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#lenha dunham
ninaemsaopaulo · 4 years
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Houve um tempo em que tudo que Lena Dunham fazia era motivo de polêmica, ela era o grande destaque da série Girls, afinal: criadora, roteirista e protagonista. Às vezes Lena lançava um episódio, tipo aquele em que Mimi-Rose fez aborto e não contou para o Adão Motorista e, quando ele questiona, ela lança um “foda-se, meu corpo, minhas regras” que sim, me deixou chocada. No dia seguinte, Lena precisou gravar um vídeo explicando a reação da personagem. Teve também o melhor episódio da série, já na última temporada, quando Lena critica um escritor que vai cobrar satisfação convidando-a para conhecê-lo em sua casa. Ela vai e é assediada. Teve a polêmica da segunda temporada que, meu Deus, foi UM PORRE, porque Lena se levou a sério demais nessa coisa de ser “a voz da nova geração” deixando um enredo insuportável no caminho.
E mais ou menos por aí, em seu primeiro livro, Não sou uma dessas (editora Intrínseca), Lena fala de uma personagem muito engraçada e típica em seu círculo social: a depressiva bonita. Trata-se de um tipo de mulher privilegiada sobretudo na loteria genética, mas também, em geral, na conta bancária. E mesmo assim, não é feliz. É infeliz pra caramba, aliás. E é assim mesmo que funciona: na visão de alguns, com certeza na de Lena Dunham também, quem é padrão não deveria adoecer mentalmente.
Já que terminei minhas séries (mentira, desisti mesmo de Outlander), decidi começar outra. Eu sabia que iria gostar de Modern Love pelo elenco (Anne Hathaway, Tina Fey...) e pela história - inspirada na coluna de Daniel Jones para o New York Times sobre pessoas lidando com o amor de diferentes formas. Eu sabia que iria gostar, mas não sabia que gostaria TANTO - não é apenas o meu tipo de série, é bem o meu tipo de literatura também (eu sei, parece aqueles filmes de Natal com romances interligados todo ano na Sessão da Tarde, mas dane-se).
Daí que Anne Hathaway aparece no terceiro episódio como Lexi, uma advogada femme fatale para quem a vida parece um musical - ela mesma assume e compara com La La Land: Lexi está escrevendo sua biografia para uma rede social tentando encontrar um fio condutor de sua história, então lembra daquela manhã em que acordou e foi ao mercado vestindo uma blusa de lantejoulas douradas e achou ter encontrado o amor da sua vida, com quem trocou telefones e marcou um jantar na quinta-feira seguinte.
A estética de Lexi é muito boa: com os cabelos de Rita Hayworth, ela se veste como se O Diabo Veste Prada passeasse da década de 40 aos anos 70 - um guarda-roupa vintage cujo preciosismo Miranda Priestly aprovaria, sem dúvida. Lexi está começando em um escritório de advocacia em Nova York, é tratada como um talento, mora em um apartamento bonito no centro da cidade, mas é aí que começa o primeiro vestígio de problema: um apartamento bagunçado e de cores tão neutras que parecem de alguém sem personalidade, não parece que uma pessoa feliz vive ali. Pois é.
Lexi tem transtorno bipolar desde os quinze anos e esconde de todo mundo. Começou no dia em que decidiu não ir à escola e seus pais concordaram, mas vinte e um dias se passaram e ela ainda não conseguia levantar. Fez o mesmo no colegial e na faculdade, compensando a vida de Bela Adormecida com períodos surreais de produtividade nos quais tirava boas notas. Mas a vida adulta chega para todos e cada escritório no qual trabalhou percebeu sua estratégia. Mesmo que ela fosse muito boa no que fazia, faltar ao trabalho não era legal. Passou por todo tipo de terapia, nunca obteve melhora. Não chega a ser exatamente a falta de uma relação amorosa estável o que pesa em sua vida, mas a ausência de vínculos com qualquer pessoa, pois, quem vai entender e aceitar mudanças tão bruscas de humor? Quem quer conviver com alguém assim?
É só o terceiro episódio e não paro de chorar desde o primeiro. Aliás, começaram muito bem a série com um tipo de amor difícil até de descrever: uma jovem redatora torna-se dependente da aprovação do porteiro de seu prédio sobre os relacionamentos nos quais investe. Um dia, engravida de um babaca e é esse amigo improvável, o porteiro, quem mais lhe ajuda.
A série é produzida (e alguns episódios são dirigidos) por John Carney, responsável por filmes como Once e Begin Again: filmes com histórias de amor em que nem tudo que o telespectador quer lhe é entregue no final - e esse também é o meu tipo de cinema.
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24australia-blog · 7 years
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Lena Dunham accused of 'hipster racism' after defending Girls writer
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deadlinecom · 4 years
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