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#forte marítimo armado
edsonjnovaes · 8 months
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Principality of Sealand
O príncipe Michael de Sealand é líder de uma micronação chamada Principado de Sealand. Mike MacEacheran – BBC Travel. 14 set 2020 Localizado no Canal da Mancha, entre a ilha da Grã-Bretanha e o continente Europeu com incríveis 0,055 km², a plataforma está fora dos domínios territoriais da França, o que faz de sua localização uma “terra de ninguém”. Parque da Ciência Newton Freire Maia –…
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fotoortografias · 6 years
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Marginalidades
Inicio uma viagem de mistério, de improvisação ao sabor do tempo, dos elementos, do pensamento que vagueia, como os passos, sem sentido ou direção definidos.
O mar é a referência omnipresente. Metáfora perfeita do infindo que me rodeia e do imprevisto que sempre espreita. A beleza que atrai para engolir de seguida. As rochas dão-me a ilusão da firmeza e segurança. Depois vem o incerto, o instável, o profundamente inseguro.
No horizonte o sol espraia a luz benfazeja sobre o leito marítimo. Um espelho que não reflete a minha imagem, antes a imagina e desfaz ao sabor das ondas. Uma pequena embarcação sulca o sol, refletido nas águas, e parte para outras paragens, deixando anseios nos olhares que a contemplam, em melancolia.
No areal as marcas da terra e do mar sobrepõem-se. Milhões de partículas comprimem-se neste mar mineral, micro-planetas que gravitam submetidos à tirania física das ondas e do sol.
Os trilhos dos veículos de limpeza formam círculos e semicírculos bizarros, órbitas imaginárias que decoram o universal arenal. Entre elas multiplicam-se pegadas de cosmonautas em fato-de-banho, percorrendo rotas nesta praia espacial, rumo ao infinito e mais aquém.
O mar põe divinal ordem nesta azáfama cósmica, limpando as marcas do tempo, como se estas nunca tivessem existido nem tampouco os seres que afanosamente as criaram.
Nas minhas costas emerge um cacto, verde, inchado, pesponteado e ameaçador, destacado ante o xadrez lapidar da muralha. Ao contemplá-lo vislumbro, em sobressalto, uma figura antropomórfica e triste, prostrada perante a imensidão crepuscular e voraz do oceano.
Como pipocas, engolidas e regurgitadas pelo monstro oceânico, saltam surfistas aos magotes das ondas que se enrolam e desfazem em espuma antes de morrerem na praia. Mais ao largo outros aguardam a vaga seguinte, torsos negros de braços aracnídeos em movimento errático, ao sabor das correntes.
Uma bicicleta reluz encostada ao gradeamento e projeta uma longa sombra vespertina sobre o passadiço. Perco os meus passos por entre as sombras da grade e da bicicleta como num filme a preto e branco ou num jogo de sombras chinesas oferecido a quem passa, perdido entre as ondas, o areal e a narrativa escrita a penumbra.
Ainda outra onda traz consigo um surfista empoleirado na crista, que cavalga sinuosamente o vagalhão como se de um potro selvagem num rodeo americano se tratasse. O cowboy marinho, todo vestido de negro, conduz uma prancha malhada com a destreza de um mustang, por entre a ondulação deste oeste ibérico. De quando em vez a prancha empina e ele ora controla os ímpetos selvagens da singular cavalgadura ora se estatela com estrondo por entre a torrente, incapaz de a domar.
A presença tutelar do forte recorda-me que não estamos afinal na conquista do Arizona mas em terra pacificada. Mas olhando as hordas de índios à tona, nas suas pranchas garridas como pinturas de guerra, duvido se não estarei mesmo nas guerras apache envolto nalgum misterioso cerco ao forte de São Julião da Barra.
No areal os mirones acumulam-se, armados de tripés e câmaras digitais, registando proezas dos cavaleiros marinhos e ocorrências do cerco ao forte. Já outros passeiam desinteressadamente, como se a guerra não existisse, tirando selfies com a batalha que se desenrola nas vagas, para eles invisível, por cenário.
As gruas das obras vizinhas, salpicadas regularmente por candeeiros públicos que entre elas se elevam no horizonte terrestre, perfilam-se como gigantes, filhos de Gaia, enfrentando as forças olímpicas que desembarcam na praia.
Ao largo vislumbro o Bugio, mesmo em frente ao forte, enxameado de moscas flutuantes que vagueiam ao sabor das correntes. A Barra eleva-se altaneira do mar e a pequena fortaleza insular impertiga-se, assumindo o seu papel de atalaia na defesa territorial do reino.
Encaro o sol poente e o mar, numa ilusão alquímica, torna-se prata brilhante e as rochas negras sombras de monstros marinhos que povoam as profundezas misteriosas, ante o espanto dos que lhes vislumbram os dorsos ameaçadores. Corajoso, um barquito insignificante grava no leito argentino um sulco profundo e longo aproveitando a aparente passividade dos titãs.
Aproximo-me e os monstros desvanecem. As sombras proliferam e as formas surgem desafiantes, esculpidas na rocha pelo cinzel das ondas salgadas. Por entre elas destacam-se lagoas belas e translúcidas, onde se adivinham universos compostos por uma miríade de pequenas criaturas aquáticas. Lembro o nascimento da vida nos mares e a evolução de Darwin. Quantas vidas povoam estes pequenos charcos primordiais? Quantos universos contidos nestas poças, onde se agitam as águas espumosas do mar?
Se provas buscasse de que a vida pulula por entre as rocas, bastava olhar os pescadores de cana estirada, bem segura entre mãos fortes de quem espera pacientemente por uma batalha de vida ou de morte. As ondas batem estrondosamente contra as rochas, salpicando-os de espuma e de sal, mas eles não vacilam. São guerreiros que aguentam firmes a peleja, enquanto o mar os não engole na sua fúria demoníaca.
As silhuetas urbanas do Estoril e de Cascais perfilam-se ao longe, espreitando por entre enseadas onde estranhas sombras antropoides caminham sobre as águas ondulantes.
Em terra perco-me nos múltiplos telhados do Hospital de Santanna, onde ramos despidos, de árvores invernais, protegem a fachada dos olhares indiscretos, numa rede milimétrica tecida a galhos e gravetos. São camadas sucessivas sobrepostas que culminam em graciosas pirâmides sustentadas por dedos marmóreos de esfinge. No topo surgem ainda surpreendentes minaretes de lata, pintados a verde. Lembram pequenos quiosques lisboetas onde algum cauteleiro a banhos poderia vender a sorte grande às gaivotas que passam.
Na Parede a praia foi engolida pela maré. Alguns fiéis banhistas procuram por entre as vagas as areias sumidas, sem sucesso. Uma amurada cinza, encimada por uma fiada de cabanas de madeira molhada com toldos vermelhos, marca a nova fronteira entre a terra e o mar, muralha inexpugnável desta Tróia atlante, postada diante das investidas marinhas de ondas aqueias.
À minha frente um par de pombos pousa no muro e troca mimos pantagruélicos numa inesperada e idílica cena, digna do mais enjoativo romantismo. Sigo em frente, ansiando por mais agrestes visões e não me desiludo. A próxima enseada exibe uma batalha sem quartel entre as ondas e a rocha. Os despojos da luta acumulam-se ao fundo das arribas, escavadas impiedosamente pelo turbilhão das águas. As linhas traçadas no breu pétreo são marcas de sucessivas vitórias oceânicas exibidas ao viandante. Ainda assim persisto na ilusória segurança sólida do rochedo. Outros, mais otimistas ainda, edificam nele orgulhosas construções que desafiam os elementos e atraem turistas a bebericar cervejas no topo de penhascos periclitantes, assolados pelo cerco marinho. É sabido que nada estimula mais o turismo que a vertigem do perigo e do álcool, à beira-mar plantada.
Uma casa fantástica cresce no meu campo de visão. Amontoado de pedras marinhas laboriosamente incrustadas, como bivalves, ostenta uma plangente aristocracia, deposta e exposta ao desinteresse do trânsito que passa urgente. Fechada, decadente mas inesperadamente incómoda.
Um pouco adiante, no areal de São Pedro do Estoril, as massas invadiram a praia, no seu passeio domingueiro. Crianças correm desenfreadas à frente de progenitores que empurram, pesadamente, carrinhos basculantes, com mais infantes de colo. Idosos sentam-se no passadiço e contam silenciosamente as ondas que morrem na praia. Jovens, de ambos os sexos, convivem na areia, livres de controlo parental e submetidos ao descontrolo hormonal, próprio da mocidade. As esplanadas estão cheias de gente. Gente sentada e de pé, gente à sombra e ao sol, gente que fala e que ouve, que vê e que olha, que trabalha e que folga. Gente que vive e gente que morre. E gente que passa apenas.
Diante deste reboliço de gentes olho para a paz do areal molhado, que brilha ao sol tardio, salpicado de rochas eternas.
E sinto inveja.
Ricardo Ramalho
Massamá, Junho de 2018
Foto: Praia de Carcavelos (2018)
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