#tapas bombeadas
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Continuação/desenvolvimento disso aqui
Fanfic angst de ordem paranormal! Yay!
Sinopse: 4 vezes que a Equipe Abutres se preocupou com o quão eles ainda são eles (e 1 vez que alguém mais se preocupou)
(Pronomes neutros para Dante porque é meu headcanon pitico 😔🥺👉👈)
(Aviso que tem MUITO gore, especialmente na parte do Arthur, e um pouco de canibalismo e vômito forçado e body horror. Além disso, é triste e desesperador. Esteja avisade)
1 - Arthur Sangue
Arthur sentia um nervosismo cada vez mais crescente dentro de si.
Ele não entendia exatamente o porquê. Tudo parecia... relativamente bem após terem aprisionado Kian. Claro, ainda havia algumas coisas a resolver, mas, no geral, estava tudo bem. Ele deveria estar bem.
E, no entanto, não estava.
A cada dia que passava, tudo, por menor que fosse, parecia intenso demais, fosse doloroso ou prazeroso demais. Ele não conseguia achar um único momento do dia em que seus sentimentos estivessem em um estado realmente neutro, não de verdade. Fica cada vez mais difícil de se acalmar e até dormir enquanto ele vem perdendo mais e mais o controle de algo que antes parecia tão mais simples.
Um dia, ele explodiu em lágrimas simplesmente porque os sons típicos da base da Ordem, que nunca o incomodaram, pareciam altos demais. Ele não conseguia parar até sair dali, em meio ao pânico, desespero e humilhação tão fortes que ele mal conseguia identificar o resto ao seu redor.
Sua aparência também não permaneceu inalterada. Ele estava cada vez mais... vermelho, por assim dizer. Suas veias estavam mais saltadas; seus olhos, mais avermelhados; seus dentes e unhas, mais afiados; e seu corpo, mais forte e pesado.
Mas o pior, de longe, foi aquele dia.
Era uma missão normal. A Equipe Abutres se separou brevemente para investigar uma mansão abandonada. Os sinais ali presentes mostravam que não havia nenhuma criatura ali, e se houvesse, seria no máximo um zumbi de sangue.
Arthur foi quem encontrou a dita criatura. A qual devorava o cadáver de uma criança.
Uma fúria incontrolável queimou dentro do seu peito, sendo bombeada pelo seu coração acelerado por todo o seu corpo. Ele sentiu toda a dor que aquela criança sentiu, que aqueles que a amavam sentiram. Ele sentiu todo o desespero e pânico e raiva que ela sentiu enquanto morria. Ele sentiu uma vontade incontrolável de destroçar aquela coisa, pedaço por pedaço.
Ele precisava vingar aquela criança. Não era esse o seu trabalho, afinal?
Ele avança para cima da criatura, sem armas em mãos e sem usar rituais. Ele apenas usa a força total de cada músculo no seu corpo para destruir aquele monstro desgraçado.
Ele rasga seus braços usando suas unhas. Ele quebra sua espinha usando seu braço e pernas. Ele esmaga suas veias e músculos usando o peso do próprio corpo. E ele separa a cabeça de seu pescoço usando seus dentes.
Ela merece. Ela merece. Ela merece. Ela merece. Ela merece. Ela merece. Ela merece. Ela merece. Ela merece. Ela merece. Ela merece. Ela merece. Ela merece. Ela merece. Ela merece. Ela merece. Ela merece. Ela merece. Ela merece. Ela merece. Ela merece. Ela merece. Ela merece. Ela merece-
Ele para quando finalmente não há mais movimento do corpo.
Ele pisca. O cheiro forte de sangue invade suas narinas e olha para o cadáver do zumbi de sangue abaixo de si.
Espera. Quando foi que...?
Algo pinga e ele olha para sua mão. A qual está coberta de sangue e carne da criatura.
O que é que...?
As memórias do último minuto o atingem como um tapa na cara. Ele olha para si mesmo, sem saber como reagir, coberto de vísceras do monstro que ele acabou de estraçalhar. Ele pensa na última coisa que fez antes da morte do zumbi...
Não. Não, não, não, não, não.
Ele leva a mão à boca, a qual está encharcada de sangue do lado de fora. Sua língua se move dentro dela, um gosto metálico tingindo suas papilas gustativas.
Ele tenta não pensar no que sente em sua garganta. Por mais que saiba exatamente o que é.
-
Arthur cospe todo o sangue de sua boca antes de voltar para sua equipe. Se eles descobrirem o que ele fez... o que ele virou...
Não. Ele ainda não virou. (ele não parou enquanto estava fazendo aquilo) Ele voltou ao normal.
Mas... o que ainda é normal?
-Ei, campeão.
As palavras o despertam de sua espiral de pensamentos. Balu encontrou com ele no meio dos corredores da casa.
-Hum?
-Que sangue é esse? Você se machucou?
-Eu achei um zumbi de sangue. Dei um tiro e ele acabou explodindo na minha cara. - ele não olha para o homem mais velho quando fala isso.
-...você tá bem?
-Tô.
-Tem certeza...?
-JÁ DISSE QUE SIM!!! - ele exclama, frustrado, e em seguida o arrependimento percorre cada centímetro do seu corpo. - Desculpa... desculpa...! Eu não... não queria...
-Ei, tudo bem... só... fala comigo se tiver alguma coisa, ok?
-...tá. Valeu.
Naquela noite, Arthur se força a vomitar tudo o que há no seu estômago. Apesar de conseguir tirar um pouco do que engoliu, ele sabe que não saiu tudo.
Ele chora até dormir. Ele implora, por mais que saiba que não haverá resposta, para seu pai, sua gangue e seus amigos.
Por favor, não me deixem virar um monstro.
2 - Dante Morte
Dante foi uma das pessoas da Ordem que tinha mais visíveis em si as marcas de transcender e da afinidade com seu elemento. Afinal, toda vez que abria seus olhos, tais consequências físicas eram mostradas.
O problema é que elu pensou que as mudanças seriam somente elas. Que nenhuma delas chegaria a realmente afetar sua mente.
Como elu errou.
Começou pouco. Começou quando elu perdia a noção do tempo. Coisas simples: horários de reuniões, hora do almoço, datas, dias da semana... não parecia ser nada demais.
Depois, começou a piorar. Dante tinha que perguntar constantemente qual ano era e qual sua própria idade. Tinha que perguntar a quanto tempo estava na Ordem. Tinha que perguntar até a quanto tempo Beatrice estava morta.
Às vezes, lutas que duravam minutos pareciam ter horas e horas de duração. Outras, horas que passavam explorando algum lugar não pareciam ser mais do que poucos segundos. Era estranho, quase incompreensível e totalmente impossível de explicar a qualquer um que não houvesse o vivenciado.
Mas Dante podia viver com isso. Elu podia. Só precisava se acostumar, como aquela escripta que foi sua colega no orfanato, Nubi. Ela passou por algo similar.
Mas piorou. E muito mais do que elu achou que iria.
A cada dia, sua aparência e corpo pareciam cada vez mais frágeis. Seus ossos se tornaram quebradiços, de modo que fraturá-los virou uma ocorrência comum. Sua constituição ficou cada vez mais delicada e sensível a interferências externas, como doenças e ataques. Seu próprio rosto se tornou ainda mais magro e esguio, com rugas começando a aparecer em torno de seus olhos e boca, e fios grisalhos surgindo em meio ao seu couro cabeludo.
Mas isso não foi nada comparado àquele dia.
A Equipe Abutres já estava fazia uma semana em uma cidadezinha do interior do Rio de Janeiro investigando um caso junto de outro agente que já estava na região. Em dado momento, eles se separaram em duplas, e assinalaram ele para que fosse junto de Dante.
Eles encontraram a criatura. O outro agente morreu.
E Dante não sentiu nada.
Seu coração não acelerou. Sua raiva não aumentou. Sua respiração não se tornou rasa. Sua determinação em derrotar a criatura não mudou. Seus pensamentos não ficaram nublados pelo luto.
E porque deveriam?
A morte era algo natural da vida. Sempre fora. Todos os seres vivos e todas as histórias precisavam de um fim. O fato daquele homem ter morrido agora e não depois não mudava isso. Dante não precisava e nem conseguia entender o porquê das pessoas sofrerem tanto com algo que era inevitável.
Seu rosto e voz estão completamente impassíveis quando elu dá a notícia para o resto da equipe. Eles não se modificam nem mesmo diante das demonstrações de luto de seus companheiros. Dante, nesse momento, simplesmente não sente nada.
É apenas na viagem de volta que algo chega em seu coração. Uma pontada, similar a preocupação e até mesmo medo.
Espera. Eu não deveria ter reagido assim.
Elu se lembra de ter reagido diferente nas outras mortes que presenciou no passado. Se lembra da dor que sentiu. Joui, Kaiser, Luciano, Fernando, Erin, Tristan, Beatrice.
E quando elu pensa em sua irmãzinha, Dante se lembra do amor que sentia por ela. Mas... mesmo sabendo exatamente como costumava se sentir... elu... não consegue sentir isso de novo.
Com aquela emoção dentro de si aumentando, elu pensa em Jasmim e no filho que nunca teve. Algo começa a surgir, mas não é forte o bastante para criar algum sentimento real.
Porém, isso faz com que uma única emoção real surja dentro de seu peito. Uma única que se destaca em meio àquele mar de frieza e apatia.
Pânico.
3 - Carina Conhecimento
Carina, desde pequena, tinha o hábito de escrever o que acontecia todos os dias. Assim, ela sentia que conseguia manter controle de sua própria vida.
Agora, enquanto relê o diário de seus últimos seis meses, suas suspeitas são inegáveis.
Há algo que está mudando ela por dentro completamente.
É fácil de perceber, na verdade. É só comparar os escritos de seis meses atrás com suas anotações e sensações atuais que é possível reparar em uma diferença e contrastes enormes.
Sua eu de antes sentia tudo de forma normal e natural. Sua eu de antes não tinha olheiras enormes sob os olhos. Sua eu de antes não tinha o corpo frágil e quebradiço como um galho. Sua eu de antes não manipulava as pessoas sem nem perceber. Sua eu de antes não precisava esconder as inscrições em uma língua incompreensível que pareciam aumentar a cada dia sobre sua pele. Sua eu de antes conseguia se reconhecer ao se olhar no espelho.
Especialmente, sua eu de antes conseguia sentir outras coisas além de medo de si mesma.
Ela decidiu olhar suas anotações do passado para tentar entender o que estava acontecendo. Para tentar entender porque aquilo aconteceu.
No dia anterior, eles estavam em uma missão. Balu, sendo fisicamente mais forte que todos os outros, foi na frente, como de costume. Não parecia haver nada errado, até a criatura chegar.
Ela era muito mais forte do que haviam imaginado. E Carina logo percebeu que não conseguiriam vencê-la sem apoio. Se persistissem em ficar ali, certamente morreriam.
De todos, Balu era o mais gravemente ferido e o mais provável de ser morto pela criatura, afinal, ele próprio havia se colocado à frente em todas as vezes possíveis. Então, pareceu lógico a Carina que ele fosse deixado para trás como isca e o resto da equipe voltasse à Ordem para buscar apoio.
Porém, foi quando ela comunicou isso a Rubens e viu o olhar chocado, apavorado e repudiado que surgiu em seu rosto que ela percebeu que havia feito algo errado.
Agora, ela tem quase certeza do que é: muito provavelmente, sua afinidade com o Conhecimento está mudando seu modo de pensar lentamente, desde que atingiu 50% de Exposição Paranormal.
Rubens não conseguia olhar para ela desde ontem. Hipócrita, ela pensa. Não é como se ele fosse imune à Energia ou não houvesse mudado após atingir 50% de exposição.
Ela só esperava que não houvessem mais mudanças. Ou que, ao menos, da próxima vez, ela ainda fosse capaz de perceber a mudança ou se importar com ela.
4 - Rubens Energia
Rubens, desde a infância, pensava em si mesmo como alguém que se conhecia muito bem. No entanto, agora, ele já não tinha tanta certeza.
Ele nunca teve crises de ansiedade. Não era algo que causava um problema para ele. E, no entanto, nos últimos dois meses, vinha acontecendo praticamente todo dia.
Não havia um gatilho em específico ou algo que as causasse, elas simplesmente aconteciam. E, mesmo quando acabavam, ele permanecia hiperativo e tendo tiques nervosos e tremedeira, como se seu corpo não aguentasse ficar parado. Mesmo procurando por alguma ajuda, nada parecia surtir qualquer efeito, fosse para parar suas crises nervosas ou ajudá-lo a dormir.
Seu corpo também parecia diferente: suas articulações pareciam mais... metálicas, por assim dizer. Ele não tinha certeza se essa era a palavra certa, mas sabia que tinha uma sensação diferente naquelas partes do corpo. E não apenas nelas: seus olhos pareciam, às vezes, ter cores diferentes do seu castanho habitual, e suas veias também aparentavam estarem mais ressaltadas contra sua pele. Não como as de Arthur, mas mais... coloridas.
Estava ficando mais difícil de pensar também, talvez por conta dos picos de hiperatividade. Era como se pensamentos aparecessem e sumissem em um piscar de olhos, deixando em seu caminho um rastro de sentimentos confusos e conflitantes. Mesmo quando isso não ocorriam, seus pensamentos e emoções pareciam cada vez mais sem nexo um com o outro, como se estivessem com seus pares errados.
No entanto, isso tudo era fácil de aguentar se comparado àquele... incidente.
Em sua defesa, ele e Balu estavam sozinhos contra a criatura. O mais velho estava desacordado e muito ferido. Se ele não fizesse alguma coisa, ambos teriam morrido.
Ainda assim, ele continua tendo pesadelos com o que fez.
Porque, em uma súbita explosão de energia e eletricidade que ele ainda não sabe de onde veio, ele pegou seu martelo e destroçou a criatura. Ele nem ao menos tentou ser rápido, ele queria ver aquela coisa sofrer o máximo possível antes de morrer. Ele se lembra muito bem do quanto se divertiu e do quanto queria que aquilo durasse pra sempre. Ele se lembra de gargalhar.
Quando, depois, ele mexia nos arquivos das câmeras de segurança do lugar para poderem apagar os registros da criatura, ele viu aquele vídeo de si mesmo. Mesmo com a interferência na imagem, era possível distinguir o que aconteceu.
Ele não conseguiu se reconhecer.
Rubens apagou rapidamente o vídeo para que ninguém nunca mais o visse daquele jeito.
O problema era que ele não conseguia parar de pensar se isso aconteceria de novo.
+1 - Balu
Balu gosta muito de sua equipe.
Bom, talvez isso seja um eufemismo. Ele realmente, do fundo do coração, ama a sua equipe. São as pessoas vivas que mais importam para ele nesse mundo.
Por isso, quando ele nota as mudanças, ele é o que mais se preocupa.
Sobre Arthur cada vez mais violento e reativo. Sobre Dante cada vez mais frie e distante. Sobre Carina cada vez mais manipuladora e calculista. Sobre Rubens cada vez mais nervoso e instável. Sobre cada um deles ficando cada vez mais e mais distantes de si mesmos.
Ele nunca gostou muito dessa coisa de usar o paranormal para lutar. Agora, ao ver isso acontecendo com sua equipe, gosta menos ainda.
É por isso que, ao final de uma missão, ele reúne os outros quatro e fala:
-Ei, pessoal. Eu sei que a gente já fez muita coisa junto, mas... eu não acho que eu tenha dito o quanto essa equipe é incrível. Então, cês são incríveis, e, mesmo eu sendo o que sabe menos coisa aqui... se qualquer um de vocês se perder no caminho, eu prometo que eu vou buscar vocês.
Arthur leva o punho à boca e morde um pouquinho da pele da mão para evitar que as lágrimas que vieram aos seus olhos transbordem. Dante aperta as mãos e uma sombra de um sorriso surge em seu rosto. A expressão anormalmente séria de Carina suaviza por um momento, deixando um pouco de emoção vazar por entre a máscara de lógica que vinha usando ultimamente. Rubens o encara por um segundo antes de piscar e saltar para o seu lado, ficando ali por um bom tempo apenas se balançando sobre os próprios pés e o olhando com... admiração? Ele... merecia isso?
De qualquer forma, ele não vai se deixar abalar por isso. Ele vai ficar ao lado de sua equipe, custe o que custar. Eles vão achar um jeito. Eles sempre acharam.
-
Isso ficou mais sombrio do que eu imaginava em algumas partes kkkkkkkkk mas espero que o final bonitinho tenha compensado o... canibalismo ;-; Enfim, tomara que tenham gostado. Eu ainda tenho uns WIPs de angústia de ordem, se quiserem eu taco mais dor e sofrimento nesse povo cuja vida já tem naturalmente só dor e sofrimento :D
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