#SunmerARO
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twilight-boy · 4 years ago
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Sunmer - I
Hera, a Rainha do Olimpo
Luxanno vinha caminhando pela área dos chalés, carregando consigo uma cesta de piquenique na mão direita e seguindo em passos calmos até a fogueira de Héstia que crepitava em vigor enquanto as suas chamas lambiam tudo aquilo que ousasse se aproximar demais. O calor que o fogo produzia, apesar de sua aparência, não era avassalador; espalhava-se como ondas que causavam conforto naqueles que por ali se aconchegavam.
O menino feito de ouro andou pelos arredores da fogueira, buscando por um espaço em que se sentisse preparado para dar início as oferendas a serem prestadas. Guardou-se em silêncio até que se sentisse confortável o suficiente com o momento, buscando desprender-se de distrações mundanas para que mergulhasse de corpo e alma até o encontro que planejara com a deusa.
— Hera, guardiã dos laços matrimoniais, deusa da maternidade, família e casamento, regente sobre vacas e pavões, eu a louvo!
Parando de caminhar ao redor do fogo, optando por escolher um ponto em que ficasse de costas para o Sol, ele abriu a cesta de piquenique e, de lá, retirou uma quantia considerável de tulipas e as segurou no antebraço esquerdo, junto ao peito. Ele voltou a percorrer ao redor da fogueira, colocando as flores recém colhidas dentro da mesma até que pudessem formar um círculo volumoso.
— Trago tulipas como símbolo da superioridade e da beleza, atributos os quais venero em ti, oh rainha olimpiana! Flores vermelhas são para ilustrar o amor verdadeiro que a mãe divina sente por sua família, protegendo os seus e mantendo-os em segurança; flores laranjas para indicar o vigor e a vitalidade que apenas uma mãe pode dar e inspirar aos seus filhos e lar.
Quando as flores, ainda levemente úmidas, começaram a murchar conforme iam ganhando calor do fogo, Luxanno volta a sua atenção, mais uma vez, para o interior da cesta que trazia consigo, apanhando incensos de rosas brancas. O jovem rapaz, com cuidado, posicionou as cinco varetas de incenso ao redor da fogueira, deixando-as queimar.
Em seguida, voltando-se para a cesta, ele segurou um óleo de mirra que despejou com atenção no que fazia, em pontos intercalados, entre cada uma das varetas de incenso onde estavam posicionadas. Afastou-se para observar o novo trabalho, inspirando o aroma suave que viajava através do ar.
— Como forma de representar meu respeito e admiração, eu, Luxanno Miller, filho de Febo Apolo, lhe dedico bons aromas. Que estes possam lhe ser úteis tanto em momentos de inspiração quanto em momentos agradáveis que venha a desfrutar!
Consultando a sua cesta de piquenique, agora quase vazia, a prole do deus-Sol puxou três penas de pavão, concedidas sem a ausência de violência para com uma ave, e as depositou na fogueira a fim de que elas formassem um delta. Ademais, Lux retirou um espelho circular e o colocou ao centro do fogo com muito cuidado, a fim de evitar quaisquer queimaduras e/ou irritações. Em sua última agitação, ele apanhou um pequeno saco fechado e colocou bem no ponto a sua frente, de modo a ser discreto.
— Além de todos os seus atributos, exalto-a como uma das mais belas e respeitadas deusas do Olimpo. Sem a sua presença e vigor, não haveria harmonia em vosso lar. Salve Hera, mãe de heróis e lendas!
Contendo o ar em seus pulmões, o rapaz aguardou em um silêncio tímido antes de terminar a sua oferenda.
— No saquinho, há grãos para que possa alimentar os pavões, animais de seu símbolo!
Luxanno observou o fogo balançar e queimar todos os itens que o menino havia colocado sobre a fogueira, interpretando como um resultado positivo de seus atos. Afastou-se sem remover o olhar da fogueira e a reverenciou, cessando a sua conexão divina. Quando endireitou a postura, sorriu aos céus e deu as costas para o lugar, saindo em uma caminhada confiante de seus atos.
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twilight-boy · 4 years ago
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Sunmer - II
Héstia, a deusa da Família
Os céus se dividiam entre os últimos traços da claridade alaranjada e a escuridão púrpura que o fim de tarde trazia. Com todos do Acampamento já retornando de suas atividades diárias, descansando nos chalés ou no banheiro para se lavar, a área dos chalés estava deserta, tendo apenas a solitária fogueira crepitando no centro daquele local. As chamas estavam baixas, um tanto quanto tímidas.
O semidivino de Apolo saiu de seu chalé, o Sete, trazendo a sua cesta de cordas consigo na mão direita, rumando em passos decididos até a fogueira de Héstia. Aproveitaria o momento oportuno para que, após reunir coragem e se determinação, prestasse agradecimentos a deusa. Com a aproximação de Luxanno, calor com calor, as chamas cresceram de tamanho, dançando de forma convidativa, como se estivessem o esperado muito antes de ele pensar sobre.
— Héstia... — o loiro a chama com suavidade na vocalização. — Oh, Héstia, divina donzela que guarda o lar e a família. A última Olimpiana, portadora das chamas e do conforto! Eu, Luxanno Miller, presto minhas honras para com o fogo a saudando!
Ele não pôde evitar de sorrir para o fogo, tentado a não colocar as mãos na reação química, apesar de ser solicitado por esta. Puxa, então, de sua cesta, pedaços de canela e cidras inteiras, colocando a mão tão fundo na fogueira que o fogo quase o repreendera diversas vezes pela ousadia.
— Quando eu cheguei aqui, tudo o que eu mais desejava era me encontrar em um lugar pelo qual eu me sentisse pertencido e acolhido. — deposita as frutas cautelosamente, dando um passo para trás e engolindo em seco por verbalizar tais palavras. — E, além do meu diário, acredito que você tenha sido quem mais sabe disso.
Aproveitando do fogo para que pudesse se aquecer, também, Luxanno presta admiração ao elemento. Tudo o que desejava demonstrar para Héstia jamais seria suficiente em forma de palavras. O rapaz estava tão leve que experimentava a sensação de estar sendo desintegrado lentamente; algumas coisas, assim como o fogo, só podem ser compreendidas através do sentir. Em seguida, é depositado na fogueira, por Luxanno, um pequeno frasco de com adornos dourados contendo néctar e pedaços triangulares de ambrosia.
— Héstia, aquela que cuida das oferendas e do fogo, a que permanece quando tudo se esvai. Oferto-lhe, em tributo, a comida e a bebida dos deuses. — ele move ambas as mãos sobre o fogo na tentativa de instigar as chamas. — Obrigado por me ouvir e obrigado por estar aqui. Desde o começo me ouviu, mesmo quando não estava me dirigindo a você e, por isso, me redimo pela insensibilidade.
Como um ato final, o meio-sangue tira da cesta pedaços retangulares de um bolo de mandioca e coco que ele mesmo havia feito, ou assim tentado. Ele demonstrava humildade nas intenções porque era o sentimento que o seu coração batia. Estando tão vulnerável e disposto, sentia Héstia lhe fazendo companhia, incentivando-o a se abrir para ela.
— Vejo agora que, através das honras prestadas a Hera, você me deu o significado de lar, de família, por minhas preces e oferendas. Serei grato pelos ensinamentos aconchegantes de sua lareira; hoje e nos momentos quando tudo estiver... complicado. Reconheço que sua participação é a base para qualquer início. Partindo em meu caminho, preciso me conhecer antes de qualquer coisa. Ave Héstia, a deusa das chamas!
Posto tais palavras, Luxanno se afasta andando de costas e reverencia as chamas. O que vivenciava dentro de si era uma calma que nunca havia experimentado antes, sentindo-se confortável consigo mesmo pela primeira vez em muito tempo. Logo, ele dá um sorriso tímido para a fogueira e parte de volta ao Chalé 7, dedicado a Apolo.
Naquele dia, o garoto não seria tão vibrante e enérgico mais pela recente paz que havia degustado.
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twilight-boy · 4 years ago
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Sunmer - III
Apolo, o pai de Luxanno
O céu da madrugada já estava começando a clarear quando Luxanno adentrou na área dos chalés com as mãos ocupadas. Carregava consigo maçãs, jacintos, louros e girassóis, plantas dedicadas ao culto de seu pai, o deus Apolo. O aroma que aquela combinação em seus braços exalava era tão sublime que o semideus já se encontrava com a ponta do nariz avermelhada de tanto inalar, gerando uma suave irritação no olfato.
Quando os primeiros raios da aurora despontavam no céu, ele sabia que não ia demorar até que seu pai passasse por cima do estreito de Long Island e, quem sabe, poderia receber a sua oferenda prontamente; o primeiro com quem ele falaria.
Enquanto a fogueira crepitava sozinha no coração daquela região, Lux começou a trançar as delicadas hastes daquelas plantas com suas mãos habilidosas. Sentando-se ao redor do fogo para buscar estabilidade em seu trabalho, ele buscava ser rápido o bastante para terminar antes que o Sol se erguesse e preciso o suficiente para que nada ficasse imperfeito ou fora de seu devido lugar. Os louros foram os primeiros a serem trabalhados pelas mãos do rapaz, começando a trançar os seus ramos em uma estrutura robusta e bonita. Logo, conseguiu uma coroa de louros como as dos gregos da antiguidade.
Deixando o seu novo objeto ao seu lado, a prole do Sol recolheu os girassóis que havia trago, nivelando o tamanho de seus caules com um corte preciso de uma faca. Fazendo o uso de um ramo de louros sem folhas, amarrou os girassóis como um grande buquê e sorriu satisfeito com o resultado. Não tardou até que pudesse encaixar os jacintos brancos em meio as flores maiores, conferindo-os de modo que ficassem como detalhes sutis do arranjo.
O meio-sangue ficou de pé e finalmente deu atenção para as maçãs que colhera. Depositando as flores ao lado da coroa de louros, caminhou até a fogueira, fazendo uma curta reverência ao fogo. Apanhando duas maçãs firmes e avermelhadas, jogou para que fossem queimadas.
— Oferto, primeiramente, à deusa Héstia pela família que mantém unida e cuida para que as oferendas sejam devidamente destinadas aos deuses!
Recuou de volta para onde estava sentado e apanhou a coroa de louros, o buquê de girassóis e jacintos e as maçãs vermelhas restantes. De costas para o oeste, esperando o exato momento em que o primeiro raio de luz cortasse o céu do leste, ele encheu os pulmões de ar para conectar-se com o divino, desprendendo a mente do corpo f��sico.
— Ao radiante deus-Sol, o arqueiro dourado e inspirador de atletas. A luz brilhante do Olimpo, aquele que tudo vê, eu o louvo. Eu canto sobre Apolo, deus das artes e da música, meu pai!
Ao cessar as palavras de saudação, Luxanno exibe uma postura forte e determinada. Com o peito saltando frente aos ombros, em um aspecto de beleza e saúde atlética, o jovem apresentou um brilho no olhar ao se dirigir à aurora. Posteriormente, colocou cada uma das outras maçãs em círculo dentro da fogueira de Hésita, parando de costas para o oeste mais uma vez. Suas mãos, então, seguraram o buquê de flores e estendeu ao ar, acima de sua cabeça.
O Sol havia se erguido para aquela região do mundo e Luxanno atirava as flores às chamas.
— Eu sei que tivemos um primeiro encontro conturbado, com uma ruptura de expectativas e apresentações pouco calorosas, para não dizer frívolas. — Os lábios do jovem se comprimem por um instante. — Espero que possa encarar minha sinceridade como um bônus de tudo o que eu tenho a dizer para com você, Apolo.
Neste interim, as maçãs e as flores já estavam sendo consumidas por chamas vorazes, levando a beleza e essência mortal em meio a queima de substâncias. Segurando a coroa de louros que havia feito com suas próprias mãos, a claridade da manhã atinge os olhos do semideus como uma carícia, fazendo-o brilhar um pouco mais. Não tarda até dar continuidade em suas palavras.
— Gostaria de saber se está aqui, se pode me ver. — A voz tende a falhar por julgar-se estúpido mas Lux a recupera. — Já não sei como lidamos um com o outro, as coisas me parecem incertas. Mas eu quero contar que eu acabei de ser nomeado conselheiro do Chalé 7. Quíron me escolheu não só para representar o chalé mas também honrar teu nome aqui no Acampamento! Não sei se tem alguma influência sobre isso mas eu quero dizer que estou feliz com o título que me foi confiado.
Luxanno faz uma pequena pausa conforme a luz da aurora alcança novas alturas nos céus da manhã, sentindo-a aquecer a sua pele para além da temperatura própria. Eleva a coroa de louros junto ao peito antes que um suspiro fuja dos lábios. Concentra-se no fogo mais uma vez.
— Como eu lhe disse, não sei se está por aqui ou se tem prestígio nestas decisões. Quero que saiba que, por mais que eu esteja lhe contando, eu tenho orgulho de mim mesmo por chegar onde cheguei... — Estende as mãos sobre o fogo. — Eu sei das regras mas um sinal aqui ou ali, um "e aí" de vez em quando não mataria nenhum de nós dois, não é? Ou dois grifos para um passeio, talvez?!
O último pedido soa muito incerto devido a fala arriscada que profere. De qualquer forma, o campista não hesita em atitudes. Com grande cuidado, coloca a coroa de louros para que seja queimada ao fogo.
— Eu a fiz para você e espero que tenha um bom dia, Apolo! — Se afasta das chamas. — Tenha um bom dia, pai... — profere esta últimas palavras de modo quase inaudível antes que possa se afastar do fogo, indo em direção ao chalé 7.
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