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MARCELO D2 E A ANCESTRALIDADE DE FUTURO!
Com 13 discos de estúdio na bagagem - 4 com o Planet e 9 em carreira solo - já né segredo que Marcelo D2 ocupa um espaço notório na música popular e na cultura Hip-Hop pelo mundão. Acontece que em seu novo trabalho, ele ultrapassa barreiras, fura otas bolhas e se consagra ainda mais como um dos grandes arquitetos da música brasileira.
Intitulado "IBORU, Que Sejam Ouvidas Nossas Súplicas", Marcelo D2 nos leva por uma jornada musical de puro suingue, com o afrofuturismo batendo na alta, como sempre falara Chico Vulgo.
O disco começa com a voz de Wander Pires te transportando pra avenida quase que espontaneamente. 'Por baixo', numa crescente, um instrumental drumless do lendário Barba Negra (aka O Terrível Ladrão de Loops), versos afiados de D2 e uma fala de sua coroa. Apenas o início de uma saga que vai flutuando entre a boniteza e a concretude dos fatos como são. Trazendo a beleza da crueza e do povo, como o timbre de Nega Duda que vem logo em seguida. A genuína cultura de rua e dos morros, favelas e do subúrbio carioca.
Das rodas que varam da noite ao clarão do dia; ad infinitum. Os terreirões de Umbanda e Candomblé, os Bate-Bolas, Rosinhas e Malandros que transitam pelas ruas encantadas de um Rio de Janeiro que não passa na retrospectiva da Globo, não está nos trends, ou em capas de jornais. Essas são algumas das várias personas carioca que inspiram IBORU. Que inclusive, dia 28 deste mesmo mês de Junho, ganhará seu complemento audiovisual. Um curta que contará a história fictícia do encontro de João da Baiana, Clementina de Jesus e Pixinguinha, nos idos dos anos de 1923. O curta, assim como a estética do disco, foi toda assinada pela mágica Luiza Machado e o próprio Marcelo, diálogo que vem ampliando ainda mais a arte do rapper carioca. A produção fica por conta da produtora da família D2 - PUPILA DILATADA.
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O elenco de músicos e compositores de "IBORU, Que Sejam Ouvidas As Nossas Súplicas", chega a ser baixaria de tanto talento junto. A começar pela cozinha, composta por bambas da velha escola e da nova geração, tudo junto e misturado; Marcio Alexandre, Zero, Miúdo, Jorge Luiz, João e Marcelinho Moreira. Nas cordas, temos João Lopes (banjo), Maycon Ananias (cordas geral), Gabe Noel (violoncelo), Wanderson Martins e o craque Rodrigo Campos (ambos no cavaquinho). Violões de 6 e 7 cordas, no nome de Kiko e Fejuca, camisa 10 que contribui também batucando no couro e arranjando no cavaco.
Nos sopros, Thiago França (sax), Marlon Sete e Pedro Garcia no trombone e voz. Na bateria, o novo expoente da bateria brasileira, Thiaguinho Silva. O côro é comandado pela Luiza Machado, sua parceira de vida e arte, que entoa unissomo com as vozes de Jussara, Jurema, Hodari, Betina, Luiza e Camila de Alexandre, e o talentoso Luccas Carlos.
Falando em voz e coro, vale ressaltar a parceria louvável entre Luiz Antonio Simas e Marcelo D2. Desde o último disco de estúdio com intervenções e trocando prosas juntos sobre ancestralidade, resistência e identidade. Também estão no catálogo grandioso de compositores João Martins, Inácio Rios, Diogo Nogueira, Igor Leal, Fred Camacho, Neném Chama, Carlos Caetano, Márcio Alexandre, Cabelo, Douglas Lemos, Moa Luz e Otacilio da Mangueira. É mole?
Todo esse time consegue criar uma atmosfera de uma vibração coletiva incrível, que dialoga o asfalto com o morro de uma forma ímpar. O grave do surdão e do 808 suingando com o hihat, que por sua vez unifica-se com as palmas e o tamborim... isso é o Nave e mais uma sequências de beats absurdos. Uma parceria que já vinha dando certo desde "A Arte do Barulho". E pelo visto, continua. Numa parceria luxuosa que vem se estreitando nos últimos anos, Nave e Kiko Dinucci - que traz suas picotadas lombradas, guitarras levemente sujas, uma viola elegantíssima - se entendem em grau, número e frequências.
A produção é algo instantaneamente clássico - o que já faz pensar nesse disco do OGI que vem aí. Mas isso é papo de futuro, pra outro momento.
Ah, jamais podemos esquecer de mencionar a co-produção e mixagem, que ficou na assinatura de nada mais/nada menos que o gênio e cumpade de longa data de Marcelo, Mario Caldatto. É óbvio que a qualidade de sempre foi entregue.
Dito isso e abordado o time, agora vamos as participações; Nega Duda, Metá Metá, BNegão, Mumuzinho, Alcione, Xande de Pilares, Zeca Pagodinho e o imortal Mateus Aleluia. Há homenagens a Romildo Bastos (Padre Miguel) e mestre Monarco (Portela) a sua maneira afrosambadélica.
Essa fusão chega ao ápice quando IBORU traz a cultura Hip-Hop pra dentro duma quadra de Padre Miguel com adlibs de Westside Gunn em um partido alto feito de beats, palmas, trombone e guitarra. Ou com um batuque e naipe de sopros junto a MPC, como fez no seu último trabalho com Um Punhado De Bambas no Cacique de Ramos - que aliás, outro excelente trabalho que transcende as fronteiras convencionais e cria uma experiência auditiva e cativante, como faz novamente nesse trabalho.
É junto de baluartes, ídolos e bambas que D2 aprendeu boa parte do que sabe do samba. Zeca e Arlindo são reverenciados em mais de um momento do disco. Beth, João Nogueira, Dona Ivone, Luiz Carlos, Candeia, Cartola, Martinho, Paulinho e o pessoal do Fundo de Quintal. Entre muitos outros. É bonito ver o artista em seu auge, com a pura satisfação de fazer o que gosta, evoluindo e não se prendendo a velhos chavões e modos operandi. Além de toda essa gratidão de quem aprendeu com os verdadeios movimentadores da massa e da cultura popular.
E se você se pergunta da outra parte, nunca se esqueça que antes de D2, era o Sinistro, com sua vivência pelas quebradas do mundaréu. Rio 40 graus. De Padre Miguel, Cascadura, Madureira, do Andaraí, Humaitá e das vielas do centrão. Lapa, Gamboa, Cinelandia. Vivência que Peixoto teve nos camelos com seu camarada Skunk. Das chamas que circundavam a capital carioca nos anos 90.
No final, "IBORU" vai além do siginificado em iorubá, do Ifá, e muito mais do que título de disco ou uma simples combinação de gêneros musicais; é uma verdadeira celebração da diversidade e da riqueza da cultura brasileira. Destaca temas relevantes e urgentes, como a desigualdade social e a resiliência das comunidades marginalizadas. Ancestralidade de futuro.
Ao mesmo tempo e paralelo a concretude lírica e dos batuques de fine estirpe, a nuance abstrata das melodias se faz valer em loops, samples e um instrumental finesse. A sinestesia e o campo lúdico do disco é forte, e isso tem muito a ver com o imaginário popular, fé e outros pagodes da vida que circundam a vida do brasileiro - que assim como Marcelo, se recria e se renova a cada nova batalha. "Provando e comprovando a sua versatilidade", já diria seu saudoso amigo Bezerra da Silva, que eu sei que assim como os outros bambas mencionados aqui neste texto, no disco, e durante a vida do Sinistro, também benzeu e abençoou "IBORU" até vir ao mundo terreno, há uma semana atrás, dia 14 de Junho.
E faz uma semana que é festa no Orum...
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ALÔ, MEU POVO! A HORA É ESSA!!!
#hip hop#rap nacional#samba#samba rap#pagode#samba de raiz#chula#musica popular brasileira#underground#alternativo#samba de roda#samba de morro#partido alto#resistencia cultural#iboru#iboru que sejam ouvidas as nossas suplicas#marcelo d2#selektakoletiva#download
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TELAKOLETIVA #1
Hoje estreamos quadro novo no canal, depois de mais uma dakelas pausas por konta do korre diário. Mas tamos aí... Resumidamente, esse quadro vai trazer sugestões y rekomendações de doks, séries, kurtas e longas ki envolvam a kultura de rua, arte popular e independente, passando por várias kestões ki cirkundam e inundam o Brasil de uma forma ou de outra. Sobretudo Kultura & Música. Na estreia dessa série de rekomendações, trazemos "O Rap do Pekeno Príncipe kontra os Alma Sebosa", um documentário de Paulo Kaldas e Marcelo Luna, gravado e registrado no ano de 1999 a 2000, trazendo a tona a realidade kaótica de muitos brasileiros ki são diariamente cerkados pela violência e do abandono do Estado. A história konta a vida de dois jovens da periferia de Kamaragibe, em Pernambuko, ki lutam kontra a violência do sistema de formas diferentes. Helinho, também konhecido komo "O Pekeno Príncipe", é um jovem justiceiro akusado de matar 65 bandidos na região. Já Garnizé, além de músiko e integrante do grupo de rap Faces do Subúrbio, é militante polítiko e líder komunitário ki usa a kultura komo forma de eskivar das difikuldades de sobrevivência no subúrbio pernambukano. Ambos são jovens da mesma periferia, kujas vidas são kruzadas pelo mesmo tema: a violência urbana.
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Esse dokumentário kontém konteúdo de entrevistas e dokumentações da ��poca, dos próprios personagens em kestão - Helinho e Garnizé - além de depoimentos e registros de amigos, integrantes do Face do Subúrbio e Racionais MC's.
Vale o click e a experiência, paralém da kestão cinematográfika - ki não deixa a desejar em momento algum - mas pra kompreender de komo a kultura pode ser usada komo forma de resistência e luta kontra a opressão em bairros periférikos, e refletir o kuanto de ausência do Estado existe, mesmo pesos e duas balanças, komparados a lugares no centro ou em zonas nobres, mesmo sabendo ki a kultura ki é hastiada lá, chega diretamente dos mangues, baixadas, roças, morros, favelas, becos e vielas desse Brasil.
#telakoletiva#selektakoletiva#selekta koletiva#o rap do pequeno principe contra os almas sebosas#alma sebosa#faces do subúrbio#faces do suburbio#racionais#racionais mc's#manguebeat#hip-hop#rap#sistema carcerario#helinho justiceiro#alexandre garnize#documentário#doc#Youtube
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8 DISCOS MAGISTRAIS DO MESTRE JOÃO DONATO (POST IN MEMORIAM)
Bem, como sabem o homi deixou este plano e foi pra Orum... ou deve ser Emoriô.
E em homenagem ao grande mago do jazz e do groove brasilis, lançaremos aqui 3 obras que as vezes podem ser pouco lembradas, mas tratando-se de João Donato, jamais dá pra se afimar que é algo ruim. Aliás, tocou em mais de 20 discos de artistas consagrados como Gil, Caetano, Aldir Blanc, Paulo César Pinheiro, Gal Costa, e a lista não acabaria tão cedo...
Donato, um pioneiro da bossa nova - termo no qual não gosta, já que a define como "apenas outra alcunha para Samba produzido pelos garotos da Zona Sul" - nos presenteou com melodias envolventes e harmonias cativantes que transcenderam gerações. Sua abordagem inovadora e singular trouxe uma nova dimensão à música, que poucos instrumentistas conseguiram. Apesar de atuar predominante como instrumentista, foi com canções com vocal que a carreira de João atingiu seu auge, após conselho informal de seu compadre e colega de profissão Agostinho dos Santos.
Com mais de 30 discos lançados , sua discografia é uma viagem pela diversidade de estilos pelo Brasil. Donato sempre se reinventou, presenteando-nos com álbuns marcantes que se tornaram trilhas sonoras das nossas vidas. E nesse quadro em específico, vamos focar nas parcerias, que também não são poucas.
Sempre ativo, João costumava colar com todo tipo de gente, desde a rataria do underground como Marcelo D2, até poetas como Haroldo Campos. Conseguiu furar a bolha entre o morro e o asfalto de forma classuda e sem forçar nada. Sua música é fluída. Em cada nota, em cada acorde, o multi-instrumentista nos transporta pra paisagens sonoras impregnadas de suingue, e de sua sensibilidade ímpar.
Hoje, completam exatos um mês da partida de João, talvez o acreano mais querido do Brasil. Orgulho do norte, e fruto da Amazônia. E total traquejo brasileño. Do lado das ruas, na praia, nos morros, no campo, nos palcos, em casa. João Donato detalhava sua vida e buscava influências em coisas do cotidiano. Seu virtuosismo ecoava e ecoa até hoje por cada avenida da história da música brasileira.
Mestre maior, que descanse em paz.
E por aqui fica nossa homenagem a esse ícone. Discos dele com parcerias que abrilhantaram ainda mais a luz que João emana, e que assim como seus parceiros, também há de alumiá nós tudin lá de cima!
Donato/Deodato - 1969/1973
Primeiro da lista, o álbum foi originalmente lançado 1969, pela RCA, sem precedentes pelo Brasil, até a reedição, que hoje completando 50 anos, assim como um dos grandes tesouros de João - o incrível "Quem é Quem", 1973. Muito tempo depois esquecido por muitos da crítica e mídia musical, nós viemos aqui reverenciar esta jóia. Dividindo os teclados, seu gênio e seu brilho com o também genial e brilhante Eumir Deodato, outro que hoje com 80 anos, continua em um ostracismo bizarro por terras brasilis, fazendo mais sucesso comercial e intelectual na gringa. Talvez por ter se mudado cedo, ou ter estourado com trabalhos feito entre a década de 70 e início de 80 com o grupo de Black Music Kool & The Gang, além de outras grandes produções e arranjos sem consentimento do público e mídia brasileira.
"Deodato/Donato" marca o início da fase mais progressiva de João, onde misturava cadências do samba com grooves afronorteamericanos como soul e funk, além de texturas psicodélicas com efeitos nos teclados. O álbum tem três composições do mestre Donato e mais quatro em parceria com Eumir. irreverente e diferente, o álbum que a época era considerado exquiste jazz, por sua textura experimental, décadas depois pode ser considerado, e é, um clássico do jazz underground e brasileiro. Não bastasse a presença e alma dos brasileiros Eumir e João - entre gringos, latinos e brasileiros - o elenco vem com máxima potência e estimada cadência, com Ray Barreto (congas), Airto Moreira (percussões e efeitos), Allan Schwartzberg (bateria), Romeo Penque (flauta e assovios), Bob Rose (guitarra), Mauricio Einhorn (gaita), e metais por Michael Gibson (trombone) e Randy Brecker (trompete).
"Deodato/Donato" foi todo arranjado por João e Deodato que também conduziu a big band. Incorporam o melhor do jazz, fazendo uma espécie de fusion samba, com notas longas, harmonias incríveis e alguns improvisos que aumentam a eloquência do álbum.
Com seis faixas, Deodato/Donato certamente é mais uma obra-prima injustiçada nas páginas da nossa música. O álbum foi produzido por George Kablin e gravado por ele próprio, distribuída pelo selo gringo Muse (EUA).
Emilio Santiago Encontra João Donato - 2003
Esse aqui sim é um tesouro. Fora do catálogo e do radar das grandes plataformas, "Emílio Santiago encontra João Donato", 6 parcerias inéditas com seu irmão Lysias Ênio, poeta de grande trato com as palavras, assim como os grandes nomes que também compõe a lista de letristas e parceiros de Donato; Joyce, Carmen Costa, Norman Gimbel, Abel Silva, Caetano e Gil - além de duas faixas assinadas pela escriba de Arnaldo Antunes, sendo uma delas em parceria com Marisa Monte.
O disco segue a síncope do piano de João passeando entre a bossa nova, o samba, o bolero, e criando uma atmosfera das mais agradáveis, ainda mais contando com a voz do saudoso Emílio Santiago, certamente uma das vozes mais bonitas que esse país já ouvin. Jazz Latino de alta qualidade, entre esboços de um samba ou outro, de vez em sempre, o sambolero come solto, carregada pela alta competência do bando de craques que os acompanham. São eles; Nos sopros temos o grande Bigorna (sax tenor e flauta), Bidinho e Jessé Sadoc (trompete), além de Ricardo Pontes (flauta e sax alto). Nas cordas, começando pelo baixão, temos Jamil Joanes e Jorge Helder. Na guitarra/violão, ninguém mais ninguém menos que Nelson Faria e Ricardo Silveira. No bloco rítmico, temos Jurim Moreira, Renato Massa e o lendário Robertinho Silva na batera, também tem Sidinho na percussão desenhando nos espaços. O disco foi totalmente arranjado pelo próprio João, com pitacos de Emílio, e produzido por Almir Chediak.
Parceria mais que antiga, os dois artistas vem de uma caminhada de muitos sambas e experimentações juntos. Desde sua estreia com o disco homônimo de 195, Emílio Santiago é acompanhado como pupilo de João, com muitos discos como esse, arranjado por João.
20 anos após seu lançamento, "Emílio Santiago encontra João Donato" continua uma jóia que costura a alma de quem ouve com seu jeito único de misturas estilos latinos, assim como a maestria de seu parceiro nas interpretações de cada canção. O álbum contém 16 faixas e foi lançado pela Lumiar Discos. Foi bem recebido pela crítica da época, onde saíram em turnê por parte do Brasil e emocionando muitos . Apesar de hoje apagado o holofote, o brilho desses dois eternos mestres sempre estará altamente lá em cima, na cadência cadente, alumiano o céu del'américa!
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Síntese do Lance - 2021
Aqui é uma parceria antiga e prometida de tempos, mas que só foi se concretizar final de 2020, quando iniciaram a proposta do projeto Síntese do Lance, disco com o grandessíssimo Jards Macalé, o maldito poeta, o cara da caneta mais violenta e sentimental da tropicália ao mesmo tempo. No álbum "A Síntese do Lance", uma agradável surpresa neste ano tumultuado, João Donato e Jards Macalé se unem para trazer uma obra que reflete despojamento e modernidade. A capa, com os músicos idosos nus e escondidos por folhagens, simboliza o retorno ao início da vida. O álbum evoca a sonoridade da Bossa Nova dos anos 50 e 60, destacando a influência de Donato, precursor do movimento, e Macalé, seu fiel seguidor.
A música "Côco Táxi", única colaboração entre eles, é uma alegre melodia com toques caribenhos, lembrando composições anteriores. A canção título "A Síntese do Lance" traz um samba à moda de Donato, antecipando tendências eletrobossa. O álbum inclui outras parcerias musicais, oferecendo uma rica mistura de piano, metais e percussão, criando uma atmosfera relaxada e musicalmente rica.
Há muito esperado, celebrando não apenas a Bossa Nova, mas também suas figuras centrais, como João Gilberto, álbum é uma joia, uma adição valiosa às carreiras ilustres de Donato e Macalé, transmitindo talento e bom humor, e prestando homenagem aos clássicos da música brasileira.
No álbum "A Síntese do Lance", uma agradável surpresa neste ano tumultuado, João Donato e Jards Macalé se unem para trazer uma obra que reflete despojamento e modernidade. A capa, com os músicos idosos nus e escondidos por folhagens, simboliza o retorno ao início da vida. O álbum evoca a sonoridade da Bossa Nova dos anos 50 e 60, destacando a influência de Donato, precursor do movimento, e Macalé, seu fiel seguidor.
A música "Côco Táxi", única colaboração entre eles, é uma alegre melodia com toques caribenhos, lembrando composições anteriores. A canção título "A Síntese do Lance" traz um samba à moda de Donato, antecipando tendências eletrobossa. O álbum inclui outras parcerias musicais, oferecendo uma rica mistura de piano, metais e percussão, criando uma atmosfera relaxada e musicalmente rica.
As gravações foram prazerosas para os artistas, que finalmente realizaram um encontro há muito esperado, celebrando não apenas a Bossa Nova, mas também suas figuras centrais, como João Gilberto. O álbum é uma joia, uma adição valiosa às carreiras ilustres de Donato e Macalé, transmitindo talento e bom humor, e prestando homenagem aos clássicos da música brasileira.
#samba#samba jazz#jazz brasileiro#jazz latino#latin jazz#brazilian jazz#groove#brazilian groove#musica popular brasileira#joão donato#jards macalé#emilio santiago#eumir deodato#selektakoletiva#melhordetres
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MAPIANU Nº3
Salve, my selektas. Dando o pontapé inicial de +1 semana de trampos y corres, e vamos aqui prestando contas, já que aqui se tornou na real como uma espécie de depósito do underground e nossos batuques... Se quiser acompanhar nossos quadros e tudo mais em tempo real, sem esse delay todo, siga nosso instagram (@selektakoletiva). Em breve ajeitaremos essa problemática, mas como é um corre independente, tem dessas coisas..... mas bora de MAPIANU, e aquilo que temos de melhor na nossa arte popular, o samba! Pra levantar a poeira, o astral e começar a semana nu12... e se liga que nesse MAPIANU foi só majestade do samba. Muita coisa boa sendo lançada, muitos artistas novos... Com calma iremos atualizando - o mais rápido possível & na medida do cabível - os quadros e disponibilizando os links. Valeu grandão, e uma ótima semana abençoada de muito axé pa todos nós. Vamo que Bora!
MARTINHO DA VILA - NEGRA ÓPERA
Negra ópera" – o álbum que Martinho da Vila lançou em maio, véspera do Dia da Abolição da Escravatura – ressignifica e reestabelece a importância das pautas sociais dentro da cultura do samba, deixando ainda mais em evidência a importância de Martinho para música preta e brasileira. O álbum é uma espécie diálogo musicado, uma trilha de complemento ao livro "Ópera Negra", do próprio Martinho, em que narra os milhares e centenários problemas sociais do Brasil a partir de um ex-presidiário é reintegrado a sociedade racista brasileira, e com isso vem os dramas e lamas de um jovem negro, com a lili recém cantada, sobrevivente do sistema carcerário. Não a toa, em tom meio trágico, inicia o disco com uma orquestração dramática, como uma espécie de prólogo a continuação de mais um ato. Em seguida, inicia o batuque de forma cadenciada, com o samba enredo "Heróis da Liberdade" - originalmente defendida por Wander Pires, em 1969, pelo Império Serrano - composto por Silas de Oliveira e Mano Délcio da Viola. A música é uma associação direta ao livro, explicitando que tudo no Brasil, afinal de contas, envolve sim raça.
O disco segue com Timbó (Ramon Russo), em participação com Will Kevin, trazendo um toque mais pop. Música mais que necessária, retratando a a relação Brasil e o continente africano, exaltando o povo do Marajó e seus ancestrais, guerreiros e encantados do Norte, que certamente influenciam muito na etnicidade do resto do Brasil. Logo em seguida, marca ponto pra "Exu das Sete", com participação de Preto Ferreira.
O disco conta ainda com duas canções do mestre Zé Ketti, também com cunhos sociais. "Malvadeza Durão", traz a voz de Mar'tnália e o piano de Maíra Freitas, já "Acender as velas", ganha destaque especialmente no final da gravação, quando a voz de Chico César esmiúça estar indignado com tanta injustiça, lembrando um pouco aquela do sabota. Essa mesma indignação ressoa nos contundentes acordes do violão de Claudio Jorge no final apoteótico, onde Martinho e Chico realizam uma jam session de samba, honrando a pioneira militância de Zé Kétti.
Dentro deste universo trágico e popular, a narrativa de "Negra ópera" segue em clima de denúncia, desabafo e diálogo com o povo brasileiro.
Para além dos povos originários e brasileiros do norte, que também é tratada em "Diacuí", canção que traz a morte de uma índigena no parto. O disco segue a lógica da ópera e apresenta algumas dramaticidades da Zona Rural no samba chulado "A Serra da Rola Moça", adocicado pela voz de Renato Texeira. Assim é em "Dois de Ouro" em que compôs em homenagem ao samba de roda baiano. O disco, que começa com a dramaticidade épica, citando nome do revolucionário Zumbi, termina da mesma cadência dolente, com "Iracema" de Adoniran, em arranjos de violoncelos tristonhos, Maíra Freitas no piano e a voz rouca de Martinho cantando e recitando a canção. O disco de 12 faixas foi lançado pela Sony Music e para os amantes das bolachas, reza a lenda que logo em breve já terá versão em LP.
NEI LOPES - NEI LOPES 8O EP
Os 80 anos do compositor e escritor carioca Nei Lopes, celebrados em 9 de maio de 2022, continuam a render homenagens ao longo do ano de 2023. Após o lançamento do livro de poemas "Oitentáculos", em fevereiro do ano passado, Nei Lopes apresenta um novo projeto, "Nei Lopes 80," em 23 de março.
O projeto consiste em um EP com cinco músicas inéditas meticulosamente catalogadas através da pesquisa conduzida por Marcus Fernando, explorando o arquivo de composições de Nei. Esse esforço deu suporte à publicação do livro "Academia de Letras – Nei Lopes, organizado por Fernando e publicado em setembro de 2022.
O EP, apesar de curto, cumpre bem a missão de homenagear este grande bamba da nossa cultura. Com cadência e lírica de afiadas como sempre, Nei desenvolve, entre partido alto e sincopadas, cinco faixas com arranjos impecáveis. Em "Nei Lopes 80", destaca-se "Sessenta e tal," uma colaboração de samba entre Nei e o compositor carioca Wilson Moreira, que é um dos parceiros mais importantes na carreira musical do artista e que esse ano completa 5 anos de sua passagem pro Orum.
MARÍLIA TRINDADE BARBOZA E CONVIDADOS - OUTRA FACE
Marília Trindade Barboza, além de gestora pública e biógrafa de renomados nomes do samba, destaca-se por suas parcerias musicais marcantes. Junto a bambas de altíssima patente do samba como Carlos Cachaça, Nelson Cavaquinho e Nelson Sargento, entre outros, ela revela sua faceta de compositora no EP "Outra Face". Este projeto mergulha em sua relação próxima com os sambistas, refletindo em melodias sensíveis e cativantes. Sua ligação com Argemiro Patrocínio durante a documentação do livro sobre Paulo da Portela, gerou "Não Vou Sofrer", lindo samba na qual o mestre incumbiu Marilia de versar a segunda estrofe, e é ela que abre o disco com interpretação de Pedro Miranda. Em seguida "Caminhando", na voz de Marcos Sacramento. Um resgate a memória e cavaquinho de Nelson, num (inicialmente) choro cadenciado, letrado por Marília. Já "Restos Mortais", faixa da metade do EP, vem de sua afinidade com Carlos Cachaça, que sempre desejou lançar um livro de poemas. Nessas trocas lírica, conheceu a música e resolveu adicionar ao repertório, que vai muito bem na voz de Pedro Paulo Malta. Com Arthur de Oliveira Filho, seu professor da academia das letras e do samba, nasceu "Não Se Usa Mais", que traz o clima de gafieira gostoso na voz de Nina Wirtti. Completando o projeto de forma refinada, Áurea Martins interpreta “A Gente Esquece” é como uma carta em forma de samba. Uma resposta ao samba "Acontece", de seu grande camarada Cartola, a qual fez sua biografia e era visita assídua do Zicartola.
Nessa jornada de criação, Marília Trindade Barboza demonstra profunda conexão com o universo do samba e seus protagonistas. Suas composições, fruto de parcerias baseadas em histórias pessoais, traduzem a diversidade e a riqueza desse gênero musical brasileiro. Com uma equipe talentosa, ela compartilha suas criações, celebrando sua paixão pelo choro e por preservar a essência do samba, proporcionando uma contribuição duradoura e multifacetada à cultura musical do Brasil. Muito além da memória a mestra poetisa que é Marilia Trindade Barboza, e dos bambas com quem fez amizade e teve suas glórias e histórias. É um registro que marca o link de temporalidade, retificando que o samba é algo atemporal. Cada intérprete (vide foto) à sua maneira, fazem o samba pulsar com suas performances, selado à um time de músicos de puro luxo. São eles: Kiko Horta (acordeom), Luis Barcelos (bandolim), Thiago da Serrinha (cavaquinho e percussão), Fabiano Segalote (trombone), Eduardo Neves (sax e flauta) e Júlio Florindo (baixo elétrico). Além do grande Luís Filipe Lima, que produziu e arranjou o disco todo, e assina também seu belo violão de 7 cordas no EP.
XANDE DE PILARES - XANDE CANTA CAETANO
Malandro lá de Pilares, passou por Cascadura, Madureira, pagodeou no Cacique. Malandro que recusa apresentações, Xande de Pilares andava sumido. Mas não foi à toa... essa paradinha nas composições, seja pro Salgueiro ou com outros parceiros, foi em prol de um bem maior pra música brasileira. E se tu tá de toca vamo dá o papo: Agosto rolou o lançamento do disco novo do Xande.
Com um título autoexplicativo, o álbum "Xande canta Caetano" foi lançado três dias antes do 81º aniversário do tropicalista.
O repertório reúne dez músicas de autoria do compositor baiano, incluindo "Muito romântico", que abre o disco, o sucesso "Tigresa", Alegria, Alegria", "Trilhos Urbanos", e a linda versão de "Gente", que finaliza o disco com puro axé. Tanto que fez nosso querido Caetano se emocionar durante as gravações, durante a pandemia.
Pretinho da Serrinha é responsável pelos arranjos e produção musical do álbum, gravado com a contribuição de monstros da música brasileira como Carlinhos Sete Cordas (violão de seis e sete cordas de nylon), Dirceu Leite (flauta), Guto Wirtti (baixo), Pedro Baby (violão) e Rogério Caetano (violão de aço de sete cordas), além do próprio Pretinho da Serrinha comendo tudo na percussão e trazendo as nuances necessárias pro disco, entre latinidades e batuquejes. Hamilton de Holanda, única participação do álbum, vem pra ser a cereja do bolo, mandando aquele salve de respeito, chorando pelos dedos em seu bandolim, na faixa "Qualquer Coisa".
O álbum tem o aval de Caetano Veloso, admirador de Xande, no qual trocam ideias e momentos musicais, além da admiração pessoal.
O disco foi lançado na parceria da gravadora de Xande, a Gold Records, veterana do samba e pagode, com a de Caetano, a Uns Produções, que é de sua esposa e agente Paula Lavigne.
#música popular#música popular brasileira#samba#samba de raiz#samba de terreiro#samba-choro#samba canção#samba de roda#partido alto#pagode#selekta koletiva#mapianu#lançamentos do ano#lançamentos de 2023#discos de 2023#álbuns de 2023#2k23
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