#cunhadinho5
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verenaotequerer · 6 years ago
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❛ ─ 𝕣𝕖𝕓𝕖𝕝 𝕒𝕥𝕥𝕒𝕔𝕜 : 𝕡𝕠𝕨𝕖𝕣 𝕒𝕟𝕕 𝕔𝕠𝕟𝕥𝕣𝕠𝕝 ❜
TW: linguagem chula, sangue, gore, morte.
avec: @khyabusada, @gustosc, @bcstardprince et @lorcanturlach
Se não tivesse dado um passo para trás, Khya teria batido com a porta na sua cara após empurrá-la em direção ao corredor deserto. Verena estava muito tentada a espernear, espalmando as mãos na peça maciça de mogno, mas sabia que Step poderia escutá-la daquela distância, e era muito melhor remediar do que prevenir². “Eu não acredito que você fez isso... Vai ter volta! Você vai ver só, Kiki.” Murmurou, cruzando os braços em claro sinal de pirraça, certa de que o biquinho nos lábios já se fazia presente. Há muito, ela e Khya não se davam exatamente bem --- a bem da verdade, não esperava que o esconderijo fosse durar por muito tempo. Não bastasse a Lowbrace estar próxima a ele cerca de 24/7, ela também tinha que ter pego suas sobras ao começar a namorar logo com Shilloh --- não que houvesse algum senso de pertencimento; Verena simplesmente buscava motivos para detestá-la, o que não era muito difícil. “Stronza¹...” Mamãe teria ficado indignada de escutá-la falando palavras de tão baixo calão, mas não era como se estivesse ali, e Verena sabia que, caso soubesse, há muito já teria se esquecido disso, tendo em vista a cena que protagonizara com sua irmã, alguns dias atrás.
Já era de se esperar que Step viesse para puxar sua orelha, já que mamãe não podia... Suspirou, virando a cabeça de um lado para o outro para buscar algum novo esconderijo. Não podia voltar ao próprio quarto: óbvio demais para alguém que estava evitando outro alguém. Não, não, ela teria que ser criativa! A quem mais poderia recorrer em uma situação como aquela? Risque Joan e Fefe, é simplesmente too obvious. E nada de voltar para o quarto de... Já tinha achado seu novo esconderijo.
A medida em que se viu ignorando os estampidos do outro lado do corredor, a italiana podia sentir a espinha enregelar enquanto passava a andar na direção oposta, iluminada por luzes de emergência que não fariam nada bem à sua pele, se tivesse que tirar alguma foto naquele momento. Talvez o irmão não estivesse vindo dali, è vero³? O único barulho que Brunelleschi conseguia distinguir era o dos saltos da ankle boot no piso de madeira corrida, e aquilo passara a enervá-la. Onde estavam todos? Não era possível que Stephano tenha assustado a todos os seus amigos, funcionários e... Step simplesmente não era tão amedrontador assim, apesar da loira fazer questão de fugir de seus ataques. Verena só não queria ter seus ouvidos alugados por mais meia hora, e era exatamente por isso que fugia do irmão, alheia ao que se desenrolava no restante dos quartos --- dos gritos e de sangue nobre escorrendo sobre as paredes e piso.
Sabia que deveria passar a andar pelos cantos, atenta a qualquer tipo de barulho estranho, mas simplesmente não era típico de seu modus operandi. “Right, like I would hide myself away like that4.” Revirou os olhos ao soltar uma risada curta, falando consigo mesma à medida em que o frio se instalava. Sem calefação, o Chalé Zermatt era pouco menos do que um cubo de gelo, e Nena já conseguia ver sua respiração a cada exalar, incapaz de não bater os dentes em protesto contra o frio. “Claro, nós tínhamos que vir pra Aspen... Por que não podíamos ir para o Caribe? Meus biquínis ficam muito restritos à Piscina Aquecida, e essa maldita nevasca...” Viu-se reclamando baixo com um franzir de nariz, abraçando o próprio corpo enquanto tentava fazer com que o sobretudo cobrisse todos os pontos mais sensíveis --- não que adiantasse de muita coisa. Detestava tudo ligado ao frio; o sangue italiano simplesmente não combinava com temperaturas abaixo de zero, e ainda que soasse como uma pirralha mimada 90% do tempo, ela realmente podia sentir seu cabelo congelar a medida em que se afastava do quarto de Khya, rumo ao dele. Bene, pelo menos ali ela teria algum calor corporal sendo trocado, apesar de ter certeza do arrependimento após o ato.
A bem da verdade, não era como se pensasse: simplesmente fazia, e depois lidava com as consequências à sua maneira --- qual seja: cobrando favores, batendo as pestanas e acariciando o ego de seus algozes. Ela sabia que isso talvez não funcionasse com os erros que andava cometendo, mas não havia outro tipo de solução. Ele realmente era uma das últimas pessoas a quem recorreria em termos normais, e o irmão sabia disso. “Fratellino5”, levou o indicador aos lábios, cerrando os olhos com suavidade ao se lembrar do beijo, e apenas aquilo já tinha sido suficiente para sentir o corpo mais quente.  
Mais alguns passos na direção do corredor leste, e estava próxima o suficiente do seu quarto para abrir um sorriso calculado. Ainda andava agarrada ao próprio corpo, mas só de pensar na lareira que ele certamente teria acendido... Ela ronronou em resposta ao pensamento, virando o corredor e provocando barulho grande demais para ser ignorado.
Poucos metros à frente, o grupo de rebeldes terminava de liberar o quarto do último dos Condes. Já haviam se livrado da maior parte dos príncipes herdeiros das mais diversas maneiras --- os que encontraram e que não estavam escondidos como os ratos assustados que realmente eram ---, de modo que grande parte das roupas camufladas em branco exibiam manchas azuis grotescas, que fariam com que qualquer um ficasse nauseado, mas esta não era a pior parte do trabalho. A bem da verdade, o cheiro metálico que parecia se entranhar por entre o uniforme era o verdadeiro motivo para que andassem franzindo o nariz de desgosto. Eram criativos o suficiente para não gastar balas necessárias com aqueles que se encontravam em situações propícias, e sádicos o suficiente para ignorar as súplicas e as ameaças vazias que os príncipes faziam questão em destilar.
Não havia resquício de remorso pelos atos, entretanto. Estavam meramente devolvendo a moeda aos inescrupulosos que os baniram para as camadas mais desprivilegiadas da sociedade. Mereciam a morte, e era este o destino da maior parte dos Azuis capturados. Alguns --- os que ofereciam menos risco e mais benefícios --- eram levados à força para o Posto Avançado que haviam montado nos últimos meses, apenas esperando pela visita anual deles. Estavam prontos, e fariam com que as bases da Economia e Política Mundiais tremessem ante o ataque. Guardas eram eliminados, independentemente da cor sanguínea. Fossem Azuis ou Vermelhos, traíam a causa reiteradamente, e não havia piedade aos traidores.
Continuaria caminhando em direção ao quarto, não fosse o puxão para o canto, longe dos olhares dos Vermelhos, ao qual a italiana respondeu com um gritinho afetado. Por alguns segundos, Verena meramente piscou os olhos, entreabrindo os lábios em claro sinal de surpresa. “Alteza, você não deveria estar aqui.” Santino esbravejou entredentes, tentando fazer o mínimo de barulho enquanto puxava a italiana para baixo. A loira arregalou os olhos, sentindo as bochechas adquirirem tom azulado ao negar, pronta para dizer que ela não ia para o quarto de August --- que tipo de louca você pensa que eu sou? “É claro que eu não estou indo para o quarto do meu fratellino5. Isso seria errado.” Franziu o nariz, sentindo as panturrilhas reclamarem ante a posição desconfortável enquanto o tom variava, indo de baixo para alto em questão de algumas palavras. “Mas veja, eu tenho que conversar com Gus sobre algumas coisas e...” Começou a se justificar, quase pintando uma declaração de culpa na própria testa, mas foi interrompida com um revirar de olhos pelo guarda no segundo seguinte.
“Porca miseria!6 Você sinceramente não sabe o que está acontecendo?” Verena deu de ombros, contraindo os lábios em uma linha para baixo. “Escute, voc---“ Em sua defesa, a princesa realmente ia escutar Santino --- ele era um dos guardas que a viram crescer, e um de seus infinitos crushes, quando mais novo ---, mas os dois foram surpreendidos por mãos que a puxaram do esconderijo rudemente. “OUCH!” Gritou ante o puxão, cerrando os olhos ao sentir a dor se instalar nos braços, que haviam sido imobilizados para trás.
“Olhe só o que temos aqui!” Escutou a voz masculina sussurrar ao pé do ouvido enquanto o outro braço a segurava estática pela barriga. “Eu não sei o que está acontecendo aqui... Mas não é assim que se trata uma dama! Get off of me! As if!” Gritou, esperneando ante o aperto, mas parou ante o a procissão de barulho um tanto quanto molhado, bem como um grito de choque. Não se sentiu corajosa o suficiente para abrir ambos os olhos de uma só vez, mas ao abrir um deles, Verena sentiu as pernas bambearem, suando frio o suficiente para ter certeza de que aquilo se tratava de uma crise de nervoso. O líquido quente que empapava a sola da bota e parte da calça de veludo branco pertencia à Santino, e a loira foi incapaz de ignorar o grito entalado na garganta, abrindo os lábios e gastando todo o ar de seus pulmões ao sentir as lágrimas escorrerem. “Tino!!” Choramingou ao soluçar, esperneando a medida em que as forças ficavam cada vez mais fracas, ainda sendo segurada duramente pelo desconhecido. O tapa do companheiro no rosto de quem lhe estava segurando veio forte demais, e Nena precisou de alguns segundos até que voltasse a escutá-lo. De alguma forma, ela sabia que haveria uma mancha roxa ali no dia seguinte. Podia praticamente ver a pele delicada pulsar, rasgando-se em algumas partes, ante a violência.
“Teve uma morte mais rápida do que merecia.” O Vermelho sussurrou em seu ouvido, referindo-se à garganta degolada do guarda que vira Nena crescer e mesmo a auxiliara algumas vezes, obrigando-a a abrir os olhos e encarar a imagem que, sabia, tomaria seus sonhos e os tornaria em um pesadelo. Santino não era velho --- tinha cerca de trinta e cinco anos, e vê-lo ali era desolador para Verena. Tentou cerrar os olhos, sentindo as lágrimas escorrerem por entre as bochechas e deixarem um rastro enregelado por elas, mas não era do desejo de quem a tinha pego. “Agora cale essa boca, Princesa. Não me faça matar meu prêmio de consolação.” Sentiu o cheiro cada vez mais forte assim que a mão enluvada dele tomou seus lábios enquanto o restante do grupo despia o falecido de suas armas e botinas. Empapadas de suor, dias sem banho e misturada ao sangue --- tanto nobre quanto vermelho ---, a mistura dos aromas era algo semelhante ao podre para o olfato delicado da Brunelleschi, e ela não conseguiu impedir os soluços de desespero passarem a se tornar em uma tremedeira generalizada. Onde estava Briana? Ela estava correndo perigo! Nena quis gritar, mas mesmo ela sabia que era inútil, de maneira que, silenciosamente, rezou para que a irmã estivesse bem. E Step...
As pernas não mais a sustentavam, mas o aperto indesejável do desconhecido, e Verena sentiu a consciência lhe falhar a medida em que o Vermelho rasgara o sobretudo e passara a faca pelo braço desnudo, fazendo com que uma linha fina azulada despontasse. “É ela mesma, Otto. Como se precisássemos de uma confirmação... Ela se exibe mais que a Rainha de Sabá --- qualquer um a reconheceria. O resgate vai ser nossa porta de entrada para o desespero deles.” Escutou ao fundo, mas as palavras não faziam sentido na mente da italiana. Quem era a Rainha de Sabá? Se ela se exibia tanto assim, por que Nena nunca tinha ouvido falar nela? Revirou os olhos, meio grogue, sentindo a boca seca na mesma medida em que o suor frio empapou a testa, ainda que não estivesse em condições de suar naquele inferno gelado. “Isso vai fortalecer muito a Resistência da Itália. Não faça besteiras. Tê-la como moeda de troca é uma das razões para a levarmos viva.”
Com a visão turva e os membros cada vez mais moles, ela sentiu o corpo ser jogado de um lado para o outro, e a ânsia de vômito a tomou por alguns segundos enquanto era carregada como um saco de batatas pelos agressores. “Chame o Grupo Delta. Nós vamos levar essa aqui para o Posto. E ela vai ficar muito quieta, não é mesmo, meu amor?” De olhos semicerrados, Verena não entendia muito do que falavam, abraçando cada vez mais a inconsciência, mas soltou um som baixo com a garganta, a bile invadindo a garganta tamanho o nojo pelo apelido dado. Ela só precisava fechar os olhos por alguns segundos... Embalada pelas passadas rápidas, Nena chegou a acordar algumas vezes durante o período de tempo em que Otto a carregou sem a mínima delicadeza.
Se dentro do Chalé, Verena estava se sentindo um picolé antes, ao ser recebida pela neve do lado de fora, todo o corpo se retesou, e a loira voltou à consciência a tempo suficiente apenas de escutar um grito distante. Ao reconhecer a voz, entretanto, a loira usou toda a força de vontade que ainda não tinha sido anulada pelo frio, medo e nervoso para gritar um: “LORCAN! DAARIO! AQUI!” baixo, entretanto, para que ele pudesse efetivamente escutá-la mediante o barulho do vento cortante e da neve, que parecia abafar qualquer resquício de sanidade que Verena ainda tinha no corpo. De olhos semicerrados, e escutando os xingamentos dos agressores, foi obrigada a ficar de pé, sob o jugo de Otto.
Ela sentiu a lâmina em seu pescoço antes que pudesse processar o que havia acontecido. Os olhos não conseguiam ver nada muito nitidamente, mas ela sabia que haviam duas pessoas na frente de Otto e de seu grupo. O braço do Vermelho apertou o pescoço, e Verena tentou segurá-lo o mais longe possível dele, ainda que a força lhe faltasse no momento. “FUCK! Nós já não matamos vocês? Se vocês derem mais um passo, ela vai ter mais buracos do que uma peneira.” Ameaçou, afundando a faca no pescoço dela; sentiu a linha de sangue empapar a gola do sobretudo mas, por Dio, que bom que ela não conseguia ver nada a não ser os dois --- mesmo assim, tinha que forçar muito a vista. “E vocês vão morrer também. Dessa vez, de verdade” Continuou, e, à distância, ela simplesmente sabia que Otto não estava brincando. Eles não podiam mata-los! Não, não. Ela não aguentaria ver algo semelhante ao que acontecera com Tino. Não era assim que seu Conto de Fadas terminava. A cascata de lágrimas congeladas se sucedeu, e Verena negou, mordendo os lábios com genuíno terror ante a possibilidade.
“Não toca nele!” Viu-se implorando, os olhos cerrados antes que se arrependesse das próprias palavras, levando os lábios ao braço de Otto e o mordendo com alguma força. Não aguentaria vê-lo machucado --- mais do que já estava, após breve avaliação. Otto grunhiu, mas não fez nada além de imobilizá-la rusticamente. “Hora de pôr uma mordaça na boca dessa cadela.” A coronhada foi suficiente para desestabilizar alguém que já estava mais para lá do que para cá, e Verena voltou a ser abraçada pela inconsciência. Não sabia de fato o que acontecera após o desmaio --- mesmo na inconsciência, sentiu o corpo ser jogado em uma pilha de neve, tremendo ao bel prazer do vento cortante, e, à distância, os grunhidos e barulhos de algo semelhante a uma luta.
Acordar, entretanto, foi penoso, e nada do que esperava.
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