#acervo brasileiro
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Manto Tupinambá que estava na Dinamarca volta ao Brasil após 335 anos
Após mais de três séculos, está de volta ao Brasil um item raríssimo de vestimenta sagrada, utilizada em cerimônias e rituais indígenas. O manto Tupinambá, todo feito com penas de aves, permaneceu desde 1689 na Dinamarca e, agora, foi trazido ao Rio de Janeiro. A expectativa, de acordo com informações divulgadas nesta quinta-feira (11) pela direção do Museu Nacional, para onde a indumentária foi…
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Você é brasileira Aaahhh
AMO MEU PAÍS BRASIL 🇧🇷🇧🇷🇧🇷
#star talks#answered asks#amo encontrar mais brasileiros aqui#tumblr sendo um acervo imenso#incrível a nossa capacidade de si misturar
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Stefania Bril desobediência pelo afeto
Stefania Bril desobediência pelo afeto (IMS, 2024) é o livro que acompanha a mostra homônima na sede paulista do Instituto Moreira Salles a partir de 27 de agosto até 26 de janeiro de 2025. De família judaica polonesa, Stefania Bril (1922-1992), imigrou para o Brasil em 1950. A exposição e livro apresentam ao público a obra fotográfica, sua produção crítica e a atuação no campo institucional. Radicada em São Paulo, já em 1970 consolidou-se como fotógrafa e, a partir dos anos 1980, como crítica e curadora. Em suas fotografias vemos cenas cotidianas onde prevalece a irreverência, com perspectivas que propõem sutis deslocamentos na forma de olhar para uma metrópole que crescia em meio ao chamado "milagre brasileiro" - de pensamento ufanista, durante os primeiros anos da ditadura militar.
O alentado catálogo da mostra com mais de 300 páginas, traz também uma série de fotografias inéditas. É a primeira exposição individual com 160 imagens dedicada à obra da fotógrafa e crítica nos últimos 30 anos com curadoria da colombiana Ileana Pradilla Ceron, pesquisadora sênior no Instituto Moreira Salles e do carioca Miguel Del Castillo, com assistência da também carioca Pâmela de Oliveira, o primeiro coordenador da biblioteca do instituto e a segunda pesquisadora do acervo de fotografia do IMS.
Stefania Bril nasceu em Gdansk e viveu até a adolescência em Varsóvia. Ao lado de seus pais sobreviveu ao Holocausto. Mudou-se para a Bélgica ao término da Segunda Guerra já casada, onde graduou-se em Química em 1950, ano este em que imigra para o Brasil estabelecendo-se em São Paulo trabalhando a princípio com pesquisas nas áreas de bioquímica e química nuclear. Começou a dedicar-se a fotografia aos aos 47 anos, quando matriculou-se na icônica Enfoco, escola de fotografia criada por Cláudio "Clode" Kubrusly, que funcionou entre 1968 e 1976, por onde passaram consagrados fotógrafos como Cristiano Mascaro, Maureen Bisilliat, Antonio Saggese, Dulce Soares, Ella Durst, Mazda Perez, Nair Benedicto e Rosa Gauditano entre seus professores e alunos.
Ao final dos anos 1970 Stefania Bril, segundo pesquisadores do IMS, inaugurou a crítica fotográfica na imprensa brasileira escrevendo e assinando seus textos por mais de uma década no jornal O Estado de S. Paulo e na pioneira revista Iris Foto (1947-1999). Em suas colunas, analisou boa parte da produção fotográfica brasileira e internacional apresentada em São Paulo nos anos 1980, além de ter organizado festivais de fotografia. De suma importância para a cultura fotográfica criou a Casa da Fotografia Fuji, primeiro centro cultural em São Paulo voltado exclusivamente para o ensino e a divulgação da fotografia, que coordenou de 1990 a 1992. Seu acervo, que inclui sua obra fotográfica, crítica e sua biblioteca, está sob a guarda do IMS.
A coleção da fotógrafa foi adquirida pelo IMS em duas etapas: a primeira em 2001 e a segunda em 2012. O arquivo possui aproximadamente 15.000 imagens, entre ampliações de época, negativos e cromos (diapositivos) além de farta documentação textual. Como parte das iniciativas de difusão do acervo, o IMS destinou, em 2019, a segunda edição da Bolsa de Pesquisa em Fotografia ao estudo de sua obra. A pesquisadora contemplada foi a professora carioca Alessandra Vannucci, que assina um dos textos do livro, juntamente com Ileana Pradilla Ceron (que além do texto principal também assina a Cronologia comentada), Miguel Del Castillo e do paulistano Alexandre Araujo Bispo, antropólogo, curador, crítico e educador independente, doutor e Mestre em Antropologia Social pela Universidade de São Paulo (USP). Além destas preciosas análises, a publicação conta com uma pequena fortuna crítica com matérias selecionadas de Stefania Bril.
Segundo a curadoria, ao não focar em temáticas como o campo da política ou dos retratos de personalidades, a obra de Stefania “questiona certos critérios tradicionais de valoração da fotografia. Sua produção mostra sobretudo o fluxo da vida, observando as sutilezas, as ironias e contradições do dia a dia, com registros de momentos lúdicos e de afeto, como pontuam os curadores: “O cotidiano, considerado um tema sem importância, é afirmado por Stefania como espaço de resistência, inclusive em meio a um contexto totalitário como os anos de chumbo no Brasil quando fotografava. [...] Pouco a pouco, revela-se, por exemplo, a posição crítica de Stefania, que enxerga a falência da cidade moderna em meio às metrópoles que fotografou, e que aposta no afeto como antídoto à violência estrutural vigente.”
O conteúdo são imagens principalmente de São Paulo, mas também de outras grandes cidades, como Nova York, Paris, Amsterdã, Jerusalém e Cidade do México. As pessoas “anônimas” que habitam essas urbes contraditórias são as protagonistas das imagens (“Eu gosto de gente, não de carros.”, escreveu a artista em 1975). Embora signos das metrópoles, como edifícios e construções, também estejam presentes, nas fotos de Stefania eles são atravessados por intervenções lúdicas, evidenciando a posição crítica da fotógrafa em relação à padronização e desumanização impostas pela razão moderna. Já na série Descanso, registra homens cochilando em seus locais de trabalho, resistindo à lógica produtivista ou simplesmente esgotados por ela, e, em outro conjunto, retrata trabalhadores que mantêm vínculos com o fazer artesanal, como pintores e músicos de rua.
Para os editores, o humor e a ironia também transparecem nas fotografias. Algumas delas trazem cenas que beiram o surreal, como a imagem de uma vaca no meio de Amsterdã; a de uma mulher carregando uma nuvem de balões no meio da Quinta Avenida, em Nova York; ou ainda a de um menino que lê um gibi deitado dentro de um carrinho de supermercado em São Paulo. Ainda na chave do humor, Stefania também mira seu olhar para as escritas das cidades, capturando cartazes, outdoors e pichações. Sobre esse caráter de sua obra, a artista escreveu: “Insisto em ter uma visão poética e levemente zombeteira de um mundo que às vezes se leva a sério demais.”
De fato podemos notar em seus registros dois segmentos importantes que nos remetem a grandes fotógrafos, como os americanos Paul Strand (1890-1976) e Walker Evans (1903-1975), seja no seguimento mais antropológico, no caso do primeiro, a afinidade vem dos retratos que revelavam seu tempo distante das chamadas celebridades, e tipológico quando pensamos neste último cujas imagens traduziam uma concepção tipológica das cidades, quando Bril fotografa uma profusão de placas, outdoors e inscrições espalhadas por diferentes lugares.
O livro apresenta diversos retratos feitos por Stefania Bril, que segundo os editores, sinalizam outra característica marcante de sua produção. Grande parte das imagens mostram crianças brincando e pessoas idosas, fotografadas nas ruas ou no ambiente doméstico. Há também figuras populares em seus contextos locais, como o casal Eduardo e Egidia Salles, quituteiros famosos em Campos do Jordão, cidade da Serra da Mantiqueira, onde é comum a arquitetura de estilo suíço, que acolhe milhares de turistas no inverno paulista, onde a fotógrafa possuía uma residência, e Maria da Conceição Dias de Almeida, conhecida como Maria Miné, então importante personalidade da cidade.
Ileana Ceron escreve que Stefania Bril adentrou na fotografia pelas mãos de sua amiga, a fotógrafa e artista plástica alemã Alice Brill (1920-2013) que transitava com desenvoltura no circuito moderno das artes visuais. Segundo a curadora, ela "fez parte dos autores que, na década de 1950, construíram no país a linguagem moderna da fotografia e que tinham na cidade — entendida como o locus da modernidade — o seu objeto de investigação por excelência."
A entrada de Stefania Bril na Enfoco foi ideia de Alice Brill. Um lugar em que, conta a curadora, "Os alunos formavam um grupo heterogêneo. Apesar de a escola oferecer bolsas de estudo a quem não tinha recursos, o seu custo era elevado, pois a fotografia permanecia uma atividade elitista, devido aos altos valores de equipamentos e insumos para seu desenvolvimento." A presença feminina era majoritária, destacando-se a paraibana Anna Mariani (1932-2022) , a belga Lily Sverner (1934-2016) e a própria Stefania Bril, "entre outras, integravam o segmento de mulheres já não tão jovens que, após terem cumprido os rituais atribuídos socialmente à mulher, como o casamento e a maternidade, buscavam dar resposta a suas inquietações culturais e intelectuais. Para as três, a passagem pela Enfoco representou um ponto de inflexão, a partir do qual adotaram a fotografia como profissão" explica Ileana Ceron.
"Como boa observadora-ouvinte que era, Stefania Bril tem olhos e ouvidos para perceber o que a cidade está falando, mapeando a dor e o insólito da vida moderna, mas também a resistência e o humor." escreve Miguel Del Castillo. "Numa imagem conhecida, que foi capa de seu primeiro livro fotográfico, um pequeno letreiro nos convida, avistado por trás de alguns tubos de concreto: “Entre”. Suas fotografias possuem camadas assim. E, no caso dessa e de muitas outras escritas urbanas, enquadradas pela fotógrafa, parecem expressar em voz alta as ambiguidades das cidades."
Alexandre Araújo Bispo, aprofunda a parte antropológica da obra da fotógrafa: "Entre mostrar-se e esconder-se, olhar e ser olhada, as pessoas negras memorizadas nos negativos de Stefania Bril indicam a multiplicidade de ser negro: a personalidade pública Maria Miné, individualizada em um ensaio, mas pertencente a uma família extensa, a velha negra Ermília em família, a mãe negra com um ou vários filhos, o homem negro de “escritório”, o jovem negro com ares de hippie e olhar idealista, os artistas negros em seu fazer poético, os trabalhadores braçais, as crianças negras de ambos os sexos. Do modo como fotógrafa algumas pessoas, Stefania sugere ter estado com elas antes, durante e depois do instante fotográfico. Suas imagens evocam um sentido de conversa com e menos um dizer sobre ou pelas pessoas. Não parece haver uma autoridade sobre o que está mostrando, mas um desejo genuíno de convivência e interação social. Em outras fotos, como as dos trabalhadores braçais registrados na ação de trabalhar, o contato social não parece ter se prolongado."
Imagens © Stefania Bril. Texto © Juan Esteves
Infos básicas:
OrganizaçãoIleana Pradilla Ceron Miguel Del Castillo
Produção editorial Núcleo Editorial IMS
Projeto gráfico Beatriz Costa
Tratamento de imagens Núcleo Digital IMS
Impressão: Ipsis Gráfica e Editora, tiragem de 1.500 exemplares nos papéis Offset, Pólen bold e Supremo
Serviço
Exposição Stefania Bril: desobediência pelo afeto
Abertura: 27 de agosto, às 18h
Visitação: até 26 de janeiro de 2025
6º andar | IMS Paulista
Entrada gratuita
Conversa de abertura da exposição, com os curadores Ileana Pradilla Ceron e Miguel Del Castillo e as convidadas Cremilda Medina, Maureen Bisilliat e Nair Benedicto27 de agosto, às 19h
Cineteatro do IMS Paulista
Entrada gratuita, com distribuição de senhas 1 hora antes do evento e limite de 1 senha por pessoa.
Evento com interpretação em Libras
IMS Paulista
Avenida Paulista, 2424. São Paulo, SP.
Tel.: (11) 2842-9120
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Fluminense Campeão Brasileiro 1984 🏆
Foto Oficial nas Laranjeiras Acervo FFC 🇭🇺
Fluminense conquistou pela segunda vez o Campeonato Brasileiro em 27 de maio de 1984 no Maracanã subindo a campo em vantagem sobre o Vasco, devido ao triunfo por 1 a 0 no jogo de ida, com gol de Romerito, no dia 24, no mesmo local.
Time do Fluminense, campeão brasileiro de 1984, antes da final contra o Vasco.
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Fotógrafo Alexandre Guilherme Berzin - Pedra do Navio Cidade de Bom Jardim-PE, Década de 1950.
Alexandre Guilherme Berzin, conhecido como Alexandre Berzin, nasceu na cidade de Riga, capital da Letônia, no dia 31 de janeiro de 1903. Ao chegar ao Brasil, em 1927, houve alteraç��es na grafia de seu nome, que passou de Behrsing para Bersing e, depois, para Berzin.
Alexandre foi prontuariado pela DOPS/PE muitos anos depois de ter chegado ao Recife. No prontuário individual 9165, constam documentos dos anos de 1943-1944. Além dos dados de origem, por meio de seu registro geral, é possível saber que Alexandre Berzin casou-se com a brasileira Ana do Vale Berzin, com quem teve uma filha: Aurélia do Vale Berzin. São registradas informações também sobre suas atividades como fotógrafo e sua circulação pela Usina Cucaú, localizada no município de Rio Formoso, entre 1943 e 1944.
Berzin era fotógrafo e ao chegar ao Brasil fixou residência em Belém do Pará para trabalhar na casa fotográfica do italiano Filippo Fidanza. Lá, permaneceu apenas por um ano. Em 1928, transferiu-se para o Recife, onde abriu um estúdio de fotografias chamado Foto AB, localizado à Rua da Imperatriz, no centro da capital, no qual também trabalhava com esculturas. O estabelecimento tinha movimento comercial bem regular e grande estoque de material fotográfico, sendo frequentado por brasileiros e estrangeiros, de preferência americanos.
A trajetória de Berzin se confunde com a história da fotografia em Pernambucano, tendo sido um dos profissionais que se destacaram na documentação da vida e da paisagem do estado. Hoje, seus negativos e fotografias encontram-se divididos entre os acervos do Museu da Cidade do Recife e da Fundação Joaquim Nabuco. Nessa trajetória, Berzin também abriu espaço à formação de novos talentos, tendo sido professor de fotografia da Escola de Arte do Recife. Em 1948, juntamente com a Sociedade de Arte Moderna, promoveu um curso de fotografia para formação de técnicos, com direito a ampla matéria no “Jornal Pequeno”.
#conhecido como Alexandre Berzin#nasceu na cidade de Riga#capital da Letônia#em 1927#Recife City#Recife Brazil#Recife Antigamente#1940s#pernambuco#nordeste#photography#photo#vintage#vintage photography#efemérides#Fundação Joaquim Nabuco#Antigamente
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Pintada em 1933, a tela Operários tem temática social, está exposta no Palácio Boa Vista e pertence ao Acervo do Governo do Estado de São Paulo. É uma obra que integra o modernismo brasileiro e retrata cinquenta e um operários da indústria. Carrega como símbolo a exploração do povo trabalhador e a diversidade étnica que compõem a nossa sociedade.
Tarsila exibe nesta obra as distintas feições dos trabalhadores e trabalhadoras das fábricas. São pessoas de cores e etnias muito diferentes representadas lado a lado. E, apesar dos contrastes, todos carregam feições extremamente cansadas e sem esperança. São cinquenta e um rostos, alguns deles sobrepostos. Essa mistura de trabalhadores exibidos em sequência aponta para a massificação do trabalho. Os operários olham todos na mesma direção, mas não estabelecem nenhum contato visual uns com os outros. A disposição dos trabalhadores, em um formato crescente, de pirâmide, permite que se veja a paisagem ao fundo: uma série de chaminés cinzentos de fábricas. Assim, o quadro Operários é uma obra do movimento modernista que simboliza a industrialização brasileira. E também representa a classe operária que surgiu em decorrência dela, formada por pessoas que migraram de diversas regiões em busca de uma oportunidade de trabalho.
O quadro Operários de Tarsila do Amaral foi pintado pouco depois da Grande Depressão, nome dado à crise econômica que assolou todo o mundo em 1929. Nessa época, a artista perdeu boa parte de seu patrimônio financeiro. Então, para se restabelecer, vendeu alguns quadros da sua coleção pessoal em 1931 e viajou para a União Soviética. Lá ela chegou a trabalhar como operária e foi apresentada à ideologia socialista por seu namorado da época, o médico psiquiatra Osório César.
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Tarsila Visitante anônima diante de "O Mamoeiro", pintura em óleo sobre tela de 1925 de Tarsila do Amaral – obra do acervo da Coleção de Artes Visuais do Instituto de Estudos Brasileiros da USP.
Veja também:
Semióticas – Ao sol, carta é farol
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Leila Danziger. Papéis de um Dia (Cinelândia). 2019-2022. Tinta gráfica sobre papel e fotolitografia sobre papel. Foto Wilton Montenegro
Desde aquele domingo de outubro vejo a menina
no exato instante em que se eleva sobre a pedra e o bronze
em aceno: contra monumento à derrota.
Se durante vários anos apaguei seletivamente páginas de jornais, agora as refaço. No centro destas páginas está uma praça, cinemas esquecidos, um palácio demolido, um monumento, uma espera, e, sobretudo, um gesto realizado por uma menina que se eleva como um contra monumento à derrota daquela noite, de tantas noites. No início, há uma foto trêmula, feita quase às cegas, sem qualidade ou definição. No início – novamente, porque são muitos os inícios –, há um desejo de escrita, inseparável do desejo de imagem (do desejo da imagem da página, essa quase obsessão). A menina que acena na Cinelândia, sobre o monumento ao Marechal Floriano, é minha vaga heroína, com sua silhueta frágil e rosto indefinido (o que a resguarda e protege das identificações sempre policialescas). Não cesso de tentar refazer seu aceno em texto-imagem, em imagem-texto. Preciso vê-la de novo e de novo, sustentar seu gesto, para que ele dure e se desdobre, em outros tempos a vir.
Leila Danziger. Artista e poeta, suas produções articulam arte, história, memória e esquecimento; imagem e escrita; arte e mídia. Entre suas exposições individuais recentes estão Navio de Emigrantes (Caixa Cultural, São Paulo, 2019) e Ao Sul do Futuro (Museu Lasar Segall, São Paulo, 2018). Entre as mostras coletivas destacam-se Lands, Real and Imagined: Women Artists Respond to the Art and Travel Writings of Maria Graham (Otterbein University, Westerville, EUA, 2022); On the Shoulders of Giants (Galeria Nara Rosler, Nova York, 2021), MemoriAntonia (Centro Maria Antonia/USP, São Paulo, 2021); Théâtre d’Ombres (Galerie Dix9 Hélène Lacharmoise, Paris, 2021); 47% de Mulheres nos Acervos (Museu de Arte Contemporânea, Porto Alegre, 2021); O Rio dos Navegantes (MAR, Rio de Janeiro, 2019); Hiatus: A Memória da Violência Ditatorial na América Latina (Memorial da Resistência, São Paulo 2017); Imagetexte (Topographie de l’Art, Paris, 2016). Entre suas publicações de artista estão Cadernos do Povo Brasileiro (Relicário, 2021) e Navio de Emigrantes (Caixa Cultural, 2018). Como poeta publicou Cinelândia (2021), Ano Novo (2016), Três Ensaios de Fala (2012), todos pela editora carioca 7Letras. Tem graduação em artes pelo Institut d’Arts Visuels d’Orléans (DNSEP, Orléans) e doutorado em história pela PUC-Rio. É professora associada do Instituto de Artes e do Programa de Pós-graduação em Artes da Uerj e pesquisadora do CNPq.
🔗 Esta obra integra a exposição coletiva “Espaços do Ainda”, em cartaz de 1. de julho a 13 de agosto de 2023 no Centro Cultural São Paulo - CCSP, São Paulo, SP. Acesse mais informações aqui:
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major eberbach acervo cultural brasileiro
#ele odiaria tudo q é brasileiro mas no MEU headcanon ele conhece.#led zeppelin shoujo yaoi manga tag
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Boas-vindas à Wiki Identidades!
Boas-vindas ao tumblr oficial da Wiki Identidades!
Anteriormente, a wiki estava no site Fandom/Wikia.
Trata-se de um acervo online originalmente criado em 02/12/2014 por Cari Lobo, Kumiho Lim, Ghostdeactivate, em conjunto com grupos das comunidades LGBTQ+, Trans e Não-binária de 2014-2018.
É bom lembrar que não existem pessoas detentoras da verdade. Não existe uma única verdade. Todas as narrativas são legítimas, contanto que estejam de acordo com o lugar de fala.
Tudo aqui foi construído com muito carinho e esforço em conjunto com pessoas de cada grupo social e não por pessoas de fora. Os artigos são uma síntese de diversas narrativas pessoais.
Também deve-se lembrar que existem grandes diferenças entre o contexto brasileiro acerca de gênero e o contexto de outros países.
Se você deseja contribuir, por favor sinta-se livre para entrar em contato através dos comentários ou mensagem. Você também pode escrever uma publicação e enviar.
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Meus livros favoritos dos últimos dois anos (2019-20)
Geralmente essa lista é anual, mas 2019 e 2020 foram muito atípicos — o primeiro especialmente para mim; o segundo para todos nós — , então tomei a liberdade de fazer esse compilado abrangendo um período um pouco maior, já que nesses dois últimos anos a vida (rsrs) me fez uma leitora meio medíocre (alguns diriam que foi uma pausa justa) e eu não conseguiria dar corpo ao texto se fosse falar do que li em um ano só. Nunca li tão pouco na década. Apesar de tudo, algumas leituras significativas me/se salvaram nesse período e viraram Favoritas da Vida — como sempre, elas não falham. Foram sete ao todo e vale a pena falar delas, sem nenhuma ordem de preferência (desculpa pelo textão e não desiste de mim).
Carcereiros — Drauzio Varella
Esse foi o primeiro livro que li escrito pelo médico favorito do Brasil, mas não será o único, porque Drauzio tem tanto domínio e fluidez ao transitar pelas palavras quanto esbanja competência atuando na área de saúde há décadas. Livre de nomenclaturas e jargões, não se pode dizer que esse é um livro de divulgação científica como eu esperava a princípio porque a proposta do Drauzio não é falar sobre medicina, e sim sobre pessoas; é um livro escrito sobre e para gente como a gente. Aqui ele fala das amizades e histórias que viveu com diversos agentes penitenciários do sistema prisional de São Paulo, mais especificamente no Carandiru, onde atuou como médico voluntário de 1989 a 2002, ano em que a instituição foi desativada. Muito conhecido por Estação Carandiru (1999)(preciso ler!!!), obra-prima que lhe rendeu o Prêmio Jabuti, o mais tradicional prêmio literário do Brasil, e que ganhou uma adaptação cinematográfica (2003) nas mãos do diretor Hector Babenco mostrando o cotidiano dos prisioneiros no local que hoje é símbolo da marginalização dessas populações, em Carcereiros Drauzio nos faz ver o mesmo ambiente através de outro ângulo, o dos funcionários, pessoas livres mas que passavam seus dias inteiros dentro do presídio. Esse livro mostra como as dores podem ser diferentes, mas estão em todos os cantos, e é impossível estar inteiramente bem se quem está ao meu lado padece, porque a desigualdade é um mal que se alastra.
‘’Estava tão envolvido com aquele universo, que abrir mão dele significava admitir passar o resto da existência no convívio exclusivo com pessoas da mesma classe social e com valores semelhantes aos meus, sem a oportunidade de me deparar com o contraditório, com o avesso da vida que levo, com a face mais indigna da desigualdade social, sem ouvir histórias que não passariam pela cabeça do ficcionista mais criativo, sem conhecer a ralé desprezível que a sociedade finge não existir, a escória humana que compõe a legião de perdedores que um dia imaginou realizar seus anseios pela via do crime, e acabou enjaulada num presídio brasileiro.’’
Por Todos os Continentes — Roberto Menna Barreto
Todo ano (em que não tá rolando, sei lá, uma pandemia) eu vou à Feira do Livro de POA com uma amiga e tenho o ritual pessoal de comprar pelo menos um livro do qual eu nunca tenha ouvido falar antes, pra sair da minha zona de conforto literária e conhecer coisas novas, quem sabe me surpreender. Por Todos os Continentes foi adquirido assim (o tema de viagem me fisgou de cara) e virou favorito. Roberto Menna Barreto foi um empresário e escritor que colaborou com diversas publicações brasileiras e rodou MUITO mundo afora, visitando mais de oitenta países ao longo dos seis continentes, sobre os quais escreveu em suas colunas, como um diário de viagem. Esse livro compila vários desses textos e outros do acervo pessoal do autor, um aventureiro inveterado, contando sobre suas andanças, conhecendo as riquezas materiais e imateriais de vários povos, observando costumes e refletindo conosco sobre diversos assuntos inspirado pela variedade cultural com que se deparava em cada canto que visitava. É um livro denso (não é uma leitura das mais fluídas, mas isso não é defeito aqui) e muito interessante. Ele virou um favorito porque a leitura acabou se transformando numa experiência muito pessoal, já que o li de forma bem espaçada (acho mesmo que é a maneira ‘’certa’’ de ler esse livro, episodicamente) durante um ano inteiro, coisa que eu nunca faço, e ele me acompanhou em diversos cenários (trabalho, passeios, ônibus, salas de espera em hospitais, banco de praça, aqui e ali), meio como minha própria viagem, e olhando em retrospecto lembro de várias fases da minha vida (porque 2019 foi algo) pelas quais passei enquanto acompanhava Roberto andando pela Índia, Alemanha, Berlim Ocidental... Lembro de pensar em muitos momentos que esse é o tipo de livro que eu gostaria de escrever, e quando acabei a última página e descobri que o autor faleceu em 2015 fiquei triste como se tivesse perdido um conhecido.
‘’Toda volta é sempre mais problemática do que a ida, por que será?’’
A Revolução dos Bichos — George Orwell
Eu não esperava ser tão marcada por um livrinho curto de cento e poucas páginas, mesmo depois de ter lido Orwell da biblioteca do colégio no ensino médio e achado incrível, então não deixei de me surpreender quando fui descobrir por mim mesma por que esse livro está sempre ao lado de 1984 (outro favorito) como magnum opus do autor. Mesmo que já dispense apresentações, A Revolução dos Bichos nos mostra uma fazenda onde os animais tomam o controle e se voltam contra seus algozes humanos, reorganizando a dinâmica do local de modo que todos desfrutem dos benefícios da propriedade; mas logo os porcos (sugestivo) se colocam no alto da hierarquia, promovendo injustiças e subjugando os outros animais, o que desencadeia uma sequência de tragédias. É um enredo comicamente simples que satirizou a ditadura stalinista e sua decadência (alguns porquinhos representam claramente figuras específicas como Stálin e Trotsky), e que se tornou uma obra atemporal como crítica alegórica a projetos políticos que sucumbem às fraquezas humanas e corroem a vida em sociedade através do autoritarismo. Alguma pessoa muito mais sagaz cujo nome desconheço e a quem não vou poder atribuir os créditos já fez uma síntese da fábula dizendo que ‘’de certo modo, a inteligência política que humaniza seus bichos é a mesma que animaliza os homens’’, e é uma frase boa demais pra eu deixar de parafrasear. A Revolução dos Bichos é um livro fluidíssimo que li em dois dias no trabalho porque você voa pelas páginas se compadecendo com as desgraças do cavalo, do pato e da galinha pensando que eles já foram, são e ainda serão pessoas como você em algum lugar, talvez aqui, quem sabe hoje.
‘’O resultado da pregação de doutrinas totalitaristas é o enfraquecimento do instinto graças ao qual as pessoas sabem o que representa ou não um perigo.’’
Anna Kariênina — Tolstói
Esse livro foi o primeiro russo que li e escolhi logo um calhamaço de mais de oitocentas páginas porque tenho tara por livro grande e queria mergulhar de cabeça; nada melhor pra começar conhecendo a literatura de lá do que um dramalhão de família cheio de amores proibidos e gente infeliz. :) O livro tem como pano de fundo a Rússia czarista e nos apresenta vários núcleos de personagens, tanto que é difícil definir um protagonista (sabe-se, inclusive, que Tolstói cogitou dar à obra o nome das duas cidades russas que mais ambientalizam o enredo, São Petersburgo e Moscou), mas Anna Kariênina é uma aristocrata casada que se envolve num relacionamento extraconjugal com Vronski, um oficial da cavalaria, e vive o drama de escolher viver suas vontades pessoais em oposição a manter a aceitação da alta sociedade, ambiente em que desfruta de status, riqueza e admiração, mas se sente vazia e infeliz. Em paralelo, também acompanhamos Liévin, um misantropo inconvertível que tem dinheiro, terras e posses mas nunca se encaixou nos rolês e vive solitário e isolado em eterna (são quase mil páginas rsrs) desilusão amorosa, apaixonado por Kitty, que por sua vez é a fim do Vronsky, aquele que tem um caso com a Anna do título. E é esse todo mundo vai sofrer aí mesmo, rs. Mais do que os (des)amores dos personagens, essa história se consagrou graças à ambiguidade de todos eles; não há heróis nem vilões, e sim pessoas complexas que não cabem em rótulos, como é na realidade — ou deveria ser. Esse livro é uma baita novela, me acompanhou na mala em duas viagens (nada prático, não recomendo, ele é um tijolo; mas também pensei que seria minha única chance no ano de lê-lo de uma vez) e passou as férias inteiras comigo, mas nem assim fiquei satisfeita com o tempo que passamos juntos, e digo pra quem pergunta (ou não) que ele é tudo que você espera de um drama de mais de oitocentas páginas. Anna Kariênina é um livro que terminei há menos de um ano e já quero reler.
‘’ — Entenda bem — disse ele — , isso não é amor. Eu já estive apaixonado, mas isso não é a mesma coisa. Não se trata de um sentimento meu, mas de uma força exterior que se apoderou de mim. Veja, eu fugi porque decidi que tal coisa não poderia acontecer, entende, como uma felicidade que não pode existir na Terra; mas lutei contra mim mesmo e vejo que sem isso não existe vida.’’
A Guerra Não Tem Rosto de Mulher — Svetlana Aleksiévitch
Ganhei esse livro e outros mimos de presente de uma amiga e quando abri o pacote gritei de alegria, porque desde que li e favoritei Vozes de Tchernóbil em 2017, da mesma autora, não tinha nenhum outro livro no mundo que eu queria mais do que esse e ela acertou muito na escolha. Svetlana é uma jornalista ucraniana e ganhadora do Nobel de Literatura em 2015, internacionalmente consagrada por seus livros-reportagem onde ela retrata momentos históricos já amplamente divulgados e discutidos mas às vezes de forma unilateral, coisa que ela procura reparar em suas obras expondo ângulos pouco ou nada explorados, e muito intimistas, através das vozes de protagonistas e sujeitos históricos que vivenciaram esses episódios. Reunindo relatos e delineando lembranças pessoais alheias, ela recompõe uma teia de histórias verídicas construída ao longo de anos de pesquisa e conversa incansável. Em A Guerra Não Tem Rosto de Mulher ela entrevista dezenas de mulheres soviéticas que integraram o exército vermelho lutando contra o nazismo na II Guerra Mundial, seja nas trincheiras, nas estradas, como enfermeiras, cozinheiras, atiradoras, telefonistas que cuidavam da comunicação das tropas ou onde quer que fossem aceitas (o que nem sempre era o caso), elas eram voluntárias. Naturalmente, também temos aqui um forte recorte de gênero evidenciando o apagamento da atuação das mulheres na guerra, e aqui o título do livro é perfeito; a guerra não tem rosto de mulher porque a imagem delas é a última coisa que nos vem à mente quando pensamos nesses eventos, ‘’mulheres não vão à guerra’’. Mas foram sim, e não foram poucas, elas existiram, e nesse livro Svetlana escreve ao mundo sua história não contada. Esse é um livro de memórias que dá voz a vivências silenciadas (como os homens veteranos cheios de traumas e feridas, essas mulheres sofreram muito no pós-guerra, mas com uma faceta de perversidade que eles não conheceram, a do sexismo; a mesma guerra que aos olhos dos outros transformou-lhes em heróis fez delas vadias) e joga luz sobre experiências ocultas. Além de sua importância como registro histórico, esse livro é precioso pela intimidade com que a narrativa é construída, atentando sempre no universo particular das pessoas afetadas por esse conflito de dimensão global e priorizando a sensibilidade e a delicadeza em complemento aos registros mais abrangentes dos acontecimentos. A Guerra Não tem Rosto de Mulher é um livro duro e comovente, uma verdade a ser lida e relida.
‘’Tudo o que sabemos da guerra conhecemos por uma ‘voz masculina’. Somos todos prisioneiros de representações e sensações ‘masculinas’ da guerra. Das palavras ‘masculinas’. Já as mulheres estão caladas. Ninguém, além de mim, fazia perguntas para minha avó. Para minha mãe. Até as que estiveram no front estão caladas. Se de repente começam a lembrar, contam não a guerra ‘feminina’, mas a ‘masculina’. Seguem o cânone. E só em casa, ou depois de derramar alguma lágrima junto às amigas do front, elas começam a falar da sua guerra, que eu desconhecia. Não só eu, todos nós.’’
Sapiens, Uma Breve História da Humanidade — Yuval Noah Harari
Difícil não cair em redundância com o título autoexplicativo descrevendo o livro, então começo falando do autor: Harari é um professor israelense de história que leciona na Universidade Hebraica de Jerusalém e ganhou notoriedade quando esse livro virou best-seller em 2014, alavancando-o ao status de celebridade acadêmica (provavelmente ele desprezaria esse termo, mas meu vocabulário é limitado). Sua especialização é história mundial e processos da macro-história, o que, segundo a Wikipédia (após ler em meu face energy aqui), é um método analítico ‘’que tem como objetivo a identificação de tendências gerais ou de longo prazo na história’’, e é isso que ele faz neste livro colocando em perspectiva toda a trajetória da humanidade, desde a origem do homo sapiens na idade da pedra até a contemporaneidade e domínio tecnológico no século XXI. Como protagonistas que somos aqui (vilanescos, muitas vezes), é interessante encarar nossa pequenez individual diante de um panorama que traça com muita nitidez todo o nosso percurso, viável desde que coletivo, e que tira o ‘’eu’’ de foco pra narrar as aventuras e desventuras da espécie. O livro é dividido em quatro partes, das quais três são sobre as revoluções cognitiva, agrícola e científica pelas quais passamos e suas consequências, que definiram o que nos tornamos. À parte (na parte 3 do sumário, sendo específica), Yuval fala da unificação da humanidade e ressalta nossa característica que para ele é a mais fundamental e responsável por nossa prevalência sobre outras espécies: nossa capacidade imaginativa, responsável por nos unir em torno de conceitos abstratos (religião, leis, mitos, dinheiro, Estados…) sem valor concreto em si, mas que regem a sociedade graças a importância que lhes atribuímos e que seriam incompreensíveis pra, sei lá, uma lhama. Obviamente um livro sobre a humanidade é regado por análises sobre os mais variados assuntos em que possamos pensar (foi o livro que mais me fez refletir sobre vegetarianismo, por exemplo), então vale a leitura até como acesso a um acervo de informações muito curiosas e interessantes. Lamento não ter memória suficiente pra gravar pra sempre tudo o que esse livro ensina, porque ele é muito rico, mas talvez isso seja apenas mais um convite a infinitas releituras no meu exemplar já todo grifado. ;)
‘’Avançamos de canoas e galés a navios a vapor e naves espaciais — mas ninguém sabe para onde estamos indo. Somos mais poderosos do que nunca, mas temos pouca ideia do que fazer com todo esse poder. O que é ainda pior, os humanos parecem mais irresponsáveis do que nunca. Deuses por mérito próprio, contando apenas com as leis da física para nos fazer companhia, não prestamos contas a ninguém. Em consequência, estamos destruindo os outros animais e o ecossistema à nossa volta, visando a não muito mais do que nosso próprio conforto e divertimento, mas jamais encontrando satisfação. Existe algo mais perigoso do que deuses insatisfeitos e irresponsáveis que não sabem o que querem?’’
A Casa dos Espíritos — Isabel Allende
Li dois livros da Allende e em ambos ela é impecável. Desde o primeiro (Eva Luna, fiquei apaixonada) já me parecia impossível que essa mulher fosse capaz de escrever algo ruim, então quando comecei este aqui, sua obra-prima, estreia na literatura e livro pelo qual é mais consagrada, eu já esperava que ele virasse um favorito da vida; não foi surpresa, mas foi maravilhoso acompanhar essa história. Isabel é prima de Salvador Allende, presidente do Chile morto durante o golpe que implantou a cruel ditadura militar no país, levada com mão de ferro e regada a sangue de 1973 a 1990, e por ser filha dessa terra e ter um laço consanguíneo tão forte com os traumas desse período, a ditadura chilena é um dos principais panos de fundo de suas histórias inventadas. Em A Casa dos Espíritos temos um romance de família que perpassa gerações na casa dos Del Valle, destacando as mulheres indomáveis da família em contraponto ao patriarca intransigente. Seus dramas pessoais que às vezes ultrapassam os limites do lar, o casarão da esquina onde coisas fantásticas acontecem (espíritos se manifestam, objetos se movem, uma mulher tem cabelo verde e a clarividência de Clara impera), e se desdobram pelas ruas da cidade em conflitos, aventuras e subversão refletem o clima geral da sociedade, as intempéries, sofrimentos e desordem que precederam a fatídica insurreição política que condenou o país e os personagens fictícios, mas muito reais, dessa história à tragédia, à busca por redenção ou à superação. Allende faz uso do realismo mágico como espelho para a história nacional (sem citar o nome do Chile em nenhum momento, note-se) num livro em que ficção e realidade se enlaçam, tecendo uma trama onde elementos fantásticos dialogam com a realidade bruta, desse jeito latino-americano familiar a muitos leitores que já conheceram outros nomes e títulos incríveis semelhantes. Os personagens aqui são extremamente cativantes (Jaime, o médico dos necessitados, é meu favorito de todos esses livros), as mulheres Del Valle são excepcionais e todos eles tomam contornos de velhos conhecidos para o leitor. Tudo que acontece com os membros da família é sentido em nossa pele e lendo você pensa no quanto disso foi escrito pela autora na necessidade desesperada de expurgar os demônios do passado de sua própria família. Allende é uma romancista fantástica e A Casa dos Espíritos é um livro maravilhoso que honra a história chilena. Quero ler tudo que essa mulher escrever.
‘’As pessoas caminhavam em silêncio. Subitamente, alguém gritou, rouco, o nome do Poeta, e uma só voz, saída de todas as gargantas, respondeu: ‘Presente! Agora e sempre!’. Foi como se tivessem aberto uma válvula, e toda a dor, o medo e a raiva daqueles dias saíssem dos peitos e rodassem pela rua, e subissem num terrível clamor até as nuvens negras do céu. Outro gritou: ‘Companheiro presidente!’. E responderam todos num só lamento, pranto de homem: ‘Presente!’. Pouco a pouco, o funeral do Poeta transformou-se no ato simbólico de enterrar a liberdade.’’
Sebo Beco dos Livros - Porto Alegre (24/08/2019)
Ufa, é isso. Li outros livros maravilhosos que eu também gostaria de [obrigar meus amigos a ler sob ameaça de agressão física só pra eu ter alguém com quem conversar sobre] recomendar a todos, mas priorizei só os que viraram Favoritos Absolutos da Vida Amém pro texto não ficar insuportavelmente grande (mais do que já está, eu sei, eu sei…). Eu francamente acho que desprezar ficção é coisa de otário, amo muito e sempre li quase tudo quanto é gênero, mas gostei de ver como quatro desses sete livros são literatura de não ficção porque tenho dado muita atenção a essas narrativas nos últimos anos, é a primeira vez que são maioria entre os favoritos. Espero que essa retrospectiva literária possa servir de incentivo pra que alguém leia qualquer um desses títulos, se tiver a chance. Eles valem a pena. Desejo um ótimo 2021 em leituras a todos que curtem livros, porque se a moda continuar e todo o resto der ruim com força pelo menos a gente leu coisa boa. ;)
[Texto publicado originalmente no Medium em fevereiro de 2021.]
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Do Moderno ao Clássico Museus que Valem a Visita em Curitiba
Curitiba, conhecida por sua rica cena cultural, abriga museus que refletem a diversidade de sua história e identidade. De espaços dedicados à arte contemporânea a coleções que resgatam o passado da cidade e do país, os museus curitibanos oferecem uma jornada única através do tempo e da arte. Se você está em busca de uma imersão na história, arte e cultura de Curitiba, aqui estão alguns museus que você não pode deixar de visitar.
1. Museu Oscar Niemeyer: O Moderno e o Icônico
O Museu Oscar Niemeyer, também conhecido como MON, é um dos maiores e mais importantes museus de arte da cidade. O edifício, projetado pelo renomado arquiteto Oscar Niemeyer, é uma obra de arte por si só, com seu formato único e a famosa "cabeça" que se destaca no skyline curitibano. O museu abriga exposições de arte contemporânea, arquitetura, design e arte visual, com uma programação que vai desde mostras temporárias até exposições permanentes que exploram o trabalho de artistas brasileiros e internacionais.
Dica de visita: Aproveite o ambiente externo do museu, com o Parque Tanguá ao fundo, para fotos e caminhadas, além de conferir as exposições interativas no interior do museu.
2. Museu Paranaense: Viagem no Tempo e na História
O Museu Paranaense oferece uma imersão no passado de Curitiba e do Paraná, com um acervo que abrange desde a pré-história até o período colonial e imperial. Localizado em um prédio histórico no centro da cidade, o museu apresenta exposições sobre a cultura indígena, a fauna e flora locais, além de objetos históricos que resgatam o cotidiano de épocas passadas. Com uma grande variedade de itens arqueológicos, o Museu Paranaense é um ótimo lugar para aprender sobre a evolução da região.
Dica de visita: Não deixe de explorar as exposições de artefatos indígenas e as peças de mobiliário e vestuário do período colonial, que ajudam a entender melhor a formação cultural do estado.
3. Museu de Arte Contemporânea do Paraná (MAC-PR): Arte Modernista em Foco
O MAC-PR (Museu de Arte Contemporânea do Paraná) está localizado no edifício da Universidade Federal do Paraná e foca na arte contemporânea brasileira e internacional. Com uma vasta coleção de obras de artistas modernos e contemporâneos, o MAC-PR realiza exposições dinâmicas que incluem pintura, escultura, fotografia e instalação, além de abrigar eventos culturais e atividades educativas.
Dica de visita: O MAC-PR é uma excelente opção para quem aprecia arte moderna e quer ver de perto como os artistas contemporâneos estão expressando suas visões sobre o mundo atual.
4. Museu do Futuro: Inovações e Tecnologias
O Museu do Futuro é uma nova adição à cena cultural de Curitiba, focando na inovação, ciência e tecnologias emergentes. Com exposições que exploram a inteligência artificial, a realidade virtual e as tecnologias sustentáveis, o museu oferece uma experiência interativa e imersiva. É o local perfeito para aqueles que se interessam pelas últimas novidades no campo da ciência e da tecnologia.
Dica de visita: Se você é apaixonado por tecnologia, não perca as exposições interativas que permitem que você vivencie as inovações do futuro, desde robôs até novas formas de comunicação.
5. Museu de História Natural do Paraná: A História Natural ao Longo dos Séculos
O Museu de História Natural do Paraná é uma excelente opção para quem se interessa por biologia, ecologia e o estudo da natureza. Localizado no bairro de Santa Felicidade, o museu conta com exposições de fósseis, minerais, animais e plantas, além de modelos de dinossauros que encantam tanto adultos quanto crianças. O acervo permite uma viagem pela história da vida na Terra, com foco especial na biodiversidade do Paraná.
Dica de visita: Ao explorar o museu, aproveite para conhecer as exposições sobre a fauna do Paraná, com destaque para a rica biodiversidade local.
6. Museu de Arte da UFPR: Arte Brasileira e Internacional
O Museu de Arte da Universidade Federal do Paraná (MA UFPR) é dedicado à arte brasileira e internacional, com um acervo que abrange desde a arte colonial até produções contemporâneas. O museu organiza exposições temporárias e permanentes de artistas que representam a diversidade cultural e artística do Brasil e do mundo. Com exposições de arte moderna, arte popular e fotografia, o MA UFPR é uma ótima opção para quem deseja explorar a pluralidade artística.
Dica de visita: Se você é fã de arte moderna e de fotografias, não deixe de conferir as mostras que trazem uma perspectiva única da arte contemporânea brasileira e internacional.
7. Museu da Fotografia: Registro do Passado e Presente
O Museu da Fotografia de Curitiba é um espaço dedicado à preservação e exibição de fotografias que contam a história da cidade e do Paraná. Com um acervo que inclui fotos antigas e contemporâneas, o museu proporciona uma imersão no poder da fotografia como meio de registrar momentos históricos e culturais. Além das exposições, o museu oferece cursos e oficinas para quem deseja aprender mais sobre a arte de fotografar.
Dica de visita: Se você gosta de fotografia, aproveite para explorar a história da fotografia e as técnicas que foram utilizadas ao longo dos anos. Além disso, o museu promove exposições de fotógrafos locais e nacionais.
8. Museu do Futebol: A Paixão Nacional em Exposição
O Museu do Futebol de Curitiba é dedicado a um dos maiores amores do Brasil: o futebol. Com exposições interativas, documentos históricos, fotos e vídeos, o museu traça a história do esporte mais popular do país. Além de mostrar a evolução do futebol no Brasil, o museu destaca a importância do futebol em Curitiba e no Paraná, com peças raras e histórias emocionantes.
Dica de visita: Ideal para quem é fã do esporte, aproveite as exposições interativas que permitem vivenciar momentos históricos do futebol brasileiro, além de aprender sobre a influência do futebol na cultura nacional.
Conclusão
Curitiba oferece uma vasta gama de museus que atendem a todos os gostos e interesses. Seja você um amante da arte moderna, um entusiasta da história ou um apaixonado por ciência e tecnologia, os museus curitibanos têm algo para oferecer. Aproveite sua visita à cidade para mergulhar na rica herança cultural que ela tem a oferecer e explorar a diversidade de exposições que tornam Curitiba um destino imperdível para os amantes da arte e da história.
Mais informações sobre hospedagem: https://www.nacionalinn.com.br/hoteis/hotel-victoria-villa-curitiba Confira mais sobre Curitiba no blog: https://blog.nacionalinn.com.br
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Explorando o Centro Histórico de Campos do Jordão: Patrimônio e Cultura
Campos do Jordão é famosa por suas paisagens montanhosas e clima europeu, mas seu centro histórico é igualmente fascinante para quem deseja explorar o patrimônio e a cultura local. Com construções que remetem à arquitetura europeia e uma rica herança cultural, o centro histórico proporciona uma experiência encantadora, revelando tradições, história e o estilo de vida da cidade.
1. Vila Capivari: O Coração Histórico e Cultural de Campos do Jordão A Vila Capivari é o principal ponto turístico e cultural da cidade. Com suas ruas de paralelepípedo e edifícios inspirados na arquitetura suíça e alemã, é um passeio imperdível para quem deseja absorver o charme europeu da região. Além de suas lojas e cafés aconchegantes, a Vila Capivari abriga eventos e festivais ao longo do ano, como o famoso Festival de Inverno. É o lugar ideal para caminhar, observar a vida local e desfrutar de uma experiência gastronômica nos tradicionais restaurantes de comida alemã e fondues.
2. Igreja de São Benedito: Fé e Tradição em Cada Detalhe A Igreja de São Benedito é um marco histórico e cultural de Campos do Jordão, localizada no coração da Vila Capivari. Construída no estilo alpino, essa pequena e charmosa igreja é um ponto de reflexão e admiração. Seus vitrais e detalhes arquitetônicos atraem visitantes que buscam conhecer mais sobre a história religiosa e cultural da cidade. A igreja também é o centro de algumas celebrações religiosas locais, como a Festa de São Benedito, que reúne a comunidade em momentos de devoção e tradição.
3. Palácio Boa Vista: Residência Oficial e Museu de Arte O Palácio Boa Vista, uma das residências oficiais do Governo do Estado de São Paulo, é um dos principais pontos de interesse histórico de Campos do Jordão. Com uma arquitetura em estilo colonial brasileiro e rodeado de jardins, o palácio abriga um museu com um vasto acervo de arte brasileira e objetos históricos. A visita oferece uma oportunidade de conhecer as salas decoradas com móveis de época e obras de artistas renomados, além de proporcionar uma vista incrível das montanhas ao redor.
4. Museu Casa da Xilogravura: Tradição Artística em Campos do Jordão Para os amantes de arte, o Museu Casa da Xilogravura é uma parada obrigatória. Dedicado à técnica de gravura em madeira, o museu conta com um acervo único e diversas exposições temporárias, promovendo a preservação dessa arte tradicional. As peças expostas são ricas em detalhes e refletem aspectos culturais e sociais do Brasil, oferecendo uma perspectiva única sobre a arte popular brasileira e a história de Campos do Jordão.
5. Mercado de Artesanato: Sabores e Cores Locais O Mercado de Artesanato de Campos do Jordão é uma experiência autêntica para quem deseja levar um pouco da cultura local para casa. Com barracas que vendem produtos artesanais, o mercado é famoso por seus itens de lã, couro, cerâmicas e produtos típicos da região. Além das peças de artesanato, o mercado oferece uma variedade de produtos gastronômicos, como doces caseiros, queijos e o famoso chocolate artesanal da cidade.
6. Estação Ferroviária Emílio Ribas: Uma Viagem ao Passado A Estação Emílio Ribas é um marco histórico que remonta à época de ouro das ferrovias brasileiras. Construída no início do século 20, a estação é ponto de partida para passeios de trem que levam os visitantes por paisagens deslumbrantes da Serra da Mantiqueira. Além de sua importância histórica, a estação proporciona uma experiência nostálgica, sendo uma excelente oportunidade para conhecer mais sobre a história ferroviária da região e o desenvolvimento de Campos do Jordão como destino turístico.
7. Experiência de Hospedagem no Hotel Golden Park Campos do Jordão Para quem deseja aproveitar o melhor do centro histórico e cultural de Campos do Jordão, o Hotel Golden Park oferece uma localização privilegiada e uma experiência acolhedora. Mais informações sobre hospedagem em: https://www.nacionalinn.com.br/hoteis/hotel-golden-park-campos-do-jordao.
8. Dicas e Curiosidades no Blog Nacional Inn Para enriquecer ainda mais seu roteiro, consulte o blog Nacional Inn para saber mais sobre os pontos turísticos, eventos culturais e o melhor de Campos do Jordão: https://blog.nacionalinn.com.br/.
Campos do Jordão é um destino que une natureza e cultura, proporcionando uma imersão no seu passado histórico e nas tradições que continuam vivas na cidade. Explore o centro histórico e aproveite as experiências culturais para uma viagem memorável.
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FORMA REFORMA > Fernando Santos
O fotógrafo paulista Fernando Santos, após experiências passadas com pintura, marchetaria, cerâmica, escultura, conservação e restauro de obras de arte, como escreve o editor e curador paulista Eder Chiodetto "segue criando instâncias de reflexão sobre a faculdade do olhar, desta vez centrado na forma como deciframos a ilusão construtiva das imagens pelos aparatos fotográficos." É o que ele mostra em seu primeiro livro Forma Reforma (Fotô Editoral, 2022). Explica também o curador, que o artista busca fundar novas percepções visuais ao rearranjar a lógica que move objetos ordinários e suas representações performativas.
Forma Reforma é uma síntese de imagens que nos levam diretamente ao corolário modernista brasileiro, com certa dose construtivista, entre outros movimentos, onde podemos encontrar filigranas de autores como o carioca José Oiticica Filho (1906-1964) entomólogo e fotógrafo, Geraldo de Barros (1923-1998), fotógrafo, pintor e designer paulista ( a nos lembrar de sua série Formas e Fotoformas. leia aqui review https://blogdojuanesteves.tumblr.com/post/150170667411/geraldo-de-barros-fotoformas-e-sobras) igualmente nos aproximando dos clássicos surrealistas como o americano Man Ray (1890- 1976) com suas experiências sem câmara e arranhando as projeções e sombras da artista gaúcha Regina Silveira, além do húngaro László Moholy-Nagy (1895-1946), mestre da Bauhaus e também construtivista, artista ao qual Chiodetto faz referência em seu texto.
Na perspectiva do curador, esmiuçando alguns de seus detalhes: " Uma apara de papel fina, longa e com dobraduras imprecisas, interceptada a caminho do lixo pelo artista, ganha o protagonismo num plano horizontal monocromático - esse local inerte, o ponto zero a partir do qual espocam os gatilhos criativos de Santos. A apara, amparada pelo plano, vê seu corpo esguio e desleixado sensualizar-se. Formas rebeldes que ora tocam, ora se distanciam do plano reto, ganham volume e volúpia. Figura e fundo criam artífices e segredam deleites formais. O artista entra em jogo e habilmente lança um foco de luz."
Fernando Santos com seu belo livro consegue manter um perfil autoral, ainda que identifiquemos estas inúmeras referências, o que é intrínseco à boa arte fotográfica. Em seu progresso enxergamos uma função ontológica calcada nos metadados que insere em suas imagens, ora com papéis cortados em formas geométricas, esculturas de arame, certas assemblages ou fusões quiméricas.
É preciso lembrar que a retomada mais ampla dos modernos dá-se a partir de 2006, com a exposição Fotoclubismo Brasileiro, no Museu da Imagem e do Som (MIS) de São Paulo, que mostrou recortes como a Retrospectiva Fotoclubistas Brasileiros dos anos 1940 a 1970, a exposição do acervo do Foto Cine Clube Bandeirante (FCCB) no Museu de Arte de São Paulo (MASP) em 2016 com curadoria da artista mineira Rosângela Rennó e seu respectivo livro; o aumento da coleção Moderna para sempre do Itaú Cultural, depositados no livro Foto Cine Clube Bandeirante: Itinerários globais, estéticas em transformação publicado pela Almeida & Dale Galeria de Arte,em 2022, com curadoria do paulistano Iatã Cannabrava e o curador cubano José Antonio Navarrete, fundamentais para a legitimação da fotografia mais abstrata, distante dos perfis mais convencionais e essencialmente como prática artística.
Neste sentido o trabalho de Santos dá continuidade a este movimento adicionando outras interpretações de sua lavra trabalhando com suas próprias referências e mantendo sua independência autoral, "investigando as fissuras das representações imagéticas visando desconstruir um jogo ilusório" como bem escreve Chiodetto em seu texto no livro. Uma busca por novas percepções visuais que rearranja a lógica que move objetos ordinários e suas representações performativas.
Na sua performatividade enxergamos o mover e ser movido por pulsões espaciais, entre matéria em movimento e imobilidade, amoldando-se a princípios somáticos, uma espécie de alegoria quando o autor cria suas abstrações primárias, como a formatação da escultura de arame para depois ser fotografada. O elemento estático destes que ganham movimento em suas estruturas, refletidas nas fotografias ou nas inúmeras representações gráficas que compõem o livro, onde vemos certo pluralismo proposto pelo autor.
Para Santos, escreve o editor, a fotografia é um veículo paralisante que visa cristalizar os movimentos que ele impulsiona entre eventos escultóricos e gestos performáticos. Por meio do jogo fotográfico, o artista gera mutações que impactam e problematizam ao mesmo tempo três linguagens com as hipóteses que ele propõe em seu palco de representações: aplaina a tridimensionalidade do objeto-escultura, furta o movimento coreográfico e performático que anima seus personagens ordinários (aparas de papel, arames, pedaços de vidro etc.) e, por fim, o processo finaliza-se com a criação de fotografias que se esgueiram entre ser um documento da experiência ou obras acabadas que encapsulam todos esses movimentos. Movimentos esses que surgem na ressurreição dos objetos já cancelados em seus usos na sociedade e findam, sem acabar, no momento em que são iluminados na ribalta planificada do artista para, assim, saltarem do ordinário para o extraordinário."
Mesmo não sendo mais possível considerar a natureza em si como um objeto da fotografia, a necessidade de discuti-la e manuseá-la engendra o caminho do autor. O que nos leva a pensar no livro Ponto e linha sobre o plano (WMF Martins Fontes, 2012) publicado em 1926 pelo artista moscovita Wassily Kandinsky (1866-1944) não somente por algumas imagens de Fernando Santos serem assemelhadas a do autor russo, mas porque está conectado a sua teoria da Forma, que concebia, como necessidade, a elaboração de uma estrutura lógica para atingir a ressonância interior na construção da abstração. Embora o genial artista não tenha pensado exatamente na fotografia, podemos fazer esse paralelo com a pintura e suas referências que deságuam nas suas significâncias subjetivas.
Voltando a Chiodetto, "Ainda que as câmeras fotográficas tenham desde sua origem adotado os parâmetros da perspectiva renascentista e com isso criando ilusões especulares que nos levam a intuir distâncias entre planos e pontos de fuga em um suporte bidimensional, as fotografias são um constructo que tentam em vão mimetizar a experiência do olhar." Entretanto é notável que o autor subverte essa ordem ao propor uma diferente ótica em suas construções, como suas figuras que formatam camadas óticas sustentadas por um diacronismo expresso em suas tessituras cujos elementos plásticos são o resultado mais evidente.
Por meio do jogo fotográfico, escreve o curador, "o artista gera mutações que impactam e problematizam ao mesmo tempo três linguagens com as hipóteses que ele propõe em seu palco de representações: aplaina a tridimensionalidade do objeto-escultura, furta o movimento coreográfico e performático que anima seus personagens ordinários (aparas de papel, arames, pedaços de vidro etc. e, por fim, o processo finaliza-se com a criação de fotografias que se esgueiram entre ser um documento da experiência ou obras acabadas que encapsulam todos esses movimentos."
Mas, estas experiências mais do que interessantes, ainda assim propõem ao leitor o lugar do fotógrafo: testemunhar suas cenas ou ceder à ilusão de contemplar a proposta do autor e seus efeitos. Se no conceito abstrato a representação das imagens é distanciada da realidade, interpretamos aqui a "forma" como a capacidade da obra permitir observações diversas em relação a sentimentos e emoções. Vemos no livro elementos cuja formatação é regida pela figuração, com objetos reconhecíveis e uma proposta mais objetiva, que paradoxalmente nos levam ao modelo renascentista ressignificado por artistas na vanguarda de escolas como Vkhutemas e Bauhaus, com artistas que reconhecemos neste livro, como o russo Aleksandr Rodchenko (1891-1956) ou na obra do já citado Moholy-Nagy.
Imagens © Fernando Santos. © Juan Esteves
Infos básicas:
Concepção e fotografias: Fernando Santos
Edição: Eder Chiodetto e Fabiana Bruno
Coordenação: Elaine Pessoa
Projeto gráfico; Rafael Simões
Tratamento de imagens: José Fujocka
Impressão: Ipsis Gráfica e Editora
Edição de 500 exemplares
como adquirir: https://fotoeditorial.com/produto/forma-reforma/
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Descubra Ouro Preto: Pontos Turísticos e Vantagens de Alugar uma Van com a Minas Locadora
Ouro Preto, localizada no coração de Minas Gerais, é uma cidade que respira história. Seu cenário é composto por ruas de pedra, casarões coloniais e igrejas que guardam relíquias do período colonial brasileiro, quando a cidade era um dos principais centros da corrida do ouro. Patrimônio Mundial da UNESCO, Ouro Preto atrai turistas do Brasil e do mundo, interessados em conhecer seu legado histórico, cultural e natural.
Para quem deseja explorar a cidade com conforto e praticidade, uma excelente opção é alugar uma van com a Minas Locadora. Além de facilitar o deslocamento pelos pontos turísticos, essa escolha garante que você aproveite ao máximo o que Ouro Preto tem a oferecer. Neste artigo, vamos explorar os principais atrativos da cidade e as vantagens de optar pela locação de uma van.
Pontos Turísticos Imperdíveis em Ouro Preto
Ouro Preto é um verdadeiro tesouro para os amantes de história, arte e cultura. Confira alguns dos pontos turísticos mais icônicos que você não pode deixar de visitar:
1. Igreja de São Francisco de Assis
A Igreja de São Francisco de Assis é uma das obras-primas do barroco mineiro. Projetada por Antônio Francisco Lisboa, o Aleijadinho, e com pinturas de Mestre Ataíde, a igreja é um dos monumentos mais visitados de Ouro Preto. Sua fachada exuberante e seu interior detalhado impressionam os visitantes, sendo um símbolo do poder e da riqueza que a cidade ostentava durante o ciclo do ouro.
2. Museu da Inconfidência
Localizado na Praça Tiradentes, o Museu da Inconfidência é outro ponto obrigatório para quem visita Ouro Preto. O museu é dedicado à preservação da memória da Inconfidência Mineira, um movimento de resistência contra o domínio português no Brasil colonial. O acervo conta com documentos históricos, objetos e artefatos que retratam o movimento e a vida de figuras como Tiradentes, o mártir da revolta.
3. Mina da Passagem
Para quem deseja uma experiência mais interativa, a Mina da Passagem é uma ótima opção. Localizada entre Ouro Preto e Mariana, essa antiga mina de ouro está aberta à visitação, oferecendo um passeio único pelas galerias subterrâneas que revelam como era o trabalho dos mineradores no passado. Com direito a um passeio de trolley pelos túneis da mina, essa é uma atração que une aventura e história.
4. Casa dos Contos
A Casa dos Contos é uma construção histórica que, no passado, foi usada como sede da administração do ouro no período colonial. Hoje, o edifício abriga um museu que conta a história do ciclo do ouro e dos impostos cobrados sobre ele, além de expor documentos e objetos relacionados à economia colonial. A visita é uma imersão no passado, trazendo à tona a complexa relação entre a riqueza de Ouro Preto e a exploração de seus recursos.
5. Praça Tiradentes
A Praça Tiradentes é o ponto central de Ouro Preto e carrega uma grande importância histórica. O local onde a cabeça de Tiradentes foi exposta após sua execução é hoje um dos principais pontos de encontro da cidade. Ao seu redor, encontram-se diversos casarões históricos e o Museu da Inconfidência. É o ponto de partida perfeito para explorar os arredores a pé ou de van.
6. Parque Natural Municipal das Andorinhas
Para quem busca um contato mais próximo com a natureza, o Parque Natural Municipal das Andorinhas oferece trilhas ecológicas e paisagens incríveis. O parque conta com cachoeiras, mirantes e uma rica fauna e flora, sendo um lugar ideal para relaxar e aproveitar a beleza natural da região.
Vantagens de Alugar uma Van com a Minas Locadora
Agora que você conhece alguns dos principais atrativos de Ouro Preto, é importante entender por que alugar uma van com a Minas Locadora pode ser a melhor opção para explorar a cidade. Confira as vantagens:
1. Conforto e Praticidade
Ouro Preto é famosa por suas ruas estreitas e ladeiras íngremes, que podem ser desafiadoras para quem está dirigindo pela cidade. Alugar uma van oferece mais conforto para os passageiros, já que você conta com um motorista experiente que conhece bem a região. Isso significa que você pode relaxar e aproveitar a paisagem sem se preocupar com o trânsito ou as dificuldades de dirigir em ruas de pedra.
Além disso, as vans da Minas Locadora são modernas, equipadas com ar-condicionado, assentos confortáveis e espaço suficiente para todos os passageiros. Ideal para quem viaja com grupos de amigos ou familiares.
2. Economia de Tempo
Ao alugar uma van com a Minas Locadora, você otimiza seu tempo de viagem. Não há necessidade de perder tempo procurando vagas de estacionamento, se preocupando com horários de transporte público ou organizando caronas. Com o serviço de van, o grupo inteiro pode se deslocar de maneira eficiente, seguindo um itinerário planejado ou personalizado de acordo com seus interesses.
3. Flexibilidade no Roteiro
A Minas Locadora permite que você personalize o roteiro de acordo com as preferências do grupo. Isso significa que você pode escolher quais pontos turísticos visitar e em qual ordem, sem a rigidez de horários fixos, como acontece em excursões tradicionais. Quer fazer uma parada rápida em um restaurante típico ou em uma loja de artesanato local? Com a van, isso é possível, garantindo uma experiência mais flexível e agradável.
4. Viagens em Grupo Facilitadas
Viajar em grupo pode ser um desafio logístico quando se trata de coordenar vários carros ou depender de transporte público. Com a locação de uma van, todos os passageiros viajam juntos, o que facilita a organização e torna a experiência muito mais divertida e integrada. Isso também proporciona mais segurança, já que o grupo se mantém unido durante todo o passeio.
5. Custo-benefício
Alugar uma van para grupos pode ser uma opção mais econômica do que o aluguel de vários carros ou o uso de táxis e transportes por aplicativo. Com a Minas Locadora, você garante um preço justo e competitivo, além de contar com um serviço que inclui motorista e um veículo bem equipado. Isso sem falar na economia de tempo, energia e no conforto adicional que a van proporciona.
Conhecer Ouro Preto é com a Minas Locadora
Ouro Preto é uma cidade rica em história, cultura e belezas naturais. Explorar suas ruas e pontos turísticos é uma experiência inesquecível, mas para aproveitar ao máximo tudo o que a cidade tem a oferecer, o transporte faz toda a diferença. Ao alugar uma van com a Minas Locadora, você garante mais conforto, praticidade e flexibilidade para sua viagem, tornando cada momento ainda mais especial.
Seja para um passeio em família, uma excursão com amigos ou uma viagem escolar, a Minas Locadora tem a solução ideal para você. Entre em contato com a Minas Locadora via Whatsapp clicando aqui ou ligue (31) 98742.2423 para mais informações e planeje sua próxima viagem a Ouro Preto com a comodidade e segurança que só uma van pode oferecer!
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