#a gente ignora o que tem na caixa......
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𝐬𝐭𝐚𝐫𝐭𝐞𝐫 𝐟𝐨𝐫: @davidcharmoso
𝐰𝐡𝐞𝐫𝐞: frozen flavors.
Infelizmente para as pessoas que habitavam aquele reino antes dela, Reyna era uma criatura que gostava muito de falar. Nem sempre — quase nunca, sejamos honestos — ela falava coisas que podiam ser consideradas produtivas, mas isso não a impedia de tagarelar, especialmente quando encontrava-se entediada esperando na fila enorme que se formara frente à sorveteria porque todos os perdidos decidiram provar o sorvete de Elsa no mesmo dia. "Você tem um nome. Isso é incrível." Falou como se fosse um elogio para o príncipe que dividia o lugar na fila com ela. "Quero dizer, lá no meu mundo você é só o príncipe da Branca de Neve. Teve uma época que surgiu uns boatos de que o seu nome era Ferdinando... Mas confesso que David é melhor. Você tem cara de David." Ele provavelmente tinha um nome em outras adaptações também, mas ela não conseguia se lembrar agora. "Mas e aí, além de ser o príncipe da Branca de Neve, o que mais que você faz? Juro que lá no mundo real você é tão insignificante que a gente não sabe nem de onde você vem. Você surge do nada só pra cantar com a Branca, aí some, e volta só no final pra dar um beijo nela. Meio problemático também, mas quem sou eu pra julgar!"
#˛ * ⠀🎥 threads ! ♡ ་ . ⸒#w. davidcharmoso#a gente ignora o que tem na caixa......#E DESCULPA POR ELA
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diário de viagem
19/11 Amanhã é o dia da consciência negra no Brasil e hoje foi o evento que os brasileiros organizaram por aqui. Às 10h, eu fui pra casa da Ana, ajudar ela com os brigadeiros. Acabamos indo de uber pro lugar do evento porque tínhamos muita coisa pra carregar. Chegamos na hora marcada - que pros brasileiros significa que chegamos mais cedo. Arrumamos nossas coisas e eu vi quando o Anderson chegou com a Rita. Ele me cumprimentou com um abraço em meio à correria que estava. Aos pouquinhos, fui ajudando aqui, ali e quando me dei conta fiz de tudo um pouco a tarde toda. O Pedro chegou, me apresentou a mãe e as irmãs e ficou atrás de mim durante todo o evento. Eu não quis ignora-lo totalmente porque isso causaria ainda mais uma tentativa de me chamar atenção. Mas eu não queria que ele estivesse ali. E eu passei o evento inteiro me movimentando pra que ele não conseguisse ficar por perto o tempo todo. Durante meus movimentos, parei várias vezes ali no caixa, onde o Anderson estava. A gente se provocou o evento inteiro. Tinha que ser hoje. O evento foi lindo. Teve comida brasileira, teve cortejo pros Orixás. Teve muito axé, muita energia boa, muito samba e muito calor, apesar do outono lá fora. O Anderson foi ajudar a Rita a levar as coisas pra casa dela e eu fui pra casa da Ana. O Pedro insistiu em nos acompanhar, sem eu que eu tivesse já a menor intenção de ficar com ele de novo - especialmente depois da revelação de ontem à noite. Eu e a Ana conversamos até que ele me mandasse mensagem às 23h e pouco. Eu tinha que sair antes pra pegar o metrô aberto e sabia que acabaria chegando na casa dele antes dele. A ideia inicial era sairmos pra comer uma pizza, mas já era tarde e não queríamos exatamente a pizza naquela noite. Cheguei antes dele e fiquei sentada no banco da frente. Ele chegou antes do que me disse que chegaria e ficou surpreso quando me viu. Fiquei esperando lá na frente enquanto ele subia pra arrumar a casa. Nesse momento eu questionei o que estava de fato fazendo ali, esperando um homem com quase o dobro da minha idade arrumar a casa para que pudéssemos transar. Ele me mandou e falou pra eu subir. Eu precisava muito de um banho e ele precisava fazer uma ligação pra Austrália. Quando saí do banho, pude ouvir a voz de uma mulher chamando ele de amor. Nesse momento, eu questionei pela segunda vez o que estava fazendo ali. Mas ele veio me procurar e me encontrou de blusa e calcinha. Foi nesse olhar dele que passeou pelo meu corpo que começou a melhor química que eu já tive com alguém. O desejo ardendo naquele olhar, quase sem se conter. Fomos pro quarto, mas quando ele começou a me beijar, minha consciência pesou. Calma aí. Quem é a mulher no telefone? Por que ela te chama de amor? E estamos fazendo algo errado aqui? Pois bem. Ela é uma moça que eu conheci esse ano, vivemos um romance intenso e ela se mudou pra Austrália. Ainda mantemos contato, mas relacionamento à distância não funciona pra nenhum dos dois, então não fazemos. Entendi. Não tem nada de errado, tampouco tem a ilusão de algo duradouro. É uma noite. Ele me contou que é biólogo marinho e que está fazendo inscrições para um doutorado na Austrália, também por conta dela. Me contou também que tem um filho de 12 anos com uma espanhola, e foi o que o fez ir morar em Barcelona. Só uma noite. E o sexo foi mais do que eu imaginei. Nossos corpos encaixaram em uma frequência rara, com uma conexão de quem já se conhecia de antes. Quem sabe? Uma noite? Não. Eu quero mais. Dormimos juntos, no calor um do outro, abraçados. Ele também quer
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South park
Temporada 10, episódio 04 "Os Bucks são maricas"
!!!PARTE2!!
No intervalo, o com o escorredor de macarrão na cabeça pegou seu almoço na cantina e se sentou na mesa sozinho. Uma garota com cachecol vermelho sentou ao seu lado. Jimmy se sentou na mesma mesa que o garoto, na frente dele. Perro o olhou com um olhar suspeito.
— C-c-cara..como você é novato, eu preciso t-te contar uma coisa.
— Na verdade eu estudo aqui desde o segundo an-
— O Cartman não é uma p..pessoa que leva as coisas deboa.. — o interrompeu — E-ele vai querer acabar com a sua raça..
— E por que você tá me falando isso?
— Porque eu odeio ele.
— Ah..Inclusive! Meu nome é Pedro Bucks, mas todo mundo me chama de Perro porque são uns babacas escrotos.
— E-eu vou te chamar de Perro..
Bucks o olhou com raiva. Jimmy apenas sorriu.
Bucks pegou o garfo com suas mãos trêmulas e começou a comer em desespero, como se não tivesse comido faz dias... Jimmy o olha um pouco assustado, mas ignora o que aconteceu. Jimmy voltou a sentar com seus amigos, deixando o garoto sozinho.
..
Quando a aula acabou, Cartman e o resto dos meninos estavam dentro do porão de sua casa. Todos estavam sentados em uma das cadeiras e Eric estava em pé, apresentando um slide com gráfico de Pizza.
— Por quê a gente tá aqui vendo um gráfico de pizza? Vai pedir pizza? — Tolkien perguntou
— Calado, Token! Eu vou explicar o meu plano perfeito para acabar com a raça daquele pobre babaca.
— Cartman, seu bundão! Deixa o garoto em paz! — Kyle exclamou
— Cala boca, judeu! Enfim.. meu plano é o seguinte. — mostra o primeiro cartaz. — Tweek e Stan vão fazer amizade com ele e vão o chamar pra um passeio romântico no lago. Aí a gente apaga ele com um taco de baseball. — mostrou o segundo. — com ele desacordado, colocamos ele dentro de uma caixa de papelão e enviamos até um acampamento abandonado do México com evolucinaristas Furrys. — Mostrou o terceiro, era de um furry todo musculoso com um pênis imenso. Alguns fizeram expressão de nojo. — Eles trabalham escondido do governo, então eles vão conseguir dar perdido nele!
— Esse plano é uma merda. Não existe um acampamento abandonado no México cheio de evolucionaristas Furrys que trabalham escondido do governo.
— Cala boca, Craig.
— Eu não vou contribuir com esse seu plano idiota! — O judeu gritou
— Você só tá falando isso porque não tá no plano. Mas tudo bem, tudo bem..eu te coloco bem aqui. — ele desenha Kyle ao lado de um homem peludo — você que vai falar com os pedreiros mexicanos.
Kyle se levanta, batendo as mãos na mesa totalmente furioso
— Cartman, você pode pelo amor de deus parar de querer arrumar vingança com TODO MUNDO que faz algo de ruim contra você? Você já fez isso com o Scott tenorman, Butters, comigo e mais uma porrada de gente que você nem conhece!
— TIMMY- TIMMAAH!!
— Concordo, Timmy. O Kyle tá com areia na vagina. — Cartman
— Não tem areia na minha vagina!
— Shh, Kyle. Todo mundo já sabe. Não precisa esconder.
Kyle começou a fazer um discurso contra Cartman, dizendo tudo que achava sobre aquela merda. Mas Cartman se perdeu no texto quando encarou Clyde e Kenny, que liam uma revista pornográfica.. e teve uma brilhante ideia.. Sorriu encarando os dois..
— Na verdade... TODOS PRA FORA! MUDEI DE PLANOS. Menos o butters... Ele fica.
...
Fim da parte 2.
#oc#perrobucks#south park#taowodles#ocsouthpark#art#anime#architecture#gaming#kyle broflovski#stan marsh#kenny mccormick#craig tucker#hell park#faniction#clyde donovan#jimmy valmer#tolkien
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Crônica “Não emporcalhem a minha Paulista” completa 10 anos
O mês de setembro está terminando e com ele a certeza que foi mais nostálgico e leve. Digo isso porque foi mais um período de finalizações, de repensar coisas, arrumar outras, planejar – mesmo com esses tempos tão doidos e incertos.
Semana passada mesmo, vi um post da Anna Schermak, youtuber de Literatura, que o site idealizado por ela, o Pausa para um Café (PR), está completando uma década. Em 2014, logo que lançou “São Miguel em (uns) 20 contos contados”, coletânea de crônicas que escrevi para o saudoso Jornalirismo.
Enviei um exemplar e Anna, carinhosamente, postou no Instagram que recebeu o mimo.
Daí, percebi que essa passagem não estava neste blog, pois comecei por aqui em fevereiro de 2015.
Depois, no último domingo, li uma crônica da jornalista mineira Cristina Castro e também lembrei que enviei para ela um livro, que foi o primeiro que leu em suas férias de 2015. Também não estava aqui.
Ela destacou uma das crônicas que mais tiveram repercussão no Jornalirismo, à época. E, para o meu espanto, em agosto completou 10 anos de sua primeira publicação (30.08.2010).
Relendo “Não emporcalhem a minha Paulista”, me lembrou que cada dia que passa, parece que a gente não quer evoluir. Ainda nesses tempos de pandemia e pandemônio, nos deparamos com gente que quer se sentir superior e esquece de nossa humanidade.
Confira a crônica e tem mais outras neste link.
“Não emporcalhem a minha Paulista”
Dia desses, precisei dar uma passada na avenida Paulista. Já fazia tempo que não ia para lá. De salto, o desfile pela passarela de pedra é meio sinuoso – e perigoso. Não sou muito expert em usá-lo e, não raro, me escorava em algum muro, poste ou escadaria do metrô, sem exagero.
Interessante “revisitar” as pilastras do Masp, a imponência do prédio da Fiesp, a variedade de formas do Conjunto Nacional e o ponto verde do parque Trianon em meio à selva de concreto. Contrastes entre homens “de terno e termo” e seres “obscuros e calados”, chamados moradores de rua.
Mesmo na anestesia dos prédios que parecem nos engolir, não há como fechar os olhos para essas pessoas que vagam errantes, desesperadamente, por muros, alamedas e ruas que entornam esse sulco da cidade.
Lembro de uma senhora, que ficava envolvida na caixa de papelão ondulado – parecida com aquelas de máquina de lavar – com um guarda-chuva desbotado pelo sol por cima. Falava coisas desconexas (ou melhor, sem sentido para nós que não sabíamos da história), dos tempos quando trabalhava em casa de gente chique, enquanto imitava os movimentos com as mãos, como se lavasse as pratarias em pia de inox.
Era comovente, naquelas madrugadas de chuva fina, vê-la falando sozinha, encolhida. Um moço, certa vez, entregou o hot-dog a ela e, por incrível que pareça, aquela senhora quis apenas os sachês de mostarda e ketchup, desprezando o pão envolto em plástico, batalha palha, salsicha e outros condimentos coloridos.
Pois bem, voltando ao desafio de salto alto… Fui atravessar a rua para comer alguma coisa. Afinal, no império do fast-food, o que não faltam são opções para se esbaldar. A pé, já com os pés calejados e uma estranha dor na panturrilha, fiquei esperando os dois faróis para pedestres ficarem verdes.
Nisso apareceu um homem com cabelos na altura dos ombros, jaqueta azul-marinho, aparentava ter mais de 50 anos:
— Moça, você tem um trocado? É que estou com fome e queria ajuntar umas moedas para comprar uma coxinha…
Naquele momento de impotência, não sabemos o que fazer. Entrega as moedas? Ignora a situação? Finge que não é com você? E se, ao pegar bolsa, neste afã, é assaltada? Pede a Deus para que o farol fique verde logo e sai correndo? Não deu tempo de pensar. Um outro senhor, de camisa polo vermelha, bermuda bege e sandálias marrons, começou a gritar incessantemente, para alvo de olhares de executivos, secretárias, office-boys…
— Não se aproxime dela! Não ouse chegar perto desta menina! — Mas eu só estou pendido um trocado… — Não se aproxime dela! Estou avisando, saia logo daqui! — Mas, senhor, eu s… — Não aguento mais vocês emporcalhando este bairro. Não emporcalhem a minha Paulista!
E os faróis se acenderam. Fiquei do modo que estava outrora: inerte. O senhor saiu esbravejando palavrões e maledicências contra o pobre homem, que apenas se defendia com um abafado “que cara louco”.
Saí assim errante, naquela avenida que “começa no Paraíso e termina na Consolação”, com a sensação de que muitos são os que estão emporcalhando a Paulista.
(Esse texto faz parte da coletânea “São Miguel em (uns) 20 contos contados” (Ed. In House - Jornalirismo, 2014) e também está registrado no Escritório de Direitos Autorais da Biblioteca Nacional, ou seja, protegido. Então, caso queira divulgar, por favor, cite a fonte, não plagie. Tenho certeza que sua criatividade será mais valorizada fazendo seu texto com o seu melhor!)
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A TEORIA DO HATER
Comentaristas de internet pautam.
Você lê os comentários, se importa, stalkeia, vai ver quem foi que escreveu. Você sabe que não é nada. Mas a coceira da curiosidade é incontrolável.
Poste algo. Ou leia algo. Receba ou manifeste agradecimento, feedback positivo, agrado. Todos talvez lidos, provavelmente ignorados, alguns recebendo um esforçado coraçãozinho.
Um jeito quase certo de ter atenção é sendo um babaca.
Observe, de maneira geral, quem recebe tempo, atenção, linhas e linhas, talvez algo que se torne uma conversa com réplica, tréplica. Alguém que comentar algo negativo, crítico, talvez até com algum erro crasso de português e um acentuado desvio de conduta. Odeie para ser visto, notado, arrumar uma conversa. Elogiando, sendo positivo ou vendo o lado bom de algo, você provavelmente será só (mais) um like.
Haters são atendidos. Comunicadores referência ignoram sumariamente fãs que ganhariam o dia com um simples “oi”. Mas dão palavras e minutos de atenção para os que os ofenderam. Atenção pra quem não merece, indiferença pra quem elogia. Raiva recompensada, afeto desprezado. (até aqui escrito por Douglas)
Viegas: Em linhas gerais, eu concordo. Mas vou exercer o ingrato papel de advogado do diabo, apenas no sentido de tentar desvendar o aspecto psicológico dessa contenda. O rebatedor pode argumentar que esse embate com um hater pode ser mais “enriquecedor” do que jogar pra torcida e pregar pra convertidos. Que no “conflito” ele pode despertar alguma reflexão no outro, jogar luz em ideias ou cenários que passaram batidos para a pessoa envolvida na discussão, algo que seria (muitas vezes) desnecessário no caso daqueles que já pensam como ele. Tem vários aspectos, né? Muita gente não gosta de ser criticada ou contrariada, embora isso seja uma obviedade, eu sei. Mas tem gente que simplesmente ignora, enquanto outros sentem a necessidade de “tirar satisfação”. Pessoalmente, tento analisar o teor da crítica: quando é algo minimamente estruturado e dotado de certo grau de civilidade, creio que merece uma resposta; quando é apenas grosseria e estupidez, faço bem em ignorar. Todavia, não sou uma celebridade: lido com três ou quatro comentários, não centenas ou milhares.
O desacordo nem sempre é um debate de ideias, claro. Às vezes, é apenas uma discussão idiota, improdutiva e interminável. Nesse caso, melhor evitar. Mas, nas raras ocasiões em que prevalece um ambiente sadio e racional, aí configura-se um diálogo que pode ser proveitoso. Ambos os lados podem extrair algo de útil ou pelo menos abrir certas janelas que estavam fechadas. Não tem nada mais enfadonho do que “debates” sem divergências. Os comentaristas econômicos da Globo News, por exemplo, dizem exatamente as mesmas coisas, com sutis diferenças. Aí não dá, chato demais, pobre demais. E isso acontece em vários canais e programas. É uma modalidade do jornalismo televisivo tupiniquim que chamo de “debate de coalizão”. Todos os convidados concordam entre si e dizem basicamente as mesmas coisas. Dose dupla de vergonha alheia, como jornalista e espectador.
Escapei um pouco do tema, eu sei. Mas achei que era um desvio que poderia fazer sentido. Não sei se fez, mas fica aí mesmo assim. Teoria do Hater: um adendo por Marcelo Viegas - É curioso notar que a versão primitiva da caixa de comentários tinha uma característica um pouco menos raivosa: estou falando das seções de cartas das revistas e jornais impressos. É claro que cartas escorrendo ódio também chegavam nas redações e muitas acabavam sendo publicadas. Mas havia uma certa curadoria, pautada pelo bom senso, ninguém ia publicar uma carta com ameaça de morte ou recheada de ofensas pessoais. Na Internet, o campo de comentários aceita tudo, até o inaceitável. E, se por ventura o indivíduo (ou o veículo) decide implementar moderação nos comentários, é tachado de ditador ou medroso. Não creio que seja o caso. Só pra encerrar este parágrafo, deixo aqui um relato pessoal: cuidei da seção de cartas da revista CemporcentoSKATE durante um bom tempo, seguramente mais de quatro anos. Foram pouquíssimas as missivas pingando sangue; em geral, as cartas enviadas tinham teor positivo, com fotos, desenhos ou elogios. E muitos desses elogios alegravam os nossos dias, injetando ânimo para seguirmos com nossa missão. De acordo com essa experiência empírica, a impressão que tenho é que o hater é também um preguiçoso. Com o celular na mão, é fácil e rápido. Vai no impulso e despeja sua raiva. Mas, num cenário em que fosse necessário o envio de uma carta, “bom, sabe como é, dá muito trabalho, tem que escrever, botar num envelope, ir aos correios… Melhor deixar pra lá”. O amor vai aos correios; o ódio tem preguiça.
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Nós vamos salvar o mundo – E ao redor deles a cidade queimava
Ou o Apocalipse!AU
(É bem longo, vou logo avisando)
O mundo acabou
É, eu sei, tamo no caminho já
O mundo acabou numa chuva de bombas e ondas de fogo. Começou no Estados Unidos, apenas porque tudo começa lá.
Os países participantes da ONU vinham discutindo isso faz um tempo, mas foi numa reunião rotineira que tudo deu errado. Os Heróis estão ganhando muito poder, seu vínculo com a Associação de Heróis não é forte suficiente para controlá-los, temos que tomar novas medidas, o embaixador da China anunciou. Bobagem, os Heróis estão bem, é você que não sabe como mantê-los na coleira, o embaixador dos Estados Unidos retrucou.
E começou assim. Vozes levantaram, mesas viraram, seguranças tiveram que separar os dois à marra, alguns embaixadores tomaram partido, outros apenas observavam a cena.
Uma semana depois a China foi atacada, e começou assim.
O Japão não demorou para virar um alvo, apesar de ter alianças com os Estados Unidos e Heróis excepcionais, a China ainda era maior, e menos piedosa. Em alguns meses o Japão tinha sido invadido e dominado pela outra nação, All Might foi inútil, ele não estava no país durante a invasão, e seus afiliados nos EUA não o deixaram voltar.
A guerra não durou muito, quando praticamente todas as cidades do planeta foram reduzidas a pó, as duas nações pararam com as bombas nucleares e as chuvas de ácido, mas não houve um cessar fogo completo. Bombas de menor escala ainda eram jogadas em acampamentos, militares ainda marchavam em vilas e destruíam plantações, tendas, matavam, estupravam, arrastavam as crianças para se tornaram soldados. Mesmo com o documento constatando a paz entre as duas nações, o dano já estava feito, outros países que sobreviveram também começaram a atacar, era eles ou os outros, e os Governos não estavam dispostos a sucumbir
Izuku lembra do começo com uma clareza mórbida e um peso no coração. Tinha doze anos, um futuro incerto e uma vida triste (antes diria miserável, mas ah, ah pobre pequeno Izuku, descobriria o que miséria).
Quando a guerra começa, Inko passa a ensinar tudo que ela sabe sobre medicina para o menino. Izuku começa a ler livros no assunto que Inko lhe dá. Chame de Intuição Materna, mas Inko tem um bolo em sua garganta que se recusa a desmanchar. Ele nunca vai embora.
Quando o Japão é invadido Izuku para de ir à escola. Ansiedade rasteja sob sua pele. Com a promessa de a qualquer momento uma bomba cair em sua cabeça, a rotina escolar faz seu estômago pesar, ele vomita no banheiro quase duas semanas depois, uma tensão se formou na sala, nas ruas, nas lojas. Ele começa a estudar em casa, indo à instituição apenas para provas e outros afins
Inko o leva em seus turnos agora, acompanhando a enfermeira fielmente, segurando a bile que o sufocou a primeira vez que viu uma mulher chegar com o estômago aberto. De noite ele pega uma mochila velha e a enche com itens de kits médicos, a violência aumentou nos últimos dias, e esse é o único jeito que ele consegue pensar em ajudar ao menos algumas pessoas.
Depois da primeira vez que ele é esfaqueado ele começa a usar uma cruz vermelha na frente de sua camisa branca. Ele ainda é cuspido e empurrado, mas agora a maioria das pessoas o deixam em paz, a maioria não quer ver mais gente morta.
Quando Musutafu é bombardeada Izuku não sabe o que pensar, ele não estuda mais. Inko o acompanha nas ruas agora, de dia e de noite, o hospital não existe mais.
Inko não sobrevive dois meses.
Agora, mais do que nunca, sua Individualidade era tudo, se você seria acolhido por um grupo, se você seria tomado pelos militares, se você seria deixado para apodrecer após ter sido despido de todos seus pertences, por que Você vai morrer rápido de qualquer forma, a gente merece isso mais que você. Não é difícil saber em qual grupo Izuku encaixou.
Katsuki sumiu duas semanas após os primeiros bombardeiros, um mês e meio antes de Inko— Izuku tenta ignorar os pesadelos de olhos vermelhos, cabelo loiro, uniforme camuflado e explosões estourando em palmas manchadas de sangue.
Após a morte de Inko, Mitsuki o acolheu por um tempo. Izuku não suportava.
Ele fugiu antes de uma semana completar.
Izuku aprendeu a sobreviver de um jeito que ele nunca precisou antes. Pelo menos fugir de bullys o ajudou a fugir de armas e tiros raspando em sua bochecha. Izuku tenta ignorar os pesadelos de sorrisos irônicos e Por que você não morre logo? e olhos vermelhos queimando sua pele e Ele vai me matar Elevai me matar Ele vaimematar Elevaimematar. Izuku aprende a fazer fogo rápido, e esconder seus rastros, e a evitar pessoas, mesmo que não usem o traje camuflado, Eles não querem um inútil como você, que não tem nada a oferecer e só vai atrasar o grupo.
É quase um ano depois que ele fugiu de Mitsuki e Masaru que ele ouve os sussurros (Izuku sabe que já vai fazer um ano por que tem uma caneta velha e um caderno quase destruído, chamuscado e com letras borradas que ele anota as datas, pelo menos isso, pelo menos isso. As folhas estão acabando, a tinta também.). Os sussurros entretanto, os sussurros não param, um lugar inatingível pelo exército. Izuku ri a primeira vez que ouve.
Mas os rumores continuam, Perto do mar, eles sussurram, Estão construindo um acampamento. Izuku faz de tudo para massacrar a esperança crescendo em si.
No outro dia ele já está a caminho da costa.
Eles não te querem lá. Sua cabeça zomba. Eles só devem aceitar pessoas úteis, com Individualidades boas, que podem ajudá-los. Izuku tenta ignorar tudo.
Naquela noite ele sonha com mãos em volta de seu pescoço, olhos vermelhos queimando sua pele e o traje camuflado.
Após meses ele chega, nem sabe como. Um grande muro de concreto parece o encarar, o atrevendo a fazer alguma coisa. Izuku dá meia volta entrando no matagal que acabou de sair. Impossível que eles me deixem entrar.
Dias depois ele ajuda um trio a se livrar de uma pequena tropa. Um deles é baleado mesmo assim. Os outros dois se recusam a deixá-lo pra trás, não que Izuku fosse. Ele faz uma oração para sua mãe, a única pessoa que ele ainda direciona fé, e a agradece, mais uma vez, por todo conhecimento médico que ela lhe deu. O trabalho é sujo e meio desajeitado pela falta de recursos na hora, mas é suficiente para parar o sangramento e evitar uma infecção severa até eles voltarem para o acampamento. Izuku congela na hora que eles param na frente de um portão, muros de concreto dos dois lados.
[Ele entra.]
Izuku vira um dos três médicos da pequena vila, eles dizem que é trabalho suficiente, mas Se você não fizer nada eles vão de expulsar, afinal, você— Izuku acaba ajudando nas lavouras, nas construções e em qualquer coisa disponível quando pode.
Izuku descobre que foram três famílias que se uniram para criar o acampamento, uma tinha Individualidade medicinal, um dos médicos era descendente dela, infelizmente falecida, a Individualidade pode curar qualquer machucado, tirando anos de vida do usuário, Muita gente chegava aqui com casos irreversíveis, Yuuma explica, a morte dos membros faz mais sentido. Outra família, a de Yuuma, tinha uma linhagem de Individualidades relacionadas a velocidade, Yuuma diz que não achava muito útil antes, mas depois de certo… Eventos, ele passou a apreciar. E a última, a que traz segurança a esse lugar, esse pequeno paraíso, a última família tinha diversas mutações de uma espécie de telecinese, permitindo a construção de um escudo invisível ao redor da vila, eles não pode sair por muito tempo, ou fazer trabalhos pesados que os cansem, o escudo fica em pé quando eles dormem, mas sempre fazem turnos durante a noite por precaução. Izuku quase chorou quando uma bomba explodiu acima deles, mas causou apenas um brilho roxo no céu e uma dor de cabeça em Himari.
Quando eles perguntam qual sua Individualidade, Izuku pensa em mentir, inventar alguma coisa relacionada a medicina, ele pode não ser o melhor médico do mundo, mas tem conhecimento suficiente para passar por um pelo menos decente.
Mas ele nunca foi um bom mentiroso, foi?
Ele conta.
[E fica]
Mais um tempo passa, Izuku não tem certeza quanto, um anos talvez? Mais? As folhas de seu caderno acabou, a tinta da caneta também, e essas duas coisas são luxúrias que ele não pode induzir, não tem como. Parece que faz uma eternidade que tudo isso começou, mas não parece que passou tanto tempo assim
Mas um dia, um dia os portões abrem em gritos, um trio de reconhecimento e coleta trazendo uma pessoa semiconsciente e uma pequena frota armada, a frota carrega diversas mochilas e quatro deles um palete com caixas empilhadas. Izuku tem um mini ataque cardíaco quando vê os uniformes camuflados, ele não é o único, mas Calma Izuku, calma, a patrulha da Borda tem armas, se eles fossem uma ameaça já estariam mortos, né? É Izuku acha que está se acalmando, mas é tudo em vão quando ele vê Cabelo loiro, olhos vermelhos queimando sua pele e o traje camuflado— Seu cérebro trava, bem, não exatamente. Quando eles passam por Izuku, entrando na casa que serve de ala hospitalar, Izuku apenas entra em modo automático. Eles colocam o menino— Menino? Céus, ele, ele é quase um jovem adulto agora! Izuku ignora seus pensamentos, apenas, apenas faz o que ele tem que fazer. No final de algumas horas o loiro está numa cama, estabilizado e sendo vigiado por Shinji, e todo mundo se reúne para entender o que está acontecendo.
Os soldados são desertores, eles trouxeram suprimentos como barganha para um lugar na vila. Katsuki se feriu ao despistar outros soldados que tentavam os impedir. Yuuma chama por um Conselho, os soldados são levados para outro lugar.
No final, eles ficam, algumas pessoas aceitam logo de cara, estar no exército deve ser um pesadelo, outras se convencem aos poucos, outras saem com a promessa de que vai ter vingança de houver uma traição. Não é ideal, Izuku pensa, conflitos são complicados, principalmente com pessoa de fora, Izuku assistiu muitas séries antigas sobre isso.
Katsuki acorda quando Izuku está checando nele. Izuku percebe imediatamente quando o corpo dele endurece e sua respiração falha. Izuku faz nada mais a não ser piscar, neste momento ele é um médico, e Katsuki é seu paciente. Ele empurra memórias de Olhos vermelhos queimando em sua pele, gosto metálico em sua boca, sangue em mãos que explodem—
– Sua condição tá estável por enquanto, você ficou quase uma semana inconsciente, e terá que ficar mais um tempo de cama – Izuku dita, se sente clínico, impessoal, mas… Não é como se ele pudesse clamar algum tipo de relação com Katsuki, não mais.
– Izuku – O tom fraco, quase sussurrado toma o outro de surpresa, a dor e alívio também – Você, você tá vivo… ? – Katsuki parece descrente, mais uma pergunta do que afirmação.
Izuku hesita por um momento, pesadelos de olhos vermelhos ainda o assombram. Mas, Katsuki parece tão pequeno? nesse momento, tão… Quebrado e perdido.
– Katsuki – Izuku começa, para logo parar com o recuo que causa no loiro, como se alguém tivesse lhe dado um soco – … Kacchan? – Izuku tenta relutantemente, o apelido deixa um gosto estranho em sua língua, loiro respira fundo, okay okay, Izuku consegue fazer isso – Eu, hm, eu cheguei aqui um tempo atrás, não sei direito quanto tempo, ãnh, dois anos? Eu acho? E-eu—
– Vai fazer cinco anos
– Ãnh?
– Vai fazer cinco anos que eu entrei no exército – O loiro explica.
– O-oh – Izuku responde inteligentemente, então, então deve fazer quase três anos que ele tá no acampamento? Não… Não parece tanto assim – Hm, Kat— Kacchan, você… Você foi levado, não? Quer dizer, um dia você sumiu, então… – Izuku descontínua ansioso.
– Não – Katuski suspira – Eu, eu pedi – As palavras parecem causar dor física no loiro – Eu achei— E-eu achei… – Sua voz treme, uma mão sobre para bagunçar seu cabelo, curto, e mesmo após ver Katsuki por vários dias a vista ainda é estranha, o corte padrão do exército não encaixa muito bem nele – Eu pensei que faria uma diferença, que, que se eu fosse para a linha de batalha eu seria um herói – Ele cospe as palavras – Ha, eu era tão ingênuo, tão— Tão burro e idiota
– Kacchan— – Izuku tenta tocá-lo
– NÃO! – O loiro bate na mão dele – Você não entende, eles— Eles colocaram armas na minha mão e jogaram em patrulhas! Eles e-eles disseram Faça o necessário, use sua Individualidade se for preciso, mas não deixe ninguém escapar, e eu fiz! Eu fiz Izuku! – Katsuki é recebido com silêncio, sua respiração irregular após os gritos – Eu fiz – Ele sussurra – Eu matei eles, Izuku, eu matei…
Soluços enchem o quarto. Katsuki cobre seu rosto com suas mãos, lágrimas escapando por entre seus dedos, e suspiros trêmulos por sua boca. Izuku sente suas bochechas molhadas, mas não faz nenhum som.
– Você devia ter me deixado morrer – Katsuki murmura, mas Izuku apenas fecha seus olhos – Me perdoa – E sai do quarto.
Eles não falam muito depois daquilo. Izuku dá algum tempo antes de avisar que Katsuki acordou, os seus companheiros da tropa vão juntos com Yumma, Shinji e Yua, irmã de Himari.
Eles saem tempos depois e somem dentro da casa de Haruto. O ex-psicólogo entra minutos depois.
As coisas não voltam ao normal por um tempo, uma tensão ainda presente por ter ex-soldados andando em seu paraíso, é difícil, mas depois de… Bem.
Uma traição acontece.
Surpreendentemente não foi um dos ex-soldados. Ada, uma mulher que tinha sido acolhida semanas antes da tropa estava infiltrada. Ela chegou na Borda e pediu abrigo, e eles deram. Ela fazia parte de um grupo relativamente grande, eles queriam tomar a vila.
Izuku não gosta de pensar muito sobre esse acontecimento. Principalmente por que algumas vezes eles teve que deixar o bisturi improvisado para pegar outro tipo de faca. Não foi bonito, nem limpo, nem nada. Mas no final, eles venceram, Izuku só esperava que não fosse às custas de outras vidas. Seus pesadelos agora eram cheios de cabelos verdes, olhos vermelhos, uma arma em suas costas e sangue em suas mãos.
Após esse fiasco os ex-soldados foram finalmente reconhecidos em meio a vila, mesmo os mais relutantes pareciam contentes em deixá-los agora. Lutar por sua vida lado a lado faz isso com as pessoas
Eles criam um código Que a paz que contigo vai, faça-te retornar para mim, não é muito, mas apenas pessoas que que sabem podem entram, o que quer dizer que eles tiveram que encontrar com alguém da Borda, que os confiou a mensagem. As pessoas ficam mais desconfiadas de forasteiros.
Ele e Katsuki não estão… Normais. Izuku acha que nunca vai ser, ele reconhece a desculpa que o loiro faz de joelhos, e reconhece seu esforço em ser melhor, mas Izuku acha… Ele acha que não quer aceitar. É cruel, é egoísta e é imbecil, mas se apegar ao pequeno ódio que sente por Katsuki às vezes parece ser a única coisa o mantendo são, a única coisa para se lembrar no passado.
Tempo é difícil de contar, Izuku desistiu quando seu caderno acabou. Eles tem um relógio do sol na vila, e essa é a única perspectiva que ele tenta seguir. Então depois de algum tempo, que ele nunca sabe dizer quando, Izuku larga um pouco as ataduras, se junta com mais duas pessoas mais experientes e os três entram na rotação de coletores. Izuku estava em treinamento, após uma certa quantia de missões e a autorização dos outros dois ele é permitido a sair sozinho. Os trios com os treinados não vão muito longe, os com três experientes chegam a ir para outras cidades. Mas são as missões de estado que Izuku almeja, para sair do estado é só uma pessoa, é arriscado, mas os outros estados são mais vigiados por soldados, tem mais pessoas dispostas a matar, a área perto da borda é a mais segura, alguns nômades e pequenos acampamentos espalhados, mesmo que tenha seus bombardeamentos vez ou outra. As missões para outro estado são sozinhas, pela regra silenciosa de que é melhor que uma pessoa morra do que três ou duas. Se a pessoa voltar viva, ela passa tudo que viu para o grupo, e juntos formam um grupo maior para ir buscar mantimentos se for viável.
Então Izuku ganha suas missões solo, e mesmo que ele passe semanas, e uma vez quase um mês, fora, Izuku sempre volta, sempre.
Foi em uma dessas missões que ele encontrou a menina, Eri
Izuku não sabe como ela sobreviveu tanto tempo, ela estava sozinha e apavorada, quando Izuku perguntou ela não respondeu suas perguntas, então Izuku trata seus machucados o melhor que pode ignorando, por enquanto, as cicatrizes que dizem de coisas que Izuku não quer nem pensar.
Eri não fala sobre seu passado, Eri não fala muito, ponto. Quando se conhecerem ela disse seu nome, não sabia sua idade, e apenas. Izuku acha que ela deve ter uns sete? Mas como está desnutrida e não parece ter tido a melhor infância pode ser que seja mais velha e seu crescimento foi interrompido. De qualquer forma, Izuku vai aos poucos humanizando a menina, ensinando coisas do mundo, contando sobre o Mundo Antigo quando ela pergunta, mesmo que doa, ela merece. Quando ela dá uma imitação estranha de um sorriso, Como se ela não soubesse a cabeça de Izuku xia, pela primeira vez ele quase cai chorando, apenas não faz por que assustaria a menina.
Izuku distantemente percebe que ela não gosta de tocar e ser tocada.
Mas o passado dela vem a tona quando eles encontram uma dupla falando sobre ela, se ela sobreviveu, se o chefe acabou com ela. Eles não os veem, mas é por pouco. Após isso, eles preparam um acampamento no segundo andar de um prédio e ela sussurra sobre o que lembra.
Eri sussurra de quando era mais nova e esse Homem ia desfazê-la e refazê-la de novo, dizendo como ela era terrível, e todos eram doentes e ele tinha que achar a cura. Conforme ela descreve, Izuku vagamente liga os pontos, alguém que odeia Individualidades e quer acabar com elas? Amarga ironia queima em sua garganta, isso ou bile. Eri fala de quando alguma coisa mudou, o Homem ficou mais agitado e agressivo, até que, até que um dia pegou ela para mais uma das consultas, como ele chamava, tudo parecia normal, mas depois daquela vez ele só voltou uma vez, pra dar uma vacina para ela, dizendo que agora ela estava curada e todo mundo ia ser também, depois disso ele nunca mais voltou. Mesmo assim, mesmo ela estando curada Eri tem medo de tocar nas pessoas, por que, e se eles de alguma forma pegassem a doença dela? E se ele se enganou e ela ainda está doente e a doença dela machucar mais alguém e—
– Eri – A menina para, os olhos cheios de lágrimas, as mãos, tão pequenas, apertando os braços – Eu vou te tocar, okay? – Izuku espera uma confirmação.
– Na-não – Ela balança a cabeça freneticamente.
– Eri, eu tenho certeza que você não vai me machucar, eu tenho uma ótima saúde! Aliás, duvido que você esteja doente – Ela olha duvidosamente para ele, Izuku lhe lança um sorriso que ele espera que seja encorajador – Eu vou te tocar, tá bom?
Dessa vez ela aperta a boca e lentamente acena com a cabeça. Izuku a puxa para um abraço, ele quer dizer que ela não está doente, nunca esteve, que ela não é horrível, que Eri é uma menina maravilhosa e muito forte, mas não agora, agora ele precisa saber o que aconteceu, para saber o que fazer.
Eri não lembra de muitos detalhes, ela era muito nova, e Izuku suspeita de memórias suprimidas por trauma, mas o que ela diz com o conhecimento prévio de Izuku o ajuda a construir uma história mais ou menos linear.
Ela diz que após a vacina tudo era muito silencioso, ela sentia tremores no chão e paredes, e rachaduras se formaram no teto. Ninguém vinha mais lhe dar água ou comida, e quando ela achou que seu estômago se comeria um estrondo forte trouxe o teto à baixo, por sorte ela sobreviveu (Izuku não acredita em Deus, ou deuses, Izuku acredita em sua mãe, e ela nunca deixaria uma criança em perigo, ele agradece à ela, e apenas ela). Quando Eri saiu do buraco o mundo estava em chamas e ela não sabia o que fazer, ela comeu algumas coisas que achou jogadas e as que cheiravam menos pior, bebeu a água de poças até que Izuku a achou.
Izuku a aperta mais forte em seus braços, seu coração aperta. Eri não devia estar vivendo isso, Eri devia ter uma família que a amasse, que a desse sorvete e brinquedos, deixasse ela assitir desenhos, que ela fosse uma criança como qualquer outra.
Eles dormem abraçados, e no outro dia eles começam a viagem de volta para a Borda. Izuku conta sobre o lugar para Eri, das pessoas, das coisas engraçadas. Izuku começa a ensinar pequenas coisas que ele aprendeu antes, ele não lembra muito, mas o que ele conta faz os olhos de Eri brilharem, então Izuku vasculha e vasculha sua memória a procura de tudo que consegue lembrar.
Eles se aproximam, Eri ainda não sorri muito, mas quando faz o peito de Izuku se enche de amor de um jeito que ele nunca sentiu antes além de sua mãe. Ah, ele pensa, Eu queria que você tivesse aqui mãe, você ia amar ela, ele chora uma noite. A cada dia que passa Eri é se encaixa mais na irmã mais nova que ele não teve e nem sabia que queria.
Então é claro que tudo ia dar errado, e eles estavam tão perto.
Quando os dois chegam na cidade antes da floresta que dá na Borda, um ataque começa. Como dito, apesar de raros, eles ainda acontecem, então é claro que quando Izuku está voltando com uma criança e mil e uma promessas ele é baleado múltiplas vezes.
Então, encolhidos num canto, com a melodia de tiros e acampamentos nômades queimando, Eri mancha suas pequenas mãos com o sangue de Izuku.
– We were playing in the sand – Izuku cantou baixinho, a primeira música que lembrou que era calma o suficiente - And you found a little band - Trazendo a garota mais próximo de si, Izuku abraçou a menina, escondendo os olhos da criança em seu peito - You told me you fell in love with it, hadn't gone as I'd plan—
Um soluço o interrompeu. Ele podia sentir sua camisa molhando e tremores assombrando o corpo da menina.
– I-Izuku – Ela choraminga, agarrando a blusa outrora branca com mais força. Depois de tantos dias correndo e caindo e rolando e tentando apenas sobreviver… é, a blusa já teve dias melhores.
– When you had to bid adieu – Izuku ignorou a própria garganta trancada e o jeito que sua voz falhou, apenas apertou mais forte a garotinha em seus braços e passou a afagar seu cabelo gentilmente – Said you'd never love anew – Fechou os olhos, apoiando sua cabeça em uma das únicas parede restantes, atrás de si, ignorou a ardência em seus olhos ou o molhado escorrendo por suas bochechas – I wondered if I could hold it, and fall in love with it too
Uma bomba explodiu mais perto, o som dos tiros cada vez mais alto apesar do ruído ensurdecedor dos zeppelins. Eri se encolheu mais ainda em seu colo, suas pequenas pequenas mãos meladas de sangue, sangue dele. Uma onde de tosse ameaçou partir seus lábios, um gosto de bile-metálico subindo-lhe à garganta.
Começou a hum'eiar a melodia, quase podia imaginar sua mãe cantarolando na cozinha enquanto fazia a janta, cheiro de curry apimentado invadindo seus sentidos. Por um momento, se deixou levar, cantarolando a canção, imaginando que o calor que sentia era do sol e não do mundo queimando ao seu redor, imaginando que ele, Inko e Eri eram uma família. Mas tiros o despertou do encanto, um bolo impossível de engolir alojou-se em seu peito.
– Izuku… – Eri parecia implorar, mas ele a tinha falhado, já não sentia suas pernas e o movimento de seus braços eram cada vez mais lentos e desajeitados.
– Eri – Suprimiu mais uma tosse, a garota apenas balançava a cabeça em negação, sua testa causando uma pressão desconfortável em seu peito – Eri, você pode olhar pra mim? Hm? – Um soluço escapou por entre os lábios da menina, lágrimas caindo mais rápido – Por favor?
Relutantemente a garota se afastou, lentamente subindo seu olhar, as mãos ainda firmementes entrelaçadas na blusa do menino. Apesar do sangue secando em sua boca e os rastros de lágrimas em suas bochechas ele a direcionava um sorriso gentil, em outra situação borboletas voariam no seu estômago, seu peito esquentaria na noção de ter alguém que se importasse com ela. Agora, o sorriso só fazia algo frio se formar no fundo de sua garganta.
– Eri você tem que ir—
A menina já balança a cabeça em negação, um coro de nãos rolando por sua língua, mais lágrimas brotando de seus olhos, as sobrancelhas franzidas, a bochecha manchada, as roupas sujas, o sangue em seus pequenas pequenas mãos.
– Eri, Eri por favor – Sua voz falhou, lágrimas ressurgindo em seus olhos, Pelo menos ela, por favor, pelo menos ela tem que sobreviver – Você tem que sair daqui.
– Não, não sem você – A voz dela era tão pequena.
– Você tem que ir Eri, por favor, se você—
Um soluço o interrompeu, não sabia dizer se era seu ou dela.
– Se você correr até a Borda você vai estar segura, ainda dá tempo – Mãos trêmulas se levantaram até o rosto da menina, acariciando gentilmente.
– Mas e você—?
A fala foi cortada por uma bomba, tão próxima que o coração fraquejante de Izuku pareceu pular em sua boca. A menina se encolheu, mais uma vez grudando desesperadamente em Izuku. Eri tinha que sair dali agora.
– Eri – Forçou suas mãos a segurarem os pequenos pequenos braços da menina – Eri, vá, corra o mais rápido que puder, corra até não aguentar mais e depois corra mais um pouco – Respirou fundo tentando estabilizar um pouco seu pulso e braços – Diga, quando chegar lá, diga que me conhece, diga que eu te mandei – Mais um suspiro trêmulo – E se duvidarem, diga, diga Que a paz que contigo vai, faça-te retornar para mim – Tirou um pouco de cabelo do rosto dela, um desejo súbito de trançar as mechas, tentou limpar a mancha na bochecha dela mesmo sabendo ser inútil – Pode repetir pra mim?
– A-a – Eri engoli um soluço, suas mãos mexendo nervosamente.
– Que a paz que contigo vai, faça-te retornar para mim, eu sei que é grande, mas você consegue, você é muito inteligente.
– Que-que a paz que conti-go vai, f-façate retornar pra mim…? – Ela repete em meio a lágrimas e soluços.
– Bom, bom – Izuku a aproxima, braços circulando a forma pequena pequena da menina, um dois, três segundo ele a afasta, dando um beijo desajeitado em sua testa – Agora vá – Eri começa a balançar sua cabeça, Izuku a segura, olhando eu seus olhos – Por favor, por mim? – Ele a solta, relutantemente tão relutantemente Eri se levanta e começa a dar passos hesitantes pra trás, soluços tremendo seu corpo todo, o rosto distorcido em agonia e medo – Eu te amo – Izuku diz, dando um último sorriso encorajador para a menina.
– Te amo – Ela sussurra de volta, antes de mais um passo tímido e se virar correndo na direção da floresta, lágrimas infinitas queimando seus olhos, apertando seu peito, congelando sua garganta.
Izuku mais uma vez encosta sua cabeça na parede.
– You told me to buy a pony but all i wanted was you – sussurrou com uma risada triste – hmmm-mmm – Os olhos fechados, ele sonha em um sol num dia de verão, uma família de três, ele sentado no sofá com um desenho colorido na tevê, sua mãe rindo enquanto faz katsudon, uma garotinha com longos cabelos brancos trançados e sorriso tão raro que ele—
Ah, Izuku pensa, Eu não lembro do seu sorriso.
E ao mesmo tempo que lágrimas incontáveis caiam de seu rosto, uma bomba caiu do céu.
—————
Um dia de madrugada eu tava escutando Hidden in the Sand e eu pensei “Uh, seria legal uma cena do Izuku cantando essa música pra tentar acalmar Eri por que eles iam morrer”.
E como eu já tinha programado de fazer um AU de apocalipse eu pensei “HM” e daí foi ladeira abaixo e eu escrevi todo aquele backstory só pra poder colocar a cena do Izuku cantando pra Eri.
Eu escrevi isso bem no comecinho da pandemia, mas tamo aí né
( Extra 1: Eri não queria soltar Izuku no final por que ela estava tentando fazer a Individualidade dela voltar, por que ela sabia, de certa forma, que ia ajudar ele.)
( Extra alternativo: Overhaul não levou em consideração que como a vacina foi criada com o DNA da Eri ela não teria o mesmo efeito. A Individualidade dela nunca foi embora, mas quando Overhaul disse que a ‘curou’ ela acreditou e subconscientemente a suprimiu. Quando ela chega no acampamento ela começa a ter visitas com Haruto, o ex-psicólogo, numa dessas sessões ela destranca alguns traumas e usa sua Individualidade sem querer. Então ela começa a se culpar, porque ela podia ter salvo Izuku.)
:)
#bnha#mha#izuku midoriya#Eri#bakugou katsuki#AU#A Cidade Queimava AU#Izuku adota a Eri#Izuku tem depressão#e um pouco de culpa de sobrevivente#katsuki pede desculpa#izuku não perdoa katsuki#eri é um anjo#eu pensei em tentar encaixar alguns outros personagens no Acampamento mas fiquei com preguiça#nem katsuki era pra estar ali#ele apareceu do nada#brasil#português#pt/br#apocalipse#personagens originais não são importantes mas eu amo eles mesmo assim#talvez traduza pra inglês#mas vai demorar
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Cara sexta feira , praticamente último dia da semana, final de semana bem aí, aconteceu algo bem chato hoje sabe? Quando voltava do trabalho, tava cansado, não fisicamente, mas aquele cansaço psicológico? Semana cheia, muito estresse, problemas no trabalhos, meu relacionamento já não andava muito bem, ônibus lotado, tudo bem, é sempre assim mesmo, porém eu me perdi em meios pensamentos que era o seguinte " talvez hoje seja o dia de fazer algo diferente, tenho uma mulher que me ama me esperando em casa, por que não aquele clichê que toda mulher adora? Um filme romântico, pipoca, uma noite de amor, e depois? Uma noite perfeita e sem contar é claro a felicidade da patroa" é simples eu já tinha tudo isso em casa, só precisava organizar, desci do ônibus pensando no que fazer, determinado em fazer aquela noite ser incrível, cheguei em casa, " aquela gritaria sem sentido, eu nao entendi por que o motivo da briga, pensei, pensei e nao vi, oque eu fiz de errado, de repente veio aquele momento que a maior parte dos homens ignora “ ta naqueles dias, maldita tpm” acabou nossa noite ali, tudo que eu havia planejado foi por agua a baixo, enquanto ela gritava sem motivo, eu disse “ preciso sair, preciso de um ar “ ela retrucou e disse “ nao faz diferença. passou o dia fora, saindo agora tanto faz” nesse momento eu respirei fundo, em questao de segundos um filme passou na minha mente, eu em momento algum quis deixar ela sozinha, tudo que eu faço é em busca de melhoras para gente, eu passei o dia trabalhando e é isso que recebo? entao disse “ to saindo” ela gritando respondeu “ se for, nao precisa mais voltar “ peguei as chaves minha carteira e ao fechar a porta ouvir um grito, nesse momento uma lagrima escorreu pelos meus olhos ao lembra que tudo que eu havia planejado, tenho costume de olhar as horas, por algum motivo passei a ser pontual em certas ocasiões lembro que era 19:52 ao sair de casa, algumas ruas pra cima tem oque eu posso chamar de “botequinho” eu nao queria ir muito longe, caso ela precisasse, eu estaria ali por ela, então sentei em uma das mesas e pedi uma cerveja, aquela cerveja desceu amarga, como o meu dia, em meio aquele momento, novamente eu me perdi, sabe em que? eu lembrei de como era no inicio, como faziamos juras de amor, planos, cada beijo, cada sorriso, cada detalhe era perfeito, e mesmo assim o tempo passou trabalhavamos juntos pra conseguir realizar nossos sonhos, uma casa melhor, filhos, um sonho maior, entende ne? fiz uma promessa a ela, que em momento nenhum eu deixaria o sorriso dela desaparecer, e percebi que hoje eu nao pode ver o sorriso dela, isso me deixou bastante triste, eu nao vi a mulher que eu amo sorrir, sabe como é isso? pois é nao queira, eu volto pra aquele momento em que eu vivia, um gole a baixo e penso “ ué a cerveja tá tao quente, e naquele momento oque achava que tinha passado alguns minutos ja era quase 21:00, ja havia passado muito tempo desde que eu sai de casa, me pergunto, como ela esta agora? sera que sente minha falta? eu acabei saindo por que eu pensei que eu era o motivo do estresse dela, na verdade eu era sim, mas tambem era a unica pessoa que podia fazer aquele momento mudar, levantei pedi a conta, e pensei mais uma vez “ que tal tentar fazer diferente, a culpa e minha “ essa mulher faz de um tudo por min, é so alguns dias do mes que ela fica assim e eu nao consigo aguentar? dali do “botequinho” pedi uma pizza, dei o endereço, pedi um uber, em poucos minutos ele chegou, adicionei uma parada na farmacia, pedi ao uber que esperasse, imaginei que ela estivesse com dor, comprei um remedio pra aliviar a dor, o chocolate que ela ama, e a parti daquele momento, a moça do caixa já conseguia ver o sorriso no meu rosto, então voltei pra casa, com aquele sentimento de “missao quase cumprida” ao chegar na frente de casa, avistei uma luz ligada, aquilo nao fazia parte do que eu queria fazer, era a lojinha de uma senhora que vende orquídeas e rosas, essa senhora sempre fecha as 18:00 achei estranho, quase as 21:30 ainda aberto, fui la e comprei uma rosa, minha namorada sempre fala que oque importa é a intenção, entao eu comprei-lhe uma rosa, mais uma vez sorrindo em direçao a minha casa, acho que ela ouviu quando coloquei as chaves na fechadura, rapidamente ela deitou-se e apagou a luz, entrei deixei a rosa no sofa com as minhas sacolinhas fui em direçao ao quarto, quando entrei vi, que mulher maravilhosa deitada na nossa cama, e ate engracado o jeito que ela dorme, tao incolhida virada pra parede, e perguntei “ como voce ta? nao esperei ela responde e fiz a outra pergunta? ta melhor? continuei com “ me desculpa por mais cedo, eu deveria ter ficado, e conversado é isso que os casais fazem, conversa e procura melhoras pros dois, eu comprei remedio e o chocolate que voce ama” ela disse “ tudo bem,(com o rosto inchado me olhou e disse)me desculpa tambem, sabe como eu fico nesses dias, pensei que nao ia voltar, fiquei te esperando, pensei que nao voltaria hoje, mas agora me sinto bem melhor” enquanto ela falava ouvi rapidamente “ bip bip” era a pizza, dei dinheiro e disse pega a pizza me espera na sala, aquele filme “ milagre da cela 7 “ que voce queria assistir vamos assistir juntos,espera um pouco que vou tomar banho, acho que ela passou pela sala e nao se deu conta da rosa em cima do sofá, e voltou para o quarto, na hora que abri a porta do banheiro ela correu pra sala , sentou em cima da rosa (kkk) de toalha ,sai do banheiro e fui em direçao da sala, quando a vi, mais uma vez chorando, ela correu e me abraçou forte e disse baixinho “ obrigado por tudo, eu te amo “ e naquele momento enquanto eu abraçava meu mundo inteiro, eu senti uma enorme vontade de chorar (oque e gente? homen tambem chora ue) assistimos o filme, choramos por que ca entre nos, puta filme bom, depois disso ela dormiu com um sorriso no rosto, ela dorme assim todos os dias, sorrindo, acho que algum momento eu parei de percebe isso,ja são quase 1am e vim relatar isso pra outros casais que passa por isso tambem, mas oque quero dizer é o seguinte, em um relacionamento todos os dias nos fazemos o nosso melhor, so que as vezes nosso melhor vai ser 30% outras vezes 40% nem sempre vai ser 100%, porem o nosso dever é continuar tentando, e nunca desisti daqueles que a gente ama.
A.luiz
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Finalmente liberaram a “FAQ” que “responde nossas dúvidas”. Tem muita coisa inútil mas gostaria de comentar algumas que eu vi e... bem, preciso comentar.
“Quando a loja será reaberta? Quando os goodies estarão disponíveis em outros países? Haverá produtos Amor Doce – UL? Não há data prevista. A loja está fechada em todos os países, mas nós informaremos se acaso ela abrir novamente. Sobre os goodies UL, isso vai depender da demanda. “
É pra rir né? Não há data prevista pra essa lojinha já faz tanto tempo que nem lembro mais! Alguém ainda lembrava? ALGUÉM AINDA SE IMPORTA?
Já desisti dessa loja oficial, prefiro mil vezes a Amoris D’Eel (propaganda sim, porque a lojinha merece).
“Por que as contas inativas não são deletadas para que seja mais fácil escolher os nomes? Este pedido foi acatado, mas não é prioritário. “
Tradução:
“Por que algumas publicações são deletadas? As publicações que não respeitam as regras do fórum são deletadas. “
Fiquei curiosa porque isso tá na FAQ. Deveria ser algo lógico né? Acho, tipo assim, SÓ ACHO que está resumindo perguntas do tipo “porque excluiu meu post (onde eu reclamava das mudanças pra fase UL)?”. Então leva-me a crer que por “regras do fórum” é igual a de excluir as perguntas do povo na postagem da FAQ se a pergunta não agradava. Tá nas regras sim, é verdade esse bilete.
“Vocês vão criar uma nova ferramenta para selecionar várias mensagens a serem deletadas na caixa de mensagens? Registramos essa solicitação. Ela será transmitida para a equipe que vai avaliar a necessidade. “
Tradução:
“Vocês vão abrir a possibilidade para que os jogadores participem da criação de trajes ou de novos personagens que vão aparecer na história?[? Esperamos poder propor concursos de criação a vocês. O clima atual, entretanto, não permite que isso seja feito.”
Quero chamar a atenção pra ~CLIMA ATUAL~ Tá beeeem na cara do que se trata né? O FATO DE ESTAR TODO MUNDO PUTASSA! Ou seja: A beemoov SABE SIM QUE A GENTE TÁ RECLAMANDO E TÁ PUTASSA E QUE ISSO É RUIM PRA ELES MAS TÃO FAZENDO A EGÍPCIA, aposto que estão esperando O CLIMA melhorar. CLARO. IGNORA MESMO PRA VER SE A GENTE VAI DEIXAR PRA LÁ. EU FAÇO QUESTÃO DE ESTAR SEMPRE LÁ ALFINETANDO. TOMANOCÚ!
“O fechamento dos tópicos sobre o sistema de PA foi uma decisão de vocês ou da moderação? Foi uma decisão da empresa, após recebermos as informações transmitidas pelas moderadoras. Por causa dos excessos, foi necessário fechar os tópicos.”
Dos excessos, DOS EXCESSOS. TÃO ENTENDENDO QUE ESTÃO FALANDO DAS NOSSAS RECLAMAÇÕES? A beemoov CLARAMENTE está tratando a nossa opinião como panfleto de rua, ignora em 2 segundos. CARALHO EIN!
E é só! Porque foi muita pouca coisa e que NÃO RESPONDEU NADA DE RELEVANTE.
Não que isso seja novidade ¬¬
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Marlene fecha o caixa da loja, Nicanor vem a ela com as chaves do carro. - Que uma carona, vou até a minha sogra e...........? - Não, obrigado, o Leandro vem, eu acho. - Tudo bem. Ele trava a loja, ela segue até o ponto na praça, Nicanor passa por ela e buzina, já se passara dos 30 minutos e nada do Leandro. - Filho da puta, vou matar aquele estrume. Logo ela ouve o buzinar, Nicanor pára o veiculo. - Última chance, agora estou indo. - Tudo bem. Ela entra no carro e ajeita a bolsa no colo enquanto olha ao redor. Algumas quadras dali e Nicanor sente o prazer de ser saciado volupiosamente pela boca de Marlene em seu menbro. - Como sempre, só melhora hein, garotinha. - Olha aqui, já estou farta de ficar esperando por aquele muleke. - Tudo certo, eu te entendo mais precisamos dele. - Por que? - Não queremos que a Sofia desconfie ou quer? - Eu não gosto dele. - Não tem que gostar, só fique, o engane, logo tudo ficará bem. - Não vai ficar Nicanor, eu estou me cansando. - Te entendo, não quero que sofra, por isso eu arranjei tudo. - Chega, acho melhor a gente terminar por aqui, já deu né. - O que, eu te amo. - O caralho que ama, você gosta é de ver eu melar teu pau na minha boca, isso sim. - Como pode pensar deste jeito? - Eu estou cansada, fico aqui, se quiser, trabalho até ás dez como sempre fiz e só isso. - Claro, você é uma funcionária. - Vá se fuder Nicanor, melhor, seu Nicanor daqui pra frente será que vou trata-lo perto e longe dos fregueses, fica claro seu Nicanor? Ela sai do carro e bate a porta, logo ouve o buzinar deste, ela ignora e continua seguindo até dobrar a esquina, logo entra em um circular que a deixa a alguns metros de sua casa num bairro carente e afastado, numa viela sem qualquer iluminação ela anda até parar frente a um portão de madeira, resultado de sobras de móveis jogados num lixão atrás de seu terreno. - Droga, qualquer hora eu me rasgo nessa madeira podre. Entra no barraco de duas peças e liga o único bico de luz e abre a geladeira de mais de 20 anos de uso, tira um vidro com leite, bebe em goles rápidos e liga a tv de tudo de idade igual ou superior a geladeira, ali na cama improvisada com restos de caibros ela coça seus pés, tira a roupa, segue para o banheiro que fica fora dali, fiação á vista, chuveiro velho fruto do lixão e consertado por ela própria, ela o liga e a luz enfraquece, toma um banho morno quase frio aos xingos e choro. - Um dia ainda saio deste inferno de lugar. O local é de invasão, mora por ali mais de 50 famílias, por 20 anos dividiu o barraco com sua vó, falecida há dois, agora Marlene ali sozinha é a dona e senhor daquele pequeno terreno com o barraco, sobra tem seu trabalho na loja de Nicanor e ainda realiza as fantasias do velho safado para garantir o seu pão de cada dia. No fogão, frita dois ovos e esquenta macarrão, arroz, come ali na panela mesmo enquanto assiste ao final do jornal. - Só tem desgraça nessa porra, caralho de vida dessa gente, toma no cú disgrama. Muda o canal e se perde no riso de um humorístico enquanto pinta as unhas para um outro dia que virá na loja. - Pronto, ficou lindo. Olha para o relógio, já passa das 11 da noite, apaga a luz e dorme rapidamente.
Valdecir termina a leitura da bíblia, algo que faz parte de sua vida há muito tempo, logo inicia sua oração de mãos elevadas aos céus, Raquel entra no quarto, terminara o plantão em uma clínica de 24 horas de ortopedia. - Oi. - Oi. - Te atrapalho? - Gostaria de orar, em paz. - Acho que hoje não. - Saia. - Sim. Ela sai batendo a porta do quarto, segue pelo corredor da mansão do casal e entra no quarto dos filhos, os 4 dormem tranquilamente, ela os beija e os cobre, desliga o game da tv. - Mãe. - Oi Lucas, você acordou querido? - Chegou agora do trabalho, mãe? - Sim meu amor. - Vai ficar com a gente amanhã o dia inteiro né? - Sim meu anjo, vou ficar sim. - Que bom. Ela o beija e aos outros que esboçam alguma coisa e retornam ao sono, segue de volta ao seu quarto e encontra tudo limpo, impecável, organizado, vai ao banheiro e toma um longo banho, sai deixando o lugar enfumaçado do vapor, depois de besuntar de creme e loções perfumadas, ela veste um robe cinza cintilante e caminha pelo quarto, pare diante ao grande espelho de seu balcão de make, escova os cabelos e segue para a cama, ali engole dois comprimidos e logo adormece. Amanhece, Valdecir prepara o café quando as crianças chegam. - Bom dia. - Bom dia. Ele serve o café e após o desjejum eles seguem com as mochilas para a frente onde a Van escolar os aguarda, depois de conferir tudo eles os embarca e retorna para a cozinha, Raquel já esta a comer a sobra de um dos filhos. - Vai passar o dia aqui? - Bom dia. - Já preparou os documentos? - Por que isso agora? - Só te fiz uma pergunta. - Sim, estão na sua segunda gaveta. - Obrigada. - Vai levar isso a frente? - Eu preciso de um homem. - Não, você precisa de um maldito boneco, algo que você possa maquinar, controlar, afogar a seu prazer diabólico. - Você não se cansa de ser um idiota. - Sim, eu me canso, já estou mais que farto, faço pelos garotos. - Eles não são seus filhos. - Eu sei Raquel, eu sei. - Quando vai embora? - Sabe que não posso ir. - Por que? - Você sabe muito bem o por que. Ele grita, Raquel joga na direção dele a xícara que estava segurando, ele desvia e esta vai a parede. - Por que insite em viver isso, ser tratado assim, eu não te amo? - Não se trata disso, se saio você perde eles. - Vai embora. - É realmente o que quer? - Vai. Raquel vai se aproximando de Valdecir e logo obeija, ali nús eles transam na bancada de forma que ela exije tapas, mordidas, arranhões. Terminado ali o casal esta no chão, ele sai e segue nú para o quarto onde pega o livro sagrado, profere os salmos que gosta enquanto derrama lágrimas, Raquel vai até a porta. - Você é um lixo. ela cospe em direção a ele e sai, em seu quarto, outro banho e retorna para a cozinha onde faz o desjejum de forma certa enquanto olha para o jardim sendo cuidado por Valdecir. - Te odeio.
Daniele despeja o gelo no baldinho, junto 3 wodkas e 2 miniwisky. - Mesa 4. - Por........... - Por favor Tony. - Agora sim. - Deixa a Kalinka te ouvir com graça, logo estará na rua. - Por mim, aqui não é o primeiro lugar. - Nem será o último. - Com certeza que não. Risos. Regiane vem ao balcão num vestido de festa decotado deixando seus seios bem mais valorizados, num vermelho, saltos altos. - Boa noite querida. - Boa. - O que foi Dani? - Nada, só estou de mal humor, só isso. - Talvez seja por que foi rebaixada a bar girl? - Vá catar merda. - Cai no chão.
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Fomos ♡♡♡
Ainda que não tenha dado certo, DEU. Por todo esse tempo, foram muitas risadas e alegria, nossos momentos foram os melhores que eu já pensei passar na minha vida, compartilhar minhas dores, alegrias e angustias com você por esses anos me faz refletir e chego a conclusão de que sim, seria você, na minha cabeça vc é sinônimo de ideal, o cara perfeito, que se encaixava certinho em mim, sem questionar, só encaixava, eu vou sofrer para um caralho, ontem mesmo eu fiquei mal a noite, fui dormi ouvindo musica e tudo me lembra vc, não tem pra onde correr, e isso vai passar, pode durar dias, semanas ou ate meses, não faço ideia do quanto isso vai durar, mas acredito que não seria diferente, afinal a gente estava beirando aos seis anos juntos, isso é mais do que a vida do Davi, que alias, expliquei pra ele, chorando muito eu acho q ele entendeu, não tem mais o titio guilerme, vc SEMPRE vai ser o titio dele, mas é complicado, ele vai perguntar por vc sempre, como sempre fez, e eu vou dizer que vc não vai mais aparecer, que vc não é mais o meu namorado, meu amigo... enfim. É mais de meio século, vc não vai sumir da minha mente do dia pra noite, seria o ideal, se fosse possivel eu faria, te deletar da minha mente, apagar pelo menos o sentimento, pq só assim eu me sentiria melhor, sem o peso de amar alguém, que não me ama. vou te falar que é a pior coisa do mundo, eu me sinto vazio, oco, por fora parece que eu to bem, eu preciso demonstrar isso, mas aqui dentro tem um rio de angustia, que desce em cascata, muitas cachoeiras de decepção, córregos de desespero, mas sob tudo isso, tem uma pequena nascente de recomeço, eu vou subir num barco de esperanças e remar pra um inicio diferente, eu tenho certeza que você nem vai ver isso, estou digitando por puro desespero, não quero incomodar ninguém com minhas dores, a natalia tem em ajudado muito, nunca pensei que a minha força viria dela, agradeci a Deus por isso, por ela esta na sua vida tbm, por que apesar de tudo eu me preocupo com vc, mais do que comigo, e você sabe disso, é errado SIM, mas é o que é, um dia isso vai ser diferente, eu sei. Mas é isso, estou me abrindo aqui, por que é a espaço que me sinto mais a vontade, eu sempre fiz isso, antes de tem conhecer, em outra conta, depositava todas as minhas angustias e sofrimento nessa caixa de texto, de pensar que nada se compararia ao que estou passando agora, escrevendo sobre termino, e tentar superar alguém que foi o motivo de eu ter feito essa conta, pra postar nossos momentos, até então so alegria. Porém, tudo muda, eu me via namorando uma outra pessoa, eu me moldeei, me encaixei na sua nova personalidade, talvez tenha sido um erro, não sei, mas eu não me arrependo. Eu queria te esquecer, mas isso não vai acontecer, eu vou lembrar de vc nosso nossos momentos felizes, dando risada deitados na cama, conversando sobre futuro, emocionado, felizes. Fomos um espetáculo da natureza, eu me entreguei a vc, de corpo e alma, por acreditar que a gente seriamos o futuro um do outro, não sei se posso dizer que foi vacilo seu, afinal, vc esta sendo fiel com o que esta sentindo, eu devo voltar a escrever mais aqui, até isso acabar dentro de mim, como tu sabe eu não tenho muitos amigos, e nem gosto de encher ninguém com minhas dores, espero que não chegue a ler isso, e se ler, ignora. Não entra mais aqui, sei lá, nem deve doer tanto em vc, não esta na mesma sintonia, o processo de esquecimento ja estava acontecendo eu burro não me toquei, mas são 500 meus, que por te amar, não me deixei enxergar, mesmo com todos os indícios.
Estou escrevendo isso como se estivesse falando com ele, talvez pra tentar aliviar o vazio, o boa noite, bom dia que não tem mais, o minimo de companheirismo que a gente tinha, minha sanidade esta se dissipando, isso não é normal, alguém me ajuda??
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QUARTO ATO
Saint George – Ilhas Bermudas
À uma hora da tarde desta quarta-feira a multidão já se aglomerava no anfiteatro do parque da cidade, aguardando o prometido contato direto com o médico. Desta vez, havia muito mais gente presente lá do que no auditório durante os debates. As notícias a respeito do desfecho do Desafio dos Sábios, já tinham circulado nas ilhotas da região, porém apenas nelas, dado o isolamento forçado do arquipélago em relação ao restante do planeta. Agora, todos desejavam ver e ouvir o médico indiano – o mais novo sábio do planeta!
Govinda, o médico, já ocupava a porção central do anfiteatro, sendo visto por toda a multidão, enquanto que, ao fundo, se escutava “Tristão e Isolda” – em seu prelúdio. Um funcionário da prefeitura local aproximou-se de Govinda e lhe entregou um microfone sem fio, e então o médico começou a falar pausadamente: “Sei que tudo o que foi visto e falado nestes últimos dias será divulgado neste arquipélago, e possivelmente no restante do mundo, se e quando a redoma cinzenta que nos cerca dissipar-se definitivamente. Pelo menos cinco mil pessoas estão aqui presentes e são testemunhas oculares dos fatos. Esta é a hora do despertar. Peço às pessoas que queiram formular perguntas, que antes disso se apresentem a mim, para que eu conheça um pouco mais sobre vocês!”
O prefeito local, dirigindo-se ao médico, falou: “Meu nome é Francis e sou o prefeito. A instalação do sistema de áudio – com caixas de som e microfone – deste anfiteatro, foi uma ideia minha, para facilitar este evento, conduzido pelo senhor. Parece-nos que o senhor transformou o dia em noite e vice-versa. Mas qual é a razão para a presença desse nevoeiro que se instalou a cento e vinte milhas da costa e que não se desfaz? Poderia o senhor dissipá-lo? O que mais lhe é possível fazer em termos de efeitos espetaculares? É sabido que este arquipélago é um dos vértices do chamado “Triângulo das Bermudas”, que é uma área de um milhão de quilômetros quadrados situada entre este arquipélago, Porto Rico e Fort Lauderdale, na Flórida, em pleno Atlântico Norte, onde se tem noticiado, nas últimas décadas, a ocorrência de acontecimentos tão estranhos quanto inexplicáveis. Por acaso seria o senhor e esse nevoeiro mais um destes casos sobrenaturais? Ou seria o senhor o oposto dos mistérios havidos? Até agora só foram registrados desaparecimentos – de aviões e embarcações – e no seu caso, o que há de misterioso é justamente o seu aparecimento pessoal bem como do nevoeiro – algo inédito e inusitado neste triângulo das Bermudas!”
Govinda, encarando a plateia com indulgência, disse: “O prefeito demonstra ser alguém consciente e preocupado com o bom andamento deste nosso encontro, além de apreciar ironias e humor negro! Deveria utilizar bem mais as suas qualidades pessoais, como perspicácia, magnetismo e oratória – que o tornaram o prefeito local – deixando de lado sutilezas que não lhe caem bem! Um dia você foi chamado de “A Águia de Haia”, mas talvez você não se recorde disso! Agora vamos aos fatos que interessam! Antes esta ilha estava cercada de água por todos os lados. Agora, além da água há a redoma nebulosa que bloqueia mar e ar, impedindo todo o tipo de comunicação com o exterior! Muitas teorias foram aventadas para tentar explicar o extraordinário mistério de aviões, barcos de passeio e navios desaparecidos neste “triângulo”, desde 1945. As principais razões desses incidentes estão relacionadas ao tempo (tempestades, furacões, tsunamis, terremotos, ondas e correntes marítimas), bem como a deformações no campo magnético da Terra, especificamente nesta área oceânica, que possui um tipo de anomalia esporádica que faz com que equipamentos convencionais de navegação marítima ou aérea – como bússolas – fiquem desorientados. Porém nos dias atuais, além de radares e sonares, existem navegadores via satélite conectados ao sistema civil do Pentágono (GPS) e ao da Agência Espacial Europeia (Galileo), que são muito mais precisos e não sofrem interferência do poderoso campo magnético do planeta. O que se ignora é que essa área oceânica até alguns milênios atrás, era ocupada por uma porção do continente da Atlântida, situado entre a América e a África, que antes de submergir totalmente no oceano, ocupava a região central do Atlântico Norte acima da linha do Equador, e apresentava uma extensa cadeia montanhosa (de norte a sul) chamada “dorsal mesoatlântica”, que está no fundo do mar até hoje. Essa submersão foi devida a uma súbita e severa mudança do eixo do planeta, ocorrida durante um grande movimento de águas, que além de ter dizimado todos os seus arrogantes e gigantes cidadãos, mudou radicalmente o clima do mundo – as regiões tropicais se tornaram regiões frias e vice-versa. A ilha de Páscoa é a única remanescente da submersão atlante. A Lemúria – onde se estabeleceu o primeiro grupo humano físico –, por sua vez, submergiu nas águas do Índico, muito tempo antes do que a Atlântida. As regiões polares não sofrem variações territoriais, mas apenas inversões de dominância magnética de tempos em tempos. Hoje está prevalecendo o polo Norte magnético, mas ontem prevalecia o Sul, porém quando ocorre a inversão de dominância dos polos magnéticos todo o planeta é sacudido violentamente por cataclismos globais que resultam em mortes generalizadas. Atualmente o oceano Atlântico ocupa 1/5 da superfície terrestre, mas naquela época suas águas cobriam apenas 1/10 do planeta. Todas as civilizações fatalmente decaem e perecem depois de atingir o seu ápice. A Atlântida, cujo nome verdadeiro é “Aha-Men-Ptah” é um cruel exemplo disso. A ilha de Poseidon, que submergiu há 11.000 anos, foi o último vestígio dessa incomparável civilização atlante, comprovando que o início e o fim da vida são inevitáveis!”
Um músico, aproximando-se do médico, questionou: “Senhor Govinda, meu nome é Ferdinand e sou músico. Estou no início de minha formação musical e desejo me manter através da música. Será isto possível de se realizar nesta ilha perdida? Poderei ser um professor ou um maestro?
Govinda pensou por alguns segundos e em tom professoral disse: “Ferdinand, antes de tudo quero que saiba que poucas pessoas neste mundo podem conciliar a vocação artística com a sobrevivência. Você é uma dessas pessoas especiais e é portador do dom musical com as cordas e os teclados. Como músico você terá todas as condições necessárias para unificar seu dom artístico com sua profissão. Não será algo fácil, mas você mesmo com a força de sua decisão tornará isso realidade em sua vida. Vejo você desembarcando no belo porto de Everglades, trazendo consigo seus instrumentos, bagagens e esperanças. Em seguida, a bordo de um pequeno veículo elétrico, observo você, cruzando triunfalmente a Ocean boulevard e por fim chegando ao centro comercial da Veneza das Américas – Fort Lauderdale! Apenas você poderá tornar real essa visão futurística! Saiba que o bom aluno precede o bom professor. Quando, através do estudo, pesquisa e prática, você se tornar um grande aluno, aí então você poderá ensinar outros alunos iniciantes. Quando você estiver preparado para ensinar aqueles professores que um dia o ensinaram, terá então galgado o primeiro degrau do longo caminho do mestrado – que exige sacrifício e estudo. Aprendendo todos os dias com os maestros, um dia você estará pronto para também ensiná-los – e será então um verdadeiro maestro da orquestra e da vida!”
O músico, com admiração, completou: “Senhor Govinda, todos reconhecem a civilização atlante apenas e tão somente como uma antiga lenda. Mas o senhor afirma que ela realmente existiu e que todos os seus habitantes pereceram em um grande cataclismo. Sendo isto verdadeiro, pode-se afirmar que todas as pessoas, onde quer que estejam, e em todas as épocas, já nascem com um destino previamente traçado. Isso é verdadeiro ou então tudo o que ocorre é obra do acaso?”
Govinda de pronto respondeu: “Quanto à lenda da Atlântida e de sua famosa ilha de Poseidon, saibam todos que ela é verdadeira, ou seja, a civilização atlante realmente existiu por alguns milhares de anos e foi subitamente extinta, por causa de seus abusos repetidos e mau uso da tecnologia e da energia, pois nada acontece por mero acaso! Porém um seleto grupo atlante sobreviveu, se estabeleceu no Egito e criou as bases da fantástica Civilização dos Faraós! A questão do destino é mais premente e deve ser esclarecida definitivamente. Vamos considerar que a vida de uma pessoa é composta de duas metades iguais que, juntas, somam 100% do todo. A primeira metade (50%) é representada por programações, predisposições e idiossincrasias anteriores ao nascimento dessa pessoa. Ou seja, metade do que ocorrerá nessa vida já vem predeterminado e pode ser denominado como “destino”. Nisso estão incluídos fatores sociais, econômicos, genéticos, físicos e mentais que, em conjunto, são o resultado direto da Lei de Equilíbrio ou de Causa e Efeito. A segunda metade do todo – os outros 50% –- são de inteira responsabilidade individual (lembrem-se do livre-arbítrio) e, nesse aspecto, tudo o que se pensa ou faz – ações e omissões – influem decisivamente na vida. Combinadas as duas frações do todo – o destino e as escolhas – teremos sem apelação um resultado final que pode ser uma vida boa ou ruim, alegre ou triste, interessante ou desinteressante, pública ou anônima, pobre ou rica, mas a responsabilidade pelo resultado final nunca deixará de ser de cada pessoa. Todos bradam por uma vida melhor, mas saiba que um mundo melhor é você mesmo quem faz! Ferdinand, agora me responda: se a vida fosse uma música, qual seria a melodia dos homens, a ser escolhida por você, para batizar a vida?”
Ferdinand pensou por alguns segundos, e confiante exclamou: “O Crepúsculo dos Deuses” do genial músico alemão Richard Wagner – que viveu de 1813 até 1883 –, é a música que eu escolho como tema para a vida.”
Govinda, com entusiasmo, emendou: “Conforme a escolha de Ferdinand, a partir de agora, quando qualquer pessoa estiver pensando em minhas palavras ou na vida, ouçam “O Crepúsculo dos Deuses”.
Um fotógrafo aproximou-se do médico e educadamente falou: “Meu nome é Cláudio, e estou nesta ilha fazendo uma reportagem fotográfica para a revista “Time”. Conheci muitos países e culturas dos dois hemisférios. Tive contato com personalidades internacionais, artistas, pessoas comuns, gurus indianos, monges e religiosos de várias correntes para retratá-los. No desenrolar do drama pessoal de cada um deles, absorvi pequenas partículas da essência da verdade, que está oculta em tudo o que existe. Ainda estou em busca dessa essência, em sua totalidade. Mas senhor Govinda, falando especificamente em relação à sua participação e vitória no Desafio dos Sábios, podemos entender a sua vinda a este local como um sinal apocalíptico do destino – o final dos tempos? Qual é exatamente a sua finalidade aqui?”
Govinda então respondeu: “Cláudio, você também é outro artista, que lida não com a harmonia dos sons, mas com as imagens mais contundentes e surreais da vida, do mundo e das pessoas, tentando montar um quebra-cabeça. Você, em sua adolescência, se autodenominou, ludicamente, “CHE”. Não era o lendário Che Guevara, mas, sim, o jovem e sonhador Che brasileiro. Anos mais tarde, você descobriu a sua vocação, e o modo de transformar o amor à arte em um digno e criativo meio de vida, e para isso cruzou o mundo de alto a baixo. Já é uma vitória, porém não é o final da jornada. Um dia, no Brasil, você esteve aos pés de um mestre – Jaime – mas ele já se foi há muito tempo e agora é por sua conta! Lembre-se do exemplo de vida daquele que o orientou! Seja humilde e solidário como ele foi! Não haverá outro mestre em sua vida. Você poderá fazer um retrato meu, porém saiba que a imagem captada por sua lente nunca deixará de ser apenas uma miragem no deserto das ilusões. Nas últimas nove vezes em que estive neste planeta, atraí à minha volta discípulos adiantados, porém a partir de agora não será mais possível isso. Meus escolhidos trilharão os seus próprios caminhos, sob a minha inspiração, em espírito e verdade. Cláudio, a sua obra em especial retrata uma faceta da verdade, onde há mais dor do que alegria, pois o mal e o sofrimento ainda pesam muito e prevalecem no mundo. Seu trabalho é um grito de alerta dos oprimidos e das minorias de todo o globo! Saiba que a totalidade da verdade está em Deus e por isso a sua missão, bem como a de todos é trilhar o tortuoso caminho dos homens até finalmente encontrar a iluminada senda que conduz a Deus, direta e pessoalmente. Você ainda encontrará todas as respostas que procura para a sua vida, ainda que nem todas as revelações que surgirão nessa busca, serão gratificantes! Não desista da busca, que é muito mais uma jornada interna do que externa. Somente a busca a Deus é segura e conclusiva! Qual é a diferença entre o início e o final dos tempos para aquele que não está sujeito às amarras do tempo e do espaço, do desejo e da ambição, e nem mesmo às turbulências da vida e da morte? A minha presença e a de vocês aqui neste momento atende à mesma finalidade. Vocês saberão o que deve ser feito – sejam pacientes. Estou entre vocês desde o dia 21 de março de 1855, quando nasci em Dakshineswar, na Índia e, a diferença é que não estou sujeito às ilusões e armadilhas dos sentidos como vocês. Para alguns eu sou o pai, para outros o filho e para os mais solitários eu sou o amigo!”
O fotógrafo, incrédulo, insistiu: “Mestre, em relação ao infinito nada posso lhe dizer, pois não passo de um homem comum, sul-americano, que ainda tem a sede de beber o elixir do conhecimento e da sabedoria na verdadeira fonte! No entanto, como é possível que sua idade atual seja de 176 anos, se ninguém vive tanto tempo e sua aparência é a de um jovem de no máximo uns trinta e cinco anos? Seria efeito de alguma técnica ou dieta especial, ou até mesmo em razão do exuberante clima do Tibete?”
Govinda, pacientemente, respondeu: “Cláudio, esqueça o clima e a vida natural do Tibete, pois a resposta não está lá. Minha idade atual, nesta vida, é de exatamente 176 anos. Não deveria ser uma surpresa para ninguém, pois o patriarca Abraão viveu 175 anos e sua esposa Sara, 127 anos. Ismael, o primogênito, viveu 137 e Isaac, o segundo filho, viveu 180 anos. Realmente, as aparências enganam! A medicina descobriu muitos tratamentos rejuvenescedores como as câmaras antigravidade e as terapias genéticas, mas eu não recorri a nenhum deles. Existem outras técnicas de rejuvenescimento ainda não aplicadas a todos os seres humanos. Por hora só posso lhes dizer que a morte não me atingiu nesta humilde vida de médico da alma e estarei por aqui enquanto for necessário. Não sei se é uma benção ou um castigo, mas sei que é uma necessidade maior.”
Um barqueiro interpelou o médico com as seguintes palavras: “Senhor Govinda, sou conhecido como Phil, o barqueiro, que faz a travessia de nosso povo, entre as ilhas, nesta porção privilegiada de oceano. Meu universo de conhecimentos é diminuto e está restrito ao mar e suas criaturas. Como posso avaliar se o senhor é um enviado do criador do mundo?”
Govinda fitou o barqueiro e disse: “Phil, não há um criador, então eu não posso ser o criador do mundo ou o seu enviado! Serei eu um enviado ou aquele que envia? O universo, o mundo, o homem, o átomo e tudo o que existe é emanação divina, onde Deus dá um pouco de si mesmo a cada forma de vida, desde a mais simples até a mais complexa. A distribuição das partes não altera em nada o todo, nem aumenta e nem diminui a grandeza ou o poder de Deus. Tudo o que emana de Deus deve passar por um longo e difícil processo de cristificação e, portanto, todos são, de certo modo, enviados da Divindade. Nada na vida ocorre sem esforço, sacrifício e luta. Nada é gratuito e cada ser vivo deve encontrar o seu espaço para crescer cada vez mais e vencer como individualidade – esse processo natural é denominado “evolução”. Cada um de vocês ocupa o seu devido lugar, neste exato momento. Phil, você é um sonhador e seus sonhos o transformaram em um barqueiro de homens que atravessa as ondas do mar revolto, todos os dias. Tenha cuidado, porque não se vive apenas de sonhos! Porém, o que seria do mar sem seus barcos, e o que seria dos barcos sem seus barqueiros! Eu também sou um barqueiro, porém não sou um sonhador e sim um realizador – que é aquele que torna os sonhos realidade – e que conduz a almas dos homens nos oceanos selvagens das encarnações humanas, por séculos e séculos, em busca de um porto seguro.”
Um agricultor, aproximando-se do médico, perguntou: “Devemos abandonar nossas crenças religiosas e nossas vidas para lhe seguir e encontrar a salvação?”
Ao que Govinda respondeu: “Não.”
O agricultor então retrucou: “Meu nome é Charles e não compreendo o que diz. O senhor poderia ser mais claro e direto?”
Govinda, compenetrado, observou a multidão a sua volta e passou a falar: “Charles, você é um humilde agricultor que alimenta a terra e os frutos que ela produz com seu suor e lágrimas. Apesar de seu bom coração, as melhores oportunidades da vida você desprezou, sempre em busca de um novo prazer fugaz, sem compromissos e responsabilidades para consigo mesmo ou em relação aos seus semelhantes. Porém, para Deus, você não vale mais ou menos do que todas as pessoas que estão à minha volta; você é apenas alguém que acreditou mais nos outros do que em si mesmo. Todos têm direito a uma segunda chance, porém nem sempre haverá uma terceira ou uma quarta chance! Por isso, estou aqui para advertir a todos e não para ser condescendente com seus erros! Devo salvá-los de si mesmos!”
O agricultor, um tanto quanto exaltado, resmungou: “Eu acreditava que todos os homens deveriam ser salvos do pecado e não de si mesmos. Não acredito nisso!”
Govinda, com o semblante grave, disse: “Ilusões e mais ilusões. O contraveneno da ilusão é a verdade – um remédio que apesar de amargo deve ser bebido, gota a gota!”
Após uma pequena pausa para respirar, Govinda falou: “Ai daquele que colocar todas as suas crenças e esperanças nas mãos de outro homem! Ai daquele que depositar todos os seus recursos e economias em um único cofre! Ai daquele que deixar todas as suas responsabilidades nas mãos de seu semelhante! Ai daquele que vincular sua sobrevivência ou a de seus entes queridos a outro homem! Ai daquele que permitir que pessoas, organizações ou governos tomem posse de seu corpo, mente ou espírito! Ai daquele que colocar a servidão ao mundo à frente da submissão a Deus! Digo-lhes que, aquele que fizer isso se transformará em um homem incrédulo, miserável, alienado, perdido, derrotado ou até mesmo morto. Busquem a verdade. Arrependam-se dos seus erros e perdoem-se uns aos outros, pois o arrependimento é humano e o perdão é divino Sejam tolerantes e gratos, pois a intolerância e a ingratidão são piores do que o egoísmo ou a arrogância, e todos esses males devem sair de suas vidas!”
A juíza do vilarejo aproximou-se do médico e perguntou: “Senhor Govinda, sou Victoria, a juíza local, e administro a justiça nestas ilhas. Jesus pretendia fundar uma nova igreja? O seu martírio redimiu a humanidade por causa do pecado original de Adão?”
Govinda imediatamente respondeu: “Não. Digo não para as duas questões. A douta juíza possui dons raros e une muito bem a beleza com a inteligência. Com amor e abnegação, busca em sua atuação familiar e funcional mediar os conflitos interpessoais que nascem da luta do bem contra o mal, da cooperação em contraposição ao egoísmo e da recompensa versus o castigo, que é algo que ocorre nesta esfera grosseira e em outras superiores. Vejo que você deixou seu trono na sede do império britânico, no final do século XIX, depois de um longo e trabalhoso reinado, em que lutou até o limite máximo – o da manutenção da própria vida –, em uma época conturbada e de mudanças, sempre ameaçada por rivais. Sua biografia é notável e pública – e fala por si mesma. Você deixou o mundo em 1901 e setenta e oito anos após, retornou à vida novamente, desta vez como a pequena Victoria, a súdita fiel e não mais a gloriosa rainha de cabelos cor de fogo. Retornou à vida na pele de uma notável advogada, que pelo seu grande senso de justiça, tornou-se juíza, para aprender com os mais humildes e para ensinar aos mais soberbos. Nunca se esqueça de que Jesus, o primogênito, foi o homem mais justo e iluminado que já pisou em solo terreno, e apesar de não ter mácula ou culpa alguma foi também o homem que mais sofreu humilhações, traições e torturas. Portanto, Victoria, esteja também preparada para cumprir sua longa e difícil jornada, porque é de portadores de dons especiais como você, que eu espero os melhores resultados. Foi assim em Londres e será assim em Saint George. Faça o que deve ser feito, pois desse modo eu estarei ao seu lado. Agora eu lhe pergunto: quem é mais justo, o juiz humano ou o juiz divino? O homem pode ser humano ou desumano, mas Deus só pode ser sobre-humano, e essa é a nossa imprescritível garantia de uma justiça infalível. Os juízes humanos devem ter seus olhos voltados para a verdadeira justiça e aprender com ela. E já respondendo à primeira indagação da juíza, afirmo-lhe que Jesus nasceu como judeu e veio a este mundo para reorientar um povo que estava perdido. Não havia a necessidade de uma nova igreja ou religião. O judaísmo da época precisava de reformas e Jesus era o reformador. As reformas tentadas não surtiram efeito a não ser tornar Jesus uma figura ainda mais odiada pelos poderosos. O judaísmo pró-Jesus ganhou força somente após seu martírio, transformando-se então no embrião do cristianismo. Quanto à segunda pergunta digo-lhe que não foi função de Jesus redimir a humanidade devido ao pecado original, que foi uma invenção da Igreja Romana, que tomou força a partir do século VII d.C. com Santo Agostinho. Digo-lhe mais: a primazia do povo de Israel e seus privilégios divinos, a partir do momento da crucificação, se acabaram para sempre!”
A florista aproximou-se do médico e falou: “Senhor Govinda, meu nome é Adelle, a florista. Até quando as mulheres serão submissas aos homens e estarão em segundo plano?”
Govinda então disse: “Adelle, esta resposta será um pouco longa, pois envolve um aspecto pessoal e outros dois muito mais abrangentes e universais. Em primeiro lugar devo dizer que você representa nesta vida o atributo da “compaixão”, pois sempre esteve pronta a auxiliar os mais necessitados, sem nunca duvidar que um dia tudo se acertaria em sua vida e na de seus entes queridos. Muitas vezes você lutou pelo bem-estar alheio, em detrimento de sua própria felicidade. Foi uma perfeita conhecedora do universo das flores – vendo que enquanto os outros ficavam com as rosas, a você sobravam apenas os espinhos. Teve sua vida e sua saúde roubadas, mas está sabendo se levantar! Deu muito de si mesma aos outros e nada recebeu em troca. Ainda assim você cumpre a gentil missão de colorir a vida alheia com as flores da sua bondade e do seu amor. As flores que distribuiu nesses anos todos alegraram os céus e a terra, porque o que se faz em um lugar reflete imediatamente no outro. Desse modo, não espere o reconhecimento dos homens, porque ele pode não chegar. Existe alguém que é sobre-humano e que reconhece o seu valor. Um dia, no reinado de Assuero, você se tornou a rainha Ester da Pérsia, que colocando em risco a própria vida, salvou da destruição o povo judeu. Hoje, Ester, você é uma cristã batizada com o nome de Adelle e seguidora de Jesus, que mesmo não sendo mais uma rainha judia, ainda está disposta a arriscar o seu bem-estar para socorrer o seu próximo que esteja necessitado. O seu segundo matrimônio realizou-se contrariando a tudo e a todos, em todas as esferas. Mas já que essa polêmica união foi heroicamente mantida pelas duas partes, com tanta insistência e luta, por tantos anos, ela não deveria ter sido desfeita, porque aos homens eu dei a capacidade única de modificar o seu destino e a sua vida. É um paradoxo e um enigma! Assim como Deus também o é! E quanto a Jesus, eu lhe digo: siga-o em espírito e em verdade, independente de tudo e de todos, já que a presença dele se percebe no interior do coração espiritual – e você o conhece!”
Após uma pequena pausa, Govinda completou: “Se você necessita cultuar a Deus coletivamente, reúna-se com os homens e mulheres de boa-fé das redondezas para esse culto, mas não os julgue muito severamente por seus comportamentos peculiares, porque as igrejas humanas e seus fiéis ainda são imperfeitos. Joana d’Arc foi alguém como você, que não desistiu de sua luta. Nos dias atuais chegou-se a afirmar que Joana d’Arc era louca e que uma camponesa guerreira nunca poderia ter representado as forças do bem ao comandar o exército francês em luta contra os borguinhões e seus aliados ingleses. Puro engano! A iletrada e humilde camponesa cumpriu uma missão divina e foi martirizada, porque até os eleitos por Deus carregam a sua própria cruz! Algumas vezes o uso da força militar é necessário para restabelecer a justiça e a paz, mas apenas em certas ocasiões! O difícil para os homens é saber quando a força bruta não deve ser usada para resolver conflitos! E o que é a Bíblia Sagrada senão um relato milenar de uma sucessão de guerras e mais guerras, algumas justas e outras injustas! O segundo aspecto da resposta é que o patriarcado está presente no mundo desde o início dos tempos. Homens e mulheres têm naturezas e funções diferentes, sendo que as mulheres têm a função de complementar os homens naquilo que lhes falta e vice-versa. Não deve haver competição ou submissão entre os dois sexos. Os homens atribuem a Deus a personalidade masculina como o “pai”, porém em sua manifestação Deus é tanto masculino quanto feminino. Dentro de alguns séculos homens e mulheres terão direitos e deveres semelhantes. Antes que isso aconteça toda a humanidade deverá basear sua conduta na cooperação, igualdade e justiça, sem distinção entre os semelhantes, sejam eles, homens ou mulheres, pobres ou ricos, ignorantes ou sábios. O terceiro aspecto importante é que Jesus foi a personalidade pública que mais deu valor à mulher, tanto que dois mil anos atrás, Maria Madalena foi a principal discípula de Jesus. Nenhum dos 12 apóstolos foi tão fiel quanto foi Maria Madalena. Porém, naquela época, a mulher ocupava uma posição social muito inferior ao homem e suas ligações com Jesus não poderiam ser aceitas e reveladas. Maria Madalena era uma mestra espiritual, reconhecida por todos à sua volta, e deveria ter sido a legítima sucessora de Jesus, mas as perseguições e o preconceito não permitiram sua ascensão e ela foi obrigada a refugiar-se na Gália. Por acaso alguém já ouviu falar do “Evangelho de Maria Madalena”? Pois ele existe, assim como os “Atos de Felipe”, escritos por um apóstolo que era irmão de Madalena!”
A florista, ainda insatisfeita com o que ouviu, falou: “Senhor Govinda, vejo que Jesus era muito próximo de Maria Madalena. Seriam os dois casados?”
Govinda, um pouco constrangido, disse: “Eu sou o regente da sinfonia divina, cujo som celestial ecoa em todos os cantos, com a harmônica combinação de letras e palavras na sequência precisa que é emanada através de minha voz. Ainda assim, meu maior desafio neste momento é saber nitidamente o que posso e o que não posso lhes revelar. Nem todas as verdades universais ou acontecimentos do passado da humanidade podem ser revelados. Porém, a mim cabe lhes revelar a verdade, ou pelo menos a dose de verdade que pode ser suportada por vocês! Em 1980, explosões realizadas no canteiro de obras de construção de conjuntos de apartamentos em Talpiot – região localizada em Israel, ao sul de Jerusalém – revelaram a entrada de uma tumba mortuária cortada na rocha, datada do século primeiro. Arqueólogos do Instituto Albright localizaram dez ossários de pedra calcária que foram transferidos para o Museu Rockefeller em Jerusalém, onde foram catalogados e em seguida armazenados no Depósito Bet Shemesh do IAA de Israel. Por pressão de grupos de judeus ortodoxos, os ossos contidos nos ossários foram colocados em sacos plásticos e enterrados em uma sepultura não identificada nas cercanias de Jerusalém. Dos dez ossários guardados no Bet Shemesh, apenas um desapareceu e foi localizado em 2002. Fazia parte da coleção de Oded Golan e possuía uma inscrição: “Tiago, filho de José, irmão de Jesus”. Dos outros nove ossários, seis possuíam inscrições individuais: “Mateus”, “José, irmão de Jesus”, “Maria”, “Mariamne”, “Judas, filho de Jesus” (no menor ossário) e “Jesus, filho de José”. Mateus pertencia à família de Maria, a mãe de Jesus, enquanto que Marianme era a inscrição em grego do nome “Maria de Magdala, a irmã do apóstolo Felipe e esposa de Jesus. A tumba de Talpiot está intacta na rocha e localiza-se entre dois prédios residenciais, em um terraço com jardim, cuja entrada está bloqueada por uma grande laje de concreto. As autoridades arqueológicas israelenses nunca confirmaram a autenticidade da tumba de Jesus, ao passo que asseguram que a tumba do clã Caifás, com seus vários ossários, entre eles o de José, filho de Caifás (o ordenador da morte de Jesus), é absolutamente autêntica.”
Govinda fez uma breve pausa e então completou: “Em 1953, religiosos franciscanos descobriram um cemitério nos porões de seu mosteiro situado no alto do Monte das Oliveiras. No local designado como Necrópole de Dominus Flevit está exposto o ossário de Simão Barjonas, o apóstolo Pedro, considerado o primeiro papa católico. O messianismo e a importância histórica de Jesus já foi negada no passado e continuará sendo negada no presente e no futuro por aqueles que dizem acreditar nos 24 livros da Bíblia Hebraica. Porém o profeta Isaías disse: “Um ramo sairá do tronco de Jessé, um rebento brotará de suas raízes. Sobre ele repousará o espírito de Iahweh, espírito de sabedoria e de inteligência, espírito de conselho e de fortaleza, espírito de conhecimento e de temor de Iahweh: no temor de Iahweh estará a sua inspiração. Ele não julgará segundo a aparência. Ele não dará a sentença apenas por ouvir dizer. Antes, julgará os fracos com justiça, com equidade pronunciará sentença em favor dos pobres da terra. Ele ferirá a terra com o bastão da sua boca, e com o sopro dos seus lábios matará o ímpio”. Depois, as palavras finais contidas no livro de Malaquias atestam: “Eis que vos enviarei Elias, o profeta, antes que chegue o Dia de Iahweh, grande e terrível. Ele fará voltar o coração dos pais para os filhos e o coração dos filhos para os pais, para que eu não venha ferir a terra com anátema”. Os judeus nunca reconheceram João Batista – o precursor Elias –, e tampouco reconhecem Jesus, filho de José, o Messias. As autoridades do Vaticano, do mesmo modo que os judeus ortodoxos, nunca reconhecerão a importância e a mensagem contida na tumba de Talpiot – a prova histórica da existência de um Jesus humano, casado com uma mulher exepcional e pai de um menino que logo morreu – porque se assim o fizerem, as colunas de sustentação de sua religião simplesmente ruirão, como castelos de areia ao sabor do vento! Vocês não devem se preocupar com o destino das religiões instituídas pelos homens, pois no tempo certo, cada uma delas implodirá e será varrida do cenário terrestre!”
Govinda, em tom de resignação, disse: “Agora já basta de nostalgia, ainda que eu saiba que muitos de vocês que me ouvem hoje, tenham presenciado há dois mil anos, os trágicos acontecimentos que cercaram a missão de Jesus na Palestina. No entanto, voltando à discussão sobre a situação da mulher no mundo, é óbvio que a posição da mulher na sociedade ainda está vinculada à submissão e à exploração por parte do homem. Porém, a importância da mulher aos olhos da Divindade é tão grande que ela é a representante da Mãe Natureza neste pequeno planeta, e é o poder gerador das formas. Um fato científico que comprova a grandiosidade do papel biológico da “mãe” é que nos seres humanos o DNA mitocondrial é transmitido integralmente das mães para os filhos, diferentemente do DNA nuclear dos filhos que é derivado de uma combinação do DNA do pai e da mãe. A herança genética da mãe, que é a responsável pela usina energética das células humanas, nunca é perdida e passa intacta de geração em geração. A ciência se fixa muito no estudo do DNA nuclear para encontrar a cura para certas doenças, porém deveria também estudar um pouco mais detalhadamente o DNA mitocondrial que, por sua vez, reserva muitas surpresas e descobertas que revolucionarão a medicina, a engenharia genética e a saúde humana. Nunca subestimem o poder gerador da mãe natureza ou a da mãe humana, pois quando é extremamente necessário o fenômeno da partenogênese permite que as fêmeas de uma espécie se reproduzam sem a necessidade de fertilização dos machos. A civilização das Amazonas cresceu e se manteve sem a presença de homens, já que em determinado momento de sua história todos os homens haviam morrido em guerras tribais e a natureza então, respondeu dando um salto evolutivo e as mulheres amazonas passaram então a se reproduzir sem contato sexual e gerando sempre outras mulheres!”
A florista, agora animada, completou: “Parece que Deus manifestado é tanto masculino quanto feminino, e que homens e mulheres têm o dever moral de se completarem uns aos outros. Isto está relacionado com a busca pela alma gêmea?”
Govinda, sem pestanejar, disse: “Adelle, eu bem sei o sonho que você acalenta há muitos anos, que é a busca pela alma gêmea. Essa busca é real e legítima, e muito além do romance ou da ficção, a grande verdade é que esse lendário sonho nunca terá sucesso. Se a lenda da alma gêmea se materializasse nesta Terra, nos moldes da crendice popular, teríamos muito mais tragédias do que romances, pois se por algum motivo uma alma gêmea não encontrasse a outra, ou se uma delas morresse, a infelicidade reinaria para sempre. Seria muito perigoso para a humanidade e para o cosmos, se para cada homem existisse em correspondência apenas uma única mulher e vice-versa. A busca do verdadeiro amor, ou da cara-metade, é possível de se realizar aqui mesmo, mas sem a ilusão da alma gêmea, já que há vários entes compatíveis do sexo oposto, para cada homem ou mulher existente. Saibam que o que mantém os casais unidos não é a predestinação, mas as afinidades e tolerâncias mútuas da vida real, além de, obviamente, o amor, em que cada ser dá um pouco de si mesmo ao outro. Adelle, daqui em diante, para cada ato de amor dado, você receberá sempre o dobro em retribuição. Aguarde porque eu não faço promessas vãs e lhe asseguro que o final será feliz!”
Enquanto ecoava no anfiteatro a melodia “Tannhäuser” – em seu bacanal –, o mago do vilarejo aproximou-se de Govinda e falou: “Meu nome é Mefistófeles. Alguns dizem que sou um profeta, outros falam que sou um feiticeiro, mas eu sei realmente aquilo que sou de fato – um negociante de almas e o príncipe do mundo! Neste arquipélago tenho acompanhado a vida sofrida de seus habitantes, por décadas. Alguns doentes foram aos médicos e outros à igreja buscar a cura para suas doenças físicas, mentais e espirituais. Nada encontraram: nem a fé e nem a cura. Aqueles que vieram até mim foram curados e sua fé cresceu. Eu fui o salvador pessoal de cada um deles, sem nunca precisar da ajuda de ninguém. Tenho acompanhado, por vários anos, nesta ilha, o calvário de alguém que é um anjo sonhador de asas quebradas e que ainda espera a volta do seu senhor – o Cristo. Esse tolo visionário é Vincent, o escritor, que sempre resistiu em passar para o meu lado. Quanta ingenuidade e invisibilidade angelical! O seu Deus nada lhe deu, muito pelo contrário, tirou tudo dele e o desterrou nesta ilha – como um fantasma! Vejo que agora tenho a oportunidade de conseguir em uma só jogada genial, dois reforços valorosos para as minhas hostes – o mestre da compaixão e o escriba solitário. Há dois mil anos um jovem profeta nazireu tentou inutilmente convencer o povo hebreu de que era o filho de Deus, o messias, e fracassou em sua missão. Estive ao lado daqueles que transformaram Jesus em um bode expiatório da fúria das massas, que deveria ser escarnecido, ridicularizado e sacrificado, como de fato aconteceu. Não pense você, Govinda, que seu destino, dois mil anos depois, será melhor que o do jovem nazireu que você orientava secretamente. Este povo não precisa de você ou de seu Deus, já que eles têm a mim. Volte para a sua terra, a Índia, enquanto pode, porque os seus alunos sempre morrem! Posso, entretanto, ser benevolente com você e dar-lhe uma chance de permanecer aqui conosco. Conto com o auxílio de forças poderosas e terríveis que me permitem manter ou destruir a sua vida. Mas como sou um homem generoso e piedoso, dou-lhe a chance de se juntar a mim, como meu discípulo, para me adorar. Ofereço-lhe a glória de um poder absoluto e jamais visto! Ainda é tempo de salvar a si mesmo e ao seu anjo perdido – que terá o privilégio único de escrever a minha notável biografia, para ficar para a posteridade infinita!”
Govinda então falou: “Notável discurso! Quanto ao escritor da ilha, tratarei deste assunto depois. E quanto à sua biografia, espero que ela não se alongue demais, pois como se diz “as melhores essências estão nos menores frascos”. Minhas palavras servem a todos indistintamente – homens, anjos, demônios e príncipes. A proposta de me submeter à vontade de um mago poderoso é algo intrigante. Alguns dizem que é melhor ser o senhor no inferno do que o escravo no céu. Eu lhes digo: não há senhores no inferno do mesmo modo que não há escravos no céu. Anjos e demônios, com ou sem corpos materiais, habitam os mundos visíveis e os invisíveis, inclusive este planeta. Há dois mil anos presenciei o nascimento, vida e morte do nazireu chamado Jesus. Estive ao seu lado em todos os momentos de sua vida e na sua ressurreição. Nunca o abandonei, pois sempre fui seu eterno companheiro. Vigiem e orem lembrando-se do primeiro mandamento que diz: Eu sou o senhor teu Deus, não há outro Deus.”
O mago, pouco satisfeito com a resposta, voltou á carga: “Um novo jogo de palavras demagógicas e hipócritas que a mim não convencem. Mantenho a proposta de dois mil anos atrás: submeta-se a mim e ao meu principado, tolo e visionário profeta de Deus – que se julga capaz de novamente salvar a humanidade!”
Govinda, com ironia, retrucou: “Mefistófeles – o príncipe do mundo –, ou devo dizer Calígula, ou então Adolf, me mostre o seu vasto poder, pois palavras são apenas palavras. Conheço o passado condenável e cruel de sua corte da escuridão – uma história de mentiras, traições, assassinatos, torturas e roubos, desde tempos imemoriais, passando pela Palestina de Jesus, depois pela Roma dos Césares e chegando até a Berlim dos nazistas. Parece-me que sua personalidade narcísea, egoísta e cruel manifestada no período de 1933 a 1945 mudou ardilosamente, e agora você está travestido como um humilde e decadente mago negro – desterrado nesta pobre ilha! Alguém ainda acredita em você, Mefistófeles? Se alguém souber que o ordenador do holocausto judeu e criador de 22 campos de concentração, está nesta ilha, o que acontecerá com a sua desprezível vida, Adolf? Por que crer em você, Calígula? Aqui ao lado há um grande vaso de argila vazio. Se você é ainda tão poderoso quanto diz, entre neste vaso e se transforme em água pura.”
O mago então respondeu: “Finalmente, depois de séculos, tenho um adversário à minha altura – um paráclito da luz que trouxe de arrasto as trevas da noite sombria a este arquipélago! Maravilhoso espetáculo noturno! Jovem profeta de Deus, quando você relembra alguns de meus ilustres personagens do passado, como Calígula ou Adolf Hitler, eu fico agradecido e emocionado por sua gentileza extrema – que tomarei como uma pequena homenagem de um príncipe da luz e do espaço a outro príncipe da sombra e do mundo! Bem que, como o poderoso Adolf, tentei encontrar a “Arca da Aliança” para juntar o poder da luz com o meu poder das trevas, usando o ouro dos judeus para financiar algumas expedições e buscas em sítios arqueológicos ao redor do mundo – sem sucesso. O seu Deus fez a “Arca” desaparecer completamente! Hoje desejo apenas o poder das sombras, que é muito mais empolgante e saboroso. Muitos de vocês me julgam um simples e ignorante mago, porém eu sou um grande gênio político e militar – o maior de todos. Por isso me causa espanto que a Fundação Rockefeller tenha patrocinado o “Desafio dos Sábios” deste ano. Por que digo isso? Porque no início do século passado eu conheci o barão do petróleo, John D. Rockefeller, e alguns anos mais tarde o seu neto mais ilustre, o banqueiro David Rockefeller que, do alto do 56º. andar do Rockefeller Center, em Nova York, comandou o Consenso de Washington e a instalação da globalização econômica. Esse clã manteve relações comerciais e políticas secretas com a extinta União Soviética desde a Revolução Russa, numa atitude que pode ser considerada como paradoxal e aberrante. Seria lícito e correto que os maiores ícones do capitalismo selvagem mundial apoiassem secretamente um grande bloco comunista, que mais tarde seria o maior e mais perigoso inimigo dos Estados Unidos, durante a Guerra Fria?”
Diante da surpresa da multidão, o mago completou: “A história responderá a todos, ainda que a história das guerras seja escrita somente pelos seus vencedores – que são os maiores hipócritas do mundo. Por quê? Porque durante a consolidação do Partido Nazista, alguns anos antes da Segunda Grande Guerra, eu recebi em Berlim a visita de grandes empresários americanos e de altos emissários do governo dos Estados Unidos. Para quê? Para financiar o poderoso Partido do III Reich! Ideologia? Traição? Lucros? Não. Apenas negociatas de imperialistas que sempre envolveram lucros e traição. Quem traiu quem, afinal? E não me acusem de ter traído Iosif Vissarionovitch Djugatcvilli, o estadista conhecido como Joseph Stalin, porque eu apenas agi mais rápido do que ele! Governar é a arte de sujar as mãos com sangue, suor e lágrimas dos outros, sem sentir remorso. Stalin, Mussolini, Mao e Truman são bons exemplos disso. Eu fiz somente o que deveria ser feito para erguer uma nação que já havia sido derrotada na Primeira Grande Guerra e que além de punida e discriminada internacionalmente, estava arrasada moral e economicamente. Todas as mudanças geraram abalos e todas as guerras produziram vítimas – alguém pôde impedir isso? Eu escolhi cuidadosamente as vítimas de minhas intervenções e limpezas étnicas, raciais e religiosas. Eu cumpri apenas e tão somente a minha missão, e ainda creio que “o trabalho liberta”. Porém minhas forças militares foram derrotadas nos detalhes das batalhas finais e a queda aconteceu também porque o povo alemão não soube montar uma verdadeira resistência em torno de Berlim. Onde estão agora os grandes estadistas e mentores das maiores batalhas do século XX? Residem no limbo do esquecimento e debaixo da fria terra. Reconheço apenas o grande talento bélico de Frederico, o grande! Eu sobrevivi ao tempo e aos eventos da história, e continuo como o comandante supremo de outro tipo de força, graças a mim mesmo, como sempre! Saiba que em relação a nós dois existem muitas semelhanças e pouquíssimas diferenças. Temos a mesma origem, o mesmo trabalho e o mesmo gosto musical. A única diferença que existe entre nós é que estamos em lados opostos – apenas isso!”
Govinda, interrompendo a fala do mago, disse: “Você sempre foi um brilhante orador e um inigualável condutor de massas, que entre uma atrocidade e outra ouvia as belas melodias do genial Richard Wagner. O magnífico e solitário pintor de sóis silenciosos e girassóis de ouro, Vincent Van Gogh, compartilhava do mesmo gosto musical, porém nunca prejudicou ninguém a não ser ele mesmo – por sua incontrolável ânsia de ser reconhecido! Mas quanto a você, Adolf, eu sei que sua maior arma de poder foi sempre mesclar magistralmente verdades com mentiras. Realmente você lidou e conviveu com traidores de alto escalão, porém as vítimas de seu regime cruel eram pessoas inocentes! Quanta sapiência desperdiçada! Você tem a exata noção do que fez? Ou será a história do holocausto judeu uma sucessão de mentiras infames? O “Yad Vashem”, o Museu do Holocausto, existente em Jerusalém, será também uma farsa montada por seis milhões de vítimas? A diferença entre nós dois é a mesma que separa a luz da escuridão – e você é um renegado das sombras!”
O mago, a contragosto, falou: “Chega de aulas de história, pois não sou o seu professor e não devo satisfações a ninguém pelo que eu fiz no passado! Passado é passado! Agora, quanto a você, Govinda, tome cuidado jovem profeta, porque esta terra ainda é minha propriedade e ninguém faz nada que eu não autorize pessoalmente. Depois resolveremos como retirar essa névoa intensa trazida por você às minhas ilhas. Govinda, príncipe da luz, você me pede algo tão trivial e diminuto: transformar-me em água pura! É pouquíssimo para alguém que já fez proezas fantásticas ao longo dos séculos e que conquistou centenas de adeptos neste e no outro mundo. Você poderia me pedir um castelo real, terras, escravos, mulheres, moedas de ouro, poder sobre a escuridão e sobre os governos, exceto, é claro, o domínio do meu principado, que é intransferível e indivisível. Mas se esse é o seu singelo desejo, assim eu farei, como prova de nossa longa e sincera amizade! Porém, do mesmo modo que eu, você ficará obrigado a realizar um pedido meu, depois de eu realizar o seu desejo. Concorda com o pacto?”
Govinda de pronto disse: “Concordo com os termos do acordo!”
Com a ajuda de populares o mago entrou no grande vaso de argila e em segundos seu corpo avantajado desapareceu completamente no ar, e se transformou em água pura e cristalina. Ecoaram várias expressões de espanto e surpresa entre os populares, mas parecia que todos já estavam acostumados a espetáculos sobrenaturais como esse.
Govinda, com a maior frieza, tocou o vaso com a mão direita e exclamou: “Está escrito: “do pó ao pó”, porém eu agora digo: “da água à água”. Pelos próximos 56 anos o mago permanecerá aprisionado na forma líquida, porque as criaturas emanadas por Deus, podem ser transformadas e sublimadas se assim o desejarem, mas nunca destruídas. Assim será até o dia 11 de março de 2087, porque muitas são as possibilidades e poucos são os que se sacrificam pela vida, em um mundo tão impossivelmente instável e vulnerável, onde o futuro ainda a Deus pertence!”
Govinda então disse: “Tragam uma caminhonete e coloquem o vaso sobre ela, sem derramar uma gota que seja. Dirijam-se para o cais e despejem toda a água no mar, retornando com o vaso vazio. Estas são as instruções que devem ser obedecidas à risca.”
Quatro pescadores ergueram o pesado vaso e colocaram-no na caçamba do veículo que havia acabado de estacionar. Ao chegarem à beira do cais o vaso foi retirado pelos pescadores e seu conteúdo foi despejado no oceano. O vaso vazio foi colocado na caminhonete e o veículo retornou ao anfiteatro.
Govinda, observando a chegada do veículo com o vaso de argila, agora sem a água, disse: “Muitos dizem que uma gota de água no oceano não faz a diferença. Eu sou obrigado a concordar com isso, pois o mago transformado em água por sua própria vontade, agora não passa de uma gota no imenso oceano e não poderá mais fazer maldades ou conjurar demônios de qualquer espécie. Pois agora ele é apenas mais uma gota no oceano. Queimem o vaso, para que não seja objeto de culto, veneração ou maldição! Este episódio é uma lição para todos. Ouçam o que lhes digo: os homens bons, muitas vezes, devem ser astuciosos e engenhosos, além de prudentes. Os magos brancos têm sob seu comando anjos de luz. E os negros comandam demônios das sombras.”
Um dos pescadores, voltando-se para o médico com ar de ironia, falou: “Sou Paul, o pescador. Por acaso o mandamento que diz “Não matarás” não tem mais valor entre nós e pode ser violado impunemente por qualquer pessoa?”
Govinda, com o semblante sério, disse: “Paul, você sabe verdadeiramente quem eu sou? Quem foi que criou as leis e sistemas superiores de administração do cosmo? Foram os homens? Foram os anjos? Foi Deus? Ou será que tudo surgiu do nada?”
O pescador, irritado, respondeu: “Não sei quem é o autor ou criador do universo e suas leis! Sou um grande pescador e não um sábio religioso!”
Govinda então falou: “Eu também sou um grande pescador de almas e estou longe de ser um sábio religioso, pois sou a encarnação que sintetiza a compaixão, a sabedoria e a religião eternas! O roteiro de tudo é sempre uma obra de Deus e eu sou o regente de sua orquestra terrena! Será Deus, além de um genial autor e roteirista, também um poderoso assassino? Saiba que os assassinos que condenaram e crucificaram Jesus há dois mil anos, apesar de serem culpados, não foram punidos. Isso não quer dizer que seja permitido, aos olhos de Deus, que os homens se matem uns aos outros. Você é um pescador muito bem-sucedido, com esposa e filhos, além de ser possuidor de vários e modernos barcos de pesca, além de centenas de redes e armadilhas para capturar lagostas. Você não criou o mar, porém enriqueceu explorando suas riquezas naturais. Será que você é então um ladrão? Não, você é apenas um ignorante pescador, que armazena riquezas materiais e superstições, porque desconhece qual é a verdadeira fortuna. Porém, eu lhe pergunto: que valor tem coisas que podem ser roubadas? Elas não possuem nenhum valor! Por isso, você deve acumular e distribuir as riquezas imperecíveis e evanescentes, enquanto ainda há tempo para isso! É até comovente essa sua preocupação com o destino do mago negro, porém, preocupe-se mais com a sua família! Mas me diga Paul: onde estão os seus pais ou os seus irmãos? Quanto aos seus pais, sei que ambos já não estão mais entre nós. Seu pai foi um grande homem e nunca necessitou de sua ajuda. Sua mãe, entretanto, foi alguém que sempre lhe apoiou e na velhice extrema foi abandonada por você, morrendo vítima da pobreza e da doença. Diga-me Paul: quem é o responsável pela morte dela? Seriam as redes e armadilhas da vida?”
Paul, o pescador, visivelmente abatido e constrangido, baixou a cabeça e nada respondeu. Lembranças do passado lhe vieram à mente, e seu coração se entristeceu; mas ele não estava arrependido de seus maus atos e das graves consequências havidas. Sabia que o passado não podia mais ser modificado, do mesmo modo que sua incorrigível personalidade. Duas lágrimas solitárias e furtivas escorreram em seu rosto, mas logo secaram, pois para o rico pescador cada um deveria cuidar da própria vida, ainda mais que para ele, a morte de sua pobre mãe era uma inevitável estripulia do destino!
Govinda então disse: “O silêncio de Paul já disse tudo, exceto duas simples palavras – arrependimento e perdão. Mas para Paul ainda existe um amanhã, porque em seu passado remoto, apesar de filho de um pastor, ele foi um mecenas da pintura na Holanda, entre julho de 1880 e julho de 1890. Paul, que na época se chamava Theodore, apoiou e financiou seu atormentado irmão mais velho, Vincent Van Gogh, o pintor maldito, que em uma das 652 cartas enviadas ao próprio Théo, dizia: “Acabo de ler O Ano Terrível de Victor Hugo. Nele há esperança, mas... esta esperança está nas estrelas. Acho isso verdadeiro e bem dito e belo, aliás acredito nisto de bom grado. Mas não esqueçamos que a terra também é um planeta, por conseguinte, uma estrela ou globo celeste. E se todas essas outras estrelas fossem iguais!!! Não seria muito divertido, enfim tudo estaria por recomeçar. Ora, para a arte, precisamos de tempo, não seria nada mal viver mais de uma vida. E não deixa de ter seus encantos acreditar nos gregos, nos velhos mestres holandeses e japoneses continuando sua gloriosa escola em outros globos”. Terão a benevolência e a solidariedade humana de Théo se perdido em tão curto espaço de tempo entre uma vida e outra? Reflitam sobre isso e a respeito da benemérita missão de Théo, o nosso Paul, o rico pescador de hoje, pois o tempo é curto e as necessidades são infinitas!”
Govinda, tomando um novo fôlego, falou: “Seguindo adiante, explicarei aos presentes a transformação do dia em noite: nesse evento, o que ocorreu por dois minutos, foi um simples eclipse total de um sol criado temporariamente para iluminar este arquipélago, pois o Sol e a Lua que todos conhecem estão paralisados. Vejo que estão preocupados com a morte de um poderoso demônio – o príncipe do mundo! Seria mais justo que ocorresse o contrário e um homem justo fosse morto no lugar do demônio? No caso do mago negro não infringi o mandamento do “Não matarás”. Utilizei um pouco de astúcia para induzi-lo a se transformar em água pura e aquela pequena porção de água juntou-se à imensidão do oceano. Mefistófeles não foi destruído, apenas sofreu uma transformação voluntária de estado natural, pois a essência de tudo e de todos é indestrutível e apenas Deus pode dispor dela! A vaidade e a ânsia de poder desse demônio transformaram-no em um elemento natural – a água. Nunca cogitei me submeter à autoridade de Mefistófeles. Nem há dois mil anos e nem hoje. Mas fui obrigado, pelas circunstâncias, a fazer um pacto com ele e venci. Não creiam cegamente nas pessoas ou nos fatos. Na luta contra o mal, os homens bons necessitam de inteligência, força e astúcia. Fraqueza, hesitação e ingenuidade não produzem o menor resultado!”
Um mendigo, timidamente se aproximou de Govinda e disse: “Mestre, eu sou Peter, o mendigo. Foi-me ensinado que o céu se encontra no alto, no espaço longínquo, e que o inferno está aqui, abaixo de nossos pés. Será isto verdadeiro?”
Govinda, encarando com carinho o mendigo, falou: “Peter, você nem sempre foi um miserável, mas quando sua esposa e seu filho morreram em um acidente de barco no Canal da Mancha, sua dor e revolta foram tão grandes que você abandonou tudo o que possuía em Edimburgo e se exilou nesta pequena ilha – como um fugitivo. Deixou para trás o que você era e toda a vida que estava à sua volta. Onde estão agora os recitais de piano que você executava tão brilhantemente no Palácio de Balmoral? Em qual sótão abandonado ficaram as telas que você pintou? Você abandonou a grande ilha do colonizador, onde vivia em uma imensa fazenda escocesa – como um nobre –, para se estabelecer em uma paupérrima choupana tribal desta pequena ilha – como um pobre. Fugiu de tudo, menos das lembranças dolorosas que o perseguem incansavelmente, até hoje! Mas é melhor que neste momento eu responda à sua pergunta. Se o homem mandar um foguete para o interior do globo terrestre, em busca do inferno bíblico, encontrará muitos elementos químicos, água, minérios, calor, pressão, vapores extremamente intensos, além de ferro derretido no núcleo viscoso e de ferro sólido no núcleo fixo do planeta. Do mesmo modo se outro foguete for enviado para o espaço sideral, em busca do céu bíblico, se deparará com corpos celestes, planetas, cometas, meteoros, satélites, estações de pesquisa e lixo espacial. Os dois foguetes, por mais potência, orientação e autonomia de voo que tenham, não encontrarão nem o inferno e nem o céu citados na Bíblia. Não há nada embaixo, muito menos em cima do planeta. Tudo está bem ao redor do planeta Terra, em regiões invisíveis de outra dimensão, situada a apenas noventa centímetros de distância do solo terreno, onde as mais sombrias são denominadas “inferno” e as mais luminosas “céu”, não se atingindo nenhuma delas fisicamente.”
O padre católico, olhando fixamente para o médico, falou: “Na qualidade de sacerdote da Igreja, pergunto-lhe: o que um médico e hinduísta pensa em relação ao que tornou Jesus, o filho unigênito de Deus e o maior dos profetas, o sustentáculo do principal movimento religioso denominado cristianismo, por mais de 2.000 anos, apesar de todas as perseguições?”
Govinda, observando seu interlocutor, disse: “Nasci hinduísta e me tornei médico por amor ao ser humano. Devo fazer uma correção ao que disse o padre: Jesus não era e não é o filho unigênito de Deus, já que sua posição sempre foi a de filho mais velho de Deus – o primogênito desta humanidade pós-diluviana. Assim sendo, Jesus não é o filho único de Deus e todos os outros homens são seus irmãos menores. Se não fosse desse modo todos os demais homens seriam órfãos. Minha explicação será um pouco longa, porém objetiva. Nenhum profeta verdadeiro deseja a fama ou a adoração dos seus semelhantes, pois o mais importante é a missão a ser cumprida e não a vaidade ou a honra. Expressões como budismo, cristianismo, judaísmo, hinduísmo ou islamismo, são termos limitados e separatistas que, pretendem explicar como deveria ser o relacionamento dos homens com o Divino. As correntes religiosas são apenas aparências exteriores que encobrem o que é essencial e que deveria ser a meta, que é o relacionamento direto e pessoal do homem com Deus. Os profetas nascem, crescem e morrem como os demais homens; a diferença é a vida que levam e a mensagem que transmitem, ou o exemplo reformador que deixam na memória da humanidade. A missão específica de Jesus era em relação ao povo hebreu, povo que foi chamado para ser a luz do mundo e para mostrar a glória espiritual de uma raça conhecedora de Deus, mas que estava afastada do seu verdadeiro caminho, tendo perdido a sustentação e a custódia da verdade eterna de Deus. Os sacerdotes repudiaram o Reino de Deus e passaram a odiar Jesus por sua ousadia!”
O disco solar já ocupava o centro de um céu ainda azul, quando Govinda, vendo a ansiedade da incansável multidão a sua volta, encarou o padre católico e pôs-se a falar em voz alta: “Neste momento, deixo-lhes novamente um código moral, tão simples quanto importante, que foi transmitido por Moisés em tempos remotos e é de conhecimento de todos. São dez princípios morais muito simples, mas que a maior parte da humanidade insiste em não cumprir. A ninguém é dado o direito de abster-se de seu cumprimento, nem ontem, nem hoje e nem amanhã. Eu sou a arca sagrada da aliança, que guarda as duas tábuas, que dizem:
“Eu sou o Senhor teu Deus, não há outro Deus
Não farás imagens quaisquer, para as adorar
Não pronunciarás em vão o nome de Deus
Terás um dia, na semana, para descanso e recolhimento
Honrarás pai e mãe
Não matarás
Não cometerás adultério
Não furtarás
Não darás falso testemunho
Não desejarás o que é do teu próximo.”
O padre católico dirigindo-se ao médico, ironicamente falou: “Com que autoridade o senhor, um indiano herege, vem pregar nesta ilha a adoção dos 10 Mandamentos, que é algo exclusivo das sagradas escrituras cristãs e que não lhe pertencem? E como pôde então o senhor pronunciar outra heresia ao se considerar a sagrada arca perdida da aliança?”
Govinda de pronto respondeu: “A verdade pertence a todos, mas desde que creiam nessa verdade e a pratiquem! No princípio dos tempos, quando ainda havia a santidade original, a ligação com Deus era tratada no singular, ou seja, era designada “religião”, pois o conhecimento ainda era unificado e os homens estavam muito mais próximos de Deus. Com o passar das gerações e civilizações e a perda da santidade, o que era “singular” e único passou a ser “plural” e surgiram então diversas religiões – com vários rebanhos e diversos pastores –, cada uma delas com seus dogmas e filosofias muito particulares. O nobre padre acredita equivocadamente que as 10 Ordens Divinas são de propriedade dos cristãos, mas comete um pequeno engano considerando-se que esses ensinamentos foram transmitidos diretamente ao povo hebreu que os compilou em seu Pentateuco. A arca da aliança, construída há 3.000 anos pelos hebreus, para acondicionar as duas tábuas de pedra com os mandamentos, foi um objeto verdadeiramente sagrado – com poderes miraculosos de defesa –, mas que cumpriu sua finalidade e desapareceu do mundo físico. Se até mesmo os mais sofisticados cofres-fortes podem ser violados, onde, nos dias atuais seria possível e seguro manter-se a arca sagrada? Alguns morreriam e outros tantos até matariam por ela! A arca seria cobiçada, idolatrada ou adorada pelos homens! A arca só poderia permanecer em poder de um povo santo! E onde estão os santos, hoje? Onde? Eu sou o receptor e transmissor das 10 Ordens de Deus! Eu sou a arca viva da nova aliança de Deus com os homens!”
Govinda, sem perder o fôlego, novamente encarou a multidão e disse: “Eu é que lhes pergunto: a quem pertence a verdade? Aos homens, aos religiosos, aos anjos ou a Deus? Não me preocupo com críticas ou censuras. Dois mil anos depois do sacrifício de Jesus – o primogênito de Deus –, eu não vejo muitas mudanças positivas e sinto dizer-lhes que a humanidade cresceu apenas em termos populacionais e em tecnologia, resultando em devastação ambiental, desigualdades sociais graves, egoísmo extremo e apostasia. Por isso, as palavras de Moisés, Buda, Jesus ou as minhas têm o mesmo valor. Os homens ainda são os mesmos e os profetas também. Essas 10 ordens transmitem sempre a mesma e única boa verdade, que é fruto da inteligência, justiça e amor de Deus. Homens, anjos ou profetas quando estão investidos da autoridade divina não podem ser tratados como mentirosos ou plagiadores da verdade, pois são apenas mensageiros da vontade divina que não lhes pertence, mas é de propriedade de quem lhes enviou. Minha autoridade não vem dos homens ou dos anjos, tampouco dos papas ou dos sacerdotes, mas é emanada diretamente da fonte única, e eu sou o reflexo dela!”
O monge budista, aproximando-se novamente do médico, perguntou: “Mestre, a quem devo seguir: Moisés, Buda, Jesus ou Govinda?”
Govinda, olhando fixamente para o monge, disse: “Diga-me Premananda, o que ensinaram Moisés, o libertador, Gautama, o Buda, Jesus, o Nazireu e Govinda, o médico?”
O monge budista respondeu: “Ensinaram muitas verdades e transmitiram muita sabedoria aos povos que os acompanharam e ouviram.”
Govinda falou: “Transmitiram a mesma e única verdade, porém em épocas diferentes. Então jovem monge, eu lhe recomendo que continue seu caminho de renúncia e siga essa boa verdade que lhes trago novamente. Seja submisso a Deus e não aos homens ou aos rituais, mas fique atento porque o caminho da verdade é estreito. Apesar de todo o trabalho desenvolvido pelos grandes profetas, asseguro-lhe que a humanidade pouco evoluiu nestes últimos dois milênios, pois os homens ainda conservam o coração duro e a língua ferina. Do amor incondicional e universal que lhes foi dado gratuitamente, conhecem apenas o egoísmo do “amor próprio”. Não entendem que a mensagem do Evangelho ensina ao homem amar a Deus sobre todas as coisas e a seu próximo como a si mesmo.”
O rabino judeu, caminhando em direção ao médico, questionou: “Senhor Govinda, é louvável que em seus discursos apregoe a adoção dos 10 Mandamentos, como lei moral para toda a humanidade, nos dias de hoje. Os judeus há dois mil anos repudiaram Jesus e até hoje esperam a vinda do verdadeiro “messias”. Como representante do judaísmo nesta ilha, digo-lhe que somos submissos a Abraão, Moisés, Davi e Salomão. Por que haveríamos de aceitá-lo como um enviado de Deus se até mesmo Jesus – um legítimo judeu – não foi aceito como um profeta e muito menos como o esperado messias?”
Govinda, sem titubear, respondeu: “Não vim para judeus, cristãos, muçulmanos, budistas ou hinduístas. Vim para todos aqueles que desejam caminhar pela senda da verdade e da retidão e que clamam por justiça. Vim para os oprimidos e sofredores que querem se sentir filhos de Deus. Jesus foi odiado e rejeitado pelos doutores da lei, sacerdotes, anciãos e escribas do Sinédrio, e não pelo povo judeu. O problema do povo judeu naquela época remota foi ter confiado muito mais no poder da ação militar do que na força da fé. Há dois mil anos, quando ainda estavam sob o domínio de Roma, os judeus queriam um messias guerreiro para enfrentar os poderosos exércitos romanos. Entendam bem os sinais do declínio hebreu: primeiro houve a perda da arca sagrada da aliança com as duas tábuas de pedra da Lei; depois houve a rejeição e martírio de Jesus, o Messias, a palavra viva de Deus na Terra. Agora, quais serão os próximos percalços dos hebreus? Neste século XXI, estando libertos e em sua ancestral morada – Israel –, os hebreus se esqueceram da milenar fé em Deus, apostando totalmente no uso da força militar para resolver seus conflitos com os vizinhos. Poucos se dão conta de que está em curso, em Israel, uma catástrofe ambiental sem precedentes, onde se verifica que as principais fontes de água potável estão gradualmente secando. O mar da Galileia – um grande lago de água doce – situado no norte de Israel e seu principal afluente – o rio Jordão –, são os responsáveis pelo abastecimento de água potável de mais da metade da população israelense. Devido à prolongada estiagem dos últimos anos, o nível desses dois importantes mananciais está cada vez mais baixo. O nível do mar da Galileia vem baixando dois metros por ano, e se persistir a falta de chuvas, em 25 anos, tanto esse mar quanto o rio Jordão secarão. Será o fim do estado de Israel?”
Diante do silêncio sepulcral da plateia, Govinda completou: “Posso lhes adiantar que já não é mais possível suportar-se a névoa de arrogância, egoísmo e maldade que inunda a atmosfera emocional da Terra, apesar dos sutis eventos siderais ocorridos desde 2012. Essa invisível atmosfera negra tem provocado até graves desequilíbrios climáticos, que nada tem a ver com o aquecimento global. O ciclo de 33 anos, iniciado em 2012 – a partir do posicionamento do Sol no centro da galáxia –, e que será encerrado em 2045, foi a inédita ocasião para que o magnetismo do planeta diminuísse muito e permitisse a abertura das mentes humanas a novas ideias e conceitos emanados do centro galáctico. Dentre as pessoas que anunciavam o final dos tempos para o ano de 2012, devido a uma fantasiosa inversão do polo magnético do planeta, haviam poucos ingênuos e muitos charlatões, que acabaram desmascarados, já que os fatos sombrios previstos não aconteceram. Quem está apto a revelar com precisão o significado do calendário e das profecias do povo Maia? Nem mesmo os próprios Maias puderam prever e impedir a sua extinção! Transcorridos nove anos do início do novo ciclo, os progressos ainda são incipientes e desprezíveis. Devido a isso e por causa da súplica repetida dos poucos justos que existem no mundo, poderei ser obrigado a abrir mão da minha prerrogativa de “mantenedor da humanidade” e aceitar a sua destruição, desterrando impiedosamente os injustos e corruptos em um planeta ainda mais inferior e selvagem! Há muitos milênios aconteceu a humilhante expulsão de boa parte da humanidade da constelação de Capela, e seu envio gradual à Terra, como uma punição superior, para expiação de culpas e erros cometidos por esses irmãos capelinos. Será preciso que a humanidade terrena seja também expulsa daqui e baixe mais um degrau na escala evolutiva? Será necessário que a humanidade terrena seja destruída e enviada a um outro orbe mais selvagem e inferior, para finalmente aprender com sofrimento e dor, as lições que são oferecidas de graça? Será esta a única solução?”
O rabino judeu, sem demonstrar qualquer constrangimento, disse: “Senhor Govinda, rejeito expressamente suas opiniões a respeito do declínio de meu povo, bem como suas teorias sobre o ano de 2012 e o banimento da humanidade de Capela e seu envio à Terra. Devo reconhecer que jamais tive conhecimento disso ou da existência da Atlântida, e sou obrigado a declarar a todas as pessoas que aqui estão, que o senhor se superou em sua ousadia fantasiosa, e por tudo o que aconteceu até este momento, posso afirmar que o senhor é um louco perigoso, enviado não por Deus, mas por belzebu. O senhor não é um salvador, mas o destruidor dos homens – e seu manto profano é esse insuportável e negro nevoeiro das trevas!”
Nesse momento, Charles, o agricultor, gritou: “O único louco aqui é esse rabino fanático! Estamos cansados de padres, rabinos e feiticeiros que estão apenas em busca de riqueza e poder, enquanto mantém o povo na pobreza e ignorância!”
O padre católico, intervindo, visivelmente irritado, disse: “Todos vocês estão hipnotizados por esse homem, que se julga um profeta, mas que é um grande demônio embusteiro e a própria encarnação do mal – o Anticristo – que subiu do inferno em 2012. Amanhã esse ser maligno e pérfido irá embora e os deixará aqui, numa situação bem pior da que se encontravam antes de sua chegada a esta ilha. Ordeno-lhes que expulsem o Anticristo daqui, sob pena de excomunhão coletiva!”
Um marinheiro, saindo de onde estava e dirigindo-se ao médico, exclamou: “Eu não passo de um simples marinheiro que, depois de cruzar os mares por muitos anos, abandonou seu barco para se estabelecer nesta ilha. Sou conhecido por todos como Carlos, o “chef”. Muito embora eu não seja um religioso, peço a todos que a partir de agora não sejam mais ovelhas do rebanho conduzido por esse padre. Se alguém tiver que sair daqui, que seja esse triste padre. Dispensamos tanto sua unção quanto sua excomunhão!”
Govinda, em tom conciliador, falou: “Carlos, você fez uma boa escolha ao ficar do meu lado, porém eu lhe questiono: até quando? Eu sei que quase vinte anos atrás, você fez outra escolha muito mais decisiva e crucial na sua vida. Após a prematura e triste morte de sua esposa, você, corajosamente, abandonou tudo o que possuía no Brasil, e em seu possante barco, cruzou o Atlântico de Sul a Norte, até encontrar um refúgio seguro nesta paradisíaca ilha perdida. Tendo sido criado por sua mãe, em Portugal, sob os preceitos das “Testemunhas de Jeová”, o mandamento não escrito que você mais seguiu foi o da “liberdade” e por causa dele você percorreu Europa, América do Sul e do Norte. Entretanto, você cumpriu fielmente o 5º. Mandamento que diz: “Honrarás pai e mãe”. Hoje você é um talentoso e próspero proprietário de restaurante e um mestre da culinária portuguesa nesta ilha. Poucas pessoas no mundo poderiam ter a sua vida e a sua liberdade. Faça as escolhas certas e seja prudente!”
Govinda, encarando a multidão, falou: “Quanto ao padre, não se esqueçam das dualidades da vida. A sombra sempre se contrapõe à luz, já que é algo inevitável. O padre me considera o Anticristo. Mas eu lhes indago: existe um antideus? Não, não há. Nada pode se contrapor a Deus. E nem mesmo Deus pode se contrapor a si mesmo. Eu, do mesmo modo não posso ser o opositor de mim mesmo. Nem exercer as duas funções contrárias ao mesmo tempo: ou se é o Cristo ou se é o Anticristo. Todos sabem quem eu realmente sou! No princípio deste nosso encontro tínhamos cinco mil pessoas aqui à minha volta, que agora estão reduzidas a 4.999 com a súbita evasão do mago negro. Subtraindo-se mais dois opositores – o padre e o rabino – penso que temos aqui um total de 4.997 pessoas crédulas e interessadas nas minhas palavras. Se isto for correto, os incrédulos restantes estão liberados para sair deste local, com a advertência de que lhes foi dada a oportunidade de conhecer a verdade, mas ao recusarem-na, ficaram imediatamente sujeitos às consequências de seus atos.”
O marinheiro, olhando fixamente para Govinda, respondeu: “Eu não tenho propriamente uma religião, porém não sou um ateu. Não creio em superstições, magias ou adivinhações de qualquer espécie e é muito curioso que um médico indiano saiba tanto a respeito do mundo e da vida privada de tantas pessoas desconhecidas. Eu sou um cético que crê somente na alegria proporcionada pela liberdade e aventura, desde que se tenha posse dos recursos econômicos necessários para tal, já que ninguém vive de brisa ou de sonhos irrealizáveis.”
Govinda então falou: “Carlos, você é um homem que tem um pé na terra e outro na água, porém falta-lhe ter a cabeça no espaço e acreditar que além de todas as verdades, mentiras e prazeres do mundo, Deus impera soberano e presente. Quem permitiu que todas as coisas visíveis e invisíveis acontecessem? Deus! Lembre-se que existe apenas uma opção válida para o homem de qualquer sistema solar: ou se está com Deus, ou se está contra ele!”
O marinheiro, compenetrado, baixou o olhar para o solo e permaneceu em silenciosa concordância.
Repentinamente, no meio da multidão, foi ouvida uma pequena gritaria e em seguida observou-se que, pela primeira vez na história da ilha, o padre e o rabino – dois inimigos declarados – estavam lado a lado e, enquanto praguejavam em tom de revolta, abandonavam apressadamente o anfiteatro, diante dos gracejos e risos generalizados da multidão.
Govinda, com o semblante sério e dirigindo-se à multidão, falou: “Eu sou um médico da alma e um professor do mundo, por isso minha obrigação é ensiná-los. Todos vocês pertencem à 5ª. Raça-Raiz, a Raça Adâmica, que foi criada a partir de remanescentes da 4ª. Raça – o homem primitivo – que vinha evoluindo muito lentamente através da seleção natural na Terra. A esse contingente pouco desenvolvido somou-se uma grande legião de habitantes muito mais evoluídos, porém rebeldes, que foram banidos de Capela alguns milênios atrás, e que formaram os povos árias, hindus, egípcios e hebreus. Esses seres superiores vieram à Terra com duas finalidades – aprender e ensinar – já que apesar de todos os avanços espirituais e tecnológicos obtidos em Capela, uma parte de sua população havia decaído acentuadamente nos princípios ético-morais e havia a necessidade de uma reparação ou expiação coletiva.
O homem primitivo é representado neste planeta pelos povos aborígines que viviam em regimes tribais em vários continentes do globo, sendo que alguns evoluíram ao longo do tempo e outros não, sendo que estes últimos aborígines primitivos ainda são encontrados em vários continentes, vivendo em regimes tribais, à margem dos avanços científicos, médicos e tecnológicos do mundo moderno.”
Peter, o mendigo, interrompendo a explicação de Govinda, falou: “O senhor nos fala de um mundo chamado Capela, mas eu não o conheço. Quanto ao homem primitivo deste planeta, penso que nesta ilha ainda existem alguns representantes dele, porém a maioria da população é de origem européia. Mas o que é especificamente Capela?”
Govinda, encarando com suavidade o mendigo, disse: “Capela é um mundo material como a Terra e pertence a uma constelação superior que possui dois sóis brilhantíssimos, distantes 42 anos luz daqui. As poucas diferenças entre a Terra e Capela são que lá o ambiente não é tão inóspito, não há doenças fatais e a humanidade capelina apesar dos grandes avanços tecnológicos atingiu um bom nível de convivência natural e coletiva, podendo Capela ser considerada um “paraíso” devido à severa insolação provocada pelos sóis binários, que resulta em dias muito longos e noites curtíssimas. Os milhões de banidos de Capela não viajaram até aqui em naves espaciais, mas gradativamente faleceram em sua terra natal e nasceram na Terra. De todos os grupos rebeldes, os que deram origem aos egípcios eram os que possuíam as mentalidades mais avançadas, enquanto que os que originaram os hebreus eram os mais egocêntricos. Por outro lado os que formaram os hindus eram os mais soberbos e criaram as “castas indianas”, enquanto que os ancestrais dos árias – um pouco mais equilibrados que os demais – se ramificaram em povos celtas, latinos, gregos e germânicos. Um aspecto importante é que quando esses seres originários de Capela e seus descendentes terrenos tiverem aprendido suas lições de cooperação e humildade poderão retomar sua vida e evolução em Capela, mas em condições mais agradáveis e felizes. O mundo em que estamos – a Terra –, apesar das aparências, muitas vezes se assemelha a um parque de diversões e em outras situações mais se parece com um estabelecimento correcional, com suas divisões, barreiras e grades.”
Peter, o mendigo, animado com o que ouviu, disse em tom de resignação: “Senhor Govinda, sinto-me como um homem primitivo, sem condições de viver dignamente na Terra e muito menos em Capela, por isso gostaria de renunciar a tudo o que possuo e lhe seguir. Imploro-lhe que me aceite como um dos seus seguidores.”
Govinda de pronto falou: “Peter, eu sei sobre sua situação, mas quero saber o que é que você possui de mais precioso, pois os seus dois entes mais queridos você já perdeu. Responda-me e eu decidirei o seu destino.”
O mendigo respondeu: “Senhor, como já sabe não possuo bens materiais, sou muito pobre e sobrevivo da compaixão humana nesta ilha.”
Govinda logo disse: “Peter, como é que alguém que não possui nenhum bem material pode renunciar a ele? Não se renuncia ao que não se tem. Só se renuncia ao que se tem!”
O mendigo, um pouco triste, falou: “Realmente sou um miserável e nada possuo a não ser a minha própria vida.”
Govinda retrucou: “Então, Peter, vejo que você ainda tem algo de valor – a sua vida. Você renunciaria a ela e me seguiria? Você estaria disposto a morrer por mim?”
O mendigo, sem titubear, respondeu: “Sim. Estou disposto a entregar-lhe a minha vida. Porém que valor ela teria, se no final todos estaremos mortos!”
Govinda, com entusiasmo, falou: “Tudo o que acontece envolve o risco. Entretanto o trato está feito. Vejam vocês que me ouvem, que o mais miserável dos habitantes desta ilha e que um dia foi um nobre britânico está disposto a dar tudo o que possui inclusive a sua própria vida, em troca do caminho da verdade. Como não sou um negociante de almas, não estou entre vocês para subtrair o que não me pertence. Ele é um verdadeiro renunciante e receberá o seu galardão neste e no outro mundo. Sua recompensa, neste mundo, ficará por minha conta, pois não faço promessas vazias. Muitos de vocês desejam ser meus seguidores, mas estejam certos de que, verdadeiramente, eu é que lhes tenho seguido, por muitos e muitos séculos, até este momento de reencontro e julgamento. Jesus, quando esteve neste mundo há dois mil anos, também teve um discípulo chamado Peter, que foi considerado como a pedra sobre a qual estaria alicerçada a fé cristã! Neste caso, o nosso Peter será o sustentáculo de uma obra feita com pedras, argamassa, conhecimento e arte, cujos detalhes esclarecerei mais tarde.”
O monge budista então falou ao médico: “Mestre, meu nome é Premananda. Há alguma mensagem especial para nós desta pequena ilha, perdida na imensidão do oceano?”
Govinda respondeu: “Jovem monge, será que tudo o que lhes tenho revelado nestes últimos dias não é especial? Vocês não são especiais? Alguém ainda se sente perdido na imensidão do mar das dúvidas e incertezas humanas? Ainda assim, é bom que anseiem por boas verdades e caminhos virtuosos. De nada valem verdades que não conduzam a um bom lugar. De nada vale ao homem ter seu objetivo logo à frente, mas não ter a força necessária para alcançá-lo! Eu tive um motivo muito especial para vir até vocês nesta ilha. Uma grande parte de vocês se encontrava perdida, enquanto que uma pequena parcela estava adormecida, navegando em sonhos irrealizáveis, sob um intenso nevoeiro. Cada pessoa aqui presente está vivendo seus últimos dias neste mundo, isto é certo. Ou será que alguém entre vocês é imortal? Não esperem por terceiras e quartas chances, pois elas não virão! Estou fazendo soar a última trombeta – o aviso final! Vocês, neste exato momento, representam uma amostra de boa parte da humanidade – aqui temos pessoas de 49 países, de várias classes sociais e idades, em busca de compras, diversão e de conhecimento – e todos juntos são uma agradável amostra da humanidade! Agora eu lhes pergunto: o que tem mais valor para Deus, um pobre que fica rico ou um rico que fica pobre?”
O monge budista, adiantando-se aos demais, emendou: “Um pobre que fica rico!”
Govinda, encarando o monge, respondeu: “Para Deus certamente nenhuma das duas situações é relevante, pois o que importa não é a condição financeira dos homens, mas o que cada ser humano faz com os dons, talentos e riquezas colocadas à sua disposição. Não há nenhum tipo de predileção ou favorecimento divino a ninguém em especial. O que é dado ao pobre, do mesmo modo que o que é cedido ao rico será igualmente cobrado. Quem pouco recebeu será julgado pelos bons frutos que produziu em igualdade de condições com aquele que muito recebeu, pois o pouco ou o muito que Deus investe em seus filhos deve indistintamente ser bem aplicado e render benefícios aos demais. A pobreza não pode ser encarada como uma punição divina, do mesmo modo que a riqueza não é sinal de favorecimento de Deus. Tanto uma quanto a outra situação são apenas circunstanciais e necessárias a tipos diferentes de aprendizados. Ouçam e aprendam enquanto ainda há tempo!”
O escritor da ilha, aproximando-se de Govinda, disse: “Sou um escritor e meus pensamentos, ideias e estórias estão anotados nos meus registros, sendo que alguns já foram publicados e outros ainda o serão. Sei que profetas do passado fizeram muitas revelações e promessas – algumas se concretizaram e outras não. Muito do que eles disseram e fizeram foi deturpado e modificado por aqueles que escreveram sobre eles posteriormente, por ignorância ou má-fé. Como então garantir que suas palavras, exortações e revelações não serão perdidas ou adulteradas, pela oralidade da sua natureza?”
Govinda, com benevolência, falou: “Qual é o seu nome?”
O escritor então respondeu: “Meu nome é Vincent.”
Govinda, fitando o escritor, falou: “Vincent, livrei-o do enfadonho trabalho de escrever a biografia do príncipe do mundo, já que o imenso mar não necessita que alguém escreva sobre ele, pois seu desejo maior é apenas existir! Saiba que eu conheço sua vida e sua singular genealogia. Desta vez você nasceu no Brasil, de um ventre árabe, mas de pai judeu. Em sua linhagem ancestral, o patriarca é Abraão, mas a matriarca não é Sara, e sim Agar. Portanto, você descende de Ismael na linhagem materna e de Isaac na paterna. Você representa a união dos dois filhos de Abraão – Ismael e Isaac – e a junção tão desejada e esperada do povo árabe com o povo judeu! Não foi sem motivo que seu pai terreno, nesta vida, foi batizado com o nome de Isaac. Sua vida se parece com a vida de seus ancestrais: uma sucessão de lutas gloriosas com outras nem tão felizes. Na sua infância foi assombrado por terríveis pesadelos noturnos, enquanto que na maturidade, por três vezes, esteve às portas da morte, e milagrosamente se salvou. Para quê? Você sempre buscou em primeiro lugar manter a sua família em pé, mas nem isso conseguiu, e por duas vezes algumas pessoas lhe viraram as costas. Hoje, você não passa de um estrangeiro que vive só, anonimamente desterrado nesta ilha perdida, sem religião, parentes, recursos ou credibilidade, já que tudo o que possuía foi-lhe tirado impiedosamente! E para que isso fosse possível, bastou que a vida lhe ferisse exatamente em seus pontos fracos! Porém, ainda que caridoso e justo você se transformou em um homem sem posição social ou rumo – um facho de luz perdido em uma caverna! Poderia ter sido tanto um monge, quanto um general, mas o que você fez da sua vida? Não se sabe!”
Govinda, com indulgência, concluiu: “Vincent, só lhe restou escrever sobre suas memórias, aventuras e desventuras, e esperar pelo término de uma vida que para você não tinha mais sentido. Escrever, isso você sempre fez como poucos, desde a sua juventude. Compor uma obra literária – essa é a sua missão e sua tábua de salvação! Ainda bem que você busca a sabedoria antes da fama, por saber de antemão que a fama é algo ilusório e efêmero. Então, em retribuição ao trabalho que você realiza neste arquipélago, vou lhe dar algo valioso – uma simples oportunidade –, que nada tem a ver com riquezas ou glórias mundanas. Sei que todos o esqueceram, mas Deus não! Por duas noites consecutivas, a partir de hoje, às nove horas da noite lhe farei uma visita e juntos escreveremos exatamente tudo o que ocorreu nestes dias e algumas coisas mais. Se esse pequeno tempo não for suficiente, será aumentado. Concorda com a proposta?”
Vincent, sorridente, disse: “Não sei como é possível que alguém saiba tanto sobre a vida de outra pessoa, mas já estou me acostumando com suas revelações fantásticas. Será uma grande honra participar desse trabalho, ainda mais para alguém que estava esquecido e ilhado!”
A bióloga marinha, interrompendo o diálogo, aproximou-se timidamente de Govinda e disse: “Meu nome é Beatrice e trabalho neste arquipélago em estudos e pesquisas sobre os animais marinhos e seus ecossistemas, sob o patrocínio da Universidade de Oxford, desde que deixei Londres há pouco mais de cinco anos. Embora eu não seja uma especialista em pesquisas climáticas, não encontrei nenhuma explicação científica plausível para a presença desse intenso nevoeiro, em pleno verão, bem como para o também inexplicável bloqueio das comunicações. Qual é a sua explicação para esses fenômenos misteriosos?”
Govinda, encarando com benevolência a bióloga, respondeu: “Seu trabalho revela que você tem preocupações justas e nobres com os animais, à semelhança de Francisco de Assis – um notável religioso italiano, que a Igreja Católica santificou por sua vida peculiar e ferrenha defesa dos animais e da natureza. O jovem Francisco foi um grande exemplo de abnegação e amor incondicional aos animais, que por sua humildade e desapego extremos, jamais aceitaria o título de “santo”. Deus é quem elege os seus santos e não os homens! Porém devo reconhecer que Francisco teve de fato uma vida santificada!”
A bióloga imediatamente respondeu: “Não posso negar a veracidade de suas palavras em relação a mim, pois sou realmente uma devota de Francisco de Assis, por seu exemplo de vida e não por sua santificação religiosa, pois não sei quem é santo ou demônio neste mundo tão relativo. Mas até este momento o senhor não respondeu à minha pergunta.”
Govinda então emendou: “Seja paciente e aguarde o momento certo que as respostas virão. Parece-me que você se esqueceu da estreita convivência que teve com Francisco, em Assis, na Itália, quando você se chamava Clara. Por isso recupere o tempo perdido e estude a sagrada vida de Francisco de Assis ou a de Clara, que assim você obterá muitas respostas e algo mais inefável para aliviar as suas dores mais profundas. Faça o que eu lhe digo que logo você perceberá mudanças em sua enigmática vida. Entenda que do mesmo modo que a vida não é tão real quanto parece, a fantasia não é tão ilusória quanto se apresenta aos olhos humanos. Há na realidade uma pequena parcela de fantasia. E existe também na fantasia uma pequena fração de verdade!”
A bióloga baixou a cabeça e duas pequenas lágrimas desceram pelas maçãs do seu rosto e caíram silenciosamente no chão.
Uma cantora aproximou-se de Govinda e sorrindo disse: “Senhor Govinda, tenho acompanhado suas exortações e ensinamentos e percebo que suas intenções são as melhores possíveis. Então me diga: como eu posso ajudá-lo em sua difícil e longa tarefa no planeta Terra?”
Govinda falou: “Finalmente você chegou até mim, Katy! Mas saiba que seu indisfarçável brilho fez com que você sempre estivesse em destaque sob os meus olhos, séculos após séculos.”
Katy, a cantora, então disse: “Tem sido emocionante ouvi-lo todos estes dias. O que está acontecendo aqui é um momento único e que talvez nunca mais se repita. Ainda assim quero ajudá-lo!”
Govinda, sorrindo, falou: “Saiba que quem você é e o que você faz é o que me basta! Falar sobre a vida de uma personalidade pública como você, é muito fácil. Mas alcançar seu passado remoto e desconhecido publicamente, cabe apenas a mim. Você é uma sonhadora que realiza seus desejos mais íntimos. Mas existem sonhos recorrentes e indecifráveis, a respeito de lugares e de pessoas de outras épocas, que você pode apenas vivenciá-los, mas não entendê-los ou realizá-los, pois são somente lembranças e alertas de um saudoso passado que não pertence a esta vida que conta com apenas 36 anos de existência.”
A cantora, com um raro brilho em seus olhos azuis, encarou Govinda com suavidade e disse: “Eu tenho a impressão de que o conheço há muito tempo e que o senhor me conhece até mais profundamente do que o meu próprio pai. Agora, quanto aos sonhos noturnos que tenho, repetidamente, nunca os revelei a ninguém!”
Govinda de pronto falou: “Entre 1374 e 1347 a.C., você foi a alta sacerdotisa egípcia Jezebel, da dinastia do Faraó Akhenaton, em Tel-el-Amarna, onde se cultuava o deus Aton (o Sol). E entre 521 e 486 a.C., você foi uma grande dançarina no palácio de Persépolis, conhecida como Sherazade, durante o reinado de Darius I, que organizou o Império Persa, onde se incluíam nações como a Síria, Palestina e Egito. Essas vidas e outras posteriores a marcaram de um modo doce e profundo, do mesmo modo que as ondas do mar azul.”
A cantora, com surpresa, disse: “Agradeço-lhe muito por ter me revelado o significado desses sonhos indecifráveis. Agora tudo está muito mais claro para mim. Realmente o senhor é um ser extraordinário – que é ao mesmo tempo real e sobrenatural. Eu sempre acreditei em Deus, independente de religiões, e nunca exigi nada dele. Hoje estou frente a frente com ele, revestido de uma forma humana tridimensional. Não sei mais o que dizer!”
Govinda então falou: “O transatlântico da Royal Caribbean que a conduziu até aqui e onde você realizou algumas apresentações musicais, ainda está atracado na baía de Saint George, impedido de sair pelo intenso nevoeiro. Por quê? Por que este nosso encontro teria de se realizar no dia marcado e nenhuma pessoa ou força poderia retardá-lo ou impedi-lo! Saiba que poucas vezes Deus recebe alguma coisa boa dos homens e geralmente é alvo de reclamações e pedidos, muitas vezes injustificados. Mas no seu caso é completamente diferente, pois você está sempre pronta a ajudar ao invés de simplesmente pedir. Eu é que lhe faço um simples pedido: ensine canto a crianças carentes, ainda que o tempo pareça ser escasso. A sua missão se resume a isto: seja quem você é e faça o seu maior trabalho coletivo que é cantar. Utilize sua doce e poderosa voz sussurrante interpretando belas canções, que além de encantar a todos demonstram repetidamente que você é a cantora popular com mais dotes clássicos que já existiu. Poderia ter sido uma grande cantora lírica ou gospel, mas acertadamente tornou-se uma artista do seu tempo – fiel às suas raízes e a Jesus –, e fantasticamente popular! Em troca disso eu lhe tenho dado algo imprescindível: saúde!”
Govinda, fitando com suavidade a cantora, arrematou: “Muitos homens e mulheres de fé alardeiam que “Deus é Fiel”, porém isso é absolutamente inconveniente e desnecessário. O problema não está na fidelidade divina – que é indiscutível –, mas reside na assombrosa infidelidade humana em relação a Deus que, por sua vez, dispensa a publicidade e deseja apenas ações concretas e corretas dos homens. Mas quanto a você, Katy, saiba que eu estarei contigo, dentro de seu coração e à sua volta, esteja você longe ou perto. Sempre!”
A cantora ouviu todas as palavras que foram ditas, mas emocionada, se manteve em silenciosa sintonia com o infinito, que lhe parecia cada vez mais íntimo, próximo e revelador.
Govinda, encarando agora a multidão, falou: “Esta pequena ilha se parece com um seleto paraíso de reclusos ou exilados, que aqui vivem sob a atração irresistível de forças incontroláveis – uns simplesmente porque aqui nasceram, outros porque precisavam de um esconderijo seguro para a vida, e outros tantos chegaram em busca de um novo lar e da renovação de suas esperanças em relação ao mundo. Um traço em comum entre esses componentes do grupo é que no passado todos foram personalidades que influenciaram a história da humanidade – cada um do seu modo peculiar! Porém, neste momento, o que mais me chama a atenção é um pequeno e formidável grupo de quatro mulheres que aqui se formou e que representa a essência do que espero de todos os homens: amizade, dedicação, trabalho e superação. Os nossos personagens principais são: um brilhante advogado e orador que a coroa britânica nomeou prefeito; um músico jovem e esperançoso a caminho da maestria; um fotógrafo sensível e desbravador em busca da terra prometida; um barqueiro sonhador navegando em águas bravias a procura de um porto seguro; um agricultor sofrido cujas lágrimas enfim secarão; uma juíza íntegra e humana que mesmo tendo sido rainha, ainda está cercada por papéis, injustiças e inimigos por todos os lados; uma florista corajosa e sofrida que um dia agradou a um rei e hoje voltou a sorrir; um pescador ressentido que não aprendeu a conjugar o verbo perdoar, mas ainda assim foi perdoado; um nobre mendigo que amou muito mais aos seus entes queridos do que a si mesmo e à sua arte; um padre descrente e renegado; um rabino orgulhoso e anacrônico; um intrépido marinheiro que ainda navega solitário em busca da verdade; um monge altruísta e desapegado a caminho do reino celestial; um escritor desterrado e injustiçado que a misericórdia divina levantou dos mortos para ser arrebatado; uma ousada, contestadora e desiludida bióloga marinha, cujo grande amor é dedicado muito mais aos nossos gentis animais do que aos homens; e por fim uma bela e talentosa cantora que usa sua refinada arte muito mais para dar do que para receber. Quanto ao sanguinário e cruel mago negro – ele já não faz mais parte da espécie humana! Seria o caso do sacrifício de “um por todos” onde um único homem pagaria pelos pecados de toda a humanidade? Não, não seria, pois homens cruéis fizeram isso com Jesus – o homem mais justo que já andou pela Terra! O carrasco nazista foi sacrificado por sua ambição desmedida e seus intermináveis crimes! Seria a justiça divina cega, surda e muda? Não! Dentro de poucos instantes, se juntará a nós, um menino aleijado, que em sua vida anterior a esta ganhou fama, poder e dinheiro, mas morreu de modo trágico.”
A bióloga, com uma expressão mais serena no rosto, perguntou: “Podemos saber qual é a relação existente entre as pessoas citadas e os fenômenos estranhos desta ilha?”
Govinda então respondeu: “Todos vocês logo saberão o que precisam saber! Diga-me Beatrice, a liberdade absoluta existe?”
A bióloga então sussurrou: “Sim.”
Govinda, sorridente, disse: “Não, não há liberdade absoluta. Até mesmo Deus, o senhor absoluto de tudo e de todos – que não nasceu, não cresceu e não morrerá –, ainda que seja o princípio único da vida e liberdade, está preso a si mesmo, à sua natureza, imortalidade, inteligência, poder e obra – a criação –, não podendo desse modo apartar-se daquilo que lhe é característico e peculiar. Deus não tem a liberdade de renegar ou contrariar o que ele é de fato! Quem de vocês se julga um ser realmente livre? Neste exato momento desafio qualquer um de vocês a abandonar esta ilha e chegar em segurança a Nova York, Washington, Miami, Porto Rico ou Bahamas! Quem se arriscará nessa travessia suicida, sabendo de antemão que ninguém pode chegar ou sair deste arquipélago e ainda permanecer com vida? Existe a utopia da liberdade total e absoluta? Terá o mundo a liberdade extrema de salvar-se a si mesmo?”
Subitamente, tanto a bióloga quanto a multidão, mantiveram-se em silêncio e as palavras de Govinda ressoaram por todos os cantos do parque – soberanas e irrepreensíveis.
Um menino aleijado, acompanhado do pai e sentado em uma cadeira de rodas, aproximou-se de Govinda e disse: “Se o senhor é de fato um enviado do criador, tenha misericórdia de mim e cure a minha deformidade física, pois nasci com ela e isso é um grande peso na vida de meus pais e um transtorno para mim – preso a esta cadeira de rodas por quase onze anos. Quem é o culpado por essa provação: eu ou os meus pais?”
Govinda, com o semblante grave, olhou para o menino e falou: “Me diga o seu nome.”
O menino então respondeu: “Renan.”
Govinda então disse: “Se neste arquipélago só restasse você, toda a humanidade certamente estaria perdida e sábado próximo seria o último dia da vida humana sobre a face da Terra. Aos olhos de todos os seus semelhantes você é um inocente menino que nasceu aleijado – sendo objeto da piedade e da condescendência alheia. Mas aos olhos de Deus você não é um inocente! Veja que nem mesmo Mefistófeles – o mago negro – interessou-se em curá-lo de sua deformidade física, pois para tudo há um limite e um preço final.”
O menino murmurou: “O diabo não me recebeu e Deus também me despreza. Pago por uma culpa que não é minha.”
Govinda falou: “O Renan que todos estão vendo – com o corpo todo retorcido e preso a uma cadeira de rodas – nem sempre foi assim. Em sua vida anterior a esta, vivia gloriosamente no vasto país sul-americano, quando, aos quarenta e sete anos de vida, morreu vitimado por um acidente com o seu pequeno avião que, após uma pane, se chocou violentamente contra o solo e explodiu – no fatídico dia onze de outubro de dois mil e nove.”
O menino, inconformado, respondeu: “Não posso acreditar nisso!”
Govinda emendou: “Eu sei que você sempre tem pesadelos noturnos. Diga-me Renan: quais são as imagens que você vê nesses sonhos?”
O menino disse: “Eu me vejo pilotando um pequeno avião, que subitamente cai e explode em uma área verde. Depois disso eu acordo e me sinto muito triste.”
Govinda, acenando com a cabeça, em tom de aprovação, ma simples oportunidade -m uanto que na maturidade, pomenscompletou: “O acidente fatal na região sul do Brasil foi apenas o término da vida de um homem brilhante e bem-sucedido materialmente, mas que decaiu gravemente nos aspectos humano e espiritual. Aquilo que nenhuma pessoa ou instituição conseguiu fazer para detê-lo, finalmente a vida, através da Lei do Equilíbrio, executou fielmente, no momento em que você deu seu primeiro passo em falso – e a isso se dá o nome de justiça. Justiça também se fez a partir de seu novo nascimento nesta ilha, em onze de outubro de dois mil e dez – exatamente um ano após a sua morte –, quando lhe foi dada a imediata oportunidade de expiar suas faltas, com as ferramentas corporais mais adequadas ao seu longo aprendizado moral e à sua futura e distante cura.”
O pai do menino, intervindo, falou: “Meu filho lhe pede a cura de sua deformidade e o senhor diz que a própria deformidade faz parte da cura. Isso é algo absurdo. Onde estão então os milagres e as curas sobrenaturais? Onde?”
Govinda, resignado, falou: “Poucas vezes alguém morre tão violentamente e doze meses depois já está tendo uma nova oportunidade de viver – o caso de Renan é uma exceção à regra e a realização de um milagre. Vocês deveriam ficar agradecidos e não revoltados pela nova oportunidade dada a Renan para consertar seus erros passados – que não são poucos. Ou seria melhor que Renan permanecesse na zona astral, indefinidamente, até algum dia poder renascer na Terra?”
O pai do menino, boquiaberto, disse: “Não posso ser grato a alguém que me deu um filho deformado. Como o senhor pôde fazer isso?”
Govinda emendou: “Em Deus não há espaço para a hipocrisia ou para o remorso! As deformações de caráter não se apagam facilmente. Saiba que nem todos os que fizeram o que Renan fez, puderam sair do estado de torpor ou sono inicial pós-morte que dura três semanas, para logo receber socorro e tratamento espiritual em clínicas astrais especializadas. Por que dei a ele uma nova e rápida chance de nascer de novo? Por dois motivos. Em primeiro lugar para atender a um pedido de uma pessoa justa e condescendente que conviveu com Renan e que teve uma formação militar como a dele, e que apesar de ser mais experiente do que Renan, esse homem sempre trabalhou corretamente sob suas ordens, por nove longos anos. Ao lado de muitos outros, no primeiro ano do novo século, ele também foi embora desiludido com o maquiavelismo utilizado por Renan e por seus novos patrões. Mas Renan permaneceu naquela grande instituição financeira – que foi seu primeiro e único emprego –, que nasceu sob o controle do governo estadual, passando para a União e ficando por último sob o domínio de um poderoso e agressivo grupo financeiro europeu. A última homenagem que Renan recebeu dos inimigos estrangeiros a quem se aliou, foi uma bela coroa de flores, depositada marcialmente em seu triste e frio túmulo – nada mais! Renan recebeu uma nova chance de viver porque foi um bom marido e pai, e possuía um grande potencial humano e intelectual que, desgraçadamente, foi desperdiçado por seu egocentrismo e egoísmo extremos. Renan deveria ter sido um general, mas assim como o seu subordinado caridoso, não se interessou em ingressar em uma academia militar, preferindo o caminho mais curto e equivocado da formação militar paralela e de menor importância. Ainda assim, com insistência e competência Renan exercitou o seu amor às armas e à alta estratégia de defesa nacional em funções destacadas e de reconhecimento governamental.”
Govinda, tomando um novo fôlego, disse: “Será que um verdadeiro general abandonaria seus soldados ou venderia a sua tropa aos inimigos para se manter no poder? Um autêntico líder trairia um grande grupo de comandados, para beneficiar um pequeno séquito de bajuladores? Pode alguém que é pago para proteger dignitários, ameaçar, anonimamente, os seus protegidos? O governo que Renan servia, vendeu para estrangeiros a poderosa instituição financeira que ele protegia; logo depois, Renan, como bom aluno, seguiu os mesmos passos maculados e infames de seus professores e negociou também os seus próprios comandados, para se manter no poder. Renan não era e não agiu como um autêntico general. Se Renan e seu subordinado benfeitor tivessem seguido fielmente a carreira militar correta, sem desvios, ambos atingiriam o generalato – primeiro o subordinado e depois Renan – porém a história que os dois escreveram, conduziram-nos a caminhos coincidentes, ainda que com resultados opostos.”
O menino, confuso, retrucou: “Meu corpo padece de uma doença, porém esse homem que o senhor descreve não existe dentro de mim!”
Govinda, em tom conciliador, falou: “A verdade nem sempre é agradável ou construtiva, mas ela é transformadora. Se você, ainda menino, tivesse a plena consciência de sua vida anterior no Brasil, certamente ficaria até mais decepcionado e deprimido, ou até mesmo louco. Seus sonhos recorrentes são apenas fragmentos mentais que lhe acompanham até hoje, como um sinal de alerta. Não culpe Deus por sua deformidade física, pois ela é resultante da morte violenta que você teve e dos efeitos da Lei de Equilíbrio, que você violou repetidas vezes. Dotado de uma forte estrutura corporal, você foi mergulhador, paraquedista e aviador. Entre uma atividade saudável e outra, o condecorado professor realizava a sua escalada social, financeira e profissional, apadrinhado pelos poderosos e odiado pelos mais fracos. Nunca mediu esforços para conquistar os seus objetivos e passar por cima de leis, regras, obstáculos e pessoas. Buscou freneticamente poder, dinheiro e fama – conquistou todos os três. Você mantinha uma impoluta e vencedora imagem pública entre civis e militares, enquanto que, em particular, agia de modo sombrio, mesquinho e hipócrita, sempre tirando vantagens indevidas das funções que desempenhou, à semelhança de um psicopata amoral, frio e calculista. Onde foi parar o fã de Camões e admirador de “Os Luzíadas”, que transformou sua vida em uma epopéia também grandiosa e heróica? Foi parar no limbo nebuloso das incertezas e ilusões perdidas, de onde as rezas, os padres e os santos de pedra não puderam livrá-lo, porque o gênio do bem se tornou o gênio do mal. Quem ou o que você era pode ser sintetizado em apenas quatro palavras: renomado, transgressor, ganancioso e vazio. Nesta sua nova vida, até mesmo o demônio Mefistófeles apartou-se de você porque não desejava concorrência, ainda mais vinda de um inteligente e sorrateiro traidor, agora travestido na figura de um menino aleijado!”
O pai do menino, encarando Govinda, falou: “Não aceito o que o senhor fez com o meu filho e peço-lhe que desfaça tudo o que fez!”
Govinda, com a fisionomia séria, aproximou-se da cadeira de rodas e encostou sua mão direita sobre a testa de Renan. Instantaneamente o menino emitiu um longo e profundo suspiro, fechou os olhos e tombou a cabeça para o lado direito – morto.
O pai do menino, inconformado, gritou: “O senhor matou o meu filho!”
Govinda disse: “Eu atendi ao seu pedido de desfazer tudo o que havia sido feito.”
O pai do menino então falou: “Eu não pedi a morte de Renan. O senhor é um assassino. Um assassino!”
Govinda então respondeu: “As pessoas tem um péssimo costume de pedir as coisas e depois de consegui-las se mostram arrependidas do que conseguem. Agora, Renan retornou ao lugar de onde havia saído, conforme pedido de seu próprio pai. Se até mesmo demônios, santos de pedra e velas acesas dão a impressão de realizarem desejos humanos, o que se esperará do próprio Deus?”
O pai do menino, arrependido e com lágrimas nos olhos, disse: “Gostaria que o senhor trouxesse meu filho de volta. Por favor, faça isso, pois eu não sei mais viver sem ele!”
Govinda tocou novamente a testa de Renan e alguns segundos depois o menino recobrou a consciência e a vida que lhe haviam subitamente abandonado.
O menino abriu os olhos e então falou: “Eu sonhei que estava em um lindo e florido jardim. Porém eu era um homem adulto e muito alto. Ao meu lado estava Govinda, que me falava muitas coisas importantes e eu concordava com elas, até que de repente ele me disse que eu deveria voltar. Tudo escureceu e eu acordei novamente sentado nesta cadeira de rodas.”
O pai do menino, abraçando-o fortemente e olhando para Govinda, disse: “Obrigado por atender ao meu pedido, já que agora tenho o meu filho de volta, ainda que aleijado! É um milagre de Deus!”
Govinda, observando pai e filho, arrematou: “Agora, vocês dois devem parar de reclamar e se preocupem em carregar as suas próprias cruzes até o dia final, mas antes disso limpem os seus corações de todas as manchas que lá existem. Ainda que Renan seja apenas um menino, saibam que este é o único caminho para ele e o início do milagre de sua cura. Vivam essa nova vida, esqueçam o passado, mas não cometam os mesmos erros! Eu poderia curar todos os aleijados e doentes do mundo, instantaneamente. Mas a justiça que eu mesmo criei não funciona desse modo! A mim sempre cabe dar-lhes as melhores oportunidades, para que vocês mesmos se curem e se levantem após os seguidos tombos propiciados pela vida! Aprendam a oferecer a Deus alguma coisa boa, antes de fazerem seus pedidos. Peçam a Deus simplesmente “oportunidades” de poder amar, ser amado, ser feliz, ser saudável, ser próspero, ser criativo, que a partir daí, vocês mesmos é que construirão as situações desejadas, com méritos e sem milagres! Renan, ao contrário do que parece, possui talentos encobertos, além de cordas vocais, diafragma e pulmões invejáveis, e com o treinamento correto se transformará em um grande tenor, que será conhecido internacionalmente como “o rouxinol do Norte”. Mais adiante direi o que se fará com esse belo talento musical.”
O menino e seu pai, resignados e em tom de aprovação, baixaram a cabeça, calados e absortos em seus mais profundos pensamentos.
Govinda, dirigindo-se agora para a multidão, disse em voz alta: “Amigos, aprendam com os erros alheios e não subestimem o poder da justiça de Deus. Renan terá novos sonhos reveladores e ao enxergar o mal que semeou no passado, entenderá e aceitará o seu calvário pessoal. Quanto às questões levantadas pela bióloga marinha sobre a relação existente entre as pessoas desta ilha, o forte e persistente nevoeiro, o bloqueio das telecomunicações e o isolamento total das ilhas, eu sei que elas foram respondidas parcialmente. Então, em meus últimos momentos nesta ilha, todas as dúvidas serão esclarecidas, por isso às nove horas da noite de sábado, retornem a este parque, para a conclusão de nosso encontro. Vincent e eu ainda temos trabalho. Boa noite a todos!”
...
Ainda na noite de quarta-feira, Govinda e Vincent, reunidos, iniciaram a elaboração do histórico dos eventos ocorridos na ilha nos últimos quatro dias – palavra por palavra –, cujo texto foi digitado por Vincent e gravado em um pequeno disco magnético. As gravações em áudio de todos os eventos dos dias anteriores feitas por Vincent facilitaram o resgate fiel de todos os acontecimentos, palavras, discursos e opiniões. A formatação do texto escrito com suas entrelinhas e pensamentos não verbalizados foi uma obra realizada a quatro mãos. Estava em curso o registro escrito de um novo fragmento da doutrina da verdade, segundo Govinda.
Encerrada a parte inicial da formatação da narrativa, Govinda dirigiu-se a Vincent nos seguintes termos: “Vincent, amanhã, quinta-feira, durante o dia não poderei ser encontrado na ilha, pois tenho assuntos urgentes a resolver no mundo exterior. Desse modo, na noite de amanhã, nos reuniremos para prosseguir com a escrituração iniciada hoje. Até amanhã.”
Vincent, um pouco confuso, respondeu: “Entendi. Amanhã à noite voltaremos a nos encontrar. Sei que barreiras, muros, prisões, tempestades, furacões e nem mesmo o tempo, o espaço e os homens são capazes de obstruir suas ações. Por isso não irei questioná-lo sobre como fará para sair das ilhas. Então boa viagem e até amanhã, senhor!”
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oi, meu amor.
depois de tantos anos, te apresento meu tumblr kkkkkk não se preocupe em ter vergonha de eu estar expondo meus sentimentos aqui, a maioria dos meus seguidores são gringos.
eu ia te fazer uma playlist, mas foi só baixar o Spotify que eu dei de cara com a nossa playlist. Eu já tenho, então não seria uma idéia muito original... enfim, eu estou aqui apenas pra listar algumas coisas.
número 1: O jeito que você faz eu me sentir.
Eu não vou mentir, você faz eu me sentir como uma pessoa deitada em uma nuvem às vezes. Admirando um horizonte lindo, me sentindo a rainha do mundo, mas com medo de cair.
Mas em geral, você faz eu me sentir protegida, como se eu tivesse um anjo no meu ombro que vai cuidar de mim. E eu também quero fazer você se sentir cuidada desse jeito.
Você as vezes faz eu me sentir como se tivesse em uma corrida de racha, toda elétrica, adrenalina correndo nas veias e o coração disparado. O sangue fervendo. Eu amo sentir isso, sinto principalmente quando você me olha daquele jeito... Ou me beija. Me sinto em uma corrida, aonde não importa o resultado, eu sou uma vencedora. Estar perto de você faz eu me sentir uma campeã, uma n°1.
Número dois: Seu jeitinho.
Eu amo que você tem um jeito único. Você é única em dois bilhões. Não tem ninguém igual você, com seu sorriso, suas dancinhas, seu jeito maluco, engraçado e bobão. Sua proteção com tua família, com os amigos, comigo. Com todos a sua volta. Isso é algo raro, seu carisma, seus atos, é tudo único. É tudo só seu. Eu nunca vou encontrar alguém que faça minha mente turbilhar como você faz, nunca vou assistir um sorriso tão bonito. Você tem algo especial, que todo mundo percebe, quem não se encanta, inveja. Eu tenho tanta sorte de ter podido te conhecer de tão perto. De ver todas as mínimas coisas que ninguém percebeu, de ver que você não é única só nas maiores coisas, como nos detalhes.
"Eu não tenho fé nos céus, mas tenho fé em você."
número 3: nossa amizade.
Eu amo ter a melhor amiga do mundo. Eu amo que a gente se zoa, brinca uma com a outra, debocha uma da outra e ta tudo bem. Você sabe literalmente TUDO da minha vida. Todas as coisas que eu tenho medo de falar em voz alta, às coisas que eu acho que se eu falar talvez seja demais, você escuta e conversa comigo. Você é meu colo, minha família. Eu me sinto aliviada em poder ter um diário, uma caixinha de segredos, que eu posso compartilhar todas as minhas agonias, meus receios e ser acolhida. Você é uma pessoa muito acolhedora.
Espero sempre poder te trazer um pouco de paz, de afeto e lógico tirar uma com a sua cara. Obrigada por ser minha pessoa, minha melhor pessoa. Minha pessoa favorita na terra.
Em 2015 eu dizia que eu não confiava em ninguém. De Luna, você é a pessoa que eu mais confio no universo.
Confiei a você meu corpo, minha alma, minhas seguranças, minha parte mais bonita e a mais feia. E não me arrependo nenhum segundo.
número 4: suas qualidades.
Sua determinação. Sua lealdade. O fato de você ser uma das pessoas mais engraçadas do universo. Sua inteligência. Sua bravura. Sua escrita que é extremamente detalhada e gostosa de se ler (aliás, você sempre procura com paciência detalhes pra nossas fanfics serem bem fiéis e eu acho isso TÃO TUDO) seu sorriso que poderia salvar vidas, seus músculos que me deixam quente, seu pescoço e clavícula lindas, suas pintinhas, SUAS SARDAS, quando você tá brava e fala grosso... aiai... sua risada tão gostosa, sua voz que me traz paz, seu cabelo que é o cabelo mais lindo do mundo, sua bundinha gostosa, sua barriga e cinturinha linda, o fato de você ser pequena, porém grandiosa. Você é o mais próximo de perfeição que eu já encontrei. Em todas suas falas, jeitos, posicionados, andados e etc!
número 5: 10 coisas que eu odeio em você.
quando você debocha de mim.
quando você faz pouco caso de coisas que na verdade liga muito.
quando você tem preguiça de fazer coisas importantes.
quando você se culpa por coisas que não tem culpa.
quando você se preocupa com coisas que estão além do que você pode ajudar.
QUANDO VOCÊ ME IMITA. ODEIO ISSO.
quando você me ignora por um dia inteiro.
quase nunca acontece, mas quando você grita...
QUANDO FICA DO LADO DA PAREDE DA CAMA.
eu odeio o fato de não conseguir te odiar, nem só por um segundo, nem só por te odiar.
Enfim, De Luna. É isso aí. Listei 5 coisinhas e eu queria poder fazer mais, muito mais. Porque você merece muito mais do que os correios anônimos do dia 1, dos 50 motivos pra sorrir do dia 2, desse post pra te encantar no dia 3.
Merece mais do que o girassol que eu te dei, que o livro do Percy Jackson com uma dedicatória rápida, que os 100 motivos pra te amar (aliás, eu tenho mais 1000 motivos pra te amar, acho que mais de 1 bilhão, talvez mais que isso) mais que as flores com doces em um potinho, que a caixa da cacau show, que a gravata da Sonserina, que a pulseirinha de miçangas kkkkkkk, que os tickets, a foto, a poção do amor, as conchinhas, mais que todos os textos de madrugadas e a playlist com música de boiolinha.
Você merece tanto mimo, tanta coisa boa, tanto gesto importante do nada e eu nunca vou deixar você aceitar menos que isso. Você é uma rainha, uma pessoa extraordinária, e eu nunca vou te deixar esquecer isso. Nada que eu fizer vai te fazer tão feliz como você me faz, mas eu vou tentar o máximo possível.
Espero não encantar apenas todos os seus dias desse nosso terceiro maio, mas todos da sua vida. Não importa se somos namoradas, ex's, melhores amigas, inimigas, uma crente chata e uma menina frustrada e grossa, uma cigana e uma patroa, uma hufflepuff e uma slytherin, se somos apenas colegas de classe, se somos futuras esposas, se estamos uma do lado da outra ou cada uma em um país, se somos uma caçadora e uma vampira, uma professora e uma aluna KKKKKKKKKKK o que importa é que você é minha lua, minha de Luna. E eu sou seu sol, sua Pastorelli.
E se acalme, não é a mesma que eu te perguntei na cozinha da sua mãe há quase dois anos atrás.
Nada muda tudo isso, nada muda esses 5 anos que eu te conheço, esses dois anos que eu te conheço AINDA MAIS.
Bom, é isto, minha querida, por fim eu gostaria de te fazer uma pergunta muito importante.
A pergunta é:
Você assiste série?
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No Sputinik
PRIMEIRA PARTE
Paula se olha no espelho. Dá meia-volta, se olha de costas, volta. “Ficou bom esse vestido?” Respondo que sim, observando-a. O corte do tecido mostrava suas pernas esguias. Quando usava salto, Paula ficava maior do que eu, mas só um pouco. Sendo sincero, creio que desde que completei cinquenta anos, comecei a diminuir; mas isso tudo é impressão minha, não me meço e nem me peso há anos. Não sou um velho cadavérico, primeiro porque não sou velho -- ainda não fiz sessenta -- e segundo porque cuido bem do meu corpo. Não bebo, não fumo, e faço jogging três vezes na semana. “Paula, você acha que eu sou um coroa bonito?” Claro, ela responde. Certa vez eu mostrei para ela umas fotos minhas da época de casado, e ela disse que eu agora estou ainda mais bonito. E olha que, de lá para cá, não mudei em nada a minha rotina.
“Já tá pronto?”
Ela precisa gritar, está usando o secador de cabelos.
“Faz tempo!”
Também tenho que gritar.
“Ótimo… já que eu termino também!”
“Aonde vamos mesmo?”
“No Sputnik, querido! Te falei mais cedo!”
“Desconheço.”
“Sério?”
Desliga o secador.
“Abriu já faz uns anos, eu costumava ir lá sempre com a Mari.”
“A Mari vai hoje?”
“Vai. E vai levar o Pedro.”
“Ah... é um encontro duplo, então.”
“Não, o Guilherme vai também.”
Estou esperando dentro do carro. BMW série 3, 17/18, 2.0 e câmbio automático. Felizmente não perdi dinheiro o suficiente no divórcio para precisar vendê-la, o resto nunca achei que sentiria falta, e realmente não sinto. A casa, principalmente, eu não via a hora de me livrar. Quando meu advogado disse que Marília queria ficar com ela, não fiz caso. Mas, precisei vender meus brinquedos -- moto, lancha, jet-ski, todas essas coisas que não me fazem falta porque eu sabia que Paula valia o sacrifício. Como já estava no carro há um tempo, então ligo para ela -- a ligação termina antes do segundo toque. Mando uma mensagem, ela responde e diz que já está descendo. Dez minutos, e ela entra no carro. Não consigo esconder minha impaciência; ela me diz que estava apenas finalizando a maquiagem. Paula não queria se mudar para o apartamento e morar comigo, mas deixava muitas coisas no banheiro da suíte, kits de maquiagem e essas coisas. Não ligo, apesar dessas coisas ocuparem todo o espaço no meu banheiro. No entanto, venho reparando que, de uns dias para cá, ela tem se trancado no banheiro para pintar o rosto.
“Você vai ficar enjoada.” Disse, tentando tirar a atenção de minha noiva da tela do celular. Ela balança a cabeça, os dedos deslizam rapidamente pela superfície luminosa mais um pouco, e eu volto a atenção para a estrada. Precisamos pegar a rodovia, porque o tal Sputnik fica do outro lado da cidade. Paula mexe no painel do carro, conecta-o ao seu celular e escolhe uma música para tocar, gostava de ouvir música alta. Eu sentia o baixo vibrar no meu peito. Precisei diminuir o volume para conversarmos, agora que tinha sua atenção. Parecia animada com a noite, elogiou meu blazer e disse que tinha uma surpresa para mim no bar. “Que surpresa?” Paula não quis me contar. Quando guardava um segredo, o canto da boca tremia sutilmente -- o sorriso querendo escapar. Puxei seu rosto e beijei-a, ela me empurrou. “Louco!” Ri e voltei a atenção para o volante.
“Que mania é essa de ficar se trancando no banheiro pra fazer a maquiagem?”
“Ué, o quê que tem?”
“Ah... não sei…”
“É pra eu me concentrar, amor.”
“Eu tiro a sua concentração, é?”
“Uhum…”
Passa a ponta dos dedos pela minha nuca. Inclina-se para o meu lado.”
“Eu gosto de ficar te olhando, te admirando.”
“Eu sei.”
“Então, por isso queria que você deixasse a porta aberta…”
Pausa. Paula se retrai um pouco, eu a olho preocupado, mas ela sorri para mim.
“Tudo bem, então.”
“Jura?”
“ Juro.”
Guilherme é primo de Pedro, que conheceu Mari -- que era da mesma sala de Paula, na faculdade. Estão casados há um ano. Coincidentemente, Guilherme começou a trabalhar recentemente com Paula e reconheceu-a da festa de casamento. Tudo isso foi Paula quem me contou; também me contou como Mari tentou montar uma espécie de encontro triplo, com Guilherme e uma outra garota, mas sem sucesso. “E como era mesmo o nome da moça que em princípio viria acompanhada pelo nosso príncipe?” Perguntei, ela riu. Mari explicou a história, mas não liguei, tenho este problema. O rapaz não havia chegado ainda, então conversávamos: Pedro, Mari, Paula e eu. Mari ainda comentou qualquer coisa sobre o assunto, antes de Pedro começar um novo. Estamos todos muito bem vestidos, o outro casal é também muito bonito -- o esposo de feições lapidadas, a esposa com os olhos verdes e pele bronzeada. Encantador estar em volta de pessoas tão aprazíveis, apesar de sentir o ambiente um pouco hostil a mim -- apenas por parecer estranho. “Afinal, qual é a surpresa?” Lembrei-me de perguntar, quando Pedro e Maria se levantaram para irem dançar. Minha noiva me responde apenas que mais tarde descobrirei, me chama para dançar.
“Daqui a pouco”, respondo. Ela se levanta e vai em busca da amiga na pista. Não sinto ciúmes, fico terminando meu copo. Velho que sente ciúmes é burro, principalmente se por uma jovem. Também não tenho problema nenhum em dançar, mas é verdade que preciso beber um pouco antes. Daqui vejo minha noiva dançando, movimentos leves e sincronizados. Parece fazer isto desde que nascera, mesmo que não fizesse tanto tempo assim. Sinto vontade de fumar, mas para isso preciso sair do bar, já que não possui área para fumantes. É um lugar grande demais para ser um boteco, e muito pequeno para ser uma boate. Assim, temos as mesas lotadas e espalhadas próximas à entrada principal, que é seguida pela pista de dança e, em uma terrível tortura aos agorafóbicos, o bar e o caixa no final. No andar superior, mais mesas e os banheiros. Como nossa mesa está próxima da pista, preciso me desviar pelas cadeiras até conseguir sair e, enfim, acender meu cigarro.
Distraído, não o vi se aproximar. Diz que também me reconheceu da festa de casamento, eu finjo reciprocidade. Pergunta se os outros não chegaram ainda, explico que sim e que saí apenas para fumar um cigarro. Apesar da barba, o rosto do rapaz ainda é jovem e aparenta constrangimento – ou timidez? Tiro o maço do bolso e ofereço-o, não sei porque. Guilherme puxa um cigarro, não sei porque. Não tinha isqueiro e parecia sem saber o que fazer, então ofereço o meu e ele acende. Parece relaxar. Conversamos qualquer coisa, ele tenta não tossir a cada trago, diz que não está acostumado a fumar do vermelho. Nem menciono que fumo há mais de 30 anos. Termino o meu e arremesso a bituca longe, Guilherme faz o mesmo -- mesmo faltando ainda metade do cigarro. Entramos juntos no bar.
“Você não vai dançar comigo?”
Ofegante, suada. Ainda assim, linda.
“Claro que vou, meu bem. Mas, descansa um pouco… depois a gente vai.”
Não diz nada e senta-se. Mira a pista de dança.
“Eu acho que a Mari deu graças à Deus que a Ana não veio. Vai ver, nem chamou a menina.”
Algo estranho na voz dela.
“Como assim?”
“Ué, não tá vendo? Nossa, você realmente não percebe as coisas.”
“Ah…”
Quando olho para onde nossas companhias dançavam, noto a ausência de Pedro. Mari também dança muito bem; com um movimento do quadril a cada passo, vai se aproximando de Guilherme. Dança de costas para ele, os dois balançam juntos, mas nunca se encostam. Paula não diz nada, e eu também não consigo captar nada. Não me importei, de repente Pedro precisava mesmo ser corno para se tornar mais altivo. De qualquer forma, eu não via malícia alguma nos dançarinos, apenas se divertiam. Digo isso para Paula, que não me ouve, ou ignora. Imagino que a indignação de Paula venha do carinho que ela sente por Pedro. Minha noiva se importa muito com as pessoas, venho tentando lhe avisar de que isso é um defeito.
Estamos todos sentados à mesa, de madeira, pequena e redonda, com banquetas altas também de madeira. Normalmente as conversas surgem paralelas umas às outras. Mari, Paula e Guilherme conversam entre si, e eu converso com Pedro. Ele me conta como passou em um concurso recentemente, mas já está pensando em outro. Paga melhor, diz. Ainda assim, não sinto desejo quando Pedro fala sobre dinheiro, apenas auto-afirmação. Quando eu tinha a idade dele, acho que tinha mais tesão por dinheiro do que por mulher. Por fim, ele tenta me convencer a trocar de carro, diz que quem pode ter sempre carro do ano, precisa estar sempre com carro do ano. Nunca havia conversado por tanto tempo com Pedro, e fico embasbacado com sua completa falta de qualquer tipo de conteúdo. Sou salvo quando as mulheres se levantam para irem ao banheiro, e eu aproveito para ir buscar mais bebidas no bar. Guilherme também se levanta, mas não vejo para onde vai.
Quando volto para a mesa, depois de muito sofrer para passar pela pista de dança, apenas Pedro e Mari sentados. Pergunto pelos outros, me dizem que acabaram de chegar e que eles também logo devem. Dou meia-volta e rumo para a multidão. Cotoveladas, cabeçadas e encoxadas; topo com Guilherme, que enquanto dança me diz que não a viu; a multidão me sufoca e o imenso amplificador me golpeia a 150bpm; percebo que não consigo respirar muito bem; vou tentar sair, mas já não sei qual o lado certo, penso em gritar. Ando mais um pouco até, enfim, libertar-me e lembrar-me de conferir a pedra mágica do milênio, meu aparelho celular -- a tela negra logo reluz e descubro que Paula está há pelo menos 8 minutos lá fora, fumando.
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Imagine - Liam Payne
Oi, gente. Esse é o atrasado de ontem pq eu dormi mexendo no computador, bem de boas. Foi mal o atraso de um dia hahaha espero que goste, o de hoje sai as 21h normal… e vai ser um preference ❤️
- Cath, já falei que não vou a festa! – Disse bufando, cansada da insistência de Catherine, minha melhor amiga.
- Mas, (S/A), você vai me deixar sozinha? – Cath começou a apelar para a chantagem. – Poxa, achei que você era minha melhor amiga, e vai me abandonar fácil assim?
- Você sabe que eu amo ir em festas, mas ir em uma festa do Payne, na casa dos Payne’s…. já é pedir demais.
- Vocês e esse caso mal resolvido! – Ela deu uma risadinha. – Eu prometo não deixar ele chegar perto de você!
- Que horas você passa aqui. – Desisti de qualquer outra alternativa.
- As nove. Vista um vestido! Até mais tarde! Beijos. – Cath desligou o celular com pressa, sem nem me dar tempo de responde-la.
Caminhei até meu armário e retirei de lá o único vestido que eu tinha no armário. Um preto rodado que eu tinha usado a alguns anos atrás na minha primeira festa da faculdade. Tomei banho, arrumei meus cabelos, fiz uma maquiagem rápida e vesti o vestido. Sentei na sala para esperar Cath e aproveitei para comer algumas bolachas que ficavam na ilha da cozinha.
Quando o interfone tocou, nem o atendi sabendo que Catherine havia chegado e não me restava outra alternativa senão descer para encontrá-la. Ela havia ido de taxi, o que significava que ela encheria a cara e mal lembraria do meu nome no final da festa.
- Ah, Cath, você vai beber? – Fiz beiço. – Você disse que ia me proteger…
- Mas eu vou! Mas também quero aproveitar… – Ela riu me abraçando de lado. – Agora, entra! A propósito, amei o vestido.
Cath passou o endereço da festa ao taxista que dirigiu sem fazer mais perguntas. O caminho não foi longo como eu queria, mas sabia que não adiantaria nada ficar fazendo manha para chegar a festa, como querer parar em um drive thru.
Depois de pagar o taxista e ter chamando de infantil, descemos do carro e caminhamos pelo jardim da casa que já estava abarrotada de pessoas e copos pelo chão.
- A coisa já está bem animada, hein?! – Cath sorriu animada enquanto olhava para os lados.
- Pois é! – Dei de ombros a acompanhando.
- Se anime, (S/A)! – Ela berrou em meu ouvido quando chegamos a porta.
- Vou pegar algo para beber. – Sai de seu lado e desviei por entre as pessoas que estavam no caminho.
A ilha no centro da cozinha, estava cheia de copos servidos e garrafas vazias espalhadas pela mesma. Dei passos curtos até a geladeira e agarrei as duas garrafinhas de cerveja que estavam na porta.
- Isso é muito para você, não acha, (S/A)? – Revirei os olhos antes mesmo de ver quem era.
- E desde quando você tem alguma coisa a ver com isso? – O encarei. Lá estava ele com aquele mesmo sorriso sem vergonha que ele me laçava quando em encontrava na faculdade.
- Desde que você chegou na minha casa, ué.
- Sem noção. – Sai de próximo dele, mas não sem deixar um belo empurrão em seu ombro.
Caminhei furiosa, diga-se de passagem, até onde Cath ainda estava parada.
- Já vi que você encontrou seu melhor amigo. – Cath pegou uma das cervejas que estava na minha mão.
- Aquele babaca. – Levei a garrafa até os lábios.
- Que está vindo para cá. – Ela resmungou dando uma risadinha.
- Você podia ter me dito que não era só para você… – Ele caminhou até Cath. – Tudo bem, gata?
O que falar do fato de que minha melhor amiga era amiga do Payne. Estava puta da cara? Sim, eu estava. Claro que eu estava. Como não estaria. Aquela traidora. Mais ou menos. Afinal, eles se conheciam antes dela me conhecer.
- Oi, gato! - Cath o abraçou e acariciou a nuca dele. Quem olhava de longe, devia imaginar que era uma vela enorme ali ao lado dos dois.
- Sua amiga está bem mal humorada, né?! – Ele comentou fazendo um beicinho para ela. Eu revirei os olhos.
- Eu a obriguei a vir. É por isso. – Ela soltou uma risadinha e beijou a bochecha do garoto. – Cadê aquele seu amiguinho gostoso?
- Cath! – A repreendi, ela devia me proteger.
- Ainda estou de olho em você, não se preocupe!
- Como assim? – Liam perguntou rindo.
- Meu dever é proteger minha amiga de você! – Cath falou como se falasse sobre o clima, mas então ela se deu conta do que havia feito.
- E o que eu fiz para ela? – Ele me olhou com a sobrancelha arqueada e colocou a mão no peito como se estivesse ofendido.
- Você a perturba mais do que deveria… – Ela riu alto.
- Eu? Mas eu não faço nada! – Ele a largou e veio em minha direção me abraçando. – O que eu faço para você, hm?
- Você a incomoda! – Cath falou sem olhar para nós. – Eu vou ali rapidinho e já volto. - E simplesmente sumiu.
- Você ainda não me disse o que eu faço para você… – Ele sussurrou próximo ao meu ouvido.
- Como se você se importasse com isso… – Me soltei dele. – Se você me der licença.
Caminhei até onde a pista de dança estava montada, ia ignora-lo já que Cath simplesmente me abandonou.
Jason Derulo começou a tocar nas grades caixas de som, eu larguei a cerveja em qualquer lugar e dancei como se não houvesse amanhã. Tirei meus saltos, prendi meu cabelo e só sai da pista quando a sede falou mais forte. Caminhei até cozinha e em um cantinho da geladeira, achei algumas garrafinhas de água e tomei duas.
- Que sede, (S/A). – A voz de Liam chegou aos meus ouvidos e eu fiz questão de ignora-lo. – Não vai me xingar?
- Quando é que você vai me deixar em paz? – Me virei para encara-lo. – O que eu preciso fazer para você esquecer que eu existo?
- Me dê uma chance! – Ele me puxou para próximo de si.
- Olha, eu bebi uma cerveja só. E você? Por que você só pode estar bêbado….
- Não bebi nada. – Ele sorriu. – Não pode nem pensar no meu caso?
- Está bem, eu
Eu nada, por que Liam me beijou. Assim, seu eu ao menos terminar meu raciocínio. Me separei dele deixando tapas em seu peito e ele sorrindo.
- Você nem me deixou terminar o que eu tinha a dizer. – Ele segurou meus pulsos.
- Você ia pensar no meu caso, isso significa que você também queria me beijar.
- Convencido. – Murmurei.
- (S/A), você beija bem, hein?!
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How Deep Is Your Love?
CAPÍTULO 11
>Capítulo anterior<
(...)
-Naquela loja que você trabalhava não vende essas coisas de mergulho? -Vende. Mas mas você tem certeza disso? -Claro! Prometo que nada de ruim vai acontecer! -ela sorriu sincera e voltou a olhar suas roupas- o que acha desse? -ela tirou do guarda-roupa um biquíni branco de crochê, e colocou na frente de seu corpo pra me mostrar- -Sexy! -pisquei pra ela. A mesma sorriu e vestiu o biquíni e, em seguida, colocou um shorts jeans e calçou seus chinelos- -Por que está me olhando assim? -SeuApelido se aproximou mais de mim e me abraçou pela cintura- -Nada de mais... Só estou admirando sua beleza! -sorri- -Para com isso! Nem é pra tanto! -ela abriu um sorriso tímido e escondeu seu rosto em meu peito- -Hey! -levantei sua cabeça com o dedo indicador- é sim... -sorri sincero e a beijei- -É melhor irmos... Senão vai ficar muito tarde! -ela me deu mais um beijo e pegou sua bolsa, logo, entrelaçou nossas mãos- Caminhamos até a loja e fomos direto ao setor de mergulho. -Olha lá... A gata do Styles voltou... -ouvi um dos caras sussurrar- -Só ignora Hazz... -SeuApelido comentou e continuou olhando as roupas de mergulho- o que acha dessa? -O que você acha? -Acho que cairia bem! -ela mordeu o lábio inferior- -Então pode ser essa! -sorri de leve e fomos até o caixa- por que mesmo sua amiga não pode vir até nós? -sussurrei e peguei minha carteira- -Ela não gosta muito de sair... -ela disse no mesmo tom, mas colocou sua mão sobre a minha, me impedindo de pegar o cartão- e também, eu quero que você conheça de onde eu vim sabe, -pegou sua carteira e pagou com seu cartão- minha cidade, onde eu nasci e cresci... -ela me olhou com um sorriso lindo- -Ok... E não acredito que você pagou! -voltei a dizer em meu tom normal de voz- -Foi idéia minha, então... -ela pegou a sacola da mão do caixa- obrigada! -se dirigiu à ele e sorriu- -Por nada... -aquele cara estava quase babando na caixa registradora, e eu estava quase a atirando na cara dele- Saímos da loja e andamos até a parte mais deserta da praia. -Acho que aqui está bom... -SeuApelido disse e me deu a sacola- não vamos demorar muito... Fiquei apenas de boxers e ela me olhava de cima a baixo, mordendo o lábio inferior. Ok, eu vou agarrá-la aqui mesmo e não vou me responsabilizar pelos meus atos. Coloquei a roupa de mergulho (com certa dificuldade e com ajuda de SeuApelido) e calcei os pés de pato. Sim, pés de pato. -Pode rir... -ela estava segurando o riso- -Eu não... -limpou a garganta- não vou rir! -se fingiu de séria- você continua lindo... -piscou- Ela deu um sorriso... Sexy, e começou a tirar o shorts lentamente, só pra me torturar, e depois o jogou na areia, junto com minhas roupas. -Vamos? -disse tentando afastar meus pensamentos "impróprios" e peguei o snorkel- não, espera... você sabe que isso aqui -apontei para a máscara de mergulho- não vai me fazer respirar de baixo d'água por muito tempo né? -Sei! -ela deu de ombros. A olhei com dúvida- não se preocupe, eu vou cuidar disso...- ela me estendeu a mão e segurei a mesma- Mal entramos na água e suas escamas começaram a aparecer. -Fica calmo... -andamos até uma parte mais funda e mergulhamos- SeuApelido não soltou minha mão em momento algum. Ela me puxou um pouco mais pro fundo e eu já sentia uma certa dificuldade de respirar apenas pela boca. -Come isso... -ela pegou uma alga meio azulada e me deu. A olhei com um pouco de nojo, porque aquele negócio era meio estranho, mas eu confio nela, então comi- Tinha um gosto horrível, mas ao mesmo tempo não tinha gosto de nada. Era estranho... SeuApelido tirou a máscara de meu rosto e eu a olhei assustado. -Pode respirar agora... -ergui uma sobrancelha- confia em mim! Fechei os olhos e inspirei de vagar. -Meu Deus eu posso respirar de baixo d'água! -abri meus olhos e sorri ainda surpreso- -Não por muito tempo... temos uma hora! Mas vai dar, não se preocupe! Nadamos por uns cinco minutos e do nada, chegamos em tipo uma cidade. Do nada. -Bem vindo à Atlântida! -arregalei os olhos- -Tá de brincadeira? -Claro que não! -Eu não acredito que eu tô na cidade perdida... -ela riu da minha reação- como ninguém acha essa cidade? -Porque só sereias conseguem passar da barreira invisível... -Meu Deus... SeuApelido continuou me guiando, e em nem um minuto. Nadamos por vários lugares e era tudo tão... fantástico! A maior parte das construções eram feitas de ouro e pedras preciosas. -Aqui é onde eu realmente moro... -paramos em frente à uma casa bem bonita, mas bem diferente das que existem na terra- eu até te mostraria por dentro, se minha mãe não estivesse aí... -ela disse um pouco triste- -SeuApelido... -passei a mão por seu rosto- -Hey, tá tudo bem! -ela sorriu- já estamos chegando na casa da Alana! Você vai amar ela! Poucos segundos depois paramos em uma casa bem parecida com a de SeuNome e ela bateu na porta. -AMIGAA!! -uma garota morena (tanto de pele quanto de cabelo) atendeu a porta e gritou- -LANA! Quanto tempo! - SeuNome e a garota de abraçaram- amiga, esse aqui é o Harry... -ela pegou na minha mão e me puxou pra mais perto delas- -Oi Harry! -ela disse simpática e me cumprimentou com um aperto de mão- sou Alana! -Prazer em te conhecer! -O prazer é meu! -ela sorriu e nos deu espaço- entrem! SeuApelido me deu a mão novamente e entramos juntos. Ficamos conversando por muito tempo, até que... -AÍ MEU DEUS HARRY A GENTE TEM QUE IR, AGORA! -SeuNome gritou do nada- -O que? Por que? -Alana perguntou e eu a olhei assustado- -Lembra que o Harry não respira embaixo d'Água? -Lana arregalou os olhos- -AÍ MEU DEUS VOCÊS TÊM QUE IR, AGORA! -as duas levantaram e me puxaram pra porta- foi um prazer te conhecer, até outro dia! Não deu tempo de eu dizer nada. Alana apenas deu um beijo a minha bochecha e me empurrou pra fora. Ela é SeuNome se abraçaram rapidamente e SeuApelido pegou na minha mão e começou a nadar muito rápido. Tipo, muito rápido mesmo. -Hey.. calma aí... eu tô be- comecei a sentir um negócio estranho no meu peito- -Amor, aguenta firme aí! -minha respiração começou a ficar falha- Segurei o ar e quando eu estava quase no limite, conseguimos chegar na superfície. Soltei o ar pesadamente. -Nossa, foi por... muito pouco! -SeuApelido comentou tão ofegante quanto eu- -Nem... me... diga... -disse tentando recuperar o ar- Saímos da água e nos secamos (com a tolha que SeuNome havia trazido, óbvio) e colocamos nossas roupas. -O que acha de jantarmos fora? Não estou muito afim de pizza... e muito menos de fazer comida! -Tudo bem! Só vamos pra casa trocar de roupa, e depois nós vamos em algum restaurante... -ela concordou com a cabeça e fomos até o apartamento- Tomamos um banho rápido e fomos nós trocar. Coloquei apenas uma camiseta cinza, calça jeans preta e minhas botas. SeuNome também estava simples, mas como sempre, linda.  ~dois dias depois~ SeuNome's P.O.V Eu não acredito que Harry está fazendo isso comigo... ele não atende minhas ligações e nem responde minhas mensagens. Eu estou tão preocupada... e com tanta raiva! Por que ele não me responde? Será que ele está me traindo? Será que aconteceu algum acidente? Ele simplesmente saiu na hora do almoço e não voltou mais (já fazem quase quatro horas). Nesse momento eu estou sentada na cama chorando que nem louca e quase ligando pra polícia. Eu já liguei pra mãe dele, pra Gemma, mas ninguém sabe dele. Se ele não voltar em uma hora eu juro que ligo pra polícia (...) Já faz quase seis horas que Harry está fora de casa e não dá nenhum sinal de vida. Estava discando o número da polícia até que ouço uma voz masculina no corredor que da para nosso quarto. -Oi amor... -Harry disse um pouco sem graça- -OI AMOR? -me levantei- VOCÊ TEM NOÇÃO DO QUANTO EU ESTAVA PREOCUPADA? -o abracei, mas depois comecei a dar tapas em seu ombro e peito- -Ei ei ei! -ele segurou minhas mãos- me desculpa... eu estava preparando uma surpresa pra você! -o olhei com dúvida- vem cá... -ele entrelaçou nossos dedos e me deu um selinho. Em seguida limpou minhas lágrimas e me puxou (delicadamente) pelas mãos até a sala- Em cima do sofá, havia uma cesta com um laço rosa. O olhei um pouco desconfiada e ele fez um sinal com a cabeça pra que eu continuasse. Fui até a cesta e comecei a chorar de novo. -Eu não acredito! Aí Harry EU TE AMO! Muito, muito, muito obrigada! -corri até ele o abracei, logo o beijando- -Fico feliz que tenha gostado... -Harry deu um sorriso lindo e foi até a cesta comigo- -Eu sempre quis ter um cachorrinho! Pena que eles não sabem respirar debaixo d'Água- ri e peguei o pequeno animal de dentro da cesta- Era um filhote de Beger Blanc Suisse e era tão fofo! Ele estava dormindo como um anjinho (mesmo depois de eu ter gritado que nem louca). -Sério amor, muito obrigada! -sorri- como ele chama? -Na verdade é uma fêmea... e se chama Cherry. -Oi Cherry! -disse à pequena cadelinha que agora estava despertando- -Mas... -Harry tirou Cherry de meu colo- essa não é a única surpresa! -colocou a cadelinha sobre o sofá- -Tem mais? -ele concordou com a cabeça, me deu uma das mãos e começou a mexer em seus bolsos- Tirou uma caixinha de veludo preto do bolso direito da jaqueta e se ajoelhou. Meus olhos já começaram a lagrimejar. -Eu sei que não nos conhecemos a tanto tempo assim, e sei que parece um pouco precipitado mas... eu estou completamente apaixonado por você SeuNome! Você mexe com meu coração de uma forma inacreditável e surreal e... desde o primeiro dia que te vi, eu já sabia que você poderia ser a mulher da minha vida. Então... -ele abriu a caixinha e mostrou um lindo anel- casa comigo? Faz parte da minha vida pra sempre? Eu não conseguia me mexer. Eu não conseguia pensar. Estava completamente paralisada. A única coisa que consegui fazer foi ajoelhar e o beijar. Um beijo cheio de amor e carinho. -É claro que eu quero me caso com você Harry...- disse baixo e o beijei novamente- -Hey... -ele nos separou e colocou a aliança no meu dedo- eu te amo...- Harry sussurrou- -Eu também te amo! -disse no mesmo tom e o abracei forte- Cherry começou a latir e eu sorri ainda mais. --------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------
SURPESAAAAAA!!!!!!! Mais um cap pra vcs!!
E ai, gostaram? Eu sei que não ta muuito bom e nem tão grande mas... comentem o que acharam pf, é muito importante!
Hoje ainda vai ter um preference
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Análise de enredo - Nurarihyon no Mago
Nurarihyon no mago é um dos meus animes prediletos, porém o coloquei na roda ao assisti-lo com um olhar mais crítico. No post de hoje irei analisar o enredo do anime que irá retratar a relação de humanos e yokais (demônios japoneses).
Sinopse do anime
Rikuo Nura, é humano e 1/4 Youkai (demônio), mora em uma casa cheia de espíritos junto com seu avô. Tentando escapar de seu destino como um demônio, ele faz boas obras, a fim de evitar tornar-se um. Apesar do desejo de seu avô para sucedê-lo como mestre do clã Youkai Nura. Ele finalmente chega a um acordo com o seu sangue demônio e decide assumir a posição de jovem chefe do clã Nura. Várias facções com isso tentam pará-lo ou ultrapassar a sua posição. Ele pretende reunir um novo Hyakki Yako (grupo de Youkais) sob sua bandeira de “Medo”. Tendo como finalidade ajudar tanto o mundo dos Youkais quanto o mundo dos humanos (Animes Online).
Contextualizando a história
O clã Nura é um pandemônio criado pelo avô de Rikuo, Nurarihyon. Tanto é que a tradução do nome do anime é justamente "o neto de Nurarihyon". Quanto estava em sua fase mais ativa, Nurarihyon acaba se apaixonando por uma mulher humana, com quem eles se casam e tem um filho: Rihan.
Rihan seria meio youkai e meio humana (alá Inuyasha da vida), e também se casa com uma mulher humana, com quem tem Rikuo, vide nosso protagonista. Por isso que tem apenas um quarto de sangue yokai.
O pai de Rikuo foi assassinado quando ele ainda era criança, sendo que o garoto presenciou a cena. Como o segundo herdeiro fora assassinado e ninguém sabia por quem, gerou-se uma barreira de superproteção em torno de Rikuo.
Ele foi muito protegido por todos, inclusive seu avô, pois havia o medo de que algo ocorresse com o protagonista.
A relação com os yokais
Rikuo até se dá bem com os yokais em sua primeira infância, pois eles são gentis e brincam com o garoto. Porém, dada uma situação, o protagonista se dá conta de que os yokais que ele considera legais (inclusive seu avô), tiram a vida de humanos inocentes.
É como se fosse uma quebra de crenças. Rikuo passa a odiar os yokais, principalmente ao notar que os colegas humanos tinham medo de yokais.
O garoto cresce negando completamente o seu sangue yokai. Aos 13 anos de idade a pressão para que herde o clã se torna forte, principalmente porque um yokai se torna adulto aos 14 anos. Ou seja, estava chegando a vez de Rikuo.
Só que ele nega veemente os yokais de sua vida. No entanto, situações que colocam seus amigos humanos em perigo fazem o protagonista perceber que ele, enquanto humano, não tem força suficiente para protegê-los.
E aí ele começa a se transformar em yokai durante a noite.
Analisando a relação humana vs yokai de Rikuo
Enquanto humano, Rikuo é consciente de sua pequeneza. Ele é fraco, não tem poderes, não tem como ele proteger os humanos completamente, está fora de sua alçada.
Porém, quando ele se transforma esse poder vem, está sob seu controle. Ele se torna forte o suficiente para fazer aquilo que, enquanto humano, não podia. Só que tem um porém: quando ele voltava a ser humano, após a transformação, Rikuo não se recorda de nada.
O que podemos tirar disso?
Muita coisa, vamos lá.
Primeiramente, por quê ele se transforma somente á noite?
A noite simboliza a calmaria humana, é o momento em que nós estamos repousando. Tudo fica mais quieto e menos visível. A escuridão, por si só, simboliza o inconsciente, aquilo que é escondido da consciência, que é escondido pela luz e claridade.
Os demônios são criaturas mais instintivas, brutas, menos racionais e mais fortes. Então durante a noite, quando não há o controle da consciência que impeça o instinto de "sair da casa", Rikuo se transforma.
No momento em que não há controle do que é instintivo, bruto e incontrolável, o seu verdadeiro poder pode ser visto.
Segundamente, por quê Rikuo não se lembra das transformações?
Porque ele nega seu lado yokai.
Seu sangue é predominantemente humano, e ele realmente acha que isso é o suficiente para apagar qualquer ligação com os yokais. Porém, como dito anteriormente, os demônios são criaturas fortes por serem ligadas ao instinto, sendo assim não é fácil desaparecer com eles.
Tanto que durante o dia ele nega veemente que não irá herdar o clã, enquanto que á noite, quando transformado, diz o oposto. Não há um equilíbrio, não tem como controlar aquilo que você finge que não existe.
Você ignora por completo, no caso de Rikuo se esquece.
Tanto que ele só passa a se lembrar quando entende que ele precisa aceitar o seu lado yokai para proteger os humanos.
O equilíbrio do consciente e inconsciente
Durante o dia Rikuo é fraco e não tem como proteger seus amigos, que vivem se metendo em brigas de yokais. Em um determinado momento ele se vê preocupado com seus companheiros yokais também.
No final das contas tanto humanos quanto demônios são pessoas importantes para ele, pois tem o laço afetivo envolvido.
E isso é o suficiente para que Rikuo passe a aceitar a força yokai que há nele. Tanto que uma cena bem específico mostra o diálogos dos dois Rikuos, com um dizendo "você cuida dos humanos, e eu cuido do clã".
A partir desse momento, Rikuo se aceita como é: um meio humano e meio yokai. Porém ainda há uma resistência em não misturar os dois mundos, de certa forma.
Só que isso é irrelevante para essa análise de enredo.
Durante o dia Rikuo continua sendo um estudante comum, mas que também está bem atento no que acontece em sua casa com os demônios. Durante a noite, ele se transforma e passa a lutar e cuidar dos yokais.
O desenvolvimento da força do personagem
Muito bem, a primeira temporada basicamente nos mostra esse processo de autoaceitação por parte do protagonista. Já na segunda a história é outra.
Com um background um pouco mais intenso do que a primeira temporada, ali vemos a real necessidade de Rikuo explorar esse instinto yokai dele. Por mais que o garoto saiba lutar e seja forte, ele está longe de chegar ao ápice do poder como seu finado pai e avô.
Só que é como foi dito anteriormente, Rikuo foi muito protegido pelos demônios que tinham o receio de que algo ruim ocorresse com ele. Então, ninguém treinou Rikuo para desenvolver seus poderes, o que o torna um líder...fraco.
Quando um potencial vilão surge e Rikuo demonstra a vontade de lutar, Nurarihyon mostra pro neto que ele é fraco ainda. Por conta disso RIkuo é mandado para Tono onde é treinado por outros yokais que não fazem parte do clã Nura.
Inclusive, um dos personagens de Tono dá uma baita bronca no clã Nura, em plena batalha. Pois os yokais estão sempre pedindo pro Rikuo fugir, ficar para trás, se esconder, que ele será protegido. E o cara diz "vocês mimam ele, por isso que o cara é incompetente como líder".
Errado não está.
Então na segunda temporada vemos o protagonista explorando seus poderes, tornando-se consciente de seu lado instintual e o tornando controlável para suas batalhas.
O enredo do anime é bom?
Muito bom, na minha opinião. A primeira temporada é mais leve em comparação com a segunda, pois tudo é muito novo e a gente precisa se ambientar na história.
A segunda temporada se torna mais intensa pois envolvem várias coisas da história que estavam soltas, como a morte de Rihan (pai de Rikuo). Particularmente a morte dele foi triste, levando em consideração todo o contexto de vida de Rihan. Entendemos melhor quem ele foi nos ova's do anime, então não deixem de assistir.
Houve ali um momento muito gostoso de assistir, onde o Nurarihyon, Rihan e Rikuo meio que estão juntos lutando, todos em suas formas yokais. Claro que isso ocorre em sonho, porém um momento muito emocionante pois é um "reencontro" entre homens.
Dá aquela vontade de chorar? Muita. Chorei? Só de lembrar. Adoro momentos família desse jeito.
Outra característica muito interessante é que o anime não somente bebeu a fonte da mitologia e folclore japonês, como tomaram banho nela. Muitos yokais do clã Nura fazem parte da mitologia japonesa, como o caso da Yuki ona.
Até mesmo os onmyoujis chegaram a existir na história do Japão, assim como personagem Abe no Seimei. Então é um anime que para nós, fora da cultura japonesa, nos ensina e muito.
Pontos negativos do anime
Rikuo humano é chato. Muito insuportável aguentar ele nos primeiros episódios negando os yokais. Várias vezes os amigos humanos vão para a casa de Rikuo, e absolutamente ninguém podia aparecer.
Fiquei irritada pois alguns yokais poderiam se passar por humanos muito fácil. Então foi uma preocupação excessiva. Só que, conhecendo a história de Rikuo e a forma como os outros riam dele quando o garoto se dizia neto de Nurarihyion, é compreensível seus excessos.
Outro ponto negativo é que nas duas temporadas tem um ou dois episódios que servem para reprisar a história. Acabamos de sair de um arco, e o episódio seguinte reprisa o arco inteiro. É cansativo, é chato, percebi que foi só pra fazer volume.
São episódios que pudem pular facilmente, não agregam nada história.
É irritante a superproteção dos yokais com o Rikuo. Yuki ona é a mais chata nesse quesito, pois ela é tão apaixonada pelo protagonista, que vem aquela coisa do colocar na caixa e não deixar ninguém ver e nem tocar.
Mas entendi que isso é necessário na história para mostrar a evolução do protagonista.
Senti falta de um romance, mas o anime nem tinha tanto foco nisso. Até vimos a Ienaga (amiga humana de Rikuo) se apaixonando pelo Rikuo yokai, mas isso não foi aprofundado no anime. Olhando criticamente pro enredo, não faz sentido o fazer também.
Conclusão
Não é a toa que esse anime é um dos meus favoritos. Amei o desenho dos personagens, os Nurarihyon não belíssimos, adorei e me apaixonei por cada um deles. A história da família Nura é muito boa e emocionante, vale a pena gastar o final de semana assistindo.
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