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cyprianscafe · 18 days ago
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A tradição da reforma
O estabelecimento do Califado de Socoto sob a liderança do Sheik Usmã dã Fodio foi um processo gradual que levou várias décadas para se concretizar. O estágio inicial e um dos mais cruciais desse processo foi o da mobilização. A partir de 1774, quando o Sheik Usmã tinha apenas 20 anos, ele começou a ensinar e pregar ativamente até estabelecer uma jama‘a (congregação) autônoma que foi capaz de começar a afirmar sua independência das autoridades de Gobir em 1804. É dentro da ‘estrutura de mobilização’ do movimento de reforma de Socoto que precisamos localizar o significado da literatura ajami e como ela foi efetivamente explorada pelos líderes califas para estabelecer uma presença substancial nas comunidades rurais e não alfabetizadas de Gobir, Zamfara e Kebbi. ‘Abdullahi dan Fodio (falecido em 1829) foi enfático sobre o papel que a literatura ajami desempenhou nesse processo de mobilização quando escreveu: Então nos levantamos com o Shaikh, ajudando-o em seu trabalho missionário pela religião. Ele viajou com esse propósito para o Oriente e o Ocidente, chamando as pessoas para a religião de Deus por sua pregação e suas qasidas [odes] em Ajami [Hausa e Fulfulde] e destruindo costumes contrários à Lei Muçulmana.
O próprio Sheik Usmã dã Fodio, ao enfatizar a importância estratégica do uso de ajami em seus esforços de mobilização, disse o seguinte em seu poema Fulfulde intitulado Babuwol kire: Nufare nde am yusbango en baabuwol kire Mi yusbira ngol Fulfulde Fulbe fu yeetoye To min njusbiri arabiyya aalimi tan nafi‘ To min njusbiri fulfulde Jaahili Faydoye
Minha intenção é compor um poema sobre a [prostração] do esquecimento Pretendo compô-lo em Fulfulde para que Fulbe possa ser iluminado. Quando compomos [um poema] em árabe, apenas os eruditos se beneficiam. Quando o compomos em Fulfulde, os iletrados também ganham.
O foco do Sheik Usmã dã Fodio e seus tenentes nesta fase do movimento parece ter sido desenvolver uma personalidade muçulmana consciente, capaz de discernir os males sociais de Hausaland e seus problemas e contradições religiosas. Este aparente protesto sociorreligioso encontrou expressão em vários poemas ajami, particularmente aqueles de autoria do Sheik Usmã dã Fodio. Um poema que tem desfrutado de alguma popularidade nesta categoria é o Fulfulde urjuza do Sheik Usmã, chamado Boneji Hausa (Doenças da Hausalândia). Este poema admite os muitos males prevalentes na sociedade Hausa e a conspiração do silêncio por líderes do pensamento que tornou difícil abordá-los de qualquer maneira séria e sistemática. O poema prossegue destacando alguns desses males: Goddi boneji mairi bo, bukkaki Goddi boneji mairi bo, simaki Goddi boneji maari bo, diccaki A hinnata goodo e-dou nguski Goddi boneji mari bo juldo nanngoya Na yo jeyado, jaggineki tokkoye Goddi boneji maari shar’u doggata E mairi jul yimbe mairi ndonnata Goddi boneji mairi jula nanngata Zakka mo mashiyaji bo be ittata Goddi boneji mairi reube njangata Balli di mabbe bo kurum be cuddata Wodbe benteje fede sabal sabal Hayya e be yimbe ngala e dou datal. Alguns males são tatuagens nos rostos Outros são choros pelos mortos. Alguns males são as saudações feitas ‘Não saudarás em pé’ Alguns de seus males são a captura de um muçulmano livre, não de um escravo. Esta ação é então seguida pela escravidão. De seus males está o fato de que a shari‘a não prevalece. E muitas de suas pessoas não distribuem propriedades de acordo com a Lei. Um de seus males é realizar orações sem ablução. O zakat de seus animais eles nunca pagam. Outro mal é que as mulheres não aprendem Seus corpos elas nunca cobrem adequadamente Alguns deles têm seus aventais ‘bante’ soprando frouxamente ‘Sabal Sabal’. Oh! Essas pessoas não estão no caminho certo.
Outro poema do Sheik Usmã que se enquadra nessa categoria é Wasuyeji (Conselho), que desencorajava a interação social com governantes opressores, inovadores e outros personagens indesejáveis ​​e encorajava manter a companhia dos piedosos, dos eruditos e seguidores da Sunna, pois estes últimos, de acordo com o sheik, eram superiores tanto ao pai quanto à mãe. O poema Fulfulde do Sheik Usmã, Hasotobe, elaborou ainda mais sobre um grupo desses personagens indesejáveis, os espalhadores de boatos e os espalhadores de ódio que não viam nada de bom no que o sheik e seus discípulos estavam tentando realizar.
The Meanings of Timbuktu - Souleymane Bachir Diagne
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meukultura · 2 months ago
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momo-de-avis · 7 months ago
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Então basicamente al andalus não foi gerido por império no sentido de ser uma nação mas sim foi um império no sentido religioso, e os ottomanos tinham beef connosco durante e depois disso por várias razões. Obrigada Ana!! 💖💖
Nem mesmo religioso. A única coisa que teve em comum foi o facto de ter o islão como religião dominante, mas teve diferentes graus de tolerância. Foi extremamente tolerante durante o período omíada, não tanto nos almorávidas, debatível durante o período das taifas porque aí é mais complicado (as taifas pagavam tributo aos cristãos para manter a paz, o que suscitou também grande parte da instabilidade política e levou até aos pedidos de socorro aos almorávidas, e no fundo, cada taifa geria-se da sua própria forma) mas o almóadas foram, de longe, os mais conservadores onde tanto cristãos como judeus não encontraram a liberdade que poderiam ter encontrado durante os omíadas
Agora, estamos a falar da era medieval. Cada não-muçulmano pagava um tributo por não ser do islão, tal como não cristãos o faziam. Tudo isto, quer da perspectiva dos cristãos quer do islão, deve ser vista TAMBÉM como uma guerra santa porque era isso que se estava a passar. O Islão estava a propagar-se e estávamos precisamente no período das cruzadas (a conquista de Lisboa é por vezes citada como a única vitória da segunda cruzada, embora nao tenha feito parte da segunda cruzada, simplesmente os cruzados pararam aqui enquanto iam a caminho incitados pelo bispo do porto. nas terceira cruzada o mesmo iria acontecer. a península ibérica iria sempre ser vista como "campo de treino" para a guerra na terra santa)
Mas só foi propriamente império durante o califado omíada e almorávida. Para por em perspectiva, isto foi o califado omíada no seu auge, em cerca de 750, logo após conquistar a peninsula, toda esta brutalidade:
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E este o califado Almorávida
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O califado almorávida já é mais complicado porque aquilo durou pouco e sei que houve demasiada pancadaria pra definir ali as fronteiras mas o aspecto é qqer coisa como isto
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Lisboa ta ali no vai nao vai porque os almorávidas aparecem logo imediatamente antes de lisboa ser conquistada mas nao conseguem defende la, mantêm-se antes no Al-gharb (hoje, Algarve, andaluzia e ali aquele pedaço da catalunha)
Comparativamente com o emirato de Córdoba:
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ve tu bem onde é que estamos que tá ali o império carolíngio zé, isto as vezes faz falta termos um paralelo do que é que se está a passar no mundo
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kiki-de-la-petite-flaque · 11 months ago
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Nesta foto, tirada em 1950 pelo fotografo francês Jean Dieuzaide na localidade de Vieira de Leiria, e a que deu o título "Mulher a Acartar", se percebe bem a estreita ligação do povo português com o povo árabe e a sua ancestralidade cultural com povos que viveram na Peninsula Ibérica, antes de terem sido derrotados em batalhas diversas e optado pela sua fuga para a província do Algarve, onde apenas foram desalojados no ano de 1234.
O Algarve foi considerado, durante séculos e até à proclamação da República Portuguesa em 5 de outubro de 1910, como o segundo reino da Coroa Portuguesa - um reino de direito separado de Portugal, ainda que de facto não dispusesse de - na prática, era apenas um título honorífico sobre uma região/comarca que em nada se diferenciava do resto de Portugal. Porém, que nunca nenhum rei português foi coroado ou saudado como sendo apenas "Rei do Algarve" - no momento da sagração, era aclamado como "Rei de Portugal e do Algarve" (até 1471), e mais tarde como "Rei de Portugal e dos Algarves" (a partir de 1471).
O título de "Rei do Algarve" foi pela primeira vez utilizado por Sancho I de Portugal, quando da primeira conquista de Silves, em 1189. Silves era apenas uma cidade do Califado Almóada, posto que nesta altura todo o Al-Andaluz se achava unificado sob o seu domínio. Assim, D. Sancho usou alternadamente nos seus diplomas as fórmulas "Rei de Portugal e de Silves", ou "Rei de Portugal e do Algarve"; excepcionalmente, conjugou os três títulos no de "Rei de Portugal, de Silves e do Algarve".
O único motivo que pode justificar esta nova intitulação régia prende-se com a tradição peninsular, de agregar ao título do monarca o das conquistas efetuadas. Mas, com a reconquista muçulmana de Silves, em 1191, o rei cessou de usar este título.
O Califado Almóada viria a desagregar-se na Hispânia em 1234, dissolvendo-se em vários pequenos emirados, as taifas. O Sul de Portugal ainda em mãos muçulmanas ficou anexado à taifa de Niebla, na moderna Espanha; o seu emir, Muça ibne Maomé ibne Nácer ibne Mafuz, proclamou-se pouco tempo mais tarde "Rei do Algarve" (amir Algarbe), posto que o seu Estado compreendia, de facto, a região mais ocidental do Al-Andaluz muçulmano.
Ao mesmo tempo, as conquistas portuguesas e castelhanas para o Sul prosseguiam. No reinado de D. Sancho II conquistaram-se as derradeiras praças alentejanas e ainda a maior parte do Algarve moderno, na margem direita do rio Guadiana; à data da sua deposição e posterior abdicação, restavam do Algarve muçulmano apenas pequenos enclaves em Aljezur, Faro, Loulé e Albufeira, os quais, devido à descontinuidade territorial e à distância que os separava de Niebla, se tornaram independentes do seu domínio.
João Gomes
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blogdojuanesteves · 7 months ago
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10 ANOS DE GUERRAS SEM FIM > GABRIEL CHAIM
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O paraense Gabriel Chaim em seu livro 10 anos de guerras sem fim (Editora Vento Leste, 2024) mostra o horror que são as tragédias como uma guerra, mas também como as pessoas convivem com ela, em vestígios de vida e morte. No entanto, seus "bastidores" destes conflitos chegam a ser líricos em sua palete. Dificil não lembrar do aragonês Francisco Goya (1746-1828) com sua pintura Três de maio, de 1808, quando este artista nao mostra a morte imediata mas sim o medo de quem vai morrer; o londrino William Turner (1775-1851), com seu The Slave Ship, (originalmente Slavers Throwing overboard the Dead and Dying—Typhon coming on), exibido em 1840 na Royal Academy, ou mais recentemente o alemão Felix Nussbaum (1901-1944) , de origem judaica, em sua tela Fear (autorretrato com sua sobrinha Marianne), de 1941, revelando o terror sofrido pelos judeus no holocausto.
Chaim produz uma imagem de caráter háptico e mostra seu périplo pela nossa triste história contemporânea (em andamento) abordando o Estado Islâmico ( 2015-2020), o califado que impõe o terror no Oriente Médio, Síria ( 2013), Iêmen ( 2018), Líbia ( 2019), Nagorno-Karabakh (2020), Ucrânia ( 2022) e Israel, Cisordânia e Gaza ( 2023). Imagens que foram publicadas, junto com seus filmes em vários países do mundo. Como explica o jornalista paulistano Fernando Costa Netto, outro veterano no registro dos conflitos mundiais ( leia aqui o livro Maybe Airlines Sarajevo, (Garoa Livros, 2021) em https://blogdojuanesteves.tumblr.com/post/648095913040052224/maybe-airlines-sarajevo-fernando-costa-netto) "Um dos traços de seu trabalho é de reconhecer e capturar certos instantes em que a realidade começa a parecer ficção."
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O fotógrafo aqui diferencia-se de outros nomes da fotografia mundial como o americano James Nachtwey, cuja "exposição" dos conflitos muitas vezes beira o grotesco, como em Deeds of War ( Thames & Hudson, 1989) ou em Inferno ( Phaidon Press, 1999). As imagens de Chaim nos comovem por um sentido mais amplo, ainda que não deixem de ser muito contundentes, mas especiais por não serem sensacionalistas. A começar pela pouca amostragem de corpos de vítimas, embora as suas existentes possam recordar ocasiões registradas em fotografias icônicas como a feita pelo soldado americano Ron Haeberle do massacre de Mỹ Lai ocorrido em 1968 e que vitimou cerca de 500 civis sul-vietnamitas, sendo 182 mulheres (17 grávidas) e 173 crianças, executados por soldados do exército americano na Guerra do Vietnã. Ou mais remotamente as cenas produzidas pelo inglês Roger Fenton (1819-1869), impressas em albuminas, da Gerra da Criméia em 1855, pela sua palete semelhante que representam uma das primeiras tentativas sistemáticas de documentar uma guerra por meio da fotografia.
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Gabriel Chaim é mais refinado - e de certa forma mais sutil, quando nos comove de uma outra maneira. Basta ver o "still" da capa para entender: Um rifle apoiado em uma poltrona, ou  como por exemplo um jogador de futebol pulando que podemos confundir à primeira vista como tendo levado um tiro em Taiz, no Iêmen desfazendo a lógica do assombro; A mulher armada que observa dois corpos de extremistas do Estado Islâmico aos seus pés, após um combate com a unidade feminina de proteção as mulheres no deserto de Raqqa na Síria. O médico curdo que trata um extremista debilitado nos meses do cerco a Bhagouz. al -Hassakah na Síria, registrados em tons quentes.
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A dificuldade para fotografar nos conflitos é imensa. Como explica Fernando Costa Netto, são horas para se chegar no momento exato da fotografia. "Às vezes dias de espera, angústia e esforço até chegar nos becos tensos de Aleppo, na Síria ou caminhar pelas perigosas ruas de Kharkiv, na Ucrânia." Quem acompanha o noticiário pode constatar o recorde sinistro de mortes de jornalistas no conflito em Gaza. Não basta apenas fotografar para estar equilibrado psicologicamente entrando  nestes lugares, além de uma intricada logística para movimentar-se da maneira mais rápida que a imprensa contemporânea eletrônica exige. A jornalista e editora paulista Ana Celia Aschenbach que escreve o posfácio relata uma espera de quase dois meses para ter a permissão para documentar as forças israelenses em Gaza. Segundo ela, foi o primeiro estrangeiro a ter essa possibilidade.
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Lembramos de dois filósofos franceses: Paul Virilio (1932-2018) com sua "dromologia"o impacto da velocidade na sociedade e Georges Bataille (1897-1967) e suas teorias da visão, da imagem e da destruição, pensando em um certo ocularcentrismo. A proximidade com os corpos antagonizando à visibilidade, o que anteriormente  encontrava-se fora do nosso campo de visão, até chegarmos aos mísseis de cruzeiro usados pela primeira vez na Guerra do Golfo em 1991, que levou-nos não só a uma descorporificação mas a desmaterialização contínua do observador, mas também um atrofiamento da imaginação e consequente destruição da consolidação da memória natural, como explica o ensaísta lisboeta José A. Bragança de Miranda em sua Teoria da Cultura (Edições Século XXI, 2002).
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Podemos fazer um paralelo à arte do irlandês Francis Bacon (1909-1992) a partir do pensador francês Maurice Merleau-Ponty (1908-1961). É difícil saber onde começa a pintura e onde inicia a massa pictórica. Onde começa o homem naquele homem pintado, como encontramos na fenomenologia da percepção em O olho e o espírito ( Cosac Naify, 2013). O que Gabriel Chaim faz em seu livro, não é apenas uma representação das pessoas que sofrem no conflito mas sim a procura por lhes conceder uma visão mais digna através de seu estilo fotográfico, aproximando-se grosso modo de uma écfrase, quando pensamos na retórica de sua descrição do que são estas guerras.
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Em A History of the World in 10 1⁄2 chapters (Jonathan Cape, 1089) no quinto capítulo "O Naufrágio" o ensaísta inglês Julian Barnes trata da catástrofe real do naufrágio do veleiro Medusa, avaliando-a pela pintura do francês Théodore Géricault (1791-1824). Pelo seu olhar, ele aprofunda-se e a avalia criticamente usando suas habilidades investigativas, procurando preencher as lacunas por meio de várias evidências. Ainda que posteriormente tenha sofrido críticas quanto a ignorar os negros que estavam na balsa, seu enredo é que só enxergamos a intensidade de uma tragédia quando a vemos representada pela arte. É o que encontramos nestes 10 anos de guerra sem fim, de Gabriel Chaim, que nos instiga a pensar o antes e o depois.
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O fotógrafo transcende o modelo canônico da representação do corpo. Em sua epígrafe "Sentidos" ele ecoa: o cheiro da pólvora queimada dos tiros sequenciais da AK 47 enquanto zumbidos de balas cruzam o ar em sua direção. Brincadeiras e risadas confundem-se com gritos pedindo água entre estrondos perturbadores dos ataques aéreos... A preparar o leitor para o que vem pelas 248 páginas, a grande maioria em cores. Em suas narrativas para cada lugar que esteve Chaim escreve: "Apesar de não ter me exposto tanto, a cobertura da guerra entre Israel e Palestina foi a mais difícil da minha carreira..."
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No último capítulo dedicado a Israel/ Cisjordânia/ Gaza, 2023, ele continua: "Uma polarização talvez nunca vista antes e jornalistas demonizados. De um lado,  civis brutalmente assassinados pelo grupo Hamas. De outro, civis dizimados por bombardeios israelenses. A guerra em Gaza, sobretudo, mostra que não existem mais limites para abater o oponente e isso irá levar a um patamar mais trágico ainda guerras futuras caso os senhores de guerra decidam seguir pelo mesmo caminho..." Uma espécie de profecia amparada por suas imagens.
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Fotojornalistas retratam o que é visto por eles. Claro, com algumas ressalvas onde a realidade foi deturpada por fotógrafos e editores, como vimos no fatídico 8 de janeiro no Brasil e em outras diversas ocasiões recentes mundo afora. Nesta década percorrida por Gabriel Chaim, como escrito por Fernando Costa Netto em seu prefácio, este livro "consagra o fotógrafo como um dos mais originais e corajosos profissionais da fotografia brasileira e mundial," Seus relatos controversos e incômodos são o que nós precisamos, assim como seu testemunho, pois é a missão do documental, contínua Costa Netto, e podemos acrescentar, do fotojornalismo que mostra os fatos como eles são. "até para que não sejam deturpados mais tarde."
Imagens © Gabriel Chaim        Texto © Juan Esteves
Infos básicas:
Editora Vento Leste
Publisher: Mônica Schalka
Fotografias e texto: Gabriel Chaim
Tratamento das imagens: Marcelo Lerner/ Giclée Fine Art Print
Curadoria e texto: Fernando Costa Netto
Texto/posfácio Ana Celia Aschenbach
Projeto gráfico: Ciro Girard
Coordenação editorial: Heloisa Vasconcellos
Edição bilíngue: Inglês/ Português
Impressão: Leograf- 1000 exemplares em brochura.
Onde adquirir: https://www.ventoleste.com/produto/10-anos-de-guerras-sem-fim-31
*Lançamento dia 10 de junho, às 19hs, na Livraria da Travessa, 
Rua . Visconde de Pirajá, 572 - Ipanema, no Rio de Janeiro,
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irunevenus · 3 months ago
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A Influência da Igreja na Formação do Mundo Moderno: Um Panorama Histórico
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A história da humanidade é marcada por uma interseção complexa entre religião e poder. Desde os primórdios da civilização, as instituições religiosas desempenharam um papel crucial na formação de sociedades, moldando não apenas a moralidade, mas também as estruturas políticas e sociais. A Igreja, em suas várias formas, influenciou reis e governantes, ajudando a estabelecer os princípios e a realidade que fundamentam o mundo em que vivemos hoje.
As Raízes da Aliança entre Poder e Religião
Antiguidade: O Culto aos Deuses e a Legitimação do Poder
Nas primeiras civilizações, como a mesopotâmica e a egípcia, os governantes eram frequentemente vistos como intermediários entre os deuses e o povo. As religiões politeístas legitimavam o poder dos reis, que construíam templos e realizavam rituais para apaziguar os deuses e garantir a prosperidade. Por exemplo, os faraós do Egito eram considerados deuses em vida, e suas ações eram legitimadas pela crença religiosa.
No Oriente, impérios como o Persa e o Chinês também integravam religião e política. A filosofia do Confucionismo na China, por exemplo, promovia a ideia de um governo moral, onde a virtude dos governantes era essencial para a harmonia social.
A Ascensão do Cristianismo e a Consolidação do Poder Eclesiástico
O Cristianismo como Força Unificadora
Com o advento do Cristianismo, a relação entre poder e religião se transformou. Após a conversão do Imperador Romano Constantino no século IV, a Igreja Cristã passou a gozar de privilégios sem precedentes. O Édito de Milão (313 d.C.) legalizou o Cristianismo, permitindo que a Igreja se tornasse uma entidade poderosa, influenciando a política e a vida cotidiana.
Os papas começaram a desempenhar papéis não apenas religiosos, mas também políticos. A Cruzada e as alianças entre monarcas e a Igreja fortaleceram a ideia de que os reis eram escolhidos por Deus. A doutrina da "Mandato Divino dos Reis" sugeria que qualquer rebelião contra um monarca era, na verdade, uma rebelião contra a vontade divina.
A Idade Média e a Influência da Igreja sobre os Governantes
Controle Social e Moral
Durante a Idade Média, a Igreja Católica se tornou a principal fonte de educação e cultura. Os mosteiros preservaram e copiaram textos clássicos, e a Igreja estabeleceu um sistema de leis e moralidade que guiava a sociedade. O sistema feudal estava intimamente ligado à Igreja, com os senhores feudais frequentemente garantindo proteção em troca de serviços religiosos e apoio.
Ao mesmo tempo, a Igreja também enfrentava desafios, como a ascensão do Islamismo. A conquista islâmica no Oriente Médio e no Norte da África levou a uma competição religiosa e cultural que moldou as dinâmicas de poder na época.
A Reforma Protestante e a Transição do Poder Religioso
O Despertar da Indiferença
No século XVI, a Reforma Protestante desafiou o monopólio da Igreja Católica sobre a fé e a moral. Líderes como Martinho Lutero e João Calvino questionaram a autoridade papal, promovendo uma visão mais individualista da fé. A Reforma não apenas desmantelou a unidade religiosa da Europa, mas também incentivou o surgimento de estados-nação que se afastaram do controle papal.
Esse período de transformação também viu a ascensão do Iluminismo, que promoveu valores como razão, ciência e direitos individuais. A secularização da sociedade começou a se intensificar, alterando as bases de legitimidade política.
A Influência da Religião no Oriente: Uma Perspectiva Paralela
O Islamismo e os Impérios
Enquanto isso, no Oriente, o Islamismo emergiu como uma força unificadora. A Sharia, ou lei islâmica, moldou não apenas a vida religiosa, mas também a política em muitos países islâmicos. Os califados, como o Omíada e o Abássida, combinaram autoridade religiosa e política, estabelecendo uma cultura rica em ciência, arte e filosofia.
Contudo, a fragmentação do poder após a queda dos califados levou a uma diversidade de interpretações e práticas, semelhante ao que aconteceu na Europa com a Reforma Protestante.
O Mundo Moderno: A Separaçã entre Igreja e Estado
A Ascensão do Secularismo
Nos séculos XIX e XX, o crescente secularismo e a industrialização alteraram as dinâmicas de poder. A separação entre Igreja e Estado tornou-se um princípio fundamental em muitas democracias ocidentais, enquanto a religião ainda exercia influência em países orientais, muitas vezes ligada a movimentos nacionalistas.
A partir do século XX, surgiram movimentos de direitos civis e de liberação, questionando as estruturas de poder estabelecidas e promovendo a igualdade, frequentemente em conflito com os ensinamentos tradicionais de instituições religiosas.
Conclusão
A história da Igreja, desde suas raízes antigas até o presente, ilustra como a religião moldou e legitimou o poder político ao longo dos séculos. As interações entre fé e governo ajudaram a estabelecer os princípios e realidades que fundamentam o mundo contemporâneo.
Embora a relação entre religião e poder tenha mudado, a influência das instituições religiosas sobre a moralidade e a cultura ainda persiste. O diálogo entre a fé e a política continua a ser relevante, refletindo os desafios e as esperanças da sociedade moderna.
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andremesquitaart · 7 months ago
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O Passeio do Conto
Uma releitura de As Mouras Encantadas e os Encantamentos no Algarve de D’Athaide de Oliveira
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Os contos das Mouras Encantadas é um tema recorrente no folclore ibérico que celebra a reconquista cristã aos califados mouros a sul do território. Contudo, a compilação reunida por D’Athaide de Oliveira em 1898, é muito mais do que apenas uma recolha de contos e mitos; nela encontramos um retrato da cultura regional; mostrando as cresças populares e revelando as idiossincrasias da época.
Se considerar-mos esta obra como apenas um documento de conhecimento popular, corremos o risco de fazer uma leitura epidérmica que resulta na ideia romântica de uma região exótica além fronteiras. Na verdade, olhando para ela como um registo científico que poderá revelar os modos de pensar antigos, é possível propor uma releitura que ultrapassa o retrato superficial dos reis e princesas do tempo das Cruzadas; rejeitando uma leitura simplista de narrativa civilizacional, para chegar a um retrato de um povo com uma história milenar de harmonia com a natureza.
Através dos contos d’As Mouras Encantadas vou explorar quatro momentos com tópicos distintos que ajudam a nos aproximar de uma cosmologia do Barrocal Algarvio. Em cada momento, as estórias são abstraídas e o texto é utilizado para revelar ideias e valores que são partilhados mas que muitas vezes passam despercebidos. Tendo este texto sido desenvolvida para o propósito de um passeio pedestre na Fonte Filipe, Querença, e em trono do Moinho do Gentil, os momentos escolhidos refletem a paisagem da ribeira das Mercês. Tendo isto em conta, descarta-se, sem qualquer prejuízo, os contos referentes ao Algarve do Litoral, que julgo proporcionar um retrato similar em torno do mar.
Para além destes momentos temáticos existe ainda a constante referência entre momentos históricos. Isto porque o próprio texto D’Athaide de Oliveira proporciona um género de regressão, ou viagem no tempo, para três tempos que falam por si. Em primeiro lugar, o momento em que foi escrita a obra: o século IXX. Num Algarve em industrialização, onde a ruralidade se mistura com novas maneiras de viver; novos horizontes culturais, comerciais e conhecimentos científicos. Este momento é homólogo á alteração da paisagem da Fonte Filipe; da construção das levadas e do moinho de água. O segundo momento refere o tempo mítico da reconquista; as estórias das comunidade islâmicas, mas sobretudo a vitória do cristianismo. E por último, o tempo profundo e quase silenciosos, da cosmologia da paisagem; da reverência pela natureza e por uma magia da idade do bronze quase esquecida, mas que continua registada nas crenças populares (Oliveira 1898, pg.12).
Quanto mais para o passado se viaja, menos certezas podemos ter, e é difícil assegurar a veracidade do momento de tempo profundo, porque este terá sido transmitido na oralidade. Mas prevalece na obra “As Mouras Encantadas e os Encantamentos do Algarve” esta tradição oral que pretendo homenagear. Como tal, o propósito é chegar a uma nova interpretação que contribua para novas identidades e que possibilite um novo caminho no contexto actual.
1. A Alfarrobeira
Existe na Fonte Filipe uma floresta primitiva que é difícil de descrever pela falta de contextos similares ao qual podemos comparar na região. Em diversos pontos da encosta, virada a norte, podemos encontra, guardada por algumas Alfarrobeiras, uma mata de Carvalho Português: Quercus Faginea subsp, Alpestris (I). Como o nome indica, a acessibilidade de uma mata é difícil. O Carvalho Português não cresce para além dos 6-8 metros, e em conjugação com o Medronheiro e a Azinheira constituem uma imagem singular de floresta, que não é equivalente as florestas nórdicas.
Perante este reino, uma Alfarrobeira centenária marca um limite; uma fronteira. O local mágico tem uma grande importância nos contos das mouras encantadas. É um local onde algo fora do normal acontece; as fontes, as furnas (grutas), e muitas vezes as Alfarrobeiras marcam o local onde existem encantamentos.
Não creio em bruxas, nem em mouras encantadas é certo, porem, que vi debaixo de uma alfarrobeira.
..mas possui-me, de tal susto, que me puz a chorar e o meu pai não insistiu mais comigo.
—E nunca mais viu a moura?
—Nunca mais me aproximei de tal arvore, apesar de então ter apenas quatorze annos e hoje ter cinquenta (Oliveira 1898, pg.85), (II)
Estes locais mágicos são descritos como portais; portas entre o mundo real e o imaginário (III). É a través das fontes que desaparecem os meninos de gorro encarnado, ou de onde saem belas mulheres. É para as grutas onde as personagens se escondem. Mas é também nas cisternas, nos rochedos á beira da água e nos ermos, que estamos avisados para ter cuidado, principalmente quando sós e durante a noite.
A reverência a estes locais, vem muitas vezes com indicações de avisos. Pede-se prudência em locais isolados mas também em locais do quotidiano como as Fontes. É difícil entender a especificidade destes avisos, mas consegue-se avaliar a importância que cada um toma em cada conto. Se por um lado aconselham não visitar uma fonte à meia noite, quando de certo poderia ser arriscado e perigoso, por outro, o simples momento de solidão num local isolado poderia dar origem a sustos e fantasias. Temos que nos lembrar que o Algarve do século XIX, não era tão densamente povoado; que a vida decorria durante as horas de luz; e as estradas seriam apenas caminhos.
Se mesmos hoje, o campo pode deixar muita gente assustada, perante a fobia de nos encontrarmos sós, e ao ouvir os nosso pensamentos, então não é de estranhar que na ruralidade ou na escuridão da noite, as gentes destas paisagens pudessem imaginar sons, movimentos e até mesmo presenças.
Sairam ao anoitecer. Um d'elles, que levava uma espingarda de fuzil, largou-a quando começou a subir a ladeira do castello. Ia na frente o que levava a agua benta.
Começaram os trabalhos, colhendo umas moitas secas que obstruíam a boca da cisterna, fizeram estes uma ramalhuda tal que parecia uma cousa horrível. O da agua benta largou a caldeirinha e poz-se a correr serro abaixo; os companheiros imitaram-no, e quando se reuniram em certo ponto estavam convencidos de que o som era o ranger dos dentes dos mouros encantados (Oliveira 1898, pg.117).
Mesmo quantificando todos os locais mágicos nos contos das Mouras é impossível identificar a razão porque estas gentes atribuem magia a certos locais. Contudo, existe uma tradição milenar de animismo distribuída pelo mundo em que por motivos de reverência ao mundo natural se cria crenças e costumes em torno deste locais (Brick, 2011). Será possível qualificarmos este fenómeno como uma tecnologia humana? Afinal, como animais culturais, a transmissão de informação é essencial à sobrevivência da espécie, e a elevação ao sagrado evita a banalização de recursos, ou contextos que são imprescindível à vida.
2. O Serro da Zorra
A paisagem pontuada por locais mágicos, portas e portais, possibilita o vivenciar do meio natural como um mar de caminhos na topologia da Terra. O Serro da Zorra, é um marco central na paisagem da Fonte Filipe. A sua intemporalidade afirmada pelas rochas como um monumento natural, que possibilita a navegação entre pontos geográficos e que a liga com outros equivalentes, como a Fonte da Benémola, a Nave do Barão, a Rocha da Pena e a Rocha do Soivos (IV) .
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Contudo, esta habilidade de vivenciar o meio natural através das dimensões do tempo e espaço, estão perdidas no mundo cultural em que vivemos (V). É difícil navegar uma natureza alienada quando engenhamos meios para nós transportar de um local para o outro sem de o termos de vivenciar.
Em um sitio próximo da Portela (ameixial), onde ha um lagar de moer azeitona, existem quatro ou cinco grandes pedras, collocadas perpendicularmente, com pequenos intervalos, que a tradição affirma terem sido ali postas pelos mouros. Outros, porém, melhores depositários à'essas lendas antigas, affirmam que as pedras são outros tantos mouros encantados (Oliveira 1898, pg.90).
Neste excerto, não só o tempo está perdido como o propósito do local. O mundo cultural subscreve o mundo natural as necessidades da indústria e a raciocínios económicos que existem para além da terra. Enquanto a transmissão cultural é facilitada através da fluidez das dimensões tempo e espaço, a fractura entre o cultural e o natural tem implicações que comprometem as nossas capacidades naturais.
Num outro local, encontrou-se uma pedra que se dizia ser de:
uma casa de mouros. Essa pedra está hoje em poder do nosso pároco.
—Engana-se, respondi. Essa pedra fazia parte de um dolmen, e por tanto remonta a uma época anterior.
—Anterior aos mouros? perguntou o meu homem muito espantado.
— Certamente.
—Isso não pôde ser.
—Por que?
—Anterior aos mouros só houve os hebreus lá na Ásia...
Não me causou espanto esta resposta, pois que o nosso povo não vai além do domínio dos sarracenos (Oliveira 1898, pg.77).
Depois da separação entre o natural e cultural, o cultural fica refém de forças hegemónicas; deixando de ser um reflexo do mundo natural para passar a estar ao serviço de interesse políticos e económicos (VI) . Enquanto, não se encontrar harmonia entre o mundo natural e o cultural, dificilmente poderemos coabitar o planeta com a reverência que possibilita o sucesso da espécie humana.
3. Os Animais
A experiência das vivências do meio natural traz-nos em contacto mais frequente com animais. Aqui a distinção entre Cultura e Natureza é mais estreita. Quando testemunhamos a sua presença; através de um som ou de uma pegada, tomamos noção de magia que provoca nos nossos pensamentos. A aparição frontal, o momento de encontro com um animal é sempre um evento memorável, que é sistematicamente retratado nos encantamentos. Através de descrições hiperbólicas e amórficas, os animais personificam entidades capazes de se transformar e causar transformações (Brick, 2011).
Aproximo-me de ti e beijo-te na fronte. N’esse mesmo momento entrego-te as minhas riquezas e fico desencantada. Devo, porem acrescentar: se tu na ocasião em que eu aparecer de cobra manifestares algum medo ou desmaiares, fazes-me um grande mal, porque me redobras o meu encantamento (Oliveira 1898, pg.210).
A cobra é um animal exemplar para explicar esta mutabilidade. Apesar de ser discreta, facilmente assume as caracterizadas fantásticas atribuídas por quem a vê. E se acharmos qualquer descrição exagerada, basta colocarmo-nos no lugar do orador para rapidamente percebermos que as nossas palavras se enlaçam nas expectativas de outrem.
Para além destas reações viscerais, as cobras também representam simbologias do submundo; o mundo que fica para além do mundo do quotidiano (Brick, 2011). Através das sua hibernação e da renovação da sua pele, a cobra parece desaparecer durante parte do ano, para voltar a regressar renovada, como os ciclos da água e a força regeneradora das ribeiras.
Correm dentro dos limites ( de Querença) duas ribeiras que mais adiante se unem e formam a ribeira chamada da Tôr, muito caudalosa. Ainda mais adiante a ribeira da Tôr perde o nome e é denominada a ribeira de Algibre, A ribeira, extremamente caudalosa, cercava a povoação e d'esta fazia uma ilha (Oliveira 1898, pg.93).
Este caracter oscilante que a ribeira toma quase personifica a cobra, que também desaparece para voltar a brotar do submundo renovada. Aqui a ribeira das Mercês vai se juntar á Ribeira da Benémola mais adiante, que são as duas ribeiras que dão origem á da Tôr que o excerto faz referência.
(Perto do moinho do Gentil existem duas estruturas que se relacionam directamente com a ribeira. A primeira é uma estrada elevada por valados de pedra que serpenteia entre os socalcos para dar acesso direto à água e assim se poder encher os cântaros dos aguadeiros. E a segunda é um Muroiço que terá sido construído para acumular os seixos da ribeira, escavada para prevenir inundações.)
Os encantamentos fazem referência a um conjunto muito diverso de animais. Desde os mais selvagem aos domesticados, todos os animais tem qualidades mágicas como a força, a agilidade ou a invisibilidade. Enquanto é claro que existe antropomorfismo no relacionamento entre pessoas e animais, é mais difícil distinguir os direitos dos animais perante o mundo humano. Contudo, faz-se notar que implicitamente através do antropomorfismo concede-se liberdades e até igualdade ao mundo animal.
para quebrar o encanto era preciso levar-lhe dois pães de centeio em guardanapo de linho, acabado de sair da agulha. Por muitos annos sofreu aquela pobre gente os ódios e os rancores da fera, que se ia tornando com o tempo mais perigosa e mais cruel.
Felizmente a fera não perseguia os cristãos a toda a hora do dia, mas tinha horas próprias, que todos evitavam, escondendo-se (Oliveira 1898, pg.281).
Neste contexto, o mundo animal e humano alinham-se; o respeito facilita a convivência e partilha do meio natural. Enquanto hoje, os animais são objectificados como um recurso, habitando um reino distinto do humano, nos contos, vivem em simbiose entre o mundo cultural e o natural. Esta é uma importante lição que devemos receber, os animais tem um local e um modo de vida que temos de saber facilitar. A eliminação de espécies chave do mundo natural, terá causado um desequilíbrio ecológico que é difícil de resolver sem a participação completa na biodiversidade (VII).
4. A Fonte
“Existe também encantada (outra Moura), a meio caminho da Fonte do Filippe, no logar da Amendoeira.
Consta da lenda que em certa occasião, foram dois rapazes buscar agua á Fonte. Quando iam já afastados da mesma Fonte com os seus cântaros cheios, appareceu-lhes repentinamente uma formosa mulher de louras tranças estendidas sobre os hombros. Pareciam madeixas de fios de ouro.
Ficaram os dois rapazes surpreendidos com o súbito aparecimento de tão formosa dama. Esta, porém, n'um sorriso que lhe bailava nos lábios, com uma ingenuidade pasmosa, aproximou-se dos rapazes e convidou-os a servir-se de uns figos, estendidos a secar em uma esteira de palma.
O mais velho dos rapazes, por desdém ou por qualquer outro motivo, não acedeu ao convite e seguiu o seu caminho; o outro, o mais novo, aproximou-se da esteira e tirou a mão cheia dos belos figos, agradecendo à mulher a gentileza do oferecimento. Esta quedou-se a olhar para o rapaz, que apressava os passos no intuito de alcançar o seu companheiro, que já ia distante.
Quando o mais novo quiz mostrar os belos figos e se encontrou com outras tantas peças de ouro, ficaram ambos muito surpreendidos. Então o mais novo
disse:
—Não quiseste mais perdeste.
— Quem te deu essas peças? perguntou o mais velho.
—São os figos que tirei da esteira.
Maravilhado o mais velho e pezaroso, voltou immediatamenle pelo mesmo caminho até chegar ao sítio onde encontrou a dama. Esta então n'um rizo azedo e zombeteiro disse ao rapaz
—Queres figos? queres figos? Leva-se quando t'os ofíereci.
E o rapaz ficou pasmado, sem dizer palavra. A muIher desappareceu n'este momento com a velocidade do relâmpago.
Horas depois era sabido de toda a gente que ali apparecia uma formosa moura encantada. Ha centenas de annos que a moura apparece e desapparece. Muita gente a tem visto. Não consta que tenha feito algum mal, não obstante todos evitam passar pelo sitio nas horas adiantadas da noite ou ao meio dia. Diz o povo, na sua linguagem singela, que o caldo de galinha nunca fez mal aos doentes, e por isso evitam encontrar a moura (Oliveira 1898, pg.95).”
As estórias destas mouras são um retrato do Algarve do século XIX. Mais do que do passado histórico, elas contam nos da vida dos nossos conterrâneos perante a revolução industrial.
Das várias estórias que se contam o que prevalece é uma mescla entre a invenção do orientalismo e o mistério das novas ciências. Na altura, todos os relatos dos contos, envolvia um certo feitiço, uma possessão que remete á grande voga da época: o espiritismo (VIII). Para os mal informados, uma dupla exposição fotográfica revelava a existência de espíritos, o que terá causado uma grande agitação na altura, e de certo terá inspirado muitas estórias e romances literários.
De igual modo, o fascínio pelas Mouras de aspecto nórdico também poderá ter sido encarnado através da recente comercialização de água oxigenada nas farmácias da época, e das distinções sócias que atribuíam as teses claras aos que não trabalhavam a terra.
Porém a verdadeira magia é documentada nos afazeres desta gente: os figos secos que valiam ouro no mercado internacional, os tecidos de linho, o pão acabado de sair do forno, os fornos de cal. A riqueza media-se em relação a uma cisternas cheia de água ou na capacidade de jovens mulheres se mostravam capazes de contribuíam para o rendimento doméstico.
Mas o tópico mais significante destas estórias é o papel desempenhado por estas mulheres. Afinal, estes são contos maioritariamente contados por mulheres á cerca de mulheres. Retratando principalmente a mulher livre e autónoma em relação às mouras que terão sido encantadas por figuras masculinas e que aguardavam a sua libertação. Com certeza, reflete os indícios da emancipação das mulheres aos ideais liberais da época.
Conclusão
A releitura de uma obra literária acontece todas a vezes que alguém lê e interpreta o seu conteúdo. O simples gesto de documentar um tradição oral, capta um momento, mas dificilmente contribui para que este possa ser reativado por uma nova identidade. A questão não se trata apenas de “acrescentar um ponto”, mas de saber descodificar um novo significado no contexto actual. Reduzir as tradições a um momento do passado implica a tal separação entre o mundo natural e cultural que vivemos neste momento de crises. Esta circunstância resulta na alienação da natureza, da paisagem e na negligência dos ecossistemas.
Esta releitura acontece como uma escavação arqueológica, que expõem um camada de estrato muito fina com temas que se relacionam de maneira livre, mas que poderá ajudar a compreender a importância da localidade no contexto actual de mercados globais. Isto é um exercício fundamental que contribui para a criação de novas identidades e novas maneiras de habitar o meio rural. Esperamos que este portal temporal nos leve a um futuro mais completo e harmoniosos.
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I- Ribeiro, Hugo & Tomás, João & Pires, João & Quaresma, Sofia & Soutinho, João & Vila-Viçosa, Carlos. (2022). Old-Growth Quercus faginea in Portugal. 33. 73-94.
II- Oliveira, (1898). As Mouras Encantadas e os Encantamentos no Algarve. Typographia Burocratica, Tavira
III- Brick,J.(2011). Fire, earth, water: an elemental cosmolography of the European Bronze Age. In T. Insoll (ED.), Oxford handbook of the archaeology of ritual and religion (pp. 387-404). Oxford University Press
IV- Gonçalves, V. S., & Sousa, A. C. (2017). Serra e Mar. As Antigas Sociedades Camponesas em Loulé (Algarve). In A. Carvalho, D. Paulo, & R. R. d. Almeida (Eds.), Loulé. Territórios, Memórias, Identidades. Catálogo da Exposição [Museu Nacional de Arqueologia, Lisboa] (pp. 60-196). Lisboa: Museu Nacional de Arqueologia / Museu Municipal de Loulé / Imprensa Nacional.
V- Augé,M, (1995). Non-Places, Introduction to an Anthropology of Supermodernity. Verso. London, New York.
VI-Williams, R. (1980). Ideas of Nature in Culture and materialism: Selected essays. Verso.
VII- Rewilding Europe, (2019). Keystone Species (pp 56) in Annual Review 2018. Rewilding Europe, Nijmegen.
VIII- Owen, A. (2004). The darkened room: Women, power and spiritualism in late Victorian England. University of Chicago Press.
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i-iip · 8 months ago
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(I) 1982 | Francis Robinson :: Mundo Islâmico
Islão : Doutrinação
Lei
Corão: princípios gerais, valores
114 suras: 1ª problemas políticos, legais; 2ª mensagem de Maomé; >autoridade <?> conselhos discretos N.T. cristão;
Hadith: tradições Maomé, auxilio para interpretação
Sharia: [caminho] ordens, proibições
homem-deus; homem-homem; rituais identitários; classificação, 5: obrigatório, meritório, indiferente, repreensivel, proibido:
Qiyas: argumentação por analogia
'A Lei procede e molda a sociedade.'
Yasa: lei dinástica
Adah: lei consuetudinária
Qadi: juíz
👤 Muslim; Bukhari; Ibn Battuta
Ijma: consenso da comunidade
Ijtihad: interpretação individual
Bida: ato de inovação [heresia]
Interpretação
Hanafi, Bagdad: raciocínio pessoal
Maliki, Medina:
Shaffi, : hadiths
Hanbalita, Bagdad: tradição
Crença, Prática
al-illah [Deus]
shahada [testemunho];
jihad [esforço]
Credo: Divino-Profeta-Livro-Julgamento
Oração: rakat [reverência]
Tributo, Esmola: zakat [doação]
Jejum
Peregrinação
Misticismo
[ suf ] Sufismo (=) atitude interior: o crente cumpre obrigações exteriores; suf = lã: roupa simples usada pelos místicos; cultura clandestina fora de fronteiras;
Místico: investigador, viajante, iniciado; processos de auto-abegnação, conhecimento intensificado
I Era: temor a Allah, receio julgamento
II Era: amor
III Era: caminho em direção Allah
Shaikh: xeque, mestre, pir
Qutb: pólo do mundo
Hagiga: sgnificado interior
Sufi <?> Ulama: experiência pessoal vs. ciência islâmica; provocação, perigo: <influência ulama;
👤 Al-Hallaj; Al-Ghazzali; Ibn al-Arab;
Al-Ghazzali_O Que Nos Salva do Erro
Ibn-Al-Arabi_As Revelações de Meca
Mawlana J.D. Rumi_Mathnawi
>1500: >orientalidade: escrita em persa; unidade do ser: xamanitas, hindus, animistas; < sharia; cantares, feitos míticos: andar sobre fogo; ritos, superstições locais;
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Transmissão
Ulamas:
recitação do Corão; hadiths; transmissão, aplicação da sharia
Qadis: funcionários: em função do estado
Muftis: moralistas: comentários
Fatwas: decisões legais
Rijaza: certificação
- Escolas:
Madrasa al-Azhat, Cairo
Madrasa Nizamiya, Bagdad
- Disciplinas
Árabe clássico e demótico: gramática, literatura
Aritmética: medicina, finança
- Manuais:
Burhan al-Din_Hidaya
Baizawi_Comentário Corão
- Método: professor-livro: afirmação fixa, versos, comentário interpretativo;
- Função: domicílio, mesquita, escola, hospitais, orfanatos;
- Crédito: Terrenos, Salário, Doações
Sufis:
Dhirk: matriz, paradigma
Tarigat: lição, ensino
- Método: xeque-discipulos: respiração; canto, dança, música, matriz: ritos e celebração, hospedagem: sessões, refúgio, culto
- Função
Khalifas: místicos dotados
Silsila: matriz, sequência de transmissão
Capelas Funerárias: peregrinação, discussão, hospedagem, oferenda
- Crédito: doações
- Doutrinas
🇦🇫 Qadiriya (hanbalita)
🇮🇳 Chishtya
🇹🇷 Mawlawiya
Qalandars, Bektashis, marabutismo berbere de Abu Hadyan
622-1500 Islamização
Grécia a Malásia: Samatra, Mindanau, Java, Kilwa
610 Maomé, filho comerciante; monte Hira, Arcanjo Gabriel;
622 Cidade Óasis -> Medina: Meca = Profeta, Medina = Admistrativo
633 Maomé: morte = tudo sujeito vontade Deus
643 Arábia, Palestina; 644 Bizantino, Sussanida, Síria, Iraque, Irão O; 656 N: Cáucaso, E: Oxus, Hindu Kush, O: Cineraica; 711 Sind; 712 Tashkert; 751 x > China; 732 França
120 anos: 3 Guerras Civis: 661 Ali < x Uthman; 680 Karbala: Hussein x Yazid; 692-750 Omiadas < x Xiitas;
756 Omiada: Refúgio Espanha
762 Abássidas: Fundação Bagdad
815 Samânidas: recuperação cultura Persa; ciências religiosas; Firdawsi_Sharama;
969 Califados
Xiitas Fatimitas em Mádia, Mançoria, Egipto 909-1071:
Sunitas Omiadas em Córdova 750-1031: regicidio, guerra civil;
Sunitas Abássida em Bagdad 750-1519: otomanos, mongol
1000-1260 Rivalidades
1000-30 Turcos: Gaza, Norte Índia, Ásia<
1100 Fatimitas: Egipto
1100 Berberes: Senegal, Niger
1091 Normandos: Sicília
1147 Cruzadas: Lisboa
1212 Cruzadas: N,Centro Espanha
1221-60 Mongol: Asia Central: Abássida
1260 Escravos Militantes Mamelucos: Cairo, Kipchak
1517 Otomanos:
1500 Escolas Sunitas
Malikita: 🇲🇦 Fez; 🇬🇳 Tombuctu
Shafiita: 🇪🇬 Cairo; 🇸🇾 Damasco; 🇸🇦 Meca, Medina; 🇮🇶 Bagdad; 🇮🇷 Isfahan, Shiraz
Hanafita: 🇹🇷 Istambul; 🇮🇱 Bukhara, Samarcanda; 🇦🇫 Herat; 🇮🇳 Deli; 🇮🇩 Mallaca
1200 - 1600 Anexação
🇲🇦 1511-1654 Saadianos; 1631-1962 Filalis
🇹🇷🇧🇬 1481-1922 Otomanos
🇾🇪 1592-1962 Imanes Zaidi
🇦🇿🇮🇷 1501-1786 Sefévidas
🇳🇪 1526-1947 Mongol
🇺🇦 1478-1783 Khans Girai
🇮🇱 1500-1560 Samarcanda (Shaibanidas)
🇮🇱 1583-1599 Bukhara (Shaibanidas)
🇮🇱 1598-1753 Jânidas
🇮🇱 1515-1873 Khiva
🇮🇩 1575-1749 Sultões Mataram
🇮🇩 1496-1949 Aceh
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clovisfo · 8 months ago
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Califado da Europa: O Retorno? Leia o artigo da Deutsche Welle Brasil.
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zensufiyya · 9 months ago
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✨Breve reflexão sobre Califado, Imamato e Fundamentalismo religioso segundo a visão "Qur'an Alone" e referências do Alcorão e da Bíblia sobre este Mundo (Dunyā)✨
«O Califado ou Imamato é um conceito político fracassado. Os dias do Califado utópico ou do Imamato se foram. Esta é a era da Internet. Esta é a Era da Democracia e do Parlamento. Esta é a Era dos Presidentes e Primeiro Ministro. O conceito político do Califado Sunnita ou Imamato Xiita deram origem ao terrorismo no mundo muçulmano.» ⠀ ⠀ PostScriptum: Infelizmente sou obrigado a ter de concordar em certo ponto com este comentário acima. Visto que o apego ferrenho à realização do sonho de uma "Teocracia" na Terra de seus líderes e Sheikhs tem levado somente ao derramamento de sangue e destruição em nome da religião ao longo dos Séculos. Estou fora dessa loucura! Recolho-me às Escrituras e que Deus que me guie na Senda Reta! Pois a Certeza e Esperança do crente é junto ao Criador!
📜 Mensagem do Alcorão 📜 ⠀
◇ Se lhes é dito: Não causeis corrupção na terra, afirmaram: Ao contrário, somos conciliadores. — Alcorão 2:11
◇ Os homens formavam uma única nação. Depois, divergiram-se entre si. E não fosse por uma única palavra adiantada por teu Senhor, teriam sido destruídos por suas dissenções. — Alcorão 10:19
◇ O gozo desse mundo é limitado; bem melhor é o da vida futura para quem teme a Allāh. — Alcorão 4:77d
◇ Ó meu povo, esta vida terrena nada é senão um gozo efêmero; o Além é que é a morada da estabilidade. — Alcorão 40:39
◇ Que é a vida terrena senão divertimento e passatempo? Bem melhor será a última morada para os que temem a Allāh. Não compreendeis? — Alcorão 6:32
◇ Esta vida terrena não é senão um passatempo e um jogo. A morada eterna, ela é a vida. Se soubessem! — Alcorão 29:64
◇ Sabei que a vida terrena nada é senão um divertimento e um jogo, e adornos e fútil vanglória, e rivalidade entre vós à procura de mais riquezas e filhos. Assemelha-se à vegetação que se segue a uma chuva. Agrada aos descrentes, mas logo depois murcha, e as vês amarelada, e depois fenece. Na outra vida, há um castigo severo ou o perdão de Allāh e Sua benevolência. A vida presente é apenas um gozo enganador. — Alcorão 57:20
◇ Nem vossas riquezas nem vossos filhos poderão vos aproximar de Nós. Só os que crêem e praticam o bem receberão recompensa dobrada pelo que tiverem feito. E habitarão em segurança nos andares superiores. — Alcorão 34:37
◇ Ó vós que credes, não deixeis vossas riquezas e vossos filhos distraírem-vos da recordação de Allāh. Aqueles que o fizerem, serão eles, os derrotados. ◇ E gastai do que vos outorgamos antes que a morte surpreenda qualquer um de vós e ele diga: "Senhor! Concede-me um curto prazo para que possa distribuir esmolas e seja um dos justos." ◇ Quando o termo de cada alma chegar, Allāh não lhe concederá prazo algum. Allāh sabe o que fazeis. — Alcorão 63:9-11
◇ Ó vós que credes, entre vossas esposas e vossos filhos há inimigos para vós. Acautelai-vos contra eles. Mas se absolverdes e perdoardes, Deus é perdoador e clemente. ♢ Vossas posses e vossos filhos são vosso teste e vossa tentação. Allāh possui recompensas grandiosas. ♢ Temei a Allāh tanto quanto puderdes. E escutai. E obedecei. E gastai. Será melhor para vós. Os que vencem a própria avareza, a vitória será deles. — Alcorão 64:14-16 ⠀ ⠀ 📖 Mensagem da Bíblia 📖 ⠀
📖 Se esperamos em Cristo só nesta vida, somos os mais miseráveis de todos os homens. — 1 Coríntios 15:19
📖 Bendito o homem que confia no Senhor e cuja esperança é o Senhor. — Jeremias 17:7
📖 Não ameis o mundo nem o que nele existe. Se alguém ama o mundo, o amor do Pai não está nele. — I João 2:15
📖 Estamos cientes de que somos de Deus e que o mundo inteiro jaz no Maligno. — I João 5:29
📖 Infiéis, não sabeis que a amizade do mundo é inimizade contra Deus? Portanto qualquer que quiser ser amigo do mundo constitui-se inimigo de Deus. — Tiago 4:4
📖 E não vos amoldeis ao sistema deste mundo, mas sede transformados pela renovação das vossas mentes, para que experimenteis qual seja a boa, agradável e perfeita vontade de Deus. — Romanos 12:2
📖 Tende cuidado de vós mesmos, para que jamais vos suceda que o vosso coração fique sobrecarregado com as conseqüências da libertinagem, da embriaguez e das ansiedades desta vida terrena, e para que aquele Dia não se precipite sobre vós, de surpresa, como uma armadilha. — Lucas 21:34
📖 Vigiai para que ninguém se exclua da graça de Deus; que nenhuma raiz de mágoa venenosa brote e vos cause confusão, contaminando muitos; — Hebreus 12:15
📖 Não tomarás o partido da maioria para fazeres o mal, nem deporás, num processo, inclinando-se para a maioria, a fim de distorcer o direito e o juízo. — Êxodo 23:2
📖 Porventura, procuro eu agora o louvor dos homens ou aprovação de Deus? Ou estou tentando ser apenas agradável às pessoas? Se ainda estivesse buscando agradar a homens, não seria servo de Cristo! — Gálatas 1:10
📖 Mas Ele seguiu dizendo-lhes: “Vós sois daqui de baixo; Eu Sou lá de cima. Vós sois deste mundo; Eu deste mundo não sou. — João 8:23
📖 Se fôsseis do mundo, ele vos amaria como se pertencêsseis a ele. Entretanto, não sois propriedade do mundo; mas Eu vos escolhi e vos libertei do mundo; por essa razão, o mundo vos odeia. — João 15:19
📖 Eu lhes tenho transmitido a tua Palavra, e o mundo os odiou, porque eles não pertencem ao mundo, como Eu não sou do mundo. — João 17:14
📖 Não confieis na opressão, nem vos desvaneçais na rapina; se as vossas riquezas aumentam, não ponhais nelas o coração. — Salmos 62:10
📖 Vale mais o pouco que tem o justo do que as riquezas de muitos ímpios. — Salmos 37:16
📖 Inclina o meu coração a teus testemunhos e não à cobiça. — Salmos 119:36-37
📖 Melhor é o pouco com o temor do SENHOR do que um grande tesouro onde há inquietação. — Provérbios 15:16
📖 Quanto melhor é adquirir a sabedoria do que o ouro! E quanto mais excelente, adquirir a prudência do que a prata! — Provérbios 16:16
📖 O que amar o dinheiro nunca se fartará de dinheiro; e quem amar a abundância nunca se fartará da renda; também isso é vaidade. — Eclesiastes 5:10
📖 25. Portanto, vos afirmo: não andeis preocupados com a vossa própria vida, quanto ao que haveis de comer ou beber; nem pelo vosso corpo, quanto ao que haveis de vestir. Não é a vida mais do que o alimento, e o corpo mais do que as roupas? 📖 26. Contemplai as aves do céu: não semeiam, não colhem, nem armazenam em celeiros; contudo, vosso Pai celestial as sustenta. Não tendes vós muito mais valor do que as aves? 📖 27. Ora, qual de vós, por mais ansioso que esteja, pode acrescentar um côvado à sua estatura? 📖 28. E por que andais preocupados quanto ao que vestir? Observai como crescem os lírios do campo. Eles não trabalham nem tecem. 📖 29. Eu, contudo, vos asseguro que nem Salomão, em todo o esplendor de sua glória, vestiu-se como um deles. 📖 30. Pois, se Deus assim veste a erva do campo, que hoje existe e amanhã é lançada no forno, quanto mais a vós, homens de pouca fé? 📖 31. Portanto, não vos preocupeis, dizendo: Que iremos comer? Que iremos beber? Ou ainda: Com que nos vestiremos? 📖 32. (Pois a todas estas coisas os gentios procuram.) Porque vosso Pai celestial sabe que precisais de tudo isso. 📖 33. Mas buscai primeiro o reino de Deus, e a sua justiça, e todas estas coisas vos serão acrescentadas. 📖 34. Portanto, não vos preocupeis com o dia de amanhã, pois o amanhã trará suas próprias preocupações. É suficiente o mal que cada dia traz em si mesmo. — Mateus 6:25-34
📖 5. Humilhai-vos, pois, debaixo da potente mão de Deus, para que a seu tempo vos exalte; 📖 6. Lançando sobre ele toda a vossa ansiedade, porque ele tem cuidado de vós. — I Pedro 5:6-7
📖 Lança o teu cuidado sobre o SENHOR, e ele te susterá; não permitirá jamais que o justo seja abalado. — Salmos 55:22
📖 Em seguida lhes advertiu: “Tende cautela e guardai-vos de toda e qualquer avareza; porquanto a vida de uma pessoa não se constitui do acúmulo de bens que possa conseguir. — Lucas 12:15
📖 16. Não temas quando alguém se enriquece, quando a glória da sua casa aumenta. 📖 17. Pois, quando morrer, nada levará consigo; a sua glória não descerá após ele. 📖 18. Ainda que ele, enquanto vivo, se considera feliz e os homens o louvam quando faz o bem a si mesmo, 📖 19. ele irá ter com a geração de seus pais; eles nunca mais verão a luz. 📖 20. Mas o homem, embora esteja em honra, não permanece; antes é como os animais que perecem. — Salmos 49:16-20
📖 Assim são os ímpios: sempre seguros, acumulando riquezas. — Salmos 73:12
📖 Porquanto, o amor ao dinheiro é a raiz de todos os males; e por causa dessa cobiça, alguns se desviaram da fé e se atormentaram em meio a muitos sofrimentos. — I Timóteo 6:10
📖 Ninguém pode servir a dois senhores; pois odiará um e amará o outro, ou será leal a um e desprezará o outro. Não podeis servir a Deus e a Mâmon. — Mateus 6:24
📖 Nenhum servo pode devotar-se a dois senhores; pois odiará um e amará outro, ou dedicar-se-á a um e desprezará ao outro. Jamais podereis servir a Deus e ao Dinheiro!” — Lucas 16:13
📖 5. Pois os que são segundo a carne inclinam-se para as coisas da carne; mas os que são segundo o Espírito para as coisas do Espírito. 📖 6. Porque a inclinação da carne é morte; mas a inclinação do Espírito é vida e paz. — Romanos 8:5-6
📖 Portanto, irmãos, estamos em dívida, não para com a natureza carnal, para andarmos submissos a ela. — Romanos 8:10
📖 Porquanto, embora vivendo como seres humanos, não lutamos segundo os padrões deste mundo. — II Coríntios 10:3
📖 Com tua mão, SENHOR, livra-me das pessoas mundanas, dos homens maldosos desta terra, cuja recompensa está nesta vida. Enche-lhes o ventre de tudo o que lhes reservaste; fartem-se disso os seus filhos, e o que sobrar fique para suas crianças de colo. — Salmos 17:14
📖 Seus líderes se rebelaram, mancomunados com ladrões; todos eles amam o suborno e estão sempre à busca de presentes e recompensas materiais. Eles jamais defendem os direitos do órfão, e não dedicam a menor atenção à causa da viúva. — Isaías 1:23
📖 São cães devoradores, insaciáveis. São pastores sem compreensão nem entendimento; todos apenas seguem seu próprio caminho natural, cada um busca com avidez vantagens apenas para si. — Isaías 56:11
📖 27. Como uma gaiola repleta de pássaros, assim as suas casas estão cheias de engano e rapina. Por isso tornaram-se poderosos e ricos; 📖 28. estão gordos e sorridentes. Não há limites para suas atitudes malignas. Não se empenham pela causa dos necessitados, dos órfãos, tampouco defendem os direitos dos pobres. — Jeremias 5:27-38
📖 Todos estão com as mãos prontas para praticar o mal. O governo exige suborno e o juiz aceita agrados e presentes; os poderosos impõem o querem sobre a terra. Todos tramam em conjunto! — Miquéias 7:3
📖 Mas os teus olhos e o teu coração não atentam senão para a tua avareza, e para derramar sangue inocente, e para praticar a opressão, e a violência. — Jeremias 22:17
📖 E cobiçam campos, e os arrebatam, e casas, e as tomam; assim fazem violência a um homem e à sua casa, a uma pessoa e à sua herança. — Miquéias 2:2
📖 Tal é a vereda de todo ganancioso; e a ambição pelo lucro ilícito conduz o insensato — Provérbios 1:19
— pensando sobre ‎Fitnah فتنة — O Tempo da Grande Provação no qual impera os engodos da sedução, divisão e ardente opressão que refina o caráter do Homem separando o puro ouro da Virtude da escória dos vícios e paixões‎
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cyprianscafe · 18 days ago
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Poesia wa'azi e waju
O qasida Fulfulde com o título Duniyayel (Este Mundo Miserável), atribuído ao Sheik Usmã dã Fodio, e poemas similares tentam sublinhar a natureza transitória deste mundo e trazer para casa a percepção de que é apenas o além que é real. Os exemplos que Duniyayel levanta são de fato clássicos:
Este mundo miserável é como o corpo da cobra. Tão escorregadio que qualquer um que o pegar ficará de mãos vazias. Este mundo miserável é como uma sombra de nuvem. A nuvem logo desaparecerá e a sombra desaparecerá. Este mundo miserável é como uma miragem. Aqueles determinados a buscá-lo não encontrarão absolutamente nada.
O qasida Hausa de Abdullahi dan Fodio, Mulkin audu, pinta um quadro mais gráfico da natureza fugaz do mundo e do dia da ressurreição:
Ai de nós no dia em que for dito: "E fulano de tal? Hoje ele faleceu." Tudo dele faleceu Todos os herdeiros agora bebem a sopa. Quando chegar o dia da sua morte, Você esquecerá filho e neto. A riqueza que você escondeu não irá resgatá-lo, ouviu? No Dia da Ressurreição haverá convocação; Toda a humanidade nos reuniremos. Não haverá faixa na cintura, nem mesmo uma tanga; não haverá ninguém para rir! O julgamento será dado, a divisão será feita; todo descrente sofrerá tormento.
Yimre Jahima do Sheik Usmã estende ainda mais a discussão sobre o fogo do inferno ao mencionar aqueles que sofrerão o tormento e buscarão refúgio do fogo de Jahima (inferno). Finalmente, a questão do arrependimento (tuba, tubuye) traz a uma conclusão lógica o discurso cíclico da literatura wa’azi. Inna gime (Mãe dos Poemas) do Sheik Usmã é um bom exemplo de um poema de arrependimento, ilustrando de forma bastante vívida sua natureza suplicante.
The Meanings of Timbuktu - Souleymane Bachir Diagne
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ammumtobeg · 1 year ago
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Trailer Série: Califado - YouTube http://dlvr.it/SzXBhN
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momo-de-avis · 7 months ago
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Ana sabes a qual império al andalus pertencia? Sempre tive a noção que fomos parte do império otomano/turco mas ao falar com o meu pai aparentemente não, e a Wikipédia só me confundiu mais 😭
Vários. O Al-Andalus não foi um só império nem reino, chamamos al-Andalus à península ibérica sob domínio muçulmano.
Vou te ser sincera, de cabeça não sei a ordem vou ver à wikipedia (lol) pra me reavivar a memória ou qqer coisa pq eu baralho sempre a ordem
Começou com o Califado Omíada, que se espalhou vindo da península arábica (pensa assim, a invasão começou no que para nós é século VII mas para o Islão aquilo é século I/II, ou seja, são os descendentes de Mohammad que estão a espalhar o islão). Durante o Califado Omíada é um estado autónomo que responde a Damasco, atravessa o estreito de gibraltar sob comando do famoso Tarik e dá-se entao a famosa Batalha de Algeciras onde o Rei Rodrigo vai com o boda e começa uma conquista IMPRESSIONANTE que leva pouquíssimo mais de 50 anos a conquistar TUDO excepto uma linha finíssima nas Astúrias e ali um pedacinho mínimo do País Basco (edit: só um facto interessante: o que os ajudou tanto nesta eficácia foi o facto de terem utilizado estradas romanas para se deslocarem, já que estavam em ótimo estado e permitiam contectar com alguns dos maiores centros urbanos que, não tendo previsto do desembarque e alguns deles nao tendo tempo de se preparar, acima de tudo depois da morte de Rodrigo (já agora, os Visigodos nao tinham monarquia hereditária, tinham monarquia eletiva, o que era uma bagunça do caralho e por isso aquilo nunca se aguentou) não havia consenso nem organização, então foi trigo limpo farinha amparo, pimba ja fostes)
Depois o califado Omíada cai. Aqui é super interessante e tive mesmo de ir reavivar a memória porque já nao me lembrava bem mas essencialmente, em Damasco, a família Omíada sofre um massacre e o único sobrevivente. O massacre é conduzido pelos abássidas que tomam o poder. Abdemarrão (odeio estas deturpações do árabe, vou ver em árabe como é que se diz: Abd ar-Rhaman) foge para a península, chega a Córdoba, toma o poder para si, declara-se Emir e declara o Al-Andalus um estado independente dos Abássidas. Entramos assim no Emirado de Córdoba, que acaba por cair devido à instabilidade política, em parte, segundo percebo, também por causa dos abássidas e deste corte entre um e outro.
Depois disso entras no primeiro período de Taifas. Taifas são reinos independentes com um centro administrativo de poder (exemplo: Lisboa pertencia à taifa de Badajoz, com Badajoz sendo o centro administrativo da sua taifa).
No século XII uma revolta berbere (ou seja, norte de África; de nota: as primeiras invasões, dos Omíadas, eram berberes também. Os berberes são povos nómadas do norte de áfrica que foram convertidos ao Islão ali por volta da altura da invasão da Península) leva à reposição do poder que até então existia no norte de áfrica (eu ACHO que era precisamente os abássidas). Na península Ibérica, aquele que é o grande centro de poder é Toledo e Toledo acontece que é conquistada pelos Cristãos. Estamos nas taifas, então alguns reis mandam mensagem aos almorávidas que estao a conquistar o norte de áfrica e pedem auxílio militar. Os almorávidas prometem esse auxílios mas os reis querem garantia de que mantêm os seus tronos. Esta garantia não é cumprida, e os almorávidas usurpam-lhes o poder (alguns ficando como seus súbditos) e acabam por unificar o seu território sob aquele que é o Período Almorávida.
A instabilidade política do período Almorávida leva ao seu desintegramento e chegamos entao ao segundo período de taifas. É neste período que surgem grande parte das conquistas de Portugal (a de Lisboa e vale do Tejo, por exemplo. A instabilidade política e a falta de unificação das taifas foi uma das coisas que ajudou à conquista de Afonso Henriques).
A partir daqui já sei mais qualquer coisa
O período almoada é o período mais conservador de todos e surge numa tentativa de unificar o território face à progressiva conquista cristã (é nesta fase que o restante território português é conquistado). São os que vão tentar impor uma visão do islão mais purista que trará inclusive conflitos com a população moçárabe (isto é, cristãos a viver no al-andalus) e judaica.
Aqui a unificação é importante porque o território português e as suas fronteiras já estão aceites pelo papa e definidos, já não há confrontos com Aragão, Castela e Galiza sobre isto. Entao temos 4 frentes unidas face à "ameaça muçulmana", o que para o Al-Andalus é um perigo.
Eventualmente, não resiste e os almoadas acabam por cair e entramos no último período de Taifas, que resiste também pouco tempo.
Por fim, o último período é aquele que dura até 1492 com a conquista de Granada por Isabel a Católica, que em português tem um nome muita manhoso ("Nacérida") mas se chama Nasrid, do qual o último emir foi Boabdil e que terminou com o cerco e capitulação de Granada
A ponto algum o império otomano teve alguma coisa a ver com isto. As nossas interacções com o Império Otomano tinham a ver com batalhas no norte de áfrica (alcácer ceguer, arzila, salado) que vinham com o intuito de "travar" a ameaça muçulmana ou conquistar terras aos "infiéis". Tudo isto está integrado no projecto da expansão marítima também. Nao, o imperio otomano nao gostava muito de nós.
Nessa nota, e por curiosidade, abre o google e escreve "Sayyida al-Hurra" e diverte-te ;)
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yishmaelalves · 1 year ago
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A História e os FATOS comprovam que NUNCA EXISTIU UM “Estado Palestino”. Vejamos:
1) Antes do moderno estado de Israel existia o mandato britânico, não um estado palestino.
2) Antes do mandato britânico existia o império otomano, não um estado palestino.
3) Antes do império otomano existia o sultanato mameluco islâmico do Egito, não um estado palestino.
4) Antes do sultanato mameluco islâmico do Egito, havia a dinastia aiúbida, não um estado palestino.
5) Antes da dinastia aiúbida existia o reino cristão de Jerusalém, não um estado palestino.
6) Antes do reino cristão de Jerusalém existia o califado fatímida, não um estado palestino.
7) Antes do califado fatímida existia o império bizantino, não um estado palestino.
8) Antes do império bizantino existia o império romano, não um estado palestino.
9) Antes do império romano existia a dinastia judaica dos hasmoneus, não um estado palestino.
10) Antes da dinastia hasmoneu havia o império selêucida, não um estado palestino.
11) Antes do império selêucida existia o império de Alexandre III da Macedônia, não um estado palestino.
12) Antes do império de Alexandre III da Macedônia havia o império persa, não um estado palestino.
13) Antes do império persa existia o império babilônico, não um estado palestino.
14) Antes do império babilônico existiam os reinos de Israel e da Judéia, não um estado palestino.
15) Antes dos reinos de Israel e da Judéia existia o reino de Israel, não um estado palestino.
16) Antes do reino de Israel existia a teocracia das 12 tribos de Israel, não um estado palestino.
17) Antes da teocracia das 12 tribos de Israel existia o estado individual de Canaã, não um estado palestino.
Na verdade, neste canto da terra havia tudo menos um Estado palestino!
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oraculodosbasbaques · 1 year ago
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Hamas
Facto: Os ataques foram feitos contra jovens desarmados. "Ah mas e as crianças palestinianas bombardeadas? ."
Facto: Os jovens estavam numa festa, desarmados e foram executados, raptados, torturados e violados. "Ha-mas e o apartheid fomentado pelo governo israelita?"
Facto: A Jihad islâmica fomenta o terrorismo em todo mundo, matando civis, muitas vezes também eles muçulmanos. "Ha-mas e os Estados Unidos que nas suas invasões em todo o globo já mataram milhares de inocentes?"
Facto: Estão a morrer famílias inteiras debaixo de escombros em Gaza. "Ha-mas e os terroristas que usam essas pessoas para se esconderem?"
Facto: Não há água nem electricidade. Não é possível fugir da Palestina . "Ha-mas, com estes ataques surpresa aos kibutz, os palestinianos estavam a pedir uma mão pesada e justificada" .
Facto: Os aviões bombardeiam e matam. "Ah, mas são só danos colaterais".
O "ah-mas", o "entãoezismo", ajudam também a propagar o terror e perpetuam os problemas ad eternum, em vez da procura de um compromisso comum.
E o "ah-mas" é milenar : "O Hamas é que trouxe a morte! " . "Ah-mas e o governo Israelita apartheidista apoiado pelo Ocidente? Ah-mas e o Hezbollah e a OLP que tanto terror provocaram? Ah-mas e os judeus europeus e os sionistas que vieram colonizar e exterminar? Ah-mas e os Palestinianos que já lá estavam? Ah - mas e os Ingleses que oprimiam? Ah-mas os Árabes que não eram civilizados? Ah - mas o que estavam lá a fazer os Otomanos imperialistas? Ah-mas e soberba dos Mamelucos? Ah-mas e os Cruzados que vieram impôr a sua religião? Ah-mas e os déspotas do Califado Árabe ? Ah-mas e os Bizantinos que nos vieram roubar tudo? Ah mas e os Romanos que nos vieram impor as suas leis e cultura? Ah mas e os Macabeus a impingirem-nos novos templos? Ah mas e os Seleucidas que não faziam cá falta nenhuma? Ah mas e o Alexandre Grande que tanta mortandade espalhou pelo mundo até então conhecido? Ah mas e os Babilónios que expulsaram os Hebreus? Ah mas os primeiros povos israelitas que arrasaram e conquistaram toda a região? Ah mas e a prepotência dos Assírios? Ah mas e os Egípcios e os seus faraós sanguinários? Ah mas e os Cananeus, esses é que expulsaram povos? Ah mas e os povos primitivos, estavam ali a fazer o quê numa terra que sempre foi dos camelos? .
São " Ah-mas" infinito como vemos no recreio, na boca de crianças em conflito sem tempo e discernimento para procurar compromisso. Estão a morrer pessoas que nunca votaram e não decidiram que cor de pele ter ou que credo professar. Sem "Ha-mas" .
É possível condenar crimes de guerra de um lado e de outro. Sem "Ha-mas".
É possível ser a favor de uma solução de dois estados, sem "Ha-mas". As guerras são guerras, não são operações especiais nem acções de contra-terrorismo. As guerras são guerras e matam, sem " ha-mas". O ah-mas mora no coração do radicalismo e da polarização. Não faz parte de qualquer solução. Existe ah-mas no Hamas. Existe ah-mas no Governo Israelita. Existe ah-mas na Extrema Esquerda mundial. Existe ah-mas na NATO.
Qualquer criança de 7 anos percebe, depois da ajuda de um mediador, que só há paz e reconciliação se não houver "ha-mas". Sim, é uma situação muito complexa e parece ser impossível a solução. Ah, mas nós acreditamos nela.
Gonçalo Fontes
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arkaonlinecontabilidade · 1 year ago
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A História da Palestina: Uma Visão Geral
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A Palestina é uma região do Oriente Médio com uma história rica e complexa que se estende por milênios. Ao longo dos séculos, a região foi palco de inúmeras civilizações, conflitos e transformações. Vamos explorar alguns dos principais marcos da história palestina. Antiguidade A história da Palestina remonta à antiguidade, com os Cananeus sendo um dos primeiros povos a se estabelecerem na região. Posteriormente, a área foi governada por impérios como o Egípcio, Assírio, Babilônico e Persa. Era Romana No século I a.C., a Palestina foi conquistada pelos romanos. Durante esse período, a região viu o surgimento e a disseminação do cristianismo. No entanto, também foi marcada por revoltas judaicas contra o domínio romano, culminando na destruição do Segundo Templo em 70 d.C. Era Islâmica No século VII, a Palestina foi conquistada pelos árabes muçulmanos sob o califado de Omar ibn al-Khattab. A região floresceu sob o domínio islâmico, com cidades como Jerusalém, Hebron e Gaza se tornando centros de aprendizado e cultura. Cruzadas No final do século XI, a Palestina tornou-se o foco das Cruzadas, com cristãos europeus tentando retomar a Terra Santa dos muçulmanos. Após séculos de batalhas, a região voltou ao controle muçulmano sob Saladino no século XII. Império Otomano A Palestina foi incorporada ao Império Otomano no início do século XVI e permaneceu sob seu controle até o final da Primeira Guerra Mundial. Mandato Britânico Após a Primeira Guerra Mundial, a Palestina foi colocada sob mandato britânico. Durante esse período, a imigração judaica para a região aumentou, levando a tensões entre judeus e árabes. Criação de Israel Em 1948, o Estado de Israel foi estabelecido, levando a uma série de conflitos entre Israel e seus vizinhos árabes. A questão palestina tornou-se central nas relações do Oriente Médio. Conflitos e Acordos Nos anos subsequentes, a questão palestina foi marcada por conflitos, intifadas e tentativas de paz. Acordos como os de Oslo na década de 1990 buscaram estabelecer um Estado palestino ao lado de Israel, mas a paz ainda permanece elusiva. Conclusão A história da Palestina é uma tapeçaria rica e multifacetada de culturas, religiões e impérios. A busca por paz e justiça na região continua sendo uma das questões geopolíticas mais prementes do nosso tempo. Leia: A Busca por Satisfação Profissional: A Nova Tendência de Transição de Carreira no Brasil Read the full article
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