#de Telefone sem fio antigo
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Coletania de desenhos que fiz em um grupo de "Telefone sem Fio" que to postando antes que se perca no limbo da minha galeria XD
Foram várias rodadas em épocas diferentes (Inclusive isso ta fora de ordem) Então não se estranhe se um tiver muito diferente do outro, além de que eu gosto de usar esse joguinho pra testar alguns estilos, efeitos e pinturas que gosto
Real vou postar todas as minhas artes aqui a partir de agora, pois é por enquanto a unica rede social que me sinto confirtavel pra isso.
Nem que for um rascunho besta só pra guardar
#arte#art#fanart#drawing#quero pegar uns antigos e tacar aqui também vai que#preciso treinar cenario#preciso praticar tudo na vdd#uma hora vai#tem um bocado de desenho antigo#de Telefone sem fio antigo#mas ay jesus é cada coisa#o passado medio de artista de comunidade#mas tem uns aqui nesse site é o suficiente#brazilian artists#brart
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Hoje vamos mostrar como você pode aumentar em até 50% a velocidade do roteador com medidas aparentemente simples. Aliás, você sabia que a velocidade da sua conexão Wi-Fi pode ser muito influenciada pelo seu roteador? Um roteador velho, mal posicionado ou configurado incorretamente pode comprometer a qualidade e a estabilidade da sua rede sem fio. Mas não se preocupe, pois existem algumas maneiras simples de melhorar o desempenho do seu roteador e aproveitar ao máximo a sua Internet. Sendo assim, hoje vamos mostrar como você pode fazer isso sem muito trabalho. Acompanhe até o final para descobrir! Automatize uma programação de reinicialização: isso ajuda a aumentar a velocidade do roteador Uma das causas mais comuns de lentidão na conexão Wi-Fi é o desligamento e o reinício do roteador. Isso pode acontecer por vários motivos, como falhas no sistema operacional, atualizações de firmware ou problemas de hardware. Para evitar que isso ocorra com frequência, você pode configurar o seu roteador para reiniciar automaticamente em horários específicos, como à noite ou durante as horas de menor tráfego na rede. Assim, você garante que o seu roteador esteja sempre funcionando da melhor forma possível. Para fazer isso, você precisa acessar as configurações do seu roteador pelo navegador web, usando o endereço IP padrão (geralmente 192.168.0.1 ou 192.168.1.1) e o nome de usuário e senha fornecidos pelo fabricante (geralmente admin/admin ou admin/password). Depois, procure pela opção de programação de reinicialização e escolha os horários desejados para o evento ocorrer. Torne seu roteador mais rápido com uma nova antena Outra forma de melhorar a velocidade da sua conexão Wi-Fi é trocar a antena do seu roteador por uma mais potente e direcionada. A saber, a antena é responsável por transmitir e receber os sinais sem fio entre o roteador e os dispositivos conectados à rede. Então, uma antena ruim pode causar interferências, perda de sinal ou baixa cobertura em algumas áreas da casa. Para escolher uma boa antena para o seu roteador, você deve levar em conta alguns fatores, como: A frequência: existem dois tipos principais de frequência usadas pelos dispositivos sem fio: 2,4 GHz e 5 GHz. A primeira é mais compatível com os aparelhos mais antigos, mas também é mais sujeita a interferências de outros dispositivos que usam essa mesma faixa (como micro-ondas ou telefones sem fio). A segunda é mais rápida e estável, mas também tem um alcance menor e pode não ser suportada por alguns aparelhos mais novos; O padrão: existem dois padrões principais usados pelos dispositivos sem fio: 802.11a/b/g/n/ac/ax (Wi-Fi 4/5/6). O primeiro é mais lento e limitado pela distância entre o dispositivo e o ponto de acesso (AP). Porém,o segundo é mais rápido e capaz de transmitir dados em alta velocidade para longas distâncias. Desobstrua o alcance para aumentar a velocidade do roteador Algo que as pessoas muitas vezes não sabem é que deixar o roteador atrás de paredes, superfícies metálicas ou espelhadas pode atrapalhar o sinal. Por isso, deixe o aparelho em um lugar livre e de preferência no alto. Além disso, para garantir que o sinal chegue em outros cômodos da casa, o ideal é usar repetidores. Gostou de saber como aumentar a velocidade do seu roteador em até 50%? Agora coloque essas dicas em prática e não sofra mais com Internet lenta! Gostou da notícia? Aproveite para participar do nosso grupo no whatsapp e receba notícias exclusivas diariamente. ENTRE NO GRUPO AQUI é grátis, e você recebe em primeira mão as nossas notícias! Siga o SC Hoje News no Google News para ficar bem informado. Siga nosso perfil no Instagram: @schojenews Siga nossa página no Facebook: @schojenews Inscreva-se no nosso Canal no YouTube: @schojenews
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como transferir os dados de um telefone para outro vpn
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como transferir os dados de um telefone para outro vpn
Métodos de transferência de dados
Os métodos de transferência de dados são essenciais no mundo digital de hoje. Com o constante avanço da tecnologia, é fundamental conhecer as diferentes formas de transferir informações de forma segura e eficiente. Existem várias maneiras de transferir dados, sendo as mais comuns a transferência por cabo, Wi-Fi e Bluetooth.
A transferência de dados por cabo é uma das formas mais seguras e rápidas de transferir informações entre dispositivos. Com a utilização de cabos USB ou HDMI, é possível garantir uma conexão estável e com alta velocidade de transferência. Essa é a opção ideal para transferir grandes quantidades de dados, como arquivos de vídeo ou backups de dispositivos.
Por outro lado, a transferência de dados por Wi-Fi é amplamente utilizada devido à sua conveniência e facilidade de uso. Com a conexão sem fio, é possível transferir arquivos entre dispositivos sem a necessidade de cabos, permitindo uma maior mobilidade e praticidade. No entanto, é importante garantir a segurança da rede Wi-Fi para evitar possíveis invasões ou interceptações de dados.
Já a transferência de dados por Bluetooth é ideal para transferir informações entre dispositivos próximos, como smartphones, tablets e computadores. Apesar de ser uma opção prática, a velocidade de transferência por Bluetooth pode ser mais lenta em comparação com outros métodos, especialmente ao transferir arquivos de grande tamanho.
Em resumo, os métodos de transferência de dados desempenham um papel crucial na comunicação digital atual. É importante escolher o método adequado de acordo com a necessidade de transferência, priorizando sempre a segurança e a eficiência na transmissão de informações.
Transferir arquivos entre dispositivos
Transferir arquivos entre dispositivos é uma necessidade comum nos dias de hoje, à medida que estamos cada vez mais conectados e compartilhamos informações entre nossos dispositivos eletrônicos. Existem várias maneiras simples e eficazes de transferir arquivos, seja entre smartphones, tablets, computadores ou outros dispositivos.
Uma das formas mais populares de transferir arquivos é utilizando aplicativos de compartilhamento, como o Bluetooth ou aplicativos de armazenamento em nuvem, como o Google Drive, Dropbox ou OneDrive. Basta selecionar o arquivo desejado e enviá-lo para o outro dispositivo selecionando o método de compartilhamento desejado.
Outra opção prática é utilizar cabos USB para transferir arquivos entre dispositivos. Ao conectar os dispositivos através de cabos USB, é possível arrastar e soltar os arquivos de um dispositivo para outro de forma rápida e segura.
Além disso, alguns dispositivos possuem a opção de compartilhamento por Wi-Fi direto, que permite a transferência de arquivos sem a necessidade de conexão com a internet. Basta ativar a opção de compartilhamento por Wi-Fi direto em ambos os dispositivos e transferir os arquivos desejados.
Em resumo, existem diversas maneiras de transferir arquivos entre dispositivos de forma simples e eficiente. Escolha a opção que mais se adequa às suas necessidades e aproveite a praticidade de compartilhar informações entre seus dispositivos eletrônicos.
Migração de dados entre celulares
A migração de dados entre celulares é um procedimento essencial para aqueles que adquirem um novo dispositivo e desejam transferir suas informações importantes, como contatos, mensagens, fotos e aplicativos do celular antigo para o novo. Esse processo pode ser feito de maneira simples e eficiente, desde que sejam seguidos alguns passos básicos.
Uma das formas mais comuns de realizar a migração de dados é utilizando aplicativos específicos, disponíveis tanto para dispositivos Android quanto iOS. Esses aplicativos facilitam a transferência de dados de forma automática, garantindo que nenhum arquivo seja perdido durante o processo.
Outra opção é utilizar serviços de armazenamento em nuvem, como o Google Drive, iCloud ou Dropbox, para fazer o backup dos dados do celular antigo e, em seguida, restaurá-los no novo aparelho. Essa é uma alternativa segura e prática, principalmente para quem possui uma grande quantidade de informações a serem transferidas.
Além disso, é importante ressaltar a importância de realizar uma cópia de segurança dos dados antes de iniciar o processo de migração, a fim de evitar possíveis perdas de informações importantes.
Em resumo, a migração de dados entre celulares é um procedimento simples e indispensável para quem deseja manter suas informações sempre acessíveis, independentemente do dispositivo utilizado. Com as ferramentas e aplicativos corretos, é possível transferir todos os dados de forma rápida e segura, garantindo uma transição tranquila entre os aparelhos.
Compartilhar informações entre smartphones
Compartilhar informações entre smartphones é uma prática cada vez mais comum nos dias de hoje. Com a evolução da tecnologia e o aumento do uso de dispositivos móveis, a troca de informações entre smartphones se tornou fundamental em diversas situações do dia a dia.
Existem diferentes formas de compartilhar dados entre smartphones, sendo uma das mais populares a utilização de aplicativos de compartilhamento de arquivos. Estes aplicativos permitem o envio e recebimento de fotos, vídeos, documentos e outros tipos de arquivos de forma rápida e prática.
Além dos aplicativos de compartilhamento de arquivos, a transferência de dados via Bluetooth também é amplamente utilizada para enviar pequenos arquivos entre smartphones. Esta opção é útil em situações em que não há acesso à internet ou quando se deseja transferir arquivos rapidamente e de forma fácil.
Outra forma de compartilhar informações entre smartphones é por meio de serviços de armazenamento na nuvem, como o Google Drive, Dropbox e iCloud. Estes serviços permitem o armazenamento de arquivos na nuvem e o acesso a eles em diferentes dispositivos, facilitando o compartilhamento de informações entre smartphones.
Em resumo, a troca de informações entre smartphones é uma prática essencial nos dias de hoje, facilitando a comunicação e o compartilhamento de dados de forma rápida e eficiente. Com a variedade de opções disponíveis, é possível escolher a melhor forma de compartilhar informações entre smartphones de acordo com as necessidades de cada usuário.
Alternativas para mover dados entre telefones
Precisa transferir dados de um telefone antigo para um novo e não sabe como fazer isso? Existem várias alternativas simples e eficazes para mover seus dados entre telefones de forma rápida e segura.
Uma das opções mais comuns é utilizar a função de backup e restauração do sistema operacional do telefone. Tanto dispositivos iOS quanto Android oferecem a opção de fazer backup dos dados em um armazenamento na nuvem, como o iCloud ou o Google Drive, e depois restaurá-los no novo aparelho.
Outra alternativa é utilizar um cabo USB para transferir os dados diretamente de um telefone para o outro. Basta conectar os dois dispositivos ao computador e copiar os arquivos desejados de um para o outro.
Além disso, existem aplicativos de terceiros disponíveis nas lojas de aplicativos que facilitam a transferência de dados entre telefones. Esses aplicativos geralmente utilizam conexão Wi-Fi para transferir os dados de forma rápida e prática.
Por fim, se você preferir uma opção mais profissional, pode recorrer a serviços de transferência de dados oferecidos por empresas especializadas. Esses serviços garantem uma transferência segura e eficiente de todos os seus dados, incluindo contatos, mensagens, fotos e vídeos.
Independentemente da opção escolhida, é importante garantir que seus dados sejam transferidos de forma segura e que você mantenha cópias de segurança dos arquivos mais importantes. Com essas alternativas, mover seus dados entre telefones nunca foi tão fácil.
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BACK TO SCHOOL IN LOTTE WORLD!!!
A Lotte World abre suas portas de um jeito diferente nesse final de semana! Estão prontos pra um evento especial e cheio de nostalgia? Vamos tirar os uniformes antigos dos armários e aproveitar o BACK TO SCHOOL!
Nos dias 04, 05 e 06/08 o Lotte World conta com preços especiais nos passes do parque:
Diária: ₩ 40.000 - adulto ₩ 30.000 - jovens (13 a 18 anos) ₩ 20.000 - crianças (36 meses a 12 anos) e idosos (65+ anos) After4 (entrada depois das 16h): ₩ 30.000 - adulto ₩ 20.000 - jovens (13 a 18 anos ₩ 15.000 - crianças (36 meses a 12 anos) e idosos (65+ anos) Magic pass premium (sem filas ou reserva de horários, comprado a parte): ₩ 20.000 - 5 atrações ₩ 40.000 - 10 atrações
Além dos valores especiais nos ingressos, ainda teremos desconto no aluguel de uniformes escolares pela gamsung gyobok:
₩ 15.000 - uniforme de inverno completo ₩ 10.000 - uniforme de verão completo
Nesse evento os adultos vão poder retornar a seus tempos de escola e se divertir, aproveitando os “valores para estudantes” em todos os restaurantes do parque, uma gincana e show do NEW JEANS e NCT DREAM!
As duplas sorteadas pelo whisper serão as duplas da gincana, e a inscrição nas brincadeiras deve ser feita pelo link!
Brincadeiras:
Corrida de três pernas - as duplas terão um dos tornozelos amarrado ao parceiro para uma corrida
Telefone sem fio - as duplas terão 10 palavras, 5 pra cada, e devem fazer o parceiro adivinhar/entender a palavra
Caça ao tesouro - as duplas devem encontrar os tesouros espalhados pelo parque
Premiações (para as 3 duplas vencedoras em cada categoria): 1º lugar - Passes Signature Ultimate Restorative Journey para o Sulwhasoo SPA Lotte Hotel Seoul 2º lugar - Vale compras no valor de ₩ 350.000 válido em todas as lojas do Lotte Young Plaza 3º lugar - Vale compras no valor de ₩ 150.000 nas giftshops da Lotte World
Cronograma:
14h - corrida de três pernas 15h - telefone sem fio 16h - pausa 16h30 às 18h00 - caça ao tesouro
Também teremos um concurso de fotos em parceria com o whisper para aqueles que usarem a tag #WHISPERLOTTE! As 5 fotos mais votadas receberão kits especiais da Sulwhasoo!
No fim do dia teremos o momento mais esperado do final de semana!
NEW JEANS & NCT DREAM!!!
Para esse evento a Lotte World convidou o New Jeans e NCT Dream para trazer suas cores e alegria para a noite de sábado. Nada melhor que curtir shows dos donos de grandes hits do K-Pop!
Confira os horários dos shows: 19h - NEW JEANS 20h - NCT DREAM
Vão ser três dias de pura diversão e cheios de nostalgia, lembrando que existem muitas atrações dentro do Lotte World! Não percam, esperamos vocês por lá!
INFORMAÇÕES LOTTE WORLD: Horário de funcionamento: 10h as 22h Sexta-feira (04/08) - valores promocionais aplicados e distribuição de brindes pelo parque Sábado (05/08) - valores promocionais, distribuição de brindes, gincana esportiva e shows Domingo (06/08) - valores promocionais aplicados e distribuição de brindes pelo parque Endereço: 240 Olympic-ro Songpa-Gu, Seoul Como chegar: metrô, ônibus ou carro (estacionamento pago à parte no local) Reservas antecipadas e checagem de filas nos brinquedos são feitas pelo app do Lotte World
INFORMAÇÕES GAMSUNG GYOBOK: Horário de funcionamento: 10h às 22h Período do aluguel: até as 22h do dia alugado Uniforme de inverno completo: saia/calça, camisa social (manga longa), gravata/laço, blazer/cardigan, meias e sapato Uniforme de verão completo: saia/calça, camisa social (manga curta), gravata/laço, meias e sapato Local: Lotte World - Lojas
Links extra para consulta (infelizmente todos em inglês): Mapa lotte em imagem Mapa completo para download Lista de restaurantes Lista de lojas Informações sobre o app
NOTAS OOC:
As duplas da gincana vão ser sorteadas de forma aleatória e anunciadas durante o Whisper desta quinta-feira
Para os players que entrarem na aceitação de sexta-feira e aqueles que não conseguirem se inscrever antes, vamos abrir uma inscrição extra após o horário da aceitação, ao fim dessa divulgamos as duplas restantes
Os vencedores da gincanas também vão ser sorteados de forma aleatória e iremos divulgar ao final das brincadeiras
Vamos criar um canal para esse evento no discord, incentivamos todos a aparecer por lá
No sábado, a partir das 19h nós vamos soltar uma playlist dos shows
Para participar do concurso de fotos com os uniformes escolares, podem postar as fotos de sexta até domingo, usando a tag #WHISPERLOTTE e enviando o link das fotos no tweet que vamos deixar marcado para isso, os vencedores vão ser anunciado no Whisper da próxima quarta-feira
Para os outros posts desse evento, usem a tag #BKSLOTTEWORLD
Aos trabalhadores ic, sugerimos que combinem nos estabelecimentos que vão ser substituídos por NPCs, da forma que desejarem, só esperamos que todos possam participar de alguma forma
Esperamos que se divirtam, beijos!
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Roteador dual band: por que você precisa desse recurso?
Você investe em um smartphone moderno, em uma smart TV de última geração e em um tablet que lhe permite até dispensar o uso do computador e do notebook, mas na hora de utilizar esses dispositivos em casa a lentidão da internet destrói a experiência? Acredite: essa situação é mais comum do que você possa imaginar e o problema pode não ser o plano oferecido pela operadora ou pelo provedor de internet. A falha pode ser a falta de um roteador dual band.
Muita gente contrata uma boa conexão, mas acaba usando o modem/roteador padrão oferecido na hora da instalação. Ele parece suficiente, já que muitas vezes “não custa nada a mais” e tem até Wi-Fi. Mas é justamente aí que mora o perigo.
Muitos equipamentos oferecidos pelas empresas prestadoras de serviços de comunicação são de baixo custo e para uso muito limitado. Eles são desenvolvidos para atenderem relativamente bem a maior parte dos perfis de usuários — ou seja, permitir uma navegação mediana para o uso de redes sociais, aplicativos de mensagens e streaming de conteúdos HD para apenas uma tela. Se exigir um pouco mais dessa configuração básica, podem não suportar a demanda.
Mas por que isso acontece e qual é a relação desse cenário com equipamentos como o roteador dual band AC? É isso que vamos explicar neste texto. Acompanhe.
Roteador dual band: o melhor de dois mundos
Antes de entender como a evolução dos dispositivos de distribuição dos sinais de internet pode melhorar a sua experiência online, é preciso compreender como uma rede sem fio funciona: ela opera por meio de ondas de rádio que utilizam frequências e protocolos específicos para comunicação entre os equipamentos sem fio que você tem em casa. Inicialmente, os dispositivos utilizavam somente a faixa de frequência de 2,4 GigaHertz (GHz), que possui um bom alcance a um custo acessível, porém com algumas limitações de performance.
Acontece que, com o passar do tempo e a evolução tecnológica, diversos itens chegaram ao mercado prometendo eliminar a necessidade de fios para funcionarem. São telefones sem fio, equipamentos que se comunicam por meio de conexões Bluetooth, celulares, telas inteligentes e uma série de outros itens que também começaram a ocupar espaço neste limitado conjunto de frequências. É como se mais carros tentassem circular por uma estrada de pista simples. O congestionamento é inevitável e em diversos momentos o motorista ficará parado por longos períodos.
A solução encontrada pela indústria para evitar esse caos foi o desenvolvimento de produtos que utilizem outros grupos de frequências, todas posicionadas no espectro dos 5 GHz. A disponibilização desses aparelhos foi como a construção de outra estrada, que significa mais canais disponíveis para as informações circularem e, consequentemente, uma experiência online aprimorada. Dessa forma, você pode conectar mais aparelhos na sua rede e navegar com mais agilidade e eficiência.
Mas nem sempre os dispositivos têm compatibilidade com as duas bandas de frequência. Por exemplo: um equipamento mais antigo com suporte apenas a 2,4 GHz não conseguirá se conectar a uma rede 5 GHz. A solução: um roteador dual band que forneça os dois grupos de frequências para o mesmo ambiente.
Redes AC: mais dados por segundo
Por utilizarem um padrão Wi-Fi mais moderno, aproveitando melhor as frequências de comunicação, os roteadores dual band AC permitem o tráfego de mais informações no mesmo período de tempo na comparação com as redes que operam somente em 2,4 GHz. Só aí você já percebe uma diferença significativa em relação à experiência obtida com o padrão mais antigo.
Além desse aspecto, os equipamentos capazes de operarem nas redes de quinta geração (ou Wi-Fi 5) diminuem a disputa de espaço no espectro eletromagnético com outros aparelhos da casa — ou com o roteador do seu vizinho, no caso de prédios ou regiões densamente povoadas. Há mais que o dobro de canais disponíveis (23 contra 11) e a possibilidade de haver dispositivos causando interferência mútua diminui significativamente.
A escolha correta de um roteador dual band AC pode transformar completamente a experiência de navegação na sua casa, permitindo explorar todo o potencial da conexão contratada por você e estender isso aos outros usuários, inclusive por meio da criação de redes Wi-Fi exclusivas para visitantes. Os modelos mais modernos desse tipo de dispositivo permitem inclusive o gerenciamento completo da rede por meio de um aplicativo para smartphone, eliminando a necessidade de conhecimentos técnicos aprofundados para realizar configurações simples — e fundamentais para a sua segurança e da sua família.
Conheça mais sobre soluções que ajudam a melhorar a sua experiência digital no nosso site. Para ler mais sobre melhorias na rede da sua casa, acesse o nosso blog.
Saiba mais: https://voicedata.com.br/roteador-dual-band-por-que-voce-precisa-desse-recurso/
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são mais ideias do que conexões prontas em questão, podemos sempre discutir sobre para criar alguma do zero ou fazer modificações! caso o yuzi se encaixe em alguma cnn, sinta-se livre para falar sobre!
(2/2) CLOSED - PARTNERS IN CRIME: Qianyue e Lina são duas das poucas pessoas que aguentam tanta tagarelice vindo de Yuzi. São constantemente vistos juntos, até mesmo fazendo coisas escondidas, enquanto as duas torcem para que Yuzi não dê com a língua nos dentes e entregue o que ambos fazem.
(1/1) CLOSED — IS IT TOO LATE TO SAY SORRY: Enquanto aprendia a controlar sua habilidade, Yuzi acidentalmente queimou mais de uma coisa, fossem livros ou cortinas. Em um dos acidentes, sem querer colocou fogo na roupa de Daphne — sua antiga crush —, que até hoje não vai muito com a cara do garoto por achar que foi proposital.
(0/?) CASTIGO: Habitantes do Castigo que gostam ou desgostam de Yuzi. Podem gostar por conta das fofocas que espalha acidentalmente tal como o pai ou por outros motivos. Assim como podem desgostar por ele fazer insultos sem ao menos notar, etc.
(1/1) CLOSED — MISSING YOU HOURS: Daudi e Yuzi eram muito próximos, era de se invejar. Onde um estava, o outro estava vindo logo atrás. Eram chamas gêmeas na cabeça de pura dramatização do Long. Contudo, acabaram se afastando, surpreendendo a todos. Hoje em dia, estão constantemente trocando farpas e revirando os olhos quando estão no mesmo local. Mesmo que no fundo, Yuzi sinta falta do antigo amigo.
(1/1) CLOSED — GET JINXED: Yuzi sabia que era ruim em esportes, mas não imaginava que isso também servisse para jogos eletrônicos. Mesmo sendo terrível em Kingdom of Legends, ele acha divertido, então não para de jogar. Daphne por outro lado, tem vontade de chorar todas as vezes em que caem no mesmo time, ficando irritada com o rapaz.
(1/1) CLOSED — DID I RUIN THE MOMENT: O quarto Long acaba nutrindo um crush por Bluebell, mas ficando facilmente nervoso na presença de sua paixonite, sempre acaba gaguejando e falando a coisa errada.
(2/2) CLOSED — UGH, AS IF: Não costuma desgostar das pessoas, mas alguma coisa em Nyarko e Maravilha irritam Yuzi profundamente, fazendo com que o rapaz chegue no seu limite. Tudo o que fazem faz é visto da pior forma possível por Long, este que sempre acaba implicando com eles. (o ódio podendo ou não ser mútuo).
(1/1) XOXO, GOSSIP GIRL: Yuzi fez algum comentário sobre Sabran e isso acabou por se tornar um telefone sem fio por toda a Academia, quando a informação chegou em Sabran, ela não ficou nada contente.
(1/1) CLOSED — FAVE PERSON: Tendo a mesma idade e sendo praticamente "primos", Yuzi e Yujie cresceram juntos. Todas as suas memórias mais felizes têm a garota presente — mesmo as que envolvem fogo e ameaças.
(1/1) CLOSED — THE STORY OF US: Rhys foi seu primeiro relacionamento romântico, apesar de nunca ter tido certeza do que sentia pelo outro — visto que tem dificuldade para compreender os próprios sentimentos —, ficou magoado quando terminaram. Não exatamente por gostar romanticamente de Rhys, mas por outras questões, incluindo seu medo de rejeição.
outras ideias:
companheiros de estudo (seja na academia ou apenas indo a biblioteca juntos);
amigos que costumam beber juntos;
amigos improváveis;
alguém que tenta (apenas tenta) ensinar qualquer esporte pra ele;
alguém com quem ele conversa só por alguma rede social;
alguém que ele arrasta pra assistir "phillip e o beijo do dragão" em todas as oportunidades possíveis, mas em segredo! yuzi tem uma imagem (que imagem?) a se manter!
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sonho de uma noite de verão.
conto de harry na italia.
contagem de palavras: aproximadamente 10k
avisos: linguagem sexual e consumo de álcool.
• aesthetic •
01.
Love terminava de limpar a piscina ouvindo queen quando o telefone fixo tocou, ela largou a rede e calçou os chinelos dourados enquanto caminhava limpando o suor da testa. A voz áspera como duas pedras batidas de seu irmão ecoou do outro lado da a linha.
- Love? – Ele a chamou.
A garota tirou os chinelos e sentiu o gelado da cerâmica marrom antes de responder.
- Sim?
- Fiquei preso em Milão por mais algumas horas, trâmites do trabalho. Mas meu amigo está chegando por agora, pode recebe-lo enquanto eu termino aqui? – Ele questionou, o som de teclas sendo furiosamente pressionadas do outro lado da linha quase sobrepondo sua voz.
Ela ponderou um segundo antes de responder.
- Claro, vai ser um prazer.
Mas claro que não era. Ela e seu irmão mal se viam durante o ano além das duas semanas que ele reservava a visita da casa no campo. E esse ano, ele decidira convidar um amigo, um cantor, ele dissera, que estava compondo algo e ficaria alguns dias com eles. Era uma intromissão, e ela não gostou da ideia. Mas seu irmão era irredutível e ela sentia falta de sua presença.
- Obrigado, meu doce. Veja bem, hoje à noite eu chego, que tal se eu levar pizza? – Ele perguntou.
Love passou o dedão por uma mancha preta de tinta no piso.
- Ou elas ficariam moles como sua barriga ou duras como pedra, deixe que dou um jeito no jantar. Só venha... o mais rápido que puder. – Ela pediu.
Joe gritou do outro lado da linha com alguém que passava por ele.
- Claro, claro. Sinto muito pelo atraso... olhe, vamos... Anna, traga aqui essa pasta, preciso desse documento o mais rápido possível... um beijo meu doce, até a noite. – Joe disse.
Antes que pudesse responder, seu irmão desligou.
Ela bufou e prendeu o telefone na linha antes de voltar ao lado de fora. Era terrivelmente quente essa época do ano, o sol aquecia – talvez até queimava – as bochechas de Love, pálidas do frio constante de onde morava. Mas ela espremeu os olhos e aprumou o chapéu de palha na cabeça, enrolando os grossos fios de cabelo castanho em um coque desajeitado e coletou as últimas partes de sujeira da piscina, então despejou um pó branco na água que limpava mais e trocou o filtro. Então limpou mais uma vez o suor que corria em linha até a ponta do nariz arrebitado e caminhou de volta para dentro.
A casa estava limpa e cheirava a lavanda e verbena com limão, os discos do pai arrumados na estante de madeira escura, as almofadas lindamente desorganizadas pelo chão e uma bagunça de caixas de papelão ao lado do sofá preto descascado. O irmão insistira em levar um computador e alguns aparelhos de edição e mixagem. Insistindo contra uma Love irritada. O local pertencera a seus pais, e aos pais deles antes, era t0da... vintage? Velha, Joe sempre dizia. Um piano antigo e com uma perna mofada no meio da sala enorme, sofás, almofadas e pufes espalhados, uma bagunça de antiguidades.
Mas sem nenhuma televisão enorme ou aparelhos de som modernos, um oásis e um refúgio do mundo moderno. A cada ano... Joe justificava que não poderia se refugiar tanto assim. Love parou encostada em uma das portas de correr enormes e sentiu a brisa leve correndo pela árvore enorme na frente da casa, a estátua antiga de Afrodite ao lado da de Zeus, que era também uma fonte para a piscina. Brega, mas familiar. Cadeiras de sol se estendiam dentro e fora da extensão de concreto no chão, que acabava puída e desgastada em grama que corria livre por um campo enorme, com várias árvores diversas e um grande carvalho no centro.
Ela pensou em pegar a trilha de bicicleta e ir direto para a cachoeira que corria em um vários córrego e de lá ir até a cidadezinha mais próxima comprar tomates, queijo e peixe salgado. Mas parou na porta do quarto quando se lembrou que tinha de esperar o convidado.
Caminhou até o quarto e lavou o rosto, o pescoço e os ombros na pia de mármore branca, soltou os cabelos e prendeu a frente, que despendia em fios repicados e grossos que lhe cobria quase todo o rosto, então, vestiu um biquini e um vestido de alças finas, calçou os chinelos e caminhou cantarolando o que esperava ser Edith Piaf que já tocava no vinil velho e desgastado do pai.
Sim, era Edith Piaf.
C'est lui pour moi, moi pour lui dans la vie
Ela caminhou de olhos fechados movendo os pés descalços no ritmo da música, passando pelo corredor que conhecia como a palma de sua mão.
Il me l'a dit, l'a juré pour la vie
O calor que vinha da sala e do ambiente aberto, a voz suave, mas grave de Edith se tornava mais alta e consciente.
Et dès que je l'aperçois, alors je sens en moi
Seus pés exploravam o chão gelado, os dedos espalmados na superfície
- Mon cœur qui bat. – Uma voz rouca melodiosa e com um forte sotaque inglês soou em cima da voz de Edith.
Love se endireitou e abriu os olhos, quase caindo.
02.
Ela passou as mãos pela saia do vestido, se atentando muito rapidamente ao tom de salmão que ele era. Quando levantou os olhos, Edith ainda cantava.
Um homem estava parado a porta, era alto, com certeza mais de um e oitenta, estava com um short branco na altura das coxas, uma tatuagem pequena em cima do joelho em cada perna, sapatos escuros sem meias, ela o analisou de cima a baixo, os braços eram cobertos de pequenas tatuagens pretas em contraste a pele, as mãos enormes, os dedos cheios de anéis variados, as unhas pintadas em um amarelo muito pálido.
- Hm... olá? – Ele a chamou.
Love pareceu acordar de um sonho, piscou uma e duas vezes quando olhou pro homem em sua frente. Ele tinha olhos tenros, verdes e molhados, o nariz era afilado e grosso na ponta, os lábios... minha nossa, eram lábios médios, desenhados sobre dentes meio tortos, os dois da frente eram maiores e duas covinhas profundas se projetavam em suas bochechas quando ele sorria timidamente.
Só depois de piscar algumas vezes ela percebeu que tinha um homem parado em sua sala, e ela nem sabia por onde havia entrado.
- Quem é você? – Ela questionou, falando seu inglês meia boca.
Ele meneou a cabeça e olhou para os lados, como quem se perguntava se estava no lugar errado.
Claro! O amigo de Joe.
- Não... deixe-me... me desculpe, você é o amigo de Joe, certo? – Ela questionou.
Algo como surpresa chegou aos olhos verdes e ele mordeu o lábio inferior e passou a mão pelos cabelos castanhos, desfazendo um cacho na ponta que logo se formou de volta quando ele tirou a mão.
- Isso... sou eu. – Ele tentou falar francês, era péssimo e cheio de sotaque, mas ela achou divertido.
- Podemos falar inglês, tudo bem. – Ela disse, sorrindo.
O homem piscou uma e então duas vezes, segurando a alça de uma bolsa bege, ele estava rodeado de algumas bolsas, um violão preso as costas.
Ela deu um passo em sua direção, estendendo a mão. Ele demorou um segundo para compreender e então estendeu a sua de volta, eles trocaram um aperto de mão. Os dedos do homem eram longos, a mão era enorme, os dedos finos de Love se perderam no aperto, ele tinha uma pequena cruz tatuada próxima ao dedão e uma âncora na parte de cima de seu pulso, ela observou por um momento antes de soltar.
- Eu sou Love... me perdoe, ainda não sei seu nome. – Ela disse.
O homem deixou escapar uma risada divertida, ela achou adorável o som entrecortado da risada e notou verdadeiramente seus dentes.
- Desculpe... hm, eu me chamo Harry. – Ele disse.
Ela deu um passo em sua direção.
- O que foi engraçado, Harry? – Ela perguntou.
- Seu nome, Love... e o do Joe... Joe, são... hm, em inglês. – Ele disse.
- Que constatação, Harry. – Ela disse, perspicaz.
Ele franziu as sobrancelhas e sorriu de leve, dessa vez era só uma covinha a mostra. Love sentiu uma repentina vontade de senti-la sob seu polegar.
- Claro... quero dizer, só achei um pouco divertido, porque nem você nem Joe tem o inglês como primeiro idioma, ambos têm esse sotaque francês adorável. – Ele disse.
Como se tivesse subitamente percebido o que disse, Harry quase deu um passo para trás.
- Minha mãe era da Califórnia, ela quem escolheu nossos nomes. Mas só o primeiro, por isso Joe Constantini Di Livar e Love Fleur Di Livar. – Ela disse.
Mais uma vez, ele sorriu com uma covinha só.
- Meus pais são ambos ingleses, Harry Edward Styles não é nada criativo, você sabe.
Love franziu a testa.
- O que foi? – Ele questionou.
Ela mordeu o lábio.
- Já ouvi seu nome em algum lugar, mas não me lembro onde. – Ela disse.
O rapaz sorriu e passou os dedos novamente pelos cabelos, como se tudo fosse uma piada.
- Acho que tem meu nome em algum lugar daquele disco ali. – Ele murmurou.
Love seguiu o olhar por onde ele apontou, realmente, havia um disco sob uma caixa, um que Joe trouxe, mas ela sequer se deu ao trabalho de ouvir, usava para amparar a caixa com os discos que realmente ouvia. Ela levou as mãos aos lábios e caminhou até lá, puxando o disco e analisando a capa. Fine Line, by Harry Styles.
Ela se virou, sentindo o rosto inteiramente avermelhado.
- Existe alguma forma digna de sair dessa situação? – Ela questionou, tamborilando os dedos pelo disco.
Harry sorriu com todos os dentes e as duas covinhas e caminhou até ela.
- Tudo bem, vou tentar engolir meu ego ferido. – Ele disse.
Love tentou então imaginar a voz rouca em uma canção, ele tinha uma voz grave e profunda, era rouca na superfície, mas límpida e suave no fundo, como uma caixa cheia de água. Ela levantou o rosto e piscou algumas vezes quando ele a olhou nos olhos.
- Bom, já que eu ofendi seu ego de artista, posso tentar arrumar isso mostrando-lhe seu quarto. – Ela disse.
Ele puxou uma das alças, como se notasse subitamente o peso sobre seus ombros.
Ela caminhou em silêncio ao lado dele, sua cabeça batia no ombro de Harry, ela parou na frente do quarto ao lado do dele e abriu a porta de madeira escura, ele entrou e largou as bolsas na cama de casal com armação de ferro pintado de preto no meio.
- É ótimo, obrigada, Love. – Ele disse, com uma risadinha.
Ela passou a mão no pescoço, sentindo a finíssima camada de gotículas de suor.
- Bom, eu vou a vila aqui perto comprar alguns mantimentos, Joe só deve chegar pela noite, presumo que queira descansar depois da viagem até aqui. – Ela disse.
Mas, com uma energia que ela não sabia de onde ele havia tirado, Harry se levantou, o movimento fazendo subir levemente o tecido do short e mostrando o início de uma tatuagem na coxa, ela piscou e voltou o olhar para o rosto do rapaz.
Pela deusa, ele era lindo.
- Vou mofar ou derreter aqui dentro – ele disse, sorrindo – se importa se for com você? Gostaria de conhecer a vila.
Ela meneou a cabeça.
- Eu planejava passar no córrego antes de ir, isso é um problema? – Ela questionou.
Mas o rapaz só alargou seu sorriso.
- Bom, isso me parece ótimo, na verdade, estou morrendo de calor. – Ele disse.
- Eu... como chegou aqui?
- Eu vim no meu carro, deixei estacionado ao lado de outro que estava um pouco a dentro da propriedade, quer ir assim? – Ele perguntou, procurando a chave nos bolsos.
- Não, eu normalmente vou de bicicleta, a de Joe está aqui, pode ser?
Ele fez que sim com a cabeça.
- Ah... hm... eu vou pegar uma bolsa para trazer as compras e alguma água para levarmos, lhe dar também um momento para se organizar, em alguns minutos saímos. – Ela disse.
Harry sorriu e ela saiu pela porta, quando se virou para falar mais alguma coisa, viu ele parado, de olhos fechados respirando fundo, como se absorvesse o mundo a sua volta, como sol. Então desistiu e foi até a cozinha.
Sua irritação estava quase dissolvida pela interrupção do convidado, quando ele era tão bonito. Mas não era só isso. Ele era... suave, quase como se fosse familiar, com seu sotaque estranho e fechando os olhos apenas para sentir o vento nas bochechas. Ela sorria pra si mesma com o pensamento tolo enquanto organizava dinheiro na carteira e pegava a bolsa grande de palha, buscando duas garrafas de água gelada do freezer e jogando-as dentro dela.
Quando chegou na porta, Harry estava parado de costas, ela podia jurar, mesmo sem ver, que ele estava de olhos fechados. Parecia que absorvia o mundo inteiro em si mesmo. Como se sequer tivesse saído da posição, era como se seu corpo fosse feito para ficar assim, parado. Estava de chinelos, de couro marrom, os mesmos shorts e uma camiseta azul clara de gola careca, os cabelos enrolados e castanhos escondidos sob uma boina quase da mesma cor. Ela pensou que poderia ficar parada e em silêncio, como se atrapalhar aquele momento de quase devoção e apreciação fosse errado.
Mas claro que se o rapaz reparasse nela no canto olhando para ele, seria ridículo. Então ela caminhou fazendo mais barulho que o normal, ele se virou, com os olhos espremidos. Ela montou ao lado dele em sua bicicleta, ele parecia estar bem à vontade na dele, então não se importou.
03.
Eles pedalaram por uma extensa camada de grama que batia quase nos tornozelos, os pneus escuros e desgastados formando trilha, ela as vezes fechava os olhos, sentindo o vento delicioso e o cheiro da terra molhada e das folhas esmagadas. Harry insistira em carregar a bolsa então ela ousava abrir os braços em certos trechos.
O barulho do riacho se formou, era um trecho próximo da cachoeira, com pedras adornadas de musgo e um interior que poderia ter até dois metros de profundidade, ela podia sentir a água gelada nas lembranças da infância. A mãe com a pele bronzeada sob o sol, tocando na grama verde como se abraçasse e absorvesse o mundo. Assim como Harry fazia.
Love tentou afastar o pensamento da mente, normalmente, lembrar de sua mãe sorrindo e correndo ao seu lado pelo campo aberto só a lembrava dos anos seguintes sem ela.
Ela largou a bicicleta no chão e o rapaz ao seu lado fez o mesmo, ele sorria observando a água. Quando ele roçou as mãos uma na outra, ela viu que estava sem os anéis, parecia despido, quase errado.
- Aqui é muito lindo, Love. – Ele disse.
A garota parou atrás, observando enquanto ele puxava a boina da cabeça, deixando os cachos castanhos caírem pela testa, um sorriso enorme se formar em seu rosto. Ela prendeu o fôlego por um segundo.
Igual a você. Ela pensou.
Mas antes que pudesse responder, ele estava puxando a camiseta azul e passando-a pela cabeça, ela quis mais alguns segundos antes de ele pular desajeitado na água para avaliar o que viu apenas um reflexo de muitas tatuagens ao longo do tronco.
Balançando a cabeça como se assim fosse expulsar os pensamentos desta, Love puxou o vestido do corpo e observou o salmão em contraste ao azul da camisa dele antes de pular na água. O calor causticante do verão italiano era totalmente compensado na temperatura fria da água. Love sentiu a lama nos dedos dos pés e se impulsionou para cima, o ar voltando satisfeito aos pulmões quando ela jogou os cabelos para trás.
Harry estava boiando ao seu lado, o corpo beijado pelo sol, absorvendo tudo à sua volta. Ela nadou mais, forçando os músculos pela extensão do riacho antes de sair, sentando na grama e apoiando a cabeça em uma pedra molhada, o sol caía levemente no horizonte. A paz da metade da manhã, com sorte ela estaria em casa ao meio dia, quando voltaria com tudo.
O rapaz saiu da água quase em seguida, balançando os cabelos e espirrando água ao seu redor, ele se sentou ao seu lado e fechou os olhos.
Ela aproveitou o momento para observá-lo.
Ele tinha dois pássaros na altura do peito, uma frase na clavícula, uma borboleta enorme na barriga, dois ramos na altura dos quadris, embaixo do umbigo. O corpo estava todo repleto de gotículas de água, pelos castanhos claros pelo sol se agrupavam no meio de seu peito e corriam pela barriga, descendo em linha reta até dentro do short.
Aproveitando os olhos fechados, Love roubou aqueles detalhes do rapaz estranho como uma criança que roubava doces, como ela fizera quando era só uma menina de cabelos longos e pesados, correndo pelo chão de cerâmica marrom, pegando os chocolates em forma de animais de seu pai, que ele guardava em uma caixinha prateada. Agora, tantos anos depois, ela roubava os detalhes do corpo do rapaz.
A elevação do peito, os pelos que pareciam macios, a inclinação da barriga e... isso são mais mamilos? Ela escondeu uma risada sem sucesso, eram pequenos como sinais, mas ela reconhecia, o rapaz abriu os olhos e a viu o observando.
Harry Edward Styles era um rapaz dado aos prazeres pequenos da vida. Ele adorava a sensação do corpo absorvendo os raios de sol da manhã, as gotas de água que corriam pela pele, os dedos dos pés tateando a terra e forçando uma pedrinha no processo.
O convite de seu amigo e produtor o espantou, Joe era quieto quanto a sua vida pessoal e Harry só soubera que ele tinha uma irmã quando o pegou falando com ela por telefone uma vez, entre uma gravação e outra.
A turnê de seu primeiro álbum tinha sido divertida, e cansativa, o segundo havia sido lançado a pouco e ele precisava de descanso.
Música era o que movia seu corpo, dava ânimo aos seus músculos e ele sentia como se fosse o combustível de suas células, mas toda a loucura e o burburinho... essa parte ele não sabia se era exatamente pra ele. Enquanto planejava a próxima viagem com o celular vibrando furiosamente em cima do piano, recebeu a ligação de Joe. Harry não sabia o motivo de ter aceitado, mas tinha. Precisava mandar o mundo ao seu redor ir para o raio que o parta e descansar em algum lugar longe.
Harry piscou uma e então duas vezes para expulsar a água dos olhos e viu Love se escorando em um cotovelo e observando suas tatuagens, reprimindo um sorriso. Os cabelos castanhos agora quase pretos colavam-lhe na testa, os lábios carnudos estavam entreabertos e a alça do biquini levemente afastada, mostrando mais da pele extensa e cheia de sinais pálidos do ombro.
Ele quase ergueu a mão para tocar um daqueles sinais, mas ela se espantou e o olhou, os imensos olhos escuros pareciam assustados, como uma criança que é pega roubando chocolates.
- Pergunte. – Ele disse, com a voz divertida.
Love sentiu o rosto corando e mordeu o lábio.
- São mamilos? – Ela perguntou, levando as mãos aos olhos.
Ela ouviu a risada rouca e gostosa dele.
- Isso, tenho quatro, uma coleção e tanto, certo? – Ele disse.
- Sim, de fato. Desculpe por ficar olhando.
Harry deu de ombros e virou para olhar em seus olhos, algo no estômago de Love deu voltas, muitas voltas quando aqueles olhos verdes mornos olharam para ela, ele era quase... despreocupado. Como se nada no mundo fosse um problema, ela notou que, sob os pelos finos e claros de uma barba que nascia ele tinha um sinal no queixo, ao lado da boca.
Ela sentiu uma eletricidade no ar e em seu próprio corpo quando olhou para os lábios entreabertos.
- Não se desculpe, é um atributo no mínimo diferente, de fato. – Ele murmurou.
A garota levantou os olhos e olhou os dele. Ele estava agora sorrindo, ela notou que um lado de sua boca, aquele lado do sinal, se levantava mais que o outro quando ele sorria, ela sentiu uma vontade quase desesperadora de tocar o sinal, e então a covinha, e então correr os dedos pelos lábios e... e o quê? Ela ignorou o pensamento, balançando a cabeça como se jogasse longe uma poeira nos cabelos.
- O que foi? – Ele questionou.
Ela sorriu e passou os dedos na perna.
- Cante algo pra mim, Harry. – Ela pediu.
O rapaz fechou os olhos e mordeu o lábio inferior.
- O que? – Ela questionou.
- Gosto quando fala meu nome. – Ele disse, abrindo um sorriso.
- Como assim?
- O jeito que você fala o r no fim, como se fossem vários cortados, o sotaque, eu gosto. – Ele explicou, voltando os olhos para os dela.
- Harry? – Ela tentou.
Ele sorriu de novo, com todos os dentes e todas as covinhas. Não era só como se ele absorvesse o sol, mas como se devolvesse, como se tudo fosse um só. Como se ele fosse um fenômeno da natureza por si só. Love se lembrou novamente da mãe correndo pelo gramado.
- Isso... exatamente assim.
Ela notou a forma como ele pronunciava as palavras, com gentileza, com calma, uma de cada vez, como se as palavras fizessem um favor a ele em fazerem sentido. Love se irritava particularmente com tantas pausas na fala... com tantos hmmms e aaahs entre palavras, mas ali, era como se ele fizesse uma pausa para agradecer as palavras por saírem de sua boca.
- O que vai cantar pra mim, Harry? – Ela questionou, se sentando com as costas retas.
Os dedos longos e despidos correram seus cabelos molhados novamente.
- Estou sem meu violão. – Ele disse.
Ela tamborilou os dedos nas coxas e sorriu. Dessa vez, ele quem prendeu o fôlego um momento.
- Ora, Harry Edward Styles, eu não ouvi seu álbum, como sabe e eu peço desculpas, mas quando meu irmão me deu, me deu dizendo que era o cantor mais proeminente da gravadora, então eu espero que possa me fazer um show plantando bananeira com uma mordaça na boca. – Ela disse.
Dessa vez ele soltou uma gargalhada sincera, apoiando as mãos na barriga.
- Vou me contentar enquanto a senhora me pede.... hm.... só sem o violão. O que quer ouvir? – Ele questionou.
- Quero ouvir uma coisa bem bonita que combine com o sol. – Ela disse.
Harry viu suas opções de música na mente, certamente ela queria uma música dele.
Então, ele começou a cantar uma música... ela se chamava adore you, ele dissera antes de começar. Love ficou muito parada, como uma estátua enquanto ele cantava, ele tinha um sorriso tímido no rosto e sua voz era... minha nossa, ela se amaldiçoou por não ter ouvido o disco. Era rouca, mas não só isso, era grave e profunda, cheia de nuances e ele brincava com ela, subia e descia o tom, ela perdeu boa parte da letra se concentrando em como ele abria e fechava os olhos, os cílios beijando as bochechas no processo.
Era mais difícil compreender perfeitamente o inglês quando era cantado, mas ela entendeu o básico, era sobre amor e sentimento, sobre euforia e quando ele disse que andaria pelo fogo por ela, ela sorriu e levou a mão ao rosto, mas ele tomava mais coragem e confiança durante a música.
As palavras que antes eram usadas com carinho e carícias de um amante, agora eram possuídas e expostas, não com cuidado, mas com pertencimento, era fácil ver como ele era dono daquilo e aquilo o fazia feliz.
- Essa música é sobre o que? – Ela questionou quando ele perguntou.
Harry se colocou de pé e a olhou por cima do ombro antes de sair caminhando.
- Sobre um peixe. – Ele disse.
Ela ficou alguns segundos sentada antes de se levantar e segui-lo de volta a bicicleta.
04.
Harry parecia bem animado e alegre com tudo que via e tocava. Love observava seus olhos verdes brilhando quando via uma janela particularmente antiga ou ouvia uma música que vinha de algum canto específico.
Eles deixaram as bicicletas no canto da praça, sem correntes porque ninguém roubaria. Caminharam vagarosamente, ele parecia querer absorver tudo, a forma como olhava, o modo como tocava as coisas, era como se ele roubasse tudo pra si, ela relembrou. Compraram peixe salgado, fresco, queijos variados, morangos, tomates cereja e azeite. Harry comprou algumas garrafas de vinho a mais e eles colocaram tudo da bolsa e então da cesta da bicicleta de Love.
- O que acha sobre tudo isso, Love? – Ele perguntou enquanto eles guiavam as bicicletas, caminhando pela grama de volta à casa.
- Com tudo, você quer dizer? – Ela questionou.
Harry se virou e olhou em seus olhos. Ela prendeu mais uma vez o fôlego. Seria tão fácil se acostumar com aquilo.
- Hm... Todo esse sol, e essa grama, e essas frutas dentro da cesta... todo o mundo ao redor da gente nesse exato momento.
Love pensou por uma fração de segundo antes de responder.
- Parece que você absorve o mundo ao seu redor, sabia, Harry? – Ela questionou.
Ele franziu as sobrancelhas e sorriu. Ela observou por um momento o modo como ele andava, como movia o corpo, as pernas longas e as coxas grossas roçando no tecido úmido do short.
- Você acha? Mas isso é ruim?
Love refletiu por um momento e fez que não com a cabeça.
- Qual a coisa que você mais quer no mundo, pelo que você andaria pelo fogo agora? – Ela questionou.
Ele sorriu antes de responder.
- Um copo de vinho gelado, minha cabeça vai explodir em absorver tanto sol. – Ele disse, rindo.
Eles caminharam para dentro da casa e Love pegou uma garrafa de vinho no fundo do freezer e a abriu, encheu duas taças e começou a aquecer a água para fazer o almoço, salada de macarrão com presunto cru e castanhas.
Harry bebeu a taça em um gole e fechou os olhos, como se essa fosse a sensação mais deliciosa do mundo. Isso era uma das coisas que ela observou e que a fascinou, a forma como ele sentia as coisas pequenas e se aprazia delas como se fossem grandes atos. Ela passou por ele e ligou a vitrola, colocou Patrick Watson e balançou a cabeça enquanto a música entrava e seus sentidos todos, como se ela cheirasse a música, tocasse e provasse dela, além de ouvir.
- Como posso ajudar? – Harry questionou, com os dedos logos batendo no vidro da taça já reposta de vinho.
- Pode cortar o presunto? Vai ser bem simples, eu só preciso tirar esse biquini que está molhado e me apertando. – Ela disse.
Ele piscou algumas vezes e assentiu, como se prendesse algo a dizer.
- Podemos fazer uma versão sem presunto? – Ele perguntou, e sua voz era quase tímida.
Love parou por um segundo, revendo suas opções.
- Espinafre com ricota, serve?
Ele sorriu de novo, e ela quase se desfez.
Quando se lembrasse daquele verão especifico anos depois, Love poderia quase confundir a ordem com que as coisas aconteceram, mas a forma com que ele piscava, seus sorrisos leves e as covinhas que ora saiam juntas e ora uma por vez, aquilo grudou em sua retina e nas paredes de sua cabeça.
Ela deixou a água cair gelada no corpo, o biquini jogado em cima da pia e fechou os olhos, absorvendo o mundo como ele, tentou sentir a água, os pés nos ladrilhos azuis do banheiro, o som leve e abafado que o chuveiro fazia quando forçava mais agua a sair.
Ela vestiu um short curto que colava as coxas e uma camiseta grande e branca, se tomasse banho na piscina, se vestiria mais tarde para tanto.
A toalha creme roçava os cabelos, tomando deles o excesso de água, Harry misturava macarrão cozido com espinafre, molho e amêndoas quando ela chegou, ele se virou e parou por um momento, com um sorriso de uma covinha só.
- Obrigada, Harry. – Ela disse.
Ele sorriu, absorvendo a forma com que ela dizia aquelas palavras.
- Você parece... cansada. – Ele disse.
Ela passou a mão pela nuca, sentindo as dores nos músculos, limpara a casa inteira um dia antes, estava mesmo exausta.
- Estou cansada mesmo.
- Posso... posso pentear seus cabelos? – Ele perguntou, a voz hesitante, mas conhecedora.
Quando se lembrasse aquele verão e daquele momento, anos depois, Harry também poderia confundir as coisas, talvez ele penteara os cabelos dela, o corpo pequeno e pálido da garota sentado na mesa de madeira clara, o short subindo as coxas, a mão segurando a taça cheia, ele poderia confundir quando começou e quando acabou, mas não se esqueceria – não poderia, já que transformou aquele momento em música – de como os cabelos castanhos dela eram grossos e cheirosos em suas mãos, de como a escova, que quase sumia em sua palma, percorria os fios.
Ele absorveu cada parte dela como se ela fosse o sol e ele estivesse captando os raios e toda a vitamina D que pudesse ter dela e daquele momento. Ela tinha sinais na nuca, e ele reparou em como os pelinhos de seu braço se arrepiaram quando ele, sem querer com algum querer, roçou os nós dos dedos na pele clara, como ela quase olhou por cima do ombro quando ele assoprou ali, espantando um pernilongo.
A sensação do primeiro toque, do sentimento. Muitas vezes aquilo afeta sua memória, se vê o que quer. Mas Harry, que já vira tantas nucas e tocara em tantos cabelos, curtos, longos, grossos e finos, não se esqueceria dos pelos claros de cabelos novos em sua nuca, não se esqueceria de como os dedos finos da garota espalmaram nos seus e tocaram seus próprios dedos.
- Desculpe, pensei que era um mosquito. – Ela disse.
Mas ela não pensara, Love queria tocar a mão dele, queria ver se os dedos longos eram tão grossos como pareciam. Então girou o corpo na mesa, ficando de frente para ele, observando os sinais da pele que escapava pela gola careca da blusa azul, o sinal no pescoço, as veias grossas e acalmadas sob a pele clara.
Ele estava de pé, e na mesa alta, ela ainda era menor que ele, ainda o olhava de baixo. Ela observou, as sobrancelhas grossas e bagunçadas, os olhos tenros, verdes salpicados de dourado, as bochechas proeminentes, o maxilar marcado e o queixo suave, a barba despontando no rosto, mas clara o suficiente para ver o sinal marrom, ela ergueu a mão e traçou com a ponta do dedo aquele maxilar, o ossinho era pontudo sob a pele.
Harry fechou os olhos, como um gato que ronrona ao receber carinho, o sol entrava pelas janelas e pela porta, a mesa estava cheia de frutas e vinho, os braços tatuados dele se ergueram e fizeram a volta, vagarosamente, como quem pede permissão, pela cintura de Love, ela observou a cena, roubando momentos, pedaços e fragmentos de pele diretamente a sua memória.
A sereia tatuada em seu antebraço, a âncora que ela notou antes de tudo, uma garrafa, o que ela sabia ser um coração em sua anatomia que se perdia por dentro da camiseta azul.
Love correu os dedos, pelo maxilar até a ponta do queixo, sentindo os pelos roçando nas pontas de seus dedos. Ele sorriu, ela aproveitou e colocou o dedo na covinha em sua bochecha, mordendo o lábio com o contato. Ele abriu os olhos e a olhou de novo, pela deusa, quem conseguiria resistir a aquele olhar, aquele sorriso, as covinhas. Ele se aproximou, segurando as bordas da mesa. Ela fechou os olhos e sentiu seu cheiro, o suave da terra molhada, o cheiro da água do riacho, mas por baixo, algo muito particular, quente e solar como ele.
O som do telefone ressonando assustou os dois, ela piscou algumas vezes e então pulou da mesa.
- Hm... Obrigada, Harry. – Ela disse.
Ele assentiu, pegando a taça e bebendo vinho.
05.
- Meu doce? – Joe chamou por ela, do outro lado da linha.
Love se endireitou e passou o indicador pelo fio preto do telefone.
- Sou eu, o que houve?
- Styles chegou? – Ele perguntou.
Mais uma vez, ela se sentiu como uma criança quebrando as regras, a lembrança fresca de seus lábios quase se roçando, dos braços fortes e macios ao redor de sua cintura, da sensação enervante da pele quente dele em seus dedos.
- Love? – Joe insistiu.
- Sim... claro, ele chegou, vamos almoçar agora. – Ela disse.
- Ainda estou preso aqui, meu doce. Honestamente não sei mais se consigo sair hoje, tenho duas reuniões até a noite e estou preocupado e dirigir pela madrugada sem ter dormido nos últimos dois dias.
Love mordeu o lábio inferior. Ela teria o dia inteiro para passar e resistir – se possível – a Harry. Boa sorte, Love.
- Tudo bem, está tudo bem. Venha quando puder.
- Sinto muito, de verdade. Sei que se sentiu chateada pela intromissão e eu estar faltando hoje... eu vou tentar, vou compensar isso. – Ele argumentou.
- Está tudo bem, eu juro, Harry é legal.
- Hm... claro, obrigado, preciso ir, até amanhã. – Ele disse, se concentrando em algo exterior a ligação.
Love pressionou as palmas nos olhos e respirou fundo, voltando para a cozinha. Harry estava sentado na cadeira afinando o violão.
- Parece que o cantor decidiu me fazer um show apropriado. – Ela disse, tentando desviar os olhos de seu rosto, seus lábios.
Ela ouviu sua risada e observou as mãos, os dedos compridos, deu atenção as unhas bem feitas, cortadas e com formatos uniformes, mas ainda assim distintos entre si, ele manuseava as cordas com cuidado e adoração, a taça de vinho pela metade. Love desligou o vinil e se sentou com as pernas cruzadas e começou a comer o macarrão, se deliciando nos temperos suaves, na maciez do macarrão em seus dentes, cedendo facilmente a mordida.
Harry levantou os olhos e viu ela sentada com as pernas cruzadas, as coxas contraídas, o prato entre os dedos finos e longos, os olhos fechados, lambendo os lábios. Ele sentiu o peito tremeluzir e as borboletas no estômago, tirando sarro da borboleta imóvel pintada em sua pele, zunindo e voando em círculos.
- Você gostou então. – Ele murmurou.
Love abriu os olhos e encarou os dele, verdes e brilhantes, levemente puxados pelos lados, como se fossem rasgados, lhe dava um aspecto mais felino.
- Sim – ela disse, com a boca cheia, tentando engolir – tá muito bom, eu estava faminta.
Ele sorriu, com as duas covinhas, e, pelo inferno em chamas, que visão era o sorriso dele. As rugas leves ao lado dos olhos, os lábios molhados de saliva, ela se perguntou o gosto daqueles lábios.
- Quantos anos você tem, Love? – Ele questionou, enquanto dedilhava um ritmo suave e aleatório pelas cordas.
Não olhe para os dedos dele... não olhe para os malditos dedos, ela repetia para si mesma. Manteve olhos nos olhos.
- Tenho vinte e três, e você? – Ela questionou.
Ele levantou as sobrancelhas, surpreso, e então aumentou o ritmo da música.
Love não resistiu, olhou para o violão, os dedos que se moviam com habilidade, rápidos demais. Pensou nos dedos em sua cintura, traçando o contorno de sua espinha, os dedos espalmando em suas omoplatas, puxando-a pra perto, nos dedos longos e habilidosos em seus joelhos, adorando suas panturrilhas e indo contra os pelinhos que nasciam nas pernas, pelas coxas e então... ela teve que virar a taça e balançar a cabeça para afastar a ideia.
- Vinte e sete. – Ele disse.
Justo. Ela diria que vinte e cinco, talvez. Ele não parecia velho, a pele do rosto era lisa e perfeita. Mas ele tinha um olhar mais... experiente, ele parecia uma pessoa que já sofreu e viveu. Não que isso determinasse idade e, pela deusa, ela sabia disso. Mas algo no sorriso esperto e nos dedos ágeis. O fantasma gelado onde seus dedos haviam estado em seu pescoço lhe dizia algo.
- Achou que eu tinha quantos anos? – Ela questionou, comendo mais uma garfada.
Harry analisou aquele rosto. Os olhos enormes e escuros, expressivos contra os lábios carnudos que pareciam simplesmente surreais em contraste ao queixo fino. A clavícula pontuda, cílios longos e escuros, a sobrancelha fina e expressiva, o contorno suave dos seios sobre o tecido. Malditos pensamentos perversos. Ele mordeu o lábio, se contendo.
- Até uns... hm... dezoito, eu te arriscaria dezoito. – Ele disse.
Ela se inclinou, como uma amiga a contar um segredo absurdo.
- Se eu fosse a um show seu, você me chamaria para jantar depois? – Ela perguntou quase sussurrando.
Ele refletiu muito pouco antes de responder.
- Eu sempre caio duro na cama depois dos shows, você sabe. Mas se eu visse seus olhos grandes do palco, eu iria querer saber seu nome, faria uma brincadeira ou duas, cantaria minhas músicas favoritas olhando pra o local onde você se sentaria, eu te encontraria depois, faria algo, sem dúvida. – Ele disse.
Love sorriu, levando os dedos ao pescoço.
- Vou tentar ir a um show algum dia. – Ela arriscou.
- Como você disse, vou lhe fazer um show agora.
E fez. Ele dedilhou notas divertidas e cantou por horas. Uma música que ele disse se chamar Cherry e era, sem sombra de dúvidas, sobre um grande pé na bunda. Cantou uma chamada Watermelon Sugar, pelos portões do inferno, como ele lambia os lábios cantando aquela. Então cantou outras de outras bandas, rock, clássico, jazz e arriscou algum rap.
Love achou deliciosa a experiência de ouvir a voz rouca e suave irromper dos lábios charmosos, a forma que ele dizia um, dois, três, quatro, antes de começar ou continuar de algum lugar uma melodia, como ele sorria, ou como franzia a sobrancelha antes de chegar a uma nota aguda demais.
Sobretudo, quando horas se passavam e a manhã se unia à tarde, os olhos verdes ficando quase translúcidos com a lua do meio dia, Love pensou que talvez Harry não absorvesse o sol e o mundo, talvez o mundo o absorvesse. Essa era a única alternativa. Nos anos seguintes, quando se lembrava da primeira vez que ele cantou para ela, sentado com olhos tão suaves sob a luz forte, ela poderia achar que era uma alucinação, que a estátua de Zeus perto da piscina ganhou vida e caminhou com um violão escuro com uma lua e estrelas desenhadas nele e cantou para ela músicas tão joviais e modernas.
Quando Harry a beijasse sob a lua suave na França, ou no calor causticante da California, no clima ameno do Japão, sob as estrelas ou sob o teto de um hotel entre shows. Aquele era seu segredo e de mais ninguém, que aquele homem, aquele universo completo em quase dois metros de carne, osso e charme, era seu segredo, o qual ela contava apenas para os travesseiros e para os sais de banho.
Um som particularmente estranho e divertido, um galho quebrando ou olhos grandes em qualquer lugar do mundo, enquanto compunha um maldito álbum inteiro pensando em um dia particularmente quente no norte da Itália, na musa que pro mundo era sem nome, mas que queimava em seus nervos. Love. Love. Love. Ela era um preludio para a vida.
Ele jamais se esqueceria da tarde que fez o show mais importante de sua vida e dos dias que se seguiram, dos beijos molhados nos lábios carnudos, nos fluidos e beijos e pelos daquela mulher. Nas visitas quentes aos fins de semana, quando ele a sequestrava do trabalho para leva-la para passear de helicóptero observando Berlin brilhar na luz da noite, nos capuccinos que ele sempre enviava a fotos. O segredo que ele contava nas letras das músicas e cantava apaixonadamente e devotamente como um religioso fanático.
- Sua voz é linda, Harry. – Ela disse, quando ele parou para beber vinho.
O sol quente tornava em brisa fresca anunciando o meio da tarde.
- Obrigado, parece que escutou toda a minha discografia sem sequer ouvir meu vinil. – Ele disse.
- Não estou mais arrependida de não ter ouvido seu álbum, foi melhor ouvi-lo pela primeira vez assim, só temo achar todas as posteriores experiencias em vinis menores que isso. – Ela confessou.
Harry sorriu, dentes e as malditas covinhas. Passou as mãos pelos cabelos bagunçados e ela pensou como queria afundar seus dedos naqueles fios grossos.
- Minha nossa! – Ela disse, como se lembrasse de algo – não o contei, mas Joe disse que só poderá vir amanhã.
- Uma pena, certamente.
Espere, ele havia ronronado? Sim, ele havia ronronado. Como se os olhos verdes e os lábios não fossem o suficiente.
06.
Quando Love pulou na piscina, ela sentiu todos os músculos se contraírem e soltarem, o sol tocava seu rosto e a água estava deliciosa. Ouviu o som da água se movendo e soube que Harry pulara junto a ela.
As árvores tremeluziam e o som das folhas farfalhando era delicioso e quente, ela viu a escultura ridícula de Zeus cuspir água e se virou, vendo Harry nadar na piscina enorme. Ele movia as pernas com rapidez, os braços irrompiam a água e nela penetravam com rapidez, ele nadava graciosamente.
- Não gosta de nadar? – Ele questionou, se aproximando dela pela água.
Se era possível, ele ficava ainda mais atraente molhado. Os cabelos colados na testa que ele tirava gentilmente com as mãos grandes, os pelos molhados acumulavam gotículas minúsculas na ponta, os olhos pareciam ainda mais tenros, ainda mais graciosos.
- Tenho asma – ela explicou – então me ocupo de outros modos.
Ele assentiu e olhou ao redor, o sol banhava a água, os pássaros cantavam ao redor deles e Harry viu uma laranja em uma árvore próxima.
- Posso pegar uma laranja? – Ele perguntou.
Love franziu o cenho e concordou com a cabeça, sem saber bem do que se tratava, mas observou enquanto ele empurrou o corpo pela borda, os bíceps contraindo para erguer o corpo, os nós dos dedos brancos com o esforço, o tecido fino do short molhado sobre suas coxas, colado. Entre suas pernas, algo convidativo se colava ao tecido, ela virou o rosto.
Harry correu até uma árvore no meio do campo, sentindo as gotas de água percorrendo o corpo e sentindo a grama perfurar levemente seus pés. Puxou a laranja e começou a descasca-la. Se virou e viu Love caminhando até ele. O sol beijava seu corpo, a camisa grande colava em sua pele, ela a tirou, jogou na grama, relevando a pele alva e lisa, dotada de sinais e coberta por um biquini vermelho.
Ele concentrou os dedos na laranja ao observar as coxas se movendo enquanto ela corria, os cabelos balançando água, os olhos grandes curiosos, ele precisava beijar essa mulher e descobrir o que ficava debaixo daquele biquini.
Love parou na frente dele observando a laranja em suas mãos, descascada. Ele separou atenciosamente um gomo e segurou-o pela ponta dos dedos, abaixou os olhos e olhou os seus, como se fosse possível ser pior, ou melhor, depende do ponto de vista, ele ergueu a mão e encostou o gomo da laranja nos lábios entreabertos dela, ela os abriu e ele deslizou a laranja para dentro, então soltou e passou a ponta dos dedos, por eles.
A língua vermelha e molhada dele passava pelos próprios lábios, os pelos do peito colados a pele, ela quis saber como seria bagunça-los e então seguir a maldita linha deles pela barriga até mais embaixo dela.
- Harry... – Ela sussurrou.
Ele deu um passo à frente e largou a fruta no chão, chupando a ponta do indicador onde tinha tocado a laranja e os lábios dela.
- Me beije, seu maldito. – Ela disse.
Ele sorriu grande, com dentes e tudo mais nele que sorria junto, ergueu os braços e envolveu o rosto dela, uma mão de cada lado, Love sentiu se perder no calor de suas palmas, alguns calos roçavam suas têmporas, ele se aproximou dolorosamente devagar, provocando-a e colou seus lábios nos dela.
Harry não estava preparado para o que aconteceria depois daquilo. Ela abriu gentilmente os lábios, o gosto aromatizado e alcoólico do vinho na língua dela derrapou pra dentro dele, ele soltou uma das mãos e apertou a pele de sua cintura, puxando toda a carne para si, o cheiro e o gosto, ela mordiscou seu lábio inferior, ele se contraiu e quase deixou escapar um gemido, quantas canções ele poderia dedicar só aquilo?
Antes que notasse, Love estava caminhando em uma confusão deliciosa de beijos, mãos e braços para o quarto com Harry meio a segurando e meio a empurrando pela cintura, eles deixavam rastros molhados pela casa e o som da vitrola zunia em seus ouvidos, mas diante do som de lábios com lábios e saliva correndo, das mãos grandes percorrendo pernas e braços, cintura e seios, ela sequer se concentrou no que a voz grave dizia.
O colchão a acolheu macio quando ele a deitou gentilmente na superfície e parou um segundo para olhar para ele. Ele parecia alucinado, os olhos molhados e surpreendentemente grandes, os lábios inchados e entreabertos, o braço coberto de tatuagens virado para ela, o peito aberto com as andorinhas que a encaravam satisfeitas, os pelos bagunçados e a textura deles entre os dedos, os locais em seu quadril maiores que outros a satisfação das costas suadas e grandes. Ele não hesitou quando se aproximou de novo para beijar-lhe os lábios.
E beijou. Os lábios, e então o ombro e a clavícula, mordeu a pele que unia o pescoço ao ombro, brincou com ela entre os dentes, as pernas apertando e tateando suas coxas, os dedos embrenhando-se nelas, descobrindo seu corpo como um novo explorador, e, maldito seja, tudo nela só gritava: bem-vindo.
A pele salgada e cheirosa de Love corria pela língua de Harry, ele provou o ombro, o pescoço, a clavícula e o colo quando subiu as mãos e segurou os seios entre elas, eram fartos e pesados, ele correu o polegar pelo mamilo ainda dentro do tecido e ela soltou um gemido leve, ele levantou as mãos para soltar o laço em sua nuca, ela se ergueu nos cotovelos e o tecido vermelho caiu, carmesim na pele clara.
Os seios se expuseram para ele, redondos, caindo pela pele e formando curvas sombreadas na carne reta, ele alcançou-os com os lábios e olhou para cima antes de abarcá-los com a boca, ela revirou os olhos grandes e os cílios tocaram as sobrancelhas quando ela o fez, ele achou isso tão excitante que começou a lamber sua pele, envolvendo-a entre os lábios, sentindo os sabores, as nuances que ela oferecia.
Love quase gemeu quando passou os dedos pelos cabelos grossos e castanhos, a textura era mais macia e gostosa do que ela pensou que fosse, e quando ele subiu nela, se apoiando nos antebraços, os lábios roçando nos dela, o peso delicioso do corpo dele no dela, as coxas, os braços, o nariz e os dentes, ele estava todo ali, e ela sabia reconhecer, era todo dela, pelo tempo que durasse aquela brincadeira.
Harry absorveu a garota como absorvia o sol, como tomava seu violão, como absorvia as notas até que elas morassem dentro dele. Ele deitou seu corpo repetidas vezes, incansavelmente, na cama, no chão da sala e até mesmo na grama, inúmeras vezes a beijou, provou sua pele como dono, beijou suas pernas e deliciou-se entre as coxas grossas, mordeu sua cintura e suas panturrilhas, eles correram pela grama, abençoados e abraçados pelo sol que vertia feixes dourados e rosados, tornava o céu arroxeado, multicolorido, como ela também se tornou.
Entre os gemidos, pelos, cheiros e sabores, ele era incrível em cima, embaixo, dentro dela. Love sabia disso, sentia isso, ela cravou as unhas nas costas dele, largas e suadas, enquanto ele irrompia dentro dela, ela estava sentada na mesa da cozinha e ele na sua frente, abraçava seu corpo e beijava seu ombro, a lua estava no céu e as estrelas salpicando o preto como pedrarias nos vestidos de veludo, ela o puxou mais pra perto e pensou se poderia absorver ele também. Um pouco por vez, uma lambida por vez ou uma mordida por vez, até que ele estivesse dentro dela inteiro, de todas as formas e além do que já estava entre as pernas, ele se encaixou entre elas e pegou algum impulso no chão da cozinha quando entrou nela de novo.
- Harry... – Ela gemeu seu nome pela milionésima vez, e se perguntou com honestidade como era possível que horas atrás não o soubesse.
Harry afastou a cabeça de seu ombro e a observou com os olhos verdes.
- Adoro quando fala meu nome. – Ele disse, como se fosse a primeira vez que dizia aquilo.
07.
Eles bebiam vinho, deitados nus no gramado durante a madrugada. Absorvendo plenamente e juntos a luz da lua.
- Harry
- Sim?
- O que você mais gosta no mundo?
Ele pensou por um segundo e então correu os dedos pela pele da barriga dela.
- No momento, o vão entre seu pescoço e seu ombro. – Ele ronronou.
Ela sorriu e se apoiou no cotovelo, olhando para ele, que estava de olhos fechados, os lábios projetando um sorriso discreto, as covinhas afundando em suas bochechas. Os cílios claros beijando a pele das olheiras.
- Falo sério, não seja um poeta cafajeste.
Harry abriu os olhos e o verde parecia ainda mais bonito a luz da lua.
- Eu também falo sério, e não sou um poeta cafajeste, não sou poeta. – Ele disse.
Ela abriu os lábios e sorriu, deu um tapa em seu peito. Harry beijou-lhe ternamente os lábios.
- Nesse exato momento, Love, a coisa que mais amo no mundo é esse espaço – ele levou o dedo até o local onde ombro e pescoço se uniam – é o que mais quero sentir com o dedo e com os lábios..., mas se... hm... se me perguntar em quinze ou vinte minutos, podem ser seus seios ou seu nariz arrebitado... se me perguntar em quinze dias, pode ser uma música nova ou uma tatuagem antiga.
Love observou o rosto claro e límpido do miserável deitado ao seu lado.
- Então acho que deveria aproveitar que faço parte da coisa preferida do momento. – Ela ronronou.
Harry se levantou, girou o corpo e se colocou em cima dela, ela acolheu o peso e deixou que cada local, elevação pequena ou grande de seu corpo o acolhesse como melhor poderia fazê-lo.
Ele beijou seus seios, a barriga e mordiscou a pele das coxas, o cheiro da excitação dela inebriando-o como entorpecente, ele lambeu por dentro delas, apertou e acariciou as coxas mais uma vez, antes de enfiar a boca e língua entre elas, de onde o calor vinha e por onde o chamava. Ela mexeu as pernas, contorceu os músculos delas e ele ouviu, minutos depois, o adorável som que ela fazia quando se desmanchava no orgasmo.
Durante anos, ele procuraria sem sucesso esse som em outros locais, em outras pessoas e pernas, mas então voltaria até ela, como sempre, como um cão perdido que vagueia pelas estradas e encontra o dono, os olhos verdes bêbados sempre discando seu número na agenda, ela atendia, as vezes no primeiro e as vezes no último toque, as vezes dizia: venha, Harry. As vezes o mandava ao inferno.
Ele ia nas duas circunstancias. De qualquer modo, ele quem a roubava, quem bebia e procurava dela, daqueles seios malditos e beijos molhados, da curva entre pescoço e ombro, da curva entre cintura e quadril, colhendo daquela criatura adorável e cruel tudo que mais queria no mundo.
O sol nascia no horizonte quando eles pularam de novo no riacho, ainda pelados. Ele emergiu, o sol tocando a pele, absorvendo o mundo. Love o observou e se aproximou, beijou seus lábios mais uma vez, tocou a covinha e o sinal ao lado da boca, ele correu os dedos na espinha dela, fazendo-a se arrepiar, cantando aquelas músicas em seu ouvido, então outra e outra vez.
Eles beberam chá de laranja cobertos com uma manta quando o sol nasceu e comeram biscoitos molhados em calda de cereja, ele entrou para o quarto e saiu com uma calça branca, uma camiseta bege e os anéis nos dedos, um par deles no anelar e no mindinho, grandes e dourados: H S. Ela riu e segurou a gola da camisa enquanto o beijava.
- Um narcisista arrogante, de fato. – Ela murmurou abafado com um sorriso colado em seus lábios.
O som de um motor subiu alto e eles afastaram os corpos, Love vestia um vestido azul claro, sentada ao lado de Harry, falavam sobre amenidades quando Joe entrou na casa.
08.
- Love, Harry? – A voz áspera de Joe ecoou pela casa, ele os encontrou conversando na cozinha.
Eles se divertiram o verão inteiro, absorvendo cada detalhe daquele sol e daquela casa, dos ovos cozidos com sal, dos peixes assados na fogueira da fazenda, os beijos molhados as escondidas dos olhares de Joe, apenas porque podiam.
Quando o verão acabou, ele continuou a ligando, quando saiu o álbum novo ou todo dia primeiro de fevereiro, no seu aniversário. Eles sempre comiam ovos cozidos e salgados, chás de laranja na lareira de alguma de suas casas, ele a fotografava com suas camisetas enormes aninhada dormindo com um livro nas mãos na escada rosa choque de sua casa de Londres ou com um pé amparado na coxa enquanto lavava a louça do jantar.
Eles sempre compartilhavam o pôr-do-sol e as noites escuras, apenas porque podiam, eles faziam. Harry sempre aninhava o rosto entre pescoço e ombro e cochilava ao som de suas histórias enervantes no trabalho, abraçado na cintura dela, inspirando seu cheiro.
Love beijava os olhos fechados, os lábios entreabertos e corria a ponta dos dedos por maxilar e ombros, por omoplatas e cintura, barriga e peito, observando as andorinhas que pareciam sempre olhar para ela e dizer: bem-vinda, Love.
Eles voavam na Itália e França, ou mergulhavam no mar de uma praia paradisíaca, sempre se escondendo dos olhos dos outros, não porque era um peso mas porque o que tinham era denso e pesado e fora de seus olhos poderia quebrar no chão ou se romper em uma nuvem de poeira, eles guardavam aqueles sentimentos e cuidavam dele como um pai amoroso e beijavam a si mesmos como os únicos seres viventes da terra, então gritavam e se odiavam por dias porque ele tinha sempre que sumir e viajar demais e ela estava exausta do trabalho.
Muitos verões e invernos indo e vindo e eles eram constantes em sua inconstância, os olhos verdes de Harry eram sempre tenros e brilhantes mesmo em meio ao ódio.
- Harry...
- Oi, Love
- O que você mais ama no mundo? – Ela questionou, eles estavam deitados no gramado da casa dele em Los Angeles.
Ele respirou fundo e passou a ponta dos dedos pela barriga dela.
- A curva entre seu pescoço e ombro. – Ele murmurou.
Então cantou pra ela de novo a música daquele álbum que falava sobre andar no fogo e adorar como um santuário, ela o fazia, colhendo um pouco a cada momento e ouvindo a voz rouca como um louvor em sua religião pessoal, mas era devota, de qualquer modo.
Às vezes, ela em Berlin e ele no Japão, ela acordava no meio da noite, ligava o abajur e olhava a luz amarela beijar a foto deles abraçados em uma viagem e colocava a mão no peito, ele abria os olhos e respirava, tentando meditar, mas a imagem daquele ombro e pescoço na mente.
Quando ela pegava o telefone na mesinha, o nome dele já estava na tela, sempre que eles se viam, ele mudava o contato.
Harry mais irado de todos, Harry o poeta, Harry grande cantor, Harry rockstar, muitos nomes brilhavam.
Dessa vez, Harry Edward Demais brilhava com uma foto dele comendo sushi vegetariano, ela atendeu e a voz ela suave do outro lado, rouca, mas suave, como uma caixa de água.
- Harry?
Uma risada.
- Adoro quando fala meu nome. – Ele disse.
Então conversavam, sobre estrelas, signo ou livro novo, sobre o projeto de filme que ele gravava, sobre o que ela estava escrevendo, sobre quando se veriam de novo, eles conversavam e ele absorvia a voz dela como absorvia o sol.
Dessa vez ela estava com um vestido vermelho colado ao corpo com alças finas e saltos altos, ele a esperava com um terno estampado perfeitamente costurado, como se tivesse feito nele. Eles trocaram beijos no rosto e ele puxou a cadeira o restaurante, ela se sentou e bebeu vinho.
Ele se sentou em sua frente, os olhos verdes tenros, os dedos cheios de anéis, os lábios entreabertos, ela o absorveu como ele absorvia o sol.
-
Love dançava ao som de Edith Piaf, era verão na Itália.
Ela sentiu mãos em sua cintura e braços em volta de seu corpo. Um beijo em sua bochecha e o cheiro de limão e perfume.
- Harry – Ela ofegou.
Ele gargalhou e a virou, ela encarou os olhos verdes, as covinhas e o sinal ao lado da boca.
- Adoro quando seus lábios falam meu nome, seja ofegando, falando ou gemendo, Love. – Ele ronronou em seu ouvido.
O verão recomeçava na Itália.
————————————
Escrevi isso sem intenção alguma de postar, e me diverti muito no processo. Amo muito o H e escrever sobre ele, descrevê-lo, tudo isso é mágico. Talvez eu upe no wattpad.
se gostou, comente ou reblog. obrigada por ler. 🤍
#harry styles#harry styles one shot#harry styles fic#harry styles italy#call me by your name#solo harry#harry styles imagine#harry styles writing#harry writing#italy harry#writing#my writing#70s aesthetic#fine line#hazza styles#hands power#harry smut#harry styles smut#poetry
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Eu não vou te perder.
One Shot postado no tumblr antigo. Escrito por: Carol
Louis POV's
Tinhamos acabado de chegar de viagem, eu e os garotos, eu não me aguentava mais em pé, o sono me consumia. Mas a vontade de vê-la era maior que isso tudo. Antes de vir de volta para Londres, ela falou que viria me buscar, e que não era para mim sair do aeroporto antes dela chegar lá. "Babe, eu vou demorar mais uns 15 minutinhos, ok? Me espere! Xx (s/n)" "Ok anjo, vou te esperar. Estou com saudades! xx Louis" Sentei-me em uma das cadeiras do aeroporto com as malas em meus pés, o aeroporto não estava tão vazio como era de se esperar. Algumas pessoas dormiam nos ombros umas das outras. Me aconcheguei na cadeira fechando um pouco meus olhos, mas não me permitindo dormir. -Louis? - ouvi Harry me chamar. - não vá dormir hein? - abri meus olhos e o vi gargalhar. -É cara, daqui a pouco sua namorada chega e de encontra nessa situação tão sexy. - Niall mostrou a língua e logo fez todos rirem. -É a vida, ninguém resiste ao meu corpo sexy, nem você. - Liam passou por nós se sentando ao lado de minha cadeira, sua cara de sono era pior que a minha. -To achando que fico por aqui mesmo. - dei um tapa em sua cabeça e o vi abrir seus olhos rapidamente. -Cara, acorda. Tua mãe ta lá ó? - Zayn apontou para a frente onde Karen, mãe de Liam olhava para todos os lados. -Tchau caras. Até. - e saiu correndo. -Bom acho que a gente já vai indo também. - Niall apontou para fora. - a van chegou. Tchau Louis, até mais. - e ele se foi, segurando suas malas em sua mão. -É, tchau. - Harry bateu em minhas costas e se foi também. -Byeee. - Zayn estava longe e só acenou. Os minutos se passaram, e os quinze também, decidi mandar uma sms. "Você se perdeu? Estou aqui á mais de 15 minutos, se esqueceu de mim não, né? xx Louis" Esperei por resposta, mas nada chegou, oque começou a me deixar preocupado. "Amor? Me responde! xx Louis" Mais alguns minutos e nada de resposta. Levantei-me da cadeira discando o número dela. Tu, tu, tu. Sua chamada está sendo encaminhada para a caixa de mensagens estará ... e desliguei, discando novamente, uma, duas, três vezes e sempre a voz irritante da mulher falando. Eu andava impaciente pelo aeroporto, mandando mensagens e ligando. Eu poderia está ficando louco, mas algo de errado havia acontecido, eu sentia isso. Parei no meio do aeroporto encarando o celular, decidi ligar de novo. -Alô? (S/n) finalmente me atendeu, já estava ficando preocupado, onde está? - eu batia meus pés freneticamente ao chão. -Moço, se acalme. Você é oque da (S/n)? - uma voz masculina falou, me deixando assustado. -Namorado. O que aconteceu? - encarei o imenso relógio no aeroporto, que marcavam meia noite e dez. -Vá para o hospital mais próximo do aeroporto. - e ai o telefone se desligou, eu estava imóvel, vi o barulho do meu telefone ao cair no chão e algumas pessoas me rodiarem. -Moço, oque aconteceu? Seu celular caiu no chão. - olhei para a senhora que segurava meu aparelho, o peguei rapidamente. -Desculpe, mas eu preciso de uma carona até o hospital mais próximo daqui. - minha respiração estava falha, minhas pernas não estavam mais por mim. -Eu te levo. - uma salvação, o moço andou disparado para fora o aeroporto e eu fiz o mesmo, adentramos o seu carro e então ele me levou até lá, o estacionamento ficava longe do hospital,o agradeci e sai correndo, no momento em que eu vi á ambulancia parada e algumas pessoas adentrando o hospital, minhas pernas se moveram mais rápido, e o desespero já tomou conta de mim por completo, as portas havia se fechado, eu passei por elas á abrindo com força e talvez, dando susto na maior parte das pessoas por ali. -Em que posso lhe ajudar? - uma senhora chegou ao meu lado. -Minha namorada está aqui, mandaram eu vir para cá. - vi uma moça mais jovem se aproximar de mim com trages de enfermeira. -Você é parente da (S/n) (S/s)? - olhou para sua prancheta. -Sim, oque houve com ela? - eu tremia. -Ao que tudo indica, ela estava indo em direção do aeroporto e um carro desgovernado bateu em seu carro e ele capotou. Algumas pessoas ligaram para cá, e ao que tudo indica, a pancada foi forte. Ela agora foi direto para a sala de cirurgia, peço que tenha paciencia. - ela passou as mãos pelos meus ombros e se retirou, me sentei em um dos bancos do hospital, á essas horas eu estava chorando, e não conseguia parar. -Hey. - virei minha cabeça para frente. - tudo vai ficar bem ok? Só precisa avisar a família dela o que aconteceu. - me entregou um copo da água, o tomei concordando. Peguei o celular e liguei para Zayn, não havia comentado, mais Zayn era seu primo, única pessoa da família que morava realmente em Londres. -Za-zayn? - passei as mãos pelos meus olhos. - por favor, venha para o hospital perto do aeroporto, aqui eu te explico. - e desliguei o celular. Eu sentia um desespero imenso, não sabia como reagir. As pessoas me encaravam com pena, mas eu não ligava, poderia acontecer qualquer coisa com o amor da minha vida. Eu não vi os minutos se passaram, só me dei conta que muitos quando vi Zayn chegar apressadamente no hospital e me ver naquele estado. -Oque aconteceu? - se agachou em minha frente. -A (s/n) sofreu um acidente. - e os olhos dele se encheram da água. [...]
Coloque essa música para tocar > Let me Go As horas se passaram e eu consegui sessar o choro, mas não por muito tempo quando a mesma enfermeira voltou dando a noticia que a cirurgia havia ocorrido bem mais que ela ainda não havia acordado. Encarei Zayn que já estava com o rosto cheio de lágrimas assim como o meu, pedi para ver se eu podia entrar no quarto e vê-la, a moça deixou, mas disse que talvez não adiantasse muito. Mas mesmo assim, me deu o número do quarto e eu fui, os corredor parecia não ter fim, eu não sou o cara que gosta muito de hospitais, eles me deixavam depressivos, muito, mas qual a diferença? Já me sentia acabado, cheguei a frente do quarto dela e abri a porta, vendo-a deitada cheia de fios. Ela estava palida e cheia de curativos, vê-la daquele jeito me deixou totalmente desesperado, ela era tão frágil e nesse momento parecia mais ainda. Seus cabelos estavam amarrados e bem perto de sua orelha indicava que tinham rapado para fazer alguns pontos, me aproximei dela me sentando ao seu lado. -Sabe, eu nunca imaginei você assim. - meus olhos se encheram de água novamente. - eu estava com tanta saudades sua, e a pior coisa que você fez foi sair tarde para me buscar no aeroporto. - passei meu dedo em seu rosto de leve. - Você não faz ideia de como eu te amo e me doi vê-la assim nessa cama. - escutei um pi da maquininha. - Eu sei que você pode está me ouvindo ou não, mais eu quero que saiba que não existem palavras que demonstram o amor que eu sinto por você, e você sabe disso, por comentei com você. Eu preciso que você fique bem, preciso que você não me deixe. Eu preciso ver seus olhos brilhando novamente, preciso que você escute eu dizer que te amo, preciso sentir seus abraços, eu preciso de você. Eu já não me imagino mais sem você, me entende? Eu sei que você vai sair dessa, eu acredito. Eu te amo (S/n)! - e as lágrimas saíram com mais força do que nunca, nunca chorei tanto assim na minha vida, era horrivel vê-la naquele estado. Mas eu sei, sei que á hora de ir embora do mundo não é agora, sei que faltam bastante tempo, sei que ela precisa ainda casar comigo e ter filhos, eu sei agora também que ela é o amor da minha vida. Depositei um beijo em seus lábios e sai do quarto, vendo Zayn a porta, ele me deu um abraço sussurrando que tudo ficaria bem, e eu sabia disso, eu sentia isso.
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Imagine com Liam Payne
Don’t let me go
(Esse oneshot é suuper antigo. tinha sido postado no antigo 1dpreferences-br. espero que gostem sz)
Deitei minha cabeça no travesseiro branco e suspirei ao sentir a falta do cheiro de Liam, o quarto estava escuro, ouvi barulhos no andar de baixo e soube que ele havia chegado, logo a porta do quarto foi aberta, meu coração apertou quando o perfume feminino invadiu o ambiente, Liam tirou suas roupas no escuro e as jogou em um canto, se deitou ao meu lado e se virou, de costas para mim. Isso vinha acontecendo há um bom tempo, ele ignorava a minha presença, fingia ser um bom marido em frente a nossas famílias, nossos amigos, mas quando chegávamos em casa eu não passava de um peso em sua vida.
Encarei o escuro sentindo meu coração pesar, eu sabia que não era a única na vida de Liam, sabia que não era para reuniões que ele ia todos os dias, que não eram com outros advogados que ele passava as noites. Mas eu fingia não saber de nada, fingia ter uma vida boa ao seu lado, Liam era o meu porto seguro, a minha casa, minha vida. Eu não teria para onde ir, era sempre para ele que eu corria.
Quando acordei Liam não estava mais lá, suas roupas ainda estavam jogadas no chão. Senti minhas lágrimas escorrerem ao ver as marcas de batom na gola da camisa, o perfume caro impregnado nas roupas dele fez meu estômago revirar, corri ao banheiro, mas não havia o que vomitar.
Me sentei no chão encostada na parede encarando a camisa azul claro com as marcas vermelhas na gola, ela estava dando a Liam o que a muito tempo ele não buscava em mim, prazer. O meu coração se despedaçava cada vez que eu imaginava como ela seria, loira? morena? talvez ruiva. Devia ter um corpo maravilhoso, andar por ai sempre se saltos altos quando eu mal conseguia suportar por duas horas.
Me levantei e fui até o chuveiro, liguei-o e me sentei no chão novamente, deixei minhas lágrimas se misturarem a água vinda de cima e abracei a camisa molhada. Eu estava de pijama, mas não ligava, meu coração doía demais para qualquer coisa.
Vesti uma roupa confortável e desci as escadas, fui até a cozinha e preparei um café, suspirei ao ver o bilhete colado na geladeira.
“Precisei viajar de manhã, volto em dois dias. Amo você.”
“Amo você”, por que aquilo parecia uma mentira? Por que ao ler aquelas palavras o meu coração doía mais? Prendi o bilhete novamente e me sentei a mesa com a xícara de café, levei-a aos lábios e tomei alguns goles.
Me sentei no sofá sentindo meu corpo desabar, eu não queria me sentir assim, eu o queria, queria sentir o amor de Liam novamente, mas aquilo me parecia impossível. O telefone tocou, suspirei e o atendi.
-Senhora Payne? - Uma voz feminina perguntou.
-Sim.
-Estou ligando da clínica do Doutor Rogers para avisar que os exames que a senhora fez semana passada ficaram prontos.-Há alguns dias eu não me sentia bem, parecia mais fraca e havia um vírus de virose no ar.
-Posso passar aí hoje a tarde?
-Hoje a tarde seria perfeito senhora, por volta das duas?
-Tá perfeito.-Desliguei o telefone e voltei a encarar a minha casa vazia.
Me levantei da poltrona da sala de espera e entrei no consultório onde acabaram de me chamar, forcei um sorriso para o médico e apertei sua mão.
-Como vai senhora Payne? Os enjoos continuam?-Apontou uma das cadeiras na frente da sua mesa, me sentei.
-Sim, cada vez mais frequentes.-O homem assentiu e pegou um envelope grande e branco em uma gaveta.
-Aqui estão os seus exames.-Sorriu e descolou o adesivo, depois de alguns segundos lendo o papel ele me olhou e sorriu.-A senhora está completamente saudável, não precisa se preocupar com nada.
-Como não?
-O que a senhora tem são sintomas dos primeiros meses de uma gestação.-Sorriu.-Meus parabéns.
-Eu estou grávida?-Perguntei sentindo meu coração bater mais forte.
-Sim.-O meu mundo parou, me despedi do médico e peguei os exames, dirigi até em casa sem saber o que fazer, Liam nunca quisera ter filhos, mesmo comigo suplicando por uma família.
Encarei o exame enquanto estava sentada na minha cama, larguei o papel, deixando-o cair no chão e toquei meu ventre. Algumas lágrimas escorreram, eu estava grávida, o meu marido não me amava, tinha outra e também não amaria o meu filho.
-Eu sinto tanto, meu amor.-Sussurrei me deitando e acariciando minha barriga como se ele estivesse ali comigo.-Eu vou cuidar de você, eu juro.-Solucei.-Nada de mal vai acontecer com você.
Me levantei da cama e fui até o guarda roupas, joguei todas as minhas coisas em algumas malas, arrumei as coisas de Liam nos espaço que havia liberado e desci, carregando as malas. Fui até a cozinha e escrevi uma carta de despedida.
“Liam.
Eu não queria que nada disso estivesse acontecendo. Não queria ter que amar você.nem dividi-lo com alguém, uma pessoa que agora possui o seu coração. Eu realmente cheguei a tê-lo? Se sim, me desculpe tê-lo deixado fugir.
Eu não posso mais lidar com isso Liam, não posso mais fingir que amar você não dói, porque dói, muito, não posso mais me contentar com as migalhas do seu amor.
Eu estou esperando um filho seu. Me desculpe, eu não o planejei, mas a memória da nossa última noite a quase dois meses está fresca em minha mente como todo o nosso amor, ou o meu amor.
Eu não sei para onde vou, não sei o que vou fazer, mas não posso mais ficar aqui, principalmente com você.
Eu te amo.
sua s\n”
Larguei o papel em cima da mesa junto do exame que havia recebido a algumas horas, carreguei minhas malas até o meu carro e dirigi para fora da garagem, fitei a casa mais uma vez e segui o caminho até a rodoviária, eu pegaria o próximo ônibus, não importava a onde ele fosse.
Liam’s pov.
Entrei em casa soltando o nó da minha gravata, larguei minha maleta em cima do sofá e tirei o paletó, podia sentir o cheiro de Chelsea em minha roupa. Estranhei o fato de s\n não ter corrido para me abraçar, havia passado dois dias fora de casa e ela sempre me recebia com um belo sorriso e um beijo. Caminhei pela sala, parecia que ninguém estivera ali a semanas, subi as escadas e fui até o nosso quarto, a cama estava arrumada, estava tudo arrumado, percebi que as duas fotos que haviam no criado-mudo, uma minha e uma de mim e de s\n juntos sumiram.
Abri o gurda roupas para pegar algo para tomar um banho e senti meu coração pular ao não ver as roupas dela, abri as outras portas, nada. Fui ao banheiro, suas maquiagens não estavam mais lá, desci as escadas e analisei a sala, o álbum de fotos do nosso casamento havia sumido. Fui até a cozinha e vi um papel em cima de um grande envelope branco, li o bilhete e senti meu coração apertar, ela sabia de Chelsea, sabia que eu a traía, e agora esperava um filho meu.
Me sentei em uma das cadeiras e senti uma lágrima escorrer pelo meu rosto, eu a havia perdido. Nunca pensei que um dia a perderia, que chegaria em casa sem os seus beijos, que deitaria na cama sem sentir o seu cheiro.
Caminhei pela casa sentindo meu coração doer, fui até o banheiro e entrei no chuveiro, um sorriso fraco apareceu em meus lábios ao perceber que o sutiã dela ainda estava pendurado no box, com uma das minhas cuecas ao lado, ela sempre esquecia de tirar.
Senti mais lágrimas escorrerem ao ver a minha camisa jogada no chão, a camisa que usava quando cheguei em casa a última vez que a vi, peguei-a e observei as marcas de batom que permaneciam na gola.
Sai do banheiro e me deitei na cama, no lado onde ela dormia, seu cheiro ainda estava no travesseiro, havia muito dela ali, havia muito dela em mim.
Eu procurei s\n pelos dias que se seguiram, até que o advogado dela apareceu em meu escritório, dizendo que minha mulher havia pedido o divórcio, perguntei onde ela estava, mas ele disse que não estava autorizado a me dizer. Assinei os papeis que ele me levou e voltei para casa me sentindo um merda, eu havia oficialmente perdido ela, e o meu filho.
s\n’s pov.
Um ano e dois meses depois.
Arrumei o véu em meus cabelos enquanto me olhava no espelho, eu me casaria mais uma vez, com Joey, um homem que conheci quando me mudei para Paris. Ele fora maravilhoso comigo, e agia como se fosse o pai de Megan, a bebê que dormia na cama de casal do quarto do hotel. Ela estava com sete meses, era muito parecida com Liam, tinha os cabelos escuros, os olhos quase negros, a boca, tudo era muito parecido com ele. Uma lembrança constante dele.
A porta do quarto abriu, julguei ser a mãe de Joey e mandei de entrasse, caminhei até a cama e acariciei os cabelos de Megan.
-Você está linda.-Meu corpo congelou quando ouvi aquela voz, me virei rapidamente. Liam estava parado na porta do quarto, suas mãos estavam nos bolsos e ele tinha um sorriso fraco nos lábios.
-Como você me achou?-Perguntei em um fio de voz.
-Sua irmã me contou que se casaria.-Deu alguns passos na minha direção, então seus olhos pousaram na pequena que dormia.-É a minha filha?-Meu coração acelerou ao vê-lo sentar na cama e acariciar a mão de Megan.-Ela é linda.-Sussurrou, eu nunca havia visto Liam chorar, mas era o que ele fazia agora.
-O que você faz aqui, Liam?-Perguntei tentando evitar que as minhas lágrimas caíssem.
-Eu vim atrás de vocês.-Disse se levantando.-Eu não poderia viver sabendo que te deixei ir tão facilmente, que não conhecia a minha filha.-Liam parou a minha frente.-Eu amo você, s\n.
-Você acha que é fácil assim? Pensou que iria chegar aqui, dizer meia duzia de coisas e eu iria me jogar nos seus braços como quando você me traía? -As lágrimas já escorriam por todo o meu rosto.
-Eu não…
-Eu não posso deixar Joey. Ele é o único pai que Megan tem e ele é tudo o que eu tenho.-Me afastei, mas Liam segurou as minhas mãos.
-Eu sou o pai dela, s\n. E você tem a mim. Eu posso amar vocês duas, posso ser o que você precisa.-Ele me olhava nos olhos.
-Não Liam, você não pode. Você não sabe amar.-Me soltei, mas Liam me puxou, colando sua boca a minha, mas lágrimas caíram, meu coração doía.
-Fica comigo.-Sussurrou colando as nossas testas.-Eu prometo que vou ser tudo o que você quer e precisa, fica comigo, por favor.
-Eu não posso, Liam.-Me soltei dele.-Sai do meu quarto por favor.-Ele tinha lágrimas por todo o rosto, Liam se aproximou da cama e beijou a testa de Megan.
-Me desculpa não ser o seu pai, meu amor.-Sussurrou, tentei segurar o meu soluço mas não consegui, Liam se aproximou de mim mais uma vez e selou meus lábios, então ele saiu.
Me sentei no chão e chorei alto, sentindo meu coração de despedaçar, eu ainda o amava, mais do que podia imaginar.
Entrei na igreja acompanhada do pai de Joey, sorri para os convidados enquanto a marcha nupcial tocava, meu coração foi a boca quando vi Liam em pé, na primeira fileira, Megan não estava no colo da minha irmã como deveria, estava no dele. Joey veio até mim e agarrou minhas mão, deu um beijo em minha testa e me ajudou a subir os pequenos degraus até o altar.
-Eu, Joseph Luther Martin, te aceito, s\n como minha esposa, para amar-te e respeitar-te, na alegria e na tristeza, na saúde e na doença, até o fim das nossas vidas.-Algumas lágrimas escorreram pelo meu rosto ao lembrar de Liam me dizendo aquelas mesmas palavras a alguns anos.
-Eu…Eu-Ouvi um gemido infantil, me virei e vi Liam largando Megan no banco e a pequena lhe pedia mais colo, ele me olhou uma última vez e saiu da igreja.
-Vamos lá, querida.-Joey sussurrou apertando minhas mãos levemente.
-Eu, s\n\c, te aceito…-Minhas palavras morreram.-Me desculpa, mas eu não posso fazer isso.-Soltei as mãos de Joey e desci as escadas, todos me encaravam surpresos, peguei minha filha no colo e sai da igreja.-Liam!-Gritei ao ver um táxi sair do estacionamento. Ele parou e Liam desceu dele, correndo até mim, me apertando em seus braços.- Última chance.-Sussurrei, fazendo-o sorrir.
-Eu te amo, muito.-Disse agarrando meu rosto e selando meus lábios. As pessoas começavam a sair da igreja me olhando horrorizadas.-Vem.-Liam disse agarrando minha mão e me levando até o táxi ainda parado, entrei e Liam sentou ao meu lado, pegando nossa filha.-Vai para bem longe, amigo.-Disse sorrindo. Liam me olhou e selou meus lábios.
-Fugiu do seu casamento, filha?-O homem velho perguntou me olhando pelo retrovisor.
- Longa história.-Dei de ombros. O homem riu e suspirou.
-Pela forma como esse garoto entrou no meu carro pensei que nunca mais sorriria, ele realmente te ama.-Sorri para o senhor e depois para Liam, que beijava a bochecha de Megan.-Vocês formam uma linda família.
Aquela seria a última chance que Liam e eu teríamos de ser felizes, e algo em meu coração dizia que daria certo.
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Avisos de conteúdo: Morte de membros da família, morte (premonição de morte), irrealidade, instabilidade mental, transtornos do sono, horror corporal, suicídio, doenças cardíacas, AVC, morte paterna.
MAG011 - Caso 0151403 - “Sonhador”
ARQUIVISTA
Depoimento de Antonio Blake, a respeito de seus sonhos recentes sobre Gertrude Robinson, Ex-arquivista Chefe do Instituto Magnus. Depoimento original dado em 14 de março de 2015. Gravação de Jonathan Sims, atual Arquivista Chefe do Instituto Magnus, Londres.
Início do depoimento.
ARQUIVISTA (DEPOIMENTO)
Primeiramente, devo admitir que menti para entrar aqui. Sei que seus critérios são muito claros: “Qualquer experiência ou encontro sobrenatural inexplicável que ocorra dentro dos reinos da realidade aparente. Sem experiências extracorpóreas, visões, alucinações ou sonhos”. E isso é sobre sonhos, não se engane, mas acho que você precisa ouvir de qualquer maneira. Se você acredita ou não, bem, isso depende de você. Só não sinto que poderia seguir meu caminho sem ao menos tentar me explicar.
Veja bem, eu tive um sonho com você.
Sei como isso soa e posso garantir que não nos conhecemos, mas o Instituto, o prédio e até esta sala... eu os vi no meu sonho tão claramente quanto os vejo diante de mim agora. Então não, eu não tenho nenhuma história sobre um horror trágico no escuro. Peço que você continue lendo, pois esse não era o tipo de sonho que você simplesmente ignora.
Provavelmente, eu deveria falar um pouco sobre mim ao invés de apenas tagarelar sobre sonhos e profecias. Eu moro em Londres há quase uma década. Eu vim aqui para fazer minha graduação na Escola de Economia de Londres. Acabei assumindo uma posição no Barclays logo após me formar e me saí bem o bastante. Mas não durou muito; eu mal consegui passar um ano inteiro antes que o estresse do meu novo emprego, para não mencionar alguns problemas na minha vida pessoal, me levasse a ter um colapso nervoso completo. Eu terminei com Graham, meu namorado de seis anos, e tive que sair de casa que dividíamos, ficando com alguns dos poucos amigos que sobreviveram ao meu ano de explosões causadas pelo estresse e planos constantemente cancelados.
Foi lá, dormindo no sofá da minha amiga Anahita, nas profundezas da minha miséria, que comecei a sonhar. Eu me encontrei de pé no topo do pico de Canary Wharf e olhando para o prédio do Barclays, onde havia passado tantas horas odiosas. Atrás de mim eu podia sentir a pulsação da luz que fica no topo daquela torre iminente; ela vibrava através de mim e eu podia ver o brilho passar através da minha pele como óleo, mas, por mais que tentasse, não conseguia me virar para olhá-la. Foi então que notei que havia algo errado com a cidade abaixo de mim. Estava escuro, iluminado pelo brilho laranja doentio dos postes e lá também havia algo pulsando de forma estranha. Olhando para baixo, pude ver uma teia de tentáculos escuros cruzando as ruas e subindo os prédios. Eles eram como veias, grossas e escuras, algumas tão largas quanto estradas e algumas tão finas quanto um fio de telefone, e todas pulsavam no ritmo da batida da luz atrás de mim. Eu precisava me aproximar.
O sonho lúcido nunca foi uma habilidade que possuí e eu geralmente era arrastado pela corrente de tudo o que corria pela minha consciência adormecida. Então, foi uma surpresa quando meu desejo mudo de me aproximar se manifestou e eu segui em frente. Ainda mais surpreendente foi que meu movimento me levou para a beira do telhado de Canary Wharf e eu caí. Eu despenquei, não sei até que ponto, até atingir o chão com um estalo. Eu esperei que isso me acordasse, mas, em vez disso, simplesmente fiquei ali, me contorcendo pela dor do sonho, o conhecimento sem a ardência cegante da dor. Depois de algum tempo, sabe-se lá quanto tempo no sonho, fiquei de pé novamente e comecei me mover através daquela paisagem infernal alaranjada cheia de veias que eu sabia ser a cidade.
Quando me movi - não vou dizer que andei, pois isso não seria muito correto -, vi pessoas. Não muitas, e não se mexendo, mas elas estavam lá. Elas riam como em fotografias, superexpostas e desbotadas, capturadas e imortalizadas em um único instante. Cada uma delas tinha aqueles tentáculos enrolados ao seu redor, pulsando contra sua quietude. Uma delas tinha uma fina veia preta que serpenteava ao redor de seus braços e parecia desaparecer onde o coração dela estava. Outra, um senhor mais velho, de terno azul escuro, deitado no chão com uma massa pulsante do tamanho de um tronco de árvore esmagando suas pernas. No rosto de toda e qualquer pessoa que vi, havia o mesmo ricto de surpresa, dor e confusão aterrorizada. Eu nunca tinha sonhado com algo assim antes, e sabia que havia algo ali além da minha própria consciência.
Eventualmente, meu perambular me levou de volta ao prédio do Barclays. Algo dentro de mim queria entrar, ver como era essa paisagem de sonho rítmica e carnuda. As luzes estavam acesas, mas como se fossem um laranja de vapor de sódio como as do lado de fora, e como todas as outras luzes, seu brilho pulsava para dentro e para fora naquele mundo instável, que parecia dominar todo o lugar. As mesas estavam dispostas como eu me lembrava, mas não havia pessoas que eu conseguisse ver. Subi as escadas, como se o pensamento de sequer entrar no elevador me enchesse de desespero. Havia 23 andares até o escritório onde eu trabalhava, mas se eu tivesse pernas nesse lugar, não eram elas que me carregavam naquela escada. Foi lá que encontrei minha própria mesa, limpa e vazia, como a deixara algumas semanas antes.
Eu então soube imediatamente que havia algo no pequeno escritório ao meu lado. Eu senti isso no ritmo do meu sonho, e me levei para ver. Era o escritório do meu antigo gerente de linha, John Uzel, e ele estava lá dentro. Uma das veias negras escuras tinha se esgueirado pela janela e parecia ter suspendido John a um metro do chão, se enrolando levemente em volta da sua garganta. Como todos os outros, ele estava parado, como uma imagem mantida no lugar, pendurada e enforcada por essa massa pulsante de alteridade.
Eu acordei naquele momento. Normalmente, um pesadelo me deixaria de olhos arregalados e grudado de suor, mas naquela manhã eu me senti revigorado. Ocorreu-me que, embora o sonho parecesse de todos os modos um pesadelo, eu nunca senti nenhum desconforto verdadeiro. Até a minha queda no início tinha sido curiosamente ausente de qualquer angústia verdadeira. Eu tentei tirar isso da minha cabeça enquanto procurava vagas de emprego, mas algo sobre o sonho persistia, como um cheiro desagradável que você só sente quando para de pensar nele. Eu não via John Uzel há vários meses - ele havia deixado a empresa algum tempo antes do meu colapso e eu não o conhecia tão bem, mas a imagem de seu rosto no meu sonho não me deixava, então resolvi descobrir por que ele voltou à minha mente de uma maneira tão estranha. Por alguma razão, nunca me ocorreu a ideia de que talvez não houvesse motivo para sua aparição ou de que ela fosse inteiramente acidental.
Me ofereceram a chance de voltar ao Barclays após minha partida bastante dramática, uma vez que minha saúde mental estava em um estado melhor, mas naquele momento eu não podia nem pegar a Docklands Light Railway, pois sofria um ataque de pânico sempre que o trem chegava em Poplar e a figura iminente do edifício Barclays e Canary Wharf aparecia. Eu havia recusado a oferta, mas ainda mantinha contato com alguns dos meus ex-colegas, então enviei um e-mail a alguns deles para ver se eles sabiam como entrar em contato com meu antigo gerente. Não demorou muito para descobrir a verdade - John Uzel aparentemente se enforcou após a perda de uma amarga batalha de custódia com sua ex-esposa.
Tenho certeza de que não preciso lhe dizer que isso me abalou profundamente. Mais uma vez, não havia dúvida de que poderia ter sido uma coincidência. Eu sabia, ainda sei, que o que vi no meu sonho espelhava deliberadamente o seu destino.
Não lembro dos sonhos que tive pelas próximas noites, mas lembro que tive esse mesmo sonho novamente no sábado seguinte. Era o mesmo em todos os detalhes, exceto que havia pessoas diferentes. Algumas permaneceram as mesmas, mas outras eram novas ou desapareceram, e aqueles que eu lembrava haviam desbotado, como papel de parede exposto muito tempo ao sol. Novamente, comecei no topo de Canary Wharf, com a luz pulsando atrás de mim, e uma vez que desci, encontrei-me capaz de atravessar a cidade à vontade, observando todas as figuras emaranhadas naquelas veias latejantes. Voltei para onde John estivera e bem, lá estava ele, embora tenha desbotado a ponto de eu não poder tê-lo identificado, se já não soubesse quem ele era. Entretanto, os tentáculos que envolviam sua garganta estavam tão escuros quanto antes.
Sabendo agora o que havia acontecido com John, pude ver as mortes de cada pobre alma que encontrei enquanto vagava pelo sonho. As trepadeiras escuras seguravam a cabeça da vítima de acidente vascular cerebral, os pulmões de um fumante canceroso e enterravam as vítimas de acidentes de carro sob a vastidão de sua massa. Eu não fui em direção ao hospital, pois muitas daquelas linhas grossas e emborrachadas levavam a ele, e eu não via um espaço sequer que não estivesse sufocado por elas.
Esses sonhos são parte regular do meu sono há cerca de oito anos. Mesmo quando a vida melhorou e eu encontrei um novo emprego e um lugar para morar - acredite ou não, agora trabalho vendendo cristais e cartas de tarô em uma loja de “magia” - eles continuavam surgindo algumas vezes por mês. Se existe uma vantagem em trabalhar onde trabalho, é que posso ler todos os livros sobre sonhos esotéricos já escritos, mas nenhum deles chega perto da experiência que tive. Tentei me acostumar com os sonhos por algum tempo, pensando que, desde que eles não me causassem desconforto, eles seriam inofensivos. Isso funcionou bem até que eu vi meu pai no sonho, andando pela Oxford Street, as veias pulsantes subindo por sua perna e para dentro do seu peito.
Tentei avisá-lo, é claro - fiz perguntas importantes sobre sua saúde e como ele estava se sentindo, se ele estava cansado recentemente. Até cheguei a marcar uma consulta médica, para seu aborrecimento. Porém, não adiantou de nada - dez dias depois ele infartou, e apesar da rápida resposta dos paramédicos e de quanto de seu histórico de saúde eu tinha imediatamente em mãos, não havia nada que eu pudesse fazer para salvá-lo. Ele morreu na véspera de Ano Novo e, no final de 2014, qualquer esperança que eu tive dos meus sonhos fazerem algum bem no mundo partiram com ele.
Demorou um mês e meio para a imagem de meu pai desaparecer do brilho laranja dos postes da Londres do meu sonho. E, pela minha estimativa, ele apareceu cerca de dez dias antes de sua morte. Digo isso porque sinto que você tem o direito de saber o tipo de escala de tempo com a qual estamos lidando aqui. Temo que eu não tive muita chance de fazer experimentos ou ver algo mais específico. Há tantas pessoas que morrem em Londres, e eu conheço tão poucas delas.
Mas eu te reconheço. Enquanto escrevo essas palavras, posso vê-lo na outra sala, olhos fixos em qualquer livro com o qual você está entretida; eu reconheço você dos meus sonhos. Eles disseram na recepção que você revisa todas os depoimentos escritos, portanto, só espero que você reserve um tempo para ler este em sua integridade.
Permita-me explicar um pouco mais detalhadamente. Foi anteontem que o sonho voltou. Começou como sempre, comigo no topo de Canary Wharf, mas quase imediatamente pude sentir que algo havia mudado. O brilho opaco e alaranjado que zumbia por baixo parecia abafado de alguma forma, e havia um conhecimento opressivo dentro de mim de que algo estava profundamente errado. Olhando para baixo, pude ver que as veias, cujo domínio da paisagem dos sonhos só tinha sido parcial antes, engrossaram e agora pareciam cobrir quase todo o espaço de todas as ruas.
Elas ainda pulsavam como antes, mas em vez de bombear sua carga escura e desconhecida de forma invisível, agora às vezes se via uma luz vermelha escura que viajava ao longo delas. Eu pensei ter visto essa luz vermelha iluminar rostos e sombras dentro daqueles tentáculos, mas ela se movia muito rápido para eu ter certeza de quaisquer detalhes além da direção. Isso não era algo que eu já tinha visto acontecer antes nesses sonhos, e eu estava ciente de que tinha duas opções: seguir a luz para onde quer que ela levasse ou dar as costas e retornar para mundo desperto. Decidi seguir o caminho daquele brilho escarlate, embora eu tenha descoberto que estava flutuando a alguma distância do chão, tão grossas eram as videiras abaixo. Eu as segui por algum tempo; quanto tempo exatamente eu não saberia dizer. Eu nunca pareci viajar mais rápido do que a velocidade de caminhada nesses sonhos. E, no entanto, as distâncias que percorria ao atravessar o crepúsculo laranja dessa outra-Londres pulsante pareciam levar muito mais tempo que o normal. É assim que os sonhos funcionam, suponho. Tudo o que tenho certeza é que percebi depois de algum tempo que a luz vermelha estava me levando em direção a Vauxhall e ao Tamisa. Havia menos pessoas visíveis aqui - as pessoas ricas morriam menos? Ou eles tinham maior controle sobre onde morreriam? Ou talvez eles simplesmente não pudessem ser vistos, lutando contra a morte por tanto tempo que, quando ela chegava, seus tentáculos gelados cobriram cada centímetro deles.
Atravessei o Tamisa e a ponte estava cheia de nós com as trepadeiras reluzentes. Um ou dois deles pareciam atravessar o próprio rio, e ocasionalmente um flash vermelho podia ser visto embaixo da água, mas a maioria deles estava na ponte em si. Finalmente, vi o destino do brilho tingido de sangue. Um pequeno prédio, sozinho do outro lado da ponte, perto do aterro. Eu não saberia lhe dizer como a rua se chamava, já que a Londres dos meus sonhos não têm placas com nomes de ruas. O prédio era velho, com pilares e possuía uma dignidade silenciosa. Era este edifício para o qual todas as veias corriam: toda porta, toda janela era sólida com elas. Quando as explosões de luz vermelha passavam, todo o edifício brilhava em cor de sangue. Pude ver uma placa de bronze ao lado da porta, não completamente coberta. Dizia: Instituto Magnus, Londres. Fundado em 1818.
Entrei, mas não sabia como. As veias bloqueavam quaisquer entradas possíveis e, no entanto, eu me vi passando por elas. Eu vi os corredores, esses corredores, sufocados com aquela carne sombreada, e passei por eles, seguindo a luz vermelha que agora pulsava tão forte que eu sabia que, se a visse enquanto acordado, teria me cegado. Isso me levou a uma sala, cuja etiqueta ainda estava visível, e dizia "Arquivo". Entrei para ver paredes cobertas de prateleiras e armários se estendendo até desaparecerem de vista. Essas prateleiras estavam cobertas por um piche preto pegajoso, que eu sabia naquele momento ser o sangue espesso e cheio de polpa que era bombeado por todas e cada uma dessas veias.
Havia uma mesa na frente da sala, e as veias estavam enroladas em torno dela, tão apertadas e grossas que eu sabia que era ali que elas terminavam. Aproximando-me, percebi que havia uma pessoa sentada naquela mesa e era para ela que toda essa luz escarlate estava fluindo. Não pude ver nada do corpo da figura sob a carne que a envolvia, mas, enquanto me movia, vi que o rosto estava descoberto. Era o seu rosto, e a expressão nele era muito mais assustadora do que qualquer outra que eu tinha visto em oito anos vagando nesta cidade crepuscular. E então eu acordei.
Estou ciente de que nem sei seu nome e não tenho responsabilidade de tentar impedir qualquer destino para o qual esteja caminhando. Baseado na minha experiência anterior, é provável que seja impossível impedi-lo, mas depois do que vi, não poderia viver comigo mesmo se não tentasse. Pesquisei o máximo possível sobre seu Instituto e marquei uma consulta para fornecer um depoimento sobre algum encontro sobrenatural espúrio. Mesmo assim, disseram-me que o arquivista só revisa as declarações escritas uma vez que foram tomadas, então aqui estou, despejando minha história lunática no papel, na esperança de que você possa eventualmente lê-la.
Se você ver isso a tempo e lê-la até aqui, para ser sincero, não sei mais o que dizer. Seja cuidadosa. Há algo vindo atrás de você e eu não sei o que é, mas é muito pior do que qualquer coisa que eu possa imaginar. No mínimo, você deve procurar nomear um sucessor.
Boa sorte.
ARQUIVISTA
Fim do depoimento.
Tenho certeza de que não preciso explicar o quão inquietante foi encontrar essa declaração nos arquivos recentes. Eu não… tenho certeza se devo trazer isso à tona para Elias ou não. Quando ele me contratou, ele foi vago a respeito do que aconteceu com minha antecessora, Gertrude Robinson. Perguntei se ela estaria disponível para me treinar para uma transferência, mas ele simplesmente disse que ela havia falecido para que eu não me preocupasse muito com isso. Na verdade, agora que penso a respeito, a frase exata dele era que ela “morreu no cumprimento do dever”, que eu supus que significava ter um derrame na mesa ou algo semelhante - ela era bastante idosa, acredito.
Quero dizer, eu não acredito no poder premonitório dos sonhos, obviamente, mas ainda assim, é uma coisa profundamente perturbadora de se encontrar. Eu pedi para Tim investigar, pois não confio inteiramente nos outros para não ter escrito esse depoimento e colocado nos arquivos como forma de pregar uma peça. Não me surpreende que ele não tenha encontrado nada. Antonio Blake é um nome falso e todos os detalhes de contato que ele forneceu foram igualmente fraudulentos. É quase certamente uma piada, uma forma de zombar o novo chefe, talvez? Melhor não me envolver com isso, eu acho.
Ainda assim, posso ter uma conversa com Rosie, para garantir que eu receba uma cópia de quaisquer novos depoimentos assim que eles forem tomados, e não apenas depois que os pesquisadores terminarem. Ela pareceu muito aberta à ideia de gravá-los, então espero que ela também esteja disposta a fazer isso. Se isso é genuíno, bem, eu não tenho ideia se Gertrude teve a chance de ler esse depoimento antes que ela falecesse, mas se alguém vier reclamar sobre sonhar com minha morte, eu vou querer muito ouvir.
Fim da gravação.
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Ciclos
Escrevo esse texto com ar de ‘venci mais uma guerra’.
Na verdade foi só mais um dia.... mas todos os dias tem sido difícil lidar com a frustração que algumas ocorrências que acometeram minha vida me causaram.
À exatos 20 dias atras eu tinha uma “vida normal”. Trabalho, alguém ao meu lado (pelo menos achava que tinha) que mantinha um relacionamento, uma certa estabilidade (bem turbulenta, mas ainda era estável), treinava cross, e era viciada em rede social.. Dia 13/03 perdi meu trabalho. Mas ainda tinha a academia, aquela pessoa, e opções de procurar outro trabalho.
Dia 16/03 as coisas começaram a ficar estranhas. Devido à crise que vivenciamos atualmente em razão do Covid-19 causado pelo Coronavírus a academia fechou, eventos cancelados (Minha colação de grau e baile de formatura), meu ponto de apoio durante as épocas em que estava desempregada era trabalhos extras em formaturas, então perdi minha festa, e as oportunidades de trabalho de uma vez. Me surgiram propostas para trabalhar de free lancer em mercado, e aceitei, pois não tinha outra saída.
Estava indo trabalhar, morrendo de medo e de insegurança, mas ia.
Minhas crises de ansiedade começaram piorar, eu me apeguei ainda mais na pessoa que tinha ao meu lado, pois ele era meu porto seguro. Eu só queria ficar perto dele, e na presença dele o máximo que pudesse pois só me sentia calma quando eu estava com ele.. Eu queria enfrentar tudo ao lado dele, eu ficava imaginando quando tudo isso passasse e nós tivéssemos vencido (ele também esta trabalhando todos os dias em mercado), poder olhar pra ele e pensar “superamos juntos”. Só que as coisas tomaram um rumo diferente. Eu sentia que tinha algo que nao estava caminhando para a direção que eu queria que fosse mas ainda assim preferia tampar os olhos pra realidade e continuar insistindo ainda que corresse o risco de sofrer uma decepção. Eu estava certa que iria dar tudo certo, conforme pensado. Mas em 26/03 eu recebi a noticia que me devastou por dentro. Eu estava perdendo o cara que eu mais precisava ter comigo naquele momento. Parecia que eu ia morrer de tanta dor que senti. Nao sabia oq estava pior, a doença e o vírus, a crise com relação à trabalho (fiquei sem emprego, e sem nem onde procurar pq simplesmente tudo parou), ou se era perdendo a pessoa que em 7 meses de convivência havia se tornado meu parceiro da vida. Eu só queria que aquilo fosse um pesadelo, eu pedia pra Deus me acordar, meu estomago doía, eu chorava e entrava em desespero, eu achava que o chao estava se abrindo sobre meus pés e simplesmente nao aceitava de jeito nenhum e queria mudar tudo a todo custo. Eu enxergava 10 milhões de saída (advogada né, mores! rs), mas nenhuma que fosse o suficiente pra convence-lo do contrario.. Aí eu apelei pro drama, apelei pra psicologia reversa, apelei pelo choro no telefone, apelei pra DR, e nada funcionou.! Parecia que a vida tinha acabado ali. Parece drama, mas foi a sensação que senti, que nao tinha sobrado mais nada! E eu, eu nao era nada sem aqueles pilares que havia perdido (emprego, amigos do lado e meu relacionamento). Não tinha dinheiro pra poder gastar a toa pra tentar tapar o buraco que tinha ficado no meu peito, nao tinha minha melhor amiga por perto em razão da quarentena, e estava perdendo o amor da minha vida, e sabia que por mais que eu nao aceitasse os fatos, ele tem o caminho dele pra seguir e eu preciso deixa-lo ir.
Nao tinha sobrado mais nada pq a Andréa que era forte, que era independente, que chorou e batalhou noites a fio pra poder se formar simplesmente estava em stand-by. Aquela Andréa que enfrentava os perrengues sozinha (com Deus), sem presença fiisica nem apoio de ninguem proximo, nao estava ali, e eu nao sabia onde ela estava. A Andréa de agora só sabia fugir pra onde havia ponto de apoio, infelizmente a Andréa de agora quando se viu sozinha só sabia gritar por socorro no meio do nada, implorando que alguém a pudesse salvar daquela tempestade. A Andréa de agora, quando viu que ninguém foi socorre-la quando gritou por socorro quis deixar a onda levá-la e desistir de tudo... A Andréa de agora quis desistir da vida, quase que desiste, mas Deus não permitiu.
Aí ela continuou, sem saber pra onde ir, como ir, o que fazer, o que pensar. Não conseguia comer, não conseguia dormir, não tinha 1 segundo sequer de paz, seu coração esta despedaçado, e por dentro ela sangra todos os dias em busca de se consertar e na esperança de que tudo isso vai passar, mas eu posso te dizer uma coisa ? Ela encontrou aquela Andréa que se virava sozinha! Obviamente que nada mais é como era antes, mas as duas estão entrando em acordo e a Andréa independente esta ensinando a Andréa de agora como se refazer.. Aí você me pergunta: “Porque que a Andréa de antes não volta e não fica de vez, se ela é mais forte que a versão de agora ?” Eu te digo o seguinte: “A Andréa de antes é radical e inexperiente. A Andréa de antes é um pouco inconsequente e imatura, ela é forte, mas possui algumas falhas que atrasam a execução, ela se perdeu porque quando a Andréa de agora nasceu, ela entendeu que a partir daquele dia tudo se faria novo. A Andréa de agora nasceu de uma quase tragedia, que quase levou sua vida. Ela veio com um coração limpo, uma alma marcada, mas um pouco mais pacifica e observadora. A Andréa de agora é uma mulher, formada, apaixonada, e que pensa em construir futuro e família. A Andréa de antes era determinada, forte, universitária, radical, impulsiva e descontrolada, as duas tem seus atributos e defeitos, mas uma completa a outra, e tudo que se faz novo não tem espaço pra comportar o que é antigo.” O que que eu quero dizer.? Aquela Andréa de antes era orgulhosa, perdeu diversas oportunidades por sustentar seu orgulho acima de tudo, essa Andréa que vigora hoje sofre muito mais. Ela chora e se tortura muito pelas coisas que acontece, mas ela luta com mais delicadeza e sutileza. A Andréa de antes queria sucesso e status, a Andréa de agora luta para se fazer cumprir seus propósitos, tem sido difícil viver, tem sido difícil trabalhar, mas digo que tenho vivido uma experiencia extraordinária com a questão do ACEITAR. Depois de 26 anos de idade, depois de tudo isso que vivi nos últimos 7 dias tenho aprendido a aceitar as devastações provocadas pela vida. Após 13 anos de luto e de angustias, estou aprendendo a aceitar a partida da minha mãe.. (Sim, eu não aceitava, confesso), após viver uma das minhas maiores frustrações, eu aceito que fiz inúmeras escolhas erradas, e que por diversas vezes eu nao aceitei o processo e por esta razão Deus precisou me quebrar e me refazer. Após 10 anos fazendo e impondo minhas vontades, e querendo controlar tudo o tempo todo, eu estou aprendendo à deixar Deus cuidar.... Sabe, eu tenho tido crises de ansiedade todos os dias, eu tenho acordado passando mal todos os dias desde a ultima quinta-feira. Eu tenho vivido meus piores pesadelos pois eu nao tinha mais o cara que eu era extremamente apaixonada ali do meu lado (foi uma ruptura brusca, de uma hora pra outra), eu nao tenho minha amiga pra me dar o ombro pra escorar, minha vida profissional esta sendo guiada pelas mãos de Deus, pois estava tudo aparentemente perdido e sem saída, as ruas estão vazias, pessoas estão indo embora, a humanidade chora pelo descontrole pela qual a situação chegou, nem eu nem o resto do mundo tem pra onde correr, e com tudo isso eu fui obrigada a aceitar! Pq se eu não aceitasse, a dor ia pesar ainda mais, a vida ia ficar insuportável de se viver, a humanidade não tem saida, senao aceitar ..!
Sabe, isso tudo que esta acontecendo, eu acredito que não tenha afetado apenas a mim, mas como muito mais gente, e eu acredito que tenha muitos que hoje nao sabem mais o que fazer, mas eu quero te dizer uma coisa. VAI PASSAR!
O Sol vai voltar a brilhar, o mundo vai voltar ao normal, a esperança vai renascer, e haverá outro dia. Haverá recomeço. Haverá bonanças. Haverá saída. Haverá alegria. Aguenta firme, aceite, confie, entregue seus medos e suas angustias nas mãos do Pai Celestial que jamais nos abandonou...!
Hoje eu aprendi a confiar e foi o primeiro dia que senti fome desde então. Hoje aprendi confiar e consegui dormir, hoje aprendi confiar e me senti renascer. Hoje aprendi confiar e vi que é possível RECOMEÇAR.
Faça o mesmo <3
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10 Maneiras de Ganhar Dinheiro e Ter Renda Extra
Você está sem ideias do que fazer para Ganhar Dinheiro e ter Renda Extra?
Então leia esse texto até o final para clarear sua mente!
1- VENDA SUAS ROUPAS USADAS
Vender roupas que você não usa mais é uma maneira rápida de ganhar dinheiro. Comece com lojas de remessa local para obter dinheiro mais rápido ou use sites como OLX e ENJOEI para encontrar compradores.
Se você seguir a rota on-line, tire fotos claras e bem iluminadas de suas peças e pesquise itens semelhantes para definir preços competitivos.
2- VENDA SEUS ELETRÔNICOS ANTIGOS
Tem um telefone antigo, iPad ou sistema de jogos por aí?
Venda-o em um site como OLX e MERCADO LIVRE.
Confira o programa de troca da Amazon, que paga aos participantes dos cartões-presente da Amazon - e ao eBay também. Saiba mais sobre a venda de telefones usados.
3- ALUGUE SUA VAGA DE ESTACIONAMENTO
As vagas de estacionamento podem ser uma mercadoria quente, principalmente em áreas movimentadas.
Se você tem uma entrada de automóveis ou local dedicado que não usa, alugue no Craigslist ou em outro serviço.
Apenas certifique-se de alugar o seu espaço, se você for um locatário ou pertencer a uma associação de proprietários.
4- MOTORISTA DE APLICATIVO
Participe do Uber ou Lyft (ou ambos) e ganhe dinheiro dirigindo passageiros. Só não se esqueça de levar em consideração os custos de gás e manutenção.
Você precisa de um registro de condução limpo e um carro novo em boas condições. Saiba mais sobre o que é preciso para dirigir para Uber e Lyft .
5- TRABALHE COMO DELIVERY
Aproveite a crescente tendência de entrega e inscreva-se em um serviço como Instacart, UberEats, Postmates ou Amazon Flex.
Você é pago por entrega, na maioria dos casos, e pode até receber dicas. Um carro nem sempre é necessário - os Postmates permitem que você use uma bicicleta, uma scooter ou seus dois pés para fazer entregas - mas uma verificação de antecedentes quase sempre faz parte do acordo.
Saiba mais sobre como começar a usar o Amazon Flex , UberEats e Instacart .
7- DOG WALKER E DOG HERO
Adora cães, mas não está pronto para comprar um dos seus? Obtenha sua solução cuidando dos problemas de outras pessoas - e seja pago por isso.
Se sua casa não aceita cães, considere se tornar um passeador de cães. Aplicativos como Wag! oferece passear com cães sob demanda, para que você possa passear quando sua agenda permitir.
Se você tiver espaço (e a permissão do seu senhorio, se você alugar), ofereça embarque noturno de cães.
Os babás de cães no Rover.com, o site obrigatório para babás de animais de estimação, geralmente custam de US $ 25 a US $ 35 por noite, segundo a empresa.
8- TRABALHE COMO FREELANCER
Sites como Upwork, Fiverr e Freelancer oferecem oportunidades para realizar uma variedade de trabalhos freelancers, como redação, programação, design, marketing, entrada de dados e ser um assistente virtual.
Fluente em um segundo idioma? Verifique sites como o Gengo ou a One Hour Translation, ou faça negócios através de um site próprio.
Não importa que tipo de freelancer você faça, acompanhe a taxa atual do tipo de trabalho que você oferece, para saber se está cobrando muito ou pouco. Aprenda a começar o Upwork.
Para ler mais sobre isso Clique Aqui.
9- ALUGUE SEU QUARTO NO AIRBNB
Tem um quarto de reposição - ou dois? A disponibilização em sites de aluguel de férias pode fornecer uma renda secundária lucrativa.
Por exemplo, os hosts do Airbnb ganham uma média de US $ 924 por mês, de acordo com dados do Earnest, um credor online. Se você é um locatário, verifique se tudo está bem com seu contrato de aluguel com antecedência. Aprenda a lucrar com aluguel de curto prazo .
10- ALUGUE SEU CARRO
Os moradores da cidade geralmente não usam seus carros por dias ou semanas a fio. Esse tempo ocioso pode se traduzir em dinheiro com serviços como Getaround e Turo, que permitem alugar seu carro a cada hora ou dia.
O potencial de ganhos varia de acordo com o carro e a localização, mas os veículos padrão costumam alugar de US $ 30 a US $ 50 por dia. Carros de luxo e veículos utilitários esportivos comandam ainda mais dinheiro.
Apenas certifique-se de conversar com seu provedor de seguros antes de se inscrever para garantir que você não colide com a política.
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AS FORMIGAS - conto de Lygia Fagundes Telles
Quando minha prima e eu descemos do táxi, já era quase noite. Ficamos imóveis diante do velho sobrado de janelas ovaladas, iguais a dois olhos tristes, um deles vazado por uma pedrada. Descansei a mala no chão e apertei o braço da prima.
– É sinistro.
Ela me impeliu na direção da porta. Tínhamos outra escolha? Nenhuma pensão nas redondezas oferecia um preço melhor a duas pobres estudantes com liberdade de usar o fogareiro no quarto, a dona nos avisara por telefone que podíamos fazer refeições ligeiras com a condição de não provocar incêndio. Subimos a escada velhíssima, cheirando a creolina.
– Pelo menos não vi sinal de barata – disse minha prima.
A dona era uma velha balofa, de peruca mais negra do que a asa da graúna. Vestia um desbotado pijama de seda japonesa e tinha as unhas aduncas recobertas por uma crosta de esmalte vermelho-escuro, descascado nas pontas encardidas. Acendeu um charutinho.
– É você que estuda medicina? – perguntou soprando a fumaça na minha direção.
– Estudo direito. Medicina é ela.
A mulher nos examinou com indiferença. Devia estar pensando em outra coisa quando soltou uma baforada tão densa que precisei desviar a cara. A saleta era escura, atulhada de móveis velhos, desparelhados. No sofá de palhinha furada no assento, duas almofadas que pareciam ter sido feitas com os restos de um antigo vestido, os bordados salpicados de vidrilho.
Vou mostrar o quarto, fica no sótão – disse ela em meio a um acesso de tosse. Fez um sinal para que a seguíssemos. – O inquilino antes de vocês também estudava medicina, tinha um caixotinho de ossos que esqueceu aqui, estava sempre mexendo neles.
Minha prima voltou-se:
– Um caixote de ossos?
A mulher não respondeu, concentrada no esforço de subir a estreita escada de caracol que ia dar no quarto. Acendeu a luz. O quarto não podia ser menor, com o teto em declive tão acentuado que nesse trecho teríamos que entrar de gatinhas. Duas camas, dois armários e uma cadeira de palhinha pintada de dourado. No ângulo onde o teto quase se encontrava com o assoalho, estava um caixotinho coberto com um pedaço de plástico. Minha prima largou a mala e, pondo-se de joelhos, puxou o caixotinho pela alça de corda. Levantou o plástico. Parecia fascinada.
– Mas que ossos tão miudinhos! São de criança?
– Ele disse que eram de adulto. De um anão.
– De um anão? é mesmo, a gente vê que já estão formados… Mas que maravilha, é raro a beça esqueleto de anão. E tão limpo, olha aí – admirou-se ela. Trouxe na ponta dos dedos um pequeno crânio de uma brancura de cal. – Tão perfeito, todos os dentinhos!
– Eu ia jogar tudo no lixo, mas se você se interessa pode ficar com ele. O banheiro é aqui ao lado, só vocês é que vão usar, tenho o meu lá embaixo. Banho quente extra. Telefone também. Café das sete às nove, deixo a mesa posta na cozinha com a garrafa térmica, fechem bem a garrafa recomendou coçando a cabeça. A peruca se deslocou ligeiramente. Soltou uma baforada final: – Não deixem a porta aberta senão meu gato foge.
Ficamos nos olhando e rindo enquanto ouvíamos o barulho dos seus chinelos de salto na escada. E a tosse encatarrada.
Esvaziei a mala, dependurei a blusa amarrotada num cabide que enfiei num vão da veneziana, prendi na parede, com durex, uma gravura de Grassman e sentei meu urso de pelúcia em cima do travesseiro. Fiquei vendo minha prima subir na cadeira, desatarraxar a lâmpada fraquíssima que pendia de um fio solitário no meio do teto e no lugar atarraxar uma lâmpada de duzentas velas que tirou da sacola. O quarto ficou mais alegre. Em compensação, agora a gente podia ver que a roupa de cama não era tão alva assim, alva era a pequena tíbia que ela tirou de dentro do caixotinho. Examinou- a. Tirou uma vértebra e olhou pelo buraco tão reduzido como o aro de um anel. Guardou-as com a delicadeza com que se amontoam ovos numa caixa.
– Um anão. Raríssimo, entende? E acho que não falta nenhum ossinho, vou trazer as ligaduras, quero ver se no fim da semana começo a montar ele.
Abrimos uma lata de sardinha que comemos com pão, minha prima tinha sempre alguma lata escondida, costumava estudar até de madrugada e depois fazia sua ceia. Quando acabou o pão, abriu um pacote de bolacha Maria.
– De onde vem esse cheiro? – perguntei farejando. Fui até o caixotinho, voltei, cheirei o assoalho. – Você não está sentindo um cheiro meio ardido?
– É de bolor. A casa inteira cheira assim – ela disse. E puxou o caixotinho para debaixo da cama.
No sonho, um anão louro de colete xadrez e cabelo repartido no meio entrou no quarto fumando charuto. Sentou-se na cama da minha prima, cruzou as perninhas e ali ficou muito sério, vendo-a dormir. Eu quis gritar, tem um anão no quarto! mas acordei antes. A luz estava acesa. Ajoelhada no chão, ainda vestida, minha prima olhava fixamente algum ponto do assoalho.
– Que é que você está fazendo aí? – perguntei.
– Essas formigas. Apareceram de repente, já enturmadas. Tão decididas, está vendo?
Levantei e dei com as formigas pequenas e ruivas que entravam em trilha espessa pela fresta debaixo da porta, atravessavam o quarto, subiam pela parede do caixotinho de ossos e desembocavam lá dentro, disciplinadas como um exército em marcha exemplar.
– São milhares, nunca vi tanta formiga assim. E não tem trilha de volta, só de ida – estranhei.
– Só de ida.
Contei-lhe meu pesadelo com o anão sentado em sua cama.
– Está debaixo dela – disse minha prima e puxou para fora o caixotinho. Levantou o plástico. – Preto de formiga. Me dá o vidro de álcool.
– Deve ter sobrado alguma coisa aí nesses ossos e elas descobriram, formiga descobre tudo. Se eu fosse você, levava isso lá pra fora.
– Mas os ossos estão completamente limpos, eu já disse. Não ficou nem um fiapo de cartilagem, limpíssimos. Queria saber o que essas bandidas vem fuçar aqui.
Respingou fartamente o álcool em todo o caixote. Em seguida, calçou os sapatos e como uma equilibrista andando no fio de arame, foi pisando firme, um pé diante do outro na trilha de formigas. Foi e voltou duas vezes. Apagou o cigarro. Puxou a cadeira. E ficou olhando dentro do caixotinho.
– Esquisito. Muito esquisito.
– O quê?
– Me lembro que botei o crânio em cima da pilha, me lembro que até calcei ele com as omoplatas para não rolar. E agora ele está aí no chão do caixote, com uma omoplata de cada lado. Por acaso você mexeu aqui?
– Deus me livre, tenho nojo de osso. Ainda mais de anão.
Ela cobriu o caixotinho com o plástico, empurrou-o com o pé e levou o fogareiro para a mesa, era a hora do seu chá. No chão, a trilha de formigas mortas era agora uma fita escura que encolheu. Uma formiguinha que escapou da matança passou perto do meu pé, já ia esmagá-la quando vi que levava as mãos a cabeça, como uma pessoa desesperada. Deixei-a sumir numa fresta do assoalho.
Voltei a sonhar aflitivamente mas dessa vez foi o antigo pesadelo em torno dos exames, o professor fazendo uma pergunta atrás da outra e eu muda diante do único ponto que não tinha estudado. Às seis horas o despertador disparou veementemente. Travei a campainha. Minha prima dormia com a cabeça coberta. No banheiro, olhei com atenção para as paredes, para o chão de cimento, a procura delas
. Não vi nenhuma. Voltei pisando na ponta dos pés e então entreabri as folhas da veneziana. O cheiro suspeito da noite tinha desaparecido. Olhei para o chão: desaparecera também a trilha do exército massacrado. Espiei debaixo da cama e não vi o menor movimento de formigas no caixotinho coberto.
Quando cheguei por volta das sete da noite, minha prima já estava no quarto. Achei-a tão abatida que carreguei no sal da omelete, tinha a pressão baixa. Comemos num silêncio voraz. Então me lembrei:
– E as formigas?
– Até agora, nenhuma.
– Você varreu as mortas?
Ela ficou me olhando.
– Não varri nada, estava exausta. Não foi você que varreu?
– Eu?! Quando acordei, não tinha nem sinal de formiga nesse chão, estava certa que antes de deitar você juntou tudo… Mas então quem?!
Ela apertou os olhos estrábicos, ficava estrábica quando se preocupava.
– Muito esquisito mesmo. Esquisitíssimo.
Fui buscar o tablete de chocolate e perto da porta senti de novo o cheiro, mas seria bolor? Não me parecia um cheiro assim inocente, quis chamar a atenção da minha prima para esse aspecto mas estava tão deprimida que achei melhor ficar quieta. Espargi água-de-colônia flor de maçã por todo o quarto (e se ele cheirasse como um pomar?) e fui deitar cedo. Tive o segundo tipo de sonho que competia nas repetições com o sonho da prova oral: nele, eu marcava encontro com dois namorados ao mesmo tempo. E no mesmo lugar. Chegava o primeiro e minha aflição era levá-lo embora dali antes que chegasse o segundo. O segundo, desta vez, era o anão. Quando só restou o oco de silêncio e sombra, a voz da minha prima me fisgou e me trouxe para a superfície. Abri os olhos com esforço. Ela estava sentada na beira da minha cama, de pijama e completamente estrábica.
– Elas voltaram.
– Quem?
– As formigas. Só atacam de noite, antes da madrugada. Estão todas aí de novo.
A trilha da véspera, intensa, fechada, seguia o antigo percurso da porta até o caixotinho de ossos por onde subia na mesma formação até desformigar lá dentro. Sem caminho de volta.
– E os ossos?
Ela se enrolou no cobertor, estava tremendo.
Aí é que está o mistério. Aconteceu uma coisa, não entendo mais nada! Acordei pra fazer pipi, devia ser umas três horas. Na volta senti que no quarto tinha algo mais, está me entendendo? Olhei pro chão e vi a fila dura de formiga, você lembra? não tinha nenhuma quando chegamos. Fui ver o caixotinho, todas trançando lá dentro, lógico, mas não foi isso o que quase me fez cair pra trás, tem uma coisa mais grave: é que os ossos estão mesmo mudando de posição, eu já desconfiava mas agora estou certa, pouco a pouco eles estão… estão se organizando.
– Como, organizando?
Ela ficou pensativa. Comecei a tremer de frio, peguei uma ponta do seu cobertor. Cobri meu urso com o lençol.
– Você lembra, o crânio entre as omoplatas, não deixei ele assim. Agora é a coluna vertebral que já está quase formada, uma vértebra atrás da outra, cada ossinho tomando seu lugar, alguém do ramo está montando o esqueleto, mais um pouco e… Venha ver!
– Credo, não quero ver nada. Estão colando o anão, é isso?
Ficamos olhando a trilha rapidíssima, tão apertada que nela não caberia sequer um grão de poeira. Pulei-a com o maior cuidado quando fui esquentar o chá. Uma formiguinha desgarrada (a mesma daquela noite?) sacudia a cabeça entre as mãos. Comecei a rir e tanto que se o chão não estivesse ocupado, rolaria por ali de tanto rir. Dormimos juntas na minha cama. Ela dormia ainda quando saí para a primeira aula. No chão, nem sombra de formiga, mortas e vivas, desapareciam com a luz do dia.
Voltei tarde essa noite, um colega tinha se casado e teve festa. Vim animada, com vontade de cantar, passei da conta. Só na escada é que me lembrei: o anão. Minha prima arrastara a mesa para a porta e estudava com o bule fumegando no fogareiro.
– Hoje não vou dormir, quero ficar de vigia – ela avisou.
O assoalho ainda estava limpo. Me abracei ao urso.
– Estou com medo.
Ela foi buscar uma pílula para atenuar minha ressaca, me fez engolir a pílula com um gole de chá e ajudou a me despir.
– Fico vigiando, pode dormir sossegada. Por enquanto não apareceu nenhuma, não está na hora delas, é daqui a pouco que começa. Examinei com a lupa debaixo da porta, sabe que não consigo descobrir de onde brotam?
Tombei na cama, acho que nem respondi. No topo da escada o anão me agarrou pelos pulsos e rodopiou comigo até o quarto, acorda, acorda! Demorei para reconhecer minha prima que me segurava pelos cotovelos. Estava lívida. E vesga.
– Voltaram – ela disse.
Apertei entre as mãos a cabeça dolorida.
– Estão aí?
Ela falava num tom miúdo como se uma formiguinha falasse com sua voz.
– Acabei dormindo em cima da mesa, estava exausta. Quando acordei, a trilha já estava em plena. Então fui ver o caixotinho, aconteceu o que eu esperava…
– Que foi? Fala depressa, o que foi?
Ela firmou o olhar oblíquo no caixotinho debaixo da cama.
– Estão mesmo montando ele. E rapidamente, entende? O esqueleto está inteiro, só falta o fêmur. E os ossinhos da mão esquerda, fazem isso num instante. Vamos embora daqui.
– Você está falando sério?
– Vamos embora, já arrumei as malas.
A mesa estava limpa e vazios os armários escancarados.
– Mas sair assim, de madrugada? Podemos sair assim?
– Imediatamente, melhor não esperar que a bruxa acorde. Vamos, levanta.
– E para onde a gente vai?
– Não interessa, depois a gente vê. Vamos, vista isto, temos que sair antes que o anão fique pronto.
Olhei de longe a trilha: nunca elas me pareceram tão rápidas. Calcei os sapatos, descolei a gravura da parede, enfiei o urso no bolso da japona e fomos arrastando as malas pelas escadas, mais intenso o cheiro que vinha do quarto, deixamos a porta aberta. Foi o gato que miou comprido ou foi um grito?
No céu, as últimas estrelas já empalideciam. Quando encarei a casa, só a janela vazada nos via, o outro olho era penumbra.
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Dicas sobre apocalipse zumbi
Eu sou fã de histórias sobre o apocalipse, especialmente zumbis e de vez em quando eu confiro fanfics sobre isso. As vezes é para ver como os personagens de um determinado fandom lidam com isso e outras vezes é para ver o que um autor de fanfics faz com uma história sobre o apocalipse zumbi. É sempre bom ler em outra perspectiva e surpreender as formas criativas.
Mas assim como há algumas histórias interessantes, há também algumas que estão faltando coisas. Não é culpa do autor, porque a maioria das questões parece ser a falta de pesquisa e bom senso. Ao apontar esses problemas, espero que melhorem a qualidade das fanfics sobre o apocalipse.
1. Em desastres naturais e eventos apocalípticos, muitas coisas deixarão de funcionar (ou, eventualmente, ocorrerão depois de alguns dias). Água corrente (isso inclui banheiros); qualquer coisa que dependa de eletricidade (isso inclui bombas de gasolina); qualquer coisa que dependa de linhas de gás natural (isso inclui fogões a gás/aquecimento central); basicamente, tudo o que se baseia em máquinas de operação é mantido e supervisionado por pessoas. Isso inclui a internet e os celulares.
As pessoas que trabalham nessas fábricas e empresas também têm famílias. Eles não continuarão fazendo seu trabalho quando algo grande como um apocalipse estiver acontecendo. Portanto, não há motivos para que seu personagem ainda possa usar seus telefones e outros dispositivos que funcionam com essas coisas.
2. Não presuma que você é o único que vai a uma grande super loja (como um shopping, Walmart, Costco, etc.) ou uma loja de armas. Parece que o plano de sobrevivência de todos inclui uma parada em uma grande loja para pegar suprimentos. É uma ideia inteligente estocar suprimentos, mas você não será o único com a mesma ideia. Será como Black Friday, onde todo mundo está tentando conseguir alguma coisa e brigar por isso. As pessoas são pisoteadas até a morte por causa de coisas materiais nas vendas, será pior quando se trata de um apocalipse.
Sua melhor aposta é olhar para lugares que as pessoas vão ignorar. Se um lugar já foi saqueado, não desista ainda, verifique tudo, especialmente embaixo e atrás de objetos. Com o caos, não será surpreendente ver as coisas serem derrubadas ou chutadas por baixo de outros objetos.
3. Aprenda como fazer fogo sem um isqueiro ou fósforos. Parece muito conveniente quando um personagem já tem um isqueiro ou combina com ele. Apenas o que exatamente eles estavam fazendo com isso em primeiro lugar? Além disso, fósforos e isqueiros se esgotam e os personagens terão que aprender como fazer fogo sem eles, especialmente se eles sobreviveram por muito tempo. Para sobreviver, você precisa de fogo para se aquecer, cozinhar, ferver água e assim por diante.
Não faria sentido para os sobreviventes não descobrirem isso. Existem muitos métodos criativos para iniciar uma faísca e assim começar as chamas, como por exemplo, uma lente de aumento, uma broca manual de fricção, um limpa-fornos, um sílex e um aço, entre muitas outras formas.
4. A água é preciosa, mas, mais importante, sempre a ferva. Você pode sobreviver 3 semanas sem comida, mas depois de 3 dias você precisará de água ou você perecerá. A coisa mais irritante que eu já vi na maioria das histórias é que os personagens imediatamente encontram um córrego e enchem sua garrafa de água e depois a bebem sem ferver. Você não pode confiar em nenhuma fonte de água, porque você não sabe se é a causa do apocalipse ou se foi contaminado.
Sempre ferver a água antes de beber ou usá-la porque mata as bactérias dentro dela. É melhor estar em segurança fervendo a água que você está usando. Portanto, certifique-se de levar duas garrafas separadas, uma marcada com água fervida e a outra não; como forma de evitar que a garrafa de água fervida seja contaminada.
5. Cabelo curto é o caminho a percorrer. Isso torna a sobrevivência mais fácil de lidar e evita mortes desnecessárias. Ter cabelo curto diminuirá a quantidade de tempo gasto na lavagem (e você não desperdiçará tanta água e sabão). Também torna mais fácil cuidar dele, menos emaranhados e menos propensos a cair em seu rosto para obstruir sua visão. Melhor ainda, você não precisa se preocupar com alguém agarrando seu cabelo, especialmente zumbis. Se você está tendo problemas com piolhos, experimente depilar, é exatamente o que os antigos egípcios fizeram quando tiveram problemas com piolhos.
6. Nunca ache que alguém está morto, a menos que você testemunhe a morte deles (ou veja o cadáver deles). Em muitas histórias de apocalipse zumbi, os personagens parecem ter a certeza de que um zumbi está morto se eles estão no chão e não se movem. Então, quando o personagem passa, ou passa sobre o zumbi, ele pega os personagens de repente e dá uma mordida neles (ou eles conseguem matá-lo antes que ele pudesse reagir). Esse acontecimento poderia ter sido completamente evitado se o personagem não achasse que o zumbi estava morto. Trate tudo como uma ameaça até que você tenha provado o contrário.
Quanto a achar que outro personagem do grupo (ou inimigo) está morto, isso realmente depende. Se todas as evidências apontam para que o personagem não sobreviva, então achar que eles estão mortos é compreensível (mesmo que eles ainda consigam sobreviver). No entanto, se não houver provas, lembre-se de que há sempre a possibilidade de que eles estejam vivos. Não descarte como impossível, às vezes coisas impossíveis acontecem.
7. Mantenha as mãos limpas e mantenha as unhas curtas. É importante manter as mãos limpas, especialmente as unhas, pois elas abrigam sujeira e germes que podem contribuir para a disseminação de algumas infecções, como vermes. Em um apocalipse, suas mãos estarão sempre sujas e a última coisa que você precisa é sangue de zumbi debaixo de suas unhas. Muitas pessoas não percebem com que frequência tocam o rosto, os olhos, a boca e assim por diante. É por isso que é tão importante mantê-los limpos.
Unhas mais compridas podem conter mais sujeira e bactérias do que unhas curtas, contribuindo potencialmente para a propagação da infecção. Se você tem o hábito de roer as unhas, solte-a rapidamente! Eu não tenho que explicar porque é uma má ideia. E não se esqueça de esterilizar equipamentos, como corta-unhas, para evitar contaminar suas unhas novamente.
Eu queria mencionar isso porque eu já vi algumas histórias com personagens comendo comida sem nenhuma menção deles lavando as mãos. Ou eles tocam suas bocas/mordem suas unhas em surpresa ou preocupação.
8. Pratique sexo seguro, melhor ainda, não faça sexo. Se você é viciado nesse tipo de coisa, então vá em frente e tenha sexo desprotegido - arrisque doenças sexualmente transmissíveis e gravidez. Então tente lidar com isso enquanto enfrenta zumbis, sobreviventes hostis e tentando sobreviver em um mundo cruel e sem lei. Será extremamente difícil que as pessoas encontrem um médico, um remédio ou possam trazer um bebê para um mundo assim. Além disso, uma mulher grávida estaria em séria desvantagem. Ela não poderá ultrapassar os zumbis, não terá a dieta nutritiva adequada que afetará o bebê em crescimento e poderá haver complicações. Ela terá que contar com outros sobreviventes para ajudá-la e muitos se preocupariam mais com sua própria sobrevivência do que com outra pessoa.
Tudo o que estou a dizer é que, se as personagens quiserem ter sexo, certifiquem-se de que estão a ser inteligentes e saibam que a consequência será alta.
9. Não lute contra zumbis com fogo. Se seus personagens iram lidar com zumbis que não pode ser parada por tiros, membros amputados e fome - por que eles acham que um coquetel molotov (ou lança-chamas) iria funcionar? A última coisa que eles precisam é de zumbis pegando fogo, correndo contra eles e ateando fogo contra eles enquanto tentam combater os zumbis. Tem tempo e lugar para incendiar zumbis; encontre um local isolado (sem se preocupar com o fato de o ambiente também pegar fogo) e você estará longe, a salvo deles, jamais alcançando você. Mas provavelmente será melhor não brincar com fogo, porque você vai se queimar em algum momento.
10. Tenha um plano de backup. É melhor pensar no futuro estabelecendo um plano de backup para o pior cenário possível. A vida em um apocalipse é imprevisível e cada dia é uma batalha pela sobrevivência - para encontrar comida, água e abrigo. Os personagens devem pensar em um plano de onde devem ir se forem separados. Eles também devem pensar em criar um código ou frase segura, no caso de serem capturados por pessoas más.
11. Revezem-se sendo a vigia noturna. Você é mais vulnerável à noite, porque é difícil ver qualquer coisa vindo até você (além disso, usar uma fonte de luz alertará tudo sobre a sua existência - então, esconda-a ou deixe tudo escuro). E você vai precisar dormir, então a última coisa que você quer é zumbis se esgueirando enquanto está dormindo. Até mesmo outros sobreviventes são uma ameaça, porque eles poderiam se infiltrar em seu acampamento e roubar suas coisas, até mesmo matar ou fazer coisas horríveis com você.
É muito mais seguro ter um vigia noturno, não importa se o grupo em que você está é pequeno ou grande. E se estiver sozinho, encontre um local seguro e oculto onde ninguém ou qualquer coisa possa encontrá-lo. Será ainda melhor se você puder montar algumas armadilhas que o alertem (e, se possível, usar armadilhas que possam alertá-lo sem alertar o intruso - como os fios do relâmpago, o que facilita a localização no escuro) quaisquer ameaças.
Isso é algo que noto que falta em muitas histórias. Os personagens, por alguma razão, tendem a esquecer o quanto são vulneráveis à noite, especialmente quando vão dormir. É ridículo que eles não tenham um vigia noturno ou tenham vigias quando encontram um lugar para descansar. Não importa se o local é perfeitamente seguro, ainda é uma boa ideia ter alguém à noite para vigiar.
12. Não confie tão facilmente. Só porque é um apocalipse, isso não significa que isso aproxima os humanos. Na verdade, será o oposto, trazendo o pior deles. Vai ser o caos sem ninguém impor a lei e sem medo das consequências. Portanto, não abaixe sua guarda em torno de outros sobreviventes apenas porque eles estão lidando com a mesma luta para se manter vivo como você.
Quando você pensa sobre isso, os humanos são muito mais perigosos porque são imprevisíveis em comparação aos zumbis. Você sabe o que está recebendo com zumbis, sabe o que eles querem e o que eles farão para conseguir, até mesmo como lidar com eles, mas com humanos... não tanto. É difícil dizer onde estão. Eles podem mentir, roubar e matar, para que haja menos bocas para alimentar. Uma das dicas mais importantes para um apocalipse zumbi é ter cuidado com quem você confia.
Cada personagem deve sempre ter cautela sobre outros sobreviventes. Se possível, é melhor evitá-los ou observar à distância para se certificar de que eles são do tipo decente.
13. Não se vista para impressionar. Um apocalipse não é hora de comprar roupas de grife de lojas que você nunca conseguiu comprar. Estamos falando sobre sua sobrevivência aqui e se você encontrar materiais mais importantes do que encontrar comida, água e abrigo - há algo terrivelmente errado com suas propriedades. Não se preocupe em parecer legal ou bonitona para um possível interesse amoroso. Você precisa se concentrar em sua capacidade de executar. Vai ser difícil fazer isso em saltos altos e minissaia. Você precisa de tênis, calças e camisas que o manterão aquecido e não restringirão seus movimentos. Permanecer vivo é a única coisa que importa, e seus personagens devem refletir isso.
Eles ficarão mal cheirosos com cabelos oleosos, roupas rasgadas e sujas (talvez até remendadas várias vezes). Seus personagens masculinos vão parecer ursos pardos, porque na realidade eles não vão ter um rosto limpo e barbeado para sempre. Assim como o cabelo, os pelos faciais também crescem.
14. Grupos menores são melhores que grupos maiores. Você vai querer encontrar um grupo de médio porte cheio de pessoas confiáveis que possam contribuir para o grupo à sua maneira. Muitas pessoas podem causar problemas na parte da alimentação, abrigo e dificultar a proteção, como manter o controle de todas elas. No entanto, quanto menos pessoas houver, isso poderá significar alvos fáceis para os sobreviventes hostis, mas também pode ser mais fácil permanecer indetectável e ter menos problemas de lutas pelo poder. Então, sua melhor aposta é tentar manter seu grupo no meio e, se o grupo for muito grande, será melhor dividir as pessoas em grupos menores, caso haja necessidade de se separar.
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Capítulo 1
Estavam voando há muitas horas, Rodrigo Barçante, Psicologo e conselheiro tutelar estava sentado ao lado da menina na classe econômica. Tinha a barriga proveniente mas não tirava dele a elegância. Era baixo e ruivo, não tinha perdido o cabelo como seu pai, e aos quarenta e três anos aquela tinha sido a primeira vez que havia saído do país, e ficou fora apenas dois dias. Não visitou nenhum lugar em especial, apenas a embaixada e estava voltando para o Brasil um pouco frustado mas com um sentimento de dever cumprido que nem o cansaço poderia lhe tirar.
A menina estava ao seu lado, cochilando, ou apenas de olhos fechados para evitá-lo. Era baixa para a idade e ainda não havia desenvolvido corpo, parecia ser dois ou três anos mais nova. Estava com medo e sozinha e irritada e ele conhecia todos aqueles sentimentos muito bem, depois dos vinte anos trabalhando com crianças em situação de risco, aquela menina era, de longe, o caso menos problemático no qual trabalhou. Mas isso não o impedia de sentir pena dela. Durante as primeiras horas de voo ele se viu tentando acalma-la, falando que ficaria tudo bem, em português e coreano, mas ela não respondia. Então ela olhou para a janela, fechou os olhos e ficou em silêncio.
Todo o processo havia sido rápido e ele foi acionado para simplesmente ir para a Coreia e pegar a menina. O voo chegou de madrugada e ele dormiu num hotel até o dia seguinte, quando seria a pior parte: tirar a menina da casa aonde viveu os últimos cinco anos e enfia-lá num avião. Ele dormiu como uma pedra mas não conseguiu comer bem no café da manhã, a comida era diferente então ele foi direto para a casa, acompanhado por um juiz e dois policiais que não falavam com ele.
A casa era pequena, no estilo coreano, cômodos separados e no centro uma área aberta com uma mesa baixa, dando para o portão: a família estava esperando: uma bela mulher totalmente asiática, com olhos belos e puxados, pele pálida e cabelos negros, estava bem vestida. O menino, também sem traços ocidentais, era alto e usava uniforme escolar típico: calça social, blusa branca e o paletó com a logo da escola no bolso. A menina destoava totalmente da família. Era baixa e também usava uniforme, mas ao invés das calças, ela usava saia de pregas que batiam no meio de suas coxas. A primeira coisa que ele percebeu foram os olhos. Olhos grandes e redondos, arregalados e um pouco assustados, e eram um de cada cor. O olho direito era de um azul perfeito como o céu de um dia de verão, brilhante e chamativo; o esquerdo era verde, não esverdeado com rajadas ou gateado, mas verde como grama nova recém cortada. Ele não sabia qual dos dois era mais bonito ou chamava mais a atenção. Era lindo e perturbador. E ela era linda, bochechas coradas e cabelos da cor de areia, aquele tom que pode ser chamado de loiro escuro ou castanho claro, muito longos e um nariz delicado empinado.
O juiz mostrou o documento e disse que veio pegar a menina para levar ao Brasil, para o avô. A mulher concordou e dobrou o documento muito devagar, a menina olhava para Rodrigo com reconhecimento e nojo. O menino se jogou no chão, esfregando as mãos implorando para que sua dongsaeng continuasse com ele. Lágrimas grossas escorriam pelo rosto do menino enquanto a mulher pegava uma mala grande e entregava á Rodrigo.
Antes de partir, a menina abaixou a cabeça como uma reverência respeitosa a mulher e acenou para o menino, viramos as costas e ela não disse uma palavra. Papéis foram assinados, documentos foram entregues ao conselheiro, a mala foi despachada e eles entra no avião. E a menina pequena demais para os catorze anos que tinha, ficou em perfeito silêncio durante muito tempo. E então, depois que Rodrigo perdeu as esperanças de ter qualquer comunicação com a menina, ele é interrompido com um grito agudo. Ela teve um pesadelo, dos piores. Seus olhos estavam inchados e vermelhos e ela suava apesar de estar frio no avião:
- Um lobo. - Ela disse, ofegante, num português perfeito. - um branco é um negro... lutavam, mas eles não podiam lutar.
- Está tudo bem, foi só um só um sonho. - Rodrigo disse para ela.
E ela voltou a se deitar e fechou os olhos, roncando levemente. Em silêncio viajaram, a menina recusando educadamente qualquer refeição oferecida pelos comissários de bordo e Rodrigo começando a se cansar dela. Quando chegaram ao Brasil ficou feliz em ver o homem que a havia reivindicado esperando no saguão. Como de costume ele entregou um cartão para que a menina o contactasse caso houvesse algum problema e ficou satisfeito ao dar as costas e não olhar para ela de novo.
*
Catarina Lagreca estava no táxi. Um homem idoso que se diz seu avô por parte de mãe, estava ao seu lado. Ela olhava pela janela reconhecendo alguns lugares, já faziam cinco anos que não pisava naquele país e agora estava assustada. Seu telefone tocou, era Si Gi, seu irmão adotivo na Coreia. Ela atendeu, dizendo, num coreano fluente, que estava bem e quando se instalasse falaria melhor com ele. Desligou o telefone e o homem idoso continuava em silêncio, o que a deixava a vontade.
O carro andou por mais de meia hora quando entrou em uma vizinhança residencial tranquila que ela reconhecia bem. Sabia que a casa em que viveu com seu pai até os 9 anos de idade ficava na terceira esquiva a esquerda, mas o carro parou antes. O homem pagou ao motorista e ajudou a menina a pegar sua única mala.
Entraram pelo portão de ferro na casa cercada por um quintal alimentado. Havia uma pequena varanda cercada por uma mureta baixa e uma porta de madeira polida que dava para uma sala grande, com sofá, poltrona e uma TV gigante a cozinha era simples e no canto da sala uma escada levava ao andar superior aonde haviam apenas dois quartos e um banheiro. Uma das portas estava decorada com adesivos que um dia foram coloridos mas agora estavam desbotados.
O homem abriu a porta sem dizer uma palavra e entrou no quarto. Estava limpo, apesar de bagunçado, as cortinas estavam fechadas e ele se apressou em abri-las. Catarina viu uma pequena cama de ferro com colcha rosa, uma escrivaninha combinando com a cama, aonde estavam alguns produtos de higiene provavelmente vencidos há muitos anos. Haviam porta retratos e ela reconheceu o jovem em uma das fotos: era seu pai. Ali ele não tinha barba nenhuma e nenhum fio branco nos cabelos e o sorriso era leve, ela nunca viu aquele sorriso em seu pai, nenhuma vez sequer.
Haviam duas meninas se abraçando em outros foto e ela sabia que uma delas era sua mãe então ela não olhou muito para aquela foto. Haviam roupas em cima da cadeira, amontoadas, como se uma menina as tivesse deixado ali antes de arrumar o quarto, mas pelo visto a menina nunca teve a chance de fazê-lo:
- Esse era o quarto da minha filha. - O homem idoso disse, de costas para Catarina. - deixei do jeito que estava antes de acontecer...
- De aehalbeoji. - Ela concordou em coreano.
- Você vai ficar aqui agora. - Ele continuou, ainda de costas. - Pode arrumar e limpar como preferir, e se quiser usar as roupas dela, fique à vontade. Esse é o seu quarto agora, e ela ia querer isso.
E ele saiu do quarto sem ver a menina curvando o corpo em reverência.
Sozinha no quarto que um dia havia sido de sua mãe, ela se sentou no chão, absorvendo toda a atmosfera do lugar. Ela olhava todos os detalhes. O guarda-roupa era grande de madeira e parecia antigo. Nele haviam adesivos no mesmo estado dos que estavam na porta. Ela quase podia ver uma jovem mulher vivendo naquele quarto, via a mulher magra entrando e jogando a bolsa no canto, tirando as roupas e colocando descuidadamente em cima da cadeira, se jogando, cansada, na cama, olhando as fotos de seu namorado e seus amigos. Não conseguia ver uma mulher grávida ali, só uma jovem descuidada que abandonou aquele lugar sem ter a chance de arrumar as roupas da cadeira.
*
A rua estava deserta e a lua cheia gigantesca jogava seu brilho prateado nas casas escuras. Catarina via as rachaduras no asfalto e as árvores paradas. Não tinha vento e um cheiro agridoce metálico pairava no ar, a menina não conseguia identificar o cheiro. Ela ouviu um rosnado baixo. Ao seu lado ela viu um lobo. Ela nunca tinha visto um de verdade mas ao olhar ela sabia que era um lobo. Bem maior que o maior cachorro que já achava visto. Seu pelo era inteiramente branco e parecia brilhar sob a luz da lua. Ele rosnava, mas não para ela, olhava para frente determinado. Catarina sentiu o ímpeto de acariciar seu pelo e quando percebeu já estava emaranhando as pontas dos dedos nos pelos quentes e macios do animal. Ele olhou para ela, e seu olhos eram quase humanos, de um azul límpido e puro. Então o lobo voltou a olhe para frente e rosnar baixo, um som que vinha do peito do animal. Catarina seguiu seu olhar e há uns 100 metros ela viu. Outro animal, outro lobo, parado, rosnando da mesma forma para ela, ou parar o lobo branco. Era tão grande quanto o primeiro, mas seus pelos eram negros, não apenas pretos, mas parecia ser feito de escuridão e sombras. Ele começou a caminhar devagar na sua direção, rosnando baixo, enquanto o lobo branco se colocou protetoramente na frente de Catarina, os dois apenas rosnavam um parar o outro é o lobo negro continuou caminhando até parar há poucos sentimentos do lobo branco. O lobo negro era igualmente lindo o pelo dele era tão escuro que parecia sugar toda a luz do mundo, enquanto o pelo do lobo branco era tão brilhante que parecia iluminar a rua.
- Minha. - Ela ouviu a palavra sair da boca do Lobo negro de forma possessiva.
- Ainda não. - O lobo branco respondeu.
E então os dois lados se atacaram. Catarina gritou e tentou separa-los. Eles cuidadosamente evitavam acertar a menina que imprudentemente se colocou entre dois animais ferozes e nenhum deles a tocou. Então ao longe ela vou outros lobos. Eram negros como o lobo negro ou marrons ou manchados... eram muitos. Rosnando e caminhando devagar. No outro extremo da rua ela podia ver poucos lobos brancos como o seu lobo branco, não eram nem dez deles, sornavam e corriam. E enquanto Catarina olhava, percebeu que eles estavam correndo em sua direção. Paralisada, ela viu o primeiro dos lobos brancos, com uma faixa de prata presa em sua cabeça, pular para atacá-la, mas o lobo negro se jogou em sua frente e os dois rolaram aos longe enquanto os lobos negros, marrons e manchados atacavam os outros lobos brancos com uma ferocidade insana. Catarina sabia que os lobos brancos queriam matá-la mas não sabia o motivo. Ela tentou se afastar da cena mas seus pés estavam fixos no chão e a cena da batalha se desenrolava ao seu redor. Ela ouvia uivos de fúria e dor e aquele som era, apesar de assustador, triste e deprimente. A parte da alma de Catarina que sabia o que era certo ou errado instintivamente, sabia que aquilo não devia acontecer. Que os lobos eram irmãos, mas ela não sabia explicar como ou porque. Ela viu lobos brancos e negros morrendo e quando morriam seus corpos mudavam para a verdadeira forma, homens e mulheres de todas as etnias e idades, todos nus, corpos sem vida destroçados no asfalto rachado. O lobo branco que havia visto primeiro estava ao seu lado, não lutava mais, e o lobo negro estava ao lado dele, observando a cena e vendo todos os lobos morrendo, um a um, até que a rua ficou coberta de sangue e corpos mortos, a menina e os dois lobos. E então a lua se tornou vermelha como o sangue que corria como uma nascente dos cosmos e manchava de vermelho as patas impecavelmente brancas do lobo. Catarina olhou parar cima e viu que a lua não havia mudado de cor, mas que havia uma coisa vermelha vindo. Era gigante, vermelha brilhante, parecia um verme, e sua boca era formada de fileiras e fileiras e de dentes. Os lobos branco e negro se colocaram na frente de Catarina, protetoramente, mas ela sabia que seria inútil, sabia que quando ele chegasse todos iriam morrer. Tudo iria morrer. E quando ele chegou ela percebeu que o monstro era maior do que cidades inteiras e a última coisa que ela viu foram os olhos azuis do lobo branco a escuridão nos olhos do lobo negro que olhavam para ela com um pedido de desculpas estampado; e os dentes do monstro se cravarem na terra levando todos.
E tudo se tornou escuridão.
Ela estava numa praia. A areia era branca e fina e o mar azul, o sol brilhava imenso e ela sentia os raios penetrando seu rosto. Ela conseguia sentir as lágrimas evaporando de suas bochechas. Olhou em volta e não haviam mais lobos nem sangue nem morte. Mas seus sapatos sociais, do uniforme da escola coreana, ainda estavam um pouco sujos de sangue.Havia uma mulher na água. Sua pele era morena como o jambo e seus cabelos cheios e cacheados eram muito compridos. Ela usava um vestido cor de areia feito e tricô ou crochê, Catarina não sabia bem a diferença, e em sua cabeça ela usava uma coroa de flores tropicais de todas a cores. Ela se aproximou de Catarina, era desumanamente alta, mais de três metros de altura, e seu corpo era completamente proporcional à sua altura. Ela olhou para baixo e seus olhos escuros se encontraram com os olhos coloridos da menina e a mulher sorriu e com aquele sorriso a menina sentiu alegria e deslumbramento. A mulher gigante se sentou na areia e falou:
- Éramos os três. - Ela disse. - Eu e minhas irmãs. Cada uma de nós tinha um papel a cumprir e tudo funcionava bem, mas minha irmã perdeu o controle, e a outra acabou enlouquecendo. Ordem e Destruição agora governam tudo o que existe, e eu, a Criação, não posso fazer nada... afinal, somos aquilo que nos define. Sou a Criação criativa e caótica do universo. Eu apenas crio, sem ordem e sem destruição. Eu criei filhos e filhas parar me ajudar há muitas eras, mas não foi o suficiente. E então você veio a mim, primeiro como um sonho... uma coisa que poderia unir a todos... mas eu não tinha em mim a força de organizar os eventos para te criar da forma que precisava. Mas você aconteceu. A destruição está vindo. Quando Anthelios chegar tudo será destruído e isso é um fato. Mas isso não nos impede de aproveitar o tempo que resta.
- Sim. - Catarina respondeu, apenas pro saber que aquela era a hora de inscritível a estranha mulher a falar.
- Estão te chamando. - A mulher disse. - Você precisa ir e se lembrar de tudo. Promete que se lembrará de tudo, criança?
- Sim senhora. - Catarina respondeu.
Das mãos da mulher estranha brotaram pêonias prateadas. Maiores do que as flores normais e de uma cor mágica, como prata mais claras, mais brilhantes.
- E você, menina, será chamada Mãe de Lobos e Protetora dos Homens.
A mulher entregou as flores parar Catarina, sorrindo.
- Não chore, menina. - Ela disse e foi só nesse momento que ela percebeu que ainda chorava ou começou a chorar de novo. - Estão te chamando. NÃO SE ESQUEÇA DE MIM.
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