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ambientalmercantil · 3 days
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sentimentosdemim · 12 days
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A LENDA DO AÇAÍ 🌴
★Pará Visagento★
★Sempre postamos aqui o melhor do terror amazônico, mas hoje será diferente, vamos conhecer a trágica e bela história contada por nossos indígenas sobre a origem do nosso Ouro Roxo★
Nas minhas andanças pela região do baixo Tocantins em atividades profissionais de Assistência Técnica e Extensão Rural era comum ouvir relatos dos ribeirinhos sobre “A Lenda do Açaí”, que adaptando-a à realidade vivenciada no local, a reescrevo para deleite dos leitores amantes desse gênero de arte literária. Então, vamos aos relatos!
Os ribeirinhos verbalizavam em suas narrativas sobre a lenda, que há muitos anos, antes da existência da cidade de Belém do Grão Pará, vivia nessa localidade uma tribo indígena, cuja população crescia aceleradamente. E que, com o aumento populacional, os alimentos passaram a ficar escassos, tornando difícil a sobrevivência do povo da aldeia.
Como a base da alimentação da tribo era originária da caça e da pesca e da coleta de frutos silvestres, abundantes nas várzeas, igapós e terra firme da localidade, no início não havia dificuldade em conquista-los, embora esse povo fosse sedentário. As atividades extrativas vegetal, animal e mineral empregada pelos indígenas não afetavam seus estilos de vida.
Quando a caça e a pesca e a coleta de frutos silvestres começaram a escassear, os até então indígenas sedentários passaram a abandonar o sedentarismo, transformando-se em nômades, à procura de alimentos em outras paragens distantes da tribo. Mesmo assim, a produção de alimentos continuava insignificante, forçando os indígenas a buscar outros produtos em seu território que pudessem alimentar suas famílias.
A difícil situação para alimentar os índios forçou o cacique da tribo, Itaki, a tomar uma decisão bastante cruel para o povo indígena sob seu comando. A partir daquele dia de conversações com a tribo, ele decidiu que todas as crianças que nascessem na naquela aldeia seriam sacrificadas para controlar e evitar o aumento populacional da tribo, freando a fome que já crescia nas famílias tribais.
Certo dia, no entanto, a filha do cacique que tinha o nome de Iaçá, deu à luz a uma linda menina, que também teve que ser sacrificada. Iaçá ficou desesperada com aquela crueldade imposta por seu pai, e todas as noites chorava com saudades de sua amada filhinha. Vários dias amargurada, a filha do cacique não saiu de sua tenda. Em oração, ela pedia a Tupã que mostrasse a seu pai outra maneira de ajudar seu povo, sem sacrificar as pobres e inocentes crianças que deveriam ter direito à vida.
Depois das orações e incontrolável paixão pela perda da cunhatã, numa noite de lua, Iaçá ouviu o choro de criança que vinha do exterior de seu aposento. Aproximou-se da porta de sua oca, e viu sua bela filhinha sorrindo ao pé de uma esbelta palmeira. Ficou espantada com a visão. Imediatamente, lançou-se em direção à sua cunhatã, abraçando-a. Mas, misteriosamente, a menina desapareceu como num rápido facho de luz. Iaçã ficou inconsolável e chorou muito até desfalecer.
No dia seguinte, seu corpo foi encontrado abraçado ao tronco da esbelta palmeira. No rosto de Iaçá havia um sorriso de felicidade plena. Seus olhos negros fitavam o alto da palmeira, que se encontrava carregada de cachos com frutinhos escuros amadurecidos, insinuando que ali estava a saída para salvar as crianças da morte.
A experiência da tribo na confecção de artesanatos usando recursos da natureza, resultando na produção e uso de alguidares de barro e rasas e peneiras confeccionadas com talas de guarumã, cipó titica e jacitara, já era conhecida nas atividades tribais.
Vendo e analisando aquela cena, o cacique Itaki ordenou que seus comandados apanhassem os cachos com os frutinhos negros e os debulhassem em rasa e, em seguida, fossem amassados manualmente em alguidar de barro cozido. Ato contínuo, recomendou que fossem coados em peneiras confeccionadas com talas de guarumã, obtendo saboroso vinho avermelhado que foi batizado como açaí, em homenagem a índia Iaçá, cujo nome lido de trás para frente, formava a palavra açaí.
Com o saboroso suco do açaí, o cacique alimentou seu povo. A partir daquele dia, suspendeu a ordem de sacrificar as inocentes crianças, em respeito à vida. E a tribo voltou a viver feliz, em perfeita harmonia com a natureza, com farta produção de açaí para alimentar a população indígena, sem ter que cometer a crueldade de matar as amáveis crianças da tribo.
★Texto: Raimundo Maciel de Castro✍️
★Ilustração criada para o relato📸
★Para mais lendas da amazônia Siga 👉 Pará Visagento
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schoje · 2 months
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Está prevista para as 17h de hoje (1º) a chegada de 220 mil doses da vacina Oxford/AstraZeneca importadas por intermédio do consórcio Covax Facility, coordenado pela Organização Mundial da Saúde (OMS). Os imunizantes serão desembarcados no Aeroporto Internacional de Guarulhos. Amanhã (2), uma nova remessa desse imunizante, também obtida junto ao Covax Facility, chega a São Paulo, com mais 3,8 milhões de doses. Com isso, completam-se os 4 milhões de doses previstos para maio anunciados pelo Ministério da Saúde. O Covax Facility é uma aliança internacional da OMS que tem como principal objetivo acelerar o desenvolvimento e a fabricação de vacinas contra a covid-19 e garantir acesso igualitário à imunização. O Brasil tem direito a 10,5 milhões de doses. Em março, foi enviado um total de 1 milhão de doses da vacina Oxford/AstraZeneca, cujos lotes foram fabricados na Coreia do Sul pelo laboratório BK Bioscience. Distribuição por grupo prioritário No total, o fim de semana terá entrega de 10,9 milhões de doses de vacinas. Isso porque, ontem (30), foram entregues 6,5 milhões de doses da vacina Oxford/AstraZeneca, produzida no Brasil pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), além de 420 mil da CoronaVac, parceria entre o Instituto Butantan e a farmacêutica chinesa Sinovac. Na quinta-feira (29), o Ministério da Saúde publicou o informe técnico sobre a distribuição dessas 6,9 milhões de doses dentro do Plano Nacional de Operacionalização da Vacinação contra Covid-19. De acordo com o documento, as doses da vacina Oxford/AstraZeneca garantem a vacinação da primeira dose em aproximadamente 1,9 milhão de pessoas de 60 a 64 anos, que já está em andamento, e para o início da vacinação de pessoas com comorbidades, gestantes e puérperas e pessoas com deficiência permanente, no total de aproximadamente 3,8 milhões pessoas. Já as doses da vacina Sinovac/Butantan serão disponibilizadas da seguinte forma: segundas doses para trabalhadores de saúde (181,8 mil pessoas); primeira e segunda doses para forças de segurança e salvamento e Forças Armadas, 70,2 mil pessoas e 59,8 mil pessoas, respectivamente; e primeiras doses do excedente populacional do estado de Santa Catarina do grupo de trabalhadores de saúde, suficientes à vacinação de aproximadamente 19,4 mil pessoas. A coordenação-geral do Programa Nacional de Imunizações informou que vem recebendo solicitações de adicionais de vacinas contra covid-19 para oferta aos trabalhadores de saúde e povos e comunidades tradicionais ribeirinhos e quilombolas, alegando divergências nas estimativas utilizadas pelo Ministério da Saúde. As justificativas técnicas e as novas estimativas desses grupos ser enviadas pelos estados até a próxima terça-feira (4). Nesse sentido, o estado de Santa Catarina encaminhou a estimava populacional excedente do grupo de trabalhadores de saúde e, por isso, será contemplado com essa entrega adicional, atendendo a 100% de sua estimativa.
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ocombatente · 3 months
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Assembleia presta homenagem ao trabalho realizado pela Marinha em Rondônia
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A Assembleia Legislativa de Rondônia (Alero) realizou na manhã desta segunda-feira (3) uma sessão solene para outorgar voto de louvor à Marinha do Brasil pelos valorosos serviços prestados ao estado de Rondônia. A solenidade foi proposta pelo presidente da Casa de Leis, deputado estadual Marcelo Cruz (PRTB), e foi presidida pelo deputado Cirone Deiró (União Brasil) no plenário Lúcia Tereza Rodrigues dos Santos. A Marinha do Brasil integra o seleto grupo que integra as Forças Armadas e sua função está diretamente relacionada à defesa da soberania nacional, contribuindo para a segurança além de salvaguardar os interesses nacionais em sintonia com os anseios da sociedade. Tripulação da Capitania Fluvial de Porto Velho prestigiou a homenagem (Foto: Rafael Oliveira I Secom ALE/RO) Para o deputado estadual Cirone Deiró, o trabalho desempenhado pela Marinha tem sido essencial na construção do estado de Rondônia. “É um reconhecimento proposto pela Assembleia ao excelente trabalho que a Marinha faz em nosso estado em defesa da faixa fronteiriças e junto aos ribeirinhos. Por sermos um estado agrícola, a instituição tem sua devida importância pois é peça-chave para que nossa exportação seja feita com menos riscos e em menor tempo”, frisou. A representante da comunidade do distrito de São Carlos no Baixo Madeira, Nágila Maria Paula, fez um agradecimento especial a Assembleia Legislativa. “Quero agradecer todos os deputados, ao presidente Marcelo Cruz pela propositura e ao deputado Cirone Deiró por presidir essa solenidade para homenagear esta instituição. Nós ribeirinhos somos muito gratos pelo trabalho realizado no Baixo Madeira”, afirmou. Nágila Paula fez a indicação da homenagem ao deputado estadual Marcelo Cruz (Foto: Rafael Oliveira I Secom ALE/RO) O chefe de gabinete parlamentar do deputado estadual Marcelo Cruz, Leonardo Cavalheiro, valorizou o trabalho desempenhado pela Marinha. “Procuramos atender essa propositura que foi levantada pela Nágila que é uma líder nata na região. A Marinha merece essa homenagem em reconhecimento ao trabalho pertinente ao nosso estado. E ela chega em um momento oportuno, pois no próximo dia 11 de junho é comemorado o Dia da Marinha”, disse. De acordo com o capitão de corveta da Capitania Fluvial de Porto Velho, Marcos Sérgio dos Santos Matos, a Assembleia Legislativa celebra as ações desempenhadas pela Marinha. “É um motivo de satisfação estar na Casa do Povo pelo reconhecimento ao trabalho realizado, pois trabalhamos para assegurar a segurança da vida humana e das vias fluviais da região. Agradeço o trabalho reconhecido pelo voto de louvor indicado pela senhora Nágila e ao deputado Marcelo Cruz”, destacou. Leonardo Cavalheiro valorizou o trabalho desempenhado pela Marinha (Foto: Rafael Oliveira I Secom ALE/RO) Para o capitão de fragata da Capitania Fluvial de Porto Velho, Matheus de Athaídes Firmino, é uma honra ser homenageado pela Casa de Leis. “A população do Baixo Madeira é importante para o motivo da nossa existência. O sentimento é de gratidão da Capitania Fluvial de Porto Velho e me sinto honrado pela iniciativa da senhora Nágila. Temos uma missão importante por meio de cursos, palestras além das orientações navais feitas por nossa tripulação, que atua em defesa da Pátria, da nossa força naval e assegura a segurança da navegação”, encerrou. Texto: Alexandre Almeida I Secom ALE/RO Fonte: Assembleia Legislativa de RO Read the full article
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flavia0vasco · 6 months
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SEQÜÊNCIA 10 - A ILHA DO PESCADOR
Até arribar por sobre as águas o quanto pôde, uma corda testou antes sua briga com o destino, quando lançada aos pés do ubá e recuperada em meio à remação. Fora presa a uma árvore e atada no assento, salvando André da descida. Algum salvador a arrastava agora pra perto, deixando-o em segurança. Ia enrolando-a numa pedra tombada pontiaguda, cravada no solo, que servia de apoio. Não fosse isso não sabia no que ia dar. No pulo pra ribanceira, dificultado pela tralha que levava, um galho de árvore foi estendido até ele pra que se aproximasse mais e se visse livre do perigo. A lama afundou seus pés, e olhos perturbados interrogaram sua presença.
Respirou fundo por instantes, até se recuperar, e antes dele a figura a sua frente se acalmou. Era um aborígene semi-nu sem saber como se comunicar, depois que viu que isso não era possível. Através de gestos pôs André a segui-lo.
Foram deixando pra trás o barulho do aguaceiro. Apenas o chacoalhar das folhas sobre suas cabeças tilintando. O último refúgio dos ribeirinhos pra aquém das águas do mar, era no entroncamento do delta com o estuário. Lá, um imberbe lograria um jeito de André fretar nave que o levaria pelo oceano até o posto baleeiro - Terêncio lhe apaziguara o espírito. Pra isso, além do nome espalhado que este tinha, André foi obrigado a memorizá-lo num dialeto local, e também levou a fotografia do amigo pra servir de ligação com aquela gente. Era um mundo desconhecido, aquele. Era preciso ganhar alguma confiança. A imagem digital não mentia. De cara, intrigou os adultos, e roubou assustadoramente as crianças, as mais curiosas. Mas, muitos a temiam, achando que por detrás dela, se escondia na verdade a alma capturada do agora temido Terêncio. Tinham medo de também terem suas almas roubadas com aquele negócio estranho, a câmera digital. Acabavam saindo de perto, vendo na fotografia um sinal de mau agouro, como um objeto mágico poderoso que os impedia inclusive de tocá-lo, quanto mais de o destruir. Como se fosse uma velha crença sobrevivida, e perpetuada desde seus antigos ancestrais indígenas.
Por seu lado, o contato, mesmo fugidio, com a floresta e seu povo, deixou em André impressões:
“A floresta estava marcada com suas superstições, tangíveis em sua essência mais pura, virgem e natural. Isso me fazia querer registrar imagens munidas de uma certa ‘aura’, contida certamente nas rezas, rituais de cura, na sobrevivência em meio ao modo de vida tradicional, vivida no roçado do arroz, do feijão, da mandioca, do milho ... e, na pesca artesanal, caça e extrativismo vegetal. Mas, como um estranho eu não podia. Eu era uma ameaça a esse equilíbrio”.
Em suma, André foi repudiado e temido como um feiticeiro. Um só ribeirinho não ficou presa de tal crença. E foi Curimã. Foi ele quem o ajudou. De apelido emprestado de uma espécie de peixe dali, esse viajante nativo cresceu travando contato com o litoral entre uma subida e outra do rio. Ia lá em busca do óleo de baleia. Para suas residências mal iluminadas. Uma chalana motorizada dava cabo da empreitada. Era grande o suficiente para entulhar 20 barris de óleo, o que correspondia a 1 mês de consumo por habitação. O que o obrigava a idas e vindas ao longo do ano para manter o estoque.
Traquejava o linguajar caiçara nesses anos de aprendizagem e camaradagem. Era por ele e por Terêncio que corriam as histórias do Pescador em meio à gente do interior. Faziam segredo de suas fontes como se suas palavras chegassem carregadas pelo vento, mágicas, sendo guardadas em suas cabeças e coração. Cabia a eles espalhá-las como sementes e fecundar a imaginação daquele povo. Mas, tinham entre o mundo dos vivos um guia espiritual acima de autoridade que bebia daquela mesma água de sabedoria herdada pelo tempo, e que se difundia em meio a uma tradição oral passada de pai para filho. Eles, os três, eram guardiões dessas histórias ... e era a partir do litoral, onde o Pescador fez sua morada na ilha, que todo esse repositório de crenças e estórias cabia na figura de um só homem trabalhador, simples, humilde e calado. Daí pro mundo o mito do Pescador se espalhou milagrosamente para além das fronteiras da imaginação.
Assim, foi com Curimã também que André se comunicou, tal como com Terêncio. Ambos tinham na raiz de sua sabedoria ancestral os traços lingüísticos próprios da origem longínqua do Pescador para além dos confins da ilha. Encarregavam-se de transmitir essa tradição a iniciados de seu tempo como se fossem verdadeiros xamãs. Pertenciam à linhagem dos dotados de dons sobrenaturais que descendiam de Criolo e a contemporânea cigana.
No Brejo d'as Águas rezava uma lenda, dizia Curimã, que o Pescador fez chover a cântaros feito um dilúvio a fonte que inundava o rio e o cardume de betaras se multiplicou pra matar a fome do ribeirinho que sofria de escorbuto e não podia arar nem plantar nem colher o alimento tão debilitado estava pela pandemia. A noite era enferma e a insônia agoniada, o calor febril chupava o caroço da fruta até desidratá-la e subia da cratera da terra esturricando o que visse pela frente, e era mato e era gente. Era a seca rondando feito praga no ar fremindo os corpos. Nunca se vira coisa assim, por esses cantos. O evento castigou com uma sentença antiga brotada da alma da inconsciência coletiva das baleias, segundo a qual tirar a vida de um bebê recém-nascido no dia da oferenda do baleote para os deuses das baleias trazia um azar e uma punição de morte no seio da coletividade transgressora. Esse era o tabu. E cabia ao assassino a sina de viver na pele de um pescador um ancestral imemorial das baleias exilado para todo o sempre. É que a criança morta era para ser em seu destino um pescador. E sem pescador não tinha pesca, e sem a pesca a fome reinava. As oferendas é que garantiam a salvação por meio das preces ao Omni, deus supremo das baleias, que aparecia do nada pra alimentar sua prole pescadora raquítica. A cada ano ele fazia um milagre, o da multiplicação dos peixes. E chegou o tempo do pescador que não veio. E a chuva não veio. O chão crestou. O rio secou. A água parou. O peixe sumiu. A hora parou. Tudo ficou suspenso. Foi a geração perdida. Aquele ano a seca vingou. E a fome vingou. A sobrevivência restou num pacto jorrado do sangue do recém-nascido natimorto. Um substituto benfeitor se encarregaria da pescaria à altura. E o pedido era feito à Dracca. O barqueiro Creonte se encarregaria de abrir o Portal do Tempo e enviar o semeador. É que além dos peixes ele traria a abundância nos campos do milho. O alimento sagrado reservado ao deus das baleias para agradecer a conquista de um arauto da fartura. O totem era o milho. E pra cumprir o pedido a prole se absteria do alimento durante 15 solstícios de verão. Mas, a ofensa a Omni não foi de todo aplacada pelo pacto. Ficou vaticinado de que uma nova seca inclemente se abateria sobre aquele povoado. E se refletiria no ciclo evolutivo das baleias. Uma nova adaptação entraria em curso e uma cadeia alimentar toda modificada se encarregaria de nutri-las e gestar baleotes fortes. Garantindo-lhes a sobrevivência e supremacia no mundo dos mamíferos e outorgando-lhes uma inteligência ímpar de conexão interplanetária e energética, inclusive com um aparelhamento como nunca visto antes do seu sistema de comunicação, que se elevaria à condição de música, capaz de sinfonias complexas e magistrais.
Coube ao Pescador os peixes espalhar e o milho prover às baleias. E o equilíbrio se restabeleceu.
***
O ubá cedeu lugar à catraia movida a motor e vela. Carimã, um remeiro dos bons, foi escalado pro circuito marítimo não a salvo de inconvenientes e sobressaltos, ou peças pregadas a experientes navegadores do mar. A travessia requeria mais que sabedoria, coragem. Impunha-se uma forte corrente marítima quente, sob influência da qual se encontrava a floresta, plainando no ar as massas de ar dela derivadas, e que caracterizavam aquele clima quente e úmido. Convinha ser presto em atravessar, e cauto em manobrar no vencer as águas. Para além do continente, outro território se desvelava, a leste, sob o domínio de outro povo singular em sua constituição primordial entre a natureza e o homem: os caiçaras.
Cena “X”: (Plano Panorâmico) André e o remeiro na catraia, em alto-mar.
Presidia certa inquietação no mar. Bolsões de ar, conferindo acalentado rubor às faces, deram lugar a frígidos arrepios na pele. E, os descalabros do termômetro em queda, que outrora, do hemisfério caiçara traziam as gaivotas para o veraneio nos açudes e rios da floresta, fez-se sentir. O céu estancava inerte na imensidão. Por ora, petrificado, erigia em si ergum, uma catedral do silêncio.
Uma avalanche inaudível de nuvens algodoadas, amontoadas de negro azul, cingiu de sombras a enclausurada visão. Mediante um pensamento temeroso e outro cumpria a respiração suspensa tomar, para superar - de todo - o pavor do derradeiro livramento não alcançar. Pra todos os longes urdia fazer o céu desabar. Livres não estavam com esses rogatórios ensimesmados de, sob a circunferência de suas cabeças, não se porem protegidos à santidade como à coroa de um monge. A essa hora viam próximo, como nunca anunciado, o vaticínio do prelúdio de uma hecatombe sobre o mar.
O primeiro clarão ressoou seco, mudo. O motor já rompia as bordas do pequeno golfo, vencida a foz mista, quando soprou a primeira brisa. Veio refugada. De supetão. E de viés. Sem se necessitar do propulsor, obrigou-se o lançar velas, pra corrigir o rumo. E em pouco tempo, não só a correnteza aumentou, como lhe fez forçosa a ventania. A margem de manobra era infinitamente épica para as dimensões da embarcação. Teriam que remar a toda velocidade, e ao limite de suas forças, por horas a fio, para darem sinal de vida junto à armação baleeira, caso o pior se confirmasse.
A noite cairia tão logo o ocaso se pusesse. E saberiam se estariam vivos até lá. Até se cumprir a metade de todo um dia, a visibilidade poderia, eventualmente, lhes render o que faltaria de força, e restituir sucessivamente a esperança. A carta da liberação de um tarô, como que aberta, na previsão da jornada, lá pela réstia da madrugada, quando partiram, sob bons augúrios, não os poupou do desatino repentino da natureza bravia, pouco depois, em uma de suas (im)perfeições mais implacáveis: o tufão. Mais uma prova, de que vacilantes, éramos. Certeira, era ela. Sempre. A Natureza. A fazer-nos duvidar de nossos cálculos a priori incertos, ainda que munidos de certa previsão. Respeito, nós lhe devíamos sempre; mas, de certeza se tinha, que de sofrer vive o pescador do mar. Não por serem certos os percalços de seu ofício, mas por ser triste a sua sina. Assim, como certa a sua glória ao morrer no lançar-se sobre as águas do mar no cumprimento de seu dever:
♫♪ “É doce morrer no mar, nas ondas verdes do mar”. ♪♫       
Como um mote do homem do litoral da Bahia que vive da pesca, nos lábios do cantador, a morte é doce nos braços de Iemanjá, a Senhora das Águas. Mas, aqui o remeiro navega, normalmente, em águas doces, ribeirinhas. Não conhece o traiçoeiro mar. Os caiçaras, sim: destes, porém, são outras as lendas e crenças, diferentes das da Bahia. Algumas, só, parecidas. Povos primitivos, os caiçaras se constituíram desde tempos imemoriais junto ao litoral, ligados à pequena pesca, agricultura itinerante, artesanato e extrativismo vegetal.  Certo era que no trato com o mar em horas de pescaria tinha de se haver também com o imprevisto, e até com o infortúnio como manda o refrão. Seu melhor amigo era traiçoeiro. Podia lhe pregar uma peça. E fazer ver entre os companheiros soçobrar um à morte, como findou Pedro, em meio à tempestade, numa trágica peça musical entoada na conhecida canção praieira. Na minha lembrança, nada mais comovente que ouvir de um narrador baiano a história de Pedro, o pescador, e seus amigos Lino, Chico e Zeca, junto à amada Rosinha, que endoidecia na falta do seu amado. Foram inconsoláveis, os companheiros, em cortejo, por entre o povo da vila abrindo caminho até a igreja, a chorar a morte do querido pescador.
E o remeiro corajoso, conhecedor, mas não adestrado em águas oceânicas turbulentas, para além de seu habitat, foi, em tempestade ter, a certo modo, o mesmo fim - ainda que em nada se igualasse a sua pescaria no interior da floresta à do povo do litoral. Engolido foi pelas águas salgadas, sem peixe do mar pescar, nem história de pescador do mar carregar. Mas, cumpriu seu dever, eventual, de leva-e-traz entre os dois destinos da ilha. Embarcou, em vias de despropósito, e em ventura solitária, a cargo de André, garoto misterioso, até quase o outro ponto extremo da ilha, como se fizesse mais uma de suas travessias entre um ponto e outro do rio, no transporte de pessoas, cargas e víveres. Em sua lida, não contumaz, fadou à fatalidade.
Ambos, temendo não sobreviverem ao endemoniado furacão, achavam que teriam suas chances subtraídas, se caíssem às portas do grande olho da ventania. Ainda a certa distância dele, era imprevisível o rumo que ele iria tomar. E dito e feito, pesando a má sorte contra todo o peditório, o redemoinho os alcançou, e fez a nau voar no ar, desembestada, rota feita a engrenagem e estilhaçado o mastro à vela; em trapos, o pano encardido. Rastejantes e curvos, os navegantes contra os uivos lancinantes do mau tempo e assovios cortantes como vidro, nada puderam. Cravantes as unhas e os dedos das mãos no vão dos bancos, sem onde mais se aterem, renovaram logo os rogos a todo vapor. O furioso golpe das sucessivas voltas atordoou o estado de consciência de ambos, mas coube ser o remeiro, - antes que desfalecesse - ser lançado às alturas, abrupta e longemente, rodopiando à mercê do bote, em que se transformara a catraia, deixando pra trás qualquer esperança de salvação. André ainda tentou com um solavanco alcançar-lhe a mão desesperada, mas a dura “parede de concreto” do furacão, formada pelo negrume dos estilhaços de água, pedra, terra e areia, levou para fora do campo de visão o pobre. E, cuspiu-o, sufocando-o, estrupiado e morto na tangente centrífuga daquele tortuoso e impiedoso “pião” giratório.
André só não repetiu na pele essa cena, quem sabe, talvez, por pôr em questão sua falta de fé: esse instante, subjugado às mãos de um poder assolador fora da magnitude humana e alheio a qualquer possibilidade de controle, ultrapassa as raias da razão, e inaugura um estado de forças e poderes desconhecidos, cuja comprovação é de natureza intraduzível e improvável.
Jogada em tempo a mochila nas costas, mergulhou a cara no piso da catraia e orou. Não uma missa, um rosário, uma prece, um Deus ... mas um pensamento sem nome e infindo, verdadeiro, sem tempo nenhum a lhe tomar, senão apenas a presença de um absoluto e desconhecido BEM. Por quem se reconheceu rodeado, quando ao tornar a cabeça pra cima, descortinou sobre si, revolta e súbita, uma abertura, em que mirou nela, num relance, o céu azul e límpido. Sentiu, nesse instante, algo possante recolher-se à mão, como quando do calor que sentira ao pousar ali o Pescador a moeda, daquela vez. E abriu-a. Lá estava ela. A moeda. Como um milagre. Agora já nada o atingia. A própria nave a flutuar incrédula sobre as águas abaixo. Até pousar sobre a superfície, fixa. Por um ínfimo instante isso se deu. Lembrou então de Caronte, o condutor de almas, e do canoeiro ... . Então, como no Portal do Tempo, o círculo torvelinho acima se fechou, abruptamente. E antes que diminuísse de todo a sua força, mudou de rumo ribombando a embarcação para fora de si, e chacoalhando impiedosamente André, em seu interior. Este só não foi atirado para além dela, porque amarrou-se o quanto antes no amarrador de proa para do impacto se proteger. No impulso de toda expulsão, a partir do centro, ele trombou fortemente a cabeça contra a carcaça da catraia, desfalecendo imediatamente.
A passagem paga salvou-lhe a vida, como se lhe garantisse o atendimento de um único pedido a que tivesse direito. Isso o guia da barca, nem o pescador lhe haviam dito, nem diriam. Apenas o seu coração saberia quando cobrá-la, a moeda – sua fé. E isso ele agora entendia. Mais ainda quando abriu os olhos, e se deu conta de que não estava mais no mar. Pelo menos não em alto-mar, mas na praia. Em algum ponto dela, guardada apenas por uma cabana de madeira.
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ocombatenterondonia · 7 months
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Indígenas protestam contra construção da Ferrogrão
Indígenas dos povos Munduruku, Kayapó, Panará, Xavante, do Tapajós, ribeirinhos e agricultores familiares realizaram nesta segunda-feira (4), em Santarém, no Pará, um protesto contra a construção da Ferrogrão. Com 933 quilômetros (km) de extensão, a ferrovia ligará Sinop, em Mato Grosso, ao porto paraense de Miritituba. O projeto prevê passagens por áreas de preservação permanente e terras…
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portifoliobrunokariri · 7 months
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Quem sou eu?
Olá, sou o Bruno Pereira Justo, mas podem me chamar de Bruno Kariri! Sou multi arti-vista da periferia da Zona Sul de São Paulo. Tenho 22 anos, sou neto de alagoanos, ribeirinhos, do povo Kariri Xocó e baianos, nascido e criado na quebrada do Jardim São Luís. Atuo há 7 anos na cena do teatro periférico paulistano. Sou cantador, compositor e poeta por espírito.  Sou também licenciando em Ciências Sociais pela Universidade Federal de São Paulo, e antropólogo em formação, e também é estudante de Palhaçaria pela FPJ - Doutores da Alegria.  Vou utilizar o espaço dessa plataforma para anexar toda a minha trajetória artística e meu portifólio.
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amazoniaonline · 10 months
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Racismo Ambiental: A Invisibilidade e o Impacto nas Comunidades Minoritárias
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Em meio às comemorações do Dia Nacional da Consciência Negra, levanta-se um tema urgente e muitas vezes negligenciado: o racismo ambiental. Esta expressão, que pode não ser familiar a todos, denota uma realidade onde comunidades étnicas e minoritárias são desproporcionalmente afetadas por desastres ambientais e negligenciadas em políticas públicas ambientais. Benjamin Franklin Chavis Jr, uma voz ativa pelos direitos civis, define o racismo ambiental como a "discriminação racial no direcionamento deliberado de comunidades étnicas e minoritárias para exposição a locais e instalações de resíduos tóxicos e perigosos, juntamente com a exclusão sistemática de minorias na formulação, aplicação e remediação de políticas ambientais". As raízes deste fenômeno remontam ao racismo estrutural e à história de segregação, que ainda hoje se reflete na distribuição desigual dos efeitos da crise climática. Lana Marx, especialista de Diversidade, destaca a necessidade de reconhecer as escolhas deliberadas no planejamento urbano que afetam comunidades periféricas, quilombolas, indígenas e ribeirinhos. Ela aponta a importância de questionarmos as raízes históricas das mudanças climáticas e reconhecermos os grupos mais impactados. Por sua vez, Thais Santos, química e educadora, co-fundadora da Comunidade Cultural Quilombaque e conselheira do WWF-Brasil, enfatiza que negligenciar os direitos constitucionais de comunidades tradicionais e povos originários constitui uma forma de racismo ambiental. Ela ressalta a necessidade de racializar o debate ambiental para visualizar claramente quem são as vítimas desse sistema. Neste Mês da Consciência Negra, e em todos os meses, é crucial manter o racismo ambiental em discussão, buscando compreender suas várias dimensões e ouvir os grupos afetados. O objetivo é construir um futuro mais justo, saudável e harmonioso, saindo da zona de conforto que serve apenas a alguns. Com finformações da WWF Brasil. Read the full article
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vocativocom · 11 months
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A vulnerabilidade da pesca na Amazônia em meio à seca extrema
Pesquisadores opinam sobre como o poder público precisa investir no monitoramento de desembarque pesqueiro nas principais cidades da calha do rio Amazonas
Por Vinícius Zanatto e Patrícia Rosa – Todos os anos, o volume das águas do rio Solimões aumenta e diminui durante a enchente e a seca, o que, entre pesquisadores, é conhecido como pulso de inundação. Esse movimento impulsiona todas as atividades produtivas e as relações sociais dos povos indígenas e ribeirinhos que vivem nas áreas inundáveis de várzea na Amazônia. Na região amazônica, é a…
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docefenix · 1 year
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TEORIA DO CICLO DA ÁGUA PURIFICADA
Água é a vida a os veias do planeta
Cada gota da chuva alimenta a terra.
A sementes e a riqueza do é Árvores em pé e também nossos filhos.
Até mesmo que não tem filho tem alguém que ama.
E amor é igual um planta que nasceu espontânea.
A ganância é ilusão de que Ouro e dinheiro papel é tessouro e que o suar que a maioria dar não justifica oque ganha
O ciclo da água sabe ser violenta, mostrando a verdade ignorada
Invadem comunidades para explorar essa falsa beleza deixando um rastro de destruição e sangue.
Tudo por Ouro e outras pedras preciosas esse ouro não pode compra a vida do povo nem agora e nem no futuro.
Diamante foi estraído do trabalho escravo e é sangue do nosso futuro.
Proibição do Garimpo ea  Proteção da terra é nosso obrigação, falo dos três poderes que insistem em não nos ouvir.
Somos a quarta voz todos querem mudanças pro bem do futuro somos mais que um bloco de quinta feira
A corrupção é igual a poluição tem que ser resolvida tem que ser limpa a casa inteira
Vestibular comprovando suas capacidades é que eles vão fazer para provar digno de administrar igual ao enem que devemos nos preparar vejo no senados meninos mimados se vestindo de homens seris desperados para organizar é claro que eu vejo meia duzia de gatos pigados que com conhecimento querem mudar as coisas de fato mas os antigos porcos do capital não quer tirar a bunda da cadeira se amultuam e querer bloquear a revolução
Mas ela é água
Purificação para fora da sua ilha de metáforas punição para quem polui a água.
Aqueles que não querem mudar para o bem de todos são iguais oque Davi Kopenawa Yanomami Xamã Defensor da Floresta no livro Queda do Céu diz
"Os brancos que criaram as  mercadorias pensam que são espertos valentes mas eles são avarentos e não cuidam dos que entre eles não tem nada; como é que pode pensar que são grandes homens e se acharem tão inteligentes?"
Começou chover em casa agradeço em silêncio depois de escrever oque já está escrito
Penso sobre os indígenas não achar bonito joalherias e eu concordo com isso enquanto imagino uma linda bijuteria
Grande parte do mercado do Ouro trabalha com declarações falsificadas.
A chuva fica mais forte o céu chora.
A Ganância do homem branco joga mercúrio na água que o ribeirinho busca seu alimento.
A pior indústria é a que lucra com a fome.
Procure as cidades com maior população e pobreza grande e lá estam as fábricas.
 A a mineração na nossa terra é crime!
A vida na terra é o planeta. 
A gente nasce a gente vive a gente morre mas nosso povo viverá nessa terra para sempre.
Alguns filhos da terra nascem do concreto.
Existe filhos que são semente do escuro e das vozes silenciadas.
De olhos fechados sentem o peso das construções.
Aparentemente esquecidas.
Querer proteger a vida.
Parece impossível mas não é.
O poder trabalhando nosso favor.
Exército que antes ajudou nas guerras mundiais viver para proteger toda a natureza e formas de vida é divino.
Só coisas boas podem brotar do pagamento da real justiça que voltará reinar.
Proteja a floresta e a selva de pedra também prosperar.
Um dia novo o sol chega ilumina todos.
(.....)
Energia renovável e é importante .
Parece impossível mas não é.
A gente nasce a gente vive a gente morre mas nosso povo viverá nessa terra.
Proteger toda a natureza e formas de vida é divino para sempre.
-A teoria do ciclo da água aos olhos do xamã 
06 de outubro São Paulo antiga terra dos Guaranis que fugindo dos caçadores uniram aos Tupi na floresta atlântica do litoral.
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brasilsa · 1 year
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ambientalmercantil · 8 months
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sentimentosdemim · 8 months
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Iara, a mãe d'agua .
Uma das mais famosas lendas dos povos ribeirinhos da Amazônia é a lenda da Iara.
Contam que Iara era uma indígena guerreira muito forte e valente,que por ser a preferida do cacique ,despertou a inveja de seus irmãos.
Decidiram então fazer- lhe uma emboscada,mas por ser forte e destemida acabou por matar a todos.
Temendo o castigo do cacique,fugiu para a beira do rio,onde foi encontrada e morta.
Os peixes salvaram seu corpo e a transformaram numa linda mulher com calda de peixe.
Iara canta nas pedras com uma voz tão doce,que atrai os homens que vão até ela, levando- os pro fundo dos rios.
Eu sempre achei essa história muito linda e triste.... até conversar com seu Chico.
Seu Chico ,um caboclo que vivia em Santana do Jaguaribe,uma cidade que passei:
_ Não acredite nessas história de que a mãe d' água é uma linda mulher não, Nana.
Aquilo que eu vi não é desse mundo.
Não....aquilo que eu vi só pode ser um demônio em forma de mulher.
_ Como assim,seu Chico?
_ Humpf! Vou te contar.
Eu estava pescando na beira do rio,na época era jovem e forte ,e aguentava trazer o samburá cheinho de peixes com uma mão só.
Eu tinha saído cedo,já estava com os sacos cheios de peixes, e assim resolvi parar pra comer na beira de umas pedras.
Comi,tomei um pouco de cachaça ,e encostei pra tirar um cochilo.
Da margem onde eu estava ,comecei a ouvir um barulho na água,como se alguém estivesse nadando perto dali.
Eu olhei e havia uma mulher,saída não sei de onde,olhando pra mim.
Confesso que era uma mulher muito bonita,com longos cabelos negros,e os olhos mais verdes que eu já havia visto.
Ela sorriu pra mim,submergindo na água,e eu imediatamente mergulhei atrás
.
Eu estava hipnotizado,nunca tinha visto uma mulher tão bela em toda a minha vida.
Ela nadava pro meio do rio, em direção a umas pedras,e cada vez que eu me aproximava, se afastava um pouco mais.
Toda vez que eu parava,ela aparecia mais na frente,me incentivando a segui- la.
Teve uma hora que eu cansei dos joguinhos dela e falei:
_ Se tu me quer, aparece logo,mulher.
Não vou ficar nadando atrás de você o dia inteiro.
_Pra quê fui falar isso...ela apareceu na minha frente,enorme agora.
Tirou seu disfarce de encantamento e por baixo da pele haviam escamas verdes de peixe.
Seus olhos agora eram negros, e uma boca gigante,igual a boca de uma piranha ,cheinha de dentes enormes e afiados, se arreganhou pra mim.
Ela sorriu aquele sorriso horrendo ,e pulou pra me morder.
Coloquei meu braço na frente , e ficou atravessado naquela boca horrível,aberta e pronta pra me arrancar o rosto inteiro, e comecei a lutar por minha vida.
Eu puxava,socava, e quanto mais eu lutava, mas era levado pro fundo do rio.
Quando eu estava quase perdendo as forças, me lembrei da faquinha de escamar peixe que ainda estava no shorts ,puxei com a outra mão e cravei inteirinha nela!
Eu ouvi um grito ,como se fosse uma sirene , ou um chiado alto,e fui jogado longe.
Consegui chegar a margem,mesmo sangrando muito,e quando olhei pra trás,vi um rabo de peixe enorme batendo nas águas e sumindo.
Meu braço latejava e doía muito, e fui andando até a saída da mata,onde desmaiei.
A sorte foi que meus primos,vendo a canoa abandonada,saíram pra me procurar e me acharam sangrando deitado no chão.
Eu estava olhando meio cética,pro seu Chico:
_ Você não tá acreditando não , né.
Pois olha aqui....
Ele estendeu o braço pra mim, e dava pra ver, apesar de todos aqueles anos, um grande pedaço de carne faltando em seu braço, e as marcas de dentes,ao lado da marca dos pontos:
_ Aquela diaba arrancou um pedaço do meu braço, e só não me matou porquê espetei ela com a faca.
Nunca mais fui pescar sozinho...e tenho medo até os dias de hoje.
Toda vez que entrava no rio, parecia sentir aquela coisa me espreitando, só esperando pra me pegar!
Isso é pra aqueles que têm ideias românticas com sereias.
Elas são seres perigosos,que podem sim matar!
E esse é o meu relato.
Por: Nana Batista
Créditos: Contos e Fatos Sobrenaturais
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fabianocatrinck · 1 year
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Luz do Saber News - Edição 01:
Registro feito pelos missionários Augusto e Rochellane de Povos ribeirinhos da Amazônia chegando para louvar ao Senhor Jesus Cristo.
Registro feito pelos missionários Augusto e Rochellane de Povos ribeirinhos da Amazônia chegando para louvar ao Senhor Jesus Cristoem Mel da Pedreira Macapá!
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ocombatente · 3 months
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Assembleia presta homenagem ao trabalho realizado pela Marinha em Rondônia
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A Assembleia Legislativa de Rondônia (Alero) realizou na manhã desta segunda-feira (3) uma sessão solene para outorgar voto de louvor à Marinha do Brasil pelos valorosos serviços prestados ao estado de Rondônia. A solenidade foi proposta pelo presidente da Casa de Leis, deputado estadual Marcelo Cruz (PRTB), e foi presidida pelo deputado Cirone Deiró (União Brasil) no plenário Lúcia Tereza Rodrigues dos Santos. A Marinha do Brasil integra o seleto grupo que integra as Forças Armadas e sua função está diretamente relacionada à defesa da soberania nacional, contribuindo para a segurança além de salvaguardar os interesses nacionais em sintonia com os anseios da sociedade. Tripulação da Capitania Fluvial de Porto Velho prestigiou a homenagem (Foto: Rafael Oliveira I Secom ALE/RO) Para o deputado estadual Cirone Deiró, o trabalho desempenhado pela Marinha tem sido essencial na construção do estado de Rondônia. “É um reconhecimento proposto pela Assembleia ao excelente trabalho que a Marinha faz em nosso estado em defesa da faixa fronteiriças e junto aos ribeirinhos. Por sermos um estado agrícola, a instituição tem sua devida importância pois é peça-chave para que nossa exportação seja feita com menos riscos e em menor tempo”, frisou. A representante da comunidade do distrito de São Carlos no Baixo Madeira, Nágila Maria Paula, fez um agradecimento especial a Assembleia Legislativa. “Quero agradecer todos os deputados, ao presidente Marcelo Cruz pela propositura e ao deputado Cirone Deiró por presidir essa solenidade para homenagear esta instituição. Nós ribeirinhos somos muito gratos pelo trabalho realizado no Baixo Madeira”, afirmou. Nágila Paula fez a indicação da homenagem ao deputado estadual Marcelo Cruz (Foto: Rafael Oliveira I Secom ALE/RO) O chefe de gabinete parlamentar do deputado estadual Marcelo Cruz, Leonardo Cavalheiro, valorizou o trabalho desempenhado pela Marinha. “Procuramos atender essa propositura que foi levantada pela Nágila que é uma líder nata na região. A Marinha merece essa homenagem em reconhecimento ao trabalho pertinente ao nosso estado. E ela chega em um momento oportuno, pois no próximo dia 11 de junho é comemorado o Dia da Marinha”, disse. De acordo com o capitão de corveta da Capitania Fluvial de Porto Velho, Marcos Sérgio dos Santos Matos, a Assembleia Legislativa celebra as ações desempenhadas pela Marinha. “É um motivo de satisfação estar na Casa do Povo pelo reconhecimento ao trabalho realizado, pois trabalhamos para assegurar a segurança da vida humana e das vias fluviais da região. Agradeço o trabalho reconhecido pelo voto de louvor indicado pela senhora Nágila e ao deputado Marcelo Cruz”, destacou. Leonardo Cavalheiro valorizou o trabalho desempenhado pela Marinha (Foto: Rafael Oliveira I Secom ALE/RO) Para o capitão de fragata da Capitania Fluvial de Porto Velho, Matheus de Athaídes Firmino, é uma honra ser homenageado pela Casa de Leis. “A população do Baixo Madeira é importante para o motivo da nossa existência. O sentimento é de gratidão da Capitania Fluvial de Porto Velho e me sinto honrado pela iniciativa da senhora Nágila. Temos uma missão importante por meio de cursos, palestras além das orientações navais feitas por nossa tripulação, que atua em defesa da Pátria, da nossa força naval e assegura a segurança da navegação”, encerrou. Texto: Alexandre Almeida I Secom ALE/RO Fonte: Assembleia Legislativa de RO Read the full article
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boainformacao · 1 year
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Prefeito Ronaldo Lopes anuncia criação do PROCON em Penedo
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Gestor penedense está atendendo uma reivindicação do vereador Denys Reis e de toda população.
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Foto/Arquivo: Acervo Pessoal Na manhã desta terça-feira, 04 de abril, o Prefeito de Penedo, Ronaldo Lopes, participou do Programa do João Lucas, na rádio Penedo FM, e falou para os ouvintes sobre diversos avanços que a gestão Crescendo Com Seu Povo vem proporcionando durante esses dois anos de mandato. Na oportunidade, Ronaldo Lopes confirmou que estará enviando para Câmara de Vereadores de Penedo, um projeto de lei que visa criar o PROCON no município ribeirinho. O mesmo declarou que está atendendo um requerimento antigo do edil, Denys Reis, que já foi diretor do PROCON na cidade de Arapiraca. Ronaldo salientou ainda que é de fundamental importância a instalação desse órgão aqui na cidade, será mais uma instituição que poderá fiscalizar a empresa Águas do Sertão, pois ele tem conhecimento que diversos consumidores vêm criticando a alta taxa de água cobrada pela empresa. "Como prefeitura eu não posso chegar lá e multar a Águas do Sertão por preço abusivo, mas o PROCON pode! Então nós estamos mandamos já na próxima semana, o projeto de criação do PROCON, já temos apoio da nossa bancada e será um local de apoio para essas pessoas que estão passando por problemas com a Águas do Sertão" disse o Prefeito Ronaldo Lopes. Da Redação Read the full article
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