#eu estava esperando momentos como esse desde o livro anterior
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Aquela era a ultima coisa que eu queria fazer, mas concordei.
Os ombros de Thalia relaxaram.
"Te devo uma."
"Duas."
"Uma e meia." disse ela. então sorriu e, por um segundo. lembrei que, no fundo, eu gostava dela quando não estava gritando comigo.
pg 209
#a maldição do titã#eu simplesmente amo formação de amizades#eu estava esperando momentos como esse desde o livro anterior
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· 。. ❛ the cold wind is calling ❜
Aviso: o post a seguir contém um episódio de gordofobia. Não recomendada a leitura se for um tema sensível.
Havia passado duas horas desde o momento que Elizabeth pedira a dois policiais para levá-la à delegacia, conquanto, parecia uma eternidade para quem encarava aquilo como o maior dos sofrimentos, igualmente semelhante ao dia que descobrira que seus pais não voltariam para casa.
Margareth estava com o cachorro que adotara na rua em seu colo, pois praticamente implorara para levá-lo até o momento em que a separação fosse inevitável — pois seria, era apenas questão de tempo. Enquanto estava sentada, com um policial a vigiando devido seu sucesso na fuga anterior, sua mente tanto trabalhava em alternativas, como também em como seria quando retornasse.
Veja bem, fugitivos não eram recebidos da melhor forma nas casas de acolhimento, embora não fosse incomum que crianças fugissem; tanto por sentirem-se privados de liberdade, como por desejo de se reconectar com familiares (pois alguns alimentavam a crença de que seus pais desejavam conviver consigo) e deixar o abrigo. Mas, certamente, a principal razão era a sensação constante de abandono. O que fizera Margareth sair, no entanto, era bem mais do que a sensação de solidão ou a dificuldade de adaptação. Práticas que permitiam aos adolescentes lá dentro, como o modo como tratavam a todos com tamanha negligência que espantava temerem mais um caso de fuga. Muitos diziam ser melhor viver nas ruas que ali, e, de fato, experimentando alguns meses na casa em que fora recebida, Peggy conseguia concordar. E fora por isso que a garota fugira.
“Margareth?” Ouviu seu nome ser chamado, retirando o olhar que se fixava em uma formiga no chão, levando com cuidado um pedaço de alimento que pegara em algum lugar naquele vasto piso. Um mundo tão grande para uma formiga tão pequena. Situações tão difíceis para uma garota tão nova.
Era a assistente social do seu caso. A mesma que lhe dera garantias de que ficaria por pouco tempo. Até encontrarmos um lar provisório para você. E esse lar provisório não viera. Perguntara se haviam contatado seu padrinho, Ethan, mas a mulher nunca a respondia positivamente, pois: “não era tão fácil”. Não eram eles quem decidiam, mas um juiz.
“Você precisava fugir, Margareth? Sério?” A desaprovação era sentida na voz alheia, mas Peggy não a sentia como deveria. Sentia-se injustiçada e traída pelo Universo. Virgem de Guadalupe não a olhara como dissera. Não sabia o motivo de continuar confiando em Deus ou qualquer santidade, pois, aparentemente, quanto mais confiava, mais tudo desandava.
“Você não me arrumou um lugar para ficar. Eu estava sendo obrigada a ficar naquele lugar.” Petulantemente, respondeu, voltando o olhar para o cachorro. Não poderia tecer acusações de fato, afinal, teria de provar e não sabia como aquilo poderia ser benéfico para si. Era só uma adolescente.
A assistente social não discutiu. Inspirou duas vezes, profundamente, antes de indicar que Peggy a seguisse. Claypool colocou-se de pé, ainda com o cachorro em mãos, e fora quando a mulher se pronunciara. “Você sabe a política sobre cachorros.” Não eram permitidos nos lares de acolhimento. Ela sabia, portanto, caminhou um oficial que estava às portas da delegacia. “O senhor pode cuidar dele para mim? Eu juro que volto para pegar. Daqui a alguns meses. É menos de um ano. Eu juro. Eu não posso levar...” Talvez os olhos lacrimejantes de Margareth fossem mais conviventes que a voz embarcada e manhosa da garota. “Eu juro para o senhor. Pode até pegar minha medalha da Virgem de Guadalupe como penhora.” Não tinha tanto sentido na prática, mas na cabeça de uma garota desesperada para que seu cachorro não fosse abandonado, fazia; assim, pegara a medalha, mostrando-a para o policial que se recusou a pegá-la. Ele ficaria com o cachorro enquanto ela não pudesse levá-lo.
“Vamos, Peggy?” O pedido, em um tom dócil, fora atendido e Margareth sentiu a assistente social até o carro oficial da prefeitura de Malta. Observou por dois segundos antes de entrar, olhando através da janela enquanto, incontrolavelmente, as imagens de sua família passavam por sua mente. Todas as festas, feriados, viagens, amigos... Basicamente, tudo que a fazia lembrar-se de quando sua vida era mais fácil.
Eventualmente, os óculos acabaram embaçados. Observou um tecido pelo canto dos olhos e o aceitou de bom grado, enquanto continuava observando os edifícios correndo lá fora em uma velocidade melancólica.
Quando o carro parou, havia uma mulher a esperando do lado de fora. Não era o mesmo lugar, mas isso não significava muita coisa. Era o lugar onde havia vagas. Nem mesmo o sorriso amistoso da anfitriã era o suficiente para que se sentisse confortável.
“Oi, Margareth. Eu sou a Joanne... Trouxeram seus pertences da casa antiga... Os que ainda estavam lá.” Sabia o que aquilo significava. Não imaginou que encontraria seu telefone ali, mas ficou feliz em vê-lo até que a mão de Vanessa apareceu, retirando-o de si. “Celulares não ficam com você.” Afirmou a assistente social, devolvendo para a administradora da casa de acolhimento (também uma assistente social, Peggy sabia).
“Temos horários para ligações, caso precise falar com algum familiar.” Restrições. Não estava surpresa viso que havia regras e ela descumprira a primeira: tentativa e sucesso em sua fuga. Aquilo tendia a ser pior que Claypool imaginava. “Podemos entrar?” Joanne sugeriu, apontando para a casa onde passar o restante dos meses.
“Margareth, tente não fugir, ok?” O pedido da assistente social se deu como uma despedida. E tão logo ela se foi, Peggy se viu tendo as regras da casa explicitadas. Ela não poderia sair para lugar nenhum. O ambiente era de “jovens com risco de fuga” o que significava que, para o seu próprio bem, seria vigiada. Teriam reuniões aos sábados de manhã e era para estar presente. O horário das refeições não esperaria por ela. Qualquer que fosse o drama? Ficaria sem a refeição. Não incomodar. Não gritar. E manter seus pertences sobre sua responsabilidade. E sem celular a não ser que quisesse ligar para alguém da família (e utilizariam a rede fixa da casa).
Não mudara muito da casa anterior, apenas o fato de que agora estava confinada em casa até que finalmente encontrassem um lar para si.
Nos dois dias que se passaram desde que fora estabelecida na sua nova morada provisória, Peggy lidou com a fome em dois horários diferentes. Dividia o quarto com pessoas que a obrigavam a ficar acordada até tarde por não cumprirem a regra básica de não incomodar. Quando conseguia dormir, ninguém lhe acordava e perdia o horário, sem direção a recorrer. Era assim que presidiários se sentiam?
No terceiro dia, Margareth planejava mais formas de fugir. No entanto, não parecia que conseguiria. Havia vigias do lado de fora, e que ela tentava evitar olhar em demasia porque pareciam sempre olhar para as janelas; ainda assim, sempre que olhava, lá estavam, como se jamais saíssem do lugar. Talvez fosse a mente de Peggy que finalmente começara a lhe pregar peças. Seria uma forma de lidar com o momento.
Saíra da janela, desistindo de aproveitar os raríssimos raios solares, pois estava mais uma vez de frente ao fantasma que nunca saía do lugar. Ao se virar, percebera que uma de suas colegas mexia em algo. “Isso é um telefone?” Apontou a uma oitava acima do normal. A garota se colocou de pé, o indicador sobre os lábios. “Cala a boca!”
Jovens faziam diversas coisas em abrigos que não deveriam. Não havia tanta supervisão quanto se imaginava ou teoricamente pregava. Malta não era o sinônimo de segurança nesses espaços, tampouco.
“Me deixa fazer uma ligação.” Peggy pediu, ouvindo uma risada em resposta.
“O que você vai me dar em troca?” A sorte de Margareth era que o dinheiro de suas flores não foram deixados para trás. Escondera-os bem para que não fossem tomados de si. Pegara o livro com o qual andava para cima e para baixo, nunca terminando a leitura, e o abrira em duas paginas coladas, onde um único vão permitira tirar uma nota de cem euros. Aprendera que só funcionaria assim. “Cem euros por cinco minutos.”
“Cinco minutos, fofinha.” O tom, pejorativo, fora ignorado. Peggy pegou o celular e digitou o número que, por sorte, se lembrava.
“Alô, tio Ethan? É a Peggy.” Sentia-se aliviada. “Eu tenho cinco minutos então vou falar rápido. Eu preciso de ajuda. Eu sei que o senhor não tem obrigação de ajuda, mas eu preciso que me tire daqui. É horrível. Me deixaram com fome porque acordei tarde. Por duas vezes. As pessoas bebem aqui.” Informações poderiam ser acrescidas, mas ela não fizera, pois estava na companhia de alguém que poderia se ofender. “O senhor pode me tirar daqui, não pode? Por fav-” Sentiu o aparelho ser tirado de suas mãos num rompante. Até reclamou, mas logo percebera a razão: a assistente social estava conferindo quartos. “Só um rímel, que saco!” Peggy murmurou, deitando-se em sua cama em frustração.
“Não provoque a Dani, fofinha. Ela não perde uma briga e você não tem cara de que sabe brigar.” Quando a mulher saiu, Peggy se voltou para a parede, abraçando o travesseiro. Seu padrinho tinha de tirá-la dali.
#todas as menções foram autorizadas pelos players!#tw: gordofobia#é tipo um comentário achei melhor botar o tw#acho que não tem mais tw mas se tiver me avisem que arrumo#vou botar pra correr o pov da peggy#( 🌹 ) ⠀ 𝑭𝑰𝑳𝑬 𝑼𝑵𝑫𝑬𝑹 ⠀ ; ⠀ povs y tareas.
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𝐋𝐎𝐎𝐊 𝐖𝐇𝐀𝐓 𝐘𝐎𝐔 𝐌𝐀𝐃𝐄 𝐌𝐄 𝐃𝐎 (𝙥𝙖𝙧𝙩 𝙄𝙄)
I'm like a skeleton, can't shut my eyes Right now I feel like I'm an alien I'm so fucking dangerous Cover up the evidence with medicine I can't find the life
QUINTA-FEIRA, 29 DE OUTUBRO DE 2020, PARIS.
Geneviève aterrissou no Charles de Gaulle aquela noite com uma sensação provisória de calma. Tinha pisado ali tantas vezes que o ato tornava mesmo os pensamentos mais obscuros em familiaridade e conforto. Por alguns minutos, pensou que tudo ficaria bem. Por alguns minutos, quase foi capaz de rir da própria preocupação. Mesmo com a sensação que se instalara nos últimos dias de puro vazio e choque, Viv foi adiante. Precisava sempre seguir adiante. Isso tudo seria em vão no fim. O ser humano é capaz de se adaptar em qualquer ambiente, seja lá o que for que acontecesse. E de qualquer forma, estava apenas arranjando alguma coisa para se preocupar como sempre. Seria uma ótima comemoração de aniversário antecipada e só.
Os pais mandaram Jean Louis lhe buscar. A visão do irmão a ajudou deixar tudo de lado, mesmo que momentaneamente. Era bom ver aquele rosto familiar; o sorriso foi instantâneo. Ouviu durante os quarenta e cinco minutos de trajeto sobre a diplomacia e os relatos da vida no Cairo, o país no qual agora representava a França. Era sempre bom conversar com o mais velho dos irmãos; trocaram indicações de livro e piadas internas e mesmo com óculos de aro grosso e importante e terno de última linha, para ela Jean Louis sempre seria o garoto que pulou no sistema de esgoto ao perder uma aposta e que fazia tudo sem pensar antes, só para mostrar que podia. Sentiu o coração diminuir um pouco do peso enquanto conversavam, porém a sensação dissipou ao estacionarem na frente da Mansão dos Harcourt. O coração dela batia forte e de repente as mãos suavam. “Não deixe as mentiras dela te desestabilizarem”, falou para si mesma enquanto pensava nas palavras de Chloé pela enésima vez desde a véspera.
Os Harcourt viviam ali há mais de trinta anos. O local era casa, não só no sentido material, mas afetivo também. Fez o caminho conhecido até os portões e atravessou o grande pátio. Apesar de escuro, tudo continuava igual e impecável, é claro. Suspirou ao passar por ali e relembrar todos os momentos da infância. Passou a vida inteira ali; subiu nas arvores, aprendeu a nadar na piscina dos fundos, teve festas de aniversário nos jardins, pensou que se casaria com Maxine no pátio. Agora aquilo tudo parecia embaçado e distante, como se fossem memórias pertencentes à outra vida, à outra pessoa. Entrou pela enorme porta frontal. O chão de mármore fazia o barulho do seu salto sobre ele. Fizeram caminho pelos corredores luxuosos e brancos até a sala de estar. Foi bom rever a família reunida sob o mesmo teto depois de tanto tempo. O sorriso foi automático.
Quase que propositalmente, a Harcourt esqueceu o que precisava fazer. Beberam vinho, brindaram, jogaram conversa fora. Quando a mãe anunciou o jantar, a loira levantou-se da sua poltrona habitual para seguir a família até o cômodo seguinte. Como se o destino quisesse lhe apresentar a oportunidade perfeita, Étienne ficou para trás enquanto terminava de atender uma chamada no telefone. A noite toda ele ficara reservado; Viv não deixou de observar a sua postura mais calada, porém atribuiu aquilo à própria personalidade dele, que sempre fora daquela forma. Ou ao menos isso era o que queria pensar. ❝ — Et tu? Como vai a vida de professor?❞ — perguntou como quem não quer nada. Viu um pouco de surpresa no olhar dele. A garota analisou suas feições suaves, diferente das dos demais irmãos. Ele exalava calma. Deu-lhe um sorriso amarelo. “Vai bem. Como vai a vida na Truffaut?”. A pergunta a fez estremecer um pouco por dentro. Pensar na escola e no que acontecia lá era desesperador. ❝ — Acabando, felizmente.❞ — ouviu-se responder e notou como era genuíno o desejo de deixar logo o local para trás. Sempre achou que seria difícil, mas nos últimos meses vinha fantasiando o momento em que tudo acabaria e seguiriam em frente. Étienne riu. “Isso sim é novidade. Já decidiu o que vai fazer?”. A pergunta engatilhava pensamentos nada agradáveis. Não, não sabia. Não estava nem perto disso. Se fosse honesta, ultimamente só pensava em terminar a semana sem ter que presenciar mais uma morte. ❝ — Non, mas eu vou descobrir.❞ — respondeu com um sorriso e o viu espelhado na expressão do irmao. “Eu sei que vai, Genny. Vamos?” chamou, fazendo sinal para que fossem para a sala de jantar. ❝ — Attendrez, Tiennou.❞ — pediu-lhe para esperar, utilizando o apelido carinhoso da infância de ambos. Viu que chamou-lhe a atenção. Aproximou-se um pouco dele e abaixou o tom de voz. ❝ — Nunca chegamos a conversar sobre isso, mas... Por que mesmo você não quis continuar na Université?❞ — perguntou, tentando parecer mais despreocupada do que realmente estava. Mesmo assim, notou que o seu tom era ansioso. A expressão do mais velho endureceu um pouco. O coração de Geneviève voltou a bater mais forte. Não pode ser, não é isso. “Só queria fazer meu nome fora da asa dos Harcourt. Independência. Tenho certeza que você entende”, respondeu ele. Ali estava, a resposta que a garota estivera esperando. Era exatamente o que queria ouvir, contudo, não a convenceu. Conhecia o irmão e sabia que estava mentindo. ❝ — Por que você está mentindo, Tiennou?❞ — inquiriu, a voz não endureceu, acusava-o de maneira quase que infantil. Precisava da verdade. Viu-o começar a olhar para o chão. “Genny, é seu aniversário. Por que não vamos jantar e deixamos esses assuntos chatos de família para outro dia? Eu vou até Cannes e aí podemos conversar melhor sobre isso...”, respondeu ele. Bom, não seria má ideia. Abrir a caixa de Pandora no próprio aniversário não era uma boa pedida. Entretanto, a voz de Chloé continuava soando em seus ouvidos. Não, aquilo era urgente. ❝ — Étienne, s’il te plaît. Eu imploro. É meu aniversário e eu mereço a verdade. Não sou uma garotinha mais para ter que ser protegida da maldade do mundo. Por favor.❞ — implorou. Viu que a expressão dele era de pânico; tinha-o colocado em uma saia justa, sabia disso. Talvez sentisse que não era seu papel contar aquilo e sim dos pais. “Genny, é complicado. Eu não quis ficar na Université por diversas razões. A principal foi que eu não concordo muito com o jeito que está sendo administrada. É isso. O resto você deveria realmente conversar com o pai e a mãe”, ele respondeu. Não concordava com o jeito que a universidade era administrada. Isso podia ter tanto significados. ❝ — Eu não sou idiota. Você sabe que não vão falar a verdade. Eu sei o que está acontecendo, sobre o atleta famoso e os demais! Eu fiz minha pesquisa, mas preciso saber se isso é mais do que rumor digital. Então, Étienne Stannilas, eu vou te dar uma última chance antes de fazer uma cena que nunca fiz antes: o que realmente aconteceu?❞ — indagou com dureza.
Aquele era o momento. Geneviève esperava saber tudo o que tinha acontecido conforme leu pelo usuário do Reddit na noite anterior. Precisava saber se a família compactuava com bullying e se tentou abafar o suicidio de um aluno. Precisava saber se esteve errada o tempo todo sobre sua familia e no fim seus membros eram apenas o que fuckthewhiterich os acusou de serem: mercenários. Étienne parecia um pouco boquiaberto com a postura da irmã. Para ele, era incrível pensar naquela menina uns seis anos mais nova e que até ontem era um bebê como uma mulher decidida, forte e tão teimosa quanto o restante do lado feminino da família. Acima de tudo, odiava ter que romper a bolha da perfeição familiar para ela. “Até isso eles tiraram de mim”, pensou consigo com bastante raiva. Mesmo assim, sabia que a mais nova estava certa; os pais jamais admitiriam, iriam enganá-la e o pior, ela podia acabar acreditando para fugir da realidade. A realidade podia ser dura, mas era necessária. Suspirou pesadamente antes de respondê-la. “Ok. Você tem o direito de saber. Mas lembre de não odiar o mensageiro. Genny, os rumores são verdade. Eles estão realmente vendendo diplomas. Os famosos ou então as pessoas com dinheiro suficiente fazem uma espécie de acordo e não precisam nem comparecer nas aulas, só dar as caras de vez em quando para fingir que estão indo e não deixar tão na cara, mas é tudo um esquema. É tudo esquema. Um esquema secular, que todos os envolvidos no ramo da educação da nossa família parecem saber e não se importarem porque... Olha só o que o grandpère teve a coragem de dizer: é tradição! E que eu tinha que aceitar isso para tomar o que é meu e ensinar meus filhos e netos. Putain”, ele falou, visivelmente irritado.
Geneviève não respondeu imediatamente. Parecia que estava em um sonho, daquele tipo que você está caindo sem parar e não consegue se segurar, nem acordar. Sentia que estava mal piscando também. O coração agora parou de acelerar, apenas batia de uma forma dolorosa, como se o simples fato de mantê-lo funcionando fosse tarefa difícil demais para o seu corpo. A informação trazida pelo irmão agora infiltrava-se em seu consciente como se fosse um veneno poderoso, de maneira sorrateira, porém perigosa e devastadora. Iria matá-la em silêncio. “Genny?”, ouviu o irmão chamá-la. ❝ — O que... Eu não entendo...❞ — conseguiu pronunciar. Viu que ele a olhava de forma confusa. Achava que ia ouvir a história de como um atleta fez bullying com um aluno e ter sido encoberto pela reitoria. Aquilo ia muito além, era muito pior do que jamais considerou. Era surreal. Não podia ser verdade. “Eu achei... Genny, merde, você disse que já sabia, achei que estava falando disso”, Étienne falou com um tom nervoso; seus olhos estavam tristes, como se odiassem presenciar aquela cena, mas a conhecesse bem até demais. ❝ — Eu achei... Eu achei que você fosse falar sobre o suicídio.❞ — falou com a voz falhando. Sentia agora que todos os órgãos internos estavam sendo dilacerados. A garganta ficou seca e sentia que lágrimas queriam vir a tona. “Big girls don’t cry”, falou para si mesma. Imaginou que receber um soco do irmão doeria menos do que aquilo. “Merde... Gen, isso vai muito além de só esse caso. Eu realmente achei que era disso que você estava falando. A verdadeira motivação do meu afastamento foi ter descoberto que a honra e dever que nossa família prega tão veementemente é pura hipocrisia. Imagina descobrir isso depois de anos de inseguranças e cobranças internas para ser tão bom quanto o seu sobrenome enquanto ele é na realidade uma porra de piada”, complementou. Viv notou que ele desabafava sobre o assunto pelo que parecia ser a primeira vez. E também pela primeira vez, a loira não se importava mais com acalentar os sentimentos alheios. Só pensava em si e em como sentia que algo dentro de si estava morrendo. ❝ —Je pense que je connais le sentiment.❞ — respondeu sarcasticamente, porém seu tom saiu ferido e fraco, nada perto do que mediu quando pensou nas palavras. Étienne acabava de derrubar todo seu mundo.
A mais nova dos Harcourt andou até a lareira com os braços cruzados sob o próprio peito, não conseguindo digerir tudo. O choque a consumia e ela mal sabia como agir. As fotos familiares na lareira não ajudaram em nada. Mentiras, tudo mentira, todos esses anos. Todos esses anos. ❝ — Os outros sabem? Mamãe? Papai? Os meninos?❞ — fez a pergunta mais temida. Que seus avós possuíam intenções deturpadas, Geneviève não duvidava nada; agora aqueles ali presentes... Ela não podia aceitar. “Os meninos eu não sei, mas mamãe... Ela é a reitora. E papai... Ele é o filho mais velho e acionista principal da Université”, respondeu Étienne com um suspiro. Entendeu que ele agora tentava poupar seus sentimentos. Tarde demais para isso, Tiennou. Enquanto pensava em como responder, como reagir, a mãe apareceu no recinto. “Mes chérs, a comida vai esquentar. Geneviève, mon amour, o que aconteceu?”, inquiriu ela. A sua voz e presença foram outro golpe que quase a nocauteou. Aquela mulher era tudo na sua vida; seu porto, sua inspiração, sua deusa, sua guerreira, sua conselheira e melhor amiga. Como ela pôde? Como pôde todos esses anos esconder aquilo e ao mesmo tempo lhe ensinar morais, valores, lhe colocar padrões e expectativas tão pesadas que moldaram toda a sua personalidade por tantos anos?
❝ — Comment osez-vous putain?❞ — perguntou em tom mais alto, sentindo a raiva consumir toda a sua existência. A mulher demonstrou confusão, procurando os olhares de Étienne e de repente entendendo o que estava acontecendo. Viu que Anne Blanche tentou iniciar algum tipo de defesa ou argumento, porém o grito de Viv atraiu os demais até a sala. Ver a cara do pai também foi fonte de uma raiva inesgotável para Geneviève. Depois de tantos “você precisa ser a melhor em tudo o que faz”, “a imagem é importante e perfeita”, “a educação é a chave preciosa que abre todas as portas do mundo”, de “ser a mudança que quer ver no mundo”; como conseguia dormir a noite sabendo o que sabia? Como conseguia se olhar no espelho? Queria gritar, queria agredi-los. ❝ — Foda-se. Eu preciso sair daqui.❞ — falou, saindo em ímpeto da sala para os corredores suntuosos. Orgulhava-se da boa condição de vida dos Harcourt e de como eles cuidavam da educação parisiense, a nobre causa da educação. Era tudo mentira, era trouxa por acreditar. Aquela mansão fora construída com dinheiro sujo. A casa podia estar limpa como brinco, mas todas aquelas superfícies eram sujas.
Apesar dos irmãos a seguirem até a saída perguntando o que tinha acontecido, os passos decididos de Geneviève guiaram sua mente perdida e desconsolada. ❝ — Eu preciso ir. Não posso ficar nessa casa de hipócritas de dinheiro sujo. E se não sabem nada sobre o que estou falando, melhor perguntar para Étienne antes que seja tarde demais. E se sabem... Bom, então me deixem sozinha, porra, porque não quero mais saber de vocês também.❞ — pronunciou aquelas palavras enquanto olhava para o rosto dos seus três outros irmãos. Jean Louis, Henri Phillipe, Pierre Fleury. Não sabia se eles estavam envolvidos ou sendo cúmplices da sujeira parental, mas a imagem perfeita da família tinha ruído pela segunda vez na sua vida, contudo agora de maneira definitiva e irreversível. Entrou no carro do chauffer do pai e pediu para que o levasse sem demora ao Charles de Gaulle novamente.
Durante o percurso do carro, tudo o que Geneviève conseguia pensar era que a sua vida fora uma mentira. Anos de dedicação, de ser a garota perfeita que fazia jus à herança educacional e intelectual, de cuidar dos irmãos como fossem filhos, de defender com honra a coroa metafórica que vinha com ambos sobrenomes. Depois de ter centrado toda sua vida ao redor dos lemas de liberdade, igualdade e fraternidade, de ser e seguir todos os passos que sempre estiveram bem bolados mesmo antes de ela sair do útero. Tudo o que fazia Geneviève Sylvie ser Geneviève Sylvie — o clube de políticas e ciências sociais, o cargo de presidente do Grêmio Estudantil, o clube de debates, o próprio status de rainha e garota popular na Truffaut; era tudo mentira, era tudo descartável. Geneviève Sylvie Evreux d’Harcourt não era nada, não era ninguém senão uma combinação de preconcebidos conceitos, uma pessoa moldada pelo que os pais achavam ou não ser certo. E o que eles sabiam sobre o que era certo? Aparentemente nada.
No aeroporto, a garota andava meio perdida, sem rumo. Precisava adiantar a sua passagem de ida, mas não se achava capaz de encarar outro ser humano e dar sorrisos, fingindo que estava tudo bem. O celular não parava de vibrar com mensagens dos irmãos e dos pais. A cabeça doía muito e, ao contrário do que pensou no momento que ouviu a notícia, parecia incapaz de chorar. Talvez a ficha não tivesse caído ainda. Era difícil aceitar que os últimos quase dezenove anos foram mentira, que se acreditava em algo completamente frágil e calunioso. O cérebro pulsava de dor, o coração também. Sentia como se os seus arredores estivessem mais lentos do que o normal, como se a cena toda fosse em câmera lenta. Um grito de desespero estava preso na garganta. Por mais que o modo resolução de problemas de Viv antes tivesse sido a resposta para as crises vividas até então, naquele momento não existia plano algum. Não existia vontade de agir, nada. Não queria resolver porra alguma. Irritada pela vibração constante do telefone, a loira desligou o aparelho. Só sabia que precisava sair dali.
Mudou a passagem para aquela mesma noite e foi até o bar do aeroporto. Pediu drinks, os mais caros que o dinheiro podia comprar. A torpez da bebida ajudava a tornar aquilo tudo suportável. Beber até esquecer quem era, principalmente porque não sabia quem era. Pegou o avião para Cannes na primeira classe e chegou na cidade em pouco mais de uma hora. Tinha conseguido licença para faltar o dia seguinte de aula para ir à Paris comemorar o seu aniversário e mesmo que não tivesse, voltar à rotina de se preparar para o dia de aula, acordar cedo de maneira impecável e prestar atenção em todas as aulas como se nada tivesse acontecido simplesmente estava fora de questão. Pf, licença. Como é boazinha essa Geneviève. Com licença, posso comemorar meu aniversário? Que idiota. Aquilo tudo era idiota. Chegou no apartamento e por mais que tivesse ficado apenas três horas fora, tudo parecida diferente aos seus olhos. ❝ —Fuck this shit.❞ —falou em voz alta. Ninguém lhe respondeu. Entrou no quarto e de cara viu as fotografias familiares. O sentimento de raiva lhe preenchia de maneira assustadora. Arrancou todas as fotos dos porta-retratos e as juntou na lixeira. Abriu uma das suas gavetas e tirou de lá um isqueiro artesanal, com brasão da família. Seu pai sempre dizia que existiam certos objetos que não custava nada se ter em casos de emergência. A ironia da situação a fez soltar uma risada meio nervosa e desesperada. Pegou o objeto pesado e acendeu, levando a chama próxima dos papéis dentro do lixo até que eles incediassem. Viu os sete rostos parecidos e sorridentes desfigurarem e virarem cinzas.
Só conseguia pensar em como tudo tinha ido por ladeira abaixo tão rapidamente. Primeiro a vinda dos Titãs, seguida da morte de Eloise, o término do namoro, as ameaças do anônimo, a culpa de estar escondendo cada vez mais coisas de todo mundo, a pressão constante na escola. E para quê? Qual exatamente era o motivo? Fuck me if I know. Não mais. Chega.
[ message from Genevieve ]: vem me buscar aqui.
[ message from Genevieve ]: no questions asked.
O ser humano é capaz de se adaptar em qualquer ambiente, seja lá o que for que acontecesse. Era hora de se readaptar.
#the old viv can't come to the phone right now#oh#cause shes DEAD#e vamos de hera dark#SURTO#♔ — — ᴅᴏɴ'ᴛ ʏᴏᴜ ᴡᴏʀʀʏ ᴀʙᴏᴜᴛ ᴡʜᴀᴛ ᴛʜᴇʏ ᴛᴇʟʟ ᴛʜᴇᴍꜱᴇʟᴠᴇꜱ ᴡʜᴇɴ ʏᴏᴜ'ʀᴇ ᴀᴡᴀʏ / pov.#i wasn’t made to 𝐅𝐀𝐋𝐋 in line. ‘𝓭𝓮𝓿𝓮𝓵𝓸𝓹𝓶𝓮𝓷𝓽’#everyone saw a queen but inside she was 𝐎𝐍 𝐅𝐈𝐑𝐄 ; crashing and burning. ‘𝓹𝓸𝓿’
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❛ —— 𝐈𝐓'𝐒 𝐍𝐄𝐕𝐄𝐑 𝐄𝐀𝐒𝐘 𝐓𝐎 𝐖𝐀𝐋𝐊 𝐀𝐖𝐀𝐘;; POV.⠀
Save your advice, 'cause I won't hear you might be right, but 𝐼 𝒹𝑜𝓃'𝓉 𝒸𝒶𝓇𝑒. You got me scattered in 𝓅𝒾𝑒𝒸𝑒𝓈 shining like stars and screaming, Lighting me up like 𝒱𝑒𝓃𝓊𝓈 but then you'd disappear and make me wait. And every second's like 𝓉𝑜𝓇𝓉𝓊𝓇𝑒 hell over trip. No more so.
É preciso de uma dupla para se manter um casamento, é preciso de uma dupla para se manter um amor e é necessária a verdadeira presença para se manter um sentimento. Ninguém sustentaria uma relação sozinho. O fato era que sombras de um amor antigo não sustentavam sentimentos. Migalhas de atenção não mantinham uma relação estável. Juras de amor jamais seriam o suficiente para substituir uma presença. E faziam meses que Briana tomava a prova real de todas essas premissas. Havia sido um ano conturbado, uma gravidez depois da outra, todas as descobertas da maternidade de uma só vez e um marido que tinha preferido se afastar a confiar. Não existiam dúvidas de que um dia havia amado Xeno com todo o seu coração, tinha mergulhado em um penhasco para viver aquele amor, feito de tudo para enfrentar as consequências daquela relação, mas para tudo existia um ponto final. Não podia mais se manter naquela angústia contínua. Não poderia passar mais tempo esperando. Não conseguia mais se ver naquela situação. Havia se cansado. Um cansaço crônico que vinha se arrastando há muito tempo, mas que vinha sendo ignorado — tudo em prol da esperança de que as coisas melhorassem.
No entanto, nenhuma esperança poderia ser considerada eterna. Aquela que sempre era última a deixar de existir, mas que inevitavelmente dava o seu último suspiro. E o último respirar da esperança da Brunelleschi havia se dado naquela manhã! Não queria ser uma boba que esperava sempre por um homem. Não tinha nascido para ser alguém que esperava a boa vontade de outro. Não estava em seu sangue viver para ser deixada de lado. Seria uma princesa regente, era uma mulher inteligente, engajada com seus compromissos, comprometida com cada uma das suas responsabilidades… Deveria ser ela aquela que fazia com que os outros esperassem, jamais o contrário. E essa percepção havia vindo no dia anterior. “No amor, no relacionamento e na vida, não dá para viver um pesadelo acreditando que é um sonho ruim e que logo você acordará. Pode não haver tempo.” Tinha lido na noite anterior em um brilhante citação em um dos livros que tinha pego na esperança de suprir o vazio em sua cama ao anoitecer. Tempo. Poderia não haver tempo. E seria justo gastar o dela em uma incontável espera? Não, não seria. Precisava acordar. Precisava tornar aquele sonho ruim em um sonho agradável. Poderia ser sozinha? Certamente que sim. Contudo, mesmo com a solitude, teria a certeza de ter a paz por não viver uma constante espera. Teria seu caminho livre para iniciar uma nova jornada.
E existia uma pessoa que deveria ser a primeira a saber de sua decisão: seu pai. Lorenzo, melhor do que ninguém, era capaz de compreender a sua primogênita na maioria das situações. A princesa não conseguia se lembrar de uma só vez em que não tinha sido apoiada em seus decisões e, ainda que essa fosse o primeiro momento em que pudessem entrar em divergência, estava disposta a encarar cada uma das consequências. Era a sua vida, queria dar o exemplo para Cassie, queria que ela soubesse que jamais deveria deixar de lado as suas vontades em prol de outras pessoas, nem que para isso precisasse colocar o seu título em risco. Inclusive, falando na bebê, ela ainda permanecia adormecida sobre o colchão macio quando a herdeira italiana se levantou para caminhar até a sua escrivaninha, alcançando um papel e um caneta. Tinha que aproveitar para escrever aquela carta enquanto ainda tinha coragem.
“Ciao, papà!
Existiriam muitas maneiras de começar essa carta, existiriam maneiras de abordar essa decisão de um jeito mais simplório, eu já sei. No entanto, escolhi começar essa carta trazendo uma memória à sua mente. Se lembra da entrega do prêmio Nobel do ano de 292? Eu estava empolgada com aquela data! O meu cientista favorito era o principal favorito a conseguir a premiação de física. Se lembra? Espalhei folhetos em toda a escola, pedi para que todos os meus amigos comparecessem, enviei uma carta te chamando para assistir comigo… No entanto, nós sabemos que a catapora dos gêmeos os impossibilitaram de me acompanhar, a reunião do encontro de nações em Bruxelas te impediu de comparecer e, bem, nenhum dos meus poucos amigos se importavam o suficiente para comparecer.
Pensando em pretérito, aquela noite tinha sido tudo para ter sido marcada por um sentimento de alegria, uma euforia que poderia se assemelhar a Itália sendo campeã da Copa Mundial de Futebol. Afinal, o cientista pelo qual eu torcia comprovou o favoritismo quando recebeu o seu prêmio! Deveria ser motivo de comemoração para uma fã, como eu. Um motivo para comemorar por dias. No entanto, quando me lembro daquele dia, a única coisa que me vem à mente são as minhas lágrimas, o buraco em meu peito por estar sozinha, a triste sensação de solidão. Eu deveria ser como um neutrino? Uma partícula subatômica de interação tão fraca com a matéria a ponto de não ser considerada? Essa foi a pergunta que te fiz em uma carta naquela noite. Sabiamente -- e com a ajuda de um físico, eu sei -- você me respondeu que não. Eu não era um Neutrino. Você me disse que eu estava destinada a ser um Quark, uma partícula que está sempre destinada a se ligar com outras em um conjunto de Hádrons. Você disse que aquela era uma fase e que, ocasionalmente, eu encontraria os outros elementos que se ligariam ao meu conjunto de Hádrons. Eu ainda encontraria pessoas que estariam ao meu lado. Pessoas que gostariam fazer parte do meu conjunto.
Por muito tempo achei que esse fosse um tremendo exagero da sua parte. Ninguém gostaria de estar ao meu lado, eu estava fadada a continuar sozinha, infelizmente. Acontece que o tempo passou e com ele veio a descoberta de que você estava certo. Eu não sou um Neutrino. Sou um Quark e, agora, isso é bem claro em minha mente. Não consigo mais me ver sozinha, não suporto mais a solidão, ainda que essa tenha me servido por muito tempo. Inclusive, acredito que é interessante que uma vez que você descobre como é bom ser querida, como é gostoso ter a sua presença sendo apreciada, o desejo de permanecer só por muito tempo não parece ser o mesmo.
Infelizmente, a solidão me foi imposta nos últimos meses. Meu casamento tem estado em decadência. As lágrimas que caem em meu rosto nesse exato momento comprovam como é dolorido finalmente admitir isso. Mas eu não posso mais continuar uma mentira. Não consigo mais carregar esse fardo sozinha. Eu não quero ser empurrada para me tornar um Neutrino quando a essência de um Quark se encontra em minha alma. Xeno tem sido incrivelmente ausente em tudo que se passa comigo, Cassie tem estado unicamente em meus cuidados e enfrento a gestação praticamente sozinha. Na noite em que te contei sobre a primeira gravidez disse que estaria disposta a enfrentar tudo para estar com meu amor, que estaria disposta a enfrentar o mundo, contanto que ele estivesse ao meu lado. Entretanto, agora, eu sinto que não existe mais ninguém comigo.
Sabe muito bem que essa decisão não é impensada. Eu jamais seria tão displicente a ponto de afundar um casamento em um impulso! Penso na possibilidade de um divórcio há um bom tempo e essa me parece ser a minha única saída no momento. Sinto muito pela decepção que essa decisão possa te causar. Sei que isso pode me custar a minha regência, mas eu não consigo mais desperdiçar a minha vida nessa triste situação. Eu não quero ter um futuro infeliz. Eu não quero que meus filhos vejam um casamento de fachada. Muito pelo contrário! Quero lutar por aquilo que acredito. Quero que Cassie cresça sabendo que não deve aceitar menos que um futuro feliz ao lado de quem sempre estará ao seu lado. Eu espero que você me entenda, como sempre me entendeu. Eu preciso ser feliz, pai. Preciso estar livre de esperar por migalhas de atenção. Então, por favor, eu peço com todo o meu coração que tente compreender o que sinto nesse momento e a razão pela qual quero meu divórcio. Já senti por muito tempo aquele antigo buraco de solidão no meu peito. Tudo que quero é voltar a sentir a felicidade e preciso estar livre para isso. Livre desse casamento e livre dessa sombra de sentimento. Me perdoe por te decepcionar.
Com amor, Briana Brunelleschi. ”
A atitude como um todo estava longe de ser equivocada da parte de Briana, tinha levado muito tempo para chegar a decisão de estar a ponto de pedir um divórcio. Compreendia que aquilo arriscaria diretamente a sua linha de sucessão ao trono. Mas, parando para pensar em um amplo espectro, seu papel como futura governante também implicava não se dobrar a situações como aquela. Precisaria lutar por aquilo que acreditava e, apenas dessa maneira, conseguiria lutar pelos interesses de seus súditos. Seriam tempos difíceis? Incontestavelmente! Mas desde o momento em que tinha colocado Cassiopeia no mundo tinha decidido que sua maior prioridade na vida seria dar um exemplo adequado para a sua filha. E como poderia fazer aquilo com uma grande hipocrisia dentro de seu próprio lar? Não. Não seria mais uma nobre presa em um casamento prestes a afundar. Se fosse vista em uma relação que fosse uma em que tivesse plena convicção que tinha um parceiro que estivesse disposto a estar sempre lá por ela. Não queria mais viver aquela fachada.
As consequências da sua vontade? Apareceriam em sua vida no decorrer dos próximos dias. Tudo mudaria quando a carta que escrevia chegasse as mãos de Lorenzo, porém se encontrava preparada para enfrentar tudo que estivesse a sua frente. E quanto aquelas lágrimas que corriam livre por sua face? Ah! Essas ainda perdurariam por um bom tempo, mas, assim como a ruptura que tinha acabado de abrir em seu coração, tinha certeza que tudo passaria em algum momento. Nunca tinha sido uma pessoa que se deixava levar por lamentações. Costumava levantar a cabeça para lidar com as atribulações e, certamente, estava disposta a enfrentar cada uma daquelas que viriam com essa grande decisão em sua vida. Apenas precisaria de tempo colocar os pingos nos “is” com Xenófanes, mas tudo isso em seu devido tempo. Agora? Oh! Ninguém poderia julgá-la por tirar um tempo para sentir. Precisava sentir o luto daquela relação para finalmente seguir em frente.
#( 𝐢𝐢𝐢. ) —— ❛ 𝐄𝐋𝐄𝐌𝐄𝐍𝐓𝐒. ✦ a princess's gonna rule just the way she was made . ১#( 𝐯𝐢. ) —— ❛ 𝐏𝐎𝐕. ✦ then I overthink about the things I’m missing. ১#vi.#dessa vez os créditos de edit vão pra flora#esse anjinho na nossa vida sjslks#<3#iii.
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Imagine - Niall Horan
Oi, gente! Mais uma continuação para vocês! Lá no Wattpad vai começar uma fanfic nova. Aqui está o link. Espero que gostem! Milhões de beijos!
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- Você pegou tudo? Tem certeza? - Thamis pergunta pela terceira vez desde que chegamos ao aeroporto.
- Sim! Peguei tudo e mais um pouco... - Resmungo jogando a mochila sobre o ombro quando ouço meu voo ser chamado.
- É só que eu me preocupo...
- Se deixar você mais tranquila, estou levando meu notebook e muitas horas vagas para escrever. - O choque em seu rosto faz valer a pena o peso extra que estou levando assim como a coragem que eu nem sabia que tinha.
- Que notícia maravilhosa! - Ela diz sorrindo. - Estou ansiosa pelas novas histórias. Eu vou estar aqui esperando você voltar.
- Obrigada por tudo, amiga. Inclusive me tirar do limbo. - Eu digo a abraçando para em seguida caminhar sozinha até o portão de embarque.
Depois de me acomodar na poltrona que eu havia escolhido, começo ficar ansiosa para as próximas horas de viagem. Oito horas dentro de um avião seria uma completa aventura, ainda mais para a pessoa extremamente ansiosa que sou.
Para minha surpresa, acabo dormindo depois da primeira hora de viagem e acabo perdendo a janta, mas uma aeromoça muito gentil me levou café e bolachinhas, se desculpando por não ter me acordado no momento em que a janta foi servida.
Quando o avião pousa, sou uma das primeiras a descer do avião, impaciente e com fome, pego minha mala saindo em direção aos portões principais.
Um senhor passa na minha frente antes de eu conseguir entrar no táxi que estava parado. Para não acabar sendo grosseira, apenas deixo que ele vá embora com o carro e espero que um próximo possa me levar.
Passo o endereço do hotel que ficava afastado do centro da cidade.
Assim que chego no hotel, faço o chek-in e quando entro no quarto, apenas deixo a mala em um canto, procuro meu pijama e vou para o banheiro tomar banho. Depois de limpa e vestida, me jogo sobre a cama e fico olhando para o teto até sentir os olhos pesarem. O relógio no criado mudo marcava dez horas da noite, mas para meu corpo, parecia muito mais.
No dia seguinte, acabo acordando depois que uma das portas e batida com força no corredor. O mesmo relógio marcava oito horas da manhã e eu logo levantei para trocar de roupa e descer para tomar café da manhã.
Eu precisava de café. Se possível, forte!
E com sorte, eu encontro no saguão, assim com frutas e bolinhos, além de pães e frios. Depois de me servir, sento em uma das mesas afastadas e checo meu celular dando de cara com vários e-mails de Thamires me perguntando como estava a viagem.
Respondo apenas um narrando tudo que já havia acontecido até o momento do café.
Quando volto para o quarto, descido que não era o dia de ficar trancada no quarto. Pego a mochila, colocando minha carteira, carregador do celular e um livrinho com mapas da cidade – presente de Thamis; acabo colocando o notebook junto, caso acabasse tendo alguma inspiração no caminho.
Caminho pela cidade até encontrar o centro da mesma; conheço as lojinhas e feirinhas locais e na hora do almoço, entro no restaurante mais iluminado que encontro.
- Posso ajuda-la? – Um rapaz lindo para ao meu lado assim que entro no ambiente aquecido.
- Eu gostaria de uma mesa. Por favor. – Eu digo e ele sorri me levando até um lugar reservado.
- Aqui está o cardápio e sinta-se à vontade para me chamar, sou Niall. – Ele diz, com o sotaque carregado.
- Obrigada! – Eu respondo antes que ele saia.
Depois de fazer o pedido, Niall tenta puxar assunto duas vezes, e nessas conversas, descubro que o mesmo é filho do dono do restaurante.
E, por mais antiético que fosse, combinamos de jantar juntos na minha terceira noite na cidade. E nas seguintes fizemos a mesma coisa.
Eu acabava passando o dia trancada no quarto escrevendo sobre minhas aventuras, para durante a noite viver aventuras novas. Ter a companhia de Niall era incrível, além dele ser uma pessoa maravilhosa, fazia questão de me mostrar lugares novos.
No dia que eu voltaria a Manhattan, Niall me levou até o aeroporto e acabamos nos beijando pela primeira vez. E tecnicamente, a última também.
Combinamos manter contato da maneira que conseguíssemos e se algum de nós tivesse tempo e dinheiro, viajaríamos para nos encontrar. Sem promessas, apenas uma tentativa de fazer dar certo a amizade que construímos em três dias.
Quando saio da sala de desembarque, Thamires me esperava ansiosa e caminhei até ela com calma para ser recebida com um abraço.
- (S/A), o que aconteceu nessa viagem? Você até está magra! – Ela praticamente berrava no saguão e eu apenas revirei os olhos a abraçando.
Passamos a noite conversando e eu prometi enviar a ela tudo que havia escrito sobre a viagem.
Thamires me fez terminar aquilo que eu havia começado e minha surpresa foi ela ter iniciativa de mandar o texto a editores que ela conhecia e conseguir duas propostas de publicação para mim.
- Você precisa aceitar uma das duas, (S/A)! – Ela disse quando nos encontramos um mês depois da minha volta; em segredo, eu já escrevia mais contos que não sabia se mandaria para ela ou não. – É a chance que você precisava!
- Acho injusto publicar sem que ele saiba. – Eu murmuro, me referindo a Niall, com que eu não conversava desde que havia voltado para casa.
- Você alterou os nomes, mudou as histórias, ele pode nunca saber que esse livro existe...
- Eu ainda não sei... – Dou de ombros.
- Você só tem alguns dias para dar resposta; eles também têm prazos.
- Eu entendo. Logo te digo alguma coisa. – Digo e a vejo acenar com a cabeça.
*um ano depois*
- Alô? – Eu atendo o telefone franzindo a testa.
- Eu gostaria de confirmar sua ida à sessão de autógrafos... Trabalho na livraria.
- Está tudo certo. – Eu respondo meio confusa com a conversa.
- Ok. Obrigada e um bom dia.
Depois de encerrada a ligação, me preparo para encontrar meus leitores. Converso com cada um que estendo o livro para eu assinar.
- Fico muito feliz em saber que fui inspiração para você. – O vejo sorrindo para mim.
- Niall? O que faz aqui?
- Vim prestigiar você! O que mais?
- É tão bom ver você! – Digo me levantando e o abraçando.
- Me desculpe por nunca mais entrar em contato.
- Eu também devo me desculpar. – Coço a testa, envergonhada. – Não só por isso, mas pela história, por usar você dessa maneira...
- Ninguém sabe que sou eu... – Ele dá de ombros. – Mas, de qualquer forma, não precisa se desculpar. Fiquei feliz em saber que ajudei você.
- E como. – Digo sorrindo.
- Quer jantar comigo?
- Eu adoraria!
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A mulher no pântano (Parte 35)
Sob um tímido céu, escondido dentre um mar nuvens pouco acinzentadas, o pântano se via diante de grandes emoções, escondidas na sua habitual calmaria. Sobre o pier principal da casa amarela, os moradores competiam por espaço como os feixes de luz do céu competiam para chegarem à terra. Ansiosos pelas novas ordens e por mais o que fazer, o grupo esperava o transporte, que por razões anteriores, navegava com cautela pelas águas.
Correndo até o pier, depois de uma noite de sono agitada, cheia de “porquês” e “poréns”, Gregor compensava seu atraso e logo tomava suas preocupações cotidianas.
- Então... Eu ouvi dizer que você ia pro acampamento... tipo ficar nele... - Gregor, ligeiramente se aproximando de Selena, comentou.
- Aham... É meio dramático, mas é melhor assim, sabe? - Selena, levando consigo todos os seus pertences, uma pequena caixa, respondeu. - É mais seguro...
- Bem, eu não acho... Não acho seguro alguém ficar sozinho... Por mais arriscado que as coisas sejam... - Gregor respondeu.
- É, mas ainda assim é melhor... Ninguém corre risco de se contaminar... e ninguém me incomoda... - Selena retrucou. - E você? O que vai fazer tão longe?
- Bem, eu vou preparar as coisas pros testes com malha explosiva... O senhor Ulisses praticamente já terminou ela e precisamos saber se o sistema de ativação de Mirela está funcionando... - Gregor respondeu.
- Bem, então boa sorte... - Selena respondeu, voltando o olhar para as águas que corriam sob seus pés.
Frios, os dois voltaram o olhar para qualquer outro lugar que não fosse entre si. Quieto, mas não vencido, Gregor ocupava sua mente e seu coração, pensando se a decisão de Selena tinha sua lógica. Ficar sozinha num acampamento, rodeado dos mais adversos perigos, desde as criaturas do pântano, furiosas e orgulhosas por seu lar, aos próprios invasores, furiosos e orgulhosos por suas ideias, estava longe de ser uma decisão sensata, uma decisão da própria Selena. Para o Frantzer, ninguém deveria, independente do lado. Gregor não podia aceitar a decisão, mas parte dele gritava que aquilo não cabia a sua pessoa.
Por outro canto, Selena se irritava. Não era como se ela não gostasse daquilo. Da gentileza. Ela não gostava de como isso a fazia se sentir. Ninguém nunca tinha se preocupado tanto com ela, nem quando seus pais tinha morrido. A verdade era que Selena não estava acostumada ou até mesmo conhecia tamanha bondade. Ela não tinha uma origem amigável e ela não era uma pessoa amigável, então por qual motivo alguém seria amigável com ela? A troco de nada? Por motivo nenhum? Ela não sabia, e isso a irritava, mesmo que tentasse simplesmente ignorar.
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- Ei! - Catorze se aproximou.
- O que foi? Eu tô ocupado... - Quinze perguntou, incomodado.
- Nossa, Senhor doçura, eu só ia fazer uma pergunta! - Catorze rebateu.
- O que é? Já não basta o Dois encher meu saco com essas planilhas, ainda tem você... - Quinze respondeu.
- Bem é que como agora somos um “trio”, achei que teria pelo menos esse direito! - Catorze disse. - De qualquer jeito, eu só queria saber o que tá acontecendo entre você e o Doze... Vocês dois estavam bem juntinhos ontem...
- Não te interessa... Você mesma não disse que não quer que fiquemos no seu caminho? - Quinze rebateu.
- É, não me interessa mesmo, mas interessa ao nosso caro amigo Oito... - Catorze respondeu.
- O que? - Quinze perguntou, freando a massante tarefa.
- Olha, eu não ligo pro que vocês estão fazendo... provavelmente vai dar errado... Mas eu seria um pouco mais esperta nisso... - Catorze respondeu. - Não se esqueça do que tá acontecendo aqui... Oito agora é um falcão! Ele tem vigiado tudinho por aqui... todo mundo... e não vai querer ficar atrás de ninguém... Então é bom estar preparado pra caso alguma coisa aconteça...
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Na poderosa vegetação, de árvores altas e arbustos cortantes sobre as rígidas porções de terra, um ponto branco se destacava pela velocidade que atravessava o meio. Ofegante como um animal que supervisionava uma presa, Doze saltava pelo território, movido muito mais por seus temores, que pelos hormônios que tinha injetado em si mesmo.
" Eu não posso perder essa", O soldado pensava, se esgueirando pelo arredores do acampamento, o principal simbolo do poder da resistência.
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Inocente da real situação que se formaria, uma visão se soltava do retrato do momento. Sobre os braços da mãe, Pandora se enrolava nos finos cobertores e estreava seus jovens olhos, recém abertos, aproveitando a paisagem cheia de luz. Sem culpa de todo aquele panorama, flashes que logo se tornariam linhas desconexas conforme a evolução de sua memória, a bebê se reservava apenas a não se preocupar. Bem diferente de sua mãe.
Sobre o pier quase lotado, Rosa, inocente dos problemas de um futuro bem próximo, resumia suas preocupações a aquele curto momento. Distraída, ela se perguntava como procederia o dia guardando uma coisinha tão vulnerável. Não tão vulnerável quanto seu marido naquele instante.
- Ah, que fofinha! - Ângela, que competia a visão com o gigantesco carretel de tecido que carregava, disse, se aproximando de Rosa. - Ela vai passear?
- Ela tava aí dentro por muito tempo! - Rosa, ainda insegura, respondeu. - Sair um pouco pode fazer bem...
- Hum, não acha melhor deixar ela com Maria? - Ângela perguntou, soltando o carretel.
- Não, eu não quero incomodar ela! Ela já está ocupada demais cuidando do Lucas... - Rosa respondeu, mimando a bebê. - Além do mais, cuidar dela agora está mais fácil que cuidar dele...
- Faz sentido... Se precisar de ajuda... - Ângela, sempre cordial, respondeu.
_______________________
- Quero que preparem o acampamento, vou levar o jantar... - Doze ordenou, fazendo sua voz ecoar pelo pequeno rádio transmissor que carregava, uma das poucas coisas que o cauteloso soldado tinha consigo. - Eu não posso perder isso! - Ele repetiu para si mesmo.
De fato o soldado não tinha como perder a oportunidade. Com a promoção do agora Oito, que de certa forma esperava mais por seus grandes atos, e uma possível melhora de Dez, que mostrava sua coragem, todos partiam para uma postura ainda mais agressiva. Soldados e fiéis queriam a atenção do líder e não permitiam espaço a aqueles que como Doze, não tinham sentido a real gravidade da situação até aquele momento. A concorrência já não era mais uma criaturinha inofensiva, motivada pelas desavenças fúteis entre soldados, e sim um monstro faminto, que não toleraria um único tropeção sem devorar alguém.
O trio de Quinze era a salvação, o alvo dos olhares do líder, mas o soldado teria que se provar, não poderia perder a chance. ________________________________
- Júlio, você tá aí? - Jessie, cuidadosamente por cada cômodo, perguntou ao chegar no quarto do irmão.
- Não! - Uma voz abafada, sob calombo de cobertas, respondeu.
- Para de graça! - Jessie rebateu, desmanchando o refúgio.
- Ah, o que foi? - Júlio, do mesmo jeito que no dia anterior, perguntou.
- Nada, eu só queria conversar... - Jessie respondeu, deitando na bagunçada cama junto ao irmão. - Tá sendo bem mais solitário sem o Felipe... Tirando que tá todo mundo com ódio da gente, é claro...
- O ódio deles não me incomoda... Eles sempre vão ter alguma coisa com a gente... - Júlio respondeu. - O que mais me deixa bolado é como eu consegui falhar desse jeito...
- Ah, de novo não... - Jessie suspirou.
- Eu não acredito que eu deixei isso acontecer! Eu realmente não acredito! - Júlio respondeu. - Eu tinha uma aliada! Era quase como um relacionamento abusivo, mas ainda era uma aliada! O que aconteceu?
- O que aconteceu é que não deu! Não era nossa vez... E acho que não deveria sido... - Jessie respondeu, admirando o teto cheio de rabiscos.
- Acha que não devíamos ter feito o trato? - Júlio respondeu.
- Acho que o que aconteceu meio que responde isso... - Jessie explicou. - Não estávamos lidando com nossos primos... ou com essa cidade idiota... Eles não são do tipo que caem em qualquer conversa... - Ela fez uma pausa. - Nós pensávamos que fazer os nossos truquezinhos ia resolver a situação como sempre... Como quando queríamos alguma coisa... Mas esquecemos que essas pessoas não são daqui, não são ingênuas, do tipo que acredita em qualquer um que fale uma palavra bonita... A gente deu confiança a qualquer um... temos que admitir isso...
- Eu dei confiança... - Júlio respondeu. - Tio Ronald tava certo... Era uma competição desleal... Como pensei que eles iriam cumprir alguma coisa? A única coisa que eles respeitam... é eles mesmos...
- Paciência... - Jessie respondeu. - Agora temos que sobreviver...
- E a mamãe? - Júlio perguntou.
- Eu não sei... Eu tô evitando ela, ela tá me evitando, então... Eu acho que tá fluindo legal! - Jessie respondeu.
- Argh, pelo menos isso... - Júlio retrucou. - Algo me diz que esse dia vai ser mais longo do que eu tava esperando...
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“- Lendo mais um desses livros? Cada vez mais me pergunto porque escolheu essa profissão… - Vinicius comentou, se sentando no mesmo sofá que o colega de trabalho praticamente tinha adotado.
- Curiosidade, meu caro! Conhecimento nunca é de mais! - Oliver respondeu.
- E o que é dessa vez? Poções? Fadas? - Selena perguntou, se apoiando numa das poltronas.
- Estou lendo sobre rituais para divindades… mais específico aqueles de sangue! - Oliver respondeu. - Aqui diz que as cerimônia como festas, teatros e rituais sempre eram de agrado para os deuses… Mas vocês sabiam que eram os sacrifícios com sangue e dor eram os mais eficazes pra conseguir coisas?
- Nossa, eu fico imaginando o motivo… - Selena comentou.
- Eram como provas de religiosidade! - Oliver respondeu. - Por exemplo, os povos do norte, os Yakus, faziam cerimônias “pacíficas” para garantir boas safras… Coisas como festas e oferendas! - Ele fez uma pausa, sorrindo maliciosamente. - Mas quando eles precisavam de coisas sérias, como chuva, eles usavam de rituais dolorosos… um deles consistia em colocar um parasita no corpo de um fiel e assisti-lo morrer no templo sagrado, aos olhos dos céus… e isso sempre dava certo… eles sempre tinham chuva!”
“Eles sempre tinham chuva...”, as palavras do antigo amigo ecoavam por Selena, que admirava suas lembranças passarem conforme as águas do rio se chocavam contra o barco.
- Atenção! Chegamos! - Freddy anunciou, tirando qualquer um da ocupação que tinha tomado para si. - As ordens continuam as mesmas! Vamos ir embora antes do entardecer, então aproveitem ao máximo!
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Como tantas outras vezes, coisa quase rotineira, a movimentação pelo acampamento foi intensa e focada. Pelos limites, Rony e sua pequena equipe se esforçavam para entender os mistérios das torretas que protegiam o território. Dentro das barracas, Ângela e as meninas faziam mais trajes de proteção. Ao Sul, Gregor, Flinn e os Brint, testavam a mais nova defesa da resistência, animados com os resultados satisfatórios. Na cabine de comando que tomaram para si, Freddy e mais alguns garantiam a segurança de toda a organização. Era certo de que algo os preocupava, a falta de mais pessoal, mas eram íntegros de compensar como podiam. A única coisa solitária, a estrela sozinha em meio as várias constelações, era Selena, que não estava surpresa por sua situação. Ajeitando a tenda que se tornaria seu novo lar, ela se confortava na independência que tinha conquistado.
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Da calmaria que se formava depois de poucas horas da chegada, um agudo alarme soava pelos megafones espalhados pelo acampamento, chamando que quer que fosse, ou pelo menos quem deveria. Chegando à barraca onde as cunhadas se encarregavam de um importantíssima tarefa, tão importante que pouco percebiam o mundo lá fora, Gregor, sempre cortês, vinha para avisar um chamado.
- Ei meninas, hora de ir! - Gregor, desviando dos tecidos espalhados no chão, anunciou.
- Ah é, ouvimos um alarme, o que é? - Ângela, ocupada demais para entender o ocorrido, perguntou.
- É que vamos fazer mais um teste com as torres! Não temos gente só pra isso, então, todo aqui vai participar! - Gregor, respondeu.
- Ah, que bom, do jeito que estávamos só faltava ser outro problema! - Ângela respondeu, aliviada. - Bem, então acho melhor fazermos uma pausa! Rony vai precisar de todo mundo mesmo...
- É, como a maioria de nós tá cuidando da Casa Amarela o pessoal tá realmente pouco! - Gregor respondeu. - Bom, espero vocês lá!
- Já iremos! - Ângela respondeu, confirmando o encontro.
Gregor deixou o ambiente, ansioso para espalhar as novidades.
- Então vamos deixar tudo aqui pra resolvermos logo isso! - A líder anunciou, ajeitando a oficina para a volta ao trabalho.
- Acho melhor deixar a Pandora aqui... - Rosa comentou, apalpando um berço improvisado para a bebê. - Não é bom que ela fique perto daquele mato todo... mas, hum... será que é bom deixar ela sozinha?
- Acho que não tem problema... - Ângela respondeu. - Não vamos ficar tanto tempo assim fora.., talvez uns cinco, dez minutos? E também, esse lugar tá rodeado de gente! Se alguma coisa acontecer, certamente alguém vai nos avisar!
- Verdade... - Rosa respondeu.
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Dos limites do território reconquistado, apreensivo, Rony admirava todo o planejamento que tinha montado desde que tinha tomado a missão de proteger o acampamento para si.
- Espero que o pessoal dê... - Rony disse a mesmo. - Nenhuma torre pode ficar sem supervisão.
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De repente, de um vívido acampamento, tudo se esvaziava. Um tanto assustado com o sumiço de seus prováveis oponentes, Doze se via numa grande oportunidade, tão grande que só poderia ser uma dádiva dos Divinos para sua missão. Caminhando entre as tendas, incapaz de perder sua posição de atenção, o soldado não deixava perder nada vista. Existiam muitas coisas interessantes ali, mas não tão interessantes quanto uma coisinha pequena e inquieta, dentro de uma barraca cheia de tecidos.
- Isso... é interessante... - Doze comentou.
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Quieta em sua mais recente casa, Selena se privava de qualquer contato com outra pessoa ou qualquer coisa que a desvirtuasse de sua real tarefa. Perdida em meio as amostras que tinha colhido e que tanto trabalhava, a mulher se perguntava qual seria a melhor forma de usar todo aquele conhecimento. “Paz mundial?”, ela pensava, imaginado, em seguida, o quão impossível isso seria em seu mundo tão competitivo. “Uma cura?”, ela prosseguia, fantasiando as possibilidades do soro no panorama em que era obrigada a estar. “Ah, quem eu quero enganar? Não tem ninguém que precise disso... “, ela concluiu, certa de que, naquela situação, com aquelas pessoas, sua descoberta não tinha tanta relevância quanto queria. O soro não serviria de nada para pessoas que não queriam a cura. “Mas será que é só uma cura?...”, Selena imaginou mais uma vez, só que agora, não teve como continuar o raciocínio.
- Ahhhhhhhhhhhhhhhhhhh - Um grito estridente soou, puxando Selena dos devaneios.
Tão estridente quanto o alarme que soava minutos atrás, a voz continuou a gritar e seu choro era ouvido através das distâncias. Fugindo da reclusão, Selena não teve como ignorar a situação desesperadora que se formava e deixando sua nova casa, ela era assombrada por uma preocupante visão.
- Mas o quê? - Selena tentou explicar, enxergando, distante, um ponto branco correr para fora do território, levando consigo Pandora nos braços.
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A dispersão de pessoas não resistiu à tragédia que se formava. Aglomerados e assustados, os voluntários rodeavam a oficina de Ângela, tentando entender o que tinha acontecido. Da visão desesperadora de Rosa, aos prantos no chão, enquanto chorava pela filha, a resistência era abalada de novo.
- Como isso aconteceu? - Gregor assustado, seguia o irmão mais velho, que recuperava a ordem entre os voluntários.
- Eu não sei, Gregor! - Freddy respondeu, preocupado em manter seu desespero sob controle. - A única coisa que temos é esse bilhete! “Venha me buscar”...
- Gente, o que tá acontecendo? - Selena, que parecia serena, mas estava inquieta como qualquer outro, perguntou. - Eu vi um soldado de branco levando a Pandora! Ele até deixou essa mensagem aqui!
- O que?! - Gregor e Freddy perguntaram, finalmente notando a presença da mulher em meio ao tumulto.
- Deixa eu ver! - Freddy disse, tirando o papel da mulher. - “Nos encontre no lago das agulhas...”
- Ah, que merda! - Gregor gritou.
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- Senhor, tem certeza que só gente basta? - Uma fiel, perguntou, notando que o restante de seus colegas estavam sendo dispensados da súbita missão.
- É claro! Não temam, não vai ser quantidade que vai nos garantir a vitória! Eu tenho uma coisa muito boa em minhas mãos e vocês... são os melhores dos melhores.. então, aproveitem! - Doze respondeu, admirando uma possibilidade que garantia para si.
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- Toda vez que estamos de um novo avanço eu te vejo aí... agarrado essa caixa... - Um, sutilmente guardando os aposentos do líder, comentou.
- Vejo que seguiu meus conselhos... está mais interado... - O líder respondeu.
- Se me permite, senhor, posso saber o que tem aí? - Um perguntou.
- São coisas da minha antiga vida... - O líder respondeu, mexendo em alguns papéis e fotos. - O renascimento é o único caminho, mas aprender com o passado nunca deixa de ser uma opção...
- Me pergunto quais seriam os erros de alguém tão esclarecido... - Um perguntou.
- Muitos... - O líder respondeu. - Havia uma época em que eu tinha confiança nas pessoas, nesse mundo... Achava que integrar uma seleta equipe, com maiores mentes do mundo seria o ápice da minha vida...
- E não foi... - Um prosseguiu.
- Não havia dignidade naquilo... - O líder respondeu. - Viver praticamente sob cárcere privado, bem debaixo do olhar vigilante de um regime autoritário e corrupto e convivendo com as pessoas mais podres e poderosas do mundo... não era como eu esperava... Eu fico feliz de ter acordado a tempo, mais ainda queria ter levado outros comigo...
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Antes do Sol alcançar o resplendor do céu, as trevas já pairavam sobre a resistência.
- Eu sinto muito mesmo, Rosa! Se eu não tivesse inventando de me ocupar com essas torres idiotas nada disso teria acontecido! - Rony disse, tentando provocar alguma reação da gélida mulher.
- Não se culpe, Rony, não é hora pra isso! - Freddy respondeu. - Estávamos esperando um grande ataque... não uma pequena invasão... - Ele suspirou.
- E agora? - Rony perguntou.
- Vamos atrás da Pandora e não vamos voltar até que ela seja nossa de novo! - Freddy respondeu. - Vocês tem que sair daqui! Não sabemos o que pode vir em seguida! Reúna a todos e vão embora!
- Encontrei um barco! É pequeno, mas nós três cabemos nele! - Gregor revelou, ofegante depois de tanto correr.
Na agitação nada mais importava. Não importava o que tinha sido deixado pra trás. Não importava os outros. Não importava como eles estavam ou como ficariam. No meio da correria nada importava. Para a doce Rosa nada mais importava. Nada que não fosse ter sua filha, sua única filha, de volta.
Sobre um barco qualquer, Gregor, Freddy e a inerte Rosa se preparavam para partir, mas não estavam preparados para o que viria a seguir.
- Espera, eu quero ir junto! - Selena gritou ofegante, tentando embarcar.
- Agora não, Selena! Não temos tempo pra qualquer merda sua! - Freddy respondeu, aprontando a embarcação.
- É, não é hora pra isso! E por que quer ir junto? - Gregor, irritado, respondeu, consolando a cunhada.
- Por que pode ser que nem da outra vez! - Selena respondeu, agarrando a corda que prendia o barco.
- O que? Não, não vai ser que nem da outra vez! - Freddy rebateu.
- Eu sou o que eles querem! - Selena gritou, silenciando o trio, que não esperava uma reação tão vívida da mulher. - Talvez eu possa resolver isso... fazer uma coisa realmente certa... - Ela continuou, admirando os olhares atenciosos. - Eles não querem nada com uma bebê... nem podem... mas comigo... talvez eles deixem vocês em paz!
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Pelo barco silencioso, que nunca tinha conhecido tamanha tensão, o quarteto navegava sob as águas mais sujas do pântano. O Lago das agulhas, como era conhecido, era uma das várias paisagens que faziam parte de todo aquele território debaixo da cúpula. Porém, a única coisa que o diferenciava, que tornava aquela lugar tão inóspito, era que ele não pertencia às vastas terras dos Frantzers, e sim as piores criaturas de lá, os jacarés, muito irritados com as mudanças em seu lar.
- Cuidado, Gregor... - Freddy disse, ajudando o irmão a guiar o barco.
- Lá está! - Selena sussurrou, observando uma construção nova ocupando as margens de uma ilha.
A chegada ao ponto de encontro foi assustadora, apesar da ausência completa de alguém. Esmagados pelo constante risco de suas presenças, o quarteto não demorou a desbravar as trilhas de pedras pontiagudas que se revelava como indicador da direção a se seguir.
- Acho que chegamos... - Freddy comentou, ajudando Rosa a atravessar a última parte do percurso.
- Acho que estamos sozinhos... - Gregor comentou, admirando a gigantesca tenda branca que destacava nas cores tão terrosas da região .
- Olá, meus visitantes! - Uma voz ecoou por um solitário megafone. - Entrem! Não percam tempo...
- Vamos todos entrar... É tão perigoso aqui fora, quanto lá dentro... - Gregor comentou.
A entrada na tenda foi sutil e por um longo e largo corredor, todos se viam obrigados a seguir um único caminho. Aglomerados e assustados eles percorriam um trajeto que parecia não ter fim.
- Pandora! - Rosa gritou ao notar as vestimentas da bebê no que se mostraria como o fim do passeio. Como os ventos daquele dia, ela voou na direção da filha. - Ah! - A mulher grunhiu ao se chocar com uma divisória espessa de vidro.
- Rosa, você tá bem? - Gregor, que correu atrás da cunhada, perguntou.
- Tenha calma! - Freddy disse, ajudando a mulher a se levantar.
- Parece uma sala de contensão... - Selena, a última a chegar, comentou, notando a barreira, a única coisa que mantinha o grupo longe de seu prêmio.
- Você realmente é muito esperta! - Doze surgiu pelo outro lado do vidro, carregando Pandora, que chorava. - Não é atoa que o líder quer tanto você!
- Olha cara, o que quer você queria, deixa ela ir! - Selena disse, pressionando o vidro.
- E por que você acha que você seria uma opção? - Doze perguntou.
- Então leva eu, ou qualquer um de nós, qualquer coisa! - Gregor respondeu.
- Nah, não acho interessante o que vocês tem a me dar! - Doze respondeu.
- O quê?! - Selena perguntou, assustada.
- Vocês não tem nada aí dentro de vocês?! Vocês estão com uma criança! Minha filha! - Rosa gritou. - Devolve ela!
- É, eu sei... por isso eu a peguei... Nunca é cedo de mais pra buscar o renascimento! Imagine... um novo membro para a nossa organização! Que vai crescer seguindo os nossos princípios! - Doze respondeu. - E ela só precisa de um beijo pra isso!
- Que merda você tá falando?! Não pode fazer isso com uma criança! Ela não sobreviveria a isso! - Selena disse, pressionando ainda mais o vidro.
- Ah, mas isso nós vamos ver! Vai depender do Divino! - Doze respondeu.
- Se afastem! - Freddy anunciou, apontando uma arma para a barreira.
- Não, não, não! Esse vidro é muito mais forte que suas munições de papel! - Doze, calmo, respondeu. - Se você dar um tiro, eu vou tirar minha máscara! Então é melhor você se acalmar...
- Porra, cara, o que você quer? - Selena perguntou. - Eu tô com soro aqui! - Ela continuou, tirando o frasco da cura do bolso.
- Selena, espera! - Gregor gritou.
- Por que eu ia querer uma coisa tão trivial? - Doze perguntou.
- Hã?! - Selena perguntou, confusa.
- Sabe o que eu sempre te achei, “portadora do elixir da vida?”? Sempre te achei superestimada! Como se você fosse a única resposta! - Doze explicou. - Foi assim quando viemos pra cá! Foi assim quando perdemos nossos amigos naquela inundação! E é assim quando eu estou diante de você! - O soldado continuou. - Quer saber o que eu quero? Além de entrar naquele trio? Eu quero fazer que todos vejam você não passa de nada! Conseguir provar isso para os outros, seria muito mais eficaz que conquistar essa porra toda!
- Então você quer provar isso? - Selena, sombria, perguntou. - Que tal uma troca? Você devolve ela para eles e eu entro aí... sem proteção... não teria como provar que sou tão fraca que eu me permitindo ser contaminada...
- Verdade... - Doze respondeu. - Pelo seu histórico... não teria humilhação melhor! Vamos preparar a negociação! - Ele respondeu, isolando os dois lados ao deixar a barreira fosca e sem som.
- Você tá maluca? - Gregor perguntou.
- Eu tenho que fazer isso! - Selena, movida por emoções que há muito tempo não sentia, respondeu.
- Deixa ela, Gregor... - Freddy comentou.
- Não, por que?! - Gregor perguntou, agitado.
- Por que esse cara é maluco! Ele não obedece as leis de nada, nem do tal líder dele! - Selena respondeu. - Não posso arriscar com isso!
- Não, você não tem! Se esse cara é maluco, o que vai garantir que ele vai cumprir o trato? - Gregor questionou, mais certo do que nunca de seus instintos.
- Gregor... - Freddy disse, tentando conter o irmão.
- Não, Freddy! Nós viemos aqui para nos juntar de novo.... Do que vai adiantar se alguém ficar pra trás? - Gregor respondeu.
- Eu não sei, Gregor! Mas não posso deixar a Pandora lá! Não sabendo que eu posso resolver isso... - Selena respondeu. - Hã, o que tá acontecendo? - Ela disse, notando que a sala perdia a iluminação.
- Fiquem juntos! - Freddy ordenou, enquanto o quarteto era cercado pela escuridão.
- Ei! - Selena grunhiu.
- Gregor, se prepara, se esse vidro abrir, temos que pular pra dentro dele... - Freddy comentou aos pés do ouvido do irmão.
- Hã... o que é isso? - Selena disse a si mesma, percebendo uma brisa de ar gelado soprar por uma abertura quase escondida, coisa que tinha passado completamente despercebido. - É uma ventilação... deve estar refrigerando ali dentro...
- Rosa, eu sei que pode ser difícil, mas caso nós entremos lá, precisamos que você seja rápida em procurar sua filha! - Freddy disse.
- Faço tudo por ela! - Rosa, reprimindo a tristeza, respondeu. - Selena, volta aqui, onde você vai?
- Selena! - Os irmãos e Rosa gritaram, notando que a mulher tinha fugido da aglomeração.
- Tem alguma coisa aqui! Uma ventilação... - Selena respondeu. - Acho que isso leva lá pra dentro! Eu preciso de ajuda pra subir!
- Eu vou! - Gregor respondeu, saindo também da aglomeração.
- Vocês dois, voltem aqui! - Freddy, esperando o grande momento, gritou.
- Eu não posso perder tempo! - Selena respondeu, subindo nas costas de Gregor. - Entrei!
- Pega isso! - Gregor disse, entregando um pequeno revolver.
- O que eu vou fazer com isso?! - Selena perguntou, se espremendo na passagem.
- É um revolver, Selena, você atira! - Gregor respondeu.
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Pela curta tubulação, Selena experimentava uma sensação mais tensa que agonia de se movimentar por um ambiente tão perigoso. Se arrastando por um lugar tão estreito quanto gelado, a mulher era esmagada por um turbilhão de novos sentimentos, que já muito tempo ela não se lembrava e a aqueciam como uma camada extra de roupas. “Por que caralhos eu estou aqui?!”, Selena se perguntava, incapaz, por forças maiores, de retroceder.
- Finalmente! - Selena sussurrou, saindo. - Parece que eles estão em economia de energia... Por isso aqui tá tão escuro... eu tenho que muuuito cuidado agora..
No armazém escuro que tinha desembocado, Selena prosseguiu tão sutil quanto já era. De dentro do território inimigo, onde muitos perigos além de ser morta existiam, ela pode aprender mais sobre seus oponentes.
- Aqueles malditos jacarés comeram os cabos de novo! - Um contaminado comentou, não percebendo que uma mulher se escondia debaixo de uma mesa por onde caminhava. - Esse é, literalmente, o pior lugar pra estar! Onde aquela vaca da Dez estava com a cabeça quando decidiu colocar um acampamento aqui?
- Eu não sei, só sei que quando agente resolver aqui, eu vou por fogo nesse lugar! - Uma contaminada respondeu, ajeitando o traje de proteção improvisado.
“E tenho que ser rápida! Logo vão sentir a minha falta... ”, Selena pensou.
Tão sutil quanto antes, Selena chegou ao seu destino, atraída por um forte cheiro de talco de bebê. Da única sala aquecida em meio ao inverno de dentro da tenda, boas notícias finalmente chegavam.
- Pandora! - Selena disse, admirando a bebê através de uma encubadora. - Ah, graças, você parece bem! Não te fizeram nada!
- Oh, você veio mais cedo! - Doze comentou ao entrar na sala. - Bom pra mim!
- Ah, não! - Selena respondeu, apertando aleatoriamente o gatilho da arma que lhe foi entregue.
*TAMM!!!*, a arma fez, derrubando o alvo.
- Merda! Merda! - Selena, tremendo, disse, tirando Pandora da encubadora e deixando a sala. - Ah, meu céus, eu matei alguém! Eu matei alguém! E agora eu tenho um bebê
- Ei! - Um contaminado gritou, alarmando a todos sobre a queda do líder e sobre a invasão.
Agora pouco sutil, Selena não poupou esforços na fuga. Entre caminhadas e tiros aleatórios, ela abriu seu caminho até a saída, certa de que jamais teria outra experiência como aquela.
- Gente! - Selena disse, entregando Pandora pela minuscula abertura que tinha entrado.
- Pandora! - Rosa, disse, correndo para resgatar a filha.
- Eu preciso de uma ajudinha aqui! - Selena disse, sentido que o tronco tinha ficado preso.
- Licença! - Gregor e Freddy disseram, tomando as rédeas da situação.
- Puxa! - Gregor gritou, enquanto ele e o irmão puxavam cada braço da mulher. - É muito forte!
- Ai! Eles estão me puxando pelo outro lado! - Selena gritou, agonizando pelas múltiplas forças tensionando seu corpo.
- Força! - Freddy respondeu.
- Ah! - Selena gritou, caindo sobre Freddy.
- Eles estão abrindo o vidro! - Rosa disse, notando que a passagem se abria para um perigo ainda maior.
- Vamos sair daqui! - Freddy ordenou, enquanto Gregor ajudava Selena a se levantar.
O quinteto, agora, não tinha mais motivos a temer e furiosos, eles atravessaram o corredor certos de que mais conflitos ainda viriam a acontecer. Antes mesmo do final do percurso as armas se aprontaram e o tiroteio começou.
- Cadê sua arma, Selena? - Freddy perguntou.
- Aqui! - Selena respondeu, jogando o revolver.
- Você acabou com a munição? - Freddy perguntou.
- Ah, sei lá! - Selena respondeu.
- Como você fez isso?! Essa arma estava cheia! Pronta pra um tiroteio - Freddy respondeu.
- A saída! - Gregor gritou, empurrando os portões que guardavam o lugar.
Saindo da tenda, o perigo aumentava.
- Vocês duas continuem pela trilha, eu e Gregor vamos cuidar da retaguarda! - Freddy respondeu. - Não cheguem perto de nada com água que não seja o lago e o rio!
- É! Se estivermos certos, logo as coisas vão ficar mais difíceis! - Gregor completou.
Pela trilha, gritos e tiros atravessavam as árvores acinzentadas. Cautelosos, os Frantzers se mantinham atentos aos dois perigos da situação.
- Eles são mais poucos do que pensávamos! Eu derrubei dois e você, quatro! Parecem ter quinze agora! - Gregor comentou, enquanto grupo parava pra recarregar.
- Eu sei, mas temos que continuar! Se for como é, logo, logo esse lugar vai estar cheio de jacarés! - Freddy respondeu.
Tão rápido quanto antes o grupo chegou às margens, já acompanhado de uma gigantes plateia de dentes furiosos.
- Ah, merda! - Selena comentou, notando as várias bocas abertas.
- Subam logo, nós vamos atrasá-los! - Gregor disse.
- Atrasá-los pra quê?! - Selena perguntou, embarcando.
O resto dos contaminados logo chegou e satisfeitos de deixar seu tão horrível acampamento, agora eles se viam arrependidos, visto que agora eles eram minoria, e presas.
- Pra aquilo! - Gregor respondeu, observando o primeiro ataque. - Temos que sair daqui! Agora!
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Quando o Sol já dava espaço à escura noite, o dia dava últimos suspiros antes de descansar. No entanto, para aquela singular vez, ele não se permitiu uma calma transição, como sempre fazia antes e depois da cúpula. Em mais uma de suas dádivas, dessa vez merecida, do horizonte se via uma aproximação quase irreal e Casa amarela ganhava um motivo a mais para comemorar. Dos seus vários píeres, uma frota de barcos grandes e luxuosos vinham completar a resistência.
- Olá, Ronald, é muito bom ver você de novo... - Donibel disse, sendo o primeiro a cumprimentar os recém chegados, ainda embaraçados com a repentina mudança de suas vidas e princípios.
- É bom voltar a Casa amarela...- Ronald comentou, imediatamente autorizando que sua família desembarcasse.
- É, fazem quase 40 anos! - Sabrina respondeu.
- Eu sei... sinto muito pela demora... - Ronald, tomado pela nostalgia de voltar a um lugar tão cheio de história, respondeu.
- Bem, antes tarde do que nunca! - Sabrina, também tomada pela nostalgia, comentou. - Mas ainda assim é bom ver vocês... Não tinha hora melhor pra vocês chegarem!
- Digo o mesmo... vocês sempre foram bons em manter as coisas em ordem! Inclusive lutar! - Ronald respondeu, admirando ao fundo seu pessoal descarregar as coisas.
- E você também! Sempre teve o melhor gancho de direita! - Donibel respondeu.
- É, somos todos muito bons! - Sabrina respondeu.
De repente, num curto segundo entre os sorrisos do trio, o tempo retrocedia décadas, revelando um encontro. Há quase 50 anos atrás, os três jovens, que representavam cada um dos três filhos de Kristen, se reuniam depois de dias sob o céu avermelhado de bombas e tiros da Guerra de Ferro. Felizes de reencontrar com mísero pedaço da família, em meio ao caos da destruição de tantas outras, e vivos para lutar mais batalhas, eles prometiam jamais abandonar a formação. Agora, 50 anos depois, os três representantes, um filho de Aurora, um filho de Joffrey e um filho de Odin, se juntavam para repetir o feito, certos de que apesar de tudo, tinham cumprido a promessa.
- Queridos! - Kristen gritou, se apressando para receber os netos.
- Vó Kristen! - Os filhos de Odin abraçaram a senhora.
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Olá, leitores em Marte! Se vocês me seguem lá no Instagram, já devem ter visto que postei qual será a minha TBR de julho. A ideia é que esse tipo de post saísse sempre no primeiro dia do mês, quiçá no último do anterior, mas acabei atrasando uns dias porque demorei para ter esse tempo de leitura. A verdade é que eu já estava quase certa do que leria, inclusive, estava muito empolgada porque “Orgulho e Preconceito” estava na meta, seguindo com o meu desafio de ler mais da Jane Austen na ordem indicada pela Paola do Livros e Fuxicos, mas acabei mudando os planos de última hora.
Eu estava de boa no meu Goodreads, adicionando “Sem Honra” da Letícia como minha leitura atual, quando me dei conta do número de livros que comecei e não terminei ainda – nem todos pelo mesmo motivo. Isso me fez ver que se eu continuar adicionando livros que nunca li nas minhas TBR’s, mais e mais vou deixando esses livros para trás e quando for ver, terão muitas leituras boas, que gostei bastante conforme lia, mas que ficaram esquecidas sem necessidade.
Então, para julho, o mês do meu aniversário, vou ler “Sem Honra”. Um livro que comecei pelo Wattpad, mas não cheguei a concluir, esperando ir para a Amazon, e que estou gostando muito! Eu comecei a leitura dele ontem, então é 100% desse mês. E quando terminar, vou ir aos poucos retomando os que ficaram parados, mas que estava gostando.
Como disse no Insta, não mostrei lá quais são porque não quero que todos fiquem como metas de leituras para finalizar em julho. Eles são livros que tenho como opção para retomar após o anterior, mas qual pegarei ou em que ordem e se serão todos ou só alguns desses que vou terminar, isso descobriremos com o tempo. Se faltar algum – o que é bem possível que aconteça –, sempre tenho o próximo mês e o próximo e por aí vai. Acredito que se eu forçar demais, isso vai deixar de ser prazeroso para virar uma obrigação que não quero ter.
E nem devia.
Agora vamos falar quais são essas opções?
1. “Lingerie” (Intrometidos #1) de Clyra Alves;
Vamos falar da primeira leitura dessa lista que deixei de lado? Essa é a primeira também em que a razão foi medo de sofrer. Sim, eu dei prioridade a outra história e acabei não voltando para evitar a situação que sempre vem, onde o casal protagonista tem uma briga daquelas e se separa por alguma razão. A daqui não tarda a vocês descobrirem – na real está na própria sinopse, praticamente –, mas a nossa protagonista, por outro lado, nem desconfia e chegando quase na metade do livro dei essa pausa que perdura até hoje. A lembrança que tenho mais recente é de estar em um capítulo na visão do Cesar e temer que a Dani ficasse sabendo de tudo ali ou que qualquer problema surgisse e aí fiz o que fiz e agora preciso retomar essa leitura para já! 2. “As Pernas da Cobra” (A Teoria Triangular do Amor #1) de Clary Avelino;
Esse livro é o mesmo motivo do anterior, só que mil vezes pior, porque pausei a leitura porque cometi o erro de ler umas páginas à frente de onde estava e descobri algo que acontece com os protagonistas que vai muito além do que eu sequer imaginava que a Clary traria para esse livro quando comecei. Na verdade, toda a parte que li dele foi uma surpresa grande de plots, mas uma surpresa boa, aí veio esse spoiler que vi e é uma coisa que eu não estava preparada para ler naquele momento e por isso fui esperando até estar, mas esse dia nunca chegou. Quem já leu e sacou do que eu tô falando vai entender minhas razões.
3. “Collide – O Início” de Allie Próvier;
Já sobre esse livro... Eu parei bem no finalzinho, mas em minha defesa, foi porque eu já queria concluir e pegar a continuação, para não sofrer por muito tempo com o final, né. Mas aí tive um período em que separava tempo para tudo, menos para ler, aí pegava o que fosse mais fácil de lidar – ou seja, o que não tinha continuações e o final feliz era garantido. Mas “Collide” é uma leitura muito boa, assim como tudo que a Allie escreve, e é por isso que eu preciso concluir urgentemente. Só não digo que será a primeira que pego porque, bem, a intenção ainda é terminar e já ir correndo ler o próximo!
4. “Terceiro Tempo” de Bruna Fontes;
Acho que de todos, esse é o que tô há mais tempo para terminar, desde a época em que estava no Wattpad. Não me levem a mal, eu amo esse livro e tudo o que vem da Brubs, mas a segunda temporada, que seria como o segundo livro – “Terceiro Tempo” é dividido em três temporadas, por isso o tanto de páginas –, é a que a gente mais sofre. Desde os tempos do Wattpad leio sobre isso e desde aquela época fico arrumando novas leituras só para adiar essa, só para não sofrer tanto, mas eu quero muito finalizar esse livro, saber como foi esse período que ainda não acompanhei para os moradores de Costa Malva, então pretendo retomar o mais breve possível!
5. “Beba Antes de Casar” de Victoria Gomes;
Esse livro não lembro se foi um dos meus achados nas várias buscas que faço por livros disponíveis no Kindle Unlimited ou uma indicação que achei pelo Instagram, mas de qualquer forma, é um que curti bastante conforme lia. Ele trata de relacionamento abusivo e por mais que seja um tema delicado, não me fez enrolar na leitura, até pela presença do Calebe sendo um protagonista que balanceava a situação, sendo ele, sim, um bom parceiro para a Rebecca. Mas o problema é que chegou numa cena em que, novamente, eu sofreria pelo shipp e como sempre, lá fui eu, Isabelle, pausar mais uma leitura porque não queria ter que ler tudo de uma vez até ficar tudo bem, mas também não queria ler só um pouco e pegar só a parte onde tá tudo errado. Mas uma hora a gente precisa superar isso, né?
6. “Inimigos dos Noivos” de Bruna Madrid;
Na penúltima opção de retomada de leitura, tem esse livro que eu só me meti de ler porque acompanhava pelo Wattpad e fiquei super empolgada em ver que estava na Amazon, então inventei um desafio me propondo a reler livros que lia por lá e estão na plataforma, mas sabe de uma coisa? Não deu certo, claro. O único livro que peguei para ler desse desafio, de fato, não me causou as mesmas sensações de quando li pela primeira vez. Ele é ótimo, eu gosto, mas não teve aquele frenesi de antes e por isso fui deixando de lado.
7. “Uma Dama Irresistível” de Karen Santos;
E por fim, o livro da TBR do mês passado. Eu tinha certeza que concluiria ele em junho, mas aí fui me enfiar em uma LC, crente que não daria problema em passar para julho porque teria mais tempo para ler, até descobrir que não reparei nas datas de LC, onde o debate aconteceu dia sim, dia não. O resultado vocês já sabem, né? Me enrolei, não consegui acompanhar e por fim, vou concluir por mim mesma, só não sei quando...
É bem provável que as primeiras leituras que eu retome aqui sejam de “Uma Dama Irresistível” e “As Pernas da Cobra”. Um por ser o último que li e o outro por ter em físico – a espera por ele chegar aqui em casa, inclusive, foi uma das desculpas que me dei para adiar a leitura.
Mas e vocês, o que estão lendo? E já sabem o que pretendem ler em seguida?
Beijos e nos vemos (lendo) em Marte!
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Excerto do livro HOMENS TRABALHANDO, que faz parte de uma série denominada JORNADA, na qual o autor relata a caminhada de um rapaz desde o seu começo como operário de obras, até à sua formatura na universidade. Toda vez que eu me embriagava na noite anterior, nem tentava disfarçar os sinais da bebedeira, de manhã. Eu não conseguia rir. Não agüentava ficar sem um encosto qualquer e jamais olhava para a frente. Só para o chão. A maior vítima de tudo isso era o trabalho. O rendimento ia a zero. A toda hora eu parava pra descansar e, quando tinha certeza de que o Puxa-Saco não apareceria no meu setor, sentava-me em uma lata de tinta, dobrava os braços sobre os joelhos, deitava a cabeça sobre os braços, e ficava horas a fio sem me mover. Quando era inevitável que fizesse qualquer coisa, eu procurava algum acontecimento bom da minha vida e o ficava relembrando durante o expediente, de modo a não me lembrar da obrigação do dia. Naquela manhã, eu tinha chegado arrasado à obra. Pensei: -- Vou ficar me lembrando, até mais não poder, da trepada mais gostosa que já dei até hoje! Ao chegar perto do guincho, Zé Maria perguntou: ---- Você bebeu ontem? ---- Enchi o rabo! ---- Tá se vendo! Cara com olheiras, bochechas inchadas e olhos injetados, avermelhados! Oh, ressaca! Ah, ah! Não achei graça. Fiquei parado por algum tempo, esperando que o guincho levasse o maior número possível de pessoal prédio acima. Quando a plataforma desceu para buscar a última leva de homens, respirei fundo e pensei: ---- Lá vou eu! Veio-me um enorme desânimo! A manhã estava sombria, o tempo, fechado. Ventava. Fazia frio. Eu não queria trabalhar. Eu queria era me deitar. Tomar uma copada de chá de boldo gelado. Encostar meu corpo nu no corpo fofo de Gracinha. Queria que ela me passasse as mãos nas costas, no rosto, na bunda. Queria que ela me apertasse entre as pernas. Queria que ela me esfregasse com força a xoxota! Queria sentir os cabelinhos macios da pererequinha de Gracinha esbarrando em minhas coxas! Comecei a me lembrar daquele fevereiro: Eu fora à Zona. Havia uma mulher parada, com os braços cruzados, encostada à porta de uma das muitas casas velhas e decadentes da vila. Era baixa, falsa-loura, meio coroa de olhos castanhos meigos. Estrias profundas sobre os lábios. Em volta dos olhos, mil e um pés de galinha. As pelancas já começavam a dar trabalho. Dentes amarelados postiços aparecendo por detrás dos lábios carnudos. Boca toda lambuzada de baton. Brincos de latão ou alu¬mínio. Vestido surrado vermelho. Sapatos também vermelhos, esfolados, bicudos, feios. ---- Quer dar uma trepada de noite inteira comigo, amorzinho? - perguntei. ---- Não posso, querido! - ela respondeu, educada - toda terça-feira um cara dorme comigo. Se pudesse eu ia mesmo! ---- Pois é, eu tô a fim de uma perereca! ---- Eu posso dar uma olhada pra ver se uma colega minha tá desocupada. Ela é bonitinha. Quer? ---- Quero! Ela desceu uma escada que dava pro subsolo da casa. Voltou dizendo que a colega estava no banho. Vinha já. ---- Tchau! - despediu-se. ---- Tchau! Quando coloquei o pé na plataforma, senti a mão de alguém em meu ombro direito. Olhei. Era Coquinho. ---- Zé Antônio tá chamano ocê lá no iscritório. ---- Pra quê? ---- Sei lá! Entrei no escritório e me sentei à frente do Puxa-Saco. ---- Júlio César? ---- Hein? ---- O que tá acontecendo aí na obra? ---- Hein? ---- Essas conversas que estão saindo aí? ---- Sei não. ---- Como não sabe?! Eu tô sabendo! ---- É? Mas eu não tô! ---- E não é só isto, não! ---- O que tem mais? ---- O Coquinho chegou aqui falando várias vezes que virou rotina de hora de almoço a peãozada meter a língua na sociedade! ---- Tô sabendo não! ---- Você sabe que o doutor Amorim é membro do Lions e do Rotary? ---- Eu não. Ele é membro dessas coisas chiques mesmo?! ---- É! ---- Nossa! ---- E o Coquinho disse que é sempre você quem começa dizendo:- vamos contar histórias, minha gente? ---- Esse cara é maluco, porra! ---- Ele não ia inventar uma coisa dessas! A conversa do Puxa-Saco já me incomodava. Voltei correndo pra lembrança da mulher. Fiquei sentado com a mão escorada no queixo, olhando pra cara do moço, e ele ficou falando sozinho. Apareceu a mulher. Era baixinha, magra, morena-clara, risonha. Cara chupada. Estava enrolada num roupão de banho. Os cabelos anelados, negros e molhados, caindo sobre parte de seu rosto não impediam que se notasse sua feiúra. Trepar com ela não era uma perspectiva das mais animadoras, mas, como estava com fome, decidi-me por ir com ela. ---- Você é o cara de quem minha colega falou? ---- Eu mesmo! ---- Vem comigo! Descemos a escada. Ela abriu a porta do quarto. Entramos. O cômodo era pequeno. O teto já fora branco. Estava encardido e mofado. As paredes eram pintadas de verde-claro e estavam desbotadas e úmidas. Uma cama de casal calçada com tijolos, uma cômoda caindo aos pedaços com um espelho manchado e um abajur velho eram as únicas mobílias. Sentei-me por um momento na cama forrada com um lençol encardido. A mulher tirou o roupão. Os peitos eram pequenos, durinhos. As pernas lisissímas, e a penugem da boceta, exuberante. Sentou-se ao meu lado esquerdo, enfiando a mão direita entre meu braço e minha perna. Comecei, lentamente, a desfazer os nós dos sapatos. ---- Há quanto tempo você mora aqui na cidade mesmo, Júlio César? - acordei com o Puxa-Saco perguntando. ---- Cinco anos, já disse. ---- Veio da roça, lógico! ---- Da zona metalúrgica. ---- Hã... perto da capital!? ---- Isso! ---- Então, não conhece direito o sistema desta cidade? Eu quase gritei: --- NÃO ME ENCHE O SACO, PORRA!, mas me contive. ---- Que sistema? Depois de tirar os sapatos e as meias, fiquei de pé e despi as roupas. Estiquei-me de barriga pra cima sobre a cama. A mulher se esticou ao meu lado. ---- Quanto você vai me dar pra ficar comigo? ---- Não se preocupe! ---- Às vezes, alguns homens descem pro quarto comigo, trepam comigo, não tratam preço, exigem que eu chupe o pau deles, exigem que eu rebole na ponta do peru deles, comem minha bunda, regaçam minha perereca, fazem até calos em minha xoxota, gozam a mil, não me pagam, ainda ameaçam me bater se eu reclamar, vão embora, e eu fico na pior, cara. Isso é sacanagem! Eu preciso de grana, porra! ---- Não se preocupe! ---- Agora, por exemplo, eu tô morrendo de fome e não tenho um tostão! Levantei-me da cama, tirei algumas notas da carteira, enfiei - lhe nas mãos: ---- Compre o que quiser comer no bar aí em cima. Traga - me três cervejas e uma garrafa de vinho. A mulher vestiu o roupão, subiu a escada, e sumiu. ---- Esta é uma cidade antiga, Júlio César. O pessoal não tá acostumado com determinadas coisas! - o Puxa-Saco continuou. ---- Você está falando de que, afinal? ---- A respeito de que!? Dessas críticas que estão saindo na obra! Em voz alta! E só com nomes de pessoas da sociedade! ---- Que sociedade, cara? ---- As pessoas importantes! ---- Huumm...! O meu saco já estava arrastando lá no chão. Logo antes do almoço, aquela bosta vinha me encher a paciência! Era dose! ---- Zé Antônio - eu disse - tudo que eu faço dentro da obra ou fora dela está dentro da constituição. São atos legais. Além disso, a liberdade de expressão é garantida na Declaração Universal dos Direitos do Homem. ---- Ah, é? Pode até ser, mas o doutor não gosta! E ele não gostará de saber que isto acontece aqui dentro da obra! E o pessoal da cidade, o povo mais antigo, persegue as pessoas que tenham tendências e opiniões contrárias às suas, principalmente políticas! ---- Foda-se! Tá escrito na constituição! ---- Júlio César, posso lhe contar uma história? ---- Real? ---- É! ---- Não! Não me interessa! ---- Mas eu vou contar assim mesmo! ---- Oh, saco! Pouco depois, a mulher voltou. Em uma das mãos, trazia uma sacola com as cervejas e o vinho. Na outra, trazia um pedaço de frango, que mastigava. ---- Quer dar uma dentada? ---- Não. ---- Bobo! Colocou a sacola no chão, segurou o frango nos dentes, abriu o vinho e uma cerveja. Pôs cerveja em dois copos e vinho em apenas um. Depois, recomeçou a mastigar o frango, tirou o roupão, e se esticou outra vez ao meu lado. ---- Como é seu nome? - perguntou. ---- Júlio César. ---- O meu é Gracinha. Gracinha ficou olhando fixamente pra mim, depois se pôs a alisar a minha cara, enquanto eu permanecia deitado, de barriga pra cima. Às vezes, eu me levantava levemente e dava uma golada nas bebidas. ---- Você é bonito, sabia? ---- Acha? ---- Acho! Tomamos uma cerveja. ---- Você é de onde? – perguntei. ---- Deixissopralá! ---- Garanto que é da cidade, mesmo! ---- Deixissopralá! As putas não gostam de dizer de onde são: se fizerem cagadas – e elas são mestres em fazê-las! – desaparecem e fica muito difícil de serem encontradas. Gracinha acabou de comer o frango, deu uma lambida nas pontas dos dedos, e os enxugou na ponta do lençol. Depois, começou a me passar a mão pela barriga, pelas coxas, pelas pernas. Meu pau endureceu. ---- Apareceu aqui uma vez um rapaz... ---- Aqui onde? ---- Na cidade. Apareceu aqui e trabalhou aqui e estudou. Ele tinha as mesmas idéias suas. O que o sujeito sabia de minhas idéias, porra?! ---- Estudou na universidade? ---- Isso! E vivia criticando a sociedade: fulano é isso, sicrano é aquilo, beltrano é assim... ---- Mas pode! Tá na constituição! ---- ... criticava o pessoal que ia à reunião do Lions... ---- ... e a constituição? ---- ... o pessoal que ia à reunião do Rotary... ---- ... e a constituição? ---- ... os doutores... ---- ... e a constituição? ---- ... os professores... ---- ... e a constituição? O Puxa-Saco ficou exasperado! Encheu a boca de ar, suas bochechas inflaram enormemente, ficando como as de Dizzy Gillespie ao tocar seu trompete de campana virada pra cima, e ficou vermelho (até onde sua creoulice permitia), me olhando fixamente. Depois, começou, lentamente, a soltar o ar da boca, e suas bochechas gilllespianas começaram a desinflar. Eu fiquei olhando praquele otário, a mão escorando o queixo, indiferente. ---- Vamos começar? - Gracinha perguntou. ---- Vamos. Você por baixo ou por cima, primeiro? ---- Por baixo. Gracinha se deitou de costas e abriu as pernas. A mulher me pegou no meio das coxas. Passava os membros lisos, lisos, entre¬laçados em volta de meu tórax, para cima e para baixo. A gente se amava. ---- Ai, Júlio César, sua pica é gostosa demais! Ai! - gemia ela, nos meus ouvidos. Nós trocamos beijinhos, de olhos fechados, na penumbra do quarto. Só o abajur estava aceso. Quando eu a pe¬netrava, ela firmava a sola dos pés sobre o colchão e levantava o corpo. Trazia a boceta para encontrar o meu pau. Nós ficamos nos socando até que eu a empurrei com força sobre a cama. Ela gozou e gemeu. Me apertou com mais força ainda. Me passou vagarosamente a mão pela nuca. Eu desfaleci em cima dela. Fiquei exausto, com os dois braços estendidos ao longo de sua cabeça. Ficamos, depois, dei¬tados em silêncio. Ela fumou um cigarro. Fiquei de barriga pra cima e de olhos fechados. Lá de fora, vinha o barulho do vento soprando as folhas das bananeiras, do farfalhar das folhas das bananeiras, das águas do rio que passava logo atrás da casa se chocando contra as pedras do leito. Após algum tempo de descanso, recomeçamos. Eu disse recomeçamos; na verdade, foi Gracinha quem o fez. Ela ficou de lado na cama. Eu continuei de olhos fechados. Ela, então, começou a me alisar o rosto. Mordiscou-me a ponta do nariz. Foi descendo com as mãos pelo meu peito, enfiou o dedo indicador no meu umbigo. Abri os olhos. Seus peitos estavam na altura de minha boca. Apertei-os com carinho. Mordi-lhes os bicos com os lábios pra não doer. Gracinha continuava me passando a mão. Outra vez, meu pau endureceu. Gracinha o segurou, ficou olhando em silêncio pra ele por um momento, depois, disse: ---- Hummm, grande! Ela se levantou, agachou-se sobre o meu corpo, dirigiu meu peru pra sua xoxota e abaixou o corpo. Eu fiquei com¬pletamente desperto. Coloquei um travesseiro sob a cabeça, entrela¬cei minhas mãos às suas, cruzei as pernas para que ela encaixasse melhor seu corpo. Ela, então, começou a se abaixar e a se levantar em cima de mim. ---- Mexe, bem! - pediu-me ela. Eu repeti o que ela havia feito na vez anterior. Quando ela se levantava, eu a acompanhava com o corpo e a aparava no ar quando descia. Ela insistia. Eu abaixava, ela acompanhava. Me es¬premia sobre a cama. Eu remexia dentro dela, ela gemia, dobrava o corpo sobre mim e dizia: ---- Chupa meus peitos! Eu lhe soltei as mãos. Comecei a lhe acariciar o rosto, a região sob as orelhas. Gracinha debruçou o corpo sobre mim, me deu uma mordida no peito. Eu a abracei, carinhoso. Ela ficou quieta por um longo tempo. Depois, caiu de lado e cochilou. Pouco mais tarde, nós acabamos de tomar as cervejas. Eu tomei o vinho sozinho, porque ela não quis. As bebidas nos deixaram bastante bêbados. O cansaço favoreceu. Apaguei a luz do abajur, dei um último beijo em Gracinha. Adormecemos. O Puxa-Saco se acalmou e continuou: ---- Então, entrou um prefeito na prefeitura. Sabe o que ele fez? ---- Não! E nem me interessa! ---- Pois ele proibiu o povo da cidade de conversar com o rapaz! ---- O QUÊ? - eu verdadeiramente me interessei pela conversa do Puxa-Saco - é mentira isso! ---- É verdade! ---- É mentira! ---- É verdade! E proibiu o povo de dar serviço pro cara! ---- Ele trabalhava de quê? ---- Sei lá! O prefeito queria fazer ele sair da cidade! ---- Mas isso não existe! ---- Como não existe? Aconteceu aqui! ---- Como foi o nome dessa punição? ---- Isolamento! O rapaz foi isolado socialmente! ---- Mas num regime democrático isto não existe! ---- Existe! Pois se todo mundo isolou o rapaz! Dizem que ele entrava em bares, conversava com alguém, mesmo com o dono, ninguém respondia! ---- Meu Deus! - eu exclamei - e a constituição? ---- ... entrava no alojamento da universidade, se dirigia a alguém, algum colega... ninguém respondia... ---- ... e a constituição? ---- ... entrava na biblioteca da universidade, pedia algum livro... os funcionários o ignoravam completamente! ---- ... e a constituição? ---- ... e ele ia ao departamento do curso que fazia, falava com os professores, os sujeitos abaixavam as cabeças... e não respondi¬am! ---- O quê?! Mas é um absurdo! A função das universidades é transmitir conhecimento e desenvolver o senso crítico nos alunos! ---- Não, senhor! Nas univeresidades, as pessoas aprendem a ler a a escrever corretamente e a se sujeitar às imposições e às convenções da sociedade! Elas devem ficar boazinhas e amáveis! ---- Nossa! Mas isso não pode! Quanto mais se estuda, mais indepen¬dente se fica! O moreno ergueu o dedo indicador direito e, com ar professoral, afirmou: ---- Nada disso! Quanto mais estudado, mais obediente, mais educado, mais sociável! Eu estava achando aquele papo realmente inacreditável! ---- Mas que bando de carneirinhos! E a constituição, cara, pra que ela foi votada? O Puxa-Saco ficou vermelho outra vez, encheu a boca de ar, as bochechas inflaram e, se levantando num salto, soltou o ar da boca, apoiou as duas mãos sobre o tampo da mesa, ergueu um pouco a bunda da cadeira, e berrou: ---- A CONSTITUIÇÃO É UM PEDAÇO DE PAPEL, PORRA! O QUE EXISTE É UMA HIERARQUIA QUE VOCÊ TEM DE APRENDER A OBEDECER! ---- E a Declaração Universal dos Direitos do Homem? ---- É OUTRA MERDA! Acordei de madrugada. Gracinha dormia. Achei-a bonita como um anjo. Não quis acordá-la, mas, como eu me movesse abruptamente na cama, ela despertou: ---- Tá pronto pra outra? ---- Mas foi bom assim? ---- Demais da conta! ---- Então, vamos! Transamos até o dia amanhecer. Quando saí da cama, achava difícil andar. Minha cabeça girava, meus músculos doíam, minhas pernas não davam firmeza, meu pau estava dormente. Eu sentia câimbras no corpo inteiro. Lavei minha boca de qualquer maneira. Gracinha, fazendo troça, falou que nunca mais ia lavar a sua, tão gostosos foram os beijos que trocamos. Dei-lhe um último beijinho e parti. Fiquei em silêncio, esperando que o eco da voz do crioulo se dissipasse dentro da casa velha. O Puxa-Saco estava deveras com raiva! Depois, eu disse: ---- Essa hierarquia a que você se refere é inconstitucional! O Puxa-Saco ficou olhando pra mim com cara-de-bosta. Eu fiquei olhando pra cara do Puxa-Saco com cara de não-tô-nem-aí. Então, depois de termos ficado alguns minutos nos analisando, eu lhe perguntei: ---- Escute, esse sujeito que inventou essa lei especial de isolamento pro rapaz era o prefeito da cidade, você disse? ---- ERA! - gritou ele. ---- Mas isso é ditadura, moço! O isolamento era um siste¬ma usado no comunismo da extinta União Soviética. Os dissidentes, os linguarudos, apodreciam nos campos gelados da Sibéria! (As coisas não apodrecem no gelo, mas, o bobo provavelmente nem sabia disso!) ---- NÃO INTERESSA! ELE ERA O PREFEITO! ---- Mas como o pessoal da cidade votou nele? Eu perguntei e fiquei encarando o Puxa-Saco. Ele ficou, durante algum tempo, olhando pra mim com cara-de-bosta. Eu fiquei olhando pra ele com cara-de-não-tô-nem-aí. ---- Como? - insisti. O Puxa-Saco, então, ficou sem graça e virou a cara-de-bosta pro lado da estante encostada na parede à sua direita e não me respondeu. Eu, então, me lembrei da reunião na garagem: a pressão! Era de praxe! Ficamos em silêncio por um instante. Por fim, eu disse: ---- Já tá quase na hora do almoço. Vou embora pra obra. Tem mais alguma coisa? Quando eu comecei a me levantar, o Puxa-Saco me disse, com raiva: ---- Júlio César, eu acho melhor você parar com estas histórias, esses deboches. Você tá incomodando - e muito! Caso contrário, vou ser obrigado a dizer ao doutor! Pense nisso! Eu encostei a cadeira à mesa, saí pela varanda, dei a volta à casa e peguei o guincho pro oitavo andar. Eu nunca mais vi Gracinha. Algum tempo depois, alguém me disse que ela saíra da Zona e se juntara com um velho grã-fino da periferia da cidade. E que ela passara as mãos nos pertences do velho e até o chapéu panamá legítimo que ele usava pra cobrir a careca tinha desaparecido. E que ela xuxara a perereca com tanta fúria no velho que ele entortara o esqueleto pra frente e pro lado e andava com dificuldade, arrastando os pés e trombando pelas paredes e estava com voz de taquara rachada, falando guinchando como um rato quica. E que, mesmo quando estava usando dentadura, a boca muchibenta do velho ficava chupada pra dentro, parecendo um cu de galinha.CurtirComentarCompartilharComentários
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Versos Eróticos
Esse era o 3º Encontro Estadual da Leituras Diversas. Um evento criado pelo meu clube do livro que acontecia todo ano no mês de Outubro. Como uma das Organizadoras, eu era responsável pelo cronograma e organização das coisas dentro do local para que ficasse visualmente atrativo para o público. Era um evento relativamente grande para algo tão “pequeno” como grupos de leitura, sendo assim era trabalhoso de se organizar e muito corrido para colocar tudo em ordem, mas ainda assim muito gratificante e divertido. Dava pra ver o prazer nos olhos das pessoas que frequentavam o evento, era algo indescritível e que não tinha preço. Compensava cada segundo gasto sendo detalhista e perfeccionista quanto às decorações, os lugares dos estandes, a organização das mesas com livros, a disposição dos equipamentos de som, a forma que os assentos eram organizados para o público sentar na hora das palestras e debates, etc. O evento estava sendo realizado em uma escola cujo a diretora nos permitia usa-la com liberdade pra fazer qualquer decoração ou utilizar quaisquer objetos ou ambientes, desde que a entregássemos limpa e arrumada do jeito que pegamos.
Nós começávamos a arrumar a escola as 19:00 de sexta-feira fazendo a parávamos por volta de 00:00 para iniciar novamente às 7:00 horas de sábado, tudo para que 9:30 o evento estivesse pronto para receber o público. O evento durava o dia todo e parte da noite, tendo sua finalização ás 22:00, fechávamos tudo e íamos para casa descansar retornando no Domingo depois do almoço para arrumar tudo e colocar as coisas no lugar onde estavam. E levava o dia todo pois a bagunça que ficava após o evento não era pouca. Essa foi a estratégia dos anos anteriores e seria a mesma desse ano. Tudo era muito cansativo mas valia o esforço.
Cátia era minha amiga e uma das organizadoras do evento assim como eu, a função pela qual ela ficava responsável era o recrutamento de pessoas interessadas para ajudar no evento. Dentre as pessoas que ela chamou estava a prima dela chamada Sarah. Que morava em outro estado mas ia passar alguns dias na casa de Cátia, fomos apresentadas naquele momento, pois nunca tinha ouvido falar nessa prima dela. Fiquei animada de Cátia ter me cedido a prima dela pra me ajudar pois era muito difícil ficar responsável pela organização sozinha e como era a parte mais trabalhosa era difícil achar alguém que ajudasse de boa vontade. A Sarah se mostrou muito atenciosa para ajudar embora parecesse tímida e na dela, provavelmente por não nos conhecermos muito bem ainda.
- Você faz parte de algum grupo de leituras ou é a sua primeira experiência desse tipo? Perguntei pra puxar assunto
- Eu leio bastante, mas nunca participei de nenhum grupo ou coisa do tipo. Eu gosto de ir nas feiras de livros que tem uma vez por mês lá perto de onde eu moro.
- Nossa, que bacana! E o que você mais gosta de ler?
- Leio de tudo, mas gosto principalmente de romances com suspense. Na verdade foi o meu gosto por leitura que fez minha prima me chamar pra eu vir ajudar e conhecer o evento, então eu vim.
- Que ótimo, eu também gosto muito de livros com suspense. E fico muito feliz da Cátia ter te chamado, é muito bom te ter aqui pra me ajudar.
- Obrigada! Ela respondeu desviando o olho com um sorriso tímido.
Eu não consigo explicar exatamente o que era, mas algo no olhar da Sarah me intrigou bastante. E não foi num sentido ruim, mas no sentido que me deixou extremamente curiosa sobra ela e querendo conhece-la ainda mais. Daquele momento em diante estava decidida de que ia fazê-la se enturmar não importando o que precisasse ser feito para isso.
Sarah foi muito útil durante toda a organização, ela era dedicada, atenciosa, sempre prestando atenção ao que eu lhe pedia e fazendo com cuidado e capricho. Se ela estava fazendo com tanto capricho algo pelo qual não estava sendo paga fiquei me perguntando o quanto ela era caprichosa em atividades remuneradas. A medida em que foi me ajudando fui conversando com ela e falando algumas bobagens brincando com ela de forma que ela saísse um pouco da sua zona de conforto na timidez mas nada que fosse ofensivo ou “pra frente” demais. E estava dando certo, aos poucos ela estava se soltando e se sentindo mais à vontade.
Depois de um trabalho árduo estávamos na hora de irmos embora para que conseguíssemos estar de pé cedo para voltar ao trabalho às 7H do dia seguinte. Saímos todos juntos e peguei uma carona com Cátia para casa, me despedi dela e de Sarah, depois de comer algo e tomar um banho fui direto pra cama exausta.
Chegando na escola no dia seguinte ainda um pouco sonolenta por não ter tido tanto tempo para descansar cumprimentei todos e por último vi Cátia junto à Sarah e fui em direção às duas para cumprimenta-las também, dei um abraço na Cátia primeiro e logo em seguida. Antes que eu fosse em sua direção ela veio e me abraçou com um abraço apertado, fiquei surpresa pela sua forma de agir:
- Conseguiu descansar bastante? Perguntou ela depois de terminar de me abraçar me abraçar e ficar me olhando nos olhos enquanto segurava minhas mãos.
- O bastante pra trabalharmos firme hoje para fazer tudo funcionar como deve e pro evento ser perfeito, Obrigado por perguntar! E você?
- Descansei sim! Acordei muito animada pro dia de hoje. Dizia isso com um sorriso imenso em seu rosto.
Parecia tão Excitada e empolgada para o que vinha pela frente, nem parecia a mesma pessoa, tímida e introvertida que encontrei no dia anterior. E mais do que isso, parecia que ela estava feliz em me ver, como se estivesse esperando ansiosamente pela minha chegada. Fiquei muito surpresa de saber que a minha gentileza com ela a fez gostar tanto de mim e tão rapidamente e muito feliz ao mesmo tempo.
Nós não perdemos tempo, fomos logo arrumando as coisas, ainda tinha muito para ser feito até a hora do evento. Tinham organizações de estandes para serem finalizadas, o posicionamento das cadeiras ainda não estava pronto e alguns poucos detalhes que fariam toda a diferença, graças a dedicação da Sarah estávamos adiantados quanto a nossa parte e poderíamos até mesmo ajudar as outras áreas que iam demorar mais pra serem finalizadas que a nossa.
Depois de tudo estar completo, recebemos os convidados e demos um tempo para que todos se acomodassem. Fiz a abertura e depois sentei-me junto aos outros organizadores que fariam palestras. No ano anterior eu havia palestrado mas não iria nesse ano, Sarah havia guardado um lugar para que eu sentasse ao lado dela e lá permanecemos até a hora de irmos cuidar de um estande. Passei as orientações do que ela devia fazer e não precisei lhe falar mais nada, a velocidade com que ela aprendia era incrível e me deixava cada vez mais impressionada.
Depois de um tempo percebi que olhava pra ela o tempo todo, não por preocupação ou pra ver se ela estava fazendo tudo direito, mas porque realmente estava me sentindo atraída de alguma forma a ficar olhando pra ela. O seu sorriso ao atender as pessoas, ficava observando seus gestos, cheguei a ser pega de surpresa por uma pessoa que me perguntou algo enquanto eu a observava.
O evento foi bem cansativo mas depois de um final glorioso, nos reunimos e fomos beber algo pra comemorar por ter dado tudo certo. Eu e a Sarah ficamos mais afastados conversando sobre diversos assuntos enquanto bebíamos. Ela me onde morava, de onde era antes de morar aqui, sobre suas pretensões pro futuro, realmente a conversa foi fluindo e fomos contando tudo sobre nossas vidas uma pra outra. Depois de um tempo de conversa alguma coisa nos fez entrar no assunto de relacionamento e ela me contou que tinha saído de um relacionamento há pouco tempo com um cara com que tinha ficado seis meses. A cada momento nossa conversa ficava mais íntima e estávamos tão empolgadas uma com a outra que nem nos demos conta de quantas vezes já havíamos enchido nossos copos e que começávamos a ficar embriagadas, e que quanto mais embriagadas ficávamos mais íntima nossas conversas ficavam também. Começamos a falar de experiências que tínhamos tido, transas que foram inesquecíveis. Encontros tão furados que era melhor ter ficado em casa e se aliviado com os dedos. Até que ela, em determinado momento me contou que embora tivesse tido algumas transas que considerou boas nunca uma pessoa que não fosse ela mesma já tinha feito ela gozar. Fiquei surpresa e ao mesmo tempo triste por ela.
- Nossa! Eu não acredito. Falei, assustada.
- É sério! Já houveram alguns homens que até conseguiram me levar a um nível de excitação muito alto mas ainda assim eu não tive tesão suficiente pra conseguir gozar.
- Mas nem mesmo com um oral você conseguiu gozar?
- A maioria dos caras que me chuparam não sabiam o que estavam fazendo, tiveram até alguns que eu dei uma deixa pra começarem a pôr pra dentro logo. Os poucos que até fizeram direitinho não conseguiram, teve um que chegou bem perto. Ele me deixava muito excitada mas não conseguia me fazer gozar. Aquele final que faz a gente passar do ápice pro orgasmo por mais que ele tentasse não conseguia atingir, depois de um tempo ele desistiu porque ficou muito frustrado. O que quebrou completamente o clima. Mas no geral o sexo foi bom, um dos melhores comparado ao monte de encontro furado que tive.
Não sei o que deu em mim, naquele momento. Talvez uma certa revolta sem motivos por saber que uma pessoa tão bacana nunca teve um orgasmo em uma relação com outra pessoa, se foi a forma espontânea com que conversávamos, puro impulso, o efeito da bebida ou uma junção de tudo isso. Só sei que eu disse algo que mudou completamente o clima pra um completamente diferente de uma conversa amiga de relações íntimas:
- Eu não acredito que uma pessoa tão bonita e tão bacana quanto você nunca gozou transando com alguém! Nossa, chega me dá uma revolta. Tô com vontade de ser homem agora só pra mudar isso, sério?! Falei de uma maneira bem eufórica e de uma forma que deixava na dúvida se eu estava brincando ou não.
Ela deu uma risada e virou o rosto demonstrando que estava com vergonha. Depois respondeu:
- Eu até aceitaria você virar homem pra mudar isso, pela sua determinação tenho certeza que você conseguiria. Mas você é muito linda assim, seria um desperdício virar homem só pra me satisfazer.
- Que pena, eu realmente queria que você gozasse numa relação com outra pessoa.
- Eu também queria, mas só de saber que alguém se importa com o orgasmo do outro em vez de só o próprio já me dá esperanças de que eu ainda vou achar alguém que consiga mudar isso.
- Mas a única forma de eu ter certeza que alguém conseguiu seria eu presenciando. E só se eu estivesse presente durante sua relação ou se fosse você e eu na relação. “Aff”, queria muito não ser mulher agora.
Eu já estava falando de uma maneira tão diferente que o clima já não era mais de conversa amigável, a tensão que havia naquele ambiente agora era puramente sedução e eu nem tinha percebido a mudança.
- Talvez seria bom mesmo, você está colocando tanta ênfase no quanto você gostaria que eu gozasse que está fazendo eu me perguntar o que você faria. Disse ela
- Infelizmente não dá pra falar, só fazendo mesmo. Já diz aquele ditado de quem muito fala pouco faz, então eu sou do tipo que mostra na prática. Dei uma risada sedutora quando disse isso
- Mas infelizmente eu não posso virar um homem assim do nada pra te mostrar isso. Completei.
- Sendo sincera, sendo você eu nem me importaria que fosse uma mulher mesma a me levar pra cama e me gozar não.
Fiquei surpresa, mesmo com todo aquele clima rolando, não esperava uma resposta daquele tipo, o que começou numa conversa sobre nós e foi indo em uma direção até virar uma brincadeira, de repente se tornara uma paquera que naquele momento já estava muito excitante. Talvez se aquela conversa fosse por telefone e ninguém pudesse me ver (incluindo ela), eu já estivesse com a mão entre as pernas pra me excitar um pouco e responder de maneira ainda mais provocante. E depois de uma resposta tão direta e gostosa daquela, aproximei um pouco meu rosto, do rosto dela e perguntei:
- É mesmo? E por que eu sou tão especial assim que você nem se importa que eu seja mulher pra te fazer isso?
- Porque além de ser uma pessoa companheira e atenciosa tem umas características bem provocantes. Essa combinação de coisas costumam ser muito boas na hora do sexo.
- É mesmo? O que, por exemplo eu tenho de provocante?
- sem contar os atributos físicos como esse corpo e rosto lindos e seus lábios que são tão carnudos que parecem que estão pedindo pra gente beija-los o tempo todo. Você tem uma atitude bem cheia de iniciativa e olha de uma maneira muito provocante. Cada vez que falou que gostaria que fosse homem só pra me fazer gozar é como se estivesse imaginando na sua cabeça uma forma de fazer eu sentir prazer e isso é bem excitante.
- Humm interessante. Sobre eu estar imaginando formas de te dar prazer, não posso dizer que você está errada.
O clima estava ficando vez mais quente, não pude me conter. Quando ela disse isso comecei a aproximar o rosto em direção ao dela, embora talvez fosse errado por estar claro que ela estava bêbada, não conseguia me conter. Fui aproximando meu rosto bem lentamente para beijá-la e ela não demonstrou em nenhum momento recuo ou insegurança. Mas quando já estava bem próxima escutamos uma voz nos gritando. Com o susto eu cheguei pra trás e fiquei novamente sentada. Minha adrenalina subiu tanto com o susto que o efeito da embriaguês até diminuiu um pouco. Segundos depois Cátia apareceu:
- Estava procurando vocês duas. Tanto lugar pra conversar e vocês escolheram ficar nesse canto isolado?!
- O Barulho lá estava muito alto, não conseguíamos conversar direito. Disse eu, inventando uma desculpa, do por quê estarmos tão isoladas.
- Entendi, peguem as coisas de vocês, eu já estou de saída com a Sarah, aproveito te dou uma carona.
Fomos para a Sala que tínhamos deixado nossas coisas, pegamos as bolsas e fomos embora com Cátia, não sei quem estava mais bêbada, eu ou a Sarah. Ela foi do lado da Cátia no banco da frente e eu me sentei sozinha no banco de trás, o que foi até melhor do que ambas sentarem atrás, pois poderia levantar suspeitas. Depois de me deixar Cátia foi embora com Sarah, estava meio difícil acertar a chave na fechadura, mas no fim consegui entrar em casa, tomei um banho, comi um lanche leve e capotei.
Na manhã seguinte acordei um pouco desorientada e levei alguns segundos para raciocinar. Mas em questão de momentos me lembrei do que tinha acontecido na noite passada e fiquei me perguntando se aquilo tudo ocorreu naturalmente e se a Sarah se lembraria de tudo. Ou se tinha bebido a ponto de esquecer tudo e aquilo se tornar apenas uma quase experiência maravilhosa da qual só eu lembraria. De qualquer forma não ia demorar muito pra descobrir, pois mais tarde eu teria que voltar pra escola para a confraternização e para deixarmos do jeito que encontramos, o que era parte do acordo de nos ceder o local. Como já tinha acordado tarde, pulei o café da manhã e almocei logo. Tomei um banho e fui para a escola ajudar na arrumação. Cumprimentei o pessoal e logo depois de guardar minhas coisas me juntei novamente a eles para dividirmos as funções e foi aí que a Cátia chegou junto com a Sarah. Quando as vi chegando de longe meu coração apertou um pouco, pois não sabia exatamente o que esperar depois do que havia acontecido. Me passou pela cabeça se ela estaria com raiva, assustada, atirada, se não se lembraria ou até mesmo se tinha contado para Cátia. O que era o que mais me preocupava, pois se ela tivesse feito isso não sabia exatamente que reação esperar de Cátia levando em conta que apesar de sermos amigas a bastante tempo, nunca tinha revelado esse meu lado bissexual para ela. Quando chegou a hora de cumprimenta-las, cumprimentei a Cátia primeiro e depois falei com Sarah, ela me respondeu com o mesmo carinho do dia anterior mas nada mais, como se não se lembrasse do que tinha acontecido por causa da quantidade de álcool que consumimos. Fiquei triste e feliz ao mesmo tempo. Triste por saber que talvez nunca descobrisse se ela havia gostado ou não do que aconteceu (ou quase aconteceu) e feliz por não precisar ficar com a preocupação dela contar pra alguém ou parar de falar comigo caso não tenha ficado contente com o ocorrido.
Depois de divididas as funções ficou decidido que eu e Sarah iríamos lavar os banheiros do pavilhão central no térreo e arrumar organizar as cadeiras nas salas de aula. Optamos por arrumar as cadeiras primeiro que demandava mais tempo porém era mais simples e depois o banheiro que era mais rápido e mais trabalhoso. Enquanto arrumávamos a salas conversamos sobre diversos assuntos. Foi aí que percebi que estava tudo realmente numa boa entre nós, conversávamos com as mesmas risadas e besteiras que falávamos uma pra outras, conversávamos tão bem que nem percebemos quando acabamos a sala. Não descansamos, pegamos os produtos e as coisas e fomos direto para o banheiro. Quem nos visse usando aquelas “roupas de faxina” talvez nem nos reconheceriam da forma que estávamos bem arrumadas no dia anterior.
Começamos a lavar o banheiro com a mesma praticidade e rapidez que limpávamos a sala de aula, enquanto lavávamos a pia, Sarah esbarrou o pote com água que carregava na torneira e fez com que ele escorregasse na sua mão e virasse por cima da pia. Nesse movimento saltou um bocado de água em minha direção direto na minha blusa e me molhou toda:
- Nossa, obrigada por me encharcar toda! Disse eu com uma fala de revolta mas com um tom que deixava claro que eu estava brincando.
- Desculpa! Mas ninguém mandou você estar aí. Eu falei pra ir lavando metade dos vasos que quando eu terminasse lavaria os outros.
Ela ria enquanto dizia isso
- Ahh, é assim que você me retribui? Eu te ajudo pra você não ter que lavar essa pia enorme sozinha e para as funções ficarem divididas na metade certinho e você diz que me molhei por culpa minha?
- Sim. Não posso fazer nada por você.
- Ah é?
Peguei o pote que estava caído comecei a encher de água
- Não faz isso! Foi sem querer. Disse ela apontando o dedo pra mim com um riso na cara.
- Não faz isso? Você não me molhou e ainda pôs a culpa em mim? Agora eu vou te mostrar como se molha alguém de verdade!
- Não f...
Antes que ela terminasse de falar eu joguei água no rosto dela e o pote estava até a boca. Ela deu um grito e logo depois ficou atônita por causa do choque da água gelada. Enquanto isso eu ria da cara dela. Sua camisa ficou tão encharcada que, por estar sem sutiã, eu conseguia ver seus seios. Ela estar de Blusa branca facilitou isso mais ainda.
- Pera aí. É pra molhar com essa maldade toda? Deixa eu pegar esse pote então... Disse ela enquanto tentava pegar o pote da minha mão.
- Não! Eu só descontei, não vale.
- Não vale o cacete!
Eu segurava o pote com força enquanto ela tentava tirar da minha mão. Em um determinado momento ela conseguiu forçar minha mão a ficar um pouco embaixo da torneira de forma que se encheu um pouco. Então ela deu uma sacudida que a molhou um pouco mas me molhou muito mais. Pegando a maior parte na minha cara e no meu pescoço e escorrendo por dentro da blusa deixando ela quase tão encharcada quanto a blusa dela.
- Pronto? Tá feliz agora sua idiota? Reclamei com ela rindo.
- Na verdade não olha o que você fez comigo?? Meu peito tá completamente a mostra. Ela respondeu rindo também.
- Tá com vergonha de andar com os faróis acesos por aí?
- Agora eu fazer a mesma coisa com você para você aprender a parar de rir da desgraça alheia sua palhaça!
Ela veio em minha direção e eu coloquei a mão pra trás de forma que ela não alcançasse a vasilha e a outra pra frente tentando bloquear seu caminho. Mas ela puxou meu braço pra cima e se aproximou colando o corpo no meu:
-Eu vou pegar a vasilha, é melhor você facilitar logo senão vai ser pior!
- Não, você não vai!
Depois que eu falei isso ficamos com os rostos bem próximos e emparelhados, num instante o sorriso dela fechou e ficou mais séria. Ela deu uma breve olhada pra minha boca e quando fez isso não consegui me conter. Eu a beijei. No segundo seguinte ela recuou um pouco pra trás e me olhou com um olhar surpresa. Percebi que podia ter cometido um erro e fiquei com tanta vergonha naquele instante que tudo que queria era enterrar a cabeça no chão. Olhei pra ela completamente sem jeito e disse:
- Me desculpa! Eu não sei o que deu em mim, não devia ter feito isso.
Ela deu uma suspirada e respondeu me olhando de uma forma profunda:
- Não esquenta, tá tudo bem!
Avançou de volta em minha direção, segurou meu rosto com as mãos e me beijou. Coloquei a vasilha em cima da pia e segurei na sua cintura. Quando o clima esquentou mais um pouco, fui subindo com uma das mãos até o seu peito e segurei de mão cheia enquanto estimulava o mamilo fazendo movimentos circulares com o polegar. Quando fiz isso deu pra ver que ela ficou mais confiante quanto a mão boba, desceu com a mão direita pelas minhas costas e agarrou minha bunda. Guiei o corpo dela para que ficasse de costas para a pia enquanto apoiava a cintura nela e levei minhas mãos até a base de sua blusa para começar a tirá-la enquanto continuava beijando-a. ela subiu os braços por cima da cabeça para facilitar a saída, no segundo seguinte eu já estava com a boca beijando seu pescoço para aquecer o clima até chegar com a boca no peito. Dei uma chupada de leve que lhe arrancou um pequeno ganido e percebi o quanto aquela parte era erógena e sensível sexualmente falando, para ela. Então pra manter a excitação naquela região, enquanto ia descendo com a boca pelo seu corpo levei a mão até o pescoço e comecei a acaricia-lo de maneira bem suave usando as unhas. Ela passou a mão por trás da minha cabeça e agarrou minha nuca, me causando um leva arrepio, e foi fazendo uma pequena pressão com a mão para baixo para que eu chegasse logo com a boca em seu mamilo. Estava claro que ela já estava bastante excitada.
Eu Chupava aquele seio maravilhoso com tanto gosto e jeito que a forma que ela me segurava mostrava o quanto estava gostoso. Ficava alternando entre chupar e estimular o mamilo com a língua enquanto estimulava o outro com a mão.
-Isso, me chupa bem gostoso, assim!
Ela se sentou na pia para ficar mais alta e eu ficar com a cabeça na altura do peito dela sem precisar abaixar. Continuei o que estava fazendo, ela pegou a minha mão que não estava ocupada e levou até sua boca, começou a chupar meus dedos, indicador e dedo do meio, e fui ficando mais excitada e mais empenhada em deixar ela toda molhada. Eu estava tão excitada que parecia que se eu ficasse mais três minutos naquilo minha calcinha ia ficar tão encharcada que ia começar a molhar o short.
Senti ela apertar a minha nuca um pouco com os dedos entre meus cabelos guiando minha cabeça para cima pra olhar pra ela. Obedeci ao comando e comecei a beijá-la novamente, depois de alguns segundos ela inclinou seu corpo pra ficar um pouco mais pra baixo e, com a mão direita, começou a passar a mão na minha boceta por cima do short. Pus minha mão por cima da mão dela e fiz um movimento com o quadril de “vai e vem” duas vezes, na terceira subi sua mão um pouco mais e a guiei para enfiar a mão por dentro do meu short. Enquanto ajeitava a mão dela lá dentro usei a minha pra pôr a calcinha um pouco pro lado e depois tirei pra deixar ela brincar livremente. Meu clitóris já estava tão grande e durinho por conta do quão excitada estava que ela conseguia segurar ele entre os dedos. Afastei um pouco o rosto e fiquei encarando o rosto dela. Cada movimento que ela fazia no meu grelinho eu acompanhava com a cintura em sincronia para fazer com que o estimulo fosse mais gostoso, e deixava isso bem claro nas expressões que fazia enquanto olhava pra ela. Cada mordida nos lábios, cada suspirada, só a incentivava a ser mais intensa e me deixar mais excitada. Ela ficava passando meu clitóris por entre os dedos e o puxando pra fora para que aparecesse mais e cada vez que ele saltava ela brincava com ele rodeando os dedos em volta e passando por cima dele. A olhava com tanto tesão que já recebia um olhar tão excitado que até parecia que alguém estava masturbando-a também. Minhas mãos em suas coxas apertavam um pouco mais a cada vez que a sensação de quase orgasmo era sentida no meu corpo. Em determinado momento apertei a coxa dela com um pouco mais de força e ela agachou um pouco mais para ficar com o braço mais baixo ainda. Com a cabeça no mesmo nível da minha ela me deu um beijo e no momento que meu quadril veio pra frente ela passou direto com a mão pelo meu grelo passou pelos lábios e quando o quadril estava voltando pra trás ela me penetrou com os dois dedos que me estimulava. Quando fez isso ela os dobrou e puxou de volta com eles apontados pra ela. Dei um gemido alto que ecoou pelo banheiro e senti tanto prazer que minhas pernas bambearam. Ela começou a me beijar enquanto continuava com esse movimento lá dentro. Quando comecei a ficar muito excitada parei de beijar ela e falei em tom de sussurro com a boca ainda encostada na boca dela:
- Continua assim! Eu tô quase gozando.
Ela intensificava um pouco mais o movimento e eu continuava falando.
- Assim mesmo, tá uma delícia! Eu vou gozar bem gostoso.
Quando estava a poucos momentos de gozar escutamos uma batida na porta do banheiro que tínhamos trancado para que não entrassem pisassem no chão molhado e sujassem:
- Gente vocês já terminaram?
Era a voz do Jorge, um dos Rapazes que sempre nos ajudava a organizar. Não podia acreditar. Não só fomos interrompidas quando eu já estava quase gozando como era a segunda vez que alguém nos atrapalhava. Parecia que não íamos conseguir dar aquela foda nunca. Ele bateu de novo perguntando pela gente enquanto nos ajeitávamos e pensávamos em algo para falar.
- Vai pra trás daquela parede do último banheiro e fica escondida lá! Sussurrei pra ela, que obedeceu rapidamente, enquanto vestia a blusa.
Na terceira vez que Jorge chamou eu abri o ferrolho e o Atendi:
- Nossa, você demorou a abrir. Está tudo bem?
- Está sim! Eu estava de fone por isso não escutei.
Ele me olhava de maneira investigativa por não ver nenhum fone. Mas por não ver ninguém acabou não falando nada. Imaginei que ele achou que eu estava usando o vaso e fiquei com vergonha de dizer e ele por não querer me deixar constrangida não fez perguntas.
- Nós já acabamos tudo desse lado, vamos pro outro agora. Vamos levar tudo da limpeza com a gente, tem problema pra vocês? Querem que a deixe alguma coisa que vão usar? Perguntou ele.
- Não tá tudo bem. Não precisamos de nada, já estamos acabando aqui e iremos para as salas de aula.
- Achei que já tinham arrumado as Salas.
- Ainda não, só colocamos umas coisas no lugar pra facilitar na hora que formos pra lá mas ainda tá uma zona.
- Ok então. Cadê a Sarah? Ela não estava com você?
- Sim, ela esqueceu o celular em uma das salas e foi buscar, já deve estar voltando.
- Tudo bem então, estou indo. Qualquer coisa já que os pavilhões são longes você me liga eu trago o que vocês precisarem pra não terem que sair do serviço.
- Tá perfeito!
Dei um sorriso e ele se foi.
Fechei a porta novamente e disse pra ela que já podia sair.
- Nossa, minhas pernas estão trêmulas com o susto, quase fomos pegas. Disse ela. Disse ela
- Não se preocupe! Deu tudo certo. Vamos terminar logo de limpar isso aqui pra podermos subir e terminar isso.
Fizemos uma limpeza rápida que foi muito mais uma maquiagem que um lavar caprichado, ambas estávamos com o tesão lá em cima e o que menos queríamos era deixar ele passar e perder o momento, mas a tensão que tinha entre nós era tão alta que mesmo com a quebra de clima ele não tinha baixado tanto.
- Tenho uma boa ideia de onde poderemos terminar isso. Disse eu.
- Ah é?! Onde?
- Espere e você verá!
- Estou feliz em saber que vamos terminar o que começamos ontem.
Quando ela falou isso eu travei, fiquei imóvel com o rodo na mão que usava para escorrer a água. Fiquei perplexa, pois apesar do que estava acontecendo a minutos atrás não achei que ela se lembrava da noite passada.
- Você se lembra de tudo que aconteceu na noite passada? Eu pensei que você não se lembrava pelo quanto tinha bebido. Perguntei.
- Meu bem, eu não conseguiria esquecer da noite passada nem se tivesse perdido a memória. Eu fiquei calada e agi normalmente porque não sabia o que falar, e não sabia se você tinha agido daquela forma porque realmente estava afim ou porque tinha bebido também. Então preferi agir com você normalmente mas fingindo que nada tivesse acontecido. Mas fico feliz em saber que não foi só a bebida. E só pra você saber ainda está me devendo uma coisa que disse que faria acontecer comigo viu?!
- Não se preocupe! Prometo que vou fazer isso acontecer.
Depois que eu disse isso agarrei o rosto dela com a mão e beijei sua boca, disse para nos apressarmos pra acabar logo. Terminamos e deixamos o banheiro terminar de secar sozinho, largamos tudo lá e falei pra ela me seguir. Começamos a andar tão rápido que estávamos quase correndo. Por ter feito eventos lá antes eu conhecia a escola, então subimos a escada e fomos direto pra sala de educação física onde eu sabia que era mais isolada por causa do barulho das aulas que era natural da disciplina, então ficava mais distante pra não atrapalhar as outras disciplinas. Além de que lá tinham colchonetes e um banheiro com chuveiro. Assim que entramos tranquei a porta e comecei a pegar um bocado de colchonetes e organizar no chão de maneira que formamos uma cama improvisada.
Diferente do banheiro já estávamos cheias de excitação logo no primeiro momento e loucas pra comer uma a outra. Então não demos mais tanta importância para o aquecimento, assim que terminamos de arrumar os colchonetes eu fui na direção da boca dela para beija-la. Fiquei beijando-a por alguns segundos e desci minha mão até a base de sua blusa e então a tirei, ela me acompanhou e fez o mesmo comigo. Deitei seu corpo e segurei seu rosto com a mão enquanto aproximava o meu próximo ao ouvido para lhe falar:
- Quer que eu chupe você bem gostoso até você gozar quer?
- Uhum!
Em seguida dei um chupão de leve no seu pescoço enquanto colocava minha mão no meio das pernas dela, depois dei uma mordida de leve na orelha e falei novamente algo para deixar ela excitada:
- Vou te deixar bem molhada até você gozar na minha boca.
- Isso. Eu já tô bem molhadinha!
Fui descendo beijando todo o corpo e quando dei um beijo na barriga percebi que ela contraiu e sentiu um arrepio de leve. Vi então que ela tinha a barriga muito sensível a toques e talvez um pouco de cócegas. Aprovei pra passar as unhas descendo por todo o abdômen enquanto beijava o que fez ela dar uma puxada de ar em som de “S”. Depois de fazer isso só pra dar uma reacendida no fogo que sentimos no banheiro eu arranquei seu short e calcinha e parei por alguns segundos para admirar a visão de vê-la aberta pra mim daquela maneira e aproveitei pra tirar minha roupa também. Enquanto eu ia descendo em direção a sua bocetinha, mantinha um contato visual profundo com ela. Passei a língua por cima do clitóris e dei uma chupada de leve pra ela sentir a excitação mais intensa logo de cara mas só pra subir o clima, depois de fazer isso desci pra brincar um pouco em outras áreas. Comecei passando a língua e beijando pela coxa esquerda bem próximo a nádega e fui acariciando a mesma região da outra coxa com a ponta dos dedos de uma maneira bem suave. Sempre ia tentando compensar o lado em que não estava com a boca usando os dedos. Fui, aos poucos e com muita calma indo cada vez mais próximo da região vaginal, explorando as partes sensíveis de uma maneira que ela se sentia excitada e ia aumentando a excitação gradativamente. A cada região pela qual eu passava ela mexia o quadril e guiava minha cabeça mostrando onde ela era mais sensível naquele lugar, isso só facilitava mais deixar ela acesa, estava claro que ela estava louca para gozar. Depois de explorar a virilha comecei a beijar bem próximo aos grandes lábios e passar a língua ao redor de toda a vagina. Fui entrando mais um pouco e dei uma chupada no lábio da bocetinha dela. Ela tentava mostrar que queria que eu subisse para o clitóris mas eu queria provocar mais um pouco. Quando ela já estava gemendo bastante e bem enlouquecida, parei de provocar brincando na entrada e subi. Usei minha mão para puxar o prepúcio e deixar o grelinho dela exposto e fui subindo passando a língua até chegar nele. Fui rodeando com a língua em volta bem de leve estimulando as laterais. Ela suspirava bastante mas gemia bem baixinho, acho que ainda estava com receio de alguém aparecer por lá de novo, aquilo estava tão gostoso que acho que mesmo se alguém nos visse eu não ia parar o que estava fazendo. Mudei a direção em que estava rodeando, então comecei a fazer como se estivesse dando beijos de língua no botãozinho dela e chupando no fim do “beijo”. A Cada vez que chupava, soprava ar quente em cima dele com bastante delicadeza e fazia ela se tremer toda. Tirei uma das mãos da coxa dela e fui para penetrá-la. Assim que enfiei os dedos dei uma chupada com um pouco mais de pressão de forma que sabia que não ia machucar mas ela ia sentir algo mais intenso e não ia conseguir segurar o gemido por causa da combinação do meu dedo passando pelo ponto mais sensível lá dentro:
- Ahh, que gostoso!
Foi exatamente como eu pensei! Ela soltou um gemido e isso fez eu me sentir muito excitada. Nesse momento eu quis muito mexer com o psicológico dela fazendo com que ela sentisse não só a pressão do corpo pedindo pra ela gozar, mas que a cabeça e imaginação dela fizessem também. Me coloquei sentada e comecei a olhar fixamente nos olhos dela, usava o indicador e dedo do meio, da mão esquerda, penetrando e fazendo movimentos dentro da vagina dela e o polegar da mão direita para estimular o clitóris dela. Fazendo movimentos circulares com os dedos que estavam dentro e o que estava fora, sempre em sincronia, ela também fazia leves movimentos com o quadril encaixando o movimento no lugar exato que ela queria. Estávamos numa sincronia tão perfeita quanto a de dançarinos profissionais. Embora estivesse muito concentrada em lhe arrancar suspiros e gemidos olhava pra ela o tempo todo de uma forma bem dominadora. Por vez ou outra ela mordia o dedo como se estivesse explodindo com aquilo tudo acontecendo. Depois de um tempo quando ela já estava completamente eufórica ela me segurou pelo punho e disse:
- Chupa de novo minha bocetinha. Eu tô quase gozando! Eu quero gozar bem gostoso na sua boca.
Quando ela disse isso, não pensei duas vezes coloquei de volta minha boca nela e comecei a chupá-la. Ela não estava brincando quando disse que estava quase gozando, momentos depois de mandar eu voltar a chupá-la, segurou minha cabeça e começou a mexer novamente em sincronia com a seus movimentos, dessa vez de uma maneira mais rápida e mais intensa:
- Não para! Assim mesmo! Eu vou gozar!
Eu a continuava chupando enquanto ela delirava:
- Ahh, assim, tô quase lá!
Ela começou a apertar minha cabeça e a segurei pelas coxas:
- Assim! Tô gozando!
Quando ela disse isso pude sentir os músculos da sua coxa e bunda contraindo, ela segurava minha cabeça firme pra que não tirasse de lá. Segurou por mais de 20 segundos, até terminar o orgasmo. Pude sentir o quanto estava mais encharcada do que já estava antes.
- Caralho, eu nunca gozei tão gostoso assim na minha vida!
Levantei a cabeça e respondi:
- Eu te disse que ia fazer você gozar.
- Vem aqui, vem?! Deixa eu te retribuir o favor!
Passei o corpo por cima do dela, dei-lhe um beijo e depois sentei por cima da boca dela. Assim que ela começou a me chupar, ajudei movimentando minha cintura pra frente e pra trás bem devagar. Ela me estabilizou me segurando pela bunda e Fazia o mesmo que fiz com ela, alternava entre chupar e passar a língua em movimentos circulares. Já estava tão excitada dela ter gozado na minha boca que não demoraria muito para que eu gozasse com aquilo. Mas não queria gozar daquela forma, queria que ela gozasse de novo pra me assegurar de que ela não iria mais se sentir insatisfeita em não gozar numa relação. E iria fazer isso dando pra ela a dose dobrada. Saí de cima da cabeça dela e me deitei sobre seu corpo pra beijá-la sentindo seu corpo no meu. Abri-lhe as pernas e encaixei minha virilha na dela, o que algumas pessoas gostam de chamar de “tesourinha”. Agarrei uma das pernas com a mão e apoiei a outra nos colchonetes e começamos a esfregar uma na outra. Estávamos tão excitadas que as vezes dava pra sentir meu grelinho pegando exatamente no dela, não sei se era o empenho que sentia em fazê-la gozar ou se era porque realmente achava ela muito atraente de todas as formas, mas nunca tinha ficado tão excitada daquela forma. A medida que íamos encaixando e uma boceta raspando na outra ambas ficávamos mais perto do orgasmo, Dava pra ver na forma que me olhava que ela já estava quase gozando de novo, eu estava da mesma forma! Fui aumentando a velocidade e ela seguiu a deixa e fez o mesmo, não aguentava mais, eu já estava pra explodir. Mas quando ia falar algo ela disse:
- AH, eu tô gozando de novo! Só mais um pouco...
- Goza vai!? Eu vou gozar junto de você! Continua assim!
Ela foi aumentando a altura do Gemido e eu comecei a sentir meu corpo aquecendo por dentro como se o calor quisesse pular pra fora de mim pelo meio das minhas pernas. Comecei a suspirar e gemer mais alto também, vi ela fazer uma careta e abrir bem a boca e um instante depois suas pernas fraquejaram, não demorou mais que dois segundos e o mesmo aconteceu comigo. Minha nossa, eu tinha gozado junto com ela! Cravei minhas unhas na coxa dela. Enquanto se inclinava pra trás pra deitar e curtir o orgasmo senti ela apertando minha canela com força que estava ao lado de sua cabeça. Ambas estávamos mortas.
Embora meu corpo não estivesse respondendo direito, me arrumei para ficar deitada ao lado dela por um momento e ficar acariciando seu corpo enquanto tomávamos um minuto para nos recuperar. Depois de me olhar um pouco, segurou minha cintura e avançou pra me dar um beijo. Agradecendo por ter feito algo pelo qual ela esperou a vida toda. Sendo sincera eu queria transar de novo! Mesmo que talvez meu corpo nem aguentasse tal coisa. Mas infelizmente tínhamos que nos apressar pois a nossa aventura fez com que estivéssemos em cima da hora pra voltar ao grupo antes que achassem algo estranho e viessem nos procurar. Tudo o que aconteceu foi tão intenso que parecia ter durado horas. Mas o total do que aconteceu na sala de educação física até aquele momento tinha passado pouco mais do que vinte minutos. Nos levantamos e começamos a arrumar a bagunça que tinha sido feita. Felizmente a desculpa que eu tinha dado de que ainda não tínhamos arrumado as salas nos fez ganhar tempo suficiente para que ainda tivéssemos alguns minutos antes de alguém querer ir atrás de nós. Aproveitamos para tomar um banho no chuveiro que tinha no banheiro da Sala de Educação física. Seria ótimo se pudéssemos ter transado novamente no banho, mas infelizmente uma tinha que ficar de cobertura enquanto a outra tomava banho pra caso alguém batesse na porta.
Saímos de lá e fomos para uma outra sala onde estavam nossas roupas, trocamos as vestimentas, passamos no banheiro para pegar as coisas e fomos encontrar o pessoal.
- Nossa, vocês demoraram! Disse Jorge.
- É teve uma sala que estava uma zona e também não achava onde tinha deixado meu celular, acabamos perdendo bastante tempo procurando. Mas felizmente eu achei. Disse Sarah o respondendo.
Ficamos mais um tempo lá conversando e tendo ideias para o ano seguinte. Depois de tudo ser resolvido, Cátia novamente me deu uma carona até em casa. Dessa vez as cumprimentei de maneira mais calorosa, principalmente Sarah que iria embora no dia seguinte. Depois de Dar-lhe um abraço apertado pela janela do carro falei:
- Boa viagem! Espero que venha mais vezes na casa da sua prima pra visita-la e aí poderemos nos ver.
- Não se preocupe, ano que vem eu faço questão de vir novamente pra conferência. Se tudo der certo até ficarei mais tempo pra que possamos fazer alguma coisa.
Me olhava com uma face maliciosa enquanto dizia isso.
Depois disso nos despedimos e entrei em casa. Deitei na cama exausta da aventura que tive e comecei a lembrar das coisas que passaram e de tudo que aconteceu. Comecei a pensar nas coisas que estavam por vir. Mas acima de tudo, comecei a torcer pra que um ano passasse voando e num piscar de olhos estivesse dando início a outra conferência.
Fim
L.S
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Quando tudo fez sentido.
Não é estranho como momentos são apenas uma sucessão de acontecimentos desconexos no exato segundo em que acontecem, mas mais tarde tomam proporções de lembranças que podem ter um impacto importante em nossas vidas? E tudo começa a fazer sentido a partir dali, e temos a sensação de lembrar exatamente o que aconteceu e como aconteceu, mesmo que lembranças sejam apenas fragmentos de memória do fato ocorrido e não um filme que possamos reprisar ou reviver diversas vezes; e como é curioso que tenhamos visões diferentes do mesmo momento conforme olhamos por perspectivas diferentes e amadurecemos, mesmo que continue tomando o mesmo sentido em nossas vidas e tudo siga para o mesmo rumo, no fim das contas?
E é exatamente isso que venho relatar agora; um vago momento e quando tudo passou a fazer sentido.
Na época, eu era bem jovem (não que eu seja velha agora, mas era ainda mais jovem), por volta dos 15 anos, no máximo. Minha vida não tinha nada lá de muito emocionante – exceto tudo, na visão de uma adolescente de 15 anos. Tinha acabado de entrar para o Ensino Médio, meu corpo estava mudando, meu estilo, meus gostos pessoais, eu estava infeliz num relacionamento que claramente começou cedo demais e já durava mais de um ano; ele era ainda mais jovem que eu, e bem, depois de todos os romances, filmes e bobagens meio rasas que montavam meu ser, eu queria me convencer de que ele era o amor da minha vida a qualquer custo – mesmo que doesse demais. Eu era meio deslocada no colégio, não era do tipo que tinha muitos amigos, estava mais para a que chorava no banheiro. Tinha problemas com notas, com concentração, sofria com distúrbios alimentares por baixa autoestima, e lidava com uma questão neurológica que no ano anterior já havia me tirado de ambulância do colégio. Não era lá muito tranquilo, mas eu levava com simpatia.
Resolvi que faria atividades extracurriculares para preencher meu vazio existencial – brincadeira, eu tinha o sonho de tocar flauta transversal e violino desde um filme x que assisti quando mais nova e comecei a pesquisar sobre os instrumentos, a fim de que decidi pela flauta, que estava bem ali, no meu colégio! E bem, educação física era obrigatório, mas não era dada no horário normal de aula, então eu só escolhi um horário e um esporte que eu achasse menos pior – eu assisti todos até decidir, e no fim acabou sendo na fé e coragem no que no fim eu descobri ser o mais violento de todas as opções: o Handebol. Fato curioso: em toda a história da minha vida escolar eu fiz atividades extracurriculares porque eu simplesmente amava a escola e tudo o que envolvia escola. Sério, desde a pré-escola, era só eu chegar pra nunca mais querer ir embora; já fiz fanfarra, ballet, organizei um grupo de líderes de torcida (nem tinha time na escola, a gente dançava Rouge no recreio), teatro, vôlei, ginastica olímpica, monitoria na biblioteca, xadrez, dei reforço de produção textual, dei reforço de inglês, flauta transversal, handebol... Literalmente a doida do extracurricular.
Bem, se fosse para resumir bem as coisas, eu diria: eu me apaixonei por uma garota no handebol. Minha primeira paixão platônica homossexual que tive consciência. Mas é claro que vou contar com mais detalhes, porque como toda lésbica do século XXI, adoro uma história bonitinha.
Vamos chamá-la de Linda. Era exatamente o que ela era, extremamente. E não só no nome (se alguém que já ouviu essa história estiver lendo esse relato, vai saber exatamente do que eu estou falando). Linda era aquele tipo de garota que o colégio inteiro admirava; quem não a tinha como amiga, tinha admiração e quando não, tinha certa inveja. Mas mesmo estas só conseguiam dizer coisas boas sobre ela, por mais que se esforçassem. Mesmo os professores, se referiam a ela como “aquela que não é linda apenas no nome que leva”. Ela andava com as outras duas mais populares do Ensino Médio – talvez de toda a escola. Não vou dar muitos detalhes, já está ficando super óbvio de quem estou falando e, bom, é um relato real; vou privar o máximo de identidades que eu puder. De início, eu sequer sabia que ela participaria das aulas de handebol, mas fazia sentido, na verdade. Ela era uma das melhores, se não a melhor. Ela me intimidava, mas de uma maneira que eu gostava de observar – nunca de jogar com ela; eu tinha medo puro.
Eu não fazia muito na aula em si; era péssima no esporte. Estava ali pela média, que, desde que cumprisse todas as atividades, eu conseguiria. E, bem, passei a estar ali para admirar Linda. Mesmo que eu me sentisse mal ou estivesse machucada para jogar, eu estava lá por ela, e passei a notar o que isso poderia significar.
Por um tempo, tentei evitar o sentimento. A essa altura, eu já havia terminado o meu relacionamento e estava passando pela transição “estou triste ou estou aliviada?”. Enquanto isso, a Linda estava lá, absolutamente perfeita. Eu notava o quanto ela era engraçada, extrovertida, inteligente; o modo como ela falava com apreço de coisas que ela admirava e como ela podia conversar por horas das coisas que lhe despertavam interesse. Ela sempre colocava dedicação em cada pequena coisa que fazia, desde uma fantasia do terceiro ano, até me ensinar um passe simples no treino – que diga-se de passagem, eu não tenho o menor talento ou mínima coordenação motora pra handebol, já adianto que não me tornei nenhuma “representante de time graças a minha paixão inspiradora”, caso espere esse tipo de reviravolta inesperada.
Em alguns momentos eu ficava em dúvida. Não sabia ao certo se estava confundindo as coisas. Se era de fato paixão ou se eu apenas queria ser como ela. Essa questão ficou bem simples de concluir num dia em que eu estava quietinha no meu canto e o professor anunciou que seria uma atividade de defesa, onde se formariam duas filas – duas pessoas saindo por vez, sendo a primeira de cada fila – uma faria o ataque e a outra atuaria na defesa. E, bem, eu caí com Linda. Ela sorriu para mim e eu perdi toda a postura do meu ser e comecei a FUGIR dela. Deixei outras pessoas passarem na minha frente, e no revezamento, ela ficou me esperando e não me deixou fugir; cada pessoa que eu deixava passar, ela deixava passar um na fila dela. E eu, é claro, comecei a rir de nervoso.
_ Vou deixar todo mundo passar até eu descobrir o que você tem comigo. _ Nada. _ Por que você foge de mim? _ Por nada. _ Então vamos juntas. _ É que você é muito boa. Eu sou ruim. _ Eu te ajudo, não precisa fugir de mim. Pensei que você não gostava de mim.
Ah, gostava sim, Linda. Mais do que você e eu imaginávamos.
Esse dia foi extremamente esclarecedor na minha cabecinha de 15 anos. Fez sentido todas as vezes que eu olhei para Linda e pareceu que só ela interessava em toda a escola. Fez sentido todos os momentos que eu não soube responder o que eu realmente idealizava num relacionamento, se não o que eu lia em livros de romance, em filmes de princesas e outras coisas tão distantes do real. Simplesmente fez sentido aspectos da minha vida que eu nunca tinha parado para pensar nem por um segundo, eu só aceitava que era assim e ponto.
Ainda assim, mesmo depois de tanto sentido e tanta coisa indo para seu devido lugar, eu tentava esconder, evitar, fingir que não estava acontecendo. Na minha cabeça, ainda havia algum modo de “reverter” essa situação, para que eu não tivesse que fazer a minha família, os meus amigos, passarem pelo estresse de “ter que receber a notícia”. Não ter que passar por mais um momento de reviravolta de toda a minha vida. Eu não queria aceitar que era inevitável, pensei ainda por muito tempo que não só poderia evitar, como iria. Ignorei completamente o que sentia pela Linda, e até agi como se não gostasse dela; fiz a rebelde sem causa que fecha a cara por nada, se isola no canto com fones de ouvido. Internamente, não foi bem assim; eu ainda a via. Sabia exatamente que ela estava ali, sorrindo seus sorrisos largos, andando por aí com seu cabelo cheiroso e perfeitamente ondulado, até quando ela resmungava que estava despenteada. Mas por fora, uma máscara. Ninguém podia desconfiar, muito menos ela; pensava que, justamente por ela ser tão simpática e gentil, aquilo poderia se tornar uma amizade incomum – pelo menos ali, dentro da quadra – e logo ela perceberia, porque eu iria vacilar. Eu nunca fui boa mentirosa, eu vacilava até fingindo não gostar dela, que era algo necessário e que me obriguei a fazer por um interminável tempo. Quando eu pensava que não, estava rindo das piadas bobas que ela fazia, ou observando o jeito dela de jogar. E ela olhava e sorria, e aí que eu notava e desviava como se fosse adiantar.
Para não alimentar demais as esperanças, Linda se formou naquele mesmo ano. Nunca mais a vi se não nas redes sociais ou em uma festa ou outra do colégio, mas nada mais que um relance. E foi assim que acabou a minha paixão, sem nada de muito emocionante ou grandes acontecimentos; ela simplesmente se formou e eu fiquei lá sofrendo bullying.
Não muito tempo depois eu parei o handebol por recomendação médica, e não demorou para que eu esquecesse tudo o que aprendi nos treinos; mas ainda me lembro muito bem do sentimento que se criou naquela quadra pela primeira garota que fez tudo fazer sentido. Ainda hoje ela mexe comigo, mas é um sentimento diferente, como o de gratidão, mesmo que na época eu não tenha feito nada a respeito e tenha até ignorado o que eu sentia. Só de conhecer essa parte de mim que eu sabia que era algo, mas não o que e aí eu finalmente soube, já foi algo grande.
Obrigada, Linda.
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Três 4/4 ¹
Isak acordou com uma sensação doentia no estômago. Ele esperou um momento até que seus pensamentos alcançassem seu corpo.. Culpa, era isso .
Ele se sentia culpado. Finalmente tinha alguém que parecia gostar dele e ele havia o aborrecido falando sobre outra pessoa… Ele deveria ter sido mais sensível. Ele piscou os olhos, ainda estava um pouco escuro. Devia ser cedo. Isak soltou um pequeno gemido antes de pegar seu celular .
Isak olhou para a tela escura por um momento. Ele nem sabia se a pessoa estaria acordada tão cedo mas mesmo assim , ele precisava dizer alguma coisa. Me desculpe . Não havia muito mais a dizer depois disso, então deixou cair o celular ao seu lado. No entanto, houve uma notificação logo em seguida Você não tem porque se desculpar.
Você não está chateado? Você pareceu estar noite passada. Sim mas por minha culpa , não sua. O que você quer dizer? Essa coisa de “anonimato” isso não foi uma grande ideia . Mas foi uma ‘’boa’’ ideia no final.. Não Isak , não foi. Eu deveria ter ido até você e contado como eu me sentia . E agora se eu o fizer , as coisas serão mais complicadas . Não sinto como isso pudesse se complicar . E , você ainda pode vir até mim e me dizer como se sente? O coração de Isak estava batendo rápido. Parecia que a pessoa estava perto de se revelar. Você ficará bravo comigo. Eu não vou ! Você vai. Por quê?
Sinto que estou enganando você . Isak não entendia , ele sempre soube que a pessoa queria o anonimato , isso não era como ‘uma mentira’ , mas talvez ele/ela estivesse apenas dando lhe uma desculpa ?! Acho que não. Não é como se você tivesse mentido para mim. Eu sabia que você não queria dizer quem você era desde o início. Você presumiu isso. Presumi o quê?! Na verdade, eu menti.
O estômago de Isak apertou. Ele/ela tinha mentido?!? Isso significava que não gostava de Isak ?
??? Biologia não é minha matéria favorita .
O alívio foi imediato, mas lentamente se transformando em confusão. Você mentiu sobre sua matéria favorita? Sim. Por que você mentiria sobre isso? Porque você sabe minha matéria favorita.
Isak olhou para as palavras em sua frente e tentou desesperadamente juntar as peças mas falhando pateticamente . Ele não conseguia pensar no que dizer ou perguntar Enquanto ele estava relendo as palavras pela décima quarta vez, seus lençóis foram puxados bruscamente. Ele ergueu a cabeça para cima, apertando os olhos , buscando foco e quando ele obteve , seus olhos encontraram Even , ele rapidamente abaixou o celular .
“Que diabos Even?!? .” Even visivelmente estremeceu com as palavras de Isak .
“Isak, você vai me deixar explicar pelo menos?” Even apelou
“Sim, eu adoraria saber o possível motivo pelo qual você está me acordando tão cedo ” “Acordando você? Mas você estava -” Seus olhos se dirigiram para o celular ao lado de Isak .
Isak seguiu o olhar de Even e corou.
“Oh sim. Estávamos conversando de novo.” Os olhos de Even se arregalaram, Isak temia que caíssem da cabeça de seu amigo.
“Ahn? Você ainda não sabe quem é? ” Isak encolheu os ombros. Ele estava tentando resolver isso antes de ser interrompido. Ele precisava de silêncio para pensar. Even abriu a boca como se estivesse prestes a falar, mas nenhum som saiu. “Even? Você vai explicar ou não? ”
Even deu um passo trás parecendo um tanto atordoado. “Explicar ?” Ele repetiu. “Por que você está de pé ao lado da minha cama , puxando meus lençóis à essa hora da manhã ?” Even pisou algumas vezes antes de responder. “Ah sim. Eu estou com fome” Isak franziu a testa, Even estava agindo tão estranho.
“Você está com fome?” “Sim.” Isso realmente não parecia uma explicação apropriada para a intrusão súbita de Even.
“E?” "Bom, no outro dia , eu desci sem você e tu ficou irritado então eu pensei em te chamar , para irmos juntos ?” O rosto de Even se iluminou com um sorriso largo, mas Isak não acreditou. “Antes das 7h no sábado?” O sorriso de Even vacilou. “Eu estou com problemas para dormir … e com fome” “Tudo bem.” “OK. Eu só vou me trocar antes . ”
Isak viu Even se apressar para o banheiro.
O que há de errado com Even?!? Ele parecia estar escondendo algo. Isak estava tão distraído com o comportamento sem sentido de Even, que ele havia esquecido momentaneamente seus pensamentos anteriores. Mas, assim que a porta do banheiro se fechou e Even desapareceu, eles voltaram. Ele conhecia a matéria favorita dessa pessoa ? O que isso significava …? Isak suspirou e pensou e pensou e pensou até se sentir doente. Ele rapidamente se levantou , se trocou e quando Even finalmente voltou do banheiro cheirando a hortelã, com os cabelos molhados , Deus , Isak queria abraça-lo , mas ao invés disso , ele colocou o celular no bolso e se dirigiu ao banheiro para se preparar antes que pudessem descer para o café.
Havia poucas pessoas na cantina quando eles chegaram. A maioria dos alunos certamente estavam dormindo ou tinham ido passar o fim de semana em suas casas . Even abriu seu livro e , estranhamente pôs seu celular em cima .
Isak realmente estranhou mas relevou , então pegou seu próprio discretamente
Eu sei quem você é. As palavras foram enviadas como uma acusação fria. Isak olhou para o texto enviado pensando que provavelmente deveria ter sido menos direto. Ele não percebeu o rosto de Even virando para ele . “Isak?” Even disse hesitante. Isak afastou os olhos do celular para encontrar o olhar de Even
“O quê??!”, Ele perguntou.
Even o encarou um pouco mais, como se estivesse procurando algo em seu rosto antes de balançar a cabeça e retornar aparentemente para o… livro ? Isak recebeu uma nova mensagem Você tem certeza? Os únicos estudantes da minha classe que me disseram suas matérias favoritas foram Even e você.
Não houve resposta imediata. Isak suspeitou do silêncio e olhou para encontrar Even que estava o olhando com atenção. Seu melhor amigo imediatamente afastou os olhos e procurou por uma maçã na tigela em cima da mesa , voltando se para o livro e , seu celular acima da página aberta . Isak percebeu que ele estava usando o telefone, de fato. O que era incomum pois Even era bastante discreto . Antes que Isak tivesse tempo para questionar isso, ele recebeu outra mensagem E por que não poderia ser Even? Boa tentativa mas estou com Even agora . Então , quem você acha que eu sou, afinal ? Ela o faria dizer isso? Já não era humilhante o suficiente?! Isak suspirou e digitou um nome
Kátia. Isak olhou fixamente para a tela esperando uma explicação agora que ela foi pega e quase nem notou o riso vindo de Even. Uau. Você realmente acha que sou Kátia?!? Você acha que sua prima escreveria aquelas coisas para você? Era ela, não é?? Por isso era tão estranho e por isso ele estava esperando uma explicação. Exatamente. O que diabos você estava pensando? Isak. Você está falando sério? Eu não sou Kátia. Quem mais poderia ser? Não sei a matéria favorita de mais ninguém!
Talvez você tenha esquecido ou talvez eu seja Even .
Isak voltou os olhos para o verdadeiro Even na frente dele.
Ele estava tocando a tela do celular , Isak podia ver claramente enquanto mordia a maça
Você não é Even. E se eu fosse? Não brinque comigo. O que você pensaria se eu fosse Even ? Eu não sei. Você ficaria bravo ? Eu não sei! Eu acho que sim. Você ainda quer sair comigo? Por que você está tão obcecado por Even? O QUE? Você continua o trazendo para a conversa , continua tentando falar sobre ele. Por quê? Isak... Isak suspirou desapontado quando juntou tudo em sua cabeça .
Eu entendi. Me desculpe Isak . Eu nunca deveria ter-
Isak realmente não estava com vontade de ler um pedido de desculpas, então ele interrompeu. Você está me usando para chegar à Even O que?! Você gosta de Even. Isak, isso não faz sentido. É por isso que você queria saber sobre meus sentimentos em relação a ele. Isak sentiu vontade de chorar mas não podia. Ele sentiu os olhos de Even sobre ele, e viu entre seus cílios que ele estava com o celular em mãos agora , antes de piscar algumas lágrimas ,se concentrando nas letras das palavras . Você nunca pensou que eu fosse incrível. Isak, você pense sobre isso por um segundo? Claramente eu sou -
Isak bateu o celular na mesa . “Isak” Even o chamou e foi o tempo que Isak precisou para que suas lágrimas começassem a aparecer, uma após a outra. “Eu estava certo desde o início. Eles não gostavam de mim , eu sabia no fundo , eu sabia ! ” Isak disse através dos soluços “Mas houve um momento que eu realmente pensei … que alguém pudesse achar que eu fosse incrível. Eu, Isak. Eu sou tão estúpido”
“Isak” Even repetiu suavemente. “Eu sou tão idiota . Era sobre você o tempo todo. Eles estavam me usando para chegar em você. É claro! Como alguém poderia reparar em mim do seu lado?!? Você é tão … e eu sou tão … "Isak balbuciou suas palavras abafadas de soluços . "Isak, por favor. ” “Por que eu não percebi? Olhe para você. Você é perfeito. Você é estupidamente perfeito! Nunca poderia ser sobre mim.”
“Isak!”, Gritou Even , se levantando e chamando a atenção de toda cantina que não contia mais do que dez pessoas “Você é incrível, eu já te disse tantas vezes e você nunca me ouviu. Você é gentil e delicado mesmo quando tenta ser grosseiro” Isak olhou para Even, atordoado em silêncio . Even pegou seu celular com as mensagens expostas e jogou em direção à Isak, na mesa.
“Isak, minha matéria favorita é filosofia , você sabe disso . Sou eu, sou eu que venho escrevendo para você . Sou eu que penso em você dia e noite e , eu esperei tanto por um sinal seu mas não veio e mesmo assim , quando meus olhos encontravam os seus , eu sentia algo … Eu quis relevar e esquecer esse sentimento, eu não quero estragar nossa amizade, eu juro ”
Alguns múrmuros podiam ser ouvidos e Isak se sentiu congelado , com as lágrimas secando em seu rosto
Even respirou profundamente antes de continuar. “E , certamente eu não estou usando você para chegar até mim mesmo . Agora eu sei que esse foi o pior jeito possível para fazer você me ouvir , eu não deveria ter feito isso. Eu sei que eu te enganei e você me contou coisas que não teria se eu não tivesse lhe incentivado. Eu estava errado e eu sou um maldito covarde mas …eu não sabia como fazer você perceber o quão maravilhoso você é, o quão incrível você é para mim. Você não precisa ser inseguro sobre seu corpo , seu cabelo ou seus óculos . Você é perfeito Issy , e qualquer um que ache o contrário está cego . Eu adoro você , cada parte de você . Se lembra da primeira vez que nos encontramos ? Você tinha onze , estávamos na varanda da sua casa , você disse que gostava de doces e no dia seguinte eu levei uma sacola cheia de alcaçuz para você porque eu queria que você gostasse de mim. Você foi meu primeiro amor , e ainda está aqui”
Even concluiu com sua mão pousada sobre seu peito .
Isak pensou em todas as perguntas que o anônimo havia feito sobre Even ”Estou apenas tentando entender seus sentimentos em relação a ele", e Isak respondeu que eles eram apenas amigos. Por isso ele estava irritado , e por isso tinha partido repentinamente. Ele tentou pensar nos dois como um só pessoa, o anônimo e Even mas eles ainda pareciam tão distintos em sua cabeça.
Um pensamento veio até ele e seu rosto ficou vermelho. Ele contou a Even sobre sua fantasia com Even?!. Oh, Deus.. E a fantasia que ele recebeu em troca, Even escreveu isso, Even pensou nisso. Isak lembrou as palavras de Even no dia anterior: não ficaria surpreso se você fosse o tema de fantasia para alguns alunos.
Tudo estava começando a fazer sentido. Isak pensou em todas as vezes que Even lhe assegurou que havia alguém em algum lugar que gostava dele, todas as vezes que ele havia dito à Isak que ele era incrível, de todas as vezes que seu melhor amigo havia o apoiado, o encorajado e acreditado nele. Even era uma das únicas pessoas que o conhecia completamente e Even ... Não era um truque ou piada , ou um nero fetiche . Isak pensou em todas as vezes que ele teve Even em seus pensamentos, de todas as vezes que precisava estar com Even acima de qualquer outra pessoa, em todas as noites que ele via Even ler, de todas as noites ele esperava aquele sorriso aparecer. Isak se levantou lentamente, suas pernas tremendo mas se recusando a cair . Olhando para Even do outro lado da mesa e disse “Eu estou apaixonado pelo meu melhor amigo”
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( nobody said it was easy, no one ever said it would be this hard );
QUARTA-FEIRA, 27 DE SETEMBRO.
"Como você está?" Foi a primeira pergunta que Mimo escutou do treinador enquanto recebia tapinhas no ombro. Tapinhas solidários. Mimo franziu o cenho e respondeu que estava bem e feliz por finalidade voltar a treinar. Era tudo o que ele mais precisava naquele momento. Já tendo substituído o uniforme escolar pelo de educação física, estava pronto para se juntar aos colegas no campo, mas foi barrado. Ele temeu que fosse ser afastado novamente, que todo o caso com as drogas fosse impedir que ele fizesse o que tanto gostava, mas naquele momento, não. O treinador apenas pediu que ele fizesse o aquecimento sozinho ali fora mesmo. Os olhos negros vagaram pelo rosto do homem que agora passava dos quarenta e alguma coisa, mas era tão parrudo e bonito que sequer parecia ter chegado aos trinta. Mimo respeitava Seokmin com todas as células de seu corpo, o considerava tanto quanto considerava o próprio pai. Mas algumas vezes sentia uma raiva muito grande das meias palavras. Não questionava porque aprendeu que só receberia respostas curtas se o fizesse, então tratou de obedecer. A todo momento ele via os colegas em campo roubando olhares e ele só conseguia se sentir incomodado. Verdadeiramente incomodado. Alguma coisa estava acontecendo e ele não sabia o que era. Mas tentou fingir que não tinha percebido nada. Só queria entrar no campo.
O que foi uma péssima ideia.
Aquele treino foi um completo caos. Começando pelo fato que mais da metade dos garotos sequer disseram ‘oi’. Muitos deles nem mesmo ergueram o rosto quando Mimo falou. Então, uma sequência de eventos catastróficos; desde uma bola propositalmente arremessada em seu rosto (que não acertou, porque Mimo foi rápido no desvio). "Para baixo, Minpyo! Por que está jogando tão alto?", "Cala a boca, Mimo!". Até um taco acertado no meio de suas costas durante a troca de base, o fazendo cair de joelhos pela dor. Fora todas as provocações verbais que chegaram a ser cruéis em alguns casos. Mimo estava curioso pelo motivo de tudo, mas concentrou sua energia no que precisava: aguentar o treino. Alguns dias era mais difíceis, nada impossível.
Porém, quatro horas de cotovelos em suas costelas, chutes em suas canelas e bolas propositalmente arremessadas em seu corpo (o que doía bastante) se mostrou mais difícil do que ele esperava. Ainda mais quando ele percebia que o treinador fingia não ver o que estava acontecendo, só tendo chamado a atenção dos outros uma vez, quando Mimo caiu. Ele estava verdadeiramente chateado, só querendo entender o que estava acontecendo. Até onde conseguia se lembrar, não tinha feito nada para nenhum deles. Então por quê o ataque?
A cereja do bolo veio no vestiário quando foi impedido de entrar na área de banho. Por um soco bem no meio do nariz. Depois da dor alucinante que fez os olhos encherem de lágrimas e os pés vacilarem, lá estava o sangue correndo para a sua boca. Mimo estava pronto para brigar, estava farto daquela situação fora de controle. Mas assim que ergueu o pulso para Hyunshik, a voz do treinador ecoou pelo lugar, fazendo os garotos se dispersarem. Finalmente Seokmin disse que os puniria. Mas só se voltasse a acontecer. Mimo tinha certeza que se fosse ele fazendo alguém sangrar, já estaria sendo arrastado pela orelha para a diretoria da escola. Depois de ajudar Mimo com o sangue, o treinador o fez ficar até depois do horário para conversar. Largado na arquibancada uma bolsa de gelo sobre o nariz, Mimo observava o treinador remoer alguma coisa. Ele conhecia aquela expressão, tinha alguma coisa errada.
"Os meninos estavam comentando sobre suas fotos no instagram. Disseram que você postou fotos legais seja lá onde tenha ido. Então Minpyo começou a desconfiar do cara que aparece em várias delas." Mimo repassou mentalmente todas as fotos que havia postado. Tinham muitas fotos de Bonhwa e com Bonhwa, de fato. Mas nenhuma delas era comprometedora. Assim como as legendas delas. "Ele viu uma foto específica em que os dois aparecem com anéis iguais. Você sabe qual é?" Qualquer uma que aparecessem as mãos dos dois... "E disse que achava que você estava namorando esse cara. Quem é esse cara, Mimo?" Estava claro para ele que o treinador esperava que ele mentisse, que fizesse o que todas as pessoas em sua situação fazem: esconder. Ele sabia também que era para o seu próprio bem conforme a ficha caía de que tinha sofrido um ataque por homofobia. Mas ele não tinha medo. Mimo era completamente ciente que não estava fazendo nada errado, então não tinha motivos para mentir, para esconder. Sua família já sabia, a família de Bonhwa sabia. Quem tinha que estar incomodado com a situação, não estava.
"Ele é meu namorado mesmo. Nós fomos ao Caribe em uma viagem de casal. Eles estão certos."
Mimo, de fato, esperou uma agressão. Um cascudo que fosse, mas quando fechou os olhos do pôde escutar o treinador arremessando alguma coisa no chão, mas não quis saber o que era, apesar de imagina que fosse a pasta que ele esteve segurando. Documentos com seu nome, pelo o que tinha visto pelo plástico transparente.
"Era só o que me faltava."
Nesse momento ele abriu os olhos e fixou-os no rosto de Seokmin. "Se fosse uma garota, você estaria me parabenizando." Apesar de apontar os fatos em tom baixo, os dentes estavam cerrados e as mãos fechadas em punhos.
"Termina com esse cara."
"Não."
"Escuta aqui, seu moleque!" Com o início do acesso de raiva, Mimo não fez nada além de virar o corpo na direção do outro completamente interessado nos "motivos" que ele tinha. Apesar de saber bem o que viria pela frente. "Eu estou me dedicando tanto quanto você para te colocar em uma universidade! Você sabe que de todos esses garotos, você é Minpyo são os únicos que tem interesse em seguir carreira nisso. E você vai arrumar tudo por causa de uma paixonite descabida?"
"Paixonite descabida?" Mimo repetiu evidentemente ofendido. Se tinha uma coisa que aprendeu a odiar eram pessoas que tentavam diminuir seus sentimentos. Ele não tinha passado aquele amontoado de noites em claro pensando em como seu coração estava completamente rendido a Bonhwa para alguém que claramente não sabia de nada chamar seu amor de uma coisa tão banal.
"Ele está te fazendo mal! Você viu como foi pisado hoje. Você está lento, sem concentração, fora de forma! Não sei se vou mais te mandar para o teste. Não esse semestre..."
"O quê?! Uma semana fora acaba com oito anos de treinamento diário? Treinamentos exaustivos ainda por cima!" Defendeu-se, agora sim subindo a voz. O desespero se instalando. Mimo tinha contado os dias para aquele teste e agora ele estava voando para fora de seu alcance tão facilmente. "Você está me ameaçando! Não pode fazer isso comigo! Eu sou o seu melhor jogador, eu que me fodo nesse campo todos os dias. Eu sou o único que vai levar seu nome para algum lugar! Isso aqui é um jogo para dois, treinador. Você sabe melhor do que eu."
Mimo soube desde o dia que o professor de educação física passou a observar seu desempenho que ele tinha planos para si próprio. Porque ele podia ser bom como fosse, mas era tão egoísta quanto Mimo podia ser. Ele estava esperando que Mimo chegasse a um bom lugar só para mencionar seu nome por aí. Quanto prestígio não teria o homem que descobriu e lapidou um famoso jogador de baseball? Ele seria disputado por times em todo o país. Os dois seriam. Ninguém estava ali só por diversão. "Minpyo vai virar as costas para você na primeira oportunidade, então seja legal comigo e eu vou ser com você."
O mais velho hesitou por um longo tempo, mantendo os olhos baixo e o maxilar travado. Mimo esperou sem desviar os olhos. "Esteja aqui às seis da manhã dia 28. Sem um minuto de atraso ou te deixo para trás."
"Treinador... Isso é logo antes do CSAT..."
"Então espero que esteja se preparando para os dois, Han Mimo."
Era isso, aquele era o final da conversa. Mimo fez uma reverência em despedida e se retirou. De fato, só queria ir para casa e morrer.
SEGUNDA-FEIRA, 2 DE OUTUBRO.
Se Mimo soubesse o que o aguardava, nem tinha pisado na escola.
Claro que ele notou diversos olhares sobre si quando assim que passou dos portões de entrada, mas imaginou que fosse só o cabelo despenteado pelo vento. Mas quando entrou na sala de aula, a coisa só piorou. Ele podia ver claramente as pessoas sussurrando enquanto o olhavam nem tão discretamente. E não foi o único, Daeyeon parecia bem confuso com a cena. "O que ele estão falando?" Mimo respondeu dando de ombros, mas sabia bem o que estava acontecendo. Tinha demorado, inclusive. Só que agora ele queria ver até onde as pessoas iriam sem provocações diretas.
Só até o intervalo.
Mimo preferiu sentar sozinho aquela manhã sob o pretexto de estar lendo os papéis para o teste admissional da faculdade. Ele viu pelo canto de olho quando três garotas se aproximaram. Mas só levantou a cabeça do prato de comida quando escutou seu nome chamado em tom de desafio. Era Minah, uma garota da sala ao lado com quem tinha saído algumas vezes no ano anterior. "Por quê você me chamou pra sair, hein?"
"... Como assim?"
"Se não gosta de garotas..." Ela parou de falar por causa de uma cutucada nas costelas.
Mimo suspirou cansado e rolou os olhos, recolheu suas coisas e deixou o refeitório.
De todo jeito, teve que aturar aquele comportamento pelo resto do dia, fingindo que nada estava acontecendo.
QUARTA-FEIRA, 4 DE OUTUBRO
As coisas começaram a piorar. Mimo não conseguia sossego por um segundo que fosse. Bolinhas de papel eram arremessadas nele, tubos de caneta, até mesmo borrachas. As pessoas colocavam o pé para que ele tropeçasse, escondiam seus livros e jogavam qualquer coisa que pudesse sujar seu uniforme. Ele tentava ignorar, só por causa de Daeyeon que parecia ter virado sua sombra, o lembrando de respirar fundo e ignorar. Ele não havia perguntando mais o que estava acontecendo, nem precisava. Se prestasse atenção em todas as vezes que alguém gritava "viadinho!" quando ele passava, já saberia o que era. E não difícil que isso acontecesse. Alguns professores tentaram interferir. A professora de inglês percebeu a agitação do alunos por sua causa e o levou para a sala de aconselhamento. Mimo tinha que ver a psicóloga três vezes por semanas graças ao caso com maconha, não queria ter que aumentar aquele número. Então levantou e foi embora. Cabulou o resto das aulas na enfermaria, alegando enxaqueca. A enfermeira sabia que era mentira, mas a professora permitiu que ele ficasse.
QUINTA-FEIRA, 5 DE OUTUBRO.
Quando chegou na escola, haviam fotos de seu Instagram coladas pelas paredes do prédio. E ele não entendia o motivo. Não tinha nada demais, nada que 'denunciasse' um namoro. A não ser uma foto em que as alianças apareciam. Ele tinha fotos segurando as mãos de Daeyeon, de Taehyun, dos outros garotos do grupo cover, de seu pai... Qual era o mal de fotos lado a lado? O que tinha de errado em um beijo na bochecha? Ou um carinho nos cabelos? Tinha algum, porque as pessoas riam e apontavam. Daeyeon novamente foi seu herói, responsável por tirar todas elas e jogar no lixo.
"Não é aquele coreógrafo? Poison?"
"Hey, claro que não! De onde esse moleque conheceria aquele cara?"
Escutar aquele comentário lembrou-o de algo que deveria ter feito antes. Mas bloquear duas redes sociais na hora do intervalo só deu mais motivos para perturbação.
Na hora do treino, Daeyeon não estava lá para segurar seu braço e puxa-lo para longe. Minpyo seguia empurrando-o, dando seu jeito de derrubá-lo ou acertar a bola em seu rosto, mas sempre que Mimo tirava satisfações, ele repetia a mesma coisa: "Chama seu namorado, eu quero conhecê-lo."
A semana havia sido tão estafante, ele estava tão cansado de tudo que sequer pensou duas vezes antes de socar a face de Minpyo. E obviamente, aquilo foi tudo o que o treinador viu. Arrastou os dois para o vestiário e fez Mimo se desculpar, ainda que tivesse gritado sobre tudo o que esteve sofrendo em campo. Entrou por um lado e saiu do outro. O treinador seguia alegando que ele estava lento e incapaz de dar contado jogo, sendo que sua pontuação média seguia inalterada. E Mimo ganhou uma dispensa de novo. Ele gritou, esperneou, tentou negociar, ameaçar, fazer manha, fingir choro, mas não deu. Era isso, uma dispensa quando faltavam duas semanas para o teste admissional da universidade. Quando mais ele precisava jogar.
Ele não queria chorar, mas havia sido difícil segurar as lágrimas aquela noite. Ele disse que não iria sucumbir, que iria aguentar o que fosse preciso e estava tentando de todo jeito. Mas ele nunca havia estava naquela situação, não sabia o quão babacas e infantis as pessoas podiam ser.
Tentou distrair a cabeça jogando baseball no quintal de casa, arremessando as bolas na parede e rebatendo sempre que quicavam de volta. Até as mãos doerem de tanto apertar o bastão. De fato, esteve fazendo aquilo toda a semana, mesmo antes da dispensa. A diferença entre a noite anterior era que agora tinha muito mais raiva circulando em suas veias.
SEXTA-FEIRA, 6 DE OUTUBRO.
No último dia de aula da semana, ele estava acabado. Extremamente chateado, realmente nervoso, impaciente e principalmente desesperançoso. Parecia que toda a sua vida tinha desmoronado de uma vez.
Sim, ele sabia que seria difícil, que nem todo mundo eram seus amigos e familiares que aceitaram numa boa. Ele só não esperava que tudo fosse acontecer justamente quando ele só precisava de um pouco de paz. Não estava preocupado com as pessoas, longe disso, mas todo aquele estresse com certeza afetaria seu desempenho nos testes que estavam por vir. E era ainda pior saber que seu treinador estava dando as costas para ele sem mais, nem menos. Era extremamente doloroso saber que ele tinha que ter apelado por sua chance de fazer o teste admissional depois de ter ouvido tantas promessas ao longo da vida, depois de ter se apegado tanto ao homem. Não queria falar para ninguém sobre como estava se sentindo horrível. Não queria que achassem que ele estava pedindo algum tipo de socorro depois de toda a banca que havia colocado sobre ser capaz de aguentar o que quer que jogassem nele, lieral e conotativamente falando. E tudo o que segurava em palavras se tornava lágrimas com muita facilidade.
Aquela tarde ele permaneceu na escola, mesmo que não fosse participar dos treinos. Sim, ele estava disfarçando. Para Minkyung, Daeyeon, seus pais, o namorado. Não queria que ninguém pensasse que ele estava minimamente abalado. Passou boa parte do tempo sentado no pátio vazio fitando as fotos do namorado no celular. Abriu o aplicativo de mensagens diversas vezes. Digitou coisas e apagou, tentou grava áudios, mas não saia uma palavra de sua boca. Ele sequer lembrava que sabia falar depois de tantos dias em silêncio quase completo. Porque apesar de toda a provocação, Mimo não havia confirmado ou negado nada. Ele não estava fugindo, não estava escondendo nada. Mas também não devia explicações para ninguém. Queria tanto que ele estivesse ali. Precisava de um abraço, de escutar que ia ficar tudo bem.
Na hora de ir embora, Mimo tentou acelerar o passo para sair antes os outros quando o portão foi aberto. Pareceu dar certo só até a próxima esquina. Foi Youngmin quem gritou seu nome. Mimo estancou no lugar e respirou fundo. Se corresse, seria pior. Ele sabia o que estava acontecendo. Os garotos do time eram muito unidos, um sempre se levantaria pelo outro. Claro que o soco em Minpyo não ficaria por isso mesmo. Ele revidou enquanto outro garoto segurava ps braços de Mimo, ele podia sentir toda a arcada dentária doendo e o sangue enchendo sua boca. E logo ele também escorria do nariz. Mais alguns minutos e Mimo estava no chão, tentando proteger o que podia do corpo enquanto escutava que aquilo era para o seu próprio bem, que era para ele virar homem. E como se não bastasse tudo o que já tinha passado a semana inteira, alguém se achou no direito de queimar uma bituca de cigarro em sua nuca e picotar seu cabelo com uma tesoura escolar.
Mimo não sabia o que fazer consigo mesmo quando finalmente foi deixado em paz.
Pensou em ligar para Daeyeon, mas também não queria que o amigo o visse naquele estado. Acabou pedindo ajuda em uma loja de conveniência na quadra seguinte. A dona deixou que ele lavasse todo aquele sangue, limpasse seu uniforme e desse um jeito no que havia sobrado de seu cabelo. Ela não deixou que ele saísse até que tivesse aplicado bolsas de gelo e pomadas para hematomas em seu rosto. Mas não era de todo o necessário. Minpyo sabia o que estava fazendo. Apesar do soco na boca e no nariz, seu rosto havia sido poupado. Era o corpo que doía mais. E aquela maldita queimadura.
Não teve jeito, Mimo precisou passar no barbeiro para ajeitar os cabelos. Por sorte, os fios estavam longos e dava para reparar o estrago sem que tivesse que acabar raspando a cabeça.
Uma única lágrima não desceu enquanto estava fora de casa, sua única preocupação era estar inteiro quando Minkyung chegasse em casa.
Mas naquela noite ele chorou de novo enquanto castigava as mãos em treinos solitários e exaustivos no quintal.
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task002 || raina’s pov
“Mas como assim esse é o final?” Se questionava após terminar de ler um dos livros que escolhera levar para Hallstatt. Para Raina era inacreditável que seu personagem favorito tenha sido morto daquela forma grotesca. Intrigada voltou algumas páginas para ter certeza do que estava acontecendo. Concentrada no que fazia, não notou que batiam em sua porta, apenas levantou os olhos quando escutou vozes lhe chamarem a atenção. Deixou o livro sobre a cama e abriu a porta de seu quarto esperando ser Demetrius, Niara ou a irmã. Eram normalmente eles quem a procuravam a qualquer hora do dia. “Aconteceu alguma cois...” Não terminou seu questionamento, pois ao abrir a porta surpreendeu-se em estar recebendo desconhecidos que não se importaram em adentrar seu quarto sem consentimento prévio. “Perdoe-me alteza, mas esse assunto é urgente.” Disse o mais alto dos cavalheiros. Raina sentiu o coração apertar, já imaginando do que se tratava. Desde o dia anterior ouvia rumores pelo castelo de que todos os moradores estavam sendo chamados para interrogatórios. Parecia que chegara a sua vez. Assentiu com a cabeça e procurou uma cadeira para oferecer ao oficial. “O que precisam?” Questionou em tom de voz calmo. “Estou encarregado de fazer-lhe algumas perguntas, espero que compreenda.” Desde o momento do cancelamento do casamento, Raina sabia de que o motivo era sério e que provavelmente teria a ver com os ataques a realeza, mesmo que devessem estar seguros ali. “Claro.” Respondeu com um sorriso. Ela entendia que fazia parte do trabalho do mesmo, ainda não sentia-se invadida. “Pergunte o que achar necessário.”
Viu o oficial pegar um papel do bolso e passar os olhos pelo mesmo, parecia estar escolhendo o que lhe perguntaria. “Diga-me alteza... Onde você se encontrava na tarde do dia 21 de Agosto?” Aquela era a confirmação que Raina precisava para ter certeza de que o assunto tinha a ver com o cancelamento da cerimônia. “Eu estava no dormitório do príncipe herdeiro da França, Demetrius Valois.” Respondeu tranquilamente. Na tarde daquele dia fora quando o amigo lhe mostrara a carta que recebera do pai. Passara todo o momento ao lado do mesmo. Notou o oficial assentir a sua resposta e voltar o olhar para o papel anotando alguma coisa. “Existe alguém que possa confirmar tal informação?” Questionou a encarando. Raina achava que a resposta para aquele questionamento estava implícito na primeira, mas assentiu. “Sim, o próprio príncipe Demetrius pode lhe confirmar a informação.” Cruzou as pernas esperando pelo próximo questionamento. Tombou a cabeça para o lado observando enquanto o oficial conversava com seus outros companheiros. “Você possui contato com trabalhadores do castelo?” Aquela pergunta intrigou Raina. Por que ele iria querer saber algo assim? Seria um dos funcionários suspeitos em agir contra o casamento? “Sim, com alguns. Costumo passar bastante tempo cozinhando...” Raina era alguém que não tinha problema em ser educada com todos pelo castelo. “Poderia me dizer seus nomes, por favor?” Raina tombou a cabeça para o lado a fim de pensar. Apesar de passar bastante tempo com os funcionários da cozinha não lembrava-se de saber seus nomes. “Eu não sei de todos, mas acredito que o chefe responsável chama-se Paolo e seu assistente Colin.” Comentou em tom de voz tranquilo. Ela ainda não tinha visto problemas em responder aqueles questionamentos, ela não tinha nada a esconder e nenhuma das questões estavam sendo realmente pessoais. O oficial voltou a anotar algumas palavras em seu papel, muito provavelmente os nomes citados e correu os olhos pelas perguntas. “Quantos conhecidos você possui no palácio?“ Raina mantinha contato com muitas pessoas no palácio, não saberia ao certo como responder. “Eu tenho muitos conhecidos...” Mordeu o canto dos lábios esperando que ele não achasse sua resposta muito vaga. “Se importaria em me contar quem são?” Provavelmente ele achara. A irlandesa suspirou se colocando a pensar. Precisaria de um tempo para citar todos. “Bom, devo começar pela família francesa. Conheço todos ali, além do guarda pessoal do herdeiro, Pierre.” Deu de ombros. “Não é necessário comentar sobre a minha própria família, certo?” Questionou não mais achando impossível que pedissem os nomes de seus irmãos. “Tenho amizade também com o príncipe Daren e sua irmã...” Começou a contar nos dedos, em uma tentativa de lembrar-se mais fácil. “Conheço a família inglesa e italiana também. Tenho amizade com Liberty, a herdeira da Escócia e Niara a princesa sul-africana.” Jogou a cabeça para trás forçando a mente a trabalhar. “Você precisa mesmo de todos os nomes?” Questionou levando seu olhar a todos os presentes ali e suspirou ao vê-los assentir. “Conheço o conselheiro escocês, Robert e uma parte da família egípcia.” Comentou lembrando-se da família do noivo. “Acredito que sejam esses.” Completou com um sorriso, um tanto forçado. Aquela parte do interrogatório a havia cansado. Gostaria de poder voltar ao seu livro. “Esta é a última pergunta.” Suspirou em alívio ao escutá-lo. “Não menos importante do que as outras, claro.” Assentiu ao oficial, deixando claro que a levaria a sério. “Você possui algum inimigo dentro do castelo?” Sentiu o cenho franzir. Não estava esperando por um questionamento como aquele. “Não, eu não tenho.” Respondeu firme balançando a cabeça em negação. Ao menos Raina esperava não ter. Nunca foi de se meter em confusões “Tem certeza?” O ouviu questionar a encarando intensamente. “Oras, mas é claro que tenho!” Exclamou um tanto irritada pela insistência do mais velho.
Notou que o moreno parecia conferir ter questionado tudo que era necessário e levantou-se da cadeira ao mesmo temo que o oficial ansiosa para ficar sozinha em seu quarto. “Isso é o suficiente, alteza.” Raina abriu mais um sorriso forçado e seguiu até a porta abrindo-a. “Agradeço o seu tempo.” Assentiu a reverência feita pelo mais velho e esperou que ele e seus companheiros deixassem seu quarto, fechando a porta rapidamente. Suspirou aliviada deitando-se na cama. Se já estava preocupada antes, agora Raina estava mil vezes pior.
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Até então nada estava fazendo muito sentido. Estava calor, o sol estava forte, e o vento fazia barulho nas árvores onde estacionei, não se ouvia pássaros. Decidi seguir o caminho, podia ser só uma coincidência ou alguma coisa que aconteceu na cidade. Sempre fui muito pensativo e sempre gostei de respostas rápidas, planos A, B e C (e as vezes D e E). Cheguei a uma ponte, alta, sob o um rio largo e lento. A ponte era longa e quando no início, não se via o seu fim.
Na metade da ponte, tive de parar. O sol batia de frente, o vento não soprava, o silêncio era sufocante, e no final da ponte enxerguei uma espécie de mancha preta. Pensei ser um animal, grande, talvez algo como um urso? Aquilo se movia, mas não saia do lugar. Senti medo e já me preparei para talvez ter que dar meia volta com o carro. Aquela mancha não fazia som, seu movimento era rápido, como se estivesse crescendo e diminuindo poucos centímetros. Não sabia o que fazer, o que sabia era que algo não estava nada certo.
Depois de alguns minutos, bolei os planos A e B, não consegui nem chegar ao C. Minha primeira opção era virar o carro e me aproximar aos poucos, de marcha ré, e no caso de algo estranho acontecer: dar no pé. Já o plano B era descer do carro e tentar chamar a atenção do que quer que fosse aquilo, de longe, claro. Obviamente eu só tinha uma opção válida, mas me recuso a admitir que só tinha um plano.
Liguei o carro, instantaneamente a mancha sumiu. “Só pode ser brincadeira. ”
Essa situação estava bem complicada, não sabia direito lidar com aquilo e detestava o fato de que não conseguia bolar um plano, nem sequer um A. Fiquei algum tempo sem ação. Alguns minutos. Desci do carro e estava realmente quente, céu limpo e ali não ventava. Olhei ao redor. A ponte era larga, não dava para ver o rio devido as muretas de concreto. Me aproximei da mureta, pulei para a parte de pedestres para tentar ver o rio. Bom, talvez nessa parte eu tenha realmente entendido que tinha algo bem errado. No lugar do rio havia um céu. Mas calma, não era um céu qualquer, não era um reflexo, era um céu estrelado, negro, e ele corria, assim como o rio deveria fazer.
É, não estava muito fácil manter a calma. Acho que você consegue entender isso. Não consegui ficar muito tempo olhando para o rio, me dava medo e agonia. Voltei para o carro.
Adivinha. É, ela estava lá, outra vez, acho que no mesmo lugar, lá no final da ponte. Negra, incompreensível e surreal. Acho que voltamos aos dois planos anteriores, e o A deu errado. O B não é dos melhores, mas é o que resta. Gritei. “Ei! Você. ” E nada. Nenhuma mudança.
Você já deve ter se perguntado: porque esse infeliz não tentou ligar para alguém e ver no que dá? Pois é, nem lembrava, mas calma, eu fiz isso, logo depois de ter sido completamente ignorado pela “mancha”.
Liguei para um amigo, liguei para minha noiva, liguei para os meus pais, liguei para polícia. Todos chamavam, todos atenderam, e nenhum emitiu nenhum som. Confuso. De frente para aquela coisa e sozinho. Bom, eu não queria voltar, queria seguir meu caminho e queria encarar aquela maldita mancha. Entrei no carro, liguei. Dessa vez ela não sumiu. É, eu talvez estivesse esperando que ela sumisse. Comecei a ir em direção a ela, e a cada metro ficava mais estranho. Ela era extremamente preta, não tinha brilho, não fazia nenhum som. Quando cheguei a uns cinquenta metros dela percebi que ela não era nada que eu pudesse descrever ou comparar. Era um rabisco. Algo parecido com o desenho de uma criança que estava com muita raiva, pegou um lápis preto e riscou até não sobrar quase nenhum espaço em branco. Seu movimento era como se estivesse inquieta, se refazendo nas beiradas. Não percebia sua profundidade, parecia uma folha. Senti uma certa agonia daquilo, mas segui até ficar de frente com ela.
Tinha mais ou menos a forma de um círculo, mais para uma elipse. Não me culpe, é realmente muito difícil de descrever, mas imagine um borrão da altura de uma pessoa sentada, e da largura de um carro. Isso era aquilo. Estava com medo, mas curioso, aquilo se movia de maneira aleatória e rápida, mas não produzia nenhum som. Dei a volta para vê-la por outro angulo, e aí meu caro, aí foi difícil de acreditar. De qualquer que fosse o lado que eu olhasse, aquilo era exatamente igual. Era como se me seguisse, sempre cara a cara. Não estava me sentindo muito bem. Ficar perto daquilo me deixou tonto. Voltei para o carro, liguei. Sim, ela sumiu. Mas não foi uma saída, ela só estava ali e depois não estava.
Segui meu caminho, procurando por alguém ou por qualquer coisa viva que não fosse uma árvore. Perto de um bairro residencial ouvi um som de latido, mas de cara não dei bola, era só um cachorro. Demorou uns 40 segundos para eu lembrar que um cachorro é algo vivo, e não é uma árvore. Voltei e tentei ouvir novamente o cão. Os latidos eram pausados, um ou dois minutos entre eles. Foi um teste de paciência. Depois de uns três latidos eu me deparei com uma casa de padrão alto, branca, de muros altos. Ele estava lá dentro. O plano era: entrar e quebrar o fato de não ter nada “vivo” (que não fosse árvore) ou ir embora e… “qual é! Não vou invadir uma casa por causa de um cão”. Eu sei que meus planos não têm sido dos melhores ultimamente. Eu entrei. Usei a caixa de correio e alguns detalhes do muro para escalar. La dentro tinham 2 carros. Um sedan preto e um jeep todo limpinho, que eu acho que nunca viu terra na vida. Triste. Enfim, a missão era achar o cão e provar para mim mesmo que eu não estava pirando, como se invadir uma casa não fosse loucura. Lá dentro ouvi mais um latido, mais alto, estava no caminho certo. Percebi também que o latido foi ecoado. Possivelmente ele estava dentro de alguma sala. O muro foi a parte fácil, difícil foi entrar na casa de fato.
A garagem era coberta, a casa tinha dois andares e era bem “fechada”. Que sorte a minha. Na garagem tinha uma porta, toda de madeira. Do lado esquerdo da casa, tinha uma porta maior, a entrada principal. Essa era de madeira e vidro. Bom, aqui começa uma parte dessa loucura em que você tem que decidir: se quebrar esse vidro e invadir essa casa (mais) estará assumindo que isso está mesmo acontecendo, que não é só um mal-entendido, ou sei lá o que. Nesse ponto vi que tinha um jardim com várias pedras perto dessa porta. Coloquei a mão no rosto e pensei “não pode ser”.
É, vamos lá. Peguei uma pedra de um bom tamanho, tomei coragem, escutei nesse tempo mais um latido, e foi isso. Quebrei todos os vidros da porta porque acertei a parte de madeira dela, e isso fez era vibrar e quebrar tudo que tinha para quebrar. Não sei se reparou, mas eu nem tentei abrir ela como uma pessoa normal, na hora eu nem pensei, mas depois de quebrar tudo, vi que estava trancada. Foi um alívio, em parte. Passei pelo vidro quebrado com cuidado para não me cortar, embora pensei em me espetar com algum pedaço de vidro só para garantir que não estava sonhando.
Lá dentro me deparei com uma sala, brilhante, de piso branco, liso, refletindo tudo. Uma sala enorme com sofás suficientes para uma torcida de futebol. À esquerda uma escada de ferro e mármore se elevava até o segundo andar. Não ouvi mais latidos desde que entrei. Comecei a explorar o lugar. Em uma parede vi fotografias de um casal e duas filhas (imaginei) e um cão, provavelmente era o que estava latindo. Era um Golden retriever, e então eu já sabia o que procurar. Subi as escadas, tudo estava tão silencioso que eu, às vezes, me sentia sufocado com o silêncio. As escadas davam em um mezanino com uma parede com mais fotos de família. Mais adiante um longo corredor escuro com uma pequena janela no fim. Ao decorrer do corredor várias portas. Quase todas fechadas.
Eu que já estava me sentindo em uma espécie de filme antes, diante da primeira porta fechada então, fiz até certo suspense para abri-la. O primeiro quarto era um escritório. Uma mesa com computador ao centro, na esquerda uma parede inteira de livros, na direita um mapa mundi totalmente riscado com linhas que pareciam rotas ou viagens. A falta dos latidos dificultou muito o processo. Teria que olhar todas as portas e ainda olhar direito a parte de baixo da casa. Na mesa do escritório tinha um telefone fixo, testei, nada. Vamos a próxima porta.
Cansei de fazer suspense e fui logo entrando. Uma péssima decisão. Da soleira da porta para dentro do quarto, não existia piso. Olhando para baixo tudo que eu via era uma cozinha, toda branca e cinza, vista do alto. O mais interessante é que as camas, o guarda roupa, o tapete, a mesa, a cadeira estavam lá, se apoiando em nada. Era o quarto das meninas com certeza. Demorei a entender que o piso existia, ele só não era visível. Pelo menos não para mim. Pensei nisso porque o cão estava lá. E ele não estava nem um pouco incomodado com o fato de não ver onde pisava. Não acho que ele tenha se acostumado ou que entendesse o que estava acontecendo. Ele simplesmente ficou sentado, olhando para mim. Hoje, com mais calma imagino até que ele parecia estar me esperando.
Estava parado, na soleira. Experimentei “pisar” no quarto. Bom, mais um péssimo plano. O piso não só era invisível para mim como também não “funcionava”. Fiquei ali alguns minutos, pensando e tentando entender, “mas que merda tá acontecendo aqui? ”. Resolvi me sentar. Ali mesmo no corredor. O cão não parava de me olhar, e eu de olhar para ele, mesmo ali flutuando ele era alguma coisa “viva e normal”. Chamei-o com um assovio. Aquele som ecoou pelo corredor frio de mármore, mas o danado nem se moveu. Tenho a mania de falar sozinho, quando sozinho. Comecei a conversar com o cão. Falar mantem nossas ideias claras, e era tudo que eu precisava naquele momento.
“Seu nome será Raov”. Disse para o cão e ele veio até mim caminhando, voando, ou seja lá como isso se chamaria. Raov parecia calmo, triste. Ele veio e sentou-se ao meu lado. Ficamos ali, eu não sabia o que fazer. Achei o cão, mas e agora?
Demorei a tomar uma decisão. O silêncio era algo novo para mim. Sempre morei em cidade, e o silêncio era um privilégio. Mas tinha algo sobre o silêncio que eu só entendi ali, sentado do lado do Raov, naquele corredor. O silêncio grita, chama atenção, incomoda. Ele te deixa mais próximo da sua realidade, das suas ações.
Gostei do Raov, ele era calmo, e parecia pensativo, assim como eu. Ficamos ali por algum tempo. Mas era hora de procurar explicações. Minha mente nesse ponto começou a pesar pela falta de respostas. Levantei, desci as escadas, fui até a cozinha e vi que tinham deixado bastante comida, como se não tivessem planejado sua “partida”. A casa em sí parecia ter sido abandonada de repente. Carros na garagem, comida fresca, o cão.
Procurei um interfone, e o encontrei perto da porta. Era um interfone com câmera que dava visão para o portão da frente. Vi meu carro, estacionado. Reparei também, na câmera, uma sombra consideravelmente grande, movendo-se lentamente. “O. Que. Será. Agora? ” Falei pausadamente, não por estar assustado, mas eu já estava cansado de surpresas.
Apertei o botão que abria o portão. Caminhei até a porta de vidro que quebrei. Lá olhei para cima e vi algo que parecia ser um animal, de quatro patas, na rua. Gigantesco. As pernas finas tinham a altura de prédios da rua. Do corpo eu só conseguia ver o que deveria ser a barriga, vendo de baixo. Era colossal. Era tão grande que parecia se mover em câmera lenta. Parecia pesar toneladas, mas suas pernas finas terminavam em pontas finas e seu toque com o solo não causava sequer um arranhão no asfalto. Nessa fase da história eu já não conseguia ligar muito para o fato de ter um animal enorme de patas de agulha andando na rua.
Olhando para cima, percebi que o céu havia se fechado de nuvens negras. É, ia chover. Depois de alguns minutos, o “animal” passou pelo lugar onde eu estava e continuou pela rua. Começou a chover, entrei novamente na casa para me proteger. Acho que eram umas duas da tarde, e eu estava com fome. Sim, vou roubar comida da casa. Preparei um lanche qualquer, na enorme cozinha. Percebi que Raov tinha água e comida em um canto. Comi depressa e voltei para sala. Me senti um pouco melhor com o som de chuva. Aquele silêncio parecia que ia me enlouquecer. Deitei num sofá que parecia me abraçar, de tão confortável. Dormi.
Acordei, não sei, talvez algumas horas depois. Ainda chovia, estava escuro. Bateu medo. A casa estava toda apagada, e a única luz era a do poste, que entrava pela porta quebrada. Aquela luz amarelada parecia esconder mais do que mostrar. Medo, novamente o medo voltou a me assombrar. “Acho que devo ir para casa”. Pensei. Peguei o celular no bolso, liguei a lanterna e vi que o Raov estava deitado no pé do sofá. Levantei e acordei ele. Caminhei até a porta e chamei. Queria levar ele, não quis deixá-lo sozinho. Ele não veio, ficou sentado e me olhando. Resolvi ir mesmo assim e voltar depois para ver se ele está bem. Me voltei para a porta da frente, me contorci para passar pelo vidro quebrado, quando passei, vi Raov, o sofá, a escada de mármore, as fotos na parede. Eu estava na casa. Parei por um minuto, sem ação. Olhei para trás e a porta quebrada estava lá. Dei meia volta, passei pelo vidro quebrado e novamente estava na casa. Eu não conseguia sair. Estava em loop e com a cabeça queimando de agonia. Tentei mais quatro vezes. Desisti. Tive mais medo desse momento do que daquele animal gigante.
Raov parecia já saber que eu não conseguiria sair, por isso nem se moveu quando o chamei. Naquele momento eu comecei a odiar aquela casa. Meu plano A era procurar a chave da porta e tentar abri-la para poder sair. Sair de verdade. Péssimo plano, eu sei, se eu não consegui sair passando pelo vidro quebrado, do que mudaria eu abrir a porta agora? Bom, realidades estranhas pedem planos estranhos (tentei me convencer disso). Fui a cozinha. Como dá para imaginar, não tinha luzes na casa. Só para melhorar a situação. Pelo menos tinha bateria no celular. Procurei por toda parte. Nada. Encontrei uma foto rasgada. Metade da foto apareciam as filhas e a mãe, e na outra metade, o possível pai. Subi as escadas e me dei de cara novamente com aquele corredor. Raov subiu comigo, o que achei ser um bom sinal. Não sei, parecia que Raov sabia o que eu deveria ou não fazer.
Já tinha entrado em duas portas, o escritório e o quarto sem piso, onde Raov estava. Entrei no escritório e procurei em todas as gavetas, mesa, tudo. Encontrei um canivete peculiar. Tinha um entalhe de madeira e parecia bem antigo. Mas nenhuma chave. Percebi um cofre que não tinha notado antes, ao lado da porta, era pequeno, cinza, de metal. Raov estava sentado ao lado dele. Não quis perder muito tempo com aquilo. Fui para a próxima porta. Era o quarto sem piso. Não entrei. Na verdade, eu até fechei a porta e fui logo para o próximo.
A terceira porta. Dessa vez preferi fazer aquele suspense antes de abrir, não queria dar de cara com nada que fosse muito maluco. Bom, estava trancada. A próxima estava aberta, mas era só um banheiro. Olhei rapidamente e fui para a última porta. Olhei pela pequena janela do corredor, chovia forte, a luz do poste iluminava as gotas de chuva que batiam no vidro e molhavam o chão. O silêncio ainda me incomodava bastante, mesmo com o som de chuva. Parei diante a porta, abri. Estava bem escuro, acendi a lanterna e, bom, diante a tudo que já aconteceu, aquilo era tranquilo. Estava chovendo no quarto. Mas o teto estava lá, não me peça para explicar melhor. As gotas d’água atravessavam o teto e molhavam tudo que tinha lá dentro. Entrei. Era o quarto do casal. Tudo estava destruído pela chuva. O quarto era bem grande, tinha uma cama ao centro, bagunçada, lençóis pretos e brancos. Um quadro grande acima da cabeceira mostrava uma cena desértica, com um homem no canto direito, carregando um guarda-chuva.
Eu estava todo molhado. Com frio. Mas o quarto era grande e precisava procurar as chaves. O mais interessante era fazer tudo isso sem saber se iria me ajudar a sair da casa de verdade. Raov não entrou, esperto. Ficou na porta e dava pequenas espiadas as vezes. Ele era um cachorro grande, de pelo liso e macio, transpirava confiança e parecia sempre triste com algo. Me sentia bem com ele, me sentia menos só.
Depois de muito procurar, não achei nada. Sai do quarto e parei no corredor um pouco. Precisava me secar. Lembrei que vi um banheiro e pensei que talvez pudesse achar alguma roupa protegida da chuva no guarda roupa do quarto de casal. Talvez alguma seca que me servisse. Voltei para o quarto e achei, por sorte o guarda roupa as protegeu. Fui para o banheiro e, por me sentir um pouco estranho, fechei a porta. Raov entrou comigo. Estava com muito frio. Achei toalhas em um armário pequeno embaixo da pia. Me sequei e coloquei a roupa. Queria mesmo era tomar um banho, mas sem energia seria ainda pior.
Saí do banheiro, desci e deitei novamente no sofá. Não havia nada que eu pudesse fazer. Estava preso ali, naquela casa. A chuva não parava, relâmpagos iluminavam a sala. Raov parecia calmo, deitado perto de mim. Dormi.
Por algum motivo, quando acordei, ainda era noite, ainda chovia, tudo permaneceu igual. Meu celular tinha acabado a bateria e não conseguia ver praticamente nada, a não ser nos relâmpagos. Na minha cabeça já tinham se passado horas. “Mas porque ainda é noite? ” Aquilo estava começando a me parecer estranho demais. Procurei por um relógio. Não havia nenhum na sala. O que já me era estranho. Na cozinha também não encontrei nenhum. “Não acredito que vou ter que procurar nos quartos outra vez”.
Desisti da ideia. Estava cansado, mental e fisicamente. O desespero começava a subir pela garganta, mas eu o segurava para não enlouquecer. Comecei a odiar aquela casa. Essa é uma das piores partes dessa história, aqui foi onde tudo começou a realmente desmoronar. Quando se está preso, damos valor a liberdade. Quando se perde o senso de realidade, nada parecer ser suficientemente real para ser levado a sério. Quando se fica muito tempo só, a voz dos seus pensamentos fala alto demais. Quando o tempo não passa, a esperança morre.
Aquilo não podia ser o fim. “Tem que ter algo na casa que me ajude a sair. ” Existiam alguns pontos da história que ainda não tinham sido resolvidos. De cara lembrei da porta trancada no andar de cima. Porém sem a lanterna seria impossível até de subir as escadas. Precisava de algo para iluminar o caminho. Pensei na cozinha, um isqueiro ou algo do tipo. Com ajuda de ocasionais relâmpagos que iluminavam praticamente tudo, fui (em flashes) até a cozinha. Caminhei até o fogão. Era amedrontador ficar parado no escuro esperando o próximo relâmpago dar à luz. Ao lado do fogão tinham gavetas. Abri a primeira só pelo tato. Esperei o relâmpago para olhar o que tinha dentro. Eu não sei quanto tempo demorava, já tinha perdido essa noção, talvez 5 ou 10 minutos parado esperando. Finalmente, na primeira gaveta, talheres, “droga”. Procurei no escuro a segunda gaveta, abri. O relâmpago revelou mais talheres. Na terceira vi que era uma daquelas “gavetas da bagunça” e de cara não consegui ver tudo que tinha lá dentro. No terceiro relâmpago com a gaveta aberta vi uma gota de sangue. Ah, nessa parte da história, talvez seja melhor vocês se sentarem. Não sei dizer se aquela gota já estava ali, ou se pingou no período que estive com ela aberta.
O próximo relâmpago me tirou o fôlego. Duas novas gotas de sangue. Nisso eu também consegui visualizar um isqueiro. Mas de cara não consegui tatear a gaveta para pega-lo sabendo que tinha sangue ali. Passei a mão no nariz, no rosto, esperei um relâmpago e olhei minhas mãos para verificar se o sangue era meu. -Não era-.
Imóvel, no escuro, cansado, enlouquecendo. Isso era a situação. Demorei a tomar alguma atitude. Mas tinha que fazer algo. Esperei mais uma luz e localizei exatamente onde o isqueiro estava, peguei-o sem tocar em mais nada. Agora talvez, tenha exigido muita coragem. Acender o isqueiro e enxergar. O escuro estava me protegendo de uma realidade que eu talvez não quisesse ver. O isqueiro mudaria isso, mas a pergunta é: eu quero ver?
Ele acendeu de primeira. A primeira coisa que vi foi o chão, limpo, branco, impecável. Mais acima vi o armário, cinza, limpo. A bancada, de pedra, limpa. A parede, branca, brilhante, limpa. O teto, branco, sujo, manchado de vermelho.
Certo, quando estive no quarto das meninas, procurando Raov, olhei para o piso e vi a cozinha. Mas não vi nenhum sangue, nem nada que estivesse sangrando. “Mas que merda é essa? ”. Apaguei o isqueiro e resolvi esperar um relâmpago para ver melhor a mancha. Demorou, bastante, não sei se era minha noção de tempo afetada ou algo assim. Quando relampeou vi o teto inteiro da cozinha, e não tinha nada, nenhuma mancha. “Eu estou enlouquecendo. ”
Agora eu tinha luz, e precisava saber o que é que estava acontecendo. Num lapso de coragem resolvi ir ao quarto. Saí da cozinha, passei pela sala em direção a escada. Uma foto na parede da sala instantaneamente me chamou atenção. Era o que parecia ser o “pai” e ao seu lado Raov. O “pai” me parecia familiar, mas eu não tinha notado aquela fotografia antes. O isqueiro estava quente, e queimou meu dedo, apaguei e fiquei ali por algum tempo. Resolvi esperar relampear para ver melhor aquele homem da foto. Bom, quando aconteceu a fotografia não estava mais lá. Perto de tudo que tinha me acontecido, coisas sumindo e aparecendo dependendo do tipo de luz não eram nada, então não liguei muito. O que realmente me assustou foi ter achado aquele homem familiar. “Quem era ele? ”
O isqueiro esfriou e segui para o quarto sem piso. Parei em frente a porta e fiquei com medo de abrir. Apaguei o isqueiro e fiquei ali, de frente a porta, no escuro. Os relâmpagos atravessavam a janela aberta no final do corredor e iluminavam tudo. O som da chuva estava forte, escutava algumas rajadas de vento nas janelas que vez ou outra até assoviavam. O medo era como agulhas no estômago. Eu que tinha até me esquecido de Raov, olhei para o lado e ele estava lá. Acho que ele não saiu de perto de mim em nenhum momento, eu que tinha parado de notar. Bom, era hora de abrir a porta. Eu tinha que abrir.
O suspense dessa vez era por medo real. Acendi o isqueiro e abri a porta bem devagar. Logo que comecei a abrir, vi que o piso estava lá, era de uma madeira de cor escura, brilhante. Abri totalmente, mas não entrei. Iluminei aos poucos, da esquerda para a direita e foi aí que meu estômago gelou. As duas meninas estavam sob o piso de madeira, que estava completamente tomado por uma poça de sangue. Raov entrou, desviou do sangue e sentou perto delas, exatamente onde eu o encontrei da primeira vez. Elas estavam ali o tempo todo, eu só não as via. Eu entrei para ver melhor o que tinha acontecido. Na parede, vários desenhos, um deles, a mancha da ponte. Outro deles o ser de pernas de agulha. “Mas que merda tá acontecendo? “. Havia também sinais de luta, roupas bagunçadas e um canivete com cabo de madeira jogado em um canto. “Mas espere, esse é o canivete que tinha visto no escritório. ” Corri até o escritório e ele não estava lá. Pensei que talvez sob a luz de um relâmpago ele aparecesse, mas eu não estava com cabeça para esperar. Corri para o último quarto, o do casal. Tudo estava seco. Não chovia e havia mais sangue, dessa vez nos lençóis. Fiquei com medo de procurar alguém na cama, porém o fiz com cuidado. Sim, a mãe estava lá.
Voltei para o corredor. Sentei no chão e fiquei. Não sabia o que estava acontecendo e estava com medo de apagar o isqueiro e começar a ver coisas que não existiam, ou que não eram verdade. Cheguei a me questionar quais das duas realidades era a verdadeira. Três pessoas mortas são mais reais do que um piso invisível e um quarto que chove, por mais triste que seja admitir isso.
O isqueiro queimou meu dedo. Apaguei. Dessa vez estava doendo. Esperei um relâmpago para ver a queimadura. Quando aconteceu vi que minhas mãos estavam sujas de sangue. Fiquei em choque, minha respiração travou, meu coração batia terrivelmente forte. Mesmo com dedo queimado acendi o isqueiro e vi que realmente estavam sujas. Levantei e corri até o banheiro lavei-as. Sequei a mão em uma toalha. Olhei no espelho, relampeou. Era ele.
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Memórias de uma ex-sokoviana (I)
Par: Peter Parker X Leitora
Avisos: Angústia.
Contagem de palavras: 2125
N/A: Hey! É minha primeira história de imagine, ainda mais postada no tumblr. Não sei o que dizer, acho que não ficou lá aquelas coisas, mas espero que curtam. Saibam que podem me dar sugestões para próximas histórias. É isso, boa leitura!
Significados: S/N - seu nome
Sinopse: A leitora sofreu com o ataque à Sokovia e acabou sendo um alvo de pena de Tony Stark, que a salvou por último e acabou percebendo que a garota estava órfã, então a “adotou”.
PARTES: I II
Antes eu achava que meu maior problema era ter muita tarefa e estar cansada demais para finalizá-las, ou lembrar de lavar meu cabelo quando já era tarde da noite… até mesmo esquecer de levar um caderno para a escola. Isso foi até o dia em que eu me encontrei no meio de um campo de guerra, rodeada por pessoas desesperadas e a poeira tão alta que chegava a cobrir todos os corpos, até escondendo aqueles que já estavam desprovidos de alma.
Sokovia nunca foi um lugar muito movimentado. Tinha seus edifícios e monumentos, mas ainda assim, era uma cidade pequena. Não havia motivo algum para atrair a atenção de pessoas importantes, ou das forças mais-que-armadas, então eu nunca vi problemas para me preocupar. Mas como toda alegria cessa em um piscar de olhos, a cidade resolveu dar um passeio pelos céus. Literalmente. Algo fez com que parte do local passasse a voar, destruindo várias estruturas; dentre elas, meu antigo apartamento.
Falar sobre era uma dor antiga, então farei apenas um resumo do que houve com minha família: todos morreram.
Eu tive sorte, já que ainda não havia chegado no prédio, e estava nas ruas, atrás de uma garota que controlava uma cúpula de energia vermelha. Teria sido incrível se o pânico não me dominasse e fizesse com que eu saísse correndo antes mesmo de curtir o restante do show. Tentei correr até o prédio, na esperança de poder avisar minha família, mas quando cheguei no quarteirão anterior, vi o local desabar com uma leveza inesperada. O som das janelas se quebrando e das estruturas sendo destruídas causaram um imenso impacto em meu peito, deixando-me em choque. Avistei o prédio caindo pelas extremidades da cidade que agora flutuava, sumindo abaixo de nós.
A última memória que tive daquele dia foi de ter caído de joelhos e mãos sobre as ruas cheias de pó, corando meus dedos nos fragmentos de vidro que alcançaram minha distância, e deixando um grito escapar pela minha boca. Então dois braços metálicos me encontraram algum tempo depois, quando eu estava jogada no chão, com ao menos três ferimentos no rosto e uns cinco no restante do corpo.
Incrivelmente, eu fui a única jovem que ficou órfã e era sustentada pelos pais. Todas as outras crianças e adolescentes deram sorte em não terem que guardar a cena de seu prédio sumindo no céu.
Me lembro claramente da cena: eu sentada em uma cadeira desconfortável enquanto meus dedos batucavam em meu colo, aguardando a conversa, ouvindo apenas a voz do grande bilionário com a mulher do sotaque tradicional, argumentando sobre algo que eu não consegui captar direito. Apenas entendi algumas palavras, mas que foram suficientes para deduzir o restante da conversa. Ninguém vai querer adotar uma garota da idade dela. Os casos são raríssimos e não temos todo esse dinheiro para sustentar mais uma boca.
E então, troquei a cadeira desconfortável por um grande banco em um jato particular, com enxovais levando o emblema “T” de Tony Stark. Um pequeno copo de água no apoio ao meu lado e uma diversidade de comidas, tudo à minha escolha, e eu acabei optando por não provar nada.
Caso eu ainda tenha deixado implícito, o que eu quero dizer é que Tony Stark resolveu me adotar.
Não era nada oficial, mal sabia se ele havia assinado algum papel para ter minha guarda legal, ou se não precisava, já que eu não tinha ninguém vivo em minha família. Talvez ele tenha me olhado com pena. Pobre garota, perdeu os pais e a fé na humanidade, talvez ela se sinta confortável sabendo que um bilionário pode dar tudo que ela desejar em sua vida.
E isso era a única coisa que eu não queria.
O homem me arranjou um quarto na torre dos Vingadores, já pedindo para que algum de seus empregados arrumasse minhas pequenas bagagens no lugar. Lembro-me de pisar ali e sentir o cheiro de pães com tipos variados de queijo, e lembro-me, também, de ter evitado todos eles. A única coisa que eu fiz foi deitar na cama e abraçar o travesseiro, deixando as lágrimas rolarem enquanto ninguém me rodeava.
Desde então, eu venho morando na torre dos Vingadores há alguns meses, vivendo de refeições para um pássaro e lendo o dia todo para ter algo que me tirasse dos pensamentos ruins. Conseguir os livros me custou uma vida, já que tive de pedir para o Sr. Stark, e eu mal me lembrava de como era falar com alguém. E então, o homem me providenciou uma biblioteca gigante, que era o outro cômodo que eu frequentava além do meu quarto.
Durante alguns dias, o Sr. Stark me avisou que ficaria alguns dias na Alemanha para trabalho, e que eu poderia pedir qualquer coisa para suas inteligências artificiais. Admito que acabei um tanto amedrontada da ideia de ficar sozinha novamente, quase entrando em choque, mas acabei assentindo lentamente e voltando para a biblioteca, lendo ao menos uns três livros.
Nesse intervalo, acabei por sentir falta da presença do homem, mesmo que fosse apenas para encontrá-lo nos corredores e receber um curto cumprimento de sua parte, por mais que eu nunca respondesse. E foram nesses dias que eu acabei me encontrando encostada à porta do quarto enquanto chorava incontrolavelmente, como se meu peito fosse explodir de angústia. Eu conseguia sentir a mão de minha mãe tocando meu ombro e sua voz suave dizendo que tudo ficaria bem, ou ver meu pai encostado ao aro da porta, sorrindo de canto, com seu jeito próprio de consolo. Tudo isso para depois perceber que eu estava apenas imaginando, e que aqueles eram momentos que eu jamais repetiria em minha vida.
Depois da volta do Sr. Stark, o sentimento evaporou um tanto, já que eu o encontrava durante algumas refeições. O homem costumava mandar suas inteligências artificiais me avisarem que ele havia comprado pizza ou comida tailandesa, suas duas opções favoritas, e que ele estaria me convidando para se juntar à mesa. E então, acrescentei mais um cômodo para a lista de avanços.
Ele havia me apresentado vagamente para alguns outros que frequentavam a torre, mesmo que fosse em uma menor frequência. Conheci o Capitão América, o Visão e a Wanda, a mesma garota que me protegeu no dia do caos. Não troquei palavras, apenas sorri de canto e acenei com a mão para não parecer tão rude, e então, corria de volta para a biblioteca ou voltava a atenção para minha comida.
Naquela tarde, eu me encontrava nos sofás da biblioteca, rodeada pelas grandes estantes azuis enquanto segurava a página do meu exemplar de O Grande Gatsby, preparada para virar. Eu apenas ouvi um ranger da porta e inclinei-me para ver quem estava lá, me deparando com um garoto que parecia ter em torno de minha idade. Sua expressão era de confusão total, e deduzi que ele estava perdido. Nervosa, voltei meu olhar para o livro, sem conseguir ler mais nenhuma palavra, esperando que ele saísse.
"O-Oi" soou sua voz e eu ignorei, puxando as pernas para mais perto de meu corpo. "Hm… Você saberia me dizer onde fica a sala de treinamento?”
Vendo que não havia escapatória, levantei o olhar e neguei com a cabeça, focando no livro novamente.
"Peter!" Soou outra voz, sendo esta do Sr. Stark. "A biblioteca nem se parece com a sala de treinamento. Como você conseguiu se perder assim?”
Tony parou de frente para a porta, logo atrás do garoto, e percebeu minha presença ali. Colocando a mão sobre o ombro do jovem, abriu um curto sorriso e me indicou com a mão livre.
"Vejo que conheceu a S/N' comentou enquanto dava um passo para frente. "Neste momento ela está em seu habitat natural, então é melhor não a incomodar.”
"N-Não, eu…" o garoto tentou argumentar, mas o mais velho interrompeu-o do mesmo modo.
"Vamos, hora de ajustar esse uniforme.”
E com isso, as visitas começaram a aumentar, e eu encontrava com Peter pelos corredores, cozinha e até mesmo na biblioteca, sentado com um notebook no colo enquanto esticava as pernas sobre um dos divãs espalhados pelo quarto. Eu procurava não focar muito nele, já que meu contato com pessoas em torno da minha idade havia se tornado inexistente, mas após um tempo tornou-se inevitável não dizer um “olá” ou me assustar com sua presença.
Mas o contato real apenas começou em uma tarde que eu estava finalizando meu exemplar de Moby Dick e me deparei com Peter adentrando a biblioteca e sentando-se no seu proclamado assento. Sorri em cumprimento e voltei meus olhos às palavras, conseguindo dominar minha mente para focar em outra coisa além de sua presença, e então ouvi sua voz.
"Você tem algo contra mim?" Questionou, sua voz falhando na última palavra.
Levantei meu olhar e encarei o garoto. Peter tinha seus cabelos ajeitados em um topete todos os dias, e os olhos de chocolate pareciam analisar cada traço de meu corpo, não conseguindo focar em apenas meu rosto. Arqueei uma sobrancelha, questionando seu comportamento.
"Esqueça" ele deu de ombros e abriu o notebook, começando a digitar algo furiosamente.
"Não" respondi em seguida, ainda o encarando.
Peter abaixou a tela da máquina e prensou os lábios finos juntos, fazendo-os desaparecer por alguns instantes.
"Você sempre me ignora e parece estar incomodada com minha presença" comentou o jovem, rolando os ombros em uma tentativa de ficar mais confortável. "S-Se você quiser, eu posso arranjar outro lugar para estudar.”
Ele seguiu esperando por uma resposta, mas eu acabei ficando quieta, sem saber o que falar. Eu tinha plena noção de que se começasse a contar meus motivos, acabaria chorando e de coração partido novamente, e eram as duas coisas que eu mais tentava evitar. Peter negou com a cabeça, como se estivesse brigando consigo mesmo, e voltou o olhar para a tela do notebook.
Senti uma adrenalina percorrer meu corpo e tentei controlá-la, falhando miseravelmente. Abri minha boca e comecei a falar em apenas um único impulso:
"A culpa não é sua. Eu fico incomodada com a presença de qualquer um" comentei e arrependi-me em seguida.
"Então vou te dar seu espaço" Peter fechou o notebook e pegou a mochila.
"Não!" Exclamei. "Não foi isso que eu quis dizer.”
A sensação de conversar era algo que eu havia me privado nos últimos tempos. Minha garganta coçava, desacostumada com o ato de falar. Peter parou em pé, com o computador em minha mão e a mochila na outra, confuso com a situação.
"Desculpe se eu te dei a impressão errada" complementei enquanto formava minhas frases com cuidado "eu estou vivendo uma nova realidade e ainda não me encaixei nela.
Peter sentou-se novamente, colocando os dois objetos ao seu lado e inclinando-se sobre os joelhos, focando em minha direção, seus olhos não deixando os meus por um minuto.
"O Sr. Stark comentou sobre a tragédia… eu sinto muito" suas palavras pareceram tiros em meu peito, e as lágrimas começaram a se acumular a ponto de fazer minha visão ficar embaçada.
Puxei as mangas de minha blusa e enxuguei as lágrimas que estavam perto da queda, não querendo me arriscar. Torci a boca e encarei o chão, procurando desviar de seus olhos penetrantes.
"Você… você gostaria de ver algo muito legal?" Sugeriu ele.
E eu não hesitei.
Naquela noite, Peter me levou até o telhado da torre, que tinha um acesso tão fácil que era até questionável. O garoto sentou-se na quina, virado de costas para a paisagem, com um pé no chão e o outro no ar, balançando perigosamente. Lembro-me do receio de me sentar ao seu lado, com medo da queda, mas o garoto apenas sorriu e disse:
"Não se preocupe, eu não vou deixar você cair.”
Me encontrei sentada ali, ao seu lado, visualizando toda a paisagem da grande cidade. Era a primeira vez que eu via Nova York de verdade, já que todas as vezes que eu olhava para uma janela, meus pensamentos estavam em outra situação. E ali eu me sentia viva, vendo cada mínima luz e os movimentos nas ruas largas. Eu não focava nas pessoas, apenas na luminosidade refletida pelos edifícios e postes.
"Eu costumo vir aqui para descansar da rotina" afirmou Peter, passando sua segunda perna para o lado de fora, sugerindo para que eu fizesse o mesmo. Com um tanto de medo, segui seus movimentos e respirei fundo. “Daqui os problemas não parecem tão grandes.”
E eu pensava igual. Vendo a cidade de um ponto alto, tudo parecia ser como um mapa de formigas, insignificante. Peter olhou por cima do ombro e eu encontrei seu olhar, sorrindo de relance. O garoto desviou e pegou o celular do bolso, parecendo surpreso.
“Tenho que ir” avisou e sorriu de canto. "Espero ter sido uma boa companhia.”
E foi.
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I Know What You Did Last Summer
Oi, gente! Tudo bem com vocês? Achei que essa parte era meio importante para entender algumas coisas... Espero que gostem! Milhões de beijos!
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I know what you did last summer
- (S/A), o que aconteceu? – Olho para Camila com a sobrancelha esquerda arqueada.
- Como assim? – Pergunto indo para o quarto largar algumas roupas que havia tirado da máquina de lavar e ainda precisava dobrar e guardar no armário.
- É, (S/A), você precisa nos contar por que desde o primeiro dia de aula você fala em não se apaixonar, em não namorar e parece ter repulsa em relação aos caras que te cercam. – Bridg diz sentada na poltrona e aponta para que eu sente ao lado de Camila. – Você gosta de meninas?
- Você pode nos contar... – Camila diz e eu sinto as bochechas corarem. – É sério, pode confiar em nós.
- Gente, não é nada demais. Sério. – Eu franzo a testa e olho de Brig para Camila. – E eu não gosto de meninas.
- Mas, se não é o que estávamos imaginando, que mais poderia ser? – Vejo Camila se ajeitar no sofá e eu desisto de ficar de pé; sabia que teria que contar toda a história para elas, sem nenhuma escapatória. – Precisamos que confie em nós. Até por que, se for algo grave e você realmente não quer uma pessoa, eu vou parar de insistir que o menino lá te chame para sair.
- Tudo bem. Como eu disse, não é nada demais. Mas a história é longa.
- Estamos prestando atenção.
- Eu sempre fui muito reservada com a minha vida; e não é somente aqui que eu não gosto de sair ou não aproveito para ir em todas as baladas; durante todo meu colegial foi assim.
- Não sei se ainda quero ouvir. – Camila diz e se agita no sofá.
- Está tudo bem. – Eu abro um sorriso fraquinho nos lábios. – Eu conheci um cara da turma ao lado da minha, ele era um ano só mais velho do que eu. Mas começamos a sair juntos, ele me levava para o cinema, comíamos no meu restaurante favorito, coisas que aos poucos me conquistaram. Ele era meu primeiro namorado e eu estava tão feliz por ter alguém comigo em um momento bem complicado da minha vida. – Deixo um suspiro escapar dos meus lábios. – Nós ficamos uma vez, duas, três e ficamos nesses beijos para cá e para lá até o meio do meu último ano da escola ele me pediu em namoro, oficialmente.
- Até aí acho que tudo bem, né?! – Brig pergunta aflita.
- Claro que sim. Na mesma noite que ele me pediu em namoro, saímos para jantar e dormimos juntos.
- Sua você ainda era virgem? – Camila pergunta.
- Era. Não foi de todo ruim. Ele foi cuidadoso, carinhoso, um verdadeiro príncipe, não podia negar.
- Você está me deixando aflita. – Brig fala.
- Deixa ela continuar... Não vamos mais te interromper. – Camila diz e encara Brig com cara de má.
- Bom, estava tudo indo da melhor forma possível naquela noite, até que no dia seguinte eu e mais várias pessoas da escola descobrimos que havia uma câmera naquele quarto. Eu troquei de escola, me mudei de cidade, mas ele me achou. Disse que estava arrependido e que sentia minha falta. Acabei aceitando; acabei voltando para ele. Foram quatro meses maravilhosos; quatro meses de amor, carinho e compreensão. Mas eles acabaram.
- Não acredito.
- Então. Eu fui convidada para um acampamento de leitura no verão; passaria um mês e meio lá em meio a projetos de leitura, escrita e editoração; foi divertido, engraçado e ainda tive oportunidade de criar meu primeiro livro, do nada. Quando eu voltei para a cidade, ele não esperou por mim, como havia prometido, e ainda por cima espalhou pela escola nova e pela antiga que eu era lésbica. Foi super tranquilo, muito fácil de superar. – Digo com ironia.
- Que judiação. – Brig diz.
- Agora entendem por que não quero ter ninguém? Por que tenho tanto receio de ter uma pessoa na minha vida. Foram tempos difíceis e não tenho certeza se vou conseguir passar por isso de novo.
- Nós entendemos, (S/A). Mas você precisa entender que nem todo mundo será como ele. Não é justo com você se privar de viver por que existem imbecis na face da Terra. – Cami diz. – Se você quiser, eu nunca mais falo sobre o cara.
- Eu só não me sinto preparada para esse tipo de coisa; eu tenho receio de me magoar e de sofrer mais uma vez.
- Bom, podemos ameaçar o jovem. – Brig diz e eu e Camila a olhamos assustadas. – É, a gente pode até continuar instigando o jovem a investir na (S/A), mas deixando claro que se algo acontecer, nós matamos ele.
- Quando é que vocês vão me contar o nome dele? - Pergunto.
- Quando ele quiser te contar, ué. - Olho para Camila esperando que ela me contasse o que eu não queria perguntar. - Sim, ele sabe que você não sabe o nome dele.
- Oi? - Brig diz rindo e eu caio na gargalhada tirando todo aquele ar pesado da conversa anterior.
Acabamos desistindo de continuar sentadas ali conversando sobre coisas tristes e namorados, decidindo pedir uma pizza e assistir filme o resto do dia, já que eu não ia concluir meu trabalho, Brid não ia estudar a matéria e Camila tinha desistido de ir para a festa.
- Não sei vocês, mas não estou com a mínima vontade de ir para meu quarto. – Camila diz e a vejo se remexer no sofá em que ela estava deitada. Brig murmura algo e eu apenas dou de ombros.
No final das contas, passamos a noite vendo filmes espalhadas pela pequena sala e quando o clarão do dia seguinte começou a aparecer na janela sem persiana eu comecei a sentir sono. Me virei no pequeno colchão que colocamos na sala para eu deitar e apaguei por alguns minutos, que por incrível que pareça, assemelharam-se a horas descansadas. Sorte a minha.
Meu celular marcava sete horas quando decidi levantar. Tomei um banho rápido, não lavei os cabelos, e depois de sair do box, escovei os dentes e penteei os cabelos, os deixando soltos.
No quarto, arrumo minha cama que estava abarrotada de roupas e com suas roupas de cama amarrotadas. Depois de organizar tudo, logo o computador e na pequena estante que tenho no quarto, procuro os livros que precisaria para dar continuidade ao bendito projeto do curso.
Durante os semestres, trabalharíamos com teoria e produção; teria longos meses de trabalhos, sem muita diversão.
- (S/A), teremos festa no final de semana que vem. – Camila berra na porta do meu quarto.
- Não. Nem pensar. Tenho um projeto para começar e tenho que terminar.
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