#a natalia tá doida pra pegar desqueride no soco
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PLOT DROP: PARTE TRÊS, RACHEL, OLHOS COLORIDOS... UM FIM?
Natalia sabia que estava sonhando.
O corpo e a mente já estavam acostumados com aquela sensação tão típica que a deixava inebriada, completamente fora da realidade. Seus pés descalços tocavam uma superfície diferente, fria e lisa, e seus olhos se abriram preguiçosos. O que quer que acontecesse, ela estava preparada; o corpo poderia demorar a se mover, mas a mente estava afiada, pronta para mais um dos jogos que o traidor havia reservado para ela. O cenário era diferente, não era o chalé nem o exterior do acampamento. Era a Casa Grande. Natalia deu alguns passos à frente, notando a quietude do lugar. Deveria ser de madrugada. Praxe — todos os pesadelos aconteciam naquele mesmo horário. Achando que iria encontrar novamente quem tanto a perturbava, ela identificou um personagem diferente e inesperado.
A cabeleira ruiva denunciava alguém que Natalia conhecia apenas à distância, parada a alguns metros de costas. “Rachel?” Perguntou, mas não obteve resposta. O que iria acontecer? A última vez que havia visto o oráculo fora no dia de sua manifestação quanto à profecia. Ela estranhou. Rachel Elizabeth Dare parecia resmungar, com os ombros chacoalhando sutilmente, a cabeça se movendo para frente e para trás, com as mãos estendidas diante do próprio corpo, como se conversasse com alguém. As pernas de Natalia travaram, e ela hesitou antes de continuar. E se fosse mais uma armadilha? Mais uma prova de que o traidor queria castigá-la, especialmente depois de ter tomado a poção que regenerava lentamente sua energia vital e mágica, que havia sido roubada.
Não, não havia mais tempo para hesitação. Não quando havia prometido para si mesma que não deixaria se deixar afetar por aquilo.
Rapidamente, as mãos tocaram os ombros da mulher, apertando-os para chamar sua atenção. Rachel fixou seu olhar na semideusa e um sorriso mínimo surgiu em seus lábios pálidos. Era real demais, e de repente, a filha de Hécate começou a duvidar, acreditando que talvez estivesse confundindo as coisas e que, na verdade, havia encontrado Rachel ali por acaso. No entanto, a ruiva começou a recitar a profecia mais uma vez, de forma lenta, baixa e em russo, como se buscasse apenas o entendimento e a atenção de Natalia. As paredes ao redor começaram a se desfazer como fumaça e o chão abaixo parecia ruir aos poucos, tremendo qualquer superfície sobre a qual estivesse. Natalia a segurou novamente, chacoalhando o oráculo na tentativa de despertá-la daquele transe. Rachel, por sua vez, ria, divertindo-se com a situação, e suas palavras saíam perfeitamente, sem qualquer empecilho, carregadas com o pesado sotaque de sua terra natal.
Gritos, mais uma vez aqueles malditos gritos. Natalia afastou-se, levando as mãos às orelhas, tentando impedir que a agonia sonora entorpecesse seus pensamentos. Ao andar para trás, sentiu suas costas baterem contra uma superfície plana e ainda mais fria, algo que antes não estava ali e não fazia parte do cenário da Casa Grande. Ao voltar sua atenção para Rachel, encontrou uma cena digna de um filme de terror: o oráculo não falava mais. Não podia. A boca expelia uma gosma preta, assim como seus olhos, que pareciam chorar lágrimas da mesma cor e textura. Rachel aparentava estar sofrendo, enquanto abraçava o próprio corpo. No entanto, não houve pedido de socorro. Seus olhos estavam sem brilho, fixos na filha de Hécate. Ela caiu no chão, o corpo se encontrando com a escuridão sem fazer barulho algum. Rachel deitou-se em posição fetal, mas ainda a observava, balbuciando algumas poucas palavras que eram difíceis de compreender, enquanto estava envolta pela poça que se expandia cada vez mais.
A semideusa não buscou mais a aproximação. No entanto, quanto mais se forçava contra a parede logo atrás, mais ouvia o ruído de algo prestes a se despedaçar… O mesmo som de vidro que ouvira muitos dias antes, quando sonhou com a avó. De repente, sentiu seu corpo ser puxado não por mãos ou objetos, mas por magia. Havia vidro por todos os lados, cortando e criando pequenos ferimentos por toda a extensão descoberta da pele. Natalia se arrastava, assustada, com os olhos percorrendo o espaço, que não passava de um vácuo, ou melhor, um limbo escuro com uma luz central que iluminava Rachel e ela, uma dimensão desconhecida e aparentemente sem saída. Ao lado, estava sugestivamente repousado um par de seus machados, como se tivesse sido disposto de propósito, sabendo que seu primeiro ímpeto seria pegá-lo para se proteger. E foi exatamente o que fez. Levantando-se com dificuldade, Natalia agarrou a arma e assumiu a pose de defesa.
Um verdadeiro teatro para finalmente aparecer.
O traidor, em suas vestes escuras, surgia da penumbra daquele lugar. Como era típico, o breu era seu aliado, impedindo que o rosto fosse revelado, mas os olhos…
Os olhos não eram mais os mesmos. Agora, estavam mesclados, uma heterocromia de castanho e um azul aterrorizante. Uma novidade! Ele vinha em sua direção, a mão estendida como se fosse repetir o mesmo ato de antes: sugar sua energia, deixando-a fraca e inútil para qualquer coisa. Natalia esquivou-se agilmente, mas reclamou ao sentir os cacos de vidro perfurando a pele de seus pés. “Você só pode estar brincando comigo, hm?” gritou, a voz ecoando amplamente. “Você não vai fazer isso de novo, não vai me machucar de novo. Não vai!” Em um impulso desesperado, ela mirou e jogou o machado em direção ao seu algoz, tentando machucá-lo. Foi em vão. O ser se dissipou em uma nuvem dourada, branca e com tons avermelhados, deixando um rastro para trás.
Surpresa.
O traidor agora a segurava pelas costas, os braços envolvendo-a em um abraço apertado, causando-lhe agonia não apenas mental, mas também física. Parecia impossível se desvencilhar; era forte demais. Mesmo assim, Natalia não resistiu. Incontrolável, ela se debatia e gritava, chamando por Rachel, que ainda permanecia no chão, esperançosa de que levantasse e a ajudasse. Mais à frente, a imagem perfeita de Hécate se formava com a mesma aparência que Natalia conhecia apenas em sonhos. A deusa não pronunciava uma palavra sequer, permanecendo parada, admirando a cena.
“Mãe, olha pra mim! É isso que você quer? Quer nos fazer perder a cabeça? Qual a razão para tudo isso? O que deu em você?”
Sem resposta. Hécate jamais a responderia. Não importava o que acontecesse. Ela poderia ser morta ali… a mãe jamais faria algo contra. Era ela orquestrando tudo.
“YA zhe govoril tebe, chto eto slishkom rano. Ty ne poslushal menya, i tvoya such'ya mat' razvlekayetsya za tvoy schet i za schet tvoikh brat'yev.”
(Eu te disse que era cedo demais. Não me ouviu e a megera de sua mãe está se divertindo com tudo as custas suas e de seus irmãos.)
Olga Pavlova surgiu novamente em seus trajes típicos, com o inseparável cachimbo pendendo dos lábios. Ela tragava o tabaco aos poucos, inundando o ambiente com aquele cheiro antes insuportável, mas que agora, estranhamente, trazia conforto para a semideusa.
“Mne nikogda ne nravilas' eta zhenshchina. Suka, kotoraya ukrala u tvoyego ottsa budushcheye! Eto razryvalo yego na chasti, zastavlyalo plakat'... Vladimir nikogda ne plakal! A potom prishel ty... Ideal'naya kopiya togo, kto prichinil bol'she vsego boli…” (Eu nunca gostei dessa mulher. Uma vadia que roubou o seu pai do futuro dele! O deixou em pedaços, o fez chorar... Vladimir nunca chorava! E aí veio você... A cópia perfeita de quem mais causou dor…)
Os ouvidos de Natalia pareciam doer; o estalo dominante se tornava frenético, a trilha sonora perfeita para aquele momento oportuno. Ela não tinha mais forças para chorar. Já havia chorado demais e também não queria. Não queria ser a vítima perfeita, a imagem fraca que muitos começaram a formar dela após aquele trágico e caótico evento.
Não, ela não daria esse luxo. Não voltaria a ser aquela Natalia depressiva, que se deixou consumir por um abismo aparentemente sem fim por tempo demais.
Os braços que a envolviam começaram a afrouxar, dando-lhe a oportunidade perfeita para fugir. Ela correu até a avó, mas ao se aproximar, percebeu que a senhora não passava de uma névoa. Antes de desaparecer por completo, a mulher acenou, levando a mão ao peito, como sempre fazia ao se despedir da neta.
“Ne seychas, mozhet pozzhe.”
(Agora não, talvez mais tarde.)
Natalia repetiu a frase da avó, deixando sua voz ecoar. Ao livrar-se dos devaneios, ela foi em direção ao machado, agarrando-o, e em seguida foi diretamente ao encontro de Rachel. Virou-se mais uma vez à procura de Hécate, que também já havia desaparecido, restando apenas Rachel, ela e o traidor.
“Não importa o que ela tenha prometido. Você irá pagar pelo o que fez. Não vai passar impune. Você sabe disso. As coisas não acontecem dessa forma por aqui. Traidores sempre hão de pagar por seus pecados…”
Maldição! Outro estalo. Natalia se levantou e tentou avançar, mas dessa vez, quem buscava se afastar era o indivíduo em vestes pretas. Com uma mão erguida, o traidor estalava os dedos energicamente, reproduzindo o mesmo som que ela ouvia constantemente ao acordar no pesadelo e ao despertar para a realidade. Os olhos coloridos a observavam, e ela podia jurar que este parecia sorrir.
Tempo… Era isso que significava? Uma marcação anunciando o fim daquele ato?
“Espera!” Disse ela avançando, porém, tarde demais.
(...)
Acordando um tanto assustada, Natalia percebeu que havia dormido na pequena escrivaninha mais uma vez, após sucumbir a um novo pesadelo. Suas mãos estavam sujas de algo gosmento e preto. O pensamento foi diretamente ao que havia visto no sonho, lembrando da forma como Rachel havia ficado. No entanto, ao notar o estado bagunçado da mesa, ela respirou aliviada; provavelmente havia adormecido segurando uma caneta que, em algum momento, estourou em sua mão, causando a sujeira característica que coincidia com o que tinha visto no sonho.
Ela passaria o dia todo pensando naquilo. Os olhos coloridos em azul e castanho tornaram-se novas pistas que provavelmente levantariam novas suspeitas. Se tivesse sorte, sua mente atenderia aos desejos e ela voltaria a sonhar com aquilo. Caso contrário, encontraria novamente o declarado inimigo nos mesmos cenários dos primeiros pesadelos. Pouco importava, ela sentia que precisava continuar de onde sempre era abruptamente interrompida. Respostas! Ela queria respostas! Os estalos, a marcação… Uma conclusão estava próxima de acontecer?
Entretanto, a que custo?
Flynn, as noites mal dormidas acarretadas pelo terror, a perda de energia, além do trauma que ficaria guardado em sua memória pelo resto da vida. Dar tempo ao tempo? Superar e seguir em frente? Seria capaz daquilo? Sentar e esperar o próximo ataque para depois agir como se nada tivesse acontecido? Natalia estava cansada de tudo daquilo. Queria paz, retornar à “vida normal” de sempre.
E no final, restavam apenas três perguntas que até então permaneciam sem respostas: “como, quem e por quê?”
@silencehq
#plot drop: traidor da magia#ㅤ꒰ㅤㅤ⋆ㅤ ͏͏͏ ͏͏͏𝑏𝑙𝑜𝑜𝑑𝑦𝗺𝗮𝗴𝗶𝗰ㅤ ͏͏͏ ͏͏͏。 ㅤ༄ㅤ ͏͏͏ ͏͏͏development.#a natalia tá doida pra pegar desqueride no soco
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