#quem não for ler o pov pfvr leia as falas porque a patie usou o comunicador da escola rsrs
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— the empress strikes back .˚
Embora pudesse ver os lábios da professora de história da França se movendo, as palavras pareciam ser pronunciadas em um idioma alienígena. De todas as aulas que tinha, aquela era a que melhor representava a palavra maçante. Hypatie sentia os olhos pesados quando notou a tela do celular brilhar e logo soube que só poderia ser uma coisa: -E havia atualizado o Instagram. Aquele era o único motivo pelo qual o aplicativo poderia estar lhe sinalizando, não estava autorizado para nada mais, curtidas e novos seguidores não lhe afetavam da mesma forma que novas pistas daquele enigma. Sentia-se como Clarice perseguindo Hannibal Lecter, exceto pelo fato de considerar o vilão da trilogia bem mais refinado. Para sua surpresa, havia sido marcada na publicação. Grande erro, foi o primeiro pensamento que teve, já não guardava mais grandes segredos dos amigos, tendo os revelado recentemente em um grupo de mensagens apenas para estar um passo a frente. O assunto, no entanto, não era algo de seu conhecimento.
Hypatie teve de olhar duas vezes para reconhecer o homem na foto ao lado da sua, acompanhado de uma mulher e duas crianças que nunca vira na vida. Gilles. Pai. Em Nice, França, dizia a localização do Facebook. O quê? Não seria possível, ele enviava cartões postais do Congo todos os anos perto do natal, com paisagens locais... ao menos imaginava, até então, que fossem isso. Teve de checar por si mesma, procurá-lo nas redes sociais com aquele sobrenome — o da esposa, imaginava. O anônimo dizia a verdade.
A lembrança do pai se despedindo era uma das primeiras que tinha, havia acabado de aprender a ler quando recebeu o primeiro cartão postal, prometendo visitá-la no ano seguinte. Liliana a tranquilizava sempre que a promessa era quebrada: Gilles era seu progenitor e nada mais, apenas um homem escolhido por fatores genéticos para ceder um gameta; ainda assim, Hypatie fantasiava com as aventuras que teria com o pai quando ele retornasse, dormia todas as noites com o elefante de pelúcia enviado por ele no aniversário de cinco anos. A esperança se esvaiu com o passar do tempo, contudo, ela ainda acreditava que Gilles tinha motivos nobres para abandoná-la, estava salvando espécies em extinção, colaborando para a humanidade. Droga, ainda deixava o maldito elefante na mesa de cabeceira.
“Srta. Love-Hauet, o celular.”
Só conseguiu processar as palavras da professora ao ver a mão estendida à sua frente, esquecera completamente onde estava. Abriu a boca para respondê-la, mas parecia engasgada. Em um salto, correu para fora da sala.
Já estava com uma garrafa de vinho branco na mão, dentro do mercado ao lado da escola, quando se deu conta. Não. Não podia se deixar afetar, não podia se dar ao luxo de ter uma recaída, não após dois anos sem consumir uma gota de álcool voluntariamente. As mãos de Hypatie tremiam quando ela devolveu a garrafa à prateleira. Era aquilo que -E desejava, perturbá-la, fazê-la perder a concentração no jogo. Pretendia desmascará-lo e, para isso, teria de tratar aquela situação como o que realmente era, Gilles não passava de uma ferramenta.
“Pode ficar com o troco” falou para o caixa do mercado, ao deixar o estabelecimento com dois energéticos nas mãos. Nada como cafeína para melhorar o foco.
Uma volta no quarteirão e duas latas vazias de Red Bull depois, Hypatie soube qual deveria ser sua próxima jogada. Tinha a determinação de um cão de caça, marchava com as pupilas dilatadas na direção do rádio da escola, onde os membros do clube e funcionários costumavam usar o aparelho para fazer anúncios. Naturalmente, estava vazio durante o período de aulas. Ela pegou o microfone.
“Boa tarde, caros colegas. Aqui quem fala é Hypatie, o rosto do novo exposed do truffautanonymous. Antes que as fofocas saiam do controle, eu quero esclarecer que não sabia de nada disso porque, vejam só, meu pai não é nada além de um doador de um banco de gametas. Me orgulho, sim, de ser filha de dois cientistas, mas não passa disso. Nós dois nunca fomos uma família e estou muito bem, obrigada, este é o século XXI.” Os amigos mais próximos, como Jeanne, Madelinne, Valentin e talvez Wolfgang provavelmente perceberiam que aquilo se tratava de uma mentira. Hypatie sofria com a ausência dos pais, a falta de um lar estruturado e amoroso, porém era perfeitamente capaz de fingir não estar abalada. Ela fez uma pausa. “Eu não tenho mais segredos e conheço seu jogo, -E, você não consegue me atingir. Eu vou te achar e, quando eu conseguir, você vai pra cadeia. Tudo isso porque quis provocar algumas crianças ricas.” No canto do olho, notou um segurança fazendo gestos e caminhando na direção da cabine. Tinha pouco tempo. “Te falta originalidade e um hobby. Boa sorte sendo processado por mais de vinte famílias listadas na Forbes.”
Hypatie queria falar mais, estava certa de que aquela mensagem chegaria a -E, uma vez que ele estava por dentro de tudo que acontecia na escola. No entanto, precisou correr antes que fosse arrastada para a diretoria. Não podia lidar com burocracia naquele momento.
A taquicardia reverberava em seus ouvidos quando conseguiu se fechar dentro de uma sala vazia. Estava feito. Inebriada com a alta dose de cafeína e a avalanche de novas informações, deitou-se no chão frio e fitou o teto, sozinha.
ALEXA, PLAY HOME BY SOPHIA ANNE CARUSO!
mencionados: @anneblnc @mcdelinne @vclentinho @bigbadwclff
#❛ ☾ ➝ with shortness of breath i’ll explain the infinite || povs.#quem não for ler o pov pfvr leia as falas porque a patie usou o comunicador da escola rsrs#não revisei como sempre preguiça
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