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Notas de tradução: Hongxia (红侠) | "A Guerreira Vermelha"
N/A - Notas de tradução são uma parte importante e relevante da jornada de uma legenda, ainda mais uma que é originalmente bilíngue, como vou explicar ao longo desse post. Decidi elaborar as notas com imagens e exemplos para que possa ficar o mais próximo possível do processo real.
Para legendar ao filme eu o assisti seis vezes, revisei inúmeras vezes, consultei mais de uma legenda alternativa, testei todo o meu aprendizado do chinês, e estou feliz com o resultado. Sinto que posso melhorar, que a próxima legenda ficará melhor, mas foi uma longa jornada! Espero que gostem ❤️🩹
1. Traduções equivocadas do intertítulo em inglês.
Vamos começar pelo mais temido: as traduções equivocadas do próprio intertítulo em inglês! Sim, isso acontece durante todo o filme, e, logo no começo, quando aparece o nome da Vila das Amoras e o Condado Anxi eu já me deparei com tipografias equivocadas. Anxi e An Hsi não são a mesma coisa. San Tsun não é a mesma coisa que Cun Sang, e assim vai.
Algo semelhante acontece nas cartas, que estão escritas de forma diferente, o que está em chinês nem sempre é o que está na carta em inglês, que são mostradas uma após a outra no filme.
2. Estilização de nome chinês e curiosidades culturais.
Essa tradução dos intertítulos peca até na estilização e grafia dos nomes chineses, que estão muito diferentes na legenda do que você pode acabar percebendo no intertítulo.
Exemplo: Hsu Ko Hui → Xu Guohui
Existem literaturas criticando e analisando o período do cinema mudo chinês e suas discrepâncias nos intertítulos chinês-inglês, e como alguns deles eram feitos de forma porca, e até perpetuavam certos estereótipos.
Uma curiosidade cultural que até eu descobri enquanto legenda é que Damasco é característico do oriente, não sei como eu não sabia disso ainda, mas acontece.
Um detalhe relevante, e que não é desenvolvido no filme, é que o Mestre Macaco Branco é uma figura do folclore chinês, que é mestre da arte espadachim, sendo um dos macacos lendários da China, assim como Sun Wukong (Rei Macaco).
3. Minha sugestão pessoal de tradução do título.
Talvez você seja um grande fã do gênero wuxia — guerreiros/heróis de artes marciais —, e vai entender porque a variação entre "guerreiro" e "herói" não é tão relevante assim. A minha intenção ao sugerir o título com GUERREIRA e não HEROÍNA é de, principalmente, descentralizar da tradução em inglês, e priorizar o chinês. Mostrei o meu processo de raciocínio na imagem acima, e espero que entendam!
Disponível no Youtube.
#cinema chines#china#1929#hongxia#guerreira vermelha#red heroine 1929#chinese movies#cinema mudo#silent movie#chinese silent movie#cinema mudo chinês#wuxia
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Ela chega para mais uma noite de trabalho no Salón Nicanor. Só o nome do cabaré vale o filme inteiro. E a canção "Vendo placer". México, 1934. La mujer del puerto. O porto de Veracruz. Melodrama dos melhores, joia do cinema mexicano, com heroína trágica, incesto acidental, baseado em conto de Guy de Maupassant, "Le Port", de 1889, que foi traduzido para o russo por Tolstói em 1891.
"Faro de luz que en la noche de amor formo una cruz, con el mismo dolor."
Cópia restaurada aqui.
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Autora me conta vc viu the marvels?!?!?! Vc gostou??
Vou ser sincero eu não esperei muita coisa não e no final eu sai amando aquele filme! A vilã me decepcionou muito mas as três marvels com certeza foram o ponto alto desse espetáculo!! Eu amei a Monica como sempre sendo a Diva sensata do rolê e ela explorando os poderes dela fazia o filme ficar mais profundo sabe? Como se ela estivesse amadurecendo no meio do filme e a gente estivesse junto fom ela! Mas eu acho que todas as três estavam amadurecendo durante o filme e isso foi tão lindo!
A Kamala roubava as cenas sempre pq é isso que ela faz kskskksk eu odiava a miss marvel pq achava ela muito sem graça nas hqs mas eu to amando ela no MCU a história dela, a cultura dela, as interações dela com os outros personagens ksksks eu amei tudo nela!! E ela indo atrás da Kate foi o meu surto do dia! Ksksksk
E confesso que não fui muito com a cara da Carol no primeiro filme, não sei eu não conseguia me conectar com a personagem, mas nesse agora eu paguei com a lingua, onde ela ia eu passava o pano pq sendo bem sincero esse segundo filme arrasou na capitã! Ela foi mais humana mais profunda e sincera com ela e com os outros, eu vi uma capitão tão poderosa e tão frágil ao mesmo tempo e isso me conquistou tanto!!
MAS É ÓBVIO QUE EU ASSISTI THE MARVELS !! A Carol é minha super heroína favorita então é claro que eu fui assistir ashasuhasuhu eu gostei muito do primeiro filme ( tá no meu top 3 de filmes favoritos do MCU ), e eu sabia que ia acabar gostando do segundo também, porque além dela teriamos a Kamala e a Monica que eu também adoro. E o filme não me decepcionou, na verdade, me surpreendeu muito !! Cara, eu achei um filme muito divertido e leve, era uma coisa que eu tava sentindo falta asashuhashsuhuash e uma coisa que eu AMEI é que nesse filme, mais do que no primeiro, eu tive a sensação de que se aproximou muito dos quadrinhos dela. Recentemente eu terminei de ler todos eles, e a vibe foi a mesma, e eu achei isso completamente maravilhoso!
Eu amo a Carol em qualquer mídia, mas confesso que eu também achei ela um pouquinho melhor nesse filme. Como eu disse, parece que ela se aproximou mais do que ela é nos quadrinhos, e eu achei isso incrível, mas como já disse, eu amo a personagem e gosto bastante da atriz, então eu gosto dela tanto no 1 quanto no 2 filme. Eu já tinha me apaixonado pela Monica em Wandavision e eu amo ela nos quadrinhos, então eu realmente fiquei muito feliz de ver ela mais empo no filme, eu queria muito ver um filme só dela, porque acho que tem muita coisa pra explorar com ela ( especialmente depois daquele final 👀 lol ).
Quando a Kamala……MINHA QUERIDA KAMALA !! Como não amar essa garota ??? Na moral, a personagem é perfeita e a atriz é igualmente. Até hoje eu acho que a série dela é a série mais subestimada de todo o MCU, porque é a mais legal de todas as séries e muita gente não assistiu ou não dá valor, o que é realmente bem merda, porque ela merece o mundo ashashsuahuashu E assim, vou ter que discordar de você, porque ela nos quadrinhos é muito parecia com o que vemos no MCU, pouca coisa muda, eles são muito bons também !! Eu já li todos e agora estou lendo os novos, e continuo amando a Miss Marvel porque ela é perfeita <3
Sobre a vilã, a gente já tá cansado de saber que os vilões do MCU não são lá essas coisas, mas até que gostei dela. Os motivos dela eram bem sólidos e justificáveis, uma pena que ela não teve uma participação mais, mas enfim….
Queria muito ter visto mais uma vez no cinema, mas a vida não deixou, então agora to esperando ansiosamente pra assistir de novo, porque The Marvels já se tornou um dos meus filmes favoritos do MCU e eu não to nem ai pra opiniões contrárias ashuashuashusahu
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Lili Reinhart - Entrevista Grazia Italia
Na série de TV cult Riverdale, nós a conhecemos como uma heroína sempre destemida, muitas vezes forçada a confrontar os outros e consigo mesma. Mas mesmo na vida real, a atriz americana Lili Reinhart, 26, muitas vezes se viu tendo que olhar para dentro para superar as dificuldades.
Aos 14 anos, quando já estava decidida a seguir a carreira de atriz, foi diagnosticada com uma forma de depressão. Muito jovem, passou por ataques de ansiedade e vários tipos de dificuldades, entre as quais aquela dismorfia corporal que a leva a ver-se diferente dos outros e a sofrer de algumas características físicas que percebe de forma distorcida.
Reinhart tornou-se, assim, a campeã das batalhas pela saúde mental e pela aceitação de diferentes tipos de beleza. Ela não hesitou em se expor até para uma celebridade global como a rainha das redes sociais Kim Kardashian: a atriz descobriu que perder tanto peso e em pouco tempo entrar em um vestido que era de Marilyn Monroe não era um bom exemplo para suas mulheres que têm dificuldade em aceitar seu corpo.
No Women in Film Gala 2022, Lil recebeu o prêmio Max Mara Face of the Future, dedicado a atrizes emergentes. «A minha família», declarou Maria Giulia Prezioso Maramotti, «construiu uma empresa que honra e celebra a mulher, sobretudo nas artes. Queríamos atribuir o prémio a um jovem artista que personifica os nossos valores, mas que ainda está em evolução.O que Lili está seguindo é uma excelente direção a seguir.
Eu conheci Reinhart em Los Angeles, enquanto ela estava enrolada na cadeira do maquiador para a sessão de fotos de moda de Grazia que você vê nestas páginas. Ela permanece muito tempo sentada com as pernas puxadas até o peito, posição que evoca a ternura de uma menina. Mas ela fala comigo sobre assuntos sérios e o faz com honestidade e profundidade, mesmo quando se trata de revelar os aspectos mais íntimos de sua vida. Ela se tornou uma celebridade mundial graças ao personagem de Betty Cooper na série de TV Riverdale, que chegou a sua sétima temporada.
Você já pensou que o sucesso desse papel de alguma forma desacelerou sua carreira como atriz?
“Sou grata a Riverdale por tudo que me trouxe. Se estou sentado aqui com ela agora, é por causa do sucesso do show. Mas em algum momento da vida, é hora de seguir em frente.”
Você sente que tem algo a provar para os outros ou para si mesmo?
“Atuo desde os 12 anos, percorri um longo caminho desde então, mas acho que ainda não alcancei meu potencial. E isso é um desafio para mim. Quero que os atores que me inspiram falem de mim, quero ir longe e mereço. Nos últimos sete anos, tenho feito um programa adolescente, Riverdale, com um estilo que não é necessariamente. o que eu prefiro. Mas Riverdale tem sido incrivelmente bem-sucedido e ocupa praticamente todo o meu tempo, por isso tem sido difícil para mim aproveitar outras oportunidades”
Você teve que fazer muitos cortes de empregos?
Na primavera passada, me ofereceram um papel que eu queria interpretar de todo o coração, mas infelizmente as datas não combinavam com as filmagens do show. Foi devastador dizer não.
Como ela era quando criança? Você imaginava isso quando crescesse?
Era introvertida, vivia no meu mundinho e sempre me senti um pouco isolada. Acho que tenho uma alma velha, com meus colegas me sentia um peixe fora d'água e não entendia bem qual era o lugar certo para mim. Ainda ontem eu estava conversando com minha mãe sobre quando eu gostava de me vestir quando criança. Tínhamos uma caixa cheia de fantasias que colecionamos ao longo dos anos, até trocadas três vezes ao dia. Eu montei peças e peças para minha família, sempre quis atuar. Então, no final, passei do teatro para a televisão e para o cinema.
A performance foi uma forma de se expressar?
Algumas pessoas são naturalmente extrovertidas, engraçadas. Eu senti que só poderia ser atuando. Eu era muito inseguro e atuar me deu a oportunidade de explorar lados da minha personalidade que eu não teria conhecido de outra forma.
E também trouxe à tona um lado muito íntimo e vulnerável ao escrever um livro de poemas, Swimming Lessons: Poems ("Aulas de natação: poemas").
Sim, foi uma época da minha vida em que senti que queria. fazer algo que viesse exclusivamente de mim e sobre o qual eu tivesse total controle criativo. Fiquei muito nervoso no começo, porque era um pouco como compartilhar um diário com pessoas que estavam prontas para julgá-lo e me julgar. Como atriz me sinto segura, como escritora não: daí os comentários negativos sobre o meu. livro fortaleceu meus medos. Sei que ninguém teria dado atenção aos meus poemas se a atriz Lili não os tivesse assinado, mas nunca tive o direito. para me estabelecer como escritor. Sou romântica e só queria compartilhar um lado diferente de mim.
Você não acha que talvez seja muito duro consigo mesmo?
Eu internalizo muito, principalmente as críticas. Afinal, a poesia é a maneira como expresso minhas emoções. O que eu queria transmitir não era: "Olhe para mim, sou um escritor". Queria dizer às pessoas que me seguem que sou um ser humano absolutamente normal: tenho sentimentos, inseguranças, luto e encaro os desafios da vida como qualquer pessoa.
Ela sempre falou sobre suas inseguranças, especialmente as físicas, e é uma porta-voz da "positividade do corpo" para a aceitação de todas as fisicalidades. Você se lembra da primeira vez que a dismorfia, um distúrbio do qual você sofre, se apresentou?
Tenho estatura mediana e, quando comecei a conhecer melhor o mundo da moda e das roupas, conheci modelos com físicos bem diferentes do meu. Houve momentos em que as roupas que eles ofereceram simplesmente não me serviram. Então eu disse a mim mesmo: "Por que não tenho um físico menor?". Quando um vestido desenhado para alguém dois tamanhos menor que você não serve, você começa a achar que está errada e tem que fazer alguma coisa para caber na roupa. Mas em uma jovem, esses pensamentos podem doer muito.
Recentemente, porém, ela vê suas fotos em todos os lugares. O que você sente? Ela gosta de si mesma?
conversei sobre isso com meu terapeuta. Na verdade, sinto que vivo em uma espécie de comparação perpétua com outras versões mais glamorosas de mim mesma. Comecei a atuar quando criança e aprendi que meu corpo está sempre mudando. Hoje eu me aceito mais e me julgo menos, porém Hollywood não quer que você envelheça e te pressiona por isso.
Você não acha que é uma loucura que aos 26 | se preocupar em não ter a mesma cara de quando eu tinha 19 anos? Claro que não tenho!
Mesmo a dessas fotos é certamente uma versão mais bonita de mim: não sou assim todos os dias. Constantemente ter que mostrar uma imagem melhor de nós mesmos pode nos enganar, porque pode nos fazer acreditar que nossa versão cotidiana não é suficiente.
E como ela encontra uma maneira de levar todos ao longo dessas versões de si mesma?
Eu não posso, eles não se dão bem. Existe o meu eu cotidiano que lembra Lili do glamour que só fica assim se estiver cercada de profissionais que maquiam e penteiam seus cabelos. Mas estou aceitando o fato de que primeiro tenho que aprender a ficar bem com cada versão de mim. Por exemplo, agora estou com acne. Quem os vê? Acne sempre desencadeou grave sofrimento mental e emocional em mim. Isso me faz sentir mal e torna difícil para mim aparecer em público ou tirar fotos sem maquiagem, porque sei que minha pele ficaria diferente do que todos esperam. Em vez disso, devo pensar que uma erupção cutânea não me tira nada, não me define. Sou sempre eu. Infelizmente é uma luta constante: vivo em um mundo que exige perfeição e, às vezes, acho que comecei a exigi-la também. Mas aí eu acho que tudo acontece por uma razão e talvez a razão pela qual a acne sempre apareça no meu rosto seja porque eu tenho que aprender a amar cada estação que minha pele e meu corpo passam porque isso mesmo. Sou um ser humano, não um manequim.
Não pude deixar de notar a tatuagem em seu antebraço direito:
Uma flecha. Fiz por volta dos 18, 19 anos. Representa minha batalha contra a depressão: uma flecha só pode ir para frente se for puxada primeiro para trás. É como dizer que, uma vez que você atingiu o fundo do poço, só pode voltar para cima.
Em que direção está apontando então?
Em frente, sempre. Minha saúde mental tem seus altos e baixos e essa flecha me lembra que sempre consigo sair dela, pois sou uma lutadora incansável.
Mas, durante essa luta, espero que ela reserve alguns momentos para apreciar o que conquistou.
Aprecio minhas batalhas, é graças a elas que sou uma pessoa tão forte. Eu não mudaria nada em mim.
Ter passado pela depressão me leva a vivenciar momentos de alegria com mais intensidade e me faz estabelecer relacionamentos mais saudáveis e profundos. Os momentos de desânimo me ensinaram muito sobre mim mesmo e é certo vivê-los e enfrentá-los quando eles surgem, em vez de tentar fugir.
Ela foi escalada como a Max Mara Face of the Future. Como esse reconhecimento faz você se sentir?
É um sentimento complicado de explicar. É difícil para mim aceitar que as pessoas me vejam assim. Quase sinto que tenho a síndrome do impostor, porque acho que ainda não mostrei meu valor como atriz. Eu me expus como ativista pela positividade do corpo e pela saúde mental, mas no meu trabalho acho que ainda não dei o meu melhor. Estou esperando essa oportunidade, que está no horizonte, mas estou esperando. Então, receber o prêmio antes mesmo de poder demonstrar o que acho que posso fazer como atriz é muito encorajador. E sou grata porque esse reconhecimento me faz entender que já estou fazendo algo bom.
-Crédito para lililovebots no Twitter por postar a entrevista.
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Ficha técnica Título/Ano: Barbie (2023) Gênero: Comédia, Drama País: Estados Unidos Direção/Roteiro: Greta Gerwig, Noah Baumbach
Bom, agora que eu já fui duas vezes no cinema ver Barbie (uma com a minha mãe, as goddess [Greta] intended, outra com uma amiga) e já sosseguei as ideias, acho que é hora da crítica.
O enredo sem spoilers é o que o trailer mostra: coisas estranhas, como crises existenciais e pés chatos, começam a acontecer na Barbielândia, e cabe à nossa heroína de plástico (Margot Robbie) ir até o mundo real — com seu namorado grudento Ken (Ryan Gosling) à tiracolo — pra ver qual é que é e voltar a viver o seu melhor dia todos os dias e pelo resto da eternidade.
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Não vai ser nenhuma profunda análise sociológica, midiática, literária etc. O filme até se prestaria a isso, mas eu não quero entrar nesses méritos porque, pra mim, assistir a ele foi entretenimento, escapismo e socialização. Pura e simplesmente.
Eu me vesti mais ou menos a caráter, me diverti, ri das mesmas piadas e lacrimejei nas duas vezes. É um filme visualmente agradável, extremamente competente no quesito entretenimento e estética e bem satisfatório na proposta de roteiro.
Até o momento, assisti a duas críticas negativas relevantes, caso você esteja buscando algum nível de desgraçamento mental (em inglês) após a euforia do filme: a da verilybitchie, "The Plastic Feminism of Barbie" ("O feminismo plástico de Barbie") e da Brooey Deschanel, "Feeling Cynical About Barbie" ("Me sentindo cínica em relação a Barbie"). Os apontamentos mais interessantes delas, pra mim, são a respeito da onda de consumismo associado à marca (no vídeo da verilybitchie principalmente), que faz as pessoas meio que ignorarem os aspectos menos éticos da Mattel (e da Warner, como lembra a Brooey, que coloca as greves de roteiristas e atores em perspectiva na análise dela) em nome da diversão pura, e de uma tendência quase que de idolatria ao filme como uma grande obra feminista ou como uma espécie de renascença cultural do cinema depois de uma torrente de filmes de hominho, arminha e heroizinho.
A Brooey ainda fala num aspecto muito presente no filme que é a sátira autodepreciativa tanto da boneca como da empresa, que parece querer antecipar todas as nossas possíveis críticas com alguma piadinha autoconsciente.
Em primeiro lugar, eu gostaria de dizer que não me sinto assim tão cínica em relação ao filme nem em relação à boneca. Eu gosto desse humor autodepreciativo que a Greta insere no roteiro, mesmo sabendo que ele não tem influência sobre o mundo real — afinal, não há um grande poder transformativo em algo que ri de uma corporação, mas continua enchendo os bolsos dela de dinheiro. PORÉM, eu ainda acho importante que a piada seja feita; que se introjete na cabeça das pessoas, mesmo lá no fundinho, essa ideia do ridículo e do absurdo nas contradições de produção e consumo da marca.
É claro que Barbie (2023) é uma enorme propaganda de um produto com apelo nostálgico, em especial para a geração de millennials como eu. Mas acho difícil de crer que alguém tenha alguma inocência quanto a isso, quanto à tentativa da Mattel de reabilitar a própria imagem e faturar com seus produtos E com o marketing desses produtos. E eu também sei que, mesmo plenamente cientes de todos os podres possíveis de uma empresa estadunidense com fábricas em países de leis trabalhistas e ambientais frouxíssimas, muita gente bancou merchandising oficial do filme, pra muito além dos ingressos de cinema... "Não existe consumo consciente no capitalismo", e toda essa conversa que algumas pessoas acham que nos exime de repensar nosso estilo de vida.
Em relação ao aspecto do feminismo, chega a ser até curioso um filme tão pouco revolucionário incomodar setores conservadores... o que só prova como o extremismo cagou com qualquer possibilidade de articulação de ideias em torno de gênero que não se resuma a "igual ao que eu penso: bom; diferente: ruim" — sem falar na total falta de humor dos redlargadosepillados. Milhões de pessoas já fizeram essa observação, mas você precisa ser muito lesado pra achar "anti-homem" a ideia de que os homens precisam "se encontrar" de forma genuína — e sem recorrer a violências, condescendências e opressões.
Por outro lado, faz sentido que qualquer discurso higienizado e corporativo em torno do feminismo incomode ativistas e acadêmicas, mas, ao mesmo tempo... eu não acho uma expectativa realista esperar quebras de paradigma nunca antes vistas num filme de orçamento gigante. Por mais afiada que seja a Greta, ela tinha liberdade até certo ponto, e resolveu apostar as fichas na estética de "artificialidade autêntica"/"autenticidade artificial" — e, francamente, por mim tudo bem. De certa forma, acho que o famoso discurso da America Ferrera acaba servindo também para dialogar com essas possíveis críticas do "nível de feminismo" do filme: não só é impossível ser mulher, como também é bem difícil "estar certa" ao abordar feminismo em mídia, ainda mais em mídia mainstream. Não significa que não possa gerar discussão, mas a gente escolhe as nossas batalhas, e essa batalha eu não escolhi...
E também, pra quem é estudiosa de longa data do feminismo, talvez os tópicos pareçam batidos, óbvios, simplificados (que foi outra crítica que eu vi por aí), só que a gente precisa entender que a população feminina não é homogênea — e com certeza não é homogeneamente consciente e versada em TODAS as pautas. Nem todo mundo tem vocabulário para expressar as insatisfações com o patriarcado, e só o fato de o filme ter trazido alguns conceitos para a superfície já me dá, assim, uma certa satisfação.
Além disso, sejamos francos: o filme não seria nem um pouco interessante se fosse um aulão sobre correntes feministas, dissidências, discussões e desafios (título de palestra acadêmica).
Mais do que isso, acho que algumas das críticas ignoram que assistir ao filme tem sido uma grande experiência coletiva majoritariamente feminina (mas não só). É em torno de um produto de consumo em massa? Sim. Mas que ÓTIMO que não é uma experiência coletiva com o grau de manipulação, violência e frequência de igrejas ou times de futebol, nem uma experiência coletiva traumática como a da pandemia.
Acho compreensível o cinismo e as críticas ao enredo (que não é tão bem acabado quanto a gente pensa, mas que eu vou justificar até a morte como sendo puro comprometimento artístico da Greta com o humor e a estética, vide a entrevista dela ao Letterboxd), mas às vezes — pelo menos às vezes — a gente gosta de se permitir só sentir o que a experiência cinemática tem a oferecer, sem ficar no estado constante de alerta no qual o Mundo Real® nos coloca.
8/10
#Youtube#barbie#barbie 2023#blog amarulha#blog#resenha#review#crítica#crítica de cinema#cinema#filmes#filmes estadunidenses#filmes 2023#margot robbie#ryan gosling#8/10
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Barbie
Em Barbieland, as mulheres ocupam papéis importantíssimos na sociedade, vestem-se com muito rosa e vivem dias perfeitos, cada uma em sua casa dos sonhos e ao lado de seus respectivos Kens, homens-acessórios cujo principal propósito de existência é: fazer as Barbies felizes.
Um dia, no entanto, tudo muda na vida da Barbie Estereotípica, e ela começa a sentir o peso e a dor da existência humana. É então lhe dada a missão de ir ao mundo real encontrar sua proprietária, caso contrário algo terrível a espera: celulite.
O mundo real, no entanto, reserva situações bem diferentes da expectativa de nossa heroína -- para deleite de seu par, o Ken, que descobre a possibilidade de comportar-se fora do padrão de fábrica, levando sua releitura inocente (e danosa) do patriarcado de volta para Barbieland.
Barbie é um filme meio Metrópolis em sua "grande moral": a mensagem que fica sobre o papel das Barbies e dos Kens e dos Homens e Mulheres é a de que precisamos sim lutar para chegar a um meio-termo comum... mas que isso demora bem mais do que deveria. Além disso, vemos em primeiríssima mão como é fácil "desconquistar" direitos conseguidos com os ideais de progresso: não demora muito (e nem requer esforço) para as Barbies se tornarem submissas e "servidoras de cerveja" para os Kens.
Outro ponto importante é o conflito entre criador e criatura, pois os comportamentos da Barbie Estereotípica e seu Ken são reflexos da forma como seus donos brincam com eles. Será que toda dona de Barbie quer que sua boneca tenha um Ken? Será que ela não projeta na boneca outras aspirações?
São tantas as mensagens presentes que não me surpreende a quantidade de pessoas com opiniões e/ou visões diferente da minha sobre o mesmo filme. A que mais me impactou, no entanto, foi a ideia de que a Barbie Estereotípica prefere viver as imperfeições e os dilemas do mundo real ao invés de acordar na casa dos sonhos e viver seu dia perfeito pelo resto dos dias. Impossível não sair do cinema impactado pelo amor à vida da então ex-boneca.
Barbie é colorido, inteligente, divertido e despojado, e as atuações de Margot Robbie e Ryan Gosling estão em um nível espetacular. Destaque também para a personagem de América Ferreira e seu grande monólogo sobre o peso de ser mulher. Um grande clássico em potencial que merece o sucesso comercial que vem recebendo nas últimas semanas.
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Pseudo desafio das referências de Barbie (2023)
Greta Gerwig, diretora do filme mais esperado do ano, fez uma lista com os principais filmes que inspiraram ela e sua equipe a fazerem Barbie do jeito que assistimos hoje. Nem todos estão disponíveis no Brasil e a maioria é muito antigo e super difícil de achar por aí dando sopa, então não dá para propor disso realmente ser um desafio. Mas quero me incentivar a ver e comentar direitinho sobre os que consegui achar nas plataformas nacionais que sou assinante, então dos 33, minha lista ficou com estes:
#01 — O Mágico de Oz (1939) dirigido por Victor Fleming. Musical. Fantasia. Adaptação.
O filme é inspirado nos livros do Maravilhoso Mágico de Oz de L. Frank Baum. A trama se dá com Dorothy (Judy Garland) e seu cachorro Totó sendo levados para a terra mágica de Oz quando um ciclone passa pela fazenda de seus avós no Kansas. Eles viajam em direção à Cidade Esmeralda para encontrar o Mágico Oz e no caminho encontram um Espantalho, que precisa de um cérebro, um Homem de Lata sem um coração e um Leão Covarde que quer coragem. O Mágico pede ao grupo que tragam a vassoura da Bruxa Malvada do Oeste em troca de sua ajuda.
Eu já assisti ele algumas vezes e sempre que acho uma desculpa eu vou lá ver de novo, é um filme que não me canso de rever porque tem algo de mágico ali (além do óbvio), mas realmente parece uma superprodução para a época. Eu amo como minha eu criancinha assistindo nas primeiras vezes não percebia porque as personagens de Oz pareciam tanto com as do Kansas, foi algo que só adulta eu raciocinei. Isso é o quão imersa eu ficava pela história e ignorava completamente as alegorias, para mim esse filme era o auge do "aconteceu de verdade e eu tenho como provar".
Disponível na HBO Max.
#02 — Os Guarda-Chuvas do Amor (1964) dirigido por Jacques Demy. Musical. Romance. Drama.
Geneviève Emery (Catherine Deneuve), cuja mãe é dona de uma loja de guarda-chuvas, ama Guy Foucher (Nino Castelnuovo), um jovem mecânico. A mãe de Geneviève não vê com bons olhos o romance e preferiria casar sua filha com Roland Cassard, um rico comerciante de diamantes. Guy é convocado para a guerra da Argélia. Geneviève se entrega a ele antes de sua partida com a promessa de que iria esperá-lo.
Eu assisti pela primeira vez essa semana e já revi! O filme é incrível, muito lindo! Estou escrevendo um comentário detalhado sobre ele que vou postar aqui depois, mas em resumo: eu me apaixonei pelo figurino desse filme. É um filme que destrói quem está assistindo, tudo muito delicado e imersivo, você sente até que é com você.
Disponível na Telecine.
#03 — Duas Garotas Românticas (1967) dirigido por Jacques Demy. Musical. Comédia. Romance.
Em Rochefort, Delphine (Catherine Deneuve) e Solange (Françoise Dorléac), duas irmãs gêmeas de 25 anos, radiantes e espirituosas, dão aulas de dança e música. Elas sonham em ir a Paris e aproveitam a oportunidade quando uma trupe de fora passa pela cidade. Tudo isso acontece enquanto nossas heroínas gêmeas procuram o amor ideal.
A própria Greta estava tentando não listar todos os filmes do Jacques Demy, mas este entrou para lista por inspirar o figurino, ainda não assisti, mas como adorei Os Guarda-Chuvas do Amor e é do mesmo diretor e mesma atriz principal, tenho certeza que vou amar também.
Disponível na Telecine.
#04 — Sinfonia de Paris (1951) dirigido por Vicente Minnelli. Musical. Romance.
Após a Segunda Guerra, um soldado americano (Gene Kelly) resolve tentar a sorte como pintor em Paris. Ele é descoberto por uma mulher rica, com outros interesses além de seus quadros, mas se apaixona por Lise (Leslie Caron), que está noiva de outro homem.
[Ainda não assisti]
Está no Prime Video para aluguel.
#05 — Cantando na Chuva (1952) dirigido por Stanley Donen. Musical. Romance.
Don Lockwood (Gene Kelly) e Lina Lamont (Jean Hagen) são dois dos astros mais famosos da época do cinema mudo em Hollywood. Seus filmes são um verdadeiro sucesso e as revistas apostam num relacionamento mais íntimo entre os dois, o que não existe. Porém, o cinema falado chega para mudar totalmente a situação de ambos no mundo da fama. Decidido a produzir um filme falado com o casal mais famoso do momento, Don e Lina precisam, entretanto, superar as dificuldades do novo método para conseguir manter a fama conquistada.
[Ainda não assisti]
Disponível na HBO Max ou Prime Video para aluguel.
#06 — O Show de Truman (1998) dirigido por Peter Weir. Ficção Científica. Drama.
Truman Burbank (Jim Carrey) é um pacato vendedor de seguros que leva uma vida simples com sua esposa Meryl Burbank (Laura Linney). Porém, algumas coisas ao seu redor fazem com que ele passe a estranhar sua cidade, seus supostos amigos e até sua mulher. Após conhecer a misteriosa Lauren (Natascha McElhone), ele fica intrigado e acaba descobrindo que toda sua vida foi monitorada por câmeras e transmitida em rede nacional.
Assisti apenas uma vez, uns dez anos atrás, quando estava me aventurando em uma fase cinéfila, lembro que gostei muito e passei dias com esse filme sendo meu único assunto. Pretendo revê-lo agora.
Disponível na Telecine ou Prime Video para aluguel.
#07 — O Show Deve Continuar (1979) dirigido por Bob Fosse. Musical. Drama.
Quando não está planejando seu novo musical ou trabalhando na produção de seu filme, o coreógrafo e diretor Joe Gideon (Roy Scheider) está tomando pílulas e dormindo com uma fila infinita de mulheres. O stress mental e físico começa a afetar Joe, que agora tem que tomar uma decisão sobre o seu arriscado estilo de vida. O filme é uma semi-autobiografia escrita e dirigida pelo lendário Bob Fosse.
[Ainda não assisti]
Disponível gratuitamente na NetMovies.
#08 — Jejum de Amor (1940) dirigido por Howard Hawks. Comédia. Romance. Adaptação.
O filme é uma adaptação baseada no, também filme, Última hora (1931) dirigido por Lewis Milestone que por sua vez é uma adaptação de uma peça teatral de mesmo nome. Na noite de seu novo casamento, a repórter Hildy Johnson (Rosalind Russell) é convencida a fazer mais uma pauta por seu editor e ex-marido, Walter Burns (Cary Grant). Enquanto entrevista um homem condenado, Hildy percebe que seu enforcamento é uma armação para conseguir votos. Espontaneamente ela ajuda o homem a escapar. É curioso saber que depois de Jejum de Amor ainda houveram mais adaptações das adaptações desta adaptação.
[Ainda não assisti]
Está no Prime Video para aluguel ou gratuitamente sob demanda na Pluto TV.
#09 — Mulheres à Beira de um Ataque de Nervos (1988) dirigido por Pedro Almodóvar. Drama. Comédia.
Uma mulher é deixada por uma amante, mas não se conforma e tenta entrar em contato com ele através de sua esposa, que também não sabe de seu paradeiro. Enquanto isso, sua amiga acha que está sendo perseguida pela polícia devido ao seu namorado terrorista. Se a sinopse parece não ter pé nem cabeça para você, bem-vinde aos filmes do Almodóvar.
[Ainda não assisti]
Disponível no Prime Video.
#10 — 2001: Uma Odisseia no Espaço (1968) dirigido por Stanley Kubrick. Ficção científica. Aventura. Adaptação.
Uma estrutura imponente preta fornece uma conexão entre o passado e o futuro nesta adaptação enigmática de um conto reverenciado de ficção científica do autor Arthur C. Clarke. Quando o Dr. Dave Bowman (Keir Dullea) e outros astronautas são enviados para uma misteriosa missão, os chips de seus computadores começam a mostrar um comportamento estranho, levando a um tenso confronto entre homem e máquina, resultando em uma viagem alucinante no espaço e no tempo.
Sendo bem honesta, tentei assistir uma vez e achei muito viajado. Acho que eu nem era o público-alvo na época, devia ter no máximo 16 anos e não tinha sido introduzida nem ao menos em Star Wars, inclusive, graças a essa péssima experiência, eu me fechei para o gênero. Darei outra chance agora, mas provavelmente vai ser o último que assistirei.
Disponível na HBO Max ou Prime Video para aluguel.
#11 — Núpcias de Escândalo (1940) dirigido por George Cukor. Romance. Comédia romântica.
Uma herdeira entediada, destinada a se casar com um executivo chato, vê seus planos de casamento frustrados com a chegada de seu ex-marido playboy. E família então gradualmente começa a perceber a importância da integridade e dos verdadeiros valores.
[Ainda não assisti]
Está no Prime Video para aluguel.
#12 — O Terror das Mulheres (1961) dirigido por Jerry Lewis. Comédia. Caricato.
Rejeitado por seu grande amor, Herbert (Jerry Lewis) decide recomeçar a sua vida, de preferência longe das mulheres. Ele aceita um emprego de zelador em uma pensão sem saber que o estabelecimento só hospeda jovens solteiras.
[Ainda não assisti]
Disponível na Telecine.
#13 — Janela Indiscreta (1954) dirigido por Alfred Hitchcock. Thriller. Mistério. Adaptação.
O filme é uma adaptação baseada no romance investigativo de mesmo nome do autor Cornell Woolrich. Em Greenwich Village, Nova York, L.B. Jeffries (James Stewart), um fotógrafo profissional, está confinado em seu apartamento por ter quebrado a perna enquanto trabalhava. Como não tem muitas opções de lazer, vasculha a vida dos seus vizinhos com um binóculo, quando vê alguns acontecimentos que o fazem suspeitar que um assassinato foi cometido.
[Ainda não assisti]
Está no Prime Video para aluguel ou na assinatura da Oldflix.
#14 — E La Nave Va (1983) dirigido por Federico Fellini. Drama. Comédia.
O ano é 1914 e o funeral de uma famosa cantora de ópera reúne artistas e nobres a bordo de um luxuoso navio. Quase que essa sinopse disse "assista e descubra".
[Ainda não assisti]
Disponível gratuitamente na NetMovies.
#15 — Contatos Imediatos do Terceiro Grau (1978) dirigido por Steven Spielberg. Ficção científica. Drama.
Um grupo de pessoas tenta entrar em contato com uma inteligência alienígena. Roy Neary (Richard Dreyfuss) não apenas viu um objeto voador não identificado: ele tem uma marca de queimadura para provar. Roy se recusa a aceitar uma explicação para o que viu e está disposto a dar a sua vida para descobrir a verdade sobre OVNIs.
[Ainda não assisti]
Está no Prime Video para aluguel.
#16 — Tempos Modernos (1936) dirigido por Charlie Chaplin. Comédia. Drama. Romance. Semimudo.
O icónico Vagabundo está empregado em uma fábrica, onde as máquinas inevitável e completamente o dominam e vários percalços o levam para a prisão. Entre suas passagens pela prisão, ele conhece e faz amizade com uma garota órfã. Ambos, juntos e separados, tentam lidar com as dificuldades da vida moderna, o Vagabundo trabalhando como garçom e, eventualmente, um artista.
Olha se não é o filme mais adorado pelos professores de História e Geografia desse Brasil. Confesso que devo ter assistido umas quatro vezes em sala de aula, mas nunca assisti sozinha para apreciar a obra sem pensar numa prova que viria a seguir. Quase 10 anos depois de largar a escola, irei me dispor ao flashback.
Disponível gratuitamente na NetMovies.
#17 — As Grandes Aventuras de Pee-Wee (1985) dirigido por Tim Burton. Comédia. Infantil.
O esquisitão Pee-Wee (Paul Reubens) é um homem excêntrico que possui um comportamento infantil. Ele embarca na maior aventura de sua vida quando parte em busca do seu bem mais precioso: sua bicicleta vermelha, que fora roubada em plena luz do dia. Pee-Wee percorre a imensidão do país para achá-la, e no meio do caminho se depara com pessoas e situações bizarras, como um caminhão fantasma, um cowboy, uma garçonete sonhadora e seu namorado invejoso, além de uma gangue de motoqueiros.
[Ainda não assisti]
Está no Prime Video para aluguel.
#18 — Grease — Nos Tempos da Brilhantina (1978) dirigido por Randal Kleiser. Musical. Romance.
Na Califórnia de 1959, a boa moça Sandy (Olivia Newton-John) e o metido Danny (John Travolta) se apaixonam e aproveitam um verão inesquecível na praia. Quando voltam às aulas, eles descobrem que frequentam a mesma escola. Danny lidera a gangue dos T-Birds, um grupo que gosta de jaquetas de couro e muito gel no cabelo, e Sandy passa tempo com as Pink Ladies, lideradas pela firme e sarcástica Rizzo. Quando os dois se reúnem, Sandy percebe que Danny não é o mesmo por quem se apaixonou, e ambos precisam mudar caso queiram ficar juntos.
Nem sei por onde começar a descrever o tanto que eu sou apaixonada por esse filme! É um filme que sempre me marcou muito por ser o único filme que me conectou com minha mãe, pois ela, ao contrário de mim, odeia cinema. E Grease é o filme que marcou a adolescencia dela e ela trouxe para minha e eu sei que um dia estarei levando esse filme para minha filha (que eu não tenho). Foi o musical que me fez amar musicais, também foi o filme que me introduziu ao Travolta e eu fui muito apaixonada por ele por um tempo. Óbvio que não perderei a chance de revê-lo, e vou tentar arrastar minha mãe comigo.
Disponível na Telecine.
#19 — O Poderoso Chefão (1972) dirigido por Francis Ford Coppola. Crime. Drama.
Uma família mafiosa luta para estabelecer sua supremacia nos Estados Unidos depois da Segunda Guerra Mundial. Uma tentativa de assassinato deixa o chefão Vito Corleone (Marlon Brando) incapacitado e força os filhos Michael (Al Pacino) e Sonny (James Caan) a assumir os negócios.
Mais um que assisti em minha época de cinéfila, mas como faz muito tempo irei rever.
Disponível na Star Plus.
Todas as sinopses são a versão padrão que surge quando se pesquisa o título no Google, algumas foram adaptadas por mim, pois julguei que ficaria melhor. Até agora só assisti 6 dos 19, mas como vou rever muitos, vou considerar como zerado e conforme eu for assistindo vou fazer algum post sobre o que for visto que eu achar relevante. Se você quiser assistir junto, a gente pode ir trocando ideia. A lista completa você encontra no Letterboxd. A entrevista que deu origem a essa lista está disponível em vídeo no YouTube e também como artigo.
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Leila Danziger. Papéis de um Dia (Cinelândia). 2019-2022. Tinta gráfica sobre papel e fotolitografia sobre papel. Foto Wilton Montenegro
Desde aquele domingo de outubro vejo a menina
no exato instante em que se eleva sobre a pedra e o bronze
em aceno: contra monumento à derrota.
Se durante vários anos apaguei seletivamente páginas de jornais, agora as refaço. No centro destas páginas está uma praça, cinemas esquecidos, um palácio demolido, um monumento, uma espera, e, sobretudo, um gesto realizado por uma menina que se eleva como um contra monumento à derrota daquela noite, de tantas noites. No início, há uma foto trêmula, feita quase às cegas, sem qualidade ou definição. No início – novamente, porque são muitos os inícios –, há um desejo de escrita, inseparável do desejo de imagem (do desejo da imagem da página, essa quase obsessão). A menina que acena na Cinelândia, sobre o monumento ao Marechal Floriano, é minha vaga heroína, com sua silhueta frágil e rosto indefinido (o que a resguarda e protege das identificações sempre policialescas). Não cesso de tentar refazer seu aceno em texto-imagem, em imagem-texto. Preciso vê-la de novo e de novo, sustentar seu gesto, para que ele dure e se desdobre, em outros tempos a vir.
Leila Danziger. Artista e poeta, suas produções articulam arte, história, memória e esquecimento; imagem e escrita; arte e mídia. Entre suas exposições individuais recentes estão Navio de Emigrantes (Caixa Cultural, São Paulo, 2019) e Ao Sul do Futuro (Museu Lasar Segall, São Paulo, 2018). Entre as mostras coletivas destacam-se Lands, Real and Imagined: Women Artists Respond to the Art and Travel Writings of Maria Graham (Otterbein University, Westerville, EUA, 2022); On the Shoulders of Giants (Galeria Nara Rosler, Nova York, 2021), MemoriAntonia (Centro Maria Antonia/USP, São Paulo, 2021); Théâtre d’Ombres (Galerie Dix9 Hélène Lacharmoise, Paris, 2021); 47% de Mulheres nos Acervos (Museu de Arte Contemporânea, Porto Alegre, 2021); O Rio dos Navegantes (MAR, Rio de Janeiro, 2019); Hiatus: A Memória da Violência Ditatorial na América Latina (Memorial da Resistência, São Paulo 2017); Imagetexte (Topographie de l’Art, Paris, 2016). Entre suas publicações de artista estão Cadernos do Povo Brasileiro (Relicário, 2021) e Navio de Emigrantes (Caixa Cultural, 2018). Como poeta publicou Cinelândia (2021), Ano Novo (2016), Três Ensaios de Fala (2012), todos pela editora carioca 7Letras. Tem graduação em artes pelo Institut d’Arts Visuels d’Orléans (DNSEP, Orléans) e doutorado em história pela PUC-Rio. É professora associada do Instituto de Artes e do Programa de Pós-graduação em Artes da Uerj e pesquisadora do CNPq.
🔗 Esta obra integra a exposição coletiva “Espaços do Ainda”, em cartaz de 1. de julho a 13 de agosto de 2023 no Centro Cultural São Paulo - CCSP, São Paulo, SP. Acesse mais informações aqui:
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De Olhos Bem Fechados: Todo o simbolismo ocultista do último filme de Kubrick que expôs o submundo dos cultos satânicos da Elite Illuminati - parte 2
Por Cláudio Tsuyoshi Suenaga
Helena (Madison Eginton), nome da deusa grega da beleza, é a filha de Alice (Nicole Kidman), que é quem cuida dela ao longo do filme. Vemo-la rolar o desodorante sob suas axilas enquanto se olha no espelho, ao passo que Helena escova os dentes ao seu lado; este ritual de cuidados mãe/filha é repetido quando vemos Alice escovar o cabelo de Helena.
Os personagens repetidamente se olham nos reflexos de si mesmos, especialmente Alice. Frequentemente referendada como sendo “linda”, “deslumbrante” e “incrível”, a identidade de Alice é validada por outras pessoas de acordo com sua aparência física. Na cena em que ela e Bill começam a fazer sexo, a atenção dele está voltada apenas para ela, mas ela está se olhando no espelho, um momento do mais puro autorreconhecimento, em um vislumbre do que ela realmente é.
O espelho, os reflexos e as múltiplas imagens que se sobrepõem, simbolizam a exploração de si mesmos pelos personagens, sua imagem e suas identidades secretas em contraste com a forma como eles aparecem para o mundo exterior, bem como o estado mental compartimentalizado e fragmentado.
Estruturalmente, o próprio filme é também uma espécie de espelho, com vários cenários, personagens e símbolos aludindo a aspectos deles mesmos, reiterados por doppelgängers em um jogo de dualidade, duplicação e repetição.
A cena orgiástica na mansão fica exatamente no meio do filme; começa aos 70 minutos, dura 20 minutos e termina com 70 minutos restantes no total de 160 minutos. Quando o táxi de Bill para no portão da mansão, a placa “Somerton” está à direita da entrada da garagem, mas alguns segundos depois a placa está à esquerda. Quando ele retorna a Somerton no dia seguinte, ele dirige até o portão na direção oposta da qual o táxi se aproximou. Esta estrutura de espelho quase perfeita do filme em arco narrativo reforça o espelho como um símbolo de dualidade e dimensões alternativas, refletido na forma e no tempo do próprio filme. Trata-se de uma estrutura narrativa pouco ortodoxa, já que os filmes convencionais seguem uma trajetória narrativa na qual o clímax ocorre no último terço antes de uma breve conclusão. Kubrick sempre foi um inovador que procurou romper as restrições usuais de narrativa do cinema tradicional para criar algo totalmente único.
É apropriado que a personagem de Kidman se chame Alice, a heroína que sobe através de um espelho em um mundo de fantasia de lógica invertida em Através do Espelho (1871), continuação de Alice no País das Maravilhas (1862), de Lewis Carroll (1832-1898). E Bill e Alice são espelhados por outros casais do filme.
Quando eles entram na festa de Natal e cumprimentam seus anfitriões, os Zieglers, os pares se refletem perfeitamente na cena. Os Zieglers são uma versão mais rica e poderosa de nosso casal. Ziegler, em particular, é um espelho negro das piores partes de Bill e dos homens poderosos em geral. Isso é sublinhado visualmente nas duas tomadas que parecem inversões uma da outra.
Ziegler está na frente de um retrato nu, enquanto Bill está atrás de Mandy, a prostituta nua e desmaiada que Ziegler acabou de explorar. Logo depois, Mandy acorda vendo o rosto bonito de Bill, enquanto a virilha de Ziegler está atrás dele, ou seja, é como se Bill encobrisse e legitimasse os impulsos básicos que movem Ziegler e sua classe dominante.
Na cena em que Bill vai à residência de seu paciente, Lou Nathanson, há indícios visuais que ele a transformou em uma fantasia própria, começando com a disposição dos objetos no saguão; ele entra em uma sala cheia de objetos emparelhados e avança para o interior da casa por meio dessa imagem da dualidade, como se entrasse em um espelho. Bill então caminha por um corredor até o quarto onde está seu paciente recentemente falecido, cuja filha Marion (Marie Richardson) está sentada ao lado da cama. De repente, ela beija Bill e diz a ele que está apaixonada por ele. Ela está noiva, ela diz, mas ficaria feliz em deixar seu noivo pela chance de estar com Bill, ou pelo menos morar perto dele. Harford rechaça gentilmente sua oferta e logo depois o noivo dela chega.
Marion se oferecendo a Bill espelha a fantasia de sua própria esposa, que se descreveu como disposta a desistir de sua vida juntos por uma chance de fazer sexo com um homem desconhecido. Bill caiu em uma versão distorcida da fantasia de sua esposa refletida em sua própria mente, na qual ele assumiu o papel do estranho que sua esposa desejava. E é aqui que outro fascinante elemento metacinemático é apresentado.
O noivo, Carl, é interpretado por outro ator chamado Tom: Thomas Gibson, que nasceu exatamente no mesmo dia, mês e ano que Thomas Cruise (3 de julho de 1962). Os dois atores têm semelhanças na altura e constituição física, na cor de cabelo e penteado – no filme, o cabelo de Thomas Gibson é repartido no lado oposto da cabeça do cabelo de Tom Cruise. Carl é um “professor de matemática”, o que significa que ele tem doutorado e, portanto, é um “doutor”, e Bill é doutor em medicina. Na vida real, eles fazem aniversário no mesmo dia, têm o mesmo nome, e um visual parecido. O nome do personagem de Gibson é Carl Thomas, iniciais CT, o inverso das iniciais TC de Tom Cruise.
E fica ainda mais interessante quando se examina a etimologia do nome Thomas; a forma anglicizada do italiano Tomasso que vem do aramaico toma (t’om’a), que significa “gêmeo”. O primeiro nome dos atores Thomas Cruise e Thomas Gibson, que na vida real têm exatamente a mesma data de nascimento e interpretam versões de realidade alternativa um do outro, significa “gêmeo”. E o nome Thomas está etimologicamente ligado a palavra maçom, que significa “aquele que trabalha com pedra”; mason vem de maso, que também é a abreviatura de Tomasso. E São Tomé, um dos Doze Apóstolos, era aquele que “duvida”, o que se encaixa no personagem de Bill.
Neste par, o homem usa óculos em vez da mulher, mas eles têm as mesmas cores de cabelo e aparência vagamente semelhante. Marion está perdidamente apaixonada por Bill, alguém que se parece com seu marido, mas que é muito mais desejado justamente porque não é seu marido.
Thomas Gibson como Carl Thomas, uma espécie de doppelgänger do personagem de Tom Cruise. Repare o papel de parede decorado com o símbolo da flor-de-lis, figura heráldica comumente associada à monarquia francesa e particularmente ao rei da França, escolhido pelo tenente-general do Exército Britânico e maçom Robert Baden-Powell (1857-1941) como o principal símbolo do escotismo mundial.
O nome da personagem é Marion Nathanson, e o nome da atriz é Marie Richardson. Marion é uma combinação de MARIe RichardsON, assim como Harford é de HARrison FORD, uma alusão ao ator, a primeira escolha de Kubrick para o personagem. Stanley viveu (e morreu) em Hertfordshire, um condado de Londres, que significa “a terra de pessoas chamadas Hertford”. O nome do personagem em Traumnovelle é “Marianne”. A irmã de Tom Cruise também se chama Marian (com a grafia variante), e sua mãe é Mary. O nome do meio de Nicole Kidman é Mary. A irmã de Stanley Kubrick chamava-se Barbara Mary Kubrick. Marie Richardson atuou em vários filmes de Ingmar Bergman (1918-2007), que Kubrick muito admirava.
De Olhos Bem Fechados é o filme mais pessoal de Kubrick, que nasceu na cidade de Nova York de pais judeus e cresceu no Bronx. Sua mãe era autodidata, como Stanley, e seu pai era médico. Bill é um médico, e Alice uma dona de casa. Kubrick acrescentou outro toque autobiográfico ao usar o próprio apartamento mobiliado onde morava em Manhattan antes de se mudar para a Inglaterra como a casa dos Harfords, bem como uma dose de vida real ao escalar Kidman e Cruise, que em 1999 não eram apenas duas das estrelas de cinema mais badaladas do mundo, mas o casal número um da América, o que conferiu uma camada adicional de verossimilhança sobre os pensamentos incapacitantes de infidelidade de um casal. Dada a eventual separação de Kidman e Cruise cerca de dois anos depois do lançamento do filme, fica a sensação de que a fala de Alice – “Eu estava pronta para desistir de tudo” – era mais do que ficcional e dizia algo sobre a relação conjugal real do casal. Colunistas sociais da época atribuíram a separação a Kubrick, que teria “psicoanalisado” por demais o casal.
Tom Cruise e Nicole Kidman teriam sido "dissecados" psicologicamente por Stanley Kubrick.
O autor de Traumnovelle, Arthur Schnitzler (1862-1931), era um discípulo de Sigmund Freud (1856-1939) que usava a técnica do “fluxo de consciência” e era considerado pelo próprio Freud como seu “doppelgänger literário”. As semelhanças entre eles são indiscutíveis. Ambos viveram, cada um ao seu modo, intensamente a psicanálise. Em uma carta destinada a Schnitzler, datada de 14 de maio de 1922, Freud faz algumas observações sobre a obra do escritor e confessa ter evitado, durante muito tempo, ser apresentado a ele, pois, ao ler seus textos, acreditava que se tratava de seu “duplo”, alguém que, como ele, era “explorador das profundezas” e mostrava “as verdades do inconsciente”.
Sigmund Freud e Arthur Schnitzler.
Considerando o controle tirânico de Stanley Kubrick sobre todos os seus detalhes fílmicos, certamente não foi um acaso a escolha de Sydney Pollack para interpretar Ziegler, a começar pelo nome. Ambos os primeiros nomes começam com “S” e terminam com “ey”. Ambos os sobrenomes têm sete letras, com o mesmo número de consoantes e vogais nas mesmas posições, terminando com “ck”. E isso é outra daquelas “coincidências” que de tão improváveis não poderia ser uma. As duas últimas letras da primeira palavra falada no filme também são “ey” – “Hon ey” – e as duas últimas letras da última palavra falada são “ck” – “Fuck”.
Uma das modelos com quem Bill flerta na festa de Natal é apresentada como Nuala Windsor. Nuala significa “bela, justa”, uma rainha das fadas na mitologia irlandesa. E Windsor se liga obviamente com a Família Real do Reino Unido, a Casa de Windsor. A outra mulher se chama Gayle, uma variante de Gail, abreviado do nome inglês Abigail, de origem hebraica, uma personagem do Antigo Testamento casada com um homem rico até que ele morra e ela se torne a esposa de um rei, portanto, uma mulher de alto status socioeconômico. A filha de Kubrick, Vivian, cineasta e compositora, foi creditada sob o pseudônimo de Abigail Mead. A etimologia Gayle/Gail também atribui o significado como “jovial” ou “alegre”, a mesma origem da palavra “gay” que significava exatamente isso, antes de significar homossexual. E já havia me referido que Gayle se liga ao pianista Nick Nightingale bem como a Dorothy Gale, a protagonista de O Mágico de Oz.
O ritual satânico igualmente é um espelhamento da festa de Natal em que os detalhes-chave são invertidos: primeiros os rostos são desmascarados e corpos cobertos; então os rostos são mascarados enquanto os corpos femininos são descobertos; primeiro Bill salvou Mandy, depois ela o salvou; primeiro ele recusa uma proposta, depois tenta fazer sexo, mas não consegue. Todos esses paralelos tornam aparente que a realidade sob as luzes nebulosas e idílicas da primeira festa era realmente esta o tempo todo. As mesmas pessoas estavam lá. As prostitutas davam prazer a homens importantes e consumiam drogas. Há uma indicação de que Ziegler pode ser o próprio sacerdote de manto vermelho que comanda a missa negra, já que mais tarde, quando ele fala com Bill, a maneira como ele bate nos objetos duas vezes na mesa de bilhar ecoa à maneira como o sacerdote bate em seu cajado. E enquanto seus rostos eram visíveis, as pessoas da festa de Natal usavam máscaras ainda mais impenetráveis, como fazem o tempo todo, mesmo com seus familiares.
Traumnovelle se passa pouco antes do encerramento da temporada de Carnaval na Viena dos anos 1920, ao passo que Kubrick transplanta o tempo e o local da novela original para a temporada de Natal de 1999 da cidade de Nova York, o bastião da indulgência e do consumismo norte-americano. A tradição do Carnaval desenvolveu-se como uma celebração de fim de inverno antes da temporada cristã da Quaresma – um período de jejum e abstinência de vários luxos. Em contraste, o Carnaval normalmente envolve práticas que incluem consumo de álcool e outras substâncias, festas, desfiles e uso de máscaras e fantasias. Outras características comuns do Carnaval incluem exibições teatrais de sátira social, zombaria de autoridades e comportamentos sexuais grotescamente exagerados.
Árvores de Natal estão em quase todas as cenas, exceto uma – a missa negra na mansão. Nesta cena, no entanto, embora não haja uma árvore de Natal enfeitada com bolas e luzes, uma floresta perene circunda a própria mansão, e pinheiros sem adornos do tamanho de uma árvore de Natal emolduram a entrada em frente aos pilares maçônicos. A maior parte de De Olhos Bem Fechados foi filmada no PinewoodStudios, em Londres.
As práticas de Natal, como decorar árvores, originam-se de cultos pagãos à natureza, feminilidade e fertilidade; a árvore perene era considerada um símbolo fálico da adoração da fertilidade, representando um pênis ereto – como construir um arranha-céu ou erguer uma árvore de Natal é “erigi-lo”. Bolas decorativas e enfeites representam testículos e sêmen, e a coroa é um símbolo iônico, representando a abertura vaginal de uma mulher com o laço vermelho simbolizando o sangue do parto.
A origem do Natal como das religiões em geral tem relação íntima com o consumo de alucinógenos, em especial o cogumelo Amanita muscaria, usado pelos nossos ancestrais como substâncias que alteravam a mente para entrar em contato com espíritos, deuses e demônios. Papai Noel seria nada menos que a representação figurativa dos antigos xamãs nórdicos que colhiam exemplares do Amanita nas florestas coníferas, penduravam os cogumelos nos pinheiros para secarem ao Sol e os carregavam em um grande saco nas costas visitando as famílias para praticar rituais de cura e proteção. Devido ao tempo inóspito da região, muitas vezes a porta de entrada das moradias ficava coberta por camadas de neve, restando ao curandeiro entrar pela chaminé. Outra maneira de se fazer isso era dando exemplares de Amanita muscaria às renas, animal tão comum na região da Sibéria – onde se originaram esses cultos – como os cavalos entre nós hoje, para então oferecer sua urina aos participantes do ritual. Exatamente por esse motivo que às renas do Papai Noel eram atribuídas a capacidade de “voar”.
O Natal foi adotado pelo cristianismo a partir do festival pagão de inverno em homenagem ao deus romano do sol, o Sol Invictus, que celebrava o alongamento dos raios do sol no solstício de inverno, a vitória da luz sobre as trevas. Em um calendário Filocaliano de 354, há um festival de “Natalis Invicti” (o Nascimento de Invictus) em 25 de dezembro. Havia também uma conexão entre o Sol Invictus e o deus do zol persa Mitra (que era originalmente um ser angélico da religião zoroastriana), cultuado entre os militares romanos, que lhe ofereciam touros em sacrifício. Sua primeira aparição remonta a 1400 a.C., sendo descrita como companheira de Varuna, o deus do equilíbrio e da ordem do cosmo em Mitanni, no norte da Mesopotâmia. Entre os persas, apareceu como filho de Ahura Mazda ou Ormuzd (Senhor Sábio), deus do bem, segundo as imagens dos templos e os escassos testemunhos escritos. Mitra nasceu perto de uma fonte sagrada, debaixo de uma árvore sagrada, a partir de uma rocha (a petra generatrix, daí ser denominado de petra natus). Nos séculos III e IV da Era Cristã, as religiões romanas, identificando-se com o caráter viril e luminoso do deus, transformaram o culto a Mitra, o Sol Invicto, no mitraísmo. O nascimento de Mitra era celebrado em 25 de dezembro, dia do solstício de inverno.
O cenário natalino oferece a Kubrick a oportunidade de criar um suntuoso banquete visual para o espectador. O filme inteiro está saturado com uma variedade onírica de cores e luzes, às vezes em um grau feérico, ecoando o tema dos excessos da temporada de Natal. Essa seara multicolorida exuberante reflete o tecido narrativo multicamadas do filme, que contém camadas de cores diferentes, conectadas e formando um todo maior.
Nosso protagonista, inseguro quanto ao seu desempenho sexual, viaja por um reino repleto de símbolos de adoração à fertilidade – árvores de Natal, enfeites, luzes. O Rockefeller Center de Manhattan é o local de uma enorme árvore de Natal que é erguida e iluminada em cerimônia pública anualmente. Portanto, se é um símbolo fálico, quando aquela mulher no Ziegler menciona o local para Bill, está fazendo uma insinuação sexual – como se estivessem falando sobre um falo gigante.
O Natal é vendido para as crianças como um conto de fadas cheio de magia, mas Kubrick o projeta através de lentes sombrias e distorcidas, fazendo de De Olhos Bem Fechados um filme anti-natalino por excelência. Decorações de Natal cobertas de doces aludem às ilusões do mundo embrulhadas em ouropel, que disfarçam o ambiente decadente da opulenta cultura VIP de Nova York.
Fantasia e a realidade giram simultânea e paradoxalmente. Na vida real, Tom Cruise e Nicole Kidman se casaram na véspera de Natal, em 24 de dezembro de 1990.
As máscaras que Kubrick usa são venezianas, o que promove os temas de comércio e consumo, já que Veneza foi por muito tempo um centro de mercantilismo e erotismo. Máscaras estão penduradas nas paredes do apartamento de Domino, e “dominó” é de fato um estilo de máscara veneziana.
O Natal se confunde de muitas maneiras com o Carnaval por ter se tornado uma época de excessos, de farturas, indulgências, tentações, festas e orgias. Assim como Bill é continuamente tentado sexualmente ao longo do filme, sem nunca realmente obter satisfação, o aspecto consumista do Natal nunca leva à inteira satisfação.
Nessa profusão de simbolismo ocultista e maçônico, encontramos ligações bizarras e referências cruzadas a outros filmes do diretor, bem como a outras obras de arte e a própria vida real.
A cena inicial mostra Alice emoldurada entre pilares maçônicos (Jachin e Boaz) e em frente a uma janela com as persianas fechadas em forma de triângulo, a crista piramidal dos maçons e illuminati. Nesses primeiros segundos, está muito implícito os conceitos de peso que o filme explora; o corpo de uma mulher nua (de costas para nós) entre símbolos visuais de uma das mais antigas e poderosas sociedades secretas. E quando vemos Alice se despindo para dormir, ela o faz parada novamente entre dois grandes pilares.
No pôster oficial do filme, Nicole Kidman aparece de perfil mostrando um olho, a representação do “Olho de Hórus” ou “olho iluminado”, indicação de que ela está “acordada, consciente, iluminada”. Quando Bill está na casa da prostituta Domino, preste a manter relações sexuais com ela, Alice interrompe o ato com um telefonema, novamente parecendo ter um sexto sentido, como que sugerindo que ela está vendo tudo, que seus olhos estão bem abertos. Ela é que está “iluminada”, que possui o conhecimento, enquanto o seu marido não.
Olhos são vistos em várias partes do filme. Bill examina os olhos de Mandy, pôsteres de exames oftalmológicos são vistos em seu consultório, a palavra “olhos” aparece em um táxi, olhos são focados dentro das máscaras dos convidados da festa na mansão e assim por diante. Em uma cena muito breve e misteriosa, a imagem projetada de um olho pisca nas costas de Bill quando ele entra em seu apartamento ao voltar da mansão. É o aspecto de vigilância da elite governante, no qual eles parecem acompanhar cada movimento de Bill, como no portão da mansão quando ele olha para o olho da câmera de segurança, uma referência ao Big Brother de 1984 de George Orwell (1903-1950).
Um imenso olho feminino é projetado nas costas de Bill logo depois que ele entra em seu apartamento ao voltar do ritual orgiástico na mansão.
Um dos símbolos maçônicos mais óbvios pode ser visto na cena em que Bill é descoberto na mansão e está parado no salão principal em frente ao líder do culto. Este líder se senta em um trono que contém uma águia de duas cabeças nas costas, símbolo do Rito Escocês da Maçonaria que remonta ao Nimrod Babilônico, mais tarde conhecido como Janus (Jano), o deus romano de duas cabeças (duas faces) opostas que deu origem ao nome do mês de janeiro. A águia bicéfala na verdade é uma fênix bicéfala que ressurge das cinzas da destruição, que sai da “ordo ab chao” (“ordem que vem do caos”), o caos diabólico. A “ordem” é sempre resultante de duas forças dinâmicas concorrentes e aparentemente contraditórias.
Há uma cena em que Bill é abordado na rua por um grupo de jovens – alguns vestindo jaquetas do time da Universidade de “Yale” – que lançam calúnias homofóbicas contra ele. A Universidade de Yale é a sede da Skull and Bones (Crânio e Ossos), fundada em 1832 por William Huntington Russell (1809-1885) e Alphonso Taft (1810-1891). Como parte da iniciação, o novato é despido e, de pé, circundado por quatorze outros iniciados e membros seniores, é obrigado a contar sua história sexual completa, incluindo seus mais profundos e ocultos segredos, na cerimônia chamada de “Alegria do Conúbio”. Depois, deita-se em um caixão que é carregado pelo salão. Entrar e sair do caixão é uma jornada simbólica pelo outro mundo, ou seja, o iniciado “morre para o mundo e renasce para a irmandade”. Estranhos gritos e lamentos vindos das entranhas da tumba costumam ser ouvidos nessas ocasiões em que os iniciados recebem uma carga de forças poderosas que transforma totalmente suas vidas, exatamente como no satanismo clássico. Entre os integrantes da Skull and Bones estão ex-presidentes da República, ex-senadores, ministros da Suprema Corte, alguns dos mais influentes empresários do país e grande parte dos espiões da CIA, aliás criada durante a Segunda Guerra Mundial por membros dessa irmandade.
O filme também está fortemente emaranhado com o culto da Cientologia, até porque Cruise e Kidman se casaram em uma cerimônia da seita em 1990. A Cientologia foi fundada em 1952 em Los Angeles pelo oficial de Inteligência Naval e escritor de ficção científica Lafayette Ronald Hubbard, um discípulo fervoroso do maçom de grau 33, ocultista e satanista Aleister Crowley. A Igreja da Cientologia, ela própria conhecida por fazer uso descarado de controle da mente e espionagem, assim como muitas seitas, passou o final dos anos 70 divulgando documentos embaraçosos da CIA sobre o MKULTRA obtidos por meio da Lei de Liberdade de Informação (Freedom of Information Act, FOIA) e vários processos judiciais em uma campanha que fazia parte da guerra suja da seita contra o governo dos Estados Unidos. Os cientologistas cortejam ativamente participantes ricos para expandir sua base de poder financeiro – entre eles muitas celebridades de Hollywood como Cruise e Kidman – que prescrevem seus ensinamentos e frequentemente participam de sessões caras com conselheiros conhecidos como “auditores” que tentam “livrá-los” de suas experiências mais problemáticas.
Vivian Kubrick, a filha mais nova do diretor com a atriz Christiane Harlan, estava profundamente enredada com a Cientologia há mais de uma década, quando o seu pai quis que ela compusesse a trilha sonora de De Olhos Bem Fechados, altura em que ela já havia iniciado o processo de desligamento da família. Talentosa musicista e arranjadora, Vivian havia composto a música para o filme Full Metal Jacket, de 1987. Christiane, em uma entrevista ao The Guardian em 2009, disse: “Eles tiveram uma briga enorme. Ele estava muito infeliz. Ele escreveu a ela uma carta de 40 páginas tentando reconquistá-la. Ele implorou incessantemente para que ela voltasse da Califórnia. Estou feliz que ele não viveu para ver o que aconteceu.”
Vivian Kubrick no set de O Iluminado.
Leia as partes 1 e 3.
#stanley kubrick#eyes wide shut#cinema#simbolos#secret societies#teoria da conspiração#conspiracy theory#ocultismo
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Ao contrário do que muitos achavam, Scarlett Johansson diz que ainda está envolvida em um projeto "ultrassecreto" na Marvel. Em uma entrevista ao CB, a atriz disse que o projeto ainda está em andado.
"Sim, o projeto ainda está acontecendo. Sim. Ainda está acontecendo, mas não no momento, porque nada está acontecendo agora. Todos nós estamos meio que em espera, enquanto enfrentamos a greve dos roteiristas e potencialmente nossa própria greve sindical, e por aí vai. Antes da greve, estávamos no meio do desenvolvimento, e agora tudo está em espera", disse a atriz, se referindo à greve dos roteiristas.
O formato do projeto da atriz ainda não foi revelado, mas a única coisa da qual temos certeza agora, é que não terá nada a ver com a Viúva Negra e a atriz atuará como produtora. Em abril deste ano, Scarlett anunciou que estava deixado de lado a farda da heroína.
“Fiz tudo o que eu tinha para fazer com a personagem. Além disso, ter a oportunidade de voltar e viver um personagem várias vezes por mais de uma década foi uma experiência única”.
Em dezembro de 2021, Scarlett chegou a falar sobre o que a motivava nesse projeto misterioso.
“Eu aprendi que o peixe apodrece pela cabeça, o que é muito, muito verdadeiro em qualquer espaço criativo. Mas a produção de um filme envolve centenas de pessoas e trabalhar apenas com as pessoas que querem estar lá — e todas querem contribuir criativamente para o mesmo tipo de ideia e construir esse tipo de família criativa —, me deixa muito animada, pois produzo cada vez mais coisas para outras pessoas […] No que diz respeito à Marvel, é como trabalhar com a família lá. A Marvel tem algumas das melhores propriedades intelectuais de todos os tempos e você pode realmente sonhar grande lá”.
Seu último projeto na Marvel foi Viúva Negra, lançado em 2021 nos cinemas e no Disney+ e ao todo, o filme arrecadou US$379,8 milhões nas bilheterias mundiais.
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Norma, sem normas
Para a nova geração, ela foi a Deise Coturno no humorístico global “Toma lá, dá cá”. Para os mais velhos, com boa memória, ela foi vedete de Carlos Machado. Para os cinéfilos, uma das maiores atrizes do Cinema Novo. Para os cineastas, uma diretora de muita inspiração. Para os leitores de “Norma Bengell” (Editora nVersos, 352 páginas), a autobiografia póstuma da atriz, uma mulher vanguardista, que viveu sem receios. “Sou tão mortal quanto qualquer um, sou humana, da espécie dos que têm o dom de sorrir e chorar, muito além do meu dom de fazer rir e chorar. Sou invencivelmente frágil. Um sobrevivente que vive com intensidade”, escreveu ela, que não viu o livro pronto. Sua entrega a tudo e a todos não lhe permitiu que vivesse mais de 78 anos. Vitimada por um câncer de pulmão, em 2013, ela teve suas cinzas jogadas das pedras do Arpoador, em direção ao mar, logo depois de um velório esvaziado, sobrando apenas 15 pessoas no momento do fechamento de seu caixão.
Norma Bengell, a mulher que arrancou suspiros de toda uma geração, conheceu a pobreza e também as rodas mais luxuosas. Desfrutou das festas mais badaladas, mas também da casa vazia de amigos. Conquistou homens com o corpo escultural, as longas pernas, as mesmas que um dia paralisaram. “Certo dia, durante uma gravação do humorístico semanal da TV Globo, ‘Toma lá da cá’, com Miguel Falabella, ao ouvir a palavra ‘ação’ não consegui me levantar da cadeira. Não consegui mais andar. E passei a usar cadeiras de rodas. Mesmo assim, queria continuar trabalhando. E continuei gravando, mas só podia aparecer sentada. Eu ainda queria ser diretora. Afinal, poderia dirigir da cadeira. Mas todos sumiram. Todos sumiram”, conta, em tom bastante emocionado, sobre seu triste fim.
Redigido em sequência cronológica, e totalmente fragmentado, o relato de Norma segue fluido como as memórias a que ela escolheu se lembrar. Sem meias palavras, não abre mão dos autoelogios, mas também não enfeita para esconder seus fracassos. Com um curioso álbum fotográfico de mais de 90 páginas, o livro surpreende ao revelar a magnitude e amplidão de uma artista múltipla, que gravou quatro discos durante sua trajetória, entre eles “Ooooooh! Norma”, um precursor da bossa nova.
Na cama com Alain Delon Filha de uma família simples, com os pais vivendo intensa crise, aos 15 anos, Norma entrou para o teatro de revista. Autodidata, chamava atenção pela falta de pudores, num tempo em que às mulheres muito pouco era permitido. “As atrizes do rebolado, como eram chamadas as vedetes, foram o grande chamariz desses números musicais. Ser vedete era sinônimo de ser bonita, sensual e, em alguns casos, famosa. Ser vedete era a glória”, conta a atriz, que se inspirou nas “heroínas dos musicais da Metro” (atual MGM). O que a artista também se recorda é que ser vedete era ser marginal. Ainda assim, foi convidada para desfilar na Casa Canadá, uma das mais famosas lojas de moda do Rio de Janeiro. Foi aquela carreira de pequenas e elitizadas passarelas que lhe rendeu frutos nas artes dramáticas.
Elogiada como cantora, ela logo foi exaltada pela dramaticidade com que entoava as palavras. “Quando comecei a frequentar o grupo do Cinema Novo, me sentia muito burra. Quer dizer, eu sabia que era inteligente, ou, pelo menos, muito viva, mas não era um poço de cultura. Eu era uma moça que lutou muito e não teve tempo de estudar; tudo o que aprendi foi sozinha”, escreveu. Alçada à fama internacional por “O pagador de promessas”, de Anselmo Duarte, com quem namorou, ela foi para o Festival de Cannes, quando recebeu o prêmio principal, e demorou anos para voltar. Intérprete do primeiro nu frontal do cinema brasileiro, ela conheceu e trabalhou com cineastas do porte de Alberto Lattuada.
Em sua estadia pela Itália, envolveu-se com o eterno galã Alain Delon. “Um romance clandestino e delirante. Não era só um caso, como com os que eu estava habituada. Era mais fresco e jovem. Nós ríamos muito de tudo, corríamos, olhávamos a lua, felizes. Tudo escondido, o que dava mais sabor. Tinha muita paixão, entrega e curtição, mas sem idealismos, sem romantismo. Amávamos um ao outro loucamente e apenas enquanto estávamos juntos. Alain era escorpiano, um amante inigualável, insaciável. Ele realmente gostava de mulher, apesar de seu comportamento ambíguo”, recorda-se a mulher que fez 16 abortos, todos declarados publicamente, e chegou a se casar com o ator italiano Gabriele Tinti.
Dias frios
Atriz de emblemáticas peças nacionais, Norma foi obrigada a depor para a ditadura militar em 1968, ano em que apresentou “Cordélia Brasil”, de Antônio Bivar, nos palcos paulistanos. Décadas mais tarde, voltaria a se desentender com o Governo, mas por conta do filme “O guarani”, que lhe custou um indiciamento pela Polícia Federal de lavagem de dinheiro, evasão de divisas e apropriação indébita, já que nas prestações de contas feitas com o Ministério da Cultura foram encontrados diversos problemas. A carreira de diretora, elogiada por “Eternamente Pagu”, de 1988, estaria terminada, bem como a fama da atriz. Com a saúde debilitada e as finanças comprometidas, a estrela foi pouco a pouco se apagando.
“A partir dos anos 1960, Norma Bengell foi a cara, o corpo e a alma do cinema brasileiro”, comenta o diretor Daniel Filho, em apresentação do livro. “Em 2012, fui a um aniversário da Norma em que havia muitos lugares para convidados, mas muito poucos presentes. Ali entendia o significado da palavra solidão”, conta o documentarista Silvio Tendler. “O texto de Norma não é apenas a narrativa das aventuras artísticas de uma menina que conseguiu furar a barreira do anonimato e saltar o muro enganoso da fama: é uma narrativa cheia de lances humanos e, poderíamos chamar, de saudável caldo humanista, em que a emoção e os sentimentos mais profundos da alma estão à flor da pele”, conclui o produtor Luiz Carlos Barreto. Sem normas, a atriz mostra, com o livro, que, acima de tudo, morreu desconhecida de todos.
#Norma Bengell#Tribuna de Minas#Deise Coturno#Carlos Machado#Silvio Tendler#Daniel Filho#Luiz Carlos Barreto'#TV Globo#Allain Delon#Antônio Bivar#Pagador de Promessas
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Maila 'Vampira' Nurmi: 100 anos; a sua incrível história de vida e carreira
ICONOCLASTA AMANTE, HISTÓRICA APRESENTADORA, ESTILISTA MATADORA: MAILA NURMI — DETALHES E FATOS
Há 100 anos atrás, nascia a talentosa Maila 'Vampira' Nurmi. Falarei um pouco, de forma resumida e objetiva, sua carreira dela, e contarei algumas histórias de bastidores que talvez não saibam. Maila Nurmi foi uma figura bastante subversiva e importante na cultura dos anos 1950-1960.
Repudiada e ridicularizada por alguns mais conservadores e amada por outros tantos, ela cravou sua estaca no peito aberto do cinema convencional, apelando para o grotesco, a sensualidade, e usando-se de sua imagem insolente quanto aos costumes de mulheres tradicionais de época.
Basta-se dizer isso: Ela é a nossa heroína. E vai além: qualquer um que ame não só a cultura gótica / de terror, e que pense num mundo menos desigual para as mulheres, deve algo à Nurmi.
ANOS 1922-1940 — COMEÇO DE CARREIRA:
De nome Maila Elizabeth Niemi, Maila nasceu em 1922, na Finlândia, mas foi criada na cidade de Oregon, nos Estados Unidos da América. A sua família se mudou para Ohio quando ela tinha apenas 2 anos. Ela se formou Astoria High School e posteriormente mudou-se para Los Angeles, na Califórnia, aos 18 anos, em 1940.
A mudança dela não foi por acaso - era a terra da indústria artística e cinematográfica dos EUA. Ela sonhava em ser atriz já desde jovem etinha a esperança de encontrar trabalho na grandiosa indústria de Hollywood, e ela aspirou viés de moda. A jovem Maila trabalhou como modelo para fotógrafos famosos de pin-ups e depois como estilista independente.
ANO 1953 — UMA FESTA MUDA A VIDA DE MAILA:
No primitivo ano de 1953, a ex-modelo, então com 30 anos, trabalhava como guarda-casacos, atendente e pintava gravatas numa boatezinha, ela marcou presença numa badalada festa em Hollywood com seu então marido, um pregresso ator-mirim que virou escritor e roteirista, Dean Riesner (roteirista de filmes como 'Dirty Harry - Perseguidor Implacável' e 'Perversa Paixão'- 1971).
Ela fez sua própria fantasia de vampira, inspirada em desenhos animados de um cartunista norte-americano chamado Charles Addams (da importante revista artística novaiorquina, The New Yorker) com a Mortícia Addams, e utilizou-se de alguns retalhos de tecidos e panos costurados para fazer a fantasia. Mal sabia ela: aquela festa mudaria para sempre a sua vida.
A festa, é claro, era de Dia das Bruxas, e era organizada pelo coreógrafo Lester Horton. E a fantasia dela foi tão boa que ganhou o prêmio da noite, em primeiro lugar.
Quando perguntada sobre a fantasia, ela respondeu: “...Primeiro eu fiz a fantasia. Comprei um pedaço de tecido por 3 Dólares e 67 cents, na loja The Home Silk Shop, na sessão de sobras. Eu não tinha máquina de costura, então cortei e costurei à mão e fiz eu mesma. Eu usava pó verde claro, com unhas compridas - Fiz meu peito achatado ... de modo que fiquei muito esquelética e verde pálida e lá estava eu”.
ANO 1954 — O AUGE DO 'THE VAMPIRA SHOW':
Maila deve ter causado na festa com seu perfil chamativo e um tanto quanto exótico, pois após meses, um participante daquela mesma festa ainda não conseguia tirá-la de sua cabeça. Ele era ninguém menos que Hunt Stromberg Jr., um recém-empossado diretor de produção do canal WABC-TV da grande Los Angeles. Na época (há 68 anos de hoje), os filmes exibidos na televisão eram bastante precários, sendo exibidos com pouca ou quase nenhuma frequência, era tudo muito voltado para o cinema.
Os grandes estúdios e canais não estavam muito interessados em cooperar com a telinha – e de fato, a consideravam uma ameaça mortal para o cinema – então, a maioria dos longas-metragens disponíveis eram de produções de qualidade duvidosa (Monogram Pictures , PRC), faroestes insossos e dramas meia-boca.
A ideia de Stromberg era adicionar nada menos que um apetitoso apelo sexual às exibições de filmes de terror ao seu canal em horários noturnos. Ele lembrou-se então da vampiresca Nurmi, mas não sabia sequer o nome dela ou como entrar em contato com a mesma.
Felizmente, o designer Rudi Gernreich a havia conhecido e lembrou-se de seu nome, aí Stromberg a convidou, contratando-a para criar um personagem com inspiração de uma vampira que, no entanto, não infringisse quaisquer direitos autorais ou marcas registradas existentes na data.
FOTO: REPRODUÇÃO; IMDb;
Nurmi, então,começou a trabalhar imediatamente na produção de um visual autêntico para a sua mais nova personagem - mal sabendo ela que posteriormente seria nada menos que uma persona e alter ego seu, sendo batizado por ela, simplesmente, de 'Vampira' - a primeira host (apresentadora de TV) feminina da história do gênero Terror.
Ela utilizou-se de elementos que combinavam desde a Rainha Má de 'Branca de Neve', uma senhora de histórias em quadrinho a até modelos de bondage, muitovendidos sem prescrição, na época. Para exagerar sua cintura já animosa, ela prendeu um amaciante de carne em sua barriga com um tubo interno de borracha bem amarrado. Suas medidas de cintura eram nada menos que 43 centímetros e meio.
Em 30 de junho de 1954, o 'The Vampira Show' estreou e foi um sucesso.
Nurmi logo passou a vestir-se como Vampira sempre que saía de casa. Nesta mesma época, uma forte onda de ações publicitárias então foi feita como estratégia de termômetro e divulgação dela e de seu show. Em 14 de junho de 1954, ela emplacou na famosa revista Life - ainda traremos em nosso blogue na sessão de memorabília.
Em 6 de junho de 1954, a emissora chegou a alugar um conversível preto de aparência fúnebre para promover passeios da Maila pela cidade de Los Angeles - tratava-se de um modelo Packard1932; Ela sentava-se confortavelmente na parte de tras, com seu choffer à frente, onde ela carregava sombrinha e distribuía autógrafos.
Não deu outra, ela logo se tornou uma celebridade nas boates e clubes da grande L.A - principalmente de Jazz.
Eventualmente, a personagem Vampira se tornou tão popular que o canal WABC decidiu se apropriar dela e pediu para Nurmi que a transferisse para eles. Ela não quis, e o seu show de TV foi cancelado em novembro 1954, apenas 8 meses no ar.
Quando sua série foi cancelada em 1955, Nurmi reteve os direitos do personagem e levou o programa a uma estação de televisão concorrente de Los Angeles, mas logo decidiu voltar para Nova Iorque e a Broadway.ANO 1955 — O "FÃ" ENSANDECIDO:
Em 20 de junho de 1955, Nurmi foi vítima e alvo de uma violenta tentativa de homicídio enquanto estava em sua casa. Ela atendeu a porta de seu apartamento e um homem desconhecido forçou a sua entrada e a aterrorizou por duas horas (há quem diga que foram quase 4 horas de tortura).
Ela tentou escapar, mas o homem conseguiu pegá-la e trazê-la de volta para o apartamento, onde disse que a mataria até o amanhecer. Ela acabou conseguindo fugir e chamou a polícia com a ajuda de um dono de uma lojinha nas redondezas, ela a encontrou coberta de hematomas, arranhões e vestindo apenas uma calça rasgada.
Mais tarde o bandido foi identificado: tratava-se de Ellis Barber, um doido quem segundo dizem, era conhecido na região como The Vamp (O Vamp).
Maila Nurmi decidiu então que era hora de voltar para a Califórnia.
ANO 1955 — SUPOSTO ROMANCE COM JAMES DEAN:
Quase na mesma época, Maila conheceu os famosíssimos James Dean e Elvis Presley.
James Dean ficou obcecado por ela e por toda a sua personalidade. O sentimento era mútuo. Eles tornaram-se companheiros íntimos. Segundo relatos, eles iam a cafeteria juntos, conversavam por horas a fio, por diversas vezes praticavam natação noturna juntos e compartilhavam histórias mórbidas. Nurmi era incomparável para James neste aspecto, é fato comum que o ator tinha um fascínio pela morte. Mas apesar de tudo, Maila nunca revelou nada a respeito disso, considerando-o publicamente apenas um "amigo".
O fato é: a mídia babaca - como não podia deixar de ser, associou e culpou Maila pela morte de James Dean num acidente de carro em setembro de 1955, por sua imagem gótica, como se ela fosse uma maldita - ainda abordaremos isso aqui no blogue com maiores detalhes.
ANO 1956 — SUPOSTO ROMANCE COM ELVIS:
Já sobre Elvis Presley, um pouco antes de sua explosão de fama nos anos 70, ele deu um show em Las Vegas, em maio de1956 e lá conheceu a excêntrica Maila Nurmi, aos 33 anos de idade.
Mas já falamos a respeito do encontro inusitado aqui em nosso blogue em: 'O romance oculto entre Elvis e Vampira: Teria ele um fetiche gótico?'
. Ambos foram vistos de mãos dadas em público, trocaram afagos e deram o que falar, mas apesar de tudo, Maila, segundo relatos, ainda seguia muito bem casada com o escritor Dean Riesner - certamente, só uma média.
ANOS 1959-1961 — VAMPIRA NO CINEMA, E DEPOIS:
Maila ainda fez aparições públicas e reprisou o seu papel de sucesso no filme 'Plano 9 do Espaço Sideral', um sucesso trash de 1959 - onde contracenou com Bèla Lugosi e fez uma pequena sessão de fotos com o mesmo — Maila atuou no filme com muitas ressalvas e críticas abertas e públicas, "só pelo dinheiro", mas no entanto, um fato que nem todos lembram (ou contam) é que ela relação com o diretor não era tão ruim ou impossível assim pois ela tornou a atuar para ele no interessante 'Acordei Cedo no Dia da Minha Morte' ("I Woke Up Early the Day I Died", 1998), desta vez Ed Wood como roteirista.
O personagem Vampira já havia sido transformado em folclore e já era considerado icônico na cultura e moda gótica e na 'mitologia popular' desde a época. E ela foi sumariamente copiada pela Elvira (também falaremos sobre isso no futuro).
Maila foi casada três vezes: tendo terminado seu primeiro casamento na segunda metade dos anos 1950, e iniciado seu 2º casamento em 1958 - que não durou muito, e tendo vindo a casar uma última vez no ano de 1961.
ANOS 1960-2008 — OS 30 ANOS FINAIS:
O filme citado acima, 'Acordei Cedo no Dia da Minha Morte', foi o último longa-metragem atuado por Maila. Aos 78 anos, ela desistiu de sua carreira como atriz, tendo sido creditada por 20 títulos - incluindo os shows como host. A face original de Vampira faleceu em 2008 de causas naturais, sem muito glamour ou alardes, aos 85 anos, em sua casa-garagem, em Hollywood. Ela foi enterrada no cemitério Hollywood Forever.
O certo é que hoje, após 100 ANOS de seu nascimento, Maila Nurmi agregou muito. Temos de agradecê-la por contribuir com toda a sua criatividade e por toda uma influência gerada por ela na cultura e por todo o papel corajoso que exerceu numa época de muito preconceito e conservadorismo babaca. Seu centenário não poderia passar batido.
MAILA 'VAMPIRA' NURMI *1922 +2008
FONTES DESTA PUBLICAÇÃO:
-'The Monster Show - A Cultural History of Horror' (1993);
- Biografia oficial de Maila Nurmi;
- Horror Obsessive;
TAMBÉM DESTE BLOGUE:
- Livro: Entrevista sobre "Vampira: Deusa Macabra do Terror";
- Lista: 50 fotos de Maila Nurmi, a eterna Vampira;
PUBLICADO ORIGINALMENTE EM NOSSO BLOGUE EM 12/11/2022
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A franquia Pânico vem desde 1996, estrelando Neve Campbell (Sidney Prescott), Courtney Cox (Gale Weathers), David Arquette (Xerife Dewey), Skeet Elrich (Billy Lommis, GhostFace), Drew Barrymore (Casey Becker), Matthew Lillard (Stuat Macher, GhostFace) e entre outros personagens do filme original que deu inicio a franquia que chegou nesta quinta-feira dia 09 de Março, Pânico 6.
Que nos mostra novamente a vida de Samanta Carpenter a filha de Billy Lommis e sua irmã Tara Carpenter e amigos, sendo perseguidas (os) pelo assassino mascarado. O filme nos mostra um tipo de tributo ao GhostFace, e também onde é, (vamos dizer assim) a "Bat Caverna" do GhostFace, trazendo consigo referências de outros filmes slashers como Halloween, O Massacre da Serra Elétrica, Sexta-Feira 13, A Hora do Pesadelo, CandyMan e outros filmes que com certeza já deixou você com medo e sem dormir por várias noites.
Os nossos heróis e heroínas tem um dever a fazer no sexto filme dessa franquia, encontrar quem é o GhostFace e acabar com o mal pela raiz. Nosso herói e heroínas precisam de um descanso, pois foi um ano após o outro com assassinos mascarados perseguindo a nossa querida Samantha Carpenter.
Pânico 6, hoje no cinema mais próximo de você.
Qual o seu filme de terror preferido?
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Sento — de novo, meu anjo — em cafeteria de shopping e fico a ler incansavelmente fofocas em um aplicativo de notícias da Microsoft acerca das recentes mortes de famosos dos anos oitenta; seja sobre o trágico Auster morto através de um câncer de pulmão, cuja neta de dez meses por sua vez fora morta por uma overdose de heroína causada pelo filho de Auster, isto é, o pai da criança em questão, seja em relação a uma atriz hollywoodiana e produtora de cinema independente há pouco distraída para as Outras Margens por doenças como diabetes, talvez, e senilidade, seja em relação a qualquer notícia mórbida qual a estas mencionadas, minha leitura matinal e minhas meditações com café frente à Balduco enquanto gentes vivazes passeiam entre luzes e sonhos vão se expandindo até que […]
Há um produtor de música eletrônica veiculado às nostalgias das últimas décadas que não só fomenta minha criatividade com suas edições de canções notívagas — e antigas — como também me acompanha nas tais leituras matinais.
— Qual o nome do cara que você escuta nestas horas destas manhãzinhas tranquilas?
— Se chama Dark Desire, meu anjo...
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Mais uma animação para a família estreia nos cinemas !
Zuzubalândia é um reino encantado onde tudo é feito de comida. Ao lado desse lugar mágico vive uma Bruxa que não gosta de se alimentar. Disfarçada de Web Influencer, ela convence as abelhas a pararem de polinizar e seguirem profissões como youtubers, designers de sobrancelha, professoras de ioga e outras. Em pouco tempo a comida do reino começa a acabar e o único jeito de salvá-lo é passar pelo exército de zumbis da Bruxa e polinizar a última flor mágica da Floresta Mamônica. Será que nossa heroína Zuzu vai dar conta do recado?
youtube
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