#ilha do farol
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china-blue · 2 months ago
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Ilha do Farol, 2024
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convexly · 6 months ago
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• by Rosa
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viagem-pelo-brasil · 7 months ago
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Farol das Conchas - Ilha do Mel, Paranaguá /PR - Brasil
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usakkhae · 1 year ago
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I wish O Segredo na Ilha had subtitles because is my favorite season/spinnoff from Ordem Paranormal and it's such a good one too!
The mistery + comedy combo was perfect and the characters and players were amazing! It was such a good introduction to Ordem and it made me want to watch all the seasons.
I saw plenty of people who don't speak portuguese starting to watch the first seasons(the ones that have English subtitles) because of the qsmp and it made me so happy. Just wish they could see osni too:']
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nicolasdelavy · 1 year ago
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rosesinaglass · 1 month ago
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Ilha do Farol ‘24
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ravween · 1 year ago
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                           𝕯𝖆𝖗𝖐𝖓𝖊𝖘𝖘 𝖆𝖓𝖉 𝖑𝖔𝖓𝖊𝖑𝖎𝖓𝖊𝖘𝖘
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 ʿ ⋆                                      a noite parecia encantada, o céu estava estrelado, um manto de diamantes cintilantes espalhados na imensidão azul. a lua, plena e brilhante, assistia a tudo com seu olhar prateado. ao redor, vozes de alegria se erguiam, e o crepitar das chamas da fogueira enchia o ar de calor e energia; chamas estas que se erguiam tão alto que olhar diretamente era difícil. a noite da festa do equinócio de outono onde a tradição dos pedidos às lanternas tinha sido restaurada depois de tanto tempo sem ser realizada estava surpreendente. raven nunca teve a chance de participar de algo assim, sempre preso na torre nessas datas, olhando para o céu que se enchia com os pequenos balões flutuantes alimentados pela chama laranja. a pintura de rapunzel na parede lhe deixava com o pensamento de que apenas ela entenderia a solidão de observar a imensidão de luzes brilhantes que carregavam desejos e preces das pessoas de norvina. à medida que elas eram acesas, desejos eram sussurrados as chamas e elas eram lançadas ao céu, como mensageiras de esperança e desejos, sendo levadas direto para a estrela.
mas já era o fim da noite quando raven tentou deixar de lado os preconceitos e os receios para pegar uma das lanternas de papel. os olhos de íris âmbar ficaram presos por alguns instantes naquele item tão bobo e simples, não era possível que algo assim pudesse ajudar a realizar desejos, mas no meio do desespero, essa era sua última tentativa. no coração de raven havia uma dor profunda, uma tristeza que parecia crescer a cada dia mas que hoje tinha ganhando um espaço maior e mais profundo. se sentia como um farol solitário em uma ilha deserta, cercado pela escuridão da solidão. tinha experimentado a sensação avassaladora de ser deixado para trás muitas vezes ao longo de sua vida sempre vendo as pessoas entrarem e saírem de sua vida. amigos que prometeram amizade eterna, amores que juraram fidelidade, todos partindo, um por um. embora agora não fosse de fato uma repitação de algo assim com belladonna, raven sentia como se fosse. cada despedida deixava uma ferida mais profunda em seu peito, fazendo-o se questionar se gothel tinha razão com as palavras que dizia enquanto ele crescia.
às vezes, se perguntava se havia algo de errado consigo, algo que repelia as pessoas. sentia que carregava uma solidão densa, uma barreira que ninguém conseguia atravessar e, quando faziam, estavam cansados demais ao ponto de acabar desistindo no meio do caminho. queriam espaço de si, lhe afastavam. seu coração era uma prisão de emoções reprimidas, uma tristeza que nunca se dissipava, que apenas aumentava com o tempo. uma coleção de atritos e decepções. hoje ganhava mais uma.
a cada novo adeus, raven se afundava mais na convicção de que as pessoas eram passageiras. mas hoje, isso ia acabar. deixaria ali naquela lanterna toda agonia e tentaria se agarrar ao fio fino de esperança de que seu desejo se tornaria realidade. se aquela tradição era tão antiga, então devia haver um fundo de verdade nisso. raven se agachou para pegar um pedaço de madeira queimada e desenhar com a parte escura uma pequena estrela para marcar aquela como sua. fechando os olhos por alguns instantes, apenas desejou. que tudo isso passe, que isso saia de mim, que as coisas mudem. eu não quero sentir nada disso. chega.
as palavras foram sussurradas para a chama e então lançou-a no ar, vendo-a subir lentamente para se juntar as outras lanternas. ou ao menos achou que era isso que aconteceria. o ar que antes era ameno e confortável, transformava-se em algo frio, desconfortável de repente. algo incomum acontecia. a chama da grande fogueira mágica, que crepitava em tons de laranja, se apagou abruptamente, como se um sopro gélido do desconhecido a tivesse extinguido. o ar que antes estava preenchido com risos e música se tornou silencioso. as lanternas, que antes haviam subido em um espetáculo de luz e cor, agora flutuavam lentamente para baixo, caindo devagar sem o fogo para as alimentar.
raven perplexo e apreensivo, olhava para o vazio onde a fogueira outrora queimara. e isso piorou com a manifestação do poder do garoto esquisito das visões. a voz grossa e desconhecida, como uma névoa escura, inundava o local em pânico e trazia para si um aumento daqueles sentimentos ruins que antes tentou depositar na lanterna, quase como se trouxesse de volta para seu interior tudo aquilo ainda mais potente. seu desejo não iria se realizar e de quebra, ganhava mais um ponto para se preocupar. seria a hora de que em Tremerra? o fim? de quem era aquela voz? aquela energia que pairava no ar? podia sentir o gosto de ferro na boca, o gosto de lama pesada de tão forte a energia se espalhava pelo lugar. seus poderes não se descontrolavam por causa das luvas mágicas, mas era quase como se nem as usasse naquele momento, como se pudesse sugar a energia de tudo a sua volta.
foi a água em seus pés que lhe tirou daquela agonia interna, passou então a ouvir os gritos de desespero e pânico dos colegas ao seu redor. o garoto estava morto, derin parecia desolada e bree certamente era a autora de tanta água quehe trazia de volta à realidade. merda. a lanterna que antes tinha jogado ao céu agora estava ainda bem a sua frente a estrela desenhada no papel dava-lhe a certeza de que era a sua. sequer tinha chegado a subir tão alto. tudo o que tentava fazer era minado e destruído. o ovo virando pedra tinha sido um mau agouro ou apenas um sinal de que gothel tinha mesmo razão? ele trazia dor e desespero. ele era jabez. era assim que devia ser tratado. via isso agora.
personagens citados: @bolladonnas @justabreezz @devillvesteprada
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harmonicabreeze · 1 month ago
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wanted connections. tramas
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i want you back, i want you back / w-want you, want you back, uh! aqui tão algumas conexõezinhas que eu gostaria de desenvolver. algumas são mais em flashback, outras mais atualmente. mais que tudo: tento me manter aberto a qualquer ideia, então se algo chamar sua atenção (ou não, mas te der outra inspiração), me chama que a gente combina algo!
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sobre SANGUE,,,
001. (open! 0/+; m/f/nb; @) do prompt, "ume khajol estudante conhecide por todos como u mais habilidose nos Duelos Mágicos, oferecendo tutoriais individuais". se essas mentorias particulares são mais práticas ou teóricas, se são mais amistosas ou competitivas, se em grupo ou cof cof entre 4 paredes; enfim, se&se&se, a gente pode decidir. acho bem interessante e bem amplo pra dar a sua profundidade a cada um! {"o melhor presente Deus me deu: a vida me ensinou a lutar pelo que é meu", charlie brown jr}
002. (open! 2/+; m/f/nb; @thclioness, @) do prompt, "o primeio khajol homem a nascer em uma linhagem que só havia gerado mulheres por gerações". a família Eilonwy-Walsh esperava uma sétima filha quando ele nasceu. Significa que existiam ao menos mais SEIS (é sério) ANTES dele, e sabe-se-lá quantas mais DEPOIS. isso pra não falar de primos, tios, família-estendida ("como um irmão" & outros, por exemplo), e… ah, claro, também o pai e a mãe. (e avós se alguém se interessar, enfim, tem bagunça pra quem quiser) {"família, família: almoça junto todo dia", titãs}
012. (open! 0/1; f/nb; @) quando o sangue ferve, qualquer ideário de ética ou moralidade pode ser perdido, e mesmo o habitualmente calmo Gale pode se comportar de maneira menos... regida pelos bons costumes. aqui, a ideia é um drama amoroso causado por algum amor/caso proibido, confuso ou traidor. uma novela mexicana, um bafafá pela vizinhança, um climão broder entre os tensos. podemos combinar se a proibição é mais tabu, como uma atração estudante/professora, ou mais complicada pelas casualidades da vida ("a melhor amiga da minha ex é uma gata", por exemplo). {"ainda por cima é uma tremenda gata, pra piorar minha situação", seu jorge}
sobre GAITA,,,
003. (open! 0/2?; m/f/nb; @) e a bandinha do bairro, hein, cadê? na minha cabeça, Gale pode tocar alguns instrumentos - tudo meia boca, exceto sua gaita em forma de concha -, então é claro que, ideia inicial sua ou não, acabaria formando um grupinho musical. pensei inicialmente num terceto, mas que podia aumentar (com audições, quem sabe?), e eles teriam o maior compromentimento em ensaiar. isso quer dizer que, se forem "Rumors - Fleetwood Mac" ou "Mamonas Assassinas" das ideias, já tá mais aberto a cada integrante. {"lá se dorme um sol em mim menor: eu sinto que sei que sou um tanto bem maior", o teatro mágico}
004. (open! 0/1; m/f/nb; @) apesar da facilidade para a educação musical, Gale precisou de alguém para - de fato - educá-lo, né! esse tutor, ou mestre, ou companheiro, ou rival?… (omg it's rachel berry!) pode ser qualquer pessoa com alguma aptidão musical que, em algum momento, cruzou o caminho de Gale e lhe ajudou a lapidar as escalas e afinar as notas. {"sing us a song: you're the piano man", billy joel}
sobre MAR,,,
005. (open! 0/1; m/f/nb; @) mar calmo nunca fez bom marinheiro, e muito menos sozinho se movimentam cruzeiros. por sorte, o barco em questão era bem mais humilde e, em dois, já era bem mais fácil de movimentá-lo. em excursões despreocupadas ou por algum motivo mais épico e honroso, Gale sabe que pode contar com [[[muse 5]]] em um baile onde ambos são capitães e segundos-em-comando. {"uma luz azul me guia: com a firmeza e os lampejos do farol", tim maia}
006. (open! 0/1; f; @) uma tempestade nos mares mais revoltos pode causar várias sensações estranhas. nesse caos, seria estranho que, de tal ódio, nascesse… amor? eram aqueles beijos ríspidos fruto de algo mais pra lá do físico? provavelmente não, até porque [[[muse 6]]] (e/ou Gale) tem o coração atracado em outras ilhas. {"sonrisita nerviosa, entre besos se enfadaba: se le escapó un 'te quiero' a la que no quería nada", quevedo}
007. (open! 0/1; m/f/nb; @) é complicado de explicar o que afastou pessoas num momento tão próximas. de todas as estruturas de um barco, a âncora pode ser das mais importantes: e, quando [[[muse 7]]] e/ou Gale não puderam mais segurar um ao outro nas tempestades, afastar-se pareceu a solução mais justa… ainda que o (des)gosto de sal ficasse amargo na boca. {"and don't count on me 'cause i am drowning: please don't drown with me", the amity affliction}
011. (open! 0/1; m/f/nb; @) garrafas lançadas ao mar com cartas. quão mágico e improvável seria que essa correspondência fosse respondida? pois seja pela comunicação pouco provável, seja pelo posterior encontro, Gale e [[[muse11]]] tinham esse canal próprio, que permitia certas coisas que, por vezes, cara a cara poderiam ser mais difíceis. pra onde isso vai, é da gente combinar e ver! {"e agora o que me resta: escrever nessa carta", nxzero}
013. (closed! 1/1; @maredoomstryke) rios se cruzam em afluentes e principais. também se confundem as sensações, e ambos podem afetar as próprias águas mutuamente. mais importante: desembocam no mesmo mar. a relação entre Mare e Gale é essa de duas caras de uma moeda: recíprocos, espelhados, confluentes. {"na voz a vida ouvid dizer que os braços sentem e os olhos veem que os lábios beijam: dois rios inteiros, sem direção", skank}
sobre ESTIGE,,,
008. (open! 0/1; f/nb; @) a morte do dia seguinte da ressaca é, em geral, comparável com a vida da noite anterior. companheires de festa com beijos exagerados em estados ébrios, pela manhã há uma sobriedade esquisita entre Gale e muse. se é esquisito por não se lembrarem, por se amarem, por se odiarem… é aí que a gente combina! {"yo te quiero con limón y sal", julieta venegas}
009. (open! 0/1; f/nb; @) costumeiramente descontraído, leve e até por vezes honesto demais, Gale não é de faltar palavras, suar frio ou gaguejar. por isso mesmo, é tão interessante que na presença de [[[muse 9]]] ele se comporte nesse todo "sem jeito" atípico. todos já tivemos amores que deram vida e amores que deram morte… mas uma crushzinha dessas? é de matar morrido, envenenar corações e derrubar impérios. {"por un beso de la flaca daría lo que fuera: por un beso de ella, aunque solo uno fuera", jarabe de palo}
010. (open! 0/1; m/f/nb; @) a perda de qualquer ente próximo é difícil. o luto, por vezes dividido em 5 fases, não é tão linear quanto um videogame. seja porque Gale ajudou na preparação dos ritos fúnebres, seja porque houve um conforto póstumo (e mais interessantemente: confortando como?), muse não teve que passar por esse momento de fragilidade sozinhe. […] mas isso é bom? ruim? o que foi da relação de ambos depois? bora descobrir! {"ano passado eu morri: mas esse ano eu não morro", belchior}
014. (closed! 1/1; @ohaishwarya) às bordas do rio que tocava o mundo dos mortos e dos vivos, há açafrões macios misturados com íris e jacintos, e flores de rosa e lírios; assim como no Clube de Jardinagem, onde Gale e Aishwarya se encontraram plantando um laço de raízes mais fortes que as próprias flores. quando a confidência dela lhe outorga a ajuda do rapaz tocado por Manannán mac Lir, a botânica se torna uma saída da morte com poções que suspiram vida. {"moça, sai da sacada: você é muito nova pra brincar de morrer", supercombo}
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sobre NAVEGAR,,,
AAA. (de: @) outras conexões aqui!
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bibliotecabacon · 4 months ago
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Corte de Asas e Ruínas - Sarah J. Maas
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sinopse:
Em meio a guerra, é seu coração que enfrentará a mais árdua das batalhas... Corte de asas e ruína é o eletrizante terceiro volume da série best-seller iniciada em  Corte de Espinhos e Rosas.  Sarah J. Maas é uma verdadeira estrela: após apenas uma semana de vendas, a série Corte de Espinhos e Rosas estreou em segundo lugar na lista do New York Times . Ela também é autora da série Trono de Vidro , que já teve mais de 1 milhão de exemplares vendidos.
Seguindo os acontecimentos do volume anterior, Corte de névoa e fúria , acompanhamos a saga de Feyre Archeon, que suportou a fome, o frio e a desesperança, atravessou a Montanha e foi Sob a Montanha. Reclamou seu amor, quebrou a maldição e livrou o povo feérico da mais terrível ameaça... ou não? Amarantha pode ter sido aniquilada, mas o rei de Hybern pretende usar o Caldeirão para moldar um novo tempo; uma época de trevas e escravidão.
A guerra se aproxima, um conflito que promete devastar Prythian. Em meio à Corte Primaveril, num perigoso jogo de intrigas e mentiras, a Grã-Senhora da Corte Noturna esconde seu laço de parceria e sua verdadeira lealdade. Longe de sua corte, longe de seu Grão-Senhor e verdadeiro amor, ela reúne informações, na esperança de vencer Hybern.
Tamlin está fazendo acordos com o invasor, Jurian recuperou suas forças e as rainhas humanas prometem se alinhar aos desejos de Hybern em troca de imortalidade. O exército inimigo parece imbatível. Mas o sonho de Velaris é como um farol em meio às trevas. O ideal de um mundo mais justo
Enquanto isso Feyre e seus amigos precisam aprender em quais Grãos-Senhores confiar, e procurar aliados nos mais improváveis lugares. Porém, a Quebradora da Maldição ainda tem uma ou duas cartas na manga antes que sua ilha queime.
Sarah J. Maas faz questão de salientar neste livro que Rhysand e Feyre são iguais. A protagonista não é retratada como uma donzela fraca em perigo, ela realmente é uma guerreira forte e determinada!  Os personagens são muito complexos, todas as perguntas que permeiam a trama serão respondidas. Corte de asas e ruína é um romance épico que preenche todos os requisitos para um livro exemplar, abrindo caminho de forma impecável para o final de uma série inesquecível.
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caiminstitutehq · 3 months ago
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PLOTDROP: CÃES DE CAÇA.
De todos os grupos anti-corrompidos que se ergueram contra os Ascendidos desde o Ano da Pestilência, o Bloodhound era o mais perigoso. Soraya Aguirre sabia disso mais do que qualquer um. Os cães-de-caça, como eram conhecidos, eram verdadeiros extremistas: viam os corrompidos como mera parte da Pestilência, menos dignos da vida do que os próprios kueis. Vira com os próprios olhos incontáveis jovens chegarem em Majak resgatados de sequestros, ataques e testes laboratoriais orquestrados pelo grupo, o que naturalmente tornou o Bloodhound o maior temor da diretora.
O seu chefe de segurança não via o grupo como uma ameaça maior ou menor; apenas como um motivo extra para o nível de proteção da ilha. Mas em semanas como aquela, em que os alunos entravam e saíam de Majak mais vezes do que o normal, sempre abarrotados de materiais de construção e outros objetos grandes, era impossível que a equipe de segurança não se sobrecarregasse. E momentos de brecha eram sempre oportunos para que algo desse errado.
Makoa estava em sua sala, desatento enquanto gritava pelo rádio com uma parte de sua equipe quando alguém encapuzado saltou pela janela e aterrissou com um baque suave atrás dele. Ele ergueu uma sobrancelha, mas antes de se virar para a figura atrás de si, ela se moveu com destreza e força o suficiente para acertar a sua cabeça.
Com o chefe de segurança apagado aos seus pés, a figura encapuzada conseguiu com facilidade tomar o rádio em mãos e modular a própria voz para se assemelhar à dele.
“Atenção, equipe.” chamou, com o mesmo tom austero que o próprio Makoa utilizava. “Isso não é um teste. Abandonem os seus postos imediatamente e dirijam-se ao farol abandonado. Os kuei voltaram a escapar pela brecha em grande quantidade. Sejam rápidos, mas não façam alarde.”
Um sorriso se formou sob a sombra do capuz ao ouvir o bipe do rádio e ela inclinou o corpo sobre o parapeito, dando um assovio sonoro em direção ao oeste da ilha. Chutou o corpo desacordado do chefe de segurança por puro prazer antes de deslizar para fora da sala com a mesma agilidade que usou para entrar.
O plano era simples; a equipe de segurança dissipada e a ajuda dos correspondentes internos do grupo colocaria os verdadeiros cães de caça para dentro. Com a suposta ameaça dos kuei tomando as preocupações da equipe de segurança, o controle nos portões principais foi reduzido. Disfarçados e escondidos nos transportes de cargas, os extremistas conseguiram fácil passagem para dentro do instituto.
O objetivo também era simples; atacar os corrompidos, responsáveis por todas as mazelas que continuavam assolando Hiraeth. Os cães de caça que entraram sabiam que estariam arriscando tudo ao entrar no instituto, mas o importante era que a mensagem inflamasse o povo descontente pelos cinco continentes. Mostrariam que existem aqueles dispostos a enfrentar os corrompidos e trazer a paz e equilíbrio de volta ao mundo.
OOC:
O plotdrop de hoje usou como base o grupo criado pela Fang, player do Nishant, e que é importante para a história de um bom número de personagens da comunidade. Ainda que o background do seu personagem não envolva o movimento anti-corrompidos, como a existência dos ascendidos é cercada de controvérsias e eles são um grupo que em muitos lugares podem ser marginalizados, achamos importante trazer para o presente o contato dos personagens com essa realidade de serem um grupo que ainda recebe ódio.
Como sempre, a pontuação para escrita sobre o plotdrop é de 40 pontos. Para isso, basta sinalizar com a tag #povcmi e o nome do plotdrop antes de enviar no canal de pontos. Mas se a ação for combinada entre três ou mais pessoas (explorando a cooperação, combinação de poderes ou até mesmo ajuda caso algum dos personagens esteja ferido) e TODAS desse grupo postarem o selfpara, os membros do grupo dobram a pontuação, recebendo 80 pontos cada. Para identificar o grupo, basta que os personagens citem quem participou no tweet em que postarem o seu selfpara. (Ex.: #povcmi: cães de caça. com: @cmi_fulano, @cmi_fulano)
Os jogos e interações podem acontecer em todos os canais de Majak, com foco maior nas dependências do instituto. Alguns prompts específicos serão lançados em alguns canais do discord para dar ideias do que os personagens podem ter enfrentado em cada local! Como foi escrito acima, os seguranças da ilha foram atraídos para o farol. Lá, eles serão aprisionados e cercados por cinco kueis treinados pelo grupo extremista, além de alguns membros do grupo.
Os demais, poderão enfrentar os membros do bloodhound pelo instituto e mesmo em outras partes da ilha. Todos os cães de caça estarão vestidos em preto, com máscaras ou lenços que cobrem todo o rosto, dificultando assim a sua identificação. Eles podem portar armas brancas, mas também de fogo ou se utilizarem de experimentos, compostos químicos (e o que a criatividade mandar) para atacar. Utilizem esse drop para explorar as habilidades de combate físico e o uso dos poderes de seu personagem em momentos de conflito! Lembrem-se apenas de sinalizar possíveis gatilhos.
A entrega do selfpara referente a esse plotdrop pode acontecer até 31/08 para receber a pontuação integral, após essa data, passam a valer 30 pontos como outros POVs.
HORÁRIOS:
Os seguranças serão atraídos para o farol às 14h; por volta de 14h30, a ilha já será invadida e o conflito deve durar até às 17h. Após esse horário, apesar da ameaça neutralizada, autoridades ainda estarão circulando pela ilha para garantia da segurança mesmo ao cair da madrugada. Os feridos serão encaminhados para o Centro de Saúde e outras situações, como desaparecimentos e aprisionamento de membros do grupo Bloodhound, poderão ser averiguadas pelos personagens que não sofreram maiores danos. A situação só será completamente normalizada ao longo da semana.
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china-blue · 4 months ago
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saintabbonpromo · 1 year ago
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Saint Abbon de Fleury is looking for PAVO
lighthearted, mysterious, ambicious
quando sua forma de se virar é ser um farol e ao mesmo tempo um buraco negro, em toda sua juventude supostamente inconsequente, nenhuma reação para suas ações era calculada, pesada ou medida, mas ela sabia. sabia que viriam, e os aceitava quando chegavam. construindo e desmoronando pontes, fazendo o que queria, quando queria, da maneira como achava mais conveniente. acumulando amantes, então enchendo o saco e mandando todo mundo para o inferno. é preciso uma infinidade de olhos chamativos como os de uma cauda de pavão, olhando e sendo olhados, mas sem oferecer suspeitas quando você é a própria distração. é chamativa, colorida, dizem ter os pés longe do chão, sonhadora demais, mas não dá pra esquecer que ela é filha de uma mulher tarka, essa que deixou a ilha pouco tempo depois de dar a luz. seus modos atraem os olhares divertidos, e os julgadores. não deixam transparecer, no entanto, sua ambição. dissimulação em sua melhor forma. conquista sem parecer estar fazendo tudo exatamente como uma peça ensaiada, e se escora em mesas, gira, meio espaçosa, talvez desengonçada, como se cada passo não fosse calculado. seu pai, o chefe da ilha, esperava uma filha mais centrada para ser sua sucessora quando chegasse a hora. como pode parecer tão acessível, tão fácil de ser lida, e não ser conhecida por ninguém? talvez, nem por si mesma.
Mais informações aqui! Caso a encontre, por favor entre em contato pelo source! Pode avisá-la que será muito bem vinda e, portanto, que pode vir sem medo.
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greencruz · 1 year ago
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🧺 - our muses go on a picnic together (melanie & andreas)
SFW SHIPPY PROMPTS : ACCEPTING !
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um dos pontos favoritos da ilha se tratava do farol próximo ao museu. ficava a uma distância agradável do apartamento para caminhadas noturnas, próximo da galeria de arte dos ricassos da cidade (que vinha tentando agradar), e perto o bastante de melanie, que normalmente estava acompanhada de seu barco. andreas, como uma criança de ilha, talvez fosse tão atraído para a beirada do mar em honra às próprias memórias de infância, por mais devastadoras que fossem; resguardava a sensação dos pés afundados na areia molhada como uma lembrança reconfortante já que estava sempre sozinho, apenas ele e seus desenhos. portanto, não havia ideia melhor do que juntar praticamente tudo do que gostava num mesmo lugar. ou quase tudo.
ultimamente estava tentando se manter distante dos remédios, por mais que não fosse sempre bem sucedido. um de seus colegas de prédio havia dito que frutas ajudavam a controlar o vício por um tempo por conta da desintoxicação (e esse colega deveria bastante sobre, já que tinha passado por duas intervenções em pouco tempo) então, talvez sugerir piqueniques semanais fosse tanto um modo de passar tempo com sua pessoa favorita quanto de se iludir por horas o suficiente de que não voltaria correndo para suas pílulas assim que se sentisse mal ou tivesse crises noturnas. enfim. já era um começo. — você tem algum destino certo pros próximos dias, capitã? — apesar da pergunta, antes que melanie pudesse responder, estendeu a mão até a cesta e pegou um cacho de uvas, em seguida, o levando até a boca da moça. só depois esperou a resposta.
por um momento tirou seus olhos da chwe para olhar o mar. trazia memórias demais, e, inclusive, o recordava que havia descoberto algo interessante sobre seus pais após uma visita às ruínas de sua casa antiga não fazia muito tempo, onde também soube que o tio ainda não havia falecido, embora sua doença o tivesse deixado com uma aparência tão repugnante quanto sua personalidade, e que ele havia partido há muitos anos exatamente como andreas suspeitava. — andei investigando mais sobre os jung e encontrei umas informações. — preguiçoso, estirou o corpo e abraçou a silhueta de melanie, tirando uma pequena quantia de tempo para beijar suas costelas, depois ergueu a cabeça para olhar seu rosto. — aparentemente incêndios criminosos são uma coisa que eles fazem? não sei por quê. mas eles ateiam fogo em mansões. — apesar do tom praticamente monótono, a inquietação das mãos na cintura da mulher demonstravam uma ansiedade que só aparecia durante sua sobriedade, onde o peso de tudo vinha por completo. 
— eu queria saber se você quer fazer uma viagem comigo. — para demonstrar um pouco mais de seriedade com o convite, se ergueu mais uma vez tornando a se sentar ao seu lado. as mãos, porém, ainda teimavam em continuar a tocando, acariciando as coxas levemente, quase repousadas. — não sei o que a gente pode encontrar, nem o que tem pra se descobrir e talvez seja perigoso. mas, tem muito mar pela frente, muitas paisagens bonitas e muitas ilhas por aí. — pela primeira vez abriu um sorriso, e acompanhando a empolgação cedeu à vontade de beijá-la, apesar de ser só um rápido contato. às vezes se perguntava se a intensidade de sua adoração era um problema para ela. e as vezes, não sabia discernir o que desejava fazer mais: olhá-la como uma obra de arte singular, desenhá-la com sua inspiração infinita ou simplesmente tocá-la, como estava fazendo agora. e as vezes achava que era o conjunto de tudo que o mantinha naquele círculo: quando a segurava, tudo o que queria fazer era continuar colado nela, e era esse desejo que sempre o inspirava a desenhá-la. os olhos, a boca, o sorriso, a silhueta...
— seríamos só nós dois. por dias. e eu poderia te comer em qualquer lugar também. — ergueu uma das sobrancelhas, depois foi atrás de outro beijo. só que dessa vez queria um de verdade. as mãos nas coxas não tinham mais o mesmo toque suave, pelo contrário, a maciez da pele despertava o ímpeto de apertá-las nos dedos, também aproveitou que estavam ali para puxá-la até seu colo. — o que você me diz? — questionou, mas não estava olhando em seus olhos, seu foco estava na quantidade de pele que cobria com beijos até conseguir afundar a cabeça no meio dos seios. — você quer ir comigo? — a voz saiu abafada, e riu do próprio tom, dessa vez, erguendo a cabeça de novo para olhá-la, enquanto as malditas mãos inquietas continuavam traiçoeiras e escorregadias.
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flavia0vasco · 10 months ago
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Era uma vez um pescador morto por uma baleia no ano de 1900 nas águas da Bahia. E os ossos seu único vestígio na areia da praia de uma ilha deserta muito longe dali. Esse, o fato verídico. Agora, a lenda é pura invenção. De um jovem escritor que viajou para desbravar essa história através da imaginação e lhe deu um nome: A Ilha do Pescador. Sua fonte de inspiração, um recorte de jornal. Da época. O próprio pescador e seu barco de pesca artesanal. E na memória do garoto de outrora a imagem do avô, também pescador. Seu ídolo e herói.
Carlos Aranhos
Em memória ao meu avô.
                                               A Ilha do Pescador
A Ilha do Pescador: uma história de aventura, sonho e fantasia
por Flávia Vasco
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Cansado da vida desencantada da megalópole, André parte numa viagem rumo ao desconhecido, carregando na bagagem apenas a imaginação, em busca de um passado perdido, de encontro às estórias de mar e de pescadores.
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Roteiro
Cena 1: um velho, aos 92, em farrapos, afunda revolto sob a forte sucção da água no oceano, morto, em meio aos destroços de um naufrágio. (Fade out)
Cena 2: (Fade in) (Plano aberto) a câmera sobrevoa o mar. No centro, o homem, aos 69, é rodeado por uma baleia e dois filhotes, ao lado de um barco à vela.
Cena 3: (Plano médio) os personagens brincam.
Cena 4: (Plano Americano) o homem, barbudo, chapina água contra os cetáceos. A baleia borrifa na fria atmosfera o ar quente e úmido, condensado em gotículas de água.
Cena 5: (Primeiro plano) rosto do homem. Feliz e sorridente.
(J Cut. Trilha sonora de suspense)
Cena 6: o ataque do tubarão:
***
1924. Ao longe, uma barbatana dorsal é vista. O alvo é Sancho. A fuga é instantânea. Auxiliada pelo homem, que de volta ao barco, se interpõe entre o caçador e a caça. Arma rápido uma bocada de isca fresca pra atrair o grande peixe. O tubarão caiu. Com o arpão feriu-o nas brânquias. Com fúria, o animal atirou-o fora do barco. Na queda, perdeu os sentidos; mas, logo se recuperou, à superfície. Outra investida estava reservada contra ele. Foi quando mergulhou fundo e desferiu um golpe certeiro na altura do focinho, com uma faca que levava junto ao cinturão. Um segundo golpe foi tentado na altura dos olhos, mas passou só perto. Foi aí que apareceu em cena, a baleia-mãe para ajudar. Com uma cabeçada estonteante, combaliu o que restara do tubarão, livrando o pescador de um novo ataque. Recolhido, o tubarão recuou. Mas, não por muito tempo. Bastou que o valente homem retornasse sem fôlego ao barco, para que a fera desse meia volta e, sem piedade, desferisse uma mortal mordida sobre a cauda de Sancho. O pequeno animal logo esvaiu em sangue que tingiu toda a água. Tentou sobrenadar sem escapar à luta, mas foi em vão. O tubarão vencera. Caiu morto, sem recurso. Terminando devorado pelo temível predador. A mãe aflita, nada podia ou pudera fazer. Recuou com o outro filhote, mais velho, para além de sua jornada, a fim de pelo menos garantir a sobrevivência de ambos. O Pescador ... assim, o conheceríamos, somente observou o êxodo dos pobres amigos, com os olhos cheios de água.
(Smash cut)
Título: A Ilha do Pescador
Sinopse: um jovem fascinado por estórias de mar e de pescadores sai em busca de inspiração para escrever a sua própria história. O que encontra são pistas, e a partir daí descobre que não tem mais nada com que contar senão com a própria imaginação.
Num mundo desencantado,
onde não há mais segredos,
é preciso inventar.
Primeira Parada: A Ilha do Farol – A Partida
O espetáculo das baleias. O que sobrou de um passado de glória, que sucumbiu à submissão do poder do homem, esse ser predatório da natureza. Espetáculo (!) porque se deve a ações conservacionistas mais recentes que garantem a perpetuação dessa espécie, e deslumbram os olhos dos turistas em busca de uma foto. Mas, essa é parte de uma história que eu já sei. Como é contar uma história que ainda não sei?
Acordei hoje cedo pensando que estava na vila. Queria fazer meu próprio café, mas estava na pousada. Contrário a todas as minhas expectativas e fantasias, ali não era tão comum ser diferente e se contentar -- caso encontrasse -- com uma autêntica casa de pescador, e pretender fazer parte daquele cenário, buscando novas amizades. Não, sem chances. E eu não vinha pra ficar, estava de passagem, e sequer era pescador. Meu mundo era outro, e como OUTRO que eu era, embaçava-se minha vista de como deveriam ser as coisas na realidade: a vida na vila. Ainda assim, impregnado de estrangeiro, vindo da cidade grande, esperava me encantar com a minha viagem. Fosse com as estórias do lugar, fosse com os passeios fora do guia de viagens, fosse com a falta mesmo do saber.
Assim cedo demais acordei. A escuridão lá fora, bem cerrada, me dizia que em dias normais não era hora de levantar.  Eu me antecipara em uma hora ao despertador do relógio de pulso, pousado sobre a cômoda do lado da cama, ao alcance da mão. Precisei ir ao banheiro, tateando no escuro, e logo voltei a me deitar, e cochilei. Permaneci em estado de vigília com medo de perder a hora. O barco sairia assim que o sol apontasse os primeiros raios; assim instruíam os moradores aos turistas. Quando acordei de vez, lembrei de desprogramar o alarme, e me sentei na beirada da cama pra tomar um gole d’água fresca da moringa, de barro, fria. Despejei o líquido na caneca de estanho, com alça, e tomei. Agora, algum ruído eu ouvia que vinha da cozinha, as primeiras panelas do desjejum dos madrugadores. Não demorou muito, sentado à mesa, senti o aroma de café abrindo minhas narinas, confrontado meu hálito quente do primeiro gole com o ar gélido da manhã. Eu trocara minha roupa de dormir por um cardigan azul marinho, com detalhe vermelho-branco no bolso e na barra da cintura ... dotado de gola v, abotoado na frente sobre uma camiseta branca. Com uma calça jeans, combinando com meu sapatênis casual zípper, vermelho e azul também. 
Não tive pressa. Desfrutei do ócio, me entregando completamente à cadeira, quase deitado contra o costado de estrado de madeira, com os braços cruzados. No quarto, praticamente intocada, minha tralha era só uma “big” mochila com um bocado de coisa dentro: um pulôver branco e preto ziguezagueado em duas listras delgadas, vermelha e branca, no peito e na cintura; um conjunto moletom blusa bege siri e calça preta 100% algodão, fechado; duas bermudas com bolsos laterais: uma marrom e uma azul marinho; uma regata branca; uma camiseta 100% algodão branca e uma preta também; uma camisa branca de cambraia, conjunto com uma calça também branca, do mesmo tecido; uma sandália de couro, marrom claro, de dedo; um chinelo havaiana branco; e, um pijama meia malha azul anil, com fecho em botões pretos. Pouco menos que um look versátil meu na metrópole nos dias de trabalho: suéter azul marinho, camisa branca, relógio dourado, cordame bege e marrom no outro pulso, calça de brim preta, e mocassim marrom.
Pra completar os acessórios: snorkel; óculos escuros; boné; toalha branca; um punhado de blocos de anotação; algumas canetas pretas; nécessaire com artigos de higiene bucal, mais cosméticos como shampoo, condicionador, 5 sabonetes, 3 tubos de protetor solar; 5 cuecas; 2 sungas; 6 pares de meias socket: 3 brancas e 3 pretas; e 2 pares de meias de lã grossa: uma branca e uma preta.
No bolso lateral esquerdo: o celular Iphone, última geração, com o Power bank possante, apropriado pra viagem. Enquanto, num dos bolsos falsos, guardara o certificado de mergulho e o ticket de translado até as praias. No outro, um bocado de dinheiro em espécie.
*A cinta elástica de pano trazia amarrada junto ao corpo, por dentro da roupa, pra provisionar algum valor a mais. E a carteira de couro preta com poucos tostões, documentação pessoal, e cartões do banco, levava normalmente no bolso da calça ou bermuda.
Ademais, o pé de pato ia dependurado no ombro, num estojo de pano. Também o tripé. Assim como uma mochila menor, de apoio, com o notebook, 14 polegadas, compacto, com boa portatibilidade, junto a uma Canon Eos com lente EF 50 mm, munida de filtros de cores primárias, e um estoque de rolos de filme preto-e-branco e colorido.
Uma relíquia me fazia companhia pra onde fosse desde a adolescência. A foto de meu tataravô emoldurada em vidro de presente do meu avô. Nicolau. Também presente dele eu levava a tiracolo uma foto de meu bisavô ainda bebê tirada pela mãe Emma, além de um desenho dele já velho feito por meu avô. Tudo emoldurado. Era com a minha baleia de pano que ele brincava comigo fazendo truques e traquinagens de fantoche. E me enchia de estórias de pescadores da Bahia, de onde vinha, e onde era casado com uma baiana. Minha família descendia por parte de pai de artistas. Minha tataravó, seguiu a profissão do pai que era fotógrafo profissional, mas de forma amadora. O avô dela era um homem de renome nos primórdios da fotografia na França. Emma era o nome da minha tataravó e o que se sabia dela é que tinha sido abandonada pelo meu tataravô e corria uma mágoa amarga sobre ele. Guardei os retratos e o desenho na mochila de mão.
Comi e bebi pouco. À mesa, uns pães de sal, café de coador na cafeteira preta, umas fatias de queijo muçarela e presunto, leite frio de saquinho servido na vasilha de plástico própria dele, umas bolachinhas sortidas e uma única banana. Só. Eu estava acostumado a um desjejum mais farto ou singular em outras estadias standard, de boas pousadas três estrelas das cidades do patrimônio histórico e paisagístico, de Minas e do Nordeste, no caso Recife. E também com o requinte dos cafés franceses e italianos, sem falar no brunch americano. Mas, não escondia minha predileção pelos mineiros nas primeiras horas do dia: fosse o pitoresco acervo gastronômico, material e natural das fazendas rurais tradicionais e rústicas, na minha hora mais feliz do dia -- a aurora da manhã --, fosse o refinamento, estilização, padronização e simplificação das pousadas na cidade.
No primeiro caso (o café pitoresco mineiro) pra falar a verdade muito ou pouco do que era servido não era uma questão: não se tomava por medida. E sim a qualidade da experiência. A mesa farta ou não, não contava. O lugar grande ou pequeno, com pouca ou muita atração, também não. O que contava mesmo era a natureza da coisa vivida, capaz de impregnar nossa experiência de memória. Sempre me refugiei nesse canto da essência pra fugir à morte imposta pelo cotidiano, pela rotina e pela repetição. Sempre tentei não sucumbir aos devaneios deletérios, drogas e surtos psicóticos de uma vida monótona, me refugiando nessas experiências do passado e dos sentidos, que moram na nossa imaginação. Pra não fugir à realidade em desespero, me impus a disciplina de um espírito livre, e desde pequeno me apeguei ao sonho, pra me salvar do massacre e amortecimento das HORAS. Viciantes e “nonstop” (na falta de uma palavra melhor, em português), ELAS sempre correndo, se fartam nos engolindo, sem condição de salvação. Ou, de restauração da psique ou do corpo. Nos consomem sem dó, em stress e cansaço. Esgotando nossas forças. Alimentando todas as doenças da alma. Nessa pressa. Nesse Vazio. Damas do aprisionamento, diabólicas. Assim ELAS galopam incessantes, sem páreo, ou descanso, cedendo à repetição desarrazoada e absurda de um Tempo sem sentido já há muito vivido abaixo da abobada celeste pelos seres humanos.
Desfrutei por vezes junto à “mesa” caipira, rica e simples, de momentos inesquecíveis. A cozinharia mineira integrada aos processos naturais de preparo dos alimentos, tantas vezes demorados, não era separada do entorno de delícias junto à natureza, entre bichos e seu habitat.  Vivi um mundo de volições dos sentidos. Vivi outro tempo e modo de vida.
Numa dessas vezes, lembro do leite da vaca, quente, tirado na hora, que meu organismo fraco do sedentarismo e artificialismo da vida moderna exigiu ser fervido antes, pra evitar a contaminação por bactérias, dado meu organismo sem defesas. Mesmo assim, o bigode branco da espuma e o calor da bebida me marcaram. Tanto quanto o gosto forte e gorduroso do lácteo, estranho ao meu paladar, e contraditoriamente rejeitado e deleitado ao ser descoberto. Lembro de ter feito uma careta de nojo, e sentir ânsia de engolir por me parecer sujo e anti-higiênico. Falta de um contato mais íntimo com a natureza e seus processos vitais. Já, para os antigos, bastava um esguicho forte tirado da mole, lisa, tépida e pegajosa teta da vaca (pra mim enervante) pra, assim espremida contra a boca, sair quente ou morno o líquido, sem risco de fazer mal à saúde. Podia mesmo uma canequinha ir a reboque pra entornar o primeiro reforço da manhã. Aquilo, espumando, era misturado, muitas vezes com o sal ou a cachaça, pra servir de fortificante e despertador. O caboclo virava aquilo de um gole só, garganta abaixo, e estufava o peito, revigorado, nutrido horas a fio, numa explosão de energia, pronto pro trabalho pesado das primeiras horas do dia. Era ótimo pra curar ressaca.
Outra vez, na fazenda da minha amiga era costume passar o mel no pão. Nunca tinha ouvido falar nisso. Eu era menino. Tinha crescido na cidade grande à base de manteiga. Melhor, margarina. Cedo, antes de irmos ao curral tirar leite, fomos ao apiário. O irmão dela, apicultor, todo paramentado em vestimenta própria, máscara com véu contra picadas, luvas, botas de galocha, todo de branco, foi até o tambor da colméia, e de longe vimo-lo fazer toda a operação. Com cuidado, examinou a produção das abelhas, e tirou lá de dentro um torrão de favo, pingando o néctar. As abelhas em polvorosa o assediaram. Ele tirou o tanto quanto havia da cera fabricada, e estocou-a num contâiner de plástico, transparente, vedando-o, em seguida. Estávamos extasiados. O zum-zum nos chegava, e enquanto ele vertia o própolis no vidro esterilizado, sonhávamos com a hora de prová-lo. O favo mesmo foi posto na mesa da cozinha para chuparmos a seiva do mel de dentro da cera. Como esquecer! Eu pouco acostumado, achei que fosse me fartar, atraído e desvairado, com a pureza do experimento inédito. Tirei com a faca um pedaço de caber na boca, e logo enjoei, de tão doce. Quase me decepcionei por não poder mais. Então era assim, nem tudo que é bom demais, pode se ter em demasia. Às vezes basta degustar. É o caso do mel. Pelo menos pra mim. Mas, jamais saiu da minha cabeça o gosto da cera.
Nesse dia foi só isso o café da manhã: leite, pão e mel. E uma profusão de cheiros a me invadir o nariz, a bosta de vaca, a grama orvalhada da manhã, lá fora, o pêlo suado de cavalo - lembrando a textura da crina e do couro liso depois que o alisamos e distribuímos o sal na estrebaria -, o cheiro do chiqueiro dos porcos rosados, roncando enlameados, entre o roer das espigas de milho granadas, e restos de lavagem. E outro cheiro tão característico! A titica de galinha, dessas que ficam entre os galos garanhões, ciscando no chão do terreiro o milho encruado e a quirela, jogada de mãozada ... enquanto, nos poleiros, as teúdas e manteúdas chocam nos ninhos seus ovos de pintos. E cacarejam, cá e lá, batendo em vôo raso as asas, aqui e ali, depenadas.
Chegavam ali à cozinha, numa sinfonia, todas essas peripécias, batendo no olfato virgens suas essências.
Na cachoeira, pós-café, a macilenta argila escorregadia sob os pés e entre os dedos melequentos, estourando borbulhas minúsculas, e puns indecentes, apareceu marrom, como na gamela da fruteira, e na caneca de cerâmica, sobre a mesa da cozinha, lado ao lado com o copo de latão reluzente. E as panelas de argila queimada no fogão a lenha de alvenaria singela guardada de segredos, borbulhavam sobre a trempe de ferro fundido, o feijão preto colhido no roçado, fumegando a todo vapor, à combustão da lenha rachada, alimento do fogo avivado pelo sopro, espalhando a cinza das aches, em meio ao negro rastro de fumaça queimada, dos tições em brasa.
De outra vez, não esqueço, puseram-me na boca salivante o queijo mofado, maturado na dispensa úmida e fria, sob condições artesanais de preparo e cuidado. Um quartinho escuro, mal iluminado, com estantes de tábuas de madeira velha, onde descansavam os queijos redondos cobertos por uma fina camada de casca de fungo, eram protegidos por um véu de tule, a cair do móvel, pra livrá-los da ação indesejável de moscas, mosquitos e varejeiras. Um cheiro acidulante e azedo, penetrante, enzimático e lácteo, subia pelas paredes do cubículo, sintetizando a microbiótica e o ambiente. Mereci levar um exemplar desses pra casa, e casei-o com o doce de leite, figo, cidra, goiabada e o melado nas compotas cheias tiradas do tacho de cobre gigante da propriedade.
Na cidade, na pousada (no segundo caso, em que se tem o café refinado), a refeição matutina era um banquete de encher a boca d’água. Diversidade de pães doces e salgados: à base de ervas e farinhas de todos os tipos; bolos; biscoitos; bolachas; broas; queijos; requeijão; pão de queijo; torrada; café expresso, para além do de pano da vovó, e o de coador; leite; chás; sucos naturais de mamão, laranja e melancia; iogurte; coalhada; mel; geléias; frutas como melão, mamão, melancia, banana e abacaxi; ovos mexidos; fritada de cebola, tomate, presunto, queijo e cebolinha (ou omelete, irmã gêmea, com recheio a gosto); panqueca; waffle; salsicha ao molho; cereais; achocolatado; e uma mesa de doces.
Agora, tratava-se de pernoite. Não esbanjara na estadia. Local simples, seguro, bem localizado, módico. Do porto logo ali do lado partiam os barcos de passeio para as praias do litoral da Bahia. Meu pacote incluía um percurso que cobria quatro delas em cinco horas. Com direito a permanecer por dois dias na última para aproveitar mais a viagem. Dali, era por conta de algum inusitado curioso, ir além e, nos confins do mar, muito além da orla praieira de Cabo Coral, combinar com o canoeiro, personagem envolto em mistério da Ilha Perdida, ir até a mítica Ilha do Pescador. Lugar remoto, de todo perdido no horizonte das rotas de pacotes turísticos paradisíacos. A ilha inspirava assombro e mistério, para os que dela se aproximavam com suas estórias de pescadores, e antigo porto baleeiro.
Eu tomara o cuidado de separar o que achava necessário para além da travessia, guardando aquele vestuário para os dias frios da noite e o calor intenso do dia. Fora precavido. Ficaria uma tarde na misteriosa Praia dos Sambaquis na Ilha do Pescador, eventualmente visitando outras praias, quando o barco de volta me recolheria para a cidade mais próxima, muito além da laguna, a milhas e milhas de distância.
Na cidade, junto à baía, as ruas de pedras lisas cobriam o entorno do centro histórico, ramificando-se tortuosas e estreitas, entre as casas, solares e sobrados coloridos, que ora descortinavam nas treliças de seus avarandados e sacadas, tapetes patchwork álacres, feitos pelos artesãos locais, arejados nos dias de faxina, ensolarados. Uns chegavam a ser tão bonitos que não passavam despercebidos ao olhar sensível de um fotógrafo, pronto a revelá-los em suas cores vivas e puras, contra o fundo preto-e-branco de uma fotografia.
Era em contraste com essa paisagem quase térrea, encimada e engolfada pelo céu imenso, que subindo por ladeiras até a parte mais alta dos principais bairros que davam uma vista privilegiada do contorno de toda a orla praieira, que se podia ver bem mais além a quase perder de vista, como um ponto branco, sob um rochedo na imensidão do mar, a partir dos arredores do cais, o Farol, referência da principal praia da baía, destacando-se acima da plataforma do forte, na arrebentação das ondas, solitário e hirto, acalentando os navegantes necessitados de orientação, e estampando toda sua tradição nos cartões postais da costa do continente.
A pousada ficava ali, entre a parte baixa e a parte alta, não sem contar com transporte à mão para os deslocamentos entre as duas. A distância até os barcos era irrisória, de uns dois quilômetros, podendo ser feita a pé. Mas, devido a algum desconforto da bagagem, desencorajava o percurso. Sendo inevitável contar com um Uber para checar nas baias numeradas do ancoradouro, as placas de metal ou pirogravuras de madeira, com o desenho do barco e seu nome de batismo, para o embarque. Eram acorrentadas nos mastros de amarração dos barcos. Cada uma parecia como um bom cartão-postal à base de maçarico. Obras de arte popular, fruto do trabalho artesanal anônimo.
Saindo da porta da Pousada dos Diamantes até a Galera do Albatrozes, mais à direita do ancoradouro, não se levava mais do que cinco minutos. Assim, André, contando com tempo, mas não querendo correr nenhum risco de atraso, antecipou-se na saída, ainda atrás do sol, para evitar tumultos e imprevistos.
Desceu na terceira plataforma, sobre a esteira de ripas longitudinais, rijas, compactadas e grossas, suspensas do ancoradouro, tendo visto ao longo do caminho conjuntos de pontos de luz tremeluzentes das lanternas dos celulares, esparsos, dos grupos de turistas, que iluminavam a baixa noite, enquanto aguardavam a aurora. Contava que, dentro em breve, os tons mais claros do céu desceriam, anunciando a manhã e com ela o sol, previsto para brilhar aos 25 graus Celsius, às 10 horas. À sua frente, as silhuetas dos companheiros de viagem resplandeciam contra o amarelo ocre da luz dos pequenos holofotes, e o marulho das águas ao fundo trazia um dejà vu, sobre a sombra flutuante do breu das embarcações, cobertas de frio pela brisa, e sereno da madrugada. Havia poucos tocos de madeira, e algumas pedras do mar, que serviam de assento, junto à cerca lateral. As mulheres e os mais velhos se revezavam à espera da partida. Ainda era pouca a conversa. Nenhum contato, quase. Tudo era silêncio, murmúrio e quietude. Apenas um homem andrajoso, em seus avantajados anos, comido pela calvície, em meio aos fios brancos despenteados, e a dura barba rala por fazer, permanecia andando de um lado pro outro, inquieto, a fumar um cigarro de palha, e a bater contra a coxa uma velha boina puída, marrom. Vez ou outra passava a mão na cabeça, o olhar cabisbaixo, aflito. Mal esperava pra sair do lugar, parecia. Os demais, poucos em pé, com as mãos nos bolsos, ou braços cruzados e, mais além, algum outro sob a fumaça enevoada de um cigarro, ou ainda algumas crianças, entre seis e dez anos -- encolhidas no chão e com as mãos nos joelhos --, davam a idéia de seres bem comportados, íntegros, limpos, bem vestidos, bem agasalhados, bem nutridos e bem protegidos. Longe das cenas torpes e sujas dos pederastas de cais, que inspiravam um Jean Genet, envoltos em decrepitude nos arredores dos becos, escuros e fétidos, da cidade baixa. Ou dos bares e puteiros a la Charles Bukovski, que podiam servir de um imaginário marginal nas proximidades das zonas de decadência, fosse esse o caso da nossa cidade costeira.
Não devia haver muitos mais a aparecer, já que a tripulação deveria ser pequena, pois o barco não era muito grande. A essa altura, não se constatava excitação alguma, apenas rostos pendentes, entre o sono e bocejos, conquanto felizes, por embarcarem numa relaxante e contemplativa aventura.
Em pouco tempo mais gente apareceu. Até que a luz tomou no céu os seus primeiros contornos de rosa, lilás e anil, convocando o dono do Albatrozes a fazer soar o apito, ensaiando um primeiro sinal de que já era hora de embarcar. Uma fila se formou, sob a orientação de um ajudante de ordens, que checou toda a documentação. Embarcou um a um, junto à prancha que subia até o piso do barco. Em seguida, foi dada a partida nos motores, e cinco minutos depois, soaram dois avisos sonoros, graves, para anunciar a saída. Estávamos todos a bordo.
O sono se dissipara. O ar dos pulmões se renovava a pleno vapor. O timoneiro era o próprio capitão, sob o comando de seu próprio navio. Era um tipo reteso, enegrecido, boa-praça, de boa estatura, barba grisalha, com pinta de marinheiro, trajando uniforme branco impecável, e um quepe da Marinha de fato, mas em vez do cachimbo “de poppye,” trazia na boca uma cigarrilha, quase sempre acesa, como companhia. No peito vinha o patuá. A fé no Guia. O cordame de Ogum. Azul, verde e branco. Aliás, o capitão tinha por apelido, esse mesmo nome capitulado: todos o chamavam Capitão, somente. Sua história era cheia de audácia. Tão acostumado a estender seus sonhos por outros mares e praias, acabou por fim, por se recolher na rota do passeio turístico, de curta duração, só pra não se aposentar. O Albatrozes era homenagem a uma travessia que fez à Antártica em meados de 1980, num outro barco especialmente construído para isso: o Escuna Extremo Sul I. Ele, o Capitão, foi “presenteado” no inverno, sob forte vento, por uma maciça presença de albatrozes em mar aberto. Isso registrou na mente dele o significado do infortúnio por que passou, na ocasião.  A escuna passou por uma travessia perigosa, e encalhou num bloco de gelo, embicando de quilha, sobre ele, criando assim dificuldades para se desprender. Foi necessário esperar por uma movimentação das placas de gelo, o que durou cerca de uma semana. Nesse intervalo, temeu-se que ambos os tripulantes, ele e o companheiro de aventura, sofressem um naufrágio, caso houvesse alguma avaria, assim que solto o veleiro. Foram dias tensos, em que pouco se podia fazer, apesar do uso de ferramentas especiais para tentar abrir trincas no gelo. Por fim, a sorte os recebeu, e uma nova acomodação do gelo abriu caminho para içar velas. O casco intacto.
Mais tarde, como nos contou, ele mesmo diria: “Ainda que esses breves momentos de angústia não superassem tantos outros piores na história da navegação, ainda sim a presença dos albatrozes com seus guinchos era reconfortante naquele isolamento acústico, só quebrado pelo eco do ar gélido escalando as altas paredes das calotas polares; ainda sim, era reconfortante a presença dos albatrozes naquele referencial inerte, em que tudo se movia, menos nós, entediados de centro, envoltos em puro azul e branco, entre céu e mar, dia e noite. Só mesmo o bico preto das aves, cruzando o ar, para nos livrar da monotonia, e nos fazer brincar de novo; ainda sim era reconfortante, porque não estávamos de todo sozinhos, apartados da civilização. Havia sinal de vida. Era bom tê-los. Simbolizava na pior das hipóteses, que tudo ia bem. A vida seguia. Não era mau agouro. Apenas uma lembrança do infortúnio, em meio ao qual ficou uma lembrança boa deles.”
Essa e outras histórias faziam parte do currículo de vida do navegador e aventureiro, que explorou toda a costa atlântica brasileira, e parte da pacífica onde as águas banham países da América do Sul. Realizou, aí, inúmeras transações comerciais via o transporte náutico, e se rendeu ao ardente desejo de desbravar novas experiências, tanto no continente quanto em alto-mar. Saíra bem jovem da Bahia, e a ela retornava próximo ao fim da vida, sem nenhuma ambição, apenas a de descansar e deslumbrar-se com o vai-e-vem dos turistas, e das embarcações. Nos últimos três anos, chegado à terra natal, registrava diária e secretamente em seu íntimo, sob olhar atento e amiúde, as mudanças havidas desde seu tempo de menino. Já não era mais constante o desfilar sábio dos fenômenos naturais. Eles já não seguiam uma ordem própria, consoante a harmonia com o Todo. O ritmo da natureza estava quebrado, e não havia volta. Isso todo mundo sabia. O mar continuava um mistério, mas tinha perdido o encanto.
O sol frio ameaçava pairar sobre nossas cabeças, e não havia esperança de que o vento se aquecesse tão cedo. Levaria um tempo até que os motores fossem reduzidos a uma potência mínima, e o mormaço nos alcançasse trazendo à tona os cardumes de peixes. Chegada a hora, o Capitão, então, nomeou-os um a um.  Também fez questão de dar uma idéia do ecossistema subaquático marinho, sem se esquecer de pontuar as principais ações dos órgãos de preservação do Santuário das Baleias: os CPFA (Centros de Pesquisa e Fiscalização Ampla), e suas subdivisões segundo as especialidades técnicas de cada órgão, tanto em terra quanto em mar; e, os CPFR (Centros de Pesquisa e Fiscalização Restrita), igualmente subdivididos segundo as especialidades de cada área técnica, vinculadas aos respectivos órgãos, voltados para as comunidades praieiras no entorno do Projeto Piloto, e ações específicas a se desenvolverem no controle da qualidade do mar e sua orla. E presidindo essas duas chaves principais do organograma com suas subdivisões, estava o NPSB (Núcleo Preservacionista do Santuário das Baleias), que com base no seu Projeto Piloto, subdividido em áreas do entorno de preservação, integrava ambos os centros já mencionados, mas com interface para o Turismo. E como estandarte simbólico mantinha a mínima gestão de operações na pedra do Forte, onde ficava o Farol. Com atenção para o que se passava próximo, no mar. Assim, havia uma equipe de salvamento e primeiros socorros, e de controle da área de turismo (manutenção da infra-estrutura de banheiros e trilhas, gestão do museu da baleia, suporte à equipe de mergulhadores e apoio ao comércio ambulante). Havia uma parceria com a Marinha, no controle da entrada e saída dos barcos, não podendo exceder em 345 os visitantes com acesso à pedra. Disso se estimava o número de barcos a acederem ao Farol.
Mais uma vez forçados os motores, o atraque no nosso destino era breve: questão de vinte minutos; até lá, vídeos e fotos flagrariam a passagem dos golfinhos, não prevista no script. Tempo para risos, chats e conversas. Grupos de casais, amigos, familiares e empedernidos solitários, como eu, ali, confabulavam, enfim. Não podia faltar, contudo, o Capitão. Imortalizado, mais uma vez nas tantas imagens.
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nicolasdelavy · 1 year ago
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fredccassar · 10 months ago
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mago e cavaleiro da ilha do farol - jan 24
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