#eu acabei de fazer dezoito não sou tão velha
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dear diary, discuti com crianças hoje.
eu estava certa, óbvio. mas crianças hoje em dia são muito cabeça dura e não aceitam estar erradas.
te provocam e depois não bancam sozinhas. vêm em multirão.
mas tá tudo certo, não me afetou na hora.
mas pensando bem, foi bem exaustivo mentalmente.
e o treino foi e me cansou fisicamente, também.
cheguei em casa e decidi fazer um penteado no cabelo. só um lado ficou bom. mas deu pro gasto! mais ou menos...tadinha da minha futura filha.
acho que hoje foi 4/10.
#o jeito que eu falo crianças me faz parwcer velha#elas deveriam ter entre 11-14#eu acabei de fazer dezoito não sou tão velha#socorro#não sei fazer penteado#alguém ajuda?#lulu talks
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❛ —— 𝐁𝐄𝐓𝐓𝐄𝐑 𝐋𝐎𝐂𝐊 𝐈𝐓 𝐈𝐍 𝐘𝐎𝐔𝐑 𝐏𝐎𝐂𝐊𝐄𝐓, 𝐓𝐀𝐊𝐈𝐍𝐆 𝐓𝐇𝐈𝐒 𝐎𝐍𝐄 𝐓𝐎 𝐓𝐇𝐄 𝐆𝐑𝐀𝐕𝐄.
durante as férias, ninguém ouviu falar em leonardo. além de seus amigos próximos, um grupo extremamente seleto, poucos sabiam, de fato, qual era seu paradeiro. os mais maliciosos podem ter pensado que estava fugindo da polícia, e tinham certeza que ele era o culpado do assassinato, mas ele estava muito ocupado com problemas familiares para se importar com sua reputação. portanto, não surpreendeu-se com a intimação, mas, considerando a polícia de olho nele, estava mais preocupado sobre o que a investigação era. chegou na delegacia com alguns hematomas em seu rosto e também no resto do corpo — embora estes estivessem escondidos por trás das roupas.
foi recebido por dois policiais, lhe encarando com expressões severas, e não se importou em cumprimentá-los. o caminho da porta até a cadeira designada para ele foi silencioso e dedicado ao reconhecimento do espaço: notou a câmera, a pasta na frente dos dois adultos, suas expressões e, mais importante, os rostos deles; já se conheciam, mas não oficialmente. sendo observado pela polícia, eles pensavam conhecê-lo e ele também foi atrás para saber quem pesquisavam sobre ele. sentado, continuou sem cumprimentar ninguém verbalmente e apenas acenou para a delegada com um balançar de cabeça. “boa tarde, senhor odescalchi. primeiro, diga seu nome completo, sua idade e o que você faz da vida.” a mulher sugeriu, em tom de ordem, apoiando as mãos em cima da mesa. “meu nome é leonardo borgia-odescalchi, tenho dezoito anos e sou estudante em truffaut.” respondeu com casualidade, dando de ombros. “esse é o seu único trabalho?” a pergunta do homem fez leonardo sorrir.
“meu tio tem um cassino e pediu pra eu cuidar da gerência em sua ausência, mas não faço muita coisa. só tenho dezoito anos, como acabei de informar.” respondeu-lhe. sabia que não conseguiria enganá-los com uma suposta inocência, mas não daria nada incriminatório. “ok, obrigada pelo esclarecimento, senhor. você foi convocado aqui porque é testemunha da morte de eloise girard-dampierre. gostaríamos que fosse o mais objetivo que pudesse nas respostas. quão bem você conhecia a srta. girard-dampierre?”
“na verdade, não sei nada sobre ela. ela não estava presente no meu grupo de amigos.” foi sua resposta e era verdadeira. “e ela parecia saber muita coisa do senhor...” o tom da mulher, embora fosse sério, era quase sarcástico. “bom, é aí que tá, minha senhora: eu gasto meu tempo livre jogando, conversando com meus amigos, passeando com meus cachorros. se eu fosse fofoqueira como ela era, também saberia sobre ela, mas acredito que cada um tenha suas prioridades na vida.” deu de ombros, obtendo sucesso em esconder a acidez de sua frase. “você estava na Ilha de saint-marguerite quando da morte da srta. girard-dampierre?”
“quem não estava? era a festa da turma.” devolveu a pergunta, sem paciência para responder coisas óbvias. aquilo pareceu irritar a mulher, que endureceu ainda mais a expressão. “responda a pergunta, senhor odescalchi. não pedimos gracinhas.” sem sentir-se oprimido pela entonação irada da mais velha, leo bocejou preguiçosamente. “sim, eu estava.” optou por fazer o que lhes pedia, porque era o caminho mais fácil para voltar para sua casa; queria dormir ou beber. “o senhor estava na festa de passagem realizada pelos alunos da truffaut françois?” e, à essa pergunta, ele assentiu, em silêncio. “precisamos de palavras.”
“sim, eu estava presente para aquela baboseira.” respondeu, mal-humorado. o policial menos carrancudo ergueu as sobrancelhas, emitindo um gesto curioso, e ganhou a atenção do estudante. “se acha uma baboseira, por que foi? tinha algum motivo por trás?” inquiriu, e, embora não tivesse um tom acusatório, havia uma acusação velada em suas palavras. que trabalho amador, pensou. “sim, tinha um motivo. minha ex e meu amigo insistiram muito e não vi motivos para negar o convite. conheço a maioria deles há anos.” a resposta, mais uma vez, foi sincera. “então, você se lembra da srta. girard-dampierre lá naquela noite?” é claro que se lembrava. “sim, nós chegamos juntos. não propositalmente, é claro, mas ela chegou com o melhor amigo e eu cheguei com minha ex. ela falou merda de mim e, depois, me deixou em paz.” falou meia-verdade, dessa vez. eloise nunca o deixava em paz, sempre com seus olhares desconfiados e insultos na ponta da língua como se o conhecesse tão bem — não conhecia. “deve ser doloroso ouvir isso de alguém, ela fazia isso com frequência?” o policial inquiriu, um tom simpático, como se sentisse pelo tratamento que recebia. balançou a cabeça em negativa, dando de ombros. “eloise não me afetava assim, não me importo com o que pessoas distantes pensam de mim, ela não era minha amiga.”
“alguém que lhe afeta fez isso com seu rosto?” a delegava perguntou, apontando, com a caneta na mão, seu rosto machucado. tentou não demonstrar emoções, mas foi quase impossível não murchar o sorrisinho insolente. umedeceu os lábios, que também estavam machucados, antes de responder. dessa vez, eles tocaram num tópico sensível o suficiente para que ele perdesse, momentaneamente, a pose de indiferente. “sim, meu pai me afeta bastante.” respondeu, sendo sincero, embora negue aquele fato diversas vezes. “e eu não estou aqui para explicar nada sobre minha vida pessoal ou familiar, que, eu garanto, tem nada a ver com esse caso. próxima pergunta, por favor.”
“qual foi a última vez que você viu a srta. girard-dampierre naquela noite?”
“nesse momento que ela me insultou. depois disso, passei um tempo com meu amigo, valentin, e esqueci que ela existe, pra ser sincero.”
“você viu a srta. girard-dampierre na companhia de alguém naquela noite?”
“de muitas pessoas, ela tinha muitos amigos.” respondeu. se metia na vida de muitas pessoas também, pensou, mas não externou. a verdade é que nunca odiou eloise, porque, como disse às autoridades policiais, não se importava o suficiente com ela para tal. “você consegue pensar em algum motivo para a srta. girard-dampierre ter morrido além de suicídio? ela tinha inimigos, desavenças?” ah, aquela maldita pergunta. não sabia nada sobre assassinato, mas sabia que ela havia irritado muitas pessoas, ele incluso. não o suficiente para querer assustá-la ou rebater seus insultos, mas ainda era um incômodo toda vez que respiravam o mesmo ar.
“não.” começou, e soltou um risinho nasal, debochado. “quer dizer, eu sei que garotos milionários têm uma péssima reputação, no geral, e até entendo. conheci alguns cretinos ao redor do mundo, porque meus pais se mudavam muito a trabalho, e que até seriam capazes de cometer assassinato, mas os alunos de truffaut? é sério?” um outro risinho escapou de seus lábios, como se aquela ideia fosse ridícula. “para ser sincero, não acredito na capacidade deles de fazer algo assim, eles são tão... mimados e protegidos pelos pais. eu incluso, é claro. não acredito que alguém da nossa turma conseguiria matar alguém, especialmente eloise. todo mundo parecia gostar dela.” ao fim de sua sentença, soltou um suspiro demorado, de braços cruzados. os policiais lhe alertaram que ele estava liberado e, após uma longa espreguiçada despreocupada, levantou-se da cadeira e foi embora, sem olhar para trás.
#◜ ⠀⠀⠀❪⠀⠀☠⠀⠀❫⠀⠀ » ⠀ i am learning to sharpen my teeth and rule kingdoms⠀⠀ –– ⠀⠀⠀pov .#◜ ⠀⠀⠀❪⠀⠀☠⠀⠀❫⠀⠀ » ⠀ if you gaze into the abyss it will gaze back at you⠀⠀ –– ⠀⠀⠀development .
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P R Ó L O G O
Quando minha irmã mais velha se mudou para Boa Esperança, uma cidadezinha no interior do Pernambuco, eu não achei que fosse me acostumar sem sua presença para preencher os meus dias. Confesso que a princípio eu senti uma onda de raiva ao saber que ela havia prestado um concurso para professora de ensino infantil numa cidade tão longe da minha, mas depois de três anos, acabei aceitando que era o melhor para ela, enfim. Quero dizer, nós perdemos nossa mãe para o câncer quando tínhamos 7 e 10 anos e isso nos marcou muito. Ficamos somente eu, Ari e nosso pai, que nunca foi um homem presente. Ari sempre me disse que ia estudar e se mudar, e agora que estou com dezoito anos e no segundo período de Biologia, eu sei bem o que ela disse anos atrás. Hoje sou eu que almejo mais que tudo terminar a minha faculdade e ir embora de Recife.
Há alguns meses papai decidiu trazer sua namorada para dentro de casa, e eu tenho certeza de que ela só quer o seu dinheiro. Se ele soubesse o quanto ela é chata e o quanto me maltrata, não ficaria sempre do lado dela. Semana passada, Maiara – a namorada do meu pai pegou um vestido meu sem minha permissão. Fiquei muito puta com isso, e quando fui pedir satisfações, papai ficou do seu lado. — Embora você tenha a minha idade, você não tem o direito de pegar as minhas coisas entendeu? – falei para ela que fingia estar magoada na frente do meu pai. – Você não é minha irmã! — Eu sou sua mãe agora! – ela respondeu baixinho. Virei-me para encará-la só pelo fato de não ter acredito no que acabei de ouvir. Maiara estava sentada no braço do sofá com as pernas cruzadas e sua mão esquerda estava apoiada no joelho do meu pai. — Você nunca será a minha mãe! Bati a porta do quarto com força e deitei na cama. Ah como eu gostaria de já ter terminado o meu curso e sair dessa casa.
Na mesma noite sai escondido e fui para a casa de César, o meu melhor amigo, que também faz Biologia. Além dele, tenho uma amiga chamada Camille, que completa o nosso trio inseparável. Camille não pôde nos encontrar, pois marcou de sair com um cara que conheceu no Tinder. — Meu Deus, Camille toda semana sai com um cara diferente através desse Tinder. Ela ainda vai se dar mal. Estávamos no quarto do meu amigo. Eu encontrava-me deitada em sua cama, mexendo no meu celular enquanto ele fazia algumas coisas no seu computador. César virou-se para mim antes de dizer: — Já disse que esse aplicativo é legal, Lu. Você precisa experimentar algum dia desses. — Estou mais preocupada em terminar o meu curso, só depois eu penso em namorar. — Meu Deus! Dar uns beijos não vai te fazer perder o período. — Eu sei. – dei um longo suspiro. – Sabe o que é? Quero tanto me livrar da agradável companhia da minha madrasta e do meu pai, que não penso em namorar agora. Quero ser livre antes. — Não seja exagerada. Eu ainda acho que seu pai vai se livrar daquela catraia logo logo. — Não sei não. Já fazem onze anos que minha mãe morreu, e ele nunca levou nenhuma de suas namoradas pra morar com ele. — Vai ver elas é que não queriam morar na sua casa. — Bem, só sei que não a suporto.
Conversamos por horas e horas. A verdade é que eu não queria ter que ir para casa sabendo que teria que aturar a falsidade da minha mais nova madrasta e a cegueira do meu pai, mas quando os pais de César disseram que já era quase meia-noite e eu tinha que ir, o jeito foi pegar um Uber e encarar a minha realidade. Bem coloquei os pés para dentro do apartamento a luz da sala foi acesa revelando meu pai e Maiara sentados no sofá à minha espera. — Isto são horas, Annalu? – papai perguntou com a voz mais grossa que o habitual. — Eu chego essa hora quando venho da faculdade. – revirei os olhos. — Você não estava na faculdade, hoje é sábado. – Maiara falou. — Cala a boca! Não se intrometa onde não é chamada! — ANNALU! – meu pai gritou e eu arregalei meus olhos para ele. – Respeite-a! — Eu? Eu não vou respeitá-la! Ela não é nada minha! — Ela mora aqui agora, é minha esposa e exijo que a respeite. — O senhor exige? Eu não tenho motivos para respeitá-la! Ela não manda em mim. Se quiser mandar, tenha filhos com o senhor para que isso aconteça! — ANNALU! ENQUANTO VOCÊ MORAR EMBAIXO DO MEU TETO, IRÁ RESPEITÁ-LA E VIVER DE ACORDO COM MINHAS REGRAS! — AAAAH! AGORA TEMOS REGRAS NESTA CASA? NÓS NUNCA TIVEMOS ISSO! — Porque não era preciso. Mas você tem se mostrado uma garota mimada e rebelde! — Mimada e rebelde? Eu não sou nada disso. O senhor está cego porque se apaixonou por uma garota que tem a minha idade e não vê as coisas que ela me faz! — A partir de hoje você só sai para ir à faculdade. — O quê? O senhor sabe que não pode fazer isso. Eu tenho aulas de música e de dança. E tenho balé! — Não vai mais fazer nada disso! Olhei para ele perplexa. Olhei para Maiara e vi que ela prendia o riso. Devia estar achando tudo aquilo muito bom. — Ótimo! Então eu não moro mais aqui! Esqueça que sou sua filha e eu esqueço que você é meu pai. — Ótimo! Aproveite e tire o meu sobrenome do seu nome. — ÓTIMO!
Bati com força a porta do quarto e deitei-me na cama, chorando. Chorei por horas, até que de madrugada, quando estava com uma dor latejante nas têmporas, tomei coragem e fui à cozinha para beber um comprimido. Do relógio na parede vi que já eram quase duas da manhã. Voltei ao quarto e liguei para a minha irmã, que atendeu ao telefone com uma voz arrastada, indicando que ela ainda dormia. Contei-lhe tudo. Desde o começo do namoro do nosso pai, ao momento em que Maiara começou a viver conosco e me infernizar até a nossa briga de horas atrás. Não sabia o que fazer, só que não queria mais viver com eles. Ariane me deu a solução que a princípio julguei radical demais. Mas, sendo a única solução decidi que era o melhor. Arrumei as minhas coisas e comprei uma passagem pela internet usando o cartão da minha irmã que ela me dera os dados e a senha. Mandei uma mensagem aos meus amigos dizendo-lhes que estava me mudando para Boa Esperança e que assim que pudesse, eu voltaria para visitá-los. Quando eles lerem a mensagem, eu já estarei em uma nova cidade e começando a minha vida. A meu pai não deixei nenhum bilhete. Se ele quiser ao menos ser um pai de verdade, me ligará para saber onde estou. Quanto a faculdade, ele terá que trancá-la, porque terminar meus estudos é o que menos me interessa agora.
Olá meninassss, aqui está o prólogo para vocês. Daqui a pouco postarei o primeiro capítulo. Ao final, não se esqueçam de deixar ask falando o que acharam do capítulo tá? E para quem quiser acompanhar a história com música, já montei a playlist da história. É só clicar AQUI e curtir o som. Beijão! :***
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Eu fui péssimo em absolutamente tudo que tentei de primeira: refleti hoje, em cima desta constatação. A primeira memória que comprovava a minha tese foi a do meu primeiro mês de natação. Entrei aos onze anos, já meio velho para começar, e eu acabei ficando, ridiculamente, no primeiro nível da aula junto de um monte de crianças bem mais novas que eu. E eu era horrível. Eu conseguia – de novo, ridiculamente – perder pro garoto gordinho de seis anos, e aquilo me matava de vergonha, me fazia ter vontade de ir embora dali e nunca mais voltar, algo que nunca consegui fazer. Pois, quanto mais envergonhado, mais teimoso eu ficava. Com o passar dos meses pulei de nível em nível, sem conversar muito e com muito esforço, acompanhei os garotos da minha idade e os ultrapassei, e, um ano depois, aos doze, eu ganhava uma medalha de bronze seguida por uma de prata competindo num evento na cidade. Cheguei a ser chamado para a equipe de competição, proposta a qual não aceitei. Descobri que competições não eram bem o que eu gostava: eu não tinha lá muita pretensão de ser o melhor em nado, apenas não queria ser o pior. Eu estava bem apenas sendo bom, apenas sendo legal e relaxando enquanto meus braços se moviam na água. Continuei nadando por mais três anos, e até hoje sou bom nisso. Vez ou outra dou instruções para alguns amigos, conto essa história quando eles se sentem meio pra trás. Outro caso é de quando comecei a escrever. Um poema de quatro versos, triste, raivoso e feio, escrito num papel rasgado e amassado. Essa era a minha primeira obra escrita a qual, infelizmente, perdi, e não me lembro muito sobre ela. Lembro que odiei lê-la, mas gostei de escrever. Gostei da auto-reflexão que aquilo trazia, de dizer no papel o que não tinha coragem para soltar com a voz. Continuei, portanto, escrevendo poeminhas tristes e adolescentes por quase um ano, e com o tempo os aprimorei. Certo tempo depois eu já exibia textos no show de talentos da escola, e no primeiro ano não fiz muito sucesso. Já no seguinte, eu com meus quinze anos e um pequeno protótipo de livro chamado New Land (o qual nunca terminei, mas ainda tenho suas páginas guardadas), eu lotei meu stand mais que quase todos os outros, mesmo sem muita decoração e sem gritar pra ninguém. Eu dei tantos autógrafos nas capas daquelas trinta e seis páginas que minhas mãos chegaram a doer, e aquela dor foi uma das coisas mais maravilhosas que eu já senti. Aquele foi um dos melhores dias da minha vida inteira. Melhor ainda quando meu professor favorito me mandou uma mensagem mais tarde, dizendo que sua noiva começara a ler minha história e não conseguia mais parar: ele tivera que acordá-la de novo pra vida. Eu penso agora que os anos de prática e as técnicas que aprendi com os livros e aulas de português fizeram de mim um melhor escritor, mas talvez não tão sincero. Eu agora consigo mentir nos meus textos, parecer que sou mais otimista do que sou de verdade, ou fingir felicidade enquanto estou deitado na cama. Bem, escrevo esse texto sem pretensão de que ele seja bom, ou bonito, ou inteligente. Queria voltar às raízes onde meus textos serviam para que eu pudesse me olhar no Grande Espelho de Dentro. Tenho de dizer que sofri de crises de ansiedade e pesadelos desde o ano passado. Que pensei estar louco. Que pensei estar são demais, certo demais, e esta é uma característica daqueles que são loucos. Que pensei estar errado sobre tudo e sem referências para ver o que é real. Que estive quebrado e fracassei com pessoas importantes pra mim. Mas bem, como nos meus primeiros poemas, fecho com um desfecho esperançoso. Eu nunca fui bom em nada de primeira, mas sempre fui muito bom depois de muito insistir. Se querem uma última história, lá vai: não fui bom em nascer, também. Não fui bom nem mesmo em ficar vivo no meu primeiro ano, mal conseguindo. Agora estou cerca de dezoito anos acima da minha inicial expectativa de vida, razoavelmente saudável, tendo sido um bebê prematuro e doente que insistiu em teimar com os médicos. Então, pretendo continuar de pé. Pretendo continuar com essa cabeça-dura teimosa que fez de mim nadador, escritor, ser vivo. Pretendo acertar, e, uma fez isso feito, é só o começo daquela velha estrada que leva pra cima.
Felipe Vale, Talento do Tento. Fevereiro de 2017.
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Capítulo IV: "She's the tear in my heart"
Quando acordo na manhã seguinte, vejo uma garrafa de água e um pequeno embrulho ao lado da porta. Me aproximo e pego o bilhete que estava ao lado.
Virgem,
Peço desculpas mais uma vez por ter feito você passar por tudo isso.
Você falhou em sua primeira aula, e eu falhei como sua professora.
Prometo que irei consertar tudo isso logo...
Por enquanto, coma e beba o que deixei para você. E depois faça o favor de tomar os analgésicos! (Estou devendo três carteiras de cigarros á Richard por conseguir esses comprimidos com as enfermeiras dele!!).
Comporto-se! Estarei de volta logo para ser a melhor impostora que esse hospício já tenha visto J
Rainy (Amasse esse bilhete e esconda-o na cueca depois que Lê-lo)
Sorrio com as últimas linhas do bilhete, e me esforço ao máximo para lembrar de todas as cenas que haviam ocorrido na noite passada.
Eu conseguia lembrar de ela me abraçando e me fazendo beber água e algumas palavras trocadas, mas depois disso eu acabei adormecendo. Nós nos abraçamos?!
Obedeci a Rainy, e bebi mais alguns goles de água e quando abro o embrulho vejo que ela havia me conseguido um sanduíche. A aparência não era ruim como a comida do refeitório. Ainda bem!
Consegui comer alguns pedaços e, me peguei pensando em seu bilhete. O que ela quis dizer com “Consertar tudo isso logo”? “Estarei de volta”? Para onde ela tinha ido?
Comecei a ficar com medo. Apesar de não estar entendendo nada, e não saber quem realmente Rainy Evans era, eu não queria que nada de mal acontecesse á ela. E muito menos que ela chegasse perto daquele monstro. Apesar de ele ser seu pai, eu não confiava em sua sanidade. Aquele já não era o tipo de lugar em que se podia confiar na sanidade de ninguém. Nem mesmo a minha.
Tomo meus remédios, guardo o bilhete no lugar que Rainy havia me pedido. Escuto um barulho vindo das fechaduras da porta.
Afasto-me e me recosto na parede.
- Novato? – escuto alguém sussurrar. Era uma voz masculina, então logo reconheço sendo a de Richard.Ou Ronnie. Eu ainda não conseguia diferenciar a voz dos dois muito bem.
-Aqui. – respondo um pouco alto de mais. Vejo que a porta se abre, e então Richard recosta-se nela. A única coisa que me levou a concluir que era Richard, fora porque ele possuía uma falha em sua sobrancelha, do qual Ronnie não havia.
- Venha! Rápido. Não temos muito tempo – ele recolhe a garrafa e o pacote de Rainy do chão com uma mão e com a outra me puxa pela camisola.
Caminhamos lentamente por um corredor que havia várias outras solitárias ao lado da minha. E então quando chegamos no final, Richard leva seu dedo indicador em frente a seus lábios fazendo sinal para que eu ficasse em silêncio. Eu balanço a cabeça apreensivo, pensando que se eu me metesse em mais encrencas por agora, meu corpo não aguentaria, tenho certeza. Eu era fraco demais para conseguir brigar e carregar tantas cicatrizes como Rainy.
Seguimos em frente por mais alguns metros, e então Richard para novamente e segura meu corpo contra a parede com seu braço direito e se põe a meu lado. Escutamos passos se aproximando, e então eu começo sentir aquela velha angústia de novo. Que não seja um psiquiatra, que não seja um psiquiatra.
E então, uma enfermeira vira em direção ao nosso corredor e leva um susto quando nos vê. Richard fora mais ágil e conseguira tapar sua boca antes mesmo que algum som pudesse sair por ela. Ele recosta o corpo dela na parede oposta e murmura:
-Sou eu, baby. Se acalme – Ah, que máximo. Eu teria que segurar vela para Richard e seus momentos de amor com sua enfermeira. Por que isso me cheirava á Derek e seus rabos de saia?
Observo ele abaixar sua mão e deposita-la na cintura da moça, que aparentava ter uns vinte anos. Era magra e baixinha. Seus cabelos castanhos estavam presos em um coque, e uma parte deles decaíam em seu rosto, formando sua franja.
Ela parecia ser tão nova e frágil para um lugar daquele. Fico pensando no quanto ela já não havia visto por trás de todas aquelas portas e aqueles corredores escuros e sombrios. Quantas vezes ela já deve ter tido a mesma vontade que a minha de sair correndo e largar seu emprego e não pôde.
Richard depositou um beijo em seus lábios, e isso de alguma forma havia me deixado desconfortável. Ela sorriu para ele, e então vi que uma de suas mãos subia pelas pernas dela fazendo com que sua saia levantasse alguns centímetros. Sua outra mão estava por trás do corpo dela, e como estava fora de meu campo de visão, imagino que estava repousada em cima de uma de suas nádegas. E depois de longos minutos de tortura visual, entre beijos e amassos, ele deixara um molho de chaves em sua mão e os dois se separaram. Provavelmente as chaves eram das solitárias.
Quando ela notou minha presença, vi que seu rosto havia corado. E eu apenas sorri e acenei timidamente com uma das mãos, a vendo seguir corredor adentro. Richard havia dado uma piscadela em direção a ela e então se virou de frente para mim novamente.
Ele continuava com sua pose de antes, porém pude observar em seus olhos que seu ego havia aumentado pelo menos uns 10%, depois daquela cena. Que particularmente me lembravam das mesmas que aconteciam nos corredores da minha antiga escola. Eu realmente nunca entenderia como eles conseguem beijar alguém tão publicamente, assim, para todos verem. Certo, que naquele momento havia só eu. Mas mesmo assim. Credo!
Ele fez sinal para que eu voltasse segui-lo novamente, e lá íamos nós novamente. Nos abaixando e nos recostando nas paredes várias e várias vezes para que não fossemos pegos por algum outro enfermeiro. Descemos alguns degraus de escada, e então Richard me levou para outra porta adentro, com mais uma porrada de corredores. Será que eles sabiam o que tinha por trás de cada porta? Como eles não se perdiam ali dentro?
E então depois de um corredor aqui e ali, chegamos em frente a uma porta onde indicava ser um banheiro masculino. Eu mal havia notado que eu ainda estava sujo e fedendo a urina da noite passada até chegar ali.
O banheiro era enorme, e possuía vários chuveiros pendurado de um lado e mictórios do outro. O que havia me deixado desconfortável era o fato de que os chuveiros não possuíam nenhum um tipo de divisória ou qualquer cortina para separa-los. E durante os dias que eu havia estado ali, o banho era junto com todos do meu corredor, e só éramos autorizados a tomar banho três vezes na semana.
Mas estar pelado em frente á estranhos era algo que se podia conviver. O problema era que eu teria que ficar pelado em frente a Richard. Tem algo mais embaraçoso que isso?
- Ok,Novato. Escute! – eu me virei, e olhei para ele – Você tem quinze minutos para tomar banho antes que a resistência seja cortada e você seja obrigado a se banhar na água fria. E acredite, não é nada agradável. – eu assenti e peguei a toalha que ele estendia para mim enquanto falava.
- Vou vigiar a porta enquanto você se limpa. – e então ele dá alguns passos e recosta-se no marco da porta, ficando de costas para mim.
-Richard – ele vira seu rosto para atender a meu chamado – O que eu visto?
- O seu look do dia, e a sua cueca estão enrolados dentro da toalha. – ele diz sarcasticamente. Voltando á seu turno de patrulha ao corredor.
Tiro minha roupa, e antes de tirar a cueca retiro o bilhete de Rainy e guardo-o perto da minha toalha. Quando ligo o chuveiro, eu nunca pensei que fosse sentir um alívio tão grande em poder observar aquela sujeira e alguns riscos de sangue se misturando a água do chão. Eu ainda me sentia dolorido, e quando a água tocava minha pele, os hematomas da minha pele ardiam. Era uma dor suportavelmente boa. Me mostrava o quanto eu deveria aprender. Mostrava-me o quanto aquele lugar poderia fazer com meu corpo e com meu espírito.
Eu precisaria muito mais do que coragem e paciência para sobreviver ali. Eu precisava de força.
Uma força muito maior do que qualquer coisa que eu tenha experimentado antes. Eu só não sabia pelo quê eu precisava lutar.
- Seja mais rápido! – diz Richard, interrompendo meus pensamentos.
Quando me viro para encontrar o sabonete, logo me arrependo de ter que estar observando aquele pedaço de glicerina barata com um emaranhado terrível de pelos por cima. Eu os retiro, e esfrego o sabonete sob minha mão antes de encosta-lo em meu corpo. É, parece que meus dias de mordomia acabaram antes mesmo de eu completar meus dezoito anos.
Logo que desligo o chuveiro, visto meu amado look do dia: camisola e meu par de chinelos. E resolvo saciar a montanha de dúvidas que estavam azucrinando minha mente, perguntando algumas coisas á Richard.
- Ela é sua namorada? – digo, me referindo à enfermeira que ele havia encontrado alguns minutos atrás. Ele vira sua cabeça, e vendo que eu já estava vestido, vira o resto do corpo também. Ele soltou uma risada abafada pela mão que repousava em frente a sua boca, e me responde:
- Você realmente não entende muito de namoros, não é Novato? – Contando com o fato de que a única vez que cheguei perto de me apaixonar por alguém na vida foi quando eu tinha dez anos, e fora por uma garota que era minha vizinha. Não Richard. Eu realmente sou desprovido de conhecimentos sobre o que se tange á namoros. – Quando você beija uma garota, não quer dizer que você esteja apaixonado o suficiente para querer ter algum tipo de relacionamento com ela.
Eu balanço a cabeça em resposta, mostrando que eu havia entendido.
- Você é apaixonado por ela? – não consigo imaginar Richard apaixonado por alguém, mas duvido que nenhuma garota tenha feito ele sentir isso antes.
- Por Helena? Não. – ele junta minhas roupas sujas do chão e as joga em um cesto que havia no canto do banheiro. – Bem, nós transamos algumas vezes. E ela é muito boa nisso. Mas é só isso pra mim.
Era tão superficial. Era engraçado como ele conseguia deitar-se com uma mulher, e satisfazer todos os seus prazeres carnais na hora que quisesse, mas depois que levantavam e seguiam cada um para seu lado, era aquilo. Foi apenas uma noite. Nada mais.
As pessoas estavam começando a se tornar papel uma para as outras: elas só serviam enquanto ainda tinham espaço para serem desenhadas. Eu só não sei aonde eu me encaixaria no meio delas. Posso até nunca ter me relacionado intimamente com alguém, mas não consigo simplesmente pensar em tratar alguém dessa maneira. Eu conseguiria?
- Ér... Com quantas enfermeiras já... Bem... Você se envolveu aqui dentro? – ele me encara. Provavelmente querendo que eu parasse com o questionário sobre sua vida ativamente sexual.
- Ora ora, parece que o virgem aqui esta se interessando bastante pelas minhas enfermeiras. Quer que eu o apresente para Helena? – Não! Não! A última coisa que eu preciso que ele pense, é que quero me envolver com alguma daquelas enfermeiras. Eu não vou negar que Helena era atraente sim, só não era o tipo de garota que eu gostaria de me envolver da maneira que Richard estava querendo insinuar.
- Não Richard, eu estou bem. Só queria entender como você e meu irmão conseguem ser tão parecidos, vivendo em ambientes tão distintos. – eu o ajudo a fechar a porta, e seguimos corredores adentro um ao lado do outro. Derek e Richard realmente possuíam muito em comum no que se diz em suas personalidades. Os dois com certeza seriam da mesma turma de amigos e causariam os mesmos tipos de problemas se conhecessem um ao outro. Já posso imaginar, Richard e Derek pegando os mesmos tipos de garota.
- Ah é? Tem irmãos, então? – pergunta ele, me levando de volta as escadas onde havíamos estado antes.
- Sim. Um apenas. Não nos dávamos muito bem, mas eu gostava dele... – era verdade. Derek e eu poderíamos bater boca várias e várias vezes por sermos diferentes em vários aspectos, mas eu não o odiava. Lembro de várias vezes em que ele me levava nas tardes de domingo para tentar me ensinar a jogar beisebol e acabávamos nos divertindo um pouco rindo dos meus fracassos como jogador. Acho que ele só não falava muito comigo na escola por vergonha de mim, mas tudo bem.
- Quando eu e Ronnie tínhamos quatro anos, nossa mãe tentou nos matar nos afogando na banheira. E quando completamos nove, ela tentou jogar Ronnie da escada. – Wow! Parece que eu não era o único que possuía uma mãe fora do normal por aqui. – E então, ela encontrou esse lugar e nos internou aqui. Dizendo que havíamos tentado matar um ao outras várias vezes. Agradeço aos céus por ter Ronnie ao meu lado. Não sei se teria conseguido aguentar tudo sozinho como você esta aguentando agora...
Ele para sob um degrau abaixo de mim e me olha seriamente. Pude ver que havia uma profunda sinceridade em suas palavras. Realmente ter Derek aqui do meu lado não tornariam as coisas mais fáceis, mas ele pelo menos me ajudaria a enfrentar as coisas de uma maneira diferente. Nunca pensei que diria isso, mas... Sinto sua falta, Derek.
Subitamente escutamos algumas vozes degraus mais abaixo. Mas dessa vez Richard fora mais corajoso e avançou até o corrimão e olhou para baixo tentando ver quem estava subindo pelo lance de escadas junto conosco. Me pus ao seu lado e foi então que vi alguns fios louros recostados sob o corrimão três lances abaixo de onde estávamos.
Ah, meu deus. Rainy!
- Você não cansa de se meter em problemas, não é garota? –reconheci a voz de Mark, e comecei a sentir calafrios e os velhos enjoos de novo. – Concordei em trocar as semanas do garoto pela suas, mas isso não quer dizer que você não vá pagar caro por isso!
Richard inclinou-se mais um pouco para que conseguisse ouvir melhor, e fez sinal para que eu ficasse em silêncio atrás dele. Eu não conseguia mover nem um músculo do meu corpo naquele momento. Eu não sei se era por medo de Mark ou se era pelo perigo que Rainy estava prestes a enfrentar por mim.
Ela havia trocado os meus dias da solitária pelas dela.
Por quê ela fez isso? Será que ela fazia aquilo por todos?
- Você sabe que realmente não me importo quantas surras posso levar de você e de todo o seu bando de... de... delinquentes! – Ei, ela aprendeu aquilo comigo. Viu? Eu posso ser um bom professor de palavras quando quero – Você é um covarde, Mark. Desde o momento que resolveu colocar as mãos em Sunny e a mata-la para satisfazer suas vontades. Você é que merecia estar apodrecendo atrás dessas solitárias!
E então, consigo ver Mark com as mãos no pescoço de Rainy e a empurrando com sua força contra o corrimão. Minhas mãos começam a suar pelo fato de eu estar as apertando muito forte sob a barra de ferro, eu mal havia notado o quanto eu estava começando a querer manifestar meu ódio por aquele homem novamente.
- Será que eu deveria mata-la neste exato momento? – e então ele a pressiona ainda mais contra o corrimão, fazendo com que seus pés não encostassem no chão. Rainy não se mexia, ela não aparentava sentir medo de ser derrubada por alguns metros de altura. Seus olhos não desgrudavam dos dele, e ela apenas sorria. Como ela não podia estar com os olhos arregalados e sacudindo seus delicados pés e pedindo por socorro? A morte estava começando a esgaçar suas manguinhas para ela, e ela simplesmente... sorria? Pelo amor de Deus Rainy! Chute o saco dele antes mesmo que eu desça até aí e faça isso por você!
- Você sabe que eu não tenho mais direito á essa regalia há muito tempo atrás, Papai.- eu já falei o quanto eu amava seu sarcasmo? Pois é.
Ele a solta, e vira de costas, saindo de meu campo de visão e o de Richard também. Richard inspirava e expirava fortemente, e pude ver que eu não era o único que sentia um ódio incalculável por aquele homem.
Considerando o fato de que Richard conviveu com ele por bem mais anos do que eu: O Novato.
- Venha! Eu tenho planos melhores pra você, filhinha – diz Mark a agarrando pelo braço bruscamente, enquanto os dois sumiam no meio daquele monte de portas.
Saí correndo degraus abaixo tentando alcançar o andar em que ela estava, para não perde-la de vista, mas enquanto descia fui percebendo o quanto eu poderia me perder naqueles andares. Todos tinham a mesma cor; eram escuros, manchados devido às infiltrações e não possuíam qualquer tipo de indicação numérica ou alfabética.
Aquilo era um labirinto da perdição. Onde você poderia se perder dentro da sua própria insanidade ou em meio a um mar de portas que só lhe levariam para quartos com adoráveis pessoas que mal sabiam seus nomes ou o que estavam fazendo ali.
Não demorou muito tempo para que Richard me alcançasse, e me puxasse para perto dele, me repreendendo contra a parede.
- Kurt! Ficou maluco? O que eu disse sobre não sair de perto de mim e ficar em silêncio? - ele grita tomado pela raiva que já estava de Mark. – Você não pode ir atrás dela. Não agora.
-Precisamos ajudá-la! Você viu o que aquele homem pode fazer com ela! – eu digo ofegante por ter descido os degraus rápido demais. Eu não tinha um físico muito bom pra isso. – Ele vai matá-la, Richard! Ele vai matá-la!
Ele desvia seu olhar do meu, e encara a parede por trás das minhas costas, pensando no que ele iria dizer. Ele abria várias e várias vezes a boca, mas nem uma palavra saia por ela. Ele parecia apreensivo assim como eu, mas não sabia o que fazer e como me acalmar naquele minuto.
- Rainy é muito mais esperta do que você pensa, Kurt. – ele diz por fim. – Mark não vai matá-la.
- Como sabe que não? Você viu a força com que ele apertou a garganta dela, você viu a fúria no olhar dele, você...Você viu! – me embaralho em minhas palavras. Eu falava tão rápido, parecendo aqueles menininhos que participavam de concursos de rap na escola. Eu estava agoniado, estava querendo ajuda-la de alguma maneira assim como ela havia me ajudado quando o que eu fiz foi apenas acusa-la de falsa e impostora.
- Eu apenas sei. Não é a primeira vez e nem a última que ela faz isso... Agora mantenha a calma, por favor. – ele solta suas mãos, que eu nem havia notado, que estavam sob meus ombros e abre a porta que não se encontrava muito longe de mim. – Venha! Temos que chegar ao campo antes que eles notem a nossa ausência.
E quando passo em sua frente, ele fecha a porta. Quando seguimos por um novo corredor escuto ele dizendo por fim:
- Você realmente não sabe quem é Rainy Evans.
É, Richard. Eu realmente não sei quem Rainy Evans era, ou quem ela poderia se tornar pra mim.
• • •
Cinco dias.
Cinco dias haviam se passado e nenhuma notícia dela. Eu me sentia um completo inútil por estar ali deitado em minha cama, rolando os polegares e observando o céu lá fora ás duas horas da manhã sem fazer a mínima ideia de como ir vê-la ou obter algum tipo de notícia dela.
Eu nunca fui o tipo de garoto que possui uma auto estima. Sei lá por que. Eu nunca consegui olhar pra mim e me amar do jeito que eu sou.
Me sinto um total desastre. Um erro. E era assim que as coisas funcionavam.
Se não fosse pelo herói da história, eu estaria largado em uma bandeja. Representando o fruto indesejado de um adultério. E ainda continuo sendo. Só que vivo.
Eu rezo todas as noites agradecendo á alguém lá em cima por ter feito aquele homem me acolher do jeito que acolheu. Realmente não me importava se ele havia me deixado alguma quantia de dinheiro ou algum bem material. Derek e Elizabeth poderiam tirar tudo de mim. Menos os valores que Ralph me deixou.
Ele havia me ensinado a não desistir daquilo que se ama, e principalmente a lutar, lutar e lutar muito. Mesmo quando todas as suas forças se esgotarem. O esforço leva-o a recompensa. E eu lutei muito para viver os melhores momentos ao seu lado. Só não sabia onde estava meu pote de moedas no final do arco íris.
Ou você vai querer me dizer que estar em um sanatório com direito a um banho apenas três vezes por semana é o seu sonho? Porque se for, você realmente precisa rever seus exames médicos. Talvez uma visitinha ao psiquiatra lhe faria bem. Menos á Mark. Tudo, menos consultas com Mark.
Eu achava que minha mãe era a pior do mundo. Mas parece que a maioria do pessoal que acabou aqui, não tinham familiares muito certos da cabeça. O que eu não entendia é o que faria um pai matar sua filha menor e internar a mais velha aqui dentro?
Eu não conhecia Rainy e muito menos seu passado, mas tenho certeza que nenhum de nós éramos anjos. Mas nada justifica ela estar ali. E por não sei quantos anos ali. Será que ela ainda sabia o que era comer um Mc Donalds, sair com os amigos e vestir outra roupa que não fosse aquilo?
Tá que eu não tinha muitos amigos, além de meu pai e sei lá, Tommy. Aquele que só fazia par comigo nos trabalhos de biologia e nada mais. Aquele pra mim era o máximo de conceito de amizade que eu tinha. Eu não era muito de sair, muito menos de beber e deus que me livre fumar algum tipo de droga.
Meus programas de sexta à noite? Ler um livro, ou talvez assistir um filme com meu pai. E eu era muito feliz com isso, acredite. Quando você convive com aquele tipo de realidade, isso se torna sua aventura, aquilo se torna a sua “curtição”. E pelo menos isso me levava pra cama sã e salvo bem longe de alguma delegacia.
Richard e Ronnie, por incrível que pareça estavam sendo o mais perto do que eu poderia chamar realmente de amigos. Eles me acompanhavam durante as refeições, sentavam ao meu lado no pátio, e até me ensinavam alguns truques de xadrez na sala de “passatempos”-é onde passávamos a maioria da tarde-. A rotina era sempre a mesma: acordar, tomar café da manhã (se é que eu podia chamar aquilo de café da manhã, mas ok, voltando), “tomar os comprimidinhos”, ir para o pátio, almoçar, ir para a sala de passatempos, as vezes um banho no final da tarde, jantar, outra leva de comprimidos e dormir.
A sala de passatempos não era nada que do que você possa imaginar como sendo ‘a sala mais maneira do mundo’. Era uma sala consideravelmente grande, com uma TV antiga – eu realmente não sei como ainda passava imagens com cores naquele caixote velho-, uma mesa de sinuca, uma vitrola, uma mesa com tabuleiro de xadrez e um armário com alguns livros velhos e chatos falando sobre assuntos nada a ver do tipo “Ervas e especiarias indígenas”. Sem contar algumas revistinhas infantis, que alguns pacientes dali liam. Bem, eu não os julgo, até porque alguns deles realmente haviam problemas sérios.
Eu morria de medo de ficar daquele jeito algum dia. Acordar e simplesmente esquecer de quem sou, de onde vim e o que estou fazendo ali.
Ok, ok. O último tópico nem em plena consciência eu havia alguma resposta convicta. Eu ainda tinha que apanhar muito daquele lugar pra entender porque vim parar ali.
Depois de algumas horas de sono, Bill me levou para o refeit��rio como sempre fazia todos os dias e eu me sentei ao lado de Richard tentando me enturmar em suas conversas.
- Ah não não, Melannie é muito mais gostosa que Helena. Cale a boca! – disse Ronnie com a boca cheia de pão. Eu havia me esquecido que hoje no cardápio do dia tínhamos pão com uma gota de geleia, pra economizar é claro, e uma vitamina de mamão com banana. Nossa, já consigo sentir minha boca salivar por essa refeição. – Você só comeu uma delas, não tem como saber sobre Melannie.
Legal essa conversa, mas... Quem era Melannie?
- Ah faça-me o favor, Ronnie. O único assunto que você realmente entende é a leva de enfermeiros, deixe as minhas de lado. – Ronnie revira os olhos e ri, fazendo com que algumas migalhas de pão voassem de sua boca. Pera aí, como assim enfermeiros? Ronnie era... gay? – Como vai as coisas com Tyler?
Nossa, agora eu realmente estava chocado. Não que eu me importasse com a opção sexual de alguém, mas... Ronnie e Tyler?
A cada dia que se passava eu ia descobrindo um episódio novo da novela “Como Kurt se ferrou na vida”.
- Ah, vá à merda Richard. Você nunca realmente quer saber o que aconteceu comigo e com Tyler. E eu particularmente não sou chegado no que rola entre você, Helena, e o resto das garotas dentro daquela enfermaria. – É Richard, eu realmente não estou interessado em saber no que rola entre você e suas garotas de branco. Muito menos o que Tyler e Ronnie fazem juntos. Me poupem dos detalhes sórdidos!
Remexo-me no banco um pouco desconfortável por não poder participar desse diálogo, até porque eu iria falar sobre o que? Meu relacionamento com a minha cama, que era péssima por sinal, todas as noites? E então, começo a comer e tentar mudar de assunto.
- Alguma notícia de Rainy? – digo tentando parecer desinteressado. Mas óbvio que minhas habilidades de ator de Hollywood não funcionavam muito bem naquele hospital.
- Ihh, parece que alguém ta começando a se amarrar na branquela. Se eu fosse você começava dar meia volta e guardar seu ‘amiguinho’ dentro da cueca, novato – diz Ronnie bebericando sua água sanitária, digo, vitamina.
Eu começo a bebericar meu copo para disfarçar o fato de que estou começando a ruborizar e fico o encarando.
- Ronnie – reprende Richard, que se encontrava com os olhos arregalados como quem queria dizer um ‘cale a boca’ só pelo olhar. Qual o irmão que não tem aquele tipo de olhar? Eu e Derek então, já perdi a conta de quantas vezes ele pediu pra eu calar a boca só com o olhar e as topadas de joelho abaixo da mesa.
- Tudo bem, só pensei que ele deveria saber. – Ronnie balança os ombros e cruza as pernas com aquela cara de eu-sei-de-coisas-que-você-não-sabe-otário.
- O que eu devo saber? – murmuro olhando para os dois, confuso. Não fazendo a mínima ideia do que eles estavam falando.
- Nada, Craigno. Nada. Apenas coma, e eu levo você para vê-la. – disse Richard, baixando seu olhar para sua bandeja e dando sua última mordida.
Eu não sei qual era o sabor daquele cardápio do dia, mas eu só sei que aquela comida passou pela minha garganta mais rápido que um maratonista em sua corrida final. Bebi a vitamina e fiquei esperando o sinal das 9:00AM, mexendo inquietamente minha perna por baixo da mesa. O que estava acontecendo comigo? Eu estava começando a sentir um frio na barriga chato, e uma ansiedade insuportável. Como se eu fosse conhecer um astro de cinema, qual é, era só Rainy e suas cicatrizes. Que por sinal, devem estar piores considerando os acontecimentos dos últimos dias.
Quando o sinal tocou, Richard se pôs ao meu lado e fomos os últimos a se juntar á fila. Eu já havia me ligado de sua tática, enquanto os enfermeiros guiavam a fila lá na frente, Ronnie sendo o primeiro iria distraí-los, fazendo com que Richard e eu pudéssemos nos desviar e seguir outro corredor.
E foi o que aconteceu. Ronnie fingiu ter um ataque e começou a brigar com seu companheiro de fila, fazendo com que Tyler e outro enfermeiro ficassem com total atenção tentando separa-los.
Richard e eu seguimos rota contrária e nos escondemos em outro corredor. Me senti um espião contratado pela CIA naquele momento, e minha velha colega adrenalina e seu companheiro êxtase começaram e correr pelas minhas veias. Fazendo com que eu começasse a rir daquela situação toda. Com certeza preciso fazer isso de novo algum dia. Era muito bom. Era como voltar para a infância novamente. Roubar a sobremesa antes do jantar, comer bala quando não pode, e esse tipo de coisa.
Seguimos os corredores que Richard ia me conduzindo, e acabamos no mesmo lance de escadas que havíamos estado dias atrás. E lá íamos nós descendo aqueles degraus, eu não conseguia parar de sorrir. Acho que era o efeito da adrenalina, só pode.
Quando nos aproximamos do lugar onde ficava as solitárias, Richard fez sinal para que eu entrasse em sua frente.
-Entre, e tente fazer o mínimo de barulho possível. – Assinto com a cabeça e passo por ele – Rainy está na última solitária do lado direito. Vou ficar vigiando a porta.
E foi então que finalmente entrei naquele corredor apertado e abafado novamente. Dessa vez, acordado e limpo. Ando devagar não querendo chamar atenção para os outros rebeldes que acabaram por parar ali junto com Rainy. E quando vou chegando perto de sua porta, não sei se você já sentiu alguma sensação parecida com essa, mas parecia que o tempo ia parando, tudo se silenciando, e tudo que eu podia escutar era meu coração que parecia querer sair pelos meus ouvidos dessa vez.
A porta estava entreaberta. Eu ainda não conseguia enxergar Rainy lá dentro. Não sei se era o cheiro de urina invadindo minhas narinas ou meu estomago revirando, mas algo me fazia querer dar meia volta e sair correndo dali. Isso era ansiedade ou medo de como ela poderia estar?
E foi então que quando chego mais perto de sua porta, consigo enxergar um pedaço de suas pernas. Elas se encontravam abertas. E um dos enfermeiros estava entre elas.
Devo pedir ajuda? Chamar Richard?
Foi então que vi o rosto dela. E a expressão nele não era de uma pessoa que precisava de ajuda.
Era de puro prazer.
Ela sorria olhando para ele enquanto seu corpo se movimentava em meio as suas pernas.
Foi então que captei a mensagem que ela carregava no olhar. Era como se ela quisesse me dizer: “Suma, otário!”.
E foi exatamente o que fiz.
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Amor após à morte
Eu estava andando calmamente pela rua depois de um dia cansativo de aula, eu precisava esfriar a cabeça, então fui caminhar num antigo parque de diversão. Ninguém ia lá, existia varias historias de fantasmas, e aqui no Japão uma coisa que a maioria das pessoas acreditam é lendas, e mitos. Por isso ele já estava abandonado faz um bom tempo.
Eu comecei a andar por lá como eu fazia quase todo dia, ate que perto de uma montanha russa, existia uma árvore, uma árvore alta, meio velha, já quase nem tinha mais folhas. Eu avistei uma pequena garota deitada embaixo dela. Era a menina mais linda que eu já tinha visto na minha vida. Seus cabelos eram encachiados, loiros, quase brancos. Sua pele branquinha, tão branca quanto à neve. Seus olhos puxados violeta, quase cinza. E seus lábios rosa. Ela era realmente a menina mais linda que eu já havia visto.
Eu me aproximei-lhe. Tentei acorda-la, mas ela estava desmaiada. Então peguei-la e levei-a para minha casa. Quando cheguei em casa, levei ela até o quarto de hospedes, e deixei ela descansar.
Enquanto ela dormia, eu fui assistir televisão. Quando cheguei à sala, minha gatinha Anneh estava deitada no sofá, peguei ela no meu colo, e comecei a fazer cafuné o pelo dela. Mas além de tudo isso, existia uma única coisa que eu ainda não conseguia entender: “– Oque ela estava fazendo lá àquela hora? Por que ela estava lá? E por que ela estava desmaiada?” Eram perguntas, e mais perguntas sem respostas.
Levantei do sofá, Anneh pulou do meu colo, e foi para o chão. Olhei para ela e disse:
– É... Isso só iremos descobrir amanhã, quando ela acordar.
Vesti meu chinelo, apaguei as luzes, e fui dormir.
No meio da noite, eu escutei um barulho vindo do quarto de hospedes. Eu levantei correndo da minha cama para ver oque estava acontecendo. Quando eu cheguei ao quarto, a menina estava se debatendo, sua coberta estava jogada no chão, e seu travesseiro estava em seus pés. Eu não sabia oque fazer, então abracei ela, e comecei a chacoalha-la para ver se ela acordava.
Depois de uns cinco minutos, ela parou, mas ela ainda não havia acordado. Então arrumei a cama de volta, e deitei ao lado dela, até que eu também acabei pegando num sono. No dia seguinte, quando eu acordei, eu percebi que havia perdido meus óculos, eu não conseguia enxergar quase nada, até que alguém o colocou-lhe em minhas mãos. Quando eu vesti, me deparei com a garota sentada em cima da cama.
– Bom dia! – Disse ela com um lindo sorriso. Sua voz era doce, e meiga. Uma voz tão perfeita, e fofa.
– B-bom d-dia... – Eu respondi. Já estava todo vermelho de vergonha.
Ela se levantou da cama, e ficou parada em frente à porta.
– Você poderia-me dizer onde fica o banheiro? – Perguntou ela
– E-ele fica n-na segund-da porta-a a esquerda... – Respondi. Eu estava tão envergonhado que não conseguia falar direito.
– Muito obrigada! – Respondeu ela, com um lindo sorriso de lado.
Enquanto ela estava no banheiro, eu fui para a cozinha fazer alguma coisa para comer. Quando cheguei à cozinha, tinha ração espalhado por ela toda. Fui à varanda, peguei uma vassoura, e uma pazinha para juntar tudo.
– Que feio né Anneh. Fez toda essa bagunça! Você vai ficar de castigo!
Eu comecei a limpar tudo, até que a menina havia aparecido.
– Me desculpa a pergunta. Mas qual é o seu nome? – Perguntei
– Ouh... Desculpa-me eu não ter me apresentado antes. Eu me chamo Miyuki, mas pode me chamar só de Yuki. É... Eu tenho quinze nos. Eu também sou nova aqui na cidade... E ainda não consegui achar nenhum lugar para ficar ainda... – Respondeu ela.
– Prazer em conhecê-la Yuki. Eu me chamo Takashi, tenho dezoito anos, e moro aqui em Matsumoto minha vida toda... Ahm... Se você quiser, você pode ficar aqui até você achar um lugar para ficar.
– Nossa. Sério mesmo. Muito obrigada – Respondeu ela com um lindo sorriso no rosto.
Logo em seguida, ela me ajudou a terminar a limpar a bagunça da cozinha. Quando nós terminamos, já era quase meio dia. Nós estávamos morrendo de fome, então eu fui numa lojinha de conveniência para compra alguma coisa pra nós fazer para comer, enquanto ela descansava mais um pouco.
No caminho de volta para casa, eu passei novamente por aquele parque. Ao chegar lá, eu fui diretamente em direção à árvore. Quando me aproximei, eu dei uma volta ao redor dela, até que piso sem querer em uma coisa de ferro. Eu me agachei e passei a mão para limpar ela, e ver oque estava escrito. Aquilo parecia era mais uma sepultura. Quando eu estava quase acabando de limpar, começou a chover. Eu levantei, peguei as sacolas, e sai correndo para casa.
Cheguei em casa todo encharcado, soltei as compras em cima da mesa da copa, e fui tomar um banho. Eu estava pensando em tanta coisa, que havia esquecido que Yuki estava aqui em casa. Entrei no meu quarto, tirei minha roupa, e fui para o banheiro. Quando abri a porta, vi Yuki tomando banho. Não pensei duas vezes, fechei a porta rapidamente, e fui correndo para meu quarto me vestir.
Terminei de me trocar. Quando cheguei na sala, vi as compras em cima da mesa, então fui guardar elas. Quando cheguei na cozinha, Anneh tinha bagunçado toda ela. Tinha ração espalhado novamente pela cozinha toda.
Soltei as compras em cima do balcão, e comecei a limpar. Quando eu me agachei para limpar em baixo da mesa, eu escuto uma risadinha. Quando vi, era Yuki parada na porta vendo eu limpando.
– Você precisa de ajuda? – Perguntou ela toda meiga.
- Não precisa não. Muito obrigado – Respondi todo sem graça. – Se Você quiser, pode sentar ali no sofá. Eu já faço o almoço.
Ela sentou no sofá meio envergonhada, pegou uma almofada que estava em seu lado e abraçou ela.
- Anneh sua feia! Olha a bagunça que você fez!! Vai pra sala agora! – Briguei com Anneh pela bagunça que ela havia feito.
Quando Anneh subiu em cima do sofá, ela deu um pulo, e correu para embaixo da cômoda, e começou a avançar na Yuki.
- Anneh! Para já com isso agora!! Vai já para o quarto! – Gritei com Anneh.
- Você se machucou?? – Perguntei há Yuki preocupado.
- Não, ela não me machucou não – Falou ela com cara de assustada.
O almoço já havia ficado pronto. Chamei ela pra vir almoçar.
- Posso lhe fazer uma pergunta? – Perguntei tentando não levantar tanta suspeita.
- Sim, claro – Respondeu ela toda curiosa.
- Qual é o seu nome completo? E oque você fazia aquele dia desmaiada no parque? – Perguntei, aliviando-me da angustia que eu estava pra perguntar isso a ela.
- Bem. Eu me chamo Miyuki Thashimato. E aquele dia no parque... Bem... Eu costumava ir lá todo dia, mas aquele dia tinha uns homens estranhos. Dai eles me agarraram, e começaram a passar a mão no meu corpo, dai eu me virei pra tentar sair, só que o homem me soltou, e eu bati com tudo minha cabeça no chão e desmaiei, e não me lembro de mais nada... – Disse ela com cara de confusa.
- Agora depois do almoço eu terei que dar uma saidinha bem rapidinho okay? – Perguntei.
- Sim, sem problemas. Se você quiser eu fico aqui lavando a louça. – Disse ela com um lindo sorriso.
- Okay – Respondi.
Logo em seguida fui ao banheiro escovar meus dentes e sai. Fui novamente naquele parque para ver de quem era realmente aquela sepultura. Quando eu cheguei, eu fui correndo até a árvore. Peguei a manga do meu moletom, e passei na sepultura para limpar ela.
Quando finalmente eu consegui limpar, vi que estava escrito “- Miyuki Thashimato 2000 – 2016”.
Quando vi aquilo, tudo fez sentido.
- Ela na verdade é... Um... Fantasma! Ela está morta... Mas... Não... Como isso é possível?? - Eu fiquei em estado de choque, corri para casa.
Quando cheguei em casa, Yuki estava na sala lendo um livro. Eu me aproximei, e peguei sua mão. Estavam frias.
- Você pode vir comigo? – Perguntei ainda em choque.
- Posso sim – Respondeu ela sem entender nada.
Nós fomos andando até aquele parque, mas por um caminho diferente. Passamos numa floricultura e comprei umas flores.
Quando chegamos lá, ela não entendeu mais nada, perguntava o por quê de nós estar lá... Eu não respondi. Eu fui diretamente pra quela árvore e fiquei ao lado dela, me ajoelhei, coloquei as flores lá, e comecei a chorar. Yuki sem entender nada, me abraçou. Quando ela leu “Miyuki Thashimato” na sepultura, ela se assustou. Eu não conseguia mais sentir ela, só ver.
- Não! Isso não! – Gritei bem alto.
Yuki ficou chorando lá, enquanto eu subi naquela antiga montanha russa, e gritei:
- EU TE AMO MIYUKI!
E se joguei de lá...
Autora:
- Bianca Ferreira
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