Tumgik
#resposta: realizando o sonho da vida dele
liahleeh · 3 months
Text
VEX, A MELANCOLISTA
Em meio à escuridão das Ilhas das Sombras, uma solitária yordle se move com pesar, abrindo caminho pela névoa espectral, satisfeita em viver nas trevas. Com uma poderosa sombra no seu encalço e uma fonte inesgotável de mazelas nas costas, Vex evita a todo custo qualquer vislumbre de alegria e felicidade do mundo exterior, e aqueles seres enfadonhos que nele vivem e se dizem "normais".
Ela cresceu em Bandópolis, mas nunca sentiu que aquele era o seu lugar. As cores e a extravagância do universo yordle lhe causavam enjoo. Apesar de todo o esforço dos pais, Vex nunca se identificou com o "espírito yordle" nem teve amigos com interesses em comum. Ela preferia passar boa parte do tempo emburrada no quarto.
Foi lá que encontrou sua improvável alma gêmea, a própria sombra. Era toda preta (a cor favorita de Vex) e não emitia sequer uma palavra: a companhia perfeita para uma jovem taciturna. Vex aprendeu a se entreter com a sombra, realizando pantomimas lúgubres para se distrair.
Infelizmente, era apenas uma sombra, incapaz de protegê-la da repugnante alegria que a cercava. Devia haver algo melhor que aquilo para ela no futuro. Algo mais sombrio. Triste. Algo que fosse igual a ela.
Aquilo que ela tanto esperava chegou na forma de um Tormento, nuvens espessas de Névoa Negra que engoliram Bandópolis, despertando o pânico entre a população. Enquanto a maioria dos yordles lutava corajosamente para impedir o avanço da Névoa, Vex estava intrigada com aquele miasma pestilento e o seguiu até sua fonte.
Ao chegar às Ilhas das Sombras, Vex não conseguiu acreditar no que via. Vastas extensões de terra e mar sem nenhum sinal de vida nem cor bem diante de seus olhos. Ali ela poderia finalmente fechar a cara sem ser incomodada pelas gargalhadas e alegria dos outros.
À medida que os dias se passavam, Vex foi percebendo que a Névoa Negra tinha um estranho efeito sobre ela. A sombra que a acompanhava tinha assumido uma nova identidade fantasmagórica, muito mais expressiva e vivaz que ela, e sua magia yordle benigna tinha se transformado em algo muito mais sinistro. Agora, Vex era capaz de levar sua tristeza a distâncias muito maiores.
"Quem é o responsável por um lugar assim tão maravilhoso?", ela se perguntava.
Logo teve a resposta quando Viego, o Rei Destruído, surgiu nas Ilhas decidido a espalhar a Névoa pelos quatro cantos de Runeterra. Ao se encontrar com Vex, Viego percebeu que a yordle tinha a incrível habilidade de espalhar o desespero, deixando as pessoas mais vulneráveis ao Tormento. Por sua vez, Vex se sentiu inspirada pela visão dele de um mundo dominado pela Névoa Negra. Os dois logo se tornaram aliados e partiram na missão de tornar o mundo um deserto angustiante.
Antes que os planos de Viego pudessem se concretizar, Vex descobriu a verdadeira motivação dele: recuperar a alma de sua falecida rainha, Isolde, e juntar-se a ela em júbilo matrimonial. Ela estremeceu, enojada, sentindo-se traída, pois acreditara que aquele homem mataria a felicidade do mundo, mas, na verdade, ele a desejava para si. Vex permitiu que Viego fosse derrotado pelos Sentinelas da Luz e que os sonhos dele de uma união matrimonial fossem esmagados pelos destroços de Camavor. Sozinha mais uma vez, observou, com desgosto, o mundo voltar a ser aquele lugar iluminado e colorido que ela sempre odiara. Encontrar uma melancolia duradoura seria mais difícil do que imaginara.
Havia só mais um lugar para onde ela poderia ir. Um lugar onde certamente encontraria a tristeza pela qual tanto ansiava. Vex foi visitar os pais em Bandópolis, ansiosa por mostrar a eles no que tinha se transformado e desfrutar da desaprovação deles.
A jovem yordle só observou enquanto os pais, emudecidos pelo choque, não mexiam um músculo. A expressão que tinham no rosto foi mudando de choque para negação, até a relutante aceitação.
"Querida. Não conseguimos entender... isso", disse a mãe, apontando para todas as partes da filha.
"Mas amamos você incondicionalmente", disse o pai. "E, se você está feliz, nós também estamos, por você."
Revirando os olhos, Vex deu um suspiro sonoro e exasperado. "Fala sério", resmungou.
Saiu se arrastando da sala de estar na casa dos pais, ansiosa para voltar às Ilhas das Sombras, onde poderia ficar de mau humor sem ser incomodada.
42 notes · View notes
lovzheals · 1 year
Text
a carta que você provavelmente nunca vai ler
você veio de uma forma avassaladora e ao mesmo tempo da forma mais leve que poderia existir, me apresentou um lado do amor que eu nunca tinha nem chegado perto, fez meu coração bater de um jeito que nunca bateu, e provavelmente nem baterá. Fez meus olhos brilharem e minhas mãos tremerem só de pensar no grandioso momento em que nos encontraríamos e finalmente nos tocaríamos, o momento em que eu poderia deitar no teu abraço sabendo que nunca mais precisaria sair de lá. O momento em que os nossos lábios e iriam se encontrar e seria o início do resto das nossas vidas. Nunca me preocupei com o tempo e nem tive pressa, porque sabia que tínhamos o resto dos anos aqui na terra e ainda a eternidade pra não desgrudarmos. Porque esse era meu maior e mais pulsante desejo, estar ao teu lado todos os dias da minha vida.
Você, apenas com palavras escritas e gigantescas ligações de vídeos, fez com que eu deixasse todas as minhas inseguranças e amarras e seguisse correndo pra te entregar meu coração e todo o meu amor, e não tinha um resquício de medo sequer.
Me senti como nunca antes, amada, única, pura. Me senti merecida e digna de tudo o que você me ofereceu. Não havia até então sentido isso em toda a minha vida, pois minhas inseguranças e traumas sempre foram maiores. Você arrancou todos eles com um toque de amor, sem esforço grande. Me fez olhar pra mim mesma com outros olhos e a me amar mesmo com todas as imperfeições, pois você amava todas elas também.
Eu nos via casando, montando nossa casa, viajando, e nos descobrindo. Juntos. Só você e eu. E eu sabia que não precisaria mais nada.
Nos via criando uma família, e te via como o pai mais amoroso e atencioso que meus filhos poderiam ter, a essência de amar as crianças estava em você e isso fazia com que eu me apaixonasse cada dia mais. Você sabia do meus desejo de gerar vida e queria mais que tudo fazer parte disso.
Sabia que você seria um marido perfeito e um pai mais perfeito ainda, sabia que cuidaria de nós não importa o que ocorresse.
Você me olhou com olhos de amor, paixão e proteção. Você conheceu o mais fundo das minhas emoções e despiu a minha alma. Você foi casa, foi segurança, foi família, foi amigo, foi o amor da minha vida.
E hoje eu escrevo tudo isso no passado, porque foi isso que viramos, um amor passado. Um amor que nunca aconteceu, um encontro que nunca aconteceu.
Não porque eu não quis, eu te quis com todas as minhas forças até o fim. Mas porque sabia que haviam coisas que eu não conseguiria tolerar e superar. Te perdoar foi fácil, pois quem ama perdoa, e como já enfatizei, nunca amei alguém como te amei. Eu só não consegui manter, não consegui me desvincular da tormenta que caiu sobre nós, e em meio a ela, naquela semana onde não conversamos, Deus veio com a resposta final, me dando coragem e estruturas pra terminar com a pessoa que eu mais amava no mundo. Foi somente pelo cuidado dEle que consegui passar por tudo isso.
Sei que você saiu machucado, sei que eu poderia ter feito muito mais. E sinto muito por isso.
Tinha esperança de que nos reencontraríamos algum dia, talvez sem querer, e nossos olhares se escolheriam novamente, com a mente diferente, com pensamentos maduros, acreditei fielmente nisso, mas hoje essa esperança não cabe mais aqui, pois te vejo feliz com a menina que roubou seu coração.
Te vejo fazendo planos e cuidando dela, com o seu jeito protetor e amoroso. Te vejo apaixonado por ela. E ela não sou eu.
Por mais doloroso e dilacerante que seja ver isso, o meu coração quer te ver feliz, realizando seus sonhos e sendo tudo aquilo que Deus planejou pra você. Quero te ver plenamente realizado. Mesmo não sendo eu a mulher que estará ao seu lado.
Porque sim, eu ainda te amo, ainda te admiro e ainda anseio pelo teu amor. A esperança que precisa morrer ainda permanece em meu coração. Mas aos poucos, ela irá espairecer, o tempo vai nos sarar até não sermos mais os mesmos, e tudo ficará bem.
Com todo meu amor e alma,
SH.
5 notes · View notes
Text
Deus sabe exatamente o tempo certo para todas as coisas, o melhor modo a se executar as obras e como elas vão impactar os nossos caminhos… não tenho dúvidas que a nossa junção foi uma ação dEle! A gente se conheceu por acaso, através de uma amiga, as redes sociais nos permitiram trocar mensagens, dividir um pouco das nossas vidas e construir uma relação boa, tranquila. O tempo foi passando, as conversas se tornaram mais frequentes, o sentimento no peito deixou de ser apenas relacionado a amizade. Eu queria te conhecer melhor, saber dos seus sonhos, planos, de como se aproximava de Deus e cada detalhe que te fazia alguém tão bonita, e isso vai muito além do físico. Desde o início a distância esteve entre nós dois, eram estados diferentes, mundos um pouco diferentes, mas nada disso foi um empecilho quando o amor e a cumplicidade já estava batendo forte em nossos corações. Dei um jeito de ir te conhecer pessoalmente, conversamos com as nossas famílias, e ali decidimos o que seria dos nossos futuros. A resposta nos foi dada por Ele, apenas aceitamos e nos fizemos dispostos a cumprir os destinos que já estão traçados para nós dois. E como me sinto feliz em saber que terei alguém tão bondosa ao meu lado! É incrível sentir tanto carinho e admiração por uma pessoa, o meu amor por você foi construído com base no respeito e no companheirismo que quero que solidifiquemos diariamente. Sempre esteve presente desde os melhores aos piores momentos, me dando apoio, compreensão, me aplaudindo quando vinham as vitórias e acalentando quando as coisas iam mal. Tudo o que estamos arquitetando tem um fundamento em Jesus, no caminho que Ele nos apresenta e assim será até o restante das nossas vidas! Hoje estou realizando um sonho de ter ao lado uma companheira tão parceira, amiga, não me canso de agradecer pelo nosso encontro. Passamos por muitos desafios até aqui e sei que virão outros, mas saiba que não me arrependo de nada e que faria tudo de novo. Eu te amo, minha princesa, minha futura esposa!
0 notes
skepticalarrie · 3 years
Note
oi allie, meu xuxu, tudo bão?
queria te recomendar essa entrevista do marco pigossi para a revista piauí, caso ainda não tenha visto
é horrível como a história se repete quase sempre, dessa vez num contexto nacional e lidando com nossas dificuldades provando que no fim, somos mais fortes juntos. estou muito feliz por ele!
Pois eu vi, anon! Um amigo meu me mandou isso hoje cedo.
Aos 20 anos, eu estava realizando o grande sonho de trabalhar como ator na maior indústria de entretenimento do país, mas vivia um drama pessoal: sentia calafrio só de pensar que o público poderia desconfiar que a sexualidade do personagem e do ator era a mesma. Essa possibilidade me aterrorizava. Os fãs vinham falar comigo, repetindo o bordão “rosa chiclete”, e eu estendia a mão com firmeza, fazia uma voz forte, para espantar suspeitas. Era como se estivesse usando uma máscara de heterossexual. A alegria de fazer um personagem que caiu no gosto do público me trouxe aflição. Precisei de ajuda. Recorri à terapia durante a gravação da novela. Fazia análise três vezes por semana.
Eu sofria por não ser 100% verdadeiro, mas o fato de ter um corpo e modos que se encaixam num certo “padrão de heterossexualidade”, que não denunciam minha orientação, acabou me dando o que chamo – ironicamente e entre aspas – de “privilégio do armário”. Claro que não é um privilégio se esconder dos outros, mas minha aparência heteronormativa, digamos assim, talvez fosse uma defesa, uma forma de tentar me encaixar e “parecer normal”. O tal privilégio do armário me ajudava a proteger minha carreira, a proteger a mim mesmo da hostilidade, da violência, tão comuns no trato das populações LGBTQIAP+ no Brasil.
...
Nos meus doze anos de vida pública, mantive um relacionamento com um homem que durou oito anos. Vivíamos juntos no mesmo apartamento. Hoje, olhando esse passado, me dou conta de que vivi situações absurdas. Em passeios nos shoppings, por exemplo, sempre que eu encontrava um conhecido por acaso, meu namorado automaticamente seguia andando para me proteger, como se eu estivesse sozinho. Ele via o tamanho do meu desespero.
A paranoia fazia com que uma simples ida ao cinema com meu companheiro, algo trivial na rotina de um casal, fosse precedida de muita angústia. Eu pedia para amigos irem conosco, só para evitar que eu fosse visto sozinho na companhia de outro homem. Era um conflito interno constante: eu não podia deixar o medo me vencer, eu tinha que ir ao cinema, mas, ao mesmo tempo, sentia um pânico de ser descoberto gay.
...
Logo comecei a receber muitas, muitas mensagens de amigos, de colegas de trabalho, de fãs. Recebi mais parabéns do que no dia do meu aniversário. Foi uma libertação. Uma festa. Nada como viver às claras, ser o que se é em privado e em público. Talvez os futuros galãs não sintam o mesmo medo que eu senti de perder minha carreira. Bolsonaro trouxe uma onda de ódio inacreditável, mas o efeito colateral foi fortalecer todos nós, gays. Naquele feriado, as respostas foram um alento imenso, o acolhimento de um mundo inteiro. Marco e eu convidamos uns amigos para comemorar. Tomei um porre. E hoje me sinto invencível.
Emocionante e horrível ler sobre a história dele, sobre o medo e a hostilidade que ele sofreu sobre a mera possibilidade de ser LGBTQ. It's a copy of a copy of a copy. Só quem viveu ou teve gente muito perto passando por isso sabe. Fico feliz por ver onde ele está agora, feliz e livre. 👏🏻 👏🏻 🏳️‍🌈
8 notes · View notes
Text
Afraid to Love - w/ Zayn Malik
Tumblr media
Uma semana. Exatos sete dias de atraso era considerado um tanto quanto anormal para S/N. Seu organismo funcionava bem na maior parte do tempo. De acordo com sua memória, ela não havia ficado doente nos últimos meses, sua alimentação estava caminhando pelas opções saudáveis - menos nos fins de semana, quando não sentia peso na consciência por atacar um hambúrguer suculento ou então um pedaço de pizza que cheirava nada menos que o aroma da felicidade, afinal garota era um ser humano como qualquer outro e precisava saborear o lado bom da vida. Quem nunca fez isso? Entretanto, por mais que a jovem não teve ou lembrava de um contratempo ocorrido durante as últimas quatro semanas, ela sabia que seu corpo era como um relógio e tinha a plena capacidade de distinguir exatamente a hora certa para cada detalhe periódico do organismo, especialmente seu útero, que nunca, em anos realizando uma de suas funções previsíveis, atrasou um dia sequer.
- Com licença. - após bater na porta da sala de descanso, os olhos da moça focaram diretamente em quem ela procurava, vendo-o conversar com os dois estagiários da empresa focada em publicidade e mídias digitais. Se ela fosse a chefe, provavelmente os novatos arrumariam a postura ao vê-la na porta da sala, mesmo estando com metade ou quase nada do corpo para dentro do cômodo. No entanto, como a mulher ainda não possuía o cargo, eles permaneceram bem à vontade, tomando um pouquinho de café enquanto dialogavam com o seu supervisor, olhando para a gerente do setor de marketing quando a voz se destacou no local. - Zayn, tem um segundo?
- Claro. - o moreno levantou uma das sobrancelhas quando viu a colega de trabalho chamando por ele em um horário incomum. Porém uma mudança quase que imperceptível surgiu em seus lábios ao imaginar o que viria pela frente. - Vejo vocês depois. - com um olhar amigável, juntamente de seu sorriso simpático, Zayn despediu-se dos recém empregados para finalmente ir ao encontro de S/N, que o esperava do lado de fora da sala, batendo o pé incansavelmente no carpete azul marinho enquanto tentava manter o controle de seus pensamentos. - Ei, você..
- Nós precisamos conversar. - sem mais explicações, ela o puxou pela mão direita a caminho da salinha do zelador, o qual eles já sabiam a direção de cor e salteado há alguns meses.
- Eu tenho uma reunião em.. vinte minutos. - comentou, dando uma pausa entre uma fala e outra após entrarem no pequeno quartinho secreto deles - em específico - ao mesmo tempo que conferia o horário no rolex prateado no pulso esquerdo. - Temos que ser rápidos. - de maneira quase automática o rapaz iniciou a abertura dos primeiros botões de sua camisa branca, lançando seu olhar e sorriso extremamente sedutor para S/N, como sempre fazia quando estavam a sós.
- Não te chamei para transar. - disparou ofendida. - Nós precisamos de fato conversar.
- Oh.. Tudo bem. - a vergonha tomou conta dele assim que a mulher franziu o cenho, expressando claramente um julgamento ao comportamento comum mas inapropriado para aquele momento. Sendo assim, Zayn abotoou a peça novamente e encarou S/N, agora sério, visto que a feição dela não era das melhores. - Aconteceu alguma coisa?
- Eu estou atrasada.
- Para o quê? - questionou confuso.
- Eu.. Meu corpo está.. Bom, você entendeu.
- Desculpa mas eu.. - ao olhar fixamente para o rosto da moça, desta vez com um ponto de interrogação enorme na testa, S/N arregalou os olhos como se a resposta fosse óbvia. E foi ali que ele realmente entendeu o que ela quis dizer. - Você..
- Eu ainda não sei. - interrompeu sem que ele terminasse a pergunta já esperada. - Já faz uma semana e isso nunca aconteceu antes. - roeu um pedacinho da unha de umas das mãos, nitidamente nervosa. - Eu mênstruo há mais de dez anos e em nenhum momento ela desregulou. - alegou preocupada. - Nenhum!
- Mas as vezes acontece, é normal. - com calma, Zayn levou a mão até o ombra da moça, tentando de alguma forma tranquilizá-la.
- Você escutou a parte que eu disse que isso nunca aconteceu? - pela falta de paciência e grosseira, Malik sabia que S/N estava com os nervos à flor da pele, extremamente nervosa com toda aquela situação, já que uma gravidez inesperada não era uma coisa desejada pelas pessoas.
- Ei, tá tudo bem. Você ainda não tem certeza de nada. Podemos fazer um teste de farmácia e..
- Não. Eu não confio nessas coisas. - disse convicta. - Prefiro realizar um exame de sangue.
- Ótimo. Como quiser. - concordou com a cabeça. - Eu vou remarcar a reunião e então podemos ir.
- Não! Não precisa.
- Mas eu..
- Ninguém sabe de nós, Zayn. Nem mesmo a gente sabe o que somos ou o que seremos. Transar na sala da limpeza, na sala de reuniões, na mesa do chefe depois do expediente, isso não é certo e seríamos demitidos se soubessem de algo.
- Tem razão. - falou um tanto quanto chateado, visto que gostaria de acompanhá-la na consulta. Afinal, ele se importava com a quase amiga.
- Eu vou até o hospital, faço o exame e conto o resultado para você quando sair.
- OK. - ele suspirou profundamente, demonstrando o nervosismo ao liberar o ar, sendo possível ver tal sentimento em sua feição inquieta e amedrontada.
- A gente se fala depois. - o rapaz nem teve tempo de se despedir dela ao vê-la dirigir a última fala a ele de forma rápida e sem encará-lo, deixando-o sozinho no cubículo cheiroso e simplesmente sumir de vista naquela sexta-feira.
O sábado e domingo foram agonizantes para ambos, assim como os dias que sucederam aquela conversa desconfortável para os amantes solteiros. No entanto, depois de cinco dias sem contato físico, apenas olhares constrangedores entre os corredores, Zayn não conteve sua agonia e ansiedade em relação a notícia quase confirmada, puxando S/N para dentro do studio de gravação assim que ela passou pela porta, sem saber que seria “sequestrada”.
- Ficou maluco, Malik? Quer me matar do coração? - indagou irritada, com as mãos no peito.
- Por que está me evitando?
- O quê? Eu não estou te evitando.
- É claro que está! - retrucou, quase bravo. - Depois da nossa conversa, eu me tornei invisível para você. E isso não deveria acontecer, afinal você me deve respostas.
- Não venha bancar o hipócrita para cima de mim. Você também não veio me procurar.
- Se você pelo menos me cumprimentasse e continuasse a se comportar normalmente, talvez eu faria isso.
- Como você quer que eu haja normalmente enquanto estou carregando um filho seu dentro de mim? - soltou em um segundo de euforia momentânea, travando qualquer que fosse a ação ou palavra proferida por Zayn após a confissão. Ele congelou.
- Você está mesmo grávida?
- Eu não sei.. - disse apreensiva, levando as mãos até o rosto. - Vou pegar o resultado hoje mas eu desconfio que sim. - comentou chateada.
- Ter um filho meu é tão deprimente assim?
- É claro que não. - respondeu ao soltar um riso fraco. - Mas não foi assim que eu planejei. - admitiu, desviando o olhar para os pés após colocar parte do cabelo para trás. - Antes de ser mãe eu queria me casar em um campo aberto, com flores cheirosas e coloridas ao redor, comprar uma casa grande e linda, com um jardim imenso para brincar com meus filhos e então, quando tudo isso acontecesse, eu pensaria em algo divertido para contar ao meu marido que seríamos pais - o sorriso em seus lábios ganharam vida ao mencionar cada detalhe imaginado por ela. - E nada disso saiu como um dia eu imaginei. Nada! - conclui brava, visto que seus sonhos provavelmente não seriam concretizados como previa.
- S/A..
- Eu gosto de você, Zayn. - completou, dessa vez olhando diretamente para os olhos cor de mel. - Não me leve a mal mas nós nem sabemos qual tipo de relacionamento temos. Isso é só sexo para aliviar o stress ou você me ama de verdade? - questionou retoricamente. - Nada disso tem resposta.
- Eu tenho. - o rapaz soltou de forma inesperada, deixando-a completamente em silêncio. - E você sabe qual é.
- Não se engane.
- Não estou enganado. - confirmou sem pensar duas vezes, aproximando-se dela para pegar suas mãos delicadamente enquanto continuava o pensamento. - Eu te amo de verdade, e o meu lado romântico se viu construindo uma família linda ao seu lado nos dias em que sequer nos olhamos de fato. Imaginei tendo o casamento que você sempre diz para mim, com todos os clichês de casório que eu acho sem graça mas que se tornaram importantes para mim depois que soube que eram importantes para você. Além dos desejos de noiva que eu faço questão de participar e ter os meus também, já que farei parte dessa maluquice toda. - ela riu, deixando algumas lágrimas escaparem dos olhos presos no moreno vestindo a jaqueta de couro que o deixava completamente sexy, mesmo que naquele momento S/N focasse apenas no sorriso sincero do rapaz. - Eu me vi nessa situação, além das outras tantas que viveremos em torno de um filho muito amado por mim. Então eu topo participar disso! Eu assumo essa criança. Eu assumo a responsabilidade de cuidar dela para sempre e em especial, finalmente assumo o amor incontrolável que sinto por você. - sem palavras e com os olhos marejados depois de ouvir frases que nunca pensara que sairia da boca desse cara em específico, S/N apenas sorriu sentindo um sentimento bom queimar-lhe o coração assim como Zayn, e enfim puxou-o para um beijo de agradecimento, não só por ele ter sido verdadeiro em cada palavra, mas sim por finalmente ter expressado seus sentimentos depois dela tanto questioná-lo sobre.
- Pode buscar o resultado comigo?
- Com certeza.
[..]
O coração de ambos batia de forma acelerada assim que S/N entrou no hospital e Zayn permaneceu no estacionamento, saindo do carro à medida que o nervosismo deixava-o inquieto dentro do espaço que ficava um pouco menor de acordo com a percepção tomada pela ansiedade. A tensão que já era grande tornou-se gigante quando a garota saiu da clínica com um papel branco em mãos, vendo-o de braços cruzados encostado no capô do carro preto, juntando-se a ele, prontos para lerem em meio a tantas palavras uma em específico.
- Não estou grávida.. - disse baixinho, mais para si mesma do que para ele após um sorriso fraco. - Eu não estou grávida! - vibrou. - Que alívio, meu Deus! - aquelas palavras foram como um soco no estômago para Malik, pois em sua cabeça seu futuro seria ao lado da moça simpática, linda e atraente que roubou seu coração cerca de oito meses atrás. - Não vamos ser pais, Zayn! Não precisamos nos casar, nem comprar uma casa e fingirmos estar felizes com toda essa situação! Vamos seguir nossas vidas numa boa, sem nenhum problema porque não seremos pais! - concluiu alegre, soltando uma risada mais que aliviada após quase saltitar de felicidade. - Fique feliz! - de modo imediato, S/N empurrou o ombro do moreno sério ao seu lado, que até agora não pôde assimilar com clareza todas as palavras ditas por ela em um momento tão eufórico.
- Pensei que gostasse de mim. - foi a única coisa que ele conseguiu dizer depois de ler a palavra ‘negativo’ em negrito.
- Mas eu gosto.
- Não parece. - era fato que Zayn estava sentido, porém ela só percebeu tal sentimento quando o rapaz o deu as costas, indo para dentro do carro novamente.
- Ei, não foi isso que eu quis dizer. - disparou, tentando consertar o poder que suas palavras e atitudes causaram nele, fazendo-o parar mas ainda assim não encará-la.
- Não, tudo bem. Você não me quer e eu compreendo. - comentou com a cabeça baixa.
- Zayn..
- Por favor, não destrua ainda mais meus sentimentos.
- Me escuta.
- A gente se vê na empresa.
- Eu quero ser sua! - conscientemente e usando sua última tentativa de mantê-lo no local, S/N simplesmente gritou o que estava preso dentro de si, mas que por conta da insegurança e indecisão não contou a ele. - Eu quero ter sim um relacionamento sério com você. Eu quero planejar um futuro ao seu lado e ter a oportunidade de te fazer uma surpresa incrível quando estiver grávida, na nossa linda casa, com fotos do nosso casamento na estante e um quadro enorme na parede do nosso quarto com a fotografia mais incrível que tirarmos junto das flores no campo neste dia, porque eu te amo muito e quero que cada detalhe de uma vida à dois seja especial, mas sem pularmos os passos que fortalecerão o nossa amor. - S/N desenrolou uma quantidade grande de sentimentos e desejos que gostaria de realizar com o homem agora de frente para ela, encarando-a sem reação momentânea e com a felicidade gritando em seu peito a cada sonho que a moça contava, e que ele certamente um dia imaginou. - Você topa?
- Você ser minha? - questionou sorrindo de leve.
- Sim.
- E eu ser seu?
- Eu acho que sim. - respondeu rindo nervosamente, mas desta vez feliz, muito feliz.
- Saiba que quando eu disser sim, você não pode sair correndo. - Malik caminhou até ela de novo, entrelaçando suas mãos com as de S/N para só depois abraçá-la de forma carinhosa.
- E eu não vou. - disse convicta. - A não ser que seja direto para você. - o som de risadas fracas foi de certa forma convidativo para que eles se olhassem após alguns segundos abraçados um ao outro e enfim colassem os lábios que pediam por um contato simples, mas que funcionava como uma peça importante para abrir a porta de entrada do amor que tanto procuraram ao longo dos anos. - Então isso é um sim?
- O mais sincero e amoroso que eu posso te dar, minha S/N!
__________________________________________
xoxo
Ju
54 notes · View notes
shadowandbonebr · 3 years
Text
Perguntas e Respostas com Danielle Galligan de Shadow and Bone
por Ellie Smith para Country & Town House
Tradução: Shadow And Bone BR
Quando Danielle era uma jovem garota, ela sempre mudava de nome. 'Eu forçava todo mundo a me chamar de nomes aleatórios como Robyn e Star,' ela nos conta. 'Eu provavelmente sempre quis ser atriz.' Agora, com 28 anos, ela está realizando seus sonhos de criança. A carreira de Galligan começou nos palcos, mas recentemente ela voltou sua atenção para a TV, aparecendo na temporada final de Game of Thrones assim como em Krypton. Galligan permaneceu no mundo da fantasia para seu último trabalho, Shadow and Bone da Netflix. A série se baseia nos livros bestsellers de fantasia da Leigh Bardugo, Shadow and Bone e Six of Crows, e se passa em um universo alternativo. Aqui, Galligan - que interpreta Nina Zenik - nos conta um pouco mais.
Tumblr media
Perguntas e Respostas com Danielle Galligan
O que você pode nos dizer sobre Shadow and Bone?
É uma nova série de TV de fantasia que se passa em um universo chamado Grishaverso. O país de Ravka (pense na Rússia imperialista) é segregado, perigoso, enfrentando uma guerra civil e atualmente infestado por uma magia obscura e antiga chamada de Dobra das Sombras (pense na Muralha/Caminhantes Brancos em Game of Thrones). A salvadora de Ravka de repente aparece na forma de uma soldada, Alina Starkov. Órfã e segregada, a vida inteira disseram que ela jamais seria importante, Alina agora descobre que ela possui um poder que pode, esperançosamente, destruir a Dobra de uma vez por todas. Ela se torna uma faísca de esperança para seu país, mas uma ameaça para aqueles que já estão no poder. Existe uma batalha entre o bem e o mal, assim como um triângulo amoroso e um assalto - então tem um pouco para todos os gostos.
Pessoa preferida no set de Shadow and Bone e por quê?
Eu preciso dizer Calahan Skogman. Ele interpreta o Matthias Helvar, que é o grande inimigo-que-se-torna-interesse-romântico de Nina Zenik. Ele é meu preferido por vários motivos, mas principalmente porque confiamos um no outro, e confiança é muito importante para mim como atriz. Eu confio que ele vai me apoiar se eu tentar algo diferente, eu confio que ele vai me surpreender e desafiar e eu confio que ele vai estar sempre ali.
Alguma história engraçada das filmagens?
Um dia eu me expus pra equipe. Sem querer. Tinha uma cena onde Nina está seguindo Matthias em umas condições climáticas miseráveis e eles estão exaustos. E ela está falando alto e de forma grosseira com ele e quando eu me arrastei pra dentro da cena, minha saia quebrou e caiu. Ainda bem que eu tinha algumas camadas extras de roupa, então não foi uma exposição indecente.
Papel preferido até hoje e por quê?
Isso é muito difícil, porque eu amei todos os meus papéis até agora por razões diferentes. Eu estive num musical chamado O Trem baseado no The Contraceptive Train que ocorreu na Irlanda em 1971. Era um protesto contra a lei que proibia a venda e importação de contraceptivos. Minha personagem foi inspirada numa jornalista destemida de Derry que fazia campanhas pelos direitos civis chamada Nell McCafferty. Eu trabalhei com mulheres incríveis e eu pude cantar, dançar e ser irreverente todos os dias o que foi demais. Pra mim foi uma experiência realmente importante.
Papel que você faria de tudo para conseguir?
Eu amo Lady Vengeance de Park Chan-Wook e amaria interpretar Geum-Ja. Eu acho aquele filme perfeito então espero que nunca o refilmem, mas se Emerald Fennel fosse escrever e dirigir algo assim, então eu com certeza faria qualquer coisa para interpretar sua visão.
O que você gosta de ter com você no set?
Café e água sempre. Eu sempre estou em paz se tiver cafeína por perto. E eu sempre trago uma escova de dentes também, e um livro. No momento é Black Venus de Angela Carter.
Diretor(a) que você mais gostaria de trabalhar e por quê?
Hoje eu diria Andrea Arnold. Eu amo o estilo dela - parece tão autêntico, espontâneo e íntimo. Eu amo as performances que ela consegue dos atores, parece que eles tem muita liberdade para encontrar os próprios personagens. Eu gostaria de ser desafiada assim. Eu amo como ela usa luz natural e adoro suas personagens femininas. Se eu puder jogar Robbie Ryan na mistura também seria o trabalho dos sonhos.
Que qualidades você acredita que a tornaram bem sucedida?
Eu não me acho totalmente bem sucedida - sério, eu sou um pouco desastrosa às vezes. Quando eu vivi o que parece sucesso para mim, sempre precisei de uma combinação de teimosia ou tenacidade e saber o que eu quero. Tiveram momentos em que eu tive muito de uma coisa e nem um pouco de outra e acabei andando em círculos.
Um filme que você acredita que todos no mundo deveriam ver?
Mirror de Andrei Tarkovsky. Não é muito propício para 'Netflix and chill', mas definitivamente um filme necessário para todo mundo. É impressionante e assombroso.
Qual a sua relação com redes sociais?
Definitivamante amor/ódio! É uma faca de dois gumes que conecta a todos, mas nos deixa nos sentindo isolados. Eu mantenho o Facebook por razões sentimentais, por causa de fotos antigas, mas eu não engajo muito mais ali. Eu tive que deletar o Twitter por não me sentir esperta ou furiosa o suficiente para alcançar todo mundo. E eu ainda não pulei no trem do TikTok. Eu só tenho Instagram, que eu amo. Mas eu preciso de algumas férias dele de vez em quando também.
O que você queria ser quando era criança?
Eu alternava entre princesa fada, espiã, sereia e bruxa. Eu lembro de ter problemas com meu nome e eu mudava o tempo todo. Eu forçava todo mundo a me chamar de nomes aleatórios como Robyn e Star. Eu provavelmente sempre quis ser atriz.
Três livros para levar para uma ilha deserta e por quê?
On Earth We're Briefly Gorgeous de Ocean Vuong. Esse livro é devastadoramente lindo e repleto de originalidade. Eu tinha que parar de ler e encarar a parede para processar algumas das metáforas e analogias. The World's Wife de Carol-Ann Duffy. Ela é uma das minhas poetas preferidas e essa é minha coleção preferida dela. E Circe de Madelina Miller. Sou obcecada com mitologia grega e adoro o conceito de pegar essa personagem feminina e recontar sua experiência por seu ponto de vista. Aliás ela está isolada em uma ilha deserta e realmente tira o melhor proveito disso, então acho que pode ter algumas dicas ali.
Tumblr media
O momento mais desafiador da sua vida?
É relativo, não é? Às vezes é se vestir de manhã, às vezes é o luto, às vezes é escrever o assunto de um e-mail. Um desafio que enfrentei recentemente - assim como várias outras pessoas - é a solidão e o isolamento na pandemia. Acho que é importante entender a diferença de estar sozinha e se sentir solitária. Eu passei por um pouco de estigma ou vergonha para admitir que me sentia solitária e se nós não acabamos com esse sentimento no início, então estaremos lidando com uma pandemia de problemas com a saúde mental acima de tudo.
Como todos nós podemos viver um pouco melhor?
Amor próprio tem muito a ver com uma vida melhor. Soa muito simples, mas não é fácil. Eu penso nisso como relacionamentos: quando eles funcionam existe amor, sim, mas também suporte mútuo, compromisso mútuo, responsabilidade mútua e aceitação mútua dos passados sombrios e defeitos um do outro, e amizade. Você deve tratar a sua relação consigo mesmo da mesma forma.
Alguma dica para facilitar a vida que você aprendeu durante o lockdown?
"Vista-se para a vida que você quer, não a que você vive" é o que eu sempre digo a mim mesma e a quem quiser ouvir. Eu passei tanto tempo parecendo uma preguiçosa que eu comecei a me chamar de preguiçosa e então convenci a mim mesma que eu era realmente preguiçosa. Eu descobri que fazer um esforço extra e se vestir como uma pessoa de verdade que gosta de si mesma me fez parecer como uma pessoa que gosta de si mesma - e então me convenci que eu era realmente uma pessoa que gosta de si mesma.
Qual o seu estilo de design de interiores?
Eu sou eclética, um pouco transitória. Eu gosto um pouco de tudo. Um pouco de velho e novo, masculino e feminino. Mas na realidade sou bem básica. Contanto que eu tenha muito espaço nas paredes para pendurar coisas e janelas grandes para entrar luz estou feliz.
Você é consciente em relação ao que coloca no corpo?
Eu costumava ser, mas não sou muito mais. Agora eu tento pensar mais em como as coisas que eu uso afetam o meio ambiente. Depois de assistir Seaspiracy, eu não consigo mais comer peixe. Eu evito carne se possível também. Eu não como muitos laticínios, mas não consigo resistir ao queijo.
Qual a sua rotina de beleza atual?
Protetor solar, hoje e sempre - até no inverno. Eu também bebo muita água. Minha pele é sempre ou muito seca ou muito oleosa, ou as duas coisas ao mesmo tempo, então é irritante. Eu uso muitos produtos da Image que eu considero os melhores. Eu venho de uma longa linhagem de terapeutas da beleza então aprendi a importância do cuidado com a pele. Mas demorou um pouco - eu costumava dormir de maquiagem e usar lenços umedecidos e todo o tipo de crimes hediondos pelos quais minha mãe me deserdaria.
Quais são suas indulgências?
Minha principal é sempre chocolate. Geralmente Cadbury, mas eu não descrimino os outros. Quando alguém compra uma barra grande nas compras semanais, meus pobres colegas de casa não chegam nem perto de comer! Se vocês estiverem lendo isso pessoal, desculpe, mas não estou arrependida. Eu também amo uma Guiness.
Como você relaxa?
Eu não relaxo. Eu tento, mas é difícil. Eu medito muito, leio, faço yoga, escrevo um diário, tenho uma prateleira inteira de óleos essenciais e eu os queimo com velas de aromaterapia, mas ainda assim, mesmo dormindo eu sinto que estou acordada. E quando estou acordada eu sinto que estou em algum outro lugar. Novamente, é um projeto em andamento.
Tumblr media
Se nós fôssemos visitar a sua área, o que deveríamos fazer?
Baile Átha Cliath (Dublin), meu verdadeiro amor. Eu acordaria cedo e te arrastaria para o DART ou para Howth e te levaria para a caminhada no penhasco ao longo da costa. Existe uma praia escondida onde nós iríamos nadar e então voltar e pegar alguns tapas no Octopussy. Então pegaríamos um sorvete da 99 para a jornada de volta à cidade. E então eu te levaria para todos os meus lugares preferidos para beber Guiness e eu eventualmente beberia debaixo da mesa.
Você é uma quebradora de regras ou uma seguidora de regras?
Eu amaria dizer que sou uma quebradora de regras, mas na verdade, no fundo do coração, eu sou uma seguidora de regras.
MATÉRIA ORIGINAL: https://www.countryandtownhouse.co.uk/culture/danielle-galligan-interview/
4 notes · View notes
wangshurp · 3 years
Text
Tumblr media
Kim Jeha
@wgs_user
FACECLAIM: Song Joongki.
DATA DE NASCIMENTO E IDADE: 18 de Agosto de 1988 / 32 anos.
NACIONALIDADE: Coreia do Sul.
ETNIA: Sul coreano.
GÊNERO: Masculino.
ORIENTAÇÃO SEXUAL: Bissexual.
ATIVIDADE: Segurança no Petticoat Lane.
LOCALIZAÇÃO: Jumunjin.
TEMAS DE INTERESSE: Angst; General; Romance; Smut.
TRIGGERS: Zumbis.
PERSONALIDADE: 
É fácil dizer que Jeha não é o típico homem de 30 anos, ele não gosta de sair para beber, ou flertar por aí. Pelo contrário, é extremamente retraído e sua vida se resume a proteger as pessoas, já que não pode proteger a família. É reservado e calado com estranhos, mas se tiver paciência para conhecê-lo, vai descobrir um homem com alma de garoto, de sorriso meigo e altruísta. É dedicado e observador, porém pode tornar-se uma granada quando o tiram do sério, tendo problemas para controlar sua força e agressividade quando furioso.
JUSTIFICATIVA: 
Sr. e Sra Kim sempre tiveram muito orgulho de Jeha, um bom menino, disciplinado e dedicado. Quando o mesmo ingressou na carreira militar, apesar de preocupados, estavam felizes pelo filho estar realizando seu sonho. Jeha era extremamente apegado a seus pais e sua irmã caçula, sua ligação com eles era tão extrema que poderia jurar que conseguia os sentir, em qualquer situação. Muitas vezes brincava com sua mãe que tinha herdado a mediunidade da mesma, que era conhecida por ser uma médium famosa.
Durante seu tempo como soldado, conquistou muitas medalhas de honra, sendo o soldado mais condecorado de seu pelotão. Mas com todo esse reconhecimento, veio a inveja e inimigos se formaram sem que Jeha soubesse. Depois de fazer parte de uma operação em combate a um político corrupto que vendia armas de alta tecnologia coreana para criminosos estrangeiros, sua vida foi ladeira abaixo. O tal político jamais deixaria passar o fato de Jeha ter sido a peça chave para prendê-lo. Foi assim que aquela noite trágica aconteceu.
Jeha subia a lomba na esquina de sua casa, com sacolas de comida, as quais sua mãe havia pedido para ele comprar para o preparo do jantar. Em seu interior sentiu uma dor aguda, como se um ferrão atravessasse seu coração, não sabia do que se tratava mas descobriria da forma mais triste. Apertou seu passo cada vez mais, fazendo as coisas que estavam na sacola, cair ao chão, rolando esquina abaixo. A cada passo mais perto de casa, mais sua dor aumentava e já estava em lágrimas, sem nem mesmo saber o porquê. Quando chegou em sua porta, a mesma estava arrombada e a cena lá dentro era no mínimo cruel. Mas não a presenciou por muito tempo, já que logo foi nocauteado. Quando acordou foi pior ainda, pois em sua mão estava a arma do crime e em suas roupas o sangue de sua família. A dor imensurável o assolou com a intensidade de um foguete atingindo o espaço. Jeha abraçado ao corpo de seus pais e irmã não entendia nada que ali acontecia. A cabeça do jovem poderia explodir ali mesmo, pelo menos era o que sentia perante aquela tragédia que o dilacerava por dentro.
Quando a polícia chegou, o soldado foi acusado do assassinato e tornou-se um foragido ao fugir da prisão uma semana antes de seu julgamento, viajando de país em país, buscando por respostas. Foi então que aquela mulher apareceu para si, lhe oferecendo refúgio e tudo o que era necessário para que pudesse limpar seu nome e vingar sua família. Cansado de tanto fugir, o jovem aceitou a proposta, mas apenas com a intenção de ter um lugar onde pudesse ficar e colocar sua vingança em prática. Viveu por 6 anos naquela casa isolada na Califórnia juntando todas as informações e provas que precisava.
PRESENTE: 
Retornou à Coréia após todos aqueles anos, apenas para ficar cara a cara com o homem que destruiu a maior parte de seu coração, dando fim a existência dele, mas não sem antes apresentar as provas e limpar seu nome perante a justiça coreana.
No entanto, aquela mulher, que parecia tão “generosa”, só havia ajudado com intuito de fazer de Jeha seu mercenário particular. O que Jeha negou veemente e foi dessa forma, fugindo daquela mulher, que o homem foi parar em Wangshu. Conseguiu um emprego qualquer, mas que fosse o mais próximo de sua área e apesar de saber que não teria uma vida pacata e livre por muito tempo, queria aproveitar na bela cidade litorânea o que seria uma vida civil comum.
DESEJOS: 
Jeha já não se encontra mais naquela fase da vida onde sonhos permeiam a mente. Contudo, apesar de sua sofrida existência até então, tem um ímpeto pela vida, quer viver, precisa viver, não só por si, mas por sua família. Precisa encontrar o rumo da vida, para viver em plenitude e é isso que busca. Não sabe se é encontrando uma nova profissão, hobby, conhecendo novos lugares, pessoas, ou descobrindo o amor, mas vai encontrar seu caminho e fazer sorrir as estrelas no céu. As quais conversa toda noite esperando que de alguma forma, estejam felizes e orgulhosos de sí.
4 notes · View notes
keyfichas · 4 years
Text
›  PARTE OOC.
Green, 20 anos, ele/dele, sem triggers
›  PARTE IC.
ZACHARY NOLAN SUNFLOWER pode até dizer que não pediu para estar em Eskye, mas agora é um pouco tarde para querer voltar pra casa… Com apenas 25, já perdi as contas de quantas vezes ele disse que é só um BOTÂNICO que veio direto do CANADÁ. Por aqui, já ficou conhecido como The Druid e comenta-se até que usou a Chave Espelho para roubar o rosto de AVAN JOGIA .
›  BREVE RESUMO.
Zachary, de longe teve uma infância tradicional, isso porque ele não nasceu em uma família comum, mas sim no seio de uma comunidade hippie em Ottawa no Canadá, desde criança sempre teve uma visão de mundo muito coletiva e comunitária, de respeito com a natureza e todas as outras formas de vida, adorava saudar o sol, ou ver a lua nascer, desde pequeno já tinha pequenas funções de responsabilidade dentro da comunidade, como cuidar do jardim, ou alimentar os animais, ajudar a lavar roupa ou buscar água entre outros,  Diante disso, cresceu muito distante da filosofia de vida tradicional ocidental, o que fez com que ele se tornasse muito ativo politicamente, aos quinze anos viajou até Nova Iorque em um motor home com quatro amigos para um protesto contra os lobos de wall street, desde dos 12 participava da marcha da maconha no Canadá, aos 16 anos esteve na marcha pela libertação do corpo feminino, aos 17 anos foi preso após dar um soco no rosto de um senador, durante a manifestação pacífica “Parem de nos matar, nós também somos a floresta”. Com o passar dos anos a comunidade foi perdendo força e desfazendo seu pai dizia que o capital era um deus com cada vez mais adeptos… O jovem Sunflower ingressou em uma universidade comunitária nos arredores de North Vancouver  onde estudou botânica, lá desenvolveu sua verdadeira paixão pelas plantas e pela natureza, desvendando os mistérios da ciência por detrás de toda poesia do semear e desabrochar da vida vegetal. Enquanto ele estudava botânica, um antigo amigo da comunidade o acompanhou, seu melhor amigo Thomas Silverwood, cresceram juntos e com o tempo viraram verdadeiros amantes, enquanto Zack descobria sobre os segredos do mundo vegetal, seu amor se aventurou nos segredos da vida animal, fazia o curso de veterinária… ainda na faculdade se permaneceram bastante engajados, realizando projetos como ‘Plante uma árvore” “Feira livre dos pequenos produtores” “Diga não a caça esportiva” “Os ursos merecem respeito” entre outros.
Findada a faculdade, Zachary e Thomas tinham planos de formar uma família junto à comunidade, mas não era assim que funcionava o mundo moderno.O terreno ocupado por sua grande família, agora havia sido tomado pelo governo e vendido a um abatedouro, Nolan trouxe seu pai e mãe para morar junto dele e Thomas, nos subúrbios da cidade, por mais que Zack tivesse conseguido uma bolsa de pesquisa na universidade, não era o suficiente, conseguiu abrir uma pequena floricultura móvel, cuja sua mãe e ele vendiam as flores na praça da cidad e seu pai tocava violão em troca de trocados, ainda jovem Zachary era o maior responsável pelo sustento de sua família… Zack tinha um talento natural com a botânica e apenas por isso conseguiu desenvolver sua pesquisa, seus estudos se baseavam na Hipótese de Gaia de Lovelock e as flores que cultivava para que ele e sua mãe vendesse eram as mais formosas e atraíam um certo numero de turistas e moradores locais, ainda tinha muitos sonhos e desejos até o fim da vida, mas tudo foi interrompido pelo acaso ao ser sugado por um portal, um segundo andando pela movimentada avenida com o rio de aço num fluxo constante e sem trocar o segundo estava no que parecia ser o coração de uma floresta, não fazia ideia do que tinha acontecido… ao instante que sentia inteiramente ligado aquela floresta e toda vida ali, uma névoa cercava o lugar. “-Onde estou?” - perguntou de maneira retórica girando em torno de si mesmo vislumbrando aquele lugar. “-Você está em Eskye” regurgitou um pássaro do alto da árvore. Zack imediatamente espantou-se ao olhar para o pássaro falante, ele não se recordava de ter tomado chá de cogumelos naquela manhã “-Você fala?” perguntou e imediatamente teve sua resposta “Claro que falo, idiota” o pássaro saiu voando e atrás dele seguiu uma revoada de pássaros todos eles saíam regurgitando em uníssono “Idiota, idiota, idiota”. Demorou um tempo até entender que estava em outro mundo, em outro lugar, imediatamente tomou-se de preocupação e saudade de sua família e de Thomas, queria um jeito de voltar mas o retorno parecia não ser uma opção,  agora precisava se acostumar ao novo mundo e se adaptar ali, enquanto lidava com a saudade e a preocupação, com a nostalgia da sua antiga casa, enquanto era bombardeado pela magia pulsante do novo mundo, ou Eskey como chamavam.
›  APARÊNCIA.
Zack continuou caminhando pela floresta, ainda atordoado de ter falado com um pássaro, ao avistar um rio, correu sem nem pensar para ele, queria beber um pouco de água e refletir sobre tudo o que estava acontecendo ali. O segundo susto, ao olhar para água foi imediatamente atingido pelo seu reflexo; suas orelhas estavam pontiagudas como as de um elfo, seus cabelos estavam um pouco mais compridos, seu rosto parecia estar maquiado, algo como uma maquiagem tribunal, além de que seus olhos emitiam um brilho escuro profundo e intenso. como imaginava ser os olhos de um feéricos, ao sorrir pode avistar levemente suas presas mais compridas e ao fitar sua mão, pode perceber que suas unhas também estavam um pouco mais cumpridas em formato de garra..
›  PODER.
Druidismo ou Manipulação da Natureza: O usuário é capaz de sentir e manipular a energia da natureza, invocando raízes, plantas e manuseando os elementos vegetais, além disso vez ou outra consegue se comunicar com animais, têm dificuldades com animais ferozes, e a comunicação nem sempre é clara, esse poder não dá ao usuário poder de comando ou influência sobre o animal, também é capaz de se comunicar com árvores e plantas, mas essa comunicação se dá pelo uso de suas habilidades, como se chamasse o espírito daquela vida vegetal, a comunicação também não é clara, exemplo: se uma árvore falar que algo aconteceu ali a pouco tempo… embora para ela tenha sido pouco tempo, para os humanos isso pode significar que foi a 20 anos. Um druida vive em comunhão com a natureza, é seu protetor, seu guardião e mensageiro, ficar muito distante do contato dela pode enfraquecer seu poder, se fizer algo que desrespeite os espíritos ancestrais da floresta seu poder também é enfraquecido, seu poder pode ser fortalecido através de rituais em honra aos ciclos da natureza, sua magia é natural e deriva das fontes de poder da natureza como um todo, embora não seja capaz de exercer controle sobre os elementos, o foco ativo desse poder recai sobre a manipulação da vida vegetal e Zack está longe de conhecer todo potencial de seu poder.
›  ARMA PREFERIDA.
Chicotes e correntes, em especial os de raízes e vinhas produzidos por ele mesmo.
2 notes · View notes
kolgrimrasmus · 4 years
Text
“WITCH DATA”
— Que o Senhor das Trevas cuide de seu caminho — Cassandra disse enquanto a filha afastava-se de sua residência.
Gabrielle teme, e é isso que a torna uma devota tão assídua, sempre fazendo oferendas na esperança de que algum dia ele a livre de sua maldição, mas por que ele faria isso? se vê-la sofrer é seu divertimento. Certo dia ele lhe apareceu em forma de sonho, e confirmou com todas as letras “ Você jamais estará liberta do que te aflige minha pequena”. Não crê que ele é um salvador, porque não é isso, é um aproveitador que engana a todos que ousam crer em suas mentiras. 
— Suas afinidades com a magia são surpreendentes.
Talvez tenha sido sua maldição, ou ela apenas é alguém muito propensa a dominar com facilidade magias avançadas, mas exerce com maestria  poções que muitos sequer saberiam por onde começar,  seus dons bruxos tendem a serem mais maléficos, sua habilidade de manipulação empática ultrapassa o que todos acreditavam serem possíveis, controla ações relacionadas às emoções, como por exemplo fazer alguém sentir raiva e bater a cabeça compulsoriamente, fazer alguém se apaixonar, antigamente era necessário haver o toque para que ela pudesse controlar as emoções, mas com o passar do tempo conseguiu aprimorar seus dons, sendo possível uma distância de no máximo cem metros. Não se considera uma das melhores, mas com certeza é alguém de destaque. 
— Sobre ser uma bruxa
“É minha sina, o que eu poderia fazer para mudar isso? É meu legado, eu devo orgulhar-me disso, dizer que almejo grandes patamares é uma certa loucura, busco destaque sim, qualquer um deseja,  não compactuo com tudo que devemos fazer, como por exemplo essa cega devoção ao Senhor das Trevas,  ele não é bonzinho, nossos poderes não são dádivas são dons advindos da venda de nossas almas, e pra ser sincera eu mudaria algumas coisas, como essa certa necessidade de sacrifícios sanguinários e um tanto dramáticos, como ter que recitar em latim alguns feitiços, qual é custava mesmo poder falar na nossa língua nativa ?. Minha motivação maior é entender minha maldição, estudar e decidir se devo sentenciar-me a uma vida realizando rituais ,que de certa maneira me limitam,  ou se de fato aceito meu destino e livro-me de minha humanidade. “ 
—Um Grande da Nova Geração
“É um tanto assustador saber que sou conhecida assim, é impactante e toda vez que  chamam-me assim  arrepio-me por inteira, minha mãe diz que devo orgulhar-me, nunca disse que não era digna ou algo do tipo, só achei um certo exagero… Eu sou uma boa atriz né?, caiu nesse meu papinho de que não sou merecedora, foi essa a intenção. Caralho é muito foda pro nosso ego, massageia no ponto certo, você chega a pisar e portar-se de maneira diferente, anda de cabeça erguida e se delicia com a inveja que causa nos outros, eu fiz por merecer esse título, então me respeite” 
—Humanos e Dersacre
“Digamos que meu primeiro contato foi um tanto traumático, sabe-se lá o que aquele humano ridículo iria tentar fazer comigo, eu sei que nem todos devem ser asquerosos, mas prefiro manter distância de todos eles, não os repugno nem nada do tipo… Gosto deles, mas bem longe de mim. Usá-los em rituais é algo que está em nossa cultura, mas me parte o coração quando temos que sacrificar crianças, porém é necessário, por isso eu faço. Conviver com eles seria algo meio impensável não acha? ‘
—Rituais
“Sendo bem básica em minha resposta, é inevitável não realizar nenhum, me tome como exemplo, todo mês eu devo fazer em média uns cinco, são úteis e não vejo motivos para repugnar, costumo ter certo desconforto sobre os que envolvem grandes matanças, mas dependendo do propósito eu até que entendo.”
—Meu clã
“ Sou conhecida, alguns me evitam outros  procuram-me na intenção de que eu tenha os ideais de minha falecida avó, é meio tosco afinal eu sequer a conhecia,  não sou a primeira a conviver com uma maldição de certo modo isso até gera uma certa comoção deles para comigo, o clã é minha segunda família e eu morreria por eles… Talvez não por todos, mas você me entendeu”
1 note · View note
thedicklee · 4 years
Text
swear to me you're not a ghost, through paradise or hell you know
onde: algum lugar da califórnia
quando: novembro 2020
    𝐍𝐎𝐖 𝐏𝐋𝐀𝐘𝐈𝐍𝐆: 𝘵𝘢𝘬𝘦_𝘮𝘦_𝘸𝘪𝘵𝘩_𝘺𝘰𝘶_-_𝘧𝘭𝘦𝘶𝘳𝘪𝘦.𝘮𝘱3
DICK says...
enquanto alguns sobreviviam com base em seus instintos de luta, desde o começo do fim richard fazia o que sabia de melhor; ele se escondia, corria quando necessário e se apropriava do que não lhe pertencia. princípios passavam a pesar um pouco menos quando do outro lado da balança estava a própria sobrevivência e a pequena esperança de ainda encontrar alguma parte de sua antiga vida perdida por aí. justamente por isso que ele não matava, a memória de correr até o cofre de sua casa em busca de algo para se proteger contra a própria mãe ainda o assombrava a cada segundo do dia e desde então todo zombie que ele enfrentava parecia ter o rosto familiar de alguém que ele amava. não andava em grupos também, sempre sozinho, porque assim ele não precisaria assistir mais ninguém morrer ou ter que tomar a escolha de deixar alguém para trás, era mais fácil assim para manter a consciência menos turva e sua sanidade, ou o que sobrou desta, intacta.
trazia consigo apenas uma mochila leve para não atrasá-lo na hora de correr, mas abastada o suficiente para que ele pudesse sobreviver até encontrar o próximo acampamento e planejar seu furto. mesmo quando cheia de embalagens de comida enlatadas e as peças de roupa depois de uma noite bem-sucedida o que mais pesava era o revólver envolto em uma camiseta velha no fundo da mochila, porque simbolizava tudo que ele tinha perdido e ainda podia perder, e uma tira de fotografias, daquelas tiradas em cabines, que ele guardava com esmero em um dos bolsos internos onde julgava ser o mais seguro, pois essa simbolizava o que ele ainda tinha chances de ter de volta, ou era o que se dizia toda noite antes de tentar dormir por uma hora ou duas, ele precisava acreditar porque era dali que tirava a sua força de vontade para sobreviver. o apartamento da garota havia sido o primeiro lugar que seus pés haviam o levado depois que ele fugiu da cena de um crime que havia se tornado a sala de estar de sua casa. os cômodos revirados e, o pior, vazios só adicionavam ao peso em suas costas e foi a pequena tira que ele achou no quadro de recados no quarto da garota que terminou de quebrar seu coração e as lágrimas que pareciam não vir por causa do choque que ainda sentia inundaram seus olhos e turvaram a sua visão em uma velocidade incrível ao que ele desabava ao lado da cama de riley, segurando as fotos contra seu peito como se fosse o seu bem mais precioso. e a partir dali, seria mesmo.
ficar se lembrando daquelas coisas não o traria bem algum, ainda mais quando estava no meio de bisbilhotar algumas mochilas que havia encontrado em um acampamento no saguão de um prédio comercial. não havia sido fácil entrar ali, mas uma vez dentro e sorrateiro como havia aprendido a ser, esperou que o grupo se dispersasse para sair das sombras. ele sabia que havia algo de errado a partir do momento em que passou a encontrar nada além de papéis amassados. ele estava pronto para correr quando sentiu o objeto gélido contra a sua nuca e uma voz que parecia animada demais com a ideia de acabar com ele. apavorado, levou alguns instantes e um comando mais alto daquela que o tinha sob a sua mira para que ele despertasse, aquela voz…. não podia ser uma coincidência, por isso quando reagiu, traiu todo seu instinto de sobrevivência ao se levantar e voltar-se para a garota com um movimento brusco demais, sua destra trêmula segurando o cano da arma enquanto a encarava com os olhos arregalados. ameaças ou o que quer que fosse que a garota dizia eram perdidos diante som alto das batidas de seu coração ecoando por sua cabeça que se mostrava completamente vazia quando se viu tendo que lidar com a imagem de riley, bem em sua frente e real demais para ser apenas mais uma invenção de sua imaginação. buscava no rosto dela qualquer sinal de reconhecimento por menor que fosse, as lágrimas aflitas que se formavam em seus olhos tornando aquela tarefa quase impossível, mas bastou a mão de riley vacilar na arma e começar a abaixá-la para que dick praticamente se jogasse para cima da garota, passando seus braços sobre os ombros da menor em um abraço protetivo, uma de suas mãos inquietas se prendendo nos fios desbotados de seu cabelo e a outra segurando os seus ombros como se tivesse medo que ela fosse desaparecer a qualquer momento. – eu te procurei esse tempo todo. – disse afastando-se minimamente apenas para que pudesse colocar sua testa contra a dela, levando também uma das mãos até o seu rosto, mal a tocando em um primeiro momento e, daquela vez, não hesitou em selar seus lábios em um beijo tão delicado quanto a sua palma segurando o rosto dela porque ainda tinha medo que fosse apenas mais um dos incontáveis sonhos e devaneios que tinha praticamente toda noite desde que tudo havia começado, ou até mesmo antes de tudo que estava acontecendo se estivesse sendo sincero consigo mesmo. de todos os sentimentos que o preenchiam e o deixavam zonzo (ou era aquele o efeito que riley tinha sobre ele? era bastante provável também), um dos maiores talvez fosse o alívio: ela estava viva, ela estava ali e em seus braços, sua boca na dela tudo que ele sempre havia imaginado e muito mais, não havia nada da volúpia que richard sempre associava à situações como aquelas onde lábios se encontravam apenas pelo ato de se encontrarem por diversão, se tratava da mais pura demonstração de suas afeições, quase reverente na forma como não queria fazer nada que fosse capaz de interromper aquela declaração de todo sentimento que sempre achou que nunca seria capaz de expressar. absolutamente exausto de correr pela sua vida, decidiu que se fosse para morrer, era daquela forma que queria partir.  
RILEY says...
apesar de acordar assustada todas as manhãs, riley sentia que nunca se acostumaria com a nova realidade que agora se encontrava e os berros que conseguia ouvir sempre que tentava aproveitar o silêncio deixava isso o mais claro possível. durante muito tempo, a morte nunca foi algo que a assustou por acreditar ser o ciclo natural da vida e a única certeza que carregávamos, mas o medo se tornou presente quando a morena compreendeu que o fim estava próximo até demais ao ver diante de seus olhos a vida de uma jovem sendo ceifada por uma daquelas criaturas. havia cogitado diversas vezes em se dar um ponto final digno, mas apertar o gatilho do revólver ou pular de uma alta altura pareciam impossíveis graças ao seu instinto de sobrevivência, a utópica esperança de sua mãe de que tudo ficaria bem e a sua própria de encontrá-lo.
o início do apocalipse chegou na cidade quando riley estava fora de casa fazendo as compras no lugar de sua mãe, lembrava-se vividamente do caos que o mercado se tornou de uma hora para outra, de não compreender o motivo dos gritos desesperados e de enxergar na rua corpos desacordados e cobertos de sangue se contorcendo violentamente antes da porta de aço do estabelecimento ser fechada. mesmo que não fosse capaz de identificar o que acontecia, o pavor a cegou completamente e foram necessários vários minutos para que conseguisse reagir: realizando diversas ligações em busca de ajuda para sair dali. por não morar longe de onde estava, dick foi o principal alvo de suas ligações, mas esperar na linha sem respostas a deixou ainda mais instável por ele ser alguém que nunca tardava em atendê-la, então deixou algumas mensagens antes de precisar se virar com o auxílio de um pequeno grupo de pessoas lideradas por um policial conhecido.
[ ✉️ ] n sei oq ta acontecendo [ ✉️ ] e eu preciso de vc [ ✉️ ] pfv me liga de volta qnd ver isso
só não esperava que perderia o celular no mesmo dia e que seria incapaz de receber qualquer ligação ou mensagem do rapaz. como o bairro estava repleto do que mais tarde entenderia se tratar de zumbis, conseguiu se comunicar com sua mãe muitas horas depois para que fugissem daquela área juntamente com o policial até a casa de algum amigo da família que estivesse disposto a recebê-las, mas não demorou para perceberem que o surto daquelas criaturas se espalhou rápido demais para encontrar algum lugar minimamente seguro. foi necessário apenas um dia para que insistisse em retornar, acabando por roubar um veículo e sair dirigindo numa velocidade muito acima do que julgava como normal — sentia como se a mão de richard ainda apoiasse em seu joelho e forçasse seu pé no acelerador como no dia do fliperama, encontrando-se cada vez mais agitada e incapaz de tirá-lo da mente. guiando-se pelo que lembrava e chegando no endereço, riley estava munida de um pé de cabra quando adentrou a residência, a porta destrancada evidenciando que algo estava errado, porém nenhum preparamento psicológico seria suficiente para a quantidade de sangue espalhada pelo piso branco e seu estômago não aguentou ao encontrar os cadáveres de martha e bomi em diferentes pontos da residência violentamente acabados. mesmo que as lágrimas dificultassem sua visão e tornasse seus gritos pelo garoto trêmulos, navarro percorreu toda a mansão desesperadamente em busca do amigo, abrindo todas as portas sem a precaução necessária e se dando como derrotada ao deitar na cama dele. ficou agarrada nas roupas de cama de dick até seus olhos secarem, o cheiro dele presente trazendo um enorme peso em seu peito e a vista para o mar de suas janelas intensificando sua solitude, mas também a preenchendo de esperança de encontrá-lo, afinal, ele não estava junto àquela horrenda cena. abrindo o armário masculino em busca de algo que o mantivesse por perto, vestiu um moletom verde escuro dele antes de partir, mas precisou conter uma nova onda de lágrimas ao encontrar um de seus volantes do badminton, guardando-o carinhosamente no bolso do casaco. iria e precisava encontrá-lo.
as pessoas sempre foram imprevisíveis e egoístas, principalmente na luta pela sobrevivência, então muitas coisas aconteceram até o momento se tratando em conviver com um grupo, que crescia e diminuía conforme eram surpreendidos por determinadas atitudes e ataques surpresa, mas no momento contava com seis pessoas: o policial que a salvou, uma enfermeira com seu filho de sete anos, um caçador, riley e sua mãe. fazia uma noite desde que formaram o acampamento no saguão de um prédio comercial, explorando todos os estabelecimentos em busca de suprimentos e exterminando cada zumbi encontrado; o grupo já havia se separado para continuar com suas buscas quando navarro decidiu preparar uma armadilha juntamente com a criança do grupo graças aos sons que ouviu durante a noite, além do desaparecimento de alguns itens. depois que a criança se afastou para acompanhar algum dos adultos, a morena se posicionou estrategicamente com os olhos atentos aonde estavam as bolsas e, para a sua surpresa, não demorou muito para que uma figura surgisse das sombras para vasculhá-las. com o revólver em mãos, a garota se aproximou do garoto e encostou a boca do cano na nuca dele e apesar de sua voz soar confiante ao dizer que acabaria com ele, navarro não teria a coragem caso fosse desafiada a fazê-lo, pois em momento algum acabou com a vida de um ser humano — suas únicas vítimas sendo aqueles já mortos que caminhavam devorando toda carne encontrada. temerosa sobre o que aconteceria no segundo em que o rapaz se levantou, posicionou ambas as mãos na arma um pouco trêmula com a possibilidade de disparar, mas quando ele se virou e revelou sua identidade, a morena permaneceu paralisada piscando seus olhos arregalados dezenas de vezes incrédula. a mão masculina sobre o cano foi suficiente para que se desarmasse, seus pulmões esvaziando como se desaprendesse a respirar e as batidas de seu coração se tornando ensurdecedoras. seus olhos examinavam cada detalhe presente no rosto masculino em busca de qualquer sinal que demostrasse que aquele não era o dick e sim, uma alucinação sua, não hesitando em chorar ao não encontrar. as suas mãos trêmulas soltaram o revólver no chão para agarrá-lo com força contra si, seus dedos fechando-se em punhos juntamente do tecido das vestes dele como se tentasse impedi-lo de sumir mais uma vez enquanto seu rosto afundava sobre peito dele a fim de sentir o seu calor e se certificar de que a imagem dele era real. embora um incrível alívio percorresse seu interior por tê-lo vivo, saber que estava sendo procurada pelo mais alto fez seu peito doer, não conseguindo imaginar como havia sido o trajeto dele até ali depois da terrível cena que se deparou na mansão. — eu pensei que você tivesse morrido. — admitiu com a voz trêmula não conseguindo fechar os olhos quando suas testas se uniram. mesmo que prolongasse suas missões de procura por suprimentos e passasse noites acordada vagando sempre em busca pelo rapaz, uma parte sua se encontrava cada vez mais quebrada pela crença de que a peça de roupa e a peteca idiota seriam as únicas coisas que teria dele. saber que estava errada nunca foi tão bom. — eu ‘tava com medo de nunca mais te ver. — revelou num soluço, permitindo-se derreter sob o toque dele em seu rosto e retribuir o delicado beijo depositado em seus lábios. durante muito tempo aquele momento esteve restrito ao seus sonhos, acordando constrangida por se sentir tão frustrada pelas tentativas falhas que ocorreram e assustada com as consequências de seus sentimentos tão bobos; mas, devido ao caos, a fantasia se tornou o seu principal combustível e válvula de escape, desejando tê-lo em sua mente todas as noites no lugar de todos os pesadelos que já vivia diariamente. através do beijo, riley transmitia todos os sentimentos e falas que guardou por todos aqueles meses, seus lábios desajeitados incrivelmente ansiosos e sedentos por aquela interação que normalmente desgostava, mas que o garoto conseguia transformá-la em algo totalmente mágico. abandonando as mãos das costas dele, pousou-as em seu pescoço com carinho e precisou interromper o beijo para respirar, mas sem distanciar seus lábios, que roçavam suavemente. — não vai embora, por favor. — praticamente suplicou, seus olhos ainda cheios de lágrimas.
DICK says...
a força dos braços da garota ao seu redor era o que parecia manter richard inteiro naquele momento, ele nunca soube que estava tão perto de ter seus pedaços desmoronando até que se encontrou nos braços daquela que havia alimentado a minúscula chama de sua esperança durante todos aqueles meses banhados em sangue, medo e paranoia. as revelações da garota vieram acompanhadas de uma sensação extremamente agridoce, de um lado saber que todo seu desespero era mútuo e que sua busca por ela não havia sido em vão, enquanto era constantemente lembrado de que talvez ele não merecesse aquilo, talvez riley tivesse feito a maior burrada de sua vida ao derrubar a arma e acolhê-lo em seus braços, porque no final do dia, quem era richard? garoto mesquinho transformado em um ladrãozinho insignificante. ele não era ninguém antes do apocalipse e agora parecia ter se tornado ainda menos, dick e toda a sua bagagem eram apenas mais um peso que ninguém naqueles tempos difíceis devia se sujeitar a carregar. mas ele também era egoísta, nunca quis algo com tanta força como ele queria riley, algo que ele já havia começado a perceber antes mesmo de tudo ir para a merda e que desde então havia se tornado uma necessidade, porque depois de perder quem ele mais amava no mundo, dick precisava se prender á algo para que assim conseguisse tirar forças disso para seguir em frente, ignorando todas as formas que sua mente tentava o sabotar, colocando todas as noites ideias de como acabar com todo aquele sofrimento, aquele cansaço que parecia ter tomado conta de seu esqueleto e estava o dominando aos poucos.
só percebeu que seus olhos haviam finalmente transbordado quando suas lágrimas salgadas tornaram aquele momento de ternura, sua declaração silenciosa mas ainda assim extremamente carregada, na cena triste que devia ser para quem via de longe, toda a promessa de um amor jovem destroçada diante das circunstâncias que viviam. dick não teve coragem de abrir os olhos quando o beijo foi quebrado, se contentando com os breves momentos de contato que a proximidade mantida pela garota ainda o proporcionava e praticamente lutando contra seu instinto de seguir a boca dela toda vez que ela roçava contra a sua como se riley fosse o remédio para toda angústia que sentia, suas mãos que até então delicadas no rosto da garota assumiam um caráter mais exploratório, ainda muito sutil, mas percorria aqueles traços que ele tinha gravados no fundo de sua memória apenas para se certificar de que estava acontecendo, eles estavam vivos, eles estavam ali e estavam bem. o garoto não ousava nem respirar muito fundo, mas foi necessário com as palavras dr riley, a ação de puxar o ar e a sua tentativa de uma resposta digna falhando miseravelmente quando tudo que saiu de seus lábios foi um soluço, seguido de mais lágrimas em um choro descontrolado de puro desespero, puxando a garota para impossivelmente perto de si em outro abraço firme, sua cabeça buscando instintivamente a curva do pescoço de riley para camuflar seu choro incessante. – eu não sei se eu consigo. – confessou em um fio de voz, se antes de tudo dick tinha uma extrema dificuldade em ficar parado, com o perigo iminente havia surgido o impulso de correr sempre que podia e quando se afastou um pouco de riley para que pudesse olhá-la, sua visão correndo por todas as feições dela que havia praticamente decorado antes de fixar em seu olhos, seu olhar e comportamento praticamente maníacos denunciando o quão apavorado estava, lágrimas ainda corriam por seu rosto sem ele ao menos perceber. – e se… – nem ele mesmo sabia o que sua mente traidora estava tentando argumentar contra a ideia de ficar ao lado da garota, mas a forma intensa que dick se encolheu quando surgiu um sinal atrás da garota de que tinham companhia já era um dos indícios de como ele havia desaprendido a conviver com os outros depois de todos aqueles meses em completa solidão. – vem comigo. – implorou ao tirar seus braços do redor de riley apenas para agarrar a sua mão ao que se preparava para correr por suas vidas, seu instinto e pavor muito mais fortes do que o conhecimento de que não estava de fato em perigo e que muito provavelmente era alguém do grupo que ele havia observado antes.
RILEY says...
riley cresceu tentando se desprender ao máximo da ideia de arrependimento, agindo como bem quisesse de maneira orgulhosa por acreditar que sabia o que era o melhor para si. entretanto, quando o inferno alcançou a terra e arrancou o futuro de todos, a morena foi surpreendida ao ver que todo seu esforço em permanecer agarrada somente à mulher que lhe concebeu havia sido completamente destroçado graças ao dick e à incapacidade de transformá-lo numa simples memória. o arrependimento corroendo seu peito com todas as palavras não ditas, todos os momentos em que tivera a chance de falar como se sentia, todos os abraços e beijos que desejou ter trocado ao ter ciência da incerteza de encontrá-lo novamente. nunca pensou que sentiria com tanta força o peso do “valorizar quando perder”. apesar de todos aqueles meses sombrios e sanguinários, navarro finalmente o tinha sob suas mãos, a felicidade de recuperar um pedaço do seu passado que agora parecia tão distante, mesmo que nenhum dos dois carregasse os sorrisos e semblantes leves de antes. havia experienciado coisas que nunca pensou que viveria antes, não se orgulhando nenhum pouco da sensação de sujá-lo com o sangue de cada criatura morta violentamente por suas mãos, especialmente pela aversão alheia à raiva e esse ter sido um sentimento extremamente presente em seu dia-a-dia. não fazia ideia de como ele reagiria ao ter a imagem da antiga riley destruída, mas também se questionava do quanto o mais alto mudou durante todo aquele tempo. não fugiria dele, porém esperava que ele não fugisse de si.
respirar ainda era uma missão difícil, porque cada toque e carícia promovida pelo rapaz conseguia desestabilizá-la mais e mais, um mix de sensações tomando conta de sua carne de forma avassaladora, porém riley tentava se concentrar no principal: dick estava ali e estava vivo. diferentemente dos encontros do passado, a garota não se esforçava nenhum pouco em permanecer forte ou em suprimir seus sentimentos como se não existissem, porque os havia fermentado por tempo suficiente e já se encontrava vulnerável demais para manter guardado tudo o que quis dizer ao rapaz. quando dick a abraçou mais forte, diminuindo por completo a distância entre seus corpos e acomodou seu rosto na curva de seu pescoço para chorar alto, as lágrimas femininas voltaram a rolar com a mesma intensidade, principalmente com a dor em seu peito de ouvir a resposta tão incerta dele. suas mãos deslizaram pelo pescoço masculino até seus fios castanhos, seus dedos passeando por seus cabelos num soturno carinho, e selares eram depositados no que conseguia alcançar de seu rosto numa súplica silenciosa para que ele se tornasse uma de suas únicas certezas, além da morte. — por favor... — repetiu quando ele se afastou para encarar suas feições já inchadas com aquele turbilhão de sensações, seus olhos buscando os dele, que carregavam um olhar tão distinto do passado. ver a imagem de dick todas as noites e o canto masculino ecoando incansavelmente em sua mente enquanto fingia acompanhá-lo na maldita canção “all of me” chegavam sempre na mesma conclusão e o momento em que estavam soava como ideal para falar antes que o perdesse para sempre novamente num piscar de olhos. com a boca entreaberta e seu coração acelerado, a morena estava cega demais e ignorou a reação de encolhimento dele, pois seu subconsciente compreendia que estavam num ambiente seguro. — eu te amo. — soltou atropelando a fala dele, um enorme peso saindo de suas costas naquele segundo, porém a mão do mais alto já se encontrava unida à sua e não demorou para acompanhá-lo na corrida, deixando para trás sua arma por estar tão imersa naquele reencontro e esquecendo dos riscos presentes na realidade em que estavam. todavia, esse se mostrou ser um sinal de que navarro iria a qualquer lugar se estivesse com ele. — para onde estamos indo?
DICK says...
se aquela cena toda não era algo direto dos sonhos mais distantes da realidade que dick vinha tendo desde que começou a perceber seus sentimentos pela garota, ele nem sabia mais. ver toda a sua sinceridade quando a tratava com tanto carinho espelhada na expressão de riley lhe enchia de uma sensação que ele não conseguia nem explicar o que era, euforia, pavor… chegou a imaginar se havia sido pego por algum dos zumbis em seu trajeto até o acampamento, tendo morrido tão rápido que nem teve tempo de processar, talvez aquele momento com riley fosse a sua recompensa por aguentar todos aqueles meses de pura tortura, perdido no mundo e absolutamente sozinho como ele sempre imaginou que terminaria. mas não, sabia que era real porque tinha a convicção de que nada no mundo e nem na vida após a morte se igualaria ao carinho da garota; sua palma deixando arrepios para trás ao que se movia por seu pescoço e os dígitos em seus fio o fazendo soltar um lamento sofrido, a forma cuidadosa que riley lidava com ele lhe atingindo em cheio no peito, toda aquela atenção terna depois de meses sem qualquer tipo de contato que não fosse violência o deixando muito mais vulnerável e confortado do que poderia imaginar quando a sua última memória de toques suaves como aqueles eram da última vez que havia visto sua mãe com vida, depois daquilo havia começado o banho de sangue que ele passou a chamar de vida. todos os momentos turvos de medo e de ira empalideciam diante daquele reencontro, sendo o mais leve que ele se sentia em meses, por isso não conseguia entender o porque de todas as suas lágrimas ou do peso no peito - talvez no fundo soubesse que aquela relação já estava comprometida antes mesmo de ter tido a chance de começar, dick estava quebrado além de conserto e não sabia se ainda tinha em si a capacidade de amá-la como ele sabia que ela merecia, mas deus, ele estava disposto a tentar.
os primeiros vestígios de seu pânico apareceram assim que as palavras deixaram os lábios de riley, o deixando congelado por longos e intermináveis segundos, estupefato demais para conseguir formar as palavras para enunciar o quão recíproco era seu sentimento, como ela era tudo que havia lhe restado e que se só a pequena tira das fotografias deles foi capaz de mantê-lo vivo por todo aquele tempo, a realidade de tê-la ao seu lado era tudo que ele precisava… mas tudo que conseguia fazer era abrir e fechar a boca, sua respiração cada vez mais acelerada enquanto se frustrava cada vez mais consigo mesmo, ela tinha que saber a verdade, mas mais barulhos de passos o tirou de seu estupor e o colocou em modo total de pânico. não fazia ideia de para onde estava indo ou o que exatamente estava fazendo, só sabia que precisava sair dali, idealmente sozinho, mas não havia força alguma, física ou sobrenatural, que fosse capaz de fazê-lo soltar a mão de riley. com o seu plano de um furto e saída rápida indo água abaixo e o reencontro com a garota o deixando atordoado o suficiente para se esquecer do caminho que havia feito ao entrar ali, deixou que suas pernas naquele estado confuso os levasse até a primeira saída que encontrou, uma das mais óbvias o que significava que estava muto bem selada, mas não impediu seus movimentos maníacos para tentar abri-la, sua respiração se tornando mais superficial cada vez que ele tentava empurrar a porta com uma mão, conseguindo segurar o fôlego por breves instantes apenas para que pudesse sussurrar um – eu não sei… – derrotado como resposta para a pergunta de riley, suas tentativas de fuga cada vez mais fracas até que era apenas a sua testa encostada na porta enquanto seus ombros tremiam com o esforço que fazia apenas para respirar. se virando rapidamente até ter a porta contra suas costas, não demorou muito para que suas pernas também fraquejassem, fazendo com que o garoto escorregasse até o chão, a postura encolhida enquanto sua mão livre puxava alguns fios de seus cabelos em uma tentativa de se acalmar, não conseguia nem calcular a força que ainda segurava a mão da garota como se fosse sua âncora para assim não ter que recorrer ao método que havia adotado recentemente: buscar a faca escondida em sua bota para tirar sangue de sua palma como uma forma de se manter no momento. – eu não sei o que fazer, riley. – confessou em uma voz pequena, levantando a cabeça o suficiente apenas para trazer suas mãos ligadas até seu rosto, esfregando sua bochecha nas costas da mão da garota em um gesto dócil antes de deixar ali vários beijinhos. – eu sabia que gostava de você… antes… antes de tudo isso… – falava pausadamente e não fazia ideia se estava sendo coerente, mas tinha a certeza de que queria dizer aquelas três palavrinhas e queria fazê-lo olhando para a garota, só não se sentia estável o suficiente para se levantar novamente e tinha que pensar, para o seu próprio bem, que teria infinitas oportunidades depois que a surpresa daquele encontro carregado e seu ataque de pânico passassem. – você é tudo que eu tenho agora… caralho… – pausou apenas para suspirar, um pequeno risinho incrédulo deixando seus lábios só de imaginar finalmente expor seus sentimentos e quando o fez foi com o primeiro indício de um sorriso em seus lábios em meses. – eu te amo. também te amo. – disse em um único suspiro, evidenciando o também para sua própria satisfação. separou as suas mãos apenas para que pudesse juntar o seu mindinho da mão oposta ao dela, voltando seus olhos marejados para ela novamente depois do que pareceu uma eternidade sem ela em seu campo de visão. – é uma promessa.
RILEY says...
acompanhava os passos apressados de dick com curiosidade, acreditando que estava sendo levada a algum lugar afastado do centro do saguão para que fossem capazes de conversar ou ter um momento juntos sem o risco de serem vistos pelo seu grupo, que riley não fazia ideia de como o receberiam caso soubessem de sua existência. a única pessoa que sabia da sua paranoica busca era sua mãe, que não aceitava tanto a ideia de ver sua filha se arriscando naquele perigoso mundo a procura de alguém possivelmente morto, mas que também desistiu de criar conflitos com o tópico. entretanto, depois de toda a exploração que fez no térreo na noite anterior antes de montarem o acampamento, navarro identificou com facilidade o caminho que faziam até o portão principal, desacelerando os passos gradativamente numa silenciosa oposição ao desejo masculino de fugir do local. estavam seguros ali dentro e mesmo que não soubesse por quanto tempo essa certeza seria verdadeira, aquele havia sido o lugar mais tranquilo que o grupo encontrou no último mês e a ideia de sair para voltar ao caos lhe dava calafrios. observou-o tentar abrir a porta e, ao invés de tentar ajudá-lo, a mão livre de riley também foi à dele que já segurava, puxando-o com sutileza para que se afastasse da entrada selada. a excessiva agitação de dick evidenciava que ele precisava ficar ali para desacelerar ainda mais que si. — pare. — pediu baixo, pois sua voz ainda estava fraca graças à instabilidade emocional do reencontro. — nós ficaremos bem por aqui. — tentou falar com firmeza, mas falhando com a vontade de chorar ainda mais. mesmo que se encontrasse tão traumatizada com toda a matança e as difíceis escolhas presentes em seu dia-a-dia, vê-lo daquela forma doía imensamente por ser tão diferente do que lembrava, pois sua mente inocente se encontrou presa nas imagens dele do passado por todo aquele tempo e enxergar uma parcela do estrago que o inferno provocou pesava em seu peito. só queria ter sido capaz de protegê-lo e o preservado de todo mal.
com os olhos presos no dick, agachou-se vagarosamente diante dele para acompanhar a ida masculina ao chão. riley mordia o lábio inferior numa tentativa de conter a nova onda de lágrimas que ameaça escapar ao ouvir os dizeres dele juntamente com os beijinhos depositados em sua mão, tão calejada e ferida em razão das inúmeras lutas pela própria vida. seu corpo todo tremia com cada flashback reproduzido por sua mente, um suave e soturno sorriso formando em suas feições com a imagem dele no chão do corredor durante a semana beneficente utilizando de sua mão para acariciar o próprio rosto e o discreto selar depositado. ao mesmo tempo que era tão bom ter dick agora ao seu lado para relembrar do tempo em que existia futuro, era doloroso ver o quanto tudo havia mudado. — fica comigo. — respondeu de maneira breve, precisando engolir em seco antes de continuar, embora com medo de uma possível rejeição. — eu estou com um grupo. nós temos armas, comida e água... você pode ficar conosco. estamos seguindo para seattle, porque dizem que há uma comunidade segura por lá. — tentou explicar, mas estava tão agitada que não sabia o quão coerente estava sendo. a única coisa que pensava era que precisava dele mais do que qualquer coisa. quando dick passou a falar sobre os próprios sentimentos, navarro se calou para permanecer atenta a suas palavras, pois seus batimentos cardíacos já eram ensurdecedores o suficiente — muito semelhante aos seu picos de adrenalina, mas com a diferença de que não se encontrava apavorada e sim emocionada com o caminho que ele seguia. riley sabia muito bem que os sentimentos que nutriu pelo garoto antes de tudo acontecer eram recíprocos, só optou pela cegueira com o objetivo de não avançarem e correrem o risco de se afastar como sempre acontecia; mas lá estava ela disposta aproveitar o que enxergava ser sua única fonte de experienciar o amor, mesmo que o destino arquitetasse um fim trágico.
sua respiração falhou com as palavras tão preciosas que saíram da boca de dick, desfazendo-se em lágrimas mais uma vez quando seus mindinhos se encontraram no tipo de promessa que se tornara uma lembrança preciosa para si. visivelmente trêmula, depositou um selar sobre seus dedos unidos antes levá-las ao seu peito sem o medo do passado de revelar até demais com as batidas de seu coração — uma promessa — repetiu baixinho com um sorriso no canto dos lábios, o mais feliz que esboçara nos últimos meses. aproximando-se brevemente de richard, navarro se ajoelhou e depois se sentou no colo masculino, levando suas mãos ao rosto dele para acariciar com leveza seus traços assim como ele fez consigo minutos atrás e então uniu seus lábios num carinhoso e prolongado selar. “eu te amo”, nunca imaginou o quão bom era falar e ouvir tal frase. passando os braços pelos ombros dele, puxou-o para um novo abraço apertado. — eu vou te proteger. confie em mim. — murmurou próximo ao ouvido dele. — não deixarei nada acontecer com você.
DICK says...
dick vinha apenas sobrevivendo desde o dia que se viu correndo pelas ruas caóticas de san diego com suas roupas ensanguentadas e um revólver na mão, cruzando a cidade no modo automático enquanto tentava deixar para trás o que se viu obrigado a fazer com a própria família, sua única esperança de viver se esvaindo junto com a visão do apartamento vazio das navarro. desde então movido unicamente pela fé de que riley estava viva e seu desejo de encontrá-la, a sua falta de um plano sobre o que fazer quando aquele cenário se realizasse falava muito mais do quanto, no fundo, ele já esperava pelo pior. eram tantas coisas acontecendo ao mesmo tempo, tantos sentimentos e emoções o deixando tão sobrecarregado que a única opção viável que seu corpo encontrou foi correr, uma necessidade quase claustrofóbica e inexplicável de sair dali. sua derrota não significava que tinha simplesmente desistido de fugir, porque sua mente ainda trabalhava a mil ao que seu corpo se exaustava, mas foram as palavras de riley que o desarmaram por completo, trazendo mais lágrimas aos seus olhos com a intensidade que ele desejava ficar. seu silêncio prolongado poderia muito bem parecer uma negativa de sua parte, ainda mais com as próximas palavras de riley o fazendo estremecer, grupos passaram a deixá-lo nervoso porque sabia de sua incrível capacidade de arruinar as coisas e causar mais alguma morte era algo que dick não seria capaz de suportar, só de pensar em todo o sangue em suas mãos ele já sentia o nó em sua garganta aumentando e assim apenas dificultando em expressar a sua vontade de nunca mais deixar o lado da garota. richard sempre havia sido suscetível aos desejos de riley, não seria aquilo que diminuiria seu ponto fraco pela garota. – não me deixa ir embora, então. – disse ��baixinho, levando a sua mão livre até as suas palmas unidas, de forma que pudesse envolver a mão dela com as suas duas enquanto buscava o olhar de riley com seus olhos suplicantes. para seattle ou para o inferno, dick iria à qualquer lugar se isso significasse que teria a garota ao seu lado, mesmo que isso o fizesse quebrar a sua segunda regra do apocalipse de permanecer sozinho.
na luta contra todos seus pensamentos negativos, dick nunca imaginaria que seria capaz de resgatar aquele entusiasmo inocente que surgiu em seu peito com o paralelo de riley repetindo o gesto que havia o deixado tão nervoso todo aquele tempo atrás na sala de aula vazia onde se sentiu no topo do mundo pelas visões privilegiadas dos sorrisos da garota, as batidas do coração feminino ecoando pelos seus dígitos conseguindo despertar uma parte de si que ele pensava que nunca mais teria de volta. havia rejeitado toda possibilidade de um dia ser feliz de novo, mas o sorriso de riley mesmo que manchando por suas lágrimas teve o mesmo efeito de um desfibrilador trazendo seu coração de volta à vida com toda a energia que ela irradiava. suas lágrimas daquela vez tinham um teor menos trágico ao que ele se permitia receber o toque da garota, fechando os olhos por alguns instantes para aproveitar as carícias, passando os braços ao redor da cintura dela, suas palmas se encontrando em suas costas. o efeito calmante que ele sempre associou com a presença de riley quando ainda se obrigava a vê-la apenas como uma amiga potencializado quando ela colocou seus lábios nos dele novamente, expulsando da mente do garoto qualquer imagem que não fosse aquela que acontecia no momento. sua natureza afobada o tentava a aprofundar o beijo, mas richard estava mais do que satisfeito com a calmaria do longo selar de seus lábios, procurando repetir o beijo assim que ela tentou se afastar, deixando vários selinhos em sua boca antes de levar a sua destra até o maxilar da garota para assim poder deixar leves beijos por todo seu rosto, onde as lágrimas manchavam sua bochecha, suas pálpebras trêmulas e por fim o topo de sua cabeça antes de voltar e deixar um último em sua boca outra vez, suas palavras anteriores sendo repetidas em cada intervalo entre um beijo e outro para compensar por todas as vezes que ele havia sonhado com aquele momento só para acordar e ter que lidar com a realidade de não tê-la ao seu lado, ao menos daquela vez era diferente, o peso de riley sobre suas pernas sólido demais para ser qualquer coisa além de real. – eu confio. – disse definitivo e com a mais pura sinceridade, levando sua mão de volta para as costas dela para retribuir o abraço na mesma intensidade, o ar deixando seus pulmões de forma aliviada daquela vez com o calor da garota tomando conta de todo seu corpo.
não sabia dizer ao certo quanto tempo durou toda aquela calmaria pouco característica do cenário que viviam, mas depois de certo ponto dick permitiu que sua mão sorrateira se esgueirasse para baixo da blusa de riley, o contato direto com a sua pele lhe acalmando mesmo que sentisse como se cada toque delicado das pontas de seus dedos se igualassem a pequenas descargas elétricas, ele era quase reverente na forma como acariciava as suas costas, percorrendo a extensão da pele da garota que tinha acesso com muito zelo. quando se deu conta, a forma leve que os embalava passou a acompanhar uma breve melodia que dick começou a murmurar depois de um tempo, buscando o ouvido da garota para sussurrar uma parte da letra da música quando conseguiu se lembrar, – my heart hurts so good, i love you, babe, so bad, so bad.
RILEY says...
sonhar com dick na maioria das noites, cantarolar as canções que remetiam a ele, explorar cada bairro visitado em busca do seu rosto e escrever “oma” nas paredes como um sinal de sua presença. diversas foram as formas utilizadas por riley para se manter ligada ao rapaz e à esperança de encontrá-lo, mas em momento algum pensou sobre como seria sua vida ao finalmente tê-lo ao seu lado — sua mente não conseguia se desconectar completamente da sua antiga realidade, então esse episódio sempre se misturava com a fantasia de terem uma vida normal. dessa forma, não fazia ideia de como suas histórias se desenrolariam a partir dali, mas, ao invés do medo conquistar completamente seu corpo com a possibilidade de vê-lo sofrer diante de seus olhos naquela terrível realidade e de o assustar com seus instintos mais violentos, riley se sentia incrivelmente aliviada por recuperar uma parte tão importante de sua sanidade e pelo poder que agora possuía de protegê-lo com as próprias mãos. mesmo que acompanhasse o choro masculino, a morena levou sua mão livre ao rosto de dick para enxugar suas bochechas rosadas das lágrimas que rolavam intensamente, aproveitando o contato para acariciar sua pele com o polegar. no passado, muito provavelmente diria a si mesma que fazia isso apenas para consolá-lo, porém atualmente sabia muito bem que era para tocá-lo, ter o calor emanado dele sob suas digitais, e nunca se sentiu tão sedenta por aquilo. toques não eram algo banal para riley, que durante muito tempo evitou todos os tipos de contatos físicos até mesmo de amigos, mas era diferente agora que o carinho se tornara tão escaço e tinha diante de si a pessoa que foi a fonte de seus desejos mais amorosos antes mesmo do inferno se instalar na terra. tudo era diferente, inclusive riley, que não hesitaria em gritar sobre os próprios sentimentos se fosse necessário. ao ouvir a súplica de dick, navarro mirou os olhos dele com seriedade enquanto apertou a mão masculina num sinal silencioso de que estava li e que o que falava era real. — eu não deixarei. — disse e, após um breve segundo, depositou um selar nas costas da mão dele. a garota precisava de richard e depois de todos aqueles meses separados na constante preocupação e medo, não deixaria que ele escapasse pelos seus dedos tão facilmente.
desde que viu o rosto de dick abatido e atônico momentos atrás, a psique de riley encontrava-se numa difícil missão de separar a realidade da fantasia e cada carícia trocada a fazia voltar no tempo em que eram apenas estudantes do high school: as conversas por sms sendo reproduzidas em sua mente, a lembrança dos sentimentos quentes e confusos se tornando reais em seu corpo, as imagens dos sorrisos brincalhões de dick e a forma inocente como suas mãos se uniam. a garota queria acreditar que o chão em que se encontravam era do corredor ou da escadaria da armstrong onde costumavam (quando permitia) matar as aulas mais inúteis do dia, que estava vivendo o seu antigo sonho de conseguir falar tudo o que sentia por ele e finalmente oficializariam aquela brincadeira idiota de webnamoro, que poderiam levantar e andar de mãos dadas pelo colégio sem medo dos olhares de estranhamento... riley realmente queria acreditar que todos aqueles meses infernais não passaram de um pesadelo enquanto dormia na biblioteca utilizando um dick igualmente adormecido como travesseiro depois de virarem a noite numa ligação. cada beijo depositado pelo rapaz em seu rosto era responsável por uma nova lágrima, pois a dolorosa saudade do que poderiam ter vivido ardia mais e mais em seu peito e seus olhos fechados se esforçava para se manter na agradável fantasia — por mais insano que isso soasse. era tão injusto. um sorriso mais largo que o anterior iluminou os traços femininos com a resposta de richard, aquela sendo a confirmação que precisava para se manter firme na decisão de garantir a segurança dele e preservar todas as boas memórias que guardava como um tesouro.
com o rosto aconchegado na curva do pescoço de dick, riley não chorava mais e ainda o abraçava com firmeza. não fazia ideia de quanto tempo estavam posicionados daquela forma, porém a garota não tinha pressa alguma em interromper aquele momento de paz e tranquilidade que durante muito tempo pareceu ser um cenário impossível devido à constante dose de adrenalina que percorria suas veias. inspirando e expirando com suavidade, navarro distribuía pela pele do pescoço masculino leves carícias com as pontas dos seus dedos, mas seus dígitos pareceram gostar mais de massagear a orelha de dick, logo, passou a delineá-la e a oferecer vagarosos movimentos circulares em seu lóbulo. quando a mão do rapaz invadiu discretamente a sua camisa, uma onda de arrepios percorreu seu corpo, fazendo-a arfar baixo graças ao toque inesperado e gélido sobre sua pele, porém derretendo cada vez mais no colo dele com o carinho que recebia em suas costas e a melodia murmurada. embora sua mente se concentrava em aproveitar o contato de todas as formas possíveis, navarro tentou identificar a canção, seu cenho franzindo brevemente ao acessar suas memórias, mas foi necessário que dick cantasse próximo ao seu ouvido para que recordasse brevemente. — eu lembro dessa. — conseguiu dizer depois de seu coração aquecer com o conteúdo da letra. depois de tê-la ouvido no carro de richard, navarro havia procurado pela canção na mesma noite com o objetivo de conhecer o gosto musical dele, não conseguindo tirar da mente o questionamento de “ele pensa em alguém ouvindo isso?”. não esperava que se sentiria encaixada naquela canção tão bem quanto naquele momento. — oh, my heart hurts so good. I love you... — interrompeu-se propositalmente naquela frase, ainda incrédula sobre leveza que sentia por finalmente ter revelado seu sentimentos. — prefiro quando você canta. — disse com uma fraca risada. umedecendo os lábios, suspirou com tristeza pelo seu lado racional querer se mostrar presente num instante tão especial quanto aquele... não queria retornar à realidade. depois de um longo minuto em silêncio, lutando contra si mesma, riley precisou se render. — temos que voltar ao acampamento... preciso te apresentar ao pessoal. — estava incerta da reação dele, porém depositou um beijo em sua bochecha na tentativa de não quebrar a leveza que carregavam. — vamos?
DICK says...
não era uma tarefa assim tão difícil passar a ignorar boa parte de seus pensamentos negativos uma vez que a névoa de seu ataque começava a se dissipar e ele finalmente tinha discernimento e autonomia sobre seu corpo e mente para escolher focar unicamente nas sensações boas que estar ao lado de riley novamente desencadeava, por tanto tempo ele teve medo de se perder naquele caminho solitário que havia escolhido traçar em sua busca incessante por ela e nos piores dias ficava tudo tão frio que ele mal conseguia reconhecer o próprio rosto em todas as memórias ao lado da garota que guardava com tanto esmero em uma tentativa desesperada de se agarrar ao que restava de sua sanidade. ele tinha plena noção de que a felicidade não era um conceito alcançável quando viviam rodeados pela morte e miséria, as lágrimas femininas quebrando o coração do rapaz ao que beijava cada uma delas com pesar, mas, aquele sorriso o aqueceu por completo, o deixando sem reação por uns bons instantes. --- esse sorriso ---, comentou em um tom bastante leve acompanhado de um breve risinho desacreditado, tendo que desviar o olhar por alguns segundos para fugir de todo o brilho que irradiava da face da garota e colocava seu coração em frenesi. quando voltou a olhá-la foi com a expressão carregada de adoração, como se riley fosse a única responsável por todo o brilho das estrelas no céu, toda aquela mágica concentrada no sorriso que fazia dick não só se sentir como se estivesse mais uma vez no topo do mundo, mas também que talvez eles ainda tivessem a chance de terem ao menos um gostinho da felicidade que mereciam, --- acaba comigo. --- completou baixinho, não se contendo ao levar sua destra à nuca da garota para poder puxá-la para outro beijo. ele sentia que tinha uma grande cota para colocar em dia, cansado de engasgar em todas as suas palavras não ditas e beijos que nunca se concretizaram, toda a dança que haviam feito um ao redor do outro no passado e a sua própria idiotice apenas aumentando a sua frustração, cada toque de seus lábios nos dela só o deixando querendo mais.
mesmo com o incômodo da mochila nas suas costas e a forma como começava a perder a sensação em suas pernas, ele nunca escolheria sair dos braços da menor por vontade própria, pela primeira vez desde o começo de tudo aquilo que finalmente se permitia um momento de calma para poder fechar os olhos e apenas aproveitar a companhia da garota, cada um de seus toques fazendo-o se afundar cada vez mais no aperto dela, sua respiração descompassada daquela vez por motivos totalmente diferentes. era tão fácil se perder naquela bolha que eles se encontravam que dick se pegou imaginando aquela cena em um futuro onde os zombies não apareceram para acabar com as suas vidas, fantasias de como seria quando eles finalmente aceitassem e se permitissem sentir tudo que escondiam, eles aprendendo a amar cada pedacinho do outro, quão gradual seriam as coisas sem aquele cenário trágico que o universo acabou escolhendo para eles. seria a sensação de familiaridade que ele sempre imaginou que teriam no lugar daquele sentimento avassalador que estava fazendo sua cabeça girar o o coração bater como uma sinfonia em seu peito? mesmo em seus devaneios estava atento demais à garota para não notar a quebra do padrão de sua respiração com o seu toque, virando o rosto sutilmente para poder deixar um leve beijo em sua bochecha. --- gelada? -- questionou com um pouquinho de humor, espalmando sua mão nas costas dela em uma breve brincadeira porque sabia que a resposta para a sua pergunta era um sim. mesmo longe do que ele costumava ser, cada vez mais dick passava a se sentir como ele mesmo. ele ainda estava quebrado e traumatizado, mas também tinha riley como incentivo para continuar aguentando mesmo em seus dias ruins, mesmo quando até respirar parecia exigir mais esforço do que o normal, porque agora ele tinha uma razão. a lembrança do dia que aquela música invadiu o sistema de som de seu carro e quase o fez entrar em crise era engraçada agora, principalmente dados todos os eventos que aconteceram naquele dia, como ele se esforçava tanto para ver riley como uma simples amiga e agora para beijá-la só bastava ele virar seu rosto novamente, seus sentimentos finalmente no aberto e, o melhor de tudo, recíprocos; ele nunca sabia o que pensar de riley naquela época, sempre chegando na conclusão de que talvez a afeição que ele queria tanto que ela sentisse fosse apenas coisa da sua cabeça, porque tinha medo de assumir coisas e acabar a deixando desconfortável. como era idiota. ele fechou os olhos quando riley deu continuidade ao verso, estremecendo de forma visível e mal conseguindo conter o sorriso que aflorava involuntariamente em seu rosto, não só pelas palavras dela, mas também pela sua voz, o transportando diretamente para o caótico primeiro dia que haviam saído juntos. --- eu amo a sua voz. --- retrucou, levando sua mão livre até o pescoço da garota só para ter uma desculpa para tocá-la, seu polegar acariciando suavemente a maça do rosto feminina e permaneceu ali quando ela tirou o rosto da curva de seu pescoço, seu corpo já sentindo falta daquele ponto de contato entre eles.
mesmo que visivelmente voltando a ficar tenso, o garoto apenas assentiu dócil diante da ideia de conhecer o resto do grupo, ele sabia que não eram muitas pessoas pois havia os visto juntos de longe, mas isso não mudava o fato de que ele era a pessoa que até então estava ali para saqueá-los. segurou o quadril de riley para evitar que a garota se levantasse por um momento, fazendo um gesto para que ela esperasse um pouquinho enquanto ele, com um pouco de dificuldade, tirava a mochila batida das costas e a colocava entre os dois. ela estava especialmente vazia por só ter conseguido pegar duas latas de alimento antes de ser encontrado por riley, não hesitou em devolvê-las para a garota mesmo que seu estômago protestasse com um alto ronco diante do que era pra ser a sua primeira refeição em dois dias sendo devolvida de forma tímida, bastante envergonhado de sua atitude e da forma que havia aprendido a sobreviver. --- desculpa. --- disse baixinho, sem levantar o rosto para olhá-la enquanto revirava alguns bolsos internos da mochila só para ter o que fazer, já que ele sabia muito bem onde estava o que procurava. sem enrolar mais, tirou a fita das fotografias deles, estendendo na direção de riley como se lidasse com um tesouro. --- se eu não puder ficar, eu quero que você tenha isso. --- só então se permitiu levantar, ajudando riley primeiro para depois usar a parede como apoio, aproveitando os breves momentos para esconder uma lágrima teimosa que havia escapado com a ideia de ser obrigado a se separar dela novamente. quando se pôs a andar, imediatamente buscou a mão de riley, entrelaçando seus dedos, inconsciente na forma que tentava ao máximo adiar aquilo.
quando alcançaram o saguão dick soltou a mão de riley apenas para que pudesse levantar as suas duas mãos em rendição quando avistou o grupo. sabia como estranhos eram vistos entre pequenos grupos, por isso tentou evitar qualquer resposta mais hostil à sua presença ao adotar uma atitude mais comedida, calculando cada um de seus passos até estar próximo o suficiente deles para começar a se desarmar em outro sinal de sua rendição. a primeira coisa que fez foi tirar o revólver de sua mochila e colocar os dois itens no chão antes de começar a se livrar das seis facas que tinha escondidas em suas vestes e botas, um soco inglês e um kit improvisado de lockpicking. houve um pequeno curto-circuito em seu cérebro quando ele finalmente ousou olhar para as pessoas ali, travando totalmente quando reconheceu a figura de senhorita navarro, derrubando seu ato para se curvar respeitosamente na direção dela ao que murmurou seu cumprimento educado na direção da mulher. quando voltou seus olhar para riley, era implorando por sua ajuda, porque aquilo talvez não fosse algo que ele tinha a capacidade de lidar sozinho.
RILEY says...
mesmo que em breve precisaria encarar o caos em que viviam, riley permanecia de olhos fechados se esforçando para permanecer imersa no mundo que agora era uma distante memória enquanto seu semblante carregava símbolos tão duais: as tristes e saudosas lágrimas e um feliz sorriso. podia estar inserida num inferno apocalíptico, mas ao menos teria dick ao seu lado para proteger o precioso pedacinho de seu passado e ressignificar a felicidade naquele hostil ambiente. negando-se sair dos corredores da armstrong, foi necessário o complemento de dick sobre seu sorriso para que abrisse os olhos e fosse surpreendida pelo caloroso olhar masculino, capaz de descompassar sua respiração e a fazer sentir borboletas no estômago — um sentimento que pensou que perdera completamente, mas era incrível como o rapaz sempre conseguia despertar as mais diversas sensações em si. sem saber como expressar todo o calor em seu interior, navarro apenas levou suas mãos aos cabelos de richard para perder seus dedos por entre os fios encaracolados e permitiu que seus lábios se unissem mais uma vez. era cômico pensar que há um tempo nem sequer tinha a coragem de manter seus rostos próximos sem entrar num verdadeiro pane e agir desajeitadamente em busca de uma distância julgada como segura só para não fantasiar sobre seus beijos, porém lá estava riley amando aquele contato tão carregado emotivamente. permitindo que o beijo se aprofundasse no lento ritmo, tentava falar tudo o que ainda se encontrava preso em sua garganta e não sabia como expressar em palavras enquanto seus dedos se fechavam em frouxos punhos e, consequentemente, puxando os fios do garoto timidamente como se isso o impediria de fugir. richard era simplesmente tudo o que queria e precisava.
eram momentos exatamente como aquele que navarro se encontrou sonhando durante tantos meses: ter seus corpos encaixados carinhosamente, sentir o calor acolhedor as digitais masculinas passeando inocentemente por seu corpo. a bolha que os inseria a fazia esquecer com facilidade de absolutamente tudo o que acontecia ao seu redor, como se só existisse os dois naquele universo e finalmente poderiam ser dick e riley do passado. um novo arrepio atravessou sua espinha com a mão gelada do rapaz espalmada em suas costas, a divertida pergunta dele a fazendo rir baixinho e, aproveitando que tinha sua destra acariciando o lóbulo dele, puxou fraco sua orelha para repreendê-lo. — idiota. — sua voz saiu suave, pois nunca o chamou daquela forma com o objetivo de ofendê-lo, muito pelo contrário, e não existia mais razões para se esconder através de falas rudes ou agressivas. e, caralho, como era bom ser sincera daquela forma. escondendo o rosto no pescoço dele, abriu um bobo sorriso só pelo conforto de estar daquela forma com o dick e voltando aos poucos a se sentir como uma adolescente normal, mesmo que não fosse durar por muito tempo. acostumada a ter respostas e reações na ponta da língua, riley se achou mais uma vez sem saber o que falar graças ao comentário dele, então depositou um selar na pele masculina como resposta e voltou a fechar os olhos se permitindo experienciar os efeitos que as palavras causaram em si. a música sempre foi sua válvula de escape, mas como os sons atraíam os zumbis, instrumentos se tornaram itens proibidos pelo grupo de sobreviventes e cantar se tornou sua nova forma de desabafo, murmurando algumas canções quando precisava chorar, extravasar a raiva e até mesmo se aliviar do pânico que corria por suas veias com constância. por ter se tornado uma atividade íntima demais para si, aquela era a primeira vez que cantava com alguém e seu peito aquecia por ser exatamente com a pessoa a quem a maioria das músicas se referiam. estourar a bolha para retornarem a realidade foi difícil.
com a silenciosa resposta positiva, riley estava pronta para se levantar quando as mãos em seu quadril e o gesto de dick a impediram, não escondendo a curiosidade presente em seu olhar ao vê-lo levar a mochila ao curto espaço de seu colo que os separava. percebendo que a bolsa estava praticamente vazia, ter as latas de comida devolvidas fez seu peito apertar, pois a fez questionar sobre a forma como dick levou a vida até o momento, além da reconfortante honestidade que ainda existia nele apesar de tudo. — não precisa se desculpar. você só fez o que precisava fazer. — navarro tinha noção que o julgamento entre o que era “certo” e “errado” se tornara nebulosa, porque, no fim, todos tinham um mesmo objetivo: sobreviver. — obrigada. — murmurou voltando sua visão ao garoto, que ainda procurava algo na mochila. imaginando que se tratava de algum outro item furtado, os olhos de navarro se arregalaram ao ver a conhecida tira fotográfica ser retirada do interior e estendida em sua direção, abandonando ambas as latas no chão para pegar a foto como se pegasse uma peça de porcelana frágil. a garota precisou controlar a própria respiração para evitar chorar mais uma vez diante do mais alto, mas não pôde evitar seus olhos de marejarem. — você também foi na minha casa? — a lembrança de ir à casa de richard e toda a dor que sentiu ao não encontrá-lo por lá voltou em sua mente. levando seus dedos trêmulos ao canto de seus olhos, livrou-se do acúmulo de lágrimas antes que fosse tarde demais. — guarde nas suas coisas, porque você vai ficar comigo. — disse séria devolvendo-o a tira, que escondeu desde que saíram na cabine por acreditar que revelava demais o que sentia. se o motivo dele para retornar a foto era para que possuísse alguma lembrança dos dois antes de sua possível partida, riley não aceitaria, pois não o deixaria ir embora. — e eu também tenho algumas coisas para te devolver. — revelou antes de pegar as latas para se levantar e o ajudar a fazer o mesmo. também buscando a mão masculina, navarro apertou-a quando seus dedos se entrelaçaram. — você vai ficar comigo. — repetiu baixo antes de seguirem de volta ao acampamento.
cada passo dado em direção ao saguão era um passo para fora da fantasia criada por sua mente minutos atrás, o comum peso voltando aos seus ombros à medida que reconhecia o ambiente sujo e mal iluminado em que estavam. bem-vinda de volta à realidade. não foi uma surpresa para riley ver o grupo visivelmente preocupado consigo ao ser a primeira a sair das sombras, mas o semblante abatido de sua mãe se converteu em confusão quando dick se revelou enquanto as armas dos homens do grupo rapidamente foram sacadas e direcionadas ao rapaz. “que porra, riley! quem é esse cara?” questionou jack visivelmente aborrecido. — ‘tá tudo bem. — tentou assegurar, mesmo que o mais alto fizesse de tudo para se mostrar como rendido. quando jade retribuiu desajeitadamente o cumprimento de richard, a mais nova até se permitiu rir fraco sem muito humor por relembrar da promessa de os apresentar antes da chegada do fim do mundo. bem, antes tarde do que nunca. — esse é richard… — pousando sua mão livre no ombro masculino, completou. — meu namorado. ele ficará conosco a partir de agora. — sua resposta incisiva foi responsável pelos olhares confusos de todos. uma discussão desgastante aconteceu em seguida e jack insistia que não existia espaço para mais pessoas no grupo, mesmo após navarro fazer questão de relembrá-lo do episódio que ele tentou acolher uma desconhecida por ter outras intenções. os outros integrantes foram bastante passivos, apenas concordando e discordando do caçador silenciosamente, especialmente jade — e isso foi algo que incomodou bastante a morena. — se sua preocupação é a porra da comida, eu divido a minha com ele. — deu uma solução, colocando as latas no chão e as fazendo rolar na direção do homem com o auxílio do pé. — se ele não poder ficar, eu também não fico. — disse com a voz falha buscando a mão de dick, porém essa atitude foi suficiente para que sua mãe quebrasse o silêncio e dylan se juntasse a ela para tentar apaziguar a discussão. “’tá, ele fica. mas você terá que dividir sua água e comida com ele por enquanto. não temos o suficiente.” anunciou o policial e automaticamente se tornou alvo de jack, que passou a brigar na tentativa de mudar a cabeça do homem e percebendo que a decisão já havia sido tomada e concordada pelos demais, se afastou irritado berrando obscenidades. aquele momento de tensão durou mais um longo minuto, todos os olhares mirando o casal enquanto riley tentava manter uma postura firme até dylan ter a iniciativa de se aproximar. “então você é o cara que riley me falou?” estendeu a mão na direção de dick. “seja bem-vindo. mas saiba que se você fizer alguma merda, aquele cara lá acaba com você.” disse com um sorriso debochado. — acaba nada. — corrigiu navarro antes de perceber o olhar de jade sobre si que claramente significava um “depois conversamos”. — nós vamos ajudar nas buscas. — riley disse a dylan agachando para recolher parte das coisas de richard do chão. — iremos ao terceiro andar. — o homem concordou com um suspiro e se afastou para guiar os demais do grupo, mas antes depositou algumas tapinhas nas costas de dick.
DICK says...
sem a urgência do primeiro beijo trocado por eles diante do reencontro carregado e todas as emoções que seguiram, dick imaginou que talvez aquela fosse a razão pela qual havia sobrevivido por todo aquele tempo mesmo quando todas as chances pareciam estar contra ele, de forma alguma sua vida estaria completa sem aquela experiência que era ter riley em seus braços porque aquele devia ser o próprio gosto do céu, seus dígitos na nuca feminina deixando carícias para trás em um total contraste com a forma que sua mão livre envolvia a cintura dela em busca de uma aproximação ainda maior, peito-a-peito, mas ainda não parecia ser perto o suficiente. aquele contato que o garoto sempre adorou nunca foi tão íntimo e nem toda a prática havia lhe preparado para a completa paixão em sua forma mais pura que tomava conta de cada deslizar de seus lábios contra os de riley, sua mente funcionando quilômetros por segundo com a forma gradativa que aprofundava o contato até se transformar em pura estática diante da firmeza das mãos da garota em seus fios, tirando de richard um suspiro pesado, capturando o lábio inferior dela em um mordiscar em revida, seu sorriso carregando uma qualidade quase dopada ao que se afastou minimamente, permitindo que seu nariz roçasse contra o dela de forma carinhosa. o paradoxo de como foi preciso a chegada do inferno na terra para ele finalmente encontrar aquela paz de espírito que sentia ao lado de riley não estava perdida em sua mente, que vez ou outra fazia tentativas de arruinar aquele escape da realidade deles, pensamentos tóxicos que tentavam envenená-lo com a ideia de que aquilo era passageiro e que o melhor era ele desistir o quanto antes. exceto que richard lee não era nada se não teimoso ao ponto de ser irritante, estar longe de riley doía em um nível físico e ele não queria sentir aquele vazio nunca mais, estava apavorado, era verdade, mas também havia ganho um novo senso de propósito, lutar por sua vida não parecia mais um peso se fosse fazê-lo ao lado de riley, passava a ser um privilégio pelo simples fato dela permitir que ele se tornasse uma presença fixa pelo resto de seus dias. nem o carinho transformado em punição foi capaz de amenizar os efeitos da familiaridade que ser chamado de idiota pela garota trazia, lembranças de momentos leves que nunca teriam de volta lhe enchendo de uma nostalgia melancólica porque ainda doía admitir que, mesmo ele disposto a tentar, as coisas nunca mais seriam tão fáceis como eram. — jokes on you, agora sou seu idiota. — se permitiu brincar, deixando logo após um beijo no canto de sua boca porque agora ele podia ceder às suas vontades sempre que fitava os lábios femininos e aquele era um pensamento bastante reconfortante. ele bem que tentou não se sentir desapontado pelo fim daquele momento mágico que se aproximava com uma velocidade desagradável, o garoto tentava se reconfortar com o fato que ele devia estar satisfeito só de ter tido aquela oportunidade, então aproveitou os últimos momentos de calma levando seu tempo ao explorar as costas da garota com seu tato, categorizando mentalmente as sensações e cada detalhe que sentia, chegando a conclusão de que aquela intimidade carinhosa talvez fosse um de seus aspectos favoritos da proximidade.
não que eles estivesse esperando que riley fosse desaprovar seu método de sobrevivência, mas ele também definitivamente não esperava que aquela compreensão viesse assim logo de cara quando ele próprio se sentia quase um verme quando pensava em tudo que já havia feito, exatamente como um parasita se apropriando do trabalho duro dos outros apenas com o seu desejo egoísta de sobrevivência na cabeça. ele queria esconder toda a miséria que aquela forma de viver havia lhe trazido que ficava evidente na única parte de si que sempre foi mais honesta do que ele gostaria de admitir: seus olhos. mas também precisava se certificar que havia escutado direito e que não havia desgosto na expressão de riley porque aquilo só o quebraria ainda mais. quando a fitou, foi com apreensão. — eu não tive escolha. — ninguém teve muita escolha, mas ainda assim ele sentia que tinha que se justificar em sua vergonha. não demorou muito para olhar para baixo de novo, suas mãos indo cada uma para uma coxa de riley, seus polegares acariciando-a inconscientemente enquanto lutava contra as imagens do apartamento vazio de riley, tudo que fez foi assentir brevemente diante de sua questão, só captando as implicações que aquele também tinha na pergunta de riley depois e foi aí que levantou a cabeça rapidamente, seus olhos alarmados ao fitá-la. — também? riley… me diz que você não foi lá em casa, por favor… — suplicou, sua destra cobrindo a sua boca para conter a náusea só de imaginá-la diante da cena que ele havia deixado para trás na mansão. ainda com a imagem perturbadora em sua mente, não teve a dignidade de respondê-la de imediato, preferindo acreditar cegamente em suas palavras ao pegar a fita novamente em suas mãos, deixando um beijo sobre a imagem da garota na foto como fazia sempre que se pegava olhando-a nas noites que não conseguia pregar os olhos por nada, segurou a fita contra seu peito quando se inclinou para frente para deixar um selinho rápido na riley de verdade. — eu vou ficar com você. até o fim. — reassegurou, voltando a guardar as fotos em seu lugar especial. — tem, é? — questionou com o cenho franzido, aquela nova informação o deixando dividido entre se sentir contente por ela ter algo para se lembrar dele e aflito por imaginar ela na mesma situação que ele, imaginando todas as noites se aquilo seria o último pedacinho dela que teria.
a forma definitiva como riley havia se expressado e o aperto em sua mão foram o suficiente para ele enterrar todo seu nervosismo e lutar para manter a persona calma e coletada que havia construído e se transformava sempre que tinha que lidar com outras pessoas, mas bastou a imagem de sua antiga professora de literatura para ele voltar a ser o adolescente assustado que tanto havia tentado esconder naquele momento decisivo. ele estava pronto para dizer alguma coisa depois da apresentação, despertando com o toque da garota em seu ombro, mas fora pego de surpresa pelo uso do substantivo por riley que o fez engasgar com a própria saliva, nem o choque sendo capaz de apagar seu sorriso carinhoso ao mirar seu olhar rapidamente na direção da mais baixa antes de tentar se recompor. ele odiava a forma como as pessoas ali falavam dele como se dick não estivesse presente, mas ele também não conseguia fazer nada a não ser escutar tudo de cabeça baixa como uma criança levando uma bronca, suas mãos cerradas em punho, as unhas curtas marcando as suas palmas em uma tentativa desesperada de não quebrar ali na frente de todo mundo. ele não podia nem culpar o homem, porque mesmo que não fosse cruel, dick provavelmente teria as mesmas oposições que ele caso fosse responsável por outras vidas, ele tinha todo o direito de estar desconfiado e relutante. a forma como riley brigava pela sua permanência ali o deixando aflito por medo da garota acabar falando alguma coisa que se arrependeria e… com um suspiro pesado e sem nem pensar duas vezes ao segurar a mão dela e apertá-la em suporte, concluiu que havia pensado tarde demais, a última coisa que queria era que riley fosse submetida aos perigos que ele havia passado sozinho lá fora, principalmente depois da demonstração do quão protetivo seu grupo era. ele estava pronto para contestar o que a garota havia dito e aceitar que a solidão talvez fosse o seu destino quando se viu mais uma vez surpreendido, dessa vez quando o outro homem se pronunciou com o que parecia ser o veredito final, fazendo com seu seus joelhos quase cedessem ao que teve que dar um pequeno passo para o lado de riley para não perder o equilíbrio por completo, levou suas mãos unidas até o seu rosto para deixar ali um beijo contra o dorso da mão dela, fechando os olhos com força enquanto tentava encontrar a sua voz e quando o fez, passou o olhar hesitante por todos ali antes de falar, seu tom leve quase sendo engolidos pelo novo escândalo daquele que parecia repudiar a sua presença, — eu posso ir atrás da minha própria comida, eu estou sozinho, é o que eu venho fazendo desde o primeiro dia. — foi o que pôde oferecer, não queria ser um peso e muito menos diminuir as porções que já sabia serem escassas. ele ainda sentia as palmas suarem e tremerem sutilmente diante de toda a tensão, seu sorriso para o homem que se aproximou estava longe de estar em toda a sua capacidade cegante, mas deu seu melhor para soar o mais cordial possível, aceitado o seu aperto de mãos ao que mirava um olhar com um indício de diversão na direção da garota. — então ela falava de mim? — mesmo que se tratasse de uma brincadeira, tinha uma leve curiosidade por trás de sua pergunta. não demorou para agradecer o homem pelo voto de confiança, assentindo veemente diante das palavras dele, engolindo a seco antes de se pronunciar, — vou andar na linha, eu não quero perder isso. — mesmo tendo dito de forma bastante ambígua, esperava que a garota entendesse pelo leve aperto de sua mão que ele estava se referindo à coisa mais preciosa que havia ganho naquele dia: o privilégio de sua companhia e tudo mais que estava envolvido no pacote namorado. por deus, mal podia acreditar que ela havia derrubado aquela bomba em seu colo em um momento como aquele. se abaixando também para pegar a sua mochila e ir colocando tudo ali dentro, esperou apenas riley colocasse os itens  que havia pego ali também para se levantar e tomar a sua mão mais uma vez, se curvando respeitosamente na direção do homem ao que o agradecia no mínimo mais umas três vezes.
ele deixou que riley os guiasse e quando se viu longe o suficiente e oculto dos olhares do resto do grupo, soltou a mão da garota para poder se apoiar contra a parede mais próxima, abaixando a cabeça para lutar contra a náusea deixada para trás depois daquele nervosismo todo junto com a sensação avassaladora de alívio. ainda respirando com um pouco de dificuldade e precisando do apoio da parede, buscou o calor de riley com os olhos fechados, a puxando delicadamente pelos ombros quando a encontrou, encaixando seu rosto na curva do pescoço da garota apenas para que pudesse deixar ali escapar um riso. — acho que finalmente saímos da fase do webnamoro. — brincou, todas suas emoções conflitantes sobre aquele dia bem claro em sua voz trêmula. — minha mãe ficaria orgulhosa de mim. — disse mais baixinho, bomi adorava a garota, só era uma pena que… merda, pare de pensar! justamente em uma tentativa daquilo, resolveu esclarecer outro ponto que o deixou desconcertado lá atrás, — caralho, a srta. navarro?! — afastou-se apenas para que riley tivesse visão de sua expressão traída pela falta de aviso, o olhar perdido por alguns instantes ao que seu cérebro, ineditamente, começava a ligar as coisas. — ela é a sua mãe, né? — concluiu, seus ombros caindo em derrota. — se ela não me odiava antes… agora eu ‘tô com vontade de correr.
RILEY says...
sua relação com beijos sempre foi bastante complicada e a falta de sensações foi suficiente para que não sentisse tantas saudades dessa interação durante os meses em que vagou juntamente com o pequeno grupo de sobreviventes. entretanto, ao ter seus lábios finalmente deslizando sobre os de dick, riley pôde perceber o quão sedenta estava por saborear a boca masculina e desvendar a doçura dos sentimentos compartilhados e, assim, quebrando naquele instante sua opinião sobre beijos prolongados serem tediosos, pois a explosão de emoções tornava o momento mágico. concentrando-se em todos os efeitos positivos, navarro puxava o corpo masculino contra o seu da mesma forma como dick o fazia e mesmo sendo capaz de sentir o calor exalado por ele, nenhuma proximidade física parecia suficiente para suprir todo o período em que estiveram separados. ouvir o suspiro pesado do mais alto e ter seu lábio mordiscado foram responsáveis por um breve arrepio inesperado em seu corpo e o tímido nascimento de uma diferente curiosidade fez seus dedos se tornarem tentados a arrancar uma nova reação no garoto, mas eles foram abafados pelo carinhoso roçar de seus narizes e a fantástica visão que agora tinha do semblante leve de richard. nunca imaginou que vê-lo carregando uma expressão tão abobalhada seria capaz de aquecer seu peito e intensificar as afetuosas sensações em seu estômago — poderia facilmente passar horas apreciando seus traços. apesar de constantemente se machucar fantasiando sobre as possíveis consequências de atitudes que nunca tomou, riley agradeceria a partir daquele segundo sobre como suas histórias foram originalmente escritas, porque não dá para sofrer de saudades de algo que nunca viveu e, deus, seria pesado demais relembrar aquela sensação acreditando que nunca mais a teria. a brincadeira de dick acabou com todas as palavras presentes em sua mente e sua boca entreaberta curvou-se brevemente num discreto sorriso surpreso, pois em momento algum previu que aquele conjunto de palavras a atingiria tão certeiramente. — meu idiota? — repetiu mais pelo intuito de o ouvir repetir aquela afirmação do que se certificar. depois de tudo o que passou, navarro tinha a certeza de que conseguiria (e desejava) carregar o peso semântico daquele adjetivo. depositando um novo beijo na curva do pescoço masculino, a garota voltou a se acomodar ali para aproveitar a calmaria que ainda existia — e que estava próxima de se desfazer.
furtar era desonestidade de fato, mas quando o sistema em que costumavam viver havia caído e se tornou necessário assumir os instintos animalescos para sobreviver, esse julgamento não parecia fazer mais sentido. “ter em mãos” agora definia o que era ou não seu, então tirar algum item de uma bolsa jogada era praticamente a mesma coisa de pegar algo de uma casa ou loja abandonada. sem falar que o fato do rapaz ter vivido sozinho até o momento era motivo de admiração para riley, que não conseguia se visualizar sobrevivendo de maneira individual. — eu sei. você estar vivo é o que importa. — tentou oferecê-lo um olhar acalentador, mas a interação não durou muito tempo graças ao tópico seguinte. com a visão recaída nas mãos de dick, que depositavam um carinho sutil em suas coxas, a imaginação de navarro explorava as hipotéticas reações do garoto ao ver seu apartamento vazio e todos esses possíveis cenários fizeram seu estômago revirar e seu corpo tremer ao relembrá-la das sensações experienciadas quando foi checá-lo. a cena ainda a assombrava e muitos de seus pesadelos envolvendo o mais alto estavam conectados com a residência, mesmo que atualmente já vira coisas piores — mas essa tinha uma grande carga por ter sido sua primeira vez numa situação semelhante. — sim. — respondeu breve, precisando respirar fundo e balançando a cabeça curtamente para tentar afastar a memória. — depois de ter visto aquilo, eu fiquei com medo de revirar a casa e te encontrar. estava com medo de te encontrar daquele jeito. — revelou passando a canhota pelos olhos e a deslizando até o próprio pescoço, agarrando a gola da própria camisa angustiada. com a imagem perturbadora em sua mente, riley não prestou atenção quando o rapaz beijou a fotografia, mas voltou à realidade com o selar depositado em seus lábios. sim, dick estava ali e não na mansão... precisava manter isso em mente. passando os dedos pelos próprios fios escuros, riley buscava se tranquilizar com o próprio tato, porém olhar ao moreno que agora estava diante de si pareceu ser suficiente. realmente gostaria e lutaria para ter a companhia dele até o fim. — tenho. — embora o assunto anterior ainda pesasse o ambiente, permitiu-se sorrir curtamente enquanto suas mãos iam ao tecido do casaco moletom que vestia. — aparentemente você não reconhece mais suas roupas, huh? — disse de maneira petulante, fechando o zíper da peça até o topo. --- a outra... — tirando uma das alças de sua mochila e a levou para sua frente a fim de retirar o objeto que se encontrava em seu fundo. o volante de badminton. — você não tem ideia do esforço que foi manter isso aqui branquinho. — comentou numa soturna brincadeira.
riley entendia a preocupação dos outros perante a sua decisão individual de que dick, um desconhecido por muitos, se juntaria ao grupo, mas ela não engoliria todos os argumentos jogados por jack, especialmente quando ele assumia uma postura tão hipócrita. tinha consciência da enorme contribuição que o homem havia dado com seu conhecimento e porte de armas, mas todos ajudavam de alguma forma e isso não tornava suas opiniões menos relevantes — o problema era que queriam retribuir dando-o poder, mesmo que não gostassem, só para acariciar o ego dele e não o ver partir junto com alguns armamentos como uma criança mimada. entretanto, riley em momento algum relaxou na frente dele e não faria o mesmo quando se tratava de richard, porque estava decidida: ele ficaria. felizmente, sua ameaça de partir surtiu o efeito esperado, pois a menina sabia que isso mexeria com sua mãe e, consequentemente, o dylan que parecia nutrir algo por ela. a morena não considerava essa uma jogada suja, mas sim necessária. sem falar que navarro tinha ciência de seu próprio valor naquela equipe e que a perder dificultaria as coisas. “então será dessa maneira por enquanto.” concordou dylan sobre a sugestão de dick em procurar seu próprio alimento, uma ideia que não contentou muito riley e que num futuro próximo seria externado através de sua teimosia. a fala do policial pegou a morena de surpresa, que desviou o olhar do dick quando ele passou a encará-la após a notícia. “sim, mas acho que podemos conversar sobre isso quando ela não estiver por perto.” o homem falou oferecendo uma piscadela para a mais nova enquanto depositava uma tapinha no braço de richard. a verdade era que dylan foi quem a salvou do mercado meses atrás e acompanhou suas impulsivas atitudes de procurá-lo, além dos surtos de tristeza — esse também sendo um forte motivo para concordar com sua adesão, pois sabia que não era qualquer um e pelo olhar que riley carregou, era o rapaz que a garota “ tanto se referiu. “estarei de olho.” foi a última coisa dita pelo policial antes de se afastar.
com todos os itens guardados devidamente na mochila de dick e suas mãos mais uma vez unidas, riley os guiou ao corredor das escadarias para fazerem o que havia proposto: irem ao terceiro andar à procura de suprimentos. claro que sua decisão de irem ao piso ainda não explorado foi influenciada pela discussão de minutos atrás, além de ser uma tentativa de amenizar o ambiente mostrando, à grosso modo, uma utilidade ao rapaz, mas também queria ver aquela como uma oportunidade de se afastar do restante do grupo e se aliviar de todo choque emocional que viveu em pouquíssimas horas, que era evidenciado por suas mãos visivelmente trêmulas. quando richard a soltou para se apoiar na parede, tornou-se claro para navarro que o estresse também havia mexido com ele. — está tudo bem agora. — afirmou, todavia, questionava-se se falava isso para tranquilizar o rapaz ou a si mesma. independentemente da intenção de suas palavras, o pior havia passado e isso trouxe um extremo alívio. sendo puxada e tendo dick acomodado em seu pescoço, riley levou sua canhota aos fios castanhos dele para afagá-lo num delicado carinho reconfortante, porém o riso dele a interrompeu e a fala seguinte fez seu coração palpitar. a adrenalina percorria tão intensamente seu corpo que as palavras escapavam sem filtro algum de sua boca ainda que cada uma possuísse sua funcionalidade e o rotular como “namorado” servia para evidenciar ao grupo o laço emocional que possuíam um pelo outro, apesar de nunca ter sido descrito de tal maneira. — como a internet caiu, precisei fazer alguma coisa. — retribuiu a brincadeira após alguns segundos silenciosa e sorridente. era estranha a sensação de se sentir bem com algo tão inocente quanto um namoro, principalmente quando tudo era tão sombrio. bem, não podia sabotar essas gotas tão doces de felicidade. entretanto, seu sorriso se desfez com o comentário seguinte sobre bomi, a imagem dela ensanguentada surgindo em sua mente como um infeliz flash. a garota fechou os olhos com força enquanto encostou suas cabeças tentando se manter no presente. — ficaria, mas não por minha culpa. — disse depositando um beijo no rosto dele. quando dick se afastou surpreso pela revelação de jade ser sua mãe, riley passou a encará-lo com divertimento, julgando o assunto como uma ótima forma de se distraírem. — não era assim que eu planejei apresentar vocês dois, mas é ela sim. — riu fraco assistindo o semblante confuso do rapaz. — você não era o aluno preferido dela, né? — questionou maneando a cabeça achando graça, mas logo buscou as mãos dele para entrelaçar seus dedos sem a antiga timidez. — apesar de eu quase saí do grupo por sua culpa, jade vai gostar de você, porque ela confia em mim e também não sou de ficar louca ou de namorar com qualquer um. — riu fraco mais uma vez. — e, hm, você está dentro das duas categorias. um verdadeiro combo.
TO BE CONTINUED
1 note · View note
lovzheals · 2 years
Text
a carta que você provavelmente nunca vai ler
você veio de uma forma avassaladora e ao mesmo tempo da forma mais leve que poderia existir, me apresentou um lado do amor que eu nunca tinha nem chegado perto, fez meu coração bater de um jeito que nunca bateu, e provavelmente nem baterá. Fez meus olhos brilharem e minhas mãos tremerem só de pensar no grandioso momento em que nos encontraríamos e finalmente nos tocaríamos, o momento em que eu poderia deitar no teu abraço sabendo que nunca mais precisaria sair de lá. O momento em que os nossos lábios iriam se encontrar e seria o início do resto das nossas vidas. Nunca me preocupei com o tempo e nem tive pressa, porque sabia que tínhamos o resto dos anos aqui na terra e ainda a eternidade pra não desgrudarmos. Porque esse era meu maior e mais pulsante desejo, estar ao teu lado todos os dias da minha vida.
Você, apenas com palavras escritas e gigantescas ligações de vídeos, fez com que eu deixasse todas as minhas inseguranças e amarras e seguisse correndo pra te entregar meu coração e todo o meu amor, e não tinha um resquício de medo sequer.
Me senti como nunca antes, amada, única, pura. Me senti merecida e digna de tudo o que você me ofereceu. Não havia até então sentido isso em toda a minha vida, pois minhas inseguranças e traumas sempre foram maiores. Você arrancou todos eles com um toque de amor, sem esforço grande. Me fez olhar pra mim mesma com outros olhos e a me amar mesmo com todas as imperfeições, pois você amava todas elas também.
Eu nos via casando, montando nossa casa, viajando, e nos descobrindo. Juntos. Só você e eu. E eu sabia que não precisaria mais nada.
Nos via criando uma família, e te via como o pai mais amoroso e atencioso que meus filhos poderiam ter, a essência de amar as crianças estava em você e isso fazia com que eu me apaixonasse cada dia mais. Você sabia do meus desejo de gerar vida e queria mais que tudo fazer parte disso.
Sabia que você seria um marido perfeito e um pai mais perfeito ainda, sabia que cuidaria de nós não importa o que ocorresse.
Você me olhou com olhos de amor, paixão e proteção. Você conheceu o mais fundo das minhas emoções e despiu a minha alma. Você foi casa, foi segurança, foi família, foi amigo, foi o amor da minha vida.
E hoje eu escrevo tudo isso no passado, porque foi isso que viramos, um amor passado. Um amor que nunca aconteceu, um encontro que nunca aconteceu.
Não porque eu não quis, eu te quis com todas as minhas forças até o fim. Mas porque descobri que só o amor não bastava para ter um relacionamento . Te perdoar foi fácil, pois quem ama perdoa, e como já enfatizei, nunca amei alguém como te amei. Eu só não consegui manter, não consegui me desvincular da tormenta que caiu sobre nós, e em meio a ela, naquela semana onde não conversamos, Deus veio com a resposta final, me dando coragem e estruturas pra terminar com a pessoa que eu mais amava no mundo. Foi somente pelo cuidado dEle que consegui passar por tudo isso.
Sei que você saiu machucado, sei que eu poderia ter feito muito mais. E sinto muito por isso.
Tinha esperança de que nos reencontraríamos algum dia, talvez sem querer, e nossos olhares se escolheriam novamente, com a mente diferente, com pensamentos maduros. Acreditei fielmente nisso, mas hoje essa esperança não cabe mais aqui, pois te vejo feliz com a menina que roubou seu coração.
Te vejo fazendo planos e cuidando dela, com o seu jeito protetor e amoroso. Te vejo apaixonado por ela. E ela não sou eu.
Por mais doloroso e dilacerante que seja ver isso, o meu coração quer te ver feliz, realizando seus sonhos e sendo tudo aquilo que Deus planejou pra você. Quero te ver plenamente realizado. Mesmo não sendo eu a mulher que estará ao seu lado.
Porque sim, eu ainda te amo e ainda te admiro. A esperança que precisa morrer ainda permanece em meu coração.
Eu só queria saber que você está plenamente realizado e feliz, pra conseguir seguir. E talvez, só talvez, me desvincular totalmente do amor que sinto por você.
1 note · View note
ameelhorpartedemim · 5 years
Text
Apesar de ser uma pessoa super ansiosa e imediatista, eu sempre acreditei que Deus tem o tempo certo para tudo! E que Ele age na hora que tem que agir, quando estivermos “prontos” para receber aquilo, para que quando vier, seja uma benção nas nossas vidas.
Ao mesmo tempo eu sempre pedi a Deus para te ter mais perto de mim, para que a gente tivesse a oportunidade de viver o que a gente sempre quis, o que eu sempre sonhei mas que a distância nos atrapalhou a vida toda.
Foram quase 7 anos pedindo a Deus um direcionamento a seu respeito. Nesses 7 anos passamos de uma distância de 150km (Brasília x Anápolis), chegamos a uma distância de 6795km (Brasília x New Jersey) e hoje moramos a 550km (Brasília x LEM) de distância. Distância essa que sempre nos foi um empecilho mas como eu sempre te via feliz, realizando os seus sonhos, conquistando a sua colocação profissional que sempre foi um dos nossos objetivos principais eu ficava feliz também, estamos crescendo profissionalmente né. Te ver crescer no mundo da aviação sempre foi uma realização pra mim, de forma que diminuía a saudade, em pensar “poxa ele está tão realizado, que acho que faz tudo valer a pena”
Mas a vida toda eu sempre pedindo a Deus para que você entrasse em uma companhia aérea com base em Brasília, pensa no sonho? Você estabilizado, fazendo o que ama, em uma empresa top, feliz da vida e o melhor: perto de mim!
Parecia sonho demais para ser real!
Vivemos algumas coisas nesses últimos 7 anos né?
O começo da nossa história já é engraçada, duas crianças, escondida dos pais, com o apoio da minha avó se beijando escondidos no parquinho no clube em caldas novas kkk.
O rapaz que tinha o mesmo nome do meu “ex”, que no início eu quis dar pra trás pelo trauma com o nome kkkk mas que eu não resisti ao charme kk
Quem diria que um tempo depois você iria para os EUA fazer curso para ser piloto, a partir daí eu pensei que você jamais voltaria, porque todo mundo que sai do brasil não quer voltar mais.
Namoramos outras pessoas nessa época e deixamos o sentimento um pelo outro guardadinho no cantinho.
Até o dia que o senhor resolve voltar para o Brasil, fazendo meu coração bater mais forte de novo.
Terminamos os nossos relacionamentos.
E você veio aqui em Brasília fazer mais uma prova da ANAC e aproveitamos pra almoçar juntos, só de pensar nessa possibilidade meu coração já bateu mais forte que tudo. Cheguei atrasada no trabalho, fugi da faculdade e fui te ver! TÃO LINDO, que saudade que eu estava DESSE sorriso e do sotaque goiano mais gostoso que só você tem!
Conversamos e matamos um pouco da saudade. Você voltou pra Anápolis e continuamos conversando. Desse tempo pra cá (2015) a gente nunca perdeu uma oportunidade para se ver.
Nem que eu tivesse que faltar trabalho, chegar atrasada, fugir da faculdade, deixar a padaria sozinha, ligar para o meu pai me levar para o aeroporto, ou na câmara dos deputados (quando você trabalhava com um deputado) kkk, você atrasar os voos, dar um jeitinho de pernoitar em Brasília. A gente sempre fez de tudo pra estarmos juntos!
E mesmo assim, sempre que o avião decolava, meu coração já se enchia de saudade de novo.
Em todo esse tempo, eu sempre pedi uma resposta de oração a Deus, sobre você, sobre como seria nosso futuro, sobre os nossos sonhos e etcs. E eu nunca obtive resposta até então. Apesar de nunca me ver casada com outra pessoa, apesar de sonhar em termos a Anna Clara e o Filipe Jr. Apesar de sempre sonhar com você e sempre quando me interessava minimamente por alguém, você aparecia do nada e levava todo esse interesse embora. E eu sempre pedindo a Deus para te trazer pra perto, com um emprego bom mas perto de mim!
Até que,
Dia 20 de julho de 2019, um sábado, de uma semana super complicada em que passei por coisas horríveis, situações super embaraçosas, que eu não sabia lidar, você resolve pegar um ônibus de volta para a sua cidade daqui de Brasília... piloto pegando ônibus eu já achei estranho kk,
Mas enfim
E disse que queria me contar uma coisa, ao mesmo tempo que estava com medo de me contar por conta da minha ansiedade...
Meu coração já disparou a partir daí
Fui correndo te ver e você me conta que estava fazendo prova para trabalhar na Gol! E que uma das bases da Gol é aqui em Brasília, (finalmente) pertinho de mimmm!
O quanto estou orando e pedindo a Deus para que você seja o selecionado para essa vaga?
O quanto eu quero ter você finalmente pertinho de mim?
Hahaha, preciso nem responder né! Mas creio que se for da vontade dEle, vai dar certo! Você vai vir morar aqui e aí sim teremos a oportunidade de começar a viver o que ainda não tivemos a chance!
Apesar de você já estar querendo pegar voos internacionais e me levar com você brasil a fora 😅👀 calma né?! Cada coisa no seu tempo kk!
Enfimmm!
Creio que tudo acontece na hora certa e espero que essa seja a resposta de oração que eu tanto queria!
Que seja feita a vontade de Deus nas nossas vidas 🙏🏻🙏🏻
E vamos aguardar o resultado dessa prova e das próximas etapas, com um pouquinho de ansiedade mas com muita fé em Deus, porque como a gente sempre disse, ELE tem o melhor pra nós!
3 notes · View notes
klangkhun-hq · 2 years
Photo
Tumblr media
Nam Wongsawat
Faceclaim: Krit Amnuaydechkorn. Data de nascimento: 17/07/1998 Apelido: Nam. Local de Nascimento: Bangkok. Etnia: Tailandês. Bairro: Pratunam. Profissão: Vendedor. User: @nam_knh Player: +18. Triggers: N/A.
Background
Nam Wongsawat veio de uma família com condição financeira boa e teve uma infância incrivelmente feliz. Era um garoto o qual todos tinham certeza de que teria um futuro brilhante, mas talvez, na concepção deles, isso tenha saído completamente do rumo. Nam era um garoto gay que teve que se manter no armário até o final do ensino médio pelo bem da harmonia familiar — e pelo medo de ser expulso de casa abruptamente sem ter para onde ir ou como se manter.
Um ano após se formar na escola, finalmente tinha chegado o momento de abrir seu coração para a família e saber se seria aceito ou não por eles. A recepção dos pais não foi das melhores. Sua mãe temeu pela segurança do filho devido às intolerâncias do mundo e também se preocupou com o que iriam falar, mas não virou as costas para o mesmo. O pai, por sua vez, ficou furioso e o mandou embora. Bom, não era como se quisesse ficar em Phuket para sempre, lugar onde havia se criado devido ao negócio turístico de sucesso que a família estabeleceu na ilha. Seu sonho sempre foi voltar para onde nasceu: Bangkok, a capital onde tudo acontece.
Depois que tudo desmoronou ao seu redor, juntou as poucas coisas acumuladas em 18 anos de vida em uma mala e foi para a casa de uma tia que o adorava e que concordou em recebê-lo. Para sobreviver, teve que procurar emprego na capital dos sonhos, no entanto as coisas não eram tão simples quanto pareciam. Em alguns momentos, quase cedeu ao desespero e ligou para os pais pedindo ajuda financeira, porém, felizmente a tia namorava um coreano que estava abrindo um restaurante de sua nacionalidade e chamou Nam para trabalhar lá. Esse fato foi o sol após a tempestade em sua vida.
Pouco tinha contato com a cultura coreana e para realizar o seu trabalho, começou a se interessar pela língua. Esse fato o motivou a instalar um  aplicativo que prometia criar amizades com coreanos dispostos a  fazer language exchange. A ideia era incrível, afinal unia o útil ao agradável: curso de idioma gratuito para um bolso falido como o seu. No começo foi difícil, já que todos os coreanos só o procuravam para pedir fotos explícitas ou iniciar algum assunto sexual, fugindo dos propósitos que o levaram até aquela ferramenta.
Estava prestes a desistir daquilo tudo e dizer para o Sr. Kim que não iria dar conta do trabalho quando uma notificação surgiu na tela do celular. Olhou para a mensagem e era gentil demais para ser verdade. “Hakkun… Outro coreano tarado, quer ver?”, foi a primeira coisa que passou pela sua cabeça quando abriu a mensagem e começou a digitar uma resposta tão gentil quanto. Essa ia ser a última tentativa naquele aplicativo. E de fato foi.
As mensagens eram frequentes e já não eram apenas sobre a língua. Com apenas algumas semanas de conversa, Nam já estava completamente apaixonado por Hakkun. O clique entre os dois fora tão intenso que não conseguiram evitar. Mesmo sabendo das dificuldades e da grandiosa barreira geográfica, ambos quiseram se entregar ao sentimento e se apaixonaram perdidamente. Aquela era a injeção de ânimo que precisava em sua vida. Aos poucos estava conseguindo vivenciar todas as coisas que sonhou em seu quarto em Phuket. O pequeno Nam estava realizando suas vontades e o grande Nam não poderia estar mais satisfeito.  O relacionamento ficou mais sério e no decorrer de um ano muitas coisas aconteceram entre eles. Quando menos esperava, Hakkun estava ao seu lado, morando na Tailândia. Parecia loucura, mas era a loucura mais gostosa que Nam havia vivenciado.
Atualmente Nam está com 23 anos e tem um casamento muito feliz com Hakkun. Trabalha em uma loja de grife no shopping e mora em Pratunam com o marido, lugar este que é um verdadeiro inferno para os dois. A meta do casal é trabalhar duro para conseguir pagar o aluguel em um bairro melhor no futuro. Nam também almeja desenvolver sua parte artística, já que desde pequeno tem grande potencial para o canto e às vezes realiza apresentações em bares pequenos quando é chamado. Um de seus maiores sonhos é viver da música, conseguir se formar em um curso superior e obter a aceitação dos pais ou pelo menos voltar a falar com eles.
0 notes
daisyjoners · 3 years
Note
“did you ever really love me?” // jacob&sienna
@blzckswan
passar as noites ao lado do ex-namorado não era mais uma série de acontecimentos tão inesperada em sua dinâmica e, por mais que não mencionasse em voz alta para não acabar as arruinando, genuinamente estava contente com os avanços, mesmo que pequenos, que a relação deles alcançava. anteriormente, não esperava nem sequer conseguir que o rhodes a escutasse por mais que alguns minutos sem deixar claro que gostaria que sienna desaparecesse de sua vista, muito menos imaginava que acabariam tendo mais do contato físico que alguns poucos momentos de aparente fraqueza da parte dele em relação a ela permitiam que existissem. não era a realidade de seus sonhos, entretanto, ainda era uma muito melhor que poderia esperar considerando sua história. preferia incontáveis vezes a forma como aconteciam as coisas entre ambos em meio a aquela situação que partir para sua outra alternativa: simplesmente abrir completamente a mão de ter o outro consigo de qualquer maneira novamente.
prosseguindo com o máximo de normalidade que conseguiam naquilo de tão anormal que vinha a ser o andamento da relação dos dois, acomodava melhor a cabeça no travesseiro da cama alheia, em sua mente não surgindo muitas ideias de como poderia tentar prosseguir uma conversa que anteriormente a superficialidade se apresentava justamente por nenhum dos dois aparentar saber como desenvolver sem o uso imediato de respostas curtas. sua razão nada mais era que a de não saber até onde poderia ir sem que a responsabilidade de estragar um dos poucos momentos beirando uma tranquilidade entre ambos caísse sobre si, portanto, simplesmente preferia se conter quando não desejava que ele pedisse que fosse embora. as razões dele, por sua vez, não poderia afirmar com propriedade, mas imaginava serem provenientes justamente do conflito em que deveria ficar sempre que estavam próximos daquela maneira. se contentava, então, em se deitar não muito próxima dele, ao menos não da maneira como a st. james gostaria, aguardando algum pronunciamento.
o que veio a ser dito pelo homem, contudo, estava muito distante do que imaginava ouvir. não naquela noite e, sinceramente, não tão cedo. especialmente quando uma parte de si acreditava que a resposta ao questionamento dele era óbvia, embora a racionalidade indicasse que estava extremamente distante de ser para ele. “você realmente não sabe?” devolveu a pergunta, erguendo o olhar na direção da face de jacob. mesmo que não precisasse fazê-lo para saber qual era a resposta óbvia para aquilo: não. “eu…” cortou a própria sentença no início, crispando os lábios. nunca tinha acreditado ser boa verbalizando os sentimentos que possuía pelos outros, muito menos os expressando de maneiras críveis. não quando as atitudes egoístas costumavam marcar sua vida pela maior parte dela, e quando tivera anos o suficiente para pensar sobre como, em relação a jacob, existiam incontáveis motivos para que ele duvidasse da veracidade de seus sentimentos. era impossível não sentir dor ao pensar que era unicamente culpa sua que ele possuía todas essas dúvidas.
engolindo em seco, segurou um pouco do tecido do lençol no punho esquerdo antes de prosseguir: “eu nunca quis que você tivesse dúvidas sobre isso. mas eu sei que te dei mais motivos do que se pode contar pra você não saber.” iniciou sua linha de pensamento, se esforçando para alcançar um mínimo de coerência em suas palavras. depois de tudo, era o mínimo que o ex-namorado merecia. “você lembra de quando a gente se conheceu?” questionou, realizando uma pausa curta, mas não tardando a engatar a sequência do que estava querendo dizer para não passar a impressão de que não estava querendo dar a resposta propriamente dita para a questão. “porque eu me lembro muito bem, e me lembro como eu queria você desde a primeira vez em que nos vimos. eu não sabia que o meu sentimento por você seria tão forte, mas sabia que algo em você me atraía como nunca tinha acontecido antes, e eu não conseguiria me manter longe. e sempre foi assim se tratando de você.” 
“você é quem eu mais amei na minha vida, jake. eu nunca tive dúvidas disso, nem quando estava tentando mais do que tudo te tirar da minha cabeça porque não aguentava pensar no que tinha deixado acontecer com você. eu tentei…” pausou, engolindo em seco. não gostava de falar em relação a aquilo quando não era o tópico da conversa, entendia o que ocasionava mutuamente melhor do que ninguém, e não queria arruinar nenhum momento deixando que escapasse de sua boca o que já era óbvio. entretanto, era inevitável que aquele tópico surgisse justamente dentro daquela resposta. “tentei diminuir o que nós tínhamos na minha mente, porque era mais fácil lidar com tudo assim. só que eu nunca consegui, porque o que eu sentia por você sempre foi mais forte. sabe o que é o pior?” a st. james riu sem nenhum humor, sentindo um gosto amargo tomar sua boca. “é que eu acho que você também foi a pessoa que mais me amou na minha vida, o único que realmente me entendeu e se apaixonou por quem eu era. mesmo assim, eu consegui foder com tudo que a gente tinha.”
percebendo que não conseguiria conter as próprias emoções caso continuasse naquela linha específica, a mulher respirou fundo, fechando os olhos momentaneamente e, ao abri-los novamente, resolveu diminuir mais a distância entre eles, erguendo a mão até que pudesse tocar sua face. “jacob, já te falei o que eu sempre gostei mais em você?” perguntou, acariciando suavemente a bochecha do rhodes. e, em certo ponto, torcendo que ele não decidisse que não queria mais escutá-la. “você sempre foi muito gentil comigo. desde o primeiro momento em que ficamos juntos, em todo momento foi assim. era exatamente o contrário do que eu esperava da imagem inicial que tinha de você, antes de estarmos juntos, mas sempre foi o cara mais carinhoso quando se tratava de mim. nunca me usou, nem quis ficar comigo por nada além de simplesmente me querer… sempre me fazia sentir que se importava e não esperou que eu fosse algo além do que te mostrava.” os lábios femininos esboçaram um sorriso. era tudo verdade, e somente esperava que ele pudesse perceber aquilo em pelo menos algum ponto. nunca tinha deixado de considerá-lo como o amor de sua vida, por mais que entendesse as consequências das próprias ações quando estavam juntos.
permaneceu sem falar no minuto seguinte, organizando sua mente. tinha muito a pensar e esperava que ele também, porque não suportaria a ideia de ele acreditar que tudo era mentira. resolveu, então, por se movimentar em maior aproximação ao ex-namorado, direcionando um sorriso de canto para ele antes, e em sequência deitando a cabeça sobre seu peito e passando um dos braços sobre ele. “esse não é um sentimento que some por causa do tempo. e eu acho…” por um momento, considerou a ideia de não expressar o que se passava em sua mente, mas sentia que precisava concluir aquilo logo. era melhor arrancar o curativo rapidamente. “acho que ainda existe uma parte de você que entende o que eu quero dizer, porque eu sei que você também me amava, na mesma medida em que eu te amava. eu sei disso. e um sentimento desses... ele não desaparece.” pausou, um tanto insegura. temia que jacob escolhesse justamente aquela hora para refutá-la. “simplesmente não desaparece, não é possível.” as palavras saíram de uma maneira que deixava claro que estava reafirmando a crença até mesmo para si mesma. em sequência, beijou com suavidade o peito masculino e se ajeitou no aconchego ainda familiar em que se colocara ao abraçá-lo. “mas também sei o quanto eu te magoei, e que parti o seu coração. e acho que você me odiar é algo com que consigo conviver agora. prefiro ter você me odiando e ainda te ter comigo de alguma maneira, que te perder completamente.”
1 note · View note
siderica · 6 years
Text
Perspectiva sobre o amanhã
Sabe eu venho me perguntando o que eu quero fazer antes de deixar a Terra, antes de deixar de existir.E desde sempre soube que a resposta era "Conhecer o mundo", quero viajar o Globo de ponta à ponta.Mas eu nunca pensei sobre como eu chegaria lá, e sobre como seria difícil não levar minha família dentro da minha mochila pra onde quer que eu fosse.
E agora nesse período de universidades comecei à pensar em ir pra outro estado, eu sei que sair de São Paulo parece furada, e que deixar esse meu pedaço pra trás parece besteira.Porém eu quero tanto conhecer as coisas antes de morrer, quero muito, que por mais difícil que seja eu sei que vai recompensar depois quando estiver realizando meu sonho.Meu sonho é conhecer, é viver uma vida de verdade, com contato com a natureza, longe de escritórios e perto do meu mar que é meu salvador, se Deus existe ele manda todo o sinal de amor dele pro mar, porque toda vez que fico em contato com o mar eu sinto essa conexão incrível com o universo...
2 notes · View notes
cartasaquemler · 3 years
Text
Orações respondidas #1
Tumblr media
Há algum tempo que venho percebendo a necessidade de dividir algumas experiências que tive nos últimos anos, algumas delas de natureza totalmente espiritual. Houve um tempo da minha vida que foi totalmente solitário e melancólico. Durante aquele período, o que me trazia consolo era ler testemunhos de outras pessoas, que também dividiam as suas jornadas e histórias.
No dia 12 de junho, deixei um testemunho sobre como foi a minha primeira experiência com Deus - como Ele passou a ser uma companhia em tempos difíceis. Não havia muito segredo: Eu orava, Ele me respondia (E de maneiras inesperadas, surpreendentes). Na minha timidez, não dividia essas histórias com ninguém. Mas passado todo esse tempo, penso que seria um desperdício não compartilhar a riqueza de tudo o que eu vivi. Da mesma forma que um dia precisei de consolo, ânimo e esperança, pode ser que alguém precise hoje - e pode ser que eu consiga contribuir de alguma forma. Se algo do que sai de mim puder impactar positivamente a vida de quem lê estas palavras, então ficarei satisfeita.
Sendo assim, decidi fazer o seguinte: Na medida do possível, junto com outras coisas que já compartilho aqui, postarei as respostas de oração que mais me impactaram e, sobretudo, que me trouxeram a profunda convicção de que sim, existe algo maior, invisível, forte - mas ao mesmo tempo sutil - que tudo ouve, tudo vê. Esse algo que eu gosto de chamar de Deus tão e simplesmente. Encorajo quem quer leia a não sentir medo de dialogar com o divino.
Bem, uma das minhas histórias favoritas ocorreu em meados de outubro de 2016 (Ressaltando sempre que este foi o pior ano da minha vida). Naquela época eu já morava sozinha há alguns meses, longe de casa, e ainda estava me adaptando. Estava desempregada, esperando o resultado do exame da OAB, sem amigos e com pouco dinheiro(Leia-se: na sarjeta hehe). Todas essas coisas causavam-me profunda angústia. Vivia com medo: Medo de ter sido reprovada no exame, medo de nunca mais ser feliz, medo de não achar um trabalho de que eu realmente gostasse, medo do futuro, enfim, medo. Quando sentia aflição, tinha o hábito de ir a uma capela perto de casa e ficava ali por horas rezando e chorando.
Naquele dia especificamente questionei a Deus diversas coisas: Por que a minha vida tinha tomado um rumo esquisito e diferente da vida de outras pessoas? Em rede social sempre se vê gente alegre. Eu via pessoas se casando assim que se formaram, outras passando em concurso, outras realizando outros sonhos como, por exemplo, morar fora do país, comprar uma casa, etc. Mas eu não. Eu sentia que tinha fracassado em tudo: Já havia tentado o exame da Ordem um ano antes e reprovei por causa de uma questão. Havia tentado mestrado nos Estados Unidos, mas não consegui pontos suficientes na prova de inglês (mesmo que tivesse conseguido, o curso era simplesmente caro demais, não havia bolsa de estudos). Estava desempregada e negativa no banco. E para “piorar” a minha situação, tinha ido parar em uma cidade com a qual não tinha nenhum nexo, nenhum laço, nenhuma ligação. A solidão era a parte desafiadora, pois muitas vezes me custava acreditar que parte da minha juventude tinha ficado para trás.
Perguntei, insistentemente a Deus: “Por que a minha vida se tornou essa bagunça? Por que Você me trouxe para Londrina? Por que nada do que eu fiz deu certo, sendo que eu rezei e me esforcei tanto? Por que a minha vida tomou esse rumo atípico? Por que algumas pessoas que eu amo tanto saíram da minha vida repentinamente? O que é que eu tenho que fazer? Me sinto perdida, queria ao menos entender para o que é serve essa minha existência, queria que ao menos que Você me dissesse!”
Devo ter passado cerca de duas horas chorando, lamentando, questionando. Depois de ter me aliviado, por acaso mexi na minha bolsa e notei que ali havia uma nota de R$5,00. Era uma parte do dízimo que eu tinha esquecido de entregar. Então, antes de ir embora, fiz uma última prece: “Pai, vou deixar essa dinheiro na minha bolsa. Por favor, coloque no meu caminho a pessoa que precisar dele.” Me despedi e voltei para casa.
Assim que cheguei, lembrei que tinha algo pra resolver na rua e precisei sair outra vez (Ou talvez tenha sido inspiração divina mesmo). Precisei passar por uma das avenidas mais agitadas de Londrina, por volta de 16 horas, tinha uma multidão de pessoas resolvendo coisas, assim como eu. Até que veio em minha direção um rapaz. No meio daquela multidão, ele me viu. Não sei por qual motivo. Nunca esqueci: Ele vestia uma camiseta branca, uma bermuda caqui e um tênis marrom, usava óculos e era bem magro. Se tratava de uma pessoa muito simples. Seu nome era Tiago. Ao me abordar, simplesmente se apresentou: “Com licença moça, não quero incomodar, mas eu não tenho nenhum bem em meu nome, atualmente estou hospedado na igreja. Tenho vivido os últimos 6 anos como um eremita e até agora estou sem almoçar, será que você poderia me ajudar com algum valor?”
Não consegui disfarçar o espanto quando ele me pediu ajuda, pois a precisão com a qual me abordou fez parecer que ele já sabia do meu trato com Deus. Então eu dei a nota de R$ 5,00 a ele, conforme havia prometido, porém devo ter deixado evidente que tinha alguma coisa diferente naquela situação. Tiago me perguntou se estava tudo bem e então acabei contando o que tinha acabado de acontecer: Poucos minutos atrás havia feito uma oração específica em torno daquele dinheiro e então o seu “dono” apareceu (E apenas comentei isso, não compartilhei mais nada acerca das minhas outras dúvidas e angústias).
Fascinado pela situação, Tiago então começou a conversar comigo. Lembro de me falar que já havia vivido histórias parecidas como aquela, desde que largou tudo 6 anos antes e passou a viver apenas da sua fé e providência divina (Não dividiu comigo as razões que o levaram a isso, mas parecia uma pessoa em paz com essa decisão). Então, repentinamente, ele disse palavras que até hoje me recordo e que nunca vou esquecer: “Olha, às vezes a gente vive umas situações em que nos perguntamos por que é que isso ou aquilo aconteceu com a gente, não é verdade? A gente fica se questionando e questionando Deus, não entendemos como entramos dentro de um caos sem fim... mas saiba que, quanto mais específica for a nossa missão de vida, mais estranhas serão as nossas provações. Tem coisas que Ele tira da nossa vida temporariamente, apenas para ajustar e moldar, mas na hora certa nos devolve também.”
Acho que não sou capaz de narrar a surpresa, alegria e sobressalto daquela conversa tão inesperada. Ficamos por volta de duas horas conversando no meio da avenida, as pessoas passando, e a sensação é de que um breve encontro foi orquestrado propositalmente: Tiago buscava alguém que pudesse ajuda-lo a se alimentar, e eu carregava um monte de dúvidas. O agir de Deus me mostrou que é no cruzar de duas vidas - ainda que brevemente - que Sua atenção se manifesta.
Quando retornei à minha casa, sentia uma alegria inexplicável, um alívio, mas sobretudo, me senti estimada. Afinal, Deus ouviu minhas dúvidas e de alguma maneira fez questão de responder. Como não me sentir ao menos honrada? Como não ter a esperança e a fé reestabelecidos? 
0 notes