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Maria, Maria, é um dom, uma certa magia
A Livraria Martins fontes merece virar um lugar sacrossanto. Dois mil cairão a sua direita e outros dois mil a sua esquerda, mas tu Martins Fontes permanecerá de pé pela eternidade. Que todos os deuses te protejam.
As pessoas que por lá andam são incríveis, enquanto sentava nas cadeiras da cafeteria esperando uma oportunidade de flerte via umas senhoras atrás de mim aproveitando a vida entre amigas e fofocando sobre a vida e sobre livros. Que mais damas como elas e como aquela em que me apaixonei (por conta desse flerte) continuem passando por lá, e especialmente ela que disse gostar de ir lá simplesmente para sentar e ler alguma coisa, espero contar mais uma vez com acasos intencionais para encontra-la por lá. De toda forma, ela teve o que quis e fez o que queria acontecer.
Uma mulher bonita sabe que é bonita e por isso não precisa necessariamente se esforçar, os olhares são atraídos para ela, ela irá no caminho daquilo que se interessar mais. As vezes meros mortais dão sorte e eu estava lá no momento propício para isso. Dos olhos que passaram pelos meus rapidamente na escada jurei que fossem verdes, mas mais tarde notei seu castanho madeira. Andorinhas, rosas, Sociedade Esportiva Palmeiras, frases da reforma protestante, flash tattoos, e muitas outras palavras marcavam sua pele alva com a tinta escura. O vestido branco era um detalhe dos mais importantes e lhe caia muito bem com o tênis simples e as unhas pintadas em azul bic. Do mesmo signo e ano que eu, mas de meses extremos no calendário. E alguns 200 metros a frente numa mesinha de bar/café com música ao vivo pude contemplar todo esse ser por 4 horas inteiras, diretamente nos tais olhos madeira e naquela boca marcada por hábitos de ansiedade.
Queria que Maria tivesse permanecido um pouco mais em minha vida para que pelo menos pudesse enviar essa carta para ela, pois sei que ela teria gostado. Uma das últimas românticas (está na hora de formamos um clube) que procura essas singelas dedicações do amor. Apesar de tantas coisas parecidas muitas outras são diferentes e é isso que torna uma pessoa interessante e ao mesmo tempo interliga a humanidade. O que seria de Maria e Lucas sem a Martins Fontes?
Ela carregava um livro pela metade, algum romance sobre um poeta chileno do qual não vou lembrar o título e nem autor, o recém comprado na sacolinha laranja da Martins era “comer, rezar e amar”, aparentemente uma de suas grandes paixões. Das outras paixões a maior era o desejo de um futuro certo, um casamento, cedo, alguém tão convicto quanto ela, com gostos parecidos, com vontades parecidas, pois segundo ela mesma disse: “não mereço nada menos daquilo que eu quero e que me fará completa”. Apesar de tal sonho, sabe admitir que paixões vem a vão e verdadeiros amores se constroem, são frutos de dedicação e paciência e não almas gêmeas ou metades da laranja. E mesmo que o destino não seja uma certeza, para ela Deus o é. Convicta e Cativante são as duas palavras de Maria. Um ser apaixonante que defende seus pontos, que me apaixonou em ouvi-la falar simplesmente por sentir que falava a verdade de forma apaixonada. Sim, as vezes os olhos realmente brilham. E por mais discordante que eu seja desses pontos ela também soube ouvir e conversar, apesar de gostar muito mais de falar, mas que bom que estava a vontade para tal.
Tal convicção é sua energia motriz, Deus, Jesus, a Verdade e a entrega. Maria é capaz de convencer qualquer homem que a olhe nos olhos que o casamento é sim uma instituição que pode valer a pena, pois o que muitos desejam ela possui: a vontade, a confiança e a dedicação. Dessas três qualidades ela pode ter muito do que quiser. Sabe encantar e como disse antes sabe convencer e cativar. Veja só, elogiou meus dentes, meus olhos “claros”, minha barba e meu cabelo e até meus sinais de nascença. A elogiei por inteiro, do vestido branco ao belo sorriso e o fato de ser extremamente cheirosa. Apesar do receio de que eu fosse de lado X ou Y de política, conseguimos ir em frente, descobrir um gosto conjunto por musicas velhas que estavam sendo tocadas enquanto falávamos sobre haikais. Disse inclusive que iria comprar meu livro, mas duvido muito. Em algum momento Maria percebeu que eu não me encaixava no seu grande propósito de vida, e falando sobre momentos únicos e paixões rápidas deve ter pensado que seria a oportunidade perfeita para fazer isso acontecer, deixar marcada uma noite de forma única.
Mesmo indo ao banheiro algumas vezes, tanto eu quanto ela, não nos abandonamos a deriva, fomos até o final e quando o final chegou ela demonstrou preocupação sobre como eu voltaria pra casa, me dando a certeza de que não seria convidado para sua casa ali perto. Sugeri procurarmos algum lugar 24h, mas não deu, ela sabia do Mac1000 que estava muito longe e por isso não se dispôs a ir, fui então obrigado a chamar um dos aplicativos que me levam embora. Enquanto esperávamos as canceladas do tal aplicativo, numa mistura de vontades flertamos mais de perto, antes um selinho chocho aconteceu enquanto procurávamos um lugar pra ficar, mas ela não queria ceder, queria certamente a história perfeita do casal que se dá muito bem numa noite perfeita e nunca mais se vê, mantendo eternamente a vontade e a paixão intactas na memória. Começou então a me indagar sobre o que eu sabia dela, tudo para se assegurar de que eu não teria nenhuma forma de procura-la de forma virtual. Sabia o que gostava de fazer, onde frequentava, onde estuda, com o que trabalha, por quem torce. Mas sabia apenas Maria. Sem sobrenomes. Até a rua de sua residência eu sei. Mas nenhuma dessas informações me permitem de fato encontrar ela numa rua tão enorme, num mundo tão cheio de gostos parecidos e de tantas Marias. Apesar de achar que eu tinha o instagram dela, pois apresentei meu livro pelo seu celular e segui minha própria conta de volta, vi que já não estava mais no histórico de seguidos e provavelmente numa ida ao banheiro fui blockeado pela eternidade de achar sua conta.
Mas como dissemos desde o início: tudo bem. Não havia porque ser insistente ou forçar nada, o mundo é mais gostoso com consentimento. E apesar de ser blockeado dei minha vingança, numa de suas idas ao banheiro escrevi sorrateiramente em seu livro esquecido na mesa, deve ter odiado a violação de seu livro, mas espero que tenha gostado da frase e se lembre eternamente de mim, como a disse antes de entrar no carro: espero que você se arrependa.
“Nunca se esqueça das pequenas paixões. Foi um prazer te conhecer, Maria.”
L.O.
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