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Aquário abençoado pelos índigos Urano e Oxalá, o sabbat de Imbolc, o olhar de Sebastião Salgado e o groove de Lenine
Foto: Sebastião Salgado
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A Astrologia Singular percorreu, até agora, sem necessariamente seguir a ordem do zodíaco, os arquétipos e ancestralidades de Touro, Áries, Gêmeos, Câncer, Leão, Virgem, Escorpião e Capricórnio. Cada um dos signos sofre com preconceitos replicados - ao longo do tempo - pela ignorância de piadas e memes que reforçam estigmas alegóricos, sem embasamento criterioso. Com Aquário, sobre quem conversaremos hoje, acontecem os mesmos percalços maculadores, no entanto, por esse ser o signo que preza por desapegar daquilo que não agrega, tal lembrete não poderia ter surgido em timing mais perfeito. Assim, comecemos.
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I - A gênese astral
Vigente de 20 de janeiro até 19 de fevereiro, Aquário é o último representante do elemento Ar. Regido por Urano, tem o domínio da Casa 11 dos mapas astrais, versando sobre o coletivo (como o vivemos e administramos nossas associações familiares, pessoais e profissionais). Signo fixo, que estabiliza e pacifica o zodíaco, integra o eixo Leão x Aquário e conclama o rompimento do ego/individualismo para a ressignificação da vida em um exercício bom (e espiritualizado) para todos.
É filho de Urano, planeta que passa quase sete anos em cada signo do zodíaco - média extremamente rápida - e que propõe a rebelião contra situações/tradições por ele consideradas arcaicas. Urano é sobre futuro, tecnologia e evolução contra a alienação e, não por acaso, episódios como Revolução Francesa, Revolução Industrial e Segunda Guerra Mundial e Guerra Fria aconteceram em conjunções astrais uranianas. Em contrapartida, entidades voltadas ao bem coletivo/paz mundial - como ONU, Unesco e OMS - indicam que as insurgências de Urano acontecem para que algo maior seja alcançado. Por esse motivo, a relação com inconformismo, ciência, velocidade e senso de comunidade são os pilares aquarianos.
Para melhor ilustrar, Lenine, cantor, compositor, instrumentista e aquariano nascido em 2 de fevereiro de 1959, tem em sua faixa Do it uma ode aos movimentos de seu signo.
(...)
Se tá puto, quebre
Tá feliz, requebre
Se venceu, celebre
Se tá velho, alquebre
Corra atrás da lebre
(...)
Se sobrou, congele
Se não vai, cancele
Se é inocente, apele
Escravo se rebele
Nunca se atropele
Se escreveu, remeta
Engrossou, se meta
Quer dever, prometa
Pra moldar, derreta
Não se submeta
Não se submeta.
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II - A ancestralidade
Na mitologia egípcia, o signo de Ar tem sua representação da dupla Rá (Deus Sol) e Geb (Deus da Terra). Enquanto Rá surge com madeixas lápis-lazúli feito o planeta Terra para apresentar-se como o criador de todas as formas de vida por nós conhecidas, Geb é quem fertiliza o solo para que dele tudo nasça e supra a humanidade. Aquário e sua gênese na coletividade.
No Tarot de Marselha, Urano e Aquário surgem como os arcanos maiores O Louco (carta de número zero) e A Estrela, respectivamente, simbolizando tanto o início de uma jornada quanto sua transcendência na constância dela. A Estrela, carta de número 18, também traz a mensagem de proteção espiritual incondicional para que um bem de natureza elevada seja conquistado. No I-Ching, Aquário é retratado pelo hexagrama Paz e Prosperidade, de número 11 (mesmo número da casa astral), versando sobre a união do céu e da terra para que, dessa harmonia que tudo integra, nasça a boa sorte para todos. Aquário e sua gênese na coletividade.
Na mitologia umbandista, o signo de Ar aparece na figura de Oxalá, orixá sincretizado pelo catolicismo como Jesus, e que - em sua matriz africana - diz respeito ao Pai de Todos (tão criador quanto Rá). Aliás, Oxalá, em árabe, equivale ao dizer Insha'Allah (Se Deus quiser). Enquanto isso, na mitologia celta, Aquário é encontrado na Deusa Rhiannon, senhora da fertilidade, dos encantamentos e do submundo. No mesmo ensejo, a vigência do signo de Ar abrange Imbolc, sabbat pagão de purificação, em que as energias negativas são varridas para longe e o fogo da vida é acendido com a ajuda da Deusa Brígida (Santa Brígida, no sincretismo católico). Na mitologia cristã, último o signo de Ar foi registrado em A Última Ceia, de Da Vinci, como Tiago Menor, apóstolo que representa a força que vem do coletivo.
Na mitologia romana, Aquário é Caelus, figura equivalente a Urano, Deus da mitologia grega, sendo que é nessa seara que três importantes passagens alicerçam a ancestralidade aquariana. A primeira delas é o próprio Deus Urano, marido de Gaia e que - por odiar seus filhos - pedia que a esposa enterrasse os herdeiros no centro da Terra. Acabou sendo morto/despedaçado por Cronos, um de seus filhos sobreviventes, sendo que - dos restos mortais de Urano que tocaram o solo - nasceram gigantes, eríneas (deuses da vingança, como Nêmesis) e melíades (as ninfas, como Amalteia, da constelação de Capricórnio). Da unilateralidade de Urano surge o caos coletivo, veja só.
Como segunda parte grega de Aquário, Prometeu, titã dono do fogo da vida que lutou ao lado de Zeus e se rebelou contra ele posteriormente, foi acorrentado pelo chefe do Olimpo para que, por toda a eternidade, seu fígado fosse bicado por um abutre durante o dia e se regenerasse durante a noite. Assim, enquanto Urano renegou seus filhos, Prometeu aceitou ser sacrificado para manter aceso o fogo que esquenta a humanidade até hoje (enquanto ele segue sendo dilacerado diariamente pelo pássaro). Prometeu e Brígida alinhados com o fogo da vida. Aquário e sua gênese na coletividade.
Por fim, no mito de Ganimedes, príncipe de Tróia, o rapaz é raptado por Zeus (o chefe da antiguidade se apaixona pelo menino) e levado ao Olimpo para servir néctar e ambrosia entre aos Deuses com sua ânfora encantada. Descoberto por Hera, esposa mais notória de Zeus, Ganimedes é protegido por seu sequestrador/amado e transformado na Constelação de Aquário. Eis uma nota mental importante aqui: Aquário surge para questionar todas as hierarquias, sejam elas de gênero, orientação sexual e até de estilos de relacionamento. A ânfora simboliza também os sentimentos aquarianos (signos de Água têm os afetos mais profundos do zodíaco) e sua forma bastante racional de amar (distanciando-se das saraivadas de ondas emocionais).
Como, nesse caso, o zodíaco é percorrido de trás para frente, a Era de Aquário acontecerá no ano de 2149 e, por enquanto, vivemos um momento de transição, repleto de conflitos e expurgo, uma vez que a indiferença humana foi a grande responsável não só pelo estado em que nos encontramos, mas pela chance de novas gerações habitarem um futuro espiritualmente evoluído. Atualmente, estamos nos resquícios da Era da Peixes, período de flutuações políticas e devaneios religiosos (que, aliás, associam burramente a Era de Aquário ao nascimento do anticristo), sendo que a iminência da alvorada de uma nova consciência causa indignação na medida certa para que a busca por transformações comece em todos nós.
Para melhor ilustrar, Lenine, arauto aquariano, retorna para fazer de Quadro Negro mais um capítulo da trilha que norteia a presente leitura.
(...)
No topo da pirâmide, tirânica
Estúpida, tapada minoria
Cultiva viva como a uma flor
A vespa vesga da mesquinharia
Na civilização eis a barbárie
É a penúria que se pronuncia
Com sua boca oca, sua cárie
Ou sua raiva e sua revelia
Quem vai pagar a conta? Quem vai lavar a cruz?
O último a sair do breu, acende a luz
O que prometeu não cumpriu
O fogo apagou, a luz extinguiu.
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III - A psique de Aquário
O terceiro e último signo de Ar do zodíaco não pode ser represado pelo nome ao qual é associado. Assim, Aquário é infinito. De índole calma e criativa, o aquariano manifesta, desde pequeno, natureza índigo, isto é, padrão vibratório que propõe o pioneirismo como forma de vida. Construtor de seu próprio mundo, o filho de Urano equilibra imaginação fértil e ideais sólidos, fazendo do grão de feijão plantado no algodão uma semente literal para futuro. Sensato, Aquário reflete sobre as perguntas certas para que as respostas surtam efeitos imediatos e favoreçam o maior número possível de pessoas. Conciliador, generoso e em partilha constante das benéfices por ele conquistadas, o aquariano forma grandes patrimônios para ver a todos bem, mas sem ânsia particular de poder. Questionam ordens, exercitam a cidadania, transigem obrigatoriedades (como o uso de uniformes, por exemplo), rompem preconceitos e crenças limitantes em (inspirando que as pessoas ao seu redor façam o mesmo) e não são apegados a questões materiais por saber que a verdadeira riqueza é interior. Aquário e sua gênese na coletividade.
Gostam da vida simples, do cheiro de mato e da vida sustentável. Pesquisam soluções ecológicas e o consumo consciente por serem xamãs natos. Tendem a buscar a expansão da consciência a partir de ayahuasca e DMT, acessando sua ancestralidade em imersões profundas e metafísicas. Por esse mesmo, preferem tratamentos alternativos, pautados em homeopatia/fitoterapia e cromoterapia para evitar a alopatia (medicamentos farmacêuticos) e tratamentos invasivos. São solícitos, têm humor estável, não são irritadiços e se adaptam a qualquer ambiente, no entanto, tomam distância de convenções familiares quando elas lhe parecem compulsórias. Eventos como a ceia de Natal, por exemplo, tendem a desambientar o aquariano com fofocas e especulações tóxicas que ele repele. Sempre remando contra a maré, Aquário é tido como do contra por pleitear a igualdade e solidariedade diante do que lhe parece injusto. Amam profundamente, no entanto, não têm ou entendem rompantes de paixão por serem desapegados de extremos e, ainda, por se enamorarem mais pelos ideais partilhados com o ser amado. Não acreditam em sonhos impossíveis porque têm no senso de comunidade a força motriz capaz de girar qualquer engrenagem que pareça emperrada. Querem o bem de todos, a felicidade do mundo, a ciência como manancial de sabedoria e a justiça que não tarda como exercícios diários/fundamentais. Mas nem de luz são feitos os signos e, eclipsado por sua rebeldia atribulada, Aquário manifesta sua sombra.
Indiferença, impessoalidade, desprezo, descaso e frieza. O arcano d’O Louco e sua inconsequência advinda de Urano. A desordem como necessidade essencial, caos, impulsividade, rechaço, agitação e subversão como formas autodestrutivas de independência. Os questionamentos racionais do aquariano se esvaem, uma vez que até a civilidade passa a ser lida como regra a ser quebrada. A guerra - especialmente no viés ideológico - se torna plausível, uma vez que a única emergência é a insurgência. Discordante, implicante e irritante, Aquário se torna cronicamente mal-humorado e passa a abraçar as crenças limitantes antes dinamitadas por ele. Da unilateralidade de Urano surge o caos coletivo.
Sobre o signo de Aquário, Carl Jung definiu o seguinte:
5 - O Explorador
Lema: Não me cerque;
Desejo central: A liberdade de descobrir quem é através da exploração do mundo;
Objetivo: A experiência de um mundo melhor, mais autêntico, mais gratificante na vida;
Maior medo: Ficar preso, conformidade e vazio interior;
Estratégia: Viajar, procurar e experimentar coisas novas, fugir do tédio;
Fraqueza: Perambular sem destino tornando-se um desajustado;
Talento: Autonomia, ambição, ser fiel a sua alma;
O explorador também é conhecido como: O candidato, o iconoclasta, o andarilho, o individualista, o peregrino.
Se existe vilania na sombra aquariana? É claro que não. O abalo é apenas uma resposta humana para que, transpondo o torpor, o herdeiro de Urano se purifique com o fogo vital presente no arcano maior d’A Estrela (a luz suprema abençoando a jornada) e no hexagrama de Paz e Prosperidade. O eixo Aquário x Leão é sobre servir a humanidade e tal farol se acende para que, em contemplação e reconexão (muitas vezes feita em meio à natureza), o aquariano retome sua mansidão habitual. Ele também é filho de Oxalá, o Pai Maior, ora.
Para melhor ilustrar, Lenine, peregrino aquariano, retorna para fazer de Envergo, mas não quebro mais um capítulo da trilha que norteia a presente leitura.
(...)
Eu posso até ir ao fundo
De um poço de dor profundo
Mas volto depois sorrindo
Em tempos de tempestades
Diversas adversidades
Eu me equilibrio e requebro
É que eu sou tal qual a vara
Bamba de bambú-taquara
Eu envergo, mas não quebro
Eu envergo, mas não quebro.
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IV - A personificação exemplar
Além de Lenine, Bob Marley, Angela Davis, Rosa Parks e Abraham Lincoln são aquarianos louváveis, no entanto, é sobre Sebastião Salgado, nascido em 8 de fevereiro de 1944, que a Astrologia Singular decidiu versar.
Fotojornalista nascido mineiro e radicado em Paris, Salgado leva uma vida pessoal simples e silente para, profissionalmente, encontrar sua missão no registro da gênese do mundo. A origem da vida, das tribos e comunidades em imagens que despertam a ancestralidade em nós. Respeitoso, o profissional se torna parte da natureza na qual se embrenha para suas etnografias e, ainda, tem no ofício social a principal vertente do seu propósito.
É movido pelo chamado xamânico para, entre florestas, estradas e geleiras, exercer a alquimia fotográfica, sabendo acessar nativos de forma respeitosa, conciliando sua arte com o bem-estar de quem é registrado. A imersão é profunda e plena, vendo muito além do que os olhos permitem, fazendo as perguntas certas para que as respostas surtam efeitos imediatos e favoreçam o maior número possível de pessoas.
Salgado é o aquariano pacífico, que partilha as benéfices de suas pesquisas sem ânsia particular de poder. Rema contra a maré ao se colocar em desconforto/desafio físico para estudar o universo selvático, sonha com o impossível e o torna realidade com a mesma simplicidade com a qual desenvolve projetos ambientais sem buscar reconhecimento por eles. Ganhou prêmios mundialmente, tem 12 livros publicados (todos com a coletividade como tema) e é casado com Lélia Salgado, parceira com quem também trabalha por ambos semearem os mesmos ideais. O amor como candeeiro, que acende a chama da vida e no sentimento encontra o propósito. Esse é Aquário. Amém, axé. Assim é.
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Copyright © 2020 / Astrologia Singular
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O recôncavo vasto e seguro de Capricórnio regido por Saturno, Anúbis, Omulu, Cronos e Bowie
Foto: Edward Bell, 1980
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Uma das missões da Astrologia Singular, além de contextualizar que tudo é um só (planetas, zodíaco, deuses, etc), é apresentar signos a partir de sua mitologia e dissociá-los de estigmas criados pelos seres humanos. Existe um abismo entre a herança ancestral de um ente zodiacal e o oportunismo egóico de pessoas que divagam sobre signos e suas representações. Com isso alinhado, falemos hoje sobre Capricórnio, fascinante, extenso a partir da dualidade (ou Lei da Polaridade) seu DNA e severamente incompreendido.
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I - A gênese astral
Vigente de 22 de dezembro até 20 de janeiro, Capricórnio é signo cardinal, isto é, de movimento/concretização, representante da Casa 10 - sobre carreira e imagem social - nos mapas astrais. Filho do planeta Saturno, absorve da referência paterna a estabilidade, a solidez de caráter, a criação de limites (a si e aos outros), a reflexão sobre lições aprendidas e o silêncio. O décimo signo do zodíaco integra o eixo Câncer x Capricórnio, ligação conhecida como os senhores do karma. Não por acaso, a pandemia deflagrou-se pelo mundo no eclipse solar de 26 de dezembro de 2019 ao se ancorar na dupla mencionada há pouco.
Saturno, único integrante do sistema solar envolto em anéis afiados, se faz a joia da galáxia tanto por sua beleza quanto por seu viés indômito, uma vez que os aros ao seu redor também se fazem barreira intransponível para que território do planeta não seja acessado. Recluso e gradual, Saturno tem translação (giro ao redor do sol) de quase 30 anos, originando - assim - a crise dos 30 para que pessoas atinjam (de fato) a vida adulta. Por esse motivo, a relação com o tempo é um dos pilares de Capricórnio.
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II - A ancestralidade
Na mitologia egípcia, o signo de Terra tem em Anúbis (Deus guardião das almas do mundo material ao espiritual) e Bastet (Deusa da fertilidade e dos eclipses solares). Morte e vida. Fim e recomeço. Tempo e felicidade. Capricórnio é representado por um duo. Um casal. A referência inicial de que o signo carrega os sagrados masculino e feminino equilibrados em si. Não obstante, Anúbis leva o cetro na mão direita e a chave da vida na mão esquerda, instrumentos que apresentam Capricórnio não apenas como signo, mas como mago de si.
Na mitologia romana, capricornianos têm sua ancestralidade em Saturno, Deus da abundância, da austeridade e das renovações dos ciclos (os karmas e dharmas). Morte e vida. Fim e recomeço. Tempo e felicidade. Era no Templo de Saturno, na Roma antiga, em que o festival de Saturnália acontecia entre 17 e 25 de dezembro, durante o solstício de inverno (Yule), sendo que as celebrações contavam com integrantes do clero, homens ricos e escravos equiparados igualitariamente frente aos banquetes e orgias públicas. São tais festividades, aliás, que inspiraram o Carnaval como o conhecemos hoje.
Já na mitologia hindu, Saturno (o planeta, no caso) surge na figura de Shiva, Deus da abundância, da austeridade e das renovações dos ciclos (os karmas e dharmas). Morte e vida. Fim e recomeço. Tempo e felicidade. No mesmo ensejo, Capricórnio se apresenta em Makara, criatura mitológica com rosto de crocodilo, corpo de peixe e associação à Deusa Lakshmi alinhada com Kundalini (serpente que trazemos enrolada em nossa espinha e que rege nosso desejo). Há um dado importante no corpo de peixe por ele se repetir em outras manifestações capricornianas: embora muito mental por ser feito de Terra, o herdeiro saturnino tem as emoções profundas e fluidas da água (fazendo valer as águas cancerianas do eixo ao qual pertence).
Na Grécia antiga, Capricórnio aparece como Aegipan, ou melhor, Pã, antepassado que lutou ao lado de Zeus contra os titãs, instaurando panikos em seus oponentes. Era irmão da ninfa Amalteia, sendo ela agraciada pelo chefe do Olimpo com a constelação de Capricornus no cosmo. Novamente, um duo. A repetição de que Capricórnio carrega os sagrados masculino e feminino - assim como morte e vida - equilibrados em si. Ainda entre os gregos, Héstia, Deusa do inverno e guardiã das lareiras, também representa tanto Capricórnio quanto a Kundalini, ou seja, a sexualidade (lareira = fogo interno) pungente do signo de Terra. Como nem tudo é feito de calor e acolhimento, Cronos, Deus grego do tempo, que devorava seus familiares com pavor (panikos) de ser destronado, contextualiza o isolamento ao qual Capricórnio se força para só depois entender a partilha da vida não o ameaça. Héstia e Cronos formam mais um duo representante de Capricórnio. Morte e vida. Fim e recomeço. Tempo e felicidade. Ah, e um primeiro adendo importante: Kronia era a equivalente grega para a Saturnália (com os mesmos moldes de banquetes e orgias públicas durante dias seguidos, sem distinções classistas). Como segundo bônus, a antiguidade ainda contou com Kairós, filho que Cronos não conseguiu devorar, Deus da oportuno e das estações e, ainda, herdeiro que salvava o povo da impiedade paterna. Um novo tempo para ensinar ao capricorniano sobre instantes decisivos (que não podem ter a lentidão do retorno de Saturno).
No paganismo, Capricórnio é o Deus Cernuno, da fertilidade e prosperidade, que se casa com Hécate, a Deusa da abertura de caminhos. É dessa união de amor e sexualidade que nascem os frutos/flores que nutrem/aquecem pessoas/animais da antiguidade. Cernuno tem seu pênis/falo destacado na maior parte das artes pagãs por serem de suas sementes (sêmen), isto é, da libido de sua Kundalini, que nasce o mundo. Cernuno e Hécate, um outro duo. Morte e vida. Fim e recomeço. Tempo e felicidade. A referência de que o Capricórnio carrega os sagrados masculino e feminino equilibrados em si.
Entre os celtas, o filho de Saturno é representado por Scâthach, Deusa da fertilidade e do sexo que governa com imenso poder. Na umbanda, Capricórnio aparece na figura de Omulu, orixá da transmutação, da maturidade e da introspecção sábia. Morte e vida. Fim e recomeço. Tempo e felicidade.
No oráculo do I-Ching, capricornianos são retratados pelo hexagrama de número 52 - A Quietude ou A Montanha -, que versa sobre silenciarmos a alma para refletirmos e não nos contaminarmos pelas negatividades (internas e externas). No Tarot de Marselha, Capricórnio aparece nos arcanos d'o Diabo (o materialismo, a luxúria, o poder, os excessos, o ego e o descuido com a espiritualidade) e d'o Julgamento (a retomada de consciência, o pesar dos atos, o repensar da vida, a colheita sobre o que foi plantada e o karma/dharma).
Na mitologia cristã, Capricórnio foi representado em "A Última Ceia" de Da Vinci como o apóstolo André, um administrador enérgico. No sincretismo católico, Omulu, aliás, é representado como São Lázaro, santo cujo dia é celebrado em 17 de dezembro, mesma data em que a Saturnália acontecia. A ocasião é proposital, assim como o nascimento de Jesus, em 25 de dezembro, período em que os festejos romanos acabavam, para punir a carnalidade (os banquetes, o sexo, a música) com a própria expiação da carne de um Lázaro leproso e, mais ainda, um Cristo se ofereceu em sacrifício para salvar a humanidade. Ambas as celebrações - de São Lázaro e Jesus - acontecem sob Yule, o solstício de inverno no Hemisfério Norte, sendo que o comportamento frio é apenas outra lenda erroneamente associada aos capricornianos.
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III - A psique de Capricórnio
O terceiro, último e mais forte dos signos de Terra tem na figura da montanha uma de suas primeiras representações. Alta, isolada, perto do céu, composta por solidez e enrijecimento. Em contato com a natureza selvagem, com todo o tempo do mundo para refletir - valendo-se de ser herdeiro de Cronos - e fazendo do silêncio parte indelével de sua alma. Olhar para divagar, construindo ideias, opiniões e concepções gradualmente, pautados no que é concreto e digno. Capricornianos falam pouco. Gostam mais de observar. Assimilam tudo o que é diferente de si tão lentamente quanto o retorno de Saturno. Apreciam o que lhes parece fisicamente administrável - dinheiro, contratos, compras e vendas, itens colecionáveis caros, cargos de chefia, palestras sobre gestão, roupas, equipamentos, idas a restaurantes, compras de supermercado, receitas elaboradas, vinhos e carros - por virem da solidez terrena. Gostam de conforto, planejamento, rotinas e de tudo que conseguem condicionar, controlar e antever.
São conservadores, dedicados, leais e discretos. São trabalhadores incansáveis, dedicados e exemplares. Admiram cores e trajes sóbrios, hierarquias, tradições, apaixonam-se lentamente (amam cortejar quem os encanta), têm demonstrações de afeto minimalistas (especialmente em público) e, por evitarem conflitos a qualquer custo, não tomam partido do que lhes parecem rompantes alheios. Capricornianos são a personificação da neutralidade. Se mantém sempre do seu alto montanhês observando a todos, fazendo notas mentais e guardando-as para si. Por prezarem status e temerem arranhar sua reputação, não compram a briga de quem lhes parece passional por não entenderem como o coração rege ações. São educados e comedidos. Não gastam dinheiro à toa, sabem poupar e investir, mas não se privam de pequenos luxos revestidos de boa qualidade.
Por vezes, em particular, corrigem de forma austera pessoas com quem têm intimidade, fazendo valer o arcano d'O Julgamento em seu viés sombrio: sentenciar os outros sem olhar para si. Nem sempre digerem a espontaneidade de terceiros (tentando - eventualmente - reprimi-la com a austeridade de Saturno), embora adorem a ideia de serem tão soltos quanto as pessoas que lhes causa estranheza. Todo julgamento é uma confissão, afinal. Calculam gestos e palavras, sabendo entrar e sair de qualquer ambiente, sendo agradáveis, sem contarem muito sobre si. Não é por acaso que Saturno se protege com uma barreira de anéis cortantes, ora. É fazendo-se inacessível - seja como montanha, planeta ou senhor do tempo - que Capricórnio não tem suas lâminas ultrapassadas e, mais ainda, não se desconstrói quando confrontado por sua severidade. Se o sistema solar fosse de brinquedo, aliás, e qualquer pessoa tentasse alcançar Saturno, ele lhes cortaria os dedos, no entanto, se a palma de uma mão humana lhe fosse oferecida, o planeta - após muito observar - repousaria nela com tranquilidade. No mesmo ensejo, suas representações mitológicas associadas a animais selvagens (Anúbis e o rosto de chacal, Makara e a face de crocodilo, Pã e Cernunos com formas de cabra montanhesa e, ainda, Cronos devorando seus herdeiros) são apenas mais um artifício afugentar quem se engana pelas aparências. Para quem vê além e através, no entanto, Capricórnio baixa suas defesas - com a sensibilidade da água - e se permite abraçar.
Inteligente e que admira o brilhantismo de quem o cerca, Capricórnio é quem aplaude de pé o sucesso alheio e por ver na evolução do outro um norte inspirador. Ambicioso, está sempre em movimento (é signo cardinal, afinal) para consolidar seus próximos passos. Valoriza o silêncio, mas por ter o isolamento das montanhas em seu DNA, no entanto, aprecia na mesma medida as boas conversas - por horas a fio - sobre ideias brilhantes e projetos futuros. Capricórnio gosta de quem afia sua mente com novos conceitos, no entanto, não joga conversa fora falando sobre a vida dos outros. Seu humor é sagaz e ácido, uma vez que aos filhos da Terra as vezes falta um pouco de traquejo com a sutileza. Não obstante, o filho de Saturno, ao se relacionar, ama de forma séria e inteira, depositando afeto em pequenos gestos e encontrando soluções para as preocupações de seu parceiro (por isso a apreciação da inteligência). De tanto amarem o movimento, encontram em viagens formas de se reinventar, substituindo ideias engessadoras pela amabilidade para uma nova vida. Mas nem só de autocontrole é feito Capricórnio, uma vez que seu ser é regido por metades equilibradas. Masculino e feminino. Morte e vida. Fim e recomeço. Tempo e felicidade. Seriedade e intempestividade.
Carl Jung, pai da psicologia analítica, predisse a porção insurgente do arquétipo capricorniano da seguinte maneira:
6 - O Rebelde
Lema: As regras são feitas para serem quebradas;
Desejo central: Vingança ou revolução;
Objetivo: Derrubar o que não está funcionando;
Maior medo: Ser impotente ou ineficaz;
Estratégia: Interromper, destruir ou chocar;
Fraqueza: Cruzar para o lado negro do crime;
Talento: Ousadia, liberdade radical;
O rebelde também é conhecido como: O ilegal, o revolucionário, o homem selvagem, o desajustado, o iconoclasta.
Capricórnio nasce velho e morre criança, é o que diz um ditado popular. É o precursor que antevê e dita tendências, tecnologias e novas searas profissionais e intelectuais. Sedimentado no passado/dogmatismo e vivendo de acordo com costumes conservadores e até sufocantes (a Terra é estática, ora), o filho de Saturno - em dado momento de sua vida - começa a manifestar seu outro viés e, assim, desencadeia sua disruptividade. Provocativo, Capricórnio decide abraçar as catarses do mundo (renegadas até então). Deixa de ser sisudo e sóbrio para se embevecer fazendo somente o que quer. Os prazeres da Saturnália ancestral ganham vazão nos capricornianos recentemente despertos, tornando-os subitamente expansivos e até volúveis/inconsequentes. Suas amarras internas viram justificativa para lastrear seus descompassos e excessos, sendo eles a perfeita representação do arcano d’o Diabo. A espontaneidade que Capricórnio admira secretamente nos outros se faz seu objeto de desejo em si. Ser indulgente consigo, perder o freio social, se deixar levar, ser incoerente e se permitir banhar nas águas da condescendência particular. Naturalmente autocentrado (a Terra é sólida), Capricórnio vislumbra uma boemia que não lhe é habitual por repelir o que lhe fazia inerte. A chave que equilibra suas metades gira rápido demais e o desequilíbrio se instaura como se o capricorniano quisesse compensar algum tempo que lhe pareceu perdido. Entediado, agressivo e reativo, o filho de Saturno ganha senso de urgência para viver em alta velocidade. Assim, qualquer situação que lhe varra do marasmo e ofereça até uma dosagem de risco se faz convidativa. Instável, soterrado nos deleites do ego, Capricórnio - que já demora naturalmente para despertar espiritualmente - renega a necessidade de elevação por causa dos devaneios da carne. A gratidão - sentimento que o capricorniano custa a entender por pensar que tudo só acontece por seu exclusivo esforço/mérito - fica ainda mais distante no horizonte da compreensão. Torpor, truculência e procrastinação vindos do cavalheiro à moda antiga do zodíaco. O entendimento lento de que doar-se proporcionalmente a quem lhe acolhe não priva sua liberdade porque nada é excludente. Caos, panikos, teimosia e lascívia, uma vez que - se abandonar hábitos estáticos já era um desafio - ressignificar turbulências convidativas também se faz um problema.
Elemento Terra, a solidez de caráter, o reinado seguro e a dificuldade com as palavras. Os sagrados masculino, de ação e pragmatismo, e feminino, de sensibilidade e contemplação. Saturno e seus anéis farpados que o blindam de eventuais mudanças. Anúbis e sua ânsia por transformação. Shiva, o karma e o dharma. Pã e o ímpeto vital. Héstia, o fogo interno e a Kundalini. Cernuno, Hécate e o semear do mundo. A quietude da montanha, O Diabo e seus tropeços, O Julgamento e suas colheitas obrigatórias. As chagas - físicas, mentais e, acima de tudo, espirituais - de São Lázaro e a cura tão, tão sábia proposta por Omulu.
Capricórnio é o universo mais vasto do zodíaco que não cabe em luzes e sombras por ter sua gênese na dualidade. Mais ainda: Capricórnio é o signo mais incompreendido do cosmo e, por esse motivo, sua necessidade de privacidade e reclusão se faz natural para evitar o julgamento.
Por rejuvenescerem ao longo da vida, aprendendo com acertos, erros e transmutações, Capricórnio passa a perceber como funciona a harmonia das metades que o constituem. Agindo individualmente, sem considerar como as ações de uma esfera afetam a outra (e também têm efeitos sobre as pessoas ao seu redor), o capricorniano incorre em uma de suas principais Nêmesis: as tomadas de decisão unilaterais (com a austeridade de Saturno) e que empatizam somente consigo. O prevalecer do ego e o distanciamento da maturidade espiritual (presente em desprendimento, perdão, autoperdão e gratidão, por exemplo). No mesmo ensejo, Capricórnio, agora mais leve pelo início do reequilíbrio, também entende que traumas e decepções podem de fato ficar no passado, uma vez que o território - quando partido, desgastado ou descuidado - ganha nova vida com o irrigamento de águas doces e pacíficas, repletas de emoções fluidas e restauradoras.
Sob o olhar de sua autocobrança, uma vez que não há peso maior que sua própria consciência densa feito a Terra, Capricórnio resplandece sua beleza genuinamente cálida, que protege e zela por quem ama, trabalha com afinco e se destaca por merecimento, ascenciona espiritualmente - tornando-se o melhor conselheiro para quem a ele recorre -, desprende-se das cicatrizes mentais, celebra os prazeres da vida equilibradamente, assim como também compreende a parcimônia da engrenagem comunicar/silenciar sem desgaste nela causar. O capricorniano abraça a natureza de ser o sábio da tribo, fazendo de tal doação um exercício leve, divertido e agregador. As ressalvas para que sua privacidade não seja devassada serão perpetuamente mantidas, uma vez que qualquer excesso cometido anteriormente deixou como sobreaviso a necessidade de discrição. O mesmo cuidado pode ser atribuído em questões de saúde, envolvendo memória e hormônios, sendo que o acúmulo de pensamentos/referências passadas sobrecarregam a mente capricorniana, assim como as oscilações internas às vezes geram descompasso hormonal de tireóide e melatonina.
Assim como Anúbis, seu cetro e a chave da vida, Capricórnio equilibrado em sua dualidade se torna mago de si e capaz de orquestrar uma das sinfonias mais ricas do zodíaco, fazendo jus aos preciosos anéis de Saturno. Não obstante, Kairós, o Deus do tempo oportuno, facilita o caminho e suaviza a jornada do irmão capricorniano, trazendo trajetos tranquilos e ares curativos.
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III - A personificação exemplar
Nascido em 8 de janeiro de de 1947, David Bowie ficou com os olhos ímpares após entrar em uma briga por uma garota. Rebelde, questionador, inconformado, precursor, iconoclasta, paradigmático e genial, tinha no olhar — um com a pupila regular e outro com a bolinha dilatada — a dualidade orgânica de seu signo.
Uma porção do artista era discreta, centrada e reclusa. A outra o fez camaleônico, andrógino e repleta de alter egos que expressavam sua constante sensação de não-pertencimento (ideia recorrente em capricornianos, aliás). Bowie também era Ziggy Stardust, Aladdin Sane, The Thin White Duke, The Goblin King e, como última criação, The Blind Prophet.
A cada faceta, como se o artista conclamasse uma parte de sua ancestralidade, um novo experimento musical e visual surgia, assim como eram lançadas mais provocações intelectuais para que os dogmas da época (e do próprio Bowie) fossem ressignificados. No lugar de um capricorniano sisudo, David surgia sempre sorridente, distribuindo abraços, respostas engenhosas, parcerias agregadoras e a sabedoria suprema de ancião da tribo.
Foi compositor, cantor, ator, produtor, instrumentista e até semideus. Voou alto, levando seu clã consigo, agradecendo por seus acertos, se redimindo de seus equívocos e harmonizando os sagrados que habitavam em si sem precisar escolher qual deles prevaleceria. Falava baixo, mas era um monstro no palco. É filho de uma Londres cinzenta, assim como os tons sóbrios que os filhos de Saturno tanto adoram, mas preferiu as cores flúor de uma Nova Iorque insone para conduzir seus passos.
Viveu catarses e criou em meio ao seu próprio panikos, até intuir o momento de seu desencarne. Como despedida, lançou, em 17 de dezembro de 2015, o single Lazarus, no dia de São Lázaro, em que — ao personificar The Blind Prophet, seu último alter ego — saudou a cada um de seus ouvintes e honrou sua árvore da vida. Morreu em 10 de janeiro de 2016, dois dias após seu aniversário, mesma ocasião em que lançou Blackstar, último disco permeado por Lazarus e mais seis faixas (sete canções, isto é, o número mágico). Não obstante, o álbum tem duração de 41:14, sendo tal número atribuído aos processos de vida e morte, começo e fim, adoecer e transmutar.
Bowie fez seu próprio tempo ao se alinhar com Kairós. Riu de Cronos, aceitou as joias de Saturno, trocou acenos com Anúbis, reverenciou sua Kundalini e, ao fim, encontrou-se com Omulu. É a personificação perfeita de Capricórnio, iluminando — como o farol que sempre será — irmãos zodiacais, como Susan Sontag (e sua mecha branca de cabelo, enaltecendo dualidade capricorniana), Patti Smith, Basquiat e Lemmy Kilmister. David Bowie é um universo, assim como o recôncavo vasto e seguro de Capricórnio. Assim é. Amém, axé.
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Decodificando os eclipses de 30/11 + 14/12 no eixo Gêmeos x Sagitário para abraçar realizações sábias
Foto: Okan Özel
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O zodíaco é composto por seis eixos (Áries x Libra, Touro x Escorpião, Gêmeos x Sagitário, Câncer x Capricórnio, Leão x Aquário e Virgem x Peixes), sendo que — desde julho de 2018 — estivemos sob a regência implacável de Câncer x Capricórnio (o último evento da dupla aconteceu em 5 de julho de 2020). Vale lembrar que o eclipse de 26 de dezembro de 2019 — visível da China — deflagrou o Covid-19 no mundo e, com derradeira a repetição de tal eixo em 5 de julho, foi esperada que uma segunda onda pandêmica. Não é por acaso que Câncer e Capricórnio são conhecidos como os senhores do karma. No tange a compreensão do funcionamento dos eixos, eis a decodificação: a lado luz de um signo (a afetividade canceriana, por exemplo) compensa as sombras de seu oposto (a inflexibilidade capricorniana) e, ainda, o breu de um signo (a manipulação canceriana) é clarificada pela elucidação de seu avesso (o pragmatismo capricorniano).
Eclipses se dividem em solar (quando a lua se posiciona na órbita entre sol e Terra) e lunar (quando lua e Terra estão alinhados na órbita). Eclipses solares só acontecem durante a lua nova e eclipses lunares só se manifestam na lua cheia. Quando um eclipse lunar acontece, os efeitos ressoam muito mais no campo pessoal do que coletivo, uma vez que a lua fala sobre nossas emoções e, ainda, evidenciam as sombras do signo que sustenta tal evento (para ilustrar: se o eclipse é lunar em Câncer, os exageros emocionais estarão à flor da pele para quem tem descompassos nessa esfera). Em contrapartida, eclipses solares dizem respeito ao que transformaremos tanto em termos individuais quanto coletivos, uma vez que o sol diz respeito ao nosso eu/ego e ao núcleo de cada situação em que nos encontramos (relacionamentos, trabalhos, amizade). Assim, enquanto no eclipse lunar as coisas parecem ficar confusas com quem tem pendências energéticas na vida, no eclipse solar as transformações vem a todo vapor e nada/ninguém escapará da cauterização que o sol irradiar. Enquanto o eclipse lunar é associado ao karma, o evento solar diz respeito ao dharma e — novamente — o budismo se faz fiel da balança astrológica. Um dado adicional importante é que eclipses têm intervalos de seis meses, ou seja, se um eclipse lunar aconteceu em janeiro, um eclipse solar acontecerá em julho lhe cobrando o que não foi resolvido de uma ocasião para a outra (ou lhe trazendo a colheita de frutos diante dos esforços empreendidos por ti). Com tudo isso contextualizado, falemos sobre o que está por vir.
Após dois anos pesarosos sob Câncer x Capricórnio, eis que o eixo Gêmeos x Sagitário assumiu a regência dos eclipses em meados de 2020 e permanece nesse reinado até o fim de 2021. Evoluir e se ressignificar exercitando (exercício = Sagitário) a sabedoria (sabedoria = Gêmeos). Transformação em movimento. Essas são as premissas do eixo Gêmeos x Sagitário.
Durante a vigência de Sagitário (de 22/11 até 21/12), o penúltimo eclipse lunar penumbral do ano (isto é, encoberto levemente pela sombra da Terra) acontece em 30 de novembro domiciliado Gêmeos, o intelectual mais veloz e racional entre todos os signos. Metade de seu ser está ancorado no mundo/tempo presente e a outra parte é permeada pela espiritualidade (não por acaso, Gêmeos é mutável e sua simbologia é II, do alfabeto romano, representando sua pluralidade). Um pé na terra e outro no astral. Bruxos por natureza. Como o eclipse de 30 de novembro afeta a todos nós? A partir das questões emocionais, ora. O que não foi equalizado racionalmente e colocado em prática desde 5 de junho de 2020 (eclipse anterior ao de novembro), permanecerá em desarmonia dentro de nós. Novamente: eclipses lunares falam de nossa vida particular/emoções e, nesse ensejo, o Universo chama nossa atenção para ansiedades, crenças limitantes, paranoias, excessos, egoísmos e indiferenças. Agora vejamos. Sua ansiedade projeta ilusões sobre pessoas tramarem contra você? As paranoias recorrentes isolam você de pessoas que tentam lhe ajudar? Sua indiferença não permite que você se redima com pessoas magoadas por ti? Seu egoísmo o faz acreditar que as vontades e necessidades dos outros são menores que as suas? Esses são alguns dos itens a serem repensados por você agora, em julho de 2020, para que a chegada do eclipse lunar de novembro perpetue a colheita das mudanças efetuadas e não o resgate espiritual do acerto de contas. Falando em espiritualidade, o evento de 30 de novembro também diz respeito ao aflorar/desenvolver de nossa intuição/mediunidade (área regida pela lua). Na maioria das vezes, descompassos emocionais dizem respeito ao campo energético não desenvolvido (ou desconhecido) e que nos coloca em ciclos de obsessão espiritual. Assim, além de alinhar corpo e mente, o eclipse de 30 de novembro nos oferece a possibilidade de abraçarmos nossas transformações energéticas.
Duas semanas mais tarde, em 14 de dezembro, teremos o eclipse solar em Sagitário e, mais uma vez, o Universo nos cobrará a lição de casa tanto em nossas vidas particulares quanto na coletividade. Sagitário, o signo representado por um centauro curador, agirá diretamente sobre o nosso ego para que, de forma pouco sutil (centauros são metade cavalo e repletos de coices), traga a luz do sol (Sagitário pertence ao elemento Fogo) e nos restaure por completo. O que estiver pela metade, completo se tornará. O que precisar de cura, regeneração ganhará. O que precisar ser aprendido, melhor didática de terá. Em contrapartida, eclipses solares finalizam situações que já não têm como se sustentar. O que for abusivo, terminará. O que for traiçoeiro, exposto será. O que for injusto, punido estará., O eclipse solar em Sagitário vem a galope para resolver o que já colocamos em andamento nos seis meses anteriores e, de quebra, dá um empurrãozinho no que parece empacado. Conhecido por ser festeiro, Sagitário deixa de lado — mesmo que momentaneamente — seu hedonismo para propiciar o reinício da vida e da fé em pessoas cujas esperanças se exauriram. Otimismo e força de concretização ganham vazão em quem se permitir renovar pelo evento de 14 de dezembro.
Um dado adicional importante: ambos os eclipses acontecem em segundas-feiras, isto é, dia de abertura de caminhos feita por orixás guardiões (Exus e Pombas Giras), Obaluaê (orixá da evolução) e Pretos Velhos (entidades cuja alma ancestral traz cura e sabedoria). Na perfeita sincronia do Universo, espíritos magnânimos nos auxiliam diante dos portais abertos por ambos os eclipses para que nossa transformação/cura seja o melhor presente de Natal que possamos ganhar (especialmente após um ano tão áspero/enfermo). Assim é. Amém, axé.
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Mercúrio retrógrado em Escorpião na vigência de Libra no último revés comunicacional de 2020
Foto: Anthony Hearsey | www.instagram.com/anthony_hearsey
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Lá vem ele. De novo. Querendo tirar férias. Estafado e se sentindo preguiçoso. Logo ele que, em um 2020 de tantos atropelos, se faz essencial no livre expressar de informações, ideias e sentimentos. Ele, Mercúrio, o veloz que, de tanta energia desprendida para agilizar o cosmo, resolve girar mais lentamente a cada quatro meses e, assim, em três ocasiões anuais, propicia o famigerado Mercúrio retrógrado.
Sabemos que as coisas têm o peso que depositamos nelas e, por esse motivo, de nada adianta priorizarmos o desgaste que alguns eventos astrais no causam. Nosso foco não pode ser na falta, ora. Sabemos - ainda - que antecedência é essencial para estarmos preparados e, por esse motivo, façamos dessa conversa uma forma de maturar ideias sobre a aspectação planetária (isto é, quando uma velocidade se manifesta diferente do habitual) que estará entre nós em breve.
De 13 de outubro a 3 de novembro de 2020, Mercúrio estará retrógrado aos 11° de Escorpião na constância do signo de Libra. Para (re)contextualizarmos a simbologia do planeta mais tagarela do sistema solar, lembremos o que foi descrito pela Astrologia Singular durante 2020:
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Mercúrio é regente das comunicações, pai dos signos de Gêmeos e Virgem, além de ser o planeta mais próximo ao Sol e o que passa maiores períodos perto da Terra. Assim, no Sistema Solar, Mercúrio é o intelectual eloquente e curioso, que tudo pesquisa e comunica. Sob a luz do Sol, o planeta verte seu conhecimento sobre os humanos-terrenos, especialmente os filhos de Peixes, Gêmeos, Virgem e Sagitário, chamados de signos mutáveis (versáteis e adaptáveis). Em seu atípico movimento desacelerado, no entanto, Mercúrio entra em sua fase retrógrada - ou aspectada - e as falhas de comunicação se desdobram por três semanas. É como se um enorme véu turvo encobrisse a Terra para confundir nossos olhares/ouvidos para o que emitidos/captamos. Falhas de comunicação diversas. Falar uma coisa e ver o receptor entender de forma distorcida/dolorosa. Ouvir algo que parecia simples, mas que - ao captado - causa confusão inesperada. Não ter telefonemas, correspondência e mensagens atendidas/respondidas prontamente. Não querer conversar, embora o isolamento seja uma sensação terrível e que inflama ainda mais os desencontros verbais. Remoer traumas passados, vislumbrar derrota em movimentos futuros, sentir-se mentalmente encurralado por pensamentos opressores e incessantes. O véu do desencontro comunicacional se abate sobre a Terra e nós sucumbimos diante de tal peso. Relações de todas as naturezas se abalam por atritos não-intencionais (o isolamento mental e físico rouba o espaço do diálogo). (...) É como se fôssemos presos por âncoras invisíveis e qualquer movimento, além de lento, pudesse nos condenar ao fundo do mar.
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Agora imagine que o último Mercúrio retrógrado do ano acontece angulado em Escorpião, o senhor da transmutação. Do veneno também nasce o antídoto, ora. Da morte - e do fim dos ciclos - surge o renascimento/recomeço. Profundo e telúrico. Assim ele é. Regido por Plutão, o planeta mais frio do sistema solar, Escorpião carrega consigo inquietações profundas (sentimentais e ideológicas), senso de estratégia e consciência de que tudo tem fim. Um(a) trabalho, pesadelo, dificuldade financeira, tristeza, felicidade, sucesso, derrota ou conquista. Toda fase se encerra para que outra se inicie. A vida é o exercício da impermanência e os trânsitos astrológicos são uma pequena amostra disso. Pois bem. Para que estejamos preparados e pensemos a respeito desde já, o Mercúrio retrógrado que se aproxima nos despertará rancor e ímpeto de retaliação - em sua formas mais intoxicantes - quando as dificuldades comunicacionais se manifestarem. Lembremos: a retrogradação atiça as energias sombrias dos signos em que se ancora e Escorpião é o ente zodiacal que mergulha de cabeça em seus torpores. Como tudo isso pode se manifestar na prática em todos os signos? Vejamos.
Você telefonou para o seu amor e ele não atendeu ou, durante o telefonema, a conversa não fluiu da maneira habitual ou esperada? Você fez uma reunião de trabalho e, além de não conseguir a atenção necessária de seus colegas, teve (falsa) a sensação de que suas ideias foram invalidadas ou preteridas? Você fez uma compra em local seguro e bem recomendado, a entrega atrasou, a empresa demorou para lhe responder e você tem certeza de que foi roubado? Você esteve em um evento familiar, sentiu um clima pesado e achou que as pessoas foram ríspidas mutuamente sem que nenhuma conversa mais acalorada tenha acontecido? Mercúrio retrógrado em Escorpião instiga você a dar o bote na hora certa, ou seja, responder quando houver brecha para isso, no entanto, as palavras proferidas serão como lâminas banhadas em fel. Os acertos serão no centro do alvo, tocando em pontos nevrálgicos de cada uma das pessoas que você acreditar merecerem tamanho revés. Tudo isso alinhado com a energia do Dia de Finados, feriado repleto de pesar e frequências vibracionais baixíssimas. Toda retrogradação fala sobre o passado - o que não resolvemos internamente volta a nos assombrar - e, como Escorpião é um signo que também remói o que já se foi, a temporada de vinganças verbais/textuais estará em voga. Ciúme, obsessão e desconfiança. Os elementos mais ardidos da sombra escorpiana ganhando vazão sobre a Terra. Não estaremos necessariamente reativos porque o destempero escorpiano não faz dele vilão e, tampouco, nos torna algozes. Estaremos constantemente com a pulga atrás da orelha, isso sim. Isso se dá porque do veneno também se faz o antídoto e, como tudo é transitório, no fundo - lá no fundo - cada insatisfação é um teste evolutivo que nos fará pensar mais fortemente sobre qual é nossa essência e quem queremos ser. Somos quem, diante da frustração, fere os outros em busca de vingança? Somos quem primeiro atira para depois perguntar o que de fato aconteceu? Somos quem trama contra quem amamos para para ensiná-los uma lição? Somos quem pensa o pior diante de situações inusitadas e esquece de todas as melhores referências antes que o atípico se manifestasse? Ah, sim. Se tamanha parcimônia mental nos faltar, a vigência libriana estará a nos ajudar.
A próxima retrogradação mercurial acontece na constância de Libra - signo que percorre de 22 de setembro até 23 de outubro -, sendo que o segundo representante zodiacal do elemento Ar é conciliador e diplomático. Simbolizado por uma balança com lados equilibrados (a mesma presente no mundo da advocacia), Libra é justo, digno e grato. Elegante, ponderado, sereno, prudente, pacífico e discreto, o libriano tem pavor de escândalos, deselegâncias, surtos, ingratidões ou destemperos. Tamanha harmonia é o respiro essencial para que o terceiro e último Mercúrio retrógrado nos faça vibrar na luz de Escorpião, ou seja, na transmutação. Libra nos relembra de que o espírito deve prevalecer sobre a matéria, isto é, que nossas insatisfações momentâneas não podem ser maiores do que a certeza de resolução. A morte de um desejo carnal (como nos vingarmos de alguém por acharmos que ele não agiu corretamente conosco) cede espaço para a elevação da alma (quando reconhecemos que o ego pode enganar nossa percepção). Essa é a paz que Libra oferece: quando nosso ímpeto punitivo tentar se rebelar diante de falhas de comunicação, nossa capacidade de avaliação ajustará nossa visão para não cometermos excessos. Libra é sobre polidez, generosidade e doçura e, assim, mesmo que nosso coração se aperte durante a preguiça de Mercúrio, o bom-senso - e não as sensações tóxicas de destruição - prevalecerão em nossos diálogos.
O que mais podemos fazer durante essa preparação para a retrogradação? Exercitar a memória, ora. O ano de 2020 é regido pelo Sol, que cicatriza nossos comportamentos antigos - especialmente os que reconhecemos ser desajustados - e nos permite valorizar nosso elos vitais, especialmente à sombra da morte pandêmica. Se Mercúrio retrógrado vem sagaz ao se ancorar em Escorpião, nós - com alma preparada e regidos pela luz - nos enlaçamos com a cura solar e deixamos que a bonança libriana nos embale até o fim da retrogradação. Tudo é um só. O bem sempre vence. Assim é. Amém, axé.
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(Texto originalmente publicado no site astrologiasingular.com.br em julho/2020)
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Beltane, a fogueira, o prazer e a transformação
Arte: Natasa Ilincic
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No equinócio primaveril de Ostara ocorrido em março, Eostre - a Deusa da renovação - nos convidou a semear nossos intentos e sonhos. O transcorrer do semestre trouxe a passagem da primavera para o verão, sendo que no ínterim das estações acontece Beltane, festa que comemora o prelúdio do calor e, acima disso, permite que desejos sejam fertilizados em sua máxima potência. Beltane [Bel (Deus celta) + Tinne (fogo) = fogo sagrado] originam as festividades celebradas no Hemisfério Norte em 1° de maio, durante o segundo decanato de Touro, signo de Terra permeado pela abundância e, ainda, regido por Vênus, planeta do afeto e da fertilidade. Mais ainda: 1° de maio acontece sob a lua crescente em Leão, o segundo signo de Fogo, permitindo que nossos desejos saiam do plano etéreo para o concreto. Cronologicamente, Beltane acontece no Hemisfério Sul em 1° de novembro, no entanto, como tudo é energia que transpõe a geografia, que nada nos limite para que mergulhemos no sincretismo das simbologias.
Beltane representa o encontro/casamento/sexo do Deus e da Deusa responsáveis pela prosperidade do Universo. Essa prosperidade (ou fertilidade, se preferir) abrange toda e qualquer seara da vida - amor, dinheiro, trabalho, proteção espiritual, saúde física, equilíbrio emocional ou estrutura familiar - que demandar fartura. Na mitologia pagã, o casal de deuses se encontra e enlaça - afetiva e fisicamente - durante a Maifest, ou seja, a festa de maio com origem celta cuja presença do Maypole (mastro de madeira adornado por fitas coloridas que representam os pedidos do povo) e a fogueira (repleta de calor e energia plena para o nascer de tudo aquilo que é fertilizado). Ao topo do Maypole (mastro de madeira = pênis do Deus), a coroa de flores do campo simboliza o órgão reprodutor da Deusa pronto para ser fecundado para, assim, a abundância dos desejos intencionados nas fitas ser concedida. Ao redor da fogueira que tudo transforma e aprimora, danças e banquetes acontecem para lembrar que terra, calor e amor integram a tríade harmonizadora do Universo. Pular a fogueira, aliás, simboliza se limpar energeticamente, deixando para trás qualquer negatividade (fogo = sol; sol = sagrado masculino que, durante Beltane, encontra o sagrado feminino da Deusa).
O Deus tem diferentes representações, como Belenus (Deus Sol para os celtas), Apolo (Deus Sol dos romanos), Rá (Deus Sol dos egípcios), Hélio (personificação do Sol para os gregos) e Pã/Fauno/Cernuno (das mitologias grega, romana e celta, respectivamente, responsáveis pela fertilidade dos bosques, sendo que seus chifres refletiam o brilho solar). A Deusa, por sua vez, tem suas equivalências em Pachamama (mãe-Terra andina, cuja ilha em que habita é protegida por um touro de chifres dourados), Cibele (Magna Mater, isto é, Deusa-mãe dos deuses e da fertilidade), Vênus (mitologia romana), Hator (mitologia egípcia), Freya (mitologia nórdica), Tanit (mitologia tunisiana), Ishtar/Athirat (mitologia mesopotâmica) e Erzulie (mitologia africana). Em Beltane, o Deus personifica a virilidade e a Deusa a fertilidade, sendo que o prazer proporcionado pelos dois diz respeito não só ao sexo, mas a tudo que gera conforto e paixão (comidas, bebidas, arte). As flores que decoram o festival são um agrado para as fadas que, atraídas pelo perfume das pétalas, adoçam e encantam os festejos. Como é sempre mencionado aqui, o mundo é um organismo sincrético e, assim, existem camadas mais profundas em Beltane - e de como o vivemos desde cedo - a serem mencionadas.
Beltane equilibra terra (a concretude da natureza) e fogo (elemento criador), sendo que o dia da Terra foi celebrado recentemente, em 22 de abril, já sob o signo de Touro. Maio, pelo menos na tradição brasileira cristã, é tido como o mês das noivas, sendo que tal ressignificação (ou se apropriação, se assim preferirem) remete ao enlace entre o Deus e a Deusa no Maifest pagão. No mesmo ensejo, durante o século VIII o cristianismo instituiu 1° de maio como a Noite de Santa Valpurga, ocasião em que a padroeira Santa Valpurga (antes celebrada em 25 de fevereiro) era homenageada em uma enorme fogueira na montanha de Walpurgis para que, assim, feitiços, demônios e bruxas (chamadas de energia ruim por não serem cristãs) tivessem seus poderes expurgados pelo fogo da clareira. A figura de Santa Valpurga é muito semelhante a carta da Sacerdotisa ou Papisa, arcano maior do Tarot de Marselha, sendo que tal carta é a versão feminina dos arcanos Hierofante/Papa, representação do signo de touro. Dia da Terra, Beltane, fogueira, Touro, Hierofante/Papa Sacerdotisa/Papisa, 1° de maio, Noite de Santa Valpurga, mês das noivas e alguns itens adicionais: também pela mitologia cristã, brincamos - desde pequenos - de pular fogueiras durante as Festas Juninas e, ainda, temos em bandeirinhas e fitas coloridas as decorações centrais de um festejo repleto de música, dança, comidas e bebidas. Como vimos em Ostara, o sincretismo faz com que a cultura ancestral - muitas vezes incompreendida - ganhe vazão em nosso cotidiano a partir de releituras cristãs do que já era vivido na antiguidade. Não se deixe levar por isso, no entanto. A energia é uma só, independente do nome pelo qual a chamamos.
Assim, celebre Beltane, se quiser. Compre ou colha flores do campo, enfeite-as com fitas verdes (representando o campo), vermelhas (ode à paixão) ou rosas (cor do amor) ou, caso prefira velas, verbalize os pedidos que deseja fertilizar acendendo a chama com uma das cores mencionadas. Se preferir, acenda uma vela branca. Ou incenso. Tudo vale e soma. Quem enfeita o Universo somos nós e - se as cores estão na intenção - faça valer mentalizações e desejos a partir de sua forma personalíssima de se conectar com forças ancestrais que nos aceitam como somos (desde que não interfiramos no livre-arbítrio, vale ressaltar). Sendo do bem, nenhuma oração ou festejo faz mal a ninguém.
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(Texto originalmente publicado no site astrologiasingular.com.br em abril/2020)
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Urano em conjunção com Vênus e a indiferença que acaba em 15 de março
Foto: Astrologia Singular
_______ Regido pelo Sol, 2020 tem transcorrido com um primeiro trimestre desafiador. Com energias desreguladas e à flor da pele, saímos de um Mercúrio retrógrado em Peixes de arrancar o couro, cuja energia pesada foi potencializada pelo combo quaresma + descontrole carnavalesco (voltamos nesse assunto em post futuro, aliás). Na mesma semana em que a retrogradação teve fim, o ciclo lunar ficou cheio em Peixes, Vênus entrou em conjunção com o nodo lunar e, por fim, o mesmo nodo propiciou a conjunção de Vênus com Urano. Tudo isso em março, mês dedicado a Marte, o Deus da guerra. Agora vamos ao passo a passo.
O ciclo lunar cheio em Peixes
Peixes é sobre o afeto transbordante, sonho e a extrema sensibilidade. A lua cheia simboliza o equilíbrio dos opostos, uma vez que enquanto ela está sob um signo (Peixes, por exemplo), o Sol - que, nesse caso, está em Virgem - faz oposição com o ente do zodíaco que seja o seu reverso complementar (daí nasce o equilíbrio). Assim, enquanto a lua em Peixes transborda o amor sensível, o Sol alicerça Virgem de forma que os afetos só conseguem se manifestar mediante um método. Basicamente, é como se pudéssemos amar, desde que o sentimento ganhe aprovação (ou não) de um controle de qualidade cósmico. É meio como amar (e receber amor) em conta gotas e se perceber sedento (mesmo diante da Água de Peixes).
Vênus e a conjunção com o Nodos Lunares
Os afetos que regulam nossas relações são regidos por Vênus. Os Nodos Lunares são o encontro de Nodo Norte (chamado de Cabeça do Dragão, associado ao Dharma e ao caminho evolutivo a ser percorrido) e o Nodo Sul (chamado de Cauda do Dragão, ligado ao Karma e memórias que carregados). Assim, Nodos Lunares simbolizam o encontro de dois eixos para que do equilíbrio deles surja o nosso propósito espiritual. A conjunção Vênus e Nodos Lunares nos lembra que a bússola da vida é o amor, seja pela família ou pelo companheiro. Quanto mais nossas raízes forem fincadas no amor (e não em distrações inconvenientes como materialismo e ego), mais segura e próspera será nossa caminhada ao lado de quem nunca nos abandona.
Urano em conjunção com os Vênus + os Nodos Lunares
No vácuo do silenciamento gerado pelo Mercúrio retrógrado, Vênus e os Nodos Lunares orbitavam felizes para a harmonização dos afetos, mas Urano - planeta da individualidade - resolveu que era hora de se manifestar. Urano é representado pelo arcano do Louco no Tarot de Marselha, ou seja, Urano é imprevisível. Faz - em seu lado sombra - o que quer e exerce sua liberdade rebelde para, em casos como o da conjunção mencionada aqui, bagunçar o que caminhava para se alinhar. Indiferente aos afetos, Urano dá as costas (e até silencia) o amor que Vênus - alinhada com os Nodos Lunares - tinha a missão de disseminar de 9 até 15 de março. Ah, sim. Esse dado é importante. Esse desconforto cósmico, em que somos enrijecidos por um súbito desdém sutil quando tentamos expressar afeto a quem amamos, não acontecia desde 2018 e seu repeteco em 2020 tem fim amanhã, 15 de março.
Em meio a todo esse trânsito astrológico que testou nossa resiliência durante o primeiro trimestre do ano, o essencial a se lembrar diante de qualquer tribulação interna que nos impaciente e venha a ferir nossos amores ou relações é: se causar dano, não faça. Os astros e seus respectivos trânsitos passam no cosmo. As dores, porém, às vezes ficam ou demoram a cessar.
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(Texto originalmente publicado no site astrologiasingular.com.br em março/2020)
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Libra, a amorosidade, a nobreza de caráter, o arcano da Justiça e o sincretismo com Vênus e Oxum
Arte: Elisa Rimer
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Vigente de 23 de setembro até 22 de outubro, Libra - segundo representante do elemento Ar - é regido por Vênus, planeta do afeto e da prosperidade. Signo cardinal, isto é, de movimento, integra o primeiro eixo zodiacal ao lado de Áries, ensinando leveza e polidez aos representante do Fogo. Nos mapas astrais, se manifesta na casa de número 7 (é o sétimo signo do zodíaco, afinal), versando sobre a estrutura dos relacionamentos afetivos. O início do ciclo libriano no Hemisfério Sul acontece juntamente com a equinócio de Primavera e a presença da deusa Eostre, já mencionada pela Astrologia Singular em março de 2020. Falando em divindades, Libra traz em egrégora a orixá Oxum que, na mitologia umbandista, simboliza o amor e a prosperidade. Embora existam menções associando Libra e Iemanjá, tal ligação é equivocada, uma vez que Iemanjá é a rainha do mar/águas salgadas, associada à lua e ao signo de Câncer, enquanto Vênus conduz tanto Libra quanto de Oxum. A orixá do amor, aliás, é sincretizada na figura de Nossa Senhora Aparecida, santa celebrada em 12 de outubro, em meio o ciclo libriano.
Na mitologia romana, Libra surge na figura da deusa Vênus (do amor e da beleza), sendo que a referência se replica em Branwen, deusa do amor na mitologia celta. No I-Ching, o sétimo signo zodiacal surge no hexagrama de n° 58, chamado de Alegria, símbolo da felicidade interior em harmonia com as situações e pessoas ao seu redor. No Tarot de Marselha, Libra surge no arcano maior d’A Justiça, figura que invoca a contemplação e, novamente, a harmonia interior para tomadas de decisão justas. Para Carl Jung, fundador da psicologia analítica, Libra surge como O cuidador.
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4 - O Cuidador
Lema: Ame o seu próximo como a si mesmo.
Desejo central: Proteger e cuidar dos outros.
Objetivo: Ajudar os outros.
Maior medo: Egoísmo e ingratidão.
Estratégia: Fazer coisas para os outros.
Fraqueza: Martírio e ser explorado.
Talento: Compaixão e generosidade.
O cuidador também é conhecido como: O santo, o altruísta, o pai, o ajudante, o torcedor.
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Nas mitologias fenícia e acadiana, Libra aparece nas Deusas Astarte e Ishtar. Na mitologia egípcia, Libra surge representada em Neit e Maat, divindades da paciência e da justiça, respectivamente. Na mitologia cristã, o signo é atribuído a João Batista, o cuidador que permaneceu ao lado de Jesus até o fim. No eixo já mencionado, enquanto Áries encabeça o ego (Eu sou), Libra sintetiza o altruísmo em Tu és, máxima típica do olhar voltado ao outro descrito por Jung e protagonizado por João. Na mitologia grega, Themis era a Deusa-guardiã libriana com olhos cegos que guardava as leis com imparcialidade e sabedoria. Foi o segundo casamento de Zeus, o principal predador sexual grego, no entanto, tamanha era a elevação espiritual de Themis que ela não só foi a esposa mais sábia, como não intoxicou-se pelo chefe do Olimpo para, assim, herdar de Gaia, sua mãe, a ilha de Delfos. Conhecida como a personificação da espiritualidade que falava diretamente com a humanidade, Themis tornou-se a mestra frente ao Oráculo de Delfos, isto é, a voz que - repleta de justiça e neutralidade - falava aos homens a respeito sobre situações presentes e possibilidades futuros. Não por acaso, a Deusa Themis origina a epistemologia (estudo sobre o que é lógico e cognitivo) e, ainda, a balança de equilíbrio vertical que representa Libra (único signo retratado no zodíaco com um objeto, aliás).
Assim, a luz libriana se manifesta gentil, cordial e repleta de bondade. Conciliador, Libra é aquele que busca incansavelmente (signos cardinais estão sempre em movimento, vale lembrar) o harmonia de opostos. Amoroso, nobre e desprendido, o libriano se entrega a qualquer situação ou pessoa por confiar inteiramente, empatizar mais com o outro do que consigo e, mais ainda, não julgar ninguém antecipadamente. Elegante, tem pavor de excessos ou escândalos públicos por preferir a celebração da beleza da vida. Libra harmoniza com qualquer ambiente ou ocasião, tem extremo bom gosto (é signo regido pela beleza/prosperidade de Vênus e Oxum, ora), sente-se pleno ao ver as pessoas ao seu redor felizes e tem na gratidão constante um de seus pilares (é o signo da justiça). Toda luz, no entanto, tem sua sombra e - por falarmos de um signo cujo símbolo é uma balança - é a própria mitologia se faz responsável por contextualizar o breu libriano.
Embora regido por Themis, existem registros mencionando Atena, divindade da guerra/justiça, como ancestral que influencia Libra energeticamente. Atena, além de transformar Medusa, sua discípula virgem, em monstro após a jovem ser estuprada por Zeus e, ainda, fazer de Aracne, principal bordadeira da antiguidade, outra criatura apavorante (uma aranha gigantesca), agiu - em diferente trechos da história - como algoz que condena arbitrariamente. Ainda na seara grega, Afrodite - deidade de amor, beleza e sexualidade - mantinha um casamento forçado e infeliz com Hefesto e, paralelamente, vivia um romance secreto e intenso com Ares, o deus da guerra (e um dos regentes do signo de Áries). Eis aqui um detalhe importante: por empatizar muito com o outro (para não parecer ingrata) e temer julgar precipitadamente, Libra esquece de impor limites. Nesse caso, a mitologia nos reconta tal aspecto a partir do momento em que Afrodite não recusa a união com marido que a descontenta. Enfurecido, Hefesto expõe a traição publicamente, fazendo com que Afrodite e Ares fujam em destinos separados, no entanto, mesmo isolada na ilha de Chipre, a Deusa deu a luz à Harmonia, sua filha com Ares, sendo que a criança foi perseguida e amaldiçoada por Hefesto durante anos a fio. Quais outros elementos mitológicos elucidam a gênese libriana? A aversão a escândalos e qualquer situação deselegante que macule seu nome/imagem (basta pensar em como Afrodite foi rechaçada socialmente), a busca constante pela simetria dos dois lados da mesma balança (a harmonia) e, de quebra, a compreensão de parte da origem do eixo zodiacal Áries x Libra. Pois bem.
Autoritário, neurótico, inseguro, descontrolado, acusador, moralista e dominador. Assim é o desdobramento da sombra libriana a partir da herança de Atena. A isenção do arcano d’A Justiça perde espaço para conservadorismo que condena parcialmente. É como se Libra se deixasse embalar por uma empatia descompassada para exercer a sombra ariana como a sua própria. Há em tamanho torpor a continuidade da poesia, porém. Luz e sombra dançam juntas no cosmo ensinando o balanceio de nossas catarses purificadoras, ora.
Como astrologia não é meme, se faz necessário mencionar que o mito da infidelidade imposto aos librianos é apenas mais uma lenda. Reverberada de forma ignorante a partir de vídeos em que librianos surgem sempre indecisos e volúveis, a essência libriana está no auto-sacrifício (abrir mão de si para fazer o outro feliz) e na busca pela felicidade ainda que tardia pelo temor do julgamento (observem a história de Afrodite). Libra é quem pesa os dois lados de uma mesma narrativa para entender como a integra e isso nada tem a ver com a indecisão de escrevê-la. A necessidade de ser grato e acolhedor indistintamente é o que faz de Libra quem ensina diplomacia ao zodíaco inteiro, uma vez que - mesmo perseguido e acusado - o signo fez nascer Harmonia como a filha que alinha luz e sombra com leveza. Viva Libra. Amém, axé. Assim é.
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Áries, o ano novo astrológico e a Lei da Polaridade
(Foto: Astrologia Singular)
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Tudo é um só foi um insight da redação deste site durante uma viagem, no entanto, poderia ter sido menção aos vários princípios das Leis Herméticas (assunto que abordaremos por aqui em ocasião próxima). A Lei da Polaridade - quarto item dos estudos herméticos - versa sobre como opostos (ou pólos) emanam a mesma frequência, sendo que cada uma delas é percebida de acordo com nossa vibração pessoal. O que alguns cultuam como Deus pode ser enxergado por outros feito o Diabo, sendo que ambos são pólos da mesma energia. Tal vivência energética será praticada de acordo com o livre-arbítrio do indivíduo e, assim, a pessoa transmuta o que acredita ser negativo em positivo com a alquimia mental. Ao transformar pensamentos, hábitos ou tendências negativas (como ver sempre o lado ruim das coisas e, consequentemente, atraí-lo para sua vida) em positividade, a frequência se eleva, ocorre a reforma íntima do ser e a Lei da Polaridade - ou Lei da Vibração - ressoa para concretizar apenas o que está em um plano cristalino. No entanto, alcançar tal plenitude não seria possível sem que soubéssemos sobre a existência de sombras que nos servem como empurrãozinho cósmico para abraçarmos a luz da tranquilidade. Com tudo isso em mente, falemos sobre o signo de Áries.
O ano novo astrológico acontece a cada 21 de março, momento em que o Sol entra em Áries (a chamada explosão solar), primeiro signo do zodíaco cujo ciclo vai até 20 de abril (para ceder espaço para Touro). Regido por Marte, o planeta vermelho e causticante, o signo se faz conhecido como marcial. Logo, Áries tem o início de seu sincretismo no Deus egípcio Amon-Rá (cuja cabeça era de carneiro) e, posteriormente, ganha representações em outros deuses da guerra como Týr (mitologia nórdica), Ares (mitologia grega), Marte (mitologia romana) e Ogum (mitologia umbandista). Týr e Ogum, aliás, têm na terça-feira seu dia de celebração semanal. Ainda em termos de representações, Jasão foi o primeiro indivíduo ariano por, na Grécia Antiga, sair em busca da lã do carneiro dourado sacrificado e oferecido no templo de Ares. No céu, o signo é representado pela constelação de Arietis. No Tarot de Marselha, Áries surge no arcano de número quatro, o Imperador (que muitas vezes se manifesta com potencial de ditador). No mapa astral, Áries se manifesta na casa de número um, isto é, a residência da identidade e - consequentemente - do ego. Por fim, a força ariana é representada pelo Yang. Pois bem.
Áries é o primeiro representante do elemento Fogo e carrega consigo tanto a chama quanto a fúria da vida. Em seu lado luz (a chama), arianos são grandes concretizadores. Tiram qualquer ideia do campo etéreo e a realizam no plano prático sem hesitar ou pensar (Áries não contemporiza ou medita sobre suas ações). Seu lema é "custe o que custar". Dinâmico, festeiro, otimista, pioneiro e popular. A luz do primogênito-desbravador do zodíaco é radiante. Efêmera também, no entanto. Assim como o carneiro que é sacrificado reiteradamente para originar o primeiro signo do zodíaco, Áries sacrifica o que for necessário para obter o objeto que (seu ego) desejar em qualquer esfera da vida. Ao entrar em campo para defender algo ou alguém, o ariano o faz para matar ou morrer. Regido por uma egrégora de senhores da guerra, Áries prefere matar por ver no sangue marcial sua grande recompensa, no entanto, caso venha a morrer, também o fará pelo ego para que sua reputação percorra os milênios da posteridade. O equilíbrio ariano é muito suscetível e frágil. Ah, sim. Fragilidade é um item importante aqui, uma vez que - assim como antevê a Lei da Polaridade - o ímpeto ariano é composto por muito medo (que, em alguns casos, se tornam covardia). O Fogo de sua criação, parece de palha na maioria das vezes. As vontades mudam rapidamente. Tudo se torna volúvel e flutuante de acordo com as fúrias internas do ariano. Autoritário, impaciente, prepotente, violento e manipulador. A imensa capacidade concretizadora ariana cede espaço rapidamente ao aspecto sombra de sua busca por poder custe o que custar. Áries se alimenta do holocausto e, por ser muito ágil em esconder suas asperezas sob máscaras sociais convincentes (a manipulação isenta de culpa é uma de suas habilidades, afinal), é tido como lobo em pele de cordeiro. Oito ou oitenta. Arianos não gostam de meio-termo, assim como não têm na intelectualidade seu forte. Adoram a ação impensada-precipitada e deixam, na maioria das vezes, que sua bagunça seja limpa, organizada e solucionada pelos signos de Terra (elemento pelo qual Áries têm preguiça). Em seu primeiro decanato (de 21 a 30 de março), Áries é regido diretamente por Marte (a regência se reveza entre Sol no segundo decanato e Júpiter na terceira), produzindo filhos que manifestam a inteireza de sua agressividade e indelicadeza. Polaridade. A mesma linha que contém tanta luz também é capaz de produzir tamanha sombra. Pois bem.
Enquanto Áries se manifesta na casa número um do mapa astral abordando identidade e ego, Libra - oposto complementar de Áries - se encontra domiciliada no número sete, isto é, alicerçando as relações e a contemplação do outro. Libra, o diplomata estudioso que exerce a gratidão. Áries, o reverso da polaridade libriana. Livre-arbítrio, no entanto. Arianos têm a escolha de transformarem (e repensarem) seus ímpetos para não serem reféns dos senhores da guerra. Tal energia vital pode ser meramente convertida em criatividade e concretização. No mesmo ensejo sobre polaridades, Plutão - patrono de Escorpião - é o planeta mais frio por sua distância do sol. Tal frieza, no entanto, se traduz em ancoramento energético (encontrar seu centro) para transmutar (essência escorpiana porque do veneno nasce o antídoto). Livre-arbítrio, novamente. Áries pode seguir rumos diferentes e recusar as sombras da cólera. Estudar para evoluir é um opção para lapidação pessoal, vale lembrar. Arianos não são grandes intelectuais e, geralmente, fazem do meme sua forma de expressão limitada. Plutão e a habilidade de olhar para dentro se tornam mestres valiosos - bem distantes da guerra - para a reforma do ser.
Não é por acaso que o termo artes marciais pressagiam confrontos. Também não foi por acaso que a quarentena do Coronavírus ocorreu em meio a quaresma e, de quebra, a pandemia teve seu ápice com o início do ano novo astrológico em 20 de março. Sacrifício. Custe o que custar. O caos atual acontece sob o signo de Áries para, de acordo com estimativas recentes, a tranquilidade seja recobrada em grande parte a partir de Setembro, sob a vigência de Libra e da primavera. Tampouco é coincidência que essa confusão ocorra durante Ostara (que surge para semear cura, doçura e fé, refrescando esse período de Fogo causticante). O Universo é perfeito e sábio em seus trânsitos e vigências. Tudo é um só e a Lei da Polaridade nos ensina muito sobre isso. Todos temos Áries em algum lugar de nosso mapa astral pessoal, afinal.
Be water, my friend, recomendaria Bruce Lee. A água ganha a forma necessária para apagar o fogo, trazer alento, vaporizar e, em seguida, chover para fertilizar a terra. Assim, que arianos aprendam com os princípios do elemento Água. Que a máscara social da caridade - vestida para que autoritarismos particulares sejam encobertos - seja substituída pela bondade em essência que, por sua vez, ocorre silenciosamente. Que nenhuma precipitação egoísta destrua a beleza delicada - feito as flores de Ostara - semeadas por nós com tanto cuidado até aqui. Que o arcano do Imperador não ganhe viés de ditador. Em termos práticos, Adolf Hitler e Jair Messias Bolsonaro (este nascido no primeiro decanato) são arianos. Ayrton Senna também é. Lei da Polaridade. Alquimia mental. Livre-arbítrio. Você escolhe em qual polo quer se equilibrar para transmutar.
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(Texto originalmente publicado no site astrologiasingular.com.br em março/2020)
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Guy Fawkes e seu mapa astral com ideias à prova de balas
Foto: Astrologia Singular
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Lembrai, lembrai do 5 de novembro
A pólvora, a traição e o ardil
Por isso não vejo porque esquecer
Uma traição de pólvora tão vil.
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Remember, remember, the Fifth of November
The gunpowder, treason and plot
I know of no reason why
The gunpowder treason should ever be forgot.
(Allan Moore e David Lloyd)
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É provável que você tenha conhecido a persona de Guy Fawkes a partir de “V de Vingança”, filme lançado em 2005, no entanto, o que a Astrologia Singular traz hoje, 5 de novembro de 2020, são aspectos importantes do mapa astral de Guy Fawkes, o soldado católico sob a máscara que imortaliza sua revolta, e como seus ideais permanecerão reverberando atemporalmente.
Nascido na Inglaterra 13 de abril de 1570 (em uma quinta-feira), Guy Fawkes tinha como cenário um país em que o protestantismo perseguia práticas católicas, além de reprimir direitos políticos essenciais aos fiéis de tal religião. Missas eram proibidas e multas ou penas de morte eram impostas aos sacerdotes que contrariassem a regra arbitrária. Igualmente banidos de cargos públicos, os católicos experienciaram o karma das perseguições da Santa Inquisição Católica Romana, período dantesco iniciado no século XII e com desdobramentos até o século XVII, matando mais de 100 mil vítimas (homens, mulheres, crianças, parteiras, benzedeiras, indígenas e qualquer pessoa suspeita de bruxaria) especialmente na Europa Central. O protestantismo, criado em 1517 pelo alemão Martinho Lutero como resposta aos abusos católicos, foi aderido pela Inglaterra em 1532, sendo que - pouco depois - Guy Fawkes, nosso protagonista, veio ao mundo com um único intuito: posicionar-se, mesmo que sozinho, contra o cerceamento de seus direitos, uma vez que nenhum totalitarismo proibitivo deve ser permitido (independente da dívida histórica do catolicismo com a humanidade). Assim, em 5 de novembro de 1605 (sábado), Fawkes - aos 35 anos - foi preso em Londres com 36 barris de pólvora sob o prédio do parlamento, uma vez que seu intento era explodir o prédio para destronar o rei protestante e empossar um monarca católico. Com pouco mais da idade de Cristo, o rebelde foi enforcado em 31 de janeiro de 1606 (terça-feira), sem delatar os demais participantes da Conspiração da Pólvora (executados posteriormente) e tornando-se símbolo de insurgência. Pois bem.
Com numerologia de nascimento regida pelo 3, número que simboliza a sabedoria sagrada (pirâmides/triângulos são símbolos de perfeição, assim como a tríade Pai, Filho, Espírito Santo), Fawkes tinha sol, lua, Vênus e Mercúrio em Áries, ascendente e Marte em Leão, Saturno em Libra, Júpiter em Aquário e Touro na Casa 1. Para decodificar tal combo astrológico, o essencial a ser dito é que Guy Fawkes era feito de pólvora, coragem e fúria, uma vez que Áries e Leão (signos de Fogo) predominam em seu mapa astral. O sol (reunião de características predominantes), a lua (senhora de nossos sentimentos e transbordamentos emocionais), Mercúrio (planeta da comunicação e da intelectualidade) e Vênus (astro do amor) em Áries representam o ímpeto visionário/desbravador com ânsia de resultados imediatos a partir de mudanças bruscas. Áries é o passional senhor da guerra e, uma vez solto em campo de batalha, equivale a um exército feroz mesmo que sua intervenção aconteça individualmente. O ascendente (como nos expressamos socialmente) e Marte (o planeta da ação, da conquista pessoal e das batalhas necessárias) são em Leão, isto é, cadenciados por honra, merecimento, fidelidade e lealdade, coração de gladiador, fibra moral, protagonismo natural, magnetismo pessoal e bravura indômita. Saturno (o senhor do esforço e do resgate kármico) em Libra diz respeito ao senso de justiça de Guy Fawkes, embora a diplomacia inerente aos librianos seja obscurecida diante de tantas manifestações arianas (Áries [Eu sou] X Libra [Tu és] integram o primeiro eixo zodiacal de opostos que se complementam entre luzes e sombras). Júpiter (regente de nossas missões de vida) em Aquário responde pelas necessidade de liberdade, ações voltadas ao coletivo, isentas de convenções sociais e distantes de fanatismos religiosos. Fawkes personificou inteiramente todos os aspectos anárquicos de Júpiter em Aquário, exceto pelo fervor católico - ofuscado, novamente, não só por Áries, mas pelo ascendente leonino (Leão [o protagonismo] X Aquário [a partilha] integram o quarto eixo zodiacal em que luzes e sombras seguem reverberando). A Casa 1 (identidade) em Touro nos fala sobre disciplina, hábitos contínuos, trabalho árduo e confiabilidade, sendo que todos os elementos resplandecem na narrativa da vida de um soldado católico que não esmoreceu diante de sua tarefa desafiadora (sem jamais delatar ninguém).
Em termos complementares, Guy Fawkes foi enforcado em uma terça-feira, dia regido por Marte, planeta da guerra e pai de Áries, cuja numerologia aponta 9, número da manifestação sagrada (3 x 3 = 9) e do altruísmo para que o fim da jornada aconteça (o 10 representa o fechamento de ciclos). Lembremos que a numerologia do nascimento de Fawkes tem não só a somatória 3, mas aponta como sagrado como espinha dorsal na vida do rebelde com causa. A morte dele, aliás, foi decorrente da Noite da Pólvora ocorrida sábado de 5 de novembro de 1605, sendo o aludido dia da semana pertencente a Saturno, senhor do karma, que trouxe o acerto de contas ao caminho de Fawkes a partir do número 1, símbolo de liderança, independência, originalidade, pioneirismo e objetividade. Por fim, Guy Fawkes nasceu em uma quinta-feira, dia de Júpiter, senhor cósmico do propósito de vida que permitiu ao protagonista de nossa narrativa abraçar as luzes e sombras de sua jornada, sendo que hoje, 5 de novembro de 2020, estamos em uma nova quinta-feira que celebra o ímpeto disruptivo de um Guy Fawkes (marginalizado, por muito tempo, como terrorista católico). Lutar contra a opressão de uma era proibitiva e, séculos depois, tornar-se símbolo do Anonymous, faz com que o mártir libertário perpetue o intento de que ideias são à prova de balas (citação de “V de Vingança”).
Assim, neste 5 de novembro com sol em Escorpião, signo da desmaterialização e transmutação, Marte em Áries retrógrado (o senhor da guerra anda mais contido) e Vênus em Libra (amor, beleza, autoestima e prosperidade e harmonia ressoam em nós), que nossos potenciais sejam usados para o bem, isentos de julgamentos e linchamentos morais, despojados de crenças limitantes egóicas e repletos de coragem para que nossos ideais elevados reverberem em gerações futuras a partir de missões de vida presentes.
Lembrai, lembrai do 5 de novembro. Tudo é um só. Amém, axé. Assim é.
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A continuidade de Escorpião, a lua azul de 1º a 31 de outubro, o sabbat de Samhain (Halloween) de 31/10, Finados (2/11) e a sexta-feira de 13/11
The magical world of Spanish surrealist artist, Remedios Varo (1908-1963)
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A vastidão do signo de Escorpião não se resume ao seu trânsito de 23/10 a 21/11 ou ao complexo arquétipo permeado por deuses, santos, arcanos de tarot, plantas e hexagrama. Imergir no universo escorpiano é compreender o irradiar de seu ancoramento energético nos eventos astrológicos de imensa transformação (Escorpião = transformação) prestes a acontecer. Assim, comecemos pela lua azul.
Fenômeno que ocorre uma vez a cada 30 meses (2 anos e meio), a luz azul se manifesta somente em meses com 31 dias iniciados por uma lua cheia em seu dia 1º e finalizados por outra lua cheia no dia 31. Vale ressaltar que a lua aqui não é de fato azul e que a alusão ao tom índigo está relacionada ao seu poder curador (o céu é infinito e azul, o mar é incontável e azul, etc, etc, etc). O termo lua azul vem do século XVI e diz respeito ao período de 5 semanas em que as energias de realização estarão elevadas a sua maior potência (são duas luas cheias e transbordantes, afinal), materializando o que for emanado ao Universo. No xamanismo, a lua representa nossa avó ancestral e, mais ainda, simboliza nossa intuição fluindo em seu ápice. Por esse motivo, é de extrema importância que - ao intencionarmos pedidos ao cosmo - saibamos, primeiramente, agradecer pelo que já temos para que, em seguida, estejamos abertos a receber o que for para o nosso bem e dentro do nosso merecimento. Se brincar com manipulações de livre-arbítrio já é algo repudiável e com desdobramentos kármicos em outras ocasiões, imaginemos nesse aqui em que duas luas se espelham no firmamento. Pois bem.
Em 2020, ano de profunda transformação na Terra, a lua azul tem início em 1º de outubro, sob o ciclo cheio de Áries, signo guerreiro e que inaugura o zodíaco. Nesse mesmo ensejo, como tudo começa em Áries, é possível pensar que, ao longo dos 31 dias, nosso processo de realização de desejos passará pela luz dos oito signos percorridos no período, externando a força de Áries, os bons hábitos contínuos de Touro, a intelectualidade de Gêmeos, a amabilidade de Câncer, o protagonismo de Leão, a metologia de Virgem, a diplomacia de Libra e, por fim, a transmutação de Escorpião. Oito signos em consonância com o símbolo do infinito (∞), uma vez que as bênçãos trazidas por esse evento de 31 dias é de rara magia. Agora imagine que a lua azul tem início em 1º de outubro, ciclo cheio em Áries, durante a vigência de Libra (= sol em Libra), e tem fim em 31 de outubro, ciclo cheio de Touro, durante a vigência de Escorpião (= sol em Escorpião), signo que aprende com a diplomacia libriana para recomeçar a vida. O que estava parado se dissolve (Escorpião é de água, afinal) para ter fluidez. A lua - regente das marés profundas - surge duas vezes mais forte para com ondas salgadas chacoalhar o barco e, ao mesmo tempo, abrir caminho para nossa navegação curativa. Mas isso não é tudo sobre a lua azul.
O sabbat (feriado) pagão de Samhain ficou conhecido como Halloween/Dia das Bruxas, no entanto, a simbologia de 31 de outubro se respalda na morte (veneno) e cura (vida) escorpianas. Celebrado no Hemisfério Sul em 30 de abril e no Norte em 31 de outubro, Samhain representa a chegada do inverno, o fim das colheitas, a morte da terra, o sacrifício dos animais mais velhos que não suportarão o frio e terão sua carne como único alimento dos povos, a morte do Deus cornífero (que antes semeou a Terra) e a metamorfose da Deusa em anciã sábia (a avó ancestral) que, em meio a tanta escassez, tem a certeza do reinício da vida. Como a aura do sabbat é de apreensão por só terem restado ossos e esqueletos de árvores, fogueiras e luminárias improvisadas foram criadas para afugentar os maus espíritos, uma vez que o véu que divide os dois mundos - encarnado e desencarnado - se rompe e energias de todas as naturezas encobrem o mundo. O sexto sentido flui como nunca nesse período e, em 2020, essa dádiva acontece sob a luz da intuição escorpiana que reconhece os fins como recomeços. É a força de Escorpião que nos alerta sobre os perigos noturnos, fazendo de suas quelíceras a redoma que blinda energeticamente quem aceita (ou pressente) tal proteção. Não por acaso, existem registros medievais que associam a lua azul com a aparição de seres mágicos e, se adaptarmos à realidade pós-moderna, é possível harmonizar esse conceito com a manifestação de nossas elevações espirituais, desejos dignos e sextos sentidos que nos afastam do que/quem emana baixas vibrações/intenções.
Demonizado pela hipocrisia dos cristianismo, Samhain foi sincretizado pela igreja católica em Dia de Todos os Santos (1º de novembro), Dia de Los Muertos (2 de novembro) e Dia de Finados (2 de novembro), sendo que todos trazem a mesma simbologia (a abertura momentânea do portal que separa vivos e mortos). Aqui na Terra, o 31 de outubro sob a lua azul acontece em consonância com o Mercúrio retrógrado em Escorpião (comunicaç��es embaralhadas, causando desgaste e até discussões inesperadas) e a compensação de Vênus em Libra (o planeta do amor e da prosperidade arejando ideias e afetos, de 27 de outubro até 21 de novembro deste ano). Só que isso não é tudo que Escorpião abarca durante sua vigência, uma vez que a sexta-feira de 13 de novembro desponta no horizonte e desmistificá-la - olhando através do véu - é uma das especialidades desse signo.
O devaneio de que o número 13 é ruim também veio do cristianismo por causa da perfeição atribuída ao número 12 (os 12 apóstolos, 12 meses do ano, etc, etc, etc). Quando tal conceito foi contrariado e, por exemplo, 13 pessoas (12 apóstolos + Jesus) se sentaram à mesa para “A Última Ceia”, a morte de Cristo foi tramada e aconteceu - reza a lenda - em uma sexta-feira-13. Não obstante, para que o terror fosse ainda mais alimentado, é no capítulo 13 do livro bíblico do Apocalipse que o surgimento do anticristo é profetizado. Como a mitologia cristã apenas copia e renomeia tradições de outras civilizações, é muito provável que tais delírios tenham se inspirado, inclusive, na mitologia nórdica, quando Baldur - uma das principais divindades do panteão nórdico - é morto em um jantar em que o 13º convidado, Loki, chega de forma invasiva e causa um conflito inesperado. No mesmo ensejo, há a versão de que Frigga, esposa de Odin e mãe de Thor, passou a ser perseguida por cristãos recém-convertidos e sua defesa foi aliar-se a Saga, Eir, Fulla, Gná, Syn, Hlin, Gefjon, Sjofn, Lofn, Var, Vor e Snotra (somando 13 Deusas, no total) para relembrar seu povo sobre quais divindades de fato detinham sabedoria ancestral. Assim, a sexta-feira de 13 de novembro de 2020 vem nos ensinar, a partir da cura escorpiana que, da mesma forma que é revelada a mística verdadeira entorno da luz azul e de Samhain, existem superstições falaciosas - como das quais podemos nos emancipar.
Um portal de força descomunal se abrirá de 1º até 31 de outubro de 2020 e, diante de tal oportunidade tão rara (especialmente no momento em que o planeta clama por transformação), que nossos intentos contemplem - simultaneamente - o bem da coletividade e a bondade conosco/com os nossos. Se a fêmea do escorpião anda com os filhotes grudados em seu corpo e não deixa ninguém para trás, podemos aplicar a mesma premissa partilhando nossas bênçãos ao longo do ciclo de 31 dias renovadores que se aproximam. Amém, axé. Assim é.
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Os 12 signos representados por Leonardo da Vinci em “A Última Ceia”
Quadro original: Leonardo da Vinci - Imagem legendada: www.parissempreparis.com
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Em uma das aulas de seu curso magistral, Claudia Lisboa, uma das principais astrólogas do cenário brasileiro, partilhou um capítulo importante de sua trajetória. No relato, ela nos apresenta as memórias de Emma Costet de Mascheville, astróloga alemã radicada no Brasil e mestra da brasileira na Escola Júpiter de Astrologia. Falecida em 1981, Dona Emmy - maga aquariana - deixou na aprendiz a lição decodificada do que “A Santa Ceia”, de Leonardo da Vinci, elucidando arquétipos, luzes e sombras. Assim, comecemos com a ideia que a pintura de Da Vinci decorou muitas salas de jantar e embalou muitas reuniões de família, sem que ninguém se imaginasse representado pela pintura.
A obra conta com treze personagens (os 12 signos + Jesus) representados da direita para a esquerda (de Áries para Peixes) e, ao fundo, o céu como espelho que se reflete tudo ao contrário. Todas as linhas do quadro convergem para Jesus, uma vez que ele representa o sol e, por esse motivo, tem sua luz se irradiando pelos pontos de fuga da pintura. Uma das mãos de Cristo tem a palma para cima e a outra está voltada para baixo, representando luz e sombra e, ainda, as polaridades positiva e negativa dos signos em eixos. O canto direito do quadro é mais claro, representando a energia yin (no taoísmo, yin simboliza a escuridão) e o lado esquerdo e mais escuro reflete o yang (a claridade). Lembre-se: estamos falando de polaridades e elas são permeadas por luzes e sombras, elucidação que contraria muito do que pensamos sobre astrologia até aqui.
A mesa é sustentada por quatro cavaletes, isto é, os quatro elemento zodiacais (Fogo, Terra, Ar e Água). Os apóstolos - agrupados de três em três, assim como os signos em cada elemento - estão mais distantes fisicamente no lado direito (yang = luz) da pintura e mais unidos do lado esquerdo (yin = sombra). Jesus, ao centro da obra, é a força da vida. A representação arquetípica dos apóstolos é organizada em:
- Áries = Simão;
- Touro = Judas Tadeu
- Gêmeos = Mateus;
- Câncer = Filipe;
- Leão = Tiago Menor;
- Virgem = Tomé;
- Libra = João;
- Escorpião = Judas Iscariotes;
- Sagitário = Pedro;
- Capricórnio = André;
- Aquário = Tiago Maior;
- Peixes = Bartolomeu.
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Primeiro eixo: Áries (Simão) x Libra (João)
Simão é o musculoso sentado no início da mesa, assim como Áries inaugura o zodíaco. Na antiguidade, Simão era um lutador pela libertação do judeus, assim como - entre os signos - Áries é o impulsivo senhor da guerra, da conquista e da iniciativa. João, por sua vez, é o primeiro ao lado esquerdo de Cristo, alusão ao fato do apóstolo ter permanecido ao junto a Jesus até o fim com imensa devoção. Enquanto Áries é movido por guerra/concretização e ego (ariano = eu sou), Libra tem o olhar voltado ao outro (libriano = tu és), evocando a diplomacia dos gestos para harmonizar sua dualidade com Áries. O comandante de Áries e o mediador de Libra retratados por Da Vinci.
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Segundo eixo: Touro (Judas Tadeu) x Escorpião (Judas Iscariotes)
Judas Tadeu tem o semblante mais velho, processando ideias de forma acolhedora. Essa parcimônia taurina (pautada na lenta construção da confiança, por exemplo) é o oposto de Iscariotes, descrito por Dona Emmy como a peça mais importante do cristianismo, uma vez que - sem ele - a morte de Jesus não teria se tornado um marco para a humanidade. Iscariotes era um zelote, isto é, defensor da libertação do povo judeu que acreditava cegamente em Cristo, no entanto, não tolerou que o filho de Deus defendesse a libertação da alma e não da matéria. Mais ainda: Iscariotes era o apóstolo-tesoureiro e, na pintura, derruba o saleiro da mesa em um sinal da finitude das coisas (a queda, o não poder voltar atrás, o não chorar pelo sal derramado e o salgar do caminho para que nada mais nasça nele). Em sua provocação final para Jesus libertar o povo, Iscariotes se enforca e eis o que o eixo Touro x Escorpião nos ensina: tudo acaba (contrariando o apego taurino) para que tudo transmute (desmaterialização e renascimento, missões de Escorpião). Em uma frase valiosíssima mencionada por Claudia Lisboa, agradeça ao escorpião que te corta e fere, mas salva a vida. A materialidade de Touro e a desmaterialização de Escorpião traduzidas por Da Vinci.
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Terceiro eixo: Gêmeos (Mateus) e Sagitário (Pedro)
Enquanto Mateus olha para um lado e gesticula para outro, o apóstolo personifica a essência multitarefa do geminiano, sua capacidade ímpar de ser interface entre os dois mundos (material e espiritual), a existência de dois lados para toda história, dualidade e as polaridades. Pedro, em contrapartida, tem uma faca na mão e os dedos apontados diretamente para Jesus, ou seja, a evolução espiritual diante da bravura necessária para o recebimento de seu dharma. O jogo de cena entre Gêmeos e Sagitário diz respeito a transformar nosso interior a partir da essência (e às vezes parece oculta). A intelectualidade comunicativa de Gêmeos e a obstinação concretizadora de Sagitário observadas por Da Vinci.
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Quarto eixo: Câncer (Filipe) x Capricórnio (André)
Filipe cozinhava para os apóstolos e, mais ainda, tinha a missão de cuidar e alimentar Jesus. Nutrir com dedicação e amabilidade (por isso foi retratado com as bochechas mais rosadas). André, por sua vez, era o administrador e é retratado como alguém mais ossudo. Filipe precisa aprender a falar não para André e André precisa aprender a flexibilizar barreiras por ele impostas. O afeto de Câncer e o pragmatismo de Capricórnio condensados por Da Vinci.
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Quinto eixo: Leão (Tiago Menor) x Aquário (Tiago Maior)
Tiago Menor surge com juba dourada e braços abertos, chamando os olhares da mesa para si. Tem domínio sobre suas próprias vontades a partir do poder magnético (e autoritário) de Leão. Em outro ensejo, Tiago Maior (o irmão mais velho, no caso) tem as mãos apoiadas em André e Pedro, demonstrando que sua força natural vem do coletivo e tamanha grandeza ofusca o ego leonino. A necessidade de protagonismo de Leão e a busca de Aquário por palco para que todos atuem proporcionalmente na obra-prima de Da Vinci.
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Sexto eixo: Virgem (Tomé) x Peixes (Bartolomeu)
Tomé tem o dedo em riste, dizendo a Jesus que não é tudo em que podemos crer e, mais ainda, trazendo a capacidade analítica à mesa para separar o joio do trigo. Bartolomeu, no entanto, é o único com os pés na luz mesmo que sob o à sombra da toalha e ouve a todos igualmente por acreditar que o conjunto de vozes representa o mesmo ideal. A realidade de Virgem e a intuição de Peixes personificadas por Da Vinci.
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É necessário ressaltar que o conteúdo desta postagem vem das anotações da Astrologia Singular durante a aula de Claudia Lisboa (pautada nos ensinamentos deixados por Emma Costet de Mascheville). Como o quadro de Da Vinci é público e tamanho conteúdo não poderia ser mantido secreto, partilhar tal conhecimento se fez urgente e honroso. Outro adendo é que até existem outros autores, astrólogos e videntes mencionando o zodíaco presente em “A Última Ceia”, no entanto, somente a visão de uma aquariana voltada ao todo (Dona Emmy, no caso) coloca à mesa, ao lado de Claudia, o banquete de sabedoria que de fato alimenta (e desperta) o nosso ser. Amém, axé. Assim é.
(Texto originalmente publicado no site astrologiasingular.com.br em agosto/2020)
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A complexidade esplendorosa do signo de Escorpião
Foto: Astrologia Singular. Registro feito durante apresentação de “A dança dos signos”, em 2014.
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Que as sete estrelas de Libra harmonizem Escorpião.
É o reino da força
Vermelho é a cor do teu coração
Ferro em brasa na casa da morte
É o escorpião
A força criadora que habita o mundo
O animal da autorregeneração
O homem que renova, signo fecundo
O fim planta o início
É a transmutação.
(Aos filhos de Escorpião, de Oswaldo Montenegro para o musical A dança dos signos, criado em 1982)
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Vigente de 23 de outubro a 21 de novembro, Escorpião - signo fixo e segundo representante do elemento Água - é um dos mais fascinantes e mal interpretados integrantes do zodíaco. Para entender tal complexidade, é necessário escavar suas origens, começando por Plutão, seu planeta regente. Na mitologia romana, Plutão é o deus dos mortos e do submundo e, no sistema solar, o mesmo nome é atribuído ao menor e mais frio dos planetas. No Tarot de Marselha, Escorpião surge codificado nas carta d’A Morte, arcano maior de número XIII (morte = a baixa temperatura de Plutão) e d’O Julgamento, arcano maior de número XX (sentenciar para encerrar um ciclo de outro iniciar). Na mitologia grega, o signo surge na figura de Hades, deus dos mortos e do submundo responsável por raptar e enganar Perséfone (arquétipo do signo de Virgem) para com ela se casar. Ainda na Grécia antiga, Órion - filho de Poseidon - e maior caçador da época, era um bon vivant devasso que tentou estuprar Ártemis - Deusa da caça e dos animais selvagens, protetora da castidade e filha de Zeus -, mas acabou sendo morto por um escorpião conjurado pela jovem. Não por acaso, artemísia (ou absinto, losna, erva dos bichos, erva das bruxas) é uma planta usada em banhos e chás de proteção contra maus espíritos, controle de cólicas, regulação de ciclos menstruais, combate à ansiedade, tratamentos urogenitais e, ainda, abortos. Em estudos datados pelos egípcios em 1.600 a.C, a artemísia é mencionada como planta que - se consumida em excesso - causa intoxicação e interrompe gestações.
Enquanto na Babilônia Escorpião é representado pela divindade de Nergal - senhor da guerra e da peste -, o deus Osíris, no Egito antigo, governava o submundo (lembremos do arcano d’A Morte) e devolvia a vida a quem julgasse (lembremos também do arcano d’O Julgamento) necessário a partir das águas (Escorpião = segundo signo de Água) do Rio Nilo. Na mitologia umbandista, Nanã Buruque, orixá anciã celebrada em 26 de julho, é a senhora da água e da terra, ou seja, deusa regente da vida (água), da morte (terra) e do simbolismo escorpiano. As vestes de Nanã são roxas, cor da introspecção/tristeza + transmutação, assim como a lavanda, planta colhida entre junho/julho no Hemisfério Norte e que requer muita parcimônia em seu manuseio, uma vez que seu uso desmedido pode baixar acalmar os ânimos de forma nociva, causando sedação e depressão (veneno e cura caminhando lado a lado, assim como na artemísia). Na mitologia cristã, Escorpião surge sincretizado em Santa Ana, também responsável pela fertilidade, e - ainda - na figura de Judas Iscariotes, apóstolo que testou a Jesus por defender a libertação dos judeus/matéria acima do espírito (se tornando, aliás, o personagem a originar o cristianismo). Na mitologia celta, Cerridwen é a Deusa escorpiana que surge como anciã para, em seguida, transmutar-se jovem e reger tanto a fertilidade quanto a realização de todos os desejos considerados justos (novamente, o arcano d’O Julgamento se faz presente). Na Astrologia e, mais precisamente, no mapa astral, Plutão diz respeito aos desejos do nosso subconsciente e - mais ainda - nosso renascimento espiritual/pessoal. Com a ancestralidade escorpiana contextualizada, falemos sobre as mitologias se manifestam sobre o signo.
Escorpião escuta, desde muito, muito pequeno, versões distorcidas e cruéis sua essência. Por sermos demasiadamente humanos, incorporamos ao nosso comportamento - na maioria das vezes - versões falaciosas/tendenciosas sobre o nosso ser, aceitando o olhar dos outros como absoluto e não nos investigando por dentro. É como se terceiros tivessem permissão de escreverem nossa história por ouvirmos deles que somos incapazes e indignos de manuscrever tal narrativa. Pois bem. É assim que o Escorpião - desde jovem - tende acreditar no pior que é contado sobre si sem que o essencial lhe seja explicado: o segundo signo de Água é feito de extremos e o segredo da vida consiste no equilíbrio de tal eixo. Agora pensemos na figura do animal invertebrado que chamamos de escorpião. Ele vive escondido em buracos na terra, sai à noite para caçar, tem uma agulha na cauda que injeta veneno em seus inimigos/presas e também tem quelíceras (que chamamos de bracinhos) com pinças nas pontas. Só ataca para se preservar quando pressente o perigo. No mais, é símbolo de proteção e carrega seus filhotes colados ao corpo de carapaça dura para onde for. Com esse retrato fresco pintado em nossa mente, alinhemos isso ao fato dos nativos do signo de Escorpião serem espelho de seu animal de poder.
Analíticos, afetuosos, graduais, instintivos e espiritualizados. Eu transformo, logo, existo, é a frase que define os escorpianos. Brilhantes e perfeccionistas, se dedicam imensamente a tudo que criam. Examinam situações e pessoas antes de se lançarem sobre elas (eis o arcano d’O Julgamento novamente) tendo sua intuição como guia absoluta (signos de Água são imensamente intuitivos, afinal). Nem sempre sentem necessidade de definir qual é sua fé/religião, acreditando - na maioria das vezes - que seu sexto sentido é seu melhor conselheiro. É um signo que não mente por não carregar a manipulação em si (ao contrário de Câncer, em seu lado sombra) e valorizar a sinceridade. Embora muito observadores - como que sempre em busca seus buracos seguros na terra -, escorpianos assumem suas virtudes e venenos sem máscaras. São doadores intensos, colocando dentro da redoma de suas quelíceras (lembremos que os bracinhos têm formato circular) pessoas, valores e causas defendidas até as últimas consequências. Se em Áries, signo da guerra, o ingresso em conflitos é sobre matar ou morrer, no caso de Escorpião, a entrada em campo é estritamente para matar, uma vez que a morte, sua velha conhecida, não é temida (lembremos do arcano d’A Morte). Na natureza, ao ser agarrado por aranhas com o dobro do seu tamanho, escorpiões se permitem abraçar pelos tarsos do aracnídeo para, já envolvido, içar sua cauda e fincar seu veneno em um movimento ligeiro e letal. Assim, imbuído dos segredos ancestrais do submundo, o escorpiano não teme morrer por saber que finitude dos ciclos é acompanhada de transmutação (novamente: lembremos do arcano d’A Morte). É do veneno (morte) que surge o antídoto (vida), ora. Eis a luz de Escorpião irradiada em sua máxima potência, no entanto, tamanha magnitude chama atenção de sombras e elas não tardam a se manifestar.
Possessivo, obsessivo, vingativo, rancoroso e impiedoso. Colecionador de desafetos e com memória de elefante, Escorpião enumera cada falha ou ingratidão alheia no museu mental assombrado por tudo aquilo que lhe é impossível de perdoar. Diante de oportunidades percebidas por sua astúcia analítica, o signo coloca sua revanche em andamento sem arrependimentos, sabendo que a carapaça rígida protege suas idas e vindas ao inferno (mental, nesse caso). Apegado, o escorpiano - esquecendo de sua luz e reverberando sua sombra - até reconhece o fim das coisas, mas não aceita tal passagem e remói martírios pessoas que drenam sua energia vital e o desequilibram inteiramente. Desconectado de seu antídoto e permeado somente pelo veneno, Escorpião esquece a graça da vida que, por exemplo, o absinto/artemísia pode render na busca por expandir a consciência e sucumbe diante de vícios que validem sua dor (vale ressaltar que, há alguns séculos, o absinto era usado por clarividentes melhor manifestarem suas intuições). Entre os hexagramas do I-Ching, o de número 23, chamado de Desintegração, retrata muito bem a entropia escorpiana para ceifar o que já não pode se manter (eis a carta d’A Morte aqui de novo e, ainda, o aborto energético da artemísia). Paixões fulminantes, amizades tóxicas, ambições destrutivas. Muitas formas de se infringir se dor quando em desarmonia interna. Como encontrar equilíbrio em meio a essa gangorra emocional? Compreendendo as polaridades escorpianas - a vida e a morte -, no entanto, escolhendo sempre que possível a transmutação como o fiel da balança. Transformar-se surge como o meio-termo para que extremos sejam respeitados, porém não absorvidos. A imensa capacidade analítica escorpiana é permeada por autocrítica e autorregeneração para não se deixar levar pelos convidativos excessos das sombras. Domar os devaneios do ego (ciúme, obsessão, vingança e rancoroso) para o fluir da intuição protetora e luminosa. Eu transformo, logo, existo. Em uma frase adicional mencionada pela astróloga Cláudia Lisboa para pautar Escorpião, transformar sofrimento em nova vida. A matéria (vida) é impermanente e perecível e, assim, aceitar sua desmaterialização (morte) é abraçar a mediação da transmutação. Ah, e um adendo importante: se desde já aprendermos sobre o esplendor de Escorpião, passaremos adiante a mensagem correta sobre o signo e os nativos dele não serão oprimidos pelas piores versões que pensam de si a partir do que terceiros falam. A conversa sobre esse signo não acaba aqui por ainda perpassar a mítica da sexta-feira 13/11 que se aproxima e, ainda, o sabbat de Samhain (Halloween) e o fenômeno da lua azul que acontece de primeiro a 31/10. Isso, no entanto, é assunto pra mais tarde. E que as sete estrelas de Libra harmonizem Escorpião. Assim é. Amém, axé.
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Virgem, a sabedoria, Mabon, Obaluaê e o prelúdio da primavera
Arte do tarot: Elisa Riemer - Foto: https://hysteria.etc.br/ler/a-militancia-poetica-e-o-taro-feminista-de-elisa-riemer/
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Era uma vez, na Grécia antiga, Deméter, a senhora dos campos, da fartura e da colheita. De seu namoro com Zeus, nasceu Perséfone, filha doce e inocente que - em uma de suas caminhadas pelos fartos bosques maternos - despertou a paixão doentia de Hades, o senhor do submundo dos mortos. Perséfone foi raptada pelo estranho e conduzida ao universo invertido, sendo induzida a comer uma romã, fruta da sedução sagaz que selou o matrimônio dos dois antes que a moça pudesse recusar tal enlace. Deméter, desesperada pelo luto da filha perdida e sem opções por Hades ser uma divindade tão forte quanto ela e Zeus, fez a terra perecer. O frio e a esterilidade do campo se instauraram. Zeus, temendo pela prosperidade do mundo, interviu e propôs a Hades que Perséfone morasse seis meses no submundo e outro semestre inteiro ao lado da mãe, na superfície. Como não era interesse de Hades que o mundo secasse (ele não perderia suas preciosas romãs, ora), aceitou o trato e, assim, Perséfone organizou seu tempo sabiamente para conduzir verão e primavera enquanto estivesse ao lado da mãe (fartura do campos e colher de frutos) e protagonizar outono e inverno quando retornasse ao universo invertido. Em outras mitologias, Perséfone surge como Maria - a mãe de Jesus -, e Ísis, a deusa egípcia do amor. No zodíaco, o rapto de Perséfone origina Virgem, signo de Terra mutável e regido por Mercúrio, o planeta da versatilidade/comunicação.
Vigente de 23 de agosto até 22 de setembro, Virgem acontece durante Mabon, o Festival da Colheita ou Dia de Ação de Graças do paganismo, também conhecido como Equinócio de Outono no Hemisfério Norte (enquanto no Sul, temos a chegada da primavera). Equinócios são fenômenos em que, por 48 horas, dias e noites têm a mesma duração e, assim sendo, em termos mitológicos, a saída de Perséfone do mundo dos mortos durante uma estação (o outono, por exemplo) origina o início de outra (como a primavera) enquanto a moça retorna ao mundo verdejante de Deméter (para a colheita acontecer). Tamanha adaptabilidade traz na figura de Perséfone a essência virginiana: a organização.
Planejamento, praticidade, comprometimento, capricho e eficácia. Assim é o signo de Virgem. Metódico e estratégico, o virginiano sabe quando falar e calar. É discreto, sábio e concentrado. Sabe onde quer chegar e percorre tal caminho com honestidade. Delimita espaços e não invade a privacidade alheia. Tem a agilidade de seu regente, Mercúrio, para pensar analiticamente sobre o que deseja e comunicar tais buscas com as palavras certas. É estudioso, disciplinado, dedicado, divertido, trabalhador e tem aversão a excessos. Mantém a harmonia entre o mundo exterior (a troca de ideias ou, em termos mitológicos, a primavera/verão de Deméter) e o mistério das emoções profundos (a meditação/contemplação e, ainda, o inverno da alma presente no submundo de Hades). Faz do equilíbrio energético um dever diário e, por esse motivo, não guarda lodo espiritual em si (não alimenta maus pensamentos e não se deixa envolver por pessoas tóxicas/de baixa vibração, embora não a julgue). Sabe como cruzar fronteiras sem invadir territórios. Calcula cada passo de sua jornada para jamais pisar em falso. Essa é a luz virginiana que, no Tarot de Marselha, surge representada na figura da Sacerdotisa (ou Papisa), arcano maior presente na carta de número 2. Introspectiva e avaliativa, a Sacerdotisa (cujo equivalente masculino é o Hierofante, arcano de Touro, primeiro representante de Terra) mantém a ordem do mundo (e dos desejos) por exercer sabedoria/parcimônia ao guardar os mistérios da vida. Até que o lado sombra de Virgem se manifeste, é claro.
Severo, crítico, dogmático, enfadonho, neurótico. Quando contrariado pelos imprevistos da vida, o virginiano se depara com seu maior desafio: a necessidade de improviso. O promoção profissional não ocorreu conforme o planejado? As pessoas não se comportaram de acordo com as regras de boa conduta aprovadas por Virgem? As relações mantidas contrariam o ritmo determinado pelo filho de Mercúrio? Uma enorme pane no sistema se instaura e Virgem passa a ser a pessoa mais chata que você já conheceu. Exigente, intolerante, inflexível e repetitivo, o virginiano se apega a traumas para não mais se arriscar - e, assim, se amargurar -, uma vez que o roteiro de sua vida foi alterado e administrar isso não fazia parte dos planos. Eis um dos segredos guardados pela Sacerdotisa: o lado oculto - e imprevisível - da vida pede que, na medida certa, nossa lição seja aprender a flutuar no caos, assim como faz Peixes, signo de Água que dinamiza a polaridade virginiana (basicamente, um irradia luz na sombra do outro). Sonhar mais, não se engessar na disciplina, cicatrizar as feridas mentais e físicas e repor energias. Isso é não só a retomada da luz de Virgem, mas - ainda - a missão de cura de Obaluaê, orixá responsável pelos virginianos. Já que polaridades foram mencionadas, Obaluaê é a extremidade positiva/fase mais jovem de Omulú - divindade mencionada na postagem anterior - responsável não só pela regeneração, mas pela evolução do ser e pelo aumento de seu padrão vibratório (diminuído quando a sombra virginiana se manifesta). Perséfone, Mabon, Sacerdotisa e Obaluaê ensinando Virgem sobre alinhamento e proporcionalidade livres da aridez - ou enrijecimento - dos afetos. Ordem demais causa canseira. Não gostar de bagunça é diferente de burocratizar a vivência de situações familiares, amorosas, profissionais e espirituais em sua plenitude.
Mercúrio fazia o tempo passar depressa para Perséfone voltar à superfície e, ainda, para agilizar notícias da moça para Deméter, sua mãe saudosa. Mabon - no alvorecer da primavera - traz a colheita, a sabedoria e a cura, sendo tudo de propiciado pela dupla Sacerdotisa e Obaluaê. Nós aqui, no mundo presente, estamos resgatando a ancestralidade e olhando para o nosso interior. Todos nós temos Virgem em algum ponto de nosso mapa astral, oscilando entre luzes e sombras. Que nossa cesta de frutas esteja farta para que, entre um gomo e outro, seja de tangerina ou romã, o conhecimento se torne nosso alimento. Virgem é o estudioso metódico. Que a beleza de sua inteligência nos ilumine e elucide.
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(Texto originalmente publicado no site astrologiasingular.com.br em julho/2020)
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Agosto e o equilíbrio das luzes e sombras do territorialismo de Leão e a cura profunda de Omulu
Foto: Cyril Rolando
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Permeado por cinco longas semanas em que o inverno se intensifica, Agosto é chamado por muitos de o mês do desgosto. Os dias passam mais lentos, repletos de testes de fibra que nos exaurem. Não por acaso, o fim do oitavo mês do ano que mais parece eterno (sendo que ∞, o símbolo do infinito, remete a um número 8 deitado) é o prelúdio da chegada da primavera em que as esperanças se renovam. De onde vem maior parte da força para atravessarmos um mês tão severo? Do signo de Leão, é claro.
Nascidos entre 22 de julho e 22 de agosto, leoninos são regidos pelo Sol e, ainda, representados na umbanda pelos orixás Oxalá (o mais elevado de todos os espíritos) e Xangô (senhor da justiça), por Apolo na mitologia grega (deus do sol e da cura), Thor (deus celta de trovões, guerras e cura) e pelo arcano maior d'A Força, carta do Tarot de Marselha cuja representação é a de uma mulher dominando um leão feroz. Na mitologia egípcia, o signo surge como Sekhmet, a esfinge com cabeça de leão, e como Mihos, divindade da maternidade e do canibalismo (aspectos de luz e sombra já presentes na gênese leonina). Krishna, Alá e os arcanjos aparecem em relatos ao lado de leões defensores e, ainda, são muitos os trechos bíblicos com leões protetores/devoradores (como em "Daniel na cova com os leões", o leão de Nemeia e de Sansão e, inclusive, o livro do apocalipse, cujo trono ser guardado por leões). O próprio Jesus é conhecido como o leão da tribo de Judá. Corajoso, nobre, leal, vaidoso e autoritário. Assim é o leonino.
Reis da selva, os nativos de Leão são imponentes e doadores. São líderes natos, assim como os arianos, seus irmãos do elemento Fogo, mas - acima disso - exigem o protagonismo, caso contrário, o palco não os interessa. Por algumas vezes, rugem com esnobismo. Centralizam muito em si tanto por sua imensa capacidade de resolução - são signos fixos e, consequentemente, concretizadores - quanto pelo excesso de controle. São pessoas que acolhem, aconselham, direcionam, compram brigas, inspiram, apóiam e iluminam. Sua presença é magnética e seu brilho pessoal - não por acaso são seres com cabelos e barbas volumosas - ressoa por qualquer recinto por onde passem. São dominadores e belos, fazendo prevalecer sua vontade e, por saberem ser a estrela central do sistema solar, trazem à tona a herança histórica de terem assolado coliseus (pessoas eram atiradas aos leões na antiguidade) quando seu lado sombra se manifesta. Tomados pelo ego, leoninos esquecem de sua porção cálida, reconfortante e solucionadora para ingressarem em competições sufocantes. O coração de gladiador - que luta pelo que é justo, digno e honesto - fica entorpecido pela sede de poder. Popularmente, o termo contratos leoninos é usado para descrever acordos que beneficiam somente um lado da história e eis a Nêmesis de Leão: ceder espaço, ser maleável e permitir que sua nobreza gratuita seja maior do que a busca por reconhecimento. No I-Ching, o signo leonino se revela a partir do hexagrama de número 30, chamado O Luminoso, que - repleto de fogo - indica que a luz traz não somente a cura de nossas chagas internas, mas união de caminhos cujos propósitos elevados propiciam o sucesso.
Diminuir o passo, aceitar a instabilidade cotidiana e se permitir dividir as rédeas com outros protagonistas da vida. Essa é a maior lição para Leão. Aplicar seus intentos elevados no olhar generoso sobre realidades diversas. Compreender que nem tudo é sobre si (nenhuma pessoa é o centro do Universo) e que ser contrariado é um desafio de maturidade. Aprender que não somente ele é merecedor da felicidade. Acessar a luz da justiça e da honra que habitam em si desde sua gênese sem se permitir iludir pelos truques da beleza egóica. Ser raio de sol e não ensolação. Eis as práticas diárias importantes para o leonino entender sua importância de contenção e coragem diante do mês de Agosto, uma vez que sua presença solar é o que irradia calor, firmeza e confiança diante das cinco semanas mais lentas do ano - que nos ensinam sobre haver espaço para todos - durante o mês de Omulu.
Sincretizado no cristianismo nas figuras de São Roque e São Lázaro (celebrados em 16/8 e 17/12, respectivamente), o orixá é filho de criação de Iemanjá e tem o corpo coberto por um manto de palhas para esconder suas feridas. Contemplativo, analítico, paciente, introspectivo e bondoso, Omulu é o senhor das doenças, do desencarne e da transmutação. Falamos aqui tanto da morte física quanto do fim de fases da vida, crises internas, comportamentos e pensamentos destrutivos. Falamos do Orixá que traz a doença para nos conduzir à cura. A beleza de Omulu está na concretude de sua sabedoria vagarosa, remetendo ao espírito, enquanto Leão fala sobre o que é externo, físico e material. O equilíbrio entre os dois - signo e orixá - é interessantíssimo, uma vez que a força luminosa de Leão cicatriza as chagas da alma que Omulu nos revela. Não é por acaso que o filho de Iemanjá é regente do chakra esplênico, isto é, aquele que conduz o sangue e a purificação da vida (em desalinhamento, tal chakra gera doenças circulatórias, anemia e necessidade de isolamento).
Agosto é um mês de testes de fibra e expurgo. Leão nos respalda com sua bravura para que passemos pelas provações e Omulu elimina de nosso organismo o que não nos nutre. Pergunta: seu vício é o ego e a humilhação cotidiana de pessoas que somente lhe fazem o bem? Leão irradia luz na mazela e Omulu o coloca para pensar sobre como agir diferente daqui para frente. Todos os dias de Agosto permitem uma nova reflexão sobre quais curas internas precisamos praticar, fazendo de Omulu o médico do nosso espírito que absorve a negatividade para transmutá-la em reinício da vida. O orixá da humildade que nos redime. A evolução do ser que, em meio ao caos, se coloca a refletir sobre o que aceita ajuda para sarar. O farfalhar de uma roupa de palha que gira e espana as instabilidades da alma. Tudo isso em Agosto, mês seguinte ao Julho de Câncer, sendo que o caranguejo (símbolo canceriano) é o animal responsável pelas cicatrizes de Omulu. Tudo isso em meio a um Leão luminoso que acontece entre Julho e Agosto, sendo precedido pelo signo de Virgem que - ao desembarcar no zodíaco - assume o final do oitavo mês do ano para render a sensação de dever cumprido.
Omulu nos traz o inverno da alma para que, nos esfriar dos ânimos, pensemos sobre a transformação do nosso ser. O sol leonino proporciona brilho e quentura para que, especialmente em tempos de pandemia e isolamento social, nossa chama acenda o candeeiro interno. Reflexão e ação caminhando harmonicamente. Leão ladeando o caminho de Omulu com o melhor de sua nobreza. Omulu pacificando a vaidade leonina com seu amor curativo. Luzes e sombras equilibradas no espetáculo da vida em cartaz por cinco semanas agostinas. Você e as transmutações necessárias caminhando lado a lado. Desprender-se de vícios habituais do passado - físicos, mentais e espirituais - para evoluir no agora. Afinal, Leão adora festa e a vida é um presente, ora.
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(Texto originalmente publicado no site astrologiasingular.com.br em julho/2020)
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As inundações emocionais de Câncer e os eclipses dos últimos seis meses
Foto: Elisa Riemer
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Regido pela lua, Câncer - segundo representante zodiacal do elemento Água - percorre o período de 20 de junho até 22 de julho. A lua, por sua vez, é chamada de avó-lua no Xamanismo por ser a ancestral mais antiga e que rege os ciclos menstruais. A lua alude ao nosso passado (por isso é nossa avó) e Câncer tem olhos sempre voltados ao que já se foi. O eclipse solar aos 00:21 graus de Câncer em 21 de junho de 2020 atiçou padrões pessoais não curados no eclipse anterior (grosserias, ilusões, egoísmos, além de outras posturas inadequadas), potencializando feridas emocionais até 20 de julho de 2020 (quando os efeitos individuais cessam). A título coletivo, o eclipse remexeu no trânsito astrológico cuja tendência é deflagrar a segunda onda mundial de Covid-19. Vale lembrar que o início da pandemia ocorreu com o eclipse solar de 26 de dezembro de 2019 a 04:07 graus de Capricórnio, cuja visibilidade maior aconteceu na China (disparadora do vírus) e os desdobramentos de um eclipse se desdobram por seis meses (o Brasil foi declarado como o epicentro da pandemia em junho de 2020). Pois bem. Mas retomemos o signo de Câncer para que todas essas informações se alinhavem.
Representado por uma tartaruga (pelos babilônios), por um besouro (pelos egípcios) e por um caranguejo (pelos gregos), Câncer tem força descomunal (e até destrutiva) sob as carapaças que o protegem (e escondem). É um signo intuitivo (intuição lunar) e enigmático, uma vez que ambos os traços permeiam os cancerianos. A parte molinha dos nativos de Câncer, isto é, a que fica de fora da casca, diz respeito a sua ternura materna e habitual. Em seu lado luz, cancerianos são os que colocam você no colo, cuidam de suas feridas, alimentam suas necessidades, te aquecem com imenso afeto e apóiam em qualquer empreitada, criando um rol de condutas amorosas que consideram valorosas. Signo cardinal, ou seja, impulsivo, Câncer dá vazão a sentimentos transbordantes mesmo que mal conheça uma pessoa. Representa a família, o gestar de filhos (crianças nascem em viradas lunares, especialmente durante ciclos cheios), o zelar de tradições (como o casamento) e o comprometimento em ser o melhor cuidador do mundo. Até que você não corresponda ao rol de condutas amorosas determinadas por ele (o termo determinadas é muito importante), é claro.
Quando sua sombra se manifesta, lembrando que a lua/regente é permeada pelo breu, Câncer - tido por Jung como o signo mais complexo de todos - revela que sua carapaça oculta a maior capacidade de manipulação do zodíaco. Traiçoeiro, amargo, carente. Os afetos profundos e cuidadosos transformados em drama e chantagem emocional. Dependente emocional, ciumento e desequilibrado. A culpa do que acontece é sempre do outro que não seguiu o roteiro criado pelo canceriano. Mesquinharias afetivas de quem se apresentava como inofensivo. Um revés drástico, mas não totalmente inesperado, uma vez que Câncer é representado no Tarot de Marselha como o arcanjo maior d'O Carro, isto é, aquele que - por extrema determinação - sabe onde quer chegar e como proceder para manusear ou manipular o caminho do sucesso. Mesmo que sua constelação seja a mais tímida do céu (é a de luzes mais fracas entre todas do zodíaco), Câncer surge como o 12° arquétipo e personalidade (ou seja, o último e que encerra o ciclo de questionamentos) definidos por Jung em seus estudos sobre Os tipos de ego (Leão, Virgem, Áries e Libra), Os tipos de alma (Aquário, Capricórnio, Escorpião e Peixes) e Os tipos de eu (Sagitário, Gêmeos, Touro e Câncer). Nas palavras de Jung:
12 - O governante
Lema: O poder não é qualquer coisa, é a única coisa;
Desejo central: Controle e poder;
Objetivo: Criar uma família ou comunidade bem sucedida e próspera;
Estratégia: Exercer o poder:
Maior medo: O caos e ser destituído;
Fraqueza: autoritário, incapaz de delegar;
Talento: responsabilidade, liderança;
O governante, o chefe, o líder, o ditador, o aristocrata, a rainha, o político, o gerente, o administrador.
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A lua, (in)fluente em todas as marés, é representada pelos orixás Iemanjá (a mãe de todos) e Nanã (a anciã sábia), sendo que, no candomblé, a carne de caranguejo é proibida (especialmente para os filhos de Omulu, orixá-condutor do mês de Agosto) por ter sido amaldiçoada pela própria Iemanjá. O consumo de tal animal (que vive tanto na água quanto na terra) provoca quizila (aversão imediata) e também é vista como algo que faz a vida andar para trás. A analogia não poderia ser mais perfeita porque Câncer é o signo voltado ao passado. A lua-avó é saudosista, permitindo que o canceriano se ofenda com facilidade e dificilmente ressignifique mágoas. Em uma outra interpretação, o signo de Câncer carrega o nome de uma doença que, para alguns, se manifesta pelo acúmulo do rancores. Se em meio a tudo isso o canceriano é um vilão? Jamais. Todos os signos são habitados por luzes e sombras, e conhecer as sombras mais profundas/perigosas é um alerta sobre potenciais destrutivos dos quais, no pleno exercício de nosso livre-arbítrio, podemos desviar.
Felizmente, driblando o eixo Câncer/Capricórnio que causou diversas tensões pessoais e coletivas desde 2017, os próximos eclipses serão em Gêmeos/Sagitário, propiciando a regeneração de mazelas que nos assolaram (desde que trabalhemos nelas, é claro). Até lá, os efeitos do eclipse de 20 de junho em Câncer alcança feitos indigestos socialmente - inflação, agravamento da crise financeira, segunda onda pandêmica, desastres ambientais e escassez de recursos naturais - até pelo menos 14 de dezembro de 2020, momento do último eclipse do ano ancorado na força curadora de Sagitário. Isso, no entanto, é assunto para logo mais.
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Copyright © 2020 / Astrologia Singular Conteúdo inteiramente autoral e protegido pela Constituição Federal do Brasil, em seu artigo 18 da Lei 9.609, de 19 de Fevereiro de 1998 - de Proteção Intelectual - e a Lei 9.610, também de 19 de Fevereiro de 1998, responsável pelo Direito do Autor. Não é permitida nenhuma publicação do texto em outros veículos sem os devidos créditos da autoria da Astrologia Singular.
(Texto originalmente publicado no site astrologiasingular.com.br em julho/2020)
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Gêmeos, o intelecto, as bruxas, a velocidade e a marginalização
Arte: Alphonse Mucha
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Em uma das publicações iniciais feitas aqui, Gêmeos foi mencionado como um dos signos com mais abordagens e contextualizações equivocadas a seu respeito. Tamanha inconsistência ainda rende muita desinformação e, pior ainda, a marginalização da principal fonte de intelectualidade do zodíaco. Assim, para nos libertarmos de estigma, uma vez que somos feitos e regidos por todos os signos, mergulhemos na infinitude geminiana.
Primeiro signo do elemento Ar (de 21 de maio até 20 de junho), Gêmeos devolve velocidade ao ciclo zodiacal após os hábitos contínuos - e eventualmente lentos - de Touro. Mutáveis - assim como Peixes, Virgem e Sagitário - e com rara capacidade de adaptação (o ar cabe em todo lugar, ora), geminianos são filhos de Mercúrio, o planeta de comunicação. Em sua egrégora, Gêmeos também é regido por Maeve (Deusa celta da guerra e principal rainha irlandesa), o naipe de Espadas do tarot (mediando diálogos entre a espiritualidade e plano terreno), anjos (que só chegam até seus protegidos quando suas asas entrecortam o ar), Ibejis (divindades mirins e gêmeas do Candomblé), Erês (entidade infantil e sagrada na mitologia umbandista), Cosme e Damião (crianças gêmeas santificadas pela mitologia católica e que, pelo sincretismo, carregam a mesma simbologia dos Ibejis e Erês), Hermes (o Deus-mensageiro da mitologia grega), o Mago e os Enamorados (arcanos maiores do Tarot de Marselha), o número II do alfabeto romano (também representando por crianças gêmeas), o Hermetismo (filosofia que alinha, a partir de sete princípios que regem o cosmo, os planos físico, mental e espiritual), Toth (Deus egípcio responsável pela fala e pela escrita e que, não por acaso, integra os escritos do Hermetismo), os hexagramas da Juventude e da Alegria (números 4 e 58 no Livro da Mutações do I-Ching, respectivamente), Mercúrio (nesse caso, o Deus romano), a Hermenêutica (ramo linguístico responsável pela interpretação de textos), Lugus/Lugh (divindades celta e gaélica equivalentes ao Deus Mercúrio), a dualidade de Castor e Pólux (mitos gregos, sendo Pólux filho de Zeus) e, ainda, a harmonização de sagrado feminino e masculino. Ah, e temos também a informação adicional de que Gêmeos, dividido entre matéria e espírito, já nasce bruxo (ou místico, se assim preferir) por ter em ambas as esferas - visível e invisível - seu habitat natural. Mas calma. Respiremos primeiro.
Veloz (e não volúvel), intelectual, comunicativo, curioso, inquieto (especialmente na esfera mental), racional, adaptável, camaleônico, divertido, negociador e jovem para sempre. Vive sob a regência de Mercúrio - o planeta que quando retrógrado congestiona e complica a comunicação da humanidade - e de Hermes, Deus-mensageiro que, abençoado com sandálias adornadas com asas, transmitia recados olimpianos, sendo a única divindade autorizada a transitar ilesa pelos territórios gregos, incluindo o reino de Hades, o senhor dos mortos. Assim é Gêmeos, o comunicador capaz de acessar qualquer mundo. Também filhos de Maeve, a Deusa celta da guerra que sempre carrega uma espada na mão esquerda (lembrem que o primeiro signo de Ar se faz valer pelo naipe de Espadas do tarot), geminianos - quando chamados ao conflito - racionalizam a necessidade do confronto para, assim, buscar no respiro sua melhor estratégia. Gêmeos, o guerreiro que vence pela astúcia e não pela truculência. Representados pelos Ibejis, Erês e Cosme e Damião, geminianos são engraçados e traquinas. Gêmeos, o eternamente jovem. No Tarot de Marselha, o primeiro signo de Ar tem representações no arcano do Mago, arquétipo inspirado no Deus Mercúrio (de Roma) cuja mesa repleta de instrumentos (entre eles, uma espada) remetem aos quatro elementos (e também aos quatro naipes do baralho) denotando não só o exímio manuseio dos itens, mas - acima disso - a espiritualidade prevalecendo sobre a matéria. Gêmeos, aquele que tem na palavra seu principal instrumento mágico. Ainda sobre o Tarot de Marselha, a carta dos Enamorados também representa os geminianos no que tange o poder e a importância das escolhas. De forma rasa e equivocada, aos Enamorados é atribuído o simbolismo da dúvida e a incapacidade de se decidir, no entanto, a real decodificação diz respeito a usar a intelectualidade-razão para escolhas pontuais e bem acertadas. Gêmeos, o racional que se manifesta sempre em pares, independente do oráculo ou mitologia. O naipe de Espadas (que ao cortar produz ar) para razão e emoção equilibrar. O Hermetismo, em uma alusão ao Hermes, une a simbologia do Deus grego com a representação de Toth para, assim, ancorar a filosofia pautada em auto-descoberta, alquimia e astrologia. Gêmeos, o intuitivo.. O equilíbrio de feminino e masculino em uma única personalidade. O lado luz. A gênese geminiana no ápice de sua eloquência criativa. Queda. Escuridão. Breu. A sombra também habita o primeiro signo de Ar e se manifesta em sua dualidade.
Ansiedade (acompanhada de crises de ansiedade e pânico), confusão mental, falta de foco, estresse, insônia, dores de garganta (não conseguir comunicar suas ideias adoece o geminiano), infecções pulmonares (não se expressar rouba o fôlego do filho predileto de Mercúrio), procrastinação (é como se a velocidade turbo se esvaísse), superficialidade (a intelectualidade fica obstruída) e - ao mesmo tempo - irritação profunda diante da falta de velocidade alheia e, por fim, fuga da realidade diante da incompreensão social (ao ser reiteradamente apontado como inadequado, o geminiano se isola, passando a evitar assuntos que escavem suas cicatrizes mentais mais profundas). Pane generalizada e estado de choque no sistema operacional mais racional do zodíaco. O girar brusco de uma chave mental que incorre em isolamento (especialmente para desviar do julgamento) e muita dor. Mas calma. Todo signo tem sua sombra e ela não é maior do que a luz. O bem sempre prevalece.
Na mitologia grega, os irmãos Castor e Pólux foram separados pela morte. Pólux, até então imortal, pediu que seu dom especial fosse usado por Zeus, seu pai, para que Castor revivesse e morasse na Terra. Pólux ficaria no Olimpo e, assim, os gêmeos se comunicariam energeticamente por meio do Universo. Os pensamentos de Castor chegariam aos céus e as palavras de Pólux desceriam à Terra. Dualidade. Geminianos nascem bruxos. Manuseiam e sabem ler qualquer oráculo. Metade do seu ser é intuição e magia, sendo a outra parte integrada por comunicação e concretização. Meio cá, meio lá. No cosmo e no solo. A perfeita representação do número II em algarismos romanos. Sagrados masculino (a ação) e feminino (a contemplação) harmonizados em um só ser. O hexagrama da Juventude, que erra por inexperiência e pressa, e da Alegria, que tudo cura com seu riso. Ao tomar posse de sua luz e se reconhecer como instrumento transformador a partir de sua capacidade de entrelaçar o mundo por meio do diálogo, o geminiano se ancora energeticamente e não se deixa cercar por sombras. Se o véu do breu (com memes ofensivos motivados pelo mesmo senso comum que acredita na má sorte trazida por gatos pretos) tenta turvar a visão de Gêmeos fazendo-o pensar o pior sobre si (falastrão, enrolador, leviano, volúvel, fofoqueiro), o filho favorito de Maeve lembra de todos os símbolos que integram sua essência para, assim, fazer de sua inteligência o farol da linguagem.
Se nosso senso comum é alimentado desde sempre com referências pop equivocadas? Mas é claro. A "Sagas das Doze Casas" dos Cavaleiros do Zodíaco nos emburreceu ao propagar Saga, o cavaleiro de Gêmeos, como o vilão da série. Se os influencers - atualmente - ajudam a disseminar desinformação de forma repaginada? Mas é claro. Há não muito tempo, uma atriz viveu uma astróloga em uma série, no entanto, via redes sociais - enquanto divulgava estudar para o papel - disse que desejava que "Deus a livrasse de se relacionar com um geminiano", sendo a intérprete em questão é aquariana (terceira representante do elemento Ar). Como lidar com tantas incoerências? Conclamando a transmutação divina e deixando de lado a ignorância terrena. Ah, e na dúvida de sobre geminianos já nascerem bruxos, lembremos que Madame LeNormand representa o dualismo místico de Gêmeos assim como Stevie Nicks. Mas falemos sobre isso mais adiante. Deixemos Mercúrio repousar.
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(Texto originalmente publicado no site astrologiasingular.com.br em maio/2020)
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