Tumgik
#obs. Apesar de Kerim falar turco com os parentes. por se tratar de um contexto irreal. ele não consegue expressar-se no idioma
kerimboz · 2 months
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         ⠀⠀⠀⠀  — 𝘛𝘰 𝒍𝒊𝒗𝒆 𝒇𝒐𝒓 𝘵𝘩𝘦 𝒉𝒐𝒑𝒆 𝑜𝑓 𝑖𝑡 𝑎𝑙𝑙.
𝑃𝑙𝑜𝑡 𝑑𝑟𝑜𝑝: 𝑡𝑎𝑠𝑘 003 (𝑡𝑟𝑎𝑖𝑑𝑜𝑟 𝑑𝑎 𝑚𝑎𝑔𝑖𝑎) _ 𝑡ℎ𝑖𝑠 𝑖𝑠 𝑎 𝒑𝒐𝒊𝒏𝒕 𝒐𝒇 𝒗𝒊𝒆𝒘! @silencehq
O remexer do corpo do semideus era incomodo até para o mesmo. Virando-se de um lado para o outro no colchão, incapaz até mesmo de manter as cobertas no lugar. Já tinha desforrado e forrado a cama mais vezes do que conseguia contar. Suspirou, sentando-se sobre o colchão, mirando o outro lado do quarto e a cama vazia de Kit. Esperava que ele estivesse bem, e sendo confortado onde estivesse. Foi tudo o que conseguiu pensar antes do soar do alarme que acelerou seu coração. De novo não! Num sobressalto, Kerim colocou-se de pé, dispensando a busca pelas vestes, não havia tempo para isso e não era tão importante assim, já que o poder gerava sua armadura. A porta do chalé já estava aberta, sinalizando que os irmãos já tinha atendido ao chamado de alguma forma. Melhor assim, pensou enquanto atravessava a porta. O corpo reluzia ao lugar, a fisionomia em aço orgânico, era coberta apenas pela calça moletom que usava para dormir.
Kerim não teve tempo de se afastar o suficiente do chalé, chegando no máximo até o coreto de Afrodite, antes que caísse de joelhos no chão úmido.
Atenção: o texto protegido por read more contém relatos de incêndio, destruição e a perda de entes queridos (incluindo crianças). Evite continuar em caso de desconforto. Boa leitura.
O cenário mudou abruptamente diante de seus olhos. O corpo não era mais a armadura que tinha ao sair do chalé, e nem mesmo poderia pensar que estava no acampamento meio-sangue. Diante dele, tinha o vislumbre de algo que sempre sonhou, a praia onde ele cresceu na Turquia, seus tios montando a grande mesa do almoço, seus primos de primeiro e segundo grau. Kerim fechou seus olhos, pensando que aquilo poderia ser um sonho, mas ao abri-los outra vez, o cenário continuava lá. Ele avançou, caminhando com os pés na areia, quando foi notado pela criança. "Baba!", gritou, correndo em sua direção. Os cabelos claros ao vento e o sorriso sapeca, ao se lançar nos braços de Kerim. "Minha vida.", ele a respondeu, apertando em seus braços antes de cobrir-lhe o rosto de beijos. "Hayır baba! Sua barba espeta.", respondeu-lhe a criança com o ar risonho, arrastando os dedos entre os fios da barba do pai.
Em seus braços, Kerim tinha tudo o que poderia desejar. Nem mesmo se recordava da existência dos deuses, dos monstros, ou qualquer outra coisa referente a esses. Sua vida parecia comum e mortal, como sempre desejou. Ele seguiu, com a criança serelepe em seu colo, enquanto era recebido pela tia. "Oğlum. Você demorou, onde estava? Esta aqui não deixava de perguntar por você.", comentou a mulher, cutucando a criança com os indicadores, fazendo-lhe cocegas. E todos riram ao que ela se contorcia nos braços de Kerim, tentando desviar-se dos dedos rápidos daquela que conhecia como avó. "E-eu. Eu estava...", ele simplesmente não conseguia lembrar-se onde estava antes dali. Seu cenho franziu-se por alguns segundos, enquanto a filha pulava de seus braços para juntar-se aos primos que corriam e brincavam de pega pela praia. "Esqueça, filho. Venha, vamos comer.", replicou a mulher, puxando-o pela mão em direção a mesa. Os olhos de Kerim desviaram-se para o contato nesse instante, curioso e intrigado. Ele não sentia o toque em sua pele, apesar de reconhecer que os dedos estavam envolta de sua mão, e que algo o puxava para seguir. Era estranho, tudo ali estava muito estranho.
A sensação se arrastou ao longo do dia, enquanto eles comiam, conversavam e riam. Logo, o sol já tinha se posto e todos voltavam para a cabana a beira-mar. Lá dentro, o tio de Kerim acendeu a lareira e todos seguiram conversando, até que finalmente as crianças adormeceram, talvez por exaustão de um logo dia correndo na areia. Kerim pegou sua criança e a colocou no seu antigo quarto, tudo parecia tão igual ao que era na sua infância. Quantos anos não ia até lá? E onde exatamente ele estava para não ter voltado? "Baba, seni seviyorum.", a doce voz se fez presente, sonolenta, manhosa, virando-se para agarrar sua pelúcia. E Kerim sorriu, acariciando seu pequeno rosto antes de beijar-lhe a testa. "Também amo você, minha vida.", respondeu ao despedir-se, voltando a sala. Enquanto descia as escadas, pode sentir o odor inconfundível de enxofre. "Mas que merda é ess...", não tivera tempo de completar sua frase. As paredes pareciam arder em chamas que subiam até o teto. Seu olhar acompanhou as labaredas e só uma coisa lhe veio a mente: onde estavam todos? Provavelmente do lado de fora, ele torcia. Voltou correndo as escadas até o antigo quarto, o mesmo tinha deixado a filha instantes atrás. Ao abrir, deparou-se com o lugar vazio. "Baba!", o grito veio do outro lado da casa.
Kerim tossia pela fumaça que já invadia seus pulmões, o braço era usado para cobrir porcamente as narinas enquanto ele tentava fazer seu caminho até a criança. As vigas começaram a despencar, a casa estava cedendo, mas ele não poderia desistir, jamais se perdoaria por não conseguir salvá-la. No entanto, quanto mais avançava, mais distante os gritos pareciam ficar. Ela continuava a chamá-lo, e junto a sua voz, vieram a de todos os outros. Os tios chamando pelo filho, os primos pelo irmão, tio e assim por diante. Kerim não conseguia alcançar nenhum deles e seu corpo já demonstrava debilitado o bastante. Os joelhos cederam e ele despencou ajoelho, ambas as mãos no piso quente, quando passos calmos saíram do fogo em sua direção. "You can't have it both ways!". Aquela voz, ele conhecia aquela voz, mas de onde? Seu rosto se ergueu, avistando a figura de Hefesto diante de si. Existia fúria na expressão do deus, seus olhos pareciam duas fendas em chamas. Por mais complicada que fosse a relação dele com o parente divino, jamais encarou que se encontrariam naquele ponto. "Eles vão morrer de qualquer jeito, filho.". O indicador do deus apontou para o lado.
Ao virar o rosto, Kerim se deparou com todos os seus entes queridos enfileirados, corpos desfalecidos e chamuscados pelas chamas. Uma corda parecia apertar seu coração no momento em que avistou a criança, e o choro foi instantâneo. "Por favor, por favor, traga-os de volta. Por favor.", implorava, as mãos tentando alcançar os pés de Hefesto que se afastou do contato. "Essa vida não é sua, garoto. E você vai morrer se continuar desejando por ela.", foi o mesmo alerta que Kerim recebeu dele anos atrás, quando decidiu afastar-se do acampamento e do mundo dos deuses. "Você não nasceu para isso.", completou, distanciando-se cada vez mais dentro do fogo, enquanto observava a teimosia de Kerim em se reerguer e avançar na direção de sua família que ficava cada vez mais longe. O corpo não aguentava mais o calor, as chamas e a fumaça. Foi, instantes antes de finalmente ceder, que ele conseguiu agarrar o frágil corpo de sua filha já sem vida. Ele pereceu abraçado a ela, e todos foram tomados por chamas.
Ao despertar, o semideus não estava mais em seu estava mais em seu estado de aço, era carne e ossos. Suor se misturava com as lágrimas em seu rosto, enquanto ele apoiava-se no chão, fraco demais para levantar-se. A grama era apertada entre os dedos, fechando-se em punho, até que um último grito de agonia rompeu seus lábios, findando-se num soluço.
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