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#cabalá
conscienciacoletiva · 2 months
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Se penso ou sinto, ignoro Quem é que pensa ou sente. Sou somente o lugar Onde se sente ou pensa.
Ricardo Reis 13-11-1935 Poemas de Ricardo Reis. Fernando Pessoa. (Edição Crítica de Luiz Fagundes Duarte.) Lisboa: Imprensa Nacional - Casa da Moeda, 1994. - 182.
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psicotaipan · 7 months
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"Todos los dolores que sentimos en nuestra vida son momentos en los que la Neshamá (el Alma o Ser superior) está comunicando su esencia, su naturaleza, al Yo Encarnado, una información que muchas veces nuestra mente (el ego) bloquea."
Mario Sabán
Lamentablemente no escuchamos al Guía Interior y no seguimos el Plan ni el Camino, por más que la vida nos golpee y golpee o nos deje estancados.
Y nuestra existencia se va desarrollando torcida y se resiente de las resistencias de nuestro ego a evolucionar... y así, ni la Alegría ni la Abundancia se manifiestan.
¿Cuanto vas a seguirte resistiendo a la idea de que por ese camino no es?
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0eufphisophique · 2 months
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Teoria: Macumba, Alquimia e Gnosticismo em Final Fantasy 7
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Olá, meus consagrados, nesse post abordarei a macumba em FFVII. Recomendo que saiba da lore do Jogo antes de ler esse post, para compreendê-lo melhor. E sim, apesar de não aparentar, esse jogo e utiliza alguns temas bem interessantes como gnosticismo, Cabalá Luriânica, alquimia, pão de batataa e outras coisas.. Só avisando que haverá spoiler nesse artigo. Dito isso, vamos lá!
JENOVA, THE CALAMITY FROM THE SKY
Jenova, cujo nome se parece muito com Jeová, foi uma Calamidade dos céus que exterminou os Cetras, que viviam no polo norte. Ela é claramente o demiurgo no universo de FFVII. Jenova, aparentemente é um demiurgo meio nerfado, porque um tempo depois, ela é capturada pela Shinra Electronic Power Company numa escavação feita no polo norte ou Knowspole. Assim, Shinra inicia o Jenova project.Mais tarde a empresa Shinra, após a falha do Jenova Project, usa as células de Jenova criar o soldado perfeito, dando inicio ao projeto SOLDIER. Por causa do projeto SOLDIER fica mais evidente que Jenova é o maldito demiurgo, pois aqueles que recebem suas células se tornam extremamente fortes e alguns, de certo modo, se tornam Anjos.
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Quando o SOLDIER Sephiroth foi para uma missão em Nibelheim, ele acaba encontrando o personagem Genesis, que o conta sobre sua suposta origem. Depois disso, Sephiroth foi para Shinra Mansion e ficou lendo  — like a man possessed — os  documentos sobre o Jenova project. Após entender que ele é filho de Jenova e ficar bem biruleibe das ideias, Sephiroth decide se aliar à  Jenova para destruir o planeta Terra, se aliando assim ao demiurgo. Já na Cabala, as Sefirotes representam o demiurgo que é confundido com a figura de Adam Kadmon. Além disso, há os 12 clones de Sephiroth que, contando com o próprio Sephiroth, dá 13, esse é mesmo número que dá quando na árvore sefirótica, contamos as 10 Séfiras junto com  os 3 Ains acima de Kether, ou seja, dá 13.(1)
“Se Sephiroth é o filho de Jenova (que representa Jeová), seria ele então Jesus Cristo XD?” Não, Eu enxergo o Sephiroth mais como anticristo ( uma figura Luciferiana mesmo), já Aerith é uma figura “crística” que no late game, que se sacrifica para o bem de todos.
ALQUIMIA NO LATE GAME
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Bugenhagen states that when someone prays for Holy, if their prayer is answered the White Materia will glow green.
Ainda no late game, quando vemos Sephiroth matar Aerith, ela estava segurando uma esfera verde, isto é, ela segurava a White Materia, já no Remake, a White Materia é uma esfera branca. Mas por que a White Materia tem essas duas cores, especificamente? Ora, é porque o estado de Albedo no processo alquímico geralmente é representado não somente pela cor branca, mas também pela cor verde. O fato da White Materia ter cor branca  no Remake é bom, pois isso explicita mais a MACUMBA em questão. Entretanto, essa pequena mudança do Remake distorce um pouco o sentido original, porque essa cor verde da White Materia simboliza a deusa Vênus e o Reino vegetal. Então, essa cor verde (Viriditas) simboliza as forças da Natureza reagindo, por meio do Holy, contra Sephiroth e Jenova.
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No centro da Terra, um pouco antes do confronto final, vemos Holy atrás de Sephiroth. Nesse momento, Holy já está saindo da fase de Albedo e já passando para a fase Rubedo, a fase final do processo alquímico. Como os heróis viram que o Holy estava quase completo, eles ficaram mais motivados para lutar contra Sephiroth, pois ainda havia esperança “Our last Hope” (2)
MAIS ALQUIMIA 
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Quando encontramos Sephiroth na Cratera do Norte, ele não só se uniu aos fragmentos de Jenova, mas também parece estar envolto em uma massa  esverdeada de Mako. Ou seja, ele já está metade do processo alquímico, isto é, Albedo ou Viriditas. Mas quando Cloud entrega a Black Materia a Sephiroth, além dá-lo a possibilidade de invocar o Meteoro, causa a conclusão do processo alquímico dele. Não vemos Sephiroth realizar nenhum outro processo alquímico posterior.
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Agora, falando como alguém que não entende muito de alquimia, eu nunca vi um processo alquímico acabar no Nigredo. Ademais, o Nigredo é dissolução, e não é associado ao final da Grande Obra - diferente do rubedo -, mas ao início da Grande Obra. Já que, apenas nesse caso, o Nigredo está no final  do processo alquímico, e não no início como é tradicionalmente retratado, sou levado a acreditar que isso é uma inversão de simbolismo.
Então, Sephiroth conseguiu, através de uma inversão satânica do processo alqímico, se tornar  um Deus. Se esse realmente for o caso, então esse Satanismo é bem condizente com o  caráter de Sephiroth, já que ele é, como a maioria dos vilões de anime, praticamente um anticristo.(3)
O CONFLITO DE PANTEÍSMO X GNOSTICISMO
Apesar de ter elementos do gnosticismo, eu não acho que o FVII seja um jogo pró Gnosticismo. Pode-se dizer, pelo menos, que FFVII não é uma obra acósmica. Muito pelo contrário, na minha opinião, o jogo tende a chatice do panteísmo, fora que a Avalanche — o grupo dos mocinhos — é uma organização eco terrorista que tem justamente o objetivo de proteger o planeta Terra, uma entidade vivente. Em suma, o panteísmo e o gnosticismo são visões radicalmente opostas. Enquanto o panteístas por assim dizer identificam a natureza como Deus, os gnósticos veem a natureza como intrinsecamente má, porque foi criada pelo DEMIURGO, e almejam destruí-la. (4)
Mas pra ser sincero, acho que os vilões são os próprios gnósticos, pois vemos que os seguidores de Sephiroth querem realizar a tal "Reunion", ou seja, eles querem anular a própria individualidade em prol de se unir à Jenova, de modo que eles se tornem apenas um. Essa eliminação da  individualidade é umas das ideias mais frequentes e ATERRORIZANTES do gnosticismo, porque nessa crença, você tem que sair da Matrix Demiúrgica para retornar ao pleroma, tornando-se um com Deus(g). Em suma, a lore FFVII consiste, na minha opinião, em uma batalha entre Panteísmo e Gnosticismo acósmico, porque Sephiroth e Jenova querem, através de destruição e da morte indiscriminada, pôr um fim no universo para liberar as centelhas divinas e absorvê-las.(5)
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Além do mais, no Japão, há um conflito entre entre Budismo, uma e religião gnóstica, e o Xintoísmo, uma religião panteísta e indígena originária do Japão. Esse conflito é retratado, por vezes, nos animes e na cultura pop japonesa.
Conclusões
É isso, meus consagrados! Espero ter mostrado que esse videojogo é mais profundo do que parece! Gostaram da teoria? Então, me sigam, vejam meu blog, e que Deus abençoe a todos.
Posta originalmente dia 21 de junho de 2024 no meu blog,
oeufphilosophique.blogspot.com
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chavemistica · 1 year
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Ritual cabalístico para abundância financeira
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A Cabalá, ciência que estuda a espiritualidade revelando, através de palavras e números, os segredos escondidos em cada versículo da Bíblia/Torá,  tem várias vertentes sendo uma delas a Cabalá Mística/Prática.  É, então, através da Cabalá Mística/Prática e seus poderosos rituais cabalísticos, que manipulamos a realidade a fim de alcançarmos o que desejamos para a nossa vida. Assim, o ritual cabalístico que vos quero ensinar hoje é para abundância financeira.   São necessários os seguintes elementos:   . 1 melancia pequena . 7 palitos de madeira . 7 papelinhos escritos, a lápis, com o pedido de abundância financeira . 7 velas azuis (tamanho entre 15 a 25cm)   Modo de executar: Espetar, em cada palito, um papelinho com o pedido escrito devendo, seguidamente, espetá-los a toda a volta da melancia. Acender as 7 velas azuis em volta da melancia durante 7 dias. (as velas deverão ter queimado até ao fim) Ao oitavo dia, atira a melancia ao mar com 7 moedas de 1 cêntimo.   Regresse, à sua vida, com a confiança de que o seu pedido será realizado.   ATENÇÃO: As velas devem arder num local afastado de crianças, dentro de um recipiente que não queime, uma bacia de metal, vidro, loiça, etc., para que não provoque perigo de incêndio.   Taróloga Marilu A Equipa Chave Mística www.chavemistica.com
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yishmaelalves · 2 years
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Marte ha entrado en Aries, su casa.
Aries es el arquetipo de la creación en su forma más primaria.
Es el momento exacto del impulso que se desprende del Alma y se convierte en acción, concreta, material.
En la antigua Roma, donde Marte recibía un culto muy respetable, era la divinidad inicialmente relacionada con la tierra y su fertilidad.
El dios de la vegetación primaveral.
Sólo se convirtió en la deidad guerrera que conocemos y encontramos en el mito griego en un momento posterior, cuando quedó claro que las tierras necesitaban ser defendidas de la devastación que los enemigos podían causar al atacar.
Luego el poder marcial procedente de la fertilización de los campos se orientó hacia la protección de los asentamientos.
Sin embargo, el punto de apoyo sagrado y espiritual más elevado del principio Marte/Aries sigue siendo el principio generador.
El falo en el hombre es la parte física que se remonta al principio de Marte, porque Marte está en Aries, pero también dentro de Escorpio, responsable de las transformaciones mágicas.
El falo es, por tanto, el lugar físico del impulso generativo/reproductivo.
Incluso la cabeza en nuestro cuerpo cae dentro del principio Aries/Marte porque es el lugar del impulso primordial de nuestras acciones.
Todo tiene su origen en el arranque mental de nuestras sinapsis, en la cabeza.
Donde recibimos energía Divina.
¡Cuántos dolores de cabeza en este mundo y cuánto ibuprofeno para intentar constantemente poner una barrera racional a nuestros primeros instintos o pensamientos!
En el árbol de la vida de la Cabalá, Marte está conectado con el quinto sephiroth o emanación divina: Geburah. El Poder de Dios. Y Geburah es parte de la segunda tríada de sephiroth, la que nos lleva desde un plano metafísico/espiritual de expresión divina al de contacto con la dimensión física.
Es como si a través de Marte y su fuerza disruptiva la inmensa grandeza de la energía divina diera un salto cualitativo, cambiara de frecuencia, para emerger en un plano diferente.
El que está más cerca de nosotros.
El de la creación.
De hecho, Marte en astrología se define como un planeta personal, junto con Venus y Mercurio, precisamente porque está cerca de lo que somos, de nuestra vida encarnada.
Es uno de los Ángeles más cercanos a nosotros, es nuestro impulso energético más vivo, nos describe en nuestro ser encarnado y humano todos los días de nuestra vida.
Marte/Aries es Dios que se toma la molestia de traernos al mundo.
Pero estamos hechos a imagen de Dios, ¿verdad?
Entonces Marte no solo nos dice cómo cada uno de nosotros accede a nuestro tanque de ira,
a la fuerza guerrera, a la explosión de energía, que desafía el control y arroja al caos las situaciones de estabilidad añejas.
La ira que es la mecha de importantes detonaciones, que derriban obstáculos y cadenas.
Ese impulsor natural de la libertad, aunque lo primero que haga sea destruir.
Sino también nos habla, sobre todo, de nuestra capacidad de traer al mundo.
Ideas, inspiraciones, proyectos, niños, nuestra individualidad, la ayuda que podemos dar a los demás.
Y cualquier otra cosa que esté en el pensamiento divino para cada uno de ustedes.
Deseo que traigas al mundo todo lo que tu Alma desea y anhela.
Marte destruye, Marte comienza, Marte puede liberarte….
Utiliza sus frecuencias.
(Alquimica Ale Arriagada)
en amor Ángel
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#Repost @britneyspears Resolvi juntar todos num só... 🙃🙃🙃🤔🤔🤔!!! Bem, é interessante para mim não como os clipes uau uau que vemos no Instagram, mas interessantes de uma maneira telepática aleatória de um idioma diferente chamado zero de dizer o nome de alguém !!! Quer dizer, eu esqueci ??? Porque eu estava quebrado e não me importava em compartilhar isso em nenhum nível de substância !!! Então, servir perdoando-me, não servindo a nada, revoga-me para o frio!!! Quero dizer, é "NUTTING HONEY", porra, se eu souber ??? Não sei o que estou dizendo exatamente, mas está meio que saindo da minha língua no momento 😂😂😂 !!! Eu conheço sistemas de crenças que governam países e todos nós queremos algo em que acreditar !!! A fé valoriza as crianças porque elas têm algo em que acreditar !!! A primeira regra na Cabalá é ser um ser de partilha!!! Mas também lê um ser de restrição!!! Então, devo colocar um casaco enorme agora e jogar o segredo dos homens de terno que suportam todos nós !!! Qual é a palavra ??? RESPEITA-ME !!! Ha restringir ou compartilhar ??? Eu outra vez !!! Ha restringir ou compartilhar ??? Mais uma vez foda se eu sei !!! sou menina fico nervosa!!! Eu gosto de compartilhar ok sou um idiota do caralho peço desculpas desde já mas se marcar as revelações de verdade sempre começa na mesa!!! Somos criados para acreditar em nossos pais !!! Eles nos fizeram algo certo ??? Mas e se talvez eu não goste de fazer o que foi feito ou me foi dado à mesa !!! Respeitar e calar a boca ou me respeitar e dizer que isso precisa de mais SAL ??? Isso é rude ??? É maldade discordar de um serviço que meus pais me deram por 13 anos ??? Porque nao !!! É o entendimento que de fato se eu conhecer seus segredos da cozinha!!! Eu poderia inflamar um pensamento !!! Precisa de mais sal e beijar a porra da minha mãe !!! PSSS, o livro está chegando, pessoal, amo vocês 😘 !!!
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shalomhaverimorg · 7 days
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POR QUE ES PELIGROSA LA CABALA?
Durante gran parte de la historia judía, el estudio de la Cabalá, o misticismo judío, estuvo envuelto en secreto, y sus enseñanzas estaban restringidas a los más piadosos y eruditos.
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guarda-textos · 25 days
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Coisas relacionadas à Cabalá
(*Depois que falar da Face Feminina de Deus* - É por isso, caro leitor, que reservamos a seção sobre o Mal apenas depois de expor a Verdade Cristã... - *argumento de Jung em "Resposta á Jó"*)?
Primeiro expor bem o que seriam as Águas, para depois, bem lá na frente, fazer um paralelo com Orígenes
Pesquisar por "Midrash Adam hair forehead eyes nose mouth ears Job" no Google books
"Via della Fede mostrata a'gli Ebrei" de Morosini
Pesquisar por "נפש רוח נשמה בינה תפארת יחידה מלכות רבה" no Google books
Pesquisar por "Anima נפש רוח נשמה" e adicionado á isso, "Spiritum", no Google books
Pesquisar por "חכמה בינה Trinitatis" no Google books
Procurar por Nephesh, Ruach e Neshamah no Pugio Fidei
"Zohar, the book of Splendor", Scholem
https://archive.org/details/zohar-the-book-of-splendor-gershom-scholem-1963/page/n4/mode/1up
Pesquisar por "Mater Dei", "Beata Mater", "Beata Virgine", "Deipara" junto à "Schechina (שכינה)" no Google books
Pesquisar por "Thirteen Middot Trinity" e por "shevirat hakelim צמצום" no Google books
"The cabala, its influence on Judaism and Christianity", de Bernhard Pick
https://archive.org/details/cabalaitsinfluen00pick/page/n6/mode/1up
Pesquisar "Zohar 212a" ou "Vayekhel 212a" + "Suffering Servant" no google books
"Kabbale lourianique"
https://fr.m.wikipedia.org/wiki/Kabbale_lourianique
"Chevirat haKelim"
https://fr.m.wikipedia.org/wiki/Chevirat_haKelim
Pesquisar por Joseph Ibn Tabul
Pesquisar por Baader, Oetinger e "cristãos" (em especial no Jstor) no geral sobre o 'Zimzum"
"Goethe's Kabbalistic Cosmology"
https://www.jstor.org/stable/23981598
"The Role of Lurianic Kabbalah in the Early Philosophy of Emmanuel Levinas"
https://www.jstor.org/stable/26942839
"Lurianic Kabbalah and Its Literary Form: Myth, Fiction, History"
https://www.jstor.org/stable/10.2979/pft.2009.29.3.362
"Review: Traces of Lurianic Kabbalah: Texts and their Histories"
https://www.jstor.org/stable/43298682
"Modern Times I: The Christian Kabbalah"
https://academic.oup.com/book/662/chapter-abstract/135354320?redirectedFrom=fulltext
"Christian Kabbalah", por Peter J Forshaw
https://www.academia.edu/40599158/Christian_Kabbalah
"Reintroducing the Myth of the Fallen Angels into Judaism"
https://www.deliriumsrealm.com/lurianic-kabbalah-demonology/
Pesquisar por "l'antechrist messie le zohar" s por "babylon harlot zohar"
"Schechina et Libellus de Litteris Hebraicis" por François Secret
"Torah and Wisdom, תורה וחכמה, Torah Ve-Hokhmah, Studies in Jewish philosophy, Kabbalah, and Halacha: essays in honor of Arthur Hyman"
https://archive.org/details/torahwisdomtorah0000unse
Filon sobre os Gigantes
https://www.earlychristianwritings.com/yonge/book9.html
"Golden doves with silver dots: semiotics and textuality in rabbinic tradition", José faur
https://archive.org/details/goldendoveswiths0000faur/page/n29/mode/1up?q=Logos+Dabar+Memra+zohar
https://www.hebrew4christians.com/Grammar/Unit_One/Aleph-Bet/Aleph/aleph.html
"Memra" na Enciclopédia Judaica
https://www.jewishencyclopedia.com/articles/10618-memra
"The Holy Logos in the writings of Philo of Alexandria"
https://www.researchgate.net/publication/292250602_The_Holy_Logos_in_the_writings_of_Philo_of_Alexandria
Pesquisar sobre "Adam" e "Adam Kadmon" em "The origins and history of consciousness", de Erich Neumann (lembrando que há também um Volume II)
https://www.betemunah.org/seventy.html
Pesquisar sobre Clemente em Paul Vulliaud
Pesquisar sobre o textinho de Hila Ratzabi sobre gematria
http://www.kabbalah.info/eng/content/view/frame/2863?/eng/content/view/full/2863&main
"List of kabbalists"
https://en.m.wikipedia.org/wiki/List_of_Jewish_Kabbalists
https://dailyzohar.com/daily-zohar-1173-e/
https://dailyzohar.com/glossary/atika-kadisha/
https://www.hebrewcatholic.net/eucharist-jewish-mystical-tradition-part-1/
Procurar pelo "Mevo Shearim" (
מבוא שערים) de Isaac Luria e pelo Sha'ar HaPesukim (שער הפסוקים)
‎https://archive.org/details/wayofkabbalah00bens/page/218/mode/1up
https://kabacademy.eu/pt/content/capitulo-8/
Sobre a literatura "Heikalot" (היכלות)
https://en.m.wikipedia.org/wiki/Hekhalot_literature
Pesquisar pelo "Shnei Luchot HaBerit"
Pesquisar pelo "Sha'ar HaShoel" (
שער השואל) de Azriel de Gerona
https://pt.scribd.com/document/37315650/Bohu-e-Tohu-Vazio-e-sem-Forma
https://en.m.wikipedia.org/wiki/Four_Worlds
https://eyeofheaven.medium.com/the-soul-and-kabbalah-the-patriarchs-and-the-sefirot-in-the-zohar-d57ce5dc11d4
https://nirmenussi.com/tetragrammation-and-sefirot/
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fabioperes · 5 months
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Curso de Cabalá, Lançamento Oficial, dia 07 04 Lançamento Curso de Cabalá! Orientação Espiritual, Tarô, Consultas,Magias e Rituais Fortes! https://ift.tt/o2sxdNr ... via YouTube https://www.youtube.com/watch?v=W0mTGCt6E5I
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cabala-hebraeorum · 6 months
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A Cabalá dos Hebreus
O texto abaixo é uma tradução de um pequeno livro do Célebre (ex) Rabino Convertido ao Catolicismo, David Paul Drach, contendo um resumo de alguns dos conceitos Básicos da Tradição do Sistema de Misticismo Judaico que ficou conhecido como Cabalá, e a Natureza Cristã de seus Mistérios.
"CAPÍTULO 1.
O que os Hebreus ensinam de sua Cabalá e de sua antiguidade; Principais Doutores dessa Ciência Esotérica; A Cabalá, que se transmitia, no início, oralmente, transmitida por escrito nos tempos posteriores; Livros que nos restam dessa redação; Os incrédulos procuram desnaturalizar-lhe o sentido.
§ 1. A Lei escrita e as duas leis orais, uma Legal, outra Mística ou Cabalística.
O termo Cabalá, que em hebraico quer dizer "tradição recebida", קבלה, do verbo קבל ("Kevel" [Receber]), indica, pelo próprio nome, que essa ciência é vista pelos rabinos como um ensinamento tradicional. Ela consiste, segundo esses doutores, em tradições que remontam aos tempos mais antigos; e, em essência, até Moisés, e mesmo até Adão. O legislador do Povo Hebreu – dizem eles – recebeu de Deus não apenas a Lei escrita, mas também a lei oral, isto é, sua interpretação tanto legal ou talmúdica quanto mística ou cabalística. Na verdade, jamais foi permitido aos hebreus explicar a palavra de Deus de outro modo que não de acordo com a tradição ensinada pelos antigos e, em última instância, nos casos duvidosos, senão segundo a decisão do supremo pontífice de cada época. Vede Deuteronômio 17,8.
Essas duas partes da lei oral não se compõem senão de tradições e de deduções lógicas a que deram lugar para determinar-lhe o sentido. É indubitável que nela foi introduzido, por assim dizer, muito dessas tradições apócrifas, ou desnaturadas, pelas quais os fariseus falseavam o sentido da Lei Santa, e que Nosso Senhor condenou nos termos mais severos. Mas aqui é o lugar de recordar a regra que dei em diversos pontos de minhas obras. Ei-la: toda tradição que ostenta o selo da verdadeira Religião, a qual – como tão bem o diz Santo Agostinho – remonta ao berço do gênero humano¹, é indubitavelmente autêntica. Por certo, não são da invenção dos rabinos as tradições que representam, na Divindade, Três Esplendores² Supremos, Distintos e, não obstante, Unidos Inseparavelmente numa Essência única da Unidade mais absoluta: as que estabelecem que o Redentor de Israel devia ser, ao mesmo tempo, verdadeiro Deus e verdadeiro homem;³ as que ensinam que o Messias se oferecera para tomar sobre si a expiação de todos os pecados dos homens;⁴ a que nos ensina que Shiloh, שילה, prometido pelo Patriarca Jacó, é realmente o Messias⁵ – tudo isso que os doutores da Sinagoga moderna negam obstinadamente. Não é um rabino moderno que ousaria atribuir ao Zohar a explicação seguinte, confirmativa da do Evangelho, Mt 21,4-5: O "simples⁶ montado num jumento", predito pelo Profeta Zacarias (9,9), é o Messias Filho de Davi.⁷
§ 2. Principais Doutores da Cabalá; O Zohar.
Aquele que ensinou a Cabalá mais brilhantemente e formou grande número de discípulos ilustres é o famoso Simeon-bar-Yochai, rabino do início do século II da nossa era. O dialeto em que se expressava é exatamente o dos judeus daquela época, o Siro-Jerusalemita, ao qual já se misturavam termos gregos e latinos. Ele ensinava, conforme ele mesmo nos informa, a tradição e a doutrina de mestres mais antigos que ele e atribui grande número, entre elas, ao Profeta Elias, a Moisés, chamado no Zohar de "Pastor fiel", ‎רעיא מהימנא ("Raya Mehemna"), e ao anjo Metatron. Seus discípulos e os discípulos destes se ocuparam, mais tarde, de escrever suas lições e de formar com elas um só corpo, que recebeu o nome de Zohar (זהר) isto é, "Esplendor". Essa redação, evidentemente, que durou vários séculos, pelo menos recebeu, durante grande lapso de tempo, novas adições, uma vez que ali se encontram mencionadas as duas partes do Talmud, a Mishná e a Guemará, muito posteriores,⁸ e se fala, inclusive, do falso profeta Maomé.⁹ Os historiadores judeus asseguram que só chegou até nós uma pequena parte dessa compilação. Rabi Ghedalia, na crônica intitulada שרשרת הקבלה ("Shersheret Ha-Kabbalah"), "Corrente da tradição", fol. Mihi, pág. 23, rosto, edição de Solkwo, escreve: "Fiquei sabendo, por uma tradição oral, que essa composição é de tal forma volumosa que, se fosse encontrada na totalidade, formaria a carga de um camelo".
§ 3. Tratados e livros complementares do Zohar.
O texto do Zohar, conforme o temos hoje, encerra diversos tratados aí inseridos sucessivamente em diferentes épocas. Entre eles, distinguem-se o ספר הבהיר ("Sepher Ha-Bahir"), o "Livro da Claridade". É anterior ao nascimento de R. Simeon bar Yochai, pois é de autoria de R. Nehunya ben Hakanah, que floresceu trinta ou quarenta anos antes da Encarnação do Verbo. Em seguida, foram editados separadamente, para completar a compilação cabalística, 1º O תקוני הזהר ("Tikkunei Ha-Zohar") "Os Complementos do Zohar"; 2º O זהר חדש ("Zohar Chadash"), O "Zohar Novo"; 3º O Zohar do Cântico dos Cânticos, o de Ruth, e das Lamentações. Entre os livros cabalísticos, não podemos deixar de mencionar o ספר יצירה ("Sepher Yetzirah"), o "Livro da Formação", e diversos outros livros antigos, parte dos quais não é mais encontrada ou se oculta em meio aos manuscritos de algumas bibliotecas. O comentário cabalístico do Pentateuco, ילקוט ראובני ("Yalkut Rovni"), fornece resumos de muitos desses livros atualmente perdidos. Inclui-se ainda no número dos principais livros cabalísticos o ספר רזיאל ("Sepher Raziel"), o "Livro de Raziel"; mas este é preferentemente um tratado de teurgia.
§ 4. Regra para citar o Zohar.
Antes de prosseguir, penso que vem a propósito consignar aqui uma regra concernente à maneira de citar o Zohar. Esse livro, em todas as edições, divide-se em três partes mais ou menos iguais. A Primeira, sobre Gênesis; a Segunda, sobre Êxodo; a Terceira, sobre Levítico e os dois livros seguintes do Pentateuco. Distingue-se, em seguida, segundo as diversas edições, em; "Grande Zohar", זהר ה‎ג‎ד‎ו‎ל‎ ("Zohar Ha-Gadol"), e em "Pequeno Zohar", זהר הקטון ("Zohar Ha-Katan"). A edição de Cremona, infólio, serve de modelo ao grande Zohar para a paginação. Ela é marcada pelos números das folhas e das colunas, à razão de duas por página. A edição de Lublin segue-a exatamente. O Pequeno Zohar tem por modelo a edição de Mântua in-4º. Indicam-se tão somente as folhas, pois as páginas não são divididas em colunas. As três reimpressões de Amsterdã in-8º têm a paginação igual à desta última. Assim, a remissão às colunas, que facilita singularmente as pesquisas, se refere sempre ao grande Zohar. A edição de Sultzbach tem à margem a indicação das folhas e das colunas do Grande e do Pequeno Zohar.
§ 5.
(...)
§ 6.
(...)
§ 7.
(...)
§ 8.
(...)
CAPÍTULO 2
IDÉIA VERDADEIRA DA CABALÁ.
SEU USO NA SINAGOGA.
Vou expor o que é, de fato, a cabala judaica e submeto, sem temor, minhas provas à apreciação de todo homem de boa-fé e de bom senso. Será possível ver que, segundo a doutrina fundamental da Cabalá, o Universo é uma criação Ex-Nihilo do poder Infinito de Deus.
Na realidade, toda Ciência deve ter um fim prático. Ora, qual é o da Cabalá?
O Zohar, principal código da Cabalá (2ª parte, col. 362) e depois dele todos os cabalistas respondem que seu fim é ensinar como devemos dirigir nossas intenções rogando a Deus; a qual esplendor e a qual atributo de Deus devemos recorrer principalmente em tal ou tal necessidade; (129) quais anjos podemos invocar para obter sua intercessão em determinadas circunstâncias; por quais meios nos devemos premunir contra a malignidade dos espíritos malfazejos, de que o ar está repleto. É precisamente para indicar com exatidão essas intenções, essas preces e essas fórmulas que o rabino Isaías Horowitz, um dos mais eruditos cabalistas do século XVII, compôs um volumoso comentário cabalístico das orações usuais da sinagoga, sob o título שער השמים ("Shaar Ha-Shamayim"), "A Porta do Céu". A consequência deriva disso naturalmente. A Cabalá fala de um Deus pessoal a quem devemos endereçar nossas preces, enquanto os panteístas se fazem Deus eles mesmos. Dizem com um filósofo coroado do Egito: 'meus Nilos são meus, fui eu que os fiz' (Ez 29,3).
Vi rabinos que, ouvindo pela primeira vez que a Cabalá continha os princípios do ateísmo, ficaram estupefatos. Acontece, muitas vezes, que, atacados de improviso por uma proposição estranha, despropositada, ficamos atônitos. Uma multidão de respostas apresenta-se confusamente, cada qual tão pressurosa de se manifestar primeiro que não sabemos por onde começar. Esses rabinos não podem deixar de exclamar: "Mas isso não é possível! É um contrassenso, uma loucura. Como assim?! Nossos piedosos cabalistas de todos os séculos negando a existência de Deus! כופרים בעיקר ("Kophrim Beyikhar" ["Grande Heresia"])!".
Da difusão da ciência cabalística, os doutores da sinagoga moderna receiam um perigo de natureza totalmente contrária. Vários dentre eles excomungam os que publicam livros da Cabalá. Rabi Yehuda Arieh, conhecido como Leão de Módena, escreve, numa de suas obras intitulada ארי נוהם ("Ari Nohem"), "O Leão Rugidor": "E eu conjeturo que Deus jamais perdoa os que fizeram imprimir semelhantes livros". Na realidade, israelitas, ilustres tanto pela ciência quanto pela posição social, têm abraçado a Fé Católica levados tão somente pela leitura dos livros da Cabalá. Citei diversos deles em minha Harmonie, T. II, páginas XXXII-XXXV. Um discípulo do mesmo rabi Arié, Samuel ben Nahhmias, de rica família judia de Veneza, recebeu o Batismo na cidade natal em 22 de novembro de 1649, sob o nome Giulio Morosini.
Esse Morosini é autor de uma volumosa e erudita obra em italiano intitulada "Caminho da Fé mostrado aos Hebreus", Roma, imprensa da Propaganda, 1683, 2 vols. in 4º.
§ 1. A Emanação da Cabalá, e as Dez Sephiroth ou Esplendores; Os Três Esplendores Supremos
Os fautores do panteísmo imaginaram chamar em seu auxílio a Cabalá porque nela se fala, com frequência, de emanação. Abusando dessa expressão, enganaram grande número de pessoas incapazes de verificar as peças do processo. Pois bem! É precisamente essa doutrina de emanação que dá à Cabalá o caráter eminentemente Cristão que nenhum homem de boa-fé pode recusar reconhecê-lo aí. Nada mais fácil de mostrar.
A Cabalá distingue tudo o que é em quatro mundos, subordinados um ao outro: 1º) O Mundo Atzilútico (Emanativo); 2º) O Mundo Briático (Criativo); 3º) O Mundo Yetzirático (Formativo); 4º) O Mundo Assiático (Factivo, Factivus). Os três últimos, a partir do Mundo Criativo, são, conforme já o faz saber a denominação deste, criações ex-nihilo da Potência Divina e, de modo nenhum, emanações da Essência de Deus. Os textos que acrescento mais adiante são formais a esse respeito.
A Emanação para, portanto, no primeiro Mundo, que é o único incriado; ela aí permanece concentrada. Importa descrever, segundo a Cabalá, esse primeiro mundo. O Mundo Atzilútico compreende Dez Sephiroth (ספירות), isto é, Esplendores. A primeira é a "Coroa Suprema" (כתר עליון ["Kether Elyon"]), também chamada "o Infinito" (אין סוף ["Ayn-Soph"]). Desta emana o segund esplendor, chamado "a Sabedoria" (חכמה ["Chokhmah"]). Ela é Adão Primitivo (אדם קדמון ["Adam Kadmon"]), assim denominado para ser diferençado do primeiro homem. Observamos, de imediato, que São Paulo chama esse esplendor encarnado "Novissimus Adam" (1Cor 15,45).
Dele, com o concurso do esplendor supremo, cuja cooperação é necessária, emana o terceiro esplendor, chamado "a Inteligência" (בינה ["Binah"]).
Tais são, conforme ensinam os cabalistas, os três Esplendores superiores, ou, melhor dizendo, Supremos (עליון‎ ["Elyon"]), os únicos chamados Esplendores Intelectuais (ספירות שכליות ["Sephiroth Shechlyoth"]). Embora distintos, não são senão uma Coroa Única (עטרה אחת ["Atarah Echat"]); são Um, Um Absoluto, Unum Absolutum (יחיד המיוחד ["Yachid Ha-Miyuchad"]). Eis por que são representados por esses três círculos concêntricos;
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e por que se figura Deus "Santo, Santo, Santo" (קדוש קדוש קדוש ["Kadosh, Kadosh, Kadosh" - Is 6,3]) por três Yods dispostos em triângulo equilateral e encerrados num círculo.
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Vede Minha Harmonia, T. I, p. 309.
É preciso ser completamente cego para não se aperceber, ou de todo obstinado para não confessar, que esses três esplendores são as Pessoas da indivisível e Santíssima Trindade na Essência Divina, uma da unidade mais absoluta. A Cabalá enuncia essa verdade em termos idênticos aos da Teologia Católica, (130) como o veremos nos resumos fornecidos por mim mais adiante. Mas trarei aqui um texto interessante. Não o extraio de um cabalista judeu, mas do tratado "De natura Deorum", de Cícero, Livro I, § 21 (nº 28 na edição de Leipzig, in-4º): "Parmênides imaginou algo que tem a figura de uma coroa. Ele chama stephane (στέφανη [Coroa]) a um círculo contínuo, brilhante, de luz, que encerra o céu; é assim que chama Deus". [ 131 ] Não estão aqui os três esplendores supremos que formam uma única Coroa? E, observemo-lo, o primeiro esplendor encerra o todo em seu círculo contínuo sem solução. Cícero, nada compreendendo da sublime lição que o metafísico de Eleia repetia, provavelmente segundo uma tradição, acrescenta com a suficiência muito digna de um filósofo: "Não poderia vir ao pensamento de ninguém que um círculo seja a figura da Divindade nem que tenha sentimento". [ 132 ] Cícero não podia, porém, ignorar que os egípcios e outros povos antigos, famosos pela sabedoria, representavam o Deus supremo, eterno, infinito, por uma serpente enrolada em círculo, com a cauda na garganta; em termos de Cabalá, אין סוף ("Ayn-Soph"), Absque Fine.
Os sete outros esplendores, emanados cada qual de tudo que os precede, são:
O Quarto, a "Grandeza" (גדולה ["Gedulah"]), também chamada "Benignidade" (חסד ["Chesed"]).
O Quinto, a "Força" (גבורה ["Geburah"]), também chamado Rigor, Estrita Justiça (מידת הדין ["Middat Ha-Din"]).
O Sexto, a "Beleza" (תפארת ["Tiphereth"]).
O Sétimo, a "Vitória" ou "Eternidade" (נצח ["Netzach"]).
O Oitavo, a "Glória" (הוד ["Hod"]).
O Nono, o "Fundamento" ou "Base" (יסוד ["Yesod"]).
O Décimo, a "Realeza" (מלכות ["Malkuth"]).
Os sete Esplendores formam uma classe à parte, sob a denominação genérica de "Conhecimento" (דעת ["Daat"]). O "Conhecimento", diz R. Joseph Gikatilia, no Tratado שערי אורה (["Shaarei Orah"] "As Portas da Luz"), é a maneira de ser das representações Divinas que vêm após בינה (["Binah"] o Esplendor Inteligência), sem, todavia, formarem, por si mesmas, um Esplendor, ספירה ("Sephirah"), à parte.
§ 2. Os Sete Esplendores compreendidos sob a denominação "Conhecimento" ou Atributos Divinos.
É evidente, para todo espírito honesto, que, se os Três Primeiros Esplendores, ספירות ("Sephiroth"), são Deus em Três Pessoas na ordem de procissão que nos ensina a Fé Católica, os sete Esplendores que se seguem são, conforme o declaram expressamente os cabalistas, os Atributos de Deus, (133) e, mais exatamente, Deus em seus atributos. Na realidade, eles compreendem todas as perfeições Divinas. Esses Esplendores são também emanações, pois os atributos Divinos são inseparáveis da Divindade e constituem uma unidade perfeita entre eles e em Deus.
Que os dez Esplendores – Sephiroth em hebraico – não são senão o conjunto – se é permitido empregar essa expressão – do Ser Supremo é o que prova ainda o Nome Divino atribuído a cada um deles, a saber:
O Primeiro é chamado אהיה ("Ehyeh") - "Eu Sou Aquele que É" (אהיה אשר אהיה ["Ehyeh Asher Ehyeh"] - Ex 3,14).
O Segundo, יה ([Yah] abreviação do Nome Yahweh).
O Terceiro יהוה‎ (Yahweh), pontuado das vogais do Nome Divino Elohim (...).
O Quarto (...) e, segundo outros, (El); Deus.
O Quinto, (...), Deus.
O Sexto, (...), Yahweh.
O Sétimo, (Yahweh Sabaoth), Javé das Potências.
O Oitavo, (...), Deus das Potências.
O Nono, (El Chai), Deus vivo.
O Décimo, (...), Adonai.
Eu disse que os Atributos Divinos são inerentes a Deus; é o que a Filosofia e a Teologia Cristã ensinam. Eis, em primeiro lugar, como se expressa o corifeu dos teólogos modernos, o R. P. Peronné: "Admitti nequit ulla realis distinctio inter Deum ejusque attributa, sive absoluta sive relativa, neque inter attributa absoluta ipsa. Si enim ejusmodi daretur distinctio, admitti in Deo deberet realis compositio atqui haec compositio in Deum cadere non potest, qui est omnino simplex; excludi igitur a Deo debet omnis realis distrinctio, sive inter Divinitatem ejusque attributa absoluta ac relativa, sive inter attributa absoluta ipsa" - "Praelect. Theol., De Dei Simplicitate", Prop. IV.
E, para que não se diga que essa filosofia de um Religioso se arrasta na trilha da Teologia, citarei a de um filósofo de todo insuspeito de excesso de zelo pelas idéias Cristãs. "Hoc primum tene", diz Bayle, "nihil esse in Deo quod non sit Deus atque adeo attributa divina non esse qualitates seu perfectiones ab Essentia Divina distinctas, nisi secundum nostrum concipiendi modum" - "Systema Totius Philosophiae. Metaphysicae specialis", Cap. III, Art. 3.
Ao Evangelista, não lhe foi preciso mais que uma palavra para exprimir essa verdade, a saber, que os atributos de Deus estão essencialmente em Deus. "Deus é Amor", disse ele (1 João 4,16).
§ 3. Os Sete Espíritos de Apocalipse 1,4.
O discípulo bem-amado, assaz ditoso para repousar a cabeça sobre o Sagrado Coração de Jesus, "reclinado ao peito de Jesus", esgotou, nessa fonte Divina, o conhecimento dos mistérios mais profundos e mais temíveis. Não receio afirmar que vejo os dez esplendores claramente enunciados no célebre versículo de seu Apocalipse 1,4. "Graça e paz da parte Daquele que É, que era e que vem da parte dos sete Espíritos que estão diante do Seu Trono." Não repetirei que esses três tempos do verbo ser, pois "venturus est", (...), equivalem, segundo o hebraico, à "erit", são, se ouso me exprimir assim, a moeda do Nome Divino Yahweh, (...), que, pelos elementos, denota admiravelmente o Mistério da Santíssima Trindade. Comentaristas sérios já demonstraram que o Santo Apóstolo designa, por excelência, por esses três tempos do verbo, as Três Adoráveis Pessoas do Deus um; e eu mesmo desenvolvi prolixamente, em minha obra Harmonia, essa significação do Tetragrammaton. Eis aí, em primeiro lugar, os três Esplendores Supremos.
Mas o que quero, sobretudo, estabelecer aqui é que os Septem Spiritus desse versículo são, na realidade, os sete últimos esplendores, isto é, Deus em Seus Atributos absolutos.
A diversos comentaristas parece inadmissível a opinião dos que tomam esses sete espíritos por Anjos. Pois só Deus, com exclusão de toda criatura, por elevada que seja, inclusive na hierarquia celeste, tem o direito e o poder de conceder esse estado de Graça espiritual chamado "Graça e Paz", tradução verbal do hebraico (...). Esses dois termos bíblicos exprimem, com nitidez, a feliz união da alma com Deus, a Graça, vaso precioso que, ai de nós!, é tão frágil nas mãos dos frágeis humanos.
O capítulo quinto distingue os sete espíritos dos anjos de tal modo que não seria possível os confundir. Vede os versículos 6 e 11. Em nenhum lugar do Apocalipse, veem-se os anjos chamados de espíritos. Essa saudação, Gratia et Pax, São Paulo apraz-se em repeti-la à testa de quase todas as suas Epístolas, (134) tesouro da Teologia Cristã. Ora, o grande Apóstolo, como é de razão, não atribui esse dom celeste senão a Deus: 'Gratia et Pax a Deo Patre nostro et Domino Nostro Jesu Christo'. Deve-se, pois, concluir que em nosso versículo do Apocalipse São João deseja às sete igrejas da Ásia a graça e a paz da alma da parte de tudo o que está em Deus, Suas Hipóstases e Seus Atributos.
A preposição 'et', (...), antes de 'a Septem Spiritus', não distingue esses espíritos do que precede. Grotius, com sua visão tão justa, já observou que há aqui a figura, tão comum entre os hebreus e os gregos, chamada (...) palavra por palavra, uma mesma coisa expressa de duas maneiras.
Ele explica em seu comentário que os sete espíritos são a Providência Divina, que se manifesta em diversas formas, chamada, mais adiante (Cap. 5,6) os Olhos de Deus. "Sete olhos que são os sete Espíritos de Deus, enviados por toda a terra", diz São João. Grotius acrescenta: "Et sic erit (...); optatur enin pax a Deo et septem Spiritibus, id est, a Deo per hos septem modos operante". O Apóstolo do Verbo ("In principio erat Verbum") declara, ao mesmo tempo, em seu Apocalipse, que o Verbo é Deus, e que, consequentemente, os Sete Espíritos lhe são inerentes, bem como o são a Seu Pai. Ele se exprime, nesse sentido, na quinta carta escrita por ordem de N. S. J. C.: "Eis o que diz Aquele que tem os Sete Espíritos de Deus" (Ap 3,1).
Um sábio jesuíta, o Padre Alcazar, autor de volumoso comentário do Apocalipse, (135) reconheceu perfeitamente que esses Sete Espíritos nada mais são, mesmo no sentido literal, que os Atributos Divinos Absolutos. Eis aqui como Cornelius A. Lapide resume sua exposição: "Alcaçar per hosce septem spiritus accepit septem Dei virtutes, sive attributa in quibus consistit integra Providentiae perfectio. Porro haec dotes sunt in Deo, suntque reipsa ipse Deus: unde ab iis pacem et gratiam suis precatur Johannes. Haec ergo virtutes in Deo sunt immensae, nec ullum habent finem, nec limitem; ideoque vocantur Spiritus cum angelos Johannes in Apocalypsi angelos vocet, non Spiritus".
"Commentaria in Apocalypsin S. Iohannis Apostoli: Auctore Cornelio Cornelii A Lapide e Societate Iesu, olim in lovaniensi, post verò in Romano Collegio Sacrarum Litterarum Professore.", Antuerpiæ apud Iacobum Meursium, 1662, página 20.
§ 4. As Sete Luzes Resplandescentes no Apocalipse 4,5 e os Sete Olhos de Yahweh em Zacarias 4,10.
Agora, o texto do Cap. 4, versículo 5, torna incontestável que os Sete Espíritos são precisamente os sete últimos Esplendores dos cabalistas. É dito aí, positivamente, que os Sete Espíritos são luzes resplandecentes e ressonantes dos focos que resplendem diante do Trono Celeste. "Do Trono saíam Relâmpagos, Vozes e Trovões. Diante do Trono ardiam Sete Tochas de fogo, que são os sete Espíritos de Deus.". Todo esse versículo trata de uma única e mesma coisa, como foi dito anteriormente.
Essas luzes, atributos, modos, da Providência de Deus são chamadas em Zacarias 4,10, os Sete Olhos de Yahweh, que passeiam por toda a terra.
"Estes Sete ­Olhos são os Olhos do Senhor (no Hebraico Yahweh, do Deus Trino), que discorrem por toda a terra.". O Apóstolo São João, por sua vez, declara que esses olhos são os Espíritos de Deus. "Tinha Ele (O Cordeiro Imolado) Sete Chifres e Sete Olhos que são os sete Espíritos de Deus, enviados por toda a Terra" (Ap 5,6). Os Cabalistas não deixam de dizer, segundo o texto citado de Zacarias, que os sete esplendores eram representados pelas sete luminárias do Candelabro de Ouro do Templo; que essas luminárias representavam, do mesmo modo, os sete planetas, pela influência dos quais, segundo a crença dos rabinos, a Divina Providência se manifesta nesse mundo inferior (...). Enfim, o que acaba de confirmar que é esse o sentido dos Sete Espíritos de São João é o fato de o Apóstolo, no capítulo 5 do Apocalipse, depois de os ter atribuído ao Cordeiro, para nos repetir o "Deus erat Verbum" de seu Evangelho, fazer do versículo 12 a precisa enumeração dos sete esplendores: 1. Virtus; 2. Divinitas; 3. Sapientia; 4. Fortitudo; 5. Honor; 6. Gloria; 7. Benedictio.
Vê-se pelo que precede que comentadores de grande autoridade quase acertaram no alvo, pois que reconheceram nesses espíritos os Atributos Divinos. Eichhorn, que, no século XVIII, se tornou ilustre pelos grandes trabalhos sobre a Bíblia, transpôs o último obstáculo em sua "Introduction au N. T." No Tomo I., p. 347, ele não hesita em declarar que os sete espíritos do Apocalipse pertencem ao sistema sefirótico (isto é, das Sephiroth, esplendores) da Cabalá. "Cabbalistisch sind", diz ele, "die sieben Geister Gottes."
Tal é, pois, o Mundo Atzilútico dos cabalistas, o único mundo incriado, isto é, Deus com Seus Atributos relativos (na qualidade de Três Pessoas) e Seus Atributos Absolutos (Suas Perfeições, na qualidade de Deus Uno). Essas primeiras Dez Sephiroth são, por conseguinte, um todo indivisível. "Mistério dos mistérios do Ancião dos Dias", diz o Zohar, "que não foi sequer confiado aos anjos das alturas." (Zohar, 3ª Parte, Col. 243). É o "Deus jamais visto", de São João (1,18). Nem sequer aos Anjos, dizem os Padres da Igreja; pois que se trata aqui do que os teólogos chamam a visão compreensiva.
§ 5. A Árvore Cabalística e Nolito Tangere.
A figura mais comum sob a qual são representadas as dez Sephiroth é esta aqui, conhecida como Árvore Cabalística.
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Os mundos diversos, as hierarquias de anjos, tanto bons quanto maus, esses chamados "Cascas" (Kelipot), são igualmente diferençados em dez Sephiroth.
Cada Sephirah, por seu turno, tem também suas dez Sephiroth. Disso resulta um número ilimitado de árvores cabalísticas. É o que se chama "O Pomar" - פרדס (Pardes). Eis a razão por que os cabalistas ensinam que aquele que se afoita a tirar desse sistema doutrinas errôneas "destrói as plantas", (...); e que pretender perscrutar esses sublimes mistérios é introduzir-se no Pomar (...)
O Talmud, tratado Ilhaghiga fol. 14 verso, nomeia quatro indivíduos que ousaram se introduzir no pomar. O primeiro foi vítima de morte súbita; o segundo, de alienação mental; o terceiro destruiu as plantas e, apesar da grande erudição em matéria da santa doutrina, tornou-se ímpio e morreu impenitente; o quarto retirou-se a tempo e não sofreu nenhum acidente.
Coloco aqui, de boa vontade, essas palavras do admirável livro da "Imitação (de Cristo)" : "Si non intelligis, nec capis, quae infra te sunt, quomodo comprehendes quae supra te sunt?".
Os rabinos cabalistas da Idade Média não recuavam diante desses exemplos de castigo. Acontecia-lhes agitar questões tão curiosas quanto perigosas.
Eles perguntam entre outras coisas: Pois que Deus preenche todo espaço, em que lugar a Coroa suprema, causa das causas, pôde fazer emanar de si outra Sephirah, a primeira, por exemplo? É como se se perguntasse: que lugar a Imensidade, a Ubiquidade do Pai pôde dar ao Verbo engendrado?
Eles respondem que o Infinito operou sobre si mesmo uma espécie de contração - צמצום ("Tzimtzum"); retirou-Se em Si mesmo, sem que, não obstante, fosse o espaço privado de Sua Luz. Há que convir que é o mesmo que se introduzir no pomar da maneira mais temerária, e que, agitando semelhantes questões, se está bastante perto de destruir as Plantas. De resto, esses cabalistas eram muitíssimo rabinos para compreender que na Essência Divina Atzilútica a existência da Causa das causas e a geração ou procissão das causas, Causatorum, são coeternas, sem começo nem fim: "Nihil Prius aut Posterius".
"Gloria Sanctissimae et Individuae Trinitati, Patri et Filio et Spiritui Sancto; sicut erat in principio et nunc et semper, et in saecula saeculorum. Amen."
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CAPÍTULO TRÊS.
§ 6. Resumo dos Livros Cabalísticos.
Advertência ao leitor.
Não extraio esses resumos senão dos livros que desfrutam de autoridade incontestada. Poderia multiplicar seu número a ponto de formar com eles um alentado volume; todavia, esses, aos quais me limito, são suficientes para provar meu tema. Os textos dos cabalistas da Idade Média encerram, por vezes, obscuridades que nem sempre pude remediar em minha tradução, que desejei de escrupulosa exatidão. Entretanto, em certos lugares, permiti-me acrescentar uma ou duas palavras para esclarecimento do sentido. Os mesmos rabinos enunciam-se também, aqui e ali, de maneira a parecer dissonantes aos Teólogos Católicos: é necessário recordar que, se o fundo pertence à tradição verbal, o estilo pertence aos rabinos que o escreveram.
O primeiro Tomo de minha Harmonia contém grande número de textos relacionados ao nosso assunto. Como essa obra está, graças a Deus, bastante difundida, contento-me de remeter o leitor a ela.
I. Zohar, 3ª parte, coluna 307: "Há dois aos quais se une um, e eles são três; e sendo três não são senão um. Esses dois são os dois Yahweh do versículo 'Shemá Israel! Yahweh Eloheinu Yahweh Echad' (Dt 6,4). O Eloheinu ("Nosso Deus") aqui está unido. E está aí o sinal do cunho de Deus: VERDADE. E, estando unidos juntos, eles são um na unidade única."
É o uníssimo de São Bernardo.
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II. O mesmo, 2ª parte, col. 236, sobre o texto de Deuteronômio citado: “Yahweh, Elohenu, Yahweh Echad (é Um/Único). De uma unidade única, de uma vontade única, sem nenhuma divisão”
III. O mesmo, 2ª parte, col. 286, sobre o Yahweh texto de Deuteronômio: “O primeiro Yahweh é o Ponto Supremo, o princípio de todas as coisas; Eloheinu, o Mistério do Advento do Messias; O terceiro Yahweh une o que está à direita e o que está à esquerda num único conjunto”.
IV. O mesmo, 3ª parte, col. 116: “Vem e considera o mistério deste Nome de Yahweh. Há três graus, e cada um deles é distinto, e, no entanto, é um conjunto único, entrelaçado na unidade, graus inseparáveis um do outro”.
A Cabalá emprega, com frequência, a expressão graus para Hipóstases da nossa Teologia. Ela se encontra igualmente nos Padres da Igreja. Tertuliano, por exemplo, escreve: “Tres autem, non statu sed gradu; quia unus Deus, ex quo et gradus isti, et formae et species, in nomine Patris et Filii et Spiritus Sancti.” Adv. Praxeam, cap. II.
V. O mesmo, 3ª parte, col. 131. “Os caminhos ocultos, as luzes insondáveis, as dez palavras saem todas do ponto inferior que está sob o Aleph (א). As Sephiroth emanam da livre vontade de Deus. As Sephiroth não são criaturas, absit!, mas noções e raios do Infinito, consequentemente, eternas como o próprio Infinito.”
É quase supérfluo fazer observar que caminhos, luzes, palavras, aqui e algures na Cabalá, são a mesma coisa que Sephiroth. A letra aleph é especialmente o símbolo do Infinito. O Zohar repete-o com frequência.
VI. O mesmo, 3ª parte, col. 302. “O Santo, Bendito Seja!, possui três mundos onde se mantém oculto. O primeiro é o Mundo Supremo (o Atzilútico), o mais misterioso, que não poderia nem ser visto nem conhecido senão por aquele mesmo que ali se mantém oculto. O segundo é o que se liga ao mundo supremo (o Briático). O terceiro é o que se encontra embaixo dos dois primeiros, e deles separado por determinada distância. E esse é o mundo em que ficam os anjos nas alturas (o Yetzirático).”
Um pouco mais adiante, o Zohar, tratando do quarto mundo (o Assiático), diz: “E vem e considera que, se o homem não houvesse pecado, não teria experimentado a morte nesse mundo inferior no momento de elevar-se aos outros mundos (superiores); mas, por ter pecado, é necessário que prove a morte antes de se elevar até esses mundos. O espírito destaca-se do corpo, que permanece nesse mundo inferior; e o espírito, em seguida, é purificado segundo sua culpabilidade. Feito isso, ele se eleva ao paraíso terrestre. Aí é envolvido noutras vestes, estas luminosas, mas na forma e na imagem inteiramente semelhantes às que ele tinha aqui neste mundo”. [ 136 ]
Vê-se alguma coisa que se assemelha ao Purgatório. Na 3ª parte, col. 557, o Zohar ensina a eternidade das penas sofridas pelos ímpios mortos na impenitência. Diz assim: “Os que baixam no horror não louvarão a Deus (S. CXV, 2); pois os que baixam no horror permanecerão para sempre no inferno, ..." Lit., in gehenna permanebunt.
VII. O "Tikkunei Ha-Zohar": "O artesão admirável e oculto, que é não, não ser, אין ("Ayn"), compreende em si as Três Sephiroth (Supremas). O א (desse nome) é Kether; o י, Chokhmah; o נ, Binah."
"דהא תלת אומנין הוו עד הכא, יומא קדמאה ויומא תניינא ויומא תליתאה, כל חד אפיק אומנותיה, יומא קדמאה אמר ליה ההוא אמון מופלא ומכוסה דאיהו אי"ן, כליל תלת ספירן א' כתר י' חכמה ן' בינה"
O cabalista rabbi Shabtai (Horowitz) desenvolve essas palavras, como segue: "Pelas explicações dadas por nós nos capítulos precedentes, pode-se formar uma ideia do mistério ensinado pelos mestres da Cabalá, a saber: que as Três Primeiras (Sephiroth) são consideradas como apenas uma. E poder-se-ia perguntar: Por que, dizem eles, são consideradas uma só, e não são uma só absolutamente, uma vez que todas as Sephiroth, em conjunto, não são senão uma única unidade? Resposta: Porque as três primeiras, a Coroa, a Sabedoria e a Inteligência, são três cabeças, e, embora se manifestem num só ponto, único, simples, não quiseram ser confundidas, pois cada uma dessas cabeças é diferente das duas outras. O que está nas Sete (últimas) Sephiroth se encontra nas Três Cabeças (as Três Primeiras Sephiroth), e o que está nas três cabeças se encontra na unidade do ponto, e o que está na unidade do ponto se encontra no Infinito, louvado seja Ele!; de maneira que não há nenhuma diferença entre as Sephiroth."
VIII. Aqui, o rabino, a exemplo do Zohar - 1ª parte, col. 27: 3ª parte, col. 376 e alibi pluries - compara o mistério das Sephiroth às partes integrantes de uma Árvore, que, no todo, não é senão um Indivíduo Único. E assim continua: "A mesma coisa com o sujeito a que nos estamos referindo. A Coroa, mistério do Ponto, é a raiz oculta; as três cabeças são o tronco: estão unidas ao ponto, que é sua raiz. As Sete outras Sephiroth, que são os ramos, estão unidas ao tronco, que são as Três Cabeças; e todos juntos estão unidos no ponto, que é a raiz. Eis por que todos juntos, o ponto e as três cabeças e as sete Sephiroth, são chamados Unidade Absoluta, Unidade Única, ...
É também por esse motivo que os Doutores da Cabalá representaram as dez Sephiroth por uma árvore, porque elas semelham uma árvore, conforme o explicamos e ainda explicaremos. E, se alguém separasse as Sephiroth umas das outras, quod absit!, e as cortasse, quod absit!, e os mesmos Doutores pronunciaram que esse homem destruiria as plantas; pois seria como alguém que dividisse nossa árvore em pedaços, ou a arrancasse do lugar de sua raiz, lugar de onde ela extrai toda sua seiva."
IX. Tikkunei Ha-Zohar, fol. 17 rosto da edição de Livorno, com o comentário que acompanha o mesmo texto no Sepher Yetzirah.
O que faço gravar em letras destacadas faz parte do discurso atribuído ao Profeta; o restante pertence aos comentários.
"Discurso do Profeta Elias: 'És Tu Ó Senhor do Mundo, que produziste as Dez Perfeições'. Isto é, o Infinito, louvado seja ele!, fez emanar, extraindo-as da própria Essência, as dez Perfeições, que são as dez Sephiroth, instrumentos de suas perfeições para a perfeição dos mundos. Pois por meio delas Ele cria, forma e faz tudo o que criou. O Mundo Briático (Criativo) forma o Mundo Yetzirático (Formativo), e faz o mundo Assiático (Factivo). Isso quer dizer que essas dez Sephiroth estão no Infinito, louvado seja Ele!, como um instrumento na mão do artesão, para completar, em se servindo dele, todas as suas obras.
E nós as chamamos Sephiroth. Isto é, essas Perfeições que Ele emanou, louvado seja!, produzidas da própria Essência, nós as chamamos Sephiroth. A intenção de Elias, de abençoada memória, é fazer-nos compreender perfeitamente que não nos devemos enganar a tal respeito, absit! e absit!, pensando e dizendo que as dez perfeições estejam separadas dele, absit!, como o instrumento está separado do artesão. Quando o artesão precisa trabalhar, pega desse instrumento e, ao terminar seu trabalho, põe-no e deixa-o no lugar em que o guarda, a fim de aí o retomar quando dele precisar de novo; pois a ferramenta não está inseparavelmente unida à mão do artesão numa união contínua, numa união eterna. Tu poderias, pois, cair no erro de pensar o mesmo em relação às Sephiroth, assimilando-as completamente a ferramentas que se guardam à vontade, e dizer que elas são algo à parte do Infinito, louvado seja!, absit! e absit! Eis por que Elias, de abençoada memória, nos adverte que isso não é, de modo algum, assim.
Na verdade, as Dez Perfeições de que tratamos são por nós chamadas Sephiroth, termo que em hebraico quer dizer 'luzes que brilham'. Brilham da própria Essência do Infinito, louvado seja Ele! Nele se conservam e Dele são inerentes, como o fogo da brasa ardente. Esse fogo está na brasa, e não poderia subsistir sem ela. Ocorre o mesmo com as Sephiroth; elas são as chamas sagradas, luzes que sua fornalha oculta faz brilhar, tesouros santos da Essência do Infinito, louvado seja! São todas atadas, inerentes, ligadas, unidas ao Infinito, louvado seja!, por uma união, por uma conexão, por uma ligação incessante, eterna; e também estão unidas entre elas, inseparáveis por toda a eternidade. Ele (Elias) chama-as Sephiroth, o que quer dizer luzes, esplendores. A raiz ספיר (Saphir) desse nome significa iluminar, brilhar de um resplendor de luz, como o revela o texto sagrado no Êxodo 24,10, e em Jó 4,7. É o que Elias nos faz entender por estas palavras: 'para revelar por elas os mundos ocultos que não aparecem e os mundos que aparecem'. O sentido é: para iluminar pelas próprias Sephiroth, e por meio delas, digo, os mundos escondidos e ocultos, que são:
1º) Os mundos da Briah (2º mundo), denominados o Trono de Sua Glória, em número de dez Tronos, dez mundos Briáticos. Sua quididade e seu modo de ser estão acima da nossa compreensão, como o desenvolverei na seção do mistério dos quatro mundos Atziluth (אצילות), Briah (בריאה), Yetzirah (יצירה) e Assiyah (עשיה).
2º) Os mundos da Yetzirah (3º mundo), que formam dez mundos de Anjos. São também mundos ocultos, escondidos ao olho material.
Ora, esses dois mundos, de Briah e de Yetzirah, chamam-se mundos que não aparecem. Estes, por sua vez, servem para iluminar e criar, não apenas por seu intermédio, mas também pela própria substância, os mundos visíveis, perceptíveis aos sentidos e compreensíveis à inteligência dos seres materiais de que se compõem os mundos de Assiyah (4º mundo); pois o Assiah também compreende dez mundos, dez esferas, que são dez céus. E nossos Doutores ensinam que esses dez céus se distanciam uns dos outros pelo espaço de quinhentos anos de marcha; (137) cada um deles faz um mundo à parte e envolve toda a obra dos seis dias da criação, isto é, as esferas e tudo quanto encerram até o fundo da terra, as estrelas, os planetas, as cascas, as potências da impureza, o demônio dos maus pensamentos.(138) Eis aqui o que se chama os mundos visíveis.
Mas retornemos às palavras de Elias. 'E por elas (as Sephiroth) Tu te ocultas aos filhos dos homens'. Isso quer dizer, como o Infinito, louvado seja Ele!, fez todas as Ações pela mediação de Suas Sephiroth, louvadas sejam elas!, e, de certo modo, se encobrindo na Ação, a qual somente se revela pelas Suas Sephiroth, louvadas sejam!, e não por si mesmo, Ele Se acoberta e Se oculta atrás delas, do mesmo modo que um homem que se oculta à vista, cobrindo toda sua pessoa com uma vestimenta, de maneira que apenas sua vestimenta é visível. Deus só se dá a conhecer pelos Seus Atos, e estes são operados pelas Suas Sephiroth, que são a Sua vestimenta.
Ele diz a seguir: 'E és Tu que os unes e os prendes juntamente'. Isso quer dizer que somente as Sephiroth se manifestam atuando sobre todos os mundos, porém sua ação não é independente do Infinito. Mas não se deve imaginar e dizer que as Sephiroth agem sozinhas e que o Infinito permanece estranho ao que elas fazem. Isso seria uma impiedade, pois elas só agem em virtude de sua todo-poderosa influência, que as ata e as une numa unidade perfeita, absoluta. Elas se conservam nele como o fogo se mantém na brasa. Portanto, Ele é a fonte e o impulso de toda a atividade delas.
'E porque Tu és nelas o núcleo e a lareira, quem quer que separasse essas dez Sephiroth, uma da outra, seria culpado, como se Te dilacerasse e Te despedaçasse, ó Senhor do Mundo!'. Isso significa: pois que o Infinito está no interior das chamas de que brilham as Sephiroth, pois que elas fulguram apenas em razão da grande resplandecência que não tem limites, e porque Ele próprio se reveste da força das luzes que Ele mesmo emana para operar através delas todas as Suas Ações, e, sendo isso assim, quem quer que as separasse umas das outras dizendo: a potência de Luz que está em tal Sephirah não está em tal outra Sephirah, que possui potência de Luz diferente – que isso dissesse, dividindo, separando e disjuntando as Sephiroth, cometeria o pecado enorme de cortar, dividir, cindir a Essência Única do Infinito, louvado seja! Pois Ele é a mais simples Unidade, e as Sephiroth são emanadas dessa Unidade Simples. Isso seria a cova, a perdição, a morte e o fogo do inferno do mais profundo abismo para aquele que ousasse se tornar culpado disso."
X. O Sistema Cabalístico do Sepher Yetzirah, que os rabinos atribuem ao Patriarca Abraão, está baseado totalmente no Dogma da Divina Trindade.
Distingue em Deus Três Esplendores, Sephiroth, que se confundem no Esplendor supremo e constituem conjuntamente uma única essência, a saber:
O Infinito, chamado de outro modo a Coroa Suprema.
A Sabedoria.
A Inteligência.
Nos livros dos cabalistas, esses Três Esplendores Supremos são chamados, igualmente, os Três Caminhos, os Três Graus, os Três Ramos Superiores (da Árvore Cabalística), as Três Colunas.
[O que está em letras destacadas pertence ao texto do Sepher Yetzirah.]
"O Primeiro Caminho chama-se Inteligência Impenetrável, Coroa Suprema. Ela é a Luz Primordial, Intelectual; a Glória Primeira, Incompreensível para todos os homens criados."
Comentário de R. Abraham-ben-David, comumente chamado Raabad:
"O mistério desse Caminho é indicado pela letra Aleph, א‎. As letras de que se compõe o nome desse caractere (o nome "Aleph" [אלף‎]); א, ל, פ, formam, igualmente, a palavra פלא ("Pele"), que significa 'Admirável'. Essa denominação convém ao Primeiro Caminho, porque está escrito: 'e Ele se chama: Conselheiro Admirável (פֶּ֠לֶא יֹועֵץ֙), Deus forte' (Is 9,5)."
Essa passagem de Raabad é importante. Ele reconhece que o capítulo IX de Isaías deve se referir ao Messias, e que o Messias é realmente Deus, Deus feito homem. "Porque um Menino nos nasceu, um Filho nos foi dado; a Soberania repousa sobre Seus ombros, e Ele se chama: Conselheiro Admirável".
"O Segundo Caminho é a Inteligência Iluminadora. É a Coroa da Criação, o Esplendor da Unidade. Está acima de todas as coisas. Os Mestres da Tradição O qualificam 'Glória Segunda'."
Outro rabino, quero dizer, rabino Saul (i.e. São Paulo) falando desse segundo caminho, exprime-se em termos análogos: "Ultimamente nos falou por seu Filho, que constituiu herdeiro universal, pelo qual criou todas as coisas. Esplendor da Glória (de Deus) e Imagem do Seu Ser (...) está sentado à Direita da Majestade no mais Alto dos Céus" (Hb 1,2-3)
"O Terceiro Caminho chama-se Inteligência Santa. É o Fundamento da Sabedoria Primordial chamada Fé fiel inabalável. Amém é a raiz da qualidade dessa Fé. Esse Caminho é a Mãe (139) da Fé, pois a Fé emana da Virtude, isto é, da Força que está Nela."
Nossa Santa Mãe Igreja nos ensina que a Fé é um dos frutos do Terceiro Caminho de Deus, do Espírito Santo.
Viu-se anteriormente que o termo grau não pertence exclusivamente aos rabinos cabalistas. O termo cabalístico Caminho remonta à alta Antiguidade. É perfeitamente Cristão, e eu me prosterno diante do meu Divino Redentor quando Ele se dá a conhecer como sendo Ele próprio O Caminho. Perguntando-lhe São Tomé: "Senhor, não sabemos para onde vais. Como podemos conhecer o Caminho?", Ele respondeu: "Eu sou o caminho" (Jo 14,5). Seis séculos antes, Isaías, o Profeta Evangélico, no capítulo 35, em que prediz o Advento do Messias, anunciou que então haverá na Terra o Caminho Santo: "E haverá uma vereda pura, que se chamará o Caminho Santo" (Is 35,8).
XI. Moisés Nachmênides, comentário sobre o primeiro versículo do Gênesis:
"A doutrina de nossos mestres é que a palavra Bereshit, בראשית (que significa "No Princípio"), indica que o Universo foi criado por intermédio das dez Sephiroth. E ela (essa palavra) designa especialmente a Sephirah chamada Sabedoria ([Chokhmah] a Segunda Pessoa da suprema Trindade). Esta é o fundamento de todo o assunto do nosso texto, pois está escrito: 'Foi pela Sabedoria que o Senhor criou a Terra' (Pr 3,19). A palavra Bereshit designa a Sabedoria. Esta, na verdade, é a segunda na ordem das Sephiroth, mas a primeira que se manifestou. (140) Ela é, com efeito, o Princípio dos princípios. Eis por que os Targumim de Jônatas e o Jerusalemita traduzem em caldeu: 'pela Sabedoria o Senhor criou' (...)." (141)
XII. Comentário do mesmo Moisés Nachmênides sobre o começo do Gênesis, desenvolvido pelo cabalista R. Isaías Horowitz no livro "Shelah" (של"ה‎), fl. 271, verso: "O Santíssimo, louvado seja!, criou todas as criaturas, tirando-as do nada absoluto. E nós não temos na língua santa outro termo senão ברא ([Bara] Creavit) para exprimir fazer sair o ser do nada. E não há nada sob o sol, ou acima, que não tenha tido um começo de existência. Ele (Deus) tirou do nada mais absoluto um elemento extremamente sutil, impalpável, potência produtora naquilo em que é suscetível de receber formas sensíveis. Esse elemento primitivo os gregos chamam-no 'hyle' (ὕλη). Após o hyle, Ele nada mais criou; porém, desse elemento Ele tirou, formou e modelou todas as coisas, revestiu-as de formas, de maneira a adequá-las cada qual ao uso a que estão destinadas. E sabe que os céus, com tudo o que contêm, são matéria; a terra também e todas as coisas que a ela pertencem são uma única matéria. O Santíssimo, louvado seja!, criou um e outro do nada. E eles foram criados separadamente; a seguir, deles foram feitas todas as coisas que os acompanham. E essa matéria hyle se denomina em hebraico Tohu (תהו), e a forma de que essa matéria é revestida se denomina em hebraico Bohu (בהו). E eis aqui o que nossos doutores ouviam dizer no Sepher Yetzirah: 'Ele formou tudo do próprio Tohu, e Ele fez essência o que não era em absoluto'. Nesse modo, o texto se explica naturalmente em conformidade com a letra. 'No Princípio criou Deus os Céus' - tirou do nada sua matéria - 'e a Terra' - Tirou do nada sua matéria. E nessa Criação foram criadas todas as criaturas dos Céus e da Terra."
"הרי מתחלה ברא הקב"ה מאפיסה מוחלטת נקודה ונקראת בלשון הקדש תהו, ובלשון חכמים אבן שתיה, ובלשון יוני היולי, והלביש הקב"ה אותה הנקודה לתת לה צורה דהיינו ד' יסודות ואז נתפשטה, ומה שהיה תהו נקרא בהו מלשון בו הוא. ואח"כ נתפשט ביותר לאורך ורוחב להיות יש מיש, ואין לך דבר פעולה שאינו מד' יסודות, וכל זה נרמז ביו"ד, כי בעשרה מאמרות נברא העולם. הנה תכתוב י' במילואו י' היא נקודה ו', היא התפשטות, ד' התפשטות לאורך ורוחב בטובו ובמילואו"
- "Sepher Shnei Luchot Ha-Berit" (ספר שני לוחות הברית), דפוס הירש זולצבאך, 1856, página 18.
XIII. R. Menachem de Recanati: "As três primeiras Sephiroth são chamadas שכליות ("Shekhlioth"), Intelectuais, noções, e não דעת ("Daat"), Conhecimento - Atributos (como as Sete seguintes)."
XIV. R. Meir, filho de Todros de Toledo: "As três Sephiroth Supremas que são; a Coroa Suprema, a Sabedoria e a Inteligência, são as Sephiroth Intelectuais, as Noções; e as Sete outras Sephiroth são as denominadas no Sepher Yetzirah (...), Esplendores Atributivos."
XV. R. Abraham Herrera, (142) em seu livro שער השמים ("Shaar Ha-Shamayim"), "A Porta do Céu": "Deus, em Suas Dez Sephiroth, não comunica Sua Natureza aos três Mundos: Briático, Yetzirático e Assiático... As Sephiroth emanam do primeiro Infinito, mas de tal maneira que não são, de nenhum modo, separadas. As Sephiroth nada mais são que a Divindade determinada. Os mundos Briático, Yetzirático e Assiático são criações ex-nihilo. Não há mesmo Sephiroth. Estas não saíram, de modo algum, do nada, mas emanam eternamente da substância do primeiro Infinito; e Este, Sua Causa Imediata, não experimenta nenhuma diminuição, assim como uma Luz que transmite a claridade a outra Luz. As Sephiroth são da mesma natureza que o primeiro Infinito, com a única diferença de que o Infinito existe por si mesmo, est a seipso, causa sine causa, e as Sephiroth emanam Dele; numa palavra, são as causas da primeira causa. Do Infinito, unidade mais absoluta, produz-se, engendra-se o Mundo Superior, העולם העליון ("Ha-Olam Ha-Elyon"), isto é, o que em Cabalá é chamado 'O Homem Primitivo', 'Adão Primitivo', אדם קדמון ("Adam Kadmon"), Ser Divino que não se deve confundir, quod absit!, advertem os cabalistas, com o primeiro homem, primeiro Adão, אדם הראשון ("Adam Ha-Rishon"), terrestre. O Adão Primitivo é um e muitos, pois todas as coisas são Dele e Nele (...)."
XVI. No mesmo livro, Dissertação III, capítulo IX, Herrera desenvolve mais amplamente o que acaba de dizer de forma sucinta e explica, em minúcias, a natureza dos anjos das diversas hierarquias, dos quais não posso me ocupar neste resumo.
Acabamos de ouvir os maiores mestres da Cabala dos hebreus, e eu poderia ter aumentado consideravelmente o número das minhas citações. Julguemos agora se os filósofos incrédulos têm base para a invocação dessa Cabala em favor do panteísmo.
- "La Cabale des Hébreux vengée de la fausse imputation de Panthéisme par le simple exposé de sa doctrine d'après les Livres Cabalistiques qui font autorité.", Roma, Imprensa da Propaganda, 1864, páginas 1-70.
NOTAS
Sobre o autor.
[1]. Santo Agostinho;...
[2]. Drach: "Traduz-se Sephirah, ספירה, por Numeração e por Esplendor. Os resumos que apresento mais adiante provam que o último sentido é o único verdadeiro.
Vede os resumos que se seguem. Lembro aqui que em minha obra, De l'Harmonie, cito autoridades segundo as quais o grande mistério da Trindade deveria permanecer como segredo de apenas algumas personagens privilegiadas, (...), e só ser divulgado depois do advento do Messias."
[3]. C.f. Drach, "De l'Harmonie", T. I, págs. 70 á 107; T. II, págs. 387 á 485.
[4]. Drach:
"Zohar, 2ª parte, colunas 379, 380: 'O Messias se apresenta e brada: Que todos os sofrimentos, todas as doenças (espirituais) de Israel caiam sobre mim! Todas, então, caem sobre Ele. E, se Ele não houvesse descarregado Israel para as tomar sobre si mesmo, não teria havido nenhum homem capaz de suportar as penas que Israel merecia pela transgressão da Lei Santa. É o que diz o Profeta (Is 53,5): 'Ele foi castigado por nossos crimes, e esmagado por nossas iniquidades'.
• Nota do tradutor, Texto original:
"בְּשַׁעֲתָא דְּאַמְרִין לֵיהּ לִמְשִׁיחָא צַעֲרָא דְּיִשְׂרָאֵל בְּגָלְוּתְהוֹן, וְאִינּוּן חַיָּיבַיָּא דִּי בְּהוֹן, דְּלָא מִסְתַּכְּלֵי לְמִנְדַּע לְמָארֵיהוֹן, אָרִים קָלָא וּבָכֵי, עַל אִינּוּן חַיָּיבִין דִּבְהוּ. הֲדָא הוּא דִכְתִיב, וְהוּא מְחוֹלָל מִפְּשָׁעֵינוּ מְדוּכָּא מֵעֲוֹנוֹתֵינוּ תַּיְיבִין אִינּוּן נִשְׁמָתִין וְקַיְימִין בְּאַתְרַיְיהוּ."
- Zohar, II, "Vayakhel", 212a ("Zohar; Parashiot, KiTisa, Vayakhel", 1995, מכון דעת יוסף, página 211]).
Nova prova contra os rabinos de que esse capítulo trata do Messias.
O Midrash Yalkut sobre o cap. 60 de Isaías, no 359, transcreve longa passagem do livro antigo Peciqta-Rabba, que narra a conversa do Messias com Deus Pai. O Messias aceita com coração jubiloso a expiação dos pecados de todos os filhos de Adão, passados, presentes e por nascerem; e isso apesar do quadro apavorante que Deus lhe apresenta dessa dolorosa expiação.
(N.T. ...)
Não é esse o Messias esperado pelos judeus. Ele deve rejuntá-los de sua dispersão, devolver-lhes Jerusalém e aí reerguer o templo, depois de lhes haver submetido o restante das nações da terra. Digo o restante, pois elas serão, em grande parte, exterminadas. Há, atualmente, grande número de judeus que não têm muita fé no advento do filho de Davi e, dado o caso, não se preocuparia de o seguir na Palestina. Encontrando-me na maravilhosa quinta de um ricaço dessa nação, eu disse ao meu hospedeiro:
Se o Messias chegasse, abandonarias com desgosto essa bela propriedade. – 'Quando ele vier' - disse ele - 'suplicar-lhe-emos que conduza à terra santa os goyim (os Cristãos) e que nos deixe tranquilos na França, onde nos encontramos perfeitamente bem.'"
[5]. Drach;
"Zohar, 1ª parte, col. 504: 'O nome Shiloh, como é aqui ortografado, שילה (Gn 49,10), indica que o Nome Santo Supremo da Divindade estará Nele. Tal é o mistério aqui anunciado'.
Rabbi Solomon Yarhhi explica igualmente esse nome por Messias, conforme as três paráfrases caldaicas: de Onkelos, de Yonathan-ben-Uziel e de Jerusalém.
Talmud tratado Sanhedrim, fol. 98 verso: 'Shiloh é o nome do Messias, pois é assim chamado na Profecia de Jacó'."
[6]. Drach;
"O Hebraico e a Vulgata de Zacarias trazem Pauper, e não Mansuetus.
São Justino cita o versículo, certamente de memória, como se ali fossem lidos os dois: χαὶ πραῢς χαὶ πτωχός."
[7]. Drach;
"O Zohar, 1ª parte, col. 505; 2ª parte, col. 171, e o Talmud, tratado Sanhedrin, fol. 98 rosto, citam o versículo de Zacarias como designando o Messias."
(...)
[8]. Drach;
"O autor do 'De Kabbala denudata', Knorr, Barão de Rosenroth, diz no tomo II, p. 5 do prefácio: 'Que nem a Gemara, nem qualquer livro talmúdico, faz menção a ele (isto é, o Zohar) em lugar nenhum'. Isso é um erro evidente. O Zohar menciona o Talmud e suas diversas divisões em vários lugares. Vede, entre outros, 1ª parte, col. 347; 2ª parte, col. 357; 3ª parte, col. 45, 49, 290, 540, 541. O próprio Knorr, no tomo I da versão latina do livro שערי אורה‎ ("Shaarei Orah") do rabino José Gikatilia, refere uma passagem do Zohar em que se fala dos três tratados do Talmud intitulados Baba-qamma, Baba-metzia, Baba-batra.
Vede Kabbala Denudata, t. I, p. 184 da 1ª parte.
Mais adiane, p. 7, Knorr escreve: 'Acrescente que mesmo contra Cristo em todo o livro (isto é, o Zohar) não é nem um pouco cuspido, como geralmente é feito nos escritos judaicos modernos'. Outro erro. No Zohar, 3ª parte, col. 546, Jesus, nomeado com todas as letras, é qualificado da maneira mais blasfema. Citei essa passagem conforme uma edição de Amsterdã em minha Harmonia, t. II, p. 27 da 'Notice sur la Cabale des Hébreux'.
Em algumas edições, sobretudo nas submetidas à Censura Cristã, o lugar dessa passagem é deixado em branco, ou marcado por uma estrela, para advertir o leitor de que há palavras a completar.
Franck, que parece não ter estudado o Zohar senão na versão bastante suspeita de Rosenroth, repete esse erro deixando crer inteiramente que se certificou do fato. Às páginas 106 e 107 de seu 'De Kabbala', ele diz: '... e não se encontra aí (no Zohar) uma única vez o nome do Cristianismo ou o do seu Fundador'.
Como a obra do Barão alemão, Kabbala Denudata, é o grande reservatório onde vão beber todos os que não podem ler o texto mesmo dos rabinos, acho necessário assinalar seus defeitos: 1º) Nos dois volumes, os textos em caracteres hebraicos estão estranhamente desfigurados por inúmeros erros tipográficos. 2º) A versão latina desses textos é, com frequência, inexata. 3º) As remissões ao Zohar são, na maior parte, mal indicadas. 4º) Não é raro encontrar aí o sentido dos textos alegados interrompido por alíneas que parecem dar início a uma nova frase, enquanto são apenas a continuação da frase começada na alínea precedente."
[9]. Zohar, 3ª parte, col. 546.
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conscienciacoletiva · 2 months
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Nesta vida, em que sou meu sono, Não sou meu dono, Quem sou é quem me ignoro e vive Através desta névoa que sou eu Todas as vidas que eu outrora tive, Numa só vida. Mar sou; baixo marulho ao alto rujo, Mas minha cor vem do meu alto céu, E só me encontro quando de mim fujo. Fernando Pessoa 11-12-1932 Poesias Inéditas (1930-1935). Fernando Pessoa. (Nota prévia de Jorge Nemésio.) Lisboa: Ática, 1955 (imp. 1990). - 111.
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ablogtopost · 9 months
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As Treze Middot
Os Cabalistas estabelecem a sua doutrina Sefirótica no apelo de Moisés para poupar o povo judeu após o pecado dos espiões:
"Senhor, Senhor, Deus Compassivo e Misericordioso, lento para a cólera, rico em bondade e em fidelidade, que conserva sua graça até mil gerações, que perdoa a iniquidade, a rebeldia e o pecado, mas não tem por inocente o culpado, porque castiga o pecado dos pais nos filhos e nos filhos de seus filhos, até a terceira e a quarta geração”.
Ex 34,6-7
Os Nomes Divinos listados neste versículo são chamados de Middot ([מידות], "Propriedades de Deus"), que os Cabalistas enumeram em treze. A teologia sefirótica, que inclui a doutrina de Middot, estabelece uma ligação com o Shemá, a Oração que encapsula toda a essência do Monoteísmo no judaismo:
שְׁמַ֖ע יִשְׂרָאֵ֑ל יְהוָ֥ה אֱלֹהֵ֖ינוּ יְהוָ֥ה אֶחָֽד
"Shemá Israel, Yahweh Eloheinu Yahweh Echad"
"Ouve, ó Israel! O Senhor, nosso Deus, é o único Senhor.".
Dt 6,4;
Os Cabalistas observam que o valor numérico de Echad (EChD [אחד], "Um", "Unidade") é igual a 13.
Tanto quanto podemos julgar pela sistematização clássica apresentada por todas as obras populares, ou mesmo obras especiais acessíveis ao leitor comum, um desses ensinamentos, sobre o qual permanecemos o mais silenciosos possível, seria a distinção das Treze Middot em Dez mais Três; Três atributos seriam preeminentes sobre os outros Dez. Abraham Cohen de Herrera acrescenta que acima do mundo de Azilut (emanação), existem três “Luzes” Supremas. Ele usa o excedente de Zohar (I, 26a) para apoiar este princípio.
(fontes)
Observe a ausência desta distinção entre os críticos comuns e extraordinários da Cabalá. Não acreditamos totalmente sem fundamento que seja este ternário hiperazilútico que está em questão. Estamos ainda mais inclinados a acreditar nisso, porque se Herrera desperta nossa atenção, Cordovero, por sua vez, também fala em termos formais dessas três Luzes que não são Sephiroth. Este rabino também afirma repetir a tradição dos antigos mestres. Ele posa com os outros seguidores da Sabedoria secreta de seu tempo como herdeiro da era Tannaíta e Gaônica. Ao esconder ou ignorar esta parte da doutrina esotérica, ela deve ter sido perdida. Vemos poucas outras explicações para o silêncio impressionante dos autores, Cabalistas ou adversários, que lidaram com estas questões. O próprio Benamozegh, geralmente tão prolixo, fica em silêncio. Ele prefere, além disso, desfigurar os ensinamentos Cabalísticos em lugares delicados.
Designados por vários nomes, como Luzes, Portas, Gotas, Nomes ou Graus, essas Três Middot estão contidas no Ayn Soph, são suas Naturezas ou Essências íntimas. Parece não haver dúvida de que esta teoria era conhecida pelos Mestres da tradição esotérica. Eles sempre confiam no Zohar. Um dos grandes Sábios que o teria perpetuado é notavelmente aquele que foi a última ilustração do Gaonato, rabino Hai. Mas temos pouca esperança de que as obras deste teósofo sejam analisadas tão cedo. Tal como acontece com todos aqueles que seriam as testemunhas mais importantes, desde a escola de Shimeon bar Yochai, da doutrina cabalística, os racionalistas têm apenas um zelo: o de desacreditar, a suspeita de inautenticidade nos seus escritos, se, por algum acidente, alguns fragmentos de doutrina esotérica foram revelados. A propósito, um esforço desperdiçado, pois essas doutrinas são encontradas nos pricipais autores da Cabalá.
Moses ben Nachmanides, Menachem Recanati, e Bechai expõem esta teoria de 10 + 3 Middot. Bechai, chega a relatar que Saadia a teria ensinado. Aqui está o que ele declara:
"Se existem Treze Middot, não existem tantas Sephiroth. O mistério é que as Três Middot Supremas são preeminentes no denário sefirótico e são a substância da Raiz das Raízes. Designamos essas três Luzes do Alto sob o nome de Luz Eterna Primitiva (Aur kadmôn) — (ou Luz interna Eterna) (Aur pehim kadmôn) — de Luz Resplandecente (Aur metsahtseha), e de Luz Pura (Aur tsah), os três nomes são um, uma única substância na Raiz de todas as Raízes da qual emanam as dez Sephiroth. A Raiz de todas as Raízes significa Ayn-Soph. Isso significa que elas são indescritíveis para a inteligência humana."
O autor desenvolve informações esotéricas. É destas Três Luzes que surgem o Pensamento puro (Mehaschaba ha-tâor), a Ciência (Daat) e a Compreensão (Schekal). Através deles essas chamas espirituais recebem o seu ser umas das outras. O Pensamento Puro é a primeira Sephirah, a Ciência é a segunda, a Inteligência a terceira. As “Chamas Espirituais” são as outras sete Sephiroth.
Observaremos que ainda existe uma variedade de nomes em comparação com as Sephiroth. Mas – e isto é apenas o que importa – há unidade de doutrina. Este ensinamento que transmite o do início da Idade Média - a era Gaônica - e os grandes comentaristas cabalistas dão às Sephiroth este nome ou aquele que lhe corresponde.
A importância destes princípios é óbvia. São de grande interesse para a história das ideias teológicas em geral e das intuições intelectuais de Deus entre os judeus em particular. Confessamos que não entendemos a afirmação de Molitor quando diz: “A Cabalá não conhece a distinção entre a Divindade 'em si' e a sua manifestação. Porque, como toda antiguidade, só existe do ponto de vista da exterioridade. Esta distinção só ocorreu para nós graças ao Cristianismo, que foi o primeiro a abrir a interioridade oculta à mente humana. Os Cabalistas, portanto, começam imediatamente com as Sephiroth ou a Divindade que se manifesta, sem falar mais do Ayn-Soph ou da Divindade em si que é muito elevada e transcendente para eles." Não acharíamos isso fora de lugar se nos ensinassem o que a teologia cristã diz mais do que a tradição esotérica judaica sobre o tema da “Interioridade Divina”. Existe alguma parte da Cabalá que escapou à maravilhosa erudição do doutor de Frankfurt? Estaria ele tão apaixonado pela teoria segundo a qual Schelling e alguns outros teosofistas contemporâneos ampliaram os horizontes do intelectualismo místico Cristão, o que, conseqüentemente, o teria levado a julgá-lo como inferior no conhecimento do mistério da teologia cabalística? Independentemente disso, o erro de Molitor é flagrante.
O desenvolvimento da visão de Deus ocorre na hierosofia israelita em estágios lentos. Aos poucos, tênues luzes começam a dissipar, para o pensamento, as trevas do sublime mistério. Porém, como o objeto percebido é o Oculto do Oculto, essas clarezas permanecem obscuras. Também as Três Middot Supremas, sendo a Substância do Ayn-Soph, são elas próprias chamadas Ayn-Soph, o Infinito. Isto significa que em Deus, apesar da operação da fecundidade interna, nenhuma mudança ocorre; e que, em relação à nossa inteligência, Deus é a “Grande Figura” diante da qual as “cortinas” não foram fechadas.
Se tivermos manifestado queixas inspiradas no silêncio dos exegetas judeus sobre o que há de mais interessante nas suas doutrinas filosóficas e religiosas, esta queixa é apenas relativa à vantagem que teríamos em seguir sem interrupção a corrente do esoterismo hebraico através dos séculos, desde Simeon bar Yochai aos Cabalistas modernos, Luria e Cordovero, através de Hai, Nachmanides, Recanati, Bechai, Meïr ben Gabbaï e Hayiat. Estudar e popularizar os ensinamentos dos teólogos místicos judeus não pode forçar ninguém a adotar tais ensinamentos, já que no Judaísmo as mesmas pessoas que falam da heterodoxia do Zohar repetem-nos que “não existem dogmas”. Notemos que a doutrina exposta por todos os Cabalistas anteriormente mencionados é de fato aquela que o Zohar revela.
“Existem três graus distintos, embora todos formem um, eles estão unidos e não separados um do outro. »
(II, 63 a.)
O Zohar fala em outro lugar, e frequentemente, destes “três graus” da essência divina, os três graus sublimes que são designados sob três Nomes, e que nenhum olho nunca viu antes, exceto Deus ele mesmo.
(II, 97 b.)
“O Espírito Supremo é composto de três espíritos unidos que formam um só."
(III, 26 a.)
“Existem três Luzes supremas e sagradas que formam uma e que são a síntese da Lei.”
(Z., III, 36a).
“Existem três graus, e cada grau subsiste por si mesmo; e todos eles são um só, estão unidos de tal maneira que um não pode ser separado do outro."
(Z., III, 65a.)
Das Três Luzes esplêndidas, ocultas e sutis (holamôtli v’ daqim), que ainda são o Ayn-Soph, dependem as Dez Sephiroth. Como já observamos, um dos arranjos simbólicos segundo os quais eles estão organizados forma o que os Cabalistas chamam de “Árvore”. Comparamos o todo Sefirótico à raiz, ao tronco e aos ramos; tudo isso constitui uma Unidade. Também os imprudentes que separam a raiz, o tronco e os galhos são comparados aos que “cortam as plantações”.
As Sephiroth estão relativamente preocupadas com o conhecimento do Infinito, os aspectos ou "vestimentas" de Deus. Elas são, segundo uma comparação familiar aos sábios, como o Corpo do qual Deus é a substância. À medida que a Alma está revestida do Corpo, o Criador está revestido das Sephiroth que emanam da sua grande Luz. Novamente, há algo oculto e algo revelado. Assim como Deus é conhecido apenas pelos Seus atributos e pelos Seus atos, também nós os conhecemos apenas pelos Seus efeitos. E é por isso que elas próprias ainda são chamadas, todas as Dez, de Ayn-Soph.
(fonte)
As Sephiroth formam uma unidade múltipla. Se elas são emanadas ou criadas, Infinitas ou Finitas, os comentaristas cabalistas estão divididos em duas escolas. Alguns pensam que a Causa Primeira, nem implícita nem explicitamente, está incluída entre as Sephiroth. Agora, o Mundo da Emanação Sephirótica (Atzilut) contém a substância da Divindade. A Emanação não está separada do Princípio emanativo. O texto memorial desta doutrina é o de Gênesis 2,10: “Um rio saía do Éden para regar o jardim". Os puros herdeiros da tradição esotérica, aqueles que afirmam repetir informações Tannaítas e Gaônicas são categóricos: Sephiroth nêêtsêloth v io nibrâoth. (As Sephiroth são emanadas e não criadas.) Atzilut esser sephiroth hou êtsêm Hé (A Emanação [Atzilut] das Dez Sephiroth é a substância da Divindade). (Meïr Gabbaï.) Manassés ben Israel (Quest. III no Ex.) considera uma conciliação;
“É verdade que todos os Cabalistas afirmam que as dez Sephiroth ou Luzes Divinas emanam da Causa Primeira e permanecem unidas a ela, como a chama com o carvão, os raios solares com o sol; se, eu digo, a Divindade ali é infundida, podemos reconciliar os Filósofos e os Cabalistas, pois, assim como este nome é dado às Sephiroth ou Luzes, também é dado à Causa Primeira que brilha nele e é infundida ali."
Filologicamente, Atzilut contém a ideia simultânea de Emanação e União. É o que podemos verificar, por exemplo, analisando a primeira Sephirah, Kether, a Coroa, abstraindo-a das demais Sephiroth.
O primeiro esplendor, muito perfeito, é alternadamente Luz e Escuridão. Ele é representado pelo Aleph, que é em si um símbolo do Infinito Ayn Soph. A Coroa ainda é chamada de Kathar ([כַּתַּר],"Espera"). O memorial bíblico da concepção que esta palavra simboliza é o texto de Jó (36,2); "Espera (כַּתַּר) um pouco e te instruirei. Tenho ainda palavras em defesa de Deus." Esta Sephirah inicia a revelação dos Mistérios Divinos, mas como observamos anteriormente, esta Luz é ao mesmo tempo Obscura (É preciso se acostumar com esta linguagem, ela tem sua equivalência na teologia mística Cristã que é autenticamente chamada de Teologia Secreta). Assim que há uma revelação, a cortina se fecha, vemos uma luz imperceptível e, além disso, não a captamos em si. Ela aperta os olhos de um lado para o Infinito. Luria abstrai-a, na sua Árvore Sefirótica. Alguém poderia acreditar que os Cabalistas hesitam em fechar muito rapidamente as cortinas que interceptam a região sublime do Ayn-Soph da visão de nossa mente, ou, melhor dizendo, antropomorfizado muito rapidamente em relação ao Ser Divino.
Do que se trata, de fato? A Manifestação Divina ocorre, sabemos agora, por uma Emanação do Mundo, portanto chamado de Atzilútico (atributos = emanação). Isto é o que a Cabalá quer dizer com "tomar uma forma” (Dioukna). Seu simbolismo é o do Homem do Alto ou Adam Kadmon.
O medo causado ao Hebraísmo pelo Antropomorfismo, é caracterizado por uma famosa palavra de Bereshit Rabba;
"Grande foi a ousadia dos profetas em assimilar a criatura ao Criador, colocando no trono uma forma humana."
Esta é uma alusão à visão de Ezequiel, ou ao Ancião dos Dias de Daniel. Um texto do Zohar ainda nos sugere o temor onde se encontra o pensamento judaico sobre este assunto:
“Deus emanou a forma do Homem celestial (Adam Ilâa), ele a usou como uma 'carruagem' (Merkabah) para descer. Ele queria ser chamado de Jeová. Queria que ele fosse conhecido pelos seus atributos, permitiu que fosse chamado de 'Deus da misericórdia' (Clemência), 'Deus da Justiça' (Rigor), o 'Todo-Poderoso', o 'Deus dos exércitos' e 'Ser'. — Mas ai de quem o compara a um dos seus atributos, menos ainda podemos comparar Deus à figura de um homem."
- "Zohar", II, 42 b.
Uma passagem do Zohar Hadasch, inserida nesta passagem acrescenta:
“A manifestação é produzida por meio da emanação e desenvolvimento do universo espiritual e material por intermédio das dez Sephiroth ou inteligências."
É isso que teremos a oportunidade de analisar a respeito do problema da Criação.
A Cabalá, assim que mostra que o Ser Sem Forma assumiu uma Forma e que desceu sobre a Merkabah, deixa claro assim que se trata do Infinito: a Coroa é, portanto, também um Não-Ser, a Sabedoria (Chokhmah) é “alguma coisa”. A Forma não é um problema à parte, independente do Ayn-Soph. As Sephiroth, que são intermediárias, são simultaneamente Infinitas e Finitas. Finitas em relação ao Absoluto e Infinitas em relação à Criação.
Era necessário suavizar a inteligência a estas fórmulas contraditórias. Mas involuntariamente pensamos em outra teologia que nos permite julgar o vocabulário da Cabalá menos bizarro do que parece ser.(Nota: Não nos lembramos desta teologia – que não é nada medieval – onde encontramos fórmulas deste tipo: “Ele se tornou e não se tornou”, genètos kaï agenètos.[Santo Inácio, "ad. Smyrn.", 7]) E além disso, quanto mais estudamos a tradição Cabalística, mais estamos convencidos de que estamos estudando as formas universais do espírito humano, sem insultar os Anti-Cabalistas e racionalistas de todos os tipos, entendendo-os nesta categoria de ordem inferior.
Não nos surpreendamos, portanto, ao observar esta dupla face sob a qual os Cabalistas consideram uma Sephirah, ela tem um “extremo” e um “íntimo”. O Aleph, como acabamos de dizer, é um símbolo de Ayn Soph ou de Kether. Agora, existe um Aleph tenebroso e um Aleph luminoso. Deus é visto e não é visto. Ele inclui as Três primeiras Sephiroth: Kether, Chokhmah e Binah, e as Sete Sephiroth inferiores que são chamadas Sephiroth do Conhecimento e da Construção. Neste caso, são consideradas sob a relação cognitiva, no outro, sob a relação cosmosófica.
Para resumir tudo o que dissemos até agora, parece apropriado reproduzir pelo menos um fragmento do texto conhecido como “Oração de Elias” e contido no Tikkunei HaZohar. Esta parte dá uma fisionomia exata da questão e servirá de verificação para nossa discussão.
"Mestre dos mundos! Tu és Um, mas não em número. Você é Aquele que é o Mais Alto dos Altos, o Mais Oculto dos Ocultos; nenhum pensamento pode agarrá-lo.
Tu és Aquele que despachou dez retificações (Tikkunim) e as chamou de dez Sephiroth, com as quais conduzir os mundos ocultos que não são revelados e os mundos revelados. E com eles você se esconde da humanidade. E Tu és Aquele que os une e os unifica, e na medida em que Tu estás dentro deles, qualquer um que separar uma destas dez sefirot dos seus companheiros é considerado como se tivesse feito uma separação dentro de Ti.
E estas dez Sephiroth procedem de acordo com a sua ordem: uma longa (o eixo direito), uma curta (o eixo esquerdo) e uma intermediária (o eixo médio). E Tu és Aquele que as conduz, e não há ninguém que Te conduza, nem acima, nem abaixo, nem de qualquer lado.
Tu arranjastes roupas para elas, das quais voam almas para a humanidade. E Tu arranjaste muitos corpos para elas, assim chamados em comparação com as roupas que os rodeiam, e como um todo eles correspondem aos membros da forma humana.
(...)
Kether – esta é a Coroa da Realeza (Kether de Malkuth), da qual se diz 'Desde o princípio Eu predisse o futuro.(fim)' (Isaías 46,10). E este é o crânio (contém o Mistério) do tefilin interno, que encontra a sua verdadeira solução em Javé (o valor numérico dos respectivos nomes das letras do Tetragrama somados, i.e., Yod [יוד] + Hê [הא] + Vav [ואו] + Hê [הא‎], é 45), que é o caminho de Atzilut.
E isso rega a Árvore em seus galhos e galhos, assim como a água rega a Árvore e ela cresce com essa rega.
Mestre dos Mundos! Tu és Aquele que é a Causa das causas e a Fonte das fontes, Que rega a Árvore com este fluxo. E esse fluxo é como uma alma para o corpo, porque é Vida para o corpo.
E não há imagem ou semelhança sua, por dentro ou por fora.
E Tu criaste os Céus e a terra, e deles enviaste o sol, a lua, as estrelas e as constelações. E na terra enviastes árvores, gramíneas, o Jardim do Éden, arbustos, animais, animais, pássaros, peixes e a humanidade - para tornar conhecidas através deles as coisas do Alto, e como Você conduz as coisas no Alto e Abaixo, e como Tu lhes fazes conhecer as coisas do Alto desde as coisas de Baixo, e não há ninguém que Te conheça.
E além de Vós, não há unidade no Alto ou Abaixo. E Vós sois reconhecido como a Causa de tudo e o Mestre de tudo.
E cada Sephirah tem um Nome conhecido, e com estes são chamados os anjos. Mas Tu não tem Nome conhecido, porque Tu és Aquele que preenche todos os Nomes. E Tu és a conclusão de todos eles. E assim que Tu se afasta deles, todos os Nomes permanecem como um corpo sem alma."
(...)
Se, de acordo com o que observamos anteriormente, a Cabalá considera as Três Luzes mais esplêndidas abstraídas das outras Middot, parece que mais uma vez introduz uma distinção na totalidade Sefirótica. Conta a década em Três mais Sete. As Três primeiras Sephiroth são chamadas de Intelectuais, as outras Sete formam o desenvolvimento do Conhecimento (Daat). Daí Menachem Recanati dizer;
"As dez Sephiroth são chamadas de atributos do Santo, bendito seja, aderindo (dobqim) ao Santo, bendito seja, como a chama do carvão, emanando Dele, elas foram os instrumentos da criação de o mundo, como está escrito - 'Foi pela Sabedoria (BeChokhmah) que o Senhor criou a terra, foi com Inteligência (BitBinah) que Ele formou os Céus. Foi pela Ciência (BeDaatol) que se fenderam os abismos' (Pr 3,19-20)."
O “Conhecimento” que não é uma Sephirah o é na medida em que é o reflexo da Coroa abstrata da árvore Sefirótica. O Bahir, que interpreta o ensinamento tradicional, diz:
“O Santo, bendito seja ele, possui dois tesouros, um dos quais se chama Chokhmah, o outro Binah, estes são os dois Graus da Essência Divina que é composto de três e ao qual conduzem os sete graus da Árvore Sefirótica."
(Z., I, 381a.)
Notamos que o Talmud diz:
"Tão grande é o Conhecimento que foi considerado digno de ser incluído entre os dois nomes principais de Deus, pois está escrito: Deus é o Eterno do conhecimento."
- "Berakoth", f. 33)
O trabalho das Sete Sephiroth inferiores pode torná-las compreendidas pela inteligência humana; A Inteligência (Binah) é menos compreensível que o setenário Sefirótico, a Sabedoria (Chokhmah) é ainda muito menos compreensível, e a Coroa (Kether) permanece completamente incompreensível.
A década Sephirótica, como objeto de especulação, pode ser dividida de diferentes maneiras. Acabamos de ver isso observando que os Cabalistas ensinam a divisão por 3-7. Molitor, sobre o tema do arranjo das emanações sephiróticas, dirige certas críticas matizadas a Joël e ​​a Franck. Vamos reproduzi-las, pois são de interesse geral para a apresentação do sistema Cabalístico. Depois de citá-los, acreditamos ser nossa vez de prestar alguns esclarecimentos.
“Devemos antes de tudo notar, que teria sido muito mais desejável para a clareza da exposição para Joel, como também para Franck, em vez de dividir as Sephiroth em três Trindades (que, em verdade, é encontrada no Zohar e entre os Cabalistas) ter, no entanto, seguido a divisão que normalmente se apresenta no Zohar e entre todos os Cabalistas antigos e modernos, segundo a qual as dez Sephiroth são ordenadas nas três superiores, as seis médias e a inferior, isto é, o sétimo (ou respectivamente o décimo) que constitui o ponto de conclusão e a união do todo. — Um estudo da Cabala de quase quarenta anos nos convenceu de que a divisão acima mencionada em três trindades, que também foi adotada pelos Cristãos que expuseram a Cabala, não nos revela completamente a essência das Sephiroth, visto que três apenas forma o número do geral e quem se apega a ele só se move nas generalidades, sem conseguir encontrar uma passagem orgânica viva em direção ao particular e ao concreto - algo que não está disponível para nós fornecido apenas nos números 6 e 7. Consequentemente, do ponto de vista da generalidade abstrata, o particular e o concreto aparecem como inteiramente arbitrários, sem qualquer necessidade interna, e, em particular, não vemos absolutamente por que o sistema das Sephiroth, com 3 vezes 3,. ainda não está completo, - por que, além do Yesod (a Base), o ponto final deste 3 vezes 3 - ainda deve haver uma décima Sephirah, como a última coroação? Porque, obviamente, não se enquadra confortavelmente nesta trilogia, só com dificuldade o conseguimos introduzir no conjunto. Esta falta de necessidade interior, Joel sentiu bem, quando disse: 'Finalmente, para a intuição dos atributos da ordem da natureza, está posto, não, como seria de esperar, a Base ( Jesod), mas o Reino (Malkuth) porque esta última Sephirah, além de representar a harmonia de todas as outras, ainda é a mediadora entre as Sephiroth e os números inferiores. Qualquer pessoa sem preconceitos verá a natureza artificial desta explicação. Pois, se a Cabalá postula o membro intermediário unindo os dois extremos para toda a tríade, não podemos entender por que, para a tríade inferior, ela se afasta desta regra, aqui atravessa completamente o terreno mediador, e em seu lugar substitui uma décima Sephirah como sendo o ponto de encontro propriamente dito, visto que o ponto de conclusão da terceira tríade também pode constituir a harmonia de todas as outras Sephiroth e ao mesmo tempo formar a passagem dos mundos superiores para os mundos inferiores, sem precisar sequer de uma décima Sephirah. Com as divisões 3, 6 e 7, a segunda e a terceira tríade, relativamente distintas, não formam duas unidades separadas, mas formam um todo na Sephirah de Tiphereth, ou seja, o Partzuf Zeir Anpin, e tanto que a tríade superior de onde tudo flui forma a unidade, e as seis Sephiroth médias, a oposição desenvolvida dos opostos, que requer necessariamente uma reunificação harmônica que se encontra na sétima (ou respectivamente na décima Sephirah)."
Molitor acrescenta:
“Devemos notar que se, de acordo com Joel, as três Sephiroth superiores são designadas como Devir, a Sephirah do meio ou Tiphereth ou Jeová como sendo o 'Ser' e a força criativa e preservadora, e finalmente a Sephirah de Malkuth como sendo o governo do mundo, isto só deve ser entendido no sentido de que, em cada um destes três graus, todas as propriedades se encontram unidas e que a diferença está apenas na maior ou menor manifestação dessas propriedades."
As observações de Molitor referem-se ao arranjo da árvore Sephirótica. Agora, o mundo Atzilutico evolui de três em três, porque emana das três luzes supremas: “Assim como o Santo Ancião é representado pelo número 3, todas as luzes são de natureza tripla”. Contudo, não é correto dizer que a evolução Sefirótica, apresentada em modo ternário, é especial para autores Cristãos. Este modo tornou-se clássico entre os autores modernos, de uma fé ou de outra. Então, em última análise, esta divisão é zohárica. Os autores que o descrevem com exclusão de todos os outros estão incompletos; isso é tudo. Os antigos estudos ignoraram esta especialização. E parece-nos que não foi apropriado discutir a escolha da divisão formal a introduzir na década das emanações. Porque a complexidade da Cabalá inclui ambas as divisões às quais Molilor alude. Aqui está o que acreditamos que seria mais preciso expressar.
Podemos considerar as Sephiroth: 1° Como um todo: uma unidade de 10; 2° a coroa abstrata das outras 9; 3° em ternário, construído horizontalmente ou verticalmente; 4° dividido em 3 + 7; 5° dividido em 3 + 6 + 1. Também podemos organizá-los em círculos ou de múltiplas maneiras como podemos ver nas tabelas inseridas no Kabbala Denudata.
Além disso, é verdade que, segundo a atribuição dos Nomes Divinos, Javé corresponde a Tiphareth. Mas todas as Sephiroth seriam Javé. Só podemos conceber Deus, ensina o Zohar, através de emanações, que são parcialmente visíveis, parcialmente invisíveis. Elas constituem o Nome Sagrado de Deus.
(Z., III, Idr. Zuta, 288 a.)
Deixe-nos dar a explicação deste texto. O yod é o Chokhmah; o ponto do Yod: Kether; Hê é o símbolo de Binah; o Vav designa as seguintes seis Sephiroth: Chesed, Geburah, Tiphereth, Netzach, Hod e Yesod. O segundo Hê corresponde a Malcoutli. Esta é também a razão pela qual chamamos a Jeová o “nome da unidade”, porque o Tetragrama é o nome no qual as dez Sephiroth estão unidas. Esta é também a razão pela qual o nome exposto é chamado Javé (Shem HaMephorash). Por Nele são expostas todas as Sephiroth que manifestam a existência da qual o Criador é a Causa, quando as Forças operam nelas. A 10ª Sephirah é, portanto, muito necessária, caso contrário o Tetragrama não seria o Nome completamente exposto. E além disso, numa analogia perfeita, os cabalistas por vezes reduzem o Yod-Hê-Vav-Hê ao Yod-Hé-Vav como, de fato, podemos considerar em certos casos a divisão Sefirótica 3+6.
Não seria descabido, supomos, chamar a atenção para um facto sobre o qual não pensamos estar enganados. Mas parece-nos que a doutrina dos 13 Middoth Cabalísticos é apenas a amplificação de um ensinamento preservado pelo dogmatismo teológico. Além da questão dos atributos, há também a questão dos antropomorfismos. Notamos que Saadia, Bahya, Hallevi, etc., fazem distinção em todos os atributos e que dão preeminência a três atributos diferentes entre os teólogos, mas concordam em falar de “três atributos essenciais”. Saadia os nomeia: Vida, Poder e Sabedoria. Ele se esforça para estabelecer sua simultaneidade. Conhecemos também os refrões da Cabala, quando esta declara, a respeito do ternário essencial divino, que tudo é Um. Bahya os nomeia: Existência, Unidade, Eternidade; Hallévi os chama de Vida, Unidade, Eternidade, atribuindo-lhes um significado negativo. A Cabalá fala sobre este assunto em graus ou aspectos, recordando a sua Unidade. Dificilmente podemos explicar – permanecendo em terreno lógico – por que certos teólogos do Judaísmo ficaram horrorizados com a pluralidade Cabalística. É verdade que o Esoterismo Hebraico também nomeia este “ternário”, o de Partzufim (rostos, pessoas). Esta palavra é idêntica ao termo grego. Pessoas conscientes do significado antigo que este termo carrega admitirão que não há afastamento do Monoteísmo.
Mas não vamos escorregar para outra área. Preferimos lembrar que a Cabala é um misticismo, e que se aplica ao Ritual, individual ou coletivo, à oração e à adoração.
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eduloxley · 10 months
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(vía LA CABALÁ JUDIA: SU MISTICISMO Y LA REALIZACION DE MILAGROS.)
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botanicavirgenmorena · 10 months
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Cartomancia: Adivinación con Cartas
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La diversidad de las barajas de tarot Cuando se trata de la lectura del tarot, la baraja utilizada juega un papel crucial en la interpretación de las cartas. Hay una amplia variedad de barajas de tarot disponibles, cada una con su propio simbolismo e imágenes únicos. En este artículo exploraremos algunas de las barajas de tarot más populares y sus características. Baraja de Tarot Rider-Waite La baraja de tarot Rider-Waite es quizás la baraja de tarot más conocida y utilizada. Creada por la artista Pamela Colman Smith y miembro de la Orden Hermética de la Aurora Dorada, AE Waite, esta baraja presenta un simbolismo e imágenes clásicos que son fácilmente reconocibles. La baraja consta de 78 cartas, con 22 arcanos mayores y 56 arcanos menores. Baraja del Tarot Thoth Diseñada por Aleister Crowley y Lady Frieda Harris, la baraja de tarot Thoth es conocida por su rico simbolismo e imágenes esotéricas. La baraja está fuertemente influenciada por la creencia de Crowley en el esoterismo occidental, la alquimia, la astrología y la Cabalá. Consta de 78 cartas, cada una de las cuales presenta un simbolismo complejo e intrincado. Baraja del Tarot del Oráculo A diferencia de las barajas de tarot tradicionales, las barajas de oráculos no están sujetas a la estructura tradicional de las cartas del tarot. Estos mazos pueden variar ampliamente en sus temas e imágenes y, a menudo, contienen mensajes y orientación. Las barajas de Oracle se utilizan a menudo para lecturas intuitivas y crecimiento personal. Visitanos en Chicago Si se encuentra en el área de Chicago y está interesado en la lectura del tarot, asegúrese de visítanos en chicago en Botanica en Chicago para una lectura de tarot en chicago personalizada y profunda. Nuestros lectores de tarot experimentados pueden brindarle orientación y claridad en su viaje espiritual. Cada baraja de tarot tiene su propia energía y simbolismo únicos, y ofrece diferentes perspectivas e interpretaciones de las cartas. Ya sea que te atraiga el mazo clásico de Rider-Waite, el mazo místico de Thoth o un mazo de oráculo, la clave es elegir un mazo que resuene contigo y tu intuición. Recuerde, el aspecto más importante de la lectura del tarot es la conexión entre el lector, las cartas y el buscador. Read the full article
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MANIFESTO CABALÍSTICO
"Voltando a Reuchlin, se ele publicou algum livro que ainda não está em nossas mãos, peço que nos seja trazido. Pois estou muito satisfeito com sua erudição (...) Eu mesmo escrevi para Reuchlin. Não sei se minha carta chegou até ele, mas não deixarei de escrever novamente. Recebi uma carta dele, uma longa de fato, para meu grande prazer. A meu ver, ele parece superar todos os autores vivos cujas obras li, principalmente por seu conhecimento dos «arcanos» tanto em teologia como em filosofia. (...)O Livro Cabalístico que me foi oferecido por Reuchlin, como você me diz, ainda não chegou. Seu amigo More enviou a carta, mas ainda está segurando o livro «suo more»: já o fez com o Oculare Speculum. Estou muito grato a você, Erasmo, primeiro por sua constante ansiedade em demonstrar bondade para comigo, e especialmente porque você se esforça tanto para me manter vivo na memória de Reuchlin. Abraço-o com muito carinho e, enquanto isso, peço a você, até que eu tenha lido o livro e escrito para ele, que ele saiba que minha gratidão a ele é a maior que posso conceber.”
- São John Fisher, em "Erasmus and Fisher, their correspondence, 1511-1524", Paris, Librairie Philosophique J. Vrin, 6, place de la sorbonne, Ve 1968, páginas 45, 51 e 53.
"Pode-se argumentar sobre os prós e contras por muito tempo neste relatório. Mas pode-se ver no livro intitulado ‘Apologia’ do já mencionado Conde de Mirandola, que foi aprovado pelo Papa Alexandre (VI), que os livros da Cabala não são apenas inofensivos, mas de grande utilidade para a Fé Cristã, e o Papa Sisto IV da Cabala não são apenas inofensivos, mas de grande utilidade para a Fé Cristã, e o Papa Sisto IV os traduziu para o latim para uso de nós, Cristãos. Há motivos suficientes, portanto, para concluir que livros como a Cabala não devem e não podem ser legalmente suprimidos e queimados (...) Os comentários judaicos não devem e não podem ser abandonados pela Igreja Cristã, pois mantêm diante dos nossos olhos as características especiais da língua hebraica. A Bíblia não pode ser interpretada sem eles, especialmente o Antigo Testamento, assim como não podemos prescindir da língua grega e das gramáticas e comentários gregos para o Novo Testamento, como é confirmado e indicado no Direito Canônico. (...) Se houver, no entanto, livros hebraicos que ensinem ou instruam os leitores nas artes proibidas, como feitiçaria, magia e bruxaria, se eles puderem ser usados para prejudicar as pessoas, eles deverão ser destruídos, rasgados e queimados porque são contra natureza. Mas se tais livros de magia são projetados apenas para ajudar e beneficiar a vida humana e não servem a nenhum propósito prejudicial, não se deve queimá-los ou destruí-los, exceto livros sobre tesouros enterrados."
- Johann Reuchlin, "Relatório sobre os livros dos Judeus" (em "The Case against Johann Reuchlin: Religious and Social Constroversy in Sixteenth-Century Germany", Rumme, Erika, 2002, University of Toronto Press, Página 93 sqq).
Definição do Bispo Giuseppe Cientes sobre a Cabalá
O termo Cabalá (קבלה) em hebraico significa nada mais do que "Tradição" no sentido mais geral, e embora geralmente designe a tradição esotérica ou iniciática quando usado sem maior precisão, às vezes também acontece que pode ser aplicado à própria tradição exotérica. Este termo pode, portanto, designar qualquer tradição; mas como pertence à língua hebraica, é normal reservá-lo apenas à tradição hebraica, como observamos em outras ocasiões. Se insistimos neste ponto é porque notamos que algumas pessoas têm a tendência de atribuir outro significado a esta palavra, de fazer dela o nome de um tipo especial de conhecimento tradicional, onde quer que este se encontre, e isto porque eles acreditam que descobriram na palavra todo tipo de coisas mais ou menos extraordinárias que realmente não existem. Não pretendo perder tempo trazendo à tona todas essas interpretações fantasiosas; é mais útil esclarecer o significado original da palavra, o que bastará para reduzi-las a nada, e é tudo o que proponho a fazer aqui.
A raiz QBL em hebraico (קבל) e árabe (قبل) significa essencialmente a relação de duas coisas colocadas frente a frente, e daí vêm todos os significados variados das palavras dela derivadas, como por exemplo aquelas de encontro e até oposição. Desta relação surge também a ideia de passagem de um para o outro dos dois termos, de onde nascem ideias como as de receber, acolher e aceitar expressas nas duas línguas através do verbo qabal; e a Cabala deriva diretamente disso, ou seja, “aquilo que é recebido” ou transmitido (em latim Traditium) de um para outro. Aqui aparece, junto com a ideia de transmissão, a de sucessão; mas deve-se notar que o significado primário da raiz indica uma relação que pode ser simultânea ou sucessiva, espacial e temporal. E isto explica o duplo significado da preposição qabal em hebraico e qabl em árabe, que significam tanto "na frente de" (isto é, "na direção” no espaço) e “antes” (no tempo); e a estreita relação destas duas palavras, “diante de” e “antes”, mostra claramente que há sempre uma certa analogia entre estas duas modalidades diferentes, uma em simultaneidade e outra em sucessão. Isto permite também a resolução de uma aparente contradição: embora a ideia habitual quando se trata de uma relação temporal seja a de anterioridade, que se relaciona portanto com o passado, também acontece que os derivados da mesma raiz designam o futuro (em árabe مستقبل - mustaqbal, isto é, literalmente aquilo em direção ao qual se vai, de استقبل - istaqbal - "ir em direção"). Em suma, é suficiente em todos os casos que um dos dois termos considerados esteja “à frente” ou “antes” do outro, quer se trate de uma relação espacial ou temporal.
Todas estas observações podem ser ainda confirmadas pelo exame de outra raiz, igualmente comum ao hebraico e ao árabe, e que tem significados muito próximos destes, poder-se-ia mesmo dizer idênticos em grande parte, pois embora o seu ponto de partida seja claramente diferente, o os significados derivados convergem. Esta é a raiz QDM, que em primeiro lugar expressa a ideia de “preceder” (קָדַם - qadam), de onde tudo o que se refere não apenas a uma anterioridade temporal, mas a uma prioridade de qualquer ordem. Assim, para palavras derivadas desta raiz encontra-se, além dos significados originais e antigos (קֶדֶם - qedem em hebraico, قدم - qidm ou qidam em árabe) o de primazia ou precedência e mesmo o de caminhar, avançar ou progredir (em árabe taqaddum); e aqui novamente, a preposição qadam em hebraico e quddam em árabe tem o duplo significado de “na frente de” e “antes”. Mas o significado principal designa o que é primeiro, seja hierarquicamente ou cronologicamente; assim, a ideia expressa com mais frequência é a de origem ou primordialidade e, por extensão, a de antiguidade quando a ordem temporal está envolvida. Assim, Kadmon (קַדְמוֹן) em hebraico e qadim em árabe significam “antigo” no uso corrente, mas quando estão relacionados ao domínio dos princípios, devem ser traduzidos por “Primordial”.
A respeito destas mesmas palavras, há outras razões que não são desprovidas de interesse. Em hebraico, os derivados da raiz QDM também servem para designar o Oriente, isto é, a direção da “origem” no sentido de que é ali que aparece o sol nascente (oriens, de oriri, de onde vem também origo em latim), o ponto de partida do curso diurno do sol; e ao mesmo tempo é também o ponto utilizado para se “orientar” voltando-se para o sol nascente. Assim, qedem também significa “Oriente” e Kadmon “oriental”; mas não se deve ver nestas designações a afirmação de uma primordialidade do Oriente do ponto de vista da história da humanidade terrestre, pois, como já dissemos muitas vezes, a tradição original é nórdica, até "polar", e nem oriental nem ocidental; além disso, a explicação que acabamos de indicar parece-nos plenamente suficiente. Acrescentarei a este respeito que estas questões de “orientação” são geralmente muito importantes no simbolismo tradicional e nos ritos baseados nesse simbolismo; são, além disso, mais complexos do que se poderia pensar e podem dar origem a certos erros, pois nas diferentes formas tradicionais existem muitos modos diferentes de orientação. Quando nos voltamos para o sol nascente, como acabamos de dizer, o Sul é designado como o “lado direito” (يمين - yamin ou yaman; cf. o sânscrito dakshina, que tem o mesmo significado) e o Norte como o “lado esquerdo” (שמאל - shemal em hebraico, شِمَال - shimal em árabe); mas também acontece que a orientação é estabelecida voltando-se para o sol no meridiano, e o ponto anterior não é mais o Leste, mas o Sul. Assim, em árabe, o Sul tem, entre outros nomes, o de qiblah, e o adjetivo qibli significa “sul” [meridional]. Estes últimos termos nos levam à raiz QBL; a mesma palavra qiblalt também é conhecida no Islã para designar a orientação ritual; em todos os casos é a direção que se tem diante de si; e o que também é bastante curioso é que a grafia da palavra qiblah é exatamente idêntica à da Cabalá hebraica.
Agora, pode-se perguntar por que em hebraico “Tradição” é designada por uma palavra que vem da raiz QBL, e não da raiz QDM. É tentador responder que, uma vez que a Tradição Hebraica constitui apenas uma forma secundária e derivada, um nome que evoca a ideia de origem ou primordialidade não seria adequado; mas este argumento não nos parece essencial, pois, direta ou não, toda tradição está ligada às suas origens e procede da revelação primordial, e vimos até em outro lugar que toda "língua sagrada", incluindo o próprio hebraico e o árabe, é pensada representar a linguagem primordial de alguma forma. A verdadeira razão, ao que parece, é que a ideia que aqui deve ser especialmente destacada é a de uma transmissão regular e ininterrupta, que é, portanto, devidamente expressa pela palavra “tradição”, como referimos no início. Esta transmissão constitui a “cadeia” (שַלְשֶלֶת‎ - shelsheleth em hebraico, سلسلة - silsilal em árabe) que une o presente ao passado e que deve continuar do presente ao futuro; é a “cadeia da tradição” (שלשלת הקבלה - shelsheleth ha-Kabbalah) ou a “cadeia iniciática” da qual recentemente tivemos ocasião de falar e é também a determinação de uma “direção” (encontramos aqui o significado da qiblah árabe) que, ao longo do tempo, orienta o ciclo para o seu fim e o une novamente à sua origem, e que, estendendo-se ainda além desses dois pontos extremos pelo fato de sua fonte principal ser atemporal e "não humana", o liga harmoniosamente a os outros ciclos, formando com estes uma “cadeia” maior, aquela que certas tradições orientais chamam de “cadeia de mundos” na qual se integra gradativamente toda a ordem da manifestação universal.
A Ciência dos Números
As "ciências sagradas" pertencentes a uma determinada forma tradicional são realmente parte integrante dela, pelo menos como elementos secundários e subordinados, e estão longe de representar apenas uma espécie de acréscimo acidental a ele ligado de forma mais ou menos artificial. É indispensável compreender bem este ponto e nunca perdê-lo de vista se quisermos penetrar, ainda que pouco, no verdadeiro espírito de uma tradição; e é tanto mais necessário chamar a atenção para isto, porque nos nossos dias se nota com bastante frequência entre aqueles que pretendem estudar doutrinas tradicionais uma tendência a não levar em conta estas ciências, seja pelas dificuldades especiais apresentadas pela sua assimilação, ou porque, além da impossibilidade de enquadrá-los no quadro das classificações modernas, a sua presença incomoda particularmente quem se esforça por reduzir tudo a pontos de vista exotericos e interpreta doutrinas em termos de "filosofia" ou "misticismo". Sem querer aprofundar mais uma vez a futilidade de tais estudos realizados "de fora" e com intenções totalmente profanas, repetiremos, no entanto, porque vemos diariamente a oportunidade, que as ideias distorcidas a que inevitavelmente conduzem são certamente piores do que a pura e simples ignorância.
Às vezes acontece até que certas ciências tradicionais desempenham um papel mais importante do que o que foi indicado e que, além do valor próprio que possuem em si mesmas na sua ordem contingente, são tomadas como meios simbólicos de expressão para a parte superior e essencial da doutrina, a tal ponto que esta se torna totalmente ininteligível se tentarmos separá-la delas. Isto é o que acontece em particular com a Cabalá Hebraica para a "ciência dos números", que aliás é em grande parte idêntica à "ciência das letras", tal como o é no esoterismo islâmico, e isto em virtude da própria constituição do hebraico e as línguas árabes, que, como dito anteriormente, são tão próximas umas das outras em todos os aspectos.
O papel preponderante da ciência dos números na Cabalá é um facto tão evidente que não pode escapar nem ao observador mais superficial, e dificilmente é possível, mesmo aos "críticos" mais cheios de preconceitos, negar ou ocultar isto. No entanto, eles não são negligentes em dar interpretações erradas deste facto, a fim de, de alguma forma, enquadrá-lo no quadro das suas ideias pré-concebidas; proponho aqui especialmente dissipar estas confusões mais ou menos deliberadas, devidas em boa parte ao abuso do demasiado famoso “método histórico” que apesar de tudo quer ver “empréstimos” onde quer que veja semelhanças.
Sabemos que está na moda nos círculos universitários afirmar que a Cabalá está ligada ao Neoplatonismo, de modo a diminuir tanto a sua antiguidade como o seu alcance; não é considerado um princípio inquestionável que tudo deve vir dos gregos? Infelizmente, esquecemos que o próprio Neoplatonismo contém muitos elementos que não são especificamente gregos, e que no período Alexandrino o Judaísmo em particular teve uma importância nada desprezível, de modo que se realmente houvesse empréstimos, eles poderiam ter ocorrido em uma direção oposta à alegada. Esta hipótese é ainda mais provável, primeiro porque a adopção de uma doutrina estrangeira dificilmente é conciliável com o "particularismo" que sempre foi um dos traços dominantes do espírito judaico, e depois porque, independentemente do que se possa pensar em outros aspectos do Neoplatonismo, representa apenas uma doutrina relativamente exotérica (mesmo que se baseie em ideias esotéricas, é apenas uma “exteriorização” delas), que como tal não conseguiu exercer uma influência real sobre uma tradição essencialmente iniciática e até muito “fechada” como a Cabalá é e sempre foi. Além disso, não vemos que haja qualquer semelhança particularmente notável entre isto e o Neoplatonismo, nem vemos na forma como o Neoplatonismo é expresso que os números desempenhem o mesmo papel que é tão característico da Cabalá. A língua grega dificilmente o teria permitido, embora seja, repito, algo inerente à própria língua hebraica, e deve, portanto, ter estado ligada desde o início à forma tradicional que por ela se exprime.
É claro que não há razão para contestar que uma ciência tradicional dos números possa ter existido entre os gregos, pois ela era, como sabemos, a base do pitagorismo, que não era apenas uma filosofia, mas também tinha um caráter propriamente iniciático; e é daí que Platão extraiu não apenas toda a parte cosmológica de sua doutrina, tal como exposta particularmente no Timeu, mas até mesmo sua "teoria das ideias", que na verdade é apenas uma transposição em terminologia diferente das ideias pitagóricas sobre os números considerados como os princípios das coisas. Se realmente quisermos encontrar entre os gregos um termo de comparação com a Cabalá, devemos recorrer ao pitagorismo; mas é precisamente aqui que a inanidade da tese dos “empréstimos” se torna mais claramente aparente. Estamos de fato na presença de duas doutrinas iniciáticas, ambas dando importância primordial à ciência dos números, mas essa ciência é apresentada por cada uma sob formas radicalmente diferentes.
Aqui valerão algumas considerações de ordem mais geral. É perfeitamente normal que a mesma ciência seja encontrada em tradições diferentes, pois a verdade em qualquer domínio não poderia ser monopólio de uma forma tradicional com exclusão de outras. Este facto não pode então ser motivo de espanto, excepto sem dúvida para os “críticos”, que não acreditam na verdade; e na verdade é o contrário que seria não apenas surpreendente, mas até mesmo dificilmente concebível. Não há nada aqui que implique uma comunicação mais ou menos direta entre duas tradições diferentes, mesmo no caso em que uma é incontestavelmente mais antiga que a outra; não pode uma certa verdade ser vista e expressa independentemente daqueles que já a expressaram antes, e, dada essa independência, não é ainda mais provável que esta mesma verdade seja de facto expressa de forma diferente? No entanto, deve ficar claro que isto não é de forma alguma contrário à origem comum de todas as tradições; mas a transmissão de princípios desta origem comum não implica necessariamente a transmissão explícita de todos os desenvolvimentos que nela estão implícitos e de todas as aplicações que eles podem produzir. Tudo o que é uma questão de “adaptação”, numa palavra, pode ser considerado como pertencente propriamente a esta ou aquela forma tradicional particular, e, se encontrarmos o equivalente noutro lugar, é porque dos mesmos princípios se extrairia naturalmente o mesmo conclusões, qualquer que seja a maneira especial como elas tenham sido expressas aqui ou ali (com a reserva, é claro, de que certos modos simbólicos de expressão, sendo iguais em todos os lugares, devem ser considerados como remontando à tradição primordial). Além disso, as diferenças de forma serão geralmente maiores à medida que nos afastamos dos princípios para descermos a ordens mais contingentes; e esta é uma das principais dificuldades na compreensão de certas ciências tradicionais.
É fácil compreender que estas considerações afastam quase todo o interesse pela origem das tradições ou pela proveniência dos elementos que elas contêm segundo o ponto de vista "histórico" tal como entendido no mundo profano, pois tornam perfeitamente inútil a suposição de qualquer filiação direta; e mesmo quando se nota uma semelhança muito maior entre duas formas tradicionais, essa semelhança é explicada muito menos por "empréstimos", que muitas vezes são bastante improváveis, do que por "afinidades" devido a um certo conjunto de condições comuns ou semelhantes (raça, tipo de língua, modo de vida, etc.) entre os povos aos quais estas formas se aplicam respectivamente. Quanto aos casos de filiação real, isto não quer dizer que devam ser totalmente excluídos, pois é evidente que todas as formas tradicionais não procedem directamente da tradição primordial e que outras formas devem ter por vezes desempenhado o papel de intermediárias; mas estas últimas são na maioria das vezes tradições que desapareceram completamente, e essas transmissões em geral remontam a épocas muito distantes para que a história comum - cujo campo de investigação é realmente muito limitado - seja capaz de ter o menor conhecimento delas, sem contar o facto de os meios pelos quais foram efectuadas não estarem entre os acessíveis aos seus métodos de investigação.
Tudo isto apenas parece afastar-nos do nosso assunto e, portanto, voltando agora às relações entre a Cabalá e o Pitagorismo, podemos agora colocar-nos esta questão: se a primeira não pode ser derivada directamente da última (mesmo supondo que seja não anterior a ele), e mesmo que isso se deva apenas a uma diferença de forma muito grande, algo ao qual retornaremos em breve de maneira mais precisa, não se pode pelo menos imaginar uma origem comum para ambos, que segundo alguns seria a tradição dos antigos egípcios (isso, claro, nos levaria a muito antes do período Alexandrino)? Digamos desde já que esta é uma teoria que tem sido muito abusada; e no que diz respeito ao Judaísmo, não somos capazes, apesar de certas afirmações mais ou menos fantasiosas, de descobrir a menor conexão com o que se conhece da tradição egípcia (estamos falando aqui da forma, a única coisa a ser considerada, uma vez que a substância é necessariamente idêntica em todas as tradições); sem dúvida teria ligações mais reais com a tradição caldeia, seja por derivação ou por simples afinidade, na medida em que seja possível apreender realmente algo destas tradições extintas há tantos séculos.
Quanto ao pitagorismo, a questão talvez seja mais complexa. As viagens de Pitágoras, quer sejam tomadas literal ou simbolicamente, não implicam necessariamente empréstimos de doutrinas deste ou daquele povo (pelo menos no que diz respeito ao essencial, seja qual for o caso de certos pontos de detalhe), mas antes o estabelecimento ou fortalecimento de certos vínculos com iniciações mais ou menos equivalentes. Parece que o pitagorismo foi, de facto, acima de tudo, a continuação de algo que existiu anteriormente na própria Grécia, e que não há razão para procurar noutro lugar a sua fonte principal; temos em mente os Mistérios, e mais particularmente o Orfismo, do qual talvez tenha sido apenas uma "readaptação" nesta época do século VI antes da era Cristã, que por um estranho sincronismo viu mudanças de forma ocorrerem ao mesmo tempo entre quase todos povos. Costuma-se dizer que os próprios mistérios gregos eram de origem egípcia, mas tal afirmação geral é demasiado "simplista", e embora isto possa ser verdade em certos casos, como os mistérios de Elêusis (que vêm particularmente à mente nas circunstâncias), há outros onde isso não é de todo sustentável. Quer se trate do próprio Pitagorismo ou do Orfismo anterior, não é em Elêusis que devemos procurar o "ponto de ligação", mas em Delfos. E isto nos leva diretamente ao ponto mais importante no que diz respeito à ciência dos números e às diferentes formas que assumiu.
Esta ciência dos números no pitagorismo parece intimamente ligada à das formas geométricas; e o mesmo acontece com Platão, que neste aspecto é puramente pitagórico. Poderíamos ver aqui a expressão de um traço característico da mentalidade helenística, que está especialmente ligada às formas visuais; e sabemos que entre as ciências matemáticas foi de facto a geometria que os gregos desenvolveram especialmente. Contudo, há algo mais envolvido aqui, pelo menos no que diz respeito à “geometria sagrada”; o Deus “geômetro” de Pitágoras e Platão, entendido no seu sentido mais preciso e, poderíamos dizer, técnico, não é outro senão Apolo. Não podemos empreender uma elaboração deste assunto, o que nos levaria muito longe, e talvez possamos voltar a esta questão numa outra ocasião. É suficiente neste momento assinalar que este facto se opõe fortemente à hipótese de uma origem comum tanto para o pitagorismo como para a Cabala, mesmo no ponto em que um esforço especial foi feito para ligá-los, e que é realmente o único ponto que poderia ter suscitado a ideia de tal conexão, ou seja, a aparente semelhança entre as duas doutrinas no que diz respeito ao papel que a ciência dos números desempenha nelas.
Na Cabala, esta mesma ciência dos números não está de forma alguma ligada ao simbolismo geométrico da mesma maneira; e é fácil ver que assim deveria ser, pois este simbolismo não poderia ser adequado para povos nômades como o eram originalmente os hebreus e os árabes. Por outro lado, encontramos aí algo que não tem equivalente entre os gregos: a estreita união, poderíamos mesmo dizer a identidade em muitos aspectos, da ciência dos números com a das letras em razão das correspondências numéricas destas últimas. Isto é o que é eminentemente característico da Cabalá e não se encontra em nenhum outro lugar, pelo menos sob este aspecto e com este desenvolvimento, a menos que, como já dissemos, seja no esoterismo islâmico, isto é, na tradição árabe.
Pode parecer surpreendente à primeira vista que considerações deste tipo tenham permanecido estranhas aos gregos, uma vez que as suas letras também têm um valor numérico (que é, aliás, o mesmo que os seus equivalentes nos alfabetos hebraico e árabe), e uma vez que, de facto, nunca tinha quaisquer outros sinais numéricos. A explicação deste facto é, no entanto, bastante simples. A escrita grega é realmente apenas uma importação estrangeira (seja "fenícia", como se costuma dizer, ou em qualquer caso "cadmeana", isto é, "oriental" sem qualquer especificação mais precisa, os próprios nomes das letras que testemunham isso), e nunca se tornou verdadeiramente um em seu simbolismo, numérico ou não, com a própria linguagem. Pelo contrário, em línguas como o Hebraico e o Árabe, o significado das palavras é inseparável do simbolismo das letras, e seria impossível dar uma interpretação completa quanto ao significado mais profundo das palavras, aquilo que realmente importa desde o ponto de vista tradicional e iniciático (pois não devemos esquecer que se trata essencialmente de “línguas sagradas”), sem levar em conta o valor numérico das letras que as compõem; as relações existentes entre palavras numericamente equivalentes e as substituições a que por vezes se prestam são, a este respeito, um exemplo particularmente claro. Há portanto aqui algo que, como dissemos no início, diz respeito essencialmente à própria constituição destas línguas, algo que lhes pertence de forma verdadeiramente “orgânica” e que está muito longe de lhe estar ligado desde o exterior e depois do na verdade, como no caso da língua grega; e como este elemento se encontra tanto no hebraico como no árabe, pode-se legitimamente considerá-lo como procedendo da fonte comum destas duas línguas e das duas tradições que elas expressam, isto é, o que pode ser chamado de tradição "abraâmica".
Das considerações acima podemos tirar a conclusão necessária, nomeadamente que se olharmos para a ciência dos números entre os gregos e entre os hebreus, vemos que ela está revestida de duas formas muito diferentes e baseada num caso num simbolismo geométrico, e noutro o outro sobre o simbolismo das letras. Conseqüentemente, não pode haver mais “empréstimos” de um lado do que do outro, mas apenas de equivalências tais como as que necessariamente podem ser encontradas entre todas as formas tradicionais. Deixamos de lado qualquer questão de "prioridade", que não tem nenhum interesse real nestas condições e é talvez insolúvel, pois o verdadeiro ponto de partida é talvez muito anterior às épocas para as quais é possível estabelecer uma estimativa, ainda que ligeiramente cronologia rigorosa. Além disso, a própria hipótese de uma origem comum directa também deve ser afastada, pois a tradição da qual esta ciência é parte integrante pode ser vista como remontando, por um lado, a uma fonte "apolínea", e por outro lado, a uma fonte "abraâmica", que parece estar ligada especialmente (como sugerem os próprios nomes dos hebreus e dos árabes) à corrente tradicional que veio da "ilha perdida do Ocidente".
Background
"I. Cabalá, nome hebraico, קבלה, significa ensino, doutrina que recebemos, ou seja, admitimos, sem exame, com plena fé, de uma autoridade digna de toda a nossa confiança. Este termo corresponde exatamente a 'acceptio' em latim e a ἀποδοχή (apodochí) em grego. Vem do verbo קבל na segunda forma de conjugação, chamada 'piel' que significa 'receber', e se aplica àquele a quem Deus revela uma verdade, ou ao discípulo que recebe alguma doutrina de seu mestre. Seu verbo correlato, que se aplica ao mestre, é ר‎ס‎מ‎, entregar, a partir do qual se formou o substantivo Massore ou Massorah. Assim, a primeira Mischná do tratado Avot (1,1) do Talmud diz: 'Moisés recebeu - קִבֵּל - a Lei no Sinai, e a transmitiu - וּמְסָרָהּ - a Josué.'
'Itaque cabalam', diz (Petrus) Cunæus, 'non cum vulgo eam dico quam alii aliis tradidere , sed quam cœlitus acceperunt viri sancti , est enim קבלה acceptio' - De Rep. Hebr. I. III, Cap. VIII.
II. É importante alertar que nos livros dos rabinos o termo Cabala é utilizado em três significados diferentes. Não conseguindo distinguir esses vários significados, vários estudiosos caíram em erros singulares.
1. O Talmud freqüentemente chama todos os livros do Antigo Testamento, exceto o Pentateuco, de Cabalá. Ele repete este princípio em vários lugares: 'Não se deve explicar um texto do Pentateuco por um texto da Cabala para se derivar dele uma obrigação legal' - דִּבְרֵי תוֹרָה מִדִּבְרֵי קַבָּלָה לָא יָלְפִינַן ('Baba Kamma', 2b 5). No tratado de Baba kamma, fol. 2 verso, R. Sal. Yarhhi faz essa glossa; 'Texto da Cabalá, ou seja, dos profetas e dos livros hagiográficos' - ד‎ב‎רי‎ ק‎‎בלה‎ נביאים וכתובים. É neste sentido que Maimônides diz no seu tratado sobre o estudo da Lei, cap. I, § 12: 'E o texto da Cabala faz parte da lei escrita, mas a sua interpretação pertence à lei oral, à tradição' - ו‎ד‎ב‎ר‎י‎ ק‎ב‎ל‎ה‎ ב‎כ‎לל ת‎ו‎ר‎ה‎ שב‎כתב‎ ‎וף‎‎יר‎ושן‎ ב‎כ‎לל ת‎ו‎ר‎ה‎ שבע‎ל ףה‎.
2. Os rabinos também chamam esta parte da tradição de Cabala, como em nosso prefácio, p. x, qualificamos como legal ou talmúdico. Os mestres da Cabala, ב‎ע‎לי‎‎ הק‎ב‎ל‎ה, são os doutores talmúdicos. Veja Carpzov, 'Introd. in theol. judaic.', c. III, § 7. Maimônides, em seu comentário ao tratado Abot, cap. I, diz que os chefes de cada uma das seitas que os doutores da Sinagoga designaram sob o nome de saduceus e baituseus, e que nas nossas regiões do Egito, diz ele, chamamos caraítas, que esses líderes, dizemos - declaramos que eles admitiam o Pentateuco e rejeitavam a Cabala como uma lei falsa - 'שה‎ו‎א‎ מ‎‎א‎מ‎י‎ן‎ ב‎ת‎ו‎ר‎ה‎ ו‎ח‎ול‎ק‎‎ ע‎ל הקב‎לה‎‎‎‎‎ שא‎ינה א‎מ‎‎‎ת‎י‎ת'. Ora, a heresia caraíta, o verdadeiro protestantismo da sinagoga, consiste em rejeitar o Talmud e admitir apenas a letra nua do texto mosaico, um texto que cada caraíta pode interpretar como quiser, como achar melhor; Lutero só teve que fazer o livre-exame. 3. Comumente entendemos por este termo a Cabala por excelência, ou seja, a parte misteriosa, esotérica, acroamática da tradição oral. Joseph de Voisin, ao tratar desta Cabala, diz muito bem: 'Et si vero totum Talmud Kabala dicatur, hœc tamen pars κατ· ἐξοχήν vocatur Kabala' - 'Observ. in proœm. Pugionis Fidei'. Citaremos um exemplo dos mal-entendidos que deu origem à confusão destes três significados do mesmo termo. Buxtorf, no artigo קבלה de seu Lexicon rabínico, diz que David Kimhhi exalta a misteriosa Cabala na introdução ao seu comentário sobre o Salmo CXIX (sal. Heb.), e que o Talmud, tratado Rosch-Hasschana, fol. 19 recto, concede à Cabala a mesma autoridade que o texto dos livros de Moisés. Isto é o que Buxtorf afirma; mas nada é mais impreciso. Neste lugar do Talmud não há a menor questão da Cabala propriamente dita, mas do poder espiritual da Sinagoga, já que toda a discussão gira em torno da mais ou menos solenidade de uma festa, a dos três de Tischri, instituída por este poder. O Talmud decide a questão lembrando que as instituições do aulorilè espiritual da Sinagoga, instituições que aqui chama de Cabala, são iguais às da lei escrita de Moisés. דִּבְרֵי קַבָּלָה הוּא, וְדִבְרֵי קַבָּלָה כְּדִבְרֵי תוֹרָה דָּמוּ ("Rosch-Hasschana" 19a 4). Quanto à introdução ao Kimhhi, basta ler esta peça para garantir que o rabino se refere apenas à tradição talmúdica, e que usa o termo Cabala no segundo sentido que indicamos acima. ele disse, 'que não depende da ciência humana, e que não espera as provas do raciocínio lógico, mas é por sua natureza um grande e sólido pilar para todo crente. Esta é a tradição (הקבלה, a Cabalá) na qual devemos ter fé absoluta. Através dela acreditamos firmemente, estamos intimamente convencidos de que Moisés nosso mestre, que a paz esteja com ele, escreveu o Pentateuco sob o ditado de Deus, bendito seja ele; que Deus criou o Universo do nada, que o criou em seis dias, etc. Os factos anunciados por esta Cabala (quem não vê que isto é ciência cabalística?) são constantes para nós, enraizados nos nossos corações, como se os nossos olhos e os nossos ouvidos os tivessem testemunhado, como se a nossa razão os provasse materialmente, e melhor ainda; porque os nossos sentidos muitas vezes nos enganam, o nosso raciocínio se desvia ou se baseia em princípios errados'. (1-XVII)
Escusado será dizer que o erro de Buxtorf foi repetido ad nauseam por esta multidão de estudiosos que copiam uns aos outros cegamente. A maioria tem o cuidado de não nomear o famoso professor de Basileia, para deixar o leitor acreditar que estas duas citações pertencem ao fundo de sua própria erudição hebraica. Nesse roubo, eles são tão avançados quanto o malandro que, tendo conseguido roubar o relógio de um Gascão, se viu o sortudo possuidor de uma bola achatada. A passagem de Maimônides do tratado sobre o estudo da lei, que citamos acima, também foi mal interpretada e, ao contrário do resto do texto do autor, foi aplicada à Cabala mística.
§ I
Uma contradição marcante impede desde os primeiros passos qualquer pessoa que empreenda estudos sobre a Cabalá Hebraica. Padres da Igreja, teólogos e estudiosos, tanto entre Católicos como Protestantes, falam desta ciência com honra, e encontram vestígios dela no texto sagrado do Novo Testamento, particularmente no Apocalipse e nos livros apócrifos que são recomendados como piedosos e leitura útil nos escritores eclesiásticos mais antigos. Por outro lado, o próprio nome da Cabalá inspira, mesmo em homens de inteligência e conhecimento, não sabemos que sentimento de medo misturado com horror. Mais de uma vez já o testemunhamos, e Pico de la Mirandola atesta que já era assim no seu tempo.(1 - XVIII) Teólogos, comentaristas das Escrituras e outros estudiosos afirmam que em certos lugares de suas Epístolas, São Paulo reprova a Cabala dos Judeus. A S. Congregação do Santo Ofício de Roma condenou-o formalmente. Por fim, um autor protestante, seguindo o exemplo da bondade do líder de sua seita, chega a mandá-lo ao diabo com seus inventores.(2)
Para explicar esta antilogia, devemos fazer duas partes claramente definidas da ciência cabalística.
1. A Cabala verdadeira e não adulterada, que foi ensinada na antiga Sinagoga e cujo caráter é francamente Cristão, como veremos mais tarde.
2. A falsa Cabala, cheia de superstições ridículas e que, além disso, trata de Magia, Teurgia, Goécia: numa palavra, tal como se tornou nas mãos dos doutores cabalistas da Sinagoga infiel que se divorciou dos seus próprios princípios.
Bonfrerius e Sisto de Siena, bem como um grande número de outros escritores de alto mérito, estabelecem esta distinção entre a boa e a má Cabala: Carpzovius, Pfeiffer, Wolfius, Glassius, Walther, Cunaeus, Buddeus, etc. 'Christiani, dit Holtinger, ut plurimum, inter Kabbalam veram et falsam distinguunt.', 'Thes. philol.', sect. V, p. 445.
É portanto com razão que o Padre Bonfrerius diz: 'Passim Cabala et cabalistœ apud catholicos maie audiunt; quam recte, oatendent quœ dicturi sumus scquentia : saepe enim fit ut quod bonum et probum est, ob affine maie repudietur, utque virtus-, si nomen commune cum vitio sortiatur, ipsa hujus fœditate adspersa censcatur ; quod in bac materia plane accidit, ut, ob impiam infamemque Cabalam, honesta puraque (îabala infamiam pateretur. Res igitur tota hœc ex bona distinctione pendet.'
Sisto de Sena, israelita e dominicano convertido, muito culto e estimado pelo Papa Pio V, seu protetor, escreveu precisamente no momento em que foi proferido o decreto da sagrada Congregação do Santo Ofício, de que falamos. Ele estava em perfeitas condições de conhecer a intenção da sagrada Congregação. Aqui está como isso é explicado: 'Caeterum, quia ex decrelo S. Romanœ Inquisitionis omnes libri, ad Kabalam pertinentes, nuper damnati sunt, sciendum est, duplicem esse Kabalam, alteram. veram, alteram falsam. Vera et pia est, quœ, ut jam diximus, arcana sacrae legis mysteria juxta anagogen élucidat. Hanc ergo nunquam damnavit Ecclesia. Faîsa atque inipia Kabala est ementitum quoddam judaicœ traditionis genus, innumeris vanitatibus ac falsitatibus refertum, nihil aut parum a necromantia distans. Hoc igitur superstitionis genus, Kabalam improprie appellatum, Ecclesia proximis ànnis merito damnavit.'
§ II
I. Tudo contribui para provar, como dissemos no prefácio, páginas XI e seguintes, que uma parte notável da tradição cujo depósito foi confiado à antiga Sinagoga, consistia em explicações místicas, alegóricas e anagógicas, a partir do texto da Escritura; ou seja, tudo o que a tradição ensinava sobre a metafísica sagrada, o mundo espiritual, a sua relação com o mundo material; ela o ensinou com autoridade ou o vinculou ao texto inspirado. Esta doutrina oral, que é a Cabalá, tinha por objeto as mais sublimes verdades da fé, que reconduziam constantemente ao Redentor prometido, fundamento de toda a economia da Religião Antiga. A Natureza de Deus e dos espíritos criados, a origem e o destino do mundo inferior, ou seja, o mundo material, o significado místico de todos os fatos, todas as observâncias religiosas e todas as profecias do Antigo Testamento. Se São Pedro, o primeiro Chefe da Igreja, como vigário de Jesus Cristo, disse ao comandante Cornélio que todos os Profetas dão testemunho de Nosso Senhor, - 'Dele todos os profetas dão testemunho' (At, X,43) - os dourtores hebreus por sua vez, nunca deixaram de proclamar que o Messias era o objeto final de todas as predições dos videntes de Israel. Veja no Tomo II, p. 18: 'Leges mosaicas ceremoniales, dit Buddé, reconditos habuisse sensus non puto quisquam negabit, nisi forte Spencer i aut Marshami (ajoutez aussi Salvador) politicas rationes subslitucntium, fabulis, adhibere fidem velit.'
II. Existe esta diferença entre o Talmud e a Cabala, embora se toquem sem que seja fácil atribuir limites precisos entre eles, e muitas vezes se fundem; a primeira limita-se geralmente ao que diz respeito à prática externa, à execução material da Lei Mosaica; A segunda, como teologia especulativa e mística, apodera-se da parte espiritual da religião e resolve os problemas mais formidáveis ​​da metafísica sagrada.
Manassés-ben-Israel cita um exemplo desta diferença. O texto do Deuteronômio VI,8 prescreve o uso de Totaphot, טֹטפת, entre os olhos. O Talmud explica que estes Totaphot são os filactérios; ele ensina detalhadamente do que devem ser feitos os filactérios, como fazê-los e, finalmente, o local preciso da cabeça onde devem ser aplicados. Se mesmo a menor destas coisas não for observada, a obrigação da lei não foi cumprida. Aqui a missão do Talmud, chamada de alma da lei, é limitada e dá lugar à Cabala, que é como a alma da alma da lei. Este é responsável por explicar a intenção mística do filactério e de cada uma de suas partes. Mencionaremos em particular a letra Shin que este ornamento traz em relevo sob duas figuras, a saber, com três cabeças, ש‎, e com quatro cabeças. Já vimos no volume I, página 405, que segundo a Cabala a primeira forma indicava o mistério da Santíssima Trindade, e a segunda forma, o mesmo mistério com a Encarnação da segunda Hipóstase Divina. Neste sentido, os filactérios eram verdadeiramente o resumo de toda a religião: Deus e a Redenção. É por isso que o texto diz no mesmo versículo: 'Hás de prendê-los à tua mão'.(1-XX)
III. A Cabalá, que podemos chamar de filosofia dos hebreus, quando ainda estava em toda a sua pureza, tinha esta particularidade, que dava essas noções sublimes às quais os gênios mais profundos entre os filósofos pagãos privados da ajuda da Revelação. A razão humana, falando de factos sensíveis, encontrará sempre fora da sua esfera o conhecimento que é a única coisa necessária ao homem - 'unum necessarium' (Marcos X,42); a saber: 1° a natureza de Deus; 2° as relações de Deus com a criatura; 3° as obrigações do homem para com Deus. Deste ponto de vista, os hebreus tinham uma imensa vantagem sobre os sábios de todas as outras nações.
No Zohar, parte 2, fol. 72, col. 288, o Rabino Simeon-ben Yohhaï declara que a superioridade da lei sagrada se deve apenas ao seu significado cabalístico; porque, acrescenta ele, se tivéssemos que nos ater à casca da carta, ainda hoje poderíamos escrever um livro semelhante, e até melhor.(1-XXI) Se o rabino estiver certo ao dar grande importância ao significado espiritual, ele vai longe demais ao menosprezar o mérito intrínseco da simples letra dos livros de Moisés.
§ III
I. Os Doutores da Sinagoga ensinam a uma só voz que o significado oculto das Escrituras foi revelado no Sinai a Moisés, que iniciou Josué e seus outros discípulos íntimos neste conhecimento; que este ensinamento oculto foi então transmitido oralmente de geração em geração, sem que fosse permitido colocá-lo por escrito. Sabemos que mesmo as outras nações antigas do Oriente tinham o costume de ensinar apenas doutrinas secretas ou de alta ordem oralmente, e de não confiá-las levianamente à escrita.(2) Nos primeiros séculos da Igreja, os Padres também exerceram uma sábia reserva ao falar com aqueles que não eram iniciados nos nossos santos mistérios.
Ao regressar do cativeiro da Babilônia, Esdras viu que as calamidades da nação poderiam um dia levar ao completo esquecimento da tradição cabalística, porque esta só deveria ser confiada a seguidores que cumprissem certas condições através das suas qualidades pessoais e pela idade, registraram esta tradição, por ordem de Deus, em setenta volumes. Mas esses livros não foram divulgados. O profeta recebeu ordem de colocá-los nas mãos dos sábios do povo em quem havia uma fonte de inteligência, uma fonte de sabedoria e um rio de conhecimento.(1-XXII)
II. Este último facto pode ser lido num livro que é na verdade apócrifo. Mas porque um livro é eliminado do cânon da Igreja, não se segue que tudo o que ele contém seja condenado. Vários Padres Gregos e Latinos, particularmente Santo Ambrósio(2), citaram com louvor o quarto livro de Esdras, e textos dele foram inseridos no Ofício Romano.(3) É reconhecido que o autor, um judeu que se tornou um cristão zeloso, inseriu em seu livro muitas tradições verdadeiras de sua nação. No entanto, o dos volumes secretos de Esdras é realmente encontrado na crônica judaica chamada Séder-Olam-Rabba. O IV° livro de Esdras não deve ser mais recente que o início do século II, pois parece que já adquiriu alguma autoridade desde a época de Santo Irineu, do mesmo século, de Tertuliano, de Clemente de Alexandria e de Santo Irineu, os dois primeiros morreram no início e o terceiro em meados do século III.
Já citamos no Tomo I, página 150, Santo Hilário que confirma que Moisés, além da lei que havia dado ao povo, confiou secretamente aos setenta anciãos, mistérios de ordem superior. 'Separatim quœdam ex occullis legis secretiora mysleria septuaginta senioribus, qui doclores deinceps manerent, intimaverat.'
À pergunta: 'Em que, então, se avantaja o judeu?' São Paulo responde: 'Muita, em todos os aspectos. Principalmente porque lhes foram confiados os oráculos de Deus.' (Rm III,1-2). Orígenes explica estas palavras do Apóstolo da seguinte maneira(4): 'Quamvis enim et Gentibus nunc credantur eloquia Dei, sed illis, ait, primo sunt crédita. Requiro tamen quid est hoc quod dicitur primis eis crédita esse eloquia Dei : utrumne de UUeris hoc dicat et libris, an de sensu et intelligentia legis? De Moyse et prophetis, caeterisque horum similibus haec intelligenda sunt dici, quibus crédita sunt eloquia Dei, et si quis apud eos sapiens et intelligens audilor et mirabilis consiliarius fuit, quos auferre dicitur Dominus a Jérusalem, offensus impietatibus populi'.(5)
Ficamos surpresos que ninguém ainda tenha notado que Adamantius, este prodígio da ciência e do gênio, ao aplicar aos cabalistas as qualidades expressas no versículo de Isaías que ele cita, está em perfeita concordância com o Talmud, segundo a qual os mistérios da Lei, סתרי תוֹרה, só eram entregues àqueles que combinavam as qualidades especificadas pelo profeta (tratado Hhaghiga, fol. 13 recto). É portanto uma tradição judaica que Orígenes repete aqui.
Em outro lugar, o mesmo Doutor diz: 'Visto que é manifesto e verdadeiramente admitido que os Profetas eram sábios, deve-se admitir que eles tinham uma compreensão perfeita do que as suas bocas pronunciavam; e é evidente que Moisés compreendeu o verdadeiro significado da Lei e as alegorias anagógicas dos fatos que ele mesmo relata… Neste aspecto, os Apóstolos não eram mais eruditos do que os Patriarcas, do que Moisés, do que os Profetas.' (1-XXIII)
Acrescentaremos São Gregório de Nazianzo que, a partir do testemunho dos doutores Hebreus (Ἑδραίων μὲν οὖν οἱ σοφώτεροι λέγονσιν), repete que os Judeus não entregaram a profundidade da Escritura (βαθυτέραν) e a sua beleza (valor) mística (τὸ μυστικὸν κάλλος) àqueles que não tinham pelo menos vinte e cinco anos de idade, e que não foram 'purificados espiritualmente' (μόνοις τοῖς κεκαθαρμένοις τὸν νοῦν).(2 - PG 35, 455-457)
III. Em São Lucas, XI, Nosso Senhor repreende os Doutores da Lei por roubarem(3) do povo a chave da sua ciência. Um grande número de Padres e comentadores explicam, de acordo com o sentido mais óbvio desta passagem, que a culpa destes pérfidos Doutores consistiu no facto de terem escondido do povo a tradicional exposição dos livros sagrados, uma exposição por meio de que poderiam ter reconhecido o Messias na adorável pessoa de Jesus Cristo. Pois, como diremos agora, desde o momento em que o Evangelho foi pregado, a interpretação misteriosa e profética das Escrituras, que tinha como único objeto a obra da Redenção, em vez de permanecer como sob a antiga Lei, concentrada em um pequeno círculo de iniciados, tinha que ser dado a conhecer a todas as idades e todas as condições. O Profeta Joel previu isso expressamente (II, 28): 'Depois disso, acontecerá que derramarei o meu Espírito sobre todo ser vivo: vossos filhos e vossas filhas profetizarão; vossos anciãos terão sonhos, e vossos jovens terão visões.' Profetizar, além do sentido próprio que São Pedro lhe deixa (At II,17), significa aqui, ter a inteligência das profecias e ser instruído nos formidáveis ​​mistérios da Fé. Ou melhor, citemos um grande intérprete das Escrituras, Estius: “Tempus novae legis”, diz ele neste versículo, “magis fut Propheticum, quoad Revelationem mysteriorum fidei; generaliter, quoad inlclligentiam omnium Scriplurarum, et procedentium Prophetiarum”. Ora, estes mistérios, como já vimos o suficiente no nosso primeiro volume, eram precisamente o domínio que a Cabala reservou para si.
IV. Finalmente, críticos habilidosos concordam com a opinião de Fagius; a saber, que São Paulo estava aludindo à Cabala, a boa tradição mística, quando disse (1Tm I,15): 'Eis uma verdade absolutamente certa (ἀποδοχῆς - apodoches) e merecedora de fé: Jesus Cristo veio a este mundo', etc.
Já mostramos que o termo 'certa' (ἀποδοχή), repetido na mesma Epístola (IV,9), corresponde exatamente à Cabalá (קבלה) hebraica. 'Por esse motivo', diz Chr. Woltius, na sua dissertação 'De Cabbala Judaeorum', 'a intenção do Apóstolo teria sido rejeitar a cabala corrupta e parcialmente falsa (porque já então os judeus tinham começado a alterá-la) que São Paulo condena mais fortemente noutros lugares, e trazer os Israelitas de volta à boa e verdadeira Cabala. Et revocari sic polerant Judœi a ralionibus Cabbalœ depravatis ad genuinas et veriores.'(1-XXIV) Acrescentaremos a paráfrase de Hammond: 'Hœc dèmum est longe maximi momenti veritas, et digna quae sola habeatur Cabbala, seu traditio, apud Christianos, nimirum Christum Servatorem ad homines venisse'. Em nota, o estudioso inglês se esforça para mostrar a identidade perfeita entre ἀποδοχή e Cabala.(2)
§ IV.
Aqui apontaremos o caráter que distingue essencialmente a Lei antiga da nova Lei. O primeiro tinha um ensino secreto que estava escondido do povo comum, mas que deveria ser pregado abertamente na vinda do Messias. Veja também o Tomo I, páginas 195, 199. Já mostramos qual era o objetivo deste ensino. Sob o regime do segundo, o último dos fiéis é iniciado nas mais sublimes verdades da religião; e, a este respeito, uma criança que conhece o seu catecismo não tem nada a invejar dos teólogos mais profundos. O Evangelho e os Doutores da Igreja formulam claramente o dogma cristão; mas os Cabalistas, ao repetirem a tradição de certos pontos do mesmo dogma, envolveram-no calculadamente numa linguagem obscura, usando expressões desconhecidas do vulgo, e mesmo dos Doutores comuns; só os adeptos tinham a chave para esses enigmas.
Moisés tinha o rosto velado, para proteger a visão fraca dos judeus (Ex XXXIX,35), mas Jesus Cristo mostrou-se com o rosto descoberto.(1-XXV)
§ V.
I. Quem, em nossa opinião, melhor caracteriza a espécie de Cabala de que falamos é Walton, em seus Prolegômenos, página 53, col.1: 'Primae Cabbalœ species est eorum qui ante Christum vixerunt.Continet vero mysticam et secretam Scripturœ expositionem , non scriptam sed ore traditam, idque non omnibus sed senioribus et sapientioribus. Nec multum differre volunt a myslica Scripturœ expositione quœ a christianis quibusdarn usurpatur.'
Colocaremos a seguir a definição dada por dois autores Católicos.
Sisto de Siena, estudioso judeu de quem já falamos: 'Est autem Kabala secretior divinœ legis expositio , ex ore Dei a Moyse recepta , et ex ore Moysis a Patribus, per continuas successiones, non quidem scripto, sed viva voce suscepta; quae similitudinem habet ejus expositions quam nos anagogicam nominamus, caeterisideirco sublimiorem quia sursum nos ducat a terrenis ad coeiestia, a sensibilibus ad intelligibilia, a temporalibus ad œterna, acorporeisad spirilualia, ab humanis ad Divina.' Bibl. S. L. II, art. Esdras."
Bonfrerius: "Est Cabala non admodum dissimilis Ecclesiae traditionibus: nam uti Divina Traditio in Ecclesia estquarumdam rerum ad fide m pertinentium per manus tradita reeeptaque notitia, ita Cabala apud Hebraos in génère défi ni ri polest, arcanorum et reconditorumr S. Scripturaî mysteriorum per ma nu s tradita reccptaque notitia." - "In totam Script. S.praeloquia". C. XXI, sect. I, T. I, do cours d'Ecrit. S. de M. Migne.
II. Esta tradição do povo de Deus, que antes do Cristianismo era o único depositário da verdadeira Fé, era inteiramente cristã, e deveria sê-lo. O que citamos no decorrer deste trabalho prova isso, e todos aqueles que fizeram um estudo especial sobre isso o confirmam.
Infelizmente, a velha e boa Cabala foi em grande parte perdida. Os rabinos não discordam. Maimônides, em seu More-Nebuhhim, parte I, cap. LXXI e introdução à parte III, atribui a esta perda, para sempre lamentável, três causas que para ela contribuíram: 1° os mistérios da Lei - סתרי תורה - só foram transmitidos com a maior discrição de alguns homens da elite para alguns homens da elite מיחידי סגולות ליחידי סגולות (1-XXVI); 2° não era permitido colocá-los por escrito; 3° as cruéis perseguições que os judeus sofreram entre as nações estrangeiras. Estas causas combinadas acabaram por levar ao esquecimento desta ciência - אבדו באורך הזמן.
Isto é o que diz o nosso rabino. Acrescentaremos outra consideração. Nos últimos dias da existência de Jerusalém, o culto dos judeus rapidamente se voltou para o farisaísmo, que invadiu quase todo o terreno da Sinagoga. Os presunçosos fariseus sufocaram, irritum fecere, a pura Lei de Deus sob suas sutilezas e sutilezas vãs, das quais resultou aquela multidão de observâncias minuciosas, baptisma urceorum et alia similia his mu lia, que encontramos nas práticas supersticiosas da corrente sinagoga. O coração secou e tornou-se estranho ao culto que logo consistiu apenas na realização de atos externos e materiais. Cor autem eorum longe est a me. Neste estado de coisas toda a atenção dos Doutores estava voltada para a teologia talmúdica que existia no estado de ensino oral. Não só a teologia especulativa e mística foi negligenciada, mas devido à sua tendência cristã, que logo foi notada, caiu em descrédito quando os fariseus começaram a opor-se à Doutrina pregada por Nosso Senhor e pelos Apóstolos. Mas já então a Cabala sofreu o destino da outra tradição. Tornou-se o que o Talmud chama de vinagre feito do vinho - ח‎ו‎מ‎ץ‎ ב‎ן‎ ץ‎י‎י‎, Parcialmente desnaturado no fundo, ainda recebia a liga impura dos devaneios fantásticos, das vãs sutilezas dos rabinos e de suas histórias sobre minha mãe gansa. Após a dispersão dos judeus, quando os rabinos se encontraram em contacto com os filósofos de outras nações, recuperaram o gosto pelas especulações metafísicas e naturalmente regressaram à sua Cabala. Ao ressuscitar esta ciência, que tiveram que recriar em grande parte, introduziram nela, desordenadamente, sem sequer compreendê-la completamente, fragmentos de filosofias gregas e orientais, sistemas opostos entre si e sobretudo incompatíveis com a revelação mosaica. Tal é a Cabala moderna, na qual os rabinos admitiram desajeitadamente, e bastante contra a sua intenção, fórmulas equívocas que emprestam tanto ao materialismo grego e ao panteísmo indiano (1-XXVII) como à unidade de um Deus pessoal, separado do universo pela sua essência. Certamente os Cabalistas não pretendiam renunciar à teodicéia mosaica: defenderam-na com ardor, e mais de uma vez, em tempos de perseguição, selaram esta crença com o seu sangue.(2)
III. Depois de ter explicado o desaparecimento da velha Cabala e a origem da nova, acrescentemos aqui uma reflexão. Que tal frase do Zohar, do livro Bahir, etc., e dos seus numerosos comentários, especialmente os de Isaac Luria, conduza, como dissemos, ao panteísmo ou a qualquer outro sistema que se desvie da Revelação Divina, isto é incontestável, porque o os autores desses livros não pesaram as expressões que tomaram emprestadas de livros pagãos; mas é preciso estar em sinal de má fé ao atribuir a intenção a homens fanáticos que dia e noite se entregavam às práticas mais minuciosas e embaraçosas do farisaísmo, na persuasão de que estavam assim se tornando agradáveis ​​à Divindade. Queremos remontar estas frases, com o significado ímpio que lhes atribuímos, à antiga Cabala? Então teríamos que concluir que o povo de Deus não acreditava em Deus: o que é o cúmulo do absurdo. E, no entanto, esta tese, por mais absurda que seja, foi seriamente apoiada! Será que o M. Salvador, caluniando o próprio texto do Deuteronômio, ousou sugerir que quando Moisés nos ordena a acreditar que Jeová é um - יהוה אחד‎, deve ser entendido que Jeová é composto de todo o universo (1-XXVIII)? E os maiores mistérios do Cristianismo, a Santíssima Trindade e o Verbo feito carne, não presumimos reduzi-los a uma proposição panteísta? É assim que num livro recente recompensamos os Cabalistas com o engano de esconder sob os termos sacramentais da lei mosaica os princípios mais revoltantes do ateísmo. Spinoza chama como garantia de seu sistema não apenas a Cabala dos Hebreus (2), mas também o grande Apóstolo dos Gentios, "a Omnia", diz ele, "in Deo esse et in Deo moveri cum Paulo afirmado, et auderem etiam dicere cum antiquis omnibus Hebraeis, quantum ex quibusdam tradicionalibus, tametsi multis modis adulteratis, conjicere licet." Epist. 21. J. Tolland não temeu transformar toda a Sagrada Escritura num código de espinosismo. Henri Morus, em sua "Fundamenta philosophiae seu Cabbala aëto-pœdo-melissaeae", reduziu toda a Cabala a dezesseis proposições panteístas. Isto preparou o caminho para o famoso livro Spinosism in Judaism ("der Spinosismus im Judenthum") com o qual Wachter respondeu às provocações de Jean-Pierre Speeth, uma espécie de louco que, criado na religião católica em Viena, sua terra natal , passou já maduro para o luteranismo em Stuttgart, e após retornar ao catolicismo na cidade de Frankfurt am Main, recebeu a circuncisão em Amsterdã com o nome de Moisés, o Alemão - משה אשכני‎. Um judeu alemão de forte incredulidade, Peter Béer, aproveitou estes dados com grande talento. O Sr. Franck quase não teve nenhuma dificuldade além de copiar o último. Se na sua Cabala (1-XXIX) ele não se mantém acima do seu modelo, como escritor e como filósofo capaz de provar o branco e o preto, ele revela quase em todas as páginas a sua incompetência na linguagem e na ciência cabalística que requerem estudos especiais aos quais nunca teve tempo de se dedicar. Além disso, diversas passagens que ele cita estão truncadas ou desviadas de seu verdadeiro significado. Não deixaremos, por favor, de justificar, no nosso trabalho sobre a Cabala, todas estas afirmações com exemplos retirados do seu livro.
Parece que a saudável Cabala, cuja perda Maimônides deplora, foi muito considerável e poderia muito bem ter fornecido o material para os setenta volumes de Esdras, uma vez que os fragmentos que nos foram preservados ainda são bastante numerosos e fornecem provas abundantes a favor de todos os principais artigos da Fé Católica, para que possamos combater vantajosamente os judeus com os seus próprios livros, como tão bem diz Pico de la Mirandola, cujo testemunho citamos no prefácio, página XII.
Carpzovius, falando das vicissitudes da Cabala, diz: "Posterior transiit in nugas kabbalisticas, quibus salutarem illam doctrinam de mysteriis, quae sub tôt legalium ceremoniarum involucris latebant, obnubilarunt (rabbini) , sed ita tamen, ut in istis veteris ὀρθοδοξίας; (a boa doutrina) reliquiae subinde se prodant, atque adeo neganrium non sit, multa e kabbalistarum monumentis ad asserendam christianam veritatem depromiposse." - Introd. intheol. jud., c. vi, § 9."
- David Paul Drach, "De L'Harmonie entre L'Église et la Synagogue, Tome Second", Paris, Paul Mellier, Libraire-Editeur, 1844, páginas XV-XXIX.
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