#jovem adulto
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- Ela
Ela é uma pessoa - como posso dizer? - de um coração enorme. Se importa demais com o que os outros pensam e acredita que, quando resolver fazer algo pensando em si, acaba virando uma bola de neve.
Mas no fundo e no todo, é alguém maravilhosa. Sabe reconhecer seu valor.
Se foi usada um dia por alguém, foi porque simplesmente permitiu. Quis ser usada e deixou isso acontecer. Não cria expectativas sobre ninguém, somente se entrega.
Mas se amar? Ama de verdade e se entregará de corpo e alma. Não vai ser meio copo. Sabe entregar para a outra pessoa o conforto a ponto de colocar as necessidades acima das suas. Mas espera o retorno, claro. Há jogo de interesse, mas isso não é ser recíproco? O interesse é apenas a reciprocidade: ser algo para alguém e ter alguém como algo.
Não vem vazia, mas sua mente é um infinito universo estrelado. As vezes, está uma confusão enorme e, em alguns dias, consegue arrumar para achar algo específico.
É horrível para ela tomar decisões. Não tem coisa pior do que tomar decisões sobre algo. Só não quer nenhuma bifurcação. A única coisa que deseja é aquilo que quer.
Pode parecer bobo, mas o que mais deseja é ter alguém. Ela precisa de alguém pra várias coisas: amizade, carinho, prazer, confiança, confidente, poder ser um porto seguro para alguém e encontrar esse porto de volta, além do que a mais faz feliz: fazer alguém feliz com sua presença.
Mas a vida pra ela tem sido um caos.
Sua mente.
Seu corpo.
As coisas que ouve.
As burradas que faz e as pancadas que leva quando toma suas próprias decisões.
O sentimento de nunca estar em "casa".
O medo de ferir pessoas já feridas.
O sentimento de ser presa.
Não toma atitudes maiores por medo, porque tem tudo, mas quer conquistar seu próprio "Brasil".
Ela só gostaria de chorar, mas não consegue. Em noites, não dorme. Em dias, suporta o sono por não desejar perder o dia. A cabeça é uma confusão tão grande que não para. É uma crise aqui e outra ali.
Só queria se dobrar pra dentro de si e sumir ali por algumas horas. Chorar.
Mas onde está seu porto seguro?
Não existe sequer uma pessoa que a faça se sentir confortável para chorar e falar sem que se sinta totalmente idiota.
É horrível se sentir só, rodeada de pessoas.
É horrível se manter só, rodeada de pessoas.
É horrível ser só, rodeada de pessoas.
Onde está a sua paz que nunca mais voltou?
Com Deus?
Deus, se está aí, se a ouve... saiba, ela sabe o que deve fazer, mas não quer fazer. Oras, pois são muitas exigências. Desde o inicio do início.
Ela quer encontrar sua razão, mas ela não está lá. Quer encontrar sua paz, mas não está lá.
Ela está só e, por vezes, até as vozes da sua cabeça a abandona.
- 20 de fevereiro de 2023
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O inicio de algo...eu acho
Essa é minha tentativa desesperada de parar de planejar um pouco, e finalmente executar algo.
Uma coisa que você precisa saber sobre mim, é que quando se trata de projetos pessoais, eu dificilmente consigo tira-los do papel.
Isso porque retira-los do campo das ideias já da trabalho o suficiente, imagina começar a fazer algo que eu sei que não vai nascer 100% perfeito e reconhecido.
Mas, é como diz o ditado popular: O primeiro passo é o mais difícil, depois é só pegar o ritmo.
Então cá estou eu, me jogando de cabeça na escrita, como faço todo dia, afinal trabalho como redatora, mas aqui posso escrever de forma despretensiosa e ter o gostinho de ver que estou fazendo algo só pra mim.
Sempre usei o Tumblr pra acompanhar artistas e ver ilustrações bonitas, por isso não sei bem como as coisas funcionam por aqui, muito menos se as pessoas param pra ler textos (tem uma grande chance de ninguem ver esse aqui, e tudo bem), mas mesmo assim estou aqui.
Tal qual a geração passada, que chegou aqui quando a internet "ainda era mato", vou tentar manter um blog pessoal para compartilhar minhas experiências, reflexões e os perrengues que ter 20 e poucos anos, trás (sim eu sou dramática, e gosto disso, mas isso é assunto pra outro texto).
Por hoje é isso, tá dado o primeiro passo, agora só preciso continuar andando.
xoxo, Beka
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Você procura respostas no coração de estranhos
Como se nunca permitisse amar alguém que suspire por ti
Você é jovem mas está estragando toda a sua vida
Sei que é assustador todas essas luzes dessa cidade grande
O silêncio daquele que ama o mata de amor
Não desista de andar pelas ruínas, você vai encontrar as avenidas floridas
Você não se ama porque seu rosto não é como de outro alguém
Você se compara até desistir de sair da porta para fora
Você acha que mudou durante esse tempo e que era melhor antes
É uma crise do caralho porque você nunca sabe o que fazer no auge da sua juventude
Então tudo fica difícil e enlouquecemos
No fim os remédios já não fazem mais efeito e a escuridão está de volta
Você bebe álcool para esquecer o que a vida faz para te deixar ruim
A felicidade parece subir pelos neurônios, mas no outro dia de manhã você se sente a pior pessoa do mundo
Capaz de odiar toda a sua vida, todas as suas conquistas e também o que algum dia te fez bem
Ninguém vai falar da crise dos 20 se o que eles sabem falar é que a nossa geração está perdida
Talvez porque você não quer seguir os sonhos dos seus pais, ou porque a vida cobra demais
Enquanto o que queremos é calma, liberdade e sonhos realizados
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#mumbling in the tags#eu ñ vou ter uma recaída de turma da monica jovem so pq do contra jovem adulto apareceu na dash no torneio de sexyman brasil#EU Ñ VOU TER RECAÍDA DE TMJ SÓ PQ O IRMÃO DO PERSONAGEM QUE EU ROUBEI O NOME APARECEU NA DASH E ME FEZ LEMBRAR QUE TMJ EXISTE#eu ñ fucking vou ter recaída de uma coisa que eu li pela última vez quando eu tinha bem 14 anos de idade#Eu Não Vou ler as revistinhas todas de onde eu parei Eu Não Vou!!!! É revistinha pra adolescente e no meio do caminho#eu vou cansar e ficar triste depois por ñ ter conseguido ficar em dia#e ficar o tempo todo lembrando que o maurício d. s. é um liveral safado tbm. tem isso.#scrr ;-; eu ñ quero mas eu acho que eu vou ;-; ;-;
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Versões de mim
Hoje reativei minha conta, depois de doze anos, e vi que quem eu era eu ainda sou, lógico que em uma versão mais madura e com muito mais problemas, e no caso agora são problemas reais. Mas a essência ainda é a mesma.
É muito louco pensar que algum dia eu chorei e sofri porque um menino na qual eu nunca conversei não gostava de mim, como eu saberia.
Hoje vejo momentos reais que realmente valeram o sofrimento, e ainda assim saí inteira, mas doze anos atrás já cheguei a pensar que morreria se minha melhor amiga parasse de falar comigo. Desencontros aconteceram, e hoje a gente nem se vê mais, e pelo que parece eu não morri.
Vi um repost meu falando sobre se algum dia alguém se apaixonaria por mim, eu tinha onze anos, deveria estar preocupada se eu ia andar de bicileta naquele dia ou não. Mas sim, eu do passado, aconteceu, vivi paixões que me arracam sorrisos, Deus foi tão generoso comigo que não me mandou niguém que me ferisse. E hoje estou aqui, casada com o amor da minha vida.
É estranho encontrar alguém do passado, ainda mais quando esse alguém somos nós mesmo, mas é bom ver que cheguei até aqui, ainda não é a vida que planejei, mas já é uma versão muito melhor que o eu de onze anos um dia chegou a imaginar.
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✦ — "brat". ᯓ c. hansol.
— veterano ! vernon × leitora caloura. — 𝗰𝗮𝘁𝗲𝗴𝗼𝗿𝗶𝗮: smut. — 𝘄𝗼𝗿𝗱 𝗰𝗼𝘂𝗻𝘁: 3873. — 𝗮𝘃𝗶𝘀𝗼𝘀: todo mundo aqui tem caráter duvidoso, nonie fumante, br!au(?), bebida alcoólica, nonie meio sub, oral (f), penetração, spit kink & semi-public sex. — 𝗻𝗼𝘁𝗮𝘀: "put a muzzle on me, I'll spit in your mouth" except this time you're the one spitting
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Que "calourada" era sinônimo para "insalubridade" você já sabia, mas deveria admitir: estavam superando todas as suas expectativas. Nada de bom poderia ser esperado de um lugar cheio de jovens adultos com caráter duvidoso somados a uma quantidade bisonha de bebida alcoólica e outras substâncias — que aliás, sequer deveriam estar sendo misturadas. Mas, poxa, nessa idade é tão conveniente usar o 'só se vive uma vez' para fazer merda, o arrependimento sempre fica para depois. E, ao que parecia, o seu primeiro arrependimento da noite já tinha um rosto específico, só faltava ter nome e sobrenome �� se bem que você não se importaria em saber o nome dele, hoje não.
Ele deveria ter da mesma idade que você, ainda que tivesse algumas características que o faziam parecer bem mais jovem. Porém, o que te chamou atenção foi toda a estética que circundava o corpo esguio. Era pálido, salvo os lábios rosinhas e muito bonitinhos, além das sobrancelhas marcadas que contrastavam com o rosto inexpressivo — era o pouco que a baixa iluminação do lugar te deixava ver. Parecia ter saído diretamente de algum álbum do 'My Chemical Romance' e não era novidade para ninguém que você curtia um esquisitinho. Eles sempre guardavam alguma surpresinha, bastava descobrir se essa seria boa ou ruim. E, porra, para compensar o cara era um gatinho — não tinha como deixar passar.
"Vem cá, quem é aquele ali?", questionou ao que sua amiga finalmente apareceu. Havia saído para encher os copos de vocês há mais de dez minutos, o cabelo desalinhado e o batom borrado por todos os cantos da boca revelando o motivo da demora.
"O loirinho?", passou longe.
"Não, o outro. O que 'tá me encarando igual psicopata faz uns dez minutos... É calouro também?", descrições físicas não te apeteciam e não havia como não associá-lo ao jeitinho de maluco.
"Ah! O Vernon?", viu? Ele era o único que se encaixava na descrição. "Não, é veterano. Tá no sétimo ou oitavo período, algo assim."
"Cês se conhecem?", estava intrigada. Sua amiga era veterana também, então já havia ouvido falar de praticamente todas as pessoas que ela conhecia — ainda que você só tivesse entrado na universidade agora — e ela nunca havia mencionado nenhum 'Vernon'.
"Não exatamente. Mas de todas as calouradas que eu ajudei a organizar, ele nunca faltou uma.", entortou os lábios, ela tinha fortes opiniões sobre gente que já estava quase se formando, mas que vivia atrás de calourada.
"Hmm.", acenou, mas era hora de perguntar o que interessava: "Solteiro?"
"Iih, nem tenta. Aquele é ali é red flag total. Só vem 'pra pegar novata.", alertou, expressando certa aversão com o rosto.
"E a red flag é...?"
"Perdão, esqueci que você também não presta.", murmurou em meio a um risinho.
"Não é assim... se eu já tô na chuva é 'pra me molhar ué.", tentou justificar. Você não entendia o que havia de ruim em dois adultos se divertindo. Não era falha de caráter se ninguém estivesse enganando ninguém. Sua amiga censurava coisas demais e, no final do dia, ela mesma era uma veterana que vivia atrás de calourada — ainda que usasse a desculpa de que fazia parte do setor que organizava as festas —, não tinha o privilégio de julgar ninguém.
Era informação o suficiente. Você não iria perder a chance de usar sua "carta" de caloura com o tal do Vernon. Estava prestes a renovar a historinha mais velha desse mundo: o veterano que "se aproveita" de uma pobre caloura inocente. Mas faria isso do seu jeito. Já tinha dado fora em dois ou três caras muito questionáveis, porém se recusava a terminar a noite de mãos vazias. Virou a bebida colorida e meio docinha que se encontrava em seu copo. Desde que se convenceu que ficaria com o homem não tirou mais os olhos dele. Vernon continuava a te olhar curioso, a expressão de quem não sabia se havia conseguido o que queria.
Você atravessou o cômodo inteiro sem tirar a atenção do homem, subiu as escadas, dirigindo-se à uma espécie de varanda. Era um ambiente meio extenso, com alguns móveis jogados pelos cantos — o pessoal costumava usar para fumar ou, por falta de expressão mais direta, foder. Se o tal do Vernon fosse inteligente, ele saberia muito bem que tudo aquilo havia sido um convite. Apoiou as mãos no parapeito, aproveitando a brisa geladinha. E como previsto, não demorou para que uma silhueta esguia surgisse do seu lado, o sorriu de imediato — então Vernon era esperto...
"Aceita? São de menta.", a voz baixinha te arrepiou, ele esticou um maço de cigarros na sua direção.
"Não fumo, valeu."
"Mas... eu posso?"
"A vontade, não me incomoda.", não era fã do cheiro, mas admitia sentir uma coisinha por assistir. O barulho do isqueiro soou e não demorou para que o odor da nicotina se espalhasse pelo ambiente aberto. Você olhou de canto, vendo a boca rosinha tragar a fumaça sem pressa alguma só para assoprá-la segundos depois. Não sabia mais dizer se aquilo era inerentemente atraente ou se ele só era gostoso 'pra caralho.
"Sabia que...", tragou outra vez, soltando a fumaça na direção oposta. "...uma das melhores campanhas antitabagismo do mundo rolou aqui no Brasil?"
"Ah é?", questionou com desconfiança, o teor da informação era irônico — dadas as circunstâncias.
"É sim.", apoiou-se no parapeito, finalmente te olhando nos olhos. "Começou nos anos 70 e tá aí até hoje."
"E por quê não funciou contigo?", sorriu de canto, ele era muito mais bonitinho de perto.
"Não sei... nunca me perguntei. Qual seu palpite?", os olhos correram pelo seu decote, mas você resolveu ignorar essa informação.
"Como que eu posso ter um? Não te conheço."
"Hansol.", murmurou, estendendo a mão na sua direção. Custou para assimilar que aquele era o nome dele.
"Ué... não é 'Vernon'?", estava confusa, mas apertou a mão dele mesmo assim. O homem riu de canto.
"Então você me conhece.", constatou.
"Saber seu nome não é o mesmo que te conhecer.", você tentou desconversar, mas não achava que aquilo mudaria alguma coisa.
"Vernon é meu sobrenome. Meu nome é Hansol.", conhecido pelo sobrenome? Um tipinho clássico... "E você é a...?"
"_____.", foi casual, mas não deixava de reparar que ele ainda não havia soltado a sua mão.
"E então, _____? Agora você me conhece.", tragou mais uma vez, virando o rosto para se livrar da fumaça. Logo apagou a chama contra o parapeito, deixando a bituca ali mesmo. "Qual o seu palpite?", aproximou-se em passos curtos, o cheiro de perfume masculino inundando seu olfato. "Tem carinha de ser inteligente...", elogiou, fingindo arrumar algo no seu cabelo.
O joguinho já era bem conhecido por você. Forçou um sorrisinho lisonjeiro, como se as palavras dele realmente significassem algo. Mas não dá para enganar quem engana. Nesse quesito você que era veterana comparada a Hansol.
"Acho que você faz por estilo.", os braços se esticaram, circulando o pescoço do homem — não tinha tanta paciência para fazer as coisas aos poucos.
"Por estilo? Ninguém fuma por estilo..."
"Muito pelo contrário, tem muita gente que fuma só 'pra parecer descolado.", provocou, as unhas brincando com o cabelo curtinho da nuca dele. A tensão era palpável, sentia seu corpo esquentar — Vernon já te olhava sedento.
"E você acha que esse é o meu caso?"
"Acho.", as mãos dele correram até sua cintura, te encurralando contra o parapeito num movimento cuidadoso.
"Pois é um palpite errado, linda. Tenta outro."
"Melhor: eu paro de fingir que 'tô interessada nesse papinho e você para de fingir que não tá só a fim de me pegar.", disse mansinha, agarrando o maxilar dele entre as mãos. "Facilita 'pra mim vai...", fez um biquinho que logo foi agarrado pela boquinha gostosa do homem. Não evitou o sorrisinho, retribuindo o carinho.
Hansol te chupava com fome, tinha um gostinho de menta insistente do fundo da boca. Se inclinava, forçando o rosto contra o seu, puxava sua cintura para perto, lambendo dentro da cavidade sem pudor algum. O beijinho de canalha te deixava mole, mas você não era fraca assim. Arranhava a pele leitosa do pescoço dele, colocava a linguinha para fora, fazia Vernon mamar ali. Era manhosa 'pra cacete, gemia dengosinha só para tirar ele do eixo. Você sentiu o exato momento em que a mão dele entrou entre os corpos de vocês e não conseguiu segurar a risadinha.
"Achei que fosse mais experiente, Nonie...", quase miou as palavras dentro da boca dele. "Mas já 'tá duro só de me beijar?"
"Nonie...?"
"Não muda de assunto.", provocativa, roçou o narizinho na bochecha dele. O homem riu com desdém, mas não parava de ajustar o próprio volume dentro da calça.
"Cê 'tá emocionada demais, linda. Tô normal.", desconversou.
"É? Tira a mão do pau 'pra falar comigo então.", contraditoriamente colocou uma das suas mãos sobre a dele, fez pressão, fazendo-o apertar ali. As sobrancelhas do homem franziram, a cara de putinho fez seu corpo esquentar. Avançou para mais um beijo gostoso, mordia, lambuzava a boquinha dele totalmente obscena. Livrou-se da mão dele e abriu a calça do homem num movimento rápido. O corpo de Hansol saltou em surpresa com a massagem que recebeu por cima da cueca. Era grande, porra... parecia uma delícia, a cabecinha babava abundantemente e fazia sua boquinha salivar.
"Que foi, Nonie?", zombou do rostinho meio atordoado. "Tá acostumado a pegar as mais bobinhas, não 'tá? São mais fáceis de manipular...", provocava, ainda apertando-o.
"Você quem 'tá dizendo. Acabou de me conhecer, pô... tá exagerando demais.", reclamou num suspiro dengoso, empurrando a cintura contra sua mão. Tão coitadinho...
"Relaxa, Hansol. Não precisa desse teatrinho 'pra me comer.", cortou o drama. "Vou dar 'pra você por vontade própria... só porque é gostosinho.", sussurrou a última parte contra a boca dele, como se fosse segredo. O homem revirou os olhos, insolente. Te empurrou pela cintura até o cantinho do cômodo, a diferença de altura fazia você ter que levantar o rosto para encará-lo.
"Se quer pagar de marrenta, vai ter que fazer direito.", sorriu com escárnio. Agarrou sua cintura, suspendendo seu corpo num solavanco, te colocou sentadinha em cima de um móvel resistente. E você aproveitou a elevação que a bancada te oferecia para olhá-lo de cima, fazia questão de subjugá-lo de todas as maneiras de conhecia.
As primeiras interações entre vocês impregnaram na sua cabeça a ideia de que Hansol tinha o jeitinho perfeito para servir de brinquedinho, não importa o quão extensa fosse sua lista de pretendentes "indefesas" — estava certa de que saberia colocá-lo no lugar dele, ele só precisava aceitar que era para aquilo que servia. Havia um brilho curioso nos olhinhos castanhos, o homem tinha a graça de possuir um rostinho muito mais inocente do que realmente era — talvez por isso fosse tão habituado a sustentar a farsa de veterano solícito.
Seus dedos contornaram desde a pele desbotada até os lábios rosados. Vernon seguiu o movimento, selando sua palma assim que ela ficou próxima à boca dele. Você brincou com a boca bonita, dedilhando-a por todos os cantinhos. Manteve contato visual quando timidamente enfiou a pontinha do dedo entre o vãozinho entreaberto. Queria saber o quão receptivo ele era. Abriu mais a boquinha, a língua resvalando contra os seus dígitos. Você quis sorrir brevemente, mas se conteve.
Deu mais um pouco a ele, enfiando outro nó do dedinho, massageou o músculo inquieto. A outra mão dirigiu-se ao cabelo do homem, ofereceu um cafuné lentinho, como se aprovasse o acolhimento. Iniciou um movimento repetitivo, retirava parte do dígito só para afundá-lo ali novamente, fodendo a boquinha com cuidado. Hansol franziu a testa, estava nítido que queria te questionar, mas nem por um segundo te impediu. Atreveu-se a colocar mais um dedo, socando-os com mais velocidade. As perninhas circularam a cintura do homem, puxando-o para perto, encurralando-o.
Firmou o aperto nos fios, Vernon não conseguiu refrear o sorriso safado, mesmo de boquinha cheia. Bingo. Os dedinhos cessaram o movimento, mais um olhar questionador por parte dele. Usando a outra mão, você manipulou um vai-e-vem com o rostinho do homem, agora fazia ele se foder contra sua mão. A saliva começava a escorrer pelos cantinhos, os estalinhos enchiam sua audição. Porra, era tão obsceno...
Precisou esconder a própria surpresa ao que Hansol agarrou seu pulso. Os olhos do homem se fecharam a medida que ele mamou seus dedinhos por conta própria. Até mesmo inclinava a cabeça de um jeito manhoso, lutando contra o aperto no próprio cabelo. Era muito mais putinho do que você havia calculado, se melava inteirinha com a ideia de quebrá-lo mais ainda. O corpo retesou ao que recebeu uma mordida, o primeiro reflexo foi puxar o cabelo dele. Mas Hansol já soltava os dígitos rindo todo malandro.
"Filho da puta...", praguejou, sentido a carne pulsar no local da mordida.
"Morre não.", ele desdenhou, já se enfiando no vão do seu pescoço. "Tão cheirosa, porra...", roçou o narizinho ali, logo te tirando de órbita com a boquinha molhada. Parecia não ter travas, corria as mãos pelo seu corpo como se já tivesse o feito milhares de vezes. Você fraquejava, era difícil se manter fixa ao plano inicial com Hansol apertando seus peitinhos de um jeito tão gostoso. As unhas maltratavam a pele do homem, mas ele parecia não se importar. Provocava mais, escorregando os dedos por dentro das suas coxas. Ameaçava tocar a bucetinha carente, mas se afastava logo em seguida. Sabia do próprio efeito, sentia o quão quentinha você estava — mesmo que de longe.
"Nonie, me chupa...", o que era para soar como um pedido veio acompanhado de você forçando a cabeça dele para baixo sem delicadeza alguma. Abaixou as alcinhas do próprio vestido, empurrando o tecido para debaixo dos seios. Se sentia febril, os biquinhos latejavam, implorando por atenção.
Os olhinhos castanhos te olharam por baixo com uma pureza conflituosa no segundo em que ele cuspiu nos seus seios, dava para perceber o sorrisinho preso dentro dos lábios quando ele recolheu a própria saliva com a língua. Abocanhou com gosto, abrindo a boca para abrigar o máximo que conseguia. Mamava, fazia carinho com os dentinhos, se afastava só para esfregar a língua... inferno, seu corpo já estava todo arrepiado.
Esticava-se o máximo que conseguia, forçando os peitinhos contra ele. A bucetinha era ciumenta, se babava inteira, também queria carinho. Mal piscou e já tinha enfiava a mão dentro da calcinha. Era impaciente, espalhava o melzinho pelas dobrinhas, sentindo-se mais molinha com o jeito gostoso que estimulava o próprio pontinho. Choramingava burrinha ao que a mão do homem tomou o lugar da sua. Os dedos esguios estavam geladinhos, esticavam seu buraquinho, ameaçando entrar.
"Minha buceta, porra, fode...", reclamou toda marrenta. Ele achou graça, lambendo desde o vão entre seus seios até a pele atrás da orelha, mordiscou ali. O corpo coladinho no seu, a respiração quente contra a pele molhada e o carinho vagaroso na sua entradinha fizeram sua cabeça girar. Abraçou-o numa preguicinha gostosa, carente de tanto tesão. "Nonie, eu quero seu pau... coloca...", se aninhou contra o ombro dele, apertando o volume por cima do tecido. O homem riu baixo, pulsava 'pra caralho, se melando inteirinho.
"Não quer mais que eu te chupe?", você era contraditória. Sequer se deu ao trabalho de responder, agarrou-o pelo cabelo, forçando-o para o meio das suas pernas. Vernon se ajoelhou sem resistir, te puxando maia para a borda da bancada. Você enrolou a sainha do vestido na cintura e ele te ajudou a tirar a calcinha, jogando-a no cantinho do móvel. Separou mais as pernas, abrindo a bucetinha sem hesitar.
Ele não tirava os olhos dali desde que se abaixou. Abocanhou sedento, da mesma maneira que fez com o seus peitinhos. Roçou o nariz desde a entradinha até o pontinho inchado, grunhindo baixo. A língua gelada esticava seu buraquinho e o nariz não deixava de estimular seu clitóris. Suas pernas se fecharam por instinto, prendendo a cabeça dele entre as coxas.
"Abre a buceta 'pra mim, vidinha.", murmurou, as mãos afastando-se do aperto. O apelidinho te fez rir desacreditada, agarrando o cabelo dele. "Isso, porra, assim..."
Os dedos dele abriram espaço na entradinha, meteu a linguinha entre eles, babando a carne macia de um jeito gostosinho. Afastava os dígitos, lambia a mistura dos líquidos, engolia tudinho e repetia o processo. Mamava o pontinho rígido, olhando para cima só para assistir sua carinha de tesão. Você se forçava contra a boca dele, revirando os olhinhos quando ele tentava chupar tudinho de uma vez.
"Nonie... fode agora, vai...", choramingou, o corpo febril continuava a se insinuar contra a boca dele. Os dedos não eram suficientes, sentia fome de algo maior. "Eu quero mais... me deixa cheinha...", maltratou os fios da cabeça dele outra vez.
Hansol não teve escolha. Levantou-se, livrou o pau dos tecidos meio desesperado, enfiando-o dentro de um preservativo que achou na carteira. Parecia pesadinho, a cabecinha soltava o líquido esbranquiçado que melava toda extensão — a boquinha gulosa salivou para sentir o gosto.
"A marra acabou foi?", ele provocou, se esfregando gostosinho na sua buceta. "É falta de pau, linda.", desdenhou, colocando só a pontinha.
"Cala a boca e ah-", ele forçou mais um pouco, ia fundo 'pra cacete. "E fode, porra...", saiu num fio, os olhinhos apertaram quando ele colocou até a base.
"A bucetinha nem aguenta... porra, tá me apertando 'pra cacete.", socou com mais força e seu corpinho tentou se afastar por puro reflexo. "Não foge, vida.", te segurou pelas coxas, a boquinha roçando na sua orelha "Quer que eu foda só com a cabecinha?", forçou uma manha fingida, seu corpo esquentou inteirinho por pura raiva — e um tesão do caralho.
Quis revidar a provocação, mas sua cabeça não conseguia mais processar o ritmo gostoso das estocadas. Choramingava cheia de manha, nem se atrevia a tirar os olhos dos dele. Sentia e ouvia ele arfar contra o seu rosto, o aperto possessivo na sua cintura deixava suas perninhas fracas — a carne tremia, mal conseguia mantê-las abertas. Quase ronronou quando Vernon avançou na sua boca, sentiu o frio na barriga triplicar com o beijo quente. Ele alternava entre os seus lábios, sugando-os para dentro da cavidade quentinha. Puxava a carne entre os dentes, sorrindo lascivo com seus gemidinhos.
Você cortou a provocação, agarrando-o pelo pescoço para deixá-lo paradinho. Alucinada, usou a boquinha dele como bem quis. O nó no estômago apertava a cada estalinho, a entradinha apertava, babava o pau dele inteirinho... precisou soltá-lo ou iria acabar gozando por causa desse inferno de beijo delicioso. Era duro assumir, mas Hansol era mais gostosinho que o normal e talvez você estivesse sendo mole demais com ele por isso. Porra... não se lembra da última vez que ficou tão dengosinha com outro homem, precisava voltar a si — escolheria um tiro à admitir ter química com qualquer pessoa, culparia a bebida quando tudo acabasse.
Voltou a encará-lo de perto, Hansol estava vermelhinho, as orbes castanhas brilhavam, te admirava com devoção, era o cachorrinho perfeito. A cabecinha martelou um pensamento tão gostoso, queria fazer — ele 'tava merecendo tanto... não se segurou. Agarrou o pescoço dele outra vez, mas agora o intuito era diferente. Os dedinhos da outra mão se enfiaram na boca dele, puxando para baixo, forçando a abertura. Vernon só aceitou, até pôs a linguinha para fora — parecia saber o que estava por vir.
Você não fez cerimônia, cuspindo no músculo rosinha. Pareceu tirá-lo do eixo, Hansol revirou os olhinhos, apertando-os logo em seguida. Engoliu sem hesitar, gemendo contido. Enfiou a cabeça no seu pescoço, gozando numa risadinha adorável. A cena te deixou mole de tesão, não foi surpresa nenhuma o chorinho patético que saiu da sua boca quando ele passou a brincar com o seu pontinho. Se esforçou para socar o pau todo burrinho com a superestimulação, mas não parou até te fazer gozar.
Trouxe o homem até sua boca pelos cabelos pela enésima vez — a essa altura já havia virado hábito. Se sentia carente e precisava da boquinha gostosa, beijou-o com tanta necessidade quanto no início. Riam cúmplices toda vez que ele se movia dentro de você 'sem querer'. Renderam-se aos estalinhos molhados e aos suspiros manhosos por mais tempo que deveriam. Porém você o afastou quando o beijo passou a ter gosto de "quero foder de novo". Ele saiu sem jeito, se livrando do preservativo e arrumando o pau dentro da calça.
"Quer ajuda 'pra descer?", estendeu a mão.
"Me viro sozinha. Você já pode ir.", sorriu atrevida, expulsando-o de um jeito carinhoso. Ganhou mais um beijinho quente antes que ele se afastasse.
"Você que sabe então..."
"Hansol.", chamou, ele se virou assustado. "Sua carteira.", estendeu o objeto. Sentia as perninhas tremendo e não daria a Vernon o prazer de tentar se levantar na frente dele — queria manter seu orgulho intacto.
"Ah! Caralho... tô lerdo.", bateu as mãos nos bolsos como se ela fosse magicamente se teletransportar para dentro deles. Voltou com um risinho envergonhado no rosto, pegando-a da sua mão sem perder a oportunidade de te roubar mais um selinho carente. Sorriu sem querer te largar outra vez e sua mente deu um curto... sério, precisava beber alguma coisa.
[...]
Você só se arriscou a descer da bancada quando Vernon sumiu pela porta. Riu de si mesma ao que sentiu as pernas molinhas. Buscou um espelho na própria bolsa, precisaria dar uma jeito em si mesma. Arrumou o vestidinho como pôde, colocando a calcinha no lugar. A sensibilidade misturada a sensação meladinha no meio das pernas seria um lembrete gostoso que te acompanharia pelo resto da noite.
Voltou em passos despreocupados quando finalmente sentiu-se satisfeita com a própria aparência. A festa parecia intacta e sua amiga não havia deixado a mesa na qual vocês estavam desde o início. Seu primeiro ato inclusive foi tomar o copo da mão dela, dando um gole generoso em seja lá o que estivesse dentro do recipiente. Forçou uma careta ao engolir o líquido, era forte, parecia vodka. Só então reparou no olhar incrédulo da mulher a sua frente.
"Hm?", se fez de sonsa.
"Achei que 'cê fosse morar lá."
"Que drama, não demorei nada...", desconversou. Ela se aproximou sorrateira, os olhos alternavam entre seu rosto e algo atrás de você. Parou de chegar perto assim que finalmente sentiu-se discreta o suficiente.
"O quê porra você fez com ele?", ela sussurrou, parecia abismada. Você forçou um semblante confuso — sabe-se lá o que ganhava sendo tão dissimulada. Sua amiga indicou uma direção específica com a cabeça e você se virou de soslaio, sabia o quê — ou melhor, quem — iria encontrar.
Hansol estava praticamente jogado num sofázinho velho que ficava no canto do cômodo. A cabeça apoiada no encosto quase não te deixava ver o rostinho apático. Olhava para cima, exausto — talvez esperando a própria alma voltar para o corpo. Um cigarro adornava os dedos, mas ele claramente não se lembrava mais de tragá-lo. Era hilário, o primeiro reflexo de qualquer pessoa seria descaralhar de tanto dar risada.
Porém você não era qualquer pessoa...
Virou-se tão sorrateira como sempre era, a expressão neutra. Deu de ombros.
"Só dei uns beijinhos, ué..."
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# — © 2024 hansolsticio ᯓ★ masterlist.
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#ꫝ ' solie writes.#seventeen smut#seventeen fanfic#seventeen fic#seventeen x reader#svt x reader#svt smut#svt fanfic#svt scenarios#vernon x reader#chwe vernon smut#vernon smut#hansol x reader#chwe hansol smut#hansol smut
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Blood Lust.
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SE ATENTEM AOS AVISOS, ESSA ONE PODE NÃO SER PRA TODOS.
Bloodkink
Bloodplay
Knifeplay
Automutilação
Personagens extremamente codependentes, psicopatas.
Sexo
Cumplay
Ltops/hbottom
Louis vampiro/ Harry humano
Dinâmica d/s
É isso basicamente, desculpem qualquer erro, aproveitem e se puderem deixar um comentário pra eu saber sobre a opinião de vocês eu agradeço ❤️
Aproveitem. Happy Halloween 🎃
“And when you're gone
I'll tell them my religion's you”
Naquela noite tenebrosa, na pequena cidade oculta da sociedade humana, a lua cheia lançava sua luz gélida sobre a casa abandonada, conferindo à cena um toque de melancolia sinistra. A casa, como um relicário de segredos obscuros, era o cenário de uma reunião secreta do clã de vampiros. Entre os membros da assembleia, um jovem e intrigante vampiro de sangue puro chamado Louis se destacava, com seus olhos vermelhos que brilhavam como rubis em meio à escuridão.
A criança vampira estava prestes a fazer sua estreia em uma reunião que seria lembrada por gerações. Louis, contudo, não compreendia completamente o significado do evento que se desenrolava à sua volta. Sua natureza como herdeiro do trono do clã era um segredo bem guardado, e ele ainda não tinha conhecimento de sua linhagem real. O que ele sabia era que a sensação em sua boca era insuportável, sua gengiva latejava com uma dor estranha, e uma sede inexplicável o consumia, como se algo primal o chamasse das profundezas do inferno.
Os olhares dos vampiros adultos se voltaram para Louis com uma intensidade que o fez estremecer. Era como se a atmosfera pesada da sala se concentrasse nele, e sua presença atraísse uma atenção inquietante. Os murmúrios em uma língua antiga e misteriosa preenchiam o ambiente, como se os vampiros estivessem sussurrando segredos ancestrais.
O mentor de Louis, um vampiro mais velho de aparência macabra percebeu a confusão em seus olhos e aproximou-se com um sorriso enigmático. Ele sussurrou a Louis, revelando apenas o suficiente para instigar sua curiosidade: "Chegou a hora, meu jovem. Beba do cálice da noite e toque no poder que flui em nossas veias."
Louis, com suas mãos trêmulas, pegou o cálice ornado com runas e símbolos misteriosos, que parecia um artefato arcaico de um mundo distante. O líquido dentro, quente e pulsante, emanava uma aura hipnótica e sedutora. Enquanto ele hesitava, sua mente era tomada pela vertigem do desconhecido, e sua gengiva latejava como se fosse uma chama que ardesse incontrolável.
O primeiro gole foi como uma revelação sobrenatural. O sangue, com seu sabor ancestral e poder mágico, inundou seu corpo e sua mente, como se uma torrente de poder de outras gerações despertasse em seu interior. Louis sentiu-se mergulhar em um abismo de êxtase e medo, uma experiência que o deixou ofegante e desorientado.
Todos na reunião, agora cientes da identidade real de Louis como herdeiro do trono, pararam para observá-lo. O salão, antes cheio de murmúrios, caiu em silêncio absoluto. Os olhares de admiração se voltaram para o jovem vampiro, e então, uma aclamação ensurdecedora irrompeu. Os vampiros aplaudiram não apenas o ato de beber o sangue, mas a confirmação de que o herdeiro do trono, o escolhido para liderar o clã, estava próximo de seu poder pela primeira vez.
Louis, atordoado e confuso, observava os vampiros o aplaudirem com um sentimento de perturbação e realização que ainda não compreendia completamente. A jornada rumo ao seu destino como líder do clã havia começado, e ele mal arranhara a superfície da escuridão que o aguardava. Com o sabor do sangue ainda em seus lábios, ele se viu imerso em um mundo de intriga e segredos, onde o trono do clã o esperava, um trono de sombras e poder.
Com o gosto do sangue ainda fresco em sua boca, Louis sentiu o poder do lado sombrio de sua natureza o envolver como uma tempestade. Seus olhos, antes vermelhos como rubis, foram tomados por uma escuridão profunda e avassaladora. O preto que consumiu suas íris não era apenas uma ausência de cor, mas uma negrura que sugava a luz do ambiente, como se a própria escuridão tivesse ganhado vida em seus olhos.
Um arrepio percorreu a espinha de todos os vampiros presentes na cerimônia. O ar se tornou mais pesado, carregado de uma energia sombria que se espalhava pelo recinto. Os lábios dos vampiros se curvaram em sorrisos maliciosos, e um arrepio de excitação os dominou. Sussurravam entre si em uma língua antiga e profana, chamando Louis de "o emissário das trevas" e "o herdeiro da noite eterna".
O mentor de Louis se aproximou novamente, olhos fixos nos dele, e disse com uma voz que carregava o peso de séculos de existência vampírica: "O pequenino rei das trevas realmente honra o sobrenome que tem."
O ambiente se encheu de uma tensão palpável enquanto o pequeno Louis, agora transfigurado em um ser de puro terror, ergueu sua cabeça com uma dignidade sombria. Ele sentiu um misto de poder, êxtase e desespero inundar sua mente. O que ele tinha se tornado? Era o senhor da escuridão, mas sua humanidade estava perdida para sempre.
A assembleia de vampiros riu e aplaudiu, celebrando a transformação de Louis como se fosse a mais grandiosa das conquistas. O pequeno vampiro tinha abraçado a noite, mas também selado seu destino, tornando-se um ser de pura escuridão, cuja fome insaciável estava prestes a desencadear um reinado de terror inimaginável. A noite estava apenas começando, e as sombras que o cercavam se estenderiam para além do entendimento humano.
Naquele cenário sombrio e aterrorizante, Louis, ainda uma criança, se via envolvido em um ritual macabro que o afastava cada vez mais de sua humanidade. Os vampiros ao seu redor comemoravam com uma alegria sádica, seus rostos retorcidos em expressões de regozijo. O pequeno Louis, no entanto, olhava para o cálice em suas mãos trêmulas e via o líquido escarlate como um portal para a escuridão eterna. Cada gota que tocava seus lábios era como um pacto com o diabo, e o poder avassalador que se apossava dele era sufocante.
Ele contemplou o reflexo de seus olhos negros nas sombras dançantes de uma vela próxima. Era como se o próprio abismo olhasse de volta para ele, uma negrura sem fim e sem misericórdia. O sangue que havia bebido corria por suas veias como rios de trevas líquidas, e uma risada malévola ecoou em sua mente, como o eco das almas torturadas em busca de vingança.
Num momento de inadvertência, Louis involuntariamente projetou suas presas afiadas, como garras da própria morte, revelando sua juventude e inexperiência. No entanto, em vez de zombarem dele, o mentor o elogiou na frente de todos. "Vejam todos!" ele exclamou, "Nosso jovem Louis, ainda uma criança, mas o sangue de um vampiro puro já o faz mais forte do que muitos aqui. Um prodígio verdadeiramente raro!"
Na penumbra das sombras, a mãe de Louis, agora uma vampira atormentada, observava com o coração pesaroso. Ela havia sido humana uma vez, e o amor que sentia por seu filho a mantinha à distância. O que ela via era a transformação implacável do menino que um dia fora inocente e brincalhão, agora mergulhado na escuridão sem fim.
O mentor, percebendo o desejo insaciável de Louis, perguntou: "Louis, meu querido, você quer mais sangue?" O pequeno vampiro, com um sorriso infantil e macabro, respondeu: "Claro, papai."
Suas presas afiadas se projetaram novamente, como se tivessem vida própria, e seus olhos oscilaram entre o vermelho e o preto, como portais para o fim. O poder que ele sentia era avassalador, e o sabor do sangue era como uma droga que o seduzia implacavelmente. Louis estava perdido nas profundezas da escuridão, e nada o impediria de abraçar completamente o terror que se desenrolava à sua volta. Seu sorriso, agora sombrio e impiedoso, era como o de uma criança sapeca que acabara de descobrir e se apaixonar pelo sabor do poder e do sangue, uma alegria demoníaca que manchava sua inocência para sempre.
•••••••••••
- Não é uma boa resposta. – Harry franziu a testa e fez um leve biquinho, ultimamente suas discussões com Louis sempre terminavam assim. – Por que você não pode quando já fez isso com meio mundo?
Louis suspirou indignado e perdendo a paciência; seus olhos ficando completamente pretos para encarar o ser petulante a sua frente. Harry mal ergueu as sobrancelhas para a mudança de aparência aterrorizante a sua frente. Quando Harry encanava com alguma coisa nem o capeta mudava a cabeça do menino.
- Porque eu já disse que não porra. Não vou te usar assim. Você sabe que antes dos meus dezoito anos eu não tenho controle total sobre o que estou fazendo.
- Você não está me usando se eu estou pedindo por isso. E eu sei que você tem treinado faz anos.
Louis respirou fundo. Ele sabia que qualquer argumento que usasse naquela discussão ia ser inútil. Talvez seu erro fosse ter contado para Harry o que era quando ambos tinham doze anos de idade e mostrado o que ele podia fazer. Ele só não esperava que ao invés de aterrorizar o melhor amigo, ia ganhar uma criança fascinada por si e pelos seus poderes. E que a mesma criança ia crescer sem se importar com atrocidades que Louis lhe contava que cometia.
O cheiro do sangue de Harry era maravilhoso e tudo que ele mais queria era lhe morder; mas sabia pelo próprio bem que não podia fazer isso. Ele tinha matado uma mulher fazia dois dias por não saber controlar a própria sede, e Harry sabia disso. Era infundada a discussão que estavam tendo. Era pela própria segurança do mesmo que Louis estava falando não.
- Não. Você não vai me convencer na base da birra. Eu não sei o que você tanto quer nisso, você devia olhar pra mim e querer distância, eu matei uma mulher dois dias atrás por sede Harry. Ao invés de sair correndo sua cabeça acha uma boa ideia você oferecer seu pescoço numa bandeja pra mim.
Louis suspirou recuperando um pouco o autocontrole e se afastando do mesmo, indo em direção a porta do quarto de Harry enquanto o outro ainda estava com os braços cruzados apoiado no canto da cama; era aniversário de dezesseis anos de Harry e os dois estavam trancados fazia pelo menos meia hora desde que a discussão tinha começado. O cheiro do quarto estava sufocando Louis, e o estresse da discussão não ajudava. Louis precisava de ar puro antes que fizesse merda.
Se fosse um humano ali, o que Harry disse em seguida jamais teria sido ouvido mas não era e o cérebro de Louis tomou milésimos de segundos pra processar a frase.
- Não é só o meu pescoço que eu estou oferecendo.
Seu corpo agiu mais rápido que seus pensamentos, e quando Louis se deu conta Harry estava embaixo de si na cama, as mãos presas por uma das mãos de Louis enquanto a outra se apoiava na cintura do mais novo. O rosto a milímetros de distância um do outro.
Os olhos pretos haviam voltados e as presas de Louis se projetavam para fora, e o maldito provocadozrinho embaixo de si tentava manter a respiração quando eles estavam a centímetros de distância com a boca aberta e os olhos encarando a boca de Louis..
Louis olhou no fundo dos olhos de Harry e apertou com mais força seus pulsos e cintura, mesmo sabendo que Harry o deixaria fazer o que quisesse tentou se conter, precisava se reestruturar e sair dali, não importava o quanto o corpo abaixo de si fosse convidativo. Louis mordeu a própria boca com força tentando sair daquela névoa e fechou os olhos tentando focar em qualquer coisa que não fosse o misto de tesão e sangue. Sua cabeça limpou por breves segundos e ele afrouxou o aperto do corpo de Harry, até que um gemido manhoso o fez abrir os olhos. Levou cerca de dois segundos para entender o que estava acontecendo, mas quando viu, seu pau pulsou. Os lábios de Harry estavam manchados de vermelho e a língua do garoto levemente para fora numa cena completamente obscena tentava alcançar mais dos lábios de Louis; a mordida que Louis tinha dado nos próprios lábios vertendo sangue por conta das presas que outrora estiveram ali, e a boca de Harry capturando cada gota, sua língua antes tímida agora roçava nos lábios de Louis coletando o sangue do mesmo. O corpo de Louis se arrepiando com a sensação e seus ouvidos capturando o murmurinho de desprazer que saiu da boca de Harry quando as feridas se curaram.
A boca de Harry aberta num pedido mudo pra ser tomada e seus olhos fechados foi o que fizeram Louis mergulhar a própria língua na boca do garoto e o beijar como se fosse o último resquício de oxigênio, ele ainda podia sentir o gosto doce de seu próprio sangue nos lábios alheios, e passaria o resto da vida ali. Foi quando suas presas ameaçaram sair para fora novamente que ele cortou o beijo e voou para o outro lado do quarto. A visão que tinha certamente o artomentaria por meses, Harry estava com a boca manchada de sangue, os pulsos com marcas roxas ainda levantados e o pau marcando sobre a calça enquanto estava deitado sobre a própria cama.
A mão de Louis fechou sobre a maçaneta da porta e ele inalou o cheiro do quarto mais uma vez.
- Feliz aniversário, seu merdinha.
Harry sorriu com os olhos fechados e escutou a maçaneta se abrir para que Louis saísse. Se Louis não ia lhe morder ainda, pouco importava, porque agora ele sabia que teria acesso ao sangue dele quando quisesse e que o vampiro tinha amado aquele inferno particular tanto quanto ele.
•••••••••••••••
A lâmina da adaga brincava na mão de Harry, virando-a entre seus dedos ele a observava. Tinha sido um presente de Louis no seu 17º aniversário, e a primeira vista poderia até ser algo simples mas era muito mais que especial. Existiam apenas duas daquela, uma estava na suas mãos e a outra afundada em algum lugar do oceano Pacífico. A única arma capaz de matar qualquer ser místico.. A única arma capaz de matar um sangue puro, tão antiga quantos os encantamentos e runas que adornavam seu cabo. Ele a deixava sempre por perto, porque por mais que fosse um artefato para se defender, ele tinha descoberto uma utilidade muito mais prática.
Depois dos seus dezoito anos as coisas tinham se tornado estranhas, Louis tinha praticamente sumido de sua vida e a única coisa que havia dito era “espere até o Halloween”. Todas as vezes que Harry tinha visto o vampiro depois disso envolveram sua quase morte, discussões onde ele não sabia se no próximo segundo ia ser morto ou fodido e Louis saindo no meio de tudo deixando Harry extremamente frustrado, sem entender que merda estava acontecendo entre eles. Ainda brincando com a adaga observou seu próprio reflexo na lâmina, se a janela ao lado da sua cama dizia alguma coisa, era que era quase noite. O sol se pondo e o crepúsculo da noite tomando conta.
Era quase noite do dia trinta e um e Louis não tinha dado as caras. Harry franziu o cenho, ele sabia que a última discussão que teve com o vampiro foi justamente por ter feito isso mas ao mesmo tempo algo em si ardia e ansiava tanto pela presença de Louis que ele não se importava se fazer aquilo só traria um vampiro puto pra caralho pra sua casa.
Ele sentou na cama observando a adaga, a blusa branca que usava subiu um pouco deixando sua cueca a mostra, mas sinceramente ele pouco se importava em como a própria aparência ia parecer para o outro, ele só precisava ver Louis e ouvir sua voz. Ter o vampiro longe parecia uma abstinência das piores das drogas.
Ele firmou a adaga na mão direita e estendeu o braço esquerdo, suspirando por alguns segundos antes de cravar um corte em diagonal fundo o bastante para precisar de pontos. Ele não se importava com a dor, o sangue escorreu pelo seu braço todo e seu cérebro contou exatos vinte e oito segundos antes da voz na porta do seu quarto ecoar.
- Eu não te dei essa porra de adaga pra você se matar
Louis estava encostado no batente de sua porta, usando uma calça preta e blusa na mesma cor com os olhos vermelhos observando o sangue pingar, enquanto mantinha os braços cruzados e uma feição nada agradável que fez quando Harry olhar pra ele quase engasgar a própria saliva.
Harry sabia exatamente o que estava fazendo, e Louis também. Ele não ia se matar, e se o vampiro queria jogar aquele joguinho, Harry não ia se fingir de santo.
- Uma pena então não é mesmo?
Harry largou a adaga ao lado da cama e levantou para ir até onde Louis estava, ele mal deu um passo antes que o vampiro estivesse na sua frente. Os olhos vermelhos de Louis demonstravam raiva e um outro sentimento que a muito tempo Harry não via nos mesmos.
Desejo e sede.
Foi questão de segundos antes que Louis estivesse mordendo a própria mão e enfiando na boca de Harry, e depois disso tudo ficou turvo na cabeça do mais novo, ele podia sentir o sangue do vampiro na sua boca, o corte em seu braço se fechando, seu próprio pau pulsando dentro da cueca e a vontade ensurecedora de ter mais sangue na própria boca. Era como a melhor droga que ele já tinha provado, a mais viciante de todas.
- Flor, o vampiro sou eu, você pode parar de agir como uma puta desesperada pelo meu sangue.
De alguma maneira Louis tinha se apoiado sentado na cama e trazido Harry para seu colo, o mais novo deveria sentir vergonha de perceber que estava no colo de Louis se contorcendo mas ele apenas ignorou e fincou os joelhos na própria cama para observar a feição de Louis.
O vampiro podia falar o que quisesse, mas seus olhos mesclando entre vermelho e preto eram indicativos suficientes que ele sentia tanto desejo por Harry quanto deixava transparecer.
Harry fez questão de se inclinar novamente e lamber uma linha no pescoço do vampiro até que sua boca estivesse rente a orelha do outro, onde ele se afastou só o suficiente para que pudesse murmurar.
- Eu sempre fui uma puta desesperada pelo seu sangue. Diferente de você que parece ter medo do meu.
Antes que o vampiro pudesse reagir, Harry sentiu a adaga relando na própria perna e a pegou, deixando a ponta posicionada bem ao centro do coração de Louis. O que obrigou o vampiro a lhe encarar e ficar imóvel
- Você tem sangue de virgem Harry, caralho, você acha mesmo que eu nunca quis te morder? Só que só de estar perto de você eu já perco o controle. Você acha que eu gosto de te ter rebolando em cima do meu pau como uma puta barata depois de ver que você é tão desesperado por mim que quase se mata e não fazer nada?
Harry observou o vampiro falando e parou para notar o quanto o pau dele estava duro em sua bunda, com a adaga ainda pressionada sobre o coração de Louis, ele rebolou a cintura observando o vampiro por as presas pra fora e um arrepio subir por seu corpo. Ele não sabia se queria mais que Louis mordesse ele ou o fodesse.
- Isso também é sua culpa.
- Sim, é minha culpa eu não querer te foder porque você acha que eu teria autocontrole pra não te morder.
- Você já fez isso com outras pessoas, qual a diferença?
- Nenhuma delas estava tão impregnada com o meu sangue a ponto de eu ter uma ligação com elas inferno.
As mãos de Louis cravaram ainda mais sobre a bunda de Harry e o menino gemeu jogando a cabeça para trás a adaga deslizando um corte fino sobre a pele e camiseta de Louis.
- Isso vai ser um problema seu.
A petulância de Harry irritava Louis a níveis profundos, ele tinha acabado de soletrar que praticamente mataria o mesmo e isso não parecia o atingir.
Harry enfiou a mão sobre o cabelo de Louis e puxou para o lado, deixando a cabeça do vampiro exposta.
- Que porra você…?
Antes que pudesse completar a frase Louis sentiu um corte com a adaga sendo feito em seu pescoço, e Harry a jogando longe em seguida. Ele pensou por milésimos de segundos em parar aquilo enquanto ainda sentia o mínimo autocontrole mas se fosse pra falar a verdade, ele estava cansado de anos de autocontrole. Harry o encarou como se pedisse permissão, e ele virou mais a cabeça deixando com que o corte escorresse. Ele não ia cicatrizar tão rápido por conta da adaga e Louis estava cansado de lutar uma batalha perdida.
Quando os lábios de Harry encostaram definitivamente no seu pescoço ele foi ao inferno e voltou, a sensação de sentir exatamente o que Harry estava sentindo no momento e o laço entre eles ficando mais forte era avassaladora, e tornava sua sede ainda maior.
Harry começou instintivamente rebolar no seu colo e a cueca que ele ainda usava foi rasgada e jogada longe pelos dedos de Louis em segundos, que envolveram o pau do mesmo seguida.
A névoa de prazer que tomou conta da cabeça do garoto de cachos era insana, seu corpo parecia ter vontade própria e sua mente parecia derretida para pensar em qualquer coisa que não fosse Louis. Seu sangue. Seu cheiro. Seus cabelos no meio dos seus dedos. A mão controladora e forte ao redor do seu pau. Harry afundou mais no colo do mesmo e grudou a boca com vontade sobre a ferida quase cicatrizada. Seu baixo ventre se contraindo. Ele queria poder deixar a marca de sua boca no pescoço de Louis, um roxo, uma marca de mordida, qualquer coisa que dissesse a porra do mundo que Louis era dele. Que a conexão doentia que sentia quando estava com a boca cheia do sangue alheio era algo só dele.
Sua língua passou uma última vez sobre onde um dia houvera um corte e seus quadris arquearam, seu orgasmo sendo praticamente arrancado de si enquanto seus dentes cravavam numa mordida e sua boca se abriu para deixar um gemido digno de atriz porno, arqueando o corpo e cabeça pra trás em seguida quando os movimentos de Louis não pararam em seu pau sensível.
Harry certamente teria caído da cama se não fosse o outro braço do vampiro lhe prendendo a seu colo, seu coração ainda acelerado tentando processar que a mão em seu pau ultrassensível havia o deixado. Seus olhos que antes estavam fechados, se abrindo e se adaptando a luz com certa dificuldade, o fazendo gemer ao ver Louis colher com a própria língua o gozo de seus dedos que estavam sujos.
Sua boca se abriu em um gemido mudo e seu pau pulsou outra vez quando o vampiro colocou a mão agora limpa sobre sua colcha. Uma imensidão negra o encarou e ele se contorceu, colocando a mão ao redor do rosto de Louis e fazendo com que o mesmo ficasse com a boca mais próxima da dele. As presas do vampiro completamente a mostra.
- Você é uma vadia insaciável mesmo.
Um sorriso brincou no canto dos lábios de Harry e ele fez em seguida o que queria a séculos, juntou a própria boca a de Louis e sentiu as presas do vampiro machucando seus lábios inferiores, e a língua dele deslizando junto a sua. Seu controle durou até aí, quando Louis realmente o beijou com vontade, sem se importar no sangue escorrendo dos lábios de Harry, ou nas feridas suas presas estavam deixando, devorando Harry de dentro pra fora como a muito tempos o menor queria que ele fizesse Harry só conseguiu gemer.
Eles só se separaram quando Harry estava realmente quase morrendo por oxigênio, e a visão que Louis teve foi infernal. O garoto no seu colo estava com os lábios inchados, a respiração descompassada e as pupilas totalmente dilatadas.
Louis iria acabar com ele. Foda-se se Harry morresse no processo ele tinha implorado por aquilo desde quando se entendia por gente. Louis não era um mocinho para negar as próprias vontades eternamente.
Harry notou o exato momento onde a sede e o desejo falaram mais alto que a consciência de Louis, foi quando seu olhar voltou ao antigo azul por segundos antes de suas visão se tornar completamente preta, como a de um caçador que está atrás de uma presa.
A boca de Louis voltou a tomar a sua, só que dessa vez devagar, colhendo cada gota de sangue que escorria de onde as presas raspavam, saboreando o líquido que lhe dava tontura de tanto desejo. Ele só parou quando sentiu sua boca melada e as feridas completamente curadas.
Harry reclamou de suas roupas em algum momento, e ele fez questão de tirar todas as peças e rasgar a camiseta que o menino usava em segundos antes de puxa-lo novamente para o seu colo. Deus, ele não sabia o que lhe corroía mais naquele momento, a sede de sangue ou a vontade de só se enfiar dentro de Harry até que o mesmo estivesse chorando sem conseguir pronunciar o próprio nome.
Aparentemente Harry sabia decidir por ele quando olhando para os olhos de Louis ele apenas inclinou o pescoço e o deixou a mostra. Louis cravou as unhas na bunda do mais novo, se inclinou para o pescoço e deixou um beijo demorado lá, deixando as presas roçarem na pele branca de Harry.
Ele podia sentir a pulsação desesperada do coração de Harry e a veia pulsando sobre sua língua, e o gemido de descontentamento que saiu da garganta de Harry. Era engraçado ver como sua presa chorava por antecipação.
- Louis… por que porra…
Harry não teve tempo de terminar a frase. Quando sentiu sua pele sendo rasgada e Louis sugando seu sangue, ele gritou praticamente em prazer puro, se tomar o sangue de Louis trazia um sentimento prazeroso e de conexão, ser mordido por ele era assustadoramente tudo isso ampliado. Parecia que Harry estava a beira de um orgasmo o tempo todo e que cada pensamento e desejo de Louis passavam por seu corpo. O pau duro roçando em sua bunda parecia seu próprio pau em desespero, a sede de sangue parecia sua e a sensação da boca preenchida com o seu sangue que trazia satisfação parecia sua. Se Louis estivesse sentindo tudo aquilo, Harry entendia perfeitamente agora a parte do não conseguir parar.
Ele não pararia no lugar de Louis.
Como se tivesse ouvido seus pensamentos Louis gemeu, as presas ainda fincadas em Harry e a boca cheia de sangue, deixaram escorrer algumas gotas que foram direto para o peito e pau de Harry.
Deus, o estado de frenesi que Harry tinha entrado fazia com que ele quisesse ficar lá pra sempre, foi só quando a sua visão turvou e ele sentiu os braços perderem a força que ele saiu de lá. Ele estava mole e seus olhos fechados demais, algum líquido quente foi posto em sua boca e ele demorou segundos para voltar que se deu conta em como seu corpo ainda pulsava em tesão.
- Eu quase te mato mas a primeira coisa que você pensa é que está com tesão.
- O que significa que eu estou muito bem vivo.
Louis deu uma pequena risadinha de escárnio pra ele, seus olhos estavam azuis agora e seu pau duro como uma pedra.
- Por que você não usa essa boca pra algo melhor além de me infernizar?
Harry sorriu com a fala. Com seus sentidos completamente de volta ele saiu de cima de Louis, e ajoelhou do lado cama.
- Como você quiser… como eles te chamam mesmo príncipe ou majestade?
Louis desceu um tapa ardido na cara do ser petulante a sua frente e ficou feliz quando viu uma lágrima escorrer.
- Abra bem esse caralho de boca que você tem Harry. Eu não dou a mínima se você engasgar, chorar ou espernear, eu vou foder essa marra pra fora de você e só parar quando eu quiser.
Harry mal terminou de abrir a boca e Louis já tinha o pau enfiado na mesma, forçando a garganta do cacheado a se acostumar, seus olhos ardiam e lacrimejavam, o tratamento duro de Louis como se Harry fosse só mais uma puta barata esquina fazia seu pau escorrer mas ele felizmente aguentaria tudo que o vampiro quisesse.
Sua mandíbula doía quando Harry engasgou e o que Louis fez em seguida quase lhe fez gozar. A mão forte em seu cabelo tinha tirado o pau da boca de Harry por apenas alguns segundos e encarava o menino quando enfiou novamente, só que dessa vez os dedos de Louis não permaneceram em sua cabeça mas sim desceram e prenderam a respiração de Harry segurando seu nariz. No desespero de tentar respirar, Louis enfiou seu pau ainda mais fundo na garganta alheia e manteve a cabeça do menino ali até que ele estivesse tão desesperado por oxigênio que batesse em sua perna.
- Você pediu pelo meu pau como uma verdadeira prostituta durante anos Harry. Então quando eu enfiar ele na sua boca outra vez, eu quero sentir o volume na sua garganta e não você desesperado por ar.
A fala de Louis mal havia terminado quando Harry abriu a boca novamente, num desafio mudo a si próprio, o vampiro escorregou o pau para dentro da cavidade e com a ponta dos dedos sentiu a protuberância que se formava na garganta de Harry. Apertou sobre a pele e sentiu seu baixo ventre contrair enquanto Harry tentava engolir todo o gozo sem engasgar ou sufocar. Quando Louis puxou o pau pra fora e o cacheado observou que nem uma gota de porra havia ficado fora de si ele se sentiu orgulhoso.
Ele mal havia recuperado o ar quando Louis o jogou de quatro na cama, separando as bandas de sua bunda e dedilhando sobre seu cuzinho virgem. Harry gritou com vontade quando sentiu a língua do outro rodear sua entrada. Seus braços estavam tremendo e tudo o que ele mais queria era Louis dentro de si, ele estava pedindo por favor e nem sabia para que exatamente.
Louis não teve um pingo de dó de Harry quando enfiou dois dedos de uma vez, apenas molhados com sua própria saliva. Sabia que Harry nunca tinha dado para ninguém mas isso não significava que o garoto não era uma puta.
Louis lhe faria pagar por todas as vezes onde aquele merdinha havia se cortado com um plug e tomado o sangue de Louis para gozar em seguida.
A adaga que tinha sido jogada no canto do quarto chamou a atenção de Louis, e o mesmo abriu um corte generoso na palma da mão quando a pegou, colocando a mão que jorrava sangue na boca de Harry. Os dedos que ainda estavam dentro do garoto se curvaram e passaram a macetar sobre a próstata do mesmo.
Harry estava entre o paraíso e o inferno, seu orgasmo vindo de uma maneira desesperadora e sua cabeça envolta num misto de Louis, sangue e seu cuzinho sendo maltratado pelas mãos alheias. Ele não sabia no que focar ou o que fazer, se gemia e deixava o sangue de Louis escorrer, se continuava só se contorcendo desesperado ou se gritava para parar.
A segunda vez que gozou foi bem mais forte que a primeira e por alguns minutos ele realmente achou que fosse desmaiar, a mão de Louis em sua boca saiu e ele pode buscar mais ar. Sentia seu corpo destruído e sem forças para fazer qualquer outra coisa que não fosse gemer. E quando os dedos em sua entrada socaram sobre sua próstata um última vez ele se contorceu fugindo do toque. A mão em seu baixo ventre o parou no meio do caminho com uma força assustadora e ele abriu os olhos para olhar para Louis.
O vampiro apenas sorriu para ele antes de puxar os dedos pra fora de uma vez. Harry engasgou com a ação e gemeu se sentindo vazio, seu cuzinho piscava por atenção e para que fosse preenchido novamente. Louis observou a cena e se abaixou para que estivesse rente a orelha de Harry.
- Eu vou socar meu pau tão fundo em você que vai ser a única coisa que seu corpo vai sentir por horas, e quando eu gozar, eu vou assistir minha porra cair gota por gota para fora do seu corpo enquanto você se contrai desesperado para guardar tudo dentro de si. Porque você vai estar acabado Harry. Aberto como uma puta. E aí eu vou beber seu sangue até te sentir mole nas minhas mãos e incapaz de se mexer.
Harry gemeu alto com isso, ele amava como Louis tinha deixado de o tratar como uma boneca de porcelana para o tratar como um brinquedo particular.
- Sim, por favor, por favor.
Foram as palavras que sua mente foi capaz de raciocinar e falar, ele sentiu Louis puxando seu corpo e o deixando de quatro na cama. Harry não tinha forças para manter seus braços retos, então caiu de cotovelos sobre a cama e empinou a bunda num convite descarado. Ele podia estar sem forças mas tudo que mais queria no momento era o pau de Louis dentro de si.
O vampiro observou a cena sentindo suas presas se pronunciarem sobre sua boca, era bizarra a devoção e sede que ele tinha sobre aquele garoto, e ver o mesmo se expondo daquela maneira mexeu com algo primal dentro de si. Ele estalou um tapa sobre a bunda de Harry que fez com que o mesmo fosse para frente na cama. A marca de seus cinco dedos agora estampava a bunda alheia, e sua sede ao ver isso só aumentou. Ele abaixou o rosto e deu um beijo no local onde sua mão havia marcado e logo em seguida cravou os dentes sobre a pele que se rompeu facilmente. Em algum lugar em sua mente ele lembra de ter ouvido Harry gritar um xingamento mas ele não se importou. Assim que o sangue chegou em sua boca ele se separou.
- Eu vou te foder com o seu próprio sangue Harry.
A imagem a sua frente era esplêndida, a pele marcando, os dedos do tapa, os dois furinhos que vertiam sangue da mordida e Harry tremendo. A única coisa que melhorou ainda mais a cena foi pegar em seu próprio pau e o arrastar lentamente pelos furos da mordida, o sangue de Harry manchando sua pele enquanto pré-gozo saia da cabeça de seu pau para grudar em Harry.
Louis poderia ficar eternamente naquilo. Seu pau cada vez mais molhado pelo sangue de Harry enquanto estava duro pra caralho, e a bunda que se estendia a sua frente como um banquete. Por uma última vez ele passou a glande já manchada de vermelho sobre um dos furos de suas presas e gemeu. Por mais que quisesse ficar naquela brincadeira sadica para sempre os gemidos manhosos e desesperados de Harry lhe despertavam para o cuzinho virgem e desesperado que ele iria arregaçar.
Segurando em seu pau, ele enfiou a glande devagar e gemeu. O sangue deixava tudo mais escorregadio e paredes internas do garoto que lhe apertavam enquanto ele enfiava o restante o faziam ver estrelas. Harry estava uma bagunça de gemidos e choro pedindo por mais abaixo de si e ele mesmo não sabia por quanto tempo manteria o controle. Estocando num ritmo forte Louis se perdeu no próprio prazer.
Ele nunca tinha ficado com tanto tesão em alguém, suas estocadas selvagens agora faziam Harry gritar e quando sentiu que o próprio orgasmo estava chegando ele manteve um ritmo ainda maior, puxando Harry da cama e o colando a seu corpo para que tivesse acesso ao pescoço do menino.
Harry mal aguentava o próprio corpo, e só estava com as costas coladas ao peito de Louis porque o vampiro estava literalmente lhe segurando, sua cabeça estava tonta e sua visão nublada pelo prazer, ele ia gozar novamente e nem sabia como isso era possível, mas seu pau e mente só imploravam para Louis ir mais rápido, forte e fundo. Sua próstata estava sendo impiedosamente surrada e de sua boca só saíam grunhidos incompreendidos. Sua mão foi em direção ao próprio pau para arrancar de si mais um orgasmo mais Louis foi mais rápido e a segurou. Ele implorou um misto de por favor enquanto lágrimas caíam e quando estava para abrir a boca mais uma vez ele sentiu seu pescoço sendo mordido. Isso lhe mandou por uma espiral de prazer que quase o fez desmaiar, e seu pau ultrassensível gozou como se fosse a primeira vez aquele dia. Ele nunca tinha sentido tanto prazer.
Sua entrada sensível sentiu quando Louis gozou fundo dentro dele, e mais uma vez Harry achou que fosse desmaiar de tanto prazer. A boca do vampiro sugando seu sangue tornava tudo mais sensível. Ele sentia cada parte do corpo formigar de prazer e deleite, e soltou um gemido alto e choroso quando sentiu Louis tirar o pau de dentro de si. Ele estava tão aberto, queria apertar as pernas mas não conseguia se mexer, a boca de Louis estava grudada ainda sugando seu sangue e ele sentiu porra escorrer por suas coxas. Sua boca soltou um murmurinho de lamentação e em seguida os dedos de Louis estavam lá, pegando o próprio gozo e enfiando novamente dentro do cuzinho de Harry para se manter lá dentro.
Harry gritou quando sentiu o vampiro fazendo isso e suas pernas que já estavam trêmulas, ficaram moles, ele sentiu Louis cravando os dentes mais fundo em si e sua cabeça ficou leve, os dedos do vampiro mais uma vez entrando dentro de si, um prazer surreal se apossando do seu corpo e um orgasmo que Harry não previu vindo com tudo. Fazendo tudo ao seu redor girar. Os dedos de Louis saíram de dentro de si e quando Harry sentiu prazerosamente Louis sugar seu pescoço, uma escuridão encontrou ele de volta.
••••••••••••••
Louis observou a cena ao seu redor. Os lençóis manchados de sangue, o quarto bagunçado, a adaga no canto da cama, as roupas destruídas que outrora Harry usava e o corpo sem vida em cima da cama. Ele não sabia o que fazer exatamente mas ele sabia que quando tudo aquilo começou, ele devia ter parado. O garoto gelado e morto por sua causa. Ele não sabia por onde começar arrumar tudo.
Ia dar um trabalho do caralho explicar para o seu clã como ele tinha transformado um humano que ia ter uma ligação com ele para a eternidade e ser rei das trevas ao seu lado aos dezoito anos.
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🎃 kinktober - day six: age kink com esteban kukurizcka.
— aviso: age kink, sexo sem proteção, creampie, fluffy.
— word count: 4k.
— nota: inspirado em call me by your name. AMO VC KUKU.
1984, Menorca - Espanha.
você nunca tinha visto cidade mais bonita que Menorca. pertencente às ilhas Baleares, era notória por suas praias paradisíacas e por suas paisagens pitorescas. era de tirar o fôlego na parte da manhã, quando o sol iluminava cada pedra das ruínas, refletia incandescente no mar de águas límpidas e aquecia a pele em um beijo morno. sobretudo, na parte da noite, quando a brisa era fresca e revigorante, fazendo os vestidos de verão inflarem como os de Marilyn Monroe, e as luzes eram brilhantes e hipnotizantes.
você morava em Portugal há bons anos e estudava literatura na Universidade de Lisboa. quando surgiu a oportunidade de escrever a monografia baseada nas obras um famoso escritor espanhol, não hesitou em fazê-lo. tinha sido seu professor de semântica que lhe apresentara a ideia, e tinha sido ele quem tinha entrado em contato com o tal escritor para que a sua monografia pudesse ser a mais completa possível, incluindo entrevistas com o próprio autor.
o problema era que Alfredo Kukuriczka, o escritor, era um homem de idade. tinha dificuldade para ouvir o que lhe era perguntado através de ligações e as cartas demoravam muito para irem e virem. aquilo significaria perder tempo, o que você não estava apta a fazer.
então, o escritor tomou a iniciativa de convidá-la para visitá-lo em Menorca. você estava de férias, ele estava livre e a comunicação seria mais fácil daquela maneira. ele pagaria pela sua passagem e ofereceria estadia em sua casa e você poderia passear pela cidade o quanto quisesse. era o plano perfeito.
e, por um tempo, tinha sido. a casa dele era uma maravilhosa construção cheia de janelas amplas, um jardim robusto, rodeada por um pomar de frutas graciosas. tinha uma piscina de água natural e a mobília era antiga, como se tivesse saltado de um filme de época. possuía espreguiçadeiras e um acesso remoto à praia.
a mulher dele, Isabel, era um anjo. cozinhava paella e polvo como ninguém. sempre enchia o seu prato no café da manhã e lia o seu trabalho com uma grande adoração. você a ensinou como fazer pastel de nata e ela lhe ensinou a fazer papas. frequentemente, era comum que ela pegasse os seus vestidos e blusas no varal para costurar um furinho ou outro no tecido.
Alfredo era genial. apesar da idade avançada, seus pensamentos eram como os de um jovem adulto cheio de energia. divagava por horas em qualquer assunto e lhe ensinava coisas que você jamais vira na faculdade. pediu para que você escrevesse para ele. falava por horas como via o talento em você e como você seria uma escritora de sucesso, mesmo que ainda não tivesse nada pronto. via como sua mente maquinava e se impressionava com o seu traquejo. não via aquilo há muito tempo.
foi em uma tarde chuvosa que um táxi parou no pátio de entrada. você estava no seu quarto, redigindo o trabalho em uma máquina de escrever antiga que o seu mentor tinha lhe emprestado. as gotas de chuva gordas batiam contra a janela, fazendo um barulho gostoso de ouvir. no entanto, o ronco do motor se sobressaiu, atraindo sua atenção. não era comum visitas.
quando o viu, jurou sentir um arrepio correr por toda a espinha. era alto, tinha cabelos claros e um nariz bonito. equilibrou duas malas nas mãos enquanto a esposa do seu mentor apareceu, o abraçando carinhosamente. ele tentava se mover para que ela não se molhasse, mas ela parecia não se importar.
você ficou os minutos seguintes no quarto, se perguntando quem era aquele homem e se ele ficaria com vocês no restante das férias. por um momento, teve pânico de que as suas tardes nas espreguiçadeiras tivessem fim com a chegada dele. ou então, que ele fosse outro orientado do autor e roubasse seu tempo de trabalho.
Isabel lhe chamou no quarto meia hora depois da chegada do desconhecido. quando você abriu a porta, pôde sentir o cheirinho de café coado aromatizando toda a casa. te convidou para tomar o café da tarde e você, que nunca recusava, assentiu timidamente.
o homem estava sentado em uma das cadeiras da mesa da cozinha, os cabelos molhados. tinha trocado a camiseta, optando por uma que não estivesse molhada. tinha uma toalha nas pernas, que secavam o restante do corpo. ria deliciosamente com Alfredo, bebericando a xícara de café.
a porta dupla da cozinha estava aberta, trazendo o cheirinho de chuva e terra molhada para dentro. os passarinhos cantavam fervorosamente enquanto o sol iluminava as gotas de chuva aqui e ali. o tom dourado lavava a cozinha e você jurou nunca ter visto um homem tão bonito.
"aí está ela!" Alfredo sorriu ao te ver entrar na cozinha. "Esteban, essa é a minha pupila. está escrevendo sua monografia sobre minhas obras e passando um tempo conosco."
"foi ela que me ensinou a fazer esses pastéis de nata!" Isabel colocou as mãos sobre os seus ombros, acariciando. sobre a mesa, o pratinho dele estava cheio dos docinhos portugueses.
"este é nosso filho, Estebán. estava em Londres e veio passar o restante das férias conosco."
"é um prazer." você se inclinou para a mesa para apertar a mão dele. "também é escritor?"
" não. meu pai bem que queria, mas não dei esse orgulho a ele." Estebán comentou com um sorrisinho de canto. "mas dou aula de literatura espanhola em Birmingham."
"em Birmingham? uau." você não evitou ficar surpresa, arrancando um sorrisinho orgulhoso do homem. "desde quando?"
"fazem alguns bons vinte anos."
"de repente, me sinto velho." Alfredo comentou, fazendo você e Estebán sorrir.
depois da chegada de Estebán, tudo havia ficado melhor. quando você se sentava para discutir o seu trabalho com Alfredo, ele sempre sentava junto com vocês dois. por ser formado em literatura espanhola, havia estudado a literatura do próprio pai e podia contribuir com a visão acadêmica que, sozinha, você jamais alcançaria.
quando você queria ir à cidade, Estebán sempre se oferecia para levá-la, te poupando do passeio de bicicleta no sol escaldante. tinha te apresentado a melhor sorveteria da cidade, além da melhor livraria onde vocês passavam horas lendo e tomando café. um dia, decidiu levar você e os pais dele para um jantar num restaurante aconchegante com uma deliciosa comida caseira. depois de deixar Alfredo e Isabel em casa, te convidou para ir até um bar na beira da estrada que ele sempre ia quando era adolescente e vivia em Menorca.
"e como foi crescer aqui?" você perguntou, bebericando a cerveja que havia pedido. pessoalmente, era uma menina que preferia aperol spritz, mas duvidada que o bar serviria aquilo.
"foi bom. tem muitos turistas, então eu conheci muitas pessoas enquanto morava aqui." ele brincou com o copo de uísque que bebia. "inclusive minha ex-mulher."
"você já foi casado?"
"por onze anos." ele sorriu, um pouco triste. "as coisas começaram a dar errado quando ela descobriu que eu era estéril e nós não poderíamos ter filhos biológicos. tentei convencê-la de adotar, mas... ela não se interessou."
"vocês se divorciaram recentemente?" não conseguiu evitar. estava tonta, um pouco letárgica. acariciou o braço dele para mostrar apoio.
"há um ano." ele encarou a sua mão delicada sobre a pele dele, cheia de anéis, com as unhas pintadas de preto. sorriu, grato pelo carinho. "mas eu não quero te encher com essas bobagens."
"claro... só estou um pouco chocada que você já se casou e divorciou. achei que você tinha uns trinta." você recolheu as suas mãos de volta ao seu copo de cerveja, mudando de assunto.
"tenho quarenta e dois." ele riu, dando um fim no copo de uísque. "mas, obrigado pelo elogio."
quarenta e dois. soava bonito na boca. a língua tocava o céu da boca e o "s" era puxado ao final. ele já tinha dito que trabalhava como professor há vinte anos, mas você não conseguia acreditar que ele tinha passado dos trinta. quando sorria, parecia ter, no máximo, vinte e oito. você tinha se atraído por ele com tanta facilidade que era assustador.
tinha começado com as caronas e a ajuda acadêmica. depois, foi a presença. começou a sentar-se na mesinha na área da piscina enquanto você tomava sol, lendo um clássico qualquer enquanto te pedia opiniões sobre os livros. discutiram por dias o temperamento de Heathcliff e a fragilidade de Cathy enquanto tomavam soda italiana preparada por Isabel. Estebán a levou para conhecer as partes desertas da praia que rodeava a casa e te ensinou a mergulhar para observar os corais. vocês assistiam filmes antigos até tarde na televisão da sala da casa. faziam compras juntos para a casa nas feirinhas de Menorca.
era impossível não se apaixonar. ele estava sempre tão bonito. usava camisetas de botões, shorts acima do joelho e óculos de sol sempre que iria sair. andava com os cabelos bagunçados e te convidava para fumar tarde da noite no jardim de trás da casa. sempre levava uma garrafa de orujo para as sessões de escrita e vocês tomavam uma dose sempre que acabavam um tópico.
foi em uma noite quente que, depois de beberem muitas doses de orujo, vocês decidiram sentar à beira da piscina. seu trabalho estava nas conclusões finais e você deixaria Menorca em breve. estava triste, embora satisfeita. em breve estaria formada e poderia fazer o que quiser com a sua vida. por outro lado, talvez nunca mais voltasse a ver Alfredo, Isabel ou Estebán.
"você pode sempre visitar Menorca. meu pai já te considera uma filha." Estebán dizia. estava tão bêbado quanto você, com as bochechas vermelhas e os cabelos bagunçados, mas não admitia com facilidade. "e, claro, tem de conhecer Birmingham. eu serei o seu guia."
"seus pais adorariam Portugal. você devia convencê-los a ir. e claro, ir junto." seus pés balançavam na água límpida.
"podemos nos organizar quanto a isso." ele a mirou, os olhinhos quase fechados brilhando na escuridão. quando sentiu a mão de Estebán na parte de baixo das costas, gelou. "mas, antes, vamos nos concentrar em ficar sóbrios."
ele a empurrou com tudo para dentro da piscina. você evitou gritar para que não acordasse Isabel e Alfredo, mas o fuzilou com o olhar ao voltar a superfície. ele já estava na piscina, ao seu lado, retirando todo o seu poder de puxá-lo para dentro.
"você parece uma criança para um homem da sua idade." você comentou, emburrada, arrancando uma gargalhada de Estebán.
"obrigado, é o meu charme."
nadaram por minutos à fio na escuridão do jardim, banhados pela luz prata do luar. brincaram, riram, espirraram água um no outro como crianças. conversaram assuntos sérios de novo. pintaram as palavras de melancolia ao confessarem que sentiriam saudades de Menorca quando fossem embora. se encararam por bons segundos, se aproximando demais um do outro.
Estéban te olhou como se fosse a primeira vez. como se esquecesse que você tinha vinte e três e ele quarenta e dois. como se descobrisse o quão bonita você era. admirou o seu vestido florido agarrar-se ao seu corpo e adornar todas as suas curvas, do busto bonito até a cintura submergida. quis pegar o seu rosto e beijá-la, onde ninguém podia ver, mas sentia-se extremamente errado em pensar em fazer aquilo. dava aula para centenas de meninas da sua idade na Universidade e sabia que, no fundo, eram apenas crianças brincando de ser adultas.
"devíamos ir dormir antes que você pegue um resfriado." foi tudo o que ele disse, acariciando o seu ombro antes de sair da piscina e oferecer ajuda para que você saísse também.
na sua última semana de estadia, o clima era de despedida. Alfredo te levou mais uma vez na cidade para lhe presentear com diversos livros da sua livraria favorita (que era a mesma de Estebán). Isabel tinha cozinhado todas as suas comidas favoritas e você tinha pintado as unhas dela de preto, como ela mesmo havia pedido. Estebán tinha comprado uma garrafa de vinho especial para o seu último jantar em Menorca.
depois da noite na piscina, ele havia se distanciado um pouquinho. você jurou ver um relance da atração dele por você naquele dia, mas tão rápido como havia aparecido, se foi. e nos outros dias, só se encontrava com você quando Isabel ou Alfredo estavam por perto.
é claro que ele tinha visto o brilho nos seus olhos. a correspondência, o desejo, a súbita alegria quando ele te olhou de outra maneira. ele percebia os olhares quando estavam juntos, a sua gentileza, seu interesse em ouvir as histórias que ele tinha para tocar. sentia o quão sensibilizada você ficava quando se encostavam sem intenções. via a confusão nos seus olhos para decidir se deveria se aproximar ou se afastar.
o muro que ele havia construído na última semana para separá-los pareceu ruir quando você adentrou a sala de jantar em shorts jeans mom e com uma camiseta de botões. estava tão linda. percebeu como havia ficado mais bronzeada nos últimos dias somente à luz do ambiente. tinha parado de ir à área da piscina para lhe fazer companhia.
os labradores da casa estavam deitados preguiçosamente no chão, mas se ergueram ao vê-la entrar. você acariciou ambos, Bernard e Beatrice, antes de se sentar à mesa. percebeu os olhos de Estebán fixos em você e sustentou o olhar até que ele fosse obrigado a desviar.
o jantar tinha sido agradável. comeram salmão, beberam o vinho caro que Estebán havia comprado e degustaram a maravilhosa torta de limão siciliano que Isabel havia feito. quando o sol se pôs e o vento soprou o cheiro de chuva, não demorou muito para que as gotas caíssem. o jantar terminou ao som de Édith Piaf na vitrola e você e Estebán admiraram enquanto Alfredo e Isabel dançavam juntos pela sala de jantar.
você resolveu dar início à arrumação, retirando os pratos e talheres em meio as reclamações de Isabel. "é o mínimo que eu posso fazer para agradecer a estadia", você argumentou. Estebán te ajudou a retirar a mesa e a limpar os pratos, cantarolando a melodia da música que tocava no cômodo do lado.
"eu queria agradecer pela sua visita. meus pais estão mais felizes do que nunca." ele disse, secando os pratos enquanto você lavava. "acho que a sua visita trouxe calor para essa casa novamente. obrigado."
"foi um prazer ficar aqui. eu amei as últimas semanas, não tenho como agradecer seu pai e sua mãe." você secou as mãos nos shorts, um pouco tímida. "e a você. você me ajudou e me recebeu nesses últimos dias. sou muito grata por isso, Estebán."
ele assentiu, sorrindo um pouco sem jeito com a sua confissão. estava com as bochechas avermelhadas como no dia em que nadaram juntos, bêbados de oruja.
"sobre aquela noite na piscina..." ele começou, mas você sinalizou para que ele parasse.
"não precisa falar sobre isso. eu entendi." ser rejeitada já era ruim o suficiente. não queria ter que ouvir ele se explicar.
"eu gosto de você. acho você inteligente, sagaz, linda, atraente... e mais um milhão de qualidades que eu poderia dizer por horas. mas, você é nova demais para mim." ele sorriu, um pouco triste. "quando você nasceu, eu já estava na faculdade, noivo. eu dou aula para meninas da sua idade todos os dias, eu não posso fazer isso com você."
"então foi por causa da minha idade?" Estebán assentiu. "isso é uma bobagem, idade é só um número, Estebán. nós conversamos todos os dias durante essas semanas, você viu como somos tão iguais. eu gostei de passar o tempo com você e você gostou de passar o tempo comigo. então, qual o problema? eu sou maior de idade."
"seria errado. seria como beijar uma irmã mais nova."
"você me vê como uma irmã mais nova?" você ergueu uma das sobrancelhas, impaciente.
"não... eu queria, mas não consigo."
"eu não vou implorar para você ficar comigo, Estebán." você terminou de guardar a louça. "não vou ser a sua justificativa caso você se arrependa."
silenciosamente, você deixou a cozinha e alegou cansaço para que pudesse se retirar. abraçou Isabel e Alfredo e se despediu dos labradores com beijinhos antes de subir as escadas e ir para o seu quarto.
ainda tinha uma mala inteira para arrumar. odiava ser tão procrastinadora, mas era inevitável. era como se a sua mente implorasse para que você ficasse em Menorca para sempre. que esquecesse a graduação e vivesse na ilha dia após dia, escrevendo e tomando sol.
a chuva não havia parado. pelo contrário, parecia aumentar a cada segundo. por isso, às três da manhã, quando você terminava de fechar a mala e guardá-la ao pé da penteadeira, foi difícil ouvir as batidas na porta. levou duas ou três investidas para que você escutasse e fosse atendê-la.
"pensei que estivesse dormindo." era Estebán. vestia uma camiseta velha e um shorts largo como pijama. "mas, lembrei que você dorme tarde, assim como eu."
"você quer alguma coisa?"
sem mais gentilezas, Estebán a puxou pela cintura e selou os seus lábios aos dele. tinham gosto de ojuro e cigarro, o que provavelmente tinha sido utilizado para que ele ganhasse coragem para ir até você. a língua era terna, cuidadosa, embora a força com que ele segurava sua cintura fosse absurda.
seus dedos se enterraram nos cabelos dele, coisa que você gostaria de ter feito há muito tempo. se beijaram apaixonadamente por bons segundos, matando toda a vontade que sentiram nos últimos dias. estavam a caminho da cama quando ele tropeçou e levou os dois ao chão.
uma risada fraca escapou dos seus lábios enquanto ele xingava baixinho. você subiu em cima dele, deixando um selar carinhoso na testa dele.
"você se machucou?" Estebán perguntou, preocupado.
"não, está tudo bem." você começou a desabotoar a camisa de botões. por baixo, não utilizava nada mais. deixou os seios desnudos, revelando os mamilos rijos à luz amarela do quarto. "você se machucou?"
Estebán apenas negou com a cabeça, admirando o seu corpo. depois de sua esposa, não havia ficado com mais ninguém. não sentia o interesse, nem o desejo. você lavou aquele pensamento da cabeça dele com tanta facilidade que ele se sentia quase culpado.
você puxou a camiseta dele para cima, revelando a pele bronzeadinha pelos últimos dias. com certa impaciência, ambos chutaram os shorts para fora do corpo, além das peças íntimas.
passaram alguns segundos se observando, respirando pesado devido a umidade em que o quarto se encontrava. Estebán era lindo. tinha as bochechas avermelhadas e os cabelos bagunçados. o seu pau era grande, com a glande rosada, pingando o pré-gozo.
não se demoraram em preliminares. Estebán a tocou na sua intimidade, deslizando os dedos para dentro de si enquanto você o masturbava lentamente. beijaram-se mais uma vez, as línguas deslizando em harmonia, saboreando a boca um do outro. quando os gemidos abafados começaram a escapar, você soube que os dois estavam altamente sensíveis e necessitados.
encaixou o membro dele com facilidade na sua entrada. não precisava de muito para que ele a deixasse molhada daquele jeito. quando deslizou o pau dele para dentro, um gemido baixinho verberou pelo quarto. Estebán agarrou a sua cintura, gemendo com você.
o quadril se movimentou, você rebolou no colo dele e sentiu a cabecinha atingir o seu ponto sensível dentro do seu canal apertado. as unhas se alojaram no peito desnudo de Kukuriczka, arranhando com uma necessidade assustadora.
“porra… você é divina, chiquita." o homem gemeu, baixinho. as mãos encontraram os seus seios, os apertando com força para que guiasse a velocidade dos seus movimentos. "você não sabe quantas noites sonhei com você em cima de mim desse jeito."
"e eu correspondo às suas expectativas?" suas mãos viajaram até os fios de cabelo claro, os puxando para trás. inclinou o seu corpo para frente, colando seus seios no peitoral clarinho.
"é muito melhor do que as minhas expectativas." o polegar acariciou as suas bochechas antes que ele segurasse o seu quadril, a deixando parada para que ele pudesse se movimentar dentro de você. os movimentos de vai e vem eram lentos e fortes, fazendo o seu corpo saltar a cada estocada. Estebán observava os seus olhos brilhando e a sua boca em formato de 'O', deliciado pela visão.
você sentiu os sentimentos da última semana fluírem pelo seu corpo violentamente. lembrou-se de todas às vezes que ele sorriu para você depois de uma piada, como segurou as suas mãos quando vocês mergulharam pela primeira vez e quando ele leu os seus trabalhos pessoais, elogiando cada um deles profusamente. sentiu-se completa ao ser possuída por ele, viciada nos olhos pequenos e escuros que a observavam com tanto interesse.
seus gemidos eram baixos, escondidos pelo constante gotejar da chuva. estavam abraçados àquela altura, escutando os corações palpitarem a todo vapor, enquanto Estebán se dedicava aos movimentos que, naquele momento, eram rápidos e descompassados.
"eu acho que estou apaixonado por você." ele confessou entre gemidos, segurando o seu rosto para que você o encarasse. a vontade de chorar quase a tomou por completo. doeria saber que voltaria à Portugal e teria que esquecê-lo.
"eu também estou apaixonada por você, Estebán. profundamente." o selar que veio em seguida foi calmo, destoando de todo o resto do ato. quando ele se agarrou aos seus cabelos e os movimentos tornaram-se mais errôneos, você soube que ele estava próximo. a visão dos olhos dele revirando foi o suficiente para trazer você ao ápice em harmonia ao dele.
se encararam por bons minutos enquanto a respiração se regularizava. você tremia, tomada por uma gama de emoções que jamais sentira antes.
"fique em Menorca." ele pediu, acariciando seus cabelos.
"eu não posso." você sorriu, tomada pela vontade de chorar, mais uma vez.
"eu sei. mas, não custava pedir, certo?" seus dedos se entrelaçaram e ele deixou um selar sobre as juntas dos seus dedos. "volte para Menorca."
"isso eu pretendo fazer. com você aqui, de preferência."
"não se preocupe. eu esperarei ansiosamente."
[...]
a apresentação da sua monografia tinha sido um sucesso. uma nota dez e um convite para publicação em uma revista científica eram mais que suficientes por todo o trabalho duro que havia feito.
tinha escrito para Alfredo e Isabel, enviando o seu convite de formatura, além da sua aprovação. tinha, também, enviado o convite para Estebán, embora não tivesse esperança de que nenhum deles comparecesse.
você e Estebán tinham trocado poucas cartas desde a sua volta à Portugal. contavam sobre as suas vidas monótonas e divagavam sobre a saudade que sentiam um do outro, mas nada trazia de volta a sensação que tinha vivido em Menorca. sentia falta do cheiro dele, dos olhos pequenos e do sorriso bonito. queria beijá-lo de novo e beber com ele até o sol nascer. queria fazer amor como haviam feito no último dia, por incansáveis horas, no chão, na cama, no chuveiro.
a cerimônia de formatura havia sido cansativa, embora emotiva. ganhou o seu diploma, abraçou seus pais e o irmão mais novo e se despediu das amigas que iriam embora para sempre. estava usando um dos vestidos que comprara na Espanha e sentia saudades dos Kukuriczka mais do que devia.
quando a multidão se dispersou do local da colação e você tirou um tempo para tirar foto com os familiares, foi quando o viu. de terno preto e gravata azul escura. estava de braços dados com a mãe e o pai ao lado. uma gotinha salgada de lágrima escorreu pela sua bochecha.
"ai está, nossa escritora." Alfredo sorriu, a puxando para um abraço. "não achou que eu fosse perder a formação de uma nova escritora, achou?"
"ah, que maravilha! foi tudo tão lindo. nós amamos ler o seu trabalho." Isabel a encheu de beijos no rosto.
Estebán a puxou para um abraço apertado e as lágrimas vieram sem pudor. o cheirinho dele continuava o mesmo. você queria mergulhar naquele homem e nunca sair de dentro dele.
"vou te levar de volta para Menorca." ele colou a testa dele a sua, deixando um selar logo em seguida. "ao contrário de você, eu vou implorar. e caso se sinta arrependida, pode me usar como justificativa."
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right nest, wrong bird
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–...E, com esse discurso feito, quero apresentar a vocês minha noiva!– disse Andrew Tomlinson, erguendo a taça servida de champanhe em uma mão e na outra contornava a cintura delgada da acompanhante –Saúde!
Todos os quinze convidados brindaram, cada um sua taça, em comemoração a notícia. Era realmente um ótimo acontecimento, Andrew era um homem muito querido e amado pelos mais próximos, adorado e admirado pelos demais; um homem louvável que fora muito devoto a mulher no primeiro casamento. Que respeitou a morte da esposa por pouco menos de vinte anos antes de decidir se casar novamente.
A noiva em questão, ostentava um sorriso lindo e carinhoso, comovida com o discurso e com tantas palavras lindas e robustas direcionada a sua pessoa. Mas não era apenas Andrew que compartilhava da opinião que ela era belíssima. Os parceiros de negócios presentes também apreciavam e comentavam —as vezes não tão discretamente quanto pensavam— sobre sua persona.
Harry Styles era uma mulher formidável e, naquela noite, estava especialmente mais bela. Usava um vestido vermelho vinho belíssimo, que ressaltava suas curvas; joias de ouro branco no pescoço, braços e tornozelo, e chegava a ser difícil dizer quem enfeitava o quê. No pé, um scarpan de salto fino, que a deixava mais alta e delgada do que já era.
Estar ali, segurando uma taça em comemoração ao noivado com um homem que a tratava melhor do que ela jamais pensou que seria tratada, parecia irreal. E foi ali, diante de tantos olhares irônicos e maldosos sobre ela, que jurou nunca mais voltar para a vida que tinha antes. Viver confortavelmente era a realização de um sonho e ela iria mantê-lo vivo, mesmo que significasse casar com um homem que não ama.
(...)
Assim que chegaram na casa de Andrew —que também seria de Harry muito em breve—, o homem circulou sua cintura por trás e já deixoi rastros de beijo por toda a nuca exposta e lateral do pescoço. Estava um pouco bêbado, mas muito consciente de sua parte de baixo incomodando-o dentro das calças.
–Calma, Andrew, vamos para o quarto– disse Harry, tentando-se manter tranquila e não jogar as mãos para fora de seu corpo.
Ela não odiava o toque do noivo, ele não era alguém asqueroso, pelo contrário, era um homem em ótima forma e aparência para alguém da sua idade que começou a trabalhar tão jovem. E também tinha sua personalidade adorável, ele era um amor e sempre compreendia quando ela não queria, nunca a forçou, apesar de sempre ter esse "poder" —era o que Harry achava, afinal ele pagava todas as suas contas. Ele realmente não era asqueroso, acontece que Harry simplesmente não sentia esse tipo de atração por ele.
Sexo para Harry sempre foi uma coisa que ela acho que tinha que ser com alguém especial. Não pela visão romantizada e distorcida que os livros tentam passar, e sim porque ela acreditava que seria mais gostoso olhar no fundo dos olhos daquele que você ama enquanto chega no clímax junto dela.
A atração não vinha com Andrew porque ela não o amava. Simples.
–Não precisamos ir para o quarto, a casa é grande e os empregados já estão dormindo– disse ele, as pressas, enquanto tirava os botões das casinhas da própria camisa social –E eu sempre quis transar naquele sofá...
Ele voltou a apalpar o corpo dela, guiando-a cegamente para para o local indicado. Harry deixou ele fazer o que queria; seria mais um daqueles momentos em que ela fingia não estar dentro do próprio corpo, apagando completamente para não prestar atenção ao que acontecia ao seu redor. Andrew nunca reclamou desse seu lado frigido, então ela deixava que ele tomasse o controle.
Harry sentiu o vestido ser puxado para baixo e logo seu seio foi tomado pela boca quente dele, sendo sugado com uma avidez estranha e desconfortável, mas que ela não ousou reclamar. E quando ele estava descendo a mão por debaixo do saiote, a luz da sala se acendeu, chamando a atenção dos dois em um supetão.
Ambos pularam para longe um do outro, como se estivessem sendo pegos no flagra como adolescentes. Olharam para a direção do interruptor e um jovem —muito bonito por sinal—, estava parado, com uma cara confusa.
Em um primeiro momento, Harry ficou encantada pela beleza do rapaz. Ele tinha uma altura mediana, mas um corpo bem trabalhado; quer dizer, não era musculoso, mas com certeza era o atleta de alguma universidade ao qual estudava. O rosto era uma mistura de másculo —com a barba por fazer e os traços rígidos, como os de quem passa muito tempo concentrado—, com alguém que acabou de passar pela puberdade —estranhamente pelos mesmos motivos. Os olhos azuis tão intensos quanto qualquer oceano, mas que não deixavam de carregar uma simpatia muito grande.
Após o choque inicial, a reação de Harry foi esconder o próprio corpo, ciente de que o busto estava desnudo, e corou por aquela ser a primeira vez que via alguém tão bonito em uma situação tão comprometedora.
–Que porra é essa?– perguntou o rapaz, a voz ligeiramente grossa e estridente.
–Olha a boca, rapaz!– repreendeu Andrew, em uma calma tão desconcertante que Harry desviou o olhar do garoto –Não queria que você a conhecesse assim, mas... Será que você pode virar de costas um instante?
Ele revirou os olhos e virou-se. Só então Harry pode perceber a mala de viagem ao seu lado. Esse devia ser o filho de Andrew, Louis.
O homem ajudou-a arrumar as vestes e deu a mão para ajudá-la a levantar. Apresentável dentro dos padrões nos quais foram encontrados, Andrew pigarreia e o garoto se vira novamente, encarando o casal.
–Harry, esse é Louis, meu filho, de quem eu tanto lhe falei, que estava terminando um curso de administração na França e, Louis,– o homem virou-se para o rapaz, com um sorriso orgulhoso estampando o rosto –Essa é Harry, minha futura esposa que lhe disse por telefone.
–Eu meio que tinha sacado quando vi aquela cena, mas porra!– xingou novamente, recebendo uma repreensão do pai pelo olhar –Caralho, você não disse que ela tinha a minha idade!
Harry corou. De novo esse assunto... Ele sempre vinha a tona quando Harry era apresentada como namorada e não filha.
–Ela tem vinte, dois anos a mais que você!– corrigiu Andrew, passando o braço pela cintura de Harry, fazendo a situação toda ficar ainda mais embaraçosa.
–Melhorou muito– disse Louis, sarcástico –Ela poderia ser a porra da minha irmã.
–Louis! Agora já chega, não vou tolerar que você fale dessa maneira na frente dela– esbravejou o pai, acariciando as costas de Harry como se pedisse desculpas pelas palavras do filho. Harry não se incomodava com isso, era bem verdade a notável diferença de idade, mas era um pouco humilhante ouvir isso de um garoto tão novo quanto ela –Vamos lá para cima conversar um pouco, tenha mais respeito pelos outros! Não foi assim que te criei.
–Desculpe, Harry, você deve entender que isso tudo é muito chocante para mim– Louis direcionou a palavra a ela, estendendo a mão para um cumprimento –Sou Louis, desculpe todo o palavreado e transtorno é só que...
–Eu entendo– ela disse, pela primeira vez, e Louis se surpreendeu com o tom de voz decidido e maduro partindo de uma garota tão jovem –Muitos tiveram a mesma reação, já estou acostumada.
Louis sentiu vergonha de a tratar tão grosseira e friamente como todos os colegas do pai —e ele tinha certeza que todos a trataram assim.
–Ainda assim, peço perdão– reforçou ele, recolhendo a mão após soltar o aperto –Pai, por favor, vamos ter a palavra.
Acentindo, Andrew beijou o topo da cabeça de Harry e sussurrou que mais tarde terminariam o que começaram e que era para ela lhe esperar sem roupa na cama, antes de partir escada a cima com o filho, que abandonou a mala para trás.
Harry soltou um ofego alto quando se viu sozinha. Ela não podia acreditar; sabia que Andrew tinha um filho, ele comentara inúmeras vezes, mas não sabia que era tão jovem. Sabia menos ainda que se encaixava perfeitamente em seus padrões.
(...)
Conviver na mesma casa que Louis era fácil. Ou, pelo menos, deveria ser.
O garoto voltara da França e se instalou na casa do pai, como era de se esperar do filho único, mas mal parava em casa. Vivia saindo com os amigos a noite —apenas para matar as saudades, dizia ele, já que ficara mais de meses sem ter quase nenhum contato— e durante o dia ficava trancafiado no quarto, estudando.
Era o que falava, ao menos, mas Harry não conseguia acreditar muito. Ela ficava sozinha em casa a maior parte do tempo, quando Andrew saia para trabalhar, e conseguia ouvir o som insuportavelmente alto do vídeo game. Nunca contou ao pai o que Louis realmente fazia, ela não era sua mãe ou madrasta, e o garoto também já era adulto o suficiente para saber o que estava fazendo. Não seria ela –tão garota quanto ele— que o daria um sermão.
As vezes, quando tentava ler um livro ou relaxar fazendo yoga na sala, tudo o que ela mais queria era subir e dar um belo puxão de orelha nele. "Como assim você não pensa no futuro? Acha que pode ser um moleque para sempre?", ela resmungaria, mas tinha medo que a resposta de Louis fosse pior: "Você tem uma vida fácil vivendo as custas do meu pai, por que eu não poderia ter o mesmo?".
Então deixava que o rapaz fizesse o que queria. Afinal, a casa ainda era mais dele do que dela —do que jamais seria dela, na verdade.
A maior parte de seu dia era bem entediante. Não tinha com quem conversar, o que fazer —já que todas as atividades domésticas eram responsabilidade dos empregados— e não podia sair, pois se mudara para um estado novo onde não conhecia nada e ninguém. Ela podia ligar para as antigas amigas, mas, sendo sincera, ela não queria. As amigas foram as primeiras a serem contra seu casamento e, quando Harry deu uma repaginada na aparência, sentiu um pouco de inveja se esvaindo delas.
Tudo o que lhe restava para fazer no dia era ler livros —e ela lia muito e com ardor—, praticar yoga, com a linda roupa de ginástica que Andrew comprou pra ela, e montar o cronograma alimentar da família. Quando Andrew chegava, sempre estava cansado demais e apenas a chamava para deitar, simplesmente porque adorava dormir de conchinha.
Mas um dia, as coisas mudaram.
Tudo amanheceu como de costume e, assim que Andrew saiu para o trabalho, Louis desceu as escadas com a louça suja que usara —o que, por si só, já era estranho, considerando que esse trabalho sempre ficava para uma empregada.
–Harry, eu...– começou Louis, sem saber exatamente o que dizer enquanto deixava a porcelana na pia. Ele devia o que? Avisá-la? Pedir permissão? Era uma situação tão estranha, por isso ele a evitava –Eu vou trazer uns amigos aqui para casa hoje. Vamos fazer um churrasco e usar a piscina, hum...
–Claro, Lou, sinta-se a vontade a casa é sua– respondeu ela, com toda a delicadeza e educação do mundo. Mas o que chamou a atenção foi o apelido que ela lhe dera; apenas os amigos o chamavam de Lou, entretanto, gostou da forma como saira daquela boca bonita –Ficarei no quarto, para não atrapalhar vocês.
–Na verdade,– disse ele, antes que ela pudesse sair cozinha. Se arrependeu quase que no mesmo momento em que viu aqueles olhos verdes pousarem sobre si com tanto interesse. Como se ele tivesse algo para lhe oferecer caso ela ainda não tivesse –Nada, esqueça. Só... Não precisa ficar trancada no quarto, você não é prisioneira aqui.
Suspirando, não sabendo se por decepção ou alívio, Harry concordou. Deu um sorriso gentil e respondeu:
–Eu sei, Lou, nunca me senti assim nessa casa. Mas também não quero atrapalhar vocês.
–Você não atrapalha– explicou Louis, rapidamente. Algo dentro dele aqueceu-se em saber que Harry lhe chamaria por aquele apelido agora –Não pense nisso nem mesmo por um segundo.
O sorriso aumentou, evidenciando os dentes salientes.
–Obrigada, Lou, isso foi muito gentil– foi o ela disse, por fim, virando-se de costas e indo para o quarto de casal que compartilhava.
A sacada do quarto dava para a área externa da casa; quem por ali via, tinha uma ampla visão da piscina e da quadra de tênis aos fundos. Era uma vista bonita, a casa era toda harmônica e bem planejada, cuidada desde o mais simples —como o quartinho de produtos de limpeza— até o mais glorioso: o belíssimo jardim que, de acordo com Andrew, foi investido muito dinheiro. As vezes, Harry se sentia em uma dinastia.
Mas a questão que se seguiu foi a seguinte, assim que entrou no quarto pode ouvir a risada dos amigos de Louis. O som a atraiu para fora e ela se permitiu sentar na espreguiçadeira para assistí-los. Não no sentido pervertido da coisa, afinal ela nunca se sentiu verdadeiramente interessada por garotos —apenas homens—, e sim porque a muito tempo ela não via um jovem. Ela havia se acostumado apenas com os empregados, os amigos do noivo e o próprio Andrew. Pessoas que nunca poderiam a oferecer o mesmo diálogo, energia e animação que alguém de sua idade.
Energia como aquela que ela assistia.
Louis e os amigos pulavam e empurravam-se na piscina como pessoas sem preocupação com a vida. Como se aquele momento fosse para sempre e nada da vida real —o dinheiro, o futuro, as responsabilidades— existisse. Harry sentia saudade de ser jovem como eles; ela não conseguia lembrar da última vez que desejou algo tão simples como ter amigos para compartilhar momentos bobos.
Se fosse honesta, ela não se lembra nem de já ter tido um momento bobo. Ela teve uma vida tão difícil, onde sempre foi sobre ter tudo ou nada. Se achava sortuda por nunca ter acabado como prostituta —destino de alguma de suas vizinhas.
Então, observar Louis e seus amigos poderia ser uma diversão; uma diversão que ela nunca se permitiu ter com as amigas. Por isso, quando o garoto voltou a trazer amigos para casa, Harry corria para o quarto ser uma espectadora e aprendiz; ouvindo e apreciando as músicas que eram tão diferentes daquelas que costumava ouvir com o noivo.
Aparentemente funk brasileiro e eletrônico poderiam animar qualquer festa.
Um dia, entretanto, uma batida soou em sua porta e Harry, estranhando, abriu-a com receio. Não era comum que os amigos de Louis entrassem na casa e, menos ainda, que subissem ao segundo andar, mas acreditou que poderia ser um bêbado perdido ao tentar achar o banheiro.
Só que não era.
–Louis?– ela disse, franzindo o cenho para o garoto mais novo, parado em sua porta, com uma cara tão confusa quanto a sua. Como se estar ali também fosse uma surpresa para ele.
–Sabe, você, hum...– começou ele, meio sem jeito coçando a parte de trás da cabeça. Harry percebeu que era uma mania dele quando estava nervoso e sorriu com isso –Bem, eu te trouxe esse prato de comida, porque... Bem, fizemos o churrasco cedo hoje e você não desceu para comer nada no almoço, fiquei preocupado que estivesse com fome, por isso eu...
Ele não concluiu a frase, apenas estendeu o prato de porcelana branco que tinha em mãos, entupido de comida até a borda. Tinha uma variedade muito grande de alimentos ali; coisas que Harry nem comia por causa de sua dieta de manter o corpo nos padrões de Andrew. Tentou não contorcer o rosto para o pedaço de carne rodeado de gordura que escorria óleo e abrir um sorriso gentil no lugar.
Ela aceitou o prato e trouxe para junto do corpo, olhando para Louis novamente.
–Obrigada, Lou, é muita generosidade sua– respondeu, ajeitando o cabelo para tirá-lo do rosto, sentindo-o um pouco quente e sabia que as bochechas estavam coradas –Espero não ter te atrapalhado.
–Já disse que não atrapalha, Hazz– retrucou Louis, sorrindo. Se ela tinha se dado o direito de lhe dar um apelido, ele também se atreveu a devolver. E ele amou como isso fez as bochechas ficarem ainda mais rosadas. Se perguntou se seu pai já a tinha feito corar assim antes –Minha preocupação é genuína. Eu odeio ter que te fazer se trancar no quarto e assistir nossa bagunça do lado de fora. Sei que deve incomodá-la.
Dessa vez Harry sentiu o rosto inteiro pegar fogo e podia jurar que até mesmo suas orelhas pegavam fogo agora. Louis sabia que ela os assistia.
–E-Eu... Perdoe se me pareceu e-estranho. E-Eu... Aí meu Deus, não sei nem o que dizer– reprimiu-se, fechando os olhos com força e com uma vontade terrível de bater a porta na cara de Louis –É-É só q-que vocês parecem se divertir tanto q-que é contagiante... Me desculpe, Louis.
Uma parte de Louis se decepcionou em não ouviu o apelido nessa frase. Ele não queria —definitivamente não— que Harry pensasse que isso era uma repreensão e que ele a estava intimidando. Seu objetivo era outra com aquela frase e era melhor ele se explicar logo antes que a garota voltasse com as formalidades de vez:
–Oh, que isso, não precisa se desculpar. Eu até queria perguntar se você não quer participar... Quer dizer, só há garotos, mas tenho certeza que eles serão gentis com você. Eles não costumam ser uns otários.
Harry sorriu novamente, aquele sorriso carinhoso que se espelhou em seu próprio rosto.
–Obrigada, Lou, mas acho que não. Adoraria conhecê-los e, se forem como você, tenho certeza que não são uns otários, mas não me sentiria confortável– ela disse, ternamente, segurando a maçaneta da porta –Obrigada pelo prato também, Lou, vou comer tudo. Ou tentar, tem muita coisa aqui.
Os dois riram.
–Certo, então...– iniciou Louis, o que pareceu uma despedida. Engraçado, ele não queria sair dali por nada. Amava seus amigos, mas deixaria eles sozinhos pelo resto do dia se isso significasse ver o sorriso de Harry e ouvir o som de sua voz –Eu vou deixar você sozinha. Tenha uma boa refeição, Hazz.
Com um último sorriso, ela fechou a porta e escorou a testa sobre ela.
Deus, aquela conversa tinha sido estranhamente desgastante para seu emocional. Seu coração parecia um tambor dentro do peito, de tão forte que batia.
Ela poderia tentar, mas nunca se acostumaria com Louis sendo gentil o tempo todo e, como se não bastasse, a chamando de Hazz. Hazz. O apelido soava bem em seus lábios.
Ela se pegou sorrindo novamente.
Talvez a felicidade pudesse existir dentro dela. Desde que ela pudesse ver e falar com Louis todos os dias, ela não se importaria de viver em um casamento infeliz.
(...)
Harry estava sentada na sala de estar luxuosa assistindo a lareira queimar enquanto desfrutava de um bom vinho tinto. Havia uma caixa de bombom em cima da mesa de centro, o qual já tinha comido metade. O tapete felpudo sobre seus joelhos amortecia-os do chão duro e frio daquela noite.
Ela suspirou; esgotada por, mais uma vez, esperar inutilmente Andrew chegar em casa. Ele ligou a uma hora, dizendo que não voltaria para casa tão cedo —pedindo as esfarrapadas e superficiais desculpas de sempre— dizendo que estava atolado de trabalho e que não esperasse por ele acordado. Não quer Harry sentisse sua falta, mas poxa... Ela era uma mulher em uma casa gigante; ela se sentia sozinha.
Chegou a se perguntar em como seria depois que se casasse, pois, se na fase lua de mel Andrew mal parava em casa, imagina mais para frente. Será que sua vida se tornaria isso? Fadada a gastar rios e rios de dinheiro, mas sem ter com quem compartilhar momentos ternos e —nem que seja— breves? Ela achava que não se importava, quando iniciou o namoro, mas agora, não poderia dizer o mesmo...
–Um dólar pelos seus pensamentos– falou uma voz, suave e calma. Harry olhou para cima e viu Louis sorrindo gentil.
Ela se forçou a sorrir também.
–Não valem tudo isso– respondeu, voltando sua atenção para a taça semi vazia a sua frente.
–Posso me sentar?– questionou o mais novo, indicando o lugar ao chão do lado dela.
Harry apenas deu de ombros e Louis tomou a liberdade. Sentou-se a um palmo de distância, encarando a lareira a frente deles como ela fazia antes. Não tinha nada para ser dito, então um silêncio se instalou.
Não era exatamente desconfortável estar na presença de Louis dessa forma, mas certamente era desconcertante. Ele é o tipo de homem —ou garoto— que sabia fazer uma mulher —ou garota— se sentir segura e confortável; não sabia dizer se era o clima leve que o rondava ou a forma juvenil com que levava os assuntos. Entretanto, estar em sua presença —bem ao seu lado— fazia com que uma parte dentro Harry borbulhasse em expectativa; algo em seu cérebro gritava: fale comigo, toque em mim, me beije... Me ame.
–Você já pensou em viver a vida de outra pessoa?– perguntou Harry, depois de um longo momento em silêncio. Era mais uma divagação sem fundamento, pois ela parecia muito concentrada no vinho parado –Digo, já sentiu que queria viver sob a pele de outra pessoa e ter a vida dela?
Louis não respondeu de imediato, pensando ternamente.
–Isso soa mais como inveja ou desejo?– questionou de volta, verdadeiramente curioso.
Harry deu de ombros. Talvez nem ela soubesse muito o que queria dizer.
–Bom... Eu nunca parei pra pensar nisso, acho, mas ultimamente eu tenho desejado ter a vida de outra pessoa– disse Louis, por fim, virando-se para olhar Harry de perfil –Talvez não a vida toda, apenas uma parte. Essa pessoa não parece valorizar essa parte de sua vida muito bem mesmo.
Harry não perguntou o que ele quis dizer com isso, apenas encarou-o com aqueles olhos brilhantes como se soubesse o que tentou dizer.
–E você?– Louis perguntou, tentando decifrar aquela expressão apática no rosto dela.
–Eu?– disse, arqueando as sobrancelhas, um tanto surpresa com a retórica –Eu já quis a vida de alguém sim... Mas não alguém em específico. Era uma vida imaginária, sabe? Daquelas que você sonha acordada a noite e durante o dia percebe que nunca vai acontecer com você.
–Como é essa vida que você sonha?
–Eu... hum... N-Não sei se-
–Prometo não contar ao meu pai se seu sonho não envolver ele– disse Louis, rapidamente trazendo risos a tona. Ele realmente sabia fazer um assunto pesado ser leve.
Harry viu, pelo canto do olho, Louis inclinar apoiar a cabeça na mão em cima da mesa de centro, esperando sua resposta.
–Bem, no meu sonho eu compartilho a cama toda noite com o mesmo homem. Digo, toda noite ele está lá; e ele me abraça e beija meu pescoço antes de me dizer boa noite– começou Harry, fechando os olhos para se lembrar de sua fantasia –Ele me coloca como prioridade e, mesmo depois de chegar cansado do trabalho em casa, ele sempre tem tempo para me ouvir e conversar comigo. Nós dois saímos para restaurantes o tempo todo e toda manhã ele me acorda com flores e beijos quentes e carinhosos. Nós saímos juntos e ele sempre me compra tudo o que eu peço e as vezes o que eu não peço, mas que ele me vê admirando das vitrines das lojas.
Harry para de falar e então Louis pensa que ela acabou, apesar de continuar olhando para ela. E, quando ele acha que ela não vai dizer mais nada, Harry abre os olhos e o encara profundamente antes de dizer:
–Mas, as vezes, também, eu só quero alguém presente. Alguém que não está todo dia, toda hora, fora. Que me faça companhia e não me deixe me sentir sozinha.
Louis abriu a boca para dizer algo, mas não tinha nada a ser dito, então fechou-a. Olhar para aqueles olhos verdes tão esperançosos e bonitos falava muito mais do que qualquer coisa que podia sair de seus lábios: "eu sou, eu posso ser esse homem". Ele não tinha certeza dessas palavras, claro, mas ele tinha certeza que faria o possível e o impossível para que, um dia, elas pudessem se tornar verdade.
–O que você vê quando olha pra mim, Lou?– Harry inquiriu, em um sussurro que não saiu baixo; eles estavam próximos demais para isso.
Louis suspirou fundo, sentindo as mãos começarem a suar frio. Se ele dissesse o que realmente pensa...
–Quer que eu seja honesto?– perguntou, arqueando uma sobrancelha.
Harry fechou os olhos por um breve momento, apenas o suficiente para tomar coragem para o que estava por vir —ela estava pronta para ser esculachada pelo homem mais amável que já conheceu—, então abriu novamente e encarou os olhos azuis.
–Sempre.
–Te acho a garota mais linda em quem já coloquei os olhos– confessou, sem um pingo de medo ou vergonha. Naquele momento, entre honestidade e trocas de confidência, não existia seu pai ou um casamento –Te acho uma garota muito inteligente e perspicaz, que sabe exatamente o que quer. Corajosa e que já teve que aguentar muita coisa quieta, mas com um instinto de sobrevivência nato. Delicada, linda, gentil, meiga e com um ótimo gosto para moda. Elegante e sofisticada, mas...
Sempre haveria um "mas". Harry fechou os olhos para recebê-lo.
–Que não parece feliz. Que precisa viver de sonhos para se sentir completa. Que é tão sozinha que nem todo dinheiro dessa mansão a satisfaz. Que está tão dividida entre a paixão pela vivência e a paixão pela ganância que não sabe o que escolher.
Harry abriu os olhos, surpresa. Ela não esperava por isso; ela tinha se conformado, quando perguntou, que Louis a acharia uma interesseira insensível –assim como muitos outros já pensaram e ainda pensam dela. E mais uma vez, Louis se provou não ser como muitos outros.
Ela piscou algumas vezes, raciocinando e absorvendo cada palavra dita com carinho, mas que continha toda a verdade de seu coração.
–Percebeu isso tudo em apenas alguns minutos de conversa?– ela questionou, se permitindo relaxar mediante aqueles olhos azuis não julgadores.
–Não– respondeu, engolindo em seco –Percebi tudo isso te olhando todos esses dias. Não era só você que gostava de observar, Hazz.
Harry estremeceu novamente com o apelido.
–O que isso quer dizer?
–Quer dizer que estou interessado em você– Louis confessou, buscando o verde dos olhos alheios com tanta esperança que seu coração chegava a palpitar –Que quero beijar você e fazer você não se sentir sozinha.
Harry arfou, as bochechas queimando e ganhando cor. Só intensificou-se quando Louis chegou ainda mais perto, com os lábios a centímetros de distância dos seus.
–E você? O que vê quando olha para mim?– inquiriu, baixinho, com o hálito soprando no rosto delicado.
–E-Eu...– começou Harry, perdendo-se nas sensações que era ter o homem que admirara de longe tão perto agora –Eu vejo um garoto gentil, que é rodeado de amigos por causa da ótima personalidade e da maneira atenciosa com que trata as pessoas. Eu vejo um garoto confiante e que passa isso as pessoas e que... E que é tão lindo que me desestrutura sempre que chega muito perto.
Louis sorriu com isso, subindo a mão carinhosamente para a parte de trás da cabeça de Harry, enganchando os dedos suavemente nos cachos delicados.
–Está desestruturada agora?– questionou Louis, lambendo os lábios com a língua. Harry acompanhou o movimento e assentiu com a cabeça.
Essa sendo a única resposta que precisava, Louis avançou para a boca de Harry; beijando-a com delicadeza, mas também com a fome de semanas que não o pode fazer.
A mão de Harry correu para segurar os fios lisos de Louis, agarrando-o entre os dedos e desfrutando da maciez. Sim, era isso que ela precisava todos esses dias: Louis em seus braços assim como ela estava nos dele.
O mais novo puxou a cintura de Harry para mais perto, colando seus corpos, enfim, e apertando sua gordurinha localizada com vontade. A cacheada gemeu em sua boca e apertou os seios contra o peitoral do outro. Ela queria sentir seu corpo todo tocando-o, não queria que nenhuma parte estivesse sozinha.
As línguas trabalhavam juntas, movendo-se com rapidez mas sem agressividade, explorando as sensações. A boca de Harry tinha gosto de vinho e chocolate e Louis nunca achou que a combinação pudesse ser tão boa –ele geralmente não é fã de coisas doces.
–Eu quero você– sussurrou Louis, com os lábios colados aos dela –Eu quero muito você.
–Sim...– foi tudo o que conseguiu dizer, antes de ser engolida em outro beijo arrebatador.
Louis puxou-a para seu colo, arrastando as mãos para as coxas fartas e expostas. A pele macia sob seu toque o fazia enlouquecer; já tocara mulheres que tinham acesso a hidratantes caros iguais aos de Harry, mas nenhuma pele se compararia àquela. Ela era quente e suave abaixo de seu palmo.
Harry estava montada sob o membro de Louis, podia sentir o volume esfregando sua calcinha. Ela agradeceu aos céus por ter escolhido uma camisola; estar sentada sobre um homem desses seria uma tortura de calças.
A boca de Louis se moveu para o pescoço, roçando o nariz na área cheirosa e pousando leves e delicados beijos por toda a pele branca —ele não queria causar nenhuma marca visível, pelo menos não ainda. E as mãos inquietas não se contentaram em apenas um toque superficial, escorregando para debaixo da vestimenta e segurando uma nádega com um palmo todo. Apertou-a, sentindo o almofadado.
Mais um gemido.
–Se você continuar suspirando assim na minha boca, eu não vou querer apenas os seus beijos– confessou Louis, olhando para os lábios inchados e totalmente avermelhados de Harry.
Harry precisou de um minuto para se estabilizar, respirando ofegante, ainda ciente da mão sob ela. Fechou os olhos e, com o resto da coragem que juntou, pegou a mão que estava em sua nuca e levou-a para seu peito direito. Louis não demorou em cravar os dedos ao redor, dando um susto gostoso que fez Harry gemer.
–E-Eu também não quero apenas os seus b-beijos, Lou– respondeu, pousando um selinho delicado nos lábios finos –E-Eu gosto quando você me toca, eu q-quero que você toque mais...
Sorrindo cafajeste, Louis esmagou ainda mais o peitinho —assistindo a deliciosa cara sofrega de Harry— e perguntou sacana:
–É? E onde mais você quer que eu te toque?
Ele mergulhou a cabeça de volta no vão de seu pescoço, lambendo a região até o lóbulo da orelha, onde sussurrou:
–Eu tenho permissão para te tocar em todos os lugares?
Harry soltou um suspiro, jogando a cabeça para trás.
–Sim...
–Até com a minha boca?
Harry hesitou, fechando os olhos e engolindo em seco.
–Por favor, sim...
Então Louis se levantou com a garota no colo, que se assustou e prendeu as pernas ao redor do tronco do outro. Louis a colocou deitada sobre o sofá, admirando a forma destruída e bagunçada que ela estava: as pernas abertas para si, revelando a calcinha de seda rosa, com uma alça da camisola caída e, por pouco, não mostrando seu seio e os cabelos esparramados, com aquela cara de puta inocente que faria qualquer um perder as estribeiras. Harry Styles era a porra de uma perdição.
A mão de Louis não se demorou em abaixar o resto da alça, expondo um seio levemente farto, que já estava com o bico eriçado. Louis passou o dedo por cima, sorrindo como isso fez a garota estremecer.
–Sensível aqui, Hazz?– perguntou, deitando sobre o corpo dela, com o rosto próximo ao seu colo –Você não sabe a vontade que eu tenho de colocar minha boca aqui... Desde que eu vi eles pela primeira vez, quando nos conhecemos.
Reparem que Louis não disse "quando você estava com meu pai", pois isso era um assunto proibido entre eles. Pelo menos, e principalmente, naquele momento.
As bochechas de Harry coraram. Ela não estava acostumada com essa franqueza, ainda mais nesse sentido. A fazia sentir coisas estranhas nos lugares certos.
–V-Você pode, L-Lou... Pode por a b-bo– ela não finalizou a fala, corando ainda mais pelo embaraço.
Harry costumava ser uma espectadora nas noites de sexo com Andrew; ser a que participa, a que sente e a que quer estar ali era novidade para ela.
Louis, vendo seu constrangimento, não insistiu para que ela dissesse. Eles teriam tempo para aperfeiçoar os pedidos. Por isso, agora, ele tomaria todas as liberdades.
O garoto rodeu o mamilo com a língua, circulando-o e provocando-o antes de chupá-lo para dentro da boca, ocasionando em um barulho forte que fez Harry arquear as costas do estofado. As mãos delicadas dispararam para o cabelo inconscientemente, apertando as madeixas e puxando Louis para mais perto, querendo que ele a engolisse e sugasse com mais vontade.
E Louis deu isso a ela. A mão viajou para o outro seio, afastando o tecido da camisola, e buscando apalpar a carne com voracidade. Beliscou o mamilo e passou a unha em cima do biquinho, deleitando-se com cada gemido e contorcida que Harry dava.
–Hum... Lou– gemeu, erguendo o quadril em busca de qualquer coisa. Ela nem sabia que estava tão necessitada até estar.
Ele soltou o peitinho em um estalo, deixando um fio de saliva ligando-os.
–Sim, Hazz?– ele perguntou, olhando para ela com aqueles olhos atrevidos, que instigavam o seu pior.
–Por favor...– implorou, deslizando o pé despido por todo o comprimento da coxa do mais novo.
–Por favor o quê, princesa? Como vou saber o que você quer se não disser?– provocou, erguendo a camisola até que ela se encontrasse embolada em uma faixa no abdômen liso.
–Você sabe o que eu quero, por favor... Não seja mal...
Louis riu soprado, distribuindo beijos pela barriga macia até chegar ao cós da calcinha. Ele admirou o belo tecido, envolto por aquela pele branca como porcelana, pensando em como o contraste da renda parecia combinar com seu corpo delicado.
Ele lambeu uma longa faixa por cima da calcinha, sentindo ela suspirar pesado e erguer o quadril para frente. Harry estava certa, Louis sabia o que ela queria, e sabia que ela estava tímida o suficiente para não conseguir expor isso; mas ela demonstrava do jeito mais carente e nada sutil que estava esperando.
Sorrindo como um canalha, Louis mordeu a parte inferior da coxa, chupando o pedaço de pele para deixar marca. Lambeu outra longa faixa, observando o tecido ficar molhado.
–Eu quero tanto te provar, princesa– disse Louis e Harry estremeceu com o uso do apelido novamente –E eu vou te provar.
Sem dar tempo de mais nada ser dito, Louis afastou parte da calcinha para o lado, expondo aquela buceta molhada e completamente depilada. O pau deu uma fisgada dentro da calça e a boca salivou em resposta.
Ele mergulhou o rosto entre as pernas e chupou os pequenos lábios, fazendo as costas de Harry arquearem do sofá, soltando um grito tão agudo que até mesmo ela se surpreendeu.
Louis era um apreciador de bucetas; ele gostava de como elas eram, de sua textura, de seu gosto na língua, de suas formas variadas, do quão quente e molhada elas eram, do quão cheirosas e convidativas elas poderiam ser. Ele sempre dedicou um ótimo tempo em oral em todas as suas parceiras, porque ele gostava. Causava prazer sentí-las deslizando sobre sua boca e de como poderia fazer uma mulher enlouquecer apenas por dar essa atenção. Ele era experiente. Muito experiente.
A língua explorava toda a xotinha, descendo até o períneo e voltando todo seu caminho até a testinha, onde pousava um beijo delicado, repetindo o processo de forma lenta, como se tivesse tempo. Seu próximo alvo foi o clitóris, onde circulava e torturava com a ponta do músculo esponjoso, sendo agraciado —mais de uma vez— com os gemidos manhosos e desesperados de Harry.
Ela se contorcia e rebolava em seu rosto; ela não sabia pedir, mas sabia buscar o próprio prazer.
–Você é uma delícia, Hazz– confessou, sorrindo sob a bucetinha babada –Quero comer você até que você goze. Quero sentir seu sabor.
–E-Eu não sabia q-que você era tão d-depravado, Louis– disse ela, com o rosto corado e as pernas tremendo.
–Ah, princesa, você não sabe tantas coisas sobre mim– ele respondeu, deixando um beijo na xotinha –Mas você vai descobrir, vou garantir que sim.
Sem conseguir perguntar o que Louis queria dizer com isso, Harry gemeu ao sentir a língua esquadrinhando-a novamente.
Ele era muito bom no que fazia, Harry precisava admitir, mas ela queria que ele fosse mais rápido, mais fundo, mais forte. Ela sabia que ele a estava torturando, mas estava começando a ficar impaciente. Nem jogar o quadril pra cima e rebolar em seu nariz funcionava para lhe dar esse toque.
Louis sorriu em meio ao ato, sabendo exatamente o que a outra queria. Ele segurou as mãos dela e guiou-as para sei coro cabeludo, deixando que ela maltratasse suas madeixas e o pilotasse da forma que quisesse.
Harry apertou o rosto dele em sua buceta, afundando-o até que a barba da bochecha assasse sua virilha.
–Ah, sim... SIM!– ela gemeu, torturando os fios de Louis quando este penetrou a língua na cavidade molhada.
Louis a estava fodendo com a língua e Harry nunca pensou que uma coisa pudesse ser tão gostosa. Claro que aquele músculo não substituiria a profundidade de um pau, mas era igualmente prazeroso ter algo quente e molhado a invadindo e se mexendo dentro dela.
Ela caiu com as costas no estofado —sim, ainda estava com os quadris erguidos— e soltou o cabelo de Louis para agarrar-se as almofadas ao seu redor. Voltando para a dominância, Louis prendeu a cintura dela contra o sofá com um braço, apertando-a como uma boneca de pano. Harry ofegou.
Ele dedicou-se a chupar o grelinho agora, arrastando a língua com habilidade para cima e para baixo com uma rapidez não exagerada –na medida certa, para falar a verdade. Vendo Harry se contorcer dentre duas pernas, ele pôde ter certeza que fazia um trabalho admirável.
A mão livre escorreu para os lábios babados. Os dedos ajudaram a língua, massageando e rodando-os em círculo. Deixou-os bem molhados para, então, deslizá-los pelo períneo e encontrar o botãozinho fechadinho —que Louis julgou ser virgem apenas pelo modo como ele piscou surpreso ao toque de seis dígitos.
Ele não fez nada, apenas circulou a área, sentindo as pregas se contraírem esporadicamente.
–Um dia vou ter a honra de comer esse lugarzinho aqui?– perguntou Louis, com o maior dos sorrisos canalhas que Harry já vira. Ela estremeceu quando um dedo ameaçou forçar-se para dentro.
–E-Eu não... E-Eu nunca...– tentou dizer, vermelha e suada.
–Eu sei, princesa– depôs Louis, cuspindo em cima da bucetinha e vendo a saliva escorrer por toda a extensão e parar nos dois dedos que incitavam o cuzinho –Não estou falando nada sobre agora, só tenha em mente que eu quero você de todas as formas. Jeitos. Lugares...
Harry arfou, acenando positivamente com a cabeça. Ela não tinha ideia do que confirmava; se era porque havia entendido a fala de Louis, se concordava com ela ou se estava o dando liberdade para enfiar logo aqueles dois dedos e parasse de ser um maldito provocador.
Não foi preciso questionar, no entanto, Louis voltou a dar atenção a bucetinha, chupando-a em um ritmo ainda mais rápido que o anterior. Os dedos exploratórios deixaram de ser uma ameaça abstrata e passaram a ser concreta.
Primeiro foi um dedo, que forçou-se para dentro sem tanta dificuldade. Ele avançou até o final e Harry gemeu alto, arqueando os quadris novamente. A língua ainda trabalhava rápido quando o segundo dedo se juntou, agora com mais oposição.
Harry se sentia na beira, os olhos em um borrão preto de tanta informação acontecendo. Agora além de fodida por uma língua ela era fodida por dedos. E não no lugar que normalmente estava acostumada. Era apenas muito estímulo.
Louis permaneceu se dedicando em seu máximo, observando as reações e ouvindo os gemidos longos e intermináveis.
A respiração de Harry começou a se tornar pesada; o peito subia e descia em um ritmo que parecia lento —o peito inflava demais e murchava na mesma proporção. Ela sentiu um alvoroço no interior e o abdômen se contraiu; antes que percebesse ela estava tendo um orgasmo.
Harry não sabia exatamente qual era a diferença de gozar e ter um orgasmo. Antes. Agora ela tinha muita ciência.
O corpo inteiro dela tremia ao tempo que também relaxava devagar sob o sofá. O quadril, antes tenso, foi voltando a deitar.
Louis analisava ela, aos poucos recobrando a consciência, perdido naquela confusão de cachos e lábios mordidos. Ele não devia estar muito diferente; tinha certeza que seu cabelo não devia estar dos melhores depois dos puxões de Harry e, muito provavelmente, tinha saliva e fluídos por todo o maxilar.
Quando a respiração começou a voltar ao normal, Harry se sentou de uma única vez e puxou a gola de Louis até que ambos colidiram os lábios. Ele tinha um gosto salgado na boca, mas isso não importou nem um pouco; ela chupou a língua avidamente como se necessitasse de algo maior.
–Isso... Eu nunca tinha sentido isso antes– declarou, ofegante nos lábios alheios.
Louis abriu mais outro de seus sorriso canalhas.
–De nada, então– ele disse, roubando um selinho –Mas isso não é tudo o que eu vou fazer com você essa noite.
Ela também sorriu, roçando o nariz no dele carinhosamente.
–Eu não esperava que fosse.
Outro beijo. Dessa vez, selvagem, lascivo. Com uma necessidade infundada. Harry subiu em cima de Louis, montando nele como montaria em um cavalo, passando os braços envolta dele para puxá-lo para perto. Louis não foi menos esperto, agarrando a cintura esbelta com as mãos.
Harry rebolou sobre seu colo, arrastando a xotinha molhada, e com a calcinha afastada de lado, no membro completamente coberto do outro. Meu Deus, ela quase se esqueceu que Louis estava totalmente vestido ainda.
Descendo as mãos pelo corpo jovem, Harry encontrou o cós da calça de moletom e, sem hesitação, puxou para baixo junto da cueca. O pênis pesou para fora, batendo contra a barriga em um estalo oco.
A cacheada rompeu o beijo para olhar para baixo, para ver e admirar o que entraria nela. Louis era de um tamanho bom, talvez um pouco maior do que estava acostumada, mas indubitavelmente bom. A cabeça era gorda, vermelha e já estava babada, com pequenos fluídos saindo da ponta. O comprimento era generoso, grosso como nunca vira, e recheado de veias salientes. Ela nunca pensou que um pau a podia deixar com água na boca, mas esse deixou.
–Gosta do que vê, princesa?– provocou Louis, acariciando a pele nua de suas costas.
Harry corou, não olhando diretamente nos olhos azuis.
Curiosa, levou a mão até o membro e pode sentir a dureza em sua mão. A quanto tempo ele ficou duro? Por que não falou nada?
Foi um toque singelo, apenas segurando e sentindo seu peso e textura. Louis soltou um gemido fraco; estava se segurando a muito tempo, podia dizer que estava quase sensível.
Harry fechou a mão em seu torno, subindo e descendo lentamente, no mesmo ritmo torturante de quando Louis começou o oral nela. Exceto que não era uma vingança, ela somente não sabia o que fazer direito.
Notando sua relutância, Louis envolveu a mão dela com a sua e guiou-a do jeito que gostava. Do jeito que fazia quando estava sozinho.
–Assim, princesa– explicou, apertando a mão em volta do pau e fazendo-a subir até a ponta, subindo o prepúcio, escondendo a cabeça, para descer e mostrando a cabeça novamente –Agora cospe um pouco.
Harry, ainda sem olhá-lo nos olhos, inclinou a cabeça brevemente, mirou e cuspiu em cima da cabecinha. Louis foi rápido em fazê-la juntar aquela saliva e espalhar por todo o comprimento.
–Isso, agora continue fazendo– disse ele, soltando a mão dela e deixando que ela achasse sozinha o ritmo –Mas não precisa ser tão delicada, princesa, não vai me machucar.
Acenando positivamente, Harry apertou a base entre os dedos, arrancando um arfar delicioso dos lábios finos, e fez exatamente como Louis a havia mostrado. A mão subindo e descendo por todo o membro, sentindo-o fisgar em sua palma toda vez que chegava perto demais da cabecinha.
Louis olhava para aquele rosto concentrado, mas não era o suficiente. Ele queria sua atenção. Ergueu a mão para tocar a bochecha, vendo ela se inclinar para o toque, e levantou sua face, fazendo-a olhar em seus olhos.
Quando o verde encontrou o azul, tudo ficou ainda mais excitante. Louis pareceu ficar ainda mais sensível, chiando a cada nova investida da mão, enquanto olhava para ela de maneira jubilosa, desejando-a como nunca desejou outra mulher.
Ele reteve o punho de Harry, impedindo-a de continuar o que fazia.
–Preciso de outra coisa– ele informou, apertando a mão que continuava na cintura, tentando a alertar –Preciso entrar em você.
Ela concordou com a cabeça, atônita com a intensidade daqueles olhos sob ela.
–Agora seria melhor se você falasse, Hazz. Sei que é tímida, mas só mexer a cabeça não é o suficiente– pediu, afagando as costas de sua mão com o polegar.
–E-Eu também quero v-você dentro, Lou– ela disse, tendo conhecimento das bochechas ganhando cor –Quero você d-dentro de mim.
Harry se preparou pra sair de cima dele, pronta para assumir a posição submissa onde Louis vinha por cima e fazia do jeito que quisesse e preferisse.
–Onde vai, princesa?– questionou Louis, puxando-a bruscamente pela cintura, fazendo os corpos se colarem.
–D-Deitar, pra gente fazer sexo– explicou ela, franzindo o cenho em confusão.
–Nada disso, hoje você vai ficar por cima– ele aproximou o rosto do dela, sussurrando em seu ouvido –Onde vai cavalgar em buscar do seu próprio prazer.
Ele se afastou a tempo de ver aquelas bochechas ganhando cor. Louis começou a achá-la cada vez mais bonita nesse tom.
–E nós não estamos fazendo sexo, estamos fazendo amor.
Harry abriu a boca em surpresa, olhando para Louis com aqueles olhos verdes brilhantes e cheios de expectativa. Ela se ajeitou sobre o colo e levantou o corpo vagamente, apenas para encaixar o membro grosso em sua entrada molhada.
–Vai com calma, amor, no seu ritmo– incentivou Louis, transmitindo um carinho singelo com o polegar na curvatura da cintura.
Ela o deu ouvidos, sentando lentamente e sentindo cada centímetro entrar dentro dela. Era uma dor desconcertante, como nada que ela já tivesse sentido antes —Andrew tinha um comprimento generoso, mas não igual ao filho.
Não era incômodo, contudo.
Harry deixou o corpo afundar em Louis, sentindo-o invadir e possuir cada centímetro dentro dela, ganhando espaço. Ela suspirava em seu ouvido, movendo-se devagar até que estivesse completamente sentada sobre suas pernas.
Louis vagou as mãos para aquela bunda farta, apertando-a com a mesma vontade que ela se apertava em volta de seu pau. Era delicioso, sentir seu aperto quente e molhado —o aperto que ele desejou por semanas—, como um pedaço do céu na terra.
–E-Eu vou ficar a-assim um pouquinho, t-tá bom?– questionou ela, achando-se cheia. Ela podia sentí-lo até a borda, ocupando-a como se a desestabilizasse.
–Sim– ele sussurrou –No seu tempo, princesa.
Para distraí-la de todo o resto, Louis beijou sua bochecha e direcionou a atenção aos mamilos eriçados que estavam praticamente em sua cara. Harry estava tão empinada que era como se os oferecesse imediatamente.
Ele não se demorou em tomar um com a boca, succionando o biquinho e mamando com a mesma vontade de antes. Harry soltou um suspiro ainda mais alto, levando as mãos até o coro cabeludo e agarrando-se aos fios como se aquilo dependesse de seu equilíbrio.
Louis sentiu ela levantar o quadril e sentar novamente, iniciando as reboladas sutis e, ainda assim, precisas. Ela não era a mais experiente, Louis pode perceber, mas não era a mais frígida das mulheres, quando se sentisse mais confortável ela se soltaria e rebolaria como uma profissional.
Ele apertou as bandas em suas mãos, incentivando-a a continuar, não largando o peito por nada.
Harry estava na fase exploratória; conhecendo-se e tentando entender o que aquela situação existia dela. Ela sempre fora muito passiva nas suas vezes com Andrew, era como se ela não precisasse fazer nada realmente, e agora estar por cima parecia tão... Deliciosamente difícil.
E Harry continuou, até que as pernas doessem, os músculos das coxas ardessem e pequenas gotículas de suor estivessem formando na região da testa. Louis largou o bico em um estalo alto quando a garota conseguiu acelerar os movimentos. Ele abraçou sua cintura com força e fechou os olhos, inundado com tanto prazer.
–Isso...– gemeu, seu hálito quente soprando na região entre o meio dos seios dela –Você tá conseguindo... Tão gostoso. Você é tão gostosa.
Harry gemeu mais alto com as palavras. Motivada por elas, ela acelerou ainda mais, subindo e descendo, causando tremeliques nas pernas por tamanho esforço. Tá que ela fazia aulas de ioga, nada a prepararia para o que é sentar em um homem com vontade.
Louis percebeu seu cansaço. Aproveitou que segurava-a e rodou-os no sofá, deitando-a sob o estofado courino e ficando por cima dela. Nessa posição ela estava ainda mais linda; os cachos esparramados, o rosto de quem estava esgotada, mas ao mesmo tempo ansiosa por mais, os olhos verdes brilhantes e os lábios inchados e vermelhos. A atenção de Louis prendeu-se ali.
–Um dia eu vou por meu pau aqui– ele sussurrou, acariciando a boca com o polegar e afundando apenas a ponta para dentro, sentindo a língua rapidamente recebê-lo –E quero ver você engolir todinha a minha porra.
Frase terminada, ele penetrou-a de uma só vez, colocando-se até o talo e arrebatando o mais alto grito dela até então. Os estalos que se seguiram eram das estocadas que Louis iniciou; as peles se chocando como uma música construída em nome do mais puro amor carnal. O amor proibido que ambos os jovens estavam construindo sob aquele sofá.
E, se não havia amor, havia paixão. Louis a olhava com tanto desejo e carinho quanto um homem pode fazer por uma mulher. E Harry o olhava como se fosse o único homem na Terra –ou o único homem que a fazia perder a noção de realidade.
Atraídos um pelo outro, beijar-se foi inevitável. O corpo de Harry solavancava com cada nova estocada, mas ela esforçou-se para manter o ritmo da língua do garoto sobre a dela.
–Eu não consigo mais me segurar– confessou Louis, esbaforido, nos lábios dela –Eu preciso gozar.
–Não goza dentro– pediu Harry, levando a mão entre as pernas para tocar a própria intimidade.
Louis retirou-se de dentro e, assistindo-a se masturbar, ele a copiou. Desceu e subiu a mão pelo falo, acompanhando o movimento daquela mão delicada com os olhos —ele não podia negar que estava doido para chupá-la novamente, seja suja com a própria porra ou com seu líquido seminal.
O garoto apertou a mão envolta do pau, imitando o aperto inebriante que era aquela buceta molhada. Harry também urgiu o ritmo, sentindo-se tão mais perto do clímax quanto ele. Os peitinhos deleitosos entregavam o quão ofegante é instável ela estava.
De repente, com um gemido um pouco mais alto e gutural, Louis veio. Ele ainda estava acariciando-se quando os jatos de porra saíram pela fenda e espalharam-se no corpo de Harry, sujando não apenas sua pele maculada como a camisola embolada um pouco mais acima da cintura.
Harry sentiu as gotas quentes e pegajosas e abriu os olhos, vendo um Louis totalmente bagunçado, com a boca aberta em um gemido mudo, em cima de si, tendo o maior dos prazeres que um ser humano pode ter com outro.
Desesperada por seu próprio orgasmo também, ela assistia Louis se recuperar quando levou a outra mão para expremer o biquinho do seio enquanto a outra ainda continuava trabalhando lá em baixo. Ela sabia que estava perto; podia ser tímida mas não era santa —esse tipo de prazer ela já havia sentido sozinha antes.
Louis abaixou-se para ajudá-la, removendo a mão que estava no seio para chupar como chupava antes. A bucetinha se contorceu em volta de nada e, finalmente, Harry gozou.
O corpo convulsionou fracamente antes de desabar cansado no sofá, ofegante e trêmulo como nunca antes esteve. Ela sentia que havia sido levada ao limite, mas estava longe de estar saciada. Desejar Louis era algo que ela vinha reprimindo a muito tempo, não poderia simplesmente se sentir satisfeita agora.
Abriu os olhos com a visão um pouco turva e olhou para baixo, vendo o pau ainda flácido do mais novo. Ela riu, sentindo-se a pervertida que nunca fora.
Louis lhe roubou um selinho antes de beijar seu queixo e cair o corpo sobre o dela.
–O que é tão engraçado?– ele questionou, baixinho em seu ouvido.
–Que eu não posso acreditar que fizemos isso– confessou, abraçando o corpo de Louis com o amor que nunca abraçou o pai dele –E que eu quero mais.
Louis levantou-se o suficiente para olha-la nos olhos, surpreso e, um tanto, espantado. Ela riu ainda mais.
–Não agora, eu quis dizer...– explicou, quando se conteve em um sorriso genuíno –Eu quero você todos os dias, Lou. Não só para isso, quero sua companhia, sua conversa, seus lábios, sua ris-
Louis a cortou com um beijo, breve mas não tanto.
–Eu também quero– respondeu, olhando-a fundo nos olhos.
E então outro beijo. Eles não sabiam o que seria dessa relação de agora em diante, mas uma coisa era certa: eles não sentiam que o que faziam era errado, porque estarem juntos parecia certo.
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avisos: matias!amigo do irmão, oral f recieving, sexo desprotegido, spit kink leve.
notas: matias amigo do irmão será um tema que jamais estará batido nesse site!!!! demorei um pouquinho mais que o planejado pra terminar isso aqui, perdão por deixar vcs esperando. revisei só uma vez.
era o casamento do seu irmão mais velho, você deveria estar feliz por celebrar uma data tão especial mas simplesmente não conseguia. havia terminado um namoro de dois anos há pouco tempo, descobriu que seu ex estava te traindo com uma colega de trabalho e terminou na hora, apesar desse acontecimento ter sido o estopim para um relacionamento que afundava mais a cada dia.
desde que terminou você ficou com poucos caras e nenhuma das ficadas haviam sido satisfatórias. suas amigas viviam lhe dizendo que depois que terminaram tiveram as melhores transas da vida, os melhores beijos mas parecia que nada disso acontecia com você, se sentia estranha por ser assim, parecia ser a única. uma prima sua até tentou te arrumar um amigo da sua cunhada mas não rolou, você não sentiu nenhum tipo de atração pelo rapaz e mesmo se sentisse saberia que o final seria insatisfatório.
você bebia quase tudo que o garçom te oferecia, afinal poderia até terminar a noite sozinha mas definitivamente não terminaria sóbria. estava bêbada quando ouviu uma de suas músicas favoritas tocando, largou o copo meio cheio na mesa e foi em direção a pista de dança. cantava a música em voz alta, dançando sem sentir vergonha alguma, mas sentia de longe que havia alguém te olhando porém não conseguia dizer quem era, apenas sentia um olhar queimando sobre você.
assim que a música acabou olhou em volta tentando procurar o dono do olhar que estranhamente não era incomodo. você tinha certeza que era coisa da sua cabeça quando seu olhos finalmente se cruzaram com os dele, então era matias quem te olhava, o melhor amigo do seu irmão desde que vocês eram pequenos. você sorriu para ele, meio sem graça por saber que estava sendo tão observada assim, o viu sorrir de volta, bebericando o copo de whisky que segurava.
a verdade é que matias entrou em sua vida quando ainda tinha 9 anos. seu irmão o apresentou como seu melhor amigo e desde então a presença de recalt era recorrente em casa. desde a primeira vez em que o viu nunca mais o esqueceu, fosse o jeito implicante que lhe tratava ou aquele nariz grande que sempre te chamou tanto a atenção. você viu matias crescer, o viu sair de uma pré adolescente chato de 12 anos e se tornar um jovem adulto atraente, engraçado e charmoso.
nunca vai se esquecer do dia em que viu matias com a namoradinha da época, eles tinham uns 16 anos enquanto você estava com os seus 13. era o aniversário do seu irmão, em meio a festa você notou o sumiço de recalt e sua namorada. morrendo de ciúmes você resolveu ir atrás dos dois e dizer que estavam sendo procurados mas para a sua surpresa viu matias e a namorada em um canto isolado da festa se beijando, viu também os dedos dele dentro da saia da garota, fazendo alguma coisa ali dentro que a dava muito prazer já que ela gemia o nome dele e revirava os olhos.
vendo aquela cena você sentiu seu corpo inteiro esquentar de um jeito totalmente novo, se arrepiou inteira e sentiu algo acontecendo lá em baixo, sentiu uma vontade esquisita de fazer xixi e apertou as coxas com força. um gritinho quase escapou dos seus lábios quando ouviu matias dizer diversas frases que você nunca tinha escutado antes para a garota. saiu dali confusa, sem entender o que estava acontecendo com você e com o seu corpo. dias depois daquele ocorrido você se tocou pela primeira vez, pensando em como seria se você fosse aquela menina e estivesse sendo tocada por matias.
desde então você nunca mais conseguiu olhar para matias do mesmo jeito, sempre se lembrava do jeito bruto que ele tocava aquela garota e sentia a mesma coisa que sentiu naquele aniversário. mas depois de tantos anos, agora você já sabia exatamente o que estava acontecendo com você, sabia que o que sentia por matias era uma atração e um tesão sem tamanho.
resolveu se aproximar dele, visto que não haviam conversado desde que a festa começou. “aproveitando a festa?” perguntou educada, “estou e você?” assentiu evitando olha-lo nos olhos, na verdade você involuntariamente sempre evitava. “seu irmão me contou que terminou o namoro, sinto muito.” disse simpático, “ele te contou que eu fui corna? pelo visto esse idiota ama contar essa história.” revirou os olhos furiosa, odiava ficar lembrando disso o tempo todo. “ele não ama contar isso, bobona.” matias riu “ele me contou porque eu sou de casa. hora ou outra eu ia ficar sabendo.” concluiu “mas então eu to liberado pra fazer piada de corno com você?” perguntou escondendo o sorriso sapeca “nem adianta eu falar que não, né? você vai fazer de qualquer jeito.” ele riu.
“provavelmente. mas e ai, depois de dois anos comprometida, ta curtindo a vida de solteira?” perguntou parecendo estar genuinamente curioso “estou tentando, mas não tenho conseguido.” encolheu os ombros envergonhada, “por que?” ele perguntou “ah, não sei se sou eu que estou desacostumada a ficar com alguém por uma noite ou se são os homens que são péssimos nisso.” falou sem freio, se expondo demais sem querer. “como assim péssimos?” questionou franzido o cenho. sentiu suas bochechas corarem por ter falado demais e agora precisar se justificar assim.
apesar da bebida te dar mais coragem para falar ainda era com matias que você conversava, e ele te intimidava desde sempre. “p-péssimos ué. eu fico com um cara por uma noite e ele nem se propõe a tentar… você sabe, ser bom.” respondeu sentido uma vontade imensa de morrer, não acreditava que estava tendo esse tipo de conversa com matias. “com quantos caras você já ficou depois que terminou?” ele perguntou, seu tom de voz era diferente agora, não era mais o brincalhão de sempre, parecia mais firme. “quatro, por que?” finalmente olhou nos olhos dele, se arrependendo na hora, a timidez te dominando a cada segundo. “e quantos te fizeram gozar?” ele perguntou sem vergonha alguma, como se estivesse te perguntando as horas.
“o-o que? por que? no que isso importa?” você gaguejava, sentindo realmente as bochechas quentes “responde, cariño.” pediu, ignorando suas perguntas “n-nenhum.” respondeu olhando para baixo, ainda incrédula com a conversa “e você ta sentindo falta disso, hm? de ter alguém te fazendo gozar?” perguntou conforme se aproximava de você, enquanto olhava para o chão viu matias dando passos até estar praticamente colado com você. colocou a mão no seu queixo, puxando levemente seu rosto pra cima, a espera de uma resposta “sim.” foi tudo o que você conseguiu dizer, o calor de estar nessa situação com o cara que provavelmente foi o que você mais desejou se misturando com a vergonha.
“eu posso te ajudar nisso, você sabe né?” perguntou roçando os narizes, hora ou outra os lábios se esbarravam também. “p-pode? e o meu irmão? ele-“ tentou dizer, queria ter a certeza que aquilo realmente estava acontecendo. “com todo respeito, mas que se foda o seu irmão. ele ta tendo uma noite tão boa, é justo você ter também, não acha?” disse te dando um selinho demorado, só pra te deixar ainda mais burrinha de tesão. você apenas acenou para matias, já maluca para finalmente beija-lo, tentou aproximar os lábios dele mas o garoto se afastou um pouquinho, com um sorriso malandro no rosto. “calma princesa. preciso saber se você realmente quer a minha ajuda. fala pra mim.” “quero, por favor” falou desesperada, e você realmente estava. matias deu mais um sorrisinho antes de finalmente te beijar.
uma onda de choque pareceu percorrer todo o seu corpo, te fazendo agarrar recalt. levou suas mãos ao rosto dele, arranhando a nuca de levinho com suas unhas grandinhas e puxando os cabelos. matias enfiou a língua na sua boca devagarinho, te dando um beijo tão bom, conseguindo ser ainda melhor do que você havia imaginado por tanto tempo. as mãos dele passavam por todo o seu corpo, pelo seu vestido ser de um tecido bem fino você conseguia sentir perfeitamente os toques do mais velho. ele te puxava pela cintura, passava a mão por suas costas, apertava sua bunda, puxava seu cabelo, fazia carinho no seu rosto, eram tantos toques que você não conseguia nem raciocinar direito. conseguia apenas sentir que sua calcinha estava cada vez mais encharcada.
matias apertou sua bunda e te puxou para sentir a ereção dele presa dentro da calça de alfaiataria, estava descendo sua mão até lá quando se tocou aonde estavam. se afastou do beijo e olhou em volta, vendo algumas tias suas te julgando com o olhar, sabia que a qualquer momento seu pai poderia aparecer ali e não queria que ele visse a filha se atracando com um cara que era praticamente da família. “que foi, nena?” matias perguntou olhando em volta também mas não viu nada demais e começou a beijar seu pescoço enquanto você ainda olhava para os outros. “tem muita gente aqui. muita gente da minha família. não sei se fico confortável.” respondeu devagar, parando algumas vezes para respirar devido aos beijos lentos que recalt depositava no seu pescoço.
“vamos sair daqui então.” ele disse te puxando pela mão e saindo do salão de festa, o lugar era enorme e como todos os convidados estavam dentro do local seria fácil achar um lugar para vocês, por isso em poucos minutos já estavam se beijando de novo apoiados na parede do que parecia ser uma construção de pedra pouco iluminada. matias te apoiava na parede, te beijando com força. agora que estavam longe de todos recalt já apertava seus peitos por cima do vestido enquanto você massageava o pau duro por cima da calça.
matias tirou a mão dos seus peitos e se afastou um pouco, vendo seu rosto já acabadinho pela luz fraca. ele puxava a saia do seu vestido para cima, tendo certa dificuldade já que era um pouco justo. “vou rasgar essa merda.” disse bravo, puxando o máximo que conseguia “se fizer isso eu te mato.” você disse enquanto ria dele, sem ajuda-lo, apenas se divertindo com a cena. quando a saia do vestido jé estava toda para cima matias voltou a te beijar e levou finalmente a mão até sua buceta coberta pela calcinha úmida.
um gemido escapou dos seus lábios com o toque, matias massageava seu clitóris por cima da calcinha de um jeito que te impedia de continuar o beijando, conseguindo apenas gemer. se lembrou automaticamente da cena que viu quando você tinha 13 anos, se lembrou de matias com as mãos dentro da saia da menina e dos sons pornográficos que ela produzia e depois de tantos anos desejando, você finalmente era aquela garota.
com a memória te deixando ainda mais sensível e desesperada desabotoou a calça de matias e enfiou a mão lá dentro, massageando o pau totalmente duro por cima da cueca. ambos gemiam com os toques que recebiam, se sentindo agoniados por estarem fazendo tudo por cima das roupas íntimas. recalt arredou sua calcinha para o lado, espalhando todo seu melzinho por sua buceta. você gemia cada vez mais alto sentindo os dedos gelados tocarem sua intimidade quente de um jeito tão gostoso.
matias sorriu ao ver você fechar os olhos com força enquanto gemia, levou uma das mãos livres até seu pescoço, o apertando de leve te fazendo abrir os olhos e olhar para ele. “abre a boca.” mandou e você obedeceu, recalt se curvou e cuspiu dentro dela, te mandando engolir, o que você faz sem hesitar “me obedece direitinho. que bonitinha, amor.” de repente matias tirou os dedos da sua buceta e se afastou, olhando para você com um semblante que parecia orgulhoso.
você já ia perguntar o que houve quando o mais velho se ajoelhou e tirou sua calcinha, a guardando no bolso. matias chega mais perto e inala o cheiro gostoso da sua buceta antes de depositar um beijinho ali. ele pega uma de suas pernas e apoia no próprio ombro para ter acesso a você, logo recalt estava com a boca em torno do seu clitóris, ele até queria te provocar mais um pouco mas estava ansioso demais para isso.
a cena era totalmente erótica: matias ajoelhado no chão enquanto vestia o terno chique com o rosto enfiado no meio das suas pernas, você com um vestido de grife, arqueando as costas e gemendo alto com uma das mãos puxando o cabelo dele e uma das pernas apoiadas em seu ombro. sentia a pele queimando conforme era agraciada pela boca maravilhosa de matias te chupando como ninguém nunca havia feito antes.
sabia que não demoraria a gozar devido a sensibilidade e ao prazer imenso que sentia. enquanto brincava com o seu clitóris, recalt levava os dedos até seu buraquinho, apenas enfiando a pontinha e os tirando logo depois, se divertindo com seus gemidos cada vez mais desesperados. puxou o cabelo dele o afastando da sua intimidade, vendo o rostinho sapeca molhadinho com a sua lubrificação. ele sorriu, limpando o excesso com o paletó preto “que foi princesa? não tava bom?” perguntou te provocando porque ele sabia que estava bom, na verdade qualquer um que passasse ali por perto saberia já que seus gemidos não estavam exatamente baixos.
“vem cá.” você chamou com a voz ofegante, quase sem força para se manter de pé. matias se levantou e chegou perto de você, descendo a mão novamente até sua buceta encharcada, espelhando o melzinho por toda sua extensão. “me come logo matias, preciso muito sentir seu pau.” você implorou, esperou mais do que deveria por esse momento e não queria adia-lo por nem mais um segundo. ele sorriu com o seu desespero óbvio, abaixando um pouco a cueca, apenas o suficiente para tirar o pau pra fora.
matias o punhetou rapidamente, gemendo baixinho com o toque. deu pequenos passos até você, pegando novamente sua perna a segurou para cima para que pudesse se encaixar melhor. foi entrando aos poucos, sem dificuldade devido a sua lubrificação abundante, ambos gemiam conforme iam se unindo cada vez mais. você agarrou os ombros do mais velho, apertando a roupa com força sentindo uma leve ardência ao ser esticada pelo pau grande dele. matias não demorou para iniciar um ritmo gostoso, ia aumentando conforme você pedia entre gemidos.
você estava em êxtase, se sentindo totalmente preenchida depois de tanto tempo, matias era tão bom, conseguia acertar seu ponto g praticamente a cada estocada, te fazendo revirar os olhos. “porra, sua buceta é mais gostosa do que eu imaginei. já to viciado.” ele disse entre gemidos e estocadas fortes. você agarrou a cintura dele por cima da roupa e entrelaçou a perna em sua cintura, o puxando para mais perto querendo beija-lo enquanto era fodida com força. o beijo era desengonçado, ambos gemendo nos lábios um do outro, o prazer era tanto que simplesmente não conseguiam focar em mais nada.
matias sabia que não demoraria a gozar, estar fodendo a irmã do melhor amigo que ele secretamente desejou por muitos anos era demais para ele. matias também sabia que você não demoraria a gozar, fosse pela maneira que você o apertava sem parar ou por seus gemidos cada vez mais fora de controle. querendo que chegassem ao orgasmo ao mesmo tempo recalt tirou a mão que apertava o seu pescoço e a levou para sua buceta novamente, massageando seu clitóris.
suas pernas ficaram bambas e você jurou que fosse cair, mas matias te segurou com um sorriso. eram estímulos demais, toques demais, prazer demais, você se sentia prestes a explodir, o ar faltando em seus pulmões, as pernas fracas e o suor escorrendo por sua têmpora. nem precisou avisar quando gozou, matias já sabia. aquele provavelmente havia sido o orgasmo mais longo que já havia experimentado e com certeza o melhor. recalt não estava atrás, se sentindo levinho quando expeliu tudo dentro de você, te enchendo dele.
devagar matias saiu de dentro de você e te posicionou em pé novamente, ajeitando seu vestido e arrumando seu cabelo. você se sentia tão bem, finalmente poderia dizer que estava completamente satisfeita depois de tantas tentativas falhas. um sorriso bobo preenchia seu rosto, chamando a atenção de matias que se aproximou para um beijo depois de se vestir devidamente.
compartilharam um beijo terno antes dele se afastar, apoiando a testa na sua “não faz ideia do quanto eu esperei por isso.” revelou de repente, te deixando totalmente chocada. não sabia que a atração antiga que sentia por matias era recíproca, achava que ele só estava carente no casamento do melhor amigo.
no fim você soube que valeu a pena esperar por tanto tempo. o final sempre compensa.
#matias recalt#matias recalt smut#matias recalt x reader#matias recalt x you#lsdln#la sociedad de la nieve#the society of the snow#a sociedade da neve#oneshot#fanfic#smut
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Previous / Next Beginning (Gen 8)
Image transcripts (PT):
Joseph: Precisamos marcar de sair mais vezes, faz um tempo que eu não me divertia tanto.
Asher: Concordo! Mas acredito que Joseph estará mais ocupado agora que sua esposa está grávida novamente!
Joseph: Isso é certo! Meu mais velho já é jovem adulto, então não achei que teria mais filhos. Porém, é sempre uma benção.
Asher: Uma criança é sempre uma benção, não importa o momento em que ela vem!
Touma: Ah certo, não vejo a hora de ter meu pacotinho de felicidade também!
Joseph: Isso é ótimo, jovem. Uma família só está completa quando vem os filhos!
Touma: Supostamente hahaha Aliás, onde fica o banheiro mesmo?
Joseph: No fim do corredor à direita, consegue ir sozinho?
Touma: Sim!
O sinal era sutil, mas ele estava lá! Yuna sabia que a operação tinha acabado de ser posta em prática e o que deveria fazer agora.
Touma percorreu os corredores e olhou todas as portas que tinham ali. Não tinha sido muitas vezes que ele entrou ali, então esperava que conseguisse acertar de primeira.
Claro, o primeiro local que ele encontrou foi o escritório que fica na sala e, por sorte, as cortinas estavam abaixadas. O que significava que não o veriam de lá de fora.
Era muito arriscado ficar num lugar aberto como aquele, então ele precisava ser rápido e verificar o máximo de coisas que conseguisse.
Como Yuna previu, nada muito útil foi encontrado ali. Apenas alguns recibos da casa e outras notas irrelevantes.
Jade: Jasper? Você está... Xeretando no escritório do Joseph?!
"Jasper": !!
[Engasga]
#02.06 - post 3/3#família vilela#Gen 8#nsb peach#ts4#sims 4#not so berry challenge#ts4 gameplay#ts4 simblr
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MENORES NÃO INTERAJAM!
haechan x leitora professora e aluno, todos são maiores de idade (só p deixar claro), meio slowburn(?), sexo sem proteção, cream pie, sempre dirty talk, tinha mais uma cena em mente, mas cortei pq achei q já tava na hora. espero que gostem!
Se te perguntassem sobre Donghyuck Lee, você torceria o nariz e reviraria os olhos. O próprio também esboçaria uma reação parecida, talvez até mais debochada. Não se suportam desde o primeiro momento em que ele pisou na sua sala de aula. Veja bem, você é uma professora rígida, sempre exige máximo respeito, mesmo que seja “apenas um cursinho de Inglês”, nas palavras de Haechan.
Se entrar em sala, tem que cumprimentar a autoridade com um boa noite, mesmo à contra gosto. Isso é o mínimo de respeito, é educação básica. Justo no primeiro dia, ele fez questão de te ignorar e de soltar um risinho debochado quando você o alfinetou por não ter sido educado. Ele odiou. Pediu desculpas carregadas de ironia e prometeu a si mesmo que faria sua vida um pouco mais difícil.
Donghyuck se acha importante demais, é claro para você. Aula após aula ele tenta quebrar sua postura, seja fazendo perguntas muito pessoais no meio da explicação para te desconcertar, ou discordando de uma opinião sua só para causar algum tipo de comoção, ou reclamando dos tópicos entediantes da lição para te irritar. Entretanto, quem vai embora frustrado é ele. Você é uma ótima atriz e finge adorar toda e qualquer interação que têm durante as quase uma hora e meia de aula, fazendo os outros alunos, principalmente os mais velhos, adultos cansados do trabalho, rirem da situação. Haechan parece ser o único que te odeia.
No entanto, conforme o tempo vai passando, mesmo que ele não queira admitir, Lee passa a gostar de você. Não, a admirar você. (In)felizmente, é muito boa no que faz. Ele assimila rápido às suas explicações, a sua dinâmica funciona, é eficiente. As notas nunca foram tão altas, apesar de não se esforçar tanto para realizar as tarefas ou as provas. A fluência nunca pareceu tão perto, graças às suas aulas.
Mas também tem algo em você que desperta uma curiosidade genuína nele, por isso ele continua a implicar contigo com as perguntas sobre sua vida fora da sala de aula. Ele adora saber pequenas anedotas das outras milhões de coisas que você curte fazer, seus interesses, seus amigos, seus dates.
“Teacher, can I ask you something?” Haechan te interrompe pela quarta ou quinta vez, mas agora ele é muito mais doce do que antes. Se fosse há uns meses atrás, perguntaria o quisesse na lata, apenas pelo prazer de te aborrecer.
“For God’s sake… does it have anything to do with the class?” Sarah, uma classmate, a única outra aluna no início dos vinte, rebate em sua defesa. Uma chata, sempre roubando sua atenção. Outro dia, você foi ensinar a expressão teacher’s pet e a turma toda anotou no caderno com o nome dela ao lado.
Ele a ignora completamente, mesmo quando você sorri na direção da jovem. “What’s your ideal type, teacher?” Indaga, frisando o vocativo para alfinetar Sarah. Ele não havia falado com ela, sim contigo.
“My ideal type?” Você parece ponderar, mas já sabe a resposta.
Se fosse em qualquer outra turma, responderia sem medo. Porém, como explicar que ‘sunkissed, dark hair’ não é uma descrição muito específica dele? “I don’t have a type, actually.” Escolhe não se expor.
Assim, você volta o foco para os alunos novamente, deixando Haechan com um bico no canto da sala. Sua sorte é que ele não está num dia muito criativo, então não consegue retornar ao assunto sem soar muito interessado.
Talvez ele esteja mesmo interessado. Mesmo ainda agindo feito um pé no saco às vezes e sendo um chatinho que faz você ir embora para casa com a bateria social inexistente de propósito, Lee reparou que agora não faz mais por implicância, e sim por querer sua atenção.
Ele passa a chegar mais cedo mais vezes para ter a oportunidade de te ver sair da aula anterior, rodeada de adolescentes que te idolatram, só para ter assunto quando a própria classe começasse uns vinte minutos depois. As expressões sem pé nem cabeça que estão no livro? Não se recorda de tê-las criticado, usando-as em todas as respostas e discussões. Enquanto você explica subjunctive, reported speech, ou qualquer outra coisa com seu jeito alegre e expressivo, ele sorri, completamente cativado.
Certo dia, você entra na sala usando roupas diferentes do comum. Um vestido tubinho curto abraça as suas curvas e o saltinho te dá uma postura confiante. Isso sem falar no cabelo, um total espetáculo acentuando os traços delicados do seu rosto, pintados de uma maquiagem discreta. Uau.
“Que isso, hein, teacher.” Sarah, a puxa-saco, acorda Hyuck de seus pensamentos. “Quem é o sortudo? Lucky one, não, lucky guy.”
“Thanks, baby.” Você responde, animadinha. “É um boyzinho, amigo de um amigo. A gente se conheceu outro dia e aí ele me chamou pra sair, enfim…”
Baixinho, enquanto os outros não chegam, você narra a história de como conheceu o tal cara. Haechan sente um mal estar na barriga, o sangue esquenta e ele sai da sala para beber uma água. Não pode ser, não pode estar com ciúmes da própria professora.
É claro que pode. Olha essa mulher, ele pensa durante a aula, ainda lutando contra as próprias emoções. Ainda assim, não está sendo um bom aluno hoje porque está distraído reparando em você. As pernas torneadas, a cinturinha, o jeito que você fala… até mesmo o cheiro do seu perfume estava gerando algo nele.
Quando a aula acabou, Lee saiu disparado depois de se despedir brevemente, puto dentro das calças. Caminha tão rápido até o portão do curso que quase não repara na presença de Xiaojun, um amigo de seu primo Hendery. O outro é quem o chama para cumprimentá-lo.
“Coé, irmão. Tá vacilando? Nem fala mais?” Xiaojun brinca, batendo a mão e um dos ombros em Haechan.
“Ih, qual foi, Dejun. Tá fazendo o quê aqui, cara?”
Hyuck escaneia a aparência do parceiro, notando que ele está arrumadinho demais para ser uma coincidência qualquer.
“Pô,” O mais velho olha para dentro da escola à procura de algo, ou alguém. Então se aproxima do moreno e envolve um de seus ombros para contar sobre sua aparição repentina. “Tá ligado o Yangyang?” Lee afirma com a cabeça. “Então, ele tem um amigo, o Renjun. Sabe quem é?”
Que enrolação da porra, claro que ele sabe quem é, só vivem juntos.
“Sei.”
“Aí a prima do Renjun levou uma amiga, porra, uma gata, naquele churrasco de aniversário do Chenle.”
Não tinha ido ao tal evento porque teve de resolver uma pendência com uma garota, uma ficante. Longa história, complicada. Fica para depois.
“E daí?” Ele já estava sem paciência, e Xiaojun demora uma vida para se explicar.
“E daí que eu dei um papo nessa mina e vou levar ela pra jantar hoje.”
Ca-ra-lho. Na mesma hora em que a mente de Haechan liga os pontos, você se aproxima timidamente. Dejun larga o amigo com pressa e passa um dos braços pelo seu quadril, dando dois beijinhos nas suas bochechas logo depois.
Alguém devia tirar uma foto da expressão horrorizada de Lee. O tal carinha que vai te levar para um encontro é o próprio parceiro, Xiao Dejun? De primeira, a raiva dele inflama, o peito queima de inveja outra vez. Mas, pensando bem… Não querendo subestimar o amigo… só que claramente não combinam nada um com o outro.
“Vocês se conhecem?” Sua voz envergonhada questiona, então o seu date percebe que Hyuck lhe é familiar.
“Ele é meu amigo.” Haechan diz, te olhando fixamente. A mirada te prende porque é desconhecida, algo está diferente nele, porém não sabe dizer o que é.
Ele sabe muito bem. É a porra do ciúme.
“Eu sou professora dele.” Você fala, quase como se fosse uma pergunta, observando o seu acompanhante para ver se ele teria alguma reação negativa.
Ele ri alto. A ideia de pegar a professora do amigo é hilária. Com todo respeito a você, é claro. Donghyuck visivelmente pensa o oposto, a carranca que toma conta do rosto bonito expressa bem o que ele está pensando agora. Não querendo ser um completo babaca, mas já sendo, ele planeja acabar com esse risinho logo, logo. Não pode ser chamado de talarico ou fura olho se foi ele quem te conheceu e quem te quis primeiro. Certo? Na verdade, para ele, foda-se, te roubaria para si do mesmo jeito.
“Nem fodendo!” Renjun exclama, rindo sem acreditar no que acabara de ouvir. O mundo é muito pequeno mesmo.
No aniversário de Yangyang estão todos reunidos novamente, e Xiaojun aproveitou para se gabar de ter saído com a professora de Haechan, cuja feição transborda descontentamento. Se ele fosse um cara qualquer que não respeitasse a família dos outros, já teria metido um soco na cara de um hoje.
“E vocês saíram de novo?” Yangyang pergunta com curiosidade antes de levar a long neck aos lábios e saborear o amargo da loira gelada.
Haechan anseia a resposta. Seus olhos se apertam, assim como os dedos ao redor da própria cerveja.
“Não.” Xiaojun confessou, visivelmente decepcionado. “A gente se pegou no carro depois, mas acho que ela não tava na vibe. Deixei ela em casa e depois não nos falamos direito.”
Ao mesmo tempo que um alívio lava o peito angustiado do moreno, um pedaço dele quer gritar de raiva ao pensar que Xiaojun beijou você, te tocou, e sabe-se lá mais o que ele quis dizer com se pegar.
“E valeu a pena?” O outro indaga com malícia.
Infelizmente o sorriso de Liu alarga ao ver que o amigo estava com as bochechas corando, ele tenta esconder a resposta óbvia com um morder de lábios. Renjun cutuca Haechan enquanto um coro de ãhnnnnn preenche a sala de estar. Se Lee revirasse os olhos com um cadinho mais de força talvez eles saíssem de órbita. Que situação.
“Como é ter uma professora gostosa, Hyuck?” Hendery retoricamente lança o questionamento no meio dos amigos sem sequer interromper os dedos caóticos no console.
“Respeita ela, porra!”
Eles cessam a risada ao ouvi-lo exclamar pela primeira vez desde o início da conversa. “Ih, qual foi, relaxa.” Dejun responde, sua expressão metade severa e metade suspeita. “Não era ela que você não suportava?”
Haechan lembra-se vagamente de algumas vezes que chegou a reclamar no grupo de amigos durante as aulas. Ele fingia mexer no celular só para te incomodar, porém, a própria frustração o vencia por vezes e ele acabou enviando algumas mensagens para desabafar a insatisfação.
“Vamo mudar de assunto.” Começa Renjun, limpando a garganta para quebrar o silêncio da falta de resposta de Lee. “Quem vai na roda?”
A roda de samba mais esperada do mês se aproxima, Santa Teresa nunca fica sem receber os amigos por muito tempo, é quase tradição. O próximo Sábado promete.
Enquanto você se arrumava, Xiaojun te esperou no sofá da sua sala mexendo no celular. Ainda nem acredita que voltaram a conversar no meio da semana, muito menos no fato de que ele te convidou para sair de novo. Achou que o tivesse espantado no primeiro encontro.
A verdade é que ele é um doce, praticamente um príncipe, mas seu cansaço no dia te desanimou e, sem jeito, não conseguiu dizer o que significava sua carinha fechada. Por sorte, Dejun não levou para o coração e nem desistiu.
Quando o convite brilhou na notificação do celular, seu primeiro pensamento foi ‘roda de samba? nada a ver comigo’, entretanto, o papo dele é tão bom que te convenceu e ‘o que custa dar uma chance?’. Comparado a ficar em casa, seria muito melhor estar na companhia dele. O que você não esperava, porém, era que todos os amigos dele fossem, incluindo Haechan. Este fuzilava vocês dois sem disfarce algum, o que incomodou sua companhia levemente.
“Tá tudo bem por você ele estar aqui?” Xiaojun indaga ao seu ouvido. Além de querer ser discreto, ele aproveitou para jogar um charme e trocar um carinho. O afago desde o seu ombro até os dedos da sua mão não lhe passa despercebido, é muito bem-vindo e te alivia a tensão. “Tem certeza?” Seu aceno de cabeça não o havia convencido. “Se quiser, a gente pode fazer qualquer outra parada. Só quero ficar contigo. T-tipo, passar tempo ju-juntos.”
Você se permite sorrir, ele é fofo. “Tá tudo bem, juro.” Pousa os lábios no canto dos dele bem delicadamente, se demorando uns instantes. Dejun vira o rosto e rouba um selinho vagaroso, checando sua reação quase sem tomar distância, não queria fazer nada forçado. O risinho que molda seus lábios lavam o peito dele em alívio.
Ele sorri na sua boca junto contigo, retomando o beijo com mais intenção desta vez. É delicado, mas firme ao mesmo tempo. Suas línguas tocam num ritmo deliciosamente lento. Parece que encontraram o encaixe perfeito, é mais intenso do que a primeira vez. Você permite que as mãos dele apertem sua cintura e acariciem onde querem, esquecendo um pouco a timidez.
Donghyuck ainda observa a cena. A raiva que borbulha em seu interior faz sua mente criar mil cenários onde ele acaba com a ousadia do próprio amigo. Na verdade, se ele estivesse um pouco mais alto, talvez já tivesse feito merda.
Yangyang é o primeiro a perceber a situação. A verdade é que ia avisar ao Lee que a caótica ex-ficante havia acabado de chegar, mas encontrou o moreno estático e de cara amarrada. O copo plástico quase transbordando de cerveja não duraria muito tempo se ele continuasse apertando daquela forma. É receita para dar merda. Liu sabe que precisaria escolher qual caos enfrentar e, entre uma briga por causa de talaricagem e uma possível recaída com um rolo tóxico, é melhor a segunda opção. Ou…?
“Irmão, a Karina tá aqui.” Ele anuncia quase gritando por cima do som alto depois de se aproximar de Haechan. O outro nem se move, concentrado em amaldiçoar Xiaojun pela cara de pau de pegar na sua bunda no meio de tanta gente.
Era ele que devia estar te tocando. Hã?
Haechan finalmente percebe que tem companhia e leva um pequeno susto. Yangyang está impaciente e ameaçando derramar bebida em seu cabelo. “Porra! Assombração!”
“Caralho, tô falando contigo tem uns cinco minutos.”
“O que é, caralho?”
“Pela décima vez: a Karina. Está. Aqui.”
A confusão estampada nas feições de Lee irritam o outro profundamente. “Foda-se.”
Se fossem outras circunstâncias — se ele estivesse sóbrio — Donhyuck teria metido o pé ou no mínimo tentado se esconder. Droga de cerveja. Merda de amigo que está quase comendo minha professora gostosa que eu quero comer.
“É O QUÊ?” Renjun, que acabara de se juntar aos dois perto do open bar, só pode ter ouvido errado. “Você quer o quê e quem?” Não, não, não. Ele não pode ter dito isso alto na frente dos dois caras mais bocudos que conhece. Mas disse. Yangyang balança a cabeça em decepção, porém a surpresa era zero. Renjun pede três shots de vodka ao barman porque só assim.
“Ele quer a amiga da sua prima. Ha-ha.” Liu até tenta amenizar a situação e fazer piada, o que obviamente não funciona.
Renjun distribui os outros dois shots depois que pega um para si mesmo. “Virem essa porra.” Mesmo relutantes, os três entornam o líquido e fazem cara feia pelo gosto forte e a queimação que nunca fica comum. “Agora vamo colocar os pingos nos is. Você quer a sua professora, a mulher que o teu amigo tá pegando.”
“São muitas camadas.”
“Porra, vocês só me criticam!” Hyuck cessa o debate. “Nem era pra eu ter falado isso alto. Foda-se vocês dois, foda-se todo mundo.” Ele toma outro gole da cerveja para sair dali, porém antes que pudesse, você e Xiaojun encontraram o grupo novamente.
“Rapaziada, já avisei ao Dery e ao Lele, tô metendo o pé.” Ele comunica, porém Haechan só é capaz de focar nos seus dedos entrelaçados. Seus cabelos bagunçados e a roupa amarrotada de Dejun também capturam a atenção dele.
“Já vão pra casa?” O ciúmes fala por ele.
“É, a gente tá afim de ficar mais tranquilo.” Ele diz, olhando para você ao abrir um sorriso sacana.
O trio se encara num silêncio constrangedor. O moreno não disfarça a insatisfação: a ironia que escorre por seu suspiro de escárnio faz Xiaojun franzir o cenho. “Algum problema?”
“Jamais.” Renjun intervém, mas fica sem ideia, implorando pela ajuda de Yangyang com o olhar.
“Pô, então bom restinho de sábado aí pra vocês.” Liu aperta a mão livre do amigo. “Juízo, hein?” Força uma risada de tiozão, acabando por piorar a situação. Você e Dejun se entreolham e espremem os lábios para não rirem também, apesar do leve constrangimento.
Como se o universo judiasse de Yangyang, seu pior medo tomou forma, nome e sobrenome e, infelizmente, está bem perto. Karina deu as caras. Não, ela chegou chegando. Apoiou o braço no ombro de Renjun, que estava na ponta, e lançou um sorriso charmoso para o “ex”, Haechan.
“Não fala mais comigo?”
“Oi.”
Seria cômico se não fosse uma tragédia prestes a se desenrolar sob os olhos de várias testemunhas. Das duas uma: ou eles ficariam de novo, ou arrumariam mais um barraco catastrófico. Sempre a mesma história.
“Boa noite, Karina. Tudo bem?” Renjun debocha da falta de educação da garota, balançando o tronco para fazer o braço alheio cair. Ela apenas revira os olhos.
“Quem é essa?” Você discretamente pergunta ao seu date. Por causa da música alta, o volume não lhe deu a oportunidade de efetivamente esconder a curiosidade, todos os outros ouviram.
“Namorada do Hyuck, prazer.” Karina estende a mão para você numa simpatia que só, ao passo que você a cumprimenta com um sorriso doce. Ao mesmo tempo, o namorado engasga com a própria bebida enquanto a dupla fofoqueira ri alto de nervoso.
“Essa garota é maluca. A gente não tem nada.” Donghyuck gira o dedo indicador perto da têmpora para frisar a loucura de Karina. Ele espera muito que você não esteja acreditando em nada do que ela fala.
“Ele é muito bem humorado.” Explica com tom de voz suave, mas seu olhar é severo. Definitivamente faz o tipo perigoso.
Xiaojun prevê a merda que isso vai dar e se apressa, dando um aperto leve nos seus dedos. “Bom, é triste a dor do parto, mas eu tenho que partir. Boa sorte aí, guerreiros.” Ele acena para os que ficam.
Viram as costas e partem para a saída, com Huang e Yangyang acompanhando-os com o olhar até não conseguirem mais distingui-los na multidão. Ao voltarem-se para o bar, porém, prendem o fôlego ao encontrar o banco de Haechan vazio e nem sinal de Karina.
“Ah não.”
“Puta que pariu.”
Definitivamente Murphy estava certo quando disse que se existe possibilidade de alguma coisa dar errado, dará errado. O problema agora não é mais deles.
Xiaojun é o tipo de cara que leva intimidade à sério. Mesmo que fosse um lance casual, ele te tratou como uma princesa antes, durante e depois da transa — e como ele fode bem. Tem pulso firme, mas também soube a hora de se comunicar e perguntar como você gostava e se queria continuar.
Então, por qual razão você não parava de pensar em Donghyuck e Karina? Será que ele também havia se sentido assim ao ver que você estava indo para a casa de outro? Será que ele havia a beijado ou a levado embora também? Só de pensar te sobe um calafrio desagradável. Não, isso não pode ser…
Ciúmes? Pois é. Não é nada prazeroso admitir para si mesma que está de conchinha com um cara enquanto pensa em outro e, pior ainda, sendo um de seus alunos. Mesmo tentando evitar, o restinho do seu final de semana foi bem assim: Haechan rondando sua mente mais do que o aceitável.
Na segunda-feira, ele não foi ao curso. É difícil definir se você sentiu falta dele ou alívio de não ter de encará-lo depois dos últimos eventos. Não que se devessem satisfação, porém sabem segredinhos um do outro agora e talvez fosse muito estranho lidar com isso.
Quando ele apareceu na aula seguinte, algo estava mudado. Você mal foi capaz de lançar olhares em sua direção, deixando que o grupo criasse oportunidades para que o estudante normalmente polêmico participasse da conversa. Seus pensamentos estavam lotados de negação de ciúmes ainda.
Na maior parte do tempo, entretanto, Donghyuck ficou quieto. Engajou a conversa dos classmates poucas vezes sem sequer interagir brevemente com a professora. O problema era você, definitivamente, você pensou.
Na verdade, o problema não era você, e sim o fato de que ele está te perdendo para o próprio amigo. À medida que você e Xiaojun se aproximam, mais Haechan te deseja. Ele sabe que está correndo o risco de ser um grandessíssimo filho da puta, mas é impossível evitar a atração.
Ao final do tempo de aula, os outros alunos se despediram ao se retirarem da sala enquanto organizava seus materiais e apagava o quadro. Achou que todos já haviam partido e começou a cantarolar uma música qualquer para acalmar os nervos. Ao girar o corpo para recolher seus pertences, encontrou o motivo do seu estresse bem ali, com os olhos grudados em você.
“Que susto, Hyuck!”
Ele sorri de canto porque notou que você o tem chamado pelo apelido mais vezes recentemente.
“Você…” Limpa a garganta para soar mais firme. “Você tem alguma dúvida?”
“Tenho.”
O homem nem se mexe. O silêncio que os abraça pesa por uns instantes enquanto se encaram, ele está te deixando nervosa com esse olhar tão… penetrante.
“É em relação a aula que você não veio? A gente pode marcar uma aula de apo-.” Para de falar ao ver que ele se levanta e vagarosamente caminha na sua direção. Haechan sabe que não é só ele que fica descompassado ao estarem juntos.
“Como foi com o Xiaojun?”
Por um momento achou que tinha escutado errado. Processou as palavras e escolheu não acreditar no que ouviu.
“É o quê?”
“Como foi com o Xiaojun?” Ele repete. “Vocês foram pra casa dele mesmo?” Ele levanta uma das sobrancelhas e espera a resposta com as mãos nos bolsos.
A vontade que te deu foi de apontar a grande pachorra que ele teve de perguntar algo tão íntimo e armar um barraco. Tudo tem limites. Sabendo como irritá-lo, porém, apenas devolve na mesma moeda.
“Como foi com a Karina, sua namoradinha?” Questiona cheia de deboche, comemorando internamente ao reparar que a pergunta o atinge bem onde planejou.
Ele joga a cabeça para trás e solta um suspiro de falso escárnio, passando os dedos pelos cabelos desgrenhados. Pareciam duas crianças tentando discutir.
“Sabe qual a diferença entre a gente?” Haechan se aproxima um pouco mais, quase tocando seus corpos. “Eu não tenho nada com a Karina, já você e o Dejun…”
Chega a ser engraçado como as farpas apenas expõem o que realmente querem um do outro, e ainda assim, nem um dos dois compreende o que está acontecendo. Admitir sentimentos é coisa de adulto, alguém avisa?
“Por que isso te incomoda?” Cruza os braços sobre o peito. “O que você tem a ver com isso?”
O risinho travesso tão familiar teria te irritado mais se ele não tivesse, finalmente, acabado com qualquer distância entre os dois.
“Você realmente não sabe?” Ele acaricia a ponta do seu nariz com o próprio, você mal consegue respirar.
Suas pálpebras se fecham, e Hyuck adora te ver assim: tão aberta às suas investidas, como ele sempre imagina. Ele toma coragem para te beijar, então, cerrando os próprios olhos e deixando um selinho molhado nos seus lábios.
“Ôh, professora, já vai sair?” A voz estridente da moça da limpeza faz com que vocês se separem num estalar de dedos.
“Vou sim, Eunice.”
Não fosse o som da vassoura já batendo com pressa no chão, os batimentos cardíacos dos dois poderiam ser ouvidos. Os olhos dele estão arregalados, e você ri por quase terem sido pegos. O nó angustiado na garganta do moreno se desfaz em uma risada fraca. Que situação.
Para não arriscar ainda mais sua pele, Haechan vai embora sem terminar o que começou. Pela primeira vez, no entanto, não vai para casa frustrado, e sim confiante de que suas intenções estão claras agora.
Cerveja e vinho, pagodinho ambiente, um jogo de tabuleiro jogado mil vezes — agora esquecido no canto da sala de estar do apartamento de Xiaojun — e um lanche tão grande que o motoboy precisou de ajuda para carregar tudo. A noite de sexta do famoso grupinho, que já está acostumado com a mais nova integrante, é o puro suco da zona norte do Rio de Janeiro — Rildy para os íntimos.
A diferença deste rolé para a roda de samba no sábado passado é apenas o ambiente, a cara emburrada de Donghyuck se repete. Não só não conseguiu trocar uma palavra contigo hoje, mas também está, novamente, sendo obrigado a assistir os beijos que o amigo te dá. Palhaçada, não desgruda um segundo da boca da menina.
Não que ele não estaria fazendo o mesmo no lugar de Xiaojun.
Além do mais, a dupla inseparável maluco e doido não param de falar um segundo sequer sobre a vida dos outros, gente que ninguém mais conhece. Hyuck poderia até ser educado igual a Hendery, que sem nenhuma outra alternativa a não ser assistir a pegação alheia, escolheu prestar atenção nas atualizações de Yangyang e Renjun, mas aí não seria ele.
“Caralho que chatice, hein. Se a prima engravidou da porra do primo, o que vocês tem a ver com isso?” Haechan dá uma golada na long neck — sua quinta já. Nem são onze da noite e o cara já beirou seu limite alcoólico.
“Ih alá, Yang. Vai deixar?” Hendery acha graça e aproveita a oportunidade para botar um pouco de pilha. Um pouco de ação não mataria ninguém. Pensar desse jeito já rendeu várias discussões sérias, ele não aprende.
“Começa não, Dery.” Hyuck alfineta.
“A culpa não é minha que você tá puto.” Yangyang sussurra e aperta os olhos na direção dos dois isolados perto da cozinha.
“Ainda nessa história? Explica direito.” A curiosidade de Kunhang aguça.
“Não quero falar sobre isso.” Renjun suspira em pura frustração, apertando os olhos com as próprias mãos. “Ele tá puto porque o Xiaojun tá pegando a professora dele.”
“Quem dera fosse simples assim. Ele também quer a professora dele.” Liu explica, repreendendo Haechan com um balançar exagerado de cabeça.
“Ei!”
“Desculpa, ele quer a amiga da prima do Renjun.” Se corrige após ser repreendido pelo amigo. “Entende a gravidade da situação?”
“Tá, calma.” Hendery pensa uns segundos. “Há quanto tempo você quer ela?”
Finalmente alguém disposto a ouvi-lo.
“Porra, tem MESES.”
“Mentira! Você vivia reclamando que ela era chata.” Renjun briga, irritado. Seu sussurro gritado chega a ser cômico.
“Já ouviu falar em tensão sexual?”
“Então o talarico foi o Dejun? Caralho, que vacilo.” Hendery conclui, beliscando a batata frita fria em cima da mesa de centro.
“OBRIGADO, porra!”
Renjun e Yangyang estão desacreditados, como alguém apoia essas coisas? É bater palma para maluco dançar.
“Ele não sabia!” Yangyang o defende.
“Do que vocês estão falando?” O próprio assunto pergunta, trazendo você também para a rodinha.
“De futebol. Eurocopa e tals.” Renjun mente, sendo reafirmado pelos acenos de cabeças dos outros.
A mentira era óbvia, mas os outros decidiram deixar passar (questionar daria muito trabalho). Logo arrumam outro assunto e a apreensão no ar começa a se dissipar. Não para você e Donghyuck, é claro.
Desde o selinho que quase foi flagrado, você passou os últimos três dias pensando no que fazer sobre isso. A verdade é que já está completamente perdida na atração para dar para trás; ao mesmo tempo existe, porém, algo que ainda te freia a tomar uma atitude. Seria esse freio o anfitrião? Ou ainda o fato de que ele é seu aluno? Os dois? Não dá para saber, ainda mais com o jeito que ele te olha — é desconcertante.
Hyuck faz zero questão de disfarçar seu interesse, mesmo Xiaojun notou que estão trocando olhares. Ninguém diz nada por respeito ao amigo, mas eles já sabem aonde isso vai dar: Haechan Lee nunca desiste do que quer.
Dejun escolhe ignorar os sinais, pelo menos por esta noite. Cerveja é pra isso, ele pensa. Eu não preciso pensar nisso agora, uma vozinha tenta o convencer. À medida que ele os amigos foram bebendo, menos ele se incomodou com as palavras não ditas entre você e Donghyuck, e ainda conseguiu se divertir um pouco.
Ao passar das duas, o álcool já havia vencido os meninos há tempos. Você, sem beber, fez bons registros das pérolas sem pé nem cabeça que eles talvez se esquecessem pela manhã. O problema é que teve de cuidar deles sozinha.
Yangyang e Renjun já estavam dormindo no sofá e os outros bateram cabeça nas cartas várias vezes, sinal claro que já passou da hora de encerrar as atividades, mas não davam o braço a torcer.
“Quem perder a próxima rodada vai pagar o uber.” Hendery desafiou, mas nenhum deles tinha disposição para terminar a partida de buraco.
“Quem chegar no térreo por último vai pagar o uber.” Hyuck retruca, sorrindo orgulhoso do próprio desafio.
“Eu tô de carro, levo vocês.” Lança a proposta na esperança de que eles aceitem logo. O cansaço já pesa o seu corpo.
“Tem certeza? Não vai te dar trabalho?” Xiaojun pergunta.
Cala a boca, Hyuck pensa. Ele já está mais desperto e calculando todos os jeitos de ficar sozinho contigo. Mesmo altinho, sabe bem o que está fazendo.
“Tenho, eles moram perto de mim. Não é trabalho nenhum.” Reafirma, já recolhendo suas coisas e colocando-as dentro da bolsa novamente, aproveitando para pegar as chaves do carro.
“Então acorda esses folgados aí, Dery.”
Kunhang se alonga dramaticamente como se estivesse numa preparação séria. Levanta-se com cautela e, sem coordenação alguma, pula e se joga em cima da dupla dorminhoca, que acorda no susto.
“Já são sete da manhã, lindinhos. Vamos embora?”
“QUE HORAS?” Renjun berra no ouvido de Liu, ajudando no processo de tirá-lo do sono.
“O que tá acontecendo?” A voz preguiçosa do outro mal é ouvida pelos amigos, mas assim que ele repara que está sendo encoxado pelos Huangs, não se contém. “SAI, PORRA! Nem pagam uma janta antes.”
“Se o síndico me mandar mensagem essa hora da madrugada eu juro que…”
“Então não são sete da manhã?” Renjun se espreguiça, bufando ao notar o céu ainda escuro. “Como a gente vai embora?”
“Ela vai dar uma carona pra gente.” Hyuck diz, e seu sorriso não agrada nada ao amigo.
Ignorando o olhar desconfiado de Huang para Lee, você balança as chaves nas mãos. “Vamos?”
Dejun desceu com vocês até o carro, deixando um beijo breve nos seus lábios como despedida. Haechan revira os olhos e gira nos calcanhares, indo até a porta do passageiro marcar seu lugar. Sem opção de escolha, os outros três se sentam no banco de trás.
“Vamos lá! Hendery mora daqui três ruas, né? Renjun e Yangyang perto do Norte Shopping e Hyuck lá no Méier?” Confirma enquanto manobra para sair do condomínio perto do estádio Nilton Santos, ou melhor, Engenhão.
“Sim.” Hyuck corta os outros. “Acho que é melhor me deixar por último porque aí atravessa o viaduto uma vez só.”
Desgraçado, Yangyang sussurra para Renjun, que concorda silenciosamente.
“Faz sentido.” Declara, por fim, fazendo o moreno comemorar em seu interior. No grupo do trio, eles trocam as seguintes mensagens.
Renjun: eu lavo minhas mãos Yangyang: vê se n faz merda pf Hyuck: q bom q vcs são imparciais
O muxoxo de Huang é tão alto que te preocupa. “Ai, que foi? Entrei na rua errada, Jun?”
Yangyang o cutuca com o cotovelo, apressando-o para te responder. “Hã?” Ele tenta se lembrar do que você acabou de dizer. “Não, não, tá certo. Agora é só daqui duas direitas.”
O caminho até que foi rápido — você fez ser. Talvez estivesse curiosa para saber o que os risinhos dele estavam escondendo, talvez também estivesse torcendo para ficarem sozinhos logo.
Assim que eles saíram do carro, a atmosfera mudou. Hyuck tomou a liberdade de descansar uma das mãos sobre sua coxa, observando sua reação — um suspiro quase imperceptível. O R&B baixinho só melhora tudo, a melodia envolvente provoca a imaginação de Lee. Ele está decidido a não deixar a oportunidade escapar.
“Você tá com pressa pra chegar em casa?” Ele pergunta com um quê de esperança, vendo que já haviam chegado ao Méier. Você acena que não com a cabeça. “Pensei da gente continuar a festa.”
“Hyuck…”
“Qual foi, só conversar um pouquinho.”
Você vira na rua dele, o prédio fica há apenas alguns metros.
“Tem vaga pra estacionar?” Você brinca, como se fosse uma condição para que você aceitasse o convite.
Haechan mostra o aplicativo que controla o portão automático já aberto no celular. “Não aceito não como resposta.”
Maldito. Maldito sorriso vitorioso também. Maldito Donghyuck Lee por mexer tanto com a sua cabeça ao ponto de te convencer a subir ao apartamento dele para conversar.
Por sinal, a conversa começa no elevador. O porteiro mal teve oportunidade de responder ao boa noite do casal, visto que Hyuck quase correu para dentro do cubículo. Apertou um dos botões, você nem viu o andar. Ao sentir os lábios dele nos seus, apenas fechou os olhos e deixou suas mãos passearem pela nuca alheia, entregando-se completamente.
Ao mesmo tempo que era tão novo, parecia tão familiar. Os dedos firme de Lee apertam sua cintura com força, mas sem pressa, no mesmo ritmo que te beija. Sua língua envolve a dele como se tivessem todo tempo do mundo. A lentidão dos movimentos não condiz com as batidas aceleradas no peito, a adrenalina corre pelas suas veias, porém não é só isso. É ele, culpa toda dele.
“Tava doido pra fazer isso.” Ele confessa, e morde seu lábio inferior delicadamente.
A porta se abre, e vocês caminham entre selinhos leves até a porta do 809. Agora que, finalmente, te beijou, Hyuck não quer perder um segundo sequer longe da sua boca.
Ele deixa que entre primeiro, você dá alguns passos mais para o centro da sala de estar surpreendentemente organizada. Tem algumas fotos decorando as paredes e um quadro enorme na parede ao seu lado, que prende sua atenção enquanto Haechan tranca a porta.
O homem absorve sua figura, parece focada na pintura que vê. Devagar, ele caminha na sua direção até chegar bem perto. Não dá para resistir a você. Ele troca os fios do seu cabelo de lugar, deixando uma parte do seu pescoço livre para que ele deixasse os beijos cuidadosos e molhados que ele havia guardado. Cola seus corpos num abraço apertado e sente suas costas se relaxarem.
Você conduz a mão livre do moreno a explorar o seu corpo. As digitais sob as suas afagam sua coxa, sua bunda, seu quadril, abdômen e vão sozinhas até um de seus seios. Ele aperta com carinho, sem deixar de abusar dos beijos ainda.
“Vem cá.” Você vira seu corpo e o beija outra vez. Agora com mais urgência, muito mais necessitada dos toques dele.
“Sobe.” Ele pede, te tomando no próprio colo depois que você dá um impulso leve e entrelaça as coxas em seus quadris.
É sua vez de distribuir beijos pela pele quente de Donghyuck. Ele se concentra, mas suas mordidas no pescoço dele não o ajudam. Ao chegarem no quarto, você é colocada na beirada da cama com muita delicadeza. Ele te admira um momento, mordendo o próprio lábio em antecipação.
Você o puxa para si novamente, sentindo o peso dele sobre seu corpo, sentindo o volume na bermuda dele arrastar na sua lingerie molhada e exposta pela barra curta do vestido que usa. O atrito não passa despercebido, o suspiro dele te agradou muito. Mais outra vez retomam o beijo, desta vez os quadris se alinham deliciosamente.
“Deixa eu tirar esse vestido?” Foi uma pergunta retórica.
Você sorri nos lábios do homem. De repente, troca a posição, ficando por cima. Provoca ao remover a peça bem lentamente, a visão o faz estremecer. “Gostosa.” Seus seios nus e a calcinha roçando nele o fazem querer tirar uma foto, parece o paraíso.
Não dá para acreditar que o otário do Dejun te viu assim, mas que porra. Você é dele.
Ele se senta e manda a própria camisa para algum canto do cômodo. Você traça os músculos tonificados com a unha, Hyuck adora a expressão no seu rosto ao vê-lo um pouco mais exposto. Ele beija sua clavícula e traça um caminho molhado até seus peitos, brincando com eles como bem entende. Usa os dedos para beliscar um e a língua para estimular o outro. Ele geme no processo ao sentir o ritmo das suas reboladas mudarem.
“Duvido que sua namoradinha faz você ficar assim tão rápido.” Nem deu tempo de reprimir as palavras, quando viu, já foi.
Algo incendiou em Donghyuck quando te ouviu falar assim. Não era só ironia, tinha algo possessivo. Ainda mais com as suas unhas apertando os ombros dele sem pena de marcar. Que bom que ele não era o único.
“Não faz, só você.” Ele responde submisso. Está irreconhecível, longe de ser aquele Donghyuck cuja missão de vida era te irritar. Aqui, agora, ele quer ser seu, realizar os seus desejos.
Você sai do colo dele e tira as últimas peças que ainda o cobriam. O membro rijo e babado te dá água na boca, e Hyuck sente de novo uma onda de prazer percorrer seu corpo apenas pelo seu olhar nele. Ele aproveita para acariciar o interior da sua coxa e subir até sentir sua umidade.
“Porra.” Ele geme, movendo a renda para o lado e lambuzando dois dedos nos seus fluidos. “Tá molhadinha, toda pra mim.”
“Hyuck…” Joga a cabeça para trás e sua pelve se move para frente. “Mais, amor, por favor.”
Haechan se livra de sua última peça de roupa com pressa e se senta bem embaixo das suas pernas entreabertas. “Senta, vem.”
Você reluta um instante. Ponto pra mim, ele pensa.
“Senta na minha cara, amor.”
“Mas não vai te-”
“Vem.”
Ele queria mesmo ser sufocado pela sua buceta, não poderia ligar menos de ficar sem respirar se fosse para te excitar ao ponto de escorrer pelo próprio rosto.
Hyuck começa devagar, ouvindo seus gemidos e deixando que seus sons o guiem. Lambe seu pontinho inchado na direção que te faz espremer as coxas ao redor do pescoço dele.
O tapa que estala na sua bunda, seguido de um aperto forte, te faz ver estrelas e melar mais ainda a boca gostosa do moreno que te engole inteira. Você sente os olhos revirarem pelo prazer quando ele encontra justamente o ponto que te tira do eixo. O nome de Lee sai de seus lábios repetidas vezes, ao passo que sua respiração desregula, seus dedos do pés travam, e você goza na língua do homem. Todo o seu corpo pulsa rápido, ainda mais errática lá embaixo, deixando-o orgulhoso do próprio trabalho.
Haechan deixa que você se recupere, te deitando sobre a cama. Você captura seus lábios, e ele se derrete no contato. Uma de suas mãos dá a atenção que o pau carecia, e ouve-o arfar em satisfação. O moreno está entorpecido na sensação de tê-la assim tão perto, algo que antes não passava de um devaneio. A quantidade de coisas que deseja, cheio de tesão, não está escrito. Mas ele tem paciência, qualquer coisa que você der, ele aceita.
Não contava, entretanto, que você mesma já estava impaciente.
“Vai me comer, Hyuck?” Sua voz diz, muito mais num tom de comando do que curioso.
“Fala que quer meu pau, gostosa. Eu faço o que você quiser.”
“Me fode, amor. Por favor, me fode.”
Irresístivel um pedido assim. Ele admira seu corpo despido como um enfeitiçado. Alinha o pau na sua entrada, brincando com seu gozo e provocando com a cabecinha. Porém, não aguenta muito tempo. Logo escorrega a extensão inteira sem dificuldade alguma. Enterra o rosto na curva do seu pescoço para não se deixar levar pela sensação.
“Caralho. Muito apertada.”
Então você comprime o canal de propósito, Hyuck suspira alto e agarra o lençol com os nós brancos das mãos.
“Gata, porra! Caralho, faz de novo.” Ele pede, começando os movimentos, bem lentinho. Você atende ao pedido, e ele geme sem pudor. “Que buceta gostosa, puta merda.”
“Vai, amor. Me come, assim.” Pede, entregue novamente.
O vai e vem de Lee aumenta aos poucos, os barulhos de pele na pele preenche o quarto junto com os gemidos e os elogios do moreno. A melhor buceta que já comi, ele confessa sem pensar. Você é só minha, se convence.
Ele nunca havia se sentido assim, tão focado e tão fora de si ao mesmo tempo, tão vivo. Não dá para saber se era porque havia a tensão e o desejo de meses acumulados, mas nunca esteve tão eufórico, não sabia que era possível querer tanto ao ponto de arrepiar dos pés a cabeça e questionar que porra de conexão é essa que só de te olhar ele se sente perto do ápice.
“Goza pra mim, Hyuck.” Passa o polegar sobre os lábios avermelhados dele. “Goza dentro, me faz sua.”
Finalmente, ele se desfaz, despejando os jatos grossos no seu canal. A euforia o percorre por inteiro e o faz perder a cabeça um momento. A porra escorre até o branco do lençol, faz uma bagunça. Ele não se importa.
Você o abraça até que se acalme, e Haechan aproveita, sente o cheiro da sua pele, processa os últimos acontecimentos. Se for chamado de filho da puta pelos amigos pelo resto da vida em troca de te ter, foda-se, ele está mais do que disposto a aceitar.
#nct smut#nct dream smut#nct pt br#nct scenarios#nct imagines#nct x reader#haechan smut#haechan x reader#haechan imagines#haechan scenarios#nct dream imagines#nct dream scenarios
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O objetivo dessa gameplay é lidarmos com uma psicopata viciada na sensação de se apaixonar, porém logo após o casamento, ela perde o encanto do sim, porém para ela não basta apenas o divórcio, ela precisa matar.
Regras
Crie um sim jovem adulto.
Comece em uma casa simples.
Claro que cheats para facilitar demais a vida do sim são proibidos.
Se você tem a expansão 'paixão à vista', você deve conhecer no mínimo 2 sims pelo aplicativo de namoro e 1 em encontro às cegas. Os outros dois você decide.
Alcance nível 10 na habilidade de romance e 5 em carisma.
O objetivo do desafio é casar com 5 sims e matar todos. Pode usar mods, como o extreme violence, ou as mortes do próprio jogo (no desafio do canal, irei usar mods em 3 mortes e 2 serão do jogo, você também pode fazer o desafio com o objetivo de casar com 10 sims, é até indicado para acumular mais riqueza, mas eu acredito que para o canal longo assim não funciona por isso eu decidi fazer 5).
Ao se casar, pegue todo o dinheiro do seu cônjuge.
Crie um cativeiro e deixe o cônjuge trancado até o próximo casamento. Você pode matar o sim assim que casar ou esperar o tempo que quiser, mas o sim deve ficar no cativeiro até a sua decisão.
Guarde as lápides de todos e coloque em um móvel como se fosse uma "coleção" ou faça um cemitério.
Você deve ter pelo menos 2 filhos com um dos cônjuges.
O ideial é manter a viúva negra desempregrada o tempo todo, porém por certo tempo na minha gameplay pessoal, irei fazer ela trabalhar na nova carreira Guia de Romance da expansão paixão à vista por um período.
Para cada marido, ela terá um disfarce para encontros, visitas e casamento.
Se mudar no mínimo uma vez de mundo.
Ao final, após acumular certo dinheiro, morar em uma cobertura e finalizar o desafio.
Um dos traços deve ser obrigatóriamente maligna. O traço sentimental (nova expansão) é uma sugestão já que ela se apaixona profundamente durante o namoro. Já o outro pode ser qualquer um de sua preferência.
Você pode escolher entre as aspirações 'Amor do Mal' em Depravação, 'Baranosa das Mansões' em Fortuna ou 'Exploradora Afetiva' em Amor (esse último é para explorar a expansão paixão à vista).
Caso a sim ficar triste após a morte do sim, você pode tirar com o mod ui cheats o buff de tristeza.
A intenção não é ser ricaça nesse desafio, diferente do antigos que já temos. Precisamos lidar com uma psicopata que troca de amor de tempo e tempo adicionar a gameplay da nova expansão. Ao longo do tempo vou melhorando as regras e adicionando mais.
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oioi!! poderia fazer um hotzão juuzou suzuya(sub ou dom, tanto faz) x leitor masculino?? Ele é simplesmente tudo pra mim. Brigadaaaaaaa
Juuzou Suzuya — Male reader.
![Tumblr media](https://64.media.tumblr.com/54f930cf73be280dfdb1e52de1579e5f/ae52f1a08eb4e46c-9b/s540x810/3a928e1a607ad16d0f24c14b9b59a512aba14197.jpg)
—M-merda — ele engasgou enquanto [Nome] deslizava suas mãos para cima e agarrava seus ombros, puxando-o para baixo em um empurrão duro de seus quadris. O dono de cabelos [escuros|claros] dirigiu direto para sua próstata novamente e a acertou com outra batida dos quadris de Suzuya contra os seus.
O albino levantou o queixo, saboreando o fogo que tamborilava em suas veias enquanto tentava se acostumar com aquele pau gordo em seu interior. A coleira apertava sua garganta enquanto o anel peniano vibrava ao redor de seu falo magro.
A boca de [Nome] encontrou seu pescoço e arrancou um gemido da garganta de Juuzou enquanto ele chupava uma marca viciosamente brilhante contra a coluna pálida de seu pescoço. O corpo do jovem adulto estremeceu sob o toque, dedos cravando nos ombros do outro para se firmar enquanto ele rolava seus quadris em cima do parceiro.
Os dentes afundaram em sua pele e Suzuya gemeu com outro tremor, algumas gotas de pré vazando de sua cabeça de pau e no estômago de [Nome].
— De novo — ele ofegou, os olhos fechados. Você rosnou, passou um braço em volta da cintura magra do outro, levantou os quadris e moveu a boca alguns centímetros para deixar outro hematoma no pescoço pálido.
Um grito saiu da boca de Suzuya e ele choramingou enquanto caía no pau de [Nome] novamente. Quando menos percebeu as posições tinham sido trocadas e ele estava deitado sobre a cama recebendo estocadas brutas.
A mão forte do dono de pele [escura|clara] segurava com força a corrente que ligava a coleira do mais jovem, o obrigando a levantar o olhar quando era empalado sem dó.
— Olhe para lá, meu amor — [Nome] grunhiu sentindo o interior de Juuzou se apertar, como se quisesse ordenhar até secar as bolas. Suzuya conseguiu ver a própria imagem quebrada no espelho da parede a frente, estava completamente trêmulo, lágrimas deixavam seus olhos toda vez que a cabeça bulbosa de seu parceiro se arrastava em seu interior.
As meias branquinhas que usava antes estavam rasgadas, o plugue com rabinho estava caído no chão e a coleira rosinha era a única que manteve em seu corpo.
O orgasmo chegou quando sentiu o líquido cremoso de seu homem manchar seu interior, pintando suas entranhas de branco e o enchendo até a borda.
#fanfic#leitor masculino#male reader#imagine#dom reader#alpha reader#juuzou suzuya#tokyo ghoul juuzou#tokyo ghoul suzuya#tokyo ghoul#unprotected sex#gayhot#gay boys#gay love
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O tumblr para eu é um refugiu, aquela casa na árvore que você nunca teve quando criança, um lugar mágico a onde você publica e rebloga o que você gosta, curte, demostra teus sentimentos/emoções, desabafa, mostra teus desejos, fantasias e fetiches. Você segue as pessoas que você se identifica, além de gostar do tumblr por conta da sua essência que são únicas.
Eu estou no tumblr a tanto tempo, já vi de tudo e conheci varias pessoas que me ajudaram ou eu ajudei elas sem ao menos ver o rosto, eu nunca liguei para números de seguidores, likes e reblogues. Minha ligação com tumblr é especial, marcou minha pré adolescência e agora na fase jovem adulta, mas eu admito que odiei quando o tumblr foi comprado e vieram "regras" sem noção, a onde você não tem mais tanta liberdade de expressar teu lado +18 como gostaria, pois tua publicação vai para análise sendo que não tem nada demais ou ele é sinalizado como adulto e não aparece para quem está no pc ( um dos motivos de ter feito novamente o 94-cherry). O tumblr é magico te faz sentir sentimentos e emoções que você não sabe da onde saiu e pq você está sentindo, uma hora você está triste, feliz e excitado ao mesmo tempo além de ser algo profundo como lindas poesias e um poema.
O QUE O TUMBLR SIGNIFICA PARA VOCÊS?
- Cherry
#tumblr#cherry#texto#citação#cita#frase#notas#escrito#escrita#amor#amizade#projetovelhopoema#projetoflorejo#projetoalmaflorida#pequenosescritores#pequenospoetas#pequenosautores#pequenasescritoras#pequenosversos#eglogas#mentesinquieta#mentesexpostas#lardepoetas
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Sob Holofotes
Em Sob Holofotes, acompanhamos a trajetória de dois jovens extraordinários cujas vidas colidem em uma sessão fotográfica para uma renomada revista. Um talentoso cantor que trocou a agitação de Londres por uma busca musical nos Estados Unidos e um deslumbrante modelo com raízes americanas, mas que cresceu entre os encantos britânicos devido ao trabalho.
O enredo se desdobra quando a oportunidade de uma colaboração fotográfica surge, levando-os a encenar um namoro falso para ganhar visibilidade na internet. A fachada de um romance falso se torna o ponto de partida para reflexões mais profundas sobre identidade, amor e a complexidade das relações na era das redes sociais.
Enquanto ambos enfrentam suas próprias jornadas pessoais, suas vidas se entrelaçam em uma trama de flashes e melodias, numa história que revela os desafios por trás da imagem pública, enquanto os protagonistas descobrem que, por trás das câmeras e dos holofotes, as verdadeiras melodias da vida continuam a ecoar.
Essa história contém: Fake dating (namoro falso); Htops; Lbottom; Smut gay, obviamente; Slow burn (as coisas demoram um pouco para acontecer); Possíveis gatilhos com relação aos encontros (tomei como base os stunts da vida real).
WC: + 34K de palavras. (Pegue a pipoca e fique confortável)
Comentários e votos são sempre importantes, então não me poupem.
Aproveitem!
I
A vida de um homem que resolveu não seguir o que a sociedade havia escolhido para si não era nada fácil. O adolescente magrelo e pálido não queria outra coisa senão andar de skate, fumar maconha e tocar guitarra. Quando jovem adulto, no auge dos seus dezenove anos, resolveu não enviar a carta para as faculdades e no lugar disso ele juntou algumas economias com as apresentações que fazia nos bares da cidade e gravou uma demo.
A bandinha de garagem, como muitos chamavam, era composta por alguns amigos que a vida lhe deu. Entre muitos experimentos, idas e vindas, dramas sobre quem iria ser a cara da banda, sobrou ele, Louis; Matthew, um velho amigo que se juntou à família quando começou a namorar a prima de Louis, apesar de agora serem apenas desconhecidos que se conhecem demais; Nick, o cabeludinho de moletom que certo dia, no ensino médio, pediu para fazer um teste e tocar com eles; e Jamie, o colega de turma de um dos seus melhores amigos e segundo guitarrista que tiveram, logo depois do anterior não aceitar dividir uma fama que sequer havia chegado.
O Louis Tomlinson de quase 20 anos, assim que criou coragem e terminou de enviar a demo para pelo menos dez rádios locais e outros vários empresários conhecidos por apoiar a carreira de artistas iniciantes, se reuniu com seus parceiros de todas as horas na velha garagem tão bem conhecida, abriram uma caixinha de cerveja e se deixaram sonhar, mas o fato de arriscar tudo o que tinha e, na verdade, todo o seu futuro, fazia o rapaz se sentir apreensivo, não queria estar só. Sabia que a família ainda não aceitava muito bem sua escolha, e ele se pegava pensando se havia necessidade de ter sido tão radical ou ele poderia ter feito como Jamie que, mesmo na banda, acabou de ser admitido em duas faculdades.
Ou como Matthew, que tocava muito bem, mas não dispensava qualquer outra oportunidade de emprego, sempre pensando na hipótese da vida de artista não dar certo, coisa que Louis nunca se deixou pensar para não atrair. Como Nick ele nem ousava comparar, era impossível haver realidades mais discrepantes. O amigo só era meio esquisito e misterioso, e com isso mascarava a riqueza da família muito bem por trás dos fios cumpridos oleosos e roupas desgastadas.
Então era de se imaginar que quando finalmente ele recebeu um email que tinha como remetente um produtor local, lágrimas gordas saíram sem pedir licença pelos olhos azuis e uma respiração longa demonstrou quanto peso saiu das suas costas. A primeira comemoração aconteceu entre ele, seu velho notebook e uma garrafa de cerveja, enquanto respondia o email sem enxergar muito bem as letras por sua visão continuar cada vez mais embaçada. Depois, ele se recolheu em um canto do sofá manchado e sorriu entre as lágrimas que representavam nada mais que alegria e realização. Ele finalmente pôde sentir que era capaz.
Hoje, após ter recém completado 25 anos, Louis olha para trás e fica feliz com sua pequena trajetória. Do subúrbio de Londres ele se mudou para Los Angeles logo após lançar o primeiro álbum de verdade, vendo como o produtor estava certo em dizer que aquele tipo de som faria mais sucesso nos Estados Unidos e, conforme era de se esperar, eles iriam aonde fosse necessário por um sonho.
A saudade da família era uma questão a ser trabalhada já que a grana não era boa o suficiente para custear viagens tão longas e caras, mas pelo menos as principais comemorações tentavam passar juntos, tentando amenizar pelo menos um pouco a saudade que sentia da mãe, do padrasto e suas irmãs mais novas. Também foi meio que por eles o surgimento do nome oficial da banda, Arctic Monkeys, mas ninguém precisava saber que ele confundiu o Atlântico, aquele oceano que divide os dois continentes onde seu coração batia, com o Polo Ártico. Geografia nunca foi o seu forte mesmo.
– Ei, Tommo! Consegui um job perfeito pra você, vai me agradecer depois. – Tristan Evans chegou sorrindo.
O homem de cabelos loiros e olhos azuis gélidos era seu agente de relações públicas e secretário, na verdade o amigo meio que fazia tudo o que estivesse ao seu alcance para elevar a carreira da banda e dos meninos individualmente. Ele parecia novo demais apesar de ser poucos anos mais velho que Louis, já na casa dos trinta, e o estilo jovial com aquele sorriso de dentes pequenos contribuem para essa imagem.
– Vamos lá Evans, me dê uma boa notícia de verdade dessa vez. – o menor sorriu descrente.
Louis tinha acabado de fechar as cartas que chegaram no estúdio cobrando aluguel e outros financiamentos, nem tudo eram flores para bandas menores, e o agente sabia bem disso. O loiro corria para cima e para baixo procurando as mais diversas oportunidades para colocar os seus músicos preferidos às vistas do público, independentemente de como isso se daria, pois ao seu ver o importante era ser conhecido. Foi assim, inclusive, que Jamie acabou em um comercial de pasta de dente na TV e Nick teve que fazer diversos posts patrocinados no Instagram.
– Você lembra da Attitude Magazine, certo? Então, eu consegui o contato de um dos redatores da revista e agora você tem um ensaio fotográfico na próxima semana. – o homem de cabelos rebeldes sorriu orgulhoso ao passo em que pegava o celular para mostrar a conversa com o tal redator.
– Attitude.. aquela revista britânica LGBT? É dessa Attitude que você tá falando? – o olhar irônico estampava o rosto do moreno. – Por que eles iriam querer fotos minhas, um cara que deixou seu país para viver o sonho americano e ainda por cima nem representa a comunidade?
– Você ainda é um filho da coroa, não é? Olha, Tommo.. confia em mim, eu sei o que estou fazendo. – sentou ao seu lado no sofá marrom que ficava atrás da mesa de som, fora do espaço de gravação, e pousou uma das mãos no ombro estreito do mais novo. – A revista não estampa apenas pessoas LGBT, apesar de que sua capa não vai ficar tão distante...
– O que você quer dizer com isso? – rebateu, confuso.
Louis até teve uma pequena experiência quando mais novo, mas não chegou a considerar os beijos trocados com o seu antigo guitarrista em uma onda de maconha e álcool como algo válido. Na verdade ele nem desconfiava que alguém poderia saber do ocorrido já que naquele dia Matthew e Nick estavam tão chapados que sequer podiam lembrar os próprios nomes ou como mirar o pinto para mijar no lugar certo, quem dirá o que aconteceu entre os dois colegas. De qualquer maneira, mesmo que não tenha se interessado em repetir a dose com qualquer outro homem, sua vida sexual ou romântica não era pauta para o público, nunca foi.
– Eles querem mostrar um pouco do jovem cantor que largou a vida em Londres para trás e passou a cantar sua história na América, e esse é você caso não tenha percebido. Mas também teremos outro jovem que tem raízes nos Estados Unidos e vive praticamente na Inglaterra desde muito novo por conta do trabalho.. são histórias bonitas e até que parecidas.
– Ainda não entendi em que ponto a comunidade se encaix-
– Ah sim, claro. Ele é um homem gay assumido desde criança praticamente, então é uma grande referência para várias pessoas.
– E nós vamos fazer as fotos juntos? – perguntou o que já sabia apenas para confirmar.
– E vocês vão fazer as fotos juntos! – Tristan sorriu brilhante. – O estilo das fotos depende muito do fotógrafo que vamos conhecer apenas no dia, então você deve estar preparado para glitter, roupas estranhas, pouca roupa.. sei lá o que passa na cabeça desse povo. Nada que você não possa lidar, com certeza.
– Bom.. ok?! Pelo menos não vou ter que fazer vídeos para as redes sociais só para mostrar a marca que estou vestindo. – a alfinetada no companheiro que nem estava presente rendeu boas risadas até que ele se deu conta de um detalhe. – E o americano que vai fazer as fotos comigo, quem é?
– Oh, sim.. você provavelmente não conhece, moda não é muito sua área. – o loiro falou com ênfase ao encarar de cima a baixo as roupas que o mais novo estava usando, desde o conjunto de moletom cinza até a meia não mais tão branca.
– Ha ha ha, como você é hilário. – a feição séria em conjunto com o revirar de olhos deixava claro o quão engraçado achava o que acabou de ouvir.
– Harry Styles, ele é modelo.
A mera ideia de ser fotografado para estampar uma capa de revista já não fazia muito sentido na cabeça de Louis. Ele lembrava do adolescente magro e baixo que sempre estava com o cabelo escorrido tapando boa parte do rosto e queria rir desse absurdo. Mas o tempo foi bem gentil consigo, não iria ser modesto e negar que envelheceu muito bem.
Os fios agora se mantinham mais curtos, a barba rala que envolve o rosto anguloso lhe deixa com uma feição mais máscula e menos infantil, a pele menos pálida graças ao sol que não conhecia quando morava na Inglaterra, os olhos azuis que sempre foram sua parte mais chamativa, sem contar as diversas tatuagens que estampam seus braços contribuindo para uma imagem mais estilosa de si mesmo. Sabia que era objetivamente bonito, mas não ao ponto de sequer pensar em modelar um dia, ainda mais ao lado de um profissional.
– E eu vou ter que posar ao lado de um modelo, obrigado Evans, obrigado mesmo.
II
– Oi mãe… sim, eu também sinto muita falta de vocês.. é, talvez eu consiga, quer dizer- sim, vou estar nos Estados Unidos por alguns dias e posso passar em casa para ver como vocês estão.. tudo bem, eu também te amo, beijos.
A foto em família que estampava a tela quando estava em ligação com a mãe desapareceu assim que o celular foi desligado, encerrando a chamada. Os dedos longos que contava com um esmalte azul clarinho já descascado brincaram com o aparelho mais um pouco antes de levar os dígitos até o rosto e esfregar os olhos pelo cansaço. A parte mais difícil da distância para Harry poderia facilmente ser a diferença de fuso horário. Enquanto em Manchester, onde morava, já se passava da meia noite, os pais estavam acabando de chegar do trabalho por volta das 18h nos Estados Unidos, mais precisamente em São Francisco.
A cidade californiana foi palco para sua infância e pequena parte da adolescência, mas infelizmente ele não a reconhecia como lar. Desde muito novo o garotinho delicado de bochechas grandes e róseas foi visto como sinônimo de beleza, e isso meio que moldou todas as suas escolhas dali em diante.
Crescer numa família marcada por prodígios da medicina e da área da saúde em geral não lhe influenciou tanto quanto alguns parentes gostariam. A linhagem dos Styles era conhecida na cidade inteira pelos diversos consultórios que existiam nas principais avenidas, todos muito modernos e de arquitetura refinada, além de este ser um sobrenome comum de concorrer aos prêmios acadêmicos e no campo da pesquisa. Seu pai mesmo vivia viajando e compartilhando todo o conhecimento que possui sobre odontologia com o mundo em palestras e conferências. Emma, sua mãe, apesar de não ter afinidade com a área teórica, ainda sim era sócia majoritária do maior hospital da Califórnia inteira e por vezes atendia em seu próprio consultório para não ficar entediada em casa.
Harry tinha apenas uma irmã mais nova e ela, seguindo o que já era esperado, estava cursando a faculdade de odontologia e pretendia seguir os passos dos pais. Mimada como sempre foi, não seria difícil achar boas referências para se espelhar e bons cargos para trabalhar no futuro. Clara sempre foi tudo o que Harry não pôde ser.
Ela era pequena, um tanto tímida, inteligente e esforçada em seus objetivos muito desejados. Diferente do irmão que quando mais novo abria mão de visitar o trabalho dos pais para ficar em casa experimentando diversas roupas e deslizando pelo corredor entre os quartos como se fosse um desfile de alta costura, ela implorava para a mãe lhe deixar ajudar no trabalho quando sequer tinha altura para subir sozinha na cadeira do consultório. O primeiro presente que ele lembra de ver a mais nova pedindo foi um conjunto de estetoscópio com tesouras e bisturi… o seu, naquela mesma idade, tinha sido uma máquina fotográfica e um kit de costura.
A partir dali a família já tinha uma noção do que poderiam esperar para o futuro e não foi surpresa quando, aos 8 anos de idade, o pequeno Harry Styles venceu o primeiro concurso de beleza na escola, chegando em casa com uma coroa de príncipe, bochechas rosadas e uma faixa. Os anos seguintes contaram com um mesmo ganhador invicto de rei do baile, garoto mais bonito da sala e da escola inteira. E como se tratava de uma instituição bastante renomada e conhecida, não demorou para olheiros desse mundo reconhecerem o grande potencial que aquele garoto possuía.
Com 14 anos ele chegou a implorar para que a mãe lhe increvesse no concurso de Mister e Miss Califórnia, que ele, com seus olhos verdes e sorriso de covinhas, obviamente ganhou. Aos 15 a competição ganhou abrangência nacional e ele representou sua cidade natal ao desfilar em Nova York e ganhar a faixa de Mister América, com direito a olhos brilhantes, um sorriso choroso e uma revelação do que queria seguir como carreira.
Além de talento e beleza, ele teve sorte que logo após um ano conseguiu fechar contrato com uma pequena empresa britânica que gerenciava modelos e que definitivamente abriu todas as portas possíveis para si.
No entanto, nem tudo são flores e o processo de emancipação foi doloroso em casa. O pai, Peter Styles, não era muito a favor mas tinha consciência que oportunidades assim não surgem sempre, sua mãe, assim como a irmã, não conseguiam ajudar a fazer as malas sem desabar em choro e o fato de que seu garotinho de ouro raramente pararia em casa de agora em diante contribuía para tal. Já a escola sinceramente foi a melhor parte, nada que antecipar diversas provas e ter um sobrenome de peso não resolvesse.
Assim, com 16 anos e um sonho para realizar, Harry se viu entrando em um voo para outro país, o primeiro de muitos que ele visitou graças ao trabalho. Algumas lágrimas salgaram o seu rosto e um frio na barriga se fez presente, mas sem arrependimentos apesar da insegurança comum.
Hoje, aos 23 anos e alguns calos da vida, ele muitas vezes encontrava seu lar em quartos de hotéis, já muito acostumado para estranhar as diversas camas em que dormia, mas tinha um apreço especial por seu apartamento em Manchester. A verdade é que sua secretária, Cleo, provavelmente passa mais tempo no local do que ele mesmo, porém sempre que surge uma oportunidade imperdível de mais de 48 horas sem ter que ficar numa mesma posição em frente às câmeras ou segurar uma postura impecável enquanto desfila, ele aproveitava e voava de volta ao seu imóvel.
Eram raras as vezes que conseguia tempo o suficiente para visitar a família, sua relação com eles, apesar de amá-los com todo o seu ser, acabou esfriando com a distância e ocupações dos dois lados. As ligações geralmente eram rápidas e objetivas, os horários dificilmente coincidiam e os feriados eram as épocas em que o modelo mais tinha a agenda lotada, dificultando ainda mais uma reunião.
Ninguém tinha culpa nisso, o destino agiu de forma sorrateira ao tirar um adolescente do seio familiar, jogá-lo no mundo e esperar que ele amadurecesse sozinho. Sorte que Harry não precisou quebrar muito a cara para aprender a se virar, mas isso não tornou sua jornada mais fácil.
Ser um garoto gay de gostos peculiares poderia ter sido mais problemático em outro mundo, mas desde que seu passatempo favorito era calçar os saltos da mãe e pisotear todo o assoalho de madeira envernizada quando criança, o mundo da moda lhe recebeu muito bem, como era esperado.
Os olhares tortos não lhe incomodavam há tempos, sempre teria alguém para lhe julgar ou querer lhe dar uma rasteira, então ele aprendeu a usar isso como combustível e tudo o que essas pessoas conseguiam era um sorriso brilhante e uma postura cada vez mais segura. Styles teve que aprender a desviar a atenção das palavras más e focar na luz que lhe direcionavam, teve que aprender, também, a identificar aqueles que queriam lhe ajudar no seu trabalho e aqueles que só esperavam um primeiro deslize.
A competição entre modelos era algo pouco divulgado, mas as consequências psicológicas e de convivência poderiam ser bem sérias se você não soubesse lidar.
Esse foi um dos principais motivos para o modelo ter aceitado a proposta de contar um pouco da sua jornada para uma das revistas mais renomadas do Reino Unido. Além de agraciar seu “antigo eu” que pendurava as capas da Atittude na parede do quarto, seria importante mostrar como um garoto americano teve força o suficiente para fazer do mundo sua casa em prol de um sonho.
Obrigado pelo carinho! Eu adoraria posar para vocês e com certeza estarei no ensaio segunda-feira, podem esperar por mim.
Com amor, HS.
Era o que dizia o email que ele enviou respondendo àquela proposta pouco antes de se deixar adormecer pelo cansaço.
III
O final de semana anterior ao ensaio foi marcado por um reencontro entre Harry e a família. Assim que ele deixou a Inglaterra na sexta pela noite após mais uma prova de roupas para um próximo trabalho, partiu direto para o aeroporto com um sanduíche natural em mãos, óculos escuros e uma cartela de analgésicos para lidar com a dor de cabeça que já sentia após horas trabalhando.
Chegou em São Francisco na tarde do mesmo dia, o que poderia soar um tanto confuso, mas era um fato que ele desistiu de entender desde o seu primeiro ano como modelo. Um dos eventos mais recorrentes em sua rotina desde que se viu nesse mundo era justamente lidar com a loucura do fuso horário e o maldito jet leg, ainda era estranho esse esquema de quase viagem no tempo, então o cacheado só não perdia muito tempo pensando nisso. O táxi lhe deixou em frente a uma casa grande e elegante, quem via de longe podia presumir o tanto de dinheiro que quem vivia ali possui. A porta de madeira escura combinava muito bem com o tom de bege claro que estampava as paredes, e o jardim minimalista e bem iluminado conferia uma graça ao local quase intimidante.
Assim que tocou a campainha um sentimento bom lhe aqueceu o peito e apesar de não estar tão acostumado com o ambiente, ainda assim lhe trazia boas lembranças. A porta abriu com a visão de uma mulher deslumbrante, na casa dos 45, mas que exalava beleza, inteligência e elegância.
– Hazza!! Meu bebê, finalmente você chegou! – foi recebido com um abraço sufocante que tanto sentiu falta. Era desse carinho que ele precisava quando sua vida estava de cabeça para baixo e tudo parecia desmoronar, mas nem sempre tinha ao seu alcance.
Emma tinha os cabelos soltos, um tom de castanho quase loiro e algumas mechas mais claras dando luz ao visual, olhos verdes que foram espelhados no filho mais velho, e um sorriso grande.
– Oi, mãe! Que saudade que eu tava da senhora.. parece que faz tanto tempo, mas eu estive aqui há uns dois meses atrás. – soltou uma risadinha enquanto se soltava do abraço para pegar as malas e finalmente entrar naquela casa que ainda tinha o mesmo cheiro da sua infância.
– Depois que saiu de casa fica cada vez mais difícil voltar né, senhor Styles. – brincou a mulher, enquanto subiam as escadas para o quarto do maior e começavam a organizar suas coisas no cômodo. – Infelizmente seu pai acabou de sair para uma exposição na Universidade de Nova York, o voo foi adiantado mas ele deve voltar amanhã ou depois. Você ainda vai estar aqui, não é?
– Então.. – assim que a palavra saiu pelos seus lábios, sua mãe parou de desfazer a mala em cima da cama para lhe encarar com aquela postura que todas as mães conhecem, como se esperasse uma explicação muito boa para uma traquinagem que o filho fez. – Na verdade eu tenho um ensaio em LA na segunda e aproveitei para marcar uma reunião que estou adiando há tempos no domingo à noite. Então eu meio que só posso ficar aqui até domingo pela manhã, desculpa.
Ele se sentia um tanto culpado por isso, o que costumam chamar de ossos do ofício. Vinha adiando uma reunião importante faz meses por conta da agenda lotada e quando viu essa oportunidade, não podia deixar passar. Sua mãe ficaria triste por alguns instantes, sua irmã também, ele provavelmente não veria o pai, mas todos eles lhe entenderiam. Fazia parte do trabalho e se tem uma coisa que os Styles levavam a sério, era isso: trabalho.
Ainda que poucos, os dias em família naquele final de semana fizeram diferença no humor de Harry. Foi bom passar um tempo com a mãe, assistindo filmes e conversando, até mesmo tentando não ser um desastre na cozinha quando ela resolveu dispensar os empregados para ter aquele momento com seus dois filhos. Clara, sua irmã, contou sobre como estava sendo o tempo de caloura na faculdade, totalmente empolgada sobre as matérias e colegas que tinha feito.
No sábado eles fizeram uma vídeo chamada com o pai enquanto este aproveitava uma pausa entre duas apresentações na NYU, amenizando um pouco a saudade e finalmente coincidindo os horários. O homem bem arrumado e com a barba sempre alinhada era um poço de educação, o que foi grande exemplo para Harry ser quem era hoje, gentil e empático.
A tarde logo passou e eles resolveram sair para jantar em família, num restaurante renomado, cujo chef era um velho conhecido. As duas lindas mulheres certamente não estavam acostumadas a esperar para comer enquanto algumas pessoas vinham atrapalhar a refeição para tirar foto com o primogênito mas, mais uma vez, eram as consequências da profissão. Tiveram um domingo marcado pelas despedidas tão comuns, sem mais lágrimas e resmungos porque tal cena virou algo habitual naquela família, e o modelo partiu de seu descanso para voltar ao mundo real.
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– E essa foi a nova música do Arctic Monkeys, pessoal! Vou lembrar novamente a todos os nossos ouvintes que essa belezinha já está disponível em todas as plataformas digitais para vocês ouvirem sem parar em casa! E agora para os românticos de plantão, a próxima música está no topo das paradas desde o lança..
O volume do rádio foi abaixado até se tornar apenas um zumbido insistente no cômodo. Os garotos tinham acabado de se ouvir na rádio pela centésima vez, mas sempre parecia surreal, cada nova chance de alcançar mais pessoas e conseguirem mais reconhecimento no trabalho que amam era especial.
Dia de sábado para uns poderia ser dedicado para descansar, sair com os amigos ou encher a cara. No entanto, para Louis era o principal dia de trabalho, porque quando não estavam fazendo shows ou viajando para fazê-los, estava em reunião com os colegas da banda e o agente, geralmente fechando alguns contratos ou criando novas músicas. Naquele sábado em específico eles estavam se sentindo realizados com o novo lançamento que prometia bombar muito, já que com menos de 24h de lançado, os fãs já conseguiram subir a hashtag para uma das rádios mais ouvidas de LA tocar em plena manhã.
Eles viam o burburinho nas redes sociais e ainda não parecia real que tanta gente os acompanhavam e realmente gostavam das produções, inclusive essas mesmas pessoas queriam sempre mais. Quando uma música era lançada sozinha, primeiro vinha os pedidos por clipe, depois teorias sobre a letras, para no fim terem milhões de pedidos por um próximo álbum. E isso se repetia toda santa vez. Louis sempre apreciou muito todo o carinho e dedicação dos fãs e tentava agradá-los o máximo possível, era por isso que estavam discutindo sobre um próximo clipe para esse lançamento caso a música consiga continuar nas mais ouvidas pelo menos durante essa primeira semana.
E depois de horas e horas de reunião, Jamie teve a brilhante ideia de pedir pizzas e cerveja já que ficariam no estúdio/escritório por, pelo o que parecia, a noite inteira. Era como se eles ainda fossem os mesmos amigos de 20 anos em uma garagem, com a cerveja mais barata que se podia achar e manchas gordurosas nas roupas por causa dos lanches duvidosos, quando por vezes esquecem de toda a pressão por serem uma banda de crescente sucesso e se deixavam trabalhar em suas melhores formas.
Mas quando Louis acordou no domingo com um incômodo na cabeça e no estômago, ele repensou as atitudes da noite passada, julgando estar velho demais para pensar em projetos enquanto enche a barriga de comida gordurosa e cerveja de péssima qualidade. Então o dia foi bastante preguiçoso, trocou algumas mensagens com a família, o que lhe deixava sempre com um gosto amargo na garganta por estar tão longe e lembrando das irmãs e dos pais com carinho, apesar do aperto no peito. Falou com os rapazes sobre o próximo ensaio, já que estavam chegando cada vez mais perto do próximo show, e respondeu as mensagens de Tristan, seu agente.
O loiro estava o lembrando mais uma vez da sessão de fotos que teria no outro dia pela tarde, porque Louis tinha o costume de esquecer das coisas, talvez sua adolescência rebelde e maconheira tenha certa culpa nisso, mas ele deixou essa persona para trás. Só que assim como alguns fantasmas do passado, esse assunto de ser fotografado lhe deixava um tanto desconfortável.
Já tinha respondido o email com as perguntas que sairiam na matéria e, pelo visto, todas tinham um cunho bem pessoal. Foi perguntado sobre sua infância e como conheceu seus companheiros de banda, o que ele teve muito orgulho de contar e sentiu até uma certa nostalgia, respondeu também sobre como resolveu largar tudo e vir para os Estados Unidos por conta da música, lembrando de dar os devidos créditos aquele que lhe deu tal chance, e, perguntaram, ainda, sobre possíveis arrependimentos após essas escolhas, o fazendo lembrar da família e de como costumava ser apegado a todos eles antes de fazer um sacrifício pelo próprio futuro. Para essa questão ele respondeu que não considerava um arrependimento, no entanto.
Mas ele não tinha costume de ser tão aberto sobre sua vida pessoal e não sabia o que esperar das fotos amanhã, se usariam alguma coisa remetendo a sua infância, se tentariam lhe deixar confortável com as câmeras ou se seria uma coisa totalmente diferente do que as perguntas lhe fizeram imaginar.
Tomlinson dormiu por longas horas e acordou na segunda-feira com esses mesmos questionamentos na cabeça, nem um pouco mais tranquilo depois de descansar, mas pelo menos as olheiras não estavam tão presentes como sempre, então a maquiadora responsável pelo ensaio provavelmente ficaria feliz. Não conseguiu comer muito no almoço tanto pela ansiedade, quanto pelo receio de parecer inchado nas fotos, coisa que sequer passaria pela sua cabeça em outra ocasião. Isso só o fez admirar ainda mais quem trabalhava com isso pois se ele, que nunca teve problemas desse tipo, estava agora inseguro com a própria aparência, imagina quem vive disso.. não deve ser nada fácil lidar com as pressões internas e externas.
Assim que chegou no estúdio onde faria as fotos, para sua felicidade não seria algo exposto ao público, foi muito bem recebido pelo fotógrafo e todo o pessoal que trabalhava com ele. Da porta já conseguia ver diversos equipamentos que deviam ser muito caros e profissionais, um fundo infinito, luzes espalhadas, uma poltrona vermelha e um piano de cauda, o que lhe deixou ainda mais curioso sobre o que o homem de dreads pensou para o cenário deles.
– Vem comigo, vou te mostrar as opções que pensamos para a primeira e segunda parte da sessão. Espero mesmo que você goste! – a moça baixinha de olhos puxados e cabelo platinado falou, logo depois de lhe apresentar para todos ali.
– Eu também espero gostar. – tentou descontrair e conseguiu alguns sorrisos das pessoas que estavam por perto.
Lhe levaram para ver as trocas de roupa que tinham planejado, mas sempre deixando muito claro que ele usaria apenas o que se sentisse confortável, a escolha ainda era sua, e apenas depois de vestir o primeiro look que usaria nas fotos, ele foi levado para fazer o cabelo e maquiagem.
Louis estava vestindo regata em um vermelho escuro, jaqueta de couro preta e uma calça jeans na mesma cor, e nos pés ostentava um coturno pesado. Era como se tentassem retratar toda a rebeldia que ele experimentou na adolescência, o couro cintilando para demonstrar a ousadia, o cabelo espetado como qualquer adolescente que não liga muito para a aparência e só quer se divertir, e os coturnos representando o peso e marca das suas escolhas, mesmo que tão jovem. Se olhar no espelho foi como ver seu eu mais novo, não pelas roupas já que ele não costumava se vestir assim, mas pelo significado que elas pretendiam passar.
Quando estava finalizando os últimos detalhes da maquiagem leve, apenas para não brilhar com tantas luzes fortes sobre si, notou uma comoção na entrada do local, onde algumas pessoas largaram seus afazeres para cumprimentar quem tinha chegado. Até mesmo o fotógrafo parou de configurar as diversas câmeras que possuía e estava dando um abraço caloroso no outro homem, um tanto mais alto, mas ainda escondido atrás de dreads e roupas coloridas que quase lhe engoliam.
Um burburinho de falas animadas podia ser ouvido e um sotaque mesclado entre o britânico e o americano se destacou. Assim que se separaram do abraço, Louis conseguiu ver um homem alto e esbelto, com fios enrolados no topo da cabeça, deixando o topete charmoso e bagunçado na mesma medida. Ele tinha olhos verdes marcantes e um sorriso largo ao conversar apressadamente com todos ali, parecia que estava em seu habitat natural e agia de forma certeira ao andar pelo estúdio, tão diferente de si.
Aquele deveria ser o modelo com quem seria fotografado.
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– Então.. esse é seu primeiro ensaio? Porque você me parece um pouco tenso e isso com certeza vai aparecer nas fotos. – o modelo falou enquanto eles davam uma pausa para mudar o ângulo das luzes, na tentativa de ajudar. Harry usava um terno completamente colorido e repleto de formatos geométricos com a calça fazendo parte do conjunto caótico, porém bonito. E ele informou a Louis, logo depois de se apresentarem, que aquela era uma releitura da peça que usou quando ganhou o primeiro concurso a nível nacional, aos 15 anos.
– Digamos que eu não tenho tanta afinidade assim com as câmeras, meu negócio mesmo é o microfone, luzes piscando e o som estourado nos meus ouvidos. – ele falava ao passo que tentava relaxar os ombros e fazer com que o vinco entre as sobrancelhas sumisse. O maior até tentou lembrar se já havia visto o rosto interessante do outro em algum local, mas pelas roupas que via ele vestir, não parecia ser o tipo de música que ele consome.
– Mas você leva jeito, vai.. vamos! Solta bem o ar – pousou a mão no diafragma do mais baixo para direcionar aquele exercício. – Isso, agora levanta o queixo, mas sem travar o maxilar, deixa leve.. sim.. sente seus músculos se soltando junto com a sua exalação, muito bem.
– Obrigado mesmo, Styles. – retribuiu o sorrisinho que lhe foi oferecido. – Se você não tivesse aqui eu provavelmente estaria com cara de constipado nas fotos ou então seria expulso daqui na base da vassourada depois de alugar o pessoal por tanto tempo e sem resultado.
– Não precisa do Styles, agora somos quase colegas de profissão, hm? – provocou risonho. – Harry é o suficiente.
– Ok, colega. – revirou os olhos em deboche. – Vamos acabar logo com isso.
Apesar do desconforto inicial Harry era muito bom em puxar assunto para diminuir a tensão que o outro sentia, então vira e mexe ele direcionava e posicionava o rosto de Louis, cochichava baixinho onde ele poderia colocar as mãos e pés, já que as fotos ainda estavam sendo tiradas do fundo branco infinito e poderia ser difícil conseguir uma boa posição. Nessa primeira parte as fotos foram majoritariamente separados, mas a ajuda do outro foi imprescindível para que aquele ensaio não durasse uma eternidade e Louis ficou bastante grato.
– Agora eu preciso de vocês dois juntos aqui, por favor. – o homem de pele negra os chamou para próximo do piano de cauda. Louis sequer tocava aquele instrumento, mas obedeceu. — H, quero você encostado aqui onde as luzes estão posicionadas de cima e o Tomlinson vai ficar sentado como se estivesse tocando, com as luzes por baixo. Vamos testar dessa forma.
E eles se posicionaram como instruído. O segundo look de Louis era um tanto mais maduro que o primeiro e procurava refletir suas mudanças ao longo do tempo, então ele vestia uma blusa completamente preta de mangas longas e gola alta, e agora tinha os cabelos em um topete não muito formal. Sua calça, no entanto, seguia a pegada que talvez nunca deixasse de fazer parte da sua vida, era um tecido que reluzia como o couro, deixando o visual imponente e, ainda assim, elegante.
Já Harry foi vestido em um macacão de mangas longas e gola alta, todo branco e rendado, deixando a pele alva aparecer entre os furos do tecido bem trabalhado. Nos pés, o salto alto tipo agulha completava a mistura entre delicadeza e poder que o modelo transmitia em todo o visual. A renda simbolizava a beleza que seu universo atual pedia, mas tinha a pele por baixo, à mostra, dizendo que nem tudo precisa ser perfeito. O calçado mostrava aonde chegou e a força que era necessária para se manter de pé naquele lugar de julgamento e competitividade, e o gloss labial, o mesmo que cintilava em sua versão mais jovem com a outra roupa, mostrava que apesar de tudo, ainda era o mesmo.
A forma como eles foram posicionados estava perfeita nas câmeras. O ângulo escolhido pegava bem o corpo sentado no banco do piano, com as mãos pousadas na teclas e sendo iluminado por uma luz quente que vinha de baixo, projetando sombras bonitas e deixando visível apenas alguns detalhes do rosto de Louis, como o queixo, maxilar e o nariz bem desenhado. Do outro lado, encostado na cauda do piano e olhando para cima, estava o corpo esbelto devidamente iluminado com uma luz fria acima da sua cabeça, projetando sombras no chão e deixando todos os seus detalhes à mostra. As roupas e a iluminação contribuindo para um contraste nada mais que belo.
E quando finalizaram o dia, tudo o que sentiam era uma sensação de dever cumprido. Por ambos.
O resultado não demorou a sair e na semana seguinte tudo o que se falava nas redes sociais era sobre a nova capa da Attitude e aqueles que a estamparam. Os fãs que acompanhavam a banda pela turnê no Reino Unido passaram a se sentir um pouco mais próximos do vocalista com os fatos revelados na matéria e agora tinha fotos novíssimas para virar plano de fundo dos seus celulares.
No entanto, os boatos não giravam em torno apenas disso. Os sites de fofoca que reportaram a capa ajudaram a engajar ao mencionar como os dois homens ali eram queridos e desejados por muita gente, então como um bônus por todo o falatório, a equipe de fotografia resolveu que era uma boa ideia postar o making off das gravações, e realmente foi. Ver como seu ídolo era tão desinibido nos palcos, mas que ficava todo desajeitado em frente às câmeras foi engraçado para o público do cantor e por isso ficaram super gratos ao modelo assim que tiveram acesso aos takes em que se podia perceber ele ajudando Louis de fundo.
Eram alguns segundos de Harry posicionado atrás do fotógrafo e falando o que Louis poderia fazer; Outros segundos deles dois conversando e sorrindo, visivelmente tranquilos e amigáveis; e mais alguns do modelo com a palma sobre a barriga do outro enquanto ajudava ele com o exercício de respiração. Bastou isso para seu instagram se encher com novos seguidores, todos muito agradecidos pela consideração que ele teve com o mais velho, e, além desses seguidores, diversos comentários de como eles pareciam fofos e quentes juntos passou a surgir.
– Então.. o que acha, Cleo? Na minha opinião vai ser benéfico pros dois como, na verdade, já está sendo. – Tristan falava enquanto tinha a mulher de cabelos curtos, quase raspados em sua frente.
– Eu posso ver os números, mas não sei se continuaria assim a longo prazo. Pode ser que tudo dê errado e acabe prejudicando eles ao invés de ajudar, você sabe. – Cleo, como gostava de ser chamada, relembrou.
Eles estavam em uma cafeteria qualquer de Londres, aproveitando que o agente de Louis estava na cidade acompanhando a banda em turnê e resolveram se encontrar para resolver algumas coisas sobre negócios.
Todo o burburinho na internet chamou a atenção não só dos dois principais envolvidos, mas das pessoas que também cuidavam das suas carreiras, no caso, Tristan e Cleo. Os números de seguidores de ambos não parava de crescer a cada dia, o que gerava uma visibilidade absurda para os projetos que eles se envolviam e a revista que eles deram a entrevista juntos já tinha batido o record de vendas dos últimos tempos em menos de uma semana. Era incrível e surreal a força que um casal poderia ter na internet nos dias atuais.
O loiro sempre procurou o melhor para seus clientes, tinha noção do quanto o mercado da música poderia ser desonesto com quem tinha talento, porque só isso não bastava para a indústria, então se acostumou desde cedo a lutar com todas as armas que tinha. Cleo não era diferente, fazia cinco anos que auxiliava Harry no lado profissional e além de uma ótima secretária/assessora, ela também se considerava uma boa amiga.
Esteve em grande parte dos momentos difíceis que via o cacheado passar e o ajudava como podia. Então aquela ideia que o outro propunha não era a mais insana que já presenciou durante toda sua experiência convivendo com diversos artistas.
– É uma loucura dizer isso, mas acho que você tem razão. – a mulher concordou com uma careta depois de refletir mais um pouco. Aquela pequena reunião já durava horas e as quatro xícaras de café em cima da mesa eram provas disso.
– Loucura seria desperdiçar essa oportunidade. – pontuou o outro. Ele sabia quando uma ideia merecia sua insistência.
– Ok.. vamos fazer isso então. Só espero não me arrepender dessa decisão. – suspirou. – Harry e Louis vão engatar um namoro em alguns dias.
IV
– Esse show foi simplesmente insano, caras! – Jamie falou com um sorriso contagiante enquanto entravam no camarim após mais um show esgotado na capital inglesa.
– Definitivamente entrou pro top 10, talvez 5 hein – Concordou Nick, não perdendo tempo em abrir uma das garrafas de vodka que estava ali e propor um shot em grupo. – Aos próximos shows e que todos eles sejam fodas como esse!
– Aos próximos shows!! – todos os outros três repetiram em um só som, virando os copinhos com o líquido transparente em seguida.
– Um minuto pessoal, eu já volto. – Louis disse.
Ele estava sentindo seu celular vibrar desde que pegou ele com um dos seus seguranças na saída do palco e aquilo estava lhe deixando impaciente e com a coxa quase dormente porque aquilo não parecia acabar nunca.
Quando finalmente ligou a tela para ver qual a possível emergência, revirou os olhos com força. Desde a publicação daquela matéria e das fotos, alguns dias atrás, ele notou suas redes sociais bombando e uma série de notificações sem fim, mas como não era muito ativo no Instagram ou twitter, principalmente nas épocas em que estava ocupado trabalhando, ele apenas limpava a barra de notificações antes mesmo de ler do que se tratava.
Por isso não notou os números de seguidores no Instagram subindo cada vez mais, nem os comentários que pareciam se multiplicar em suas últimas fotos. As menções que marcavam seu arroba também não estavam diferentes, havia uma série de curiosos desesperados por qualquer interação e não descansariam enquanto não tivessem uma confirmação para o que cogitavam ou uma resposta afiada negando tudo.
E depois de todo esse tempo tendo visto apenas a versão final da matéria e das fotos, notando que não tinha ficado nada mal, uma curiosidade se instalou em seu âmago e ele resolveu usar daquele tempinho livre enquanto os amigos deviam estar virando todo aquele litro de bebida, para verificar qual o motivo de tanto alarde. No entanto, Louis sequer teve trabalho. Bastou desbloquear o celular que mais uma série de notificações chegaram logo após ter esvaziado as anteriores, então ele apertou na primeira ao seu alcance, o que lhe levou direto a um tweet com várias respostas num mesmo sentido.
“Eu juro que acho que eles são um casal de verdade, vejam como ambos se olham nos olhos! #Shipando"
"Não sei se é só amizade irmãs, mas esses dois estão lindos juntos! #LouiseHarry #Attitude"
"Alguém mais percebeu a química entre eles? Acho que temos um novo casal no pedaço! #SinaisDeAmor #ShippandoMuito"
"Estou pegando fogo com as fotos deles juntos! Será que há algo mais? #Attitude #lgbt”
Louis precisou de um tempo até entender a conexão entre essas mensagens e suas menções, e só então relacionou com as fotos que tinha feito em colaboração ao modelo Harry Styles. Ele quis rir, desacreditado, mas as mensagens como essas não paravam de surgir e ele se viu na obrigação de verificar se suas outras redes também estavam sendo bombardeadas por essas ideias malucas, porque sinceramente não lembrava de haver um mísero momento em que as fotos tenham dado a entender esse absurdo.
Ao abrir seu perfil pessoal onde costumava postar fotos, a primeira postagem que apareceu para si foi o making off que o fotógrafo tinha publicado dias atrás, mas como Louis o seguiu recentemente, mesmo os posts relativamente antigos ainda costumam ter destaque no feed do cantor. Talvez tenha sido por aquele vídeo que os boatos passaram a surgir, já que ali era o único lugar onde mostrava trechos, muito rápidos por sinal, de qualquer interação que tenha ocorrido entre o cantor e o modelo.
Ele quase passou batido pelos poucos segundos em que essas cenas apareciam e teve que rever o vídeo pelo menos duas vezes para tentar enxergar o que seus fãs estavam vendo. Não conseguiu, no entanto. O máximo de contato ou olhares que tiveram, como falavam pela internet, foi quando Harry lhe ajudou a quebrar a tensão que lhe deixava travado, sempre agindo muito profissional e respeitoso, o que, ao seu ver, não havia motivos para tantas conspirações. Por isso Louis decidiu desligar o celular mais uma vez, repensando se tinha sido mesmo uma boa ideia ter procurado saber o que estava acontecendo naquela terra de ninguém que é a internet, e sentindo uma leve dor de cabeça surgindo atrás dos seus olhos.
Mas assim que a tela se apagou e ele deu meia volta, já direcionando seus passos ao camarim novamente, seu celular tocou aquela música que ele definiu especificamente para ligações de um único contato, seu agente.
– Fala Evans, beleza? Cara você não imagina como o show hoje foi insano, você deveria ter ficado, sério. – atendeu empolgado, pouco lembrando das questões que povoavam sua cabeça segundos atrás.
– Hey, Tommo. Fico feliz cara, mas é.. eu tenho mesmo que falar contigo. – a voz um tanto robótica exalou hesitação.
– Ô-ou.. esse tom de voz não pode ser coisa boa. Sinceramente, você pode deixar pra amanhã? É que agora eu e os garotos vamos sair para comemorar e não quero que você quebre o clima, sem ofensas.
– O que eu tenho pra te falar é melhor que seja pessoalmente mesmo, mas só preciso que você consiga um tempinho para me encontrar depois de amanhã na hora do almoço, porque é o único horário que eles podem então-
– Calma aí, garotão. Do que você tá falando? Eles quem?
– Você vai saber no dia, só me garanta que vai estar lá ok? Vou fazer as reservas naquele restaurante que a gente costuma ir quando viemos à Londres, aquele perto do London Eye.
– Já que não tenho escolha.. – tentou brincar para aliviar a tensão que o outro parecia sentir. – Tudo bem, Evans. Nos vemos lá então, cara.
– Hm, ok.. certo. Parabéns pelo show de hoje novamente, avisa aos outros que eu estou parabenizando eles também. Até.
– Até. – desligou a chamada. – Que estranho. – saiu resmungando baixo, mas sem se deixar abalar. Tinha um after para curtir.
°°°°°
Harry tinha acabado de vestir seu hobby após uma sessão de fotos para uma marca de cuecas, nem sempre sua profissão girava em torno da alta costura e passarelas, afinal para ser conhecido por tantos públicos diferentes ele precisava estar em ambientes diversificados. O ar estava geladinho no estúdio e até que foi bom ter companhia ao seu lado, ele pensou ao olhar para os outros três modelos trabalhando nessa campanha, mas por incrível que pareça nenhum deles lhe chamou muito a atenção.
Ele sabia ser discreto e profissional em seu ambiente de trabalho, porém nada o impedia de sair com tais colegas se tivesse vontade, ainda assim estava sempre respeitando todos em sua volta e não demorando um tempo muito perceptível ao analisar seus possíveis interesses. Para sua infelicidade, o corpo bronzeado e musculoso de um dos modelos era incrivelmente bonito, mas nada atraente para si. O outro, mais magro e ruivo, tinha a voz um tanto enjoada e Harry ficou com dor de cabeça só de imaginar sair em um jantar e ter que ouvi-lo por horas. O terceiro era praticamente a medida do Styles, um pouco mais baixo, não muito forte, nem magro demais, mas sua namorada estava orgulhosa acompanhando a filmagem nos bastidores. Então é.. não teria companhia por hoje.
Mas quando estava pronto para se despedir dos garotos e de todos envolvidos na produção, lhe chamaram numa rodinha de conversa que os outros modelos pareciam estar. Ele, como não queria parecer rude ou esnobe, foi.
– Styles! Vem aqui, gatinho. Estávamos justamente falando de você. – a voz irritante soou e ele nem imagina de onde aquele apelido surgiu, já que intimidade não tinha com ninguém ali. Identificou também os sorrisos falsos tão recorrentes naquele ambiente de trabalho, onde muitos forçavam uma simpatia inexistente para conseguir contatos.
– Oi gente, eu só vim me despedir mesmo.. já estava de saída. – sorriu simpático, querendo se desvincular daquele círculo.
– Que isso, não precisa ir tão rápido. – o moreno falou. – Pensamos que talvez você possa vazar alguma informação pros seus queridos amigos aqui, hm? – levantou e desceu as sobrancelhas para demonstrar interesse.
– Desculpa, cara. Não queríamos ser inconvenientes nem nada, mas é que só se fala nisso nos últimos dias, meu twitter só aparece seu nome e ter você bem aqui é uma oportunidade e tanto. – o outro falou, parecendo ser o mais sensato e sincero. Era uma pena já ser comprometido, Harry certamente poderia se dar bem com esse.
– Não sei se eu entendi, meninos. Do que vocês tão falando? Se eu puder esclarecer alguma coisa, vou tentar, mas não acho que sei de alguma informação sobre qualquer coisa nova no momento, desculpa.
Harry era mesmo um poço de educação e gentileza e falava com calma e eloquência mesmo em momentos onde queria ser tudo, menos amigável.
– Estamos curiosos sobre você e o Tomlinson, bobinho. – o ruivo voltou a tagarelar. – Não se fala em outra coisa desde aquelas fotos que vocês fizeram juntos, fazem um belo casal, à propósito. – e se o sorriso amarelo não fosse o suficiente, sua pele quase ficando verde mostrava a inveja que sentia com todo esse sucesso do outro.
– Fico feliz que vocês gostaram das fotos, mesmo! Mas sinto dizer que não somos um casal, na verdade nenhuma das fotos chega perto de insinuar isso. – Harry ia dizendo e quando o moreno estava prestes a interrompê-lo, continuou com a voz mais imponente. – Inclusive soa até desrespeitoso cogitar uma coisa dessas só porque um homem gay está ao lado de outro homem em uma foto, vocês mais do que ninguém deveriam ter mais maturidade para enxergar nosso trabalho apenas como o que ele é: trabalho.
E se os outros não estavam sem graça até então, bastou o telefone de Harry tocar e ele acenar em despedida enquanto atendia para os rostos dos rapazes se tornarem vermelhos, não tiveram chance nem de se desculpar antes que o cacheado saísse do local.
Assim que pegou o elevador para descer os cinco andares que o levariam até a garagem do prédio em que estava, Harry só deu um tempo para que o sinal da ligação se estabelecesse e voltou a falar com sua secretária e amiga. Cleo estava o lembrando que ele deveria pegar o destino direto para um restaurante conhecido por ambos próximo ao olho de Londres, senão chegaria atrasado para o compromisso que ela tinha lhe avisado.
Eles dois tinham uma agenda compartilhada em suas contas profissionais, onde basicamente a mulher colocava seus compromissos e Harry aceitava o que viesse, confiando totalmente em sua parceira de negócios há anos. Eles funcionavam bem assim, então o modelo geralmente descobria o porquê dos compromissos e reuniões quando chegava no local marcado e dessa vez não foi diferente.
O restaurante escolhido tinha um arquitetura antiga, parecia um casarão com enormes paredes brancas e uma vista de tirar o fôlego, além disso ficava praticamente atrás do London Eye e a mesa que eles reservaram na parte externa do local tinha a roda-gigante de observação e a margem sul do Rio Tâmisa como plano de fundo. Harry se pegou encantado com o azul claro do céu refletido no rio enquanto era direcionado à mesa por um dos garçons e só recobrou sua atenção quando ouviu uma voz que ele recordava de algum lugar, em conjunto com a tão conhecida voz da sua secretária e uma outra que ainda não ouvira.
Styles sorriu um tanto surpreso ao encontrar Cleo e Louis, o mesmo que participou consigo da matéria para a Attitude, além de um outro homem muito bonito, loiro de olhos azuis, sentados na mesma mesa circular. Cumprimentou com um singelo “bom dia” e se sentou ao lado da mulher e em frente ao cantor, um tanto curioso para descobrir o motivo daquelas presenças em um almoço de negócios. No entanto, não precisou esperar muito, pois logo que o garçom se despediu levando os pedidos de cada um e desejando um bom apetite, a mulher começou a falar.
– Então, Harry, esse é Tristan Evans, o agente do Tomlinson. Acredito que você deve se lembrar, certo? – os apresentou de maneira educada.
– Sim, como vai Louis? É um prazer, senhor Evans. – sorriu contido e os outros dois lhe responderam da mesma maneira. – Nós temos negócios a tratar? Desculpe, mas não achei que nos veríamos novamente.
– É uma surpresa pra mim também, na verdade. – Louis respondeu, parecendo que sabia tanto quanto Harry sobre aquela situação. Ele olhou para seu agente e o maior desviou seus olhos para sua secretária, os dois esperando algum esclarecimento do que aparentemente havia sido organizado por eles.
– Então garotos, eu sei que vocês perceberam o sucesso tremendo que foi as fotos de vocês para a revista… Eu e o senhor Evans pensamos muito nisso, discutimos todos os prós e contras e agora temos uma proposta para vocês.
A mulher continuaria a falar, mas precisou dar uma pausa quando o garçom voltou trazendo seus pedidos e depositou sobre a mesa. A comida estava apetitosa, o cheiro dava água na boca, porém esse breve minuto de intervalo entre o assunto que tratavam não deixou nenhum deles apreciar o sabor assim que o funcionário lhes deixou à sós novamente.
– Bom.. a revista de vocês vendeu mais cópias em uma semana do que tinham conseguido com a matéria sobre a família real, que era o último record deles. Fora isso, nós tivemos um grande aumento de visualizações nos perfis pessoais e profissionais dos dois, além da enorme quantidade de vezes que o nome de vocês apareceram juntos na barra de pesquisas, o próprio Google me forneceu essa informação. – Cleo ia listando os fatos e os mais novos mal acompanhavam o raciocínio, lembrando que a matéria tinha saído uma semana atrás e todo esse sucesso era realmente espantoso.
– Louis, você recebeu 3 milhões de novos seguidores no Instagram e Harry, você ganhou quase 5 milhões, além de várias propostas para colaborar com outros músicos em fotos, clipes, marcas de roupas e por aí vai. – Tristan citou, encantado com toda a repercussão. – Mas, mais que isso, esses números não seriam alcançados se as fotos fossem solo ou a matéria abordasse a vida de apenas um dos dois, vocês entendem?
– Não, quer dizer, sim.. isso é foda pra caralho! É meio inacreditável quando vocês falam todos esses números, mas fico feliz em saber que fizemos tanto sucesso assim. – Louis disse com um sorriso orgulhoso no rosto, finalmente se deixando apreciar a comida que havia pedido ao ver que o assunto não era nada ruim e sendo acompanhado pelos outros.
Harry, entretanto, estava há mais tempo nessa indústria do que podia lembrar e foi forjado a desconfiar de toda boa notícia. Estava feliz com o sucesso, claro, mas não era ingênuo de pensar que dois profissionais sérios se juntariam com seus agenciados apenas para lhes parabenizar sobre isso, tinha algo a mais e ele só estava analisando a postura de cada um ali , com seus olhos verdes que, apesar de jovens possuíam muita experiência, e esperando a bomba que provavelmente viria.
– E foi por tudo isso que eu acabei ligando para a Cleo dois dias atrás e oferecendo uma proposta que-
– Que eu disse que poderia dar certo, mas a escolha ainda é completamente de vocês garotos. – ela interrompeu.
– Vamos logo com isso, eu não tenho todo o tempo do mundo. – Harry cansou de toda essa ladainha e disse firme, logo após descansar seu guardanapo em cima da mesa. – Do que realmente se trata tudo isso?
– Nós concordamos que promover um namoro entre vocês poderia ser benéfico para as duas carreiras nesse momento. – Cleo falou de uma só vez e Louis, que estava bebendo um suco de laranja, foi obrigado a se desculpar depois de quase cuspir o líquido inteiro de volta na taça. – A banda de Louis está com a primeira turnê fora da América marcada e seria bom ter o alcance de públicos dos outros lugares. E Harry, nós lutamos muito para que você consiga desfilar nas três cidades da fashion week e sabemos muito bem que talento não é suficiente, eles querem views, alguém que esteja na boca do povo, que leve mais gente até as marcas.
Ela falou sem se deixar ser interrompida. De início estava um pouco resistente a essa ideia, mas depois de analisar bem os benefícios que trariam, não havia porquê negar.
– Gente, se eu entendi direito.. vocês querem que um cara de uma banda de rock, e que aparentemente nunca namorou alguém em público, de repente comece a namorar um modelo internacional e ainda por cima homem? Vocês só podem estar de brincadeira com a minha cara. – Louis estava quase rindo de nervoso, sem acreditar que tudo aquilo era sério. A feição dos outros três, por sua vez, eram sérios o suficiente.
– Eu concordo com ele. Entendo que isso é muito comum na indústria musical, mas não sei se daria certo. – Harry começou a falar. – Não esqueçam que o público que a banda alcança pode não ser tão receptivo com a causa LGBT e isso acabaria nos prejudicando mais que qualquer coisa. Sem contar com todas as outras variantes como-
– Nós pensamos em tudo isso, Styles. Eu não daria sugestão de nada que pudesse prejudicar os meus meninos, lembre-se que isso também me prejudicaria e eu tenho minha família para sustentar. – Tristan achou de bom tom esclarecer. – Não estamos aqui para brincar de casinha ou tentar a sorte, nós fizemos pesquisa de mercado, analisamos os números, discutimos sobre tudo que poderia dar errado e decidimos que vale a pena tentar, basta vocês aceitarem.
– O que me dizem, meninos? – Cleo finalizou. – A resposta final é de vocês.
Harry encarou Louis, ambos em silêncio. O modelo já tinha passado por muita coisa e sabia que uma oportunidade como aquela poderia ser valiosa e não duraria muito tempo, a chance de conseguir desfilar em não só uma, mas três Fashion Week lhe fazia brilhar os olhos. Quando criança ele soube aproveitar a oportunidade de ser agenciado e precisou sair de casa, deixar a família e se mudar de país para conseguir o que queria, um namoro falso seria nada perto disso. Então deixaria a escolha para o outro que, pelos olhos azuis nublados e tempestuosos, parecia debater internamente se valeria mesmo a pena.
Louis tinha muito a perder. Lutou desde sempre para que sua bandinha de garagem desse certo e fossem levados à sério e quando finalmente conseguem isso, surge uma ideia que pode alavancar de vez seus nomes para todo o mundo ou lhe enterrar completamente no limbo dos músicos que tinham tudo para fazer sucesso e deram azar. Ele não tinha um contato tão íntimo com sua base de fãs, mas sabia que eles não seriam preconceituosos. Porém é diferente você apoiar um casal gay que está vivendo a vida deles sem lhe influenciar em nada e apoiar seu ídolo numa mudança tremenda da mesma forma, por isso estava inseguro.
– Tristan, olha pra mim. – Louis virou para o outro homem, mostrando toda a vulnerabilidade e relembrando ao loiro daquele garoto de 20 anos que ele escolheu ajudar. – Me prometa pelo seu marido que pensou em absolutamente todas as consequências e essa maluquice não tem chance de estragar com tudo. Eu preciso que você me prometa!
– Eu não faria isso com vocês, Tommo. Mas se é isso que você quer, eu prometo. – Louis estreitou os olhos em sua direção. – Pelo Brad, eu prometo, ok?!
– Ok, então. Se estiver tranquilo pra você, Harry.. não quero que se sinta pressionado ou algo do tipo. – aceitou com um suspiro.
– Acho que pode dar certo. Vamos fazer isso. – o modelo concordou, dando de ombros.
– Que ótimo, menos uma coisa na minha lista. – Cleo agradeceu enquanto retirava duas pastas de dentro da bolsa, entregando para os mais novos, e esfregou as têmporas, tentando tirar a tensão do local. – Agora estudem isso, fizemos um plano para a história de amor de vocês. Eu coloquei os encontros baseados nas datas de folga que coincidiram entre os dois, mas pode ser que um precise viajar vez ou outra pra isso dar certo. Também esvaziei uma semana pro Harry acompanhar a tour que você, Louis, tem na Ásia, já que ele morou lá por alguns meses e tem bastante fãs por todo o continente. O plano inicial é de seis meses, começando agora em abril e finalizando antes da Paris Fashion Week, em outubro.
Ela ia falando sem parar e os olhos de Louis quase dobraram de tamanho, realmente não estavam lidando com nenhum amador e tudo aquilo era quase uma missão do FBI, com datas, planos, metas.. tudo devidamente organizado e traçado. Dessa maneira ele até se sentia mais confiante por ter aceitado.
– Aqui não diz exatamente como nós começamos a sair, vocês estavam imaginando usar as fotos que fizemos? Porque eu não sei se colaria, nós quase não nos falamos lá e muita gente percebeu. – Harry questionou ao passar os olhos por todas as letras, gráficos e fotos que compunham aquelas folhas em sua mão.
– Nada disso. O Arctic Monkeys tem um clipe para gravar esse mês e pensamos que você poderia ser um dos protagonistas, a história de vocês começaria dali. – Evans esclareceu com um sorriso satisfeito. – Temos um acordo, então?
– Temos. – os mais novos responderam ao mesmo tempo e se olharam em seguida.
V
O aluguel dos três cenários para o clipe foi reservado para apenas dois dias e as cenas que Louis teria que gravar sozinho ou com os outros colegas de banda tinham ocorrido no dia anterior. A música que tinha feito grande sucesso desde o lançamento e que foi alvo de vários pedidos por um MV tinha um ritmo sensual e envolvente, apesar do significado por trás da letra.
Nem sempre a composição de uma música retrata vivências do seu compositor, isso era certo, mas às vezes sim. Por isso, a história desenvolvida para o clipe pretendia contar sobre uma relação tumultuada e decepcionante, em que o protagonista expressa ter sido enganado e traído por quem mais amava. Destacando, ainda, que, apesar de ter se considerado tolo, agora está no controle do jogo e pretende mostrar à outra pessoa as consequências de suas ações. O refrão expressa todo esse sentimento de forma clara ao afirmar que a outra pessoa precisa dele, do protagonista, mas este já reconhece que é um amor falso e promete derrubá-la quando ela mais precisar.
Como um personagem magoado e querendo vingança, Louis gravou as cenas onde frequentava bares com os colegas, fumava cigarros e virava shots de alguma bebida transparente, que na gravação era representada por água. Sua barriga saiu tão cheia na noite anterior, depois de repetir os mesmos takes várias vezes para terem mais opções na hora de editar, que hoje ele agradecia pelas próximas gravações não precisarem da ingestão de nenhuma bebida “alcólica”.
Para o primeiro cenário do dia, Louis estava vestido em um conjunto de terno composto por tecido liso e cor terrosa, um marrom mais claro, que ajudava a destacar seus fios castanhos em um topete arrumado. A gravação aconteceu em uma balada de luzes baixas e vermelhas, onde muitos figurantes foram contratados para encher o local e bebidas caras preenchiam as mesas, além de ter máquina de fumaça deixando o ambiente mais pesado e íntimo para as várias pessoas seminuas que dançavam em pole dances.
A intenção era representar que seu companheiro era uma pessoa em casa, alguém que Louis conhecia como amoroso e fiel, mas na verdade tinha uma persona por trás disso e que foi descoberta bem ali, naquele local. Por isso Harry, que seria o outro protagonista do clipe conforme o combinado, estava ali substituindo a ideia original de ser uma mulher ocupando o papel, mas que ele faria muito bem.
Sua roupa combinava com a obscenidade do lugar, uma blusa rendada preta de mangas longas que, com toda a transparência, deixava suas tatuagens e mamilos aparecendo, vestia também uma espécie de tanga masculina de vinil, cobrindo basicamente suas genitais e só. Tinha os fios ondulados úmidos e uma máscara preta lhe cobria a face, deixando apenas os olhos verdes e a boca rosada à mostra, assim como os outros dançarinos e dançarinas, que também usavam o acessório misterioso, e trabalhavam na balada ocupando os palcos circulares com a barra de ferro.
As câmeras rodavam pelo local capturando os corpos dançantes que giravam e se penduravam no pole dance de uma maneira invejável, além de utilizar como plano de fundo para a filmagem os demais figurantes que bebiam e jogavam dinheiro cenográfico em cima dos homens e mulheres quase nus. Nesse mesmo espaço de tempo, enquanto Harry passeava elegante pelo local e sentava em outras mesas com vários homens, Louis era gravado andando pela balada, com a feição séria e à procura de alguém. Contudo, no momento seguinte ele já estava em uma mesa contendo apenas um sofá vermelho como assento e uma garrafa de wiskey muito caro na frente, ao passo que um certo modelo desfilava em sua direção com movimentos confiantes e prontos para seduzir quem quer que assistisse aquilo.
O diretor da filmagem indicou que Harry sentasse ao lado, com as pernas jogadas em seu colo e um cigarro entre os lábios, tragando o filtro e jogando para cima enquanto Louis recitava baixinho a letra da própria música que tocava ao fundo. Na luz vermelha os olhos verdes ficavam ainda mais bonitos e Louis podia jurar que os cílios do modelo pareciam pintados e maiores de tão perto. O próximo movimento que deveriam fazer lhe deixou um tanto inseguro, Harry tinha acabado de sentar em seu colo e se aproximou até ter os lábios quase colados aos seus, lhe passando toda a fumaça que tinha prendido nos pulmões.
Louis não era um bom ator, mas foi meio que automático entreabrir a boca e se deixar inspirar aquela névoa.
O máximo de contato que tiveram durante essa primeira etapa das filmagens foi esse, o resto se perdeu em cenas sozinhos e de olhares que diziam muito. Mas ao anoitecer daquele mesmo dia, em um quarto alugado, eles tiveram que terminar o clipe com as cenas que faltavam. Agora era a hora de retratar o casal que o protagonista conhecia e a maneira que eles viviam antes de ter descoberto o outro lado do companheiro. As cenas entre o quarto e a boate seriam intercaladas no final e dariam aquela impressão fascinante de lembrança do passado em choque com os acontecimentos do presente, independentemente da ordem em que foram gravadas.
– As luzes e câmeras estão posicionadas, garotos. Avisem quando estiverem prontos. – o diretor do clipe avisou. Ele era bons anos mais velho e tinha duas assistentes mais novas, talvez sejam universitárias do curso de cinema, que ficavam sempre passeando pelo quarto para garantir que tudo saísse conforme o planejado.
O quarto era bem básico, tinha uma TV de modelo antigo sobre a cômoda, uma cama grande com cabeceira de madeira e lençóis claros, um espelho retangular bem acima e alguns quadros na mesma paleta de bege e marrom preenchendo a parede ao lado. Louis vestia uma blusa cinza que facilmente passaria por um pijama e uma calça de tecido leve no mesmo tom. Já Harry vestia uma blusa larga demais para ele na cor branca em um tecido simples que chegava até o topo das coxas e não mostrava a boxer da mesma cor que usava por baixo.
Ambos tiveram seus cabelos minuciosamente bagunçados pela equipe de produção e nenhuma maquiagem foi passada, todos os detalhes estavam postos para tentar mostrar a convivência e intimidade de quem dormia e acordava junto.
– Tudo bem pra você, Harry? A gente pode falar com ele se for muito desconfortável, sabe.. – Louis falou baixinho para o rapaz ao seu lado na cama, em cima dos tecidos propositalmente desordenados. Eles tinham lido o roteiro há pouco tempo e sabiam muito bem como teriam que agir agora, o que explicava as faces um tanto coradas.
– Tá tranquilo, eu acho. Não deve ser mais constrangedor do que se trocar na mesma sala que diversos outros modelos julgando os corpos uns dos outros. – deu um risinho sincero, ele realmente acreditava que nada seria pior que aquilo, mas era compreensível que o outro estivesse tenso. Sendo um homem gay prestes a encenar uma pegação forte com um cara hetero, apesar de não ter certeza sobre esse fato, era até fofo que o outro queira lhe deixar confortável.
– É.. ok, estamos prontos então. – Louis disse ao diretor, que rapidamente soltou mais uma vez a música que, de tanto ouvirem, parecia ter se infiltrado no cérebro de todos ali presentes, e iniciou a gravação.
O ambiente, por ser mais calmo e íntimo, dava um ar diferente das cenas anteriores. Não tinham luzes piscando, nem máscaras cobrindo os rostos ou pessoas dançando e gritando. Na verdade, as luzes amareladas eram aconchegantes e claras ao ponto de Harry conseguir enxergar cada mínima sarda que apontava nas bochechas de Louis, e que ele não pôde perceber antes.
O modelo estava mais uma vez no colo do cantor, com menos vergonha do que anteriormente, já que não tinham muitas pessoas no ambiente no momento, apenas o pessoal necessário para cuidar das câmeras e luzes, e eles dois. Ainda era estranho ouvir uma voz mais grave e rouca gritando para que Louis passasse as mãos devagar pelas suas pernas nuas, e ele estava um pouco vermelho e arrepiado depois de senti-lo repetir o mesmo movimento mais duas vezes para que gravassem de ângulos diferentes.
Assim que finalizaram essa pequena parte, eles foram direcionados a deitar de uma forma que Louis ficasse por cima, tentando a todo custo não depositar todo o peso sobre si, segurando uma das suas pernas para cima e fazendo-a descansar nas costas cobertas pelo tecido cinza. A virada, no entanto, teve que ser refeita pelo menos três vezes porque na primeira Harry caiu em cima do próprio braço, na segunda Louis se enroscou um pouco e não conseguiu virá-los no tempo certo da música, o que ocasionou uma crise de riso nos dois, e na terceira tentativa o joelho do maior acabou acertando sem querer uma área muito sensível do cantor, mas ele pediu desculpas logo após.
Após esses momentos que ajudaram a dar leveza ao clima, eles finalmente acertaram o movimento e foi lindo como o encaixe se mostrou na câmera. O diretor até abaixou o tom de voz quando mandou que Louis raspasse os lábios nos vermelhos de Harry, para não quebrar a atmosfera e química que eles estavam criando juntos. Ao seguir o comando, o menor viu o momento exato em que a língua de Harry deixou um rastro molhado pelo lábio inferior, um segundo antes de Louis se inclinar devagar e deslizar a boca entreaberta por ali, decidindo ousar e fazer o que não foi pedido quando agarrou aquela carne macia entre os dentes pontudos e puxou de leve. Ele sentiu a respiração de Harry ser solta de uma só vez pouco antes de uma das assistentes soprar algo como “isso foi muito bom, Louis”.
Eles não estavam com os corpos colados, então ainda existia um resquício de espaço pessoal resguardado entre ambos, mas quando Harry teve que deslizar a camisa pelas costas do mais velho, esse espaço precisou diminuir. Sua coxa direita estava mais uma vez apoiada sobre o quadril do outro, mas agora ele conseguia sentir uma pequena parte da pele quente que lhe pressionava na cama enquanto Louis sussurrava a letra da música próximo ao seu ouvido e pescoço, deixando o ar quente arrepiar a pele clara de tal maneira que Harry não lembra quando exatamente fechou os olhos para apreciar o momento.
Mas logo acabou, porque eles tinham que trocar novamente de posição e o diretor sabia bem o que fez quando colocou essa cena para o final. Seus anos de experiência devem ter lhe dito que após alguns minutos gravando eles estariam mais soltos e dispostos àquilo, sem tanta timidez.
Harry estava mais uma vez sentado sobre Louis, que tinha as costas apoiadas na cabeceira da cama, e os lençóis fofinhos estavam amontoados ao redor deles deixando a visão ainda mais bonita. O modelo passava as mãos por toda a pele nua do torso e braços do menor, com três câmeras apontadas em sua direção e cada uma posicionada para filmar de um ângulo diferente. Uma delas tinha foco no perfil dos dois que se encaravam tão de perto que Louis cogitava, seriamente, estar um pouco vesgo. A outra, mais de longe e dando a completa visão das costas do cacheado, pegava também toda a cama desarrumada, as mãos do modelo pressionando os ombros de Louis e as mãos deste, que subiram a camisa branca de Harry até mostrar a faixa da cueca boxer, apertando a cintura fina da forma mais caricata possível para que não restasse dúvidas do desejo que seu personagem sentia.
A última câmera estava sobre a cama, filmando desde os tecidos até o alto da cintura dos dois. E se não tivesse música rolando no fundo do quarto alugado, os dois no centro do móvel não ouviriam nada naquele momento.
A música tinha as batidas fortes e sensuais ricocheteando no coração do maior, que parecia seguir a mesma melodia enquanto ondulava os quadris assim como estava descrito no roteiro. Ele seguia fielmente o que leu em todas aquelas folhas e por isso começou a rebolar um pouco tímido no começo, mas logo depois pegou o mesmo ritmo do que ouvia e se movimentou com mais segurança e angulação, de uma maneira que tinha certeza que ficaria bonito no clipe.
Louis sentia as mãos emaranhadas nos seus cabelos, desarrumando ainda mais os fios, e sua respiração estava um tanto ofegante enquanto o cacheado deslizava devagar para frente e para trás em cima de um tecido tão fino que era sua calça, o que não podia ser considerado uma real barreira entre eles. Por não estarem debaixo dos lençóis, foi indicado que Harry soltasse todo o peso das pernas e realmente sentasse em Louis, pois se assim não fosse, daria para ver na filmagem a resistência entre ambos e não pareceria real.
O cantor estava cuidando para não apertar demais a cintura do outro, mas suas mãos estavam inquietas e passeavam pelas pernas macias e quadril de Harry até se fecharem nos cachos bagunçados. Do outro lado, o maior sentia a pele arder e não sabia se era pelos toques de Louis ou pelo esforço de se manter em movimento por tantos minutos ou, ainda, se era fruto das respirações que saíam num mesmo espaço de tão próximos que estavam e pareciam que eles respiravam o mesmo ar quente. Muito quente.
Nesse momento uma das câmeras sinalizou que a bateria tinha acabado e a moça que filmava com ela pediu uns minutos para trocá-la, então o diretor também deu esse tempinho para os artistas descansarem um pouco. No entanto, apesar da oportunidade de saírem das posições e poderem esticar as pernas, os dois homens no centro da cama não se mexeram.
– Droga, eu realmente sinto muito por isso Harry. – Louis estava visivelmente constrangido e em dúvida se pedia para Harry sair do seu colo ou agradecia por ele não tê-lo feito ainda. – Sério, meu deus, que vergonha! – deu uma risadinha sem graça e tirou as mãos do cacheado, procurando trazer uma almofada mais para perto do seu corpo. – Não foi intencional, sabe.. eu só, eu-
– Ei, calma. – Harry riu. – Eu não tô ofendido ou algo assim, relaxa. – viu o outro soltar a respiração que tinha prendido, mas com esse ato seu quadril se movimentou involuntariamente e ele sentiu seu pescoço corar também. – Eu não tenho experiência com esse tipo de trabalho, mas deve ser normal, né?
Louis concordou com a cabeça e levou as duas mãos para o rosto, um pouco tímido e sem jeito, torcendo para finalizarem de uma vez as gravações. Fazia alguns minutos que Harry sentiu um volume embaixo de si, mas não tinha prestado atenção com toda a atmosfera envolvente que a música alta e a dança erótica deixava em seus ouvidos e pensamentos.
Ele só se deu conta que cada movimento - principalmente quando deslizava para frente até ter colado o peitoral junto ao do outro, pendendo sua cabeça acima da de Louis para logo ondular lento de volta e arrastando todos os centímetros de pele em contato - cada movimento como esse deixava o volume ainda mais presente e firme, além de deixar Louis mais corado e ofegante. Só então ele reconheceu o incômodo entre suas nádegas e quis rir, se sentindo um pouco lisonjeado até, mas não deixou transparecer.
– Para finalizar eu quero uma cena romântica, garotos. Deitem de lado e fiquem de mãos dadas, isso. – eles se arrumaram em uma espécie de conchinha, onde Louis deixou que Harry deitasse sobre seu braço direito estendido. Com o esquerdo ele abraçou o maior, tentando não pressionar seu membro no final das costas do outro, mas a risadinha que o modelo deixou escapar, pressionando os lábios um no outro e mostrando uma das covinhas, mostrou que Louis não teve tanto êxito assim. – Tá ótimo assim, brinquem um pouco com os dedos entrelaçados.. perfeito.
Era reconfortante para Harry ser aconchegado daquela forma, mesmo que sentisse a ereção do outro, que já se desmanchava, lhe cutucando um pouco por trás. Mal lembrava a vez em que se sentiu confortável numa posição tão vulnerável, sendo abraçado e sentindo a respiração lenta de outra pessoa em sua nuca. Isso poderia ser familiar para muita gente, mas para ele não era. Se perdeu um pouco olhando seus dedos deslizarem pelos do outro com um sorriso mínimo no rosto e depois de alguns segundos foi despertado quando as luzes fortes se apagaram, só restando a iluminação comum da lâmpada do quarto.
– Temos o suficiente, vocês foram ótimos. – o diretor sorriu e as suas assistentes esbanjaram agilidade em desmontar os equipamentos ao redor do cômodo. Louis e Harry pareciam estar lerdos demais em comparação. – Eu devo combinar com o Tristan a edição e entrega do material pronto, Tomlinson?
– Eu.. é, sim. – tossiu para limpar a garganta. – Isso, ele vai combinar contigo, mas acredito que o prazo máximo é de duas semanas.
O outro concordou com a cabeça e se aproximou para apertar a mão dos dois, Louis até levantaria para abraçá-lo, mas era melhor não. Harry já estava de roupa trocada, a rapidez com que ele fez a mudança devia ser alguma habilidade adquirida com a profissão, já Louis, entretanto, esperou todos saírem do quarto após uma rápida despedida, para finalmente levantar, tropeçar na confusão de tecidos sob seus pés, e vestir suas próprias roupas.
– Nos vemos em duas semanas então? – Harry perguntou antes de sair. Ele tinha um óculos escuro segurando os fios rebeldes em sua cabeça e uma ecobag nos ombros.
– Sim.. obrigado por hoje e me desculpe mais uma vez. – ele pediu novamente, não queria imaginar a possibilidade do outro ter se sentido assediado ou algo do tipo. Harry dispensou com as mãos. – Em provavelmente duas semanas o clipe estará pronto e vão começar os boatos.. – o modelo arqueou uma sobrancelha. – quer dizer, aumentar os boatos. Daí nós vamos jantar e pronto, estamos namorando.
– Parece tão fácil, né? – os dois soltaram um suspiro em conjunto. – Bom.. suponho que eu deveria ter o número do meu futuro namorado.
– Ah, claro. Na verdade, Tristan já me passou o seu.. eu vou te mandar uma mensagem e você salva.
– Tudo bem. Nos vemos depois então. – o outro se despediu da mesma forma, mas foi um tanto constrangedor quando o modelo não se decidiu entre um abraço ou aperto de mãos e Louis teve o mesmo problema. Ficaram naquela dança esquisita por poucos segundos e logo depois, com sorrisos envergonhados, eles deram um abraço rápido e saíram, cada um para um lado.
°°°°°
A primeira semana após a gravação do clipe foi relativamente tranquila, Louis terminou a etapa de shows que restavam nas demais cidades da Inglaterra e apesar de não terem diminuído as especulações sobre sua vida amorosa nas redes sociais, nenhuma nova informação ou foto foi vazada, o que era uma boa notícia e mostrava que até agora o plano estava sendo seguido completamente.
Depois disso, ele finalmente teve alguns dias de intervalo e aproveitou para visitar a família, na intenção de passar o máximo de dias possíveis com eles para amenizar um pouco da saudade.
A casa do subúrbio de sua infância, de paredes escuras e um jardim na frente, deu lugar a um belo imóvel planejado em um condomínio na parte mais rica de Londres. Esse foi o primeiro presente que deu aos pais quando melhorou de vida e, contra o que todos costumam pensar, não foi tão difícil quanto parece deixar suas memórias para trás. O quarto cheio de posters de bandas de rock para onde ele levava as namoradinhas de escola, a escada onde ele costumava correr atrás das irmãs em uma brincadeira não muito segura de pega-pega, e, não menos importante, a garagem na qual seus sonhos tiveram início.
Mais do que qualquer lembrança antiga, o cantor priorizava sua família. A segurança e bem-estar deles sempre foi um dos seus principais objetivos, e mesmo que sua mãe tenha ficado reticente em aceitar a mudança drástica de cenário, ainda preocupada com a carreira instável do filho, ela se encantou de pronto com o presente e talvez isso tenha contribuído fortemente para que a mulher aceitasse melhor o caminho que Louis resolveu trilhar. Andy era uma mulher madura que teve seu primeiro filho muito cedo e o namorado na época não quis arcar com a mesma responsabilidade, então ela contou com a pouca ajuda que tinha na casa dos pais, não entrou na faculdade e se contentou com qualquer emprego que lhe aceitasse naquelas condições.
Sua vida foi de abdicações em prol da pequena família que estava criando até o garotinho completar 10 anos, quando conheceu um homem apaixonante e que não demonstrava ser igual aos outros. O padrasto de Louis, Ben, lhe aceitou como filho assim que venceu as barreiras emocionais da mulher e pôde se aproximar de verdade, depois não demorou muito para eles morarem todos juntos e saírem da casa dos avós do menino, mas claro, seguindo o que as condições financeiras do momento permitiam.
Alguns anos mais tarde, Andy descobriu estar grávida de duas lindas meninas e Louis, depois de se recuperar da crise de ciúmes, realmente adorou a ideia de ser irmão mais velho. Chloe e Cassie nasceram idênticas, a pele mais morena e os olhos castanhos como o pai, eram a paixão do pequeno Louis, que não economizava energias ao brincar e se divertir com as duas à medida em que foram crescendo.
Mas ao sair de casa com 20 anos, deixando as mais novas na faixa dos 8, ele sentia que perdeu grande parte da evolução das meninas e isso o deixava um tanto emotivo só de pensar que elas já podem ter passado pelo primeiro amorzinho de infância ou até mesmo um primeiro beijo. Não ajudava lembrar que ele não teve a oportunidade de aterrorizar garotinhos de, agora, 13 anos. Pelo menos a etapa da faculdade ele não tinha perdido ainda e faria de tudo para não o fazer.
Quando enfim ele entrou na casa nova - não tão nova assim - dos pais, foi recebido com um abraço duplo animado que sentiu tanta falta.
– Lou! Lou! – as duas pré-adolescentes gritavam e pulavam ao seu redor, fazendo com que o homem deixasse as malas na entrada e se rendesse àquela euforia. – Você veio pro nosso aniversário? Eu queria fazer das meninas malvadas, mas a Cass quer que seja daquela banda chata que ela gosta. – a gêmea poucos segundos mais velha falou revirando os olhos.
– Você pode mandar essa feia não falar assim deles? – a outra rebateu enfurecida, com braços cruzados e tudo. – Eu não pedi pra você nascer comigo, então não tenho culpa do nosso aniversário ser em conjunto. Se você acha tão ruim assim pode ir morar com outra família. – Cassie saiu batendo os pés e Louis queria rir, mas não o fez. Era engraçado como irmãos tem esse costume de brigar por coisas tão simples a qualquer hora do dia.
– Ô mãe!! – a outra menina correu atrás, esquecendo completamente que o mais velho tinha acabado de chegar.
– Lar, doce lar. – Louis falou com um sorriso no rosto e um suspiro contente.
A festinha de aniversário aconteceu dois dias antes que Louis precisasse voltar para Los Angeles, e fazia um ano que ele não conseguia estar presente nessa data, mas agora estava tudo dando certo. Ele fez questão de trazer dois presentes diferentes, pois conhecia a personalidade de cada irmã, e ainda levou flores para a mãe e uma lembrancinha para o padrasto.
A despedida, no entanto, foi regada a lágrimas das mais novas, que atrasaram o quanto puderam o irmão ao se agarrar nas pernas do mais velho e sequestrar uma de suas malas. Sua mãe se despediu com um abraço rápido e logo saiu para a cozinha, mas Louis percebeu que a mulher estava se segurando para não chorar na frente de todos, sempre se fazendo forte para a família.
O voo de pouco mais de 11 horas era exaustivo, mas ele conseguiu descansar pelo menos um pouco antes de seu cérebro voltar a pensar nos eventos seguintes na linha temporal tão bem definida que sua vida seguia agora. O videoclipe ficou pronto enquanto ele estava aproveitando com a família, por isso a missão de revisar e aprovar a edição ficou para Tristan e os outros garotos da banda, então a próxima etapa seria a publicação assim que ele chegasse em Los Angeles. Com isso viria a primeira aparição pública dele com Harry, aproveitando que o modelo estava na cidade a trabalho, o que traria, segundo a secretária do cacheado, mais pesquisas em seu nome assim que eles fossem flagrados juntos e mais pessoas acessando a página no youtube, conhecendo a música nova e, consequentemente, o trabalho da banda.
A primeira pessoa que encontrou quando chegou no estúdio, logo depois de dormir por algumas - poucas - horas em seu apartamento, foi Tristan. A televisão do estúdio, que ficava no alto da parede, mostrava a contagem regressiva para a estreia do vídeo no YouTube, tinham cerca de três horas de pura ansiedade até o clipe estar disponível e Louis assistir pela primeira vez, mas enquanto isso o Loiro quis acertar os últimos detalhes sobre o que viria depois.
– Eu falei com o Zak e o Antony para fazerem as fotos hoje. – Evans disse. – Vocês dois provavelmente não vão vê-los, eu pedi para serem o mais discretos possível.
– Só dois? Vindo de você eu esperava uma chuva de paparazzis e flashes, helicópteros, tapete vermelho e gente gritando. – Louis riu ao enumerar.
– Engraçadinho.. Esse primeiro passo deve ser o mais cuidadoso, senão vai foder com tudo. – Ele passou a mão pelos cabelos bagunçados, apesar de toda a cautela com que estavam seguindo o plano, se alguma coisa saísse de maneira não natural para o público, seria o fim. – Se vocês virem alguma coisa entre arbustos ou do outro lado da rua, não olhem diretamente. Sério, Tommo, faça questão de parecer apaixonado pelo Styles e não deixe sua curiosidade lhe fazer encarar qualquer outra pessoa.
– Ei! Eu vou fazer tudo certo, relaxa.
A programação do dia para Louis era: estreia do MV às 13h, almoço com os caras para comemorar, passar a tarde vasculhando os comentários sobre o clipe no Twitter, mas isso era um segredo seu, e às 20h encontraria Harry em um restaurante conhecido por atrair pessoas famosas.
Em um relacionamento real ele duvidava que o lugar seria sua primeira escolha para um encontro, mas como era praxe alguns artistas serem vistos por lá, não criaria desconfianças em cima dos paparazzis, pois eles podiam ficar de tocaia lá sempre atrás de algum furo interessante. Mas como não era real, para Louis não importava muito aonde iriam.
Quando pôde riscar a primeira linha imaginária da sua lista de tarefas para o dia, o cantor se surpreendeu com o resultado do vídeo. O jogo de câmeras e luzes foram tão necessários para dar o tom que a história pedia que ele nunca mais reclamaria sobre o preço de se contratar uma boa equipe. As cenas que mudavam entre o passado e o presente ficaram perfeitas e os olhares que as câmeras capturaram deixou tudo tão real que ele até se sentiu um pouco envergonhado quando a televisão foi preenchida completamente com a cintura de Harry sobre a sua, rebolando de maneira condizente com a batida da música, tão sensual, e ele ouviu um coro de “uou!” e “se deu bem” entre as risadas imaturas dos amigos.
Dizer que os fãs do shipp enlouqueceram com tudo isso foi um eufemismo. O celular dos dois parecia que podia travar a qualquer momento de tantas notificações e mensagens nas mais diversas redes sociais e quando já estava perto do horário marcado para o jantar, Louis o colocou no modo avião e foi se arrumar.
O cantor não sabia muito bem o que vestir e por isso apostou no básico que lhe deixava confiante. Uma blusa vinho lisa e calça preta com a jaqueta jeans claro para espantar o vento frio que não era tão comum na primavera californiana, mas que apareceu naquela noite. Porém, enquanto ele esperava sentado em uma das mesas próximo à sacada do restaurante, logo atrás dos vidros que tinham vista para a rua, notou um homem se aproximar pela visão periférica.
Ele tinha acabado de deixar o sobretudo com um dos funcionários do local e vestia por baixo uma camisa preta com alguns botões abertos mostrando o colar com pingente de cruz que Louis nunca o viu sem, calça também na mesma cor, mas com listras verticais brancas, o que o dava a impressão de ser ainda mais alto, e nos pés o sapato lustroso passava a impressão de ser muito caro.
Louis quase escondeu seus vans por baixo da mesa, mas escolheu sorrir ao levantar para cumprimentar o outro.
– Você poderia ter me avisado que viria assim para eu tentar me vestir um pouco melhor, não acha? – Foi a primeira coisa que disse ao segurar a cintura de Harry e depositar um beijo no rosto do modelo.
– Essa é a sua forma de me elogiar? – Styles riu, graciosamente. – Você também está muito bonito, Louis.
Eles estavam próximos o suficiente para gerar suspeitas e o mais alto apoiou a mão no ombro do outro.
– Acha que podemos sentar agora? Já deve ter dado tempo de tirarem algumas fotos, eu acho. – Harry se inclinou para falar no ouvido de Louis, o que deixou o outro com uma visão privilegiada e com detalhes do colar que ele usava, além dos botões abertos logo abaixo. O modelo também aproveitou para sentir o perfume de Tomlinson e aprovou o bom gosto.
– É, sim. deixa eu só.. – Respondeu ao puxar a cadeira em sua frente para o cacheado sentar e revirou os olhos quando o outro pousou as mãos no coração, tentando fazer graça com o gesto educado.
As unhas dele estavam pintadas de um rosa alaranjado, algo como salmão, e alguns anéis enfeitavam ainda mais os dedos. Louis não imaginava que aquela cor poderia ficar bonita em esmaltes, mas se fosse para ficar, é óbvio que seria em alguém como Harry Styles.
Eles fizeram os pedidos e Louis descobriu que o outro seguia uma dieta de carnes brancas, só comia peixe e muito raramente aceitava frango ou outro animal. Isso foi pauta para alguns minutos de conversa enquanto esperavam os pratos chegarem, o maior falava de maneira calma e de uma forma que prendia a atenção de qualquer um, dando algumas bicadas no vinho que pediram vez ou outra. Do outro lado da mesa, Louis também o acompanhava na bebida e lhe ouvia de uma maneira que o cacheado não estava acostumado, ele gostava de demonstrar que estava ouvindo e por vezes seguia os lábios do outro com o olhar para entender melhor o que era dito. Proposital ou não, aquela atenção pode ficar meio desconcertante se durar por longos minutos como acontecia ali.
Por isso Harry também passou a questionar coisas comuns sobre a carreira e vida pessoal do cantor, queria o conhecer melhor já que o relacionamento duraria, pelo menos, seis meses.
– E quando eu pedi pra repetir, ela simplesmente levantou a blusa. – Louis contava aos risos. – Não, sério. Eu realmente não tinha entendido o que ela tinha falado, não era pra ser uma confirmação a seja lá o que aquela doida ofereceu.
Eles estavam no meio do prato principal e o menor ria e gesticulava muito com as mãos e olhos enquanto contava sobre a vez que uma fã resolveu mostrar os peitos no meio do show. Aparentemente a moça estava muito animada, talvez um pouco bêbada, e quando ele parou o show para ver se estava tudo bem, ela começou a falar algo que ninguém da banda tinha entendido, mas assim que Louis se aproximou pedindo para ela repetir, a garota abaixou o tomara que caia branco que usava. Harry riu tanto que sentiu suas bochechas doerem, imaginava que a vida de um rockstar devia ser muito louca, mas não era pra tanto.
– Sinto em dizer que meu trabalho pode ser entediante comparado a isso. – o modelo foi parando de rir aos poucos e começou a contar quando foi perguntado sobre alguma história parecida com a do outro. – O máximo de emoção que tive provavelmente foi quando meu salto quebrou no meio do desfile. – Louis fez uma careta de dor. – Pois é, meus tornozelos ficaram doloridos por alguns dias depois disso.
Na hora em que o garçom perguntou se pediriam a sobremesa, o menor encostou o suficiente para sussurrar no ouvido do outro de forma divertida.
– Seria muito meloso dividirmos uma sobremesa no primeiro encontro? – dava pra sentir o sorriso arteiro em seu rosto.
– Não sabia que você era desses caras, Tomlinson. Espero que não queira economizar na sobremesa com as garotas que você sai, ninguém gosta de homens assim. – Harry implicou.
– Cala a boca, é romântico, vai. – eles falavam tão próximos que Louis se viu enrolando um cachinho do outro e puxando, numa intimidade que ele raramente desenvolvia em tão pouco tempo. O empurrão discreto em seu ombro que recebeu logo em seguida foi merecido, no entanto.
– Vamos querer esse creme de papaia com cassis.. sim, só um, nós vamos dividir. – o modelo sorriu educado para o garçom e Louis deu um sorriso vitorioso em sua direção. A alegria, no entanto, só durou até descobrir que a sobremesa parecia mais algo que uma senhora pediria e não uma bomba de açúcar como ele imaginava. Nunca mais deixar o modelo escolher sua sobremesa, anotado.
A noite foi mais divertida do que eles esperavam, a companhia era agradável e o clima não foi tão constrangedor quanto poderia ser. Ambos estavam satisfeitos com isso e poderiam até dizer que uma amizade estava surgindo a partir dali.
Alguns flashes foram percebidos assim que Louis abriu a porta para que Harry entrasse em seu carro, não tinham combinado que ele levaria o mais novo para casa, mas o improviso caiu bem.
– Está entregue, são e salvo. – destravou as portas e se virou para o cacheado que estava no banco do carona.
– Muito obrigado pela carona e pelo jantar Louis. Eu realmente acredito que poderia ter sido pior. – Harry sorriu provocante e revirou os olhos quando o outro se fez de ofendido, com as mãos no rosto e tudo.
– Para você é namorado, não Louis. – rebateu com uma sobrancelha erguida.
– Então te vejo depois.. – ele se aproximou lentamente e completou próximo à orelha – namorado. – deixou um beijo estalado no rosto do cantor e saiu do carro.
VI
Harry: (Foto)
Harry: Nós estamos na Times Square!!!!!!!!
Harry: Nunca pensei que ficaríamos tão bem nas telonas 👍👍😁
Louis: Isso é foda pra caralho! Ficamos realmente muito bem ;)
(...)
Louis: Ei, eu vi seu desfile ontem. Aquela apresentadora definitivamente não sabe de nada.
Louis: Ah! e eu aposto que aquela roupa feia dela ficaria melhor em você.
Harry: Obrigado, Louis 🙂
Harry: Mas nunca mais fale assim de uma Gucci na minha frente 😡
Louis: Eu tô te defendendo aqui, tá bom?! Não seja ingrato, haha
Harry: 🙄🙄
Harry: Sua risada não tem a menor graça assim, você pode usar emojis como todo mundo que está vivo no século XXI sabia?
Louis: Obrigado, mas não, obrigado.
(...)
Harry: Cleo me deu o ingresso para o show na sexta. É muito ruim se eu disser que não conheço a banda??
Louis: Na verdade, sim, Styles. Infelizmente nosso relacionamento precisa acabar aqui.
Harry: Não seja palhaço 🙄🙄
Harry: Só preciso saber as principais músicas pra não passar vergonha, Louis. Me ajuda!! 🙏😁
Louis: Meu deus.
Louis: Vou compartilhar minha playlist com você, mas não abusa.
Harry: 👍😍
Louis revirou os olhos com um sorriso mínimo no rosto e enviou o link do spotify com a pergunta brilhando num letreiro neon na sua mente “Quem diabos não conhece Imagine Dragons?!”. Fazia quase um mês desde a última vez que viu o modelo pessoalmente e os boatos sobre o namoro pareciam estar esfriando, então veio a calhar que um dos seus colegas conhecia alguém que conhecia outro alguém que trabalhava com Dan Reynolds, o vocalista. No fim, ele estava com cinco ingressos VIPs para assistir o show e além da sua própria banda, seria um ótimo programa para levar também o namorado.
Os dias depois do lançamento do clipe foram os mais agitados e caóticos que ele já experimentou durante toda a carreira. Além do estrago nas redes sociais que ele já previa, percebeu que em todos os shows dali em diante teriam várias pessoas e celulares voltados a qualquer parte considerada especial em busca de uma certa presença. De qualquer forma, Louis não deixou de ficar grato quando a procura de ingressos pros camarotes em cada setor e cada show ficou bem maior que o comum, não dava para reclamar se as pessoas querem gastar tanto dinheiro assim só para tentar achar seu “namorado”. Como se ele não fosse ficar exatamente na frente do palco ou então lá em cima com os produtores caso estivesse realmente lá.
E depois de quase um mês, com os ânimos mais calmos, os fãs teriam mais algumas fotos para voltarem a surtar. Foi o que Louis pensou ao ver o carro vermelho e blindado parar na porta do seu prédio, e ele completou o pensamento de que deveria ter imaginado que Harry, aquele Harry, certamente não dirigiria um carro preto ou que fosse de algum modo.. sem graça.
Entrou no carro com um assobio na ponta dos lábios e elogiou a escolha do automóvel, brincando que esperava um dia ter tanto dinheiro quanto o cacheado para comprar um do mesmo modelo. Harry sorriu ladino e uma covinha charmosa despontou na bochecha. Os cachos estavam estrategicamente dispostos pela cabeça dele e não tão definidos, e o dress code preto parecia ter sido combinado, já que ambos se encontravam vestindo a mesma cor. Se não fosse os pequenos brilhos prateados que eram discretos, mas aparentes, por toda a camisa do cacheado e a blusa de manga longa com gola portuguesa que Louis usava, podia-se dizer que eles combinaram em usar calças skinny jeans e vans.
– Eu descobri porque a banda do show de hoje não era tão desconhecida assim pra mim. – Harry disse logo após iniciar a rota pelo GPS e dar partida no carro.
– Então eu ainda posso ter esperanças sobre algum possível bom gosto seu? Ei! – Louis riu ao ser beliscado na coxa.
– Não exatamente.. eu só lembrei porque uma das músicas da sua playlist era a preferida do meu ex. Bem.. tipo ex. É complicado.
– Ele era o cara com bom gosto da relação então.
Harry acenou com a cabeça, mesmo um tanto confuso sobre a última fala do cantor. Não pareceu ser apenas sobre música aquele comentário.
– Vocês ficaram juntos por muito tempo? Ah, meu deus! Foi tipo um namoro super falado do mundo da moda e eu estou passando vergonha por não conhecer? – continuou Louis, apreciando a risada que o cacheado soltou com sua forma exagerada de falar.
– Não para a primeira pergunta. Talvez para a segunda. – deu uma olhada rápida em Louis e se deparou com os olhos azuis voltados para si, depositando toda a atenção no que falava. – Ele também é modelo.. basicamente trabalhávamos juntos em muitas campanhas e desfiles, éramos um casal bonito e todas as marcas queriam o contrato em conjunto.
– Consigo imaginar algo assim.
– É.. só que com tudo isso nós começamos a nos aproximar e nos relacionar. De verdade. – Não tinha uma carranca no rosto, tampouco um sorriso. A feição serena como se estivesse contando sobre o tempo deixou Louis curioso e até espantado sobre o quão bem resolvido Harry demonstrava ser sobre o assunto.
– Deixa eu adivinhar, então isso deixou de ser comercial e vocês foram naturalmente se afastando?
– Ah, não! Não mesmo. Nós ainda trabalhamos juntos às vezes. – soltou um sorriso com a careta confusa que Louis fez. – Sam não tinha realmente a intenção de algo sério quando me pediu em namoro, ele sempre amou sair com várias pessoas e quando eu penso em solteiro só consigo imaginar ele como personificação da palavra. Eu era muito novo, passamos algum tempo juntos mas sem realmente sermos exclusivos.. bem, pelo menos ele não era exclusivo.
Louis ainda prestava atenção em cada palavra que saía dos lábios cheios do outro, querendo ouvir toda a história. Ele conseguia demonstrar devoção e interesse de uma maneira tão simples que era basicamente confortável de se conversar qualquer assunto, desde enfeites de natal a assassinatos em série.
– Eu não podia cobrar nada, na verdade. – Harry continuou. – Depois de dois anos nesse rolo, quando ele resolveu me pedir em namoro, eu não aceitei e resolvi terminar qualquer envolvimento romântico e sexual que tínhamos. Por isso o “tipo ex”.
– Oh, uau. – Louis desviou o olhar para a estrada, de sobrancelhas erguidas e só um pensamento rondando sua mente. – Ele realmente era o cara com bom gosto, mas não soube fazer boas escolhas.
Harry sentiu sua bochecha esquentar e manteve os olhos nos faróis que ocasionalmente iluminavam todo o carro.
– E quanto a você? Nenhum relacionamento para contar história?
– Eu nunca namorei. – deu de ombros. – Tive algumas pessoas aqui e ali, mas meu foco sempre foi minha música e carreira. Não apareceu ninguém que me fizesse ter interesse em algo mais sério e duradouro.
– Vendo pelo lado bom, ninguém precisa surtar de ciúmes quando seus fãs resolvem fazer um strip pra você. – levantou e abaixou as sobrancelhas, lembrando da história que o outro lhe contou no restaurante um mês atrás, e riu ao ouvir uma série de “hahaha” sair dos lábios alheios.
°°°°°
Os amigos de Louis eram super divertidos e rapidamente criaram uma intimidade digna de anos de amizade com Harry.
O show tinha sido eletrizante, apesar de não fazer muito o estilo do cacheado, as batidas fortes e a energia surreal da plateia fazia qualquer um se render e curtir como nunca. Todos eles ficaram na parte frontal do espaço, antes mesmo da primeira grade que dividia o palco dos fãs que provavelmente estavam acampados na fila há dias para ficar o mais perto possível do seu ídolo. Harry tentou aproveitar da maneira mais discreta possível a visão do vocalista na passarela, dançando e cantando de maneira definitivamente sexy demais para qualquer um que tenha olhos funcionais.
Dan Reynolds estava muito suado, com toda aquela pele alva a mostra, sem camisa e sem nenhuma tatuagem visível. O shortinho preto parecia algo que o modelo costumava usar em suas corridas ou sessões de yoga, e mesmo que o tecido leve fosse igual, o caimento em ambos era uma coisa totalmente diferente. O cantor tinha um corpo forte e todos os músculos definidos no lugar certo, o que geralmente não fazia o tipo de Harry, mas após algumas cervejas e uma visão muito próxima daquele monumento que chamavam de homem, ele estava com medo de sair babando pelo cantor errado nas fotos que alguém devia estar tirando.
Louis pareceu sentir o mesmo medo, pois tinha passado menos da metade do show quando ele pressionou as costas do cacheado em seu peito, passando os braços pela cintura marcada dele e soprando um “se comporte” baixinho no ouvido. Ficaram naquela posição pelo resto da apresentação inteira e quando Harry dançava desengonçado, apenas para provocar o outro que aparentemente não curtia passar vergonha em público, Louis era obrigado a acompanhar o movimento já que seus braços não sabiam o caminho de volta para o lado do próprio corpo e permaneciam segurando com firmeza o outro.
– E teve aquela vez que o Louis roubou o carro do padrasto e mandou o Liam dirigir até a cidade vizinha porque nós fomos chamados para cobrir o show de uma outra banda que tinha cancelado de última hora no festival da cidade. – Jamie disse, rindo.
Eles estavam em uma espécie de festa mais reservada após o show, o lugar tocava uma música eletrônica mas não era alta o suficiente para impedir as conversas que rolavam pelo local. Tinha poucas pessoas, provavelmente só os convidados pelos músicos do Imagine Dragons tinham acesso a essa parte mais intimista e exclusiva, então a banda de Louis resolveu contar algumas histórias sobre sua trajetória enquanto o cacheado se divertia como mero ouvinte.
– Tecnicamente não foi um roubo e você está sendo generoso em chamar aquela merda com aproximadamente 50 pessoas presentes, sendo que metade devia estar tão chapada que não faria diferença sermos nós ou um pendrive tocando, de festival. – protestou Nick.
– Detalhes.. ainda assim o Tommo aqui conseguiu assumir toda a culpa pelo nosso sumiço de várias horas e acho que até hoje meus pais não sabem aonde a gente foi. – finalizou Jamie com um semblante pensativo, apesar de grato.
Louis ouvia as histórias e a forma como os amigos falavam com um sorriso de canto fixo no rosto e por vezes revirava os olhos em divertimento, mas a postura não deixava de ser confortável. Ele se sentia bem em apenas deixar os outros terem seus momentos falantes, mesmo que os temas lhe digam respeito, e continuava bicando o copo de energético com vodka calmamente.
Harry sempre se considerou um bom observador e graças a isso ele percebeu como Tomlinson, pelos relatos, sempre se manteve presente e constante na vida daqueles outros homens. Podia não parecer de longe, mas o cacheado agora tinha certeza que cada pequena atitude que Louis tomou e toma em sua vida tem como principal preocupação as pessoas em sua volta. Isso era simplesmente puro e belo.
E não é como se o cantor quisesse crédito por nada disso. Gastou literalmente todas as economias para gravar a demo e não aceitou que os outros se comprometessem tanto assim, assumiu a responsabilidade quando alguma aventura era descoberta e provavelmente pegou todo o castigo para si sem dedurar os outros garotos, incentivava todo mundo a se manter acordado por várias noites nos pubs de Londres apenas esperando uma brecha na programação para que fossem encaixados, como se os equipamentos encostados no meio fio não estivessem alí por horas sendo nutridos por um pequeno fio de esperança. Louis Tomlinson foi a força que os liderou até onde chegaram e merecia cada olhar de gratidão, mesmo que demonstrasse fazer pouco caso.
Quando Harry o deixou em casa naquela madrugada, sem paparazzis os perseguindo dessa vez, se sentiu ainda mais admirado e comovido pelo Louis que a cada dia conhecia mais um pedacinho.
O tempo praticamente voava entre trabalhos aqui, shows ali, uns desfiles acolá e mais tantas publicidades. Por isso, os próximos dois meses foram preenchidos por exatos três encontros rápidos entre os dois artistas.
– Sua mão é sempre tão gelada? E tão grande.. sério, espera um pouco, não é tão fácil achar uma posiçã- isso. Melhorou – Foi o que Louis disse enquanto eles estavam passeando pelas ruas de Los Angeles. Harry tinha um suco verde nas mãos e o cantor bebia seu café gelado aos poucos, ambos curtindo o clima ameno e o vento que balançava os grandes coqueiros que enfeitam a maioria das avenidas da cidade.
– Não precisa segurar elas se estiver difícil para você com essas mãos tão miúdas. – as covinhas atrevidas faziam questão de enfeitar o rosto bonito do outro.
– Como ousa? – e simplesmente iniciaram uma disputa muito séria, e não verbal, sobre qual mão ficaria na frente enquanto andavam. Os braços se esbarravam com velocidade e os risos ficavam cada vez mais altos.
Na próxima vez que se viram, Louis estava acompanhando o lançamento da coleção sazonal de alguma marca parceira do maior. O evento era em Nova York, a grande maçã, e felizmente coincidiu com a agenda de shows da banda, então sem problemas quanto a isso.
O problema em si veio à tona quando alguns conhecidos apareceram para cumprimentar Harry, com sorrisos brilhantes e olhares afiados, dignos dos vilões da Disney. Até Tomlinson, que não se considera muito atento, foi capaz de notar a maneira com que a postura do modelo ficou ainda mais ereta e imperturbável, se é que aquilo era possível, e como ele fixou um sorriso educado no rosto, mas que depois de alguns dias vendo a forma como as covinhas se mostram e os olhos apertam, Louis sabia que não era real.
– Argh! Pensei que eles não fossem sair nunca. – o menor falou próximo ao ouvido do cacheado, mesmo que, com sua teimosia por não querer ficar na ponta dos pés, tenha chegado no máximo no maxilar rígido dele.
Foi quase de imediato que as sobrancelhas de Harry relaxaram e o sorriso plastificado finalmente saiu do rosto. Ninguém nunca tinha se concentrado e percebido as singelas mudanças, mas Louis sim. Aparentemente havia um Harry, aquele divertido e brincalhão que se tornou seu amigo nos últimos meses e embarcou nessa loucura com ele, e existia o Harry Styles, a personificação da palavra modelo, alguém que exalava perfeição e em quem todos se inspiravam, aquele que não cometia erros. Devia ser tão cansativo, o menor só queria poder espalhar as mãos sobre os ombros do outro e fazê-lo relaxar toda essa tensão para fora.
Quando se viram na próxima vez, já no início de agosto, o verão estava com tudo na Califórnia e pegar uma praia foi uma ideia muito bem-vinda. Venice Beach era completamente surreal e estonteante, a areia clara e fininha onde os banhistas caminhavam com calma ou simplesmente deitavam para tomar sol, o mar tão azul e intenso que diversos surfistas se divertiam praticando por ali, além de diversos esportistas, desde o skate ao patins, deslizando pelas pistas e contribuindo para a energia contagiante do local.
A praia era muito frequentada, o que foi uma escolha óbvia para os fins do relacionamento dos dois, mas não tão cheia como Santa Mônica, que por ser um destino certo para os turistas, provavelmente tiraria qualquer resquício de privacidade dos artistas e poderia ser até perigoso em certo ponto. Então Louis e Harry conseguiram se divertir um pouco, mesmo com algumas pessoas cochichando em sua direção às vezes e com outras não sendo nada discretas ao tirar fotos do casal.
– Eu não sei.. só senti que devia aproveitar, entende? – os olhos verdes desviaram da bela vista em sua frente, o oceano vasto e algumas crianças correndo, e se virou para Louis. – Esse tipo de oportunidade não aparece a todo momento e eu precisei voar mais cedo que o esperado, mas pode ser bem difícil às vezes. – voltou novamente a fitar o mar.
Eles tinham essa coisa de mudar de assuntos divertidos e engraçados à dramas familiares num piscar de olhos, sem, contudo, pesar o clima ou ficarem desconfortáveis. Styles nem lembra qual foi a última vez que conseguiu falar sobre sua vida pessoal sem temer ter alguma informação vazada ou que a pessoa se aproveitasse de alguma forma do que foi dito para tirar vantagem.
– Eu realmente entendo. Não a parte de aprender a viver por si só na adolescência, mas sobre as oportunidades. Você sente muita falta de casa? – Louis perguntou, genuinamente curioso. Ele, diferente do mais novo, não apreciava a visão da natureza que o local proporciona, apenas mantinha suas orbes fixas na maneira como os lábios cheios articulavam cada vogal de maneira mais enfática, enquanto as consoantes saiam por um espaço apertado, deixando a voz mais grave.
Por vezes ele se perdia no brilho do sol refletido no colar delicado que pendia sobre o pescoço do outro, mas não se deixava apreciar o resto do corpo do cacheado vestido num shorts amarelo curto demais ao ponto de mostrar outras tatuagens que ele desconhecia a existência e os ombros largos que ficavam a mostra pelo caimento da saída de praia bege, no estilo de uma blusa meio larga e elegante. Não apreciava de maneira consciente, pelo menos.
– Eu sinto falta de um lar. – Harry sorriu, um tanto corado. Esse era um assunto que o deixava tímido. – A casa dos meus pais, onde eu cresci, não me traz aquela sensação de preenchimento.. deixa meu coração em paz pelos, sei lá, três dias que consigo ficar, mas não aquece. Meu apartamento em Londres, também, é aconchegante e confortável, um lugar onde posso ser eu e descansar de qualquer persona minha.. mas, não sei, falta algo.
As sobrancelhas bem feitas se crisparam e ele voltou o olhar para a areia entre as próprias pernas, brincando um pouco com os grãos e não percebendo como a garganta de Louis subiu e desceu com dificuldade ao que ele engoliu em seco.
– Eu sinto mais falta das minhas irmãs, eu acho. – Louis virou para frente, na mesma posição que o cacheado, e chegou mais próximo, quase encostando o seu braço com o de Harry que estava apoiado no chão. – Não consegui acompanhar tudo o que eu queria sobre o crescimento delas, no fundo eu tenho medo de me tornar aquele parente que as pessoas sabem o nome mas não conhecem de fato. Alguém que está sempre longe e por isso é fácil substituir.
Harry olhou nos olhos azuis, sentindo uma coisa que nunca habitou seu peito antes. Talvez seja a cumplicidade e a forma fácil com que eles conseguiam conversar, talvez fosse a vulnerabilidade recíproca do momento, ou talvez tenha sido os olhos azuis que pareciam lhe conhecer de uma forma que ninguém conhecia. Nada precisou ser dito, a brisa do mar e o barulho das ondas fizeram fundo musical daquela cena de maneira perfeita e condizente.
Eles estavam se deixando serem conhecidos e ao mesmo tempo colocando em palavras as inseguranças e medos que nunca tiveram coragem de expor nem quando estavam sozinhos com a própria companhia.
Quando deixou Harry em frente ao hotel onde ele teria uma reunião, logo depois de implorar para que o dono de uma barraca na praia deixasse o modelo usar o chuveiro e trocar as roupas leves que usava pelas que ficaram no carro durante a tarde, Louis lembrou do próximo compromisso com o maior. Ele estava estranhamente ansioso para vê-lo novamente.
– Daqui a duas semanas, então? – quase pareceu esperançoso demais.
– Sim.. começamos por Tóquio, não é? – Harry respondeu enquanto apoiava os cotovelos na janela do lado do motorista, onde Louis estava.
– Isso. – um flash disparou na direção deles, vindo da direção traseira do carro. – Eles estão aqui, você acha que é suspeito eu te deixar em um hotel e não seguirmos direto pra minha casa ou para a sua? Não lembro de Tristan ter contratado mais paparazzis depois do restaurante, então não podemos confiar na narrativa que eles vão vender.. Droga, tecnicamente eles não sabem que você tem trabalho agora, então é provável que falem que-
– Eu vou fazer uma coisa, não se irrite por favor.
– O que? Harry, o assunto é sério. Talvez você devesse entrar e aí eu dou a volta e te deixo nos fundos porque por lá não-
O cacheado deu um suspiro resignado, revirou os olhos de uma maneira afetada e se aproximou de Louis, interrompendo todo aquele discurso com um selar de lábios. Foi tão rápido que Louis não conseguiu fechar os olhos a tempo e Harry já tinha se afastado, mas isso não impediu diversos cliques de serem ouvidos e definitivamente não impediu sua boca de formigar pelo menos um pouco.
– Oh, ok. Tóquio, então. – acenou com a cabeça em confirmação para a própria fala umas duas vezes, então Harry sorriu dando as costas.
– Tchau, Louis.
VII
Podia se tornar um pouco sufocante e dolorida a forma como as luzes nunca são apagadas nessa cidade. É como se pegassem a Times Square, com todos aqueles letreiros, telas gigantes, anúncios e muita energia sendo consumida, e multiplicassem por toda uma cidade. Era assim que Louis estava enxergando Tóquio em sua primeira vez visitando o local.
Harry podia estar um pouco mais acostumado já que esteve na cidade algumas vezes, mas não a tornava mais tolerável. Por um dia ou dois era incrível, deslumbrante e inovador, mas tente por uma semana ou mais que se torna aterrorizante. Nunca parece anoitecer, as ruas são muito populosas, os hotéis muito caros pelo pouco espaço que oferecem, e chega um ponto em que os ouvidos e cabeça começam a latejar depois de serem bombardeados por muito tempo com um idioma tão diferente do usual.
Eles estavam há dois dias hospedados no mesmo hotel, em quartos vizinhos que mais parecia separá-los com folhas de papelão no lugar das paredes, e saíam juntos em toda oportunidade. Podia ser apenas pelo contrato, mas eles realmente gostavam da companhia um do outro e talvez tenha sido por esse costume, de fazer as aparições em conjunto, que Harry se sentiu um tanto desnorteado no show daquela noite.
Foi o primeiro show em que ele realmente teve que acompanhar a banda e, por isso, ficou estrategicamente exposto em frente ao palco. E mesmo com a companhia de algumas pessoas da produção ao seu lado, sem Louis a vulnerabilidade tomou conta do corpo do cacheado e ele agradeceu por estar em um país que prezava tanto a educação, pois não tinha certeza se aguentaria qualquer coisa que fosse mais intimidante do que os olhares tímidos e rápidos que as fãs lhe davam.
O modelo não conseguiu se soltar de primeira e passou grande parte do tempo tentando normalizar a respiração e dar vazão àquele incômodo persistente que sentia. Não era incomum estar em posição de destaque, nem se tratava apenas disso.. era só que com aquelas milhares de pessoas ao seu redor tentando bisbilhotar um aspecto tão íntimo da sua vida, ainda que falso, Harry ficou quase sufocado. Entretanto, como tudo em sua vida, ele só precisava de um pouco mais de persistência e tempo para se acostumar.
No último dia em Tóquio, algumas horas após o show, todos decidiram ir a uma boate indicada pelos empresários, um lugar mais reservado e “premium”, onde não teria gente filmando e poderiam agir da forma mais confortável possível. Claro que Harry e Louis não iriam correr o risco de serem vistos com outras pessoas, mas não havia a pressão de parecerem legítimos, seria só diversão, pura e simples. Assim, depois de algumas rodadas com pelo menos dois shots para cada um e uma garrafa de champanhe estourada para comemorar o início da primeira turnê fora da Europa e América do Norte, os corpos de ambos ficavam cada vez mais leves e dançantes.
Louis não costumava dançar nem quando estava bêbado e talvez a companhia, ou a euforia por tudo o que estavam conquistando, tenha lhe influenciado de alguma forma. O corpo ainda estava arrepiado pela adrenalina que correu em suas veias durante todo o show e que não parecia querer abandoná-lo tão cedo, um sorriso contagiante estava fixo em seu rosto sem hora para ser desfeito e nas músicas super animadas ele se deixava até pular um pouco numa rodinha improvisada com os amigos. Quando não estava se divertindo dessa maneira, se contentava em deixar Harry movimentar seu corpo do modo mais conveniente para o modelo, que aparentemente tinha uma queda por lhe guiar em passos vergonhosos.
– É só seguir a música, viu? Não tem que ser complicado. – Harry disse ao deslizar as mãos pelo próprio corpo enquanto deixava a batida lenta, mas ritmada, direcionar o movimento dos seus quadris.
– É fácil pra você falar. – Louis bufou. – Não tem nada que você não saiba fazer, mas eu? A sorte é que não tem ninguém sóbrio aqui pra lembrar desse mico que eu tô passando.
– Não seja dramático, olha. – se aproximou ainda balançando o corpo e segurou as mãos de Louis, levando elas até sua cintura e deixando-as ali. – Vem comigo, me segue.
Louis sentiu a garganta apertar enquanto seus olhos acompanhavam as mãos tocando aquela parte delicada e sentindo o tecido de seda que o outro vestia. Era macio e gostoso de deslizar entre os dedos, e ele estava realmente apreciando o toque. Talvez a bebida tenha lhe deixado um pouco chapado demais, ou talvez tenha sido outra coisa. Quando levantou os olhos, Harry estava sorrindo em sua direção, todo brilhante e iluminado, como se as luzes escuras do local não fizessem diferença alguma, e então Louis engoliu em seco, focou nos olhos verdes, quase vítreos demais, e se deixou embalar pelo corpo do outro.
Durante a primeira música ele ainda estava desajeitado e Harry apenas ria e o ajudava com as mãos nos ombros, fazendo ele não pensar demais. Depois de alguns minutos, o menor já não sabia quanto tempo ou quantas músicas já tinham passado, porque os dois corpos estavam tão próximos que Louis podia sentir no hálito do maior o doce da bebida que ele tomava, lhe desligando do ambiente ao redor e lhe induzindo a chegar cada vez mais próximo, tentado a sentir o sabor com a ponta da língua. Mas de repente o modelo virou as costas.
– Eu amo essa!! – Harry gritou animado ao pegar o copo que estava na mão de Nick, sem mesmo saber o que o rapaz estava bebendo, e virou o que restava na própria boca.
Não deixou Louis se afastar, no entanto. Logo após limpar as gotas que acabaram por escorrer pelo queixo, ele puxou novamente as mãos do mais velho até tê-las em volta da cintura e fez questão de guiar a palma numa espécie de carícia por todo o abdômen e mais em cima. O cantor queria manter uma distância respeitosa, mas com toda aquela intimidade que ele já tinha desenvolvido com o outro, se deixou aliviar tais preocupações. Se em algum momento Harry se sentisse desconfortável, tinha certeza que ele mesmo falaria. Com isso em mente, pressionou o modelo por trás, trazendo em um abraço o corpo leve e, com a permissão implícita, acompanhou os movimentos que ele fazia com os quadris, embalados por algum som sensual demais para não aproveitar.
Quando finalmente se trancou no quarto de hotel depois de chegar da balada, Louis sentiu seu corpo sobrecarregado e com os nervos à flor da pele. A excitação do primeiro show em um local diferente, a aceitação do público, a alegria de dividir essa conquista com seus melhores amigos, a realização de mais uma etapa do seu sonho.. tudo isso estava deixando seus sentidos em êxtase, completamente acordado e sem conseguir descansar a mente. Ele definitivamente precisava dormir por pelo menos duas horas antes de voar para a cidade do próximo show, mas estava se revirando há algum tempo na cama e ainda assim não conseguia.
Foi um tanto automático que aconteceu. Em um segundo ele estava resmungando, bêbado, e rolando pelos lençóis macios do hotel, e no outro notou a própria mão deslizando pela boxer preta que usava. Não foi difícil ficar excitado, a mão que pressionava e esfregava a ereção quase completamente formada, parecia tremer um pouco, o que só podia ser resultado de todas as emoções que viveu durante o dia, e rapidamente ele deslizou o tecido pelas pernas, um tanto desajeitado e sem poder esperar.
Louis espalhou as penas pelo colchão, deixou sua cabeça cair no travesseiro fofinho e fechou os olhos, soltando um suspiro aliviado quando envolveu totalmente o membro com o punho e o apertou com a segurança de quem conhece o próprio corpo e sabe do que mais gosta. A outra mão ele aproximou dos lábios e lubrificou três dedos com a língua, para logo depois rodear só a glande com os dígitos molhados. Ele esperava que seu vizinho de quarto não pudesse ouvir os gemidos baixos que saiam sem restrição pelos lábios finos.
Era uma tortura gostosa provocar apenas a cabecinha rosada até ficar tão sensível que tudo se tornava quase doloroso, para só então deslizar a outra mão para cima e para baixo com fervor, numa velocidade e rigidez nada comparada à delicadeza inicial. Em seus pensamentos geralmente não vinha nada, ele gostava de focar só no que o corpo estava sentindo, nos calafrios que subiam pelas costas ou na ardência entre as pernas pouco antes de gozar, mas daquela vez foi diferente. O aperto que sua mão fazia na base do membro era muito semelhante ao que sentiu da última vez que transou com alguém e a imagem daquela mulher veio à tona. Sequer lembrava o rosto dela, mas as ondas do cabelo castanho que ele puxou enquanto a fodia por trás era inesquecível e Louis se viu aumentando os movimentos de sobe e desce que estava fazendo.
As pernas se dobraram na cama e ele passou a foder o punho que segurava com firmeza a ereção, cuspindo mais um vez nos dedos e só os deixando pressionados ao frênulo, uma parte tão sensível que sempre lhe fazia tremer um pouco. De olhos fechados e lábios entreabertos, com a respiração rasa e alguns gemidos desconexos, a lembrança que projetava em sua mente começou a modificar. Os cabelos amarronzados grandes diminuíram de comprimento e ele quase podia sentir o cheiro novamente, tinham um perfume forte e semelhante ao que ele sentiu enquanto dançava com Harry mais cedo naquele dia, bem quando as costas do modelo estavam pressionadas em seu peitoral e seu rosto estava rente à nuca do outro.
As suas mãos, ou pelo menos a maneira com a qual se lembrava de segurar a cintura bronzeada da mulher, agora estavam segurando uma mais firme e masculina, aquela que ficou acostumado a tocar nos últimos tempos. Quando ele tentou espiar o rosto de quem seria ali, mesmo tendo consciência que poderia ser qualquer pessoa, já que não lembrava o rosto da que foi sua última, Louis se surpreendeu ao encontrar olhos verdes, vidrados e completamente tomados pela pupila. “Vem comigo, me segue”, o cérebro fez questão de reproduzir e ele não teve escolha.
As pernas tremeram e o líquido quente jorrou com uma força que ele não lembrava já ter gozado de tal forma anteriormente e, muito confuso, Louis abriu os olhos.
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Tóquio, Jacarta, Pequim e Singapura. Essas foram as capitais onde o Arctic Monkeys teve o prazer de tocar em um intervalo de 7 dias, o que, por si só, já era uma loucura.
A noção de sono de qualidade, tempo de descanso e uma refeição bem feita foi perdida em algum momento durante essa semana de shows e viagens intensas. Eles estavam muito ocupados entre idas e vindas do aeroporto, check in e check out em hotel, passagem de som e show, além das comemorações após cada uma das apresentações que não podia faltar.. tão ocupados que Louis sequer teve tempo de analisar e refletir o que aconteceu no segundo dia de viagem. Também não parou para entender porque seu corpo associou a imagem de Harry a um momento tão íntimo seu.
Ele só assumiu que sua mente bêbada e cansada pegou a pessoa mais próxima que ele não considerasse um irmão, como acontecia com seus melhores amigos e colegas de banda, e resolveu lhe pregar uma peça. Era isso.
Então quando, no último dia da viagem, eles foram novamente para uma baladinha comemorar o fim dessa etapa, o cantor não ficou estranho com o cacheado, nem demonstrou qualquer mudança no comportamento. Os toques carinhosos e abraços demorados já eram parte da rotina normal, afinal.
Naquele dia houve um imprevisto no voo e eles não tiveram tempo de passar no hotel antes de ir direto para o local onde aconteceria o show, então as malas ficaram apertadas no camarim e até Harry teve que tomar banho e se virar por lá. Com esse pequeno contratempo e tendo em vista o sucesso dos shows no continente asiático, Tristan, que acompanhou os meninos apenas nos dois primeiros dias da viagem e voltou para a Inglaterra logo após, teve a ideia de reservar um hotel, que está na lista dos mais bonitos e caros do país, para a equipe e os artistas descansarem e curtirem o resto da estadia ali.
O Capella Singapore fica localizado na Ilha de Sentosa, pouco mais de duas horas de carro do local do show. O hotel era simplesmente a coisa mais paradisíaca e tropical que Louis e Harry já tinham visto, e o luxo de ter mais de 120 mil metros quadrados de floresta rodeando o local fez valer todo o dinheiro gasto.
Do grande salão onde estavam, Harry tinha a vista privilegiada de uma piscina em cascata que parecia infinita aos seus olhos, além dos enormes jardins paisagísticos que esbanjavam amor pela natureza e também sofisticação. O garçom muito atencioso que lhe servia naquele balcão tinha um sotaque engraçado ao falar inglês e Harry queria sorrir por qualquer coisa, talvez pelas bebidas que já tinha tomado ou apenas pela magia que sentia ao estar ali.
– Será que sou eu que vou ter que te tirar pra dançar dessa vez? – Harry ouviu a voz brincalhona sussurrar atrás de si e sentiu sua nuca arrepiar.
– Não acho que você tenha essa coragem até ter bebido pelo menos três doses. – virou com um sorriso nos lábios e sobrancelhas arqueadas.
– Hoje é seu dia de sorte então. – Louis o levantou, puxando com delicadeza uma das mãos do cacheado e segurando o copo dele com a outra. – Tomei quatro. – e virou o copo de Harry, que negou com a cabeça, mas não se fez de difícil e acompanhou o outro.
A noite estava fresca, bem no clima tropical que todo mundo imagina quando pensa em uma ilha, e Harry sentia os cabelos balançarem pelo vento e sua camisa grudar em seu corpo. O salão estava escuro e uma música eletrônica tocava alto, o som se esforçando para dominar o cômodo aberto. Os corpos de ambos já tinham se acostumado com aquela dança, tinha virado uma espécie de rotina: eles começavam separados, Louis sempre um pouco mais tímido e travado, depois Harry ia se aproximando aos poucos e não precisava mais direcionar as mãos do outro até sua cintura, a essa altura elas sabiam o caminho de cór; depois eles colavam ainda mais os corpos, viravam shots, davam risadas e se perdiam em uma sintonia que era ditada pelo ritmo da música do momento.
As vezes Harry dava as costas e se deixava ser abraçado, às vezes era o contrário. E foi em uma dessas trocas, quando ele girou Louis de forma exagerada para fazê-lo rir, que o cantor sentiu Harry lhe segurar pela cintura, com o peitoral colado em suas costas, cabeça apoiada no ombro, e guiando com o quadril o movimento dos dois.
Era diferente sentir o corpo alto por trás e podia até parecer estranho o encaixe, mas Louis não queria pensar nisso. Depois de alguns minutos com as mãos grandes e enfeitadas por anéis ocupando grande parte do seu tronco e barriga, ele nem conseguia pensar, na verdade. A atmosfera parecia estar cada vez mais abafada e ele sentia sua regata colando no corpo, os poros trabalhando para deixá-lo sóbrio mais rápido e ele fazendo o caminho inverso ao propor mais e mais brindes com o cacheado.
Em certo momento ele já tinha perdido as contas de quantos copos e quais tipos de bebidas viraram juntos, na verdade os sabores se misturavam de tal forma que não fazia diferença. As horas também já não eram muito claras, ele até tentou olhar em um relógio de canto pomposo que tinha no caminho para o banheiro, mas não identificou se estava em algarismos que desconhecia ou só sua mente bêbada que não quis ajudar a decifrar os números. Louis só sabia que os amigos já tinham ido para os quartos descansar, um deles talvez tenha ido para um quarto diferente com uma moça com quem estava conversando, mas Harry não lhe abandonou.
O modelo parecia estar tão sóbrio quanto o outro. Sorrindo à toa, olhos brilhantes e lábios inchados por uma mania de morder e lamber eles a cada poucos segundos quando está bebendo, fato que o menor não demorou a perceber. Styles dançava sorrindo e olhando para Louis de uma forma que o lembrou dias atrás, quando gozou com olhos verdes na cabeça, e isso lhe deixou um pouco tonto.
Quando voltaram a dançar juntos, não importava que ainda houvesse poucas pessoas ao redor, era como se fosse só os dois, o clima quente, o álcool no sangue e a música alta. O maior tinha a testa colada na de Louis e deixava a respiração sair por entre os lábios abertos, a poucos centímetros dos finos e secos do outro. Suas mãos faziam uma bagunça nos fios lisos e por vezes puxavam até que o menor levantasse mais o rosto e alinhasse as duas respirações.
Os quadris não eram diferentes. Louis sentia suas mãos formigando enquanto estavam apoiadas na cintura de Harry, ele apertava o tecido fino da camisa do outro e puxava de encontro ao próprio corpo até sentir que não passaria um fio de cabelo entre eles, pois não teria espaço. A essa altura a música não definia a forma como eles dançavam, mas apenas a fricção gostosa que começava a animar demais o corpo de ambos e deixá-los ainda mais ofegantes.
– Harry. – Louis engoliu em seco. Provavelmente não foi ouvido por causa da música alta, mas o outro estava com os olhos fixos em seus lábios, então não perdeu seu nome sendo murmurado.
– Sim.. – lubrificou mais uma vez a boca vermelha e olhou nos olhos azuis. – Você quer-
– Vamos sair daqui? – impaciente, Louis completou. O peito subindo e descendo de forma exasperada.
– Mhm. – acenou positivamente com a cabeça três vezes e puxou Louis pelo braço até pegarem o elevador.
A porta se fechou e após Louis apertar o andar do quarto onde estava hospedado, eles encararam o espelho. O cantor estava descabelado e ofegante, a regata parecia um tanto elastecida e ele nem lembra em que momento o outro pode ter puxado. Já o modelo tinha os cachos um pouco colados na testa pelo suor e a camisa folgada estava com a barra presa acima do cós da calça. Olhar para aquela direção lhe deixou ainda mais vermelho, portanto rapidamente desviou as orbes verdes um pouco para o lado e soltou a respiração, eles estavam iguais. Ambos com volumes nem um pouco discretos.
Assim que o cartão magnético liberou a entrada no quarto, Harry mal teve tempo de admirar o cômodo e foi surpreendido com duas mãos lhe puxando em direção a cama. No meio do caminho e ainda sem acender as luzes, tendo apenas a claridade da lua que vinha da varanda dupla que tinha no quarto, Louis se viu faminto e foi de encontro aquela boca chamativa que lhe tomou a atenção durante toda a noite.
O beijo começou bagunçado por toda a euforia e descontrole dos dois, demorando algumas tentativas para que o encaixe das línguas se tornasse perfeito e mais consciente. A bebida que tinham ingerido sendo mais um combustível para todas as sensações e desejos despertarem com força.
– Hm, espera. – Harry riu ao tentar soltar os lábios e perceber que Louis o seguia de olhos fechados, tentando capturar seu rosto novamente. – Você quer mesmo fazer isso?
– Sim, vem cá. – respondeu Louis, sem pensar muito.
Ele deitou o modelo na cama grande e foi por cima, deixando beijos molhados agora por todo o pescoço de Harry. Os lábios estavam trabalhando rápido e o maior se viu fechando os olhos pra aproveitar a pressão que a língua e os dentes de Louis faziam na pele alva, mas assim que notou os dedos trêmulos abrindo os botões da sua camisa, foi obrigado a agarrar os fios da nuca do outro e puxá-lo até ter os olhos azuis focados em si.
– Louis. – advertiu. – Quero que me garanta que isso não é um desejo fruto da bebida e do qual você vai se arrepender depois.
Não tinha espaço para brincadeiras ou palavras dúbias.
– Eu quero, prometo. – tentou transmitir toda a certeza pelo olhar, suspirando quando os olhos verdes suavizaram a expressão e a mão que lhe apertava passou a acariciar seus cabelos. – Não acho que qualquer bebida teria o poder de fazer isso comigo. – pressionou o pau rígido como pedra no do outro, que não estava diferente.
Harry mordeu os lábios para não gemer e Louis sorriu ladino, sussurrando um “solta” pouco antes de devorar o outro com a língua mais uma vez.
O trabalho de soltar os botões e de puxar a regata para cima ficou mais fácil com os dois trabalhando em conjunto, mesmo que a ideia de parar o beijo não tenha passado pela mente de nenhum dos dois naquele momento. Louis podia dizer que ficou surpreso ao notar quatro mamilos, mas a verdade é que esse detalhe passou despercebido depois que seus lábios acharam caminho por cada tatuagem que marcava as clavículas e abdômen do maior, deixando a língua deslizar de forma lenta por cada gominho que encontrou e sentindo a pele abaixo tremer.
Quando ajoelhou na cama para se despir do resto que vestia e deixar Harry fazer o mesmo com a calça apertada que marcava muito bem o corpo esbelto, ele franziu os lábios lembrando que não tinha experiência suficiente nesse tipo de situação e mesmo que já tenha feito penetração anal em mulheres antes, talvez o cacheado gostasse de algo diferente. E se homens precisassem de mais preparação? Porra, ele nem sabia se tinha levado lubrificante na mala. O hotel sequer oferecia camisinha como serviço de quarto?
– Se você estiver surtando, pisque duas vezes. – a voz grave lhe tirou do transe e ele piscou para afastar os pensamentos, terminando de descer o jeans, já que tinha parado na metade, e tirando as meias.
– Eu não estou surtando. – a voz vacilou um pouco ao que Harry lhe puxou de volta para a cama. – Bem, eu tô. Mas não é sobre o que você pensa.
– Hhm.. – o barulho dos beijos desleixados que Harry estava deixando pelo corpo bronzeado ecoavam no local. – Eu tô ouvindo.
– Eu tô tranquilo sobre você ser um homem. – sentiu uma mordida leve no topo da sua barriga.
– Sim?
– Eu só, hm, Harry.. – gemeu ou suplicou, ele não sabia. Talvez os dois. Sua destra fez caminho até os cachos suados que já estavam na altura do seu pau e ele fechou os olhos e agarrou, com a outra mão, o edredom para conseguir finalizar sua fala.
– Você pode falar, Lou. Eu não estou te impedindo. – mordeu agora a pele fina que cobre o ossinho do quadril.
– Seu provocadorzinho de mer-ah! – respirou fundo. – Eu só não estou seguro de que vou saber te preparar do jeito certo para não machucar, nem sei se aqui tem lubrificante ou se deveria ser de um tipo específico. Quer dizer, existe um tipo específico?
Assim que terminou de falar, Louis sentiu o sopro de uma risada exatamente no ponto mais sensível do seu membro e se segurou para não gemer com aquilo. Harry subiu novamente o tronco até encarar o rosto corado do menor e falou de maneira calma.
– Você não vai precisar se preocupar com isso. – percebendo a careta confusa de Louis, continuou. – Eu não costumo ficar por baixo, Lou. Desculpa se eu deveria ter avisado antes ou algo assim, mas não se sinta obrigado a prosseguir se você não estiver confortável com isso. – selou os lábios finos logo após perceber que ele engoliu com dificuldade a informação.
– Eu não sei.. – Louis se sentia excitado e confuso.
– Se você me deixar mostrar como eu gosto, eu farei ser prazeroso pra nós dois. – voltou a depositar beijos no pescoço de Louis enquanto falava e fez sua mão vagar por entre os corpos colados até que pudesse agarrar o pau ereto do cantor. – Saiba que pode me parar a qualquer momento e nada vai ficar estranho, tudo bem? – recebeu um aceno em confirmação e passou a deslizar o punho para cima e para baixo vagarosamente, – Muito bem.
Harry sentiu o membro vibrar na sua palma, grosso e quente, e aquilo estava lhe deixando com água na boca. Observando as feições prazerosas de Louis e os pequenos suspiros que ele soltava assim que os dígitos passavam pela glande rubra, o maior desconfiou que pudesse ser ali o ponto mais sensível do outro e aproveitou a chance para testar o local.
Primeiro fechou a mão de maneira mais firme na base e depois aproximou a língua bem molhada até sentir o gosto de pele e algo a mais na ponta do músculo. Foi devagar e com cautela, deixando lambidas gordas em volta da cabecinha até ter toda aquela parte lubrificada e só então se deixou brincar com aquele pontinho de ligação entre a glande e o resto, geralmente uma área bastante sensível e prazerosa. Não estava errado.
A mão ainda estava fechada em punho e ele começou a sentir as veias engrossando na ponta dos dedos, assim como as fisgadas involuntárias que Louis tinha e que seu próprio pau espelhava em sintonia. Louis era bem responsivo com as carícias focadas em uma só área e Harry precisava dele o mais excitado possível para que não se machucasse depois, por isso continuou com os mesmos movimentos circulares e pequenas sucções apenas ali até ouvir os gemidos dobrarem de volume e a mão fortalecer o aperto em seus cachos.
– Você tá indo muito bem, Lou. É tão gostoso te chupar, eu passaria horas fazendo isso. – sentiu o outro forçar sua cabeça para baixo ao mesmo tempo em que ele gemeu exasperado.
– Eu quero foder sua boca, por favor. Deixa H., por favor? – gotas de suor brilhavam no peitoral que mostrava a respiração ofegante dele e Harry, com aquela visão, teve que pressionar o próprio membro no colchão para se controlar por mais tempo.
– Hoje não, babe. Eu preciso te preparar e você não pode gozar agora, Ok? – não esperou resposta, apenas desviou o olhar por alguns segundos, só o suficiente para deixar uma grande quantidade de saliva escorrer dos lábios para os dedos, direcionando eles até a entrada do outro logo após.
Harry subiu até encaixar a boca de Louis com a sua, dando início a mais um beijo bagunçado e cortado pelos gemidos. Se posicionou entre as pernas abertas do menor e deixou seus dedos massagear com cautela a entradinha apertada dele, enquanto tentava alinhar os membros juntos para começar uma fricção e tirar o foco de qualquer possível dor. Estava tão focado nas reações do corpo de Louis que percebeu o momento exato em que ele tensionou e tentou fechar as pernas, o que o fez se afastar o suficiente para entender o que estava errado.
Procurou sinais de arrependimento, não achou. Conferiu se o cantor ainda estava no clima, e o membro cada vez mais curvado e vermelho foi um bom indicativo que sim. Focou então no rosto dele, que estava muito corado, mas isso não respondia muita coisa, também tinha os lábios franzidos e olhos baixos, como se não quisesse encarar Harry. E antes que ele pudesse perguntar algo, o mais velho se adiantou.
– Eu não tô, sabe.. eu não sabia que isso ia rolar então eu não – tomou fôlego e olhou para o teto do quarto, só então percebendo o lustre bonito que tinha ali. – Sabe.. preparação, depilação, essas coisas.. eu não sei como você gosta dos seus parceiros, então achei melhor avisar porque talvez você prefira..
E Harry se pegou sorrindo com aquele homem que começa tagarelar quando está nervoso, achando um pouco fofo que ele tivesse essa preocupação com algo tão banal quanto isso. O modelo sentiu a obrigação de agarrá-lo como se fosse seu até tirar todo o fôlego dele com a boca.
– Não me importo com essas bobagens, eu quero você. – apertou a bunda farta e apenas naquele momento lembrou que não tinha tirado seus anéis.
Para provar o que disse, recomeçou as carícias na pele quente entre as nádegas dele, aproveitando da sua saliva para deslizar um dedo até sentir Louis tremer um pouco, percebendo que o ouro em seus dedos devia estar gelado em contraste com a pele nua do menor, o deixando com ainda mais tesão. Não contente em marcar apenas o pescoço com mordidas fracas, Harry desceu os lábios por todo o peitoral, sendo ainda mais incisivo com as marcas já que aquele local não ficaria visível, até chegar onde queria. Dessa vez ele não se conteve em provocar apenas a cabecinha e assim que deslizou outro dedo na entrada do menor, desceu a boca na ereção dele até ouvir um gemido gritado.
O álcool há muito não estava mais presente no corpo de ambos, parecendo que aquela tortura já durava uma eternidade e, impaciente, Louis passou a estocar sem ritmo dentro da boca quentinha de Harry, fixando os olhos nos lábios grossos esticados para lhe engolir e mal notando a ardência de ter três dedos lhe fodendo. E quando estava pronto para se perder em um orgasmo, Harry, sendo o filho da puta provocador que Louis descobriu ser, parou tudo o que estava fazendo. Tomlinson se sentiu frio e vazio.
– Tem camisinha aqui? – o cacheado perguntou, afobado.
– Eu, hm.. – piscou algumas vezes e lambeu os lábios, tentando fazer seu cérebro compreender a pergunta e não surtar ao ver o tamanho do pau que iria lhe penetrar. – Eu não sei, talvez na minha mochila. Na parte da frente.
Harry assentiu e foi procurar no local onde o outro disse, achando um pacote fechado com três unidades, realmente uma pena não gastar todas, mas ele se contentaria. Era mais do que ele esperava para a viagem, afinal. Se aproximou enquanto colocava o preservativo, massageando um pouco o membro para acomodar bem o látex e tirar um pouco da ansiedade que sentia, não era o momento para ser afoito e descuidado.
– Relaxa, babe. – ele disse, segurando com força a cintura fina e o mantendo parado, enquanto seu outro braço lhe dava apoio para permanecer acima do menor. – Porra, eu tô me segurando pra caralho pra não te foder do jeito que eu quero.
– Harry! – o gemido quebradiço de Louis saiu baixo e a resistência em seus músculos diminuiu, deixando o modelo penetrar mais alguns centímetros do que não parecia chegar ao fim nunca.
– É tão- hm- tão apertado, Lou.. Eu sinto cada tremor em sua pele, cada pulsação sua é minha também. Consegue sentir? – estocou tudo o que restava para dentro e Louis sufocou, com olhos brilhantes e palavras não ditas.
Os minutos de espera enquanto se acostumavam foram quase eternos, nas suas percepções. Louis notava como aos poucos sua entrada ia relaxando e acomodando com menos dificuldade o pau do outro, que mesmo sem ter experiência no assunto, parecia algo enorme para ter dentro de si. Harry, por sua vez, contava as respirações, com músculos tensos e olhos fechados, até sentir que o aperto ao seu redor não mais o faria querer tomar à força todo espaço que Louis tinha para dar.
E bastou testar as primeiras estocadas, ainda de modo calmo e contido, para Louis decidir que aquilo podia até ser doloroso no início, mas também lhe deixava vendo pontinhos pretos na visão de tanto prazer. Em poucos minutos ele distinguiu, entre os gemidos e arquejos, uma voz pedindo por mais e só então reconheceu ser a sua. Viu seus braços agarrados aos ombros de Harry e trazendo o corpo grande para mais próximo, nunca sendo o suficiente, e prendeu as pernas atrás das costas do outro, vendo que assim ele conseguia ir ainda mais fundo e certeiro naquele ponto que lhe fazia querer gritar, se já não o estivesse fazendo.
– Eu não vou aguentar muito, H– sua voz se perdeu ao sentir os lábios fecharem em seu pomo de adão, lhe forçando a levantar o pescoço e ceder a passagem que o outro queria. A voz rouca veio em seguida, rente a sua pele.
– Não precisa segurar, Lou.. Você tá sendo tão bom pra mim. – beijou o maxilar. – Você sente como meu pau te preenche tão bem? – chupou o lóbulo da orelha e, por fim, sussurrou. – Parece que ele foi feito pra te foder, babe.
As palavras mal foram registradas por seus ouvidos e ele sentiu algo que nunca tinha experimentado antes. A pressão em seu interior, a ardência nos músculos que não ia embora, mas fazia parte do momento, o estômago revirando e fazendo sua respiração engatar, o orgasmo escorrendo por sua coluna até ser liberado. Intocado.
Para Harry não foi difícil seguir o outro. A mordida no ombro que Louis lhe deu, somado ao aperto sufocante em seu membro enquanto o cantor se perdia ao gozar, foram incentivo mais que suficiente para que ele deixasse seu prazer preencher a camisinha, com um gemido sôfrego que saiu do fundo da garganta e um revirar de olhos.
VIII
O sol ainda não tinha nascido completamente quando Harry foi acordado. O modelo abriu os olhos, confuso sobre o que tinha lhe feito despertar tão cedo, esfregou o rosto para conseguir afastar um pouco o sono e, depois de horas, finalmente observou com atenção o quarto onde estava.
A suíte de Louis naquele hotel era como um refúgio de luxo, envolvido pela atmosfera de elegância e conforto. As paredes de vidro que se estendem do chão ao teto revelavam um espetáculo natural incrível: as copas das árvores tropicais que preenchem a paisagem até onde a vista é capaz de alcançar. A luz natural do início da manhã banha o quarto, destacando cada detalhe da decoração cuidadosamente escolhida e é como se estivesse imerso na própria natureza.
Os tons neutros com toques de preto, verde e terra faziam do ambiente um lugar ainda mais sereno e relaxante, e o cacheado quase deixou o sono vencer aquela batalha, lhe convidando para voltar a dormir. Mas, como se sentisse as intenções do outro, Louis ficou inquieto mais uma vez, mexendo o corpo sem parecer ligar para as consequências disso.
Eles tinham rolado na cama logo após se recuperarem do orgasmo e se aconchegaram em uma conchinha quente e um pouco melada, na esperança de descansar por poucos minutos e levantarem para limpar aquela bagunça. No entanto, esses minutos em silêncio viraram talvez uma hora, que se transformaria em até mais se o menor não estivesse esfregando sua bunda no corpo grande atrás dele. Poderia ser algum pesadelo ou só sua personalidade incapaz de ficar calmo mesmo quando está dormindo, então Harry tentou a todo custo segurar o quadril dele e afastar o seu próprio.
– Quietinho, shh.. – deixou beijos calmos no ombro do mais velho e parou os movimentos que ele fazia mais uma vez.
Não adiantou, entretanto. Por sorte o lençol fino que os cobria da cintura para baixo não deixava Styles observar a forma como Louis procurava um jeito de se aproximar novamente até que suas nádegas estivessem espremendo a virilha do cacheado, mas infelizmente não impediu que o sangue descesse até aquele ponto, inchando e endurecendo rapidamente seu membro.
Vencido pela insistência, o modelo desistiu de se afastar repetidamente e soltou uma respiração trêmula ao sentir sua ereção completamente formada encaixando perfeitamente entre as bochechas gordinhas da bunda de Louis. Sem um movimento da sua parte, percebeu que, para alguém inconsciente, a respiração engatada e os movimentos um pouco desengonçados eram bastante suspeitos, então arriscou.
– Eu deveria imaginar que você é do tipo que acorda alguém só pra não passar vontade, não é? – sua voz estava ainda mais grave e falhada por ter acabado de acordar, mas ele despejou as palavras diretamente no ouvido do outro, observando com atenção os pelinhos do pescoço se eriçarem assim que terminou de falar.
O mais velho não respondeu propriamente, apenas um murmúrio abafado saiu dos lábios dele ao passo que Harry alisava o abdômen quentinho e firme do cantor, se deixando aproximar o suficiente do corpo menor até sentir cada pequena respiração dele como se fosse sua. Ele estava receoso de que Louis tivesse se arrependido do que fez ou de que culpasse a bebida pelas atitudes impensadas, mas sendo isso ou não, poderiam aproveitar dessa desculpa por mais algumas horas.
– Você não ficou dolorido, Lou? Eu não sou exatamente pequeno para uma primeira vez e ainda assim você quer mais. – deixou os dedos abrirem espaço entre as nádegas e gemeu de olhos fechados ao encontrá-lo um pouco aberto e molhado. – Está duro por mim, babe?
Harry passou a mão esquerda por baixo do corpo dele até conseguir abraçar por inteiro o tronco, aproveitando para apalpar a pélvis e deslizar a mão pelo membro já ereto do outro.
– Na verdade.. faz um tempo que tô assim. Você não é muito fácil de acordar, sabia? – Louis sentiu a garganta arranhar e sua voz sair um pouco estranha pelo tempo sem uso. Harry achou sexy e se viu querendo ouvir a voz fina e rouca mais vezes em situações como aquela.
– Era pra você estar dormindo, não se esfregando em mim até eu te comer de novo. – o tom repreensivo da fala não combinava com os dois dedos que ele estava inserindo na entrada do cantor, mas ambos foram ditos e feitos num ritmo lento que era característico do modelo.
– E-eu, porra.. não iria conseguir dormir, de qualquer forma. – a respiração aumentando assim como os movimentos em sua bunda. – Você parece um cachorrinho quando ganha um urso de pelúcia, todo braços e pernas em cima de mim, encoxando até me deixar com tesão mais uma vez. – sentiu o sorriso de Harry na sua nuca e sua barriga revirou ao que os, agora três, dedos encontraram sua próstata.
– Não foi a intenção, desculpa. – a graça na voz tirava qualquer credibilidade da sua fala. A mão esquerda esfregando e puxando os mamilos de Louis também não ajudavam. – Vou te ajudar com isso.
– Muito bem, obrigado. – Louis riu ao receber um tapinha na bunda, depois que Harry afastou para pegar outro preservativo na mesinha de cabeceira, que ficava ao lado da cama.
Deslizou o látex em sua ereção pela segunda vez em poucas horas e não demorou a penetrar o outro, agora mais confiante de que não o machucaria. O lubrificante que vinha na camisinha junto à saliva que ainda deixava uma bagunça molhada no local, fez com que seu pau entrasse liso e devagar, sem muita resistência. A ansiedade de Louis em ser preenchido novamente também contribuiu para os músculos não ficarem tensos e para que sua entrada abrigasse o comprimento de Harry do modo mais fácil e confortável para ambos.
Ainda deitados de lado, Louis sentiu o maior iniciar os movimentos rasos com o quadril e só pôde gemer em alívio. Apesar dos movimentos lentos e curtos, eles estavam tão próximos, com os corpos tão colados, que Tomlinson conseguia sentir perfeitamente a espessura não muito grossa do pau do outro enquanto sua entrada apertava involuntariamente o canal, bem como o ângulo certeiro que, pelo tamanho avantajado, ele conseguia alcançar sem muito esforço. Os olhos azuis reviraram na própria órbita ao perceber que Harry tinha fechado o punho em seu pau, e ele não conseguia fazer outra coisa senão respirar descontroladamente e soltar palavras desconexas, perdido demais pelos dois estímulos tão diferentes.
O início da penetração podia ser um pouco desconfortável, percebeu Louis, mas assim que aquele pontinho dentro de si era atingido em cada estocada, principalmente quando o cacheado pressionava apenas ali por um tempo e rodava o quadril, começava a fazer sentido o porquê das pessoas acharem tão bom. O fato de estar com uma pessoa confiável e que se preocupa com ele também fez com que o menor relaxasse e aproveitasse a experiência como um todo, deixando Harry morder e chupar seu pescoço e ombros por trás, apertar as nádegas até os dedos ficarem pálidos e foder sua consciência para fora do corpo, com a destra moendo sua ereção e o pau dele tomando tudo o que podia.
Os gemidos do mais novo corriam dos seus ouvidos direto para o sangue concentrado lá em baixo e o mesmo acontecia com Harry que decifrava, dentre vários gemidos, algumas súplicas e elogios ao seu pau que Louis nem percebia estar fazendo. O maior mantinha o mesmo ritmo, amando como não precisava de agressividade ou rapidez para fazer Louis tremer no colchão, e se deixando apreciar o aperto quente dele da forma mais demorada possível, pois sabia que uma hora aquilo iria acabar.
Quando apertou o corpo do cantor contra o seu e passou a estocar de modo mais firme e espaçado, deslizando a outra mão pelas bolas cheias dele e massageando a área sensível, o cacheado sentiu exatamente o momento em que o outro gozou. O peso em sua mão se tornou repentinamente rígido, a mão em seu cabelo o fez enfiar o rosto ainda mais nos fios lisos e suados do outro, e a entrada dele sufocou seu pau, parecendo querer puxar ainda mais para dentro de uma forma que beirava ao absurdo. Ele continuou se movendo mesmo com o aperto incessante e depois de algumas - poucas - e firmes estocadas, sentiu o liquido quente formar uma poça dentro da borracha que lhe envolvia, gemendo grave entre os cabelos de Louis e permanecendo dentro dele até a respiração estabilizar.
°°°°°
– Consegue mandar alguém fazer minhas malas? – Harry falava com a secretária no telefone. – Sim.. o bege não, por favor. – mais uma pausa. – Tudo bem, te vejo daqui a pouco. Eu nã- ok, beijos. – desligou com um suspiro cansado.
Os óculos escuros escondiam a pele coberta por olheiras por conta da noite mal dormida e pela longa viagem, mas como ele não poderia tirar mais alguns dias de folga, estava esperando o carro chegar com as coisas que ele precisava para um outro trabalho. O modelo não sairia do aeroporto como todo mundo, só deveria pegar a mala que tinha mandado alguém fazer e voltaria imediatamente para o portão de embarque em direção à França.
– Quer uma carona? Conseguiram trazer meu carro e Tristan levou os garotos no dele. – Louis se aproximou da onde o cacheado estava assim que viu ele desligar a ligação.
– Ah, obrigado. – olhou para o menor, mas desviou rapidamente para as diversas pessoas transitando aquela garagem. – Na verdade eu não vou pra casa. Aparentemente eu tenho uma viagem marcada para daqui a 30 minutos para Paris. – bufou. – Cleo não explicou direito, mas acredito que tenha a ver com o desfile no outro mês.
O peito de Louis apertou com um sentimento estranho ao lembrar que o namoro tinha prazo de validade.
– Poxa..
– É..
As palavras pareciam se formar e dissolver milhares de vezes por segundo na boca do menor enquanto eles ficavam naquele silêncio desconfortável. Nunca tinha sido assim até agora, e quando lembrava que os dias da viagem foram ótimos e como eles se divertiram juntos, além de que definitivamente se aproximaram mais, então todo esse constrangimento não fazia o menor sentido.
– Tudo bem, então. Eu não preciso ir agora se você quiser que eu espere aqui contigo..
– Não. – interrompeu. – Quer dizer, realmente não precisa, mas obrigado. Eles não vão demorar e eu não quero atrapalhar de alguma forma.
Louis franziu as sobrancelhas e analisou por alguns segundos aquela resposta. Harry estava estranho, com certeza, mas poderia ser apenas fruto do cansaço ou talvez ele estivesse em um mau dia. As respostas rápidas e cortantes que lhe deu não eram nada além de educadas, mas tão superficiais quanto aquelas usadas para tratar qualquer um. E depois de tudo, Louis não diria que era qualquer um para o outro. Podia estar enganado, entretanto, e seu cérebro sonolento e de ressaca estava inventando motivos para lhe deixar paranóico.
Decidiu acreditar na última opção, se aproximou do outro para lhe abraçar e depositar um beijo no rosto como sempre faziam em despedida, notando como Harry tensionou de repente antes de acenar com a mão e sair dali a passos rápidos. Sim, seu cérebro.
O cacheado também se sentiu confuso e praguejou diversas vezes enquanto despachava a mala e entrava em outro avião, pedindo desculpas a uma das aeromoças quando deixou os xingamentos saírem pelos lábios em frente aquela mulher simpática. Não tinha motivos para deixar tudo complicado ou estranho. Ele e Louis ficaram, e daí? Eles mais do que ficaram, mas qual é o ponto? Nada tinha que mudar só porque ele fodeu o cara uma vez. Tudo bem, duas vezes.
Porra, seu cérebro estava fritando em um looping infinito que pareceu durar a viagem inteira até a Europa.
Mas enfim o verão estava se despedindo e um vento fresco lhe recebeu ao chegar na capital francesa, lhe deixando um pouco mais disperso de todos esses pensamentos que rodam e rodam sem sair do lugar, e o colocando no modo trabalho. Os dias que passou na cidade do amor seguiram dessa forma, com pensamentos focados no trabalho e nas marcas que ele iria representar na Fashion Week, e quando chegava no hotel, já muito cansado, apenas conseguia comer algo rápido, tomar banho e dormir. Felizmente, sem sonhos.
O card de um evento marcado para o início de setembro chegou por uma mensagem no seu celular em uma dessas vezes em que ele se deixava relaxar na banheira do hotel. A vista da torre mais famosa do mundo em sua frente, lábios roxos pelo vinho que tomava e as mãos um pouco instáveis pelo nome que piscava na mesma notificação.
Louis: Meu agente falou que vamos estar em Londres na mesma semana e eu pensei que poderíamos ir nessa festa juntos, o que acha?
Louis: Ah, meu colega de infância joga em um dos times que vão competir no dia, caso você esteja se questionando como eu consegui os convites. Nem precisei implorar dessa vez :)
O coração de Harry acelerou ao imaginar o sorriso infantil que o outro deveria ter no rosto ao fazer mais uma de suas, tão comuns, gracinhas. Droga.
Harry: Claro, vamos sim. Vai ser ótimo.
Louis: Uh
Louis: Sem emojis? Se eu fiz algo errado, digite *. Se você foi raptado e precisa de ajuda, disque 190.
Harry:🙄🙄🙄
Harry: Engraçadinho.
Louis: Identidade confirmada! Hahaha
Louis: Então, se você não quiser ir, tudo bem pra mim. Sério.
Harry: Eu quero, Louis. Nós vamos 😁👍
Desligou a tela e percebeu que estava prendendo um sorriso ao morder o lábio inferior com força. Droga.
°°°°°
O combinado era de que chegariam juntos, pois, mesmo que não houvesse um tapete vermelho, sempre tinha repórteres e paparazzis esperando alguma celebridade completamente bêbada sair da festa pós-jogo, artistas traindo seus cônjuges com modelos mais novas ou uma simples briga entre jogadores de times rivais.
Harry não quis se vestir formalmente, até porque a intenção da festa não era essa, e apostou em uma regata caxemira que tinha a gola grande em V e losangos amarelos e marrons como estampa. A calça ainda combinava com o colar de bolinhas, ambos no mesmo tom vibrante e alegre de amarelo. Nos pés ele resolveu moderar e calçou uma bota de saltos baixos na cor marrom.
Sua personalidade era assim, às vezes extravagante e colorida, com uma alegria que tinha o poder de contagiar todos ao redor. Mas tinha os dias em que uma camisa branca e boxers era tudo o que lhe definia, com a simplicidade e leveza necessária para cada situação.
Do outro lado do banco de trás do carro no qual eles estavam, Louis usava uma blusa azul petróleo, muito fácil de confundir com o preto, e tinha arregaçado as mangas até os cotovelos, mostrando as diversas e confusas tatuagens que possuía ao longo dos antebraços. Jeans escuros e vans eram mesmo o que o cacheado esperava que ele vestiria. Combinava com ele.
A sensação de inquietude que Harry sentiu desde cumprimentar educadamente o motorista e o cantor ao seu lado só ficou menos incômoda ao entrar efetivamente na festa. Sentia a mão de Louis pesar na base da sua coluna quando ele o direcionou pelo local, fazendo questão de o apresentar a alguns conhecidos e mantendo o toque firme que estava lhe tirando do sério, sem nem saber o porquê.
Foi por isso que na primeira oportunidade ele deu uma desculpa qualquer para as pessoas com quem o menor ainda falava e se afastou. Precisava respirar fundo e entender suas emoções, mas com Louis tão próximo tocando em seu corpo e o perfume amadeirado dele ocupando seus sentidos, era impossível.
Passou alguns minutos rodeando o local e analisando as pessoas em sua volta. Alguns rostos ele conhecia, outros nem tanto, o que já era esperado para alguém que não acompanha o mundo dos esportes. Mas tinham também diversos modelos com quem ele já trabalhou alguma vez na vida e um suspiro agradecido saiu pelo seus lábios ao colocar um sorriso no rosto e puxar assunto com alguns deles.
Harry mantinha os dentes alinhados em evidência mesmo que não prestasse muita atenção no que a loira em sua frente estava dizendo, seu copo já pela metade e os olhos verdes procurando por algum refúgio quando sentiu os pelos arrepiarem ao encontrar olhos azuis intensos lhe encarando de longe. Louis acenou pedindo para que ele se aproximasse e o maior, sem pensar muito, se despediu rapidamente da mulher com quem falava e foi em direção ao outro. O cantor conversava com um homem alto e forte, que tinha ombros largos e os braços quase completamente tomados por tatuagens, além do cabelo castanho que descia em ondas úmidas emoldurando o rosto másculo.
Era grande e sexy como o inferno, Harry pensou, mas infelizmente o dono dos olhos castanhos intensos não fazia seu tipo.
– Esse é Harry Styles, meu acompanhante essa noite.
Não era a primeira pessoa a quem Louis o apresentava naquela festa, mas a postura confortável que ele mantinha com o cara ao seu lado indicava um nível de intimidade que Harry não percebeu anteriormente, com direito a sorrisos de lado e olhares afetuosos. A apresentação não veio, mas tudo indicava que aquele seria o jogador e amigo de infância que o mais velho mencionou nas mensagens.
– Eu sou Liam, muito prazer. – a mão grande e com uma rosa estampada apertou a sua de maneira delicada, apesar da aspereza no tato. O jogador dedicou um olhar avaliativo desde suas unhas pintadas, passando pelas roupas chamativas até chegar em seu rosto, um pouco corado. – Não me leve a mal, mas você é modelo? – questionou, com sobrancelhas franzidas. – Acho que combinaria muito com você, deveria tentar.
E Harry estava pronto para responder, mas Louis tomou seu lugar. A voz dele nunca esteve tão afiada como quando as palavras ácidas deixaram os lábios.
– Sim, ele é, Payne. Obrigado pelo elogio sutil ao meu parceiro, muito gentil da sua parte.
A resposta surpreendeu tanto os outros dois que ambos viraram para encarar o de olhos azuis, que encarava um ponto fixo entre eles. Só então Harry notou que sua mão estava aquecida e um pouco suada. Liam ainda não tinha lhe soltado.
– Bom, Louis… eu posso falar por mim mesmo. – o modelo deu um sorriso pontual para o homem ao seu lado e voltou a olhar para o jogador, suavizando a expressão. – Obrigado, Liam. Eu certamente pensaria nessa profissão só pelo seu palpite se já não trabalhasse com isso.
Todos que estavam há um raio de dois metros provavelmente ouviram o bufo raivoso que Louis deixou escapar, sem acreditar que seu namorado estava tentando flertar com o melhor amigo. Liam olhou do menor para Harry algumas vezes com a sobrancelha erguida e resolveu que não era da sua conta, se afastando logo após com uma despedida rápida.
– Certo.. eu vou falar com os caras do time, mas aproveitem a noite. Depois a gente se vê, mate.
Harry não desviou os olhos do rosto do menor, que, por sua vez, encarava qualquer lugar que não fosse o homem à sua frente.
– O que foi isso, Louis? – questionou de maneira incisiva.
– O que? – deixou que uma falsa confusão se formasse em seu semblante, e Harry quase riu pela coragem.
– Fala sério, você não precisava ser grosso. O cara não é seu melhor amigo ou algo assim?
– Ele estava dando em cima de você. – Falou com dificuldade por tamanha força com que seu maxilar estava travado.
– Não, não estava. – explicou, sério. – Mas qual é o ponto? E se estivesse? Isso não te dá o direito de ser desagradável com as pessoas.
Louis não podia acreditar que estavam tendo essa discussão em meio a uma festa quando podiam estar dançando e bebendo, aproveitando assim como fizeram na viagem. Inconformado e furioso com as perguntas do cacheado, ele não pensou muito nas palavras que deixou escapar.
– Você é meu namorado, esqueceu? Eu não posso ver uma pessoa te secando e simplesmente não fazer nada.
– Falso. Namorado falso, você quis dizer.
Essa fala foi como um soco em seu peito, era verdade afinal. Mas ele ainda se sentia possessivo por uma pessoa que não era sua e seu coração idiota não parecia entender a real situação. Louis sequer conhecia o sentimento obscuro e feio que preencheu sua pele ao observar a maneira com que o amigo avaliava e elogiava Harry, nunca tinha sentido algo assim antes e estava rezando para não ser ciúmes. Não tinha esse direito.
– Me desculpe, você tem razão. – baixou os olhos, envergonhado e confuso, tentando controlar o que passava em sua cabeça. – Eu não sei porque agi daquela forma.
Harry analisou os ombros tensos, olhos nublados e sobrancelhas juntas. Parecia que o menor estava em uma luta consigo mesmo sobre algo além do seu controle, e o cacheado só esperava não ter fodido com ele, metaforicamente, de uma forma irreversível.
– Talvez nós devêssemos adiantar a parte do acordo em que terminamos o namoro, sem brigas ou pivôs da separação. – ele quebrou o silêncio quando já estavam no carro após a festa. Louis foi pego desprevenido, achava que ainda teriam mais um mês juntos.
– O combinado era ficarmos até o desfile. – pontuou, a voz baixa e um pouco temerosa. – Se foi pelo o que aconteceu hoje, eu garanto que não vai se repetir. Acho que eu- é só que talvez eu tenha confundido as coisas por um momento, mas já estou sob controle, prometo. – tentou dar um sorriso confiante, apesar de não se sentir assim.
– Você estar se sentindo confuso é o problema.. eu não queria te colocar nessa situação, sabe? Entendo que por tudo o que aconteceu entre a gente a linha tênue entre o que é real ou não pode ficar borrada, então é melhor que acabe de uma vez antes que alguém se machuque.
Louis ia contestar, até abriu a boca para tal, mas o modelo continuou.
– Não vai prejudicar nós dois, sério. O convite para desfilar nas três cidades da semana da moda já chegou na agência, os números de ouvintes no seu Spotify continua crescendo e a música nova se mantém no topo das mais ouvidas em diversos países mesmo após vários meses. – Louis sabia o que ele iria falar em seguida e não tinha certeza de que queria ouvir. Era apenas o combinado, no final das contas. – Nossas metas com esse acordo meio que já foram cumpridas e o fato de termos vindo a esse evento juntos vai mostrar que não foi um término agressivo ou desrespeitoso.
Fazia sentido e era um bom plano, mesmo que não quisesse admitir. Após alguns minutos em silêncio, Louis engoliu o bolo que tinha se formado em sua garganta, sorriu de lado e disse.
– Foi um prazer ser seu namorado por um tempo, Harry Styles.
IX
Dormir, definitivamente, estava sendo a pior parte.
O cacheado estava acostumado com o silêncio dos quartos de hotéis desde muito novo e, por incrível que pareça, ele passou as últimas semanas estranhando aquela rotina solitária que vivia há anos. O barulho de gente conversando e rindo, além dos carros em movimento, sempre foi o plano de fundo dos lugares onde ele se hospedava, e daquela vez não foi diferente, pois o que tinha mudado era a forma como ele olhava essas situações.
A vista da sua varanda era estonteante, prédios chamativos e ruas bem iluminadas geralmente eram tudo o que os turistas reparavam. No entanto, dali de cima, Harry com uma taça na mão e aproveitando o balançar do vento fresco em seu pijama, observava os dois velhinhos sentados na praça em frente ao hotel, o senhor com um livro nas mãos e com o braço sobre os ombros dela e a esposa apenas fazendo companhia, observando com devoção e carinho palpável as pessoas que circulavam pelo local.
O senhor, que Harry imaginou que tivesse um nome elegante como Gerard, tirava o braço do apoio confortável que era os ombros da sua amada a cada poucos segundos para lamber uma listra rápida em um dos dedos e em seguida virar a folha do exemplar que estava lendo. Nesses poucos segundos sem contato, a senhorinha de aparência amigável virava o rosto com um sorriso e depositava um beijo doce no rosto magro do marido.
Uma coisa tão simples e casual, eles estavam ali não necessariamente conversando ou fazendo algo em conjunto, mesmo que estivessem juntos, se é que isso faz sentido. Mas para Styles, fazia.
Ele não tinha sonhado em ter algo como aquilo com Sam nos dois anos que se envolveu com o outro modelo, também nunca imaginou que iria querer se sentir tão íntimo de algu��m a ponto de envelhecerem juntos e ainda ser confortável apenas a companhia silenciosa um do outro. A verdade é que a vida que levava não permitia sonhos tão simples, a menos que esse outro alguém dividisse, ou pelo menos, entendesse a rotina louca que iria acompanhar o relacionamento por longos anos, talvez décadas, até finalmente chegarem na etapa de aproveitar a tranquilidade que aquele casal de velhinhos representava.
Algumas crianças corriam e gritavam por ali, com sorrisos contagiantes nos rostos e um fôlego juvenil invejável, mas algo lhe chamou atenção e ele sacou o celular para tirar uma foto. Um garotinho que acabara de apoiar o skate debaixo do braço tinha parado de brincar com os amiguinhos para observar um artista de rua que estava começando a tocar, com sua guitarra plugada em uma pequena caixa de som e a bolsa do instrumento aberta no chão. A feição apaixonada da criança lhe fez imaginar uma pessoa que provavelmente tinha sido assim quando mais novo, então ele abriu o aplicativo de mensagens no contato de Louis e estava pronto para enviar.
Digitou e apagou diversas variações das frases “lembrei de você” ou “imagino que você tenha sido assim”, mas não enviou, faltou coragem. Desligou a tela com o coração acelerado e a garganta seca, acreditando e repetindo para si mesmo que não seria prudente aparecer mais uma vez na vida do menor já que tinha deixado ele confuso e bagunçado da última vez que se viram.
Os lençóis estavam frios quando ele deitou naquela noite, assim como em todas as outras daquelas semanas. Semanas? Parecia uma eternidade. E seguindo o roteiro que sua cabeça criou para conseguir adormecer, mesmo a contragosto, ele sonhou com um corpo quente entre seus braços e fios curtos fazendo cócegas no nariz. Com o perfume amadeirado povoando seus sentidos, ele adormeceu.
°°°°°
A garçonete não sabia quem parecia mais acabado entre os dois rapazes sentados na mesa do canto. Sempre que ia atendê-los, voltava com mais e mais bebidas na comanda e um aperto no peito, infelizmente era comum ver jovens desolados descontando suas frustrações no álcool, mas não deixava de ser preocupante. O motivo para a bebedeira podia variar, dizia sua experiência, às vezes era o trabalho cansativo, em outras as notas baixas na faculdade, ou até problemas familiares. Mas olhando para aqueles homens fortes que estavam juntos, mas sem realmente trocar conversa, ela sabia que o único motivo para estarem ali naquela noite era o amor.
Levou mais ou menos um mês, ele não tem certeza, para Louis conseguir lembrar do olhar do seu amigo para Harry sem fechar os punhos com raiva, e só então ele criou coragem para conversar. A intenção nunca foi ser grosso ou ríspido com alguém que sentiu tanta falta durante os anos e quando mandou mensagem pedindo para encontrar Liam em um pub qualquer de Londres, se sentiu realmente com medo de que ele não aceitasse, com medo de ter estragado tudo.
Por sorte, estavam ambos sentados a pelo menos dez minutos, com alguns copos vazios de cerveja espalhados pela mesa e muito envoltos nos próprios dramas pessoais para ainda haver qualquer conflito pendente entre eles. Uma desculpa rápida assim que chegou foi o bastante para o amigo lhe olhar com os castanhos profundos e lhe deixar desabafar o porque agiu todo territorial daquela forma.
– E aí ele começou a agir estranho comigo, sabe.. Na verdade, Harry sempre é educado e gentil, você dificilmente vai ver ele desrespeitando ou sendo nada menos que doce com alguém, mas eu percebi a mudança.
Ele não tinha certeza se Liam estava lhe escutando, os olhos escuros estavam voltados em sua direção, mas o outro não parecia focado no que falava. Ainda assim, Louis estava bem em desabafar com um amigo, mesmo que ele não prestasse atenção, e por isso continuou falando.
– Você não deve imaginar como é isso, por motivos óbvios, mas cara.. a gente tem essa- essa coisa, essa conexão desde o começo de tudo e eu via o afeto crescer cada vez mais a cada dia que a gente se encontrava para algum trabalho, entende? E eu sei que era recíproco! – tomou um longo gole da cerveja que não estava mais tão gelada. – Só que aí ele me fodeu e pronto, era pra eu estar surtando, não ele! Qual é? O caminho comum não é o hétero surtar depois de dormir com um cara? Então porque ele quis terminar tudo assim, sem- sem.. porra, a gente ainda tinha tempo.
Liam piscou algumas vezes e passou a ouvir o que o amigo falava a partir da frase “me fodeu”, franzindo o cenho e tentando acompanhar o que tinha perdido.
– O que? – perguntou, confuso. Se Louis pudesse retomar uns cinco minutos do discurso, ele tinha certeza que conseguiria entender o que estava rolando, mas o outro não pareceu escutar.
– Eu- eu não sei se já passei por algo assim antes. Quer dizer, eu tenho certeza de que não passei. – suspirou. – É só.. estar com ele era simples, a gente ria na mesma medida em que tínhamos conversas profundas, sem parecer de fato um trabalho. Eu falei coisas e ele me falou coisas que não acho que outras pessoas saibam.. e o clima nunca ficava desconfortável por isso. Quando a gente dormiu junto eu não pensei que pudesse ser tão bom acordar com outra pessoa ocupando um espaço ao meu lado, mas agora eu praticamente acordo todos os dias ansiando por isso.
Louis apenas deixava as palavras tomarem forma e saírem por seus lábios, sem pausa.
– Por sentir o corpo quente dividindo os lençóis, por observar como ele faz um biquinho enquanto dorme, por ter alguém pra dividir momentos.. Não alguém, ele. – agora Louis deslizava os dedos pelas gotículas de água que se formaram por fora do copo, desenhando padrões sem muita atenção. – Ele é tão forte Payno, e tão sensível também.. não acho que já tenha conhecido alguém como ele, tão- tão..
– Único? Apaixonante? – arqueou uma sobrancelha e sorriu calmo, em contraste com os olhos arregalados do outro. Louis finalmente conseguiu sua atenção e parecia um pouco constrangido por isso.
– Eu não diria que estou, é.. eu não, sabe? Só n-
– Olha.. – endireitou a coluna e encarou os olhos azuis confusos, tentando passar uma certeza que sequer possuía na própria vida particular. – Se você sentiu tudo isso, não deixe passar, sério. E não me importa se você é gay, ou bi, ou um papagaio falante. – o amigo sorriu agradecido. – Você estava feliz nesses meses e ele também, então.. porra eu não sou bom com isso, mas acho que deve correr atrás da felicidade? Sei lá, eu sempre vejo isso nos filmes, então os roteiristas de Hollywood devem estar certos, né?
Um brilho diferente cruzou as orbes azuis assim que o maior acabou de falar, algo muito parecido com determinação e coragem. Louis ainda não sabia o que ia fazer, mas não podia só esperar que o outro tomasse uma decisão pelos dois. Ele queria se afastar? Então teria que dizer na sua cara um motivo bem melhor do que “conseguimos bater as metas”. Ele teria que lhe provar que o que viveram também foi tão falso quanto o relacionamento, um detalhe que Harry teve a audácia de lembrar da última vez que se viram. Só então Louis poderia aceitar e se deixar sofrer por algo que pelo menos tentou.
– Tô te devendo uma, irmão.
Levantou da mesa e saiu pela porta apressado, não se preocupando com as cervejas que pediu ou mesmo com a conta para pagar.
°°°°°
– De verdade Tommo, é impossível conseguir isso. – o loiro olhava para o homem decidido em sua frente como se ele fosse louco. – Você sabe que eu quero o melhor pra banda e isso seria simplesmente maravilhoso.. – se desculpou com o olhar. – mas tem coisas que nem eu posso fazer.
– Tris, eu confio em você, cara. – Louis percebeu que precisava mudar a abordagem. Implorar como um cachorrinho sem dono não estava funcionando, então decidiu apelar para o ego. – A única pessoa que nos deu uma chance no início foi você. Quem nos colocou na rádio pela primeira vez foi você. Porra, quem ajudou nosso som a entrar no top 10 anual com toda a promoção e divulgação foi você. – o outro soltou uma respiração resignada, Louis sabia que estava quase conseguindo o apoio, faltava apenas finalizar corretamente. – É só você piscar esses olhinhos e soltar essa lábia que estamos dentro, eu tenho certeza.
– Na Fashion Week? Sério? – Evans tinha o semblante exasperado, sem acreditar que realmente estava cogitando a ideia. O contraste com a pose confiante de Louis era cristalino como água.
– Eu preciso disso. – respirou fundo. – Por favor?
– Caralho, Louis. – passou a mão pelos cabelos, bagunçando os fios em um gesto impaciente. – Eu vou ver o que posso fazer. – mas ao ver o sorriso enorme que surgiu na feição do outro, continuou. – Não se anime. – e saiu com o celular na mão, digitando furiosamente.
Seria difícil não se animar, entretanto. Louis passou a última semana praticamente trancado dentro do quarto, só saindo para comer e fazer suas necessidades. Por sorte, a agenda de shows não voltaria a lhe ocupar por algum tempo e, em teoria, era pra ele estar trabalhando de outras formas.
Ele até estava.. mas não pelos motivos certos. Quer dizer, se é que existe um motivo certo para compor uma música inteira dedicada a uma pessoa. No final, entraria para o repertório da banda, não entraria? Então meio que ele estava trabalhando sim.
A ideia surgiu logo após sair correndo do bar em que esteve com o amigo outro dia, e o taxista que lhe deixou em casa deve ter dormido com dor de cabeça depois de ouvi-lo tagarelando sobre as milhões de qualidades que lhe fizeram se apaixonar e criando melodias com a boca o caminho inteiro para não esquecer.
A primeira coisa que fez ao chegar no seu apartamento de Londres, no lugar de tomar um banho e engolir comprimidos para não sentir ressaca no dia seguinte, foi pegar o violão e começar a compor. Depois de alguns minutos, decidiu que com a guitarra ficaria melhor, mas não fazia muito sentido cantar e tocar guitarra ao mesmo tempo. Por isso, em alguns dias ele finalizou apenas a melodia, anotando as cifras em uma partitura um tanto confusa com rabiscos disformes e só depois partiu para concluir a letra.
Compor geralmente não era uma tarefa fácil para ele, tinha muitas rimas que não achava legal, ou não ficavam sonoramente bonitas e uniformes, e em outras vezes existia um sentimento que ele não conseguia passar para o papel da forma que queria, forte e esmagador, fiel à realidade. Mas dessa vez foi diferente, ele tinha motivo, propósito e uma “musa”. Bastou transferir tudo isso em palavras, combinar com o arranjo que se amoldava ao estilo de som que a banda tocava e estava pronto.
No mesmo dia em que finalizou tudo, exatamente uma semana após a conversa com Liam, correu atrás do seu agente para implorar por mais um favor. De acordo com seus planos, e não faria sentido não segui-los, ele e os garotos tinham um dia para ensaiar com todos os instrumentos no estúdio e Tristan tinha apenas dois para conseguir lhes levar para Paris, com entrada liberada para um desfile específico e com o crachá indicando que iriam se apresentar lá.
Ele estava ansioso, impaciente e um pouco inseguro. Se nada disso funcionasse para o cacheado aceitar lhe dar uma nova chance, real dessa vez, pelo menos estariam promovendo um pouco mais a banda e lançando um novo som. Além de um coração partido, pelo menos não haveria mais prejuízos.
X
Louis não tinha a resposta definitiva quando embarcou no primeiro avião do dia com destino a Paris, na França. Os colegas de banda sequer chegaram a questionar esse impulso, sempre confiantes demais em seu líder para duvidar das suas decisões, mas mal sabiam eles que não foi a esperança cega de que Tristan ia conseguir o show que o fez comprar as passagens em um piscar de olhos, na verdade o que lhe moveu foi algo mais feio e também mais forte.
Olhando para o assento da classe econômica em sua frente e com os olhos vidrados em algo além da tela que exibia algum filme de bilheteria milionária disponibilizado pela companhia aérea, ele só conseguia lembrar daquela maldita foto.
Mais ou menos duas horas atrás Louis estava no estúdio passando mais uma vez a música que compôs naquela mesma semana e durante uma pausa necessária para trocar a corda do baixo que tinha arrebentado, ele teve a brilhante ideia de vasculhar o Instagram. Não procurava nada específico e a intenção era apenas passar o tempo. Além da bolinha sempre vermelha indicando notificações não abertas e mensagens não visualizadas, o círculo roxo mesclado com laranja ao redor de uma foto conceitual de Harry lhe chamou atenção e ele clicou para conferir o que o perfil profissional do outro tinha publicado.
O story tinha sido postado há apenas 28 minutos e mostrava apenas um vídeo filmando toda a plateia, dezenas de pessoas amontoadas e com seus iphones nas mãos, que esperava pela chegada dos modelos e demais artistas no local do desfile, além mostrar também uma prévia do cenário e da passarela onde ocorreria os desfiles daquele dia. Não tinha nada muito interessante no vídeo, eram apenas pessoas arrumadas demais em um estilo excêntrico, diversas cadeiras posicionadas em fila para os convidados irem sentando à medida que chegavam no local, uma passarela longa e lustrosa em tons de cinza que dava a volta por entre os assentos, e só. Louis atualizou a página uma vez após fechar a aba e o perfil do modelo apareceu novamente em primeiro lugar, dessa vez com uma foto que alguém, provavelmente sua secretária, tinha acabado de postar na conta do cacheado.
Várias araras com roupas e tecidos que não faziam muito sentido sem estar no corpo de alguém emolduravam a foto. Alguns camarins e penteadeiras com luzes fortes e diversos produtos espalhados pelos móveis também eram possíveis de ver no local. O conjunto formava basicamente uma imagem dos bastidores do desfile que tinha como fundo vários homens e mulheres, alguns vestidos e outros com roupas íntimas na cor das suas peles, desfocados pelo provável movimento na hora que a captura foi feita.
Mas seus olhos pareciam ser chamados para analisar com atenção o canto esquerdo da foto, onde um corpo alto e esguio, não muito musculoso, foi reconhecido imediatamente, mesmo com o borrão sobre a tela. Harry estava com uma cueca bege assim como o rapaz com quem conversava, ambos com sorrisos largos e cheio de dentes no rosto. A distância entre eles foi a segunda coisa a notar, estavam próximos demais.
Não parecia certo, mas seus dedos tremeram um pouco e seguiram o caminho independentemente do cérebro que mandava comandos para que parasse. Abriu o perfil da marca que Harry desfilaria nessa noite e foi atrás das marcações mais recentes. Outros modelos tinham marcado nos stories assim como Cleo acabara de fazer e por isso não foi difícil achar o que, inconscientemente, procurava.
Olhos verdes, não tão vívidos e nem de longe tão bonitos quanto os de Harry. Pele clara, apesar do visível bronzeado não tão recente. Cabelos lisos de tom caramelo arrumados em um topete bagunçado. Barba por fazer contornando um sorriso galante. Covinhas dando graça ao perfil másculo, deixando o visual um pouco mais suave. Sam Claflin era o nome estampado no topo do perfil.
Sam. Sam. Então esse era o ex de quem Harry falou certa vez, aquele cujo relacionamento terminou de uma forma tão amigável que agora eles se encontravam rindo ao trabalhar juntos. Louis sentiu seu sangue latejar nas têmporas e os dedos fecharam com força ao redor do celular, apertando sem querer o botão de desligar a tela. Assim que o visor escuro espelhou sua feição raivosa, ele se forçou a respirar e contar até 10. Talvez até 20 funcionasse melhor.
A devoção e confiança que os amigos depositavam nele foi o que lhe fez seguir o impulso de comprar as passagens, despachar os instrumentos necessários para uma apresentação rápida, pouco importando se teria ou não as caixas de som ou iluminação adequada no local, e se viram embarcando num avião comercial, o que também não era comum, mas foi o que a urgência em seu sangue pediu. O seu desespero parecia não caber no curto espaço da cadeira padrão de uma classe econômica, mas alguns sacrifícios precisam ser tomados quando se planeja alcançar algum objetivo.
Assim que desceram no aeroporto internacional de Paris, o celular de Louis apitou com três mensagens, uma seguida da outra, sem lhe dar intervalo para assimilar as palavras.
Você tá me devendo um ENORME favor, entendeu?
E pode apostar que eu vou cobrar!! Não sabe o quanto eu tive que me humilhar pra essa porra, Louis.
Mas é.. pode afinar os instrumentos, vocês sobem no palco exatamente às 21h15. Boa sorte, parceiro.
Piscou os olhos azuis. Então piscou novamente, tomando um tempo para reler a mensagem mais algumas vezes até assimilar o conteúdo. Quando enfim seu cérebro pareceu funcionar corretamente, um sorriso largo floresceu em seu rosto e ele virou para os outros caras.
– Vamos lá, temos um show pra fazer!
°°°°°
O ambiente dos desfiles em geral e, principalmente, durante a semana de moda ainda era predominantemente feminino e, apesar das parcerias remotas com diversas outras marcas de luxo, a única que resolveu ousar contratando modelos masculinos para desfilar com as peças foi a Peter Do.
Harry passava os olhos verdes por todo o visual androgeno que era padrão em todas as modelos, com seus cabelos penteados para trás com gel e maquiagens feitas para apagar os traços mais femininos e realçar linhas que são mais comuns serem marcadas em homens, e sentia uma fagulha de ansiedade acender em seu peito. Ele já estava com o figurino que iria usar no desfile, assim como todos ao seu redor, e apenas esperava, não tão pacientemente, o momento em que a tela plana da TV anunciasse seu nome como o próximo a desfilar.
Sam, ele e um outro modelo de traços finos e asiáticos eram os únicos homens desfilando no segundo dia da Fashion Week e isso tornava o momento ainda mais emocionante. Harry até ouviu notícias de alguns tablóides especulando que a escolha desses três nomes, especificamente, se deu por conta dos traços faciais fáceis de manipular e tornar mais femininos, como os olhos grandes e as maçãs do rosto saltadas, mas ele preferia acreditar que seu talento lhe levou até ali e nada mais.
A escolha para as roupas não era o que ele estava acostumado a desfilar, já que a marca optou por peças minimalistas, com tons predominantemente em preto e branco, além de detalhes em vermelho. O estilo todo rico em alfaiataria e transparência eram complementados com bolsas de mão e botas sem salto.
Assim como todos, Harry também tinha seus cabelos jogados para trás em um penteado com gel para dar a impressão de molhado, porém elegante, tinha o rosto delicadamente esculpido e alguns pontos com uma iluminação muito sutil, que complementava de forma singela as roupas completamente pretas. O torso nú era visível por entre a abertura do blazer desconstruído e de formato não convencional que ele usava, e sua cintura parecia ainda mais fina pelo botão que começava a partir daquele ponto e pela impressão ótica que o caimento largo nos ombros dava. A calça de alfaiataria de cintura alta lembrava muito o estilo militar de décadas atrás, com a marcação das linhas de costura que faziam volume nas pernas, totalmente condizentes com o coturno preto pesado e de solado alto que calçava nos pés.
Bastou pisar no revestimento lustroso e cinza da passarela para seu estômago girar da maneira gostosa que ele sonhava desde menino em sentir. Ainda não tinha entrado em destaque, estava esperando as modelos anteriores darem a volta e saírem para ele e a colega em sua frente, que usava roupas iguais às suas, finalmente serem alvos dos milhares de holofotes que haviam ali.
Respirou fundo e contou até cinco. Sorriu confiante para a mulher menor que lhe olhava com o semblante nervoso. Endireitou a coluna e deixou o rosto numa feição neutra, sem sorrisos ou marcas de expressão. Esperou os acordes soarem pelo local por exatos dois segundos, só o tempo de acenar para a garota indicando que seria agora, e deu o primeiro passo.
Com tantas luzes em sua direção, da passarela e das câmeras fotográficas, ele não conseguia visualizar nenhum rosto em meio a multidão. Era por isso, também, que nos ensaios gerais os modelos eram incentivados a refazer todo o percurso algumas vezes até estarem seguros com o material do revestimento no chão e com o caminho que fariam no momento certo. Ainda assim, nem todo o treino anterior foi capaz de não lhe fazer vacilar o passo quando reconheceu a voz que estava cantando ao fundo.
O primeiro instinto do cacheado foi o de vasculhar todo o salão com os olhos até encontrar de onde vinha aquela voz que ele já conhecia tão bem, mas felizmente ele se impediu de arruinar o desfile de tal forma. Se algum crítico ou repórter percebeu o momento em que ele travou a respiração e recuperou a coordenação motora, voltando ao seu caminho, ele descobriria depois nos jornais. Ou quando seu nome não fosse mais cotado pelas marcas.
Visualmente ele continuava esplêndido, com passos delicados e naturais, deslizando sobre o piso como se fizesse isso todo dia. Mas por dentro Harry sentia o estômago cheio de bolhas lhe fazendo querer gritar, o coração pulando tanto que ele estava com medo de ser possível perceber pela abertura do terno e a cabeça girando, tentando decifrar com rapidez cada palavra da música que, aparentemente, era o seu tema de fundo daquela noite. Ele notou ser uma canção nova pois não existia no repertório do Arctic Monkeys até o mês anterior, quando ele ainda tinha certo contato com o vocalista, então esse detalhe lhe fez procurar com mais ênfase por qualquer pista que o fizesse entender o que estava acontecendo.
Com a face em branco, ele conseguiu pegar algumas frases que Louis cantava. “Eu sei que você diz que me conhece, me conhece bem.. Mas esses dias eu nem me conheço, não”. Ele não teria feito uma composição como essa durante o tempo que estavam separados, teria? Harry se pegou questionando.
“Mas então eu fico tão entorpecido com todas as risadas, Que eu esqueço da dor”, ele seguia cantando e o coração do cacheado não tinha como acelerar ainda mais, mas as lembranças dos momentos na praia ou dentro do carro quando eles tiveram as conversas mais profundas da sua vida lhe fizeram pensar que podia sim.
Harry estava lá na frente, dando a volta pelo circuito entre as cadeiras onde dezenas de pessoas lhe assistiam com olhos rigorosos e atentos, e nesse momento, ao parar poucos segundos para girar e fazer o caminho de volta, ele rezou para não estar corando ao que seus ouvidos registraram a voz quente ditar “você me fode” e algo como “eu não sei como fazer isso parar” entre o conflito claro na melodia sobre amar e odiar todos esses sentimentos.
Sua garganta estava seca o suficiente para ele querer virar dois litros de água de uma só vez, e em seu caminho de volta, ao conseguir enxergar a banda que tocava ao vivo no canto do espaço, o que ele sentiu foi um misto entre desespero, paixão, descrença e uma súbita revolta. Em sua cabeça ainda existia a confusão das palavras captadas na letra da música, numa junção com os dias em que ele passou sozinho sentindo falta do que teve durante alguns meses, e seu cérebro ainda batalhava com a possibilidade do outro ter lhe usado mesmo depois do fim para chegar até ali. Ele não queria retirar o crédito dos garotos porque, bem, eles claramente tem potencial para tematizar seu desfile, mas o cacheado não queria aceitar que Louis, especificamente, tem todo o poder de o desestabilizar durante um trabalho. Um trabalho que Harry não costumava admitir nenhum deslize.
Com todos esses questionamentos tomando conta do seu corpo e mente, Styles ainda conseguiu vislumbrar o rosto de Louis bem no momento em que a música terminava e sua participação na Semana da Moda de Paris também. “Eu apenas continuo voltando pra você” foi a última frase que saiu pelos lábios finos do cantor quando o azul encontrou o verde em uma troca de olhares rápida, porém intensa.
°°°°°
– Só me deixa falar, tá legal?
Depois do curto show e após todos os modelos terem passado mais uma vez, agora juntos, pela passarela e se dirigirem aos fundos do espaço, Louis pediu para os amigos irem guardando os instrumentos e deu um jeito de encontrar Harry em um dos camarins. Não foi fácil, seu crachá não autorizava a entrada naquela área, mas pode-se dizer que ele aprendeu alguns truques com Tristan Evans no que diz respeito a conseguir o que quer. Não lhe deixou satisfeito que alguns euros pudessem ter feito um dos funcionários deixar qualquer desconhecido passar, era um risco para a segurança dos modelos afinal, mas foi bem útil naquele momento, então não iria reclamar.
Quando entrou na sala pequena encontrou Harry com uma toalha branca com listras pretas em volta da cintura e em posse de alguns lenços que ele levava até o rosto, retirando qualquer resquício de maquiagem existente. Primeiro a feição do maior se contraiu em confusão para, logo depois, mudar para um misto entre cansaço e decepção.
– O que você quer, Louis? Eu já falei, a gente conseguiu o que queria e, inclusive, olha só.. parabéns, você tocou no maior evento da moda da atualidade. Não é o suficiente? Não tá feliz?
– Não, porra. – se aproximou alguns passos da onde o outro continuava sentado olhando pelo espelho e virou a cadeira até Harry estar de frente para si. – Minha carreira tá ótima, é verdade. Os números não poderiam estar melhores, mas eu não estou satisfeito, Harry.
O olhar do cacheado era cuidadoso, não sabia o que esperar dessa entrada repentina, então não falou nada. Com uma respiração inconformada, Louis viu que o outro não iria abrir a boca e continuou.
– Nada disso é o suficiente e você sabe porque?
– Não.. – o maior balançou a cabeça, com os olhos grandes em um conflito interno. Ele tinha compreendido a letra da música, fez conexões com o que eles viveram juntos, mas até então poderia ser apenas coincidência. Não queria dizer nada, talvez nem tenha sido Louis quem a compôs.
– Caralho, H. – pousou a mão no rosto dele com delicadeza e o fez levantar o olhar até encontrar o seu. – Como eu poderia me contentar apenas com sucesso e dinheiro se eu passei os últimos meses dividindo minha vida e criando momentos com uma pessoa extraordinária que deixou de estar presente pra mim? Como eu posso sequer sonhar em nunca mais ter uma das nossas conversas super sérias, mas que nunca são tão sérias assim?
Harry engoliu em seco, a veia palpitante no pescoço mostrando o quando seu coração estava batalhando para não parar completamente naquele momento.
– Como eu poderia ficar feliz por tocar na porra da Fashion Week se eu passei o último mês rastejando pelos cantos com você na minha cabeça? Eu estava vivendo para colocar os meus sentimentos em palavras, mas não foi tão simples assim. Me diz, pelo menos entendeu a música que eu fiz pra você? – continuou.
– Você tá confuso, Lou. – Harry parecia querer convencer seu próprio coração de que aquilo não era sério e ele não podia simplesmente derreter ao ouvir essas palavras. – Eu entendo que a gente passou um tempo junto e o que aconteceu depois também pode ter deixado você um pouco-
– Sente. – agarrou a mão do cacheado e levou até o próprio peito, tendo certeza de que as batidas descompassadas seriam sentidas sem o menor esforço. – Sente isso. Eu não tô confuso, sério. Lembra de quando a gente conversou sobre um lar e sobre como sempre falta algo? Eu quero ser essa pessoa.. me deixa ser essa pessoa, H. – e Harry sentiu nas batidas sob a palma da mão como cada palavra era verdadeira.
– Eu- eu.. – o maior queria dizer que sim. Que nunca tinha sonhado com um relacionamento longo e feliz até passar aqueles meses com Louis. Que o tempo separados lhe deixou um vazio infinito no peito. Que sonhava todos os dias com Louis estando aconchegado ao seu corpo e acordava sentindo a falta dele entre os braços.
Ele não pôs em palavras, mas seu olhar pareceu transmitir o mais sincero sentimento. Dominante da arte da música e da poesia como Louis era, captar os sinais a partir de olhos brilhantes e feição devota não foi complicado.
– Eu quero ser insubstituível pra você.. quero fazer planos, quero que a gente viaje mais vezes e que fiquemos bêbados juntos novamente. – sorriu, nostálgico. – Eu quero que você não precise ser forte quando chegar em casa e que possa desabafar comigo sobre seu trabalho e o quão cansado você está. Quero ser o cara que vai te fazer massagem enquanto apoia todas as reclamações, mas que no outro dia não te deixa desistir do seu sonho.
Harry não notou, mas suas bochechas brilhavam molhadas pelas lágrimas solitárias que desciam sem alarde.
– Eu quero que minha família veja como eu fico quando estou apaixonado por alguém, porque, você sabe, eles nunca presenciaram isso. E quero conhecer a sua família também, saber de onde veio essa personalidade encantadora e forte que você me fez gostar tanto de você desde o primeiro contato. – Lembrou da forma confiante que Harry entrou naquele estúdio fotográfico e suspirou. Era como se tivesse acontecido em vidas passadas, há tanto tempo.
– Você tem certeza? – a voz não era mais do que um sussurro completamente emocionado. – Eu- eu não posso prometer que vou ser o melhor namorado, eu nem sei como fazer isso com a nossa rotina, Louis.
– A gente teve uma prévia de como pode ser, não foi? – Harry assentiu. – Basta você querer, H., só que de verdade agora.
Louis se aproximou um pouco mais do rosto que ainda segurava, até sentir a respiração ofegante dele bater em seu rosto, e com a confirmação tácita de Harry, beijou com delicadeza os lábios gordinhos, sentindo o gosto salgado das lágrimas que o modelo não conseguiu segurar e deixando seu peito enfim explodir numa felicidade que não tinha experimentado até então. Entre selinhos castos, a sua voz, também embargada, saiu por entre os lábios, dizendo:
– Eu quero te amar longe dos holofotes dessa vez.
Epílogo
O carro estava com os vidros fechados começando a embaçar e a luz do fim da tarde manchava os bancos de couro com tons alaranjados, contribuindo para aquecer ainda mais os corpos que queimavam juntos dentro do automóvel.
– A gente tá atrasado, amor. – as palavras saíram ofegantes pelos lábios de Louis. – Hhm, isso.. espera, deixa e- eu segurar seu cabelo.
Harry sentiu seus cachos, um pouco maiores do que estavam no ano anterior, serem puxados para trás, deixando sua visão livre para apreciar como o namorado ficava inquieto e barulhento enquanto ele levava a ereção grossa e rígida até o fundo da garganta, e como ele ficava repentinamente silencioso e estático, com os olhos vidrados e lábios abertos, quando as leves sucções eram depositadas apenas na ponta vermelhinha. Os meses se passaram, mas a sensibilidade de Louis naquele local nunca diminuiu.
– Não estaríamos tão atrasados assim se você aguentasse algumas horas sem precisar que eu te fizesse gozar, não acha? – Provocou Harry. Os lábios inchados eram outra coisa que Louis simplesmente adorava, além da voz grave sussurrando obscenidades ou apenas brincando com sua paciência. A saliva ligando eles, as almofadas babadas e vermelhas, ao seu pau era apenas um detalhe ainda mais favorável.
– Isso não é exatamente culpa minha- porra! – o gemido escapou alto demais para o lugar em que estavam. O estacionamento atrás do estádio de futebol em Londres não era exatamente o lugar mais reservado para uma aventura como essa, mas ali estavam eles: atrasando ainda mais a chegada no jogo para o qual foram convidados especialmente pelo casal de amigos que iriam, pela primeira vez, estar jogando do mesmo lado, e não mais em times opostos, pela seleção inglesa.
– Vamos lá, Lou.. eu amo seu gosto na minha boca, mas não temos muito tempo. – dito isso, Harry passou a investir com a cabeça, descendo rápido e forte, engolindo todo o membro, enquanto uma das suas mãos apertavam a coxa firme por baixo da calça jeans que seu namorado usava e a outra forçava dois dedos entre os lábios finos dele. Louis tendia a ser barulhento quando estava muito próximo do ápice.
Alguns minutos depois, com os olhos brilhantes e rosto corado, o menor abria espaço na arquibancada, pronto para ver a segunda metade do jogo. Harry, que tinha uma das mãos entrelaçadas a do menor, com a outra desembalava um chiclete para tirar o gosto distrativo que permanecia na sua língua, era isso ou lidar com uma ereção pelos próximos quarenta e cinco minutos.
Eles sentaram logo atrás da grade, nos lugares que tinham reservado, e a multidão azul e branco bradava com orgulho seu hino nacional. O placar apontava 3x1 quando ele conseguiu reconhecer os números dos seus amigos nos uniformes da Inglaterra. Os sobrenomes Malik e Payne estampavam as camisas de números 9 e 10, respectivamente.
Não foi exatamente uma surpresa, mas seu coração aqueceu em orgulho quando, ao final da partida e em uma comemoração inédita no cenário do futebol, ele viu o amigo de infância beijar o homem por quem anunciou publicamente, um ano atrás, estar perdidamente apaixonado. Algumas vaias foram ouvidas, mas seu coração batia mais forte e mais alto que qualquer ato ofensivo. Tinha amor vibrando no seu peito, assim como no gramado, e Louis tinha certeza que mais gente naquela arquibancada se sentiu representado pelo ato de coragem.
Com os olhos límpidos e brilhantes pelas lágrimas não caídas, ele virou para Harry com um sorriso emocionado e encontrou as duas esmeraldas mais preciosas já lhe encarando.
– Eu te amo, babe.
– Amo muito você, H.
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Fim!
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Me digam o que acharam, por favor.
Sentiram uma mudança na escrita ou nem?
Além disso, reconheceram alguém da história anterior? Algum palpite de qual personagem vai ser a próxima?
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