Tumgik
#qualquer coisa me avisa que eu mudo <3
clcrinhc · 3 years
Text
Random starter for @hellgracie​
Já fazia algum tempo que não cruzava com Grace, mas isso não lhe impediu de chamar a mais velha para se sentar com ela na confeitaria quando a viu passando do lado de fora.​  ❝Vamos, sei que você vai adorar esse cupcake se der uma chance.❞ Insistiu enquanto já partia o cupcake ao meio com um talher que havia pedido para um dos funcionários, estendendo a outra metade para a mulher a sua frente. ❝Você pode ficar com essa metade, assim não precisa comer tudo caso não goste, que tal?❞
Tumblr media
0 notes
goldcnagony · 4 years
Text
Ainda estava impactada com o tanto de garotas que haviam saído com o corte, ainda mais duas delas sendo próximas de si, mas lhe fora um alívio não estar dentre as que saíram e também que Helenka não estivesse entre elas. Por que ainda que torcesse para Min-Ah, caso não fosse ela a ganhar, também parte de si torcia pela médica, então assim que pode foi até ela para pudessem conversar. Não pode deixar de notar que ela estava um pouco apreensiva, tanto por que a própria Agnia também havia ficado. ❝Helenka, como está?❞ Cumprimentou logo que se aproximou dela, pensou em elogiar o vestido alheio, mas sentiu que poderia soar falso demais mesmo que fosse verdadeiro de sua parte, por que ainda era apenas parte do decoro. ❝Eu estava bem nervosa com o corte, mas fico feliz em saber que ainda continuamos no Favorado, você acha que temos a chance de irmos a final juntas?❞
Tumblr media
@lenchka​
4 notes · View notes
jkappameme · 6 years
Text
Acompanhante de Aluguel (Longfic 12/15)
Tumblr media
Jeon Jungkook Autora: Agness Saints Gênero: Comédia, Romance Sinopse: Parecia piada, quatro anos de um relacionamento frustrante havia chegado ao fim, mas Haneul ainda te atrapalhava a vida. Se ele não tivesse arranjado um namoro relâmpago, você não precisaria demonstrar que está bem também, que não ficou para trás. Você não precisaria, principalmente, contratar aquele maldito acompanhante de aluguel.
Moreno. 1,80 de altura. Porte atlético. Bonito. Inteligente. Educado. Agradável. Sabe estabelecer uma conversa. Sem compromisso emocional, apenas financeiro. Valor sob consulta. Interessados: [51] 5782-4158
Esquece o “parecia”, a vida é mesmo uma piada pronta. Contagem de palavras: 11.576 Avisos: +16.  A história faz parte da série puerlistae au. Parte: 1 | 2 | 3 | 4 | 5 | 6 | 7 | 8 | 9 | 10 | 11 | 12 | 13 | 14 | 15 | 16 Playlist. | Playlist 2. | Playlist 3.
— Dumb, dumb, dumb, dumb, dumb, dumb.
Salto na cama de maneira súbita, meu corpo tencionando pelo susto e meus olhos varrendo o dormitório por puro instinto. Tento achar sentido nos meus pensamentos e atos; levo dez segundos para me encontrar. Outros cinco para entender que o que toca estridente é meu celular. A luz do sol entra pelas frestas da cortina sem cerimônia alguma e — numa conclusão esquisita e extremamente grogue — percebo que me deitei ao contrário na cama noite passada.
Tento esticar minhas pernas, mas desisto ao sentir meus músculos das coxas doerem pelo movimento mínimo. Meus olhos ainda pesados de sono lutam para se manterem abertos e, com minha lucidez frágil e torta, cogito ignorar quem quer que esteja me ligando. Arrancada de um sonho esquisito envolvendo borboletas, eu ainda me sinto perdida no momento. Meu corpo voltando a se acomodar entre as cobertas de forma genuína, o farfalhar do lençol soando calmo no meio de todo o caos que Red Velvet traz ao ambiente. Sentindo meu rosto se encostar ao colchão outra vez, meu coração se desacelera aos poucos e todo meu ritmo começa involuntariamente a seguir meu plano recém-criado.
Talvez não seja tão importante assim, não é?
O celular para de tocar e eu fecho os olhos com facilidade, quase os ouvindo me agradecer pela bondade. Sinto meu travesseiro em meus pés e a parede gelada acalentar minha bochecha quando mudo de posição. Meu corpo se acalmando do sobressalto recente lentamente, como uma cantiga de ninar.  
É um momento de paz.
Mas que se encerra tão rápido quanto começou.
—Dumb, dumb, dumb, dumb, dumb, dumb.
Meu celular volta a tocar irritante e, outra vez, meu corpo reage ao susto. Quando me sento de supetão no colchão, eu estou atordoada e frouxa. Ainda. O quarto girando lentamente ao meu redor. Num segundo de sentido turvo, questiono-me se essa tontura toda é o efeito prolongado da bebida ou se já é o início da ressaca. Em uma busca conturbada feita somente com os olhos, encontro o aparelho repousando sobre a cama arrumada de Sorn, percebendo só agora que estou completamente sozinha por aqui.
Aos tropeços, alcanço o celular que ainda toca. Minhas pernas doendo pelo esforço e meus ombros ganhando um peso a mais quando encontro o nome na tela. Não é como se eu pensasse que poderia ser outra pessoa, mas encontrar o nome de minha mãe ali e ter certeza faz com que eu bote em duvida todas as escolhas que eu já tomei na vida. Inclusive nascer. Sento-me no chão mesmo, as costas apoiadas à cama de Sorn e minhas pernas esticadas pelo carpete do quarto. Vagando por um instante na ideia de que eu poderia simplesmente ter silenciado o aparelho pelo restante do ano.  
— Hmm, bom dia.
— Bom dia? — A voz estridente de minha mãe me faz dar outro pulo. — Já passou da uma da tarde!
Quero rosnar, mas me limito em ronronar em resposta. Minha cabeça doendo nas têmporas e um arrependimento crescendo no peito. Eu não deveria ter bebido tanto assim ontem. E, de fato, ter atendido a ligação também.
— Quero saber quando vem para casa. — Parece agitada e um tanto irritada também. Talvez seja comigo. Os sons secundários de sua ligação me fazem pensar que ela procura por algo nas gavetas da sala. É um abre e fecha maldito. — Hoje ou amanhã?  
Sinto meu estômago reagir em ânsia. A pergunta parece complexa demais para o ninho de informações que rondam meu cérebro. E sinto que nem as palavras mais básicas conseguiriam fazer sentido de maneira rápida. Respiro fundo, fechando os olhos com a intenção de descansar uns segundos. Mas os abrindo logo em seguida quando percebo a tontura tomando conta de mim. De repente, todo o plano de voltar a dormir depois disso vai por água abaixo.
— Ainda não sei. — Falo, aérea. — Acho que semana que vem.
Um fechar de gaveta explode do outro lado da ligação, é raivoso e irritante.
— Semana que vem? Como? Não podemos chegar em Busan separados, precisamos chegar juntos!
Busan.
Fim de semana.
Encontro de famílias.
Puta que pariu.
E é então que todas as minhas decisões da noite anterior me atingem como um cometa. A lembrança súbita do encontro de famílias faz meu estômago rodar dentro de mim de novo. Dessa vez de uma forma mais agitada e violenta. Completamente emocional. E quero vomitar. Quero e preciso. Sinto meu maxilar travar, um choque perto das têmporas e um amargor na ponta da língua. Penso mesmo em correr até o banheiro, mas meu corpo não comanda. Minhas pernas continuam a doer e minha tontura agora funciona como uma espécie de karma imbecil. Tudo ainda gira, tudo ainda é amargor no paladar. E aos poucos vou sentindo meu corpo derreter sobre o chão, se esparramando como ramas de batata.
Eu sei que peguei o caminho certo ontem à noite, como sei também que toda a responsabilidade que botei na minha eu do futuro, na minha eu de agora, é pesada e intricada. É uma dualidade de sentimentos que faz com que eu me sinta assombrada. Talvez eu me sinta tentada a encontrar outra opção, talvez eu me sinta tentada a desejar que eu tivesse tomado coragem de decidir isso mais cedo, me dando assim tempo o suficiente para buscar alternativas. Mas não me sinto tentada a voltar no tempo e pedir esse favor a Jungkook. Porque não me arrependo; não me arrependo da decisão de deixá-lo fora disso.
Respiro fundo, sentindo minhas costas se apertarem contra o chão.
Entretanto, por mais que eu esteja certa do que decidi, eu ainda preciso lidar com as consequências. Eu ainda preciso lidar com tudo isso aqui. E essa é, de longe, a pior parte. A que me chateia e me faz tontear.
A eu que precisa lidar com isso não é mais a do futuro, é a do presente.
— Já falou com Jungkook? — Minha mãe parece adivinhar; vindo cheia de malícia e pedras na mão. E não respondo. — _____, já é quinta-feira! Nós vamos de qualquer forma, então você trate de-
— Ele tá ocupado com o curso de verão, — falo me sentindo subitamente pesada, interrompendo-a. — Não consegui falar com ele ainda. Mas vou conversar. Vou conversar hoje, ok?
Por um curto momento — tão curto quanto o tempo em que se leva para um raio começar e terminar no céu —, eu me vejo em duvida. Uma duvida intensa e genuína. Eu me boto em cima do muro.
Eu conto a verdade ou eu permaneço nessa teia de mentiras?
A angústia me alcançando a garganta com maestria e me fazendo recuar abruptamente. Não existe a menor possibilidade de uma verdade sair pela minha boca. Não agora. E talvez não nos próximos dez anos.
— Como não conseguiu falar com ele ainda? — Solta raivosa, logo repetindo: — Hoje já é quinta-feira!
— Eu sei, eu sei... — Fecho os olhos com força, sentindo minha cabeça latejar de dor. — Vou conversar hoje.
Há um silêncio. Um silêncio absoluto.
— Vou ligar mais tarde de novo. — Avisa. E sinto pelo seu tom de voz que é uma ameaça. Pura e simples. — Mas quero que você venha pra cá amanhã antes do almoço.
Sinto um amargor na língua outra vez, meu maxilar travando e eu me sentindo zonza de novo. Não sei o que fazer agora. Física e psicologicamente. Eu me sinto em um universo paralelo esquisito e sem cabimento. E isso me deixa um tanto frustrada também. Eu já me senti assim tantas vezes nessa situação de merda... Eu deveria estar acostumada, não deveria? Mas as coisas parecem diferentes. Iguais, mas diferentes. O problema é o mesmo, sempre é, mas eu me sinto agora no meio do fogo cruzado. Em uma rua bifurcada, na beira do precipício sendo perseguida por lobos. Pulo ou fico? Eu sinto que agora as coisas se tornaram mais extremas e urgentes, enquanto eu sou só uma mistura imbecil de indecisão e covardia.  
As gavetas do outro lado da linha voltam a serem exploradas, nesse meio tempo, ouço o barulho da porta se abrindo desse lado aqui. De canto dos olhos, vejo Sorn me olhar curiosa quando entra no dormitório. Torno-me, então, subitamente consciente dos meus cabelos desgrenhados, maquiagem borrada, roupa da noite anterior e meu corpo cobrindo metade do tapete entre as camas. Penso em sair do lugar outra vez, mas nem sequer me forço a fazer isso.
Solto um suspiro rendido.
— Tudo bem. — A frase saindo solta no ar, desconexa. — Preciso ir agora.
— Hm. — Chia em resposta. — Trate de falar com ele.
No instante seguinte, a ligação se encerra. E sinto-me ainda mais vazia. A certeza de que esse tormento só acabará quando eu contar a verdade me toma de novo e em cheio. Mas a ideia é tão utópica... Não consigo ver um futuro em que eu consiga ganhar coragem e contar. Não parece existir a possibilidade de isso acontecer. É algo tão irreal que parece um sonho ou um devaneio fantasioso. Eu queria que fosse possível, queria que as coisas pudessem ser diferentes dentro de mim. Menos insegurança, mais coragem. Mas quanto mais eu insisto em pensar nessa pedra gigantesca em cima dos meus ombros, mais certeza eu tenho de que nem em outra vida eu conseguiria cumprir a tarefa de confessar.
— Tá tudo bem?
Minha visão do teto é bloqueada por Sorn. Seus pés moldurando minha cabeça no chão e suas pernas parecendo mais longas que o normal vendo desse ângulo. Seu cabelo curto cai sobre a testa vincada em confusão e ela tem uma aura quase celestial com o sol batendo ao corpo.
Penso sobre a pergunta. As palavras ainda parecem desconexas por conta da tontura e da possível ressaca. Ou ainda é o efeito da bebida?
Eu realmente não sei.
— Acho que sim. — Minha voz é rouca. — Por quê?
Ela abre um sorriso como se soubesse de algo.
— Você chegou ontem derrubando metade do quarto, — começa e meu rosto se enruga em uma careta constrangida. — Grunhiu todas as respostas das perguntas que eu te fiz e agora tá jogada no chão.
Olho para ela com mais atenção, me sentindo de repente assustada. Percebo que poderia lhe contar todas as coisas, das menores até as grandes, até agora. Me pergunto se essa seria a hora certa. Como me pergunto também se existe momento para isso. Contar para ela parece fácil demais, as palavras rolando pela minha língua e sendo soltas no ar. É fácil e prático, é objetivo. Sorn já sabe sobre boa parte do que me aconteceu, não é? Seria complementar, aumentar um pouquinho a história.
Mas não consigo. De novo.
Eu ligo esse momento ao fato anterior, a ideia de contar toda a verdade aos meus pais, e me sinto empacar. É um tormento sem fim, um vendaval que me joga de um lado para o outro. E isso me pega em cheio, porque Sorn é minha melhor amiga e queria ter coragem para me abrir com ela.
— To com dor no corpo. — Falo qualquer coisa quando ela me ajuda a levantar.
— Tem remédio no banheiro, — aponta para trás. — Quer que eu pegue?
Nego de súbito, passando por ela e indo até lá. Meu corpo se arrastando até o pequeno espaço gelado enquanto ouço o barulho das cortinas sendo abertas. O reflexo no espelho do banheiro mostrando um dormitório claro e pacato assim que paro em frente à porta.
Não sei o que viria depois, não sei o que aconteceria se eu contasse sobre o contrato ou sobre um possível término de namoro com Jungkook aos meus pais. Mas sei que as coisas mudariam, não entre eu e eles, mas em mim. Mudariam aqui dentro. E eu queria poder um dia fazer isso, me libertar de verdade.
Antes que eu possa abrir o armário do banheiro e me embaralhar em cremes, remédios e fios-dentais, meu celular apita indicando novas mensagens. Cambaleio no lugar e caio sentada sobre a privada, Sorn derrubando algo no chão e reclamando ao fundo. Quando meus olhos param sobre meu celular em meio as minhas mãos então, meu coração se acelera em resposta imediata.
Caramba, é como se ele soubesse...
 [13:37] jungkook: ei
[13:37] jungkook: já almoçou?
 Pisco algumas vezes enquanto olho para a tela, sentindo-me nervosa. De repente, ridiculamente nervosa. A noite passada foi regada de sentimentos pesados e decisões tomadas sem planejamento prévio, um completo desastre emocional, não existe a menor possibilidade de negar essa lembrança. Mas ainda existiu nós dois. Por mais que tenha me rendido angustia e aflição, ainda existiu eu e Jungkook.
E ele continua sendo a única coisa boa de toda essa baderna.
 [13:38] eu: é quase duas
[13:38] jungkook: e?
[13:38] eu: ainda não
[13:38] eu: e você?
[13:38] jungkook: também não
 Não consigo não me sentir surpresa por vê-lo ali, não só por vir mais cedo do que pensava que viria, mas por vir justamente agora. É como se ele soubesse sobre a ligação de minha mãe, como se ele soubesse que preciso me lembrar de que a decisão que tomei ontem foi a melhor que fiz.
Meus pés se enroscam no tapete sem que eu perceba e suspiro arrastado em seguida. A sensação de um calor subindo pelo meu peito e esticando minhas bochechas em um sorriso me alcança, me sinto uma verdadeira adolescente. Olho para Sorn de relance num impulso sóbrio, mas ela nem sequer parece prestar atenção no que faço.
 [13:39] jungkook: tá afim de comer?
[13:39] eu: agora?
[13:39] jungkook: daqui uns 40 min
[13:39] eu: onde?
[13:40] jungkook: naquele lugar que a gente comeu aquela vez
[13:40] eu: pode ser
[13:39] jungkook: vou pagar um almoço digno pra gente
[13:40] eu: hahaha
[13:40] eu: digno?
[13:40] jungkook: lámen
 Olho para a tela em silêncio, ainda sorrindo. E isso é um caos completo, sei disso. Porque entendo que minha situação não é a mais confortável do mundo; que ela, na verdade, é a pior em que já estive, mas não consigo me sentir medíocre como antes. Pelo menos, não agora. Pego-me, na realidade, genuinamente aliviada por ter tomado o caminho que tomei. Sinto que esse foi meu único e grande acerto. Porque mesmo que a situação não seja perfeita, mesmo que para meus pais eu e Jungkook já somos de fato um casal, a minha decisão de deixá-lo de fora disso nos deu a oportunidade de sermos só nós dois. Aos poucos, no nosso tempo. Porque não quero que as coisas sejam forçadas entre nós, eu quero algo de verdade, sem interrupções ou opiniões alheias.
Eu quero eu e Jungkook, sós.  
Não há muito o quê pensar agora. Quer dizer, não é como se eu conseguisse pensar em algo bem elaborado e complexo. Também não consigo me prender em detalhes minuciosos. Quiçá em detalhes num geral. Sei que o dia está ensolarado com uma brisa mínima que nos refresca, como sei também que estou usando um vestido. Mas não consigo lembrar se vi alguém pelo caminho até aqui, não consigo me lembrar se o sino tocou ou não quando entrei nessa loja de conveniência; como acabei escolhendo essa roupa, muito menos. Só me lembro do agora, dos meus dedos entrelaçados sobre a mesa e eu me sentir tão ansiosa a ponto de acreditar que posso cair dura no chão a qualquer instante.
Sobre o som dos meus pés batendo contra o ferro do banco, meu coração dança no peito. É a primeira vez que estou vendo Jungkook de maneira sincera e aberta. É a primeira vez que não estou escondendo algo. É a primeira vez que estou livre para me concentrar em nós dois, sem medo e um pedido impertinente para atrapalhar as sensações de um sentimento novo e inusitado.
E isso me deixa a beira de um ataque de nervos.
Tento pensar sobre a inscrição que fiz mais cedo para Psicologia da Justiça Criminal. Como também tento me focar no fato de ter me inscrito não só porque o curso de verão estava na minha lista de coisas a se fazer antes de sair da faculdade, mas porque isso me daria a última semana de férias livre dos meus pais; livre de ter de encarar meu antigo quarto, olhando pras pelúcias que Haneul me deu e tendo que responder perguntas sobre meu estado civil.
Mas não consigo pensar nisso de maneira mais intensa, nem sequer por muito tempo. Porque enquanto meus olhos rodeiam a vitrine da loja de conveniência em nervosismo, eu o vejo. Os cabelos escuros caídos sobre a testa, brincos mais espessos e maiores nas orelhas e um sorriso contido quando me nota.
Jungkook parece refrescante e suave quando passa pela porta. O sino de fato toca, mas eu não consigo nem mais me lembrar do som feito. Seu perfume tropical já me alcançando o nariz, dançando livre e fresco. É como se o aroma fosse feito exclusivamente para o dia de hoje, para agora. E realmente não consigo pensar em nada além dele e de todos os seus detalhes...
Vejo seu corpo deslizar entre prateleiras até me alcançar e, num movimento desengonçado e súbito, meu corpo resvala pelo banco de forma vergonhosa.
— Pensava que não tinha aula.
Falo sem pensar, endireitando-me no lugar e apontando para a mochila caída em um de seus ombros.
— E não tive, fui revisar um projeto.
Abro a boca para perguntar mais detalhes por puro impulso, mas a fecho logo em seguida. Porque estou nervosa e não é como se eu conseguisse disfarçar. O que vem agora exatamente? Nós somos péssimos em lidar com isso quando sóbrios e pioramos quando estamos à luz do dia. O cumprimento da noite passada me vem à cabeça, então. Dois beijos desengonçados no rosto. Deveria ser igual agora? Mesmo depois de falarmos tudo o que falamos?
Dentro de mim acontece um rebuliço esquisito e minha cabeça é uma imensidão de nada e tudo. Resgato a ideia de perguntá-lo sobre o projeto, mas é tão supérflua que mais parece uma fumaça desaparecendo com o vento. Jungkook dá um passo à frente e eu o respondo com outro num impulso, sentindo-me elétrica de repente. Nós nos olhamos por um tempo, esquisitos. De maneira desconexa me questiono se ele consegue ver o chupão que deixou no meu pescoço ontem à noite. Sem pensar, recuo alguns centímetros no mesmo momento em que ele se inclina para mim. Tento consertar depressa, meu coração batendo nos ouvidos e me deixando surda por uns instantes; inclinando-me em sua direção também. Péssimo. Ele já se endireitou de novo.
Argh. Isso é horrível.
— Vamos comer!
Sua voz vem alta, exasperada, e não demoro nem meio segundo para concordar. Vejo-o largar suas coisas embaixo da mesa antes de pararmos em frente à prateleira de lámens. E enquanto focalizo em uma embalagem aleatória, sem prestar atenção de fato, concluo que somos uma bagunça completa. Uma confusão só, um vai e vem sem cabimento. Somos como dois tolos em meio a espertos. Somos fora de órbita num ambiente terrestre demais. De novo.
— Viu que o sistema da universidade tá fora do ar?
Fala de maneira aleatória, fazendo com que eu me vire para ele de prontidão.
— Não vi...
Ele pega um dos lámens de queijo.
— Eles deixaram um aviso no edital, — explica, analisando os ingredientes na parte detrás da embalagem. — As notas, assim como os trabalhos finais pra entregar e pegar, ficaram todos pra semana que vem.
— Então nada vai sair essa semana?
Jungkook nega, me olhando outra vez. Bem, talvez eu possa usar isso como desculpa para não ir para casa esse fim de semana, mesmo que eu possa conferir minhas notas online...
— Até o resultado do curso de verão não conseguiram soltar, o trabalho que eu ia entregar hoje também não deu certo.
Voltamos a ficar em silêncio.
— Não vai para a casa esse fim de semana então? — Pergunto depois de um tempo, escolhendo um sabor sem pensar demais. — Sabe, por conta do trabalho...
— Eu vou, — responde, enquanto o sigo até a máquina de água quente. — Mas vou voltar na segunda. Já ia fazer isso antes pra resolver as coisas do dormitório, então meus planos não mudaram muito.
Balanço a cabeça em afirmativa.
Depois de despejarmos água nos copos plásticos, voltamos para nossa mesa ao fundo. Sentados um de frente pro outro, nossos joelhos se encostando volta e meia pelo pouco espaço e nossas mãos lado a lado. A primeira vez que viemos aqui Jungkook decidia que trinta e cinco encontros era um número bom para cobrir o valor do seu novo notebook; e a lembrança me faz querer rir em nervosismo, porque o antes e depois é discrepância pura.
— Já conversou com a sua mãe?
Olho-o por alguns instantes, perdida na pergunta inusitada solta no meio dos meus devaneios. Sou pega desprevenida e o riso que antes eu pensava em dar morre na garganta. Meu corpo sucumbe no assento e me sinto esquisita. Eu tinha esquecido sobre isso. Apesar de ser uma preocupação séria e urgente, ela parecia simplesmente não existir por agora.
— Ela ligou mais cedo... — Falo, vendo-o misturar os temperos ao seu macarrão. — Falei que não tinha conversado com você ainda, ela falou que vai me ligar mais tarde.
Jungkook me olha por um tempo e logo assente, parecendo entender algo que não foi verbalizado.
— Um dos meus projetos desse semestre recebeu destaque na turma e vai servir como modelo na disciplina. — Solta de repente, seus olhos fixos na mistura que faço em meu lámen agora. — Precisava fazer umas correções que o professor pediu, fui hoje de manhã fazer.
A mudança brusca de assunto me faz pensar. Talvez ele ache que eu não queira falar sobre meu mais novo e velho problema. E não sei como me sentir sobre. Porque sei que o problema existe, mesmo sendo ignorado por ser angústia e confusão, sei que ele ocupa uma boa parte da minha vida.
Fico o olhando por mais tempo, dialogando nos pensamentos sobre o que falar agora exatamente. Parabenizá-lo ou não. Mudar de assunto ou resgatar. Uma luta de palavras e sentimentos controversos.
— Jungkook, — começo de forma abrupta, fazendo-o me olhar de imediato. — Eu acho que eu vou ter que matar alguém da sua família.
Sua expressão é nada, nossos olhos cravados um no outro.
— Ok... Isso é novo. — Sua voz vem confusa. — E um tanto extremo e macabro também.
Ergo os braços em desespero quando percebo a colocação da frase, tentando arrumar o que falei logo em seguida:
— Não literalmente!
— Que bom que especificou...
Solto um suspiro longo, percebendo que não tem como fugir por muito tempo desse assunto. Quer dizer, isso também o envolve, não é? Uma frase solta, um pedido inconsequente e ele estaria afundado até os ouvidos. Não é também como se eu conseguisse não contar, acontece algo que me espreme até que eu conte tudo para ele. Remexo-me no lugar, procurando uma posição mais confortável; pensando agora que a ideia que tive enquanto esperava as aspirinas fazerem efeito talvez não tenha sido a mais genial do mundo.
— Eu preciso de algo trágico pra impedir essa maluquice dos meus pais, entende? — Explico, amuada. — Só consegui pensar nisso. Pensei em você quebrar uma perna, mas não saberia como explicar caso eles vissem você caminhando normal um dia.
Jungkook inclina sua cabeça para o lado e sei que ele quer rir, porque vejo sua boca se espremer enquanto me olha.
— Eu posso me curar tipo o Jacob de Crepúsculo.
— Infelizmente minha mãe não acreditaria nisso. — Apoio meu rosto entre as mãos. Essa situação é ridícula. — E talvez ela ainda veria uma saída, sei lá, um jantar no hospital...
— Pode rolar um jantar no cemitério ainda.
E ele finalmente ri, uma risada alta e bem dada. Mas não consigo o acompanhar, não consigo me permitir rir disso.  
— Isso é horrível!
— Não me olha assim, — ele estala a língua, sua risada diminuindo aos poucos. — Foi você que veio com esse papo de querer matar alguém da minha família.
Encolho-me entre os ombros, vendo-o colocar uma quantia significativa de macarrão na boca finalmente. Faço o mesmo então, tentando pensar em algo mais elaborado do que a típica desculpa para trabalhos não feitos no ensino fundamental. Uma típica desculpa horrorosa e de mal gosto, por sinal. Reconheço isso.
— Não pode ser uma alternativa feliz? — Tenta depois de um tempo. — Sei lá... O nascimento de um bebê?
— Não, — balanço a cabeça, o respondendo enquanto assopro outro amontoado de massa. — Minha mãe só se retrai com tragédia.
Ele assente, a boca já vermelha pela pimenta.
— Você não precisa necessariamente matar alguém que existe, sabe? — Sugere, apoiando os cotovelos na mesa, concentrado no assunto. — Você pode inventar alguém. Eu me sentiria melhor, inclusive.
— Inventar um parente seu?
Pergunto, cogitando a possibilidade. Eu também me sentiria melhor.
— É, tipo um tio em Ilsan. Não tenho tio nenhum em Ilsan, é menos agourento.
— Tio em Ilsan... Tá bem...
Jungkook me vê comer por mais um tempo, parecendo pensar em algo a mais. E de fato pensa, já que em seguida sua voz vem como um estouro:
— Meu tio Hyunsik!
— Tipo o ator?
Há um silêncio. Nós dois nos olhando por um momento até que ele volta a falar:
— Vou precisar mudar o nome, to me sentindo mal por ele agora.
— Não conheço nenhum Hyunsuk.
Ele olha por um tempo para as prateleiras ao nosso lado, os olhos indo e vindo pelos produtos, parecendo tentar se lembrar de algo, buscar na memória alguma informação importante.  
— Eu também não. — Fala finalmente. — Hyunsuk é perfeito.
Seu sorriso grande faz seus olhos encolherem e seu nariz enrugar, como também me faz amolecer sobre o banco nada confortável. Ver Jungkook desse jeito quase faz eu me esquecer do que realmente me atormenta. Quase. Quase me faz esquecer que o problema foi resolvido só por agora. Quase, quase, quase. Porque no instante seguinte tenho a certeza de que meus pais não vão esquecer ou sequer desistir desse encontro entre famílias, que toda essa situação só foi adiada e que ela só tende a agravar. Quanto mais as coisas se desenrolam, quanto mais elas acontecem, pior fica. Em algum momento, eu não vou mais poder usar mentiras como desculpas. E isso é o que mais me preocupa.
— Vai ligar quando pra ela?
Jungkook vem depois de um tempo, enquanto abocanho um punhado de macarrão.
— Não vou, — falo terminando de engolir. Sentindo-me triste pelos pensamentos recentes. — Vou esperar ela me ligar.
— Você não pode esperar ela ligar, tem que ser o contrário. — Rebate cheio de obviedade. — Assim parece que você tá esperando pra mentir.
— Bom... — Ergo as sobrancelhas em um deboche miserável. — Eu to, então...
— Não. — Insiste, colocando os jeotgarak na mesa para dar ênfase ao que fala. — Liga agora ou manda uma mensagem de texto.
— Não vou falar sobre alguém que morreu por mensagem de texto com a minha mãe.
Mas não o olho por muito tempo, porque sei que ele está certo e não quero admitir isso. Nem sequer olhar pro seu rosto bonito e ter que admitir isso.  
— Mensagem de texto foi criada pra isso.
— Mas ela é quase tão ruim quanto você com mensagens de texto.
Não pensei quando falei. Obviamente. E o silêncio súbito entre nós me faz ter certeza que seus olhos me medem com mais intensidade do que antes, porque os sinto queimando por onde passam. E não consigo não me questionar se isso inclui também o chupão que ele deixou em meu pescoço noite passada.
— Isso foi tipo uma indireta pra mim?
Dou de ombros, não sabendo ao certo o porquê quero rir.
( ) Desespero;
( ) Graça;
( ) Os dois juntos.
— É bom você não basear nosso relacionamento num chat do Kakao.
Meu riso morre de novo ao ouvi-lo e dessa vez não consigo não o olhar, porque veio sem malícia ou segunda intenção, veio natural demais para que eu conseguisse ignorar. Nossos olhos se fincam um no outro por um longo tempo, estamos chocados e sem graça pelo assunto ter chegado aonde chegou, porque nunca citamos a palavra relacionamento antes. Nunca. A vergonha é palpável no ar e nas bochechas de Jungkook ganhando uma nova coloração, o tom rosado as atingindo no topo. Somos mesmo uma confusão de tudo e nada, não é?
Abro a boca algumas vezes, mas desisto todas elas. E Jungkook faz o mesmo.
Vamos e voltamos. Voltamos, paramos e ficamos.
E somos esse impasse por não sei quanto tempo exatamente, voltando a comer de forma mais concentrada e silenciosa do que antes. Engato um pensamento sobre a possibilidade das coisas se tornarem sérias, oficiais. Engato e logo desengato, porque antes mesmo que as coisas vinguem em meu cérebro, meu celular explode em Red Velvet pela segunda vez no dia.
— Finge que tá desesperada!
Jungkook solta, elétrico, assim que nos inclinamos sobre a mesa para lermos o nome no display. Mãe. E quero genuinamente sumir. Vomitar e sumir. Ou sumir e vomitar. Tanto faz.
— Mas eu to desesperada!
Pego o aparelho em minhas mãos, a forma como ele vibra parece muito mais intensa do que costuma ser. E sei que preciso atendê-lo. Todo o clima de antes é arruinado, cortando pela metade, jogado ao fogo; todas as minhas inseguranças me atingindo como um trem desgovernado. E, num ato de coragem súbito, eu atendo a ligação sobre os olhos arregalados e urgentes de Jungkook. Não preciso fingir uma voz esganiçada ou um choro entalado na garganta, porque eu já estou assim.
— Mãe, aconteceu uma coisa horrível!
Remexo-me na cadeira, o tecido do meu vestido dançando com o movimento enquanto me espreguiço de forma lenta e displicente. As cortinas estão inteiramente abertas e dão uma visão ampla das árvores ao fundo do prédio dos dormitórios. O vento que passa por entre elas é o suficiente para refrescar o ambiente das altas temperaturas do quase início do verão.
Sorn ainda não voltou da viagem que fez no fim de semana e eu permaneci por aqui. Até porque, de alguma maneira mágica e surreal, as coisas deram certo. Minha mãe pareceu engolir a trágica história sobre o tio Hyunsuk de Ilsan e eu não precisei ir para casa. Não houve perguntas sobre detalhes e nem ligações posteriores; meu desespero parecendo ter sido o suficiente para convencê-la. E, apesar de saber que meu problema está longe de ser aniquilado, eu me senti melhor. Talvez não da maneira como eu queria me sentir realmente, mas, mesmo assim, me senti.
Puxo meu celular para perto do rosto quando o ouço vibrar sobre a escrivaninha. Desde que Jungkook voltou de Busan estamos conversando por mensagens de texto. Assuntos supérfluos e sem fundamento, só com a intenção se conversar. E gosto disso. Gosto de verdade disso.
[15:03] jungkook: to saindo agora pra resolver um negócio
[15:03] jungkook: quer fazer alguma coisa mais tarde?
 Tenho a lembrança vívida de nossos dedos mínimos se enlaçando na volta para os dormitórios na quinta. Como tenho também a recordação de seus lábios alcançando o canto dos meus em um beijo de despedida. É novo e inédito. E somos só nós dois da forma como deveria ser.
Eu e Jungkook. De novo. Sós.
E acabo sorrindo.
Penso por um instante sobre algum lugar que poderíamos ir aqui por perto. Uma loja de conveniência nova, a praça atrás dos dormitórios ou as escadarias do campus. Mas antes que eu possa digitar sobre as minhas ideias, uma nova mensagem aparece em meu visor.
E ela, com toda a certeza, não é de Jungkook.
 [15:05] número desconhecido: não acredito que vc me bloqueou
 Meu coração alcança os ouvidos de forma rápida e intensa. E tudo muda num segundo. Sinto vindo, sinto vindo a angústia, o arrependimento e o amargor na ponta da língua. E não preciso resgatar lembranças ou vasculhar na memória, porque eu simplesmente sei quem é do outro lado da tela.
Ergo-me da cadeira por puro instinto, minhas pernas parecendo pesadas de repente e o quarto mais abafado que o usual.
 [15:05] número desconhecido: precisei comprar a porra de um outro chip por sua causa
 Respiro fundo, fechando os olhos com força. Haneul é mesmo como uma sanguessuga cretina e incansável. Não é como se haja um momento adequado para que sua presença ressurja na minha vida, mas ele sempre parece escolher o pior.
Abro os olhos quando sinto o aparelho sinalizar mais mensagens.  
 [15:06] número desconhecido: eu sei que vc tá lendo
[15:06] número desconhecido: e antes que você me bloqueie de novo
[15:06] número desconhecido: eu quero saber que porra é essa aqui
 Franzo o cenho quando a próxima mensagem é um link extenso do fórum de um dos grupos universidade. E não entendo. Por um minuto inteiro me vejo completamente perdida. Passo a mão na testa e mudo o peso do meu corpo de uma perna para outra. Talvez eu devesse só bloqueá-lo outra vez e esquecer isso, não é?
Talvez eu devesse simplesmente excluí-lo de novo.
Do celular, da caixa de mensagens, da minha vida.
Mas é então que meu celular apita outra vez. E é como um pesadelo desconexo que acontece mais rápido do que eu consiga entender.
 [15:08] número desconhecido: acompanhante de aluguel? sério?
 Antes que eu consiga raciocinar de forma clara, meus dedos deslizam sobre a tela, abrindo o link em uma nova janela. E lá está. Não somente a página de um dos fóruns da universidade como soube que era, nem somente meu coração batendo tão forte no peito que espero explodir. Mas também um anúncio de fevereiro. Um anúncio tão conhecido por mim.  
O anúncio de acompanhante de aluguel.
Um anúncio de Jeon Jungkook.  
Porra.
36 notes · View notes