Tumgik
#precisei dar esse zoom
capmangacap · 1 year
Text
Tumblr media Tumblr media
0 notes
oraculodosbasbaques · 4 years
Text
Coronatório #70
São 70 dias de coronatório e parece que já se sente em muita gente, incluindo eu, alguma vontade de balanços. Detesto ler balanços mas decidi atazanar alguém com o meu. Este vai ser grande, afinal é um post num marco redondo, portanto será  para as 4 ou 5 pessoas que me lêem sempre e até ao fim. Uma das reflexões  bastante evidente, é a de que a minha necessidade de registar diários da pandemia foi diminuindo com a desconfinança dos tempos. Ainda assim, o meu coronatório manter-se-à em escrita até que tudo volte a uma espécie de normalidade pré-pandémica e quiçá utópica. Alegro-me por hoje já poder fazer coisas dentro deste coronatório que não estavam ao nosso alcance: almoçar e estar com os meus pais, cortar o cabelo, ir por exemplo e finalmente ao “Sítio da Gente Feliz”, sentir a temperatura atlântica. Algo mudou. Talvez muito . Talvez nada. Ainda não sei, é cedo.
Entre: participação e edição de podcasts, escritas de viagens, ajuda na distribuição de materiais de máscaras para costureiras que ajudaram pro bono o Hospital Amadora Sintra, a leitura finalmente concentrada de alguns livros, cursos online, ginasticar, comer melhor, record do guiness de não consumo de álcool, ensaios de tele-teatro, o visionamento regrado de séries extraordinariamente bem escritas e grande parte do tempo em ócio total, sobrou ainda menos tempo para o corona e coronatórios. Há um sentimento de que a fase 1 passou.
Na prática haverá novo Paraíso quando a vacina o trouxer em versão milagre de Nossa Senhora dos Laboratórios. Ou mesmo mais tarde, no fim da linha, quando voltarem as filas ao  Jamaica e ao LUX . Se o Jamaica e o LUX ainda existirem.
Sempre achei que mais cedo do que tarde surgirão novos picos de contaminação. Penso sempre no pior cenário. Herdei de alguém essa visualização meio dantesca do futuro e o meu trabalho também me ajudou a ter presente essa noção constante de que “isto está a correr tão bem que ainda pode dar molho”. Mas acho que não somos nada pessimistas, pelo contrário, achamos sempre que tudo se vai resolver. Em vez de nos focarmos nessa escuridão, tentamos encontrar logo rapidamente melhores cenários e formas de apagar o fogo a esses infernos, seja através da comédia, seja através de soluções orientadas para a acção. Estamos atentos ao que está mal mas sabemos que vai ficar tudo menos mal se fizermos alguma coisa.
Para já vivo esta liberdade precária da melhor maneira e com a maior cautela não-paranoide  possível. Nenhuma se poderá sobrepor à outra. São muito interessantes estes  tempos da discussão sobre “Liberdade versus Segurança” todavia estou tão cansado de opiniões, de discussões inúteis e pouco construtivas, da obsessão por se esmiuçar tudo sobre a pandemia, muitas vezes quebrando-se regras essenciais de gentileza, delicadeza e empatia. Nesse sentido, guardarei essas reflexões sócio-politico-económico-legais para mim e as pessoas próximas. Actualmente discute-se tudo. Qualquer decisão. Tudo. Desde a futurologia do número de casos até como se deve dar colo a um bebé. Degladeia-se para se mostrar que se está mais indignado e preocupado que os outros. E que estar preocupado é que é apenas a solução correcta. Tentar demonstrar que há uma certa superioridade moral por se pensar de uma certa forma não é já, em si, moralmente reprovável à partida? 
Há sempre mil Nunos Rogeiros prontos a opinar sobre qualquer área.Não me interpretem mal, gosto muito do Nuno Rogeiro e de vocês mas não preciso das vossas opiniões especialistas covídicas agora e não precisei muito durante estes 70 dias.  Num destes dias vi uma foto de uma creche em França. Whatsapp, só a foto.  Decidi partilhá-la dizendo que parecia uma imagem distópica do filme Dogville. Queria que tivesse sido só isto, uma legenda de uma foto, que em si parece mesmo uma cena do Dogville, não há sobre ela grande discórdia, se viram o filme. Não sabia sequer que havia uma discussão acesa à volta de creches, não vejo televisão regularmente há várias semanas  e a notícia das creches no briefing da manhã da TSF deve ter escapado.  Tive mais comentários a esse post que em quase todos em escrevi alguma coisa mais esperançosa. Eu próprio não consegui muitas vezes resistir à tentação de opinar no Whatsapp e no Facebook sobre coisas que não controlo ou das quais não sei tudo mas não queria que este espaço servisse para isso. Para este ruído das máquinas de destruição maciça da fé na humanidade.
Um grande amigo meu diz que estes textos são “mega seca e melosos”. Eu concordo, eu mesmo não sei se os conseguiria ler até ao fim. Sobretudo balanços. Mas gosto de escrever estes textos assim.Também porque não estou a escrever para ele. Este coronatório não pretende ser uma visão suculenta do inferno pandémico. É para as pessoas que não têm outra coisa para fazer melhor nos minutos que me decidem ler e que, principalmente, estão cansadas de que venha mais uma pessoa nas redes sociais falar-lhes da decadência sócio-moral em que o mundo actual se encontra. Não compreendo como é que isso faz falta ao mundo, mais um de nós a usar as palavras “vergonha, chega, palhaçada, basta,”. Mais um constatar o óbvio para quê? Por isso decidi juntar-me ou a procurar as pessoas que estão a fazer coisas bonitas, a participar em soluções, a encontrar pontes. É foleiro? É. É vital? Muito mais. É o “Nem toda a gente consegue ter máscaras!Escândalo!” vs. “Procura-se forma de pôr fábricas em contacto com costureiras”. É o “Muita gente vai andar faminta, Desgraça!” vs. “Organizam-se equipas de confecção e distribuição de sopa”. Parece pouco e parece ridículo mas tem impacto.
Decidi passar mais tempo a estar com ou a ver pessoas que usam o humor para ultrapassar isto. Ou pessoas que combatem o cinismo de um mundo de Trumps&Bolsonaros&Covids19 com teatro e com poesia. A criar cultura. Nem precisam de ser artistas. Só precisam de celebrar a tristeza da morte com a vida, com estarem vivos, em vez de passarem o dia resignadas a acumular em cada hora mais uma desgraça.  Eu sei que isto parece uma coisa muito cliché, ou #azeitegaloacantaroutravezdesdepedrochagasfreitas.  É com essas pessoas que estão a cooperar e a unir pessoas que eu quero estar. As que ainda não perderam a capacidade de se surpreender positivamente e acreditam que há gente boa a fazer coisas boas. Que andem “espantadas de existir” e que espantam os outros. Eu não tenho que dizer o que se deve fazer mas posso partilhar que esta foi a forma de estar que me ajudou a estar sempre bem esta quarentena. Experimentem na próxima quarentena talvez, se vos fizer sentido. 
Por exemplo, quis descobir que gente andava a ser falada pela positiva no mundo e no meu instagram partilhei com  desde o quinto dia cerca de 60 histórias de gentes que arregaçaram as mangas e estão a fazer com que isto seja bem mais fácil do que o que parecia não ser em Março. Isso fez-me sentir bem.Também tomo a minha dose diária de catastrofismo, são anti-corpos para um mundo cor-de-rosa em  que eu detestaria viver. Um mundo só puramente bom é extremamente perturbador e sinistro. Mas as minhas visões mais apocalípticas e maldades guardo-as para personagens inventadas para outros palcos, não são para ser publicadas agora. Quem, por alguma razão  precisar de ver e comentar esse tipo de armagedões, que o faça noutro lado tipo, faça scroll abaixo deste texto e dos seus possíveis comentários se estiverem a lê-lo no facebook. Aposto que em menos de 5 minutos encontram alguma coisa regada a fel para se indignarem e uma parte do vosso coração minguar mais uma vez.  No meu facebook é fácil eu fazer isso e  encontrar tudo isso porque só tenho três critérios para bloquear seres humanos virtuais: A-serem/tornarem-se stalkers B-bots C-Ambas as respostas anteriores.
Agradeço enfim a todas as pessoas que me deram a sua companhia,através de palavras optimistas e gargalhadas ao telefone, ou no whatsapp ou no zoom, ou no zencastr. Sendo por lives, sendo por convites para refeições virtuais e agora reais, sendo nos ensaios de teatro. Famosas ou anónimas, tornaram este cerco a Mafeking bem mais possível de vencer. 
Agradeço também às pessoas que não são nenhuma das hipóteses A, B, e C mencionadas acima e que até podem nem estar incluídas no parágrafo anterior. Às que foram lendo este “coronatório” durante estes 70 dias. 70 com ainda  risco de serem vezes 7. Vocês  ajudaram-me a estar ainda melhor sozinho durante esta quarentena e a sentir-me bem por escrever para alguém. Não conheço bem a maioria das pessoas que me acompanharam mas se em alguma coisa que escrevi vos fiz companhia ou fiz sorrir ou sobretudo sentir esperança - essa coisa hoje em dia tão foleira de se sentir e de se partilhar - então já valeu a pena esta minha exposição esquisita através de palavras sem corpo em redes sociais. 
     E por último aproveito para dar os parabéns a ti Ana Elisa minha grande amiga que vives num dos locais mais nível ninja" possível para viver esta pandemia, Nova Iorque. Mais arrojado e terceiro-dan -Mr.Miagi-Splinter que isso só mesmo se tivesses uma filha pequenina e tivesses tido um recém-nascido há pouco tempo... Se estivesses aqui oferecia-te outra viagem como uma vez ofereci, só que em tempos de covid, viajar de metro é capaz de ser das viagens mais perigosas que uma pessoa pode ter.Portanto deixo-te só um abraço virtual e um grande obrigado pela tua amizade quase vintage e pelo que me tens feito rir e sentir-me bem nestes dias úteis que às vezes se tornam bons dias raros.
Gonçalo Fontes
0 notes