#Yutaka Sugiama
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criticandocriticas · 1 year ago
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Neon Genesis Evangelion (新世紀エヴァンゲリオン - 1995/1996)
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Direção: Hideaki Anno
Produção: Noriko Kobayashi e Yutaka Sugiama
Estúdios: Gainax e Tatsunoko
Eu sei que Evangelion é um dos desenhos japoneses mais aclamados do mundo e também um dos mais conhecidos, mas a verdade, é que eu nunca assisti. Eu comprei o gibi quando tinha 12 anos e não consegui achar mais e naquela época não era tão fácil uma criança fazer compras na internet como agora. Então, como eu já estava procurando animes para me recuperar do trauma do "Happy Sugar Life", eu decidi ver esse ícone da animação e relembrar porque eu gostava tanto desse conteúdo.
Evangelion se passa em 2015, mas como o desenho foi feito em 2015 e os quadrinhos antes mesmo disso, 2015 era o futuro distópico que tanto imaginamos até hoje nas ficções científicas. O mundo praticamente acabou, a humanidade se resumiu a poucas pessoas e o governo está tentando acabar com uns monstrões gigantes chamados anjos que foram feitos pelos deuses astronautas (e eu não tô zoando) exatamente para exterminar a humanidade. Então entra Shinji, -um protagonista chato pra caralho-, que foi convocado aos 14 anos pelo próprio pai para pilotar uns robozão a la Gundam para matar esses anjos e salvar a humanidade.
Apesar de toda essa temática de ficção ciêntifica maravilhosa, eu não sou muito fã de Gundam e companhia, então se fosse só isso, eu ia acabar sofrendo o desenho todo e falar muito mal no twitter -que eu não tenho-. O anime me pegou mesmo no tema principal: a fragilidade do ser humano, o medo da solidão e de abandono. A verdade é que esse sentimento todo mundo tem, a maioria não admite, mas tem. E tá tudo bem ter.
Imagina pessoas que cresceram nesse mundo, que tem suas questões de abandono principalmente parental, que tem uma vida tão diferente da comum que acaba não conseguindo nem mesmo se encaixar com os outros. Esse é um resumo de quem são Shinji, Asuka, Rei e Misato, os personagens principais da série. Shinji é um menino que tem mãe falecida e o pai negligente (que manda ele pra uma guerra aos QUATORZE ANOS!), Asuka perdeu a mãe para o suicídio e vivia com o pai e a madrasta que não ligam tanto para ela como a gente gostaria, (spoiler) Rei nem é gente direito, é um clone criado a partir do DNA da mãe do Shinji com Lilith (SIM LILITH!) e vive num constante questionamento do próprio ser, já a Misako perdeu o pai no que chamam de segundo impacto (o início do fim do mundo) quando ainda era criança e resolveu entrar pra essa organização para continuar o trabalho de sua mãe e de quebra vingar a morte do seu pai.
Esses personagens em vários momentos tem suas questões existenciais, momentos depressivos, sentimento de impostor e têm muito em comum não só entre eles, mas com o resto de nós que nem vivemos um apocalipse bíblico e desesperador. E no final, depois de muita confusão e explosões, o animê fecha com o aparente fim do mundo, onde Shinji decide se a humanidade deve viver tudo junto num líquido primordial para que todos sejam um só (e nada ao mesmo tempo) ou se ela deve viver plenamente como indivíduo que precisa dos outros.
E você achava que acabou? Não acabou não. O estúdio não tinha muito orçamento para esse episódio final, mas ele não deixou a desejar na animação com esboços super minimalistas dos pensamentos de Shinji e suas companheiras enquanto viviam no nada. A partir de pensamentos filosóficos e de psicologia, o criador expõe seus próprios devaneios da depressão em que esteve, para nos questionar quem somos, se estamos sozinhos, se precisamos dos outros e o que nos faz seres que pensam. E mesmo com toda simplicidade, eu particularmente achei que foi um show, não tinha como ser melhor. Toda individualidade que nos define não depende só da nossa existência, mas das pessoas, dos lugares, de absolutamente tudo que nos cerca. Nossas ideologias, crenças, moral, ética, depende de toda nossa experiência e principalmente das pessoas que nos cerca, afinal, eu não sou a mesma pessoa na cabeça da minha mãe, minha namorada tem outra visão de mim e eu mesma me vejo também de uma outra forma completamente diferente. Todo mundo tem versões diferentes de si mesmos na cabeça de cada um. E é sobre isso.
Ainda não acabou, espera só um pouquinho que eu tenho que falar do famigerado filme com final alternativo chamado " The End of Evangelion" de 1997. Segundo minha pesquisa, muita gente odiou o final do desenho e mandaram cartas ameaçando, mandando hate para o criador, teve até quem pichasse o estúdio com palavras de ódio por causa desse ultimo episódio (que na minha opinião, são no mínimo burros, provando que é racista falar que todo asiático é super inteligente). O criador, por outro lado, fez um filme muito bem produzido, todo psicodélico, jogando toda a violência que ele sofreu de volta para essas pessoas, matando inclusive personagens importantes e jogando na cara como a humanidade pode ser violenta, assim como esses "fãs" queridos. E esse foi o último trabalho desse queridíssimo e obrigada a todos que o machucaram num momento tão delicado. Se no final original o criador acreditava que a humanidade tinha algum valor, agora ele não acredita mais.
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