BASIC FORMS > BERND & HILLA BECHER
*CLÁSSICOS
Os alemães Bernd (Bernhard,1931-2017) e Hilla Becher (1934-2015) foram fotógrafos que juntos produziram uma extensa documentação tipológica de estruturas industriais na Alemanha e em outros países da Europa e nos Estados Unidos. Suas imagens têm um caráter que chamamos de "straight" ou seja sem firulas ou maneirismos, observando sempre um plano direto, em preto e branco, que serviram como estudos do que eles chamaram de "Escultura Anônima", um registro das relíquias arquitetônicas em extinção, como minas de carvão, siderúrgicas, caixas de água, silos de grãos e tanques de gás entre outras construções.
A importância da dupla pode ser avaliada pela Bienal de Veneza de 1990 que concedeu o Leão de Ouro da Escultura para eles. No pavilhão alemão daquele ano, foram expostas as séries de instalações arquitetônicas, cujo o mainstream da pesquisa da arquitetura não dava muita importância. Esculturas, no entanto, os Bechers nunca criaram. Eles simplesmente fotografaram as estruturas industriais abandonadas. Sem eles, realmente teriam continuado anônimas, no paradoxo do título de suas séries. Entre os inúmeros livros publicados, encontramos a reedição de seu Basic Forms ( Prestel London, 2020), originalmente publicado em 2014 pela Schirmer/Mosel Verlag Munich como Basic Forms- of Industrial Buildings, uma síntese de 40 anos de trabalho pelo mundo em busca da representação de tipologias e topografias peculiares.
Hilla e Bernd conheceram-se quando estudavam pintura na Kunstakademie Düsseldorf (Academia de Belas Artes de Dusseldorf) instalada na cidade dividida pelo rio Reno, com a Altstadt (Cidade Antiga) na margem oriental e as modernas áreas comerciais. Seguiram um romance que os levou a uma carreira colaborativa. Eles contam: “Tomamos consciência de que estes edifícios eram uma espécie de arquitetura nômade que tinha uma vida comparativamente curta – talvez 100 anos, muitas vezes menos, e depois desaparecem. Parecia importante mantê-los de alguma forma e a fotografia parecia a forma mais adequada.” Seus métodos e técnicas de trabalho influenciaram uma geração de fotógrafos hoje conhecida como Escola de Düsseldorf, que inclui nada menos que os consagrados alemães Andreas Gursky, Thomas Struth, Thomas Ruff e Candida Höfer. Suas obras estão incluídas nas coleções do Art Institute of Chicago, do Museum of Modern Art de Nova York, da National Gallery of Art de Washington, D.C. e da Tate Gallery de Londres, entre inúmeras importantes instituições do mundo.
O inventário fotográfico destas estruturas industriais é sem dúvida uma das realizações mais interessantes e significativas da produção fotográfica dos séculos XX e XXI. Apoiando-se na ideia da tipologia e uma visão comparativa, o casal entrou sistematicamente no assunto revelando constantes variações destes complexos que nunca eram chamados de "arquitetônicos" muito menos interessantes para a arte estabelecida à época do início desta produção ( anos 1960 aos 2000) construindo uma impressionante coleção de séries tipológicas, criando assim uma inestimável enciclopédia fotográfica sobre a cultura industrial de uma época final que combina a taxonomia científica com o empirismo estético. O levantamento mostrado em Basic Forms, segundo seus editores, ilustra ambos: as "formas básicas" da arquitetura industrial anônima e o conceito estético da fotografia de Bernd e Hilla Becher.
Basic Forms contém um texto instigante do belga Thierry de Duve, professor visitante de Arte Moderna e Teoria da Arte Contemporânea, nas universidades de Lille III e Sorbonne, ambas na França, além de crítico de arte e curador, como do Pavilhão belga Na Bienal de Veneza de 2003, e autor de livros importantes como "Pictorial Nominalism; On Marcel Duchamp's Passage from Painting to the Readymade (University of Minnesota Press, 1991),"Bernd and Hilla Becher" (Schirmer Art Books, 1999), entre dezenas de outros, publicados na Inglaterra, Alemanha e Estados Unidos.
As fotografias são feitas com uma câmera que utiliza negativos no formato grande 20X25cm, no início da manhã, em dias nublados, para eliminar sombras e distribuir a luz de maneira uniforme. O tema é centrado e enquadrado frontalmente, com suas linhas paralelas dispostas em um plano o mais próximo possível de uma elevação arquitetônica. Nenhum ser humano e nenhuma nuvem ou pássaro no céu interferem na rigidez. A imagem não transmite nenhum humor, nem o menor toque de fantasia que perturbe sua neutralidade ascética. Raramente a recusa do Fotografte ( o fotografado) subjetivo é feita e a Sachlichkeit (Objetividade) da lente da câmera foi perseguida de forma tão sistemática, reflete Thierry de Duve.
Considerando a possibilidade de uma fotografia ser totalmente desprovida de estilo, a dos Bechers poderia ser entendida deste modo. Um trabalho que segundo a crítica pertence à tradição arquivística da fotografia na qual o francês Eugène Atget (1857-1927) e o alemão August Sander (1876-1964) – fotógrafos que fizeram questão de não serem artistas e se destacaram, embora hoje sejam considerados como tais. "As fotos de Bernd e Hilla poderiam ser descritas como puros documentos se não houvesse algo que nos impedisse de colocá-las, sem mais delongas, na categoria da foto documental." diz Duve.
O crítico em seu texto explora o ideal da imagem conceitual e recorre a um provérbio chinês apócrifo: “Quando o homem sábio aponta para a lua, o tolo olha para o seu dedo”. No caso dos fotógrafos, o tolo olha para a fotografia e o sábio para o que esta mostra. "O tolo pergunta por que essas imagens são “arte”, enquanto o sábio vê nelas um testemunho indiscutível do mundo real. "No entanto, o mais sábio dos homens sábios é um tolo, porque para saber que o dedo está apontando para a lua, ele deve primeiro olhar para o dedo. É um dos paradoxos da fotografia que um elemento giratório balance incessantemente o espectador de uma representação para um uso estético da imagem e vice-versa.
Mesmo que os Bechers tenham profundo conhecimento da sua profissão é difícil chamá-los de fotógrafos. No mundo da arte onde os seus trabalhos circulam, onde é visto e vendido, as pessoas os descrevem como artistas, acrescentando ocasionalmente “que fazem uso da fotografia”. Para de Duve, "a obra do casal abriga uma emoção contida, melancolia sem nostalgia, dor histórica, guerras de classes travadas ou sustentadas, admiração pela arte multifacetada do engenheiro, lucidez, dignidade, respeito pelas coisas, humildade e auto-anulação que só tenho uma coisa a dizer sobre isso : esta é uma arte genuinamente grande, daquelas que não tem necessidade de ter o seu nome protegido ao ser colocada num museu, porque já pertence à nossa memória coletiva."
As fotografias, nas paredes de um museu ou galeria são “arte”. Inseridas nas páginas deste livro fazem fronteira com o documento etnográfico, mas em ambos os casos, são fotografias e não pinturas ou gravuras. Mostram aquilo que a luz gravou em sua superfície. O filósofo americano Charles Sanders Peirce (1839-1914) um dos pioneiros da Semiótica - classificou a fotografia como um sinal por conexão física que, como fumaça ou pegadas na neve, é ao mesmo tempo um índice do objeto ao qual se refere e um indicador apontando para ele. É a existência real dos seus referentes, porque como eles estão relacionados por um nexo causal que pode operar em contiguidade espaço-temporal ou em contiguidade quebrada e assemelham-se aos seus referentes. Aqueles que figuram na classificação de Peirce tanto como ícones quanto como índices. Esse é o caso da fotografia. Faça uma fotografia de uma torre de água, no sentido de representá-la e mostre-a, diz o crítico. Ela é a representação de como faria um desenho com uma ligeira diferença que é a causalidade fotoquímica.
O projeto de quase uma vida de Bernd e Hilla Becher ao documentar a paisagem industrial do nosso tempo assegura sua posição no cânone dos fotógrafos do pós-guerra. Ao reunirem ao mesmo tempo arte conceitual, estudo tipológico e documentação topológica, certamente nos aproxima da grande mostra New Topographics Photographs of a Man-Altered Landscape, no museu de fotografia da George Eastman House, em Rochester, Nova York, entre outubro de 1975 e fevereiro de 1976, com curadoria de William Jenkins, na qual os dois tiveram importante papel na ruptura da história da fotografia e as representações não tradicionais da paisagem. A visão romântica e transcendente deu lugar às indústrias austeras, a expansão suburbana e cenas cotidianas, elaboradas por fotógrafos como eles e seus companheiros da mostra original: os americanos Robert Adams, Lewis Baltz (1945-2014), Joe Deal (1947-2010) , Frank Gohlke, Nicholas Nixon, John Schott, Stephen Shore e Henry Wessel (1942-2018).
Sintetizadas a um estado essencialmente topográfico e transmitindo quantidades substanciais de informação visual, mas evitando quase inteiramente os aspectos de beleza tradicional, emoção e opinião são características que resumem estes trabalhos. Entretanto, ao olhar as formas capturadas pelos Bechers fica difícil não realizar a beleza (melancólica) e ímpar contida- principalmente pelo seu caráter tipológico nelas representadas- ao incorporaram igualmente uma precisão técnica excepcional, expressa nos negativos de grande formato e filmes lentos.
O livro Bernd & Hilla Becher, Life and Work (MIT Press, 2006) de Susanne Lange, historiadora da fotografia, uma bem documentada biografia, discute as dimensões funcionalistas e estéticas do tema do casal, em especial a tipologização na obra deles, que considera uma reminiscência dos esquemas classificatórios dos naturalistas do século XIX e o estilo de construção industrial anônimo preferido pelos arquitetos alemães. Ela argumenta que os tipos de edifícios industriais impõem-se à nossa consciência como a catedral o fez na Idade Média, e que as fotografias do casal - que à primeira vista parecem registar apenas uma paisagem em extinção - servem para examinar esta configuração das nossas percepções.
Em 1922, se pergunta Thierry de Duve, quando o arquiteto suíço Le Corbusier (Charles-Edouard Jeanneret-Gris,1887-1965) procurava o caminho para uma nova arquitetura, ou antes, em 1919 quando o arquiteto alemão Walter Gropius (1883-1969) fundou a Bauhaus, quais eram os seus referentes, que modelos citavam para uma arquitetura ainda por nascer? Ele responde: "O mais conhecido foi tirado da América industrial e celebrado tanto pelo primeiro quanto o segundo: o silo de grãos. Se você adicionar armazéns, fábricas, transatlânticos, pontes, torres de água, torres de resfriamento e gasômetros, logo temos uma tipologia de edifícios técnicos inteira, composta de "edifícios industriais", "construções" e “estruturas”. Como devemos chamar toda essa arquitetura anônima sem consciência de si mesmo?"
As imagens de Bernd e Hilla Becher estão entre essas obras, diz Duve. Não desconsidera uma modernidade que, na arquitetura como em outros campos onde a arte e a política se encontram, começou por celebrar um futuro melhor e termina ou esgota-se no desencanto do pós-modernismo, completa o pensador. Mas leva-nos de volta ao lugar onde começou a utopia da arquitetura moderna e onde, apesar de ter falhado em Sarcelles ou Brasília, acrescento, a Cidade do Amanhã ainda guarda a recordação da utopia.
Imagens © Bernd e Hilla Becher. Texto © Juan Esteves
Infos básicas:
Editora Prestel, Londres
Design: Schirmer/Mosel
Impressão EBS, Verona, Itália
Papel Gardamatt
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Albumpremier+lemezismertető: Nervosa - Perpetual Chaos
Albumpremier+lemezismertető: Nervosa - Perpetual Chaos - http://metalindex.hu/2021/01/22/albumpremierlemezismerteto-nervosa-perpetual-chaos/ -
Igencsak megdöbbentette a brazil csapat rajongóit, amikor tavaly áprilisban az énekes/basszusgitáros Fernanda Lira és a dobos Luana Dametto elhagyták a zenekart. Elmondásuk szerint a banda már nem úgy működött, ahogy az elején, ezért döntöttek a távozás mellett. Prika Amaral gitáros így magára maradt, ám nem sokáig lógatta az orrát: fogott három ismert metálcsajt, négyfősre bővítve a csapatot. A dobok mögé a görög Eleni Nota-t ültette, akit eredetileg a Mask Of Prosperóból és a Croque Madame-ból ismerhettünk, basszusgitárosként Mia Wallace érkezett (Abbath, Triumph Of Death), Diva Satanica (alias Rocío Vázquez) pedig, aki a spanyol Bloodhuntert erősítette, beállt a mikrofon mögé.
Balról: Prika Amaral, Diva Satanica, Mia Wallace és Eleni Nota
Miközben Fernandáék új együttese, a Crypta is stúdiózik, addig a nemzetközivé bővült Nervosa ma küldte a lemezboltok polcaira új albumát, a Perpetual Chaost. A korongot Málagában, Spanyolországban vették fel, Martin Furia producerrel, aki a banda előző albumainál is e feladatot látta el, a maszterelést pedig Yarne Heylen végezte.
Az énekes Diva Satanica így mesélt a felvételekről:
“A lemezfelvétel intenzív folyamat volt. A csapatmunka mellett megismerhettük egymást, hiszen együtt laktunk. Nagyon szerencsés vagyok, hogy a banda tagjává válhattam, és biztos vagyok abban, hogy az új albummal a Nervosa komoly lépést tesz előre.
Hihetetlen jó volt Martin Furiával dolgozni, a hangommal kapcsolatban olyan kisebb részletekre is ráébresztett, amelyekről eddig nem tudtam. Készüljetek fel egy új korszakra, amely minden korábbinál erőteljesebb lesz!”
Három dalt láthattunk videoklipes formában a lemez megjelenése előtt, a Guided By Evilt, a korong címadó dalát és nemrégiben az Under Ruins-t. Mindhárom dal megmutatta, hogy változások történtek a zenekarban. Prika igen jó érzékkel választotta ki kolléganőit, akik odapakolták magukat a kiadványon. A 2018-as Downfall Of Mankind sem volt gyenge, de a Perpetual Chaos atmoszférája más. Nem is annyira a keménység, hanem a hangulat a lényeg. Véleményem szerint elmélyültebb, nem kimondottan sötétebb, de más. A Godless Prisonerben hallható gitárok dallamosak, de hűek a thrash műfajhoz.
A Rebel Soulban férfi énekest is hallhatunk vendégként, bár szerintem nyugodtan kihagyhatták volna. Nekem ez a dal a lemez “gyenge pontja.” Schmier, alias Marcel Schirmer (Bassinvders, Destruction) hallható a Genocidal Commandban, akit szintén jobb lett volna kihagyni, bár remek zenész, de valahogy nem passzol a szerzeménybe a hangja. Jó a gitár is benne, de nem ide valónak érzem. Az Until The Very Endben is hallható egy úriember, Guilherme Miranda, a brazil Krow és Entombed A.D. énekese, ám ezt valahogy sikerült eltalálni.
Remek ötlet volt négyfősre bővíteni a zenekart, és reméljük, hogy innentől már nem lesz mászkálás. A lemez rendben van, néhány kisebb -fent részletezett- gyengeségtől eltekintve.
8/10
Kiadó: Napalm Records
Zenészek:
Diva Satanica – ének
Prika Amaral – gitár
Eleni Nota – dob
Mia Wallace – basszusgitár
Tracklist:
01. Venomous
02. Guided By Evil
03. People Of The Abyss
04. Perpetual Chaos
05. Until The Very End
06. Genocidal Command
07. Kings Of Domination
08. Time To Fight
09. Godless Prisoner
10. Blood Eagle
11. Rebel Soul
12. Pursued By Judgement
13. Under Ruins
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