#poesiaselvagem
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poesiasselvagens · 1 year ago
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probabilidade
possível
não é provável, marreco
e tudo o que ela
poderia ter sido
me assombra,
sua voz que nunca ouvi
faz eco.
o plausível
me faz de otário
e o mundo ao revés
é martelo
meu corpo, prego.
se eu soubesse rezar,
rezaria
pela minha alma em revelia
que não conhecerá os céus
nem as suas regalias,
e em condição de condenado
faço estrago,
afinal por que pagar tanto
por só um pecado?
desfruto do fruto que
eva comeu
e com seu peso me envergo,
mas sustento.
a culpa que não me cai
sempre me assusta,
mas é algo não me cabe
e isso as vezes me deslumbra.
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poesiasselvagens · 1 year ago
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poesia impressionista n°3
é o sol
no fundo do copo
e tentando alcançar
eu me afogo.
como brilha e me atrai
o calor fervendo o líquido
bebo, bebo, bebo
e não me satisfaz.
eu vou até não aguentar mais
nessa sede infinita
que cada vez mais se agiganta
e nunca se finda
até cair na madrugada
copo vazio, mão gelada
jamais satisfeita,
jamais saciada
apenas... cansada
estrupiada da bebedeira,
lombrada da manguaça
quando o sol se levanta
trazendo junto a ressaca
e o mundo explode
o norte vira o sul,
dou bom dia para a morte
tudo se revolta e tudo se revolve,
tudo se revira e tudo se resolve
e tudo é sempre nada
tudo é sempre o sol
no fundo do copo
que tentando alcançar,
todas as noites me afogo.
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poesiasselvagens · 11 months ago
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como pode?
escrevendo um verso sem colocar as letras tem coisas que não cabem em uma caneta e se frustra quem tenta entender o que me sustenta, eu sou dona de tudo que minha cabeça inventa. me pergunto como pode um corpo que não acompanha essa cabeça que tenta acompanhar o corpo que não acompanha a cabeça e assim eu me esvaio em mais uma caneta tentando traduzir tudo que me atormenta.
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poesiasselvagens · 1 year ago
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o denominador comum
o tempo passa e ainda tem
tanta coisa que não convém
contar pra ninguém porque
a poucos interessa saber
o que veio a acontecer
pra entender como
a felicidade me cai bem.
há muitos segredos meus
que são bem melhores guardados
no fundo da gaveta,
no cantinho do quarto,
e até mesmo quando isso me mata
tem coisas que eu sei
que não faz bem
a gente falar assim, na lata.
e, pensando no que se passa,
me pergunto de onde vem a calma.
de onde vem?
de onde vem o que eu sou
quando eu não preciso ser ninguém?
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poesiasselvagens · 1 year ago
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eu sou o elefante na sala
eu não sei como é
não ocupar uma sala inteira
com a minha presença
e, cansada de tentar
parecer pequena,
quero arrebentar amarras,
promover alguma desgraça,
algum incômodo,
algo antagônico ao sentimento e
à necessidade de ser
um pouquinho menos.
cansada de ensaiar
a mudança que não vem
desisto de ser minha própria refém
e ocupar a porra da sala,
e até além,
expandir, quebrar janelas
e explorar tudo
que eu posso fazer bem
estando fora de mim
ou da parte que se estressa
querendo saber quantos quilogramas
essa minha carcaça pesa.
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poesiasselvagens · 1 year ago
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perdida aqui,
mais uma vez,
entre o pra sempre
e o nunca mais,
é difícil de prever
pra onde a gente vai.
não teste a minha paciência,
você não sabe do que eu sou capaz,
e não deixa pra me levar a sério
só quando for tarde demais.
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