#perdão se esqueci de alguém
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Olá, vocês já devem ter notado que tô muito sumida daqui, queria pedir desculpas aos meus partners e aos meus futuros partners também. Não tenho me sentido muito bem nos últimos tempos e não tenho conseguido me dedicar o tanto que gostaria para o 1x1, tenho ficado bastante ansiosa com essas coisas e tenho acabado passando mais tempo acompanhando os esportes que eu gosto. Então eu vim aqui avisar que resolvi me dar um hiatus de pelo menos 15 dias, pra ver se consigo reviver, talvez vocês me vejam dando like por alguma coisa aqui ou reblogando no @exodusmusing, mas no geral estarei bem offline tanto daqui, quanto do discord e telegram. Eu sei que tenho levado bastante tempo com respostas tanto de chat, quanto de replies e super entendo quem não quiser continuar plotando ou não manter o ship, não tem problema algum, só peço que me avisem mesmo! É isso, espero conseguir reviver durante esse tempo e voltar animada a fazer as coisas que eu gosto, já que 1x1 e rpg é um dos hobbies que eu gosto muito e cultivo por muitos anos. Beijos a todes, se cuidem!
@piperbellinger @taylrcswift @cinderellc @farewellnevrland @iksuikebaj @srviorcomplex @lunaverrse @maidavikah
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"ELA É FILHA DE QUEM?!"
Era apenas mais um dos vários dias no set do filme "A Sociedade da Neve".
Alguns dos rapazes terminavam suas maquiagens, outros estavam relendo o roteiro, até que ela entrou.
Com seu vestido azul escuro no estilo ciganinha, a meia calça preta que na ponta dos pés tinha um tênis all-star escondendo o fim dela...
"Oi" A garota disse tímida chegando perto do pequeno grupo que comia o básico lanche do dia. Esse grupo era: Pipe,Esteban e Blas
"Posso ajudar?" Esteban disse já que os outros dois apenas olhavam para a garota encatados
"Você sabe onde o Bayona está?"
"Ah... não sei chiquita" Esteban mesmo que sem querer olhou para o decote que os seios dela causavam no vestido "Mas se quiser, ajudo a procurar ele"
"Precisa não, obrigada viu" A garota sorriu para ele e os outros dois, e saiu em procura do diretor
"Quem é ela?!" Felipe rapidamente falou soltando seu copinho de café e seguiu com os olhos a jovem andando pelo cast
"Não sei, mas logo logo descubro" Esteban disse enquanto seguia feito um cafajeste completo o rabo de saia (ou vestido) que aos poucos saia do campo de visão deles
Logo, poucos minutos depois foi a vez de Matías encontrar a jovem. Enquanto ela olhava tudo admirada, o jovem argentino não perdeu tempo
"Ola querida, posso ajudar? Perdida?" Perguntou ja chegando perto da garota que olhava os objetos de cena na mesa
"Uhum, você viu o..."
"Matías!" Simon gritou de longe e foi indo em direção ao rapaz "Ah ola, senhorita?"
"(seu nome). Prazer..."
"Símon Hempe" pegou a mão dela e beijou "É uma das novas maquiadoras?"
"Não não" Sorriu olhando para o rapaz "Queria ter algum papel nesse projeto mas o diretor não deixou"
"Poxa, temos que falar com o Bayona, imagina perder uma colega de trabalho dessas por conta dele" Recalt comentou jogando um sorriso de lado para (seu nome), que apenas riu com o comentário
"Ah vocês sabem, ser justo e sem... ai esqueci a palavra, mas ser justo com quem escolhe para trabalhar, sem envolver outras relações"
"Ela é namorada do Bayona?! Não pode ser!" Foi oque Hempe pensou e nem sequer cogitou falar em voz alta
"Eu vou voltar a procurar por ele, mas se vocês virem digam que eu to procurando" Os dois se despediram dela e assim como o grupo anterior, seguiram com os olhos a garota que aos poucos saía
Por último tivemos Enzo. Que enquanto terminava de ajustar suas roupas, viu a jovem andando mexendo no celular, quase ser atingida por alguém que andava com a escada
"Opa nena, cuidado viu" Disse enquanto puxava a garota para longe daquele local
"Obrigada viu... ai esqueço que em set de gravação tudo é agitado"
"Ja esteve em muitos?"
"Alguns. Trabalho do meu pai tem esses favores"
Enzo deveria ser cavalheiro e conversar mais com a garota e até perguntar do pai? Sim
Mas porra, naquele momento ele só se segurava para não olhar para os peitos da garota que marcavam naquele vestido, e que pelo frio do set faziam seus mamilos marcarem no tecido
"Oi?"
A garota olhava para Enzo confusa. Fazia quase um minuto que ele não falava nada
"Perdão, é só que você me lembra um pouquinho alguém só não sei quem" O uruguaio tentava lembrar, mas não tinha ninguém na cabeça
"Pensa um pouco, logo logo você lembra" Para (seu nome) aquilo era normal, sempre tinha esse 'te conheço de algum lugar'
Conversou um pouco com Enzo mas logo foi embora, para voltar pela sua procura.
Os rapazes logo receberam uma mensagem do diretor, dizendo que precisa falar com eles sobre alguns ajustes nas cenas. Quando se juntaram, o assunto era um só.
"Mas e aquela cintura? Imagina puxar aquela cintura durante o beijo" Hempe comentou enquanto "desenhava" no ar as curvas da garota
"No beijo? Eu imagino em outro momento"
"Ai nao seja nojeto Matías" Fran revirou os olhos com o comentário
"É que você não viu Francisco! Aquela mulher é a definição de beleza latina" Foi a vez de Felipe comentar, enquanto Símon apenas sorria e concordava com ele
"Mulher? Ela é uma garota, não passa de vinte e dois anos de idade" Vogrincic comentou, mas só para deixar claro, pouco importava para ele esse fato
"Melhor ainda, combina comigo" Matías disse causando olhos de deboche para ele
"Mati meu caro, ela parece ser uma garota clássica. Certamente prefere os mais velhos" Kukuriczka comentou e olhou para Enzo que deu um sorriso companheiro para ele
"Ola ola" Agustín chegou e se sentou em uma das cadeiras disponíveis na sala onde eles esperavam por Bayona "Qual o assunto?"
"(seu nome)" Blas,Pipe, Esteban e Símon responderam juntos
"A bonitinha do vestido azul? Meus amigos, que garota..." Agustín comentou enquanto se lembrava da breve conversa que teve com aquele monumento de mulher
Mas antes que pudesse continuar Bayona chegou na sala, logo comprimentou os rapazes e começou a reunião.
Pouco tempo depois algumas batidinhas na porta fechada chamaram a atenção deles
"Sim?" O diretor perguntou em alto som
Timidamente a porta foi se abrindo. Os rapazes arrumaram suas posturas, alguns sorriram e outros apenas olhavam admirados a garota parada na porta, com um olhar tímido e um sorriso sincero
"(seu nome)!" Juan Bayona exclamou feliz e abriu os olhos
"Papi" A garota foi andando depressa até o homem e abraçou ele assim que o mesmo levantou da cadeira "A quanto tempo estava te procurando, até pra minha mãe ja liguei" Os dois sorriram e se abraçaram novamente
Enquanto isso os rapazes se olhavam. Fran segurava o riso e a cara de choque, Enzo e Esteban simplesmente tentavam fingir que jamais haviam pensando me te convidar para sair naquele mesmo dia.
Matías, Símon e Pardella olhavam entre si e depois o olhar para você
"A bunda dela não Simon! Se segura" Pensava o mesmo, tentando evitar os pensamentos impróprios
Já Pipe e Blas apenas fingiam comodidade
"Rapazes, está é minha filha. (Seu nome) Bayona"
Silêncio na sala.
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Oi,anjo
Queria saber como você deixa sua capas como Una qualidade Boa!?
Obrigada 💕 💕 💕
Olá meu bem! Obrigada pela ask! Então, vou explicar por categoria ajakak (spirit+ wattpad)
No Spirit:
Eu normalmente faço duas finalizações, é importante você editar em uma medida maior antes de diminuir a imagem e pôr outros efeitos.
Pod exemplo, para capa Spirit eu edito com 1200x800 e depois passo para a medida normal de 600x400, fazer isso preserva a qualidade das imagens, principalmente para quem edita pelo celular (como muá).
Sobre as finalizações:
Uma versão com topaz (no Photoshop, você pode pesquisar como instalar ele no seu Photoshop, caso tenha)
Segunda versão com algum action de nitidez + 3D (eles são ótimos para efeitos rápidos e aumentam a qualidade da edição)
Atualmente estou usando pouco topaz, as vezes faço uma loucura de usar um topaz e por cima dela, ponho um action akksks, como no exemplo da capa abaixo:
Sobre tamanho de capa, se você está editando em 1200x800, se lembre de redimensionar a imagem para 600x400 e só após isso, use os efeitos que falei acima. Aqui uma pasta com alguns actions que uso.
No Wattpad:
Aqui eu gosto de falar sobre akaksksk, no wattpad eu faço mais covers com manipulação (o que não é obrigatório, capas texturizadas para wattpad também são lindas) por isso recorro ao Remini para melhor a qualidade dos manips que faço.
O remini aumenta a qualidade da imagem além de unificar o manip, pois, não sei se só acontece comigo, mas minhas edições de manip, sem o uso do remini, não ficam com uma qualidade tão boa :/
Por isso, novamente, Remini. Mas eu sempre retiro a opção de "harmonização facial", pois não gosto de plastificar os rostos dos personagens.
Quanto ao tamanho, eu edito primeiramente em 1024x1600 e depois faço uma versão menor de 512x800 (tamanho normal de capa de wattpad), há alguns capistas excelentes que usam o tamanho 2048x3200, o cover fica com uma qualidade excelente, apesar de ser pesado akaksk, então cuidado se forem usá-la.
Enfim, espero ter ajudado! Não entendo muito sobre finalizações, pois só uso o ps para isso e bem mal feito akaksksk, mas há excelentes capistas com os quais eu aprendi dicas de edição ao longo do tempo
💜 @stamoon @portlicat @mocchimazzi @kenjicopy @okaydokeyyo @wangoppaxx @xxpujinxx @vpurpleh @chishikizi @mercuryport @yonpanx @cheillittlemess @chan-oey @chanyouchan @tansshoku @riveager @allwideyed @binglio @summerbreezestuff @habekida @moonwos @mafuyuchii @ame-sundrops @is-ateez @nwtun0 @loeynely
Perdão se esqueci de alguém, eu só quero dizer que aprecio A TODES vocês, e que com união nós podemos crescer em coletividade 💜
Espero que ask tenha ajudado bem, caso precise de mais dicas, não exite em perguntar, beijos!
#capa para fanfic#donaculkin#capa para spirit#capa spirit#spirit fanfics#600x400#capa 600x400#design#design simples#ask#anon#dona culkin fala
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Perdão?
O que é o perdão? Para alguns, perdoar é ser capaz de aceitar a pessoa novamente em sua vida, apesar dos erros do passado. Para a religião, devemos perdoar o outro para que sejamos perdoados. Para a psicologia, perdoar é desprender-se da mágoa e do ressentimento. Para mim, perdoar significa livrar-me das amarras amargas do passado, para que eu possa seguir em frente. No entanto, não vejo como pré-requisito para o perdão aceitar a pessoa de volta; entendo que, ao perdoarmos alguém, estamos fazendo um bem a nós mesmos. Estamos nos libertando, aprendendo e crescendo. O perdão, acima de tudo, é para nós, não para quem nos causou a dor. Ainda assim, será que é perdão se não aceitarmos o outro em nossa vida novamente? Há momentos em que me pego pensando se algum dia serei capaz de viver ao seu lado outra vez, mas acredito que nunca mais conseguirei me entregar a você como fiz no passado. Por mais que tenha me curado (ou pelo menos acho que sim), eu não esqueci a dor que senti, apesar de não senti-la mais. Não sei se sou capaz de aceitar você no lugar que ocupou antes. Ainda assim, será que é perdão? Uma criança, ao colocar o dedo na tomada e levar um choque, tende a não repetir o ato. Quando crescemos, entendemos o porquê daquilo acontecer, aprendemos com o erro e não o repetimos. Apesar de, a princípio, não compreendermos o motivo, depois entendemos e não ficamos eternamente bravos com a tomada; convivemos com ela e tomamos cuidado para não cometermos o mesmo erro. Será assim com você? Será que poderei conviver com você, mas sem repetir as mesmas coisas, mesmo tendo chorado todos os dias como uma criança ferida? Para a calmaria que, na verdade, era tempestade: no início não tive medo da chuva, mas, com você aprendi que, em dias chuvosos, devemos buscar abrigo, não nos entregar à tempestade. Eu te amei mais do que pensei ser capaz de amar alguém, mas agora preciso buscar abrigo.
-Jalgumacoisa.
#escrita#meus pensamentos#jalgumacoisa#meusescritos#novosescritores#decepção#novosautores#novospoetas#lardepoetas#minhasferidas#minhas autorias
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400 seguidores!! eu estou mto feliz, são 400 pessoas que acompanham o blog e que de alguma forma me apoiam.
gostaria de reforçar o quão grata eu sou a todos vocês, eu amo editar, fazer locs, amo esse lugar e amo cada um de vocês.
não sei como agradecer o suficiente, mas eu quero dizer ao menos o meu mto obrigada, isso é mto especial para mim. 💖
fav's : @b-eomgyunie @chuurittos @doucillies @d-iorpjm @flordies @hwchaey @hongvr @kikoovr6 @n-ebullosa @poetiqe @rubyscreens @s-cupid @staygabbs (perdão se esqueci alguém 🥺)
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• podtudo de hoje com @chouqs !
bom dia, boa tarde ou boa noite tudinhos do perfil! no podtudo de hoje, trouxemos a ilustre presença da ana, @chouqs ! sentem-se que lá vem tudo e mais um pouco!
1. Nos conte um pouco sobre você, tudinho da vez! Faça uma pequena biografia sua para nós.
R: Eu não sou muito boa com apresentações, mas vamo l��. Oioi! Meu nome é ana mas quase td mundo me chama por chouqs msm, por causa do user. Tenho 14 e faço 15 em maio, gosto de dançar, ler e desenhar, sou infp e tbm já tô no tumblr faz mais de um ano. Bom é isso kkj
2. O que ou quem te incentivou a postar esses posts maravilhosos do seu blog? Adoro!
R: Eu estou em algumas comus de rpg no amino, e antes eu vivia aqui no tumblr pegando mb pra decorar o perfil, mas um belo dia me deu uma vontade de tentar fazer alguns moods, graças a maravilhosa @wintys que vive me inspirando, e felizmente deu certo. Antes eu tava lá na 1-psych, mas por alguns probleminhas decidi desativar e agr tô aqui 🫶🏻
3. O fav também tem favs fora do tumblr? Se sim, nos conte tudo sobre eles!
R: Eu não entendi muito a pergunta, se é sobre favs aqui no tumblr ou não🥲 mas vou falar fora do tumblr. Sou multifandom, mas o nct tem um lugar especial no meu coração, e o markinhos é meu utt supremo, antes eu tinha uma relação de ódio e amor com ele, mas hj em dia eu simplesmente amo o jeitinho dele e o humor quebrado dele🤲🏻 o han tbm é um dos meus utts do coração, dps q eu comecei a acompanhar o skz já me apaixonei por ele de cara. A gatona da seulgi tbm é uma das minhas utts desde sempre, a voz, o jeito dela, os olhinhos, simplesmente tudo nela é perfeito🙌🏻 Não sei se era sobre isso a pergunta, então desculpa 😭
4. E sobre músicas, curte? Adoraria saber sobre as suas preferidas.
R: AMOO MÚSICA!! é uma das minhas grandes paixões, eu não consigo escolher música fav sabe, acho q isso depende muito do meu humor, do dia etc. Mas vou falar as que eu não paro de escutar esses dias.
Hurt - nwjs
Beautiful monster - stayc
2 baddies - nct 127
Blue flame - le sserafim
Typa girl - blackpink
5. Tem inspirações aqui ou fora do aplicativo? Nos conte sobre também!
R: Acho que fora do tumblr não tenho muita inspiração sabe? Mas tenho muitos blogs que me inspiram e eu simplesmente amo os posts, @v6mpcat, @i6gyu, @y-unjin, @tookio. Na verdade tem MUITO mais q isso, só q se eu for mencionar todos vou ficar um ano aqui 😭
6. E vamos de um top 5, seus maiores favs da edição icônica do tumblr!
R: Ai isso é muito difícil de escolher, mas vou tentar e mil desculpas se eu esqueci de alguém
1- @s-olaries
2- @m-qrk
3- @oikawazitos
4- @i6gyu
5- @wintys
7. Poderia explicar mais sobre seu estilo de post? É tudo muito lindo e a curiosa que me habita quer saber tudo sobre essas maravilhas.
R: Então, particularmente eu não tenho um estilo fixo, sempre tento inovar e trazer algo novo, mas se for ver no geral acho que messy é o estilo que prevalece aqui no blog
8. E na sua vida pessoal, tem hobbies? Uma lenda como você com certeza deve curtir fazer algo.
R: Como eu disse lá na "mini bio", gosto bastante de ler, especificamente mangá. Amo dançar também, e sinto que isso já virou rotina pra mim, todo santo dia eu tento tirar uma horinha pra mim dançar. Editar também é outra coisa que eu amo, mas não é sempre pq eu tenho que achar coragem sabe 🥲
9. Indique alguns blogs fenômenais para os telespectadores!
R: Perdão se esqueci alguém novamente. Esses blogs tem uns posts tops que me fazem passar horas olhando e da até vontade de fzr uma casinha no blog
@dearspnik
@louiseffetin
@s-telar
@whitoshi
@thom-web
@nick-web
10. Tem alguma pauta para os seus haters sem senso? Nos diga algo sobre esses sem noção aqui!
R: Felizmente eu não tenho hater sb, de vez em quando alguém manda alguma ask sem noção mas eu sinceramente acho até graça, são só uns desocupados correndo atrás de atenção, a única coisa que tenho a dizer é pra pararem de serem infantil e crescerem, e antes de tudo tbm ter a mínima noção de que somos pessoas reais com sentimentos 🫂
11. E por último, alguma situação constrangedora que já passou, todo mito de verdade já passou por uma dessas, não é? Vai ser incrível escutar alguma história de sua vida.
R: Eu não sei se isso foi uma situação constrangedora mas acho q sim. Desde sempre eu tive vergonha de pedir aos professores pra ir ao banheiro, e teve um tempo que eu tava bebendo MUITA água mesmo e um belo dia na escola deu uma vontade enorme de usar o banheiro, só q a bonita aqui tava com vergonha de pedir, na hora da saída meu padrasto foi me buscar na escola e eu tava quase morrendo de vontade fzr xixi😭 invés da gnt ir pra casa ele parou pra comprar mandioca, eu não tava conseguindo segurar mais e acabei fznd xixi na roupa no meio da rua, e o pior foi q a gnt ainda passou dentro de um mini shopping e tava cheio de gente da minha sala. Mas graças a deus minha calça era preta e acho q ngm viu, mas msm assim eu morri de vergonha ((n me julguem eu só tinha 10 anos 💔😔
Agradeço sua presença ilustre aqui no podtudo!!! Volte sempre lenda, a Nayara a qualquer momento estará de braços abertos a você!
dep: mt obrigada amr<33
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eu tive todos os índices pra desconfiar de alguém que estava do meu lado, e a única coisa que consegui fazer foi fechar meus olhos pra isso, dá uma chance até me decepcionarem… e aconteceu, eu esqueci de mim pra tentar curar a dor de alguém, na qual essa dor já era minha. desacreditei de todos para acreditar em alguém que me deu um tiro pelas costas. me fizeram acreditar que a culpa também foi minha, conseguiram desvirtuar o foco para outro para ser menos doloroso, tendo zero empatia com os meus sentimentos. me deixou sozinha nessa situação de dor, desespero, angústia… que eu espero que você nunca passe. seu maior medo, você conseguiu praticar ele comigo, sua desconfiança ao meu respeito dizia mais sobre você, do que de mim, e realmente, talvez eu não mereça que me peçam perdão por isso, eu só queria respeito e isso eu ja não tive. tive ajuda de pessoas desconhecidas que ficaram do meu lado, enquanto quem falava que me amava, nem se quer ligou.
- nsarcanjo
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Tribunal
eu não vou tentar fingir
que a culpa não é minha
derrubei a torre de blocos
o jogo acabou e a conta é no meu nome
eu prefiro esquecer de mim e do mundo
se eu não puder lembrar que falhei a todos
eu vivo bem comigo mesmo
e guardo o boleto pra pagar outro mês
mas minha carteira já não consegue
meu salário não seria o suficiente
esquecer já não apaga da sua memória
e o perdão não faz dinheiro aparecer
eu errei o tempo todo com você olhando
mas tudo isso foi por que eu tive medo
de você saber de todos os erros que eu já me esqueci
e de você descobrir que eu erro
eu não confiei o suficiente em você pra te contar
o tempo passou e eu acumulei a conta
a escolha foi minha você só me assistiu
até tentou me impedir mas eu não te dei ouvidos
eu te peço desculpas hoje
não pessoalmente, mas saiba que houve o sentimento
eu nunca quis que fosse pessoal
eu só não queria ser uma falha pra você
e você só queria me salvar de mim
mas eu era demais pra mim e errado demais pra você
eu tentei crescer e me tornar alguém de quem eu me possa orgulhar
mas hoje eu volto como filho pródigo
eu já perdi tempo demais pra falar com você
eu já me perdi demais pra você me entender
eu já errei demais pra você me corrigir
eu já caí demais pra aprender a andar
o que resta agora?
eu não tenho certeza
eu acho que vou me arrastar na lama mais um pouco
talvez alguém acredite que eu esteja tentando
pelo menos você diria que eu sou responsável?
pelo menos você acreditaria que eu sou especial?
você poderia abrir seu coração comigo mais uma vez?
sabendo que eu nunca confiei em você
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Texto sem propósito #17
Volto pra escrever sobre o que achei que seria minha felicidade.
Conversas, risadas, comidas, partilhas, lágrimas, raivas, decepções.
Sem amor, sem remorso, sem esperança. Apenas um vazio.
Imagino como deve ser feliz quem não se importa com nada ou ninguém.
Sentir tudo demais pode ser tão doloroso ao ponto de esquecer que não é um problema estar triste com algo que não foi sua culpa.
Apenas um pedido de desculpas já não basta quando já se foi dado tanto perdão. 70x7 pode ser lindo na teoria, mas na prática é como um pedaço de vidro em uma ferida: a cada movimento pode sangrar ainda mais.
Como é possível estar tão machucado, mas sem forças pra tentar de novo e sair disso?
Será que esqueci que eu posso mais? Que eu mereço mais? Que o que a conversa não resolve o coração sente em dobro?
Me sinto cansada ao ponto de não querer mais reiterar como eu gostaria que fosse. Estou totalmente nas mãos de alguém que me faz questionar meus próprios sentimentos.
Estou certa? Devo tentar de novo? Estou sendo egoísta? E se eu não souber falar? Vai doer menos depois?
Me vejo novamente diante dessas perguntas que, mais uma vez, não tenho imediatas respostas.
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Meu pai disse-me uma vez:
“Se alguém te magoar, perdoa, mas nunca esqueça o que essa pessoa te fez.”
Era um mantra que carreguei por anos, um lembrete constante em cada novo encontro, cada nova pessoa que permitia entrar na minha vida. Mas, com o tempo, percebi o peso que isso carregava. Tornou-se exaustivo estender a mão com bondade, apenas para ser retribuído com traição. É devastador admirar alguém, apenas para descobrir que falava de você pelas costas.
Um dia, em meio à frustração, perguntei ao meu pai:
“Eles realmente merecem o meu perdão?”
Ele sorriu calmamente, dobrando o jornal que lia – um ritual diário após verificar o correio.
“Filho, todos merecem perdão. Se alguém errar contigo uma vez, perdoa. Se errar novamente, ofereça outra oportunidade. Mas se te ferirem uma terceira vez, então é hora de perdoar a si mesmo.”
Eu devo ter demonstrado confusão, porque ele riu, me oferecendo um doce enquanto apertava suavemente minhas mãos.
“Perdoe a si mesmo por ter acreditado. Por ter confiado demais. Por ter dado outra oportunidade quando acreditou que as coisas poderiam mudar. Mas, acima de tudo, perdoe-se o suficiente para se libertar – do rancor, da vingança, e do peso do passado.”
Na manhã seguinte, encontrei meu pai com os olhos marejados, sentado em silêncio diante de minha mãe. Seu melhor amigo de dez anos o havia traído. Perguntei-lhe se estava com raiva, e, mais uma vez, ele sorriu, balançando a cabeça.
“Meu coração não tem espaço para o ódio. Não mereço carregar esse fardo. Eu o perdoei, mas isso não significa que esqueci. Quando ele me vir sorrindo novamente, apesar de tudo, vai entender quem realmente sofreu entre nós.”
Ele enxugou as lágrimas com seu lenço favorito – aquele que lhe dei de presente no aniversário – e acrescentou:
“O maior presente que você pode dar a alguém que te magoou é deixá-lo ver como você viveu melhor apesar de tudo. Temos apenas uma vida, e não vale a pena desperdiçá-la com aqueles que deixaram cicatrizes em nosso coração. Deixe-os ver o que perderam, e como, de certa forma, ajudaram você a crescer.”
Foi naquele momento que percebi: sem as palavras do meu pai, eu ainda estaria preso às feridas de um passado que jamais foi minha culpa carregar.
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Daedalus Solitário
O crepúsculo no Vale das Sombras parecia uma pintura de desespero e esperança entrelaçados. Daedalus, o paladino renegado, caminhava solitário pela trilha íngreme e obscura, seus passos reverberando nas cavernas ao redor.
Então, no meio da escuridão, uma luz familiar começou a surgir.
Ele sabia que era a luz de Evith e ao mesmo tempo em que se sentiu acolhido, também sentia desonra. Como ainda tinha coragem de se sentir acolhido com uma presença que ele desgraçou por tanto tempo?
Por um tempo, Daedalus pensou em ir para outro lado e se permitir continua na escuridão. Mas a luz o chamava, sempre o chamou... Então foi em direção à ela.
Ao se aproximar, viu que não era Evith, mas um altar de altura mediana, onde viu um pergaminho grosso deixado lá.
"Como ela conseguiu enxergar nessa escuridão e deixou isso aqui?" - pensou Daedalus
Mesmo reticente com a mensagem, a curiosidade sobressaiu e ele pegou a mensagem - que permaneceu com a luz própria na qual foi bem fácil de ler, mesmo em meio à escuridão.
Estava lacrado com um selo de cera prateado, com o símbolo da promessa de ambos.
Daedalus começou a ler em pé mesmo, com avidez. Mas logo se sentou ao entender que não seria uma leitura fácil, onde teria de refletir nas palavras:
Olá! Se você encontrar esse pergaminho, provavelmente nossos caminhos se separaram. Sabendo que isso poderia acontecer, me antecedi e deixei essa mensagem guardada, pra quando você precisasse de uma... Luz :D Como sei que você não tem paciência para estudos, fiz um resumo de um estudo sobre como tirar a penumbra da culpa das nossas mentes e a magia retornar mais forte do que antes. Mandarei a escrita original e os comentários logo abaixo:
Feliz aquele cujas maldades, Deus perdoa e cujos pecados ele apaga! Feliz aquele que o Senhor Deus não acusa de fazer coisas más e que não age com falsidade! Aqui, nosso Deus declara a felicidade dos percados de quem são perdoados e como traz alegria e alívio. Mas acho que fará mais sentido no final, isso aqui
Então não confessei o meu pecado, eu me cansada, chorando o dia inteiro. De dia e de noite, tu me castigaste, ó Deus, e as minhas forças se acabaram como o sereno que seca no calor do verão. Conhece-te a ti mesmo, como dizia aquele filósofo que esqueci o nome (pra variar). Aqui é o seu estado atual, onde você caminha horas e horas nessa caverna escura e solitária, se culpando ao invés de ir atrás da luz. Você sente essa dor angustiante, como se Deus estivesse te castigando, te angustiando... Mas ele está apenas esperando você confessar e entregar tudo, tudo nas mãos deles. Mas como que faz isso, não é mesmo? Respondo agora.
Então eu te confessei o meu pecado e não escondi minha maldade. Resolvi confessar tudo a ti, e tu perdoaste todos os meus pecados. Por isso, nos momentos de angústia, todos os que são fiéis a ti devem orar. Assim, quando as grandes ondas de sofrimento vierem, não chegarão até eles. Acredita que é só isso? Se rasgar em choro, contar todas as coisas que você fez que te causaram essa imensa culpa? E nem é pra alguém em específico (a não ser que alguém precise liberar perdão pra você/tu sinta essa necessidade). É falar sozinho e em seu coração, na sua caverna mesmo, e declarar tudo, tudinho do que precisa se libertar. Mas você precisa QUERER se libertar. Só a intenção de querer se perdoar, já é importante para a Palavra Não importa seu erro, sua culpa, sua transgressão. Nossa Palavra SEMPRE vai perdoar. E sem relembrar ou te culpar de nada. Simplesmente passa uma magia de apagar e apaga!
Tu és meu o meu esconderijo, tu me livras da aflição. Eu canto bem alto a tua salvação, pois me tens protegido. Quando a cura da culpa vem, é tão maravilhoso... A culpa VAI embora, aquele peso VAI embora. Você lembra do que fez, claro, mas fica com uma lição, não dói mais. É mágico!
O Senhor Deus me disse: "Eu lhe ensinarei o caminho por onde você deve ir; eu vou guiá-lo e orientá-lo" Não seja uma pessoa sem juízo como o cavalo ou a mula, que precisam ser guiadas com cabresto e rédeas para que a obedeçam" Eu acho que não preciso comentar absolutamente nada aqui, concorda?
Os maus sofrem muito, mas os que confiam na Palavra, o Senhor, são protegidos pelo seu amor. Todos que são corretos, alegrem-se e fiquem contentes por causa daquilo que o Senhor tem feito! Cantem de alegria, todos vocês que são obedientes a ele! Profetizo, em nome da Palavra, que se você seguir tudo o que está aqui, você não precisará mais dessa caverna pra esconder sua história e seu pensamentos. Não é fácil, mas a Palavra sempre estará contigo. Basta você querer.
Daedalus terminou a leitura e refletiu por muito tempo na Palavra.
Ainda não sabia o que faria, mas só de saber que Evith, mesmo com tudo o que passou, ainda se permitiu em deixar a Palavra para ele, foi um aconchego mesmo sem merecimento.
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SÉRIE AUTORAL: Acaso Janeiro e Novembro estão apaixonados?
1°Carta: 06 de Novembro, 2023.
Amado Novembro,
Passaram-se muitos anos desde a última vez que nos falamos; lembro-me de usar jeans tamanho 12, e você ainda tinha sonhos. Contudo, você talvez não se recorde daquela quarta-feira de manhã em que o vi em um ônibus enquanto eu estava no ponto esperando outro. Naquele dia, meu coração não acelerou, mas percebi que seus olhos ficaram desconcertados, e, no fim, ri de você. Peço perdão, não era algo que eu esperava.
Hoje, em novembro, escrevo esta carta para investigar se ainda há algum vestígio do que aconteceu em 2019. Há quatro anos, acreditei que você seria o único, e... não... fui tola. Só acabou. Jurei a Deus que amaria você até o Juízo Final, mas acabei sendo como Dido: "A morte deu-se a outra, de amorosa, Às cinzas de Siqueu traidora e infiel".
Com a pandemia, perdi todas as habilidades sociais que havia desenvolvido, e suas tentativas de reaproximação via redes sociais me desestabilizavam. Entretanto, tudo voltou: a faculdade, o trabalho, as festas, o cinema... e nada nem ninguém me interessava, inclusive você. Cheguei a pensar que a razão era a melhor decisão após apagar todas as suas mensagens e ignorar todas suas tentativas de reaproximação.
Amado novembro, você é o motivo desta carta. Você estava certo ao dizer: "Seu romantismo era apenas externo e o seu coração tão frio que congelava minha alma, e o quanto foi difícil te conquistar". Eu anotei no meu diário logo que reli suas mensagens... e confesso... às vezes me odeio por essa razão... odeio aquelas garotas e, principalmente, aqueles garotos (não preciso explicar). Odeio aquele Eu adolescente que, por falta de emoções, inventou romances e aventuras românticas simplesmente pela ânsia de ser uma poeta apaixonada, mas eu esqueci: precisa de um coração com vida.
Amado novembro, peço desculpas por não conseguir expressar o meu amor por você. Apesar da ausência de sentimentos, valorizo o que vivemos. Você foi meu primeiro romance, meu primeiro beijo, e quem me mostrou o quanto meu coração é frio. Amado novembro, eu juro que, apesar de tudo, eu te amei... eu queria te dizer que ainda te amo, mas... isso é mentira! E não há beleza, não há talento, não há sorriso, não há solidão que me faça apaixonar novamente. Eu estou agora chorando porque tudo o que escrevi foram sentimentos inventados, foram doces mentiras que fiz todos acreditarem. Exceto você, por isso ainda é o meu favorito.
Por favor, conte para alguém como você conquistou meu coração frio; eu quero me apaixonar de verdade... novamente.
Com saudades,
Janeiro.
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Mod, já tem retorno sobre a questão de poder fazer o aprendiz do Howl, o Michael, no Castelo Animado? Bem como as irmãs da Sophie, a Lettie e a Martha? Senão, daria para considerar eles como NPCs, pelo menos?
📲: Oi, meu bem! Sim, perdão, eu esqueci de responder 🤡. O Michael pode ser aplicado com a idade aumentada se alguém quiser, mas as outras seria melhor como NPCs a depender da Sophie do RP. Tem muitas vagas em Castelo Animado desocupadas, se colocar ainda mais, vai ficar muuuito desequilibrado, sabe?
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(Desabafo lol, perdão pelos erros de português lkkkk)
TW: Menção de Auto-mut******, e suicí**, e provavelmente algumas coisas que esqueci de citar :P
Se você passou um tempo mínimo na internet você provavelmente já leu um relato triste pra caralho de alguém sendo rejeitado, aqueles que a pessoa fala que ela ficou tão machucada que simplesmente quer acabar com tudo? Eu vou fazer algo similar, mas ao invés de relatar a minha dor depois de ter sido rejeitado, eu vou falar da minha dor após rejeitar alguém.
Eu quero deixar claro três coisas, primeiramente eu sou biologicamente do sexo feminino, e segunda mente eu faço parte do aspecto aromântico, terceira mente eu tenho 15 anos, querendo ou não sou apenas uma "criança".
Dês de que eu era pequeno eu sempre fui uma criança atraente (não querendo me gabar), sempre chamei atenção, e a minha personalidade calma e compreensiva só contribuiu. Sabe aquela criança popular que todo mundo era amigo e vários garotos tinham um crush? Esse era eu, e sinceramente eu não me importava, era divertido ter vários amigos e ganhar atenção 24 horas. Mas com o tempo isso acabou virando um problema, não importava a pessoa, geralmente ela sempre acabava gostando muito de mim e querendo algo mais que amizade. Por mais que isso pareça um sonho, eu quero que entendam que eu nunca tive interesse em amor, eu só queria brincar de pique-pega com os meus amigos, dá pra entender o quão ruim isso era? Enfim, isso foi só um breve contexto, agora vamos para a principal situação desse texto.
Há 2 ou 3 anos atrás eu conheci um garoto incrível, ele era engraçado, legal e gostava de várias coisas que eu adorava, mas eu sempre vi ele como um amigo. O tempo foi passado, e eventualmente ele falou que gostava de mim e que queria que eu fosse a sua namorada, o que surpreendentemente, eu aceitei, eu achei que o que eu sentia era amor, mas no fim, não era, e depois de várias discussões e esclarecimentos, a gente terminou (em bons termos) e decidimos continuar sendo amigos. O tempo passa e eu deixo claro para todo mundo a minha falta de interesse e capacidade de amar, eu continuo falando com o Gax (nome fictício para não falar o nome real dele) e a minha vida segue tranquila, eu queria esclarecer que eu e ele sempre fomos fãs de anime e etc.. então ele soltava comentários de "olha como essa mina é gostosa ou algo do tipo" para garotas de alguns animes que ele via, então depois de um tempo eu decidi finalmente ver um anime que eu sempre quis ver mas nunca tive tempo ou ânimo, "Yuri on Ice!!!" (Um anime muito bom sobre patinação no gelo) E eu simplesmente ADOREI, eu sou um artista e uma pessoa que têm uma grande dificuldade de sentir emoções (eu não tô falando isso tentando ser maneiro ou algo do tipo, isso é realmente um problema que eu tenho e estou tentando tratar) ao ponto de não sentir qualquer emoção com frequência, e por causa disso, eu AMEI esse anime, ele mexeu comigo, e eu até chorei, a minha apreciação por ele é tanto de uma forma técnica (por causa da animação maravilhosa) quanto de uma emocional (por causa da variação de sentimentos que ele me trouxe) e obviamente eu fui animado contar pro Gax sobre a minha experiência. Eu tava ESTÁTICO, no anime tem uma apresentação chamada "Eros" (a dos primeiros episódios) e quando eu a vi, EU DEI UM GRITO, eu senti tantas emoções vendo ela, e disse isso para o Gax, eu falei o quanto eu gritei vendo esse anime, e o quão belo o design dps personagens é, e sabe qual foi a reação dele? "Oque vc sente não tem nada aver com as pessoas", "Esse áudio me fez querer comer cacos de vidro até minha boca sangrar e eu morrer de hemorragia" , "Mas quando vc gosta de alguém e dificil pra caralho de simplesmente deixar de lado pra do nada receber um áudio dizendo que ela sentiu tudo que nunca sentiu com um desenho animado"... Eu posso estar sendo egoísta, ou filha da puta, mas quando você escuta e fica feliz por uma pessoa sempre que ela vem falar algo com ânimo pra você, eu esperava pelo menos a decência de não falar certas coisas. Então sim, isso doeu, e doeu muito, e pior parte de tudo isso é que quando eu decidi falar sobre a minha revolta para as outras pessoas, a reação delas foi "mas você foi filha da puta por falar isso pra ele sabendo que ele gosta de você", e depois disso eu não aguentei, eu não consigo falar mais com ele, eu sabe qual o pior? Mesmo depois de repetir inúmeras vezes que não quero falar com ele, ele continua me mandando mensagem, e me confrontando toda hora, e isso é algo q eu odeio, eu tô me sentindo perseguido...
Esse foi o meu relato, mas eu queria falar mais uma coisa, da mesma forma que ele sofreu por ter sido rejeitado, eu sofri por rejeitar ele. Você sabe como é? Você falar pra um dos seus melhores amigos todos os seus segredos, desabafar e depois de tudo isso falar que você quer terminar com ele? É ruim, pois ele é seu melhor amigo, você não quer ver ele machucado, mas sabe a pior parte? É a reação. Você sabe como é receber fotos de alguém que acabou de ficar socando a parede repetidamente por sua causa? Como é ouvir alguém falar que vai acabar com tudo por sua causa? Como é ser OBRIGADO a ter que fazer o que uma pessoa quer se não ela vai simplesmente acabar com tudo E VAI SER A SUA CULPA? Eu posso ser rude, filha da puta, não importa o que seja, mas eu tenho sentimentos, eu tenho um histórico de me machucar e ter tentado acabar com as coisas engolindo um bando de "remedinhos" pra depressão, eu mal consigo aguentar as coisas no geral e agora eu tenho que lidar com a CULPA de alguém estar sofrendo? "Mas ele te contou coisas que ele nunca falou pra ninguém e você foi um arrombado" ele fez o mesmo, "Mas você fez ele se machucar e querer acabar com tudo" ele fez o mesmo, mas sabe qual a diferença? Eu sou taxado de culpado. Eu sou tratado como se eu não tivesse sentimentos e simplesmente tenho que aguentar todo mundo ficando do lado dele. Não é engraçado? Ele me machucou tanto quando eu machuquei ele, mas eu sou o culpado. E agora ele fica me perseguindo bravo agindo como coitado por que eu tô ignorando ele. Não importa o que falem, eu não consigo olhar pra a cara dele e agir como se nada tivesse acontecido, por mais que a situação só se desenvolveu por causa de um anime, eu não me arrependo de nada. E sinceramente, mesmo que eu seja babaca ou o culpado da situação, eu não quero que as coisas voltem a ser que nem antes, eu não quero voltar a aquele ciclo tóxico de "você vai me amar, mesmo que seja a força" (por causa da chantagem emocional) eu posso até justificar as coisas pra ele mas eu não vou me submeter a tanto sofrimento novamente. Foi isso, se você leu até o final, por favor deixe sua opinião.♥️
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Perdão, volta e seguir em frente
Querido Atelier,
Você acredita naquela máxima de que o tempo cura tudo? Eu não. Não acredito que ele seja o principal responsável, pelo menos. Nós somos.
Nós podemos escolher nos agarrar na raiva, na dor, na tristeza que alguma coisa ou alguém nos infligiu. Alimentar ressentimentos, mágoas e rancores por tanto tempo que em algum momento esquecemos quem somos sem eles. Então não, o tempo não cura tudo. Não se não quisermos. Não se não trabalharmos para isso.
Acontece que trabalhar para isso não é fácil. Na verdade, é uma das coisas mais emocionalmente desgastantes que podemos nos propor a fazer, na minha visão. Isso porque todo o seu corpo está dolorido, sua mente gira ao redor de uma mesma coisa, seu coração dói, você chora, xinga, grita e chora de novo. Você não entende, tem raiva e seus olhos estão constantemente inchados, vermelhos. É muito difícil sair desse estado, adotar maneiras diferentes de pensar, de sentir, de ver, de compreender e de processar seus próprios sentimentos. É cansativo saber que precisa fazer alguma coisa sobre aquela dor para que ela vá embora.
Eu levei alguns meses. Meses de pura raiva, ressentimento e muitas lágrimas. Meses onde eu sentia ódio por sentir falta, ódio por ter sido tão compreensiva, ódio por ter me doado tanto, por ter tentado tanto não ser um problema apenas para descobrir que meus esforços foram diminuídos para uma única frase que me quebrou ainda mais "ela está se tornando uma dor de cabeça". Doía mais do que posso descrever, porque mesmo assim ainda existia amor.
Não houve um momento especifico onde, de repente, tudo isso foi embora. Não. Eu diria, se me perguntasse, que a dor foi embora gradualmente e o perdão foi construído em momentos-chave de conversas importantes, quando eu estava pronta para ouvir, quando eu queria ouvir, quando eu queria deixar ir e ficar bem.
O perdão é uma decisão que precisamos tomar quando nos sentimos prontos, com o coração em paz. Forçá-lo apenas nos trará mais dor. E bom... mesmo que perdão não signifique voltar, eu escolhi voltar. Escolhi voltar porque, como eu disse, mesmo nos piores momentos de raiva e dor eu ainda sentia amor. Algumas relações são simplesmente... importantes demais, sabe? Às vezes vale a pena pagar para ver se aquela pessoa ainda encaixa na sua vida e se você ainda encaixa na dela. E estou torcendo para continuar sentindo que ainda fazemos sentido.
Para além disso, preciso dizer que embora eu tenha perdoado, tudo o que aconteceu me deixou sim marcas negativas difíceis demais de apagar. Talvez seja uma daquelas que se leva para a vida, afinal eu não menti quando disse que havia se tornado meu maior trauma. Não a pessoa, não mais. A situação toda. Você sabe, querido Atelier, dos meu problemas com confiança e lealdade.
Acredito que também deixei maus pedaços de mim pelo caminho dela. A fiz sentir raiva, tristeza e tudo o que ela também tinha direito de sentir diante de tudo. Por isso, eu não podia voltar e pedir para entrar de novo na sua vida sem lhe ser clara sobre uma coisa muito importante: Eu a perdoei, eu a amo, ela continua sendo uma das pessoas mais importantes para mim, mas eu não posso, de maneira nenhuma, dizer que perdoei ou que estou bem com a pessoa que, hoje em dia, provavelmente é a mais importante da sua vida.
Porque embora eu acredite no perdão e que ele é uma escolha, eu também acredito nisso:
- Você não precisa perdoar e não precisa esquecer para seguir em frente, você pode seguir em frente sem que nenhuma dessas coisas aconteça” (Taylor Swift)
Eu não perdoei e eu definitivamente não esqueci. E estou em paz com isso. Não é raiva o que sinto, não desejo mal algum, reconheço e sou grata pela felicidade que traz as pessoas que amo, assim como aprecio suas qualidades. Apenas é alguém que escolho não ter por perto por ter me machucado da forma que machucou, por ter traído a minha confiança, porque embora ninguém entenda isso, foi exatamente como me senti quando aconteceu e eu cansei de pedir desculpas ou invalidar meus próprios sentimentos por não fazerem sentido para terceiros.
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A Ruína - 𝑪𝒂𝒑𝒊́𝒕𝒖𝒍𝒐 𝑼𝒎
Helloo, gadys e lentleman! Soso falando aqui. Esse é o capítulo um, obviamente, como eu escrevi aqui em cima (n sei oq falar, perdão ai, isso é mais encheção de linguiça, n tenho costume de postar as minhas coisas). Certo, acho que vou colocar o dicionário aqui em cima mesmo, pra felicidade de vocês, depois me dizem se querem no final.
Dicionário: - “augu lygva ekki” – vindo da língua nórdica antiga, tem como significado: “olhos não mentem” - "Breakfast" é a refeição matinal, geralmente a primeira refeição do dia, que as pessoas consomem para quebrar o jejum noturno após uma noite de sono. O termo "breakfast" é uma combinação das palavras em inglês "break" (quebrar) e "fast" (jejum), indicando literalmente a ação de quebrar o jejum. - 𝗛𝗲𝗶𝗺𝗶𝗹𝗶 em nórdico antigo significa “lar” ou “casa”. Muitas vezes carrega a conotação de um lugar onde você se sente em casa e confortável.
Certo, esse capítulo um tem 13.224 palavras, no total de 68 páginas. Futuro It: a Coisa, confia. E a música que a personagem canta, é baseada em uma da Selena, eu só esqueci o nome agora. Ah, e, peço desculpas, desde já, por qualquer erro de português. Soso se despedindo e um bom capítulo para vocês!!
I walk a lonely road The only one that I have known Don’t know where it goes But it’s home to me, and I walk alone
— Rafa, cheguei em casa! — Entro dentro do nosso apartamento e fecho a porta em seguida, trancando-a. — Tenho novidades para te contar. — Rafael, meu noivo, costuma ser tão fofoqueiro quanto eu, ele adora ouvir as histórias que eu trago do estúdio.
Diferente do que minha família pensa, eu trabalho sendo cantora, então o que eu escuto pelo estúdio de gravação, às vezes, chega a ser impressionante.
— Você não sabe o que eu ouvi hoje! — Isso é estranho, está tudo em silêncio, apesar das luzes ligadas. — Rafa? — Passo pela sala e vou em direção a cozinha, ninguém. — Você está em casa ou eu estou falando sozinha até agora? — Ao falar isso, a porta do cômodo onde guardamos nossas memórias, digo, fotos e até mesmo vídeos de toda a nossa vida, com amigos e com nós dois. — Ah, você está aí. — Sorrio e me aproximo dele para lhe dar um beijo, mas o mesmo se afasta. — O que houve?
— Você me traiu? — Balanço a cabeça em descrença e confusa.
— Como assim te trai? O que você quer dizer com isso? — Estou desacreditada, onde que ele ouviu isso?
— O que você acha que eu quero dizer com isso, Kari?
— Eu não sei, Rafa, eu chego em casa e você me aborda com a pergunta mais estranha que já fez em toda a minha vida, como eu vou saber do que está falando? — Fico nervosa, mas que porra de constatação é essa?
— Você se faz de burra ou é realmente burra?
— Como?! — Fecho as minhas mãos em um punho, controlando a minha raiva.
— Você fodeu com mais alguém que não seja eu, Kari?
— Por que eu faria isso, caralho?! — Aumento o tom da minha voz, me sentindo ameaçada por essa acusação.
— Eu não sei! — Ele balança os braços e em seguida passa a mão nos seus fios de cabelo, demonstrando a sua frustração.
— Então se você não sabe, por que está me acusando disso, porra?! — Me afasto dele com raiva.
— Porque a Elena me contou isso!
— Elena...? — Eu franzo o cenho, engrosso a voz já estressada e desacreditada com o que eu acabei de ouvir. — Que porra você estava falando com a Elena para chegar nesse assunto? Na verdade, que merda você estava fazendo com ela, Rafael?! — Me afasto mais um pouco e sinto a bancada da cozinha atrás de mim, me seguro nela para não cair.
— Ela me encontrou na rua e me contou o que viu.
— O que ela viu?! Que porra ela viu, Rafael?! — Respiro fundo, fechando os olhos. — Ela tenta sentar no seu pau desde a faculdade e você ainda confia no que ela diz?!
— É claro que sim, ela pelo menos foi sincera comigo durante todos esses anos! — Como é?
— Então, deixe-me pensar. — Eu solto um riso incrédulo. — Você fala que encontrou ela na rua, mas disse que ela foi sincera com você durante todos esses anos, isso anula totalmente seu argumento inicial. — Olho diretamente nos olhos dele. — Você anda se encontrando com ela, Rafael?
— Eu... o quê? É claro que não e não muda de assunto, Kari!
— Olha a merda de que você está me acusando, Rafael! Por que eu trairia você?! — Ele não responde. — Você não sabe, não é. Caralho, isso é impressionante. — Olho para baixo e suspiro. — Eu dedico a minha vida a você desde o meu último ano do colegial e tenho feito de tudo para você, para nós... — Sorrio, derrotada. — E na primeira oportunidade, quando alguém me acusa de algo extremamente impossível, você acredita. — Sinto as minhas bochechas queimarem e meus olhos embaçarem. — Eu deixei a minha família por você... e... e você faz uma porra dessas comigo.
— Você não tem nem argumento para se defender, Kari, isso só prova que a Elena está certa. — Esse comentário me enfurece. Em um reflexo rápido, pego a jarra ao meu lado na bancada e jogo em sua direção, não querendo acertá-lo, apenas assustá-lo, se bem que um pensamento intrusivo me invadiu, querendo que eu realmente mirasse nele.
— Se for para você me acusar com essa porra, eu vou sair. — Vou em direção ao quarto.
Rafael fica na cozinha, eu subo as escadas. Tenho o forte sentimento de querer chorar, mas eu não vou fazer isso, não na frente dele.
Abro a porta do nosso quarto e me deparo com tudo bagunçado. As minhas roupas todas jogadas, era como se ele realmente estivesse procurando por algo que comprovasse o que ela disse.
Pego a minha mala do armário e escolho as minhas roupas dentre todas as espalhadas pelo cômodo.
— Kari... — Eu não ouvi ele subindo as escadas, nem entrar no quarto. Sinto ele me olhando.
Levo apenas alguns minutos para arrumar a minha mala, coloco até mesmo meu laptop.
Porra, logo agora que tinha conseguido algumas férias para passar com ele. O universo me ama.
— Kari... — Sinto ele se aproximar e tentar encostar no meu ombro, porém me afasto bruscamente.
— Não ouse. — Digo sem olhar para ele.
Fecho a minha mala e passo por ele, carregando-a.
— Me acuse do que quiser, Rafael, acredite em quem quiser, nesse momento, eu não ligo mais. — Digo na porta da cozinha, e ele na ponta das escadas. — Fique e aproveite o apartamento, eu não vou aguentar olhar para o seu rosto enquanto me acusa de uma merda dessas. — Passo pela porta da cozinha e pego as chaves do meu carro. — Quando você decidir pensar com a cabeça de cima ao invés da de baixo, a gente conversa.
Saio pela porta da frente, escuto ele me chamar, mas não paro e não volto. Vou direto para o elevador, para mim, essa foi a gota d’água.
A tempos ele tem arranjado discussões aleatórias por coisas que eu não fiz. Será que é a Elena quem está colocando essas merdas na cabeça dele? Eu não duvido. E mesmo se duvidasse, eu não iria querer um pau no meu ouvido.
Eu só espero que a minha sorte ainda esteja levemente boa para ter um voo para a minha cidade natal. Minha família se mudou de lá a anos, mas ainda tenho uma cabana no Condado de Steinaberg, na Noruega.
Particularmente, meus pais não são de lá. Originalmente, eles são do Brasil. Eu nasci na Noruega. Eu fui adotada por eles. Vivi alguns anos com eles lá e mais tarde nos mudamos para o Brasil. Fiz faculdade de música e consegui alcançar o meu desejo.
Meus pais adotivos não sabem nada sobre os meus pais biológicos, por um tempo custei a acreditar neles, mas quando eu mesmo resolvi pesquisar sobre, o orfanato me contou que eu fui bebê abandonado na porta do prédio.
Ninguém sabe sobre os meus pais.
Clico na chave do carro para destrancá-lo, nem cheguei a colocá-lo na garagem, pensei que sairíamos hoje e jantaríamos no nosso restaurante preferido, mas parece que as coisas nunca saem como queremos.
Coloco minha mala no porta-malas e vou em direção a porta do motorista. Fecho a porta do carro e coloco a chave na ignição, mas por algum motivo eu não giro ela. Minhas mãos estão no volante e eu apenas olho para frente, eu não consigo sentir mais nada além de um peso enorme caindo sobre os meus ombros.
Estou sentindo tudo, é como se eu estivesse sendo pisoteada por uma manada de elefantes, sufocando no meu próprio sangue, na minha própria angústia, na minha própria depressão.
Sinto algo quente rolar pelas minhas bochechas, logicamente, são as minhas lágrimas, mas eu não as senti caírem.
Respirando fundo, eu grito.
O som do meu grito abafado pelo carro me rodeia. Eu soco o volante, buzinando sem querer.
— Que porra eu fiz para merecer isso? — Eu sussurro. — Eu quero que você se foda, caralho! — Grito. — Eu quero que você o seu Deus se fodam, Rafael!
Giro a chave do carro na ignição e desbloqueio meu celular procurando o contato da minha melhor amiga, Gabriela. Ligo para ela em seguida.
— Amiga!! — Ela diz toda animada e eu com medo de fraquejar a voz e ela notar que eu estava chorando. — Pensei que iria jantar com o Rafael hoje.
— Houve umas mudanças nos planos, por isso estou indo aí buscar o Fenrir. Nós três vamos viajar. — Eu não consigo contar nada a ela, não ainda.
— Boa, garota! Finalmente conseguiu as suas férias tão desejadas, então? — Ah, é... esqueci disso. Eu iria avisar o Rafael hoje mesmo que a minha turnê tinha acabado, mas acho que agora é inútil, não é mesmo?
— Sim, eu consegui. — Respiro fundo. — Inclusive, já vai abrindo a porta para mim, porque já estou chegando na sua casa.
— Okay! — Ela desliga.
Fenrir é um lobo cinzento, curiosamente da cor preta. Um dos maiores lobos existentes no mundo. Encontrei ele em uma viagem no Canadá. Era apenas um filhote, foi uma vítima de caçadores, sua mãe foi morta.
Eu tentei leva-lo a uma ONG de resgate animal, porém ele ficou apegado a mim de alguma forma. Quando o deixei na ONG, ele teve uma piora de ânimo completa, estava com sinais de depressão, então, em seguida, uma coordenadora dessa ONG me ligou pedindo para que fosse conversar com ela.
No final, acabei adotando Fenrir. Tenho papeladas para caralho mostrando que tenho ele dentro da lei. Eu comecei a deixa-lo na casa de Gabriela porque ele estava extremamente arisco com Rafael, o mais estranho é que ele nunca foi assim. Foi da noite para o dia, literalmente.
Só sei que sou bem apegada a ele também, é como se eu o conhecesse a anos e me sinto confortável com isso. Gabriela chega a me chamar de louca porque eu converso com ele, mesmo que ele não me responda. É a minha companhia mais fiel, atualmente.
Chego em frente à casa de Gabriela. As luzes de fora estão acesas e a porta sendo aberta. Não desligo o carro, não preciso disso agora, quero só... escapar disso.
Abro a porta do carro e saio, Fenrir sai da casa desesperado. Não demora muito para chegar até mim e pular em cima de mim, se não fosse o meu carro atrás de nós, ele teria nos derrubado no chão.
— Oi, meu garoto! — Abraço ele com força, recarregando a minha energia que perdi durante o caminho. — Eu senti tanto a sua falta! — Ele fica em quatro patas novamente e pula, várias vezes, junto de latidos exasperados.
— Me sinto até magoada olhando para isso. — Gabriela diz, fingindo tristeza. — Tenho alimentado você durante semanas e é assim que me agradece? — Fenrir para e olha para ela, sentando-se em sua frente e balançando o seu espanador, vulgo rabo peludo e felpudo. — Agora sim. — Ela sorri e acaricia a sua cabeça, deixando-o mais feliz, quase derrubando ela no chão ao pular para ela.
— Bom, vim só pegar ele e as suas coisas, estou indo para o jatinho agora. — Digo, sem conseguir olha diretamente em seus olhos. Eu sei que se eu fizer isso, vou desmoronar e não posso lidar com isso, não agora.
— Espero que vocês aproveitem e que o Fenrir e o Rafael possam se dar bem de novo. — Ao citar o nome dos dois na mesma frase, meu lobo se agita, e não de um jeito bom. — Relaxa, garotão, se precisar você morde a bunda dele. — Ela fala animada, rindo da própria piada. Eu só consigo soltar um sorriso frouxo. — Está tudo bem? — Ela me pergunta ao olhar em minha direção novamente.
— Sim... eu estou bem. — Eu vacilo na hora de responder.
— Certo... — Ela pondera. — Você claramente não está bem. — Antes que eu possa abrir a boca para falar algo, para impedir que ela me questione mais, ela levanta a mão me dando sinal para calar-me. — Eu entendi que você não quer falar sobre o que está acontecendo no momento, tudo bem, eu sei como você funciona. — Gabriela se aproxima de mim e toca em meu ombro. — Você vai me procurar quando for a hora certa de querer conversar, e percebo que pode ser por isso que está fugindo e provavelmente deve haver com o Rafael, não preciso ser expert para saber disso... — Ela suspira e me abraça. — Só me avisa quando pousar e mantenha contato, vou fazer o que for necessário para manter ele longe até que você me diga o contrário. — Ela sussurra ao pé da minha orelha. — E você, Fenrir, fofão! — Ela se solta do abraço e se ajoelha, ficando menor que ele. Gabriela já é baixinha, se ajoelhando ao lado de Fenrir, fica quase uma criança de 13 anos. — Me prometa que vai morder a bunda do Rafael quando voltarem. — Ela olha diretamente nos olhos dele e ele balança a cabeça, como se tivesse realmente entendido o que ele falou. — Bom, agora somos duas loucas por conversarem com cães. — Ela levanta e me dá a bolsa com os objetos de Fenrir.
— Obrigada. — É só o que consigo dizer.
Abro a porta do banco de trás do carro e Fenrir pula, se deitando em seguida. Vou atrás do carro e aperto no botão do porta-malas para abri-lo, colocando a mala do lobo ali, fechando-o em seguida.
Vou em direção à porta do motorista e antes de entrar, olho para Gabriela.
— Prometo avisar você quando pousar. — Olho diretamente em seus olhos. — Amo você, Gabi.
— Eu também amo você demais, K. — Ela faz o “eu te amo” em libras juntamente de sua fala. Sorrio com lágrimas ousando querer cair novamente.
Entro no carro e fecho a porta. Respiro fundo e saio de frente de sua casa.
Olho pelo espelho retrovisor e vejo ela na porta de sua casa acenando para mim. Tenho uma sensação estranha de que vai ser a última vez que nós nos veremos, mas vou optar por ignorar esse pensamento.
No banco de trás, Fenrir está deitado, respirando fundo. Deve estar cansado. Tiro uma das mãos do volante e o acaricio rapidamente.
— A viagem vai ser longa, meu amor. Espero que goste de voltar para casa. — Ele bufa, não sei dizer se foi de felicidade ou decepção, mas vou considerar a primeira opção.
Dirijo por alguns minutos até chegar no aeroporto. Cheguei a ligar para o meu piloto enquanto vinha para cá. Ele atendeu e ficou surpreso por eu chamá-lo para uma viagem, ainda mais depois de as minhas turnês terem acabado por enquanto.
Desligo o carro no estacionamento do aeroporto e retiro a minha e a mala de Fenrir. Abro a outra porta do carro para ele sair.
A mala de Fenrir é uma mochila, coloco ela em minhas costas e a minha eu arrasto no chão com as rodinhas.
Fenrir anda sempre ao meu lado, de vez em quando olhando para mim, deve estar conferindo como estou, como eu já disse, ele parece entender o que falamos, logo, ele deve saber que eu chorei ou pode estar supondo isso.
Vou em direção ao balcão para informar a minha chegada para pegar o jatinho. Algumas pessoas olham para mim, é claro. Sou bem famosa mundialmente e ainda estou com um cachorro, tecnicamente, gigante.
— Boa noite, senhorita Kriste...zen? — Sorrio ao ver a sua tentativa de pronunciar meu sobrenome.
— É Kristensen, mas pode me chamar apenas de Kari. — Ela sorri simpática.
— É claro. — Ela digita alguma coisa no seu monitor e me olha novamente. — Bem-vinda ao Aeroporto de Congonhas, do que você precisa?
— Eu marquei, apesar de ser de última hora, uma viagem direta para a Noruega com o meu jato e piloto particulares. — Ela digita novamente em seu monitor e me olha.
— Ah, sim. Foi confirmado aqui. — Ela me entrega um cartão de embarque eletrônico específico. — Prontinho, é só você ir em direção a ala de embarque.
Vou direto para a sala de embarque. Acabo por me esbarrar em alguém de supetão.
— Me desculpe! — Falo rapidamente. Ao olhar para o lado, vejo uma menina de pelo menos 15 anos. — Está tudo bem com você? Eu estava distraída, sinto muito. — Ao me ver, seus olhos se iluminam.
— Kari?! — Ela diz super animada.
— Eu mesma. — Apesar de eu estar desanimada, ver a sua felicidade ao me ver, me traz conforto.
— Posso tirar uma foto com você?! — Ela diz, já com o celular em suas mãos.
— Claro que sim! — Digo com um sorriso enorme em meu rosto, quero ser a melhor para pessoas como ela.
Eu solto a minha mala de rodinhas e, por ser alta, me abaixo um pouco para ficar de sua altura. Pego o seu celular e tiro uma selfie de nós duas juntas.
— Prontinho! — Digo, devolvendo o seu celular. — E qual o seu nome? — Falo, pegando a alça da minha mala novamente.
— Emilly! — Fenrir senta-se do meu lado, escorando a cabeça em minha perna, descansando. Por que ele está tão cansado?
— Que nome bonito, Emilly! — Abraço ela pelos ombros. — Apesar de que poderíamos conversar mais, acho que a sua mãe está te chamando para embarcar. — Falo a ela apontando para uma mulher de quarenta e poucos anos acenando para nós.
— Ah, verdade. — Ela olha para mim novamente. — Muito obrigada pela foto e... por me avisar da minha mãe. — Ela se vira e sai correndo.
— Vamos, Fenrir. Prometo que poderá dormir o quanto quiser durante o voo. — Ele se desencosta de mim e sacode o corpo todo, andando ao meu lado ainda.
Passo pelo raio-x. Fenrir não passa por isso. E vou direito ao portão de embarque, no qual não foi muito difícil encontrar, já que Alexandre, o meu piloto, estava me esperando.
Ele me vê em seguida e acena para mim, com um sorriso. Alexandre é bonito, tenho que admitir. Ele tem quase trinta anos e ainda consegue manter a sua presença tranquila e confiante.
Ele tem cabelo escuros, que caem naturalmente em ondas suaves. Seus olhos são cor de avelã, expressando toda a curiosidade que ele sente em descobrir o mundo apenas voando.
Ele é alto, possui uma postura ereta e atlética, gosta de se manter em forma e sempre que pode vai à praia, mantendo a sua pele, como sempre, ligeiramente bronzeada.
Uma das coisas que adoro nele, é o sorriso cativante que ilumina seu rosto quando ele está à vontade. Ele é apaixonado no que faz e sempre busca novos desafios.
Chego perto dele e Fenrir já o cumprimenta.
— Oi, garotão! — Ele diz com a sua voz amigável e com um tom calmo. O mesmo de sempre dele. — Sua dona, mais uma vez, me tirando da cama. Acho que eu deveria começar a cobrar, não acha? — É claro que ele não podia deixar essa passar com o seu senso de humor afiado.
— Ah, qual é. Tenha dó de mim. — Sorrio para ele. — Quando se trata de emergências, você sabe que é necessário em minha vida. — Ele olha para mim e mostra aquele sorriso que tanto adoro.
— Não posso discordar de você, eu sou perfeito demais para deixar você na mão. — Ele diz e passa os dedos por seu cabelo, tirando alguns fios do rosto. — Vamos lá, princesa? — Alexandre faz uma pequena reverência e abre caminho para mim, eu rio alto.
— Não começa, Alê. — Digo, chamando-o pelo apelido.
— Voltou a me chamar de “Alê”? — Ele pergunta, convencido. — Pensei que tinha parado com isso depois de dizer que havia crescido e era uma moça adulta. — Ah, essa história é longa.
— A gente ignora essa parte. — Passo por ele sorrindo, Fenrir parece feliz também.
Conheci Alexandre no fundamental ainda, diferente de Gabriela, que eu conheci no final do meu ensino médio.
Nós nos tornamos amigos de primeira e ele sempre teve esse sonho de querer voar alto, conhecer o mundo. Sonhou tanto que se tornou realidade.
Quando se formou em pilotagem, ele se ofereceu para ser o meu piloto particular, eu recusei várias vezes, até porque ele queria fazer como um favor de amigos e eu queria pagá-lo como qualquer pessoa faria.
Acabamos por entrar em um consenso, no qual ele, se fosse querer fazer esse “favor” para mim, teria que me deixar ajuda-lo economicamente de alguma forma. Acabou por mim pagando as contas do apartamento dele.
Claro, ele tem o próprio trabalho. Alexandre trabalha especificamente para a companhia aérea LATAM, ele ganha bem e gosta do que faz. Já até se tornou o funcionário do mês, fiquei extremamente orgulhosa por ele.
Admito que tive uma paixonite por ele no passado, isso até ele me falar que era gay. Sofri por algumas semanas por causa disso, mas me recuperei e hoje ele é meu confidente.
— Noruega, então? — Ele diz, por fim, cortando meus pensamentos.
— Sim, vou passar um tempo lá. — Ele suspira.
— Foi alguma discussão com o Rafael novamente? — Ele estava sabendo das discussões, não consegui contar para a Gabriela ainda. Sinto que não deveria contar, ainda não. Eu não sei dizer o que é.
— Foi. — Digo, cabisbaixa.
— O que foi dessa vez? — Diz, descendo as escadinhas para a pista junto comigo.
— Ele me acusou de tê-lo traído. — Falo, por fim.
— E você traiu? — Olho rapidamente para trás, surpresa.
— Claro que não! — Me sinto atacada. — Por que eu faria uma coisa dessas?
— Não estou te acusando, princesa. — Ele sorri. — Relaxa. Eu só lhe fiz uma pergunta. Nunca se sabe. — Seu sorriso aumenta. — Porque, se me lembro bem, você era... como chamar uma mulher que pegava vários homens? Tipo, existe o mulherengo... — Ele pondera, pensando. — Você era um Dom-Juan. — Diz, rindo da própria piada.
— Não fala merda, Alexandre! — Digo, irritada agora, porém sorrindo de leve.
— Você seduzia todo o tipo de homem que aparecia, era como se você fosse aquele flautista que encantava ratos. — Ele imita. — Você estalava os dedos e aparecia homens de todo canto, mais velhos, da nossa idade ou mais novos. — Ele ri alto. — Me lembrei daquele dia que um Sugar Daddy chegou em você te oferecendo dinheiro para ser a Sugar Baby dele. — Alexandre faz uma pausa, respirando fundo. — Eu acredito que você não traiu ele, mas entendo o porquê das suspeitas, o que eu não entendo, é porque ele chegou nessa conclusão.
— Elena. — Digo, simples e direta.
— Elena? Que Elena? — Ele pergunta no momento que chegamos em frente ao avião, já com as escadas no chão. Olho seriamente para ele e subo as escadas, deixando-o pensar. — Aquela Elena?! — Ele diz, com a voz um pouco alterada.
— Sim, aquela Elena. — Coloco as duas malas nos primeiros assentos e me sento no próximo, com Fenrir na minha frente.
— Ela não tinha, sei lá, morrido? — Eu solto um riso frouxo.
— Quem dera tivesse. — Ele ainda me olha, esperando por uma resposta. — Bom, aparentemente eles têm conversado com certa frequência e ela anda cochichando merda para ele, até que surgiu esse assunto, no qual ela disse ao Rafael que me viu traindo ele, e sem nem pensar duas vezes, ele acreditou nela, isso que me deixa com mais raiva. — Ele ainda me olha, complacente, até dar de ombros.
— Não sei o que dizer sobre isso, Kari... apenas... — Ele suspira. — Relaxe. Você realmente precisa dessa viagem, apesar de você estar fugindo de novo dos seus problemas, como costuma fazer e eu não acho que isso seja o melhor para você... — Que soco, hein. — Mas não vou reclamar de você e nem te julgar. — Ele ri, parece pensar em algo. — Até porque, se eu estivesse no seu lugar, eu teria batido em Rafael por uma acusação imbecil dessas. — Alexandre esfrega as mãos e vira de costas.
Ele acena e entra na cabine de pilotagem. Eu, por fim, ao me sentar no assento do jato, é como se eu descansasse pela primeira vez. Prendo o cinto de segurança. Desde o apartamento com o Rafael até aqui foram muitos sentimentos, muitas reações, e agora... agora é nada.
Não sinto alívio, eu sinto um peso. Eu fui impulsiva de ter saído de lá, mas eu costumo agir por impulso, eu preciso de terapia, sinceramente. Podíamos ter conversado, mas saber que ele me acusou de uma coisa daquelas e ainda por causa de Elena, isso não entra na minha cabeça e duvido que um dia realmente entre.
Eu preciso desse espaço, de qualquer maneira. Estou precisando de férias, descansar a mente e talvez, com esse bloqueio que estou tendo atualmente para criar minhas músicas, eu consiga inovar e construir pelo menos uma base, acordes, talvez, o começo de uma letra, qualquer coisa.
Respiro fundo e vejo Fenrir deitado em cima dos dois assentos em minha frente. Seus olhos estão fechados. Alexandre já foi para a cabine de pilotagem. Sentada aqui, agora, me faz pensar em muitas coisas. A perda recente da minha mãe não ajuda muito a pensar, tenho que admitir. Cheguei a considerar que Rafael pudesse ser o meu porto seguro nisso, mas não tive isso.
"Space Song" de Beach House retumba na minha mente. É a música perfeita para agora. Nunca imaginei que eu me referiria a uma música dessas ou que estaria em uma situação como essa. Chega a ser engraçado. Sorte no jogo e azar no amor, não é mesmo?
A turbulência para o avião decolar, começa, não tenho problemas com isso, não mais, pelo menos. Rafael me ajudou com isso.
— Porra! — Exclamo, esfregando as minhas mangas em meus olhos, tentando segurar as minhas lágrimas.
A minha vida gira em torno dele. Eu o amei do começo ao fim, mas parece que nada foi o suficiente, nunca foi. Se ele realmente me amasse, ele acreditaria mesmo em alguém como Elena? Por que justo ela?
Solto o meu cinto após a turbulência e deito o assento um pouco para trás, fechando os meus olhos. O que me sobra é tentar dormir nessa situação, é o que me resta. Queria que houvesse outra opção, mas quem sou eu para tentar pensar em outras? Exatamente, ninguém.
Respiro fundo, sentindo o meu corpo relaxar, conseguindo, depois de tudo, conseguir fechar os olhos e dormir.
***
— Você precisa me ouvir, Skydrah! — Ele diz avidamente, mostrando desespero em sua voz. — Você precisa correr por sua vida, o mais rápido que puder e não olhe para trás!
— Mas eu não posso deixar você! — Digo com a voz embargada. — Eu não posso perder mais ninguém... por favor... não me obrigue a isso... — Suspiro tristemente, com os olhos embaçados.
— Você precisa ir, precisa me deixar, vai ser um bem maior para nós dois. — Ele segura o meu rosto com as mãos, usando os polegares para evitar que mais lágrimas desçam pelo meu rosto. — Eu vou... — Ele vacila por um breve momento, desviando os seus olhos dos meus. — Nós vamos ficar bem. — Disse por fim, olhando novamente em meus olhos, com uma confiança que nunca vi antes.
Quando ouso tentar falar novamente, 4h0#$! encosta os lábios nos meus. Um fogo se acende por meu corpo, arrepiando cada extremidade do meu ser, inclusive meu couro cabeludo.
Ele me beija avidamente, como se estivesse se despedindo e eu não gosto nada disso. Eu não quero me despedir. Eu quero estar ao seu lado, ter uma família, e acabar com todos que tentarem nos impedir.
— Lembre-se, augu lygva ekki.
***
Acordo em um solavanco. O que eu acabei de sonhar? Acho que foi um pesadelo, porque estou toda suada, minhas mãos tremem. O que acabou de acontecer?
— Finalmente você acordou, pensei que teria, no mínimo, jogar o avião no mar para acordá-la. — Alexandre fala sentado no assento em minha frente, com a cabeça de Fenrir escorada em suas pernas.
— O quê... que? – Pergunto surpresa e levemente assustada. — O que você está fazendo aqui? Quem está pilotando o avião? — Digo, transparecendo minha confusão.
— Tão inocente. — Diz mostrando um sorriso debochado. — Existe uma coisa chamado "piloto automático", sabia? — Responde convencido.
— É claro que eu sei, mas não tem que ter alguém cuidando, pelo menos? — Falo o óbvio.
— Sim. — Diz sem olhar para mim desta vez e sim para uma revista que estava na pequena mesa. Noto um cobertor em minhas pernas.
— Então o que está fazendo aqui? — Questiono-o mais uma vez.
— Eu tenho um copiloto, não se preocupe. — Ele olha para mim novamente. — E de nada pelo cobertor, você estava tremendo, pensei que fosse morrer. — Então era um pesadelo.
— Mas eu não vi ninguém entrar no jato depois que subimos. — Ele solta um riso nasalado.
— Ele já estava aqui antes de chegarmos, ele não se apresentou porque é meio que... — Alexandre pondera ao responder. — Um grande fã seu e não queria te deixar desconfortável com os ataques de tiete dele. – Franzo o cenho.
— Você está comendo ele? — Solto direta, sem nenhum escrúpulo.
— Isso é pergunta que se faça?! — Exclama, colocando a mão sobre o peito, fingindo escárnio. — Estamos tendo algo, se quiser saber. — Diz e folheia a página de revista.
— Não havia me contado sobre ele, pelo menos não que eu me lembre. — Dá de ombros.
— Você estava meio triste pela situação atual do seu relacionamento que eu não quis... sabe, te deixar mais triste falando sobre com quem estou saindo e como está dando certo. — Fala, olhando diretamente em meus olhos.
— Pode ter certeza que teria sido mil vezes melhor saber disso, teria me animado. — Me levanto do assento e vou em direção ao minibar na pequena cabine atrás de mim. — Às vezes parece que você não me conhece. — Pego uma garrafa d'água e volto para o assento, vendo-o em pé.
— É por conhecer você para caralho que eu sei que diria isso, mas mesmo assim se encontra levemente afetada, por mais que tente ignorar. — Diz por fim, mostrando um sorriso complacente. Ele realmente me conhece. — Agora, coloque o cinto novamente, iremos pousar em breve. Eu vim te acordar por causa disso. — Se vira de costas e entra na cabine de pilotagem a minha frente.
Olho para Fenrir, agora acordando aos poucos, porém ainda deitado nas poltronas. Ele apenas me observa com aqueles olhos prateados, parece estar tentando ler a minha mente, e só por ser ele, se assim fosse possível, eu deixaria.
Não demora muito para as turbulências de pouso começarem, já estou de cinto, então é só esperar até acabar. Fenrir força um pouco as suas garras para se segurar nos assentos, ele tem um pouco de medo, isso é um fato, por isso, sempre que posso, viajo com ele de carro, mas dessa vez não é possível.
A turbulência cessa e Alexandre sai da cabine rindo junto do seu namorico atual. Ele me olha e se espanta, ficando nervoso em seguida.
— Pedro, essa é a Kari. — Ele faz um movimento de mim a Pedro. — Kari, esse é o Pedro. — Faz o mesmo gesto ao contrário.
Ele parece ter no mínimo 25 anos de idade. Ele tem uma aparência amigável e cativante, apesar do seu nervosismo aparente. Possui cabelos castanhos escuros e olhos extremamente expressivos da mesma cor. Cabelo curto e bem cuidado. É um pouco mais baixo que Alexandre, não tem um grande contraste.
Levanto-me do assento, após retirar o cinto, e mostro o meu melhor sorriso, apesar do peso nas costas.
— Oi, Pedro, é um prazer conhecer você! — Digo mostrando ânimo e estendendo a mão para ele. — Mesmo que esse incompetente do Alexandre tenha me falado de você só alguns minutos atrás. — Pedro estende a sua mão e aperta a minha gentilmente e Alexandre bufa pelo meu comentário.
— O prazer é to-todo meu. — Ele gagueja brevemente, mas se recompõe em seguida.
— Alê me contou sobre você ser o meu fã... — Começo de leve, tentando não o assustar, parece tão frágil. — Então, se quiser, posso tirar uma foto com você. — Seus olhos se arregalam com surpresa. Ele olha para Alexandre e depois para mim, incrédulo.
— É claro! — Responde animado.
Ele se aproxima cauteloso e estende o seu celular. Eu pego-o em seguida e abro a câmera.
— Vem, Alê... — Chamo-o para tirar uma foto junto.
Seguro o celular para o alto e tiro uma selfie de nós três juntos sorrindo. O rabo de Fenrir aparece um pouco abaixo na foto, meio borrado por estar se mexendo.
— Parece que alguém quis aparecer na foto também. — Digo rindo, junto com deles dois. — Vamos, Fenrir, temos uma estrada longa para pegar agora. — Pego a mochila de Fenrir e ponho em minhas costas, Alexandre pula em minha frente e pega a minha mala, me ajudando a levá-la, mesmo que não precisasse.
Fenrir desce primeiro, pulando alguns degraus e logo estando no chão. Saio por segundo, com Pedro e Alexandre logo atrás, respectivamente.
Fenrir corre na nossa frente, o clima frio me recobre e eu sinto um arrepio no corpo. O lobo parece feliz por pisar em solo conhecido. Sorrio com ele correndo e pulando, parece o Bambi com os seus amigos, antes de sua mãe morrer tragicamente. Por que aquilo é um filme de criança?
Talvez nesse tempo, eu consiga terminar uma música que comecei quando a minha mãe morreu. São sentimentos que vou explorar novamente, por mais que eu queira enterrar isso o mais fundo possível da minha mente.
Passamos por todos os locais do aeroporto para ir ao estacionamento, no qual meu carro se encontra. Deve estar congelado de tanto tempo que está ali.
Entramos em um elevador e nós quatro descemos até o terceiro andar do subsolo. Logo de primeira, assim que a porta do cubículo abre, já avisto com meu Impala 67. Comprei ele por um preço caro, mas vale a pena quando se trata de Dean Winchester.
— Acho que é aqui que nos despedimos. — Digo ao colocar a chave na fechadura do porta-malas.
— Pensei que me convidaria para a sua cabaninha no meio do nada, mas sei que precisa desse espaço e também, não quero que me ocorra uma situação que nem pânico na floresta. — Sorrio com sua piada e Pedro solta um risinho.
— É claro que não. — Coloco a mochila de Fenrir e Alexandre coloca a minha mala no porta-malas. — Eu vejo você daqui uns meses. — Digo ao abraçar Alê com força. — E você... — Aponto para Pedro. — Quero o seu número de celular. — Ele fica surpreso novamente e parece tremer na base, literalmente.
Ele me dita o seu número de celular e eu adiciono no meu. Ligo para ele em seguida, para confirmar se acertei e chama duas vezes até ele retirar o celular do bolso e aparecer o meu número ligando.
— Certo. — Sorrio e fecho o porta-malas, indo seguidamente em direção a porta do motorista, encaixando a chave na fechadura, girando-a e abrindo. – Podemos nos encontrar em um jantar no meu apa... — Interrompo a minha fala no momento em que a começo. Meu apartamento era com o Rafael, o nosso apartamento. — Na minha casa. Não vou lá a um tempo, mas deve estar intacta. — Tento sorrir, mas vacilo.
— Tudo bem, Ari... — “Ari”, faz tempo que ele não me chama assim. Alexandre coloca o braço direito por cima do ombro de Pedro, agindo como um atacante. — Nós vamos comparecer, pode deixar. — Sorrio e abro a porta do carro.
Alexandre abre a porta de trás e Fenrir pula, se deitando animado no banco. A porta é fechada em seguida.
— Pronto para outra longa viagem, Fenrir?! — Digo me virando para trás para vê-lo e ele late em seguida, como resposta. — Esse é o meu garoto. — Acaricio a sua cabeça, brincando.
Coloco a chave na ignição e ouço o motor tremer abaixo de mim. Isso me eletriza, me deixando enervada. É um sentimento bom. Senti falta desse carro.
Olho para o espelho retrovisor e começo a dar ré. Saio da vaga, manobrando para não bater no carro ao meu lado e aceno para Pedro e Alexandre, que acenam de volta.
Mais uma vez, o mesmo sentimento de antes, que tive com Gabriela. O sentimento de ser a última vez que os verei. Isso é estranho demais. Quase como um pesadelo enquanto estou acordada. Isso seria possível?
Saio do estacionamento e o pequeno feixe de luz do sol brilha no horizonte. Ele está nascendo. Fenrir senta-se no banco de trás e olha para o horizonte, vendo o mesmo que eu.
Paz.
***
São 8H da manhã quando eu ligo o rádio e toca Dancing With Myself, do Billy Idol, remixada pelo RAC. Balanço a minha cabeça com a batida contagiosa. Fenrir late no banco de trás e eu sorrio.
Aumento o volume do rádio e começo a cantar junto da música.
— On the floor of Tokyo-o. — Canto animada. — Or down in London to go-go. With the record selection and the mirror's reflection. — Canto rapidamente de acordo com a música. — I'm a-dancing with myse-elf. — Felo logo em seguida, apenas respirando para conseguir fôlego. — Where there's no one else in si-ight. In the crowded lonely ni-ight. — Canto rapidamente, sem pausa. — Well, I wait so long for my love vibration. — And I'm dancing with myse-elf. — Pronuncio em seguida, Fenrir está agitado no banco de trás, feliz. — Oh-oh, dancing with myse-elf... Oh-oh, dancing with myse-elf. — Abaixo o volume ao avistar um local para abastecer e que, por sorte, possui um mercadinho. Estou com fome de besteira.
Estaciono ao lado da bomba de combustível e desligo o carro, saindo do carro em seguida. Dois corvos grasnam um pouco a frente, eles parecem bicar o chão.
Entro no mercadinho e encontro uma senhorinha frágil no caixa, sorrio para ela e recebo um sorriso de volta.
Caminho entre as estantes de produtos e pego um pacote dos grandes de Doritos e no freezer, pego duas garrafas d'água e uma coca-cola de 600mL.
Vou até o caixa e coloco os meus produtos para a senhora somar os preços.
— Junto com isso, vou querer $68,40 dólares para o tanque do carro lá fora. — Digo a ela.
— Claro, querida. — Ela passa os produtos no sensor. — No total dá $74,00 dólares. — Abro a minha carteira e retiro uma nota de 100 e ela me dá o troco.
— Agradeço. — Digo, ainda com um sorriso no rosto.
Coloco o meu "breakfast" em uma sacola grande e vou em direção a porta de saída, porém a senhora me chama antes de eu sair.
— Você é muito bonita, minha jovem. — Ela elogia. — Parece a minha neta. — Levanta o seu braço com dificuldade e acena para mim. — Tenha uma boa viagem, pequena. — Aceno com a cabeça para ela e saio do mercadinho.
Fenrir me olha pela janela abanando o rabo. Sorrio para ele e coloco as compras pela janela do carro no banco do passageiro.
Vou até a bomba de combustível e retiro a mangueira, encaixando no buraco do meu tanque de gasolina já aberto. Aproveitando o sinal, mando uma mensagem para Gabriela, dizendo que já pousei e estou indo para a cabana e que vou ficar sem responder nada por um tempo. A gasolina entra até eu ouvir um clique, mostrando que já encheu tudo.
Coloco a mangueira de volta na bomba de combustível, fecho a tampa do meu tanque e entro no carro novamente. Agora, os dois corvos, estão em cima do meu carro, me olhando. Fenrir se agita no banco de trás, rosnando.
— Vai arranhar minha lataria, seus arrombadinhos! – Ligo o limpa-vidros que os espanta. Fenrir continua agitado. — Eu sei, garoto... quase estragam o nosso bebê. — Falo, rindo da minha própria piada, mas Fenrir continua farejando o ar, como se procurasse os dois corvos.
Ligo o rádio novamente a agora está tocando Coopa, de Kiraw, ARXMANE e Crazy Mano. A música está no finalzinho, com a batida grave diminuindo de volume e a voz do locutor aparecendo aos poucos, informando os ouvintes da temperatura e de notícias locais.
Logo após, “Come and Get Your Love” de Redbone começa a tocar. Eu gusto dessa música também, está em uma das minhas principais playlist de favoritos no Spotify.
Se passa algumas horas até chegarmos no Condado de Steinaberg. Fenrir parece se animar ainda mais por isso. Eu consigo entender ele, estar de volta aqui é uma inspiração por si só. Eu senti falta daqui.
De verdade, nunca trouxe ninguém aqui, por mais que Alexandre faça piadas dizendo para eu convidá-lo para cá, ele sabe que eu não faria isso, porque esse é o meu cantinho, no qual cabe apenas eu e Fenrir. Unicamente.
Na entrada do condado, por ser um local florestal, não se pode entrar com um carro, então eles possuem um estacionamento para pessoas que vem acampar por aqui. Por isso faço isso.
Entro no estacionamento e em seguida desligo o carro, saindo do mesmo, junto de Fenrir, após eu abrir a porta do seu lado. Um homem, da cabana atrás de nós, um guarda florestal, um ranger.
— Tudo bem, senhorita...? — Ele parece recuar ao ver Fenrir ao meu lado.
— Oi, tudo bem? — Digo simpática. — Eu sou Kari Kristensen e esse é o Fenrir, ele é “domesticado”. — Digo fazendo os sinais de aspas com as mãos. — Ele não faz nada sem que eu mande, não se preocupe. — O ranger parece sorrir aliviado.
— Eu sou Erik, bem-vinda ao Condado de Steinaberg. — Se aproxima e estende a mão para me cumprimentar. — O que traz a senhorita aqui? — Respondo ao seu aperto de mão.
— Vim ficar por um tempo de novo na minha cabana que possuo mais adentro da floresta. — Paro para pensar um pouco. — A cabana tem o nome de Heimili. — O rosto dele se ilumina, parece reconhecer o nome.
— Acho que conheço essa cabana. — Diz dando meia-volta e entrando na cabana dele.
Aproveito esse tempo para ir até o meu porta-malas e abri-lo, tirando a mochila de Fenrir dali e a minha mala. O ranger sai da cabana com algo em mãos.
— Aqui, tome. — Ele me estende a chave da cabana. — O antigo ranger, o meu chefe, disse que alguém ia a essa cabana de meses em meses, e que não precisaria perguntar quem é por essa pessoa já ser de confiança. — Eu pego a chave de sua mão, sorrindo. — Creio que seja você, só pelo simples fato de saber falar “Hei-mili” tão bem. — Ele pronuncia com um pouco de dificuldade.
— Ah, sim, claro. — Rio e abaixo o meu rosto, com timidez. — Muito obrigada pela chave e fale para o seu chefe que eu mandei boas recordações e que sinto falta dele. — Digo ao levantar o rosto, olhando em seus olhos.
— Pode deixar que eu falo. — O seu sorriso aumenta, indo de orelha a orelha.
Seguro a minha mala apenas pela pequena orelha, já que o chão é puro cascalho. A mochila de Fenrir está em minhas costas. O mesmo corre na minha frente, ele já sabe o caminho de cor, não precisa me acompanhar para chegar lá antes de mim. Eu apenas sorrio e vou logo atrás, mesmo que eu possa demorar quase uma hora de atraso em comparação a ele.
E bom, foi quase uma hora.
Deu, em sua totalidade, 47 minutos daquela cabana do ranger até o Heimili. Fenrir já se encontra deitado nos degraus da casa com os seus olhos fechados, apenas me esperando.
— Você é muito desesperado, sabia disso, Fenrir? — Digo e o mesmo abre os olhos e abana o seu espanador levemente.
Caminho um pouco mais rápido até a cabana e abro a porta, Fenrir adentra com destreza e se joga no sofá, esfregando o focinho nele e escavando o tecido.
Vou até o meu quarto, depois de fechar a porta, e coloco a minha mala ao lado do meu armário e a mochila de Fenrir junto.
Sento na minha cama e me jogo para trás, afundando nos lençóis. Respiro fundo pelo nariz, sentindo o cheiro de um lugar conhecido. Um que almejei por muito tempo. Casa.
Fenrir late na parte da frente da cabana. Levanto da cama e olho para fora pela janela do quarto.
A cabana está aninhada em uma densa floresta, cercada por altas árvores e vegetação exuberante. Construí ela com madeira local, com um exterior pintado de vermelho escuro, típico das construções rurais locais. O telhado íngreme é coberto de telhas de madeira que envelheceu com o tempo.
Saio do quarto e adentro o espaço que combina a sala de estar e a cozinha juntas. O chão é feito de tábuas de madeira polida e as paredes são decoradas com painéis de madeira clara, mostrando um pouco da minha personalidade.
Há estantes nas paredes que incluem alguns prêmios que ganhei, como Grammy’s. Os demais são troféus de quando eu era adolescente e participava dos projetos escolares.
Há uma grande janela na parte da sala de estar que permite a entrada de luz natural e oferece uma vista bonita para os visitantes, não é como se eu trouxesse alguém para cá, mas é impressionante, de qualquer maneira. Tem um piano em frente à janela, costumo usá-lo para compor, junto com a minha guitarra no outro canto da sala.
Na área da cozinha, tem mais armários de madeira escura e bancadas de pedra, no qual eu coloquei alguns utensílios de cozinha tradicionais. Mais para a esquerda tem uma lareira, no canto da sala.
— Já vejo o que você quer, Fenrir. — Vou até um armário ao lado da porta do quarto e pego uma colcha xadrez e cortinas grossas.
Volto para o quarto e estendo a colcha na cama, deixando arrumada para quando eu for dormir durante a noite. Subo na cadeira que deixo no quarto e coloco a cortina na haste. Desço da cadeira em seguida, indo para o cômodo da sala e da cozinha, onde Fenrir se encontra.
Fenrir está sentado em frente ao pote de comida dele, esperando que eu coloque a sua janta. Por ele ser um lobo, costumo misturar ração com partes de uma galinha inteira crua. É o alimento mais adequado para ele por ser carnívoro.
— Você sabe que, tecnicamente, não temos comida, não é? — Falo olhando para ele, colocando minhas mãos na cintura. — Você e eu, nós, teremos que buscar a nossa comida a partir de hoje. — Aprendi a caçar com arco e flecha e usar algumas armadilhas para pegar animais pequenos enquanto morava por aqui.
Na cabana onde o ranger fica, não tem comida para comprar, isso quer dizer que, ou você caça a sua comida ou você viaja por algumas horas para encontrar apenas o mercadinho daquela senhora.
Esse condado, em específico, as coisas são muito longe uma das outras, o que dificulta a própria alimentação, por isso aprendi na obrigação como caçar animais sem afetar a natureza ao meu redor.
— Vou abrir a porta para você e se vire para achar o que comer, eu ensinei você a isso... — Digo indo em direção à porta. — Além do mais, seus instintos selvagens vão te ajudar nisso. — Abro a porta e Fenrir praticamente se jogar da cabana.
Fenrir sai correndo pela floresta densa e eu deixo a porta aberta para quando ele quiser voltar. Vou até a parte da cozinha e abro uma gaveta embaixo da pia, pegando algumas sementes de frutas e vegetais específicas para o outono na Noruega.
Em um pequeno baú ao lado da porta de saída da cabana, do lado direito, tem algumas ferramentas, dentre elas, eu pego uma pequena pá para escavar a terra no pequeno jardim que tenho, que depois de meses, nem jardim mais é.
Saio da cabana com as sementes em uma mão e a pequena pá na outra. Nem tive tempo de trocar de roupa, apenas quero manter a minha mente ocupada. Isso, de certa forma, não é bom, porque depois tudo vai recair em mim de novo.
Do lado de fora, viro para a direita, indo para o lado da cabana. A terra preta, boa para plantio, está vazia, não tem mais nada, nem flores. Me abaixo e enfio a pá na terra, empurrando a mesma para o lado e abrindo um dos saquinhos de semente e despejando um pouco dentro, tampando em seguida.
Faço isso várias vezes com as diferentes sementes, até cobrir todo o jardim com montinhos de terra.
— Só falta regar. — Digo a mim mesma, me levantando e pegando o regador jogado no chão ao lado do jardim, vazio.
Entro na cabana e vou até a pia da cozinha. Abro a tampinha do regador e o coloco dentro da pia, ligando a torneira. Não demora muito para encher.
Pego o regador cheio e vou lá para fora, regando cada montinho com delicadeza. Ouço um farfalhar de folhas na minha esquerda, no meio de alguns arbustos.
— Fenrir? — Às vezes ele gosta de brincar de assustar, já vi ele fazer isso mais de uma vez, é divertido, até certo ponto.
Mesmo que eu o chame, nada acontece, não pode ser ele. Pode ser uma lebre, tem muitas nessa região, eles procriam para caralho, chega a ser impressionante.
Endireito o meu corpo, ficando de pé. Inclino a cabeça, tentando entender o que pode ter ali. Se fosse Fenrir, ele já teria pulado para fora no primeiro momento que chamei o seu nome, porém isso não aconteceu, logo, não é ele.
Caminho em direção aos arbustos, se fosse em um filme de terror, eu estaria indo para uma morte eminente. Será que se eu fizer isso, é inteligente? Com certeza não, mas a minha curiosidade é maior do que o medo de morrer.
O farfalhar continua até eu estar frente a frente com os arbustos, no qual, em uma ação rápida, um pássaro sai voando, passando perto do meu rosto, me assustando e fazendo-me cair no chão frio de bunda.
— Que filho da mãe... — Reclamo, sem realmente querer ofendê-lo.
Do outro lado, escuto passos rápidos. Esses passos eu conheço. Fenrir aparece mais feliz do que nunca, o focinho está sujo de sangue.
— Acho que alguém já comeu. — Confirmo sorrindo. Ele gira, correndo atrás do próprio rabo, mostrando o seu sucesso na missão: comer. — Agora eu vou caçar, cuida das coisas aqui por mim? — Digo a ele, me afastando dos arbustos.
Fenrir parece acenar com a cabeça em concordância. Volto para o pequeno jardim e pego o regador, colocando-o mais encostado na parede.
Pego a pequena pá de jardinagem do chão e, junto de todos os saquinhos de semente, levo para dentro da cabana, guardando cada um em seu respectivo lugar.
Na parede, um pouco mais ao lado dos meus troféus, tem um arco com flechas pendurado. Vou em direção ao objeto e o pego, indo para fora da cabana em seguida.
Fenrir está sentado ao lado das escadas, olhando para os lados, como se estivesse cuidando da cabana, sentindo o cheiro de cada pequena coisinha que passa por perto da sua casa.
Do nosso Heimili.
Deixo a porta da cabana encostada, sem trancá-la, caso Fenrir queira entrar, mas, digamos que, fechada o suficiente para entrar rajadas de vento fortes e que congele tudo lá dentro.
— Eu já volto, Fenrir. — Digo a ele acariciando a sua cabeça. Ele me olha, balança levemente o seu rabo e continua atento aos arredores.
Do lado direito da cabana, eu pego uma fita colorida, eu uso ela para marcar as árvores para voltar sem me perder, mesmo que eu não vá muito longe da cabana, é sempre bom.
Ando para frente com o arco em mão direita, coloquei as flechas nas costas e a fita colorida no bolso.
Caminho por alguns minutos, marcando as árvores necessárias. Cheguei a colocar uma armadilha a um tempo atrás, uma para coelhos, só para prevenir, caso não consiga nada com o arco, tenho pelo menos essa chance.
Ando pelos vidoeiros, as típicas árvores mais comuns da Noruega, até ouvir um barulho à minha esquerda. Passos leves, sem preocupação.
Fico em silêncio, paro de andar, apenas para ouvir novamente. Quando se caminha demais em um local vasto, a nossa mente é capaz de viajar, pelo menos a minha, então, não me surpreende se for apenas uma pegadinha mental.
Olho para esquerda, me abaixando entre alguns arbustos ao redor dos vidoeiros. Respiro fundo e solto a respiração calmamente olhando para os lados.
Um coelho, dos grandes, muito bem alimentado, eu diria. Esse vai ser o suficiente, se eu maneirar, para o almoço de hoje, a janta de hoje e o almoço de amanhã. Sou apenas eu comendo mesmo.
Levanto o meu braço com calma e coloco para trás, tocando em uma das flechas, pegando-a em seguida. Encaixo a flecha no arco e puxo a cordinha para trás. Respiro fundo e tranco a respiração. Fecho um dos olhos, mirando em direção ao coração do pequeno animal.
Forço a flecha um pouco mais para trás, sentindo a vida do coelho tremeluzir sob as minhas mãos. É agora ou nunca.
Solto a flecha e em um piscar de olhos, ela acerta em cheio o animal. Só escuto um pequeno grito, baixinho e rápido, que logo é encerrado, já que a flecha atingiu onde eu queria. O coração.
Levanto do local onde eu estava e vou em direção ao coelho. Ele não se mexe, nada, está mortinho, foi de vasco, literalmente.
— Sinto muito por isso. — Digo ao me abaixar em sua direção.
Coloco o arco em meu corpo e retiro com cuidado a flecha do coelho, limpando a ponta de pedra lascada em minha calça e colocando na bolsinha em minhas costas.
Sem nada nas mãos, pego o coelho em meus braços. O peso do seu “pequeno” corpo me assusta. Tudo bem que ele é grande, mas não imaginei que fosse tão pesado.
— Agora você virou comida, sinto muito, mais uma vez. — Digo carregando o mesmo.
Volto para a cabana acompanhado as fitas grudadas nas árvores, sem perder nenhuma de vista. Chego na cabana por volta das 11H30, o sol está quase iluminando o centro. Fenrir se encontra deitado em frente a escada com as orelhas em pé.
Ao me ver, ele se levanta, balançando o rabo rapidamente. Provavelmente já sabia que eu estava perto, só pelo olfato dele.
— Voltei, sentiu a minha falta? — Falo me dirigindo até ele com o coelho nos braços. — Quem sabe eu não divida um pouco com você. — Fenrir parece se animar, mas ele já comeu e eu não.
Deixo o coelho em cima de um toco de árvore, daqueles grandes, e vou para dentro da cabana pegar uma faca afiada para esfolar o animal para comê-lo mais tarde. Aproveito e vou até o baú ao lado da porta, pegando uma corda e um espaçador.
Voltando ao toco, olhando ele e por já ter o segurado nos braços, ele deve ter entre 5 a 7 quilos, o ideal para ser caçado. Não interferi em nada no instinto de reprodução dele, pelo menos.
Jogo a faca na terra, no qual ela cai de ponta, ficando em pé. Com a corda no braço, eu pego o coelho e o levo próximo a uma árvore com um galho um pouco acima da minha cabeça.
Amarro as patas traseiras do coelho e o suspendo no galho de cabeça para baixo com o espaçador. Vou até a faca perto do toco e a pego, voltando para o coelho. Em frente a ele, eu corto a sua faringe, deixando que o sangue escorra.
Fenrir senta-se perto do local na qual o coelho está suspenso, apenas olhando, praticamente babando.
— Você já comeu, guloso! — Comento apontando para ele. Fenrir late em resposta.
Vou até a cabana e ligo um rádio na tomada. Tive que aprender sobre eletricidade para conseguir isso, tenho que admitir que foi divertido. Uma música típica norueguesa ressoa pelo local.
Saio da cabana e deixo a porta aberta, o volume do rádio está alto o suficiente para eu ouvir, mesmo estando longe.
Espero por mais dez minutos até voltar a carcaça suspensa no galho de árvore, agora já com o sangue todo drenado. Retiro o animal e removo a bexiga.
Penduro-o novamente no espaçador pelas patas traseiras e começo a remover a pele dos membros posteriores.
Primeiro, corto a pele ao redor das juntas do jarrete, na base das patas. Em seguida, continuo a cortar a pele de um pé ao outro, ao longo da parte interna das coxas, cruzando o ânus.
Por fim, puxo a pele com os pelos do corpo sobre a cabeça da mesma forma que um suéter é retirado. Corto a gordura interferente e os tendões com a faca. Assim, a pele é removida.
Depois de esfolar, preciso eviscerar a carcaça. Faço uma incisão no peritônio ao longo da linha branca até o esterno. Removo todos os órgãos internos da cavidade abdominal, mas de forma sem danificar a bílis. Coloco-os no chão e corto a cabeça e as pernas. Após eviscerar, retiro o animal do espaçador.
Levo a carcaça toda até o toco e entro na cabana para pegar um balde com água. Em seguida, lavo o coelho, cortando-o em porções.
O filé do coelho é cortado da barriga e do dorso, todas as pernas são separadas, e separo a coluna vertebral em várias partes. Depois dos cortes, lavo a carne mais uma vez com o balde d’água.
— Quase pronto. — Falo mais para mim mesma.
Pelo local onde o sol ilumina, deve ser quase 13H. Pessoas “normais” já teriam almoçado, mas, cada um com seus problemas.
Deixo a carcaça no toco e volto até o galho, pegando os órgãos que deixei ali para lavá-los também, já que irão fazer parte do meu almoço.
Volto para a cabana com tudo e deixo em cima do balcão da cozinha. Fenrir adentra a casa e eu fecho a porta. Olho para a minha cozinha e vejo o que tenho.
— Até que sobrou algumas coisas desde a última vez que vim aqui. — Penso em voz alta.
Algumas verduras não estão estragadas, não é como se eu tivesse ficado um ano fora, foi apenas, quase, dois meses sem vir para cá.
Em uma pequena estante de frutas e verduras, eu pego dois tomates, duas cebolas brancas e uma pimenta do reino, colocando-as no balcão em seguida. Na estante de temperos, em um pote de vidro, pego as folhas de louro, e ao lado, um pote cheio de sal. No armário acima da minha cabeça, ainda na cozinha, pego caldo de galinha enlatado. Coloco tudo no balcão.
— O que mais está faltando? — Comento olhando para todos os ingredientes em cima do balcão da cozinha. — Vinho!
Saio da cozinha e vou até o meu quarto. No tapete em frente a cama e ao armário, localizando-se no meio do cômodo, tenho uma adega de vinhos. Alguns deles custam o olho da cara, mas ainda assim os tenho.
Levanto o tapete e a porta do alçapão aparece abaixo de mim. Uma escada empoeirada faz o caminho para baixo, onde se encontra tudo escuro.
Desço um degrau por vez. Não é uma adega gigante, nem grande, mas é uma adega de respeito por ter vinhos bons.
Puxo a cordinha da lâmpada um pouco a frente e uma luz meio falha se acende. Ela pisca algumas vezes até estabilizar. Olho ao meu redor e pego um Merlot, logo de cara.
Subo as escadas e fecho o alçapão, colocando o tapete no lugar. Saio do quarto e vou até o balcão na cozinha, colocando o vinho ao lado de todos os outros ingredientes.
Coloco o coelho em cima de uma tábua de cortar carne, que peguei ao meu lado pendurado na parede do balcão. Pego uma pitada de sal e jogo em cima do coelho, espalhando e adicionando mais se for preciso.
Com a pimenta, pego outra tábua atrás de mim, pendurada na parede da cozinha, abaixo dos armários, junto de uma faca que estava na gaveta ao meu lado direito.
Coloco a tábua no balcão e corto a pimenta em várias partes, bem pequenas. Em seguida, espalho-a pelo coelho, assim, terminando de temperar.
Vou até o fogão e o ligo em temperatura alta. Pego uma frigideira no armário abaixo da pia, junto do azeite. Despejo um pouco de azeite na frigideira e espero um pouco até colocar as duas coxas do coelho nela.
Enquanto as coxas ficam na frigideira até dourar, eu corto as cebolas, deixando-as em pequenos pedaços. Corto os dois tomates da mesma forma e esfarelo duas folhas de louro.
Olho para as duas coxas do coelho, está dourada. Retiro elas da frigideira e deixo de repouso. Com o mesmo utensílio, eu coloco as cebolas e os tomates picados, junto das folhas de louro, mexendo por um tempo até dourar, cozinhando em fogo médio durante cinco minutos.
Passado esse tempo, eu acrescento as coxas do coelho e o vinho tinto, cozinhando por mais três minutos, para o álcool evaporar.
Adiciono o caldo de galinha enlatado, mexo um pouco e, em fogo baixo, deixo tampado para cozinhar durante quarenta e cinco minutos. Programo o temporizador na bancada para tocar quando acabar esse tempo.
Guardo o restante do coelho, no qual não usei, na geladeira. Pego as tábuas do balcão e coloco dentro da pia com as duas facas que usei.
Pego os ingredientes do balcão e guardo em seus respectivos lugares. Em seguida, uso a esponja e sabão para lavar as duas tábuas e facas. Secando e guardando.
Abro outro armário acima da minha cabeça e retiro um prato e um par de talheres, faca e garfo, para comer o meu almoço. Levo-os até a pequena mesa de jantar, que é uma mesinha no meio da sala, em frente ao sofá.
O temporizador apita, eu o desligo e vou até a frigideira, abrindo a tampa e conferindo o meu almoço e janta. Está dourado e o cheiro... ah, o cheiro me deixa com água na boca.
Desligo o fogo e retiro a frigideira do fogão, indo até o meu prato e tirando apenas uma das duas coxas e colocando no meu prato e esparramando um pouco do molho. Levo a outra coxa com o resto do molho até o fogão e o tampo.
Sento no sofá, Fenrir deita-se aos meus pés, se aconchegando, parece querer apenas sentir o calor do meu corpo, como eu gosto de sentir o dele para me sentir confortável.
Corto o primeiro pedaço e aprecio o gosto. Eu sou uma ótima cozinheira, isso ninguém pode negar, puta que me pariu.
***
São 15H quando termino de comer e limpar tudo. Desligo o rádio, que até então estava ligado. Fenrir subiu no sofá e agora está dormindo. Admito que, de certa forma, não tem muito o que fazer aqui, mas quando eu pegar o ritmo, eu vou me acostumar.
Viver entre a vida agitada de cidade grande e em uma cabana isolada no meio de um condado na Noruega em uma floresta densa, são dois picos bem diferentes.
Deixo Fenrir dormindo no sofá e coloco um casaco que havia deixado pendurado na cabeça de veado ao lado esquerdo da porta. Saio da cabana e vou no toco de árvore, um pouco a mais do lado do toco no qual deixei o coelho anteriormente.
Em cima do toco tem um machado enfincado. Preciso cortar lenha para acender a lareira e esquentar a casa durante a noite. A noite na Noruega é o mais complicado, esfria bastante.
Pego alguns pedaços de uma árvore que cortei na última vez em que estive aqui. Sempre que consigo, planto uma semente da mesma árvore, só para equilibrar.
Retiro o machado enfincado e pego o primeiro pedaço de madeira e equilibro-o em cima do toco. Tiro o meu casaco e deixo-o no chão, arregaçando as minhas mangas.
Respiro fundo e levanto meus dois braços para trás segurando o machado com força, solto todo o ar que segurei ao mesmo tempo que abaixo os meus braços com força, batendo na tora de madeira que estava em cima do toco. Quebrou na hora.
Faço isso mais algumas vezes, até ter todas as toras de madeira que eu peguei estarem pequenas o suficiente para pôr na minha lareira.
Pego algumas por vez para levar lá para dentro no suporte de lenha. Faço mais algumas vezes até terminar com tudo lá fora.
Fenrir se levanta do sofá, se espreguiçando no chão enquanto boceja, mostrando que a sua soneca foi de bom grado.
— Gostou de me abandonar? — Pergunto brincando com ele. Fenrir senta no chão balançando o rabo, travesso. — É claro que sim, seu bobo. — Sorrio, me sentando no sofá.
Fenrir coloca a cabeça na minha perna, descansando ali. Forço o meu braço esquerdo um pouco para cima, alcançando um livro empoeirado da prateleira acima da minha cabeça.
Olho para a capa que diz “Comer, Rezar, Amar”. Eu já vi o filme desse livro, me lembro de ser a Julia Roberts quem o protagonizou. Gosto tanto do livro quanto da adaptação.
— Sabe de uma coisa, Fenrir. — Digo olhando para ele, que me olha curioso. — Acho que deveríamos, pelo menos um dia, comer na Itália, rezar na Índia e amar na Indonésia. — Ele late em resposta, parece concordar com a minha ideia.
Abro o livro e começo a ler as primeiras páginas em voz alta. Fazia um tempo que eu não fazia isso com Fenrir, de algum modo, ele parece gostar de me ouvir ler. Parei de fazer isso de uns anos para cá, principalmente quando comecei a focar mais em Rafael. Minha vida se tornou ele e a minha carreira como cantora.
Acordava, tomava café com Rafael, ia para o piano ou violão e escrevia algo. Almoçava com o Rafael. Ia para o estúdio, voltava só para o jantar e olhe lá. Jantava com o Rafael, dormia ao lado dele e transávamos uma hora ou outra, porque chegávamos cansados em casa depois de um dia longo. E então o dia se iniciava novamente.
Não tive mais tempo para mim mesma. Alê também focou na carreira de piloto e eu quase não o via. Gabriela era a única que se dispôs a aparecer na minha casa várias vezes para me dar um oi. Era como se ela soubesse que eu não focava mais em mim a um tempo.
Fenrir fechou os olhos mais uma vez, ainda com a cabeça em minha perna, ele respira fundo, sentindo-se relaxado. Era isso o que me faltava. Me faltava viver.
Talvez, depois de passar um tempo aqui, eu faça isso. Viver. De novo. Só que dessa vez do jeito certo. Com ou sem o Rafael.
***
Abro os olhos rapidamente, não entendendo onde eu estou. Está tudo escuro. E frio para caralho. Apenas a luz da lua ilumina parte da sala. Fenrir está com quase todo o seu corpo encima das minhas duas pernas.
A lareira está apagada, nem cheguei a acendê-la. Comecei a ler Comer, Rezar, Amar e esqueci de fazer isso. O livro agora se encontra no chão aberto.
Com cuidado eu afasto Fenrir e me levanto do sofá, pegando o livro do chão e o colocando em seu devido lugar. Caminho até o interruptor e acendo a luz, olhando a situação.
A outra parte do coelho ainda está na frigideira, deixei para comer agora de janta, mas não estou com fome e sim sono.
Pego um pote de dentro do armário da cozinha e coloco o que restou do almoço dentro, depositando na geladeira em seguida, para não estragar.
A frigideira e a tampa são postas dentro da pia e eu lavo as duas, secando e guardando.
Com a caixinha de fósforos em mãos, eu vou até a lareira e coloco a lenha lá dentro. Coloco um pouco de álcool puro que tenho ao lado do porta-lenha e acendo o fósforo, jogando no local que tem mais do líquido inflamável, acendendo tudo rapidamente em seguida.
Com o atiçador, eu mexo na lenha em chamas, para espalhar mais o fogo. Funciona e já posso sentir o calor irradiando o lugar.
Saio de perto da lareira, coloco os fósforos na bancada de pedra da cozinha e vou direto para o quarto, deixando a porta aberta, caso Fenrir queira entrar. Ligo a luz.
— Merda! — Resmungo comigo mesma. — Preciso tomar banho... — Abro o armário do quarto e pego uma toalha seca dobrada, na minha mala, no qual não desfiz, um pijama limpo e deixo encima da cama, em uma sacolinha do lado, pego a minha escova e pasta de dentes.
Saio do quarto com a toalha, a escova e a pasta de dentes, virando para a minha esquerda, em direção ao banheiro.
Ligo a luz do banheiro e coloco a escova e a pasta de dentes dentro de um copinho encima da pia. A toalha é posta em cima do vaso. Fecho a porta do banheiro e ligo o chuveiro, deixando o registro pertinho de fechar para deixar a água quente.
Retiro as minhas roupas rapidamente, já sentindo o frio me afligir. Entro no pequeno box do banheiro, me assustando com a água quente atingindo o meu corpo, porém relaxo em seguida.
Pego o sabonete que está na saboneteira ao meu lado e começo a me banhar. Limpo cada extremidade do meu corpo com delicadeza. É como se eu tirasse a tensão de tudo.
Algo quente escorre pelo meu rosto. Eu sei do que se trata, mas vou fingir que é a água do chuveiro. É apenas a água do chuveiro. Só ela. Simples assim. Eu não tenho o porquê chorar em uma situação dessas, tenho?
Desligo o registro e saio do box, molhando um pouco o chão, seco o meu corpo e me enrolo na toalha. Em frente ao espelho encima da pia, eu encaro o meu reflexo. Meu límpido e agressivo reflexo.
As olheiras, os ombros caídos, os olhos cansados. A minha alma pesa. Tento sorrir, para parecer menos medíocre, mas não adianta. Eu transparecia essa imagem para todos próximos a mim? Era tão fácil perceber que eu estava mal e eu nem notava. Como eu, a pessoa que preside nesse corpo, não conseguiu notar?
Abro a pasta de dentes e aperto-a, colocando o conteúdo de dentro na minha escova. Respiro fundo e começo a escovar os meus dentes, sem olhar para o espelho.
Rafael, apesar de não ter muito talento para música, quando ele me via deprimida ou se eu parecesse meio deprimida, ele cantava para mim.
“Apocalypse” de Cigarettes After Sex. Essa era a música que ele cantava para mim. Eu sentia tudo, que era amada. Quando isso mudou? Quando, exatamente, as brigas começaram? Por que ele parou de cantar para mim?
Cuspo a espuma na pia, ligando a torneira e lavando a escova. Abaixo a cabeça para colocar a boca no bico, enchendo as minhas bochechas de água, onde bochecho e cuspo fora.
Levanto a cabeça, evitando olhar para o espelho. Coloco a pasta de dentes e a escova no copo. Enrolada na toalha, desligo a luz do banheiro e vou direto para o quarto, colocando o meu pijama emplumado em seguida.
— Agora sim. — Me jogo na cama, me tampando com a colcha quente. — Porra! — Resmungo outra vez, lembrando da luz da cozinha ligada.
Levanto da cama, vou em direção ao interruptor e apago a luz. Volto para o quarto e me jogo na cama. Com uma única mão, desligo a luz pelo outro interruptor acima da minha cabeça.
Fecho os meus olhos e aprecio o silêncio da noite. Sou embalada pelo som do fogo crepitando na sala. O meu lado da cama pesa de repente. Fenrir se deita ao meu lado, colocando a sua cabeça próxima da minha. Ele é praticamente do tamanho da cama.
***
— Clame meu nome... — Sussurra no lóbulo da minha orelha, me causando arrepios por todo o meu corpo. — Clame por mim quando eu finalmente beijar você... — Suas mãos extremamente quentes apertam a minha cintura, me deixando enervada. — Eu não quero que você fique, eu preciso... então, porque não pode esperar? — Em um rápido movimento, ele me vira.
Seus olhos prateados me lembram Fenrir, mas o modo como me olha, me recordo de James Dean. É a minha versão perfeita de James Dean.
Os fios do seu cabelo me lembram as noites mais escuras e são tão desgrenhados quanto a sua vida. Eu sou alta, mas ele? Ele consegue me ultrapassar.
Tudo nele me cativa. Como eu demorei tanto tempo para acha-lo? Espera... Como eu cheguei aqui?
— Vamos por ladeira abaixo, querida...
***
Praticamente caio da cama com a primeira nota retumbando na minha cabeça.
— MÚSICA! — Grito, levantando da cama com rapidez, assustando Fenrir. — Quais são as notas? — Notas, notas, notas.
Ligo a luz da sala e sento-me no banquinho em frente ao piano, quase caindo, novamente. Passo os meus dedos pelas teclas e a música flui por toda a cabana.
E – F#m – C#m – B
Levanto do banquinho e pego uma caneta e uma folha de papel, sentando no mesmo lugar e anotando a introdução da música.
Começo a tocar tudo o que surge na minha cabeça, todas as notas, elas fluem como a água de uma cachoeira. Não é difícil pensar em uma letra, mas estou focando só nas notas.
— Foi mais fácil do que eu imaginei fazer as notas. — Anoto na folha tudo o que consigo lembrar que acabei de tocar e tento de novo, só que com uma letra. — Deve ser fácil, já fiz isso antes... — Coloco as mãos no piano novamente.
E – F#m – C#m – B
— Você jurou o mundo e eu engoli a isca... — Balanço a cabeça levemente, em descrença, mesmo que seja verdade. — Te pus no topo e você se achou o rei... — Sem pausa, canto novamente a próxima frase que surge em minha mente. — Incendiou minha selva... — Suspiro. — E você deixou queimar... — Solto simples. — Desafinou no meu refrão... — Tremo um pouco a voz. — Porque não era seu... — Sorrio ao me lembrar dele tentando “cantar” uma das minhas músicas. — Vi os indícios e ignorei... — Foram mais de um, tenho que admitir. — Óculos cor de rosa, todos distorcidos, — sem pausa, novamente, continuo, — Atiçou a chama no meu propósito... — Faço um breve silêncio. — E eu deixei queimar... — Toco a nota seguinte. — Se embriagou na mágoa... — Babaca. — Quando não eram as suas... — Faço uma pausa. — ...Sim...
Eu cantando de novo. Por mais que a música seja triste, ainda sim, é algo a se comemorar. Não escrevo algo concreto a meses, se forçar, um ano que não consigo nada.
Faz um ano desde que decidi morar naquele apartamento com Rafael. Ele realmente me afetou tanto assim?
— Sempre entramos nisso às cegas. — Começo a cantar com mais afinco. — Precisei te perder para me encontrar. — Não sinto totalmente que ainda o perdi, mas é o que tem acontecido aos poucos, e esse dia sozinha, agora, me mostrou mais isso. — Essa dança estava me matando devagar. — Essa dança de brigar sempre por algo imbecil e me machucar por algo que não é culpa minha. — Precisei te desprezar para me amar, sim. — Sim, eu desprezo você.
Teclando com mais força, soltando todos os meus sentimentos, principalmente raiva, por assim dizer, começo a cantar, o que acho que pode ser o refrão.
— Para amar, amar, sim. — Sinto como se mil vozes cantassem comigo. — Para amar, amar, sim. — As minhas forças se esvaem aqui. — Para amar, sim... Precisei te perder para me amar, sim.
Depois de assumir isso em voz alta, paro de tocar o piano e encaro as teclas. Eu fiz uma música. Sim, eu fiz uma música.
Eu...
— Fenrir! — Grito, animada, olhando para o meu lobo, ele, nem tanto, parece cansado. — Eu compus uma música, PORRA! — Comemoro, mesmo que, possivelmente, já seja de madrugada. Para mim, isso é uma vitória em muito tempo.
Fenrir, na porta do meu quarto, apenas escora a cabeça no batente e me encara, esperando que eu volte para lá com ele e terminar a noite dormindo, ao invés de pulando pela cabana.
— Certo, já vou aí. — Antes de levantar do banquinho, anoto as partes que cantei. Ainda falta adicionar um pouco mais na letra original, mas isso pode ser trabalhado depois.
Levanto do banquinho e apago a luz da sala. Caminho em direção ao quarto, com a cabana quase toda escura. O fogo está se apagando, porém, o local continua quentinho. Aproveito para, praticamente, me jogar encima da cama. Fenrir faz o mesmo, a diferença é que ele se joga encima de mim, me sufocando, mas é confortável de qualquer maneira, porque é ele quem está me sufocando de amor.
***
Uma semana nessa paz. Tudo bem que no primeiro dia arrumei de tudo para não ficar entediada, mas depois que consegui começar aquela música de madrugada, trabalhei nela a semana inteira.
Eu terminei ela, finalmente, hoje. Já passa das nove e já comi. Amanhã vou ter que caçar de novo. Foram dois coelhos até agora. O primeiro acabou no terceiro dia, peguei o segundo na armadilha que havia colocado. Acabou hoje o resto da refeição.
Com o meu celular completamente carregado, ligo o bluetooth e conecto na pequena caixinha de som ao meu lado. Estou afim de tocar a minha playlist do Spotify. Não preciso de internet, já que tenho as músicas baixadas.
Olho pela janela da sala, sentada no sofá, a chuva caindo fortemente. São raros os dias, mas quando acontece, parece que o mundo vai cair. No máximo, a energia cai, mas é só religar na caixa de fusíveis lá fora. Sim, mais uma vez, filme de terror, mas é o que eu tenho.
Abro o Spotify e começo a tocar a minha playlist de favoritos no aleatório, começando por “Summertime / Sometimes I Feel Like a Motherless Child” de Mahalia Jackson. O som suave de um piano começa a tocar e eu aproveito para ler de novo.
A chuva torrencial escureceu tudo, as estrelas e a lua se esconderam atrás das nuvens. Não julgo, faria o mesmo se visse uma chuva dessas, apesar de eu gostar de chuva.
A luz de um trovão gigante ilumina tudo, o som vem logo depois, escurecendo toda a minha cabana. A chave caiu.
— Maravilha, Thor! — Reclamo, brincando. Não é como se eu acreditasse realmente em algum deles. — Poderia alguma vez, pelo menos, enfiar esses trovões na sua bunda, não acha?! — Falo um pouco alto, já levantando do sofá. — Se eu morrer na volta ao religar os fusíveis, eu vou meter o louco e fazer Thor ser real e esculhambar esse merdinha! — Fenrir late com ânimo.
Tateando no escuro, abro o baú ao lado da porta de saída e acho a minha lanterna.
Ligo a lanterna e abro a porta da cabana, iluminando, mesmo que pouco, o meu caminho até a caixa de fusíveis. Não vou usar meu celular nisso, bem capaz de eu molhar e estragar, gosto das minhas coisas funcionando.
Desço as escadas da cabana embaixo da chuva. Não demora quase nada para a roupa grudar no meu corpo. A água gelada da chuva me traz um arrepio, de certa forma, confortável. Como eu disse, eu gosto de chuva, não importa o quão forte for.
Viro para a minha esquerda, iluminando o chão para eu não tropeçar em nada. Viro para a esquerda novamente e ando até o final da casa, perto da janela grande da sala, na caixa de fusíveis.
Levanto a lanterna do chão e ilumino a caixa de fusíveis, abrindo-a em seguida. Desligo o disjuntor. Outro estrondo de um trovão mais forte ainda risca o céu com o seu som em seguida. Esse foi de tremer a base, literalmente.
Religo o disjuntor, acendendo todas as luzes da cabana novamente.
— Já dizia em Gênesis: “fiat lux!”, ou melhor dizendo, “que haja luz!”. — Comemoro.
Fecho a caixa de fusíveis e miro a lanterna para o chão novamente, me guiando pelo pequeno feixe de luz. Ao virar para a direita, meu grito é abafado por outro trovão que rasga o céu com o seu som estrondoso logo em seguida.
— Que porra é essa?! — Digo, desesperada.
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