesses manejar. Não dei a mais ninguém. Nunca por algum momento me senti presa a uma relação por a ter iniciado jovem. Nunca por algum momento senti vontade de alguém que não fosses tu. Nunca por algum momento pus em causa o nosso compromisso após 2015. Prometi nunca mais te abandonar. Estavas lá quando mais precisava. Mas tu fizeste uma escolha. A partir do momento em que decidiste cooperar com alguém para destruir o nosso laço, ele quebrou-se. A minha insconsciência perante os acontecimentos não invalidou que o laço se quebrasse. O que eu sinto desde Janeiro de 2019 é que tu acabas por sair da linha como se soubesses que é suposto não estarmos juntos. Talvez eu não tenha visto o que viste. Quem sabe? E não é por nos termos conhecido tão cedo, eu serei a Daniela que sou para sempre, com moldes que a vida nos dá. Sim eu tenho defeitos, tenho problemas e sou ciumenta. Tenho traumas, sou imperfeita. Mas tinha um compromisso de amor contigo e tu desvalorizaste-me por completo ao por em causa a minha honra. Por uma noite numa discoteca. 6 anos de amor, dedicação, lutas, experiências, viagens, descobertas, tristeza, alegria, companheirismo... Destruídos em 1 hora. Sinto-me completamente devastada, e com um vazio no peito que parece que me corrói os orgãos por dentro. Li as tuas cartas entretanto. Numa delas disseste: "Nunca pensei encontrar a pessoa para a minha vida tão novo, foi a melhor coisa que me aconteceu."; Na carta dos meus anos em Novembro de 2019, : "Sempre disse isto, mas agora digo com mais certeza, vamos ficar juntos para sempre e ser felizes." Fui a melhor coisa que te aconteceu? Vamos ficar juntos para sempre? Palavras perdem o valor perante ações impensadas. Isto é demasiado pesado para expor em palavras, a incompreensão é forte, a culpabilização é parva, eu não fiz nada para merecer uma traição. Nunca sequer pensei sofrer com uma. Mas isto é natural, é a dor natural. É procurar respostas onde elas infelizmente não existem. Se eu não fui suficiente? Fui. Mais do que suficiente. Sou uma mulher admirável, correta, leal, e nunca seria capaz de trair a confiança das pessoas que amo. Da minha família. Do futuro pai dos meus filhos. Eu não te odeio, muito menos te irei culpar pelo teu erro incompreensível. Eu amo-te, sempre amei e sempre irei amar. Mesmo se isto não fizer mais sentido. Mesmo se acabarmos com pessoas diferentes no futuro. Mesmo se um de nós morrer antes ou depois um do outro. O meu amor por ti é até a morte nos separar. Mas eu amo a pessoa que eu sou. E quero ser melhor, quero ser correta, quero ser feliz e amada. Entendes? Eu sei que sim. Eu vou sempre amar-te e desculpa não ter a coragem para te confrontar com isto pessoalmente. Mas amo-te demasiado para te dizer que me deste um tiro no coração.
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miswho-blog · 8 years ago
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To E.
Passei tanto tempo tentando te dar a minha confiança, fazendo planos, sonhando em fazer nossas vidas juntos, em crescer e aprender, me dedicando 100% pra isso dar certo. Ao mesmo tempo passei muito tempo pensando que isso era reciproco, e talvez tenha sido. A gente nunca sabe o que se passa no coração das pessoas. Pensei que te conhecesse e que jamais perderíamos o respeito um pelo outro. Eu, fragilizada como estava, jamais deveria ter me entregado a um relacionamento. Não pensei que para fazer bem à outra pessoa, eu deveria estar me sentindo bem antes. E no final, as diferenças que tínhamos, e que você fazia questão de me lembrar todos os dias, não foram o problema. Talvez tenha sido eu, com meu sentimentalismo à flor da pele, com a solidão que me rodeava, com todos os meus traumas, que tenha exigido demasiado do seu apoio. Talvez tenha sido você, que não soube cuidar de alguém doente, que necessitava de companhia, e não de julgamentos e agressividade. E como isso me trouxe problemas... Seus julgamentos formaram travas dentro de mim, não sei mais quando e como dizer o que sinto às pessoas, se é que posso dizer-las sem ser julgada, pois tenho medo de escutar aquelas palavras que tanto me machucaram e que até hoje passam pela minha cabeça. Sua agressividade me transformou numa pessoa fria, que não sente empatia ou preocupação, que não sabe mais se entregar ou se interessar por alguém. E depois de tudo isso, eu ainda fui jogada a beira da humilhação. Pensei que pelo menos você guardasse um pouco de arrependimento ou compaixão, mas outra vez eu estava enganada. Talvez o problema tenha sido eu, por não ter temido em sentir, por me doar às pessoas sem esperar reciprocidade, por não forjar amor. Mas me dói, na verdade, não saber o que realmente eu representei nisso tudo. Me dói essa incerteza e esse desleixo. São feridas que talvez jamais sejam saradas, marcas que provavelmente vão me acompanhar pro resto da vida. Queria conseguir ser quem eu era antes de você. Quero ser destemida. Tenho gana de sentir. 
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