#faça a risada dos outros ser seu combustível
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giseleportesautora · 25 days ago
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Castração #Poesia
Castração #Poesia Fugindo da carrocinha e da injeção. O infinito dentro de mim é indestrutível. Tanta gente perdeu de si o acesso e percepção. Caio de sono, o fim parece factível. #poema #liberdade #sensentirlivre #sesentirsolto #livres
Fugindo da carrocinha e da injeção. O infinito dentro de mim é indestrutível. Tanta gente perdeu de si o acesso e percepção. Caio de sono, o fim parece factível. Dentro de mim há uma ponte que me leva para qualquer lugar. E enquanto os outros só sonha,, já vivo minha liberdade. A impressora imprimindo as fantasias do seu ser. Tentando se reconectar com o prazer depois de tanta…
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baekhyun-fanfic-fest-blog · 7 years ago
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#12 Quem é o melhor?
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Título: Quem é o melhor? Número do Plot: #74 Quantidade de Palavras:  20.882 Sinopse: "Nada poderia superar a antipatia que os faixa roxa de jiu jitsu da principal academia de Bucheon possuíam um pelo outro. KyungSoo, o arrogante metido a sabe tudo. BaekHyun, o valentão que não sabia perder. Ambos completamente perdidos naquela inimizade e, talvez, em algo muito maior e mais instável do que o orgulho deles conseguia esconder. No final, só restava saber quem era o melhor em disfarçar a absurda atração que sentia e tentar resistir às vontades complexas sempre que os corpos caíam juntos no tatame." Couple: BaekSoo, slight!XiuHun
1. Nós dois funcionamos melhor juntos, não acha?
Sons de gritos e corpos chocando-se no chão acolchoado tomavam conta de todo o ambiente. A Academia Principal de Bucheon sempre estava cheia de alunos e até mesmo havia dias em que se autorizava uma quantidade pequena de pessoas para assistirem as aulas. O local, apesar de muito amplo, era uma academia comum. O que tornava seu nome relevante, porém, era que alguns lutadores de destaque na mídia haviam sido muito bem treinados ali por instrutores bastante dedicados.
Dentre as diversas modalidades de luta que estavam disponíveis, as mais procuradas eram o jiu jitsu e o hapkido, que possuíam as aulas mais cheias e assistidas. E o barulho que tomava conta do tatame no turno da noite, eram dos lutadores de jiu jitsu durante o rola — treinamento livre — que havia antes dos ensinamentos do sensei. Este, que possuía mais de cinquenta anos, gritava para um ou outro, enquanto um de seus alunos, um jovem faixa preta, o auxiliava nas aulas. O treinamento daquela vez era de joelhos, com mistura de faixas para testar todos os alunos dali — tanto os de graduações mais altas quanto mais baixas —, o que poderia causar entre os lutadores muitas amizades, competitividade e, mais ainda, antipatia.
Contudo, nenhuma inimizade superava a que Do KyungSoo possuía por Byun BaekHyun, o faixa roxa que chegava com toda aquela marra, andando como se fosse dono do lugar, instruindo os faixa verde como se ele fosse o sensei. Assim como BaekHyun não suportava aquele jeito metido do garoto de mesma graduação que a sua, que com um arquear de sobrancelhas se atrevia a abordar até mesmo os faixa marrom sobre posições erradas, como se soubesse tudo e nunca cometesse erros.
Por isso que quando ambos ajoelharam-se um de frente para o outro no tatame, apenas deram um sorriso enviesado como cumprimento e começaram as provocações ao invés de realmente lutarem. Porque entre eles era sempre assim; a raiva era combustível para um bom enfrentamento. Mesmo que o sensei não soubesse disso, claro.
"Você vai beijar o chão hoje." o garoto de cabelos castanhos murmurou, recebendo como resposta uma risada irônica do outro.
"Não me provoca, Byun." alertou. "E não diga piadas de mal gosto. Você apanha de mim todos os dias e não aprende, né?"
"Agora quem está fazendo piadas é você, Do." riu divertido, vendo a expressão desagradável que o moreno adotou. "Ou esqueceu  o que eu fiz com você ontem?"
"Então se é assim" KyungSoo iniciou, apertando a faixa na cintura e preparando-se para o inicio do rola. "Vamos ver quem é o melhor?"
BaekHyun sorriu.
"Claro."
                                                   백수
"Soo! Leva esse gabinete pros fundos pra mim!"
KyungSoo revirou os olhos, respirando fundo antes de caminhar até a escada em espiral que possuía o estabelecimento, descendo até a metade. Nada de face em desagrado, ele não poderia demonstrar isso, pois sabia que se o fizesse teria que, no mínimo, pagar com o dobro de trabalho. Por isso, com inexpressividade no rosto, olhou para o irmão mais velho que lhe gritava no andar de baixo.
"SanDong, mas tem gente aqui em cima pra atender." tentou argumentar, mas o olhar dele já lhe dizia tudo.
"KyungSoo, só faça o que eu to pedindo." voltou a dizer, antes de se virar e retornar a conversa com alguém que o mais novo não queria saber.
A única opção do garoto foi guardar a raiva antes de terminar de descer as escadas, pegar o bendito objeto junto de um papel com informações do cliente e carregá-lo até os fundos da loja para guardá-lo. Ele não acreditava que com vinte e cinco anos de idade tinha que ficar se dobrando ao irmão daquela forma. Mas o que podia fazer, afinal? KyungSoo não era um rapaz de futuro feito. Cursos? Nenhum. Faculdade? Jamais. Ele não tinha a mínima ideia do que fazer academicamente falando e aparentava não ter pressa para seus pais. Por esse exato motivo que os progenitores trataram de forçá-lo a trabalhar na loja de informática de seu irmão, que ficava a duas esquinas de distância do mercadinho mais conhecido de Bucheon. Ali, além de vendas de peças de computador e manutenção de equipamentos, também havia o cyber café, que era onde Do ficava a maior parte do tempo, quando SanDong não resolvia fazê-lo de escravo no dia.
"Só faça o que eu to pedindo." imitou a voz do irmão, mal humorado, antes de abrir o caderno onde estava organizado as entradas e saídas de equipamentos em manutenção. "Você não pede nada, você manda. Babaca." resmungou, anotando o número do pedido na sequência e as informações do cliente que havia no papel. Colou uma etiqueta com o número e colocou o gabinete em uma das diversas prateleiras que havia ali, antes de se retirar o mais rápido possível do local. "Feito." informou ao irmão, subindo as escadas rapidamente.
KyungSoo não queria trabalhar. Pelo menos não para a família, e por conta disso, estava lutando para arranjar algum emprego que não fosse com o mala de seu irmão mais velho lhe ordenando a fazer milhares de coisas ao mesmo tempo e não pagando o que achava justo por tantas tarefas. E a dificuldade de conseguir um novo trabalho era o que lhe fazia se arrepender de não ter aprofundado seus estudos em alguma coisa.
"Mãe!" chamou, assim que subiu ao segundo andar, se aproximando da mulher que estava no balcão. "SanDong tem que parar de me chamar o tempo todo pra fazer tudo pra ele!" reclamou.
"Meu filho, ele só fez isso porque sabe que eu estou aqui." a mulher baixinha de grandes olhos respondeu, terminando de fazer um café para um dos clientes que estava mexendo em seu celular numa mesa não muito distante dali.
"Mãe, ele faz até quando a senhora não está." suspirou, tomando a frente dos afazeres e impedindo que a progenitora que continuasse o trabalho. "E para com isso, porque se ele vir a senhora montando o café, vai me fazer trabalhar em dobro!" voltou a resmungar, pegando o café das mãos da mulher. "Fala com ele, mãe!"
"Apenas abra seu próprio negócio, meu filho, assim ninguém vai poder mandar em você." ela respondeu com um sorriso irônico e se afastou.
"Como sempre... Ninguém a favor do filho não graduado, tsc." murmurou, afastando a chateação mentalmente antes pressionar o botão que chamava o cliente ao balcão.
"KyungSoo! Que coincidência!" o garoto castanho se aproximou e o moreno contorceu o rosto em evidente desagrado. "O pedido é meu."
"Okay." assentiu, decidindo ignorar BaekHyun o tempo que fosse preciso atendê-lo. "Você deseja algum acompanhamento? Cokkies, torta...?" voltou a falar, prosseguindo com o padrão do atendimento.
"Não, só quero o café." negou, observando o outro rapaz concluir seu pedido seriamente. "Aliás, eu cheguei aqui e estava vazio, tive que esperar algum tempo até que aquela senhora simpática me atendesse. Eu deveria reclamar para o dono por sua displicência?" provocou e o outro sorriu forçadamente em retorno.
"Se ele me demitir será um favor. Aproveita e fala pra ele que eu só sou atendente do café e não estoquista particular." disse rapidamente, repousando o café no balcão, em frente ao outro. "E são cinco mil Wons."
"Bom, é como dizem..." estendeu o valor exato para o outro, sorrindo abertamente. "Apenas abra seu próprio negócio e assim ninguém vai poder mandar em você." soltou uma risada, pegando seu café e se afastando, deixando um KyungSoo sem palavras para trás.
"Maldito..." praticamente rosnou para o garoto que já descia as escadas, tentando controlar a raiva que tencionava-lhe a mandíbula.
KyungSoo com certeza se vingaria mais tarde.
                                                  백수
Naquela noite a academia estava agitada. Parecia que naquele dia em questão, os alunos de jiu jitsu estavam mais animados que o normal para o treinamento livre. KyungSoo também acompanhava aquela empolgação atípica, mesmo com o dia exaustivo que tivera no café da loja do irmão. Era o primeiro dia de aula de alguns ali e estava em volta do tatame, observando novos alunos arriscarem alguma coisa, vendo reproduzirem muitos erros nos quais também fazia quando ingressou na academia.
Seus olhos se desviaram em direção ao outro lado do tatame, vendo Baekhyun com as mãos na cintura e a sobrancelha arqueada fazendo a mesma coisa que ele a cerca dos alunos. O castanho basicamente era uma imitação genérica do sensei, andando de um lado para o outro, enquanto o próprio auxiliar das aulas estava parado diligentemente ao seu lado, já que, além de professor e aluno, também eram amigos.
"Arrogante de merda..." deixou escapar em um tom baixo e percebendo, sem que quisesse, que ele estava com o peito nu naquele dia. "Exibido." sobressaltou-se levemente ao ouvir uma risada contida ao seu lado.
"Eu sinceramente não entendo essa antipatia que você tem pelo BaekHyun." o faixa-preta, SeHun, declarou em tom calmo, com o um sorriso contido na face. "E é muito estranho você xingando ele de uma forma que não parece um xingamento."
"Cala a boca, SeHun." devolveu mal humorado, cruzando os braços. "Olha como ele se posta diante dos novos alunos. Age como se ele mesmo fosse o sensei, não sei como o sensei Jung não fica irritado com isso."
"Porque no jiu jitsu você aprende a ser paciente, KyungSoo." o outro respondeu calmo, passando as mãos pelos cabelos negros e ajeitando a faixa na cintura logo após. "Se ele estiver tendo um mau comportamento, isso vai se voltar contra ele em algum momento. Você não deveria se preocupar, se não isso vai se voltar contra você também."
"Eu gosto de jiu jitsu, mas você falando como o sensei me deixa nervoso." olhou ligeiramente para o mais alto, voltando a atenção para o outro lado do tatame e encontrando o castanho lhe encarando de volta. "Se ele não fosse tão exibido, eu não me incomodaria tanto."
"Hey, Do!" Baekhyun gritou, após lhe direcionar um sorriso enviesado. "Pronto para apanhar, hoje?"
"Eu acho engraçada essa sua memória de peixe, Byun... Sempre esquece que apanhou no dia anterior." KyungSoo riu, instintivamente enchendo o peito de ar e devolvendo o sorriso petulante. "Acho que isso é uma desculpa que você usa só pra apanhar de mim todos os dias."
"Eu não vou me meter com vocês..." SeHun declarou, se afastando para poder posicionar os alunos e misturá-los com os alunos mais velhos.
"Você que é engraçado, Kyungsoo." não desmanchou o sorriso. "Espero que pelo menos esteja mais disciplinado agora."
O moreno espremeu os lábios, não conseguindo evitar que suas sobrancelhas se franzissem e seu nariz dilatasse. Baekhyun era muito baixo. Ele conseguia lhe atingir no ponto fraco e lhe encher de raiva facilmente e, por mais que não quisesse demonstrar, infelizmente não era bem sucedido em suas tentativas. Quando abriu-se um espaço no tatame para que pudesse finalmente treinar, chamou Byun com apenas um arquear sobrancelha. E ele já parecia bem disposto, no que descrevia toda sua expressão, mas foi impedido quando o sensei o segurou calmamente pelo pescoço.
"Hoje você vai ajudar um novato, Byun." o homem disse, empurrando o castanho para o outro lado. "E você, Do, cuide desse faixa verde aqui." apontou para o garoto, que lhe sorriu amarelo.
Suspirou. Não seria naquele momento em que ensinaria uma lição a Baekhyun. Mas estava decidido que faria aquela arrogância se voltar contra ele.
                                                   백수
O resto da aula se seguiu normalmente. Estranhamente, o sensei não deixou em nenhum momento que Baekhyun e Kyungsoo fossem para o rola, como se estivesse prevendo que não seria uma coisa boa deixá-los lutar naquele momento. Como Do sempre foi um garoto que, apesar de não tão educado, sempre se esforçava em ser prestativo, simplesmente resolveu que seria muito bom dar um descanso aos instrutores e se oferecer para arrumar a sala naquele dia.
"Sensei Jung!" se aproximou do mentor, fazendo uma reverência respeitosa. "Eu posso recolher o tatame e limpar o chão hoje, se o senhor me permitir." disse e o homem velho assentiu, apontando para o outro lado.
"Fale com o Sehun e o libere disso também." sugeriu e o moreno apenas assentiu, andando calmamente para o mais alto que afrouxava a faixa preta na cintura.
"Sehun!" o chamou. "Pode ir pra casa, amigo. Eu recolho o tatame hoje!" sorriu para o mais alto, que lhe arqueou uma sobrancelha em confusão.
"Você tem certeza?"
"Ué... Por que eu não teria?" devolveu diante da confusão do outro.
"Ahn... por nada." deu de ombros. "Só queria ter certeza de que você queria mesmo fazer isso." sorriu, pegando sua bolsa, onde estava seus chinelos para ir para casa. Oh não morava muito longe dali. "Então eu estou indo, KyungSoo, a chave está na porta, okay? Até a próxima aula!"
"Até!" se despediu, mesmo estranhando ainda o motivo da pergunta do amigo, já que se oferecia a ajudar com mais frequência que o normal.
Não demorou muito tempo para que finalmente entendesse aquela pergunta confusa do amigo. Quando terminou de recolher os tatames do canto e empilhá-los corretamente, viu Baekhyun sair do banheiro, ainda trajando o kimono, com a faixa roxa nas mãos e a parte de cima do uniforme aberta, exibindo o peito nu. Desviou os olhos, disposto a ignorar o castanho enquanto ele estivesse presente, mas logo ele estava na sua frente, com um sorriso detestável, e previu que teria sua paciência esgotada em pouco tempo.
"O que você está fazendo aqui?" Baekhyun questionou, cruzando os braços e assoprando um riso. "Resolveu ficar pra admirar minha presença?"
"O que?" sua voz subiu um tom. "Você está louco! Eu nem sabia que você estaria aqui, eu nem faço questão disso." pegou mais um tapete que compunha o tatame, empilhando-o. "Só me ofereci pra ajudar, aliás, eu nem deveria estar te dando alguma satisfação, o que você está fazendo aqui, afinal?"
"Eu me ofereci a limpar a sala no começo da aula, Kyungsoo." ele respondeu, rindo. "Ficou com vontade de agradar o sensei pra ele te aprovar mais facilmente para a próxima faixa?"
"Se eu estou fazendo isso, você está no mesmo caminho, não?" arqueou a sobrancelha, cruzando os braços. "Até porque, é difícil de me ganhar numa prova, a não ser que eu esteja passando mal, não é?"
O vinco que se formou entre as sobrancelhas do castanho quase o fizera sorrir. Aquele assunto era antigo; eles já não se davam bem antes daquilo tudo, mas na prova da graduação dos faixa-azul para roxa, KyungSoo não estava se sentindo muito bem. E BaekHyun utilizou de oportunidade para tirar sarro do garoto e ganhar todos os rolas daquele dia, o que deixou KyungSoo irritado o suficiente para se descontrolar e, infelizmente, dar uma impressão ruim ao sensei. Por causa de Baekhyun e toda aquela confusão, o moreno tivera que ficar mais seis meses como faixa azul por mau comportamento.
"Oras..." riu em seco. "Você adora usar isso como desculpa de que tem vantagem sobre mim, você sabe que isso é mentira."
"Oras..." repetiu o que o outro falou, rindo debochado. "E você adora usar isso para dizer que eu perdi a prova pra você." deu de ombros. "Estamos quites."
"Quer saber?" o castanho se afastou, amarrando a parte de cima do kimono novamente com a faixa, passando-a em volta do corpo mais de uma vez antes de finalmente atá-la firmemente na cintura. "Por que a gente não tira isso a limpo agora?" apontou para a parte do tatame que ainda estava ordenada no chão. "Eu e você, agora, quem vencer é o melhor."
"Mas... A gente não tem um sensei aqui e-"
"Ah, para, KyungSoo... Você não é disso, não acredito que vai arregar pra mim, justo agora na nossa melhor oportunidade." rindo, andou até o tatame, se ajoelhando. "Tá esperando o quê, Do? Se ficar dormindo no ponto, eu vou me considerar o vencedor dessa porra."
O moreno, que ainda estava em pé, respirou fundo. Precisava da resiliência que o instrutor dizia em todas as aulas. Precisava pensar sobre as lições diárias que recebia, como não deveria deixar nenhum sentimento que o fizesse perder a razão... Lhe tirar a razão. Mas Baekhyun conseguia ser a pior pessoa — ou a melhor — para lhe fazer perder a linha daquela forma. Por isso mesmo tencionou a mandíbula, fechando os punhos com força antes de caminhar até ele, usando a distância inicial do rola e se agachando em frente à Baekhyun.
"Vai me dar essa vantagem?" recebia um sorriso debochado, que lhe tirava do sério, enquanto observava o garoto ainda ajoelhado no tatame.
"Claro. Você diz que só sou capaz de te vencer quando está mal, não é? Mas eu vou provar que não." suspirou e Kyungsoo percebeu que ele também estava nervoso. "Podemos começar?"
Do apenas assentiu antes de começar a contagem e finalmente iniciarem o rola. Incrivelmente, logo na primeira investida que dera, Baekhyun lhe pegou de surpresa e conseguiu inverter a situação, girando os corpos e ficando sobre si. Rosnou enquanto se desvencilhava da destra dele e impedindo-o de pegar no seu quimono e dar alguma finalização. Demorou, mas entendeu a abertura que ele estava dando e pegou na barra do quimono dele, o jogando no chão novamente.
"Eu não vou deixar você me vencer, Baekhyun." segurou um grunhido ao receber um tapa na mão após tentar agarrar o quimono do castanho.
"Claro que vai, está na cara!" ele gritou, tentando finalizar, mas não conseguindo. "Porra, você poderia ter finalizado naquela hora e por que não fez?"
"Porque eu quero me divertir com o mimadinho." zombou.
"Vai se foder Kyungsoo!"
No meio daquela discussão sem sentido, o moreno abaixou a guarda, facilitando Baekhyun a dar um arm lock, fechando as pernas na sua cabeça e braço direito. Mas antes que pudesse finalizar devidamente, Kyungsoo se debateu de uma forma que fez com que a barra do quimono dele saísse de sua mão e ele conseguisse escapar por suas pernas, raspando o rosto grosseiramente na parte de baixo do quimono.
"Merda, você tá maluco?" a voz de Baekhyun já não conseguia diminuir de tom, com uma oitava acima ele esbravejava para cima do outro faixa roxa, que passava as mãos pelas orelhas — agora muito vermelhas — enquanto se reposicionava no tatame. "Quase machuquei você, da próxima faz uma fuga decente, porra!"
"Preocupado?" debochou, orgulhoso. "Eu não iria deixar você finalizar de jeito nenhum, babaca."
"Caralho, Kyungsoo... Você é insuportável!" acusou.
"Se olha no espelho, Byun."
Com a paciência esgotada, o castanho avançou sobre o outro, pegando-o de surpresa. Naquele momento ambos sabiam que não estavam mais raciocinando e a prova era os insultos que soltavam a cada girada de corpos, a cara abertura de guarda, passagens e inúmeras tentativas de finalizações. Aquela inimizade falava mais alto que o bom senso e todas as vezes que se defendiam ou saíam da armação de alguma finalização acabavam se machucando, sentindo alguma pancada ou alguma parte do corpo queimar contra o tatame ou o quimono. Se algum sensei estivesse ali, estaria desesperado e o que faziam no momento nem poderia ser considerado jiu jitsu. Apenas se engalfinhavam numa tentativa insana de ganhar o outro.
E no meio daquele embolar de corpos, Baekhyun escorregou sem saber como, chocando os quadris contra os de Kyungsoo e fazendo-o arfar pelo impacto e pelo peso. Mesmo assim, o castanho manteve-se ali, segurando as barras do quimono do outro que a faixa nem estava mais amarrada no corpo, sentindo a consciência se instalar novamente e lhe mostrar o que estavam fazendo.
"Qual é a porra do seu problema?" questionou ao moreno, que se debateu numa tentativa de sair debaixo de si. Seu corpo queimava e tinha certeza que possuía algum arranhão no pescoço.
"Eu que deveria te perguntar!" ele devolveu, rindo numa clara tentativa de se manter no controle, aproximando o rosto contra o seu. "Fez todo esse teatro só pra terminar montado no meu colo sem fazer nada, Baekhyun?" murmurou com certa provocação. "Se fosse pra ser isso, poderia ter me dito antes, eu teria feito esse favor pra você."
"Imbecil." afastou os quadris, ligeiramente constrangido, forçando as pernas do outro com certa ignorância e se enfiando no meio delas. "Você consegue ser um belo de um babaca, que se acha o sabichão, arrogante de merda."
"Eu digo o mesmo de você!" devolveu. "E pra piorar é um filhinho de papai que tem tudo o que quer todos os dias e não consegue aceitar que perdeu pra alguém."
"O... O que você disse?" Baekhyun fechou com força os punhos contra a barra do quimono de Kyungsoo, que em resposta o segurou nos braços.
"Você fede a leite, Byun." rosnou contra o rosto do outro. "Aposto que tem chupeta com mel até hoje e a mãezinha ainda dá comidinha na sua boca." riu. "Vai pedir o quê pro papai esse mês? Aumento na mesadinha?"
O moreno sabia que o outro estava nervoso. Podia ver a cólera que viu em si mesmo há quase um ano quando ficou sem a faixa no dia da prova, por todas as provocações que Baekhyun fizera e por isso queria muito devolver com qualquer coisa que viesse a sua mente. O que ele não sabia, porém, era que aquele assunto era bastante sensível para o castanho. E teria continuado com o deboche se não fosse pego de surpresa ao ser repentinamente pego com uma força extrema, vendo-o levantar consigo no colo.
Ainda tivera tempo de sentir uma confusão tamanha e depois medo após concluir o que Byun pretendia fazer. Contudo, não tivera tempo de tentar acalmá-lo e fazê-lo mudar de ideia quando ele, já em pé e consigo bem preso contra o corpo dele, se jogou de volta no tatame, fazendo com que suas costas colidissem com toda a soma dos pesos deles contra o chão que, mesmo emborrachado, não impediu que o fizesse perder o ar nos pulmões e uma dor alastrasse pelo seu corpo após o choque.
Não soube exatamente o tempo que ficou parado jogado ao tatame, mas quando tudo começou a voltar ao normal e conseguiu recuperar o ar na primeira tosse, o castanho pareceu despertar da raiva que havia lhe acometido, paralisando por um momento e arregalando os olhos. Um bate estaca. Baekhyun havia feito um bate estaca, mas não foi um qualquer. Ele não simplesmente bateu com KyungSoo contra o tatame, na verdade, ele jogou todo seu peso contra o garoto debaixo de si, que agora gemia dolorido pela pancada.
"Droga... Kyungsoo..."
"Você é louco, cara..." conseguiu finalmente dizer, agora com a certeza de que seu corpo estava inteiro. "Você me machucou."
"V-você tá bem?" o castanho tentou se aproximar, mas apenas se limitou em impedi-lo, o empurrando. Os olhos dele estavam realmente assustados e meio úmidos, mas não se importou; a presença dele, naquele momento, não estava sendo suportável. "Olha... N-não foi minha intenção, eu-"
"Só vai embora, Baekhyun." interrompeu, sentando-se devagar, um pouco zonzo. "Vai embora."
"Mas Kyungsoo, você-"
"Vai embora."
"Não." Byun acenou a cabeça negativamente, mas se levantou. "Vai você embora. Eu... Eu tenho que ajeitar tudo isso aqui e... Só..." apontou em direção ao banheiro. "Só vou te dar espaço pra você ir e eu volto aqui pra arrumar a sala."
Sem deixar que o moreno respondesse alguma coisa, ele saiu andando apressado, fazendo o que ficou suspirar pesadamente. Kyungsoo escondeu o rosto contra as mãos, percebendo que seu corpo ficaria inteiramente dolorido no outro dia e finalmente se perguntando por que aquilo tudo foi acontecer, por que eles se exaltaram daquela forma e o que aconteceria com eles a partir daquela clara briga.
Estava confuso e sem saber o que fazer, mas estava indubitavelmente arrependido. E mesmo assim, apenas se apressou para sair daquela sala, não querendo pensar mais sobre o assunto pelo menos naquele momento.
                                                백수
Baekhyun jogou seu livro contra a mesinha de centro sem se preocupar que estaria chamando a atenção do seu amigo. Suspirou, bagunçando os cabelos enquanto sentia o olhar fixo de Minseok em si. Era um problema grande tentar esquecer a imagem de Kyungsoo reclamando de dor no chão do tatame por ter se jogado em cima dele em seu pico de raiva, nem mesmo conseguia pensar no que o garoto mais baixo poderia dizer para o sensei, mesmo que ele também fosse ser punido.
Tudo isso porque não admitia que fosse relacionado a qualquer coisa a sua família, e principalmente não admitia que fosse chamado de mimado pela sua família ser conhecida por ser bem abastada. Ele fazia o máximo para não usufruir daquele dinheiro, mesmo que seus pais fossem bons o suficiente para lhe darem uma mesada todo o mês e ainda por cima terem lhe comprado um apartamento, mesmo que não tivesse pedido. A maior parte do dinheiro estava intocada na conta bancária e ele só pegava o suficiente para complementar a renda, o que não fazia quase diferença nos números, pois já havia arranjado um emprego que cobria a maior parte do que gastava. E o que não conseguia pagar, ainda tentava cobrir com alguns bicos para, em último caso, mexer no dinheiro que seus pais lhe davam.
Baekhyun prezava por sua liberdade. Prezava por sua liberdade porque era gay e já previa a reação de seus pais sobre isso e era algo assustador. Seu irmão já sabia disso porque havia sido flagrado por ele numa balada e aquilo foi a pior situação da sua vida, já que nunca havia sentido tanto medo em ter sua vida ruindo como viu naquele dia. Agora, vivendo naquele pavor iminente de que BaekBeom pudesse contar para seus pais, estava tratando de se ajeitar; por isso arranjou uma bolsa para estudar Ciências Biológicas à distância, trabalhava arduamente como auxiliar de cozinha numa lanchonete e planejava colocar a venda aquele apartamento imenso que ganhou de presente dos pais para ter um menor e mais aconchegante, além de ter diminuído consideravelmente o contato com os pais, evitando o máximo de ligar para eles ou ir visitá-los. Seus pais se tornaram um assunto delicado para si e por isso não suportava ser diminuído como o garoto que não fazia nada além de gastar o dinheiro deles.
Mas seu peito se enchia de culpa quando lembrava o que fizera com o faixa roxa na academia. Não era uma pessoa ruim, só que... a provocação havia passado do limite para si e não havia pensado racionalmente quando fizera aquilo. Deveria ele pedir desculpas? Ao mesmo tempo que queria fazer isso, pensava duas e três vezes e concluía que só teria coragem de pedir desculpas se soubesse que ele pediria desculpas para si. E por consequência disso, não sabia mais o que fazer.
"Ainda pensando no que aconteceu?" Minseok lhe despertou dos pensamentos, girando o lápis que usava para desenhar o ciclo da água entre os dedos.
"É que sempre quando eu me concentro mais um pouquinho, a imagem dele volta na minha cabeça." respondeu, suspirando profundamente. "É meio desconcertante lembrar disso e lembrar que ele não foi ontem na academia. Estou sinceramente com medo de ter sido por minha culpa."
"Ah, vai, Baekhyun... Você é forte, mas nem tanto né?" o amigo disse e acabou por revirar os olhos em resposta, olhando-o com uma expressão de eu estou falando sério! "Ele pode ter ficado com dor na hora, mas porra, tinha o tatame, não?"
Kim Minseok era seu amigo de infância. Era aquele tipo de amizade da vida toda, que guardam inúmeros segredos juntos, experimentam coisas juntos e até mesmo descobrem as coisas juntos e, inclusive, faziam jiu jitsu juntos — e Minseok estava na faixa azul. Nunca tiveram uma visão romântica sobre o outro, mas houve quem dizia que eles faziam um belo casal — e eles faziam questão de estimular os boatos, confirmando todos eles com um sorriso. Já haviam até mesmo se apaixonado pelo mesmo garoto — uma pessoa desonesta que apenas serviu para deixá-los ainda mais amigos.
Contudo, ele era um pouquinho cruel, Baekhyun admitia. O lado ruim de seu amigo era o fato de que ele era egoísta demais e tudo o que não fosse de seu interesse, ele não dava muita bola. Se não fosse por sua causa, provavelmente ele seria um pouco pior. O bom era que ele levava em consideração qualquer coisa que dizia quando chamava-o a atenção sobre as besteiras que proferia; como era o caso naquele momento.
"Uma pessoa já ficou tetraplégica caindo no tatame, Minseok, aquilo diminui o impacto, mas não acaba totalmente com ele, ainda mais se tudo isso depende da força, do peso e a forma como a pessoa cai." explicou e o amigou arregalou os olhos e arqueou as sobrancelhas, soltando um baixo ah!, ficando quieto em seguida. "E ele não caiu, né... Eu joguei ele com toda a força."
"Você foi cruel."
"Oh, obrigado pela ajuda." reclamou, voltando a pegar o livro. "Eu tô me corroendo em culpa."
"Não é só pedir desculpas quando ele aparecer?" o garoto, ligeiramente mais baixo, deu de ombros. "Ele também está errado, não?"
"É por isso que eu estou pensando tanto se eu peço desculpas ou não." torceu os lábios. "Eu juro que estou com medo dele me denunciar pro sensei, mas ao mesmo tempo tenho medo de que ele me esnobe na frente de todo mundo."
"Não seja por isso, eu posso falar com o Sehun e o Sehun fala com ele, oras." Minseok deu de ombros e Baekhyun riu baixo. "Ué, o que foi?"
"Você só quer uma desculpa pra encurralar o cara no banheiro da academia… de novo." riu alto, levando um tapa no braço.
"Não é como se só fosse eu, né?" provocou de voltar, fazendo o mais alto parar de rir. "Bem que você queria que o Kyungsoo parasse de te provocar e te abraçar de jeito e beijar a sua boca-"
"Cala a porra da boca!" estapeou a nuca do amigo, que gemeu em desagrado. "Só porque eu falei que ele era bonito não quer dizer que eu esteja afim dele, oras. Ele é metido, eu já disse isso pra você."
"Mas ser metido é um charme também, sabia?"
"Eu já não disse pra você calar a boca?" resmungou, rabiscando o livro distraidamente antes de voltar o olhar para o mais baixo. "Você deveria chamar o Sehun pra sair, assim você para de encher o meu saco, Minseok."
"Se for assim, chama o Kyungsoo pra sair, então." soltou, logo tratando de correr para se desviar do livro que foi jogado em sua direção. "Que violência." riu, mas parou quando viu as orelhas vermelhas do melhor amigo. "Eu não acredito..."
"Nossa, como você está irritante hoje, Minseok." revirou os olhos enquanto ouvia o amigo explodir em risadas, sentindo vontade de matá-lo só um pouquinho.
Era fato, nem mesmo Minseok se atrevia a negar que sim, Kyungsoo era bonito pra caramba. Aquela marra toda dele era sim um charme, mas de longe que Baekhyun curtia aquele tipo arrogante dele. Só o provocava porque era até prazeroso vê-lo puto da vida, e nunca havia imaginado que todas aquelas farpas trocadas chegaria no limite. Na verdade, nem imaginava que havia um real limite naquilo tudo; esperava mesmo que um dia fossem acabar dando uma oportunidade de conversarem para que se conhecessem melhor e, talvez, tornarem-se amigos. Até havia ficado tentado a procurá-lo, mas aquela carranca mal-humorada que ficava constantemente estampada na face do menor o fez esquecer a tentação.
E ele agora nem se sentia no direito de pensar numa boa relação com o Do. Provavelmente ele deveria lhe odiar e tirar a prova daquilo soava pior ainda.
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KyungSoo estava de pé com as pernas abertas no nível dos ombros, girando a parte de cima do corpo de um lado para o outro, concentrado em suar naquele momento para compensar o dia que havia faltado. Estava realmente puto com o seu irmão por ter lhe impedido de ir na aula de jiu jitsu no dia anterior porque resolveu organizar a parte dos gabinetes para não atrasar os pedidos. Quem mandava ele empilhar aquelas porcarias de qualquer jeito mesmo? Como não possuía escolha, fora obrigado a fazer o que Sandong queria se não quisesse ter as orelhas puxadas por sua mãe e aquele longo sermão de ser o garoto inútil da família.
Ele estava bem, apesar de tudo. O corpo reclamava um pouco do combo porrada de Baekhyun + trabalho braçal na loja, mas estava bem. Nada que uma boa bateria de exercícios e alguns rolas não resolvessem o negócio. Queria socar a cara tanto do Byun quanto de seu irmão, mas ao mesmo tempo se perguntava como conseguia sentir mais raiva de Sandong do que do faixa roxa marrento que não sabia ouvir umas verdades na cara. Suspirou, parando de girar o corpo e começando a alongá-lo levando a mão esquerda ao pé direito e vice-versa. Logo sentiu uma mão em suas costas, fazendo-o parar o alongamento. Era Sehun.
"Você está se sentindo melhor?" questionou assim que voltou a atenção para ele. Havia sido Oh que lhe pedira para tirar uma folga no dia posterior ao golpe chato que recebera de Baekhyun e não iria faltar, mas seu irmão o impediu de qualquer coisa.
"Na verdade, não." suspirou, passando a mão na testa para tirar o suor. "Eu não descansei. Meu irmão quis me usar de escravo ontem para organizar a sala de manutenção e me fodeu mais ainda."
"Você pelo menos está tomando algum remédio?" voltou a indagar seriamente, levando as mãos para trás das costas, observando a chegada dos alunos. Kyungsoo assentiu. "Você tem certeza que não quer reportar isso ao sensei?"
SeHun era um cara que poderia ser considerado certinho demais, até mesmo para Kyungsoo. Era excessivamente comedido, falava tudo em tom baixo, nunca havia visto-o perder a paciência e gritar uma única vez desde que o conheceu — e não faltou oportunidade, aliás. Mas graças a toda àquela diligência que Oh conseguiu a faixa preta no tempo mínimo, mesmo que tivesse que ficar longos trinta e um anos com ela, era algum feito. E pelo mesmo motivo que ele era o escolhido para auxiliar o sensei, e mesmo que tivesse a opção de dar uma aula sozinho, ele preferia permanecer no conforto dos ensinamentos sensatos do velho Jung.
"Ah... Acho melhor não, sabe? Sem contar que eu também seria punido, de qualquer forma." deu de ombros, desamarrando a faixa roxa da cintura só para apertá-la e voltar a amarrar. "Por mais que eu tenha ficado com raiva da situação, eu sei que ele fez por impulso. Eu fui imaturo, passei dos limites... A culpa é minha também."
"Você tem certeza que isso não é porque você-"
"Pelo amor de Deus, Sehun, de novo não." suspirou pesadamente, olhando para o amigo. "Eu não estou afim dele. Ele é um babaca metido que está sempre tentando dar pitaco na vida alheia. É exibido, mimado, egocêntrico e-"
"Assim você realmente parece afim dele." Sehun interrompeu.
"Cala a boca!" irritou-se. "Você interpreta as coisas de um jeito muito errado."
"Não é exatamente isso, Kyungsoo." o faixa preta suspirou, levando o braço direito a ficar sobre os ombros de Do. "É tudo uma questão de observar; dentro de si mesmo e ao redor. E de refletir sobre as coisas que vê claramente e sobre as que estão provavelmente escondidas."
"Você fala como se tivesse sessenta anos igual ao sensei, até assusta." reclamou e o outro riu contido. "E você fala tanto de mim, mas fica enrolando com o Minseok." provocou, chamando a atenção do mais alto.
"Ah." deu de ombros. "Eu só não fiz nada porque eu estou esperando que ele faça. É ele que me olha e dá investidas o tempo todo na sala, não eu, oras." a expressão impassível dele às vezes irritava Kyungsoo. "Ele sempre parece atirado e bem bobo ao lado do Baekhyun, e pior ainda comigo, às vezes eu quase não consigo levá-lo a sério. Só estou tentado a pagar pra ver se ele vai parar de brincadeiras e talvez a gente saia um dia." voltou a olhar para o amigo. "E você tem que cuidar do Baekhyun."
O garoto baixo balançou a cabeça negativamente, crispando os lábios. Era constrangedor quando o amigo falava consigo daquela forma. Sehun sempre lhe dizia coisas nas quais duvidava e depois quebrava a cara ao ver que ele estava certo. Mas nessa questão ele felizmente não estava, porque Kyungsoo estava longe de nutrir sentimentos por Baekhyun. Contudo, se sentia esquisito pra caramba lembrar do garoto desesperado para lhe ajudar enquanto estava ocupado sentindo aquela dor azucrinante para de mexer. Quando ele foi embora da academia naquela noite, as dores tensionais diminuíram e só sobrou aquela do impacto.
Ele poderia muito bem se vingar de Baekhyun e denunciá-lo sem dó nem piedade, mas soava tão desonesto que não lhe valia a pena. Por algum motivo que não queria descobrir, sentia lá no fundo que o garoto estava arrependido, mesmo que ele não fosse lhe direcionar uma palavra sobre o assunto e fosse tratá-lo com novas provocações como se nada tivesse acontecido. Realmente, a última coisa que queria era que ele fosse punido por alguma coisa que havia partido de ambas as partes.
Mas diferente do que pensava, quando Baekhyun chegou à sala com Minseok a tiracolo, a coisa que ele mais fizera fora fugir de seus olhos, e isso o pegou de surpresa. Instintivamente, ficou procurando por um olhar mais altivo do garoto enquanto a aula não começava e seu corpo parecia borbulhar de ansiedade enquanto sua cabeça gritava me responda! sem que pudesse evitar. E quando seus olhos se encontraram e Byun abaixou a cabeça, visivelmente desconcertado, Kyungsoo realmente entendeu o que estava acontecendo.
Por mais que se vigiasse, aquela procura incessante pelos olhos do outro faixa roxa resultou-lhe um expressão típica em sua face. A carranca de coronel de exército estava posta e, provavelmente, Baekhyun achava que ele estava com muita raiva de si. A má interpretação junto a toda aquela situação só causava mais um mal entendido entre tantos. Percebeu que deveria fazer alguma coisa mas, antes que pudesse ao menos pensar, o sensei gritou para se posicionarem e logo a aula começava.
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Qualquer um poderia perceber a diferença do ar da academia após aquela brusca mudança de tratamento que Kyungsoo e Baekhyun adotaram. Até mesmo o sensei achou estranho as provocações terem parado tão repentinamente e mesmo que perguntas silenciosas pairasse no ar, nenhum dos dois estava disposto a responder qualquer coisa.
Seus amigos não foram exceção. Tanto Sehun como Minseok observavam em todas as aulas como eles passaram a se comportar e ambos entenderam que era uma ótima oportunidade para tentar resolver a situação entre eles de uma vez. Por mais que os faixa roxa negassem que estavam atraídos um pelo outro, as encaradas demoradas ou os comentários baixos que faziam um para o outro sobre as lutas não passavam despercebidos aos olhos analíticos dos amigos. Foi nesse momento que acabaram se reaproximando, o que já deveria ter acontecido antes, mas Minseok não tinha tido coragem o suficiente.
Foi numa terça-feira que isso aconteceu, mas não de uma forma tão positiva assim. Minseok foi designado a limpar e fechar a sala após a aula, algo que fazia de vez em quando junto a outro aluno, mas incrivelmente aquele dia foi um pouco diferente, já que o sensei não havia anunciado ninguém mais para ajudá-lo. A sua surpresa foi ao resolver usar o vestiário antes de limpar a sala — coisa que nunca o fazia, já que morava perto — e acabar por encontrar Sehun vestindo apenas a parte de baixo do quimono enquanto arrumava as próprias coisas no armário da academia.
Se tinha uma coisa que nem mesmo Baekhyun, melhor amigo do garoto baixinho e de olhos felinos, conseguia negar era a cara de pau que o garoto tinha, que era muito mal disfarçada com o seu silêncio e falsa timidez. Por isso que, sabendo estar sozinho com o faixa preta ali, não se impediu de olhar de cima a baixo o corpo alto e bem estruturado do garoto, que apenas riu abafado, nem um pouco intimidado com os olhares — não tão incomuns — de Minseok.
"Se eu soubesse que você iria ficar aqui hoje, teria vindo para o vestiário antes..." o faixa azul comentou, com o lábio inferior preso entre os dentes. "Sabe, apreciar a obra de arte que é você."
Sehun soltou uma risada.
"É?" olhou para o outro enquanto fechava o armário. "Isso não cola comigo, Minseok."
"Bom" deu de ombros, se aproximando e Sehun se encostou no armário. "Eu tento."
"Eu sei que você tenta." sorriu. "Mas eu acho que esse tipo de cantada é bem ruim." torceu o rosto e o garoto baixo riu.
"Tsc... Você vai me ajudar com a sala?" perguntou e o mais alto assentiu. "Afinal de contas, como o seu amigo está depois daquele rolo todo?"
"Ah, o Baekhyun te contou?" Sehun caminhou para fora do vestiário, sendo acompanhado. "Ele está bem. Está mais irritado com o fato de ter que aturar o irmão do que com o Baekhyun, na verdade. Ele não quis falar nada pra ninguém, mesmo que eu ache que ambos precisam de uma lição."
"Acho que a vida já fez o trabalho." Minseok riu e tratou de se juntar ao faixa preta para recolher o tatame. "Baekhyun tá afundado em culpa, mas não sabe como ir conversar com o Kyungsoo." explicou. "Tá gamadão no cara, mas não assume."
"Ah, então é isso." parou por um momento, rindo da situação. Nunca tinha conversado com isso com outra pessoa além do próprio Kyungsoo, então aquilo era novidade para si. "Pelo menos não sou o único a achar isso."
"Como assim?" o faixa azul arqueou uma sobrancelha. "Então quer dizer que o Kyungsoo..."
"Sim." interrompeu. "Vive encarando o Baekhyun sem parar, fala dele sem nem ter consciência e se eu falo alguma coisa sobre, ele me dá cada fora..."
"Eles não se superam."
"Não, não mesmo."
"Eu vou infernizar a vida do Baekhyun depois dessa."
Eles riram, ambos pensando como seria lidar com aqueles dois juntos, se eles estivessem certos e essa possibilidade surgisse. Minseok até pensou por um momento como o melhor amigo agiria se estivesse namorando com o Kyungsoo e, julgando os relacionamentos anteriores de Baekhyun, seria como nascer um chifre na testa dele. O fato é que era muito estranho imaginar qualquer coisa que não fosse aquelas provocações carregadas, as encaradas raivosas ou os xingamentos aleatórios entre eles. E, por mais que toda aquela marra mostrasse um lado muito real de Baekhyun, o faixa roxa era muito romântico e meigo com alguém. Kim sentiu um pequeno arrepio.
Se for para eles ficarem juntos, que continuem como estão agora, pensou.
Resolveu não prosseguir com isso em mente e voltou seu olhar ao mais alto, que terminava de arrumar os tatames no canto da sala. Não se lembrava como o interesse pelo faixa preta surgiu e talvez fosse desde a primeira vez que o viu, mas nunca havia realmente tentado alguma coisa. O cara, apesar de super simpático, educado e atencioso, nunca realmente lhe respondeu uma investida e isso meio que lhe deixava receoso. Qual é, era impossível ser tão seguro de si quando seu alvo era um homem com um metro e oitenta de pura beleza, inteligência e disciplina. Era o cara mais dedicado da academia e por esse motivo foi o faixa preta mais precoce daquela geração, conseguindo se graduar no tempo mínimo. Seriam longos trinta e um anos se dedicando a arte, se ele quisesse passar para as próximas faixas. Eram muito diferentes naquele ponto porque Minseok ainda estava se matando numa graduação a distância e usava o jiu jitsu mais como uma forma de diminuidor de estresse. Não era um homem muito confiante de si mesmo num geral — até porque ele se considerava ligeiramente burro —, então aquilo piorava a sua situação.
Mas ao desamarrar sua faixa para ajeitar a parte de cima do quimono no torso nu, percebeu a encarada que o outro lhe dava, muito concentrada onde estavam suas mãos e aquilo foi uma faísca para sua coragem novamente surgir. Se aproximou do mais alto e, mordendo o lábio inferior em nervosismo, o puxou até que estivessem colados um no outro, enlaçando a faixa azul nas costas bonitas de Sehun.
"E a gente?" questionou, com a voz baixa. "Não acha que é uma boa possibilidade?"
"Minseok..." arqueou as sobrancelhas, suspirando. "Aqui não..."
"Eu não estou fazendo nada..." o mais baixo riu, mas se afastou, se sentindo levemente constrangido com a investida fracassada. "Seu jeito certinho às vezes me perturba." comentou, fechando o quimono e ajeitando a faixa corretamente na cintura.
"Só estou respeitando o meu local d-"
"Eu entendi." assentiu, rindo sem graça. "Eu só espero que você ajude seu amigo nessa, porque eu quero que o meu volte a agir como o galo mais forte do galinheiro de novo e pra isso ele precisa estar bem com o Kyungsoo."
"Não se preocupe, eu vou dar um jeito nisso." disse, se aproximando do mais baixo. "Minseok..."
"Então eu vou pegar os panos pra gente terminar isso aqui e a gente já pode ir pra casa." adiantou-se, seguindo em direção a uma saleta que havia ali, deixando Sehun para trás com os lábios crispados e sem saber o que dizer.
Ele sabia que havia cometido um erro com o faixa azul quando este se manteve em silêncio pelo resto do tempo que se mantiveram ali. E sem passagem para conseguir falar qualquer coisa com o outro, ficou sem saber qual era o tamanho do erro cometido. Talvez fosse precisar de uns conselhos... Ou de ajuda.
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"Eu levei um fora."
Baekhyun parou o seu alongamento, arregalando os olhos e se erguendo rapidamente quando ouviu Minseok falar. Novamente, naquela rotina das noites de treinos e lutas, a academia cheia e o sensei rodeando todo mundo junto com o faixa-preta para garantir que todos estivessem fazendo o devido aquecimento.
"Como assim, você levou um fora?" questionou incrédulo e a sua cara deveria estar engraçada porque o melhor amigo riu, mas não com tanto humor quanto previu.
"Ué, como assim levei um fora?" deu de ombros. "Levando, ué."
"Como alguém consegue dar um fora numa coisinha linda dessas?" o faixa roxa se encolheu quando o outro tentou lhe dar um tapa. "Ei, calma! Eu estou falando sério!"
"Tsc..." Minseok cruzou os braços, olhando para uma direção que fez o amigo ficar minimamente confuso. "O Sehun consegue."
Foi então que seguiu o olhar do faixa azul e viu o dito cujo junto de Kyungsoo numa aparente discussão. Não era difícil ver que havia algum sermão por parte do mais baixo enquanto o outro estava claramente na defensiva. As sobrancelhas estavam torcidas em uma espécie de desagrado e Sehun cruzava os braços e desviava os olhos do outro faixa roxa, que tratava de trazê-lo de volta para a conversa. Baekhyun não tinha a mínima ideia do que eles estavam falando, mas ficou distraído encarando a mandíbula rígida do mais baixo e os lábios bem desenhados pronunciando algo com uma áurea de seriedade enorme. Kyungsoo era bonito, não conseguia negar; ele possuía uma postura altiva e, mesmo que fosse menor e tivesse os ombros mais estreitos, a presença dele era grande, de forma que poderia deixá-lo intimidador. Era marrento pra caramba, na verdade, e de certa forma, sem querer pensar em muitas explicações, admirava aquela virilidade que ele apresentava sem esforço algum.
Não soube quanto tempo ficou observando a conversa, mas acabou ficando com as pontas das orelhas quentes quando os olhos grandes dele desviaram-se e foram diretamente em sua direção junto ao leve arquear de sobrancelha, por isso tratou de desviar o olhar após dar-lhe um leve aceno com a cabeça. Voltou a sua atenção para Minseok.
"Se você quiser, eu posso ir falar com ele, Seok." se ofereceu, mas o amigo o puxou para que voltassem ao alongamento enquanto balançava a cabeça negativamente.
"Deixa isso pra lá, não esquenta." sorriu. "Eu não me importo mais."
E Baekhyun até pensou em dizer alguma coisa, mas deixou pra lá, pois sabia que Minseok estava muito longe de não se importar.
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"Eu vou te chamar de panaca até o fim da vida."
Kyungsoo afirmou novamente enquanto Sehun permanecia emburrado do seu lado com um vinco imenso entre na testa, suas sobrancelhas parecendo ganhar vida de tão torcidas. Não se importava; o faixa preta merecia esporros diários para que pudesse se tornar mais decente e não se contradizer tanto. Quer dizer, ele havia sido muito indelicado, pra não dizer coisa pior, ao praticamente rejeitar o faixa azul; algo que, aliás, não fazia o menor sentido, porque ele tinha um grande interesse no Minseok. E. Ele. Dispensa. O. Cara.
"Eu já me justifiquei!" o alto exclamou, irritado. "Eu não ia fazer nada com ele na academia!"
"E por quê?"
"Porque não é lugar pra isso?" tentou e o faixa roxa revirou os olhos.
"Puta merda, Sehun, eu não sei se ser certinho desse jeito é uma benção ou uma maldição." resmungou. "Agora eu quero ver como você vai conseguir ficar com ele, sendo que você praticamente deu um fora no moleque quando ele justamente tentou algo contigo."
"Eu não dei um fora nele, Kyungsoo!" bateu o pé, parecendo uma criança mimada.
O baixo desviou a sua atenção de Sehun, procurando Minseok com os olhos e dando de cara com Baekhyun lhe encarando fixamente. A expressão de surpresa que tomou conta da face do garoto entregou o fato de que ele provavelmente estava fazendo aquilo há algum tempo e não esperava ser flagrado; ele acenou com a cabeça levemente e desviou o olhar, sem dar a oportunidade à Kyungsoo de acenar de volta e lhe deixando com um incômodo no estômago. Cadê aquele sorriso debochado, aquela provocação diária, aquela sede por competição? Havia certa culpa nos olhos do outro faixa roxa, o que lhe incomodava de uma forma que não era capaz de explicar, mas continuou encarando-o enquanto ele fazia os aquecimentos com Minseok. Novamente acabou por reparar a falta de cuidado dele em pôr uma camisa por baixo, o peito nu se expondo cada vez que ele tocava a ponta dos pés com os dedos das mãos, alongando-se. Balançou a cabeça, resolvendo responder o amigo.
"Mas pareceu!" rebateu, impiedoso. "Espero que tome alguma atitude pra mudar a sua situação. Imbecil."
"Covarde."
"Boca de velu-" interrompeu-se, virando sua atenção para ele. "Espera, por que diabos você tá me chamando de covarde?"
"Porque é isso que você é?" Sehun deu de ombros. "É o sujo falando do mal lavado aqui. Eu posso ter sido grosso com o Minseok, mas você também não move um dedo pra mudar sua situação com o Baekhyun."
"Que situação?" indagou meio rindo, meio sério, já adivinhando o que o faixa preta iria lhe dizer.
"Ué, você gosta do cara, mas também nunca deu um beijo nele ou tomou alguma atitude." disse e o mais baixo riu com vontade.
"Talvez seja pelo fato de que eu não gosto dele, Sehun." Kyungsoo iria dizer mais alguma coisa, mas interrompeu-se ao encontrar novamente o olhar de Baekhyun e dessa vez ele não desviou quando encontrou o seu. Ele estava com a parte de cima do quimono aberta e fez o máximo para não olhar para a parte desnuda do garoto, mas seus olhos seguiram rapidamente as mãos dele, enquanto esse tratava de fechar a roupa e enlaçar a faixa em sua cintura, acenando novamente com a cabeça antes que o sensei desse um grito para que eles formassem dupla.
"Engane qualquer um, mas não a mim, Kyungsoo." quase se assustou ao ouvir a voz de Sehun tão próxima ao seu ouvido. "Você deixou tudo mais óbvio agora."
Nem teve a oportunidade de zombar da situação e dizer que seu amigo estava enganado, porque na verdade não sabia o que dizer. Respirou fundo, mordeu o lábio inferior e seguiu para o meio do tatame, ignorando completamente os próprios pensamentos e a repetição infinita do que o Sehun dissera em sua mente.
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Kyungsoo estava com vantagem, esta concedida pelo sensei em começar o rola agachado e não sentado, porque estava treinando com uma faixa de graduação maior que a sua. O faixa marrom sorriu para si, como sempre em deboche; não conseguia ir muito com a cara de Minho, de qualquer forma. Era tão exibido quanto Baekhyun poderia ser — ou quanto ele era, né — e aquilo lhe irritava mais do que ficava com o outro faixa-roxa. E assim se seguiu, conseguiu dar uma boa entrada, tentando montar sobre o adversário e não tendo muito sucesso, quase sendo pego em um arm lock muito bem feito, conseguindo desarmar a posição do faixa marrom a tempo.
A verdade era que conseguir finalizar Minho era uma questão de sorte — e honra, também. O cara era bom no jiu jitsu, não tinha como ignorar o fato, mas também não conseguia ignorar de que estava à altura dele de certa forma. Foi por isso que conseguiu desarmar todas as tentativas que ele tivera de finalizá-lo; Kyungsoo não tinha a intenção de bater o tatame pra ele.
E com uma sorte que poderia ser considerada milagrosa, em algum momento o faixa marrom deu uma oportunidade à Kyungsoo que não pôde ser ignorada; com as pernas presas pelos braços consideravelmente menores, o corpo alto de Minho girou no tatame para sair do agarre, ficando de barriga para baixo e dando a deixa para que o faixa roxa montasse em suas costas, girasse o corpo e finalizasse com um mata leão, tudo muito rápido e impedindo que o faixa marrom tivesse alguma reação além de bater o tatame em contra gosto, antes que o golpe começasse a machucar de verdade.
"Ele finalizou bem pra caramba..." as palavras deslizaram dos lábios de um Baekhyun distraído, mas alto o suficiente para que Sehun, que também assistia ao rola, ouvisse.
"A vantagem do Kyungsoo é saber pensar bem rápido durante as lutas." comentou, e o garoto ao seu lado lhe olhou, surpreso. "Se alguém dá um mole, ele não perdoa e dá um jeito de finalizar o mais rápido possível. Ou isso, ou ele perde. Kyungsoo sabe o lugar dele."
"Eu percebi."
Sorriu fracamente enquanto observava o faixa roxa levantar-se desconcertado do tatame, um Minho não muito contente fazendo uma reverência antes de partir para outro oponente naquela aula. A regata preta que Kyungsoo usava estava visivelmente úmida, mas ele não pareceu se importar quando desamarrou a faixa para ajustar o quimono, voltando a enrolá-la em sua cintura. Baekhyun estava se traindo de novo; por vezes quase infinitas naquela aula não conseguiu deixar de procurar o outro com os olhos, se sentindo incapaz de não parar um momento para admirar as sobrancelhas torcidas em concentração junto à mandíbula rígida, os olhos seguindo agitados o adversário; Kyungsoo lutava bem, tinha uma postura que muitos demoravam para construir na arte, algo que era realmente admirável aos olhos de Baekhyun.
É realmente um arrogante filho da mãe, pensou, rindo em seguida.
"Acho que é melhor você segurar o queixo, se não ele cai." Minseok chegou de repente, deixando o faixa roxa desconcertado com a provocação. Olhou para os lados e viu que Sehun não estava mais lá.
"Cala a boca." resmungou, se afastando do amigo.
"Você que deveria calar a boca..." o garoto riu. "Na boca dele, de preferência."
"Ah, qual é, Minseok..." revirou os olhos, voltando a prestar atenção no outro faixa roxa, que estava conversando com outro faixa azul. "Kyungsoo deve me odiar depois do que fiz, sabia?"
"Ah, então essa é a sua preocupação."
"Mas é claro que-" Baekhyun olhou incrédulo para o amigo. "Não é isso que você está pensando!"
"É o que eu estou pensando sim." riu. "Você acha ele gostoso, vai, só isso já basta." deu de ombros e se apoiou no ombro do amigo, que tentava não permitir que seu constrangimento chegasse às suas orelhas. "E posso te dizer que, com certeza, o Kyungsoo não te odeia."
Baekhyun foi deixado sem palavras no canto do tatame quando o sensei chamou por Minseok, que lhe deu um leve empurrão antes de se afastar. Engoliu em seco e sacudiu a cabeça, determinado a evitar que seus olhos o traíssem de novo pelo resto da aula.
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Duas semanas a mais haviam se passado e tudo continuava na mesma situação, o que era ligeiramente perturbador para Kyungsoo. Ele não sabia explicar o motivo de estar tão incomodado com aquela mudança de ares, aquela conformação de só trocar olhares que, por muitas vezes, eram evitados, ou até mesmo os rolas se tornaram escassos entre ele e Baekhyun. O que sabia e podia admitir — pelo menos para si mesmo — era que sentia uma falta inexplicável daquela rotina antiga e que, pelo que podia perceber agora, era bastante prazerosa.
E a gota d'água para si foi o último rola que fizeram; a forma como Baekhyun facilmente perdeu para si, porque de alguma forma o contato corporal queria ser evitado ao máximo. Mas que inferno! Por que estava se importando tanto, afinal? Sempre detestou o quanto aquele garoto era metido, pela forma como andava pela academia como se fosse o próprio sensei, como ele nunca conseguia admitir uma derrota, como ele se achava. E agora, que o outro faixa roxa não fazia nada daquilo, deveria mesmo era estar feliz, certo?
Errado.
"Você vai ficar no mundo da lua até quando, Kyungsoo?" a voz de Sandong lhe despertou dos pensamentos e revirou os olhos por causa disso. "Se você não sabe ainda tem trabalho pra fazer."
"Sempre tem trabalho pra fazer pra mim." reclamou, dando volta no balcão em que estava apoiado. O expediente tecnicamente já havia terminado, contudo nunca as coisas eram favoráveis para si e o seu irmão mais velho sempre dava um jeito de lhe alugar da pior forma possível. "O que você quer que eu faça agora?"
"Limpe o chão e vire as cadeiras. Eu quero isso organizado porque a mamãe vai me ajudar abrir a loja amanhã." ordenou e Kyungsoo teve que respirar fundo para não xingar na frente do irmão. "E nada de tentar fazer a mamãe trabalhar no seu lugar amanhã, seu folgado."
"Eu nunca fiz isso, Sandong, eu não sou você que gosta de jogar o próprio trabalho para cima dos outros." não resistiu em devolver, seguindo até o canto do estabelecimento e pegando uma vassoura. "Agora, se me der licença, eu preciso terminar isso aqui bem rápido porque eu tenho treino hoje."
Não permitiu que o irmão falasse mais nada; prontamente iniciou a tarefa de erguer as cadeiras — que já havia limpado —, disposto a ignorar qualquer coisa que viesse do seu irmão direcionado para si. E novamente, os pensamentos iam se perdendo lentamente na sua preocupação das últimas semanas, sem que pudesse evitar.
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"É sério, tá se tornando tolo esse seu jeito de evitar o Kyungsoo." Minseok se pronunciou, terminando de vestir a parte de baixo do quimono. "Toda vez que você faz isso, ele faz uma cara impagável de desânimo. Ele tá ficando chateado com isso."
"Cala a boca, você não sabe de nada." Baekhyun devolveu, terminando de ajeitar a faixa na cintura.
"Já são mais de duas semanas, Baekhyun."
"Já pedi pra você calar a boca." retrucou, suspirando cansado logo após. "O que você quer que eu faça, caramba?"
"Converse com ele?" sugeriu dando de ombros. "Ele não é um cão raivoso louco pra te matar. Na verdade, o Kyungsoo tá bastante confuso com a sua atitude, e eu também." o faixa azul de aproximou do amigo enquanto terminava de se vestir. "Seja sincero comigo, panaca, você está afim dele, não tá?"
"Eu..." suspirou. "Não. Eu... não sei e não insista nisso, por favor."
"Como assim não sabe, Baekhyun?" o garoto choramingou. "Claro que dá pra saber se você gosta de alguém, a gente sempre tem certeza desse tipo de sentimento, vai."
"Tipo você com o Sehun?"
"Não desvia do assunto, caramba!"
"É sério, eu não sei!" insistiu, sentando-se no banco do vestiário. Tinham sorte de não haver ninguém mais ali dentro além deles dois; estavam bastante adiantados, afinal. "De repente alguma coisa está esquisita, eu não consigo agir normalmente porque me sinto esquisito. E esquisito no sentido de ter medo de ser um idiota de novo."
"Ah, mas que merda, Baekhyun, ele foi idiota contigo também." Minseok argumentou, sentando-se ao lado do amigo. "Eu sei que você foi um pouco cruel e poderia ter machucado ele sério naquele dia e está arrependido pra caralho, mas não aconteceu nada demais. Se ele tivesse com raiva de você mesmo, ele teria te entregado pro sensei, mesmo que isso fosse prejudicar ele também, entende?"
"Entendo." suspirou.
"Relaxa, cara." bateu no ombro do amigo, sorrindo. "Você vai poder beijar a boca dele tranquilamente no futuro. Ele com toda aquela gostosura em cima de você não vai ser ruim, vai." riu, se afastando do amigo depressa antes que levasse algum golpe.
"Você é muito idiota, sabia?" Baekhyun sorriu forçadamente, acostumado demais com aquelas brincadeiras do melhor amigo nas últimas semanas para se sentir constrangido com elas. "Para com isso, vai."
"Vou sim, quando você deixar de ser frouxo e parar de babaquice." soltou, dando um tapa na cabeça do outro antes de sair correndo para fora do vestiário, fazendo com que o faixa roxa corresse atrás.
Se pelo menos as coisas fossem fáceis para Baekhyun, ele estaria bastante satisfeito.
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"Eu to cansado disso, sério."
"Acredito que esteja."
Kyungsoo estava sentado na ponta do tatame, bebendo água enquanto disfarçava uma pequena dor no ombro por causa da finalização bruta de Minho na luta em pé. Parecia uma espécie de vingança do faixa marrom; a projeção foi cruel para cima de si e ele lhe finalizou sem que nem pudesse respirar. Agora teria que aturar aquele sorrisinho arrogante de merda daquele cara pelo resto da semana.
A sua irritação se somava com o fato de que somente havia levado aquela surra por culpa de Baekhyun, que havia enrolado o sensei de novo para recusar um rola consigo. Era naquele ponto em que se sentia cansado; após um dia estressante demais com o irmão mais velho lhe escravizando como bem entendia, ainda tinha que suportar aquela sensação estranha que possuía toda vez que o outro faixa roxa lhe evitava. Estava algo meio insustentável e pensou por um momento abordá-lo ali mesmo, na frente de todo mundo. E iria fazer isso mesmo se uma ideia não lhe acendesse na mente, fazendo-o se virar rapidamente para o faixa preta, antes que este se afastasse para rodar o tatame, sendo obrigado a esperá-lo até que voltasse para seu lado novamente.
"Sehun." chamou e o garoto sério, com aquela postura reta e correta demais, se virou. "Você tem como pedir pro Baekhyun cuidar da limpeza do tatame hoje?"
"Ahn... Por quê?" questionou confuso, voltando a se aproximar.
"Cancele com quem quer você tenha chamado. Eu vou resolver isso com aquele babaca arrogante hoje." pontuou, limpando a garganta sem jeito ao perceber a forma meio imperativa que estava falando com o amigo. "Se você puder, é claro. Eu quero mudar essa situação e é o único jeito que eu vejo."
"Até que enfim vai tomar uma atitude, não?" Sehun sorriu, fazendo o outro revirar os olhos.
"Você sabe do que eu estou falando, não é?" suspirou, desviando o olhar para o outro faixa roxa, que estava em um rola sentado com um faixa azul. "Está ficando insustentável essa situação. Eu sinceramente preferia quando ele me enfrentava a altura, como homem. E agora Baekhyun parece dez anos mais novo que eu, apesar de não ter mudado com ninguém aqui, só comigo."
"Você tá incomodado porque você perdeu a proximidade que tinha com ele, Kyungsoo." o faixa preta disse e, antes que o mais baixo pudesse dizer qualquer coisa, continuou. "Você pode até negar pra mim, eu aceito, mas o fato é que ele mexe com você, né? A relação que vocês tinham era boa para vocês dois e eu sei que não é só você que está incomodado com tudo."
"Sehun, olha-"
"Eu vou mudar os responsáveis pela limpeza da sala hoje. Vai ser você e ele, de novo." interrompeu, sorrindo levemente. "Só não briguem outra vez e piorem a situação, sim? Vai dar tudo certo, relaxa, é só não ser orgulhoso, como eu sempre falei pra você."
E como Kyungsoo poderia discordar naquele ponto? Não conseguiu contra-argumentar o amigo e apenas o deixou ir, voltando a observar Baekhyun finalizando o faixa azul — que se chamava Jungki —, com um arm lock triangular, usando uma força repentina que fazia qualquer oponente bater o tatame sem pensar duas vezes. Suspirou. As coisas iriam voltar ao normal, e ele iria fazer de tudo para que toda aquela hesitação se dissipasse do garoto de cabelos castanhos.
                                                 백수
Baekhyun suspirou, sentado no banco do vestiário. Estava um pouco cansado, mentalmente cansado, na realidade. As coisas não estavam indo muito bem nos estudos, seu desempenho havia sido afetado por algum motivo que ele não conseguia explicar e havia tirado notas ruins nos trabalhos. Ele queria muito recuperar suas notas na última prova e estava estudando mais que o normal; junto as poucas horas de sono e o trabalho de meio período que tinha durante a tarde, só aumentava aquele estado de esgotamento mental. Havia algo a mais, sabia muito bem, mas preferia não tocar no assunto naquele momento.
Levantou-se, tendo noção de que precisaria ainda limpar e arrumar a sala antes de trancá-la e devolver a chave na portaria, mas não se sentindo muito disposto àquilo. Não eram seus planos ficar para a organização da  sala, mas Sehun havia lhe avisado na última hora, então ou era isso ou era terminar pagando punições na aula seguinte e era o que menos queria naquele período. Contudo, quando saiu para a sala, estagnou seus passos na porta do vestiário, observando o motivo de sua inquietação nos últimos dias organizando a sala e retirando o tatame. Pensou em dar a meia volta e ficar escondido por entre os armários ou em uma das cabines de banho, mas Kyungsoo voltou o olhar em sua direção como se fosse ferro atraído por um forte imã.
"Ahn... Kyungsoo." soltou desajeitado e se aproximou. "O que... O que você faz aqui?"
"Arrumando a sala, não vê?" apontou para o chão, o tatame pela metade. Baekhyun ficou desconcertado com a resposta.
"Você não precisava, sério." argumentou. "Poderia ter deixado tudo comigo, eu não veria problemas em fazer tudo sozinho."
"Pois é," o mais baixo concordou, interrompendo o que estava fazendo e se virando para o outro faixa roxa. "A questão é que eu não quis."
Baekhyun ficou confuso.
"O que?"
Kyungsoo suspirou, se aproximando do castanho até que seus corpos estivessem a menos de um palmo de distância. O outro tentou se afastar, mas o impediu, segurando-o pela faixa. A expressão dele intimidava completamente Baekhyun, porque no fundo não gostava muito da carranca séria do moreno direcionada para si.
"Eu quero outro rola. Só nós dois, aqui." sinalizou com a cabeça, soltando Baekhyun e voltando a se afastar. "Sem afrouxar como você anda fazendo nos rolas das aulas e me deixando vencer. Você não é disso e acho que as coisas já passaram dos limites."
"Olha só, Kyungsoo, eu acho que a gente-"
"O que foi?" interrompeu com a voz em um tom mais alto, abrindo os braços enquanto se afastava até a parte onde ainda havia tatame. "Vai afrouxar?"
"Eu não quero brigar com você de novo." tentou argumentar, mas o riso sarcástico do outro lhe cortou a linha de pensamento.
"A gente não vai brigar, Baekhyun." disse, suspirando logo em seguida. "A gente vai lutar, como sempre fizemos."
O castanho mordeu os lábios, desviando o olhar do mais baixo por um momento. Era tão estranho se perceber tão hesitante por um motivo que visivelmente havia passado para os dois. Sentia uma culpa imensa do dia e tinha certo receio de cometer outro ato baixo com ele por causa de uma rixa que até aquele dia era saudável. Mas ele estava lhe propondo uma luta limpa; sem provocações, sem xingamentos, sem calcanhares sendo atingidos e causando uma raiva quase irracional. Irracional, foi o que havia sido naquele dia. E aquilo feria a própria dignidade, o próprio orgulho de certa forma.
A mandíbula de Kyungsoo estava tensa quando voltou a encará-lo. Ele parecia ofegante mesmo sem ter feito nada, apenas parado ali, o olhando. Naquele dia não estava muito diferente; seus uniformes como sempre se diferenciavam um do outro; o seu branco, o dele azul. A faixa estava bem presa a cintura e o quimono muito bem posto no corpo, pronto para uma luta. Suspirou.
"Tudo... Tudo bem." se rendeu, por fim. "A gente pode fazer o rola."
E Kyungsoo não lhe disse nada; abaixou-se no chão, apoiando o peso do corpo sobre os joelhos antes de sentar-se sobre as próprias pernas. Ele estava sério, ainda, de um jeito que lhe constrangia sem motivo aparente. Sem opções, apenas seguiu em direção ao outro, posicionando-se de frente a ele.
Uma contagem mental foi feita antes que eles, sincronizadamente e como esperado, iniciassem a luta. O mais baixo estava determinado a não ser tão bonzinho naquele rola, querendo mostrar para Baekhyun como nenhum tombinho bobo poderia diminuir seu desempenho. Contudo, ficou irritado no momento seguinte quando percebeu que o mais alto abaixou a guarda para que pudesse ganhar vantagem. Por quanto tempo eles ficariam naquilo?
Com raiva, puxou-o pela parte de cima do quimono, fazendo-o ficar sobre si, em quase uma montada, mas com os corpos um pouco mais distantes. Naquele momento o mais alto finalmente reagiu, dando um tapa rápido nas mãos de Kyungsoo e agarrando o quimono deste, que fez o mesmo nas mangas do traje de Baekhyun. Era muito comum que naquela posição, enquanto um tentava finalizar por cima, o outro tentasse fazer a raspagem e inverter as posições, mas ainda sim o castanho fazia corpo mole, não dando continuidade a qualquer golpe, mantendo o corpo quase completamente erguido sobre Kyungsoo.
"Caralho, Baekhyun..." praguejou, parando o que estava fazendo e segurando a cintura do maior, forçando-a para baixo até que ele estivesse com o corpo rente à sua barriga. O outro paralisou no mesmo instante. "É assim que faz uma montada! Luta direito, porra!"
"I-isso... É constrangedor, Kyungsoo." acabou soltando baixo, sem que pudesse evitar, sentindo as orelhas quentes mais pelo que dissera do que realmente pela a ação do moreno. Não estava se entendendo, essa era a realidade. Ter contato corporal com Kyungsoo se tornou desconcertante por algum motivo que não conseguia se questionar em momento nenhum. Apenas queria evitar contato, conversas ou qualquer coisa do tipo. "Quero dizer..."
"Constrangedor?" engasgou-se, rindo abafado. "Sabe o que é constrangedor? Isso!" gritou, empurrando o corpo do castanho até que seus quadris se chocassem, fazendo-o soltar um grunhido. Baekhyun suspirou, visivelmente desistindo da luta e tentando se levantar, mas Kyungsoo o manteve ali, erguendo o seu tronco em seguida para aproximar seu rosto do mais alto. "O problema, Baekhyun, é que você não está me tratando como o homem que sou, e isso me irrita." confessou e o outro parou de se mexer em seu colo. "Luta comigo, me vê como igual, porque somos equiparáveis, porra."
Sem esperar que o outro faixa roxa reagisse, girou os corpos, jogando-o contra o tatame e ficando entre as pernas dele. Seus quadris se chocavam, mas não se importava com aquilo. A cada vez que Baekhyun afrouxava na luta, algo movia Kyungsoo a reagir com mais grosseria; não queria machucá-lo e nem tampouco iria fazer, mas queria que, de alguma forma, o mais alto acordasse e percebesse que entre eles não era mais a mesma coisa. Queria fazê-lo despertar e reagir como sempre havia sido antes, com altivez, com arrogância, com aquele jeito de quem era o dono da casa, como se fosse mais experiente que o próprio sensei.
"Eu me..." Baekhyun respirou profundamente, resolvendo reagir e segurar o quimono do menor também. Reforçou o agarre, balançando um pouco o corpo sobre si. "Eu me sinto culpado, droga!"
"Por algo que já passou?" questionou, largando o tecido branco do traje do castanho e empurrando as mãos dele para que largasse o seu também. "Baekhyun... Passou. Você entende isso? Não aconteceu nada demais, nós dois erramos. Eu e você... Erramos." lamentou, respirando ofegante, acompanhando a respiração do maior sem que percebesse. "Fomos imaturos, levamos algo para além dos limites que estavam implicitamente determinados e aquilo aconteceu. Poderia ter sido o contrário, você sabe disso... Eu só não suporto mais você me evitando o tempo inteiro."
"Por quê?" o castanho soltou, momentos depois. "Por que você se importa tanto com isso, Kyungsoo?"
A resposta que passou pela cabeça do moreno o fez prender a respiração por um momento. Era muito óbvio o motivo por trás daquilo tudo. Poderia dar um monte de desculpas sem sentido para não ferir o próprio orgulho, mas continuaria com palavras presas na garganta que endureceu seus músculos e lhe desconcentrou em tudo. Olhou para o faixa roxa abaixo de si, que ainda estava com a respiração pesada, o quimono aberto, a pele em um bronzeado avermelhado por culpa do calor um pouco exposta, deixando os pensamentos de Kyungsoo ainda mais confusos. Os lábios entreabertos puxando o ar com força, os cabelos bagunçados e colados no rosto. Desviou o olhar, suspirando, percebendo algo desconcertante demais pra ser dita em voz alta; estava achando aquela visão do mais alto muito bonita. E aquilo não era um pensamento que poderia ter num momento como aquele.
"Porque você me trata como se eu fosse quebrar e isso é ridículo." confessou, desistente de suas atitudes contraditórias, voltando a agarrar o quimono branco e inclinar o corpo em direção a Baekhyun. "Porque eu me sinto estranho demais com essa sua atitude. Porque eu não estou acostumado com essa imagem que você está me mostrando agora." murmurou, perto o suficiente do castanho para sentir o calor da pele dele. "Eu preferia seu eu de antigamente... Eu gosto mais dele. E saber que essa mudança sua é só comigo, tá me deixando maluco."
Kyungsoo poderia dizer que não sabia o que estava fazendo ou que não sabia o que havia lhe movido a tomar tal atitude, assim como Baekhyun. Mas aquela troca de olhares demorou mais que o previsto, as respirações se interromperam e os lábios se chocaram repentinamente, tão irracionais quanto antes, mas com o sentimento de que aquele beijo era inevitável. Foi um ato aparentemente calmo para a agitação dos corpos naquele momento e o selar perdurou até que a boca de Kyungsoo se entreabriu para fechar-se contra a de Baekhyun, sendo impedido por uma língua que invadiu sua boca sem aviso e que lhe provocou um ofego em agrado. O beijo se tornou agitado, mas não bruto, apenas o suficiente para que eles se agarrassem um no outro e tateassem a palma onde alcançassem, um pouco perdidos. Suas mentes estavam em completo branco; no fundo ambos estavam temerosos do que pudesse acontecer depois que o beijo se findasse.
Por isso, o mais baixo separava as bocas apenas para que pudessem respirar brevemente, beijando a mandíbula suada do castanho enquanto sentia as unhas dele arranharem levemente sua nuca antes que pudesse voltar beijá-lo com mais intensidade que antes. E mesmo que eles tentassem estender o ato — desesperado para quem via de fora, mas na medida certa para as mentes confusas deles —, em algum momento quebraram o contato, se afastando o suficiente para que pudessem se olhar novamente. Baekhyun com um constrangimento lhe queimando as orelhas e dilatando as narinas e Kyungsoo com uma batalha para tentar impedir que mais pensamentos confusos viessem a tona.
Mas inevitavelmente a voz de Sehun e tudo o que ele dissera repetia como um looping infinito em sua mente.
"Kyungsoo, o que... O que a gente tá fazendo?" Baekhyun perguntou com a voz rouca, tentando ser um pouco racional, mesmo que seus olhos não parassem de encarar os lábios um pouco inchados do mais baixo, mesmo que se sentisse quente, mesmo com a mente embaralhada o suficiente para querer repetir aquilo pelo resto da noite.
"Não... Isso não importa. Importa?"
O castanho negou com a cabeça, deixando se levar e permitindo que o moreno se aproximasse novamente, erguendo o corpo para capturar os lábios dele com certa pressa. Perceberam que aquela era a única vontade dos dois naquele momento; sem pensar nas consequências, excluindo os porquês da mente, evitando um auto julgamento que não deveria existir. Pelo menos não enquanto Kyungsoo pela primeira vez sentia a pele do peito desnudo do maior sob os dígitos, não enquanto Baekhyun sentia certa euforia com o cheiro de colônia e suor e um prazer indescritível em mordiscar a boca carnuda e macia. Era o que, estranhamente, ambos queriam e só lhes restaram atender aos desejos supostamente súbitos e inadiáveis.
Depois que toda aquela euforia cessou, eles se levantaram do tatame ofegantes, quentes e com um indiscreto volume sob as calças, mas não falaram nada, muito menos se questionaram alguma coisa. Terminaram silenciosamente de recolher os tapetes do tatame e limparem a sala, pegando suas respectivas coisas no vestiário logo após.
E Kyungsoo, antes que pudesse sair da sala para trancar a porta e entregar as chaves na recepção, puxou o pulso de Baekhyun, chamando a atenção dele para si. E o castanho, percebendo a respiração e olhar hesitante do mais baixo, não pensou duas vezes em fazer o que ele silenciosamente lhe pedia. Colou os lábios em um beijo de poucos segundos; o suficiente para que significasse uma despedida, deixando em ambos uma incerteza completa do que aconteceria no futuro, porque nenhum dos dois ainda sabia o que pensar.
No lado de fora da academia, ambos foram para sentidos opostos; seguiram seus caminhos sem olharem para trás ao menos uma vez.
                                                      백수
Sempre que uma voz surge na mente gritando desesperadamente na tentativa de impedir que alguma decisão errada seja tomada, o mais recomendável é seguir essa maldita voz. Por um motivo simples: algo sempre dá errado quando ela é contrariada.
Foi esse o erro de Baekhyun quando, assim que Minseok pisou com os pés nus no assoalho de seu apartamento e sentou-se no sofá com as pernas tão abertas como se estivesse assado, a primeira coisa que fizera foi contrariar algo em seu interior que lhe pedia para calar a boca, para contá-lo o que havia acontecido na academia. De fato, estava confuso e não sabia explicar exatamente o que o levou a ceder tão facilmente ao beijo e a correspondê-lo com tanta vontade. Mas agora, olhando o melhor amigo com aquela cara de sacana enquanto se recuperava dos gritos escandalosos de "eu te avisei!", a última coisa que queria fazer era entender; esquecer era mais fácil.
"Eu sabia que você estava na dele!" Minseok voltou a dizer e o faixa roxa tratou de empurrá-lo, fechando as pernas dele com força. "Não adianta ficar com raiva de mim, Baekhyun."
"Eu não estou na dele, idiota." devolveu com irritação. "Ele que me beijou, eu só correspondi."
"Você não só correspondeu, Baekhyun. Você beijou na boca do cara que você repara tem tempos." argumentou, finalmente se ajeitando no sofá e dando espaço ao amigo.
Baekhyun não reparava no Kyungsoo como o amigo insistia em dizer. Pelo menos não intencionalmente. Não conseguia se sentir culpado se a aura altiva e aquele jeito metido do outro faixa roxa lhe chamava atenção o suficiente para não deixar de olhar e se sentir incomodado ao ponto de implicar com ele. E continuaria naquela birra até no inferno se fosse necessário; era de certa forma prazeroso vê-lo com um olhar desafiador para cima de si. Sentia-se motivado para as lutas. Mas nunca pensou no outro de uma forma que não fosse a competitiva. Ou pelo menos era o que achava, mas aquele beijo... Aquele beijo lhe confundiu completamente.
"Eu... eu reparava tanto assim nele, Minseok?" questionou, meio rendido. "Você está exagerando." soltou e o amigo riu.
"Não, eu não estou exagerando!" disse e suspirou em seguida. "Vocês sempre se encararam muito nas aulas, mas eu acho que a rixa que vocês montaram nesse atrito todo só... Sei lá" deu de ombros. "Ajudou a esconder bem. Eu não acho um bicho de sete cabeças você se sentir atraído pelo Kyungsoo, até porque ele é bem gatinho."
"Meu Deus, você atira pra todos os lados..." resmungou, escondendo o rosto com as mãos.
"Ei! Eu não estou dando em cima dele, eu ainda gosto de alguém mesmo depois de ter sido dispensado, não se esqueça disso." Minseok esclareceu. "Qual é o problema, afinal?"
O castanho olhou para o amigo, que agora parecia realmente disposto a ouvi-lo sem ficar zombando de si. Suspirou e desviou o olhar, completamente sem jeito de dizer o que pensava. Se estava realmente afim do Kyungsoo, deveriam conversar, certo? Mas e se ele soltasse a desculpa de que aquilo havia sido um deslize? Se ele fingisse que nada daquilo havia acontecido? Aquilo arrepiava Baekhyun dos pés a cabeça em puro pavor e constrangimento antecipado. Já era difícil admitir que queria alguma coisa daquela confusão — até porque, pfff, ele não queria nada daquela confusão —, pensar ainda numa possível rejeição era de dar indigestão.
"Eu estou confuso." resolveu dizer, depois de um tempo. "Ah, vai, Minseok, e se ele só fez isso pra me deixar de guarda baixa? Eu não quero achar algo que não tem nada a ver."
"Ele te venceu na partida que vocês lutaram?" indagou o amigo, com a sobrancelha arqueada.
"A gente nem terminou o rola, Minseok."
"Então vai se foder, Baekhyun" revirou os olhos e se levantou do sofá, com uma cara de poucos amigos. "Você só vai saber se for falar com ele, amigo. É melhor ganhar um não agora do que ficar imaginando coisas aí, sentado e com essa cara de bunda."
"Eu não sou você, Minseok, e muito menos tenho cara de bunda." rebateu, mas logo foi puxado para que também ficasse de pé. Se debateu para o amigo lhe soltar. "Qual é! Qual é o teu problema? O que você quer?"
"Você vai conversar com ele." afirmou, dando de ombros.
"O que?"
"É isso mesmo que você ouviu. Se você tem a cara de pau de ir lá no café pra zoar com ele, então você tem para conversar."
"Não!" gritou quando o menor tentou pegar na sua mão novamente. "Eu não vou fazer isso, cara! Você enlouqueceu? Com que cara eu vou ir lá?"
"Com a mesma que você fez quando se despediu do Kyungsoo ontem com um beijinho." zombou, fazendo um bico exagerado e se afastando do castanho antes que apanhasse. "Se você não fizer nada, eu vou tratar de fazer, Baekhyun."
"O que eu vou falar pra ele?" perguntou e cruzou os braços, emburrado.
Baekhyun tinha uma cara de pau sim, mas não era tanta. Como ele iria chegar no outro faixa roxa para falar do que aconteceu no dia anterior? Ele não teria coragem de fazer nada, muito menos de parecer tão superior após aquele beijo que, querendo ou não, mexeu um pouco consigo. Na verdade, nunca havia pensado que os lábios cheios e um pouco ressecados fossem tão macios e bons de mordiscar, muito menos que o gosto da boca de Kyungsoo fosse algo tão viciante. A sensação que tivera no momento, era de que poderia ficar naqueles beijos pelo resto da noite, sem se preocupar com o fato de que pudessem ser pegos ali, no chão da sala de jiu jitsu.
"Você sabe o que falar pra ele." Minseok respondeu. "Perguntar qual é a dele é um ótimo começo. Mandar um e aí, rola ou solta? também é uma outra alternativa. Ou apenas chegar lá e pedir um café e deixar a conversa fluir."
O faixa roxa ficou mais alguns minutos em silêncio antes de suspirar e deixar os ombros caírem, rendido.
"Você vai subir comigo?" perguntou e o outro negou freneticamente.
"Eu não vou ficar de castiçal para os pombinhos." soltou, meio indignado, meio zombeteiro, voltando a puxar Baekhyun pelo pulso. "Eu vou pra casa e você vai subir lá e ficar com ele de novo, se rolar um clima."
"Minseok..."
"Vamos logo que está quase na hora de fechar, Baekhyun." o empurrou, seguindo para a saída do apartamento do melhor amigo. "Deixa de ser frouxo, porra."
E Baekhyun bem que tentou dar uma de durão, mas não durou trinta segundos; no momento seguinte, pedia para voltarem, alegando que não era corajoso o suficiente. Infelizmente, Minseok era um pouco cruel e não tão fácil de se convencer quando possuía um objetivo em mente.
                                                                                                                                                                                          백수
"A-ah! Merda!"
Kyungsoo já tinha perdido a quantidade de vezes que havia esbarrado no bico da máquina de espuma de leite. A sorte daquela vez era não estar mais segurando o copo e acabar por derrubá-lo — algo que já havia feito três vezes naquele dia. Indubitavelmente estava mais distraído que o normal. SanDong já havia lhe chamado atenção mais vezes que pudera contar e já estava oficialmente detestando aquele dia. Sua sorte, porém, era que não teria aula de jiu jitsu e poderia descansar o corpo um pouco.
Um de seus maiores defeitos sempre fora ser impulsivo e não pensar muito antes de agir. Isso lhe trouxera algumas consequências, como diversas advertências por briga no colégio, alguns deslocamentos de ossos e um corte feio na perna, na qual ainda tinha a cicatriz. Mas mesmo sabendo que sua impulsividade era um defeito e tanto, nunca pensou em se consertar; a verdade era até que havia melhorado bastante, então não sentia necessidade de anular esse traço de sua personalidade e enclausurá-la dentro de si por causa dos outros.
Por esse motivo que justificava o fato ocorrido na noite passada como pura impulsividade sua. Não havia conversado com ninguém sobre aquilo, até porque seu irmão mais velho não era a melhor pessoa para esse assunto e sua mãe muito menos — seu pai não era opção considerável —, mas sua cabeça fazia questão de rodar em looping o que havia acontecido na noite anterior. Não sabia explicar aquela súbita vontade de beijar Baekhyun, de saber a reação dele ao ser beijado, e nem mesmo sabia expressar o quanto havia gostado de ser correspondido. Aquele beijo deveria ser apenas mais uma de suas provocações. Era para Baekhyun ter lhe dado um soco na cara e lhe tratado no nível que merecia; estava revoltado por tantas vezes ser evitado. Mas como explicar até para si mesmo que aquilo não havia sido planejado e que fora por puro instinto? Que ter achado-o bonito além do normal quando ele estava suado, ofegante e jogado no tatame havia lhe confundido inteiro? Que todo aquele seu desastre no café era porque uma onda de satisfação lhe subia a espinha cada vez que lembrava do castanho lhe beijando de volta, bagunçando seus cabelos e ofegando baixinho?
Ou pior, como digerir o fato de que toda vez que pensava naquilo, se sentia mais tentado a repetir a dose?
Piscou rapidamente e engoliu em seco, fugindo de seus pensamentos enquanto colocava a tampinha sobre a bandeja e despejava canela rapidamente sobre a espuma de leite antes de apertar o sininho para chamar o único cliente que estava na loja. Aquele praticamente beijo de despedida passava por sua mente quando sorriu ao cliente e conferiu o troco errado, sendo obrigado a pedir desculpas e estender a moeda de valor restante. Ele queria que as coisas fossem fáceis, e algo lhe dizia que realmente eram, mas digerir isso tão facilmente e simplesmente ir falar com o Baekhyun soava como quase impossível.
Queria tudo aquilo de novo. Queria discutir com Baekhyun, brigar com ele e beijá-lo no final, com a desculpa mais esfarrapada que pudesse arranjar para tal ato na ponta da língua. Kyungsoo só queria ter uma maldita desculpa para poder sentir os lábios finos e gostosos contra os seus e as mãos agitadas bagunçando seus cabelos e os puxando de leve. Estava completamente perdido com tanto conflito interno.
"Ah, eu sou um idiota..."
"É mesmo." a voz do irmão ecoou pelo café, fazendo com que o garoto revirasse os olhos antes de direcioná-los ao dono do tom pouco grave e irônico. Surpreendeu-se ao ver sua mãe de braço dado com SanDong. "Qual foi o erro que você cometeu dessa vez?"
"Talvez o erro de te dar atenção." respondeu, dando um sorriso forçado. "O que quer dessa vez?"
"Às vezes acho que você esquece que eu posso te deixar sem emprego, não é, Kyungsoo?" SanDong devolveu o sorriso. "Eu só vim avisar que fechei a loja debaixo mais cedo e que já estou saindo."
"Ué..." o garoto franziu o cenho, confuso. "Eu não posso fechar agora?"
"Não." o irmão respondeu o óbvio. "Ainda faltam dez minutos para o final do seu expediente, então você vai ficar aqui até o completar."
"Mesmo sem ninguém aqui?" soltou, tentando conter sua indignação.
"Kyungsoo, querido, apenas faça o que seu irmão está lhe pedindo, sim?" interrompeu a mãe. "Ele está de muito bom humor hoje e quer me levar para jantar!" exclamou a senhora, animada.
"Ah..." O garoto ergueu as duas sobrancelhas. "Papai vai também?"
"Sim." SanDong respondeu. "Eu irei buscá-lo em casa."
"Entendi." riu seco, tentando disfarçar o mau humor e pegando um pano úmido para limpar o balcão. "Um jantar harmonioso em família... Bom, divirtam-se."
"Ah, pelo amor de Deus, Kyungsoo... Você não vai começar a agir infantilmente na frente da mamãe, vai?" indagou, a voz num tom ácido que deixou o mais novo ainda mais irritado.
"Olha só, SanDong-"
Kyungsoo foi interrompido pelo som do sino que havia na porta de entrada do café e, quando olhou, quase se engasgou; os fios castanhos que conhecia bem tomou a sua visão, junto dos olhos inconfundíveis que olhavam o local com certa hesitação e os lábios que não conseguia esquecer por tê-los beijado na noite anterior. Baekhyun bagunçava os cabelos, as orelhas visivelmente rubras enquanto tinha a atenção de todos no recinto, com a expressão meio culpada por provavelmente saber que havia interrompido algo.
"A-ah... O café já fechou?" atrapalhou-se em perguntar, a voz saindo meio falhada. Pigarreou logo após. "Eu posso voltar-"
"Não, não fechou!" SanDong se adiantou, sorrindo simpático para o castanho. "Ainda faltam alguns minutos! Acredito que o suficiente para tomar um café, não?" riu e o outro devolveu, um pouco desconcertado. Voltou com a expressão séria em direção ao irmão. "Eu já vou indo, Kyungsoo. Depois desse cliente, se não aparecer mais ninguém, você pode ir embora."
"Okay, chefe." respondeu, fazendo o mais velho suspirar, mas ele não voltou a dizer nada; apenas guiou a mãe até a saída, deixando-o sozinho com Baekhyun.
Por mais estressado que estivesse com o irmão, Kyungsoo foi de mal humorado à sufocando em nervosismo no momento em que um silêncio incômodo se instalou no ambiente. O castanho demorou até se aproximar do balcão onde o mais baixo insistia em continuar limpando o mesmo lugar.
Era uma situação realmente constrangedora; de um lado estava aquele que por puro impulso e atração teve coragem o suficiente para dar um beijo naquele que jurava pura antipatia e, do outro lado, estava aquele que correspondeu com toda vontade o beijo daquele que jurava que provocava por puro esporte, mas que não possuía simpatia alguma. Os olhos se desviavam sempre que se encontravam, Baekhyun sentindo a garganta seca enquanto Kyungsoo estava ligeiramente trêmulo, sabendo que se chegasse próximo às maquinas, iria se queimar pela enésima vez no dia.
Na cabeça do moreno, não havia o porquê de estarem daquela forma e até soava um pouco infantil; eles eram adultos e tinham de conversar civilizadamente sobre o que aconteceu, certo? Ambos quiseram aquilo naquele momento, mas ao mesmo tempo não parecia que eles deveriam falar sobre o beijo logo de cara. O que não sabia era que o mais alto também pensava da mesma forma, apesar de estar se sentindo ligeiramente acovardado pelo clima, resolveu quebrar o silêncio justamente quando Kyungsoo tivera a mesma ideia:
"Eu cheguei em uma hora ruim?"
"Vai querer o de sempre?"
O castanho riu sem graça por ter falado ao mesmo tempo que o outro, balançando a cabeça enquanto ouvia a risada contida do outro.
"Sim." disseram em uníssono novamente e Kyungsoo riu com vontade dessa vez.
"Isso não vai dar certo dessa forma, deixa eu perguntar de novo." pediu, sentindo as orelhas quentes. "Vai querer o de sempre? Cappuccino cremoso com bastante canela por cima?"
"É, isso mesmo." Baekhyun respondeu, rindo um pouco surpreso pelo menor lembrar do que costumava pedir. "E... Acredito que vim em péssima hora, né?"
"Um pouco..." suspirou e deu de ombros, tentando dar a máxima atenção à bebida que fazia. "Iria rolar uma possível briga, na verdade."
"Então... Eu te livrei?"
"É... Digamos que sim." sorriu. "Já termino aqui."
O castanho acenou levemente, não conseguindo se conter ao se atentar a cada movimento que Kyungsoo fazia para preparar o cappuccino. Quando Minseok o levou ali, tentou o máximo convencer o amigo a não subir e mesmo quando entrou no acesso que dava para as escadas até o café, pensou muito em esperar o baixinho teimoso ir embora para voltar para casa, mas alguma onda de coragem havia lhe tomado para, por fim, entrar no café e encontrar o moreno. Sentia-se inevitavelmente nervoso, mas era estranhamente bom ver Kyungsoo depois do que havia acontecido — mesmo que seus planos fossem de evitá-lo por dias. Vê-lo ali, naquele momento, mesmo que tivesse uma certeza pessimista de que ele não iria tocar no assunto, não estava sendo tão desconfortável quanto pensou.
E não iria agradecer a Minseok por isso, não mesmo.
Por outro lado, o menor fazia o máximo para se concentrar na bebida que preparava sem esbarrar em nada e não parecer um idiota na frente de Baekhyun. Por Deuses, como explicar a si mesmo que precisava muito controlar a vontade de olhar para a boca dele? Queria tanto praguejar em alto e bom som para tentar esquecer aquilo, mas simplesmente não conseguia. Seu orgulho estava ferido por ter sido tão impulsivo e agora estava tão desconcertado perto dele, que não sabia exatamente o que fazer.
Engoliu em seco, erguendo o olhar e focando-o nos lábios finos e bonitos sem que pudesse evitar. Ah, que droga..., pensou e logo percebeu que Baekhyun lhe olhava de volta, desviando o rosto novamente para o cappuccino, sentindo o rosto esquentar. Ótimo, agora ele me flagrou olhando pra boca dele, muito ótimo, imbecil. Suspirou e despejou a canela após terminar de colocar a espuma de leite no copo e levando-o ao mais alto, que já tirava a carteira do bolso.
"Ah, não precisa pagar!" interrompeu a ação do outro, que lhe olhou surpreso. "É por conta da casa."
O sorriso que Baekhyun dera em resposta fez o estômago de Kyungsoo revirar. Jurava que não estava se entendendo, mas se parasse por um segundo para ser sincero consigo mesmo, se lembraria bem de todas as vezes em que seus olhos lhe traíram ao buscar o castanho nas aulas de jiu jitsu: sempre. Sempre estava procurando Baekhyun, sempre estava provocando-o, fosse por olhares, sorrisos ou insultos. Se incomodava tanto com aquele jeito do mais alto por qual motivo, afinal? Não sabia explicar, mas sentia vontade sempre de ter algum contato com ele, nem que fosse para trocar farpas. Era irônico para sua vida já tão cheia de ironias que estivesse quebrando a cara mais uma vez ao contrariar Sehun e, no final das contas, ele possivelmente estar certo.
Não podia admitir que estava afim de Baekhyun, mas... também não podia negar que tinha algo ali lhe rodeando e lhe deixando com uma vontade do inferno de beijar aquela boca bonitinha dele. Aliás, nunca havia achado-o bonito, pelo menos nunca havia se dado conta daquilo até se deparar com ele jogado debaixo de si no tatame, com o quimono aberto e ofegante de um jeito tão bonito que...
"Assim eu vou acabar desidratando, Kyungsoo." seus pensamentos foram cortados por uma risadinha do castanho. "Você tá me secando."
"Puta merda, d-desculpa!" exclamou, virando-se de costas para o outro e encarando a pia que havia ali, bagunçando os cabelos e sentindo o rosto ficar absurdamente quente enquanto ouvia-o rir mais uma vez. "Ah... Já pode soltar o deboche do dia." revirou os olhos, ainda encarando a peça de metal inoxidável, completamente envergonhado.
"Que deboche?" Baekhyun arqueou as sobrancelhas. "Eu só... Ia te perguntar se eu sou tão bonito assim pra ser admirado por tanto tempo."
"E isso não é deboche?" indagou, virando o rosto para olhar o castanho de rabo de olho, vendo-o dar de ombros.
"É uma pergunta sincera." respondeu, sentindo-se suar frio. Kyungsoo suspirou e virou-se novamente, colocando as mãos na cintura e sustentando uma expressão desconfiada. Baekhyun quis rir, porque o moreno ficava realmente bonitinho daquele jeito. Era uma graça aquela atitude e, sem que pudesse evitar, pigarreou, por sentir a garganta secar e ficar com medo da voz falhar quando falasse novamente. "Eu estou falando sério, não precisa me olhar assim."
"Você quer mesmo que eu responda?"
"Quero."
Kyungsoo suspirou novamente e manteve-se em silêncio, saindo de trás do balcão e deixando o castanho extremamente tenso. O que ele iria fazer? Ficou paralisado enquanto o outro lhe encarava antes do contato ser quebrado pelo mais baixo que seguiu em direção à entrada do estabelecimento, virando uma placa que ficava pendurada na porta, trancando-a e abaixando a pequena persiana dela. Foi quando Baekhyun se sujeitou a puxar o celular e ver as horas; já era mais de seis e dez da tarde.
Continuou observando o moreno, que voltou a se aproximar até se sentar ao seu lado no balcão, visivelmente tímido. Não era como se também não estivesse um bocado sem jeito; havia bebido o cappuccino tão rapidamente que nem conseguiu apreciar o sabor de uma de suas bebidas favoritas. Mas era o nervosismo de ouvir qualquer coisa do tipo "Foi tudo um mal entendido", que deixava o castanho tão nervoso. Quando pensou em abrir a boca para tentar, mais uma vez quebrar o silêncio, Kyungsoo tomou a frente.
"Sim."
"... Que?" Baekhyun balbuciou confuso.
"Por Deuses, como você é lerdo." acusou, e o castanho lhe olhou indignado.
"Olha só, você-"
"Eu quis dizer que sim, você é bonito, entendeu?" Kyungsoo interrompeu, antes que aquilo virasse uma discussão sem sentido — porque eles sempre eram capazes daquilo. "Muito bonito, na verdade, e talvez seja por isso que eu fique te olhando, mas nada de ficar se achando, se não eu te jogo daqui pra fora." pontuou com o dedo em riste, fazendo Baekhyun rir.
"Você não teria coragem..."
"Tenta só pra você ver." desafiou, mas desviou o olhar logo após, sentindo as orelhas pegarem fogo. Suspirou. "Eu inflei o seu ego, não foi?" questionou e o outro riu mais uma vez.
"Te consola se eu te dissesse que não?" tentou e o outro bateu no balcão, lhe assustando.
"Ah, que merda, Baekhyun, olha o que você me fez falar pra você!"
O castanho, por mais que tentasse, não conseguiu conter a risada. Estava rendido; aquela era uma face de Kyungsoo que não havia conhecido antes. Um garoto tímido, que soava meio teimoso e rabugento de um jeito... Fofo? É, Kyungsoo era fofo agindo daquele jeito, com as orelhas vermelhas por ter admitido algo que, em teoria, não deveria admitir nunca. E antes que ele se afastasse completamente, o segurou no pulso, o puxando para que se sentasse novamente ao seu lado.
"Okay, então te consola se eu te dissesse que também te acho bonito e que eu estava muito nervoso antes de vir aqui?" Baekhyun tentou uma segunda vez e o mais baixo voltou a atenção para si, com uma expressão surpresa. "Ainda estou um pouco nervoso, na verdade."
"Mas... Por quê?"
"Você ainda pergunta?" arqueou uma sobrancelha. "Isso é um pouco complicado, porque até ontem jurava que te detestava, mesmo que eu te achasse atraente..." suspirou. "Mas aí, aconteceu o que aconteceu ontem e tudo se tornou muito confuso. Aí eu percebi que não te conhecia e isso me incomodou, não consegui esquecer o que aconteceu e... Enfim, eu só queria que você fosse sincero comigo, Kyungsoo."
"Sincero em que sentido?"
"Tsc..." Baekhyun olhou para o outro com indignação. "Você sabe muito bem do que eu estou falando."
"Sem deboche?"
"Para com essa porra!" reclamou, sendo a sua vez de bater no balcão.
"Okay, desculpa..." riu. "Se for do beijo que você está falando, bem..." deu de ombros. "Eu te beijei porque fiquei com vontade. Porque achei que seria um bom momento? Eu não sei, de verdade, eu só sei que em algum momento eu te olhei e fiquei com muita vontade de beijar a tua boca e fui lá e fiz."
Baekhyun se viu sem reação por um momento, acabando por desviar o olhar e cobrir o rosto com a canhota.
"Okay... Eu entendi e agora estou um pouco tímido."
"Bom... Foi você que pediu."
O mais alto assentiu com a cabeça antes de respirar fundo e voltar seu olhar para o moreno, que olhava em direção às janelas. Já era noite, provavelmente estava mais frio do lado de fora, eles não teriam treino naquele dia e não sabia se Kyungsoo tinha compromisso, se estava atrapalhando-o para algo mais divertido do que aquela conversa sem jeito que estavam tendo. Baekhyun queria muito ser mais espontâneo, queria ter sido mais direto em perguntar as intenções do menor sobre o beijo, ou de chegar até ele com atitude o suficiente para sentir a boca dele na sua de novo, mas o Baekhyun da vida amorosa era um bocado diferente do lutador faixa roxa em jiu jitsu. Era difícil para si agir de forma tão ousada.
Contudo, olhar para Kyungsoo e perceber tudo o que não havia percebido antes, lhe era perturbador. Os lábios carnudos, a mandíbula angulosa, o olhar sóbrio... Ele possuía um charme e uma beleza que nunca havia dado conta antes, mesmo que já o achasse bonito antes. O moreno nunca havia sido algo que chamasse tanto a sua atenção como estava naquele momento, e isso fazia seu estômago afundar e as mãos suarem. Como um beijo pode ter resultado nisso? Baekhyun queria tanto beijá-lo de novo, queria devolver os beijos no pescoço que havia recebido, queria vê-lo sem camisa, queria...
"Eu sei que fui eu que pedi..." riu sem graça, não conseguindo buscar um assunto novo em sua mente e deixando que o silêncio caísse sobre eles novamente.
"Baekhyun..." ouviu o moreno chamar antes que pudesse se perder em pensamentos outra vez. "Eu só não quero você me evitando de novo, isso me incomodou demais, entende? Prefiro brigar com você o dia inteiro e perder ou ganhar de você no tatame, do que perceber que você está fugindo de mim. Isso, sinceramente, me deixou um pouco sufocado." confessou com o olhar para o chão e coçou o braço por cima da camisa. "E mesmo que não role nada entre a gente, eu-"
Kyungsoo não conseguiu dizer mais nada ao ser puxado pelo castanho e, por mais que pressentisse o que iria acontecer, não conseguiu evitar o suspiro surpreso quando seus lábios se encontraram com os dele. Depois desse primeiro contato, foi difícil se conter ou impedir que a vontade, já muito alimentada pelas lembranças da noite anterior, lhe tomasse conta. Por isso não pensou duas vezes antes de agarrar a cintura de Baekhyun e abrir mais a boca para que pudesse sentir a língua dele contra a sua. Os ofegos baixos do mais alto, apenas lhe estimularam a se enfiar entre as pernas dele e juntar um pouco mais os corpos enquanto acariciava as costas largas com as pontas dos dedos.
"Hm, eu faço tanta falta assim?" o castanho perguntou após interromper o beijo, dando um sorrisinho de lado e procurando a todo custo ignorar o calor que sentia nas orelhas.
"Tsc, não fica se achando." murmurou contra os lábios do outro, que lhe respondeu com um beijo.
"É que você fala demais." Baekhyun deu de ombros. "Sempre fala demais e depois fica perdendo pra mim nos rolas."
"Você ainda cismando com isso?" Kyungsoo riu, apertando a cintura do mais alto. "Eu vou deixar você ganhar pra te consolar um pouquinho."
Aquilo causava certo estranhamento aos dois, mas ao mesmo tempo experimentavam uma sensação de bem estar que nunca tiveram juntos. Talvez fosse pelo fato de que estavam de guarda baixa, sem os quimonos, sem um tatame para lutar, sem nenhum motivo para disputarem. Havia ali um empate; sem vencedor ou perdedor, após um ato impulsivo e uma atração que provavelmente estava incutida neles há mais tempo do que eles haviam percebido, estavam tendo uma oportunidade de se conhecerem, pela primeira vez, sem o sangue fervendo por um treinamento livre ou uma vitória. Naquele momento em que olhavam perdidos um para o outro — até porque agora era impossível negar que sentiam algo e que esse algo era recíproco —, podiam perceber algumas nuances que nunca tiveram a chance reparar; como a pinta sobre o lábio superior de Baekhyun ou o fato de que os olhos de Kyungsoo eram realmente grandes, mas eram muito bonitos.
Era um recomeço; dariam uma chance para o que algo dentro deles estavam pedindo, porque realmente parecia uma boa ideia, ou talvez fosse porque tinham uma química sem igual. E no olhar, implicitamente estava o acordo de que não mudariam um com o outro, pois a competitividade estava no sangue e eles ainda eram da mesma graduação. Os faixa roxa da Academia de Bucheon continuariam se enfrentando até que fossem para a marrom, para a preta ou até quando eles fossem continuar com o esporte. E se algum deles interrompesse a jornada no jiu jitsu, certamente buscariam uma outra forma de competir.
"Você... tá livre depois daqui?" Baekhyun perguntou, quebrando o silêncio.
"Hm... Vai me chamar para um encontro?" o moreno arqueou uma sobrancelha, rindo.
"Tsc, só escolhe: cinema ou o meu apartamento?"
"Uau" Kyungsoo balbuciou. "Você é direto."
"Não sei a surpresa se eu sou um homem de ação." brincou, fazendo o outro rir.
"Então eu acho que é melhor irmos para o cinema..." começou, beijando a bochecha do castanho e fazendo-o sorrir. "E depois pro seu apartamento, que tal? Eu posso fazer o jantar."
"Nossa, Kyungsoo..." apertou-lhe os ombros, sorrindo largamente. "Assim você me ganha fácil."
"Ótimo, era isso que eu queria mesmo." riu, levando os lábios aos do mais alto, secretamente procurando aproveitar o máximo para provar dos beijos dele.
Talvez eles fossem demorar mais um pouco ali e perder a sessão para o cinema. Mas não havia problema no final das contas; se dependesse deles, depois teriam tempo o suficiente para muitos outros filmes.
백수
"Agora posso dizer que eu estou sempre certo?"
Kyungsoo revirou os olhos, lançando a faixa contra o braço de Sehun, antes de acelerar os passos em direção a academia. Nem sabia exatamente o que havia dado na sua cabeça de contar o que havia acontecido para o amigo, porque sabia que ele falaria algo do tipo. Talvez ele apenas precisasse saber, já que fora tão insistente quanto ao fato de que Kyungsoo e Baekhyun tinham algo a mais para no final o resultado ser o que Sehun já esperava.
"Acho que você me fez uma lavagem cerebral, isso sim." devolveu, fazendo o mais alto rir. "Você falava disso a porcaria do tempo inteiro!"
"Temos que ser observadores, Kyungsoo, é como eu sempre digo." sorriu e deu de ombros, ouvindo o faixa roxa murmurar um “arrogante”. "Eu percebi o que estava debaixo daquela rixa sem sentido, simples assim. E me agradeça, pelo menos agora você tem alguém, não?"
"Não é como se eu precisasse de alguém, Sehun."
"Ah, claro, até porque você nunca namorou na vida." afirmou e Kyungsoo o olhou indignado.
"Se corrija." exigiu. "Eu já namorei sim, idiota! Quando você me conheceu, eu já não namorava, é diferente."
"Se corrija, você." passou pela catraca da entrada da academia, andando pelo corredor estreito que dava em direção às salas. "Deveria eu dizer para o Baekhyun que você não quer nada com ele?"
"Mas eu não disse nada disso!" arregalou os olhos e empurrou o amigo, que riu. "Não coloque palavras na minha boca, seu cretino! Você deveria se preocupar em resolver seu assunto com Minseok."
"Bom..." virou-se para o amigo, sorrindo de lado. "Eu vou resolver isso hoje. Não nasci pra ficar pagando de vela pra um baixinho como você."
Kyungsoo apenas fechou os olhos e suspirou enquanto ouvia a risada do amigo. Sehun não o deixaria em paz por um bom tempo e torcia mentalmente para que Minseok desse uma segunda chance para o faixa preta para mantê-lo ocupado por bastante tempo.
백수
Baekhyun definitivamente era uma pessoa resistente. A prova daquilo era ter o homem mais debochado e inconveniente que já conheceu na vida como melhor amigo. Deveria estar puto, na verdade, com tanta gracinha que vinha de Minseok há mais de dez minutos, mas sabia que a culpa era sua por não ter mantido a porcaria da boca fechada sobre o resultado da noite anterior com Kyungsoo.
"Agora me diz, vai" e o faixa azul continuou, terminando de ajeitar o quimono enquanto o outro guardava suas coisas no armário do vestiário. "A noite foi quente depois do cinema?"
"Ah, mas que porra, Minseok!" não resistiu em praguejar, lançando um chute na coxa do amigo, que gemeu dolorido. "Por que diabos você quer saber disso? Quero ver quando eu te perguntar algo do tipo."
"Você não vai precisar perguntar, porque eu vou fazer questão de dizer." piscou para o faixa roxa, que fez uma expressão de nojo. "E deixa de ser fresco, vai, não é como se você nunca tenha me dito o que fez ou deixou de fazer em uma saída."
"Mas é diferente!"
"Nossa, mas está tão apaixonado assim?" questionou num tom debochado e Baekhyun se poupou em responder um "vai se foder", para o amigo. "Só responde logo."
"Foi." respondeu depois de um longo suspiro e Minseok gargalhou. "Bastante, aliás. Agora você está satisfeito?"
"Vocês são rápidos!" comentou, se afastando para não receber mais um chute bruto do faixa roxa. "Calma!"
"Eu vou ficar calmo quando você deixar de ser um escroto!"
Avançou para cima do amigo, o imprensando contra o armário, dando vários tapinhas na cabeça dele. Tinham sorte de haver poucas pessoas no vestiário e todas elas estarem acostumadas com a cena que se passava ali. O castanho só largou o menor quando este já se mostrava meio fraco de tanto rir, voltando a se sentar no banco de madeira e chutando a mochila de Minseok pra fora do assento largo por pura birra.
"Eu só fico meio assustado com uma coisa." o faixa azul voltou a falar depois de um tempo.
"E o que é?"
"Você tratar o Kyungsoo como você fazia com os outros namorados." torceu as sobrancelhas em uma expressão engraçada. Sentia arrepios só de imaginar Baekhyun cheio de carinho com o outro faixa roxa. "Eu vou ficar realmente enjoado se vocês forem muito grudentos, sério."
"Eu já te mandei ir se foder hoje?" indagou e cruzou os braços, mal humorado.
"Já." riu, interrompendo sua linha de pensamento quando a porta do vestiário abriu ruidosamente. "Olha só quem chegou... Pelo amor de Deus, Baekhyun, me poupe de uma possível diabe- Ai, porra!" se apoiou no armário, sentindo a panturrilha latejar com o chute que o castanho deu. "Deixa de ser bruto!"
"Só cala a sua boca, vai."
Baekhyun não queria admitir, mas estava meio sem jeito enquanto observava Kyungsoo, que brigava com Sehun por algum motivo que desconhecia. Minseok estava realmente certo, eles foram um pouco apressados, mas não tinha culpa se a química deles era boa, era realmente difícil controlar o calor e a vontade de jogar tudo pro alto quando eles se beijavam. O que lhe confortava, pelo menos, era que as coisas não mudariam muito entre eles. Os olhares sempre estavam desafiadores, provocativos, sempre buscavam por algo em que pudessem tirar vantagem um do outro, mesmo que acabassem por ceder em algum momento. Um exemplo disso foi o fato do castanho insistir que sabia fazer um filé melhor que Kyungsoo, enquanto que na verdade sua experiência culinária não passava dos miojos que costumava a comprar na loja de conveniência próximo de sua casa. Mas pelo menos era bom com bebidas, nisso ninguém poderia lhe tirar o mérito.
Só tinha certeza de uma coisa: apesar de toda a guerra que eles travavam para ser um melhor que o outro em qualquer coisa, quando estavam sozinhos, as coisas tendiam a dar certo até demais.
A noite anterior que o diga.
Quando Kyungsoo finalmente percebeu a sua presença ali, tratou de estufar o peito e lançar um sorriso torto para ele, mostrando a arrogância típica que possuía — porque ele realmente se achava um dos melhores lutadores ali, não era fingimento nenhum. Contudo, não estava preparado para receber um sorriso bonito em troca e, quando o moreno chegou próximo o suficiente de si, apenas puxou a sua cintura, lhe pegando de surpresa com um beijo rápido como cumprimento e lhe deixando um pouco envergonhado.
"Sua faixa está torta." Foi a primeira coisa que Kyungsoo disse, prendendo uma risada enquanto ajeitava o pedaço de pano na cintura do maior, que percebeu que ele estava tirando uma com a sua cara.
"Você jogou baixo, seu cretino." xingou e o moreno não segurou a risada dessa vez.
"Não faça essa pose de dono da casa pra mim, Baekhyun, isso me deixa com vontade de colar sua cara no tatame." sorriu, terminando de ajeitar o quimono do castanho e dando mais um beijo, que foi correspondido pelo outro em meio a uma risadinha.
"Tão carinhoso que me deixa fraco." soltou, irônico. "Depois que eu te fizer beijar o chão hoje, você me diz quem beija melhor."
"Com certeza é o chão."
"Ei!"
A possível guerra que seria iniciada ali foi interrompida pela gargalhada de Minseok, que estava encostado no armário atrás de Baekhyun. Foi quando o castanho se lembrou do fato pendente entre o amigo e o faixa preta e sorriu animado, deixando Kyungsoo confuso.
"Vocês começaram bem!" o faixa azul soltou, ainda com uma sombra do riso na voz.
"Pois é, e você tem que começar também." Baekhyun afirmou e o amigo lhe olhou sem entender. "Até porque você precisa sair da seca e nada melhor do que um faixa preta com mais de um metro e oitenta pra apagar o fogo do seu rabo, não é, Sehun?"
"O que?" Minseok praticamente gritou, olhando constrangido para Sehun enquanto o melhor amigo e Kyungsoo riam. Ficou perdido e sem saber o que dizer por um segundo ou dois, antes de soltar: "Deixa de ser escroto, porra!"
"É como dizem..." deu de ombros, puxando o moreno consigo para fora do vestiário. "A vingança é um prato que se come frio. E depois eu quero os detalhes da sua noite quente com o garanhão aí!" e saiu junto do outro faixa roxa, sem dar a chance do melhor amigo de se defender.
Um silêncio desconfortável se fez presente entre os dois que sobraram e Minseok queria poder dizer qualquer coisa antes de meter o sebo nas canelas e, quem sabe, encher Baekhyun de porrada por culpa daquela situação. De longe era um cara tímido, mas não deixava de ser chato o fato de ser jogado para cima do cara que não tinha chances — ou pelo menos era o que achava, pois desde aquele dia, eles nunca mais se falaram.
"Olha, Sehun..." começou sem jeito, fingindo que estava mexendo na própria mochila antes de jogá-la numa das vagas do armário. "Apenas esqueça o que aquele idiota disse, okay?" pediu, sorrindo sem graça e procurando uma brecha para escapar dali, contudo, sentiu-se impedido quando Sehun escorou-se ao seu lado, lhe encarando com a típica expressão séria e bonita na face.
"Acho que precisamos conversar, não?"
"Ah... Pois é!" riu. "Eu deveria te agradecer, porque acredito que você fez parte do processo de convencer seu amigo a dar uma chance para o meu, certo?"
"Na verdade, eu também fui pego de surpresa, mas isso não é relevante. Eu quero falar sobre a gente, Minseok." o faixa preta declarou, deixado a expressão mais amena e demonstrando um pouco de cansaço também. Poderia dizer que Kyungsoo não havia ficado pra trás com o seu papel de fazer Sehun sentir-se culpado por ter vacilado com o faixa azul, enquanto não sabia como se aproximar para pedir as devidas desculpas. O amigo, por outro lado, era direto; "Apenas seja sincero." E ele também estava certo por todo aquele tempo.
Sehun achava Minseok lindo. Ele tinha um jeito jovem e extrovertido que lhe contagiava — porque sempre foi bastante comedido em toda sua vida — e, apesar de ter sido péssimo em chegar em si com umas cantadas bem ruins, não conseguiu evitar de pensar que seria bom ter algo com o garoto mais baixo quando percebeu que ele realmente estava querendo tentar algo consigo.
E ali estava a oportunidade, lhe olhando meio perdido, por vezes desviando a atenção para sua boca como se não fosse perceber, como se estivesse o tempo todo com vontade de lhe beijar. Sehun também queria beijar Minseok e se achou um grandessíssimo babaca quando criou todo aquele mal entendido entre eles, fazendo-o afastar-se de si. Agora tinha que dar um jeito de ter uma chance com o baixinho.
"Olha..." o faixa azul começou, um pouco hesitante. "Não... Não acha que a nossa página já virou?" indagou, tentando se afastar, mas Sehun lhe segurou pela cintura delicadamente, o mantendo ali sem esforço.
"Tem certeza?" insistiu e, com o bufar do outro, resolveu por soltá-lo. "Eu não vou ser chato com você nem nada se você me disser um não, mas se você puder me dar uma chance..."
"Engraçado que há algumas semanas quem estava pedindo uma chance era eu." Minseok riu com a situação, um pouco sem humor. "Eu não quero, sei lá, que você fique comigo por pena ou algo do tipo."
"Ah, Minseok, não seja assim, vai..." reclamou. "O único motivo que me faz querer ficar com você, é porque eu estou interessado." afirmou, um pouco chateado consigo mesmo. "É isso que você quer saber? Eu te acho bonito pra caramba, eu gosto do seu jeito, mas acabei cometendo um erro e todo esse mal entendido se criou. E agora só quero uma chance para a gente se conhecer melhor, por favor..."
Minseok engoliu em seco, sentindo-se jogado em um grande dilema. Deveria dizer não, estava com o orgulho ferido e não conseguia esquecer do jeito meio frio em que o mais alto falou consigo naquele dia, contudo, como resistir aquele jeito pidão e manhoso do outro? Ele estava tão perto e era tão bonito, e isso deixava o mais alto sem conseguir pensar direito, ainda mais com aquele bico naquela boca bonita que o faixa preta tinha. Era realmente difícil não cometer nenhuma loucura com um cara como Sehun tão disposto a ter alguma coisa consigo.
"A gente pode ver isso depois da aula?"
"Ah, caramba, Minseok!" resmungou, cruzando os braços e o mais baixo quase riu.
"É sério, eu não vou ir embora." prometeu, quebrando a distância que havia imposto. "A gente pode marcar pra sair, pra jantar ou algo do tipo, se você quiser."
"Eu quero."
"Então... Falamos sobre isso depois da aula, tudo bem?" esperou o outro assentir para se afastar, mas foi novamente segurado. "O que foi?"
"Eu... quero um beijo seu, antes da aula." pediu e Minseok riu.
"Mas você disse que não-"
"Shhh... Esquece o que eu disse naquele dia." Sehun falou, visivelmente sem jeito enquanto mexia na faixa do menor. "Faltam cinco minutos pro início da aula, ninguém mais entra no vestiário nesse horário e eu não me importaria de me atrasar um pouco. O que acha?"
O faixa azul ficou em silêncio por um tempo antes de suspirar, rendido.
"Eu acho que você me convence muito fácil, isso sim." reclamou e o mais alto riu. "Vem cá."
E sem perder tempo, puxou Sehun pela faixa, colando os lábios dele nos seus, logo sentindo os dedos longos acariciarem sua nuca enquanto enlaçava seus braços pela cintura estreita do maior. Se nem o mais certinho aluno da aula de jiu jitsu se importava de perder um tempo apenas para ficar consigo, por que iria reclamar, afinal? Só esperava que não perdessem a noção do tempo na boca um do outro e tivessem que enfrentar as punições do sensei Jung depois.
                                         백수
Quando Sehun e Minseok aceitaram o convite de Baekhyun para passarem a tarde na casa dele junto de Kyungsoo, nunca pensaram que seria tão difícil.
Quer dizer, eles já imaginavam o quão geniosos ambos os faixa roxa eram, mas não pensavam que aquela provocação fosse, literalmente, ser levada para fora do tatame. Não sabiam como os dois poderiam dar certo se em tudo tentavam tirar vantagem ou ver quem era um melhor que o outro. O mais incrível daquilo era que, quando pensavam que tudo iria virar um caos e uma briga fosse explodir ali mesmo, eram surpreendidos por risadas que quebravam aquela tensão instalada por Baekhyun e Kyungsoo.
Talvez fossem demorar um pouco a se acostumarem com aquilo, mas era a forma como o relacionamento deles, aparentemente, funcionava.
Por outro lado, o relacionamento entre o faixa azul e preta, evoluíam de uma forma mais lenta, o que era motivo o suficiente para o castanho zoar o melhor amigo, já que nos relacionamentos anteriores, Minseok era o que costumava a ser o mais apressado. Ele poderia até se acostumar com a zoação do amigo, mas iria guardar aquilo para devolver em uma boa oportunidade, com certeza.
"Agora você vai admitir que o meu smoothie de morango e banana é melhor que o seu?" Baekhyun questionou de braços cruzados, observando o namorado tomar a bebida que havia acabado de fazer.
"Bom..." Kyungsoo iniciou, dando mais um gole. "Você faz menos doce do que eu costumo fazer, mas está mais gostoso sim." disse, e o castanho soltou um grito de comemoração.
"Eu falei pra você!" apontou. "Eu sou bom com tudo quanto é tipo de bebida, tenha ciência disso."
"Bom, eu não sei se você consegue fazer cafés tão bem quanto eu, mas..."
"Vamos ver, então." interrompeu, desafiador.
"Vem cá..." Sehun resolveu intervir, um pouco perdido com aquele bate-rebate dos dois. "Vocês têm certeza de que esse namoro vai dar certo?"
"Temos." responderam juntos. "Já está dando, aliás." o castanho completou.
"Sehun" Minseok chamou, abanando a mão em frente ao rosto. "Eles se entendem desse jeito, nem esquenta." pediu e o faixa preta apenas deu de ombros, dando um beijo no rosto do menor em seguida.
"Aliás, vocês gostaram dos sanduíches?" Kyungsoo quis saber e os meninos assentiram. "Isso eu tenho certeza que Baekhyun não consegue fazer tão bem."
"Ah, nisso eu realmente não me meto, não sei cozinhar direito. Acredito que sou capaz de errar até na hora de colocar uma fatia de tomate no sanduíche." admitiu e caminhou em direção ao namorado, ouvindo a risada dele e dos amigos. Vezes ou outra achava tão irônico aquela atual situação, mesmo que se sentisse tão confortável ao lado do moreno. Era o primeiro mês juntos e conhecer o quão bom Kyungsoo poderia ser, mesmo que muitas coisas continuassem as mesmas, era algo novo e igualmente agradável. Abraçou o corpo menor que o seu, dando-lhe um beijo no pescoço. "Quem topa mais uma rodada de Super Smash Bros.?"
"Eu topo!" Sehun se adiantou, largando o copo e o prato na mesa antes de gritar. "Eu quero ir primeiro!"
"Então... vamos casal contra casal, né?" Minseok soltou e riu, seguindo para a sala. "Porque eu não quero esperar para jogar!"
"E você não cansa das surras que te dou no vídeo game, Baekhyun?" o moreno perguntou ao namorado ao chegar na sala, se apoiando nas costas do sofá enquanto observava os amigos escolherem os personagens do jogo, logo sentindo os braços do castanho enlaçarem sua cintura.
"Você é muito engraçadinho, não? Vamos ver quem vai levar uma surra mais tarde, bonitão." sussurrou em resposta, beijando a nuca do menor.
"Bom..." Kyungsoo deu de ombros. "Pelo menos 'bonitão' é um apelido melhor dos que você me dava antes" concluiu e ouviu o maior rir.
"E quanto a mim?"
"Ah, arrogantezinho de merda ainda combina bastante com você." respondeu, contando três segundos antes de sentir Baekhyun se afastar de si com um olhar indignado.
"Vai pro inferno, Kyungsoo!"
Pronto, era o que bastava para que começassem tudo de novo.
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alemdopodio-blog · 5 years ago
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Como afastar os pensamentos negativos? Fala Atleta!Esse tema é fantástico e se aplica a todos nós, inclusive a mim e vou falar porque ao longo do texto. Hoje quero ensinar a você, como afastar o pensamento negativo da sua cabeça e da sua rotina. Sei que parece difícil ou até impossível ou pode pensar que isso é normal, que isso faz bem para você em determinadas situações. Garanto de agora, isso não é normal. Quer saber mais sobre o Além do Pódio? Segue nossas redes sociais! Para começar vou ser bem sincero com você, esse assunto eu tive dificuldade para pensar sobre a maneira certa de falar, porque vai mexer muito com algumas certezas absolutas que você tem, vai parecer muita viagem da minha cabeça, ou que é coisa de religião. Tudo isso está nos livros: O Jogo Interior do Tênis; Os Segredos da Mente Milionária; Quem Pensa Enriquece; O Poder do Subconsciente; Desperte seu Gigante Interior. Grandes livros que abordam as crenças do indivíduo e é exatamente esse o melhor caminho para afastar o pensamento negativo da sua cabeça, atleta. Pense mais e melhor sobre você mesmo e vai se surpreender com os resultados que isso pode gerar em sua performance, consequentemente na sua carreira e no seu bolso!  Não quero discutir sua religião, fé ou credo, mas eu preciso que você abra a sua cabeça para de fato compreender esse conteúdo. Vou falar aqui de orar, rezar, fazer prece, então escuta essas palavras como melhor ficarem para você. Escuta de coração aberto, porque hoje quero te ensinar a chegar no estado de flow! Vamos lá! Ouça nosso podcast Além do Pódio e o Método Além do Pódio Primeiro, existem dois de você dentro da sua cabeça, pelo menos dois. Timothy Gallwey - Jogo Interior do Tênis chama de ser 1 e ser 2 uma personalidade mais racional, que se cobra em fazer certo e outra mais leve, sem pressão que apenas se diverte. Segundo o autor, ouvir as duas vozes é igualmente importante, mas saber a hora certa de uma e ou outra é o que vai fazer total diferença. O livro como o nome sugere fala sobre o diálogo que acontece na cabeça do tenista, mas você vai ver que também acontece a mesma coisa na sua cabeça lutador de judô, ginasta, nadador, jockey, amazona, jogador de futsal e futebol. Em um determinado momento do treino ou do jogo, uma voz começa a falar na sua cabeça cobrando você para mudar a estratégia, dizendo que você não está fazendo alguma coisa como deveria, que desse jeito você não vai conseguir vencer, já aconteceu com você? Pois é, isso pode acontecer durante a vitória, mas geralmente fala mais alto quando você está em desvantagem ou antes de um duelo difícil, que você já perdeu ou que nunca ganhou e quer muito. E tem outra voz falando que você pode, que você é capaz que você está pronta, pronto para vencer! Não se admirem, nem fiquem com raiva de mim, mas ouvir apenas uma das vozes não é o ideal. O melhor é o equilíbrio, a leveza com diversão e alegria, combinadas com a análise e leitura consciente do jogo vão te levar a um outro patamar. Se você já conseguiu sabe do que eu to falando, com certeza foi uma demonstração fantástica do que você é capaz. Portanto, vamos por etapas, o primeiro passo no caminho para se afastar do pensamento negativo: é ouvir parcialmente. “Mas Timótheo, eu devo pensar negativamente?” Calma, um patamar de cada vez. Quando você sai de uma sessão de treino fantástica, consegue fazer tudo que queria, acertar tudo com certeza você sai super feliz. Se sentindo pronto para qualquer competição, qualquer adversário. Nesse momento você está ouvindo apenas o #Ser2, está leve, mas pode estar desatento. Portanto nem só de alegria vive o atleta de competição, o atleta que alcança resultados além do pódio. “Então Tim devo ouvir o #Ser1, os pensamentos críticos?” Sim! Mas cuidado com ele. Um pensamento, um diálogo pode apresentar uma crença ,e é aí, que quero chegar. A mente tem dois níveis, vamos falar assim. Não quero ir longe demais, parecer muito distante, muita viagem. Quero que você saia entendendo e fazendo a partir de hoje. A mente possui o nível consciente e o nível subconsciente, o nível consciente é quem comanda o que você faz, fala, lança, arremessa, chuta, recupera, pega ou solta. Mas existe a mente subconsciente, que é aquele que durante o momento difícil do seu treino ou do seu esporte, ela fala algo como “agora vai ser loucura”; “agora corre, porque vai dar certo”; “agora você colocou força demais”; “vixe vai dar errado”... Com certeza essas frases em algum momento já passaram pela sua cabeça. E é sobre esses os pensamentos que quero falar principalmente. Porque essas frases são a ponta do iceberg, são os sintomas de coisas maiores e mais fortes que podem existir dentro da sua cabeça. Crenças de que você não vai conseguir, de que você só consegue chegar até ali, que não vai evoluir mais. Já viveu isso depois de uma sessão ruim, atleta? Se ainda não viveu, cuidado ou está mentindo para mim, ou pior, para você mesmo. Mentindo no sentido de não se cobrar mais e melhor para evoluir cada vez mais. Essas frases são a primeira parte de crenças limitantes às vezes pode ser um alerta, é a mente subconsciente tentando te proteger! Até aí tudo bem, mas você deve estar atento para que isso não impeça você de tentar de novo, de ir além. Vigie esses pensamentos! Vigiar é a palavra ideal, porque você precisa ter total controle sobre seus pensamentos. E eu sei que não é fácil no começo. Existem pensamentos que simplesmente vêm na cabeça nem sempre são bons, eu entendo, a mente funciona rápido demais. Mas você precisa ter controle sobre o que acontece dentro da sua cabeça, porque isso cria o cenário ao seu redor. Isso é mais real do que você imagina. Pensa comigo, se você começa o treino pensando que tudo vai dar errado, que naquele dia nada vai sair como você gostaria, como você acha que vai ser o seu treino? O seu dia? E se continuar pensando assim, como vai ser sua semana de treino? Sua performance vai subir ou cair? Você vai despencar. Se você me conhece vai pensar, “ahh, Tim! Eu sei que você passou um momento difícil recentemente, sinal que você não controlou seus pensamentos…” Bingo! Você tem total razão! Foi tenso, mas foi um período para exatamente refletir sobre a quantidade de pensamentos externos que eu estava absorvendo. Agora você vai dizer que é viagem minha, mas escuta isso que você vai conseguir entender um pouco do que o Joseph Murphy fala no livro O Poder do Subconsciente. Ele chama de sugestão externa, que são aqueles comentários de pessoas próximas a você na parte o seu treino, da sua família, suas amizades. Pois é, o que essas pessoas falam sobre sua performance podem ter um efeito devastador, mas também podem fazer um efeito incrível. Eu sou fã do poder das conexões, e se você me conhece sabe que eu gosto de parar e ir para o papelzinho voltar no tempo, observar e analisar o que estava acontecendo. Ali percebi que eu não estava conseguindo chegar no meu estado de flow, porque não estava dando ouvidos ao meu #Ser2, não estava conseguindo fazer o que gostava com alegria e diversão. E minhas crenças limitantes, de que não conseguiria, de que não ia dar certo, crenças e pensamentos negativos estavam ganhando força… Ali foi o ponto de virada, parar e observar as pequenas coisas que poderiam me dar alegria em realizar, voltar a dar ouvidos ao #Ser2, ir reconstruindo meu estado de flow. Foi em menos de uma semana a guinada, mudar de pensamento. Sair completamente do negativo e passar para o positivo, produtivo e feliz. Acabou, Jéssica? Mas tem um segredo que vou compartilhar para vocês, é muito pessoal, mas é engraçado. Bem é relativo… Lembram daquele meme “acabou, Jéssica?”. Pois é, quando eu vejo os pensamentos negativos me incomodando, batendo forte, eu mesmo depois de “apanhar” levanto e falo: “Acabou, Jéssica?” Aquilo silencia o pensamento negativo, muda meu humor, dou risada e boom. Outra vibe. Não sei se você consegue visualizar isso que to falando mas funciona, tenta você criar um nome para esse outro “atleta” que existe no seu interior. É esse o segundo passo! Brinque com essa voz, com esse pensamento limitante, com essa crença de que você não consegue. Tony Robbins diz que: quando você coloca humor você tira a força da crença limitante e quebra o estado de humor. Sempre funciona, mas é preciso estar atento para aprender com a voz, mas manter o controle sobre ela. Quando eu digo aprender com ela é porque o seu subconsciente é o mapa das suas crenças, do que você acredita realmente que é capaz ou não de fazer. Se essa voz está atrapalhando muito converse com sua equipe, você pode ter planejado errado na suas sessões de treino. E caso seja algo com você mesmo, tenha humildade para conversar, ajustar as velas e continuar tendo alegria e encontrando algum aprendizado em cada sessão de treino. É fundamental evoluir a cada sessão, evoluir tecnicamente e emocionalmente. Pois esse reforço, essa evolução emocional vai mudar sua crença, seu subconsciente e aos poucos essa voz que te enche de coisas negativas não vai te atrapalhar tanto quanto atrapalha hoje. Ou vai continuar sem atrapalhar, caso você já esteja de olho na sua Jéssica  afastando os pensamentos negativos sempre de você. E para fechar, quero falar de Fé! Sem falar de religião, mas de fé. A fé é o combustível para a positividade, pensamentos positivos e construtivos precisam de fé. Você precisa acreditar poderá ser melhor, mais forte e mais capaz. Tenha o hábito de meditar, fazer suas preces, com todo coração peça, mentalize, deseje e comunique em suas preces aquilo que está em seu coração. E durante sua oração visualize suas performances, suas competições como você realmente gostaria que fosse. Faça isso com todo seu coração, alimente o seu lobo bom. E coloque as pessoas da sua equipe, da sua família, pessoas próximas em suas preces. Vai ficar surpreso com o poder da sua oração, da sua mente, da sua fé. Senta aqui, hora da revisão: Você tem duas vozes dentro de você, uma que critica e  outra que elogia. Busque o equilíbrio, leveza e alegria. Pensamentos negativos, e positivos também são uma amostra grátis de suas crenças.  Escute, aprenda, questione e transforme seus pensamentos negativos, dessa forma você vai ressignificar suas crenças limitantes. Crie um personagem, Jéssica, Pato Donald, sei lá, coloque humor na sua voz crítica e diminua o poder dela.Exercite a sua fé, medite, faça suas orações periodicamente. A fé vai te ajudar a manter os pensamentos positivos e afastar os pensamentos negativos. Tamo junto, grande abraço, sucesso! Você também encontra: Podcast #naintegra https://open.spotify.com/episode/1lMqsyp5kC9oxh68tBNOcE #destaque #04.1 - Quantos existem dentro de você?#04.2 - Sua mente constrói ou destrói?#04.3 - Como são as suas segundas-feiras?#04.4 - Domine seu subconsciente!#04.5 - Quebrando os pensamentos negativos! Youtube #naintegra https://www.youtube.com/watch?v=2MfccURxEB4&t=3s #destaques #04.1 - Quantos existem dentro de você?#04.2 - Sua mente constrói ou destrói?#04.3 - Como são as suas segundas-feiras?#04.4 - Domine seu subconsciente!#04.5 - Quebrando os pensamentos negativos!
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