#Vladimir Maiakovski
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"Costurarei calças pretas
com o veludo de minha garganta
e uma blusa amarela com três metros de poente.
Pela Niévski do mundo, como criança grande,
andarei, Don Juan, com ar de dândi."
- Maiakovski, em tradução de Augusto de Campos.
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Dizem que em algum lugar, parece que no Brasil, existe um homem feliz.
Vladimir Maiakovski
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"Meu amado barco espatifou-se nas pedras da rotina. Acertei as contas com a vida e é inútil continuar contando dores sofridas em mãos alheias. As desgraças e os insultos. Sorte aos que ficam."
— Vladimir Maiakóvski
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Vladimir Maiakovski y Leonid Kuzman, Moscú, 1912
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Adultos
Os adultos fazem negócios.
Têm rublos nos bolsos.
Quer amor? Pois não!
Ei-lo por cem rublos!
E eu, sem casa e sem teto, com as mãos metidas nos bolsos rasgados, vagava assombrado.
À noite vestis os melhores trajes e ides descansar sobre viúvas ou casadas.
A mim Moscou me sufocava de abraços com seus infinitos anéis de praças.
Nos corações, nos relógios
bate o pêndulo dos amantes.
Como se exaltam as duplas no leito do amor!
Eu, que sou a Praça da Paixão, surpreendo o pulsar selvagem do coração das capitais.
Desabotoado, o coração quase de fora, abria-me ao sol e aos jatos d'água.
Entrai com vossas paixões! Galgai-me com vossos amores!
Doravante não sou mais dono de meu coração!
Nos demais - eu sei, qualquer um o sabe!
O coração tem domicílio no peito.
Comigo a anatomia ficou louca.
Sou todo coração - em todas as partes palpita.
Oh! Quantas são as primaveras em vinte anos acesas nesta fornalha!
Uma tal carga acumulada torna-se simplesmente insuportável.
Insuportável não para o versos deveras.
Vladimir Maiakovski
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Moscou, antes de 15 de março de 1918
Querida, amada, ferozmente doce Lílik!
De agora em diante ninguém poderá me acusar de ler pouco, já que o tempo todo fico lendo sua carta. Não sei se, com isso, vou me tornar um erudito, mas alegre eu já estou. Se você me julga o seu cãozinho, então tenho que dizer lata: eu não a invejo, o seu cãozinho é insignificante: as costelas à vista, o pelo, evidentemente, esfarrapado, e perto do olho vermelho, especialmente para enxugar uma lágrima, uma longa orelha pelada. Os naturalistas afirmam que os cãezinhos sempre ficam assim se são confiados a mãos alheias, e desprovidas de amor.
Eu não vou a lugar nenhum.
— Vladímir Maiakóvski em carta a Lilia Brik.
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Vladimir Maiakovski, 33 Poesias, 2019
https://pt.wikipedia.org/wiki/Vladimir_Maiakovski
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LA PRIMERA NOCHE
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La primera noche, ellos se aproximan y
cogen una flor de nuestro jardín.
Y no decimos nada.
La segunda noche ya no se esconden, pisan
las flores, matan a nuestro perro.
Y no decimos nada.
Hasta que un día, el más osado de ellos entra en nuestra
casa, nos roba la luna, y
conociendo nuestro miedo, nos arranca la voz de la garganta.
Y porque no dijimos nada, ya no podemos
decir nada.
― Vladimir Maiakovski
Imagen: Oh, no by Paula Bonet
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Maiakóvski - Eu mesmo (tradução do russo de Boris Schnaiderman)
Tema
Sou poeta. É justamente por isso que sou interessante. E sobre isto escrevo. Sobre o restante: apenas se foi defendido com a palavra.
Memória
Burliuk dizia: “Maiakóvski tem memória igual às estradas de Poltava: quem se arrisca por lá, perde a galocha.” Mas eu não lembro rostos nem datas. Só me lembro de que no ano 1100 certos “dórios” foram estabelecer-se não sei onde. Não me lembro dos pormenores desta ocorrência, mas deve ter sido ocorrência importante. Mas lembrar: “Isto foi escrito no dia 2 de maio. Pávlovsk. Repuxos.” É absolutamente mesquinho. Por isso, nado livremente em minha cronologia.
O principal
Nasci em 7 de julho de 1894 (ou 93 - há divergência entre a opinião de mamãe e a da folha de serviço de meu pai. Em todo caso, não foi mais cedo). Local: a aldeia de Bagdádi, província de Kutaíssi, Geórgia.
Composição da família
Pai: Vladímir Constantínovitch (guarda florestal em Bagdádi), morreu em 1906.
Mamãe: Aleksandra Aleksiéievna.
Irmãs: a. Liuda (Liudmila). b. Ólia (Olga).
Outros Maiakóvskis, ao que parece, não há.
Primeira lembrança
Noções do pitoresco. O lugar é desconhecido. Inverno. Meu pai assinou a revista Pátria. Ela tem um suplemento “humorístico”. As coisas engraçadas são discutidas e esperadas. Meu pai caminha e canta o seu eterno “Allons enfants de la por quatro”. A Pátria chegou. Abro e logo (há uma gravura) berro: “Que engraçado! Titio está beijando titia.” Deram risada. Mais tarde quando, quando chegou o suplemento e era preciso realmente rir, ficou claro: foram unicamente de mim que haviam rido. Assim divergiram as nossas noções sobre gravuras e sobre humor.
Segunda lembrança
Noções do poético. Verão. Chega um horror de gente. Um universitário bonito e delgado. B. P. Gluschkóvski. Desenha. Um cadernão de couro. Papel brilhante. No papel, um homem delgado sem calças (ou talvez de calças justas), diante do espelho. O homem se chama “Ievguienioniéguin”. Bória (Bóris) era comprido, e o homem desenhado também. Natural. Para mim, Bória era aquele mesmo. “Ievguienioniéguin”. Esta opinião se manteve uns três anos.
Terceira lembrança
Noções do prático. Noite. Atrás da parede, um murmúrio infindável de papai e mamãe. A respeito do piano de cauda. Não dormia noite inteira. Uma frase martelava-me sem cessar. De manhã, saí numa corrida: “Papai, o que quer dizer prorrogação de dívida?” A explicação agradou muito.
Maus Hábitos
Verão. Número assustador de visitas. Os aniversários se aglomeram. Meu pai se vangloria de minha memória. Obrigam-me a decorar versos para cada aniversário. Lembro-me de uns decorados especialmente para o aniversário de papai:
Certa vez, perante a tumba
Das montanhas conjugadas...
Eu me irritava com aquele “conjugadas” e com o acento diferente em “montanhas”. Eu não sabia quem eram elas, e não queriam encontrar-me pessoalmente. Mais tarde, eu soube que aquilo era o poético, e passei a odiá-lo em silêncio.
Raízes do Romantismo
A primeira casa de que me lembro distintamente. Dois andares. O de cima é nosso. O de baixo, uma pequena fábrica de vinho. Uma vez por ano, carroças carregadas de uva. Prensavam. Eu comia. Eles bebiam. Tudo isso, no território da antiquíssima fortaleza georgiana perto de Bagdádi. A fortaleza é rodeada pela muralha em quadrilátero. Nos cantos das muralhas, valados. Além dos valados, florestas e chacais. Acima das florestas, montanhas. Cresci. Corria para a mais elevada. As montanhas se abaixam para o Norte. Mais para o Norte ainda, uma interrupção. Sonhava: é a Rússia. Dava uma vontade incrível de ir para lá.
O inusitado
Cerca de sete anos. Meu pai começou a me levar para a ronda das matas, a cavalo. Um desfiladeiro. Noite. Envoltos na neblina. Nem via meu pai. Uma vereda estreitíssima. Meu pai provavelmente empurrou com a manga um ramo de roseira-brava. O ramo cravou os espinhos em minhas faces. Soltando pequenos gritos, vou tirando os espinhos. De repente, desapareceram a dor e o nevoeiro. Na neblina que se dispersou sob nossos pés, algo mais brilhante que o céu. É a eletricidade. A fábrica de aduelas do príncipe Nakaschidze. Depois de ver a eletricidade, deixei completamente de me interessar pela natureza. Objeto não aperfeiçoado.
Estudo
Ensinavam-me mamãe e primas de diferentes graus. A aritmética parecia inverossívmil. Era necessário calcular peras e maçãs distribuídas a meninos. No entanto, eu sempre recebia e dava sem contar. No Cáucaso, há frutas à vontade. Foi com gosto que aprendi a ler.
Primeiro livro
Não sei que Passarinheira Agáfia. Se tivesse então encontrado alguns livros daqueles, deixaria de ler para sempre. Felizmente, o segundo foi Dom Quixote. Isto que é livro! Fiz uma espada de madeira e armadura e aniquilava tudo ao redor.
Exame
Mudança. De Bagdádi para Kutaíssi. Exame para o ginásio. Passei. Perguntaram-me sobre a âncora que tinha na manga: sabia bem. Mas o padre me perguntou o que era “oko”. Respondi: “Três libras” (é assim em georgiano). Os amáveis examinadores me explicaram que “oko” era “olho” na língua antiga, em eslavo eclesiástico. Por pouco não levei bomba. Por isso, odiei no mesmo instante tudo que era antigo, eclesiástico e eslavo. É possível que daí tenham surgido meu futurismo, meu ateísmo e meu internacionalismo.
Ginásio
Preparatório, primeiro e segundo. Tiro o primeiro lugar. Cubro-me de notas cinco. Leio Júlio Verne. O fantástico em geral. Certo barbudo começou a descobrir em mim talento para a pintura. Ensina-me de graça.
Guerra com o Japão
Em casa, cresceu o número de jornais e revistas. Notícias russas, Palavra Russa, Riqueza Russa etc. Leio tudo. Deram-me corda. Entusiasmam-me os cartões postais com cruzadores. Amplio e faço cópia. Apareceu a palavra “panfleto”. Os panfletos eram pendurados pelos georgianos. Os cossacos penduravam os georgianos nas forcas. Meus amigos eram georgianos. Passei a odiar os cossacos.
Material clandestino
Minha irmã chegou de Moscou. Entusiasmada. Deu-me em segredo uns papéis compridos. Isto me agradava: era muito arriscado. Lembro-me ainda. O primeiro.
Volte a si companheiro, volte a si, meu irmão,
Largue já o fuzil sobre a terra.
E um outro, com o final:
...ou então um caminho diverso;
P’ra a Alemanha, com o filho, a mulher e a mamãe... (sobre o tsar).
Era a revolução. E era em verso. Versos e revolução como que se uniram na mente.
1905
Não conseguia estudar. Começaram as notas dois. Passei para o quarto ano unicamente porque me acertaram uma pedra na cabeça (eu brigara junto ao Rion): na segunda época, os professores tiveram pena. Para mim, a revolução começou assim: meu amigo Isidor, cozinheiro de padre, pulou de alegria descalço sobre o fogão: tinham morto o general Alikhanov. O pacificador da Geórgia. Seguiram-se comícios e passeatas. Segui também. Bom. Apreendo pictoricamente: de preto os anarquistas, de vermelho os social-revolucionários, de azul os social-democratas, de outras cores os federalistas.
Socialismo
Discursos, jornais. De tudo isto: conceitos e palavras desconhecidas. Exijo explicação a mim mesmo. Livrinhos brancos nas janelas. A Procelária. O mesmo tema. Compro todos. Levantava-me às seis da manhã. Lia até a embriaguez. O primeiro: Abaixo os Social-Democratas! O segundo: Conferências sobre Economia. Impressionou-me para sempre a capacidade dos socialistas de desenredar os fatos, de sistematizar o mundo. O Que Ler? - se não me engano, de Rubákin. Li o aconselhado. Muita coisa não entendo. Pergunto. Fui introduzido num círculo marxista. Quando cheguei, estavam lendo O Programa de Erfurt. No meio. Sobre o lumpenproletariat. Passei a me considerar social-democrata: carreguei as carabinas Berdan de meu pai para o comitê social-democrático.
Quem me agradava pelo físico era Lassale. Provavelmente porque não tinha barba. Ar mais moço. Misturei Lassale com Demóstenes. Vou até Rion. Faço discursos com pedrinhas na boca.
Repressão
No meu entender, tudo começou com o seguinte: quando houve pânico (talvez por ação da polícia) numa passeata em memória de Bauman, eu (caído) levei pancada na cabeça com um tambor enorme. Assustei-me pensando: a cabeça rachou. Meu pai morreu. Picara o dedo (estava pregando papeis de serviço). Septicemia. Desde então, não suporto alfinetes. Acabou o bem-estar. Depois do enterro de meu pai, sobram-nos três rublos. Vendemos febril e instintivamente mesas e cadeiras. Largamos para Moscou. Para quê? Nem conhecidos tínhamos ali.
Viagem
O melhor de tudo: Baku. Torres de petróleo, caixas d’água, o melhor perfume (petróleo) e depois a estepe. O deserto até.
Moscou
Paramos em Razumóvski. Conhecidas: as irmãs Plótnikov. De manhã, vapor para Moscou. Alugamos apartamentinho na Bronáia.
Coisas de Moscou
Eles vão mal quanto à comida. Pensão: dez rublos por mês. Eu e as duas irmãs estudamos. Mamãe teve de sublocar quartos e dar refeições. Os quartos são ordinários. Os inquilinos eram estudantes pobres. Socialistas. Lembro-me: diante de mim, o primeiro “bolchevique”, Vássia Kandeláki.
O agradável
Mandaram-me comprar querosene. 5 rublos. Na loja colonial me deram de roco catorze rublos e cinquenta copeques; lucro líquido: dez rublos. Fiquei com dor de consciência. Percorri duas vezes a loja (O Programa de Erfurt não me deixava em paz). - “Quem foi que se enganou, o patrão ou um empregado?” - pergunto baixinho a um caixeiro.
“O patrão!” - Comprei e comi quatro pães com frutas secas. Com o que sobrou, andei de barco pelas represas Patriárchi. Desde então, não suporto nem ver pão com frutas secas.
Trabalho
Dinheiro na família não há. Foi preciso desenhar e gravar a fogo. Fixaram-se na memória sobretudo os ovos de Páscoa. Redondos, eles giram e rangem como portas. Eu vendia os ovos na loja de artesanato da Nieglínaia. Dez a quinze copeques cada. Desde então, odeio profundamente os Boem, o estilo russo e a mania do artesanato.
Ginásio
Eu me transferi para o quarto ano do Ginásio número cinco. Notas um, francamente variadas com notas dois. Sob a carteira, o Anti-Dühring.
Leitura
Eu não admitia sequer a literatura. Filosofia. Hegel. As ciências naturais. Mas, sobretudo, marxismo. Não existe obra de arte que me tenha entusiasmado mais que o “Prefácio” de Marx. Obras clandestinas saíam dos quartos dos estudantes. Tática do Combate de Rua etc. Lembro-me distintamente do livrinho azul de Lênin, Duas Táticas, Agradava-me o fato de o livro azul ter sido cortado sem margens. Para a distribuição clandestina. A estética da economia máxima.
O primeiro quase poema
O Ginásio número três editava a revistinha clandestina Poriv. Fiquei despeitado. Outros escrevem, e eu não posso?! Fiz ranger a pena. Saiu algo incrivelmente revolucionário e na mesma medida horrível. Qualquer coisa como Kirilov escreve hoje em dia. Não me lembro de nenhuma línha. Escrevi um segundo. Saiu lírico. Considerando que tal estado interior era incompatível com a minha “dignidade socialista”, larguei de vez.
O Partido
1908. Ingressei no PSDOR (ala bolchevique). Fiz exame num subdistrito comercial e industrial. Passei. Como propagandista. Fui trabalhar com padeiros, depois com sapateiros e, finalmente, com gráficos. Na conferência municipal, fui eleito para o Comitê da cidade. Estavam nele Lomov, Povóljetz, Smidóvitch e outros. Eu me chamava “Camarada Constantin”. Mas não cheguei a trabalhar ali: fui apanhado.
Prisão
Em 29 de março de 1908, fui cercado em Gruzíni. A nossa tipografia clandestina. Comi o bloco de notas. Com endereços e capa dura. A delegacia em Priésnienski. A Okhrana. A delegacia de Suschev. O juiz de instrução Voltanóvski (provavelmente se considerava esperto) me fez escrever um ditado: eu era avusado de ter escrito uma proclamação. Fiquei assassinando de todas as maneiras o texto. Escrevi: “socialdimocritico”. Talvez os tenha enganado. Fui solto condicionalmente. Na delegacia, li perplexo Sánin. Não sei por que, ele existia em todas as delegacias. Provavelmente, para redimir as almas.
Saí. Cerca de um ano de trabalho partidário. E novamente uma curta prisão. Tiraram-me o revólver. Makhmudbekov, então subcomandante Kriestóv, amigo de meu pai, preso casualmente comigo, declarou que o revólver era dele, e eu fui solto.
Terceira prisão
Os que moram em nossa casa (Koridze, nome de guerra Mortchadze, Gueruláitis e outros) etão preparando uma passagem subterrânea. Para libertar mulheres condenadas a trabalhos forçados. Conseguimos organizar uma fuga na prisão de Novínski. Fui apanhado. Não queria ficar preso. Fiz escândalo. Era transferido de uma delegacia a outra: Basmánaia, Mieschánskaia etc., e, finalmente, fui parar em Butirki. Cela individual número cento e três.
Onze meses em Butirki
Época importantíssima para mim. Depois de três anos de teoria e prática, passei a devorar literatura.
Li tudo o que havia de mais recente. Os simbolistas. Biéli, Balmont. Espantou-me a novidade formal. Mas aquilo me era estranho. Temas e imagens de uma vida que não era a minha. Tentei eu mesmo escrever igualmente bem, mas sobre outra coisa. Constatei que não se podia escrever igualmente sobre outra coisa. Saiu algo postiço e chorosamente revolucionário. Qualquer coisa no gênero:
As matas se cobrem de ouro e de púrpura.
O sol já refulge nos cimos de igreja.
Espero, e os dias se perdem nos meses,
Centenas de dias sem fim.
Rabisquei com coisas assim todo um caderninho. Obrigado aos guardas: tiraram-no ao me soltar. Senão, era capaz de publicar!
Tenho lido os contemporâneos, despenquei-me sobre os clássicos. Byron, Shakespeare, Tolstói. Último livro: Ana Karênina. Não cheguei ao fim. De noite me chamaram “à cidade com as suas coisas”. E fiquem sem saber, até hoje, como acabou aquela história dos Karênin.
Soltaram-me. Eu devia (por determinação da Okhrama) ter residência forçada em Turukhansk, durante três anos. Makhmudbekov conseguiu com Kurlóv que me dispensassem.
Durante a prisão, julgaram o meu primeiro caso: declararam-me culpado, mas não tinha idade para uma condenação. Veredito: ficar sob vigilância policial e sob responsabilidade materna.
O assim chamado dilema
Saí dali transtornado. O que eu li eram os assim chamados grandes. Mas como é fácil escrever melhor do que eles! Mesmo agora, já tenho uma relação correta com o mundo. Necessito apenas de experiência em arte. Onde apreendê-la? Sou ignorante. Devo passar por uma escola séria. E eu fora expulso até do ginásio, até do Stróganovski. Se ficar no partido, terei de passar à clandestinidade. E como clandestino, parecia-me, não poderia estudar. Perspectiva: passar a vida inteira escrevendo panfletos, expor pensamentos tirados de livros certos, mas que não foram inventados por mim. Se alguém me sacudir, para expelir o que li, o que vai sobrar? O método marxista. Mas esta arma não foi parar em mãos de criança? É fácil utilizá-lo, quando se lida apenas com o pensamento dos nossos. Mas, se encontrar o inimigo? Apesar de tudo, não consigo ecrever melhor que Biéli. Ele trata das suas coisas com alegria: “Joguei o ananás aos céus”, e eu choramingo sobre as minhas: “Centenas de dias sem fim”. Outros membros do partido têm vida boa. Eles têm a universidade. (Eu ainda respeitava a escola superior - não sabia o que isto significava!)
O que posso contrapor à estética das velharias, que desabou sobre mim? Será que a revolução não exigirá de mim uma escola séria? Fui então à casa de Miedviédiev, que ainda era companheiro de partido. Quero fazer arte socialista. Sierioja ficou rindo muito tempo: você tem a tripa fina.
Penso, apesar de tudo, que ele subestimou as minhas tripas. Interrompi o trabalho partidário. E me pus a estudar.
Iniciação no Ofício
Pensava: não posso escrever verso. A experiência fora lastimável. Passei à pintura. Estudei com Jukóvski. Fiquei pintando serviços de chá prateadinhos, em companhia de não sei que damazinhas. Passado um ano, percebi: estava aprendendo prendas domésticas. Procurei Kélin. Um realista. Bom desenhista. O melhor dos professores. Firme. Mutável.
Exigência: a maestria, Holbein. Não suportava o bonitinho. Poeta venerado: Sascha Tchórni. Alegrava-me o seu antiestetismo.
A Última Escola
Um ano de “cabeça”. Ingressei na Escola de Pintura, Escultura e Arquitetura: o único local onde me aceitaram sem um atestado de bons antecedentes políticos. Trabalhei bem.
Fiquei espantado: acarinhavam-se os imitadores, expulsavam-se os independentes. Larionov, Máchlov. O instinto revolucionário me fez apoiar os enxotados.
David Burliuk
Na escola apareceu Burliuk. Ar insolente. Lornhão. Sobrecasaca. Caminha cantarolando. Pus-me a provocá-lo. Quase chegamos às vias de fato.
No Fumadouro
Sala de Reunião da Nobreza. Um concerto. Rakhmáninov. A ilha dos mortos. Fugi da insuportável chatura melodizada. Instantes depois, também Burliuk. Soltamos gargalhada, um na cara do outro. Saímos para vadiar juntos.
Conversa. Da chatura rakhmaninoviana, passamos à da Escola, e da escolar a toda a chatura clássica. Em David, havia a ira de um mestre que ultrapassara os contemporâneos, em mim - o patético de um socialista, que conhecia o inevitável da queda das velharias. Nascera o futurismo russo.
A Seguinte
De dia, saiu-me um poema. Ou melhor: trechos. Ruins. Não se publicaram em parte alguma. Noite. A Avenida Srietiênski. Leio as linhas a Burliuk. Acrescento: são de um conhecido meu. David parou. Olhou-me de alto a baixo. Explodiu: “Mas foi você mesmo quem escreveu isto! Você é um poeta genial!” Um epíteto assim grandioso e imerecido, aplicado a mim, me alegrou. Imergi inteiramente em versos. Nessa noite, de todo inesperadamente, eu me tornei poeta.
Excentricidades Burliukianas
Na manhã seguinte, apresentando-me a alguém, Burliuk já dizia com voz de baixo: “Não conhece? O meu amigo genial. O famoso poeta Maiakóvski”. Eu o cutuco. Mas Burliuk é inabalável. E ainda rosnava para mim, afastando-se um pouco: “Agora escreva. Senão, vai colocar-me numa situação cretiníssima”.
E Assim Todos os Dias
Tive de escrever. Escrevi então o primeiro poema (o primeiro profissional, publicável): “Branco e Púrpura” e outros.
O Maravilhoso Burliuk
É com amor de sempre que penso em David. O amigo maravilhso. Meu verdadeiro professor. Burliuk me fez poeta. Lia-me franceses e alemães. Empurrava-me livros. Ia caminhando e falava sem cessar. Não me deixava afastar-me nem um passo. Dava-me cinquenta copeques por dia. Para que escrevesse sem passar fome.
No Natal, levou-me a sua casa, em Nova Maiatchka. Eu trouxe de lá “Porto” e outros.
A “Bofetada”
Voltamos de Maiatchka. Se com ideias ainda imprecisas, pelo menos com precisão de caráter. Em Moscou, Khlébnikov. A sua genialidade suave estava então completamente obscurecida para mim pelo borboleteante David. Ali mesmo se movimentava também o jesuíta futurista da palavra: Krutchônikh.
Depois de algumas noites de lírica, demos à luz um manifesto coletivo. David recolhia, copiava, nós dois demos o título e publicamos a “Bofetada no Gosto Público”.
Eles Se Mexem
Exposições do “Valete de Ouros”. Debates. Discusos enfurecidos, meus e de David. Os jornais passaram a aparecer repletos de futurismo. O tom não era muito delicado. Eu, por exemplo, era chamado simplesmente de “filho de cadela”.
A Blusa Amarela
Eu nunca tivera um terno. Tinha duas blusas, de aspecto miserável. Método já experimentado: enfeitar-me com uma gravata. Não tinha dinheiro. Apanhei com minha irmã um pedaço de fita amarela. Amarrei. Fiz furor. Quer dizer: o mais aparente e bonito numa pessoa é a gravata. Logo: se você aumenta a gravata, também aumentará o furor. E visto que as dimensões das gravatas são limitadas, lancei mão de esperteza: fiz da gravata uma blusa e da blusa uma gravata. Uma impressão irresistível.
É Natural
O quartel-general das artes arreganhou os dentes. O Príncipe Lvov. Diretor da Escola. Propôs que suspendêssemos a crítica e a agitação. Recusamo-nos.
O conselho de “artistas” nos expulsou da escola.
Um Ano Alegre
Percorremos a Rússia. Noites de poesia. Conferências. Os governos de província ficavam alerta. Em Nicoláiev propuseram-nos que não nos referíssemos às autoridades, nem a Púschkin. Com frequência, éramos interrompidos pela polícia, em meio a uma conferência. Vássia Kamiênski se uniu à cáfila. Um futurista de velha guarda.
Para mim estes anos foram de trabalho formal e domínio da palavra.
Os editores não nos aceitavam. O nariz capitalista farejava em nós dinamitadores. Não me compravam uma linha sequer.
De volta a Moscou, residi sobretudo nas avenidas.
Esta época foi culminada pela tragédia “Vladímir Maiakóvski”. Montada em Petersburgo. O Luna-Parque. A vaia foi de estourar os tímpanos.
Início de 1914
Sinto mestria. Posso dorminar um tema. Inteiramente. Formulo a questão do tema. Um tema revolucionário. Penso em “Uma Nuvem de Calças”.
A Guerra
Eu a acolhi com emoção. A princípio, apenas pelo seu lado decorativo e ruidoso. Cartazes encomendados e, naturalmente, de todo belicosos. Depois o verso. “A Guerra Está Declarada”.
Agosto
O primeiro combate. Apareceu integralmente o horror da guerra. A guerra é detestável. E a retaguarda, mais detestável ainda. Para se falar da guerra, é preciso conhecê-la. Fui alistar-me voluntário. Não aceitaram. Não tinha bons antecedentes.
O próprio coronel Modl teve uma boa ideia.
Inverno
Repugnância e ódio à guerra. “Ah fechem, fechem os olhos dos jornais” e outros.
O interesse pela arte desapareceu de todo.
Maio
Ganhei sessenta e cinco rublos no jogo. Fui à Finlândia. Kuokkala.
Kuokkala
O sistema dos sete conhecidos (setimal). Dei início a sete relações de jantar. Aos domingos, “janto” Tchukóvski, às segundas, Ievriéinov e assim por diante. Às quintas, era pior: comia os capinzinhos de Répin.
Para um futurista de estatura quilométrica, era inadequado.
Ao anoitecer, vagueio pela praia. Escrevo a “Nuvem de Calças”.
Fortaleceu-se a consciência da proximidade da revolução.
Fui a Mustamiáki. M. Górki. Li para ele partes da “Nuvem”. Sensibilizado, Gorki me cobriu de lágrimas todo o colete. Comovi-o com meus versos. Fiquei um tanto orgulhoso. Logo ficou claro, porém, que Górki chorava sobre todo colete de poeta.
Assim mesmo, conservo o colete. Posso cedê-lo a alguém, para um museu de província.
Nóvi Satíricon
Os sessenta e cinco rublos deslizaram fácil e sem dor. “Meditando sobre o que comer”, passei a colaborar em Nóvi Satíricon.
Uma Data Gratíssima
Julho de 1915. Conheço L.I. e Ó. M. Brik.
Convocação
Rasparam-me a cabeça. Agora, não quero mais ir à linha de frente. Fingi-me desenhista. De noite, aprendo com certo engenheiro a desenhar automóveis. Quanto às publicações, o caso é ainda pior. É proibido aos soldados. Somente Brik traz alegria. Compra todos os meus versos a cinquenta copeques a linha.
Publiquei “A Flauta-Vértebra” e a “Nuvem”.
A nuvem saiu muito limpinha.
A censura soprou nela. Umas seis páginas só de pontos.
Daí data o meu ódio aos pontos. E às virgulas também.
Milico
Um tempo horroroso. Desenho (do coração tripas) retratos do comandante. Na cabeça, desenvolve-se “A guerra e o Mundo”. e no coração “O Homem”.
1916
Concluída “A Guerra e o Mundo”. Um pouco depois, “O Homem”. Publico trechos em Lietópis. Evito insolente aparecer aos olhos dos fardalhões.
26 de fevereiro de 1917
Fui com os automóveis na direção da Duma. Esgueirei-me para o gabinete de Rodzianko. Olhei Miliukóv de alto a baixo. Cala-se. Mas, não sei por que, tenho a impressão de que ele gagueja. Depois de uma hora, eles enjoaram. Saí. Aceitei por alguns dias o comando da Autoescola. As coisas gutchkovejam. A velha oficialada continua a passear pela Duma. A coisa está clara para mim: é inevitável a vinda imediata dos socialistas. Os bolcheviques. Escrevo, já nos primeiros dias da Revolução, a crônica poética “Revolução”. Faço conferências: “Os Bolcheviques da Arte”.
Agosto
A Rússia aos poucos se deskerenskeriza. Perdeu-se o respeito. Saio da Nóvaia Jizn. Penso no Mistério-Bufo.
Outubro
Aceitar ou não aceitar? Semelhante pergunta não existia para mim (e para os demais futuristas moscovitas). A minha revolução. Fui ao Smólni. Trabalhei. Tudo o que era preciso. Começavam as reuniões.
Janeiro
Estive em Moscou de passagem. Apareço em público. De noite, o “Café dos Poetas”, no Nastássienski. A vovó revolucionária dos atuais salõezinhos café-poéticos. Escrevo roteiros de cinema. Eu mesmo sou ator. Desenho cartazes de cinema. Junho. De novo Petersburgo.
1918
A RSFSR não pode ocupar-se da arte. E é justamente dela que me ocupo. Fui à casa de Kszesinska, ao Proletcult.
Por que não está no partido? Os comunistas trabalhavam nas linhas de frente. Na arte e na educação, por enquanto só conciliadores.
Eles me mandariam pescar em Astracã.
25 de outubro de 1918
Concluí o mistério. Fiz leituras. Era muito discutido. Foi montado por Meierhold, com C. Malévitch. Em volta, esbravejou-se tremendamente. Sobretudo a intelligentzia comunistizante. Andriéieva fez o possível. Para estorvar. Exibiram três vezes, depois desmontaram. E foi um nunca acabar de Macbeth.
1919
Viajo com o mistério e outros trabalhos meus e de meus companheiros, pelas usinas. Uma acolhida esfuziante. No distrito de Viborg, organiza-se um comfut, editamos o Iskustvo Comúni. As academias estalam. Na primavera, mudo-me para Moscou.
A cabeça ficou tomada por 150.000.000. Passei à agitação na Rosta.
1920
Concluí 150.000.000. Publico sem nome de autor. Quero que cada um complete e melhore. Isto ninguém fez, mas em compensação todos sabiam o nome do autor. Tanto faz. Agora, publico-o com meu nome.
Dias e noites na Rosta. Avançam Dieníkines de toda espécie. Escrevo e desenho. Fiz uns três mil cartazes e umas seis mil legendas.
1921
Vencendo todas as delongas, ódios, papelórios e estupidez, monto a segunda variante do mistério. É apresentada no Primeiro Teatro de RSFSR sob a direção de Meierhold, em colaboração com os pintores Lavínski, Khrakóvski e Kíssielev, e no circo, em alemão, para o III Congresso do Comitern. É dirigida ali por Granóvski, com Altman e Rávdel. Teve umas cem representações. Passei a escrever no Izviéstia.
1922
Organizo a editora MAF. Congrego os futuristas da comuna. Chegaram do Extremo Oriente Assiéiev, Trietiakóv e outros companheiros de brigas. Comecei a anotar A Quinta Internacional, em que trabalhava havia mais de dois anos. Utopia. Mostraria a arte de quinhentos anos depois.
1923
Organizamos a Lef. Lef é apreensão de um grande tema social por meio de todos os recursos do futurismo. A questão naturalmente não se esgota com esta definição: remeto os interessados aos números respectivos. Fizmos aliança cerrada: Brik, Assiéiev, Kúschner, Arvatov, Trietiakóv, Ródtchenko, Lavínski.
Escrevi “Sobre Isto”. O cotidiano de todos, segundo motivos pessoais. Comecei a refletir sobre o poema “Lênin”. Um dos lemas, uma das grandes conquistas da Lef: a desestetização das artes industriais, o construtivismo. Um suplemento poético: folheto de agitação, de agitação econômica - isto é, publicidade. Não obstante as vaias poéticas, considero “O Bom? No Mosselprom” poesia da mais alta qualificação.
1924
“Monumento aos Operários de Kursk”. Numerosas conferências pela URSS, sobre a Lef. O “Jubileu”, a Púschkin. Os versos desse tipo formam um ciclo. Viagens: Tífilis, Ialta - Sebastópol. “Tamara e o Demônio” etc. Terminei o poema “Lênin”. Li-o em muitas assembleias operárias. Eu tinha muito medo desse poema, pois era fácil descer à merda perífrase política. A receptividade do auditório operário me alegrou e me firmou na convicção da necessidade do poema. Viajo muito ao exterior. A técnica europeia, o industrialismo, todas as tentativas de uni-los com a velha Rússia de atoleiro são uma ideia de sempre do futurista-lefiano.
Não obstante os dados nada reconfortantes sobre a tiragem da revista, a Lef amplia seu trabalho.
Nõs conhecemos esses “dados”: simplesmente o contínuo desinteresse burocrático pelas revistas isoladas, da parte do mecanismo volumoso e plácido da Guiz.
1925
Escrevi o poema de agitação “O Proletário Voador” e uma coletânea de versos de agitação, “Vai Dar Tu Mesmo uma Volta Pelos Céus a Esmo”.
Viajo em volta da terra. O início dessa viagem dá meu último trabalho poético (consistindo de poemas independentes) sobre o tema “Paris”. Quero passar dos versos à prosa, e hei de fazê-lo. Este ano, devo terminar meu primeiro romance.
“Em Volta da Terra” não deu certo. Em primeiro lugar, fui roubado em Paris, em segundo, depois de meio ano de viagem, precipitei-me como uma bala para a URSS. Não fui sequer a São Francisco (convidaram-me para uma conferência). Percorri em todos os sentidos o México e os Estados Unidos da América do Norte, além de partes da França e da Espanha. Resultado: livros - prosa jornalística: “Minha Descoberta da América” e versos: “Espanha”, “Oceano Atlântico”, “Havana”, “México”, “América”.
Quanto ao romance, acabei de escrevê-lo mentalmente, mas não o passei para o papel, pois enquanto acabava de escrevê-lo, impregnava-me de ódio pela ficção e comecei a exigir de mim mesmo escrever tudo com o próprio nome e com fatos reais. Aliás, isto se refere também aos anos de 1926 e 27.
1926
Em meu trabalho, eu me transformo intencionalmente em jornalista. O artigo, a palavra de ordem. Os poetas ululam; no entanto, eles mesmos são incapazes de fazer jornalismo, quando muito se publicam em suplementos irresponsáveis. Quanto a mim, acho engraçado olhar para as suas baboseiras líricas, a tal ponto é fácil semelhante ocupação, e ela não interessa a ninguém além de própria esposa.
Escrevo no Izviéstia, no Trud, na Rabótchaia Moscvá, no Zariá Vostoka, no Bakínski Rabótchi etc.
Meu segundo trabalho: continuo a tradição interrompida dos menestréis e trovadores. Viajo de cidade em cidade e leio versos. Novotcherkask, Vínitza, Khárkov, Paris, Rostóv, Tífilis, Berlim, Kazan, Svierdlóvsk, Tula, Praga, Leningrado, Moscou, Vorôniej, Ievpatória, Viatka, Ufá etc. etc. etc.
1927
Estou reiniciando (houve tentativa de suprimir) a Lef, agora “Nova”. Posição fundamental: contra a ficção, a estetização e a psicomentira por meio da arte; pelo panfleto, pelo jornalismo qualificado e pela reportagem. Meu trabalho principal é na Comsomólskaia Pravda, e faço horas extra trabalhando em “Que Bom!”
Considero o “Que Bom!” um trabalho programático, a exemplo de “Uma Nuvem de Calças” para aquela época. Limitação dos processos poéticos abstratos (hipérbole, imagem de vinheta válida por si mesma) e invenção de processos de trabalho com material de reportagem e de agitação.
Um patético irônico na descrição de miudezas, mas que podem ser também um passo firme para o futuro (”queijos sem moscas, lâmpadas não foscas, preços? afrouxo”), introdução, para cortar os planos, de fatos de calibre histórico diferente, legítimos unicamente como associações individuais (”Conversa Com Blok”, “Contou-me o Quieto Judeu Pável Ilitch Lavut”).
Vou elaborar o que projetei.
Mais: escrevi roteiros de cinema e livros infantis.
Além disso, continuei a menestrelar. Reuni cerca de vinte mil bilhetes, estou pensando no livro “Resposta Universal” (aos escritores de bilhetes). Sei o que pensa a massa dos leitores.
1928
Estou escrevendo o poema “Que Mau!”. Uma peça e minha biografia literária. Muitos diziam: “Sua autobiografia não é muito séria”. Está certo. Ainda não me academizei e não me acostumei a mimar a mim mesmo, e ademais o meu trabalho só me interessa quando dá alegria. A ascensão e queda de muitas literaturas, os simbolistas, os realistas etc., nossa luta com eles, tudo isto que decorreu aos meus olhos: eis uma parte de nossa história bem séria. Isto exige que se escreva a respeito. E eu vou escrever.
transcrito por Oliver, o Twist, menino de rua importado dos confins do ABC Paulista
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Um dia, quem sabe, ela, que também gostava de bichos, apareça numa alameda do zoo, sorridente, tal como agora está no retrato sobre a mesa. Ela é tão bela, que, por certo, hão de ressuscitá-la. Vosso Trigésimo Século ultrapassará o enxame de mil nadas, que dilaceravam o coração. Então, de todo amor não terminado seremos pagos em inumeráveis noites de estrelas. Ressuscita-me, nem que seja só porque te esperava como um poeta, repelindo o absurdo quotidiano! Ressuscita-me, nem que seja só por isso! Ressuscita-me! Quero viver até o fim o que me cabe! Para que o amor não seja mais escravo de casamentos, concupiscência, salários. Para que, maldizendo os leitos, saltando dos coxins, o amor se vá pelo universo inteiro. Para que o dia, que o sofrimento degrada, não vos seja chorado, mendigado. E que, ao primeiro apelo: Camaradas! atenta se volte a terra inteira. Para viver livre dos nichos das casas. Para que doravante a família seja o pai, pelo menos o Universo; a mãe, pelo menos a Terra.
Vladimir Maiakovski, O Amor
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A arte não é um espelho para refletir o mundo, mas um martelo para forjá-lo
Vladimir Maiakovski
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150,000,000
Vladimir Maiakovski 150,000,000 es el nombre del artífice de este poema. Su ritmo: la bala. Su rima, el fuego saltando de un edificio al otro. 150,000,000 hablan por mi boca. Esta edición fue impresa con la rotativa de los pasos, en el papel vitela del adoquinado. ¿Hay quién pregunte a la luna? ¿Hay quién pretenda que el sol le rinda cuentas? ¿Quién se atrevería a afirmar: éste es el autor…
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CopierCollerBarrer 2005
#albert camus#vladimir maiakovski#boris vian#véronique tadjo#emma santos#lewis carroll#charles bukowski#salman rushdie#rodrigo garcia#dessin
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- Carta de Vladímir Mayakovski dirigida a su hermana Ludmila, 1905
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Queira desculpar-me, camarada Kostróv, com sua inconfundível presença de espírito, que hoje eu desperdice essas estrofes em Paris neste imprevisto jorro lírico. Caso assim imaginares: um poeta desse porte, como pode assim portar-se? Belo talhe, toda ornada de pelagens e colares, no recinto entra uma dama. Devo a verdade informar-lhe: Camarada! Eu na Rússia já galguei o rol da fama. Já tive as mais belas garotas. Todas elas dos poetas se enamoram. Bem mais que cantadas marotas, apreciam o vigor da voz sonora. Mas a mínima não dou a passageiros sentimentos, – para isso estou já gasto. Eu, ferido para sempre de amor, a muito custo que me arrasto. O amor não meço pelo casamento. Deixou de amar? Até nunca mais! Da altura em que estou, camarada, eu nas cúpulas de tuas catedrais lanço celeste cusparada. As mulheres, custaria conquistar-lhes? Se quiseres entrar em detalhes, a zombar livre se sinta, o nome meu no mundo caia. Eu no auge dos meus trinta não me rendo a qualquer rabo de saia. Não se pode com carvões abrasar, ferver tampouco o amor em samovar. Às montanhas do meu peito e à selva dos cabelos o amor se sobrepôs. Se quiseres do amor o meu conceito, ei-lo pois: só poderei acreditar em um amor que força tenha de a noite atravessar como relâmpago e no golpe do machado cortar lenha como se de brincadeira na vereda do meu âmago. Amar é despencar pelos buracos do lençol – cair do sol e não da cama! Enciumar-se de Copérnico e não de qualquer verme com dinheiro e belas damas. Amor é o que age revivendo as engrenagens no motor do coração. Tu rompeste com Moscou a ligação… Os anos passam, a distância se amplia Poderias sobre isso dar alguma explicação? Do inferno o fosso aos celestes azuis, – poeta não fosse, eu astrônomo seria. Já a rua alvoroçou-se, o trânsito flui. Eu vou no caderno escrevendo poesia e, por mais que pela via os carros zanzem, não o vão deitar por terra. Se alguém me vê na praça: esse aí está em transe! De idéias e visões toda a massa que no crânio até as tampas se encerra. E quem sabe até num urso crescerá um par de asas? De repente, no ordinário refeitório, um susto: aquilo tudo que fervia entre a alma e a caderneta da garganta às estrelas extravaza: um cometa o verbo em brasa. Ele brilha com seu rabo sideral: a ardente plumagem que atravessa o universo. Se à noite na relva deitar um casal, a olhar para o céu o convide meu verso. O cometa levanta e conduz e fustiga – com sede de luz os olhos se abrem. Para que rolem dos pescoços as cabeças inimigas, o rabo reluz como um sabre. Até que a última batida soe em meu interior, terei certeza – estou amando. Eis o zumbido do amor: simples, humano. Quase explode o caldeirão de pedra e lava, o estrondo do vulcão é iminente. Há quem possa dominá-lo com palavras? Podes tu? Pois vai em frente.
Carta de Paris ao Camarada Kostróv Sobre a Natureza do Amor | Vladimir Maiakovski
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