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América Verde - Palmeiras vence o Flamengo na prorrogação e se torna o primeiro clube a ganhar a Libertadores duas vezes em um só ano: a consagração definitiva de Abel Ferreira, o técnico estrategista na acepção da palavra, e de Deyverson, o herói improvável
Glória Eterna: O Palmeiras entra no seleto grupo dos clubes brasileiros, junto com São Paulo, Santos e Grêmio, que venceram a Libertadores três vezes, e Abel Ferreira entra no seleto grupo dos técnicos, junto com Scarone, Luís Alonso Pérez, Manuel Giúdice, Osvaldo Zubeldía, Juan Carlos Lorenzo, Telê Santana e Carlos Bianchi, que venceram a Libertadores duas vezes.
O dia 27 de novembro de 2021 entra para a história como o mais glorioso do Palmeiras.
O Alviverde imponente fez 2 a 1 no decantado - como absoluto favorito e campeão eleito antecipado - Flamengo no gramado do mítico estádio Centenário (construído para sediar a Copa do Mundo de 1930, o nome deve-se à celebração do 100º Aniversário da Primeira Constituição do Uruguai), em Montevidéu, na tarde deste sábado.
A estratégia inédita elaborada pelo português Abel Ferreira fez a grande diferença e surpreendeu Renato Gaúcho. Os jogadores executaram à risca o esquema de três zagueiros combinado, com a dupla Gustavo Goméz e Luan (mais de 80 jogos juntos) invertendo de posição costumeira no campo, e o lateral-esquerdo Joaquín Piquerez mais recuado, completando a linha. Gustavo Scarpa, de meia passou à ala esquerda. Detalhe: esta foi a primeira vez que a equipe aplicou o modelo proposto. Com isso, o esquema habitual de jogo do Flamengo foi prejudicado, ainda mais porque suas principais peças na armação e no ataque, Bruno Henrique e Arrascaeta, não estavam em plena forma física, voltando de período de inatividade por lesão. A restrição dos espaços no meio de campo impediu que o time carioca fluísse de maneira natural no primeiro tempo da partida. No setor ofensivo, Abel explorou bem a lentidão do lateral-esquerdo Filipe Luís, tanto que aos 32 minutos pediu para sair, alegando sentir dores, sendo substituído por Renê.
Mais seguro defensivamente, com mais velocidade nas transições e mais objetividade no terço final do campo, o Palmeiras abriu o placar logo aos cinco minutos com o meia Raphael Veiga, sem dúvida o destaque e melhor jogador da equipe na temporada. Após belo lançamento do zagueiro Gustavo Gómez (sempre um gigante) pela direita - justamente onde não esperavam que estivesse - para o lateral-direito Mayke (mais um achado de Abel), este cruzou com perfeição para trás e permitiu que o artilheiro chegasse sozinho para concluir forte e rasteiro para o fundo das redes.
Era tudo o que o Palmeiras queria para fazer o seu jogo costumeiro, ou seja, fechar-se, esperar o adversário e partir rápido nos contra-ataques. Na sequência do primeiro tempo, como seria de esperar em uma final, o jogo foi de muito equilíbrio e forte marcação, em que os jogadores do Verdão pareciam se multiplicar no setor defensivo. O Rubro-negro ficou com a posse de bola (66% contra 34%), mas quem mais finalizou no gol foi o Alviverde (3 a 1).
Como em todo filme dramático, no segundo tempo, depois de Renato Gaúcho já ter substituído o apagado Everton Ribeiro por Michael, veio o empate. Aos 26 minutos, Arrascaeta passou para o artilheiro Gabriel Barbosa, que invadiu a área nas costas do lateral Mayke e bateu de esquerda. O goleiro Weverton fechou o canto direito mas não o suficiente para evitar que a bola estufasse as redes. O espectro da cobrança de pênaltis, de retrospecto tão desfavorável ao Palmeiras, espreitava.
Na prorrogação, Abel Ferreira fez uma daquelas mexidas inusitadas que ninguém mais faria, do seu jeito e entendimento, para consternação e contestação geral. Tirou Raphael Veiga e colocou Deyverson, isso mesmo. E, como aconteceu na decisão da Libertadores de 2020 contra o Santos (quando tirou a revelação Gabriel Menino para colocar o coadjuvante Bruno Lopes, que marcou de cabeça já nos acréscimos), logo aos quatro minutos do primeiro tempo a mudança surtiu efeito: David Luiz tocou para Andreas Pereira, que em um vacilo incrível perdeu a bola para Deyverson, que entrou livre na cara de Diego Alves e bateu firme rasteiro. A bola ainda desviou levemente no goleiro, mas foi para o fundo das redes.
Sim, pasmem: o problemático, descartado e desacreditado "menino maluquinho" Deyverson fez o gol decisivo, ele que já havia marcado contra o Vasco da Gama e garantindo o título brasileiro de forma antecipada em 2018.
A poucos minutos do final, Deyverson ainda protagonizou uma cena inusitada e das mais engraçadas, a fazer jus à sua reputação e a entrar para o folclore futebolístico: quando o árbitro deu um tapinha em suas costas, sua reação foi das mais exageradas. Por um segundo ele não reagiu, mas, logo depois, se jogou no chão, “contorcendo-se” de dor.
Deyverson explicou depois que não viu que havia sido o juiz, tendo pensado que havia sido um jogador do Flamengo, e nisso admitiu que caiu no chão para ganhar tempo, para dar uma catimbada. O juiz lhe disse que havia sido ele, no que Deyverson pediu desculpas pela simulação.
Claro que a conquista da Libertadores pelo Verdão pela segunda vez consecutiva (igualando o feito do Boca Juniors em 2000/01) em cima do "Malvadão Mengão" não pode ser resumida a apenas ao gol de Deyverson. Foi a vitória do mais humilde, do mais disciplinado, dedicado e aplicado, de quem se planejou e se preparou melhor, de quem fez tudo melhor, de quem teve mais fé e coração.
A partida final explicitou sobretudo os estilos e níveis díspares dos treinadores envolvidos. De um lado o jovem e vanguardista Abel Ferreira, 42 anos, estudioso, estrategista, intelectual e motivador, uma usina de ideias, e do outro o rodado e tarimbado Renato Gaúcho, 59 anos, bom de papo e de conversa (linguagem de boleiro), malandro e carismático da velha guarda, de carreira mais extensa e vitoriosa, tanto como jogador como técnico, consagradíssimo e idolatrado no Grêmio, mas que mais uma vez teve dificuldades em coordenar o grupo e encontrar saídas táticas.
Renato perdeu Felipe Luís por lesão e colocou Renê. Em sua tentativa de mudar o panorama do jogo, apostou em Matheuzinho, Michael, Kenedy, Pedro e Vitinho. Já Abel perdeu os dois volantes, Danilo e Zé Rafael, por desgaste, substituindo-os por Patrick de Paula e Danilo Barbosa (indicação de Abel, uma das poucas contratações pontuais da temporada), e quando precisou mudar o panorama, apostou em Deyverson. As mudanças de Renato não surtiram efeito, e antes disso Gabigol, Bruno Henrique e Arrascaeta já estavam pregados, principalmente estes dois últimos, já que vinham de lesões. Já no Palmeiras, Danilo Barbosa e Patrick de Paula conseguiram manter a pegada de marcação no meio-campo.
Tabus quebrados
O Palmeiras não vencia o Flamengo desde 13 de novembro de 2017, quando, pelo Campeonato Brasileiro daquele ano, bateu o Mengão por 2 a 0 no Allianz Parque, com dois gols de quem? Dele, o tão subestimado Deyverson, que marcaria no ano seguinte, no dia 25 de novembro, o gol da vitória sobre o Vasco em São Januário, que garantiu ao Verdão o decacampeonato Brasileiro, e de forma antecipada, na 37ª rodada, antes do último jogo. Na verdade, oficialmente o Palmeiras continua sem vencer o Flamengo, já que na súmula consta que o jogo final no Centenário terminou empatado em 1 a 1.
O time era então comandado por Luiz Felipe Scolari, que aos 15 minutos da segunda etapa tirou Borja e colocou Deyverson, que aos 22 minutos aproveitou ótima jogada de Dudu e Willian para anotar seu 9º gol no Brasileirão. Com o resultado, o Verdão tinha ido a 77 pontos e já não podia mais ser alcançado por quem? Pelo Flamengo, que havia vencido o Cruzeiro por 2 a 0 naquele domingo e chegado a 72. Aquele foi também o 2º título de Felipão no Brasileiro, já que ele erguera o troféu em 1996, com o Grêmio.
O Verdão já havia jogado no Estádio Centenário em 23 oportunidades ao longo da história, com um aproveitamento de 50,7%, com dez vitórias, cinco empates e oito derrotas.
A primeira vez em que o Palmeiras jogou no Centenário foi em 1947, quando bateu o Boca Juniors por 3 a 2, pela Taça do Atlântico. A última vez, em 2016, pela Copa Antel, uma competição amistosa, após empate sem gols no tempo normal, o Verdão acabou derrotado pelo Nacional, nos pênaltis, por 4 a 3.
Dos confrontos com Nacional-URU, Peñarol-URU, Libertad-PAR, Estudiantes-ARG, River Plate-ARG e Boca Juniors-ARG, oito foram pela Libertadores, dos quais o Verdão venceu três, perdeu quatro e empatou um.
A primeira decisão do Verdão no Centenário foi em 1961. O Palmeiras se classificou para a Libertadores após ser campeão brasileiro no ano anterior. Outras oito equipes disputaram o torneio, o segundo na história da competição. Após eliminar Independiente e Santa Fé, o alviverde encarou o Peñarol na final. Na partida de ida, derrota por 1 a 0 para os uruguaios no Centenário. Na volta, empate em 1 a 1 no Pacaembu e título para o Peñarol.
Sete anos depois, em 1968, o Palmeiras voltou a decidir a Libertadores, tendo se qualificado para a competição após vencer o Brasileirão de 1967. Neste edição, 21 equipes participaram do torneio. Depois de uma irretorquível campanha de 10 vitórias, um empate e uma derrota, o Verdão chegou na final contra o Estudiantes de La Plata. Na primeira partida, derrota por 2 a 1 na Argentina. No confronto de volta, no Pacaembu, o Verdão ganhou por 3 a 1. Na época, o regulamento dizia que, em caso de uma vitória para cada time, a decisão seria numa terceira partida. O jogo foi marcado no Centenário. No dia 16 de maio de 1968, o Estudiantes ganhou por 2 a 0 e se sagrou campeão da Libertadores.
De modo que o Palmeiras chegava à sua terceira final no Estádio Centenário tentando quebrar a escrita de ter sido derrotado nas decisões anteriores.
O Palmeiras estava em outro patamar: soberba mata
"Eu já estou pensando em Mundial. Já estou até fazendo minha programação". (Carolina Portaluppi, filha de Renato Gaúcho, dois meses antes da final da Libertadores)
"Se quiser vender pra mim mais barato, eu pago". (Dudu, após a final)
Camisetas do Flamengo com a inscrição "Tri Libertadores: 81, 19, 21", já estavam confeccionadas e sendo vendidas.
Nas ruas do Uruguai, antes da bola rolar, os torcedores do Flamengo criaram uma música para provocar o baixo número de palmeirenses no país. A proporção era de dois flamenguistas para um palmeirense. A torcida do Flamengo repercutiu nas redes sociais um vídeo em que torcedores rubro-negros, com uma loira à frente, cantam acintosa e efusivamente essa música. Vale lembrar que a música não é nova e é cantada há anos pela torcida do Corinthians desde os tempos de Pacaembu.
youtube
“Ih, no Allianz eu nunca vi; No Maraca nunca foi lá; Montevidéu não vi ninguém; Não tem torcida pra apoiar! Cadê você, cadê você?”
Após a final, os palmeirenses criaram esta letra:
"Estamos aqui, estamos aqui. Libertadores eu sou TRI. Brasileirão nem vou falarrrr. Cheirinho é o baralho. Verdão é outro patamar, Tem que respeitar… Soberba não vamos aturar"
A arrogância e a prepotência da torcida do Flamengo era tanta que muitos diziam que iriam ficar decepcionados caso ganhassem "só" de 2 a 0.
Os jogadores também já cantavam vitória antecipada, e Arão disse pouco antes do jogo que venceriam por 2 a 0...
Sem falar da quase totalidade da imprensa, de tantos jornalistas que cravavam como certo o triunfo do Flamengo na final. E é até redundante de minha parte dizer que a imprensa, majoritariamente corinthiana, são paulina e flamenguista, sempre procurou detratar e diminuir o Palmeiras de todas as formas, mesmo nas vitórias.
Às vezes abro a Bíblia ao acaso para ler alguma passagem que me ensine, me inspire, me guie e me conforte. Foi o que fiz ao final do jogo, e, coincidência ou não, diria providência, deparei-me justamente com essa passagem em Jeremias 48:29-33:
"Ouvimos da soberba de Moabe, que é soberbíssimo, como também da sua arrogância, e da sua vaidade, e da sua altivez e do seu orgulhoso coração. Eu conheço, diz o Senhor, a sua indignação, mas isso nada é; as suas mentiras nada farão. Por isso gemerei por Moabe, sim, gritarei por todo o Moabe; pelos homens de Quir-Heres lamentarei; Com o choro de Jazer chorar-te-ei, ó vide de Sibma; os teus ramos passaram o mar, chegaram até ao mar de Jazer; porém o destruidor caiu sobre os teus frutos do verão, e sobre a tua vindima. Tirou-se, pois, o folguedo e a alegria do campo fértil e da terra de Moabe; porque fiz cessar o vinho nos lagares; já não pisarão uvas com júbilo; o júbilo não será júbilo."
FICHA TÉCNICA:
PALMEIRAS 2 x 1 FLAMENGO
Local: estádio Centenário, em Montevidéu (URU) Hora: 17h (horário de Brasília) Data: 27 de novembro de 2021 (sábado) Árbitro: Nestor Pitana (Argentina) Auxiliares: Juan P. Belatti e Gabriel Chade (ambos da Argentina) VAR: Julio Bascuñan (Chile) Cartões amarelos: Rodrigo Caio, Arrascaeta, Gabigol (FLA); Piquerez, Gustavo Gómez, Felipe Melo (PAL) Cartões vermelhos: Nenhum Gols: Raphael Veiga, aos 5 minutos do primeiro tempo (PAL); Gabigol, aos 26 minutos do segundo tempo (FLA); Deyverson, aos 4 minutos do primeiro tempo da prorrogação (PAL)
PALMEIRAS: Weverton; Mayke, Gustavo Gómez, Luan e Piquerez (Felipe Melo); Danilo (Patrick de Paula), Zé Rafael (Danilo Barbosa), Gustavo Scarpa e Raphael Veiga (Deyverson); Dudu (Wesley) e Rony. Técnico: Abel Ferreira
FLAMENGO: Diego Alves; Isla (Matheuzinho), Rodrigo Caio, David Luiz e Filipe Luís (Renê); Willian Arão, Andreas Pereira (Pedro), Éverton Ribeiro (Michael) e Arrascaeta (Vitinho); Bruno Henrique (Kenedy) e Gabigol. Técnico: Renato Gaúcho
Assista e baixe o jogo completo da Final da Libertadores 2021 transmitido ao vivo pelo SBT (com narração de Téo José e comentários do palmeirense Mauro Beting, do ex-jogador Washington, o "Coração Valente", e de Nadine Basttos, analisando a arbitragem) aqui:
youtube
Assista e baixe o jogo completo da Final da Libertadores 2021 transmitido ao vivo pela Fox Sports (com narração será de João Guilherme, acompanhado dos comentários do ex-jogador Zinho, campeão da Libertadores pelo Palmeiras em 1999, e pelo jornalista Paulo Calçade, além de Carlos Eugênio Simon analisando a arbitragem), aqui:
youtube
Se na temporada o Palmeiras não foi lá muito eficiente, tanto que afundou no Paulista, na Copa do Brasil e no Brasileirão, na final da principal disputa, a única que restava e a que mais importava, deu tudo certo. Sabemos que no futebol, por vezes e como lhe é inerente, todo um planejamento, por melhor que tenha sido feito, e por mais dinheiro que se tenha investido, o que prevalece é o imponderável. Nesse tocante, relembremos, nesta minha outra reportagem publicada na ocasião, a conquista anterior da Libertadores da América pelo Palmeiras em 30 de janeiro último, ou seja, há menos de 10 meses! Não é o imponderável?
Palmeiras é Bicampeão da Taça Libertadores da América: Do imponderável à glória eterna
21 anos depois, a América do Sul volta a ser do Maior Campeão do Brasil. O Palmeiras conquista o Bicampeonato da Copa Libertadores sobre o Santos no Maracan�� – onde 70 anos antes havia conquistado o Torneio Internacional de Clubes Campeões, a Copa Rio, sobre o Juventus da Itália – com um gol do herói improvável Breno Lopes nos acréscimos, aos 54 minutos do segundo tempo (90+09). O quanto fatores imponderáveis e numéricos cabalísticos contribuíram para esse feito meritório glorioso a ser inscrito na eternidade? É o que você vai saber nesta reportagem especial comemorativa.
Por Cláudio Tsuyoshi Suenaga
A conquista da Taça Libertadores da América 2020 pelo Palmeiras na noite de sábado, dia 30 de janeiro de 2021, no Maracanã, foi a prova definitiva de que o improvável, por mais improvável que seja, acontece, e de que o imponderável, por mais imponderável que seja, existe.
Quem apostaria no Verdão há alguns meses atrás? Praticamente ninguém. Os favoritos eram os todo-poderosos River Plate e Flamengo, os finalistas de 2019, e os fortíssimos e copeiros Internacional e Grêmio, além do onipotente Boca Juniors. E mesmo que o adversário tenha sido o surpreendente Santos, outro em que ninguém apostava devido aos seus tantos problemas políticos, administrativos e financeiros extra-campo, a maioria preferia colocar suas fichas no Peixe, afinal, mais vencedor internacionalmente, com três Libertadores e dois Mundiais, tinha Marinho jogando uma barbaridade, tanto que, apesar da derrota, foi eleito o melhor jogador da competição.
A desconfiança e o descrédito em torno do Palmeiras não vinham propriamente dos resultados. Da sequência de títulos iniciada em 2015 com a conquista da Copa do Brasil (em cima do mesmo Santos) – depois da retomada financeira em 2013 (no ano do título da Série B) -, de dois Campeonatos Brasileiros (em 2016 e 2018) e do Paulista de 2020 (em cima do Corinthians), o time estava bem classificado na Libertadores (com o melhor desempenho da história na fase de grupos) e na Copa do Brasil e bem posicionado no Brasileirão. Mas faltava ao time um padrão consistente, aquela entrega, regularidade, intensidade e objetividade exigidas pelo tanto que se planejou e se investiu.
Assim é que o veterano Vanderley Luxemburgo, ainda que tenha promovido a fundamental ascensão dos garotos de ouro da base e levado à conquista do Paulistão depois de 12 anos, como levara em 2008, não resistiu a três derrotas consecutivas (a última, estranhíssima, para o lanterna Coritiba por 3 a 1 em pleno Allianz Parque em 14 de outubro) e foi substituído interinamente pelo auxiliar técnico Andrey Lopes, vulgo Cebola, cujo ótimo desempenho em cinco jogos (quatro vitórias, apenas uma derrota, 14 gols a favor e apenas três contra) lhe valeu até uma denominação, o “cebolismo”, uma referência ao seu apelido e ao seu estilo ofensivo. No fim de 2019, Andrey já havia assumido a equipe após a demissão de Mano Menezes, nas rodadas finais do Campeonato Brasileiro, e conseguido duas vitórias em dois jogos: 5 a 0 sobre o Goiás e 2 a 0 diante do Cruzeiro.
As veredas já estavam aplainadas por Cebola, que fez o papel de João Batista, vamos assim dizer, quando no dia 30 de outubro chegou o português Abel Fernando Moreira Ferreira, de apenas 42 anos, e na esteira de Cebola, fez retomar de vez a confiança e o caminho das vitórias. Em pouco mais de um mês, o jovem e promissor treinador, o primeiro estrangeiro a conquistar um título pelo Verdão desde 1965, quando o argentino Filpo Nuñez se sagrou campeão do Torneio Rio-São Paulo e do Torneio Internacional IV Centenário do Rio de Janeiro, levou a equipe às semifinais da Copa do Brasil e da Libertadores com atuações convincentes e um desempenho superior ao de seu badalado conterrâneo Jorge Jesus no Flamengo. Os garotos promovidos por Luxemburgo se firmaram como titulares em suas posições, e os veteranos, criticados, enxovalhados e xingados, prestes a serem negociados, cresceram de produção. Em 13 partidas, Abel obteve nove vitórias, três empates e apenas uma derrota, um aproveitamento de 76.9%, sendo que Jesus, por sua vez, somou sete vitórias, quatro empates e duas derrotas em seus primeiros 13 jogos pelo Rubro-Negro carioca, um aproveitamento de 64.1% dos pontos disputados.
Catarse: Abel Ferreira não conteve a emoção com a conquista de seu primeiro título, e logo de cara a Libertadores.
Não obstante, o adversário na semifinal da Libertadores era ninguém menos do que o favoritíssimo River Plate, treinado por Marcelo Gallardo desde 2014 e campeão da Libertadores em 1986, 1996, 2015 e 2018 e vice em 2019. Embora o Palmeiras estivesse invicto até então, passar pelos Millonarios nesta que era uma final antecipada, consistia em um dos maiores desafios de sua história. Boa parte da imprensa, aliás, como sempre contra o Palmeiras, já dava como perdida a chance do time finalmente alcançar o bicampeonato continental, a “obsessão” tão perseguida há 21 anos, embalde: o Palmeiras caíra na fase de grupos de 2016, nas oitavas de 2017 e chegara à semifinal em 2018 para, no ano seguinte, cair nas quartas novamente.
A primeira partida, no Estádio do River, o Monumental de Núñez, em Buenos Aires, na terça-feira, dia 5 de janeiro, foi marcada por um verdadeiro “nó tático” de Abel Ferreira em Marcelo Gallardo. Após 20 minutos iniciais de intensa pressão, o português encaixou a marcação alviverde e aniquilou o River por 3 a 0 com contra-ataques fatais. Com a equipe argentina entregue, o Alviverde ainda teve boas chances de transformar a vitória em humilhação, mas não ampliou mais o placar, o que quase lhe custou a classificação, pois no jogo da volta no dia 12 no Allianz Parque, o Palmeiras tomou um tremendo sufoco, talvez o maior da história, e, no limite, se classificou perdendo por 2 a 0.
A moral antes da final veio com a goleada de 4 a 0 sobre o arquirrival Corinthians na noite de segunda-feira, 19 de janeiro, no Allianz Parque, em jogo atrasado da 28ª rodada do Brasileiro. Raphael Veiga e Luiz Adriano marcaram no primeiro tempo e eles mesmos ampliaram na etapa final. Fazia sete jogos que o “Timão” não perdia.
Pela primeira vez na história e por conta da pandemia do novo coronavírus, a finalíssima aconteceu no ano posterior ao seu início e sem venda de ingressos e sem público, apenas com a presença de convidados, dirigentes e alguns patrocinadores. O “Clássico da Saudade” havia ocorrido em uma decisão apenas em três oportunidades: dois no Paulistão (em 1959 e 2015) e um na Copa do Brasil, também em 2015. E essa foi apenas a terceira final só com times brasileiros. As outras foram entre São Paulo e Athletico-PR, em 2005; e entre São Paulo e Inter, em 2006.
O único gol na nervosa, truncada e pegada final épica contra o Santos, marcado pelo herói improvável Breno Lopes já nos acréscimos, aos 54 minutos do segundo tempo, logo após a expulsão do técnico Cuca que se envolveu em confusão com o lateral Marcos Rocha, e que desestabilizou o Peixe, fechou esse feito memorável, conferindo a glória eterna ao Palmeiras em uma temporada atípica marcada pela pandemia (ou “fraudemia”) de Covid-19. Quem diria que o ápice da realização do Clube viria por um jogador contratado do Juventude (que disputava a Série B) há menos de três meses e que até então só havia marcado um único gol contra o Vasco três dias antes, e que entrara havia dez minutos, no lugar de Gabriel Menino? É o imponderável.
FICHA TÉCNICA: PALMEIRAS 1 X 0 SANTOS
Local: Maracanã, Rio de Janeiro, RJ Data: 30 de janeiro de 2021, sábado Hora: 17h (de Brasília) Árbitro: Patricio Loustau (ARG) Assistentes: Ezequiel Brailovsky (ARG) e Diego Bonfa (ARG) VAR: Mauro Vigliano (ARG) Cartões amarelos: Palmeiras: Gustavo Gómez, Viña e Marcos Rocha; Santos: Lucas Veríssimo, Diego Pituca, Soteldo e Alison
GOL: Palmeiras: Breno Lopes, aos 54 minutos do 2T
PALMEIRAS: Weverton; Marcos Rocha, Luan, Gustavo Gómez e Matías Viña; Danilo, Zé Rafael (Patrick de Paula), Gabriel Menino (Breno Lopes) e Raphael Veiga (Empereur); Rony (Felipe Melo) e Luiz Adriano. Técnico: Abel Ferreira
SANTOS: John, Pará (Bruno Marques), Lucas Veríssimo, Luan Peres e Felipe Jonatan (Wellington Tim); Alison, Diego Pituca e Sandry (Lucas Braga); Marinho, Soteldo e Kaio Jorge (Madson) Técnico: Cuca
Providência Divina e/ou Predestinação: As “coincidências” numéricas e a numerologia cabalística
A conquista do segundo título da Conmebol Libertadores pelo Palmeiras – que o fez ingressar no seleto grupo de times bicampeões da América ao lado de Cruzeiro, Internacional, Flamengo e Atlético Nacional da Colômbia, deixando para trás o seu maior rival, o Corinthians, e outras equipes que faturaram a Libertadores em somente uma oportunidade, como Atlético-MG e Vasco da Gama, sendo superado, no Brasil, apenas pelos tricampeões Grêmio, Santos e São Paulo – foi marcado por uma série de “coincidências” numéricas regida pelo número 9, senão vejamos.
O próprio nome Palmeiras, adotado pela diretoria do Palestra Itália durante a Segunda Guerra Mundial, em 14 de setembro de 1942, para contornar as perseguições de Getúlio Vargas contra os imigrantes oriundos do Eixo – Itália, Alemanha e Japão -, em guerra contra o Brasil, possui 9 letras.
O último e até então único título da Libertadores do Palmeiras havia sido conquistado em 1999, no dia 16 de junho.
Breno Lopes, o autor do gol do título, usava a camisa 39, e na Libertadores, a 19. Mineiro de Belo Horizonte, Breno Lopes foi revelado pelo Joinville, de Santa Catarina, e em 2020, no Juventude, tinha marcado 9 gols em 19 partidas na Série B.
O gol de Breno Lopes de cabeça, aproveitando o cruzamento de Rony, que recebeu um passe certeiro de Danilo, foi anotado aos 54 minutos do segundo tempo (5+4=9) ou 90+9′.
O dia da final da edição de 2021 da Libertadores em Montevidéu, também dá 9: 27 (2+7=9).
Ah sim, qual o número da camisa de Deyverson? 9.
Na mitologia grega, o número 9 é o número das musas, das filhas de Zeus. Na chinesa é o número das esferas celestiais, isso porque havia 9 passos até o trono do imperador.
Em termos cabalísticos, o número 9 é o ápice da realização intelectual e espiritual, o número dos românticos, dos idealistas e dos visionários por excelência, quer sejam poetas, cientistas, filósofos ou profissionais do futebol, dos que se destacam pelo altruísmo, pelo bem-estar coletivo, pela disciplina, dedicação e determinação com que lutam por seus objetivos.
No Sêfer Yetzirá (o Livro da Formação, um tratado filosófico, talvez o mais antigo do misticismo hebraico), o nono caminho é o caminho da inteligência pura.
Enquanto o pentagrama é o símbolo da criação do homem, o hexagrama o é da Gênese do Universo, pois tudo “foi criado em 6 dias“, como consta no Gênesis. O 6 é, portanto, o número da Criação do Universo, pois a palavra “no princípio” (BRAShIT), em hebraico, possui 6 letras e “criou” (BRA) mais 3 letras, totalizando 9 letras – “No principio criou Deus os Céus e a Terra”.
Cabe lembrar ainda que toda manifestação do universo passa necessariamente por 9 estágios, vide a gestação humana, que dura 9 meses.
O 9 é o número que assinala e finaliza uma etapa, pois é o último, o mais elevado, antes da renovação e do recomeço. Como em várias passagens da Bíblia Deus deixa bem claro que Ele é o Princípio e o Fim, o Alfa e o Ômega, os ocultistas o identificam com o número 10, uma vez que a sequência básica dos números vai do 1 ao 0. Pela mesma razão, Deus teria nos dado 10 mandamentos, nem mais, nem menos, uma vez que 10 é o número que O representa em sua perfeição (A Lei seria uma transcrição do próprio caráter de Deus).
Estas reportagens (e os dois títulos do Palmeiras este ano) são dedicados ao meu pai, Katsuia Suenaga (1937-2020, in memoriam), que me tornou palmeirense.
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#CarolinaPortaluppi aproveitou a tarde de sol no Rio para colocar o bronzeado em dia. #revistaportfolio #amadasdaportfolio 📸 JC Pereira/AgNews https://www.instagram.com/p/COG0DdoHGo1/?igshid=12lwao18it56o
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“Não estava uma magra saudável”, desabafa Carol Portaluppi
Carol Portaluppi, de 24 anos, filha de Renato Gaúcho, treinador do Grêmio, postou uma foto em que aparece sorridente de biquíni na praia e aproveitou para falar sobre a pressão do corpo perfeito.
Para a jovem “quem conhece um sorriso de verdade, sabe que nem todo palhaço é feliz”. Mesmo aparentemente feliz, Carol contou que na época do clique estava “mal de cabeça” e fazia “jejuns de quase dois dias” para manter a barriga chapada.
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Antes de você comentar que eu to linda na foto ou sobre minha barriga chapada, lê aqui: quando minha amiga(o), não lembro, tirou essa foto, 10 meses atrás, eu pesava 4 kg a menos do que eu deveria, estava totalmente mal de cabeça, não estava uma magra saudável, fazia jejuns de quase 2 dias e esse sorriso, podemos definir assim “ quem conhece um sorriso de verdade, sabe que nem todo palhaço é feliz” To me abrindo assim, coisa que não faço, para vocês refletirem um pouco… sobre o que é importante de verdade, e quem vocês devem amar em primeiro lugar sempre Boa noite
A post shared by Carolina Portaluppi (@carolinaportaluppi) on Feb 18, 2019 at 3:05pm PST
“Antes de você comentar que eu to linda na foto ou sobre minha barriga chapada, lê aqui: quando minha amiga(o), não lembro, tirou essa foto, 10 meses atrás, eu pesava 4 kg a menos do que eu deveria, estava totalmente mal de cabeça, não estava uma magra saudável, fazia jejuns de quase 2 dias e esse sorriso, podemos definir assim “quem conhece um sorriso de verdade, sabe que nem todo palhaço é feliz” To me abrindo assim, coisa que não faço, para vocês refletirem um pouco… sobre o que é importante de verdade, e quem vocês devem amar em primeiro lugar sempre Boa noite”, escreveu Carol Portaluppi,
Seus seguidores valorizaram sua coragem de se expor. “Belas palavras. Hoje em dia é tão difícil pessoas que falem sobre quebrar paradigmas e esteriótipos se utilizando como exemplo pra falar de assuntos importantes como: depressão, sindrome do pânico, anorexia e afins! Não precisamos só de corpos bonitos e sim, mente saudável. Parabéns! É de gnt assim que precisamos mais no @ gente de verdade”, disse uma seguidora. “Parabéns, tenho certeza que esse texto vai ajudar muitas pessoas”, disse outra.
“Não estava uma magra saudável”, desabafa Carol Portaluppipublicado primeiro em como se vestir bem
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☯☪ fotografei o silêncio ☯☪
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@carolinaportaluppi curte praia em Ipanema. 📸 JC Pereira/AgNews #revistaportfolio #carolportaluppi #carolinaportaluppi https://www.instagram.com/p/CFQBoMnHKh5/?igshid=1m89xr9p7tw57
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Rio de Janeiro. A bela @carolinaportaluppi exibiu suas belas formas na tarde de hoje na praia da Joatinga. E tinha paparazzo de olho! 📸 Dilson Silva/AgNews #revistaportfolio #carolportaluppi https://www.instagram.com/p/CJB-Ik1Hh7Z/?igshid=975kemba7cml
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Rio de Janeiro. O dia está muito quente e @carolinaportaluppi só pegou um pouco de sol. Nada de altinha ou futevôlei. 📸 AgNews #revistaportfolio #carolportaluppi https://www.instagram.com/p/CIQfd3tnlBs/?igshid=3hh49bgwrke2
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@carolinaportaluppi e amigo caminham pela orla da zona sul. 📸 Rodrigo Adão/AgNews #revistaportfolio #carolportaluppi https://www.instagram.com/p/CFnIpSfHVju/?igshid=1ae92i4n50zpl
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#Repost @carolinaportaluppi • • • • • • sal, sol, xixi #sanandres #saudade (em São Paulo, Brazil) https://www.instagram.com/p/Bu6di26nMvpdMPRrkC9zOvjuX6TCE0j5FoiXsU0/?utm_source=ig_tumblr_share&igshid=11xoegrfgm8yg
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