#SE EU PUDESSE COMEÇAR A BEBER AGORA EU COMEÇAVA!!!!!!!!! VAMO CARALHO
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É HOJEEEE BRASIIIIILLLLLL I FUCKING LOVE THE WORLD CUP !!!!!!!!!!!!!!!!!!!!
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11 - #34 O Consultor de Caldas
Título da fanfic: O Consultor de Caldas
Sinopse: Kyungsoo gostava de mistérios, mas em nenhum de seus livros havia garotos tarados pela bunda do protagonista escondendo-se por trás de bilhetes desleixados.
Couple: SeSoo
Número do plot: #34 Sehun gostava de observar Kyungsoo na biblioteca, ele nem ia para ler os livros, mas sim para ver o carinha baixinho e olhudinho devorar quase a estante toda rapidamente. Por achar que o outro gostava muito de ler, decidiu se comunicar com ele desta forma bilhetes, escritas nas páginas dos livros, mensagens. Kyungsoo viciado em livros de mistério do jeito que era, queria desvendar quem era o seu escritor de mensagens.
Classificação: +18 pelo yaoi
Aviso: Linguagem Imprópria, Homossexualidade
Quantidade de palavras: 11.275
Nota do autor(a): hey. eu só queria pedir desculpas para a pessoa que doou o plot, porque acho que não ficou bem como ela imaginou, poderia ter ficado melhor kkkk e nem ficou tão engraçado quanto deveria, mas a gente releva. eu espero que gostem mesmo assim, até mais!
Minha calda endurece por você, garoto
Sabe quando você é adolescente, tá naquela fase, e acredita veementemente que a vida adulta – mais especificamente a vida de um jovem adulto recém-admitido na universidade dos sonhos – é beeem supimpa? Que deve ser super fantástico ter independência e poder fazer o que quiser sem papai e mamãe por perto para dar um piu sequer? Que viver num dormitório cheio de marmanjos da sua idade é algo de outro mundo e que as festas todo fim de semana vão te salvar de todo o estresse barra trabalho de parto que foi o vestibular? E que juntando tudo isso você vai entrar na melhor fase da sua vida?
Doce ilusão, meus caros amigos, doce ilusão.
Primeiro que os seus pais vão continuar mandando em 90% de você, seja porque eles vão continuar te sustentando à distância ou simplesmente porque eles continuam sendo os seus pais, oras. No máximo vão deixar de te impedir de beber e usar outras drogas lícitas, no máximo. E, vai por mim, você não vai querer passar um dia sequer no dormitório da universidade depois que der uma boa olhada no banheiro. E nos quartos. E nas pessoas! É tudo uma enorme, colossal, gigantesca bagunça e os banheiros... Bom, digamos que eles não conseguem manter as regras básicas para uma boa convivência (nem as normas de higiene) por mais de cinco minutos. As pessoas são barulhentas demais e você encontra todo tipo de encrenqueiro, tipo aquele carinha que te irritava na quinta série e agora acha que vai poder te incomodar novamente depois de velho. Como se você não pudesse revidar na surra.
Ou no processo, se você for o Zitao, claro.
Ah, e não acaba por aí, não mesmo! Se você achou que rola festa todo fim de semana, que a galera é super-relaxada e tudo o mais, sinto informar que festa só após a formatura, meus queridos, porque é trabalho atrás de trabalho e teste atrás de teste e pesquisa atrás de pesquisa. Se você achou o vestibular um parto, vai doer muito mais quando começar o ano letivo, acredite. E além disso tudo, ainda existe a possibilidade dos professores não irem com a sua cara, ou até os alunos, e você acabar isolado como o Yixing (que deixou de ser isolado quando eu cheguei, rs). O cara viaja, mas até que é divertido... zinho.
Enfim, o começo da vida adulta é tudo, amigos, menos a melhor fase de todos os tempos.
Mas isso também não quer dizer que ela não possa ser legalzinha, calma. Depende muito do seu santo, hm? Vai ver você é um cara de sorte como eu e encontra algo ou alguém que te salve de todo o inferno que é a faculdade logo de primeira. Nunca se sabe. No meu caso demorou um pouquinho para dar certo, mas que graça teria a minha história se fosse tudo simples e fácil, não é mesmo? Então vamos lá, vamos começar pelo acidente que mudou tudo.
~*~
Quando fui aprovado no vestibular e soube que finalmente me mudaria para Seul e deixaria a casa dos meus pais foi uma loucura. Vamos dizer que ninguém costuma botar muita fé em quem dormiu quase todas as aulas de matemática no pré-vestibular, então foi realmente chocante eu ter conseguido passar em Nutrição. Foi lindo. Lindo por algumas horas, pois mamãe logo começou a surtar com tudo para cima de mim.
A senhora Oh me mandava arrumar minhas coisas para lá e outras para cá, me dava uns conselhos completamente sem noção para quando eu chegasse a Seul, reclamava sobre o fato de eu querer ficar no dormitório com um monte de gente desconhecida, aí começava a chorar como se não quisesse se livrar de mim desde que completei dezoito anos e pedia para o meu pai lhe dizer quando foi que eu deixei de ser Sehunnie, o pivete de seis anos mais chorão da cidade em que nasci.
Eu achava que ia entrar naquele ônibus e nunca mais seria perturbado pelos gritos da minha mãe, viveria em paz e rodeado de gente que com certeza me entenderia na cidade que realmente nunca dorme. Engano meu, óbvio. Mal pisei em Seul e já recebi uma ligação de mamãe avisando que eu não viveria à custa dela durante mais quatro anos, ou seja, ela gritou a plenos pulmões: arranja um emprego, vagabundo! E foi tão alto que o moço parado ao meu lado pareceu ouvir, já que me olhou com uma careta desgostosa – aquelas que gente sem noção faz para quem está desempregado, como se a pessoa quisesse estar – e deu um passo para o lado, afastando-se de mim como se eu tivesse alguma doença contagiosa. Revirei os olhos para o carinha, voltando minha atenção para o celular e percebendo que a mulher ainda berrava comigo. E foi berrando até eu chegar à universidade.
Ao botar os pés em frente à porta do prédio onde eu ficaria, senti um alívio estranho que durou mais ou menos cinco segundos, porque foi só abrir a porta do local que meu coração deu dois toquinhos no meu peito, abriu uma portinha e disse com a voz esganiçada: nem a pau, Juvenal. Arrependi-me de não ter ouvido minha mãe, arranjado um emprego no ensino médio e guardado dinheiro para alugar algum apartamento fora do campus. O local era uma algazarra total, havia roupas por todos os lados e o chão parecia não ver uma vassoura há séculos. Detalhe: eu tenho alergia a poeira. Comecei a tossir loucamente enquanto caminhava em direção ao quarto 614, tendo que subir alguns lances de escada antes de chegar lá, podendo admirar de perto algumas cuecas (nem me pergunte se sujas ou limpas) sobre o corrimão e uns malucos brincando de... De alguma coisa que envolvia correr sem camisa pela casa.
O corredor onde eu ficaria era o menos bagunçado, o que me fez quase ajoelhar e agradecer aos céus por isso. Não que eu fosse um ser completamente organizado e cheio de paranoias... É só que de bagunça bastava a minha, se misturasse com a dos outros não ia dar certo. Nunca deu, hohoho. Assim que avistei a porta de meu quarto, dei dois toques nela antes de abrir e me deparar com uma cena nada bonita, meus lindos.
— Caralho, mano, o que você tá fazendo? — minha voz saiu completamente desafinada enquanto cobria meus olhos com as mãos. — Devia trancar a porta quando vai fazer esse tipo de coisa, doente!
— Eita porra — ouvi sua voz, logo em seguida o som de algo caindo no chão (julguei ter sido seu corpo ao tentar levantar e tropeçar nos lençóis) e depois uma risada envergonhada. Tirei as mãos da cara e o vi meio enrolado num edredom, aproximando-se de mim. — Desculpa, carinha, eu não sabia que você ia chegar hoje. E também não costumam entrar no meu quarto, por isso não me preocupei em trancar e...
— Desgruda, peladão — interrompi ainda meio desafinado pelo susto, afastando-me rapidamente. — Na próxima vez, que tal bater uma no banheiro? É mais seguro, sabia? E veste uma roupa, pelo amor de Deus.
— Ih, maluco, tu já viu o estado dos banheiros daqui? Se eu fosse você ia me adaptando à arte do voyeurismo, porque aqui ninguém usa o banheiro por mais de dois minutos — ele deu uma risada engraçada e estendeu uma mão em minha direção. — Sou Zhang Yixing.
— É, aposto que sim, e eu sou Oh Sehun — dividi o olhar entre seu sorriso simpático e a sua mão, empurrando-a para o lado com a ponta do indicador e negando com um gesto. — Depois do que eu vi aqui, nessa mão eu jamais vou encostar.
— Nunca diga que desta água não bebereis, por que vai que bebereis? Hidratação é tudo.
Encarei o Zhang com a minha melhor expressão de “o que você tomou no café da manhã?” e passei por ele, admirando o minúsculo quarto que dividiríamos com duas certezas: a) eu não aguentaria viver ali por muito tempo e b) eu precisava arranjar um emprego e me tirar dali logo. E não, não foi esse pequeno acidente que mudou tudo. Só tava enrolando, risos, desculpa.
Bom, depois de arrumar minhas coisas e tirar a cena que torrou minha visão quando cheguei, aceitei sair para tomar um café com meu mais novo colega de quarto, mesmo que ele não tivesse me chamado. Eu sabia que era só uma questão de tempo até que eu o obrigasse a sair para me pagar uma bebida, anyways. E no caminho até o shopping mais próximo, eu pude ver que Yixing não era uma pessoa muito sociável pelas coisas que me contava sobre os nossos colegas. Ele também tinha um jeitinho engraçado que me faria vê-lo como alguém adorável se não fosse a cena anterior.
Então, é o seguinte, nós tomamos o café, batemos um papo saudável sobre como tudo funcionaria no nosso quarto, intimei ele a almoçar comigo todos os dias a partir daquele, curtimos a companhia estranha um do outro e nos separamos na cafeteria mesmo. Eu me sentia pleno novamente. E com toda a minha plenitude caminhei até a sorveteria ao lado, comprei a primeira coisa que vi pela frente e, quando estava me retirando, senti meu celular vibrar e fui atender mais uma ligação da minha mãe. E aí pow. Enfim o tal acidente. No meu momento de distração, um homenzinho fardado de forma bonitinha simplesmente brotou na minha frente e eu acabei por derramar todo o meu sorvetinho na roupa dele! Nossa, galera, meu cu trancou. Jurei que ia levar um esporro daqueles por ser tão descuidado, só que no fim não veio nada. Nadinha, só uma risadinha que me arrepiou dos pés a cabeça.
— Sinto muito — murmurei ainda encarando o sorvete sobre seu abdômen. Ele falou alguma coisa que soou distante demais para mim, então fui erguendo o olhar e parei alguns instantes sobre o seu crachá. — Consultor de caldas? Desde quando isso existe?
— É uma boa pergunta. Acho que inventaram na hora de me contratar — outra risada, dessa vez mais alta, e eu fui puxado de volta à realidade. — Vem, vou te dar outro potinho, esse daqui já era.
Finalmente olhei para o rosto do moço simpático que começava a me puxar em direção ao balcão e, uau, maluco, a única coisa que eu conseguia pensar era: uau, que sorriso lindo, uau, que olhos bonitos, uau, que voz gostosa, uau, que corpinho maravilhoso, uau, que homem é esse?! Tanto que só sai do meu momento bizarro de contemplação quando o consultor de caldas, Do Kyungsoo, estalou os dedos em frente ao meu rosto. Ele riu do meu jeito meio avoado, completamente alheio aos corações que apareceram no lugar das minhas pupilas ao vê-lo de pertinho, e aquilo fez meu heart dar mais uma aceleradinha.
— Desculpa...
— Tudo bem. Aqui está. Até a próxima, e volte sempre. — foi o que ele disse.
Suspirei ao pegar o potinho de suas mãos e fiz uma breve reverência ao agradecer, virando-me e seguindo para fora do estabelecimento com duas orelhas torrando e um sorriso bobo no rosto.
Aquele moço ainda não sabia, mas ele seria o pai dos meus filhos.
↩↪
Dois meses.
Passaram-se dois meses desde o dia em que cheguei a Seul, conheci o amor da minha vida e tive que arranjar paciência do além para lidar com meu colega de quarto falando das séries dele sem parar. Nesse meio tempo eu também conheci Zitao, chinês como Yixing, alto como um arranha-céu e magro de um jeito assustador. O garoto fazia Design de Moda em algum canto daquele lugar imenso.
Nossos cursos não tem nada a ver, por isso não nos conhecemos pelos corredores da universidade, e sim numa liquidação em que Yixing me enfiou dizendo que havia blusas com as casas de Hogwarts e ele queria comprar a da sua. Nós acabamos esbarrando em Zitao, que achou que a gente queria pegar as botas que ele estava segurando com todo cuidado e acabou metendo a mão na minha cara, dizendo que não eram quaisquer botas, mas da Prada. Aí eu acertei a cara dele também, é claro. E então nós dois acabamos parando no YouTube com um vídeo de dois minutos de pura gritaria, tapas e sapatos por todos os lados. Digamos que ficamos bem conhecidos pelo campus, e num vira e mexe do caralho acabamos virando amigos, uma espécie bem estranha de amigos.
Só que esse não é o ponto, não mesmo. O ponto é: dois meses e eu nunca mais vi o homem da minha vida.
Tudo bem que eu nunca mais tive tempo de ir à sorveteria em que ele trabalha, mas putz, o procurei em tudo que é rede social e nadinha de Do Kyungsoo, o consultor de caldas. Yixing disse que eu deveria desistir e procurar alguém como um garçom ao invés de um consultor de caldas, porque garçons não somem com tanta facilidade, o que me deixou com um grande ponto de interrogação na testa... Mas ao me mandar desistir de um cara, os ouvidos de Tao pareceram aguçar, pois ele avançou na minha direção com um sorriso malicioso assustador e quase derrubou a mesa em que estávamos na lanchonete próxima ao prédio onde eu cursava Nutrição.
— Então Oh Sehun está apaixonado? E não me contou nada? Quase me magoou, sabia? Agora me diz quem é, como é e o que está acontecendo — e aquilo não era um pedido, era uma ordem.
Eu não queria levar um chute do novo tênis de Zitao, pois ele era cheio de uns trequinhos pontiagudos que pareciam servir para tortura, então falei tudo numa velocidade humanamente impossível.
— Ah, então está tendo problemas em encontrar o Cinderelo? Que inconveniente ele não ter deixado o sapatinho de cristal, hein? Deixa comigo — ele piscou e se afastou, tirando seu celular do bolso e abrindo o Instagram.
— Nem adianta procurar aí, eu já tentei e...
— Acho que encontrei.
— É o quê? — Yixing e eu gritamos, chamando a atenção de algumas pessoas ao nosso redor.
— Aqui, pedi para o Chanyeol procurar para mim — ele sorriu e me entregou o celular. — Chanyeol conhece todo mundo nessa cidade, então só pode ser esse garoto... E olha só, ele cursa Gastronomia. Aqui.
— Que sorte, Sehun — Yixing murmurou admirado, enquanto eu observava o chat de Tao com aquele tal Chanyeol. — Ei, Tao, você poderia usar esses seus poderes para encontrar um namorado para mim, sabe?
— Desculpa, brotinho, mas pro teu caso não tem mágica que resolva — ele desdenhou, logo rindo e dizendo que faria o seu melhor para encontrar alguém pro Zhang. Vi os olhos de Yixing brilharem e sorri.
— Mas então... Ele não tem nenhuma rede social segundo o Chanyeol, hein? — murmurei.
— Aparentemente não. Porém, entretanto, todavia, se for o Kyungsoo que eu estou pensando, ele vive na biblioteca estudando — Tao disse. — Você pode ir até ele e, tchan, puxar assunto.
— Tá doido? Eu não posso simplesmente chegar nele — falei entregando o celular.
— Claro que pode, oras. — replicou. — Você tem pernas para ir até ele, uma boquinha lindinha para dialogar e, olha que coincidência, falam a mesma língua. Destino.
— Se não vai chegar nele, pretende fazer o quê? — Yixing perguntou.
— Eu não sei... Ainda. Mas eu vou descobrir.
— Tá sentindo isso, broto? — Tao olho para Yixing e o mesmo assentiu, depois negou e voltou a assentir segundos mais tarde.
— Sentindo o quê? — deixei uma risada escapar com a expressão do nosso novíssimo estilista.
— Esse cheiro de Sehun vai se dar mal — ele revirou os olhos. — Isso é Deus, sabia? Ele tá te castigando por ter me feito ser expulso daquela lojinha antes de pagar pelas minhas botas.
— Desde quando você acredita em Deus? — arqueei as sobrancelhas em sua direção.
— Eu acredito em Cha Hakyeon, okay? — ele apontou o indicador para mim, arrancando mais uma risada de minha parte. — Certo, chega de papo, quero meu bolo... Cadê aquela garçonete?
Ele passou a procurar a garçonete que havia anotado nossos pedidos e Yixing voltou a mexer em seu celular, e eu botei minha cabecinha para funcionar – a de cima, por enquanto. Kyungsoo, o consultor de caldas, vivia enfurnado numa biblioteca, eu não conseguiria chegar perto dele sem derreter no meio do caminho e precisava de um plano infalível para conquistá-lo à distância. E, não, galera, eu não pegaria o número dele para dar uma de te crusho anonimamente e só vou dizer meu nome quando for correspondido, eu não sou a S/n.
Então me restava arquitetar um bom plano e... Minha comida chegou, quem sabe mais tarde.
↩↪
Bendita hora que fui deixar para arquitetar meu plano maligno mais tarde. Nunca me senti tão agraciado na vida do que quando conheci Park Chanyeol e ele me contou sobre Kyungsoo e o motivo dele viver na biblioteca. E, galera, meu homem não é tão estudioso quanto ele aparenta ser, não mesmo, o Do vivia enfurnado na biblioteca lendo livros sobre qualquer coisa, menos Gastronomia!
Segundo o ficante do Tao (que ele dizia não ser ficante, mas Yixing e eu sentíamos no coração), todo ano a universidade promovia algum ‘jogo’ que durasse um semestre inteiro, e o desse ano era um projeto chamado Encontro às Cegas Com Um Livro, ou só ECL. Os veteranos da faculdade de Literatura e de Letras tiveram que espalhar livros embrulhados por toda a nossa biblioteca, que por um acaso é a maior biblioteca de Seul, e então as pessoas teriam que caçá-los, lê-los até o final e ir até a bibliotecária registrar seu nome e o título do livro, entregando-o para que ela o escondesse novamente. Aparentemente, quem ler todos os livros até o final do semestre ganha algum prêmio, e Kyungsoo apostou com os colegas de turma que leria todos e ganharia a tal coisa.
— Uou, isso parece meio complicado, não é? Quero dizer, ele deve ler rápido como o Flash para ter tanta confiança de que vai conseguir. Eu não apostaria se não estivesse confiante. — Yixing disse enquanto eu contava sobre o meu encontro com Chanyeol. — E como esse Chanyeol sabe tudo isso?
Estávamos no nosso quarto no dormitório, Zitao também estava presente, e nós três estávamos jogados um ao lado do outro sobre o chão que eu havia milagrosamente limpado mais cedo.
— Ele disse que foi um dos veteranos que espalhou os livros e que é vizinho do Soo — respondi empolgado. — E adivinha só o que ele me deu? Hein, hein?
— Um fora em nome do Kyungsoo? — semicerrei os olhos em sua direção. — Mais informações sobre o motivo da sua trouxice crônica...? Não, já sei, ele te deu um cartão que autoriza levar mais de quatro livros emprestados da biblioteca! Cara, como eu queria aquele cartão...
— Você tá pedindo pra morrer, Zhang Yixing — ergui meu punho em forma de ameaça, vendo-o encolher-se sobre Zitao, que por acaso estava adormecido do seu outro lado. — Ele me deu A Lista. Segundo ele, para facilitar as coisas, o Soo pediu a lista que diz onde estão os livros, quais os nomes deles e qual a ordem do início ao fim, ou seja... Eu tenho um mapa do tesouro e um plano maravilhoso.
— Ah, sim, entendi — ele assentiu e puxou o lençol para cobrir as pernas quilométricas da nossa gazela. — Então qual é o plano?
— Eu vou pôr bilhetes nos livros que ele vai pegar, antes dele pegar, é claro.
— Hm — ele pareceu pensar por alguns instantes. — Não parece um plano tão ruim. Só toma cuidado para não fazer besteira e perder o consultor de caldas de vista novamente, okay? Nunca se sabe quando você vai pôr calda de morango no sorvete errado. Nunca.
Ele me olhou como quem sabia do que estava falando e eu o olhei de volta como se pudesse examinar o grau de retardo só com uma encarada, assentindo com a cabeça rapidamente. Ficamos em silêncio por um tempo, mas o Zhang logo se voltou para mim com a sua melhor carinha de sonso e questionou:
— Mas, Hunnie, que tesouro é esse que o mapa mostra?
E mais uma vez eu ergui o punho, dessa vez não só ameaçando-o como acertando seu ombro em cheio.
— A bunda do Kyungsoo é o tal tesouro — ouvimos o sussurro de um Tao sonolento e o mesmo empurrou Yixing para o lado e deitou o rosto no peito do meu amigo, não voltando a dormir sem antes dizer: — Agora calem a boca e durmam, cremosos.
Yixing me olhou assustado e eu sorri, falando sem emitir som algum: vai que é tua.
E logo seria minha também. A bunda do Soo, quero dizer.
Mas antes de fazê-la minha, aqui vão alguns conselhos do mestre Oh Sehun; antes de botar qualquer plano maligno que envolva conquistar o homem da sua vida em prática, amorteçam a terra – preparem o ambiente, conheçam o local em que vão alcançar o coração da sua presa. É importante saber por onde fugir caso as coisas fiquem muito perigosas. E foi exatamente isso o que eu fiz, irmãos, eu amorteci a terra e de bônus aproveitei para admirar o Kyungsoo de longe, fingindo que estava estudando na biblioteca quando a única coisa que fazia era estudar a sua beleza a uma ou duas mesas de distância.
Após amortecer a terra, vocês devem descobrir por onde começar a atacar, no meu caso, descobrir qual livro riscar primeiro. Confesso que foi difícil descobrir em qual livro da lista o Do estava sem ter contato algum com ele, mas eu sou eu, não é? Então eu dei meu jeito. Estava tudo okay quando o grande dia chegou, sabe? Eu sabia os horários de Kyungsoo graças ao garoto que dormia no quarto ao lado do meu (ele também fazia Gastronomia), e por saber o horário em que ele ia até a biblioteca eu deveria me adiantar, sair mais cedo da minha aula e pôr o bilhete antes que ele chegasse e pegasse o livro. Eu finalmente me comunicaria pela primeira vez em quase três meses com o crush, e me sentia empolgado. Empolgado até a hora de escrever o bilhetinho e o nervosismo me invadir.
Na teoria a coisa é simples, parece fácil, mas acreditem, na prática a história é outra.
Eu cheguei quinze minutos antes do horário em que Kyungsoo normalmente chegava, caminhei até a estante onde o próximo livro estava e peguei um dos papéis do bloquinho que havia roubado de Zitao quando ele não estava olhando. Então o deitei sobre a superfície embrulhada do livro e me perguntei o que dizer para Kyungsoo naquele momento. Óbvio que me deu o famigerado branco, o que me deixou puto porque eu passei horas e horas na frente de Yixing planejando todo tipo de frase de ação para escrever, mas no fim, saiu essa enorme cagada:
Para: Kyungsoo
Gato, você não é uma estrada com buraco
Mas é um pedaço de mau caminho, seu lindo.
Seu Futuro Namorado.
Não sabia se ria ou se chorava, então resolvi fazer os dois enquanto saía de fininho da biblioteca, logo após observar se meu plano daria certo ou não. Devido a minha posição, não pude ver a expressão de Kyungsoo ao desembrulhar o livro e ver que havia um papelzinho dentro direcionado a si mesmo, mas ela não podia ser pior do que a de Zitao quando eu disse o que havia escrito para o Do mais tarde, quando o encontrei na minha corrida para o dormitório.
— Fala sério, Sehun, você aprendeu isso com quem? O Yixing? — me encarou enquanto subíamos a escada. — Porque só sendo com alguém inexperiente como ele para tu tirar uma porcaria dessas.
— Você não deveria falar assim do Xing, ele gosta de você — falei, tentando desconversar.
— Eu também gosto dele, querido, e amigos são sinceros uns com os outros — deu com os ombros. — Yixing é o que chamam de virjão, Hun. Ele tem sorte de ser fofo, sabe? É tipo você, só que os papéis se invertem. O Yixing é virjão e adorável, você é retardado e... um safado. Eww.
— Às vezes eu sinto vontade de acertar a tua cara — falei ao parar no corredor em que nos separaríamos.
— Sente nada. De qualquer forma, não tente mudar de assunto, eu sei como te ajudar. Vem cá. — ele me puxou pela gola da camisa e sussurrou o que eu deveria escrever para Kyungsoo na próxima vez. — E vê se dá um jeito de olhar pra cara dele na hora que ele ver o bilhete.
Sorri amarelo e nos despedimos. Eu só gostaria de ter visto Yixing nos acompanhando alguns degraus atrás antes de deixar um beijo na bochecha do meu salvador, afinal, quando eu disse para Tao que o Zhang gostava dele, eu não estava falando de amizade.
↩↪
— Tá tudo bem entre a gente mesmo? — perguntei para Yixing, que a todo o momento olhava sobre os próprios ombros para me avisar caso Kyungsoo se aproximasse.
Havia descoberto que Kyungsoo era capaz de ler um livro fino em questão de horas, e livros maiores em apenas dois dias. O cara era realmente incrível, e eu sabia que logo ele ganharia aquela aposta. Yixing havia se oferecido para ir comigo naquela tarde, não parecia estranho ou irritado comigo.
— Eu já te disse que sim — sorriu fofinho. — O Zitao não gosta de mim, mas não é como se fosse novidade o cara que eu gosto não me curtir de volta. Tá tudo bem, okay? Pelo menos ele me acha fofo.
— Zhang, não o deixe com pena de você. Sentir pena não é legal — falei com uma vozinha afetada, mas Yixing revirou os olhos e me empurrou quando tentei dar um beijo nele.
— Sai dessa, bundão — tentou espiar o bilhete. — O que você disse pro tesouro aí?
— Pode ler... — entreguei o papelzinho.
Para: Kyung Tesouro Soo
Se a sua bunda fosse minha, trataria como
rainha. Que tal me dar a soobootynha?
O Amor da Sua Vida.
— O Zitao te mandou escrever isso? — ele perguntou e eu assenti. — E o inexperiente sou eu?!
O grito de Yixing chamou a atenção de geral para nós, o que me fez voar em seu pescoço, e nesse passo brusco eu pude ver – além do corpo magrelo do meu amigo – o crush entrar na biblioteca. Meu sangue gelou. Enfiei o bilhetinho de qualquer jeito no embrulho e puxei Yixing para longe dali, então sentamos juntinhos e ficamos esperando em uma distância segura o Do sentar e ler o bilhete.
Ele pegou o livro, sentou um pouco longe da gente (completamente alheio ao fato de estar sendo vigiado) e o desembrulhou, deixando o papel amarelado cair sobre seu colo. Ele leu e pareceu demorar alguns segundos para processar o que havia escrito ali, então revirou os olhos e amassou o papelzinho, enfiando-o no bolso. Nem preciso dizer que meu coraçãozinho partiu em vários pedacinhos, preciso?
— Ih, mané, se fodeu — Yixing sussurrou. — Agora vai lá com o senhor experiente.
— Cala a boca. — bufei, cruzando os braços. — Parece que vai ser bem mais difícil do que eu achei que seria.
Ouvi a risada de Yixing e ele se levantou, agarrando minha mão e me puxando para fora daquele lugar.
Na outra semana, mesmo com a minha confiança abalada, eu voltei de queixo erguido à biblioteca e segui direto até o corredor de terror e horror, agarrando o terceiro livro do mês e deixando minhas palavras mega românticas rabiscadas na primeira página – pois Zitao havia descoberto meu furto e tomou de volta o bloquinho de notas bem na hora que eu ia sair para conquistar o Do.
Afastei-me quando vi que estava perto da hora dele chegar e sentei-me à mesa ao lado da que eu percebi ser a que Kyungsoo sempre usava. Peguei o primeiro livro que vi sobre a mesa e abri-o na metade, fingindo concentração quando O Homem dos Meus Sonhos chegou e, assim como eu, foi direto no corredor que estava o seu próximo match. Ele sentou-se à mesa ao lado da minha, na mesma cadeira de sempre, e abriu o embrulho como se já soubesse o que ia encontrar ali. Pareceu suspirar aliviado quando não encontrou nenhum papelzinho amarelo, mas sua mão causou um estalo e tanto quando ele a acertou na própria testa ao ver que eu havia rabiscado uma das páginas do seu livro.
Primeiro ele olhou irritado para todos os lados, procurando alguém suspeito, o que me fez desviar o olhar por alguns segundos. Depois se voltou para o livro e rabiscou algo também, o que me surpreendeu. Ele começou a ler e eu me encolhi na cadeira, pensando nas milhões de coisas que ele poderia ter escrito naquela página, e pensei tanto que mal vi o tempo passar... Acabei adormecendo sobre o livro que supostamente estava lendo e só acordei quando senti uma mão em meu ombro. Balancei a cabeça, sentindo a baba no canto de minha boca e levantei de supetão. Engoli em seco e me virei para a pessoa que me acordou, fazendo uma reverência antes mesmo de olhar sua face.
— Ei, sorvete de amoras, se eu fosse você não dormiria por aqui — ergui o olhar e foi como a primeira vez que nos vimos, minha mente se encheu de vários uau. Era Kyungsoo ali, bem na minha frente. — Soube que a bibliotecária já trancou um garoto aqui, porque ele estava dormindo sobre o livro favorito dela e nunca mais o viram.
— A-acha que ela jogou os restos foras depois de... Digo, é mesmo? Não me contaram, consultor de caldas — dei um sorriso meio nervoso, mas ele pareceu gostar da piada que eu faria. — Sou Sehun, a propósito.
— É, eu sei... Digo, é um prazer — imitou meu tom de voz, brincando comigo. — O Chanyeol me falou de você.
Galerinha do mal, eu dei uma engasgada tão forte e tão grande que tive que me apoiar na mesa. Mais uma vez eu não sabia se chorava ou se ria da cara preocupada que o Do fez ao se inclinar para perto de mim, uma mão dando leves tapinhas em minhas costas.
— Calma, eu só estou brincando — deixou uma risada escapar, mesmo que as sobrancelhas ainda estivessem meio franzidas devido à preocupação. Awn, que fofo. — Todo mundo sabe o seu nome. Sabe, por causa do vídeo...
— Ah, o vídeo — murmurei, lembrando do fatídico dia em que fui parar no Youtube.
— Mas então você também conhece o Chanyeol? Por que será que não me surpreende?
— Ele é amigo de um amigo meu — eu respondi. — Isso foi um teste?
— Para saber se você é mais um dos desmiolados que já ficou com o meu vizinho retardado? Talvez... — ele sorriu. — Você é um desses desmiolados?
— Tenha fé, homem — fiz uma careta. — Aquela boca já tocou na do Zitao, tenho certeza, eu jamais o beijaria. Eww.
— Certo, você tem 100% do cérebro trabalhando bem apesar de babar enquanto dorme e brigar com caras como o das botas — ele voltou a rir e eu pude admirar seu sorriso bem de pertinhozinho e, caramba, Do Kyungsoo definitivamente seria o pai dos meus filhos. — Enfim, legal te ver de novo, sorvete de amoras.
— Legal te ver de novo também, consultor de caldas — sorri e ele assentiu, afastando-se um pouco.
— Nos vemos por aí?
— Eu espero que sim... Quero dizer, claro, vou precisar de ajuda com a minha calda de morango, digo... Hohoho — deixei escapar aquela risada que travava em minha garganta quando eu estava nervoso e vi Kyungsoo segurar um sorrisinho ao acenar para mim, distanciando-se. — Tchau.
↩↪
— Como assim ele falou com você e você não atacou de volta? — o berro de Zitao me fez pular na cadeira. Estávamos sentados num dos muros próximos ao dormitório. Eu sabia que haveria escândalo e não queria parar no Youtube novamente, por isso levei meus dois companheiros para longe do foco de gente.
— Você queria que eu fizesse o quê após ser visto babando em cima de um livro pelo cara que eu gosto? — questionei indignado.
— Não sei, talvez perguntar se ele não queria aproveitar que você já estava babando e trocar saliva? — arqueou as sobrancelhas e Yixing desatou a rir. Ele estava estranho ultimamente, mais risonho. Hm.
— Ah, claro, como eu não pensei nisso na hora? Deve ser porque eu sou um cara normal.
— Tá, tanto faz — o Zhang se pronunciou. — Mas o que ele escreveu na tal página? Você chegou a ver?
— Claro que sim. — sorri enviesado e eles me olharam inquisitivos. — Bem...
Para: o idiota que acha que tem o direito de falar da minha bunda
Eu vou descobrir quem é você e aí nós teremos uma
conversa muito séria sobre os seus probleminhas, meu parceiro.
Do carinha que já pegou ranço de você.
— Você devia desistir — Zitao disse após uma crise de risos, então olhou para Yixing como se em algum momento do nosso lindo relacionamento tivesse valorizado a opinião dele. — Ele não deveria?
— Deveria — Yixing disse sem nem olhar na cara do Tao. Ui. Acho que nossa gazela reparou na mudança de comportamento do Zhang. — Agora diz aí, Hun, o que tu planeja fazer para que ele pare de te odiar?
— Eu não sei, não é todo dia que o cara que a gente tá querendo beijar parece ir com a nossa cara, mas ao mesmo tempo nos odeia sem saber — arqueei as sobrancelhas, desviando o olhar.
— Certo, como você não vai desistir, continue com os bilhetes... Talvez você só precise de um pouquinho mais de delicadeza ao abordar o Kyungsoo — Zitao falou e eu até me surpreendi por ter sido ele, e não Xing.
— Delicadeza?
— É, tipo, fala isso aqui... — ele começou, mas foi interrompido com a risada incrédula de Yixing.
— Não, cara — ele empurrou Tao um pouquinho pro lado. — Você nunca mais vai escutar o Zitao, ou isso vai deixar o Kyungsoo ainda mais puto com você, vai por mim, fala pra ele...
E assim passou-se o resto da minha tarde, com dois brigões se empurrando e me dando inúmeras ideias podres para lidar com a fúria do crush que recaia sobre mim. Entretanto, no fim, dispensei as sugestões deles e resolvi ser eu mesmo quando entregasse o próximo bilhetinho.
↩↪
Na outra semana, quando fui entregar outro bilhetinho, lembrei que estava sendo oficialmente investigado barra procurado por um futuro chef de cozinha – que provavelmente sabia usar uma faca bem até demais – e tentei ser mais discreto. Não fui direto até onde o próximo livro estaria... Dei uma voltinha pela biblioteca e agarrei alguns livros, fingi ler uma sinopse ou outra e até sorri para o fóssil da bibliotecária. E quando entrei no corredor de romances, senti que aquela não era bem a área de Kyungsoo, pois ele realmente parecia ser o tipo que lê mais suspense do que tudo. O cara deve gostar de uma tensão.
Dessa vez eu mesmo havia comprado um bloquinho de notas para mim – não sei se disse antes, mas eu finalmente arranjei um emprego. Yixing e eu, na verdade, pois fizemos um trato e juntaríamos dinheiro para alugar um apartamento para nós dois bem longe dali. Ok, não tão longe, mas vocês entenderam. Enfim. Aproximei-me do livro embrulhado e apoiei o bloquinho em minha coxa, escrevendo rapidamente a seguinte cantada:
Para: o cara mais bonito da cidade
Gato, escreve download na sua cueca que
eu baixo. Que bundinha gostosa, Kyungsoo!
Do carinha que vai te lascar uns beijos.
Enfiei o papel no embrulho do livro e saí assobiando do corredor, disfarçando minha culpa no cartório enquanto seguia para perto da mesa de sempre. Sentei-me e abri três livros de uma vez, botando um do lado do outro e examinando-os por um tempo, até o Do aparecer cumprimentando algumas pessoas. Ele acenou para mim, até. E quando voltou com o livro embrulhado, sentou-se ao meu lado e sorriu como se perguntasse se tinha problema. Eu ri de nervoso, pessoas. Aí ele abriu o embrulho, examinou o bilhetinho que havia ali e suspirou, dessa vez não fez nenhuma cara irritada ou qualquer coisa do tipo, só suspirou e em vez de amassar o papel, dobrou e enfiou no bolso do casaco que usava.
— Admirador secreto? — chamei sua atenção e senti vontade de bater na minha própria cara ao falar aquilo. Eu devia ter investido na carreira de ator, porque fazer a egípcia era comigo mesmo.
— Algo assim — ele riu. — Provavelmente algum maluco tentando me passar um trote, mas eu não vou cair nessa.
— Trote?
— É, aquele negócio que as pessoas fazem para ridicularizar os outros... — ele começou a explicar e eu dei um sorrisinho, negando com um gesto.
— Eu sei o que é um trote, só não entendo por que você acha que é um — disse.
— Pelas coisas que ele diz — tirou o papel do bolso e me entregou. — Olha só o que o cara diz. E eu também não sou o Chanyeol. É a primeira vez que demonstram algum interesse por mim desde que cheguei aqui, mas essa demonstração é meio estranha, não acha? Parece até brincadeira.
— Não acho que seja — murmurei quase tímido. — Talvez ele só não saiba como se comunicar.
— Você acha?
— Claro. Ele pode não saber o que dizer, ficar nervoso e falar a primeira coisa que vier à mente.
— Então acha que ele gosta de mim mesmo? — me encarou e percebi que ele havia ficado meio ansioso. Sorri e assenti duas vezes, entregando o papel.
— Acho que sim, você deveria dar uma chance. Digo, para as cantadas dele — desviei o olhar. — Se for mesmo um trote, a gente chama o Zitao para tacar as botas dele na cabeça do cara.
Aquilo arrancou uma risada gostosa do garoto ao meu lado, que concordou e me deu um sorriso agradecido muito fofo. Continuamos a conversar até eu receber uma ligação de Yixing gritando que estava tudo pegando fogo. Eu me levantei num salto digno de olímpiadas, deixei os livros onde estavam e me despedi de Kyungsoo rapidamente, correndo para longe dali o mais rápido possível.
Quando cheguei ao dormitório, não havia um sinal sequer de fogo, então subi as escadas já sentindo meu sangue ferver por ter sido interrompido no meio de um diálogo com o amor da minha vida. Parei em frente à porta e respirei fundo, tentando me controlar para não acertar o celular na cara de ninguém quando entrasse, mas não teve jeito. Eu abri a porta e a primeira coisa que vi pela frente arremessei em direção à cama de Yixing, porém ele não estava deitado nela. Não, ele estava deitado na minha. E pe-la-dão.
— Porra, é? O que tá acontecendo aqui, caralho? — me aproximei e chutei sua panturrilha, fazendo-o me olhar com um sorriso meio assustador.
— Cara, eu consegui — foi a única coisa que disse.
— Conseguiu o quê?
— Eu peguei o Zitao de jeito — sussurrou como uma criança que contava ao melhor amigo que havia conseguido roubar alguns brigadeiros antes dos parabéns numa festa de aniversário.
— Quê?! — olhei incrédulo. — Tu fumaste maconha estragada? Onde é que a gazela tá...?
— Eu tô aqui — ouvi a voz de Tao e me virei com os olhos arregalados para o mesmo. — Então era isso, hm? Você queria me pegar e exibir pro mundo? Caramba, Yixing, achei que você gostasse de mim.
Não, querem saber? Quem deveria ter investido mesmo na carreira de ator era o Zitao. Quanto drama. Eu dormia ali, oras, era meu quarto e eu podia ter entrado sem o Zhang ter me chamado e pegado os dois na massa. Ele sabia que uma hora ou outra eu ficaria sabendo. E tem mais, ele esperava o quê vindo do Yixing? O cara era doido de pedra – e por causa da pedra, se brincar.
— Ele gosta de você, retardado. — falei e os dois pararam com aquela troca de olhares ressentidos de filme de romance, me encarando com um ponto de interrogação estampado na testa. — Olha, vocês dois se gostam e ficam nessa putaria, cansei. Só se comam pelo quarto todo e comecem a namorar logo, porque eu não aguento mais. E pelo amor de Deus não me interrompam mais quando eu estiver conversando com o Do!
— Você conversou com ele de novo? — Zitao perguntou.
— Sim, e vocês atrapalharam! — disse irritado.
— Mas o que aconteceu? — Yixing perguntou, se cobrindo com um lençol e me puxando para sentar ao seu lado. E, cara, o que é um peido para quem já tá todo cagado? Só sentei e comecei a contar.
— Sehun você tá aconselhando o cara que você gosta a dar uma chance para si mesmo — Tao sorriu, sentando do meu outro lado, e eu agradeci aos céus por ele estar de cueca. Antes uma única peça, do que nem uma. — Isso é genial!
— Só até o Kyungsoo descobrir que sou eu e começar a me chamar de duas caras — falei.
— Então é melhor você pegar o número dele antes que isso aconteça, não é? Para insistir nele depois que tudo der errado — foi a vez do Zhang aconselhar e pela primeira vez me vi realmente concordando com ele.
— É, acho que vou fazer isso...
— Certo, agora vaza daqui que eu preciso me acertar com o cara que eu gosto também — ele me deu um chute para fora da cama, expulsando-me do quarto ao voltar a agarrar Tao.
Golfei.
Então era isso... Eu tinha dois melhores amigos para lá de estranhos, morava num local que mais parecia o inferno de tanto caos, não ia para festa alguma e passava os finais de semana trabalhando numa papelaria. E tinha um crush num garoto que provavelmente deveria me achar louco.
Mas vai ficar tudo suave. Os bilhetes vão dizer.
↩↪
Para: o futuro pai dos meus filhos
Gato, eu rezo 1/4 para achar ½ de te levar
para ¼, seu lindo.
Do cara dos seus sonhos.
↩↪
Para: o homem mais lindo do universo
Gato, você é quadrado? (Insira aqui um NÃO)
Então rola, né?
Do amor da sua life.
↩↪
Para: o príncipe do rabetão
Gato, entre Star Wars e Star Trek, eu queria
Mesmo é estar com você.
De você sabe quem.
↩↪
Para: o crush ultimate
Gato, você não é tampinha de caneta, mas...
Dá vontade de morder! Principalmente essa bundinha.
Que calça linda, Soo.
Daquele carinha.
↩↪
Para: o dono do meu coração
Gato fiquei sabendo que você trabalha
numa sorveteria, então aqui vai... Você
não é sorvete, mas endurece a minha calda.
Do cara que ama sorvete.
↩↪
E com esses bilhetes, mais dois meses se passaram. Já estávamos perto do final do semestre e as coisas haviam avançado de uma maneira meio louca.
Começando por Yixing e Zitao. Os dois começaram a namorar e, graças à personalidade de Tao, eles viraram o típico casal ioiô que não sabia se ficavam ou se separavam de uma vez por todas. Apesar da confusão, eles formavam um casal até que interessante, tendo em vista a meia inocência de Yixing para certos assuntos e a língua grande de Tao. Eu só odiava quando eles começavam a discutir em chinês, e odiava tanto que comecei a estudar a língua para saber quando eles estariam me acusando de alguma furada em outra língua. Até aí tudo certo.
E então nós tínhamos o crush barra foco do assunto. Toda semana eu entregava um bilhetinho para ele, como puderam ver alguns exemplos, e toda semana nós nos encontrávamos na biblioteca e conversávamos. Eu passei a tirar tempo do inferno para visitá-lo na sorveteria em que ele trabalha e até trocamos números de telefone.
De vez em quando nos falávamos pelo Line, e eu sabia exatamente tudo sobre o que Kyungsoo achava de mim, pois ele sempre perguntava o que deveria fazer quanto ao admirador. E eu sempre pedia para que ele tivesse paciência, claro.
Primeiro ele ficou naquela fase irritadiça e queria porque queria me matar enforcado, pois eu não conseguia não falar da bunda maravilhosa que ele tinha. Depois começou a ignorar as mensagens, aí passou a investigar e houve um momento em que eu realmente achei que ele tinha descoberto, tanto que comecei a preparar minha mochila para fugir em direção às montanhas, mas no fim ele desconversou e disse que até que é engraçadinho o jeito que o admirador – vulgo eu – falava. Hohoho, coitado.
Mas então chegou o fim de semestre e Zitao estava me perturbando, dizendo que eu deveria abrir o jogo com o Soo e explicar o que estava acontecendo antes que ele descobrisse por si só e enfim me matasse. E eu estava ignorando-o muito bem, sabe? Bem demais... Porém aconteceu algo que me deixou meio desesperado e finalmente me fez ver que, bem, eu deveria assumir logo que era o admirador secreto.
Kyungsoo começou a falar de um tal de Junmyeon e sobre como tudo indicava que era ele o carinha dos bilhetes.
Gente, eu surtei. Sur-tei.
E sabe o quê mais? Ele disse que iria tentar chegar no cara no outro dia!
Eu fiquei sem ideias, sem saber o que fazer, completamente desnorteado. Mas Yixing me passou a solução! Ele disse que eu deveria deixar um último bilhetinho chamando Kyungsoo para se encontrar comigo, antes que ele fosse até o Kim e estragasse tudo. E foi o que eu fiz.
Era um dos últimos livros que Kyungsoo leria, por isso cheguei bem cedinho à biblioteca, escrevi o bilhetinho, deixei-o no embrulho como em todas as outras vezes e corri dali, pouco a fim de ver a reação feliz do Do ao imaginar que era Junmyeon o chamando para se conhecerem. Mais tarde ele me chamou no Line, animado demais para o meu gosto (vejam só, eu estava com ciúmes da minha própria pessoa, como é que pode?), e me mandou uma foto do bilhete que dizia as seguintes palavras:
Para: Kyungsoo
Gato, me chama de urna eletrônica e
deposita um voto de confiança. Vem
me encontrar aqui, na biblioteca, no
corredor dos mistérios amanhã. Duas
horas da tarde em ponto.
Do carinha apaixonado.
Eu só mandei um emoji. Tava atacado de ciúme, e como resposta o Do mandou três pontos de interrogação – que eu fiz questão de não responder, claro. Dormi aquela noite com um nó na garganta, com medo de tudo dar errado e ele ficar irado comigo e nunca mais querer me ver.
Quando acordei no outro dia, Zitao estava sentado na janela do quarto com um Yixing entre as suas pernas, trocando uns beijos que me fizeram sentir o nó na garganta transformar-se em uma vontade grande de vomitar. Levantei com tudo, assustando-os e ficando tontinho da Silva.
— Você tá bem? — Tao perguntou e eu murmurei um ‘não’. — O que foi, cara?
— Eu vou encontrar o Kyungsoo hoje — disse enjoado.
— Ué, pensei que já tivesse se acostumado — ele riu.
— Não, é diferente, hoje eu não vou como o conselheiro Sehun — eu disse procurando uma toalha para tomar banho. — Eu vou como o admirador secreto, Sehun.
— Sério? Boa sorte, cara — foi a última coisa que ouvi dizer antes de sair para tomar um banho.
Banho de gato, porque como Yixing disse no começo, ninguém passava mais de dois minutos no banheiro e ele estava mais do que certo. Saí do banheiro partilhado ainda com cheiro de quem havia acabado de acordar de um pesadelo, e quando voltei para o quarto me enchi de perfume e desodorante, sendo acompanhado pelos outros dois até a minha sala de aula porque – segundo eles – eu não parecia muito bem.
E o tempo passou que nem uma tartaruga. Quanto mais o professor falava, mais longe das duas horas a gente ficava. E quando finalmente deu a hora, eu me retirei da sala e quase ajoelhei e agradeci a Deus por não ter demorado mais um século girando as engrenagens do tempo. Fui caminhando em direção à biblioteca, me apoiando nas paredes por estar me sentindo meio tonto, e quando eu estava passando pelo prédio onde Zitao tinha 90% das aulas, senti uma bola acertar minha cabeça em cheio.
A última coisa que vi antes de apagar foram algumas estrelinhas rodeando minha cabeça, e então tudo ficou escuro.
↩↪
Acordei com os gritos estridentes de um Tao histérico, os sussurros de Yixing me implorando para acordar e controlar o namorado dele e uma voz desconhecida que não parava de pedir desculpas.
— Enfermeira — ouvi Yixing chamar. — Você não acha que ele está morto, acha? Quero dizer, eu vi na internet que alguns animais demoram a ter todo o corpo desativado após a morte. Vai que o Sehun tem algum parentesco com um deles e...
— Eu não sou uma galinha, Yixing — murmurei, estranhando minha voz tão rouca e baixa. Os gritos cessaram.
— Viu? Seu amigo não está morto. Pode ficar calmo agora — a voz suave e risonha me fez abrir um pequeno sorriso, mesmo que minha cabeça doesse para caralho. Era fofa a maneira como tratavam Yixing como uma criança de vez em quando. E mais fofo ainda era como ele se preocupava comigo.
— Eu dormi por quanto tempo?
— Uma hora? Uma hora e meia? Algo assim — Tao respondeu e eu abri os olhos aos poucos, podendo ver o que acontecia ao meu redor. Estávamos na enfermaria e tinha um cara mais alto que Chanyeol pedindo desculpas para mim. — Cala a boca, cara, você poderia ter matado o Hunnie! Eu vou te processar!
— Mas foi sem querer! Eu não o vi e... Sehun? — ele me olhou com uma careta que eu logo reconheci.
— Ah, fala sério — murmurei, sentando-me com certa dificuldade devido à dor em minha testa. — Você quase estourou meus miolos, Yifan, de novo.
— Ih, eu achei que depois de tanto apanhar, sua cabeça tinha criado resistência, mané — ele falou e eu revirei os olhos, puxando Tao pelo braço e me apoiando nele para levantar. — Mas pelo visto continua a mesma Maria Mole de sempre.
— Você vai ver a Maria Mole — retruquei e empurrei Tao para trás, meio que pegando impulso, e me joguei para cima de Kris com o punho erguido, acertando-o direto no olho esquerdo. Ele caiu só a merda no chão. — Isso foi por ter me feito perder o meu encontro. E pela sexta série inteira, babaca.
E então a lanterna sobre minha cabeça acendeu, e não foi porque eu tive uma ideia... Foi porque eu havia me lembrado do maldito encontro. E eu estava atrasado! Puta merda!
— São que horas? — perguntei para a enfermeira, meio desesperado. A mulher me olhou feio, já que acertei a cara de Yifan com tudo, mas respondeu-me. — Três da tarde?
Olhei para a gazela e dei um sorriso enviesado.
— Tenho que ir — disse e saí correndo enfermaria a fora, esquecendo completamente da dor.
Eu precisava chegar lá a tempo. Precisava, precisava, precisava. E se Kyungsoo resolvesse tirar satisfações com Junmyeon? Ia dar tudo errado!
Estava tropeçando quando cheguei à biblioteca. Abri as portas com tanta força que chamei a atenção de geral para mim. Entretanto, eu ignorei e continuei a correr em direção ao corredor que havia marcado de encontrá-lo. Ele não estava lá e claro que não me surpreendi. Quem esperaria uma hora inteira por um idiota que nunca nem viu na vida? Suspirei cansado e encostei-me à estante, deslizando até estar sentado no chão. Pensei em Yifan, aquele babaca que me importunava quando eu era criança e agora, depois de adulto, resolveu estragar mais um dos meus momentos. Fiquei tão puto que dei um soco no canto da estante, e isso fez com que um livro escorregasse e caísse bem no meu colo. Revirei os olhos ao vê-lo todo embrulhado, com uma mensagem de parabéns mostrando que aquele seria o último livro de todo o projeto.
Passei alguns minutos apenas encarando o embrulho, até que resolvi abrir – não tinha muito o que fazer, e já que havia ido até a biblioteca em vão, precisava arranjar outro bom motivo para estar ali após a bolada que levei na cabeça. Ler pode ser o melhor remédio, certo? Desembrulhei o livro e ao abrir a primeira página, senti meu coração acelerar ao reconhecer a letra de Kyungsoo.
Para: o admirador secreto
Gato, pare de brincar de esconde-esconde
e vamos logo pro pega-pega. Eu já descobri
quem é você, agora falta você descobrir o que
eu quero. Me encontra na sorveteria? Eu sei
que você sabe onde ela fica.
Amanhã, sem atrasos. 17h00min.
O Consultor de Caldas.
Engoli em seco, meio desacreditado, e então um sorriso foi crescendo aos poucos em meu rosto. Senti as famigeradas borboletas no estômago e quase gritei de tão feliz, mas tinha noção de que seria capado caso gritasse numa biblioteca, então sai dela primeiro e agarrei meu celular, ligando para Yixing.
— Hunnie? Cadê você? A gente ficou preocupad...
— Tá pegando fogo, bicho! — berrei a plenos pulmões, devolvendo o favor que ele me fez naquele dia.
↩↪
Eu estava nervoso. Nervoso pra caramba, de um jeito anormal. Tão nervoso que minhas pernas tremiam como se eu tivesse Parkinson e pareciam querer sucumbir a qualquer momento enquanto eu caminhava lentamente até o shopping. Tao havia me feito botar uma calça de couro que grudava mais do que cola quente, e Yixing me fez vestir aquela blusa da casa dele em Hogwarts, afirmando que aquilo me daria sorte. Eu só ri de nervoso, coloquei meus tênis e sai que nem uma lesma do nosso quarto.
Okay, eu não queria dizer isso para não deixá-los na mesma situação que eu, mas estava apavorado por ser o meu primeiro encontro com alguém que eu gosto de verdade. Pelo menos era o primeiro que eu levava a sério em vinte anos de existência. E eu estava com medo de falar alguma besteira, não sei, de derramar sorvete nele de novo ou algo do tipo. E se ele estiver trabalhando e só me chamou para dizer que não queria nada comigo, e aí me expulsasse da sorveteria? Seria cruel, mas parece bem a cara do Kyung.
Pensando nisso e em outras inúmeras situações, fui me aproximando da sorveteria onde o Do trabalhava e quando estava prestes a empurrar a porta do local, percebi que ela estava fechada. Franzi as sobrancelhas. Então era isso? Um trote? Grrr. Dei um empurrãozinho irritado barra magoado na porta de vidro e me virei, pronto para refazer o caminho de volta para casa, entretanto, antes de dar o primeiro passo senti uma mão quentinha rodear meu pulso e me puxar para trás.
— Achou mesmo que eu faria isso com você? — ele perguntou bem pertinho do meu ouvido, fazendo-me arrepiar. — Qual é, sorvete de amoras, eu não sou idiota.
— Eu sei que não... — murmurei sem saber ao certo o que dizer.
— Ok, então vamos, temos um filme para assistir agora — ele sorriu e sua mão deslizou pelo meu pulso até encontrar minha palma, entrelaçando nossos dedos em seguida. Ai, caralho, berro.
— Filme? Você não quer conversar sobre...? — comecei, mas ele me interrompeu.
— Relaxa, Sehun, eu não tô irritado — ele disse e começou a me puxar. — Depois a gente fala sobre isso.
E é isso, galerinha do mal. Acabou. Bye, bye.
Brincadeira, safados, ainda tem mais.
Nós fomos ao cinema. O CRUSH ME LEVOU AO CINEMA, PAGOU MEU REFRIGERANTE, MINHA PIPOCA E MINHA ENTRADA E DISSE QUE EU ESTAVA LINDO. Só que essa não é a melhor parte da coisa! Não mesmo. Adivinhem só o que Do Kyungsoo fez comigo? Isso mesmo. Ele passou a mão na minha bunda e disse que quem tem uma bela raba sou eu.
Brincadeirinha de novo!
O Soo derramou sorvete na blusa do Yixing depois que o filme acabou. Sabem o que é isso? É o que precede a terceira guerra mundial, pois quando Yixing olhar para a blusinha favorita dele manchada de morango, ele vai fazer um escândalo do inferno. Já estou sentindo o tapa que ele vai dar na minha cara.
— Acho que agora estamos quites, sorvete de amoras — ele brincou depois de me levar até o banheiro do shopping e me ajudar a tentar limpar minha roupa. Eu ia falar alguma coisa, mas esqueci quando ele ergueu o olhar e me encarou daquele jeitinho que deixa qualquer um desconsertado. — Você realmente gosta de mim?
— Uh... — engoli em seco. — S-sim... Desde o dia do sorvete. Eu realmente gosto de você.
— Quando você começou a enviar aqueles bilhetinhos para mim, eu fiquei muito irritado — começou a falar. — Eu achei de verdade que era alguma brincadeira de mau gosto. Mas depois da nossa primeira conversa, eu fui mudando de ideia, porque o cara que estava mandando não desistia... Continuava mandando e mandando, e quando eu descobri que era você que estava escrevendo aquelas coisas, fiquei meio admirado por não ter desistido depois de todas as reclamações que eu fiz para ti. Aquelas cantadas idiotas... Você ficava tão nervoso assim por causa de mim? — deu um sorriso e eu acompanhei, assentindo rapidamente. — Elas são realmente péssimas, Hunnie. Nunca mais faz isso, pelo amor de Deus. Algumas eram até legais, só que as que vinham depois... Credo. Nunca mais, por favor.
Nesse momento eu virei um tomate gigante, pessoinhas. Não sabia mais para onde desviar o olhar de tão envergonhado, então foquei na barra da sua camisa.
— Mas sabe... Eu acho que posso te perdoar pelo tanto de vezes que falou da minha bunda se você me acompanhar em mais um encontro, sorvete de amoras. E depois me acompanhar em outro, e mais outro, mais um e então novamente e por assim em diante até... Até cansarmos um do outro. Ou você derramar mais sorvete em mim.
— Idiota — murmurei. — Eu não vou cansar de você.
— Então isso é um ‘sim’? — perguntou e eu revirei os olhos, mesmo com todo o nervosismo eu não perdia a pose que roubei de Tao.
Levei minha mão até sua nuca e o puxei para cima de mim, dando-lhe um beijo e tanto, sem me importar com o que os outros caras que estavam ali iriam dizer. Não era da conta deles, afinal, e quem não quisesse ver que fechasse os olhos. Além do mais, eu fui correspondido bem demais para sequer focar em outra coisa que não fosse a língua e os lábios de Do Kyungsoo. Ou na mão dele seguindo até minha bunda e dando uma apertada de arrepiar a espinha, enquanto a livre me puxava pela cintura. Quer saber? Acho que eu não quero mais a bunda do Soo, eu quero é outra coisa. Ri entre o beijo com meu pensamento e o Do acabou por sorrir comigo, por fim me dando alguns selinhos antes de se afastar.
— Como você descobriu? — perguntei. — Que era eu?
— Você não é tão discreto quanto acha que é — ele disse com um olhar divertido. — Primeiro, quando eu me sentava perto de você, cê não fazia questão de esconder o bloquinho de notas, o que foi seu maior erro. Segundo, acha mesmo que eu não percebia as secadas que tu dava na minha bunda? E você defendendo o tal admirador a todo momento também te colocava na lista de suspeitos. E o seu desespero quando falei de Junmyeon? Por falar nele, relaxa, ele é meu primo. Eu só estava...
— Me testando. Droga. — praguejei.
— Exatamente. E, tem mais, você achou mesmo que o Chanyeol não ia me falar nada? — arqueou as sobrancelhas. — Depois de te provocar com o Junmyeon, foi só botar um pouquinho de pressão no Chanyeol para ele me dar a certeza de que era você que estava escrevendo para mim.
— Que filho da put... Quero dizer, que otário — me corrigi rapidamente, forçando um sorrisinho. Kyung não gostava de palavrões.
— Então eu endureço a sua calda? — me engasguei na mesma hora, fazendo-o rir da minha cara que nem um idiota. — E sobre eu ser o futuro pai dos seus filhos? — ele arqueou as sobrancelhas, lembrando-me de um dos bilhetinhos que eu havia mandado.
— N-não vamos mudar de assunto — falei. — Eu vou matar o Chanyeol e...
— Vai ter que me deixar escolher o nome de todos eles, hein? — ele riu e eu senti minhas orelhas queimarem ainda mais. Tá, de fato, pegando fogo, bicho.
Nem tive chances de responder. No fim fui atacado de novo com um beijo de tirar o fôlego. Mas quem liga, não é mesmo? A sorte é minha.
↩↪
Um ano e dois meses de namoro.
Zitao e Yixing estavam fazendo um ano e dois meses de muitas brigas e reconciliações, beijos e transas na minha fucking cama e várias outras coisas as quais não me atentei, porque estava ocupado demais estudando na biblioteca, rs.
O lance é o seguinte: vai fazer um ano que Kyungsoo e eu estamos nessa juntos, somos namorados – claro que somos –, só não oficializamos a coisa ainda, mas Zitao entende isso? É claro que ele não entende. O Huang gosta de rotular as coisas, até para o formato das nuvens ele dá um título, e não consegue aceitar que Kyungsoo e eu ainda não abrimos o caso ao público e nos assumimos namoradinhos. Mesmo que não precisemos assumir nada porque, damn, a universidade inteira já nos viu por aí de agarramento. Principalmente os frequentadores da biblioteca.
Só que, não vou mentir... Eu queria poder apresentar ele como meu namorado para os outros, e não só como Kyungsoo, o cara que eu gosto. Porque ele nunca me apresentou como namorado, então eu também nunca o apresentei como o meu. E, putz, até minha mãe cobrava um relacionamento sério de nós dois. Porém o Do sempre fugia do assunto, dizendo que não precisávamos disso por enquanto. Maldito ‘por enquanto’.
Mas seguimos fortes. Eu, ele, o Tao e o Yixing.
Como planejado, Zhang e eu compramos o nosso querido apartamento fora do campus, cada um com seu quarto e um banheiro limpinho, uma sala muito bem arrumada e uma cozinha que só era tocada quando Kyungsoo ia me visitar. Ou quando Tao dormia por lá e resolvia queimar minhas panelas. Nós estávamos indo muito bem, apesar de passarmos mais que a metade do dia estudando sem tempo para nada. A faculdade estava exigindo muito de nós nos últimos tempos, mas para tudo há uma recompensa, meus caros. E eu não estou falando da graninha preta que a gente vai ganhar quando se formar, como os pais costumam idealizar.
Estou falando das festas de fim de ano.
Yixing e Tao resolveram passar o natal e o ano novo na casa dos pais do Huang. Eles até me chamaram para ir também, mas eu disse que preferia ficar em casa, onde as únicas velas que eu precisaria segurar seriam as que guardei para o caso de faltar energia. Infelizmente eu não vou poder voltar para minha cidade nesse fim de ano, pois meus pais resolveram dar a louca em Jeju e sequer me avisaram que iriam, ou seja, eles furaram com a minha belíssima pessoa. Então eu ficaria no meu apartamentozinho, compraria alguns montes de chocolate e doces, me enterraria num edredom quentinho na sala de estar, ligaria o notebook na TV e assistiria todos os filmes que a Netflix tem a oferecer até o ano acabar e eu ter que levantar a bunda do sofá para desejar feliz ano novo a todos.
Era para ser assim, pelos menos.
Não passou pela minha cabeça que, poucos minutos antes de ser oficialmente dia 25 de dezembro, tocariam a minha campainha. E quem poderia ser tão tarde da noite? Me levantei com toda preguiça do mundo, mas quando cheguei ao corredor que dava para a porta, lembrei que havia assassinos que trabalhavam na calada de noites comemorativas, por isso voltei alguns passos e peguei uma vassoura, pronto para atacar se ele me atacasse. Abri a porta já apontando minha arma na direção do cara quando, puff, morderam meu tornozelo. Dei um grito. Havia um cachorrinho minúsculo e peludão tentando arrancar meu pé e eu estava prestes a bater na cabeça dele com a vassoura quando...
— Feliz natal, amor — Kyungsoo desejou, agachando-se para pegar o filhote de Satã. — Esse aqui é o Lu, espero que vocês se gostem. Ele é meu presente de onze meses e três dias.
— Onze meses e três dias? Onze meses e três dias de quê? — questionei me agarrando à vassoura. — O que é que tu tá fazendo aqui? Não ia passar o Natal com a tua família? Eles vão me odiar se souberem que você os deixou na mão para vir me visitar.
— Eles não vão ligar... — ele sorriu, me empurrando para dentro de casa e fechando a porta atrás de si, logo deixando o cachorrinho no chão e me abraçando pela cintura. Só consegui focar no pequeno demoniozinho correndo em direção aos meus doces. — Você realmente não sabe? Onze meses e três dias que estamos juntos, amor.
— Você conta? — olhei-o com os olhos um pouquinho maiores do que o normal. Estava surpreso.
— Vai me dizer que você não? Eu pareço tão indiferente assim? — ele pareceu ressentido, então segurei seu rosto entre as minhas mãos e lhe dei um beijinho de esquimó.
— Claro que não, meu bem, é só que... Sei lá, você sabe — ri sem jeito. — Eu nunca te pedi em namoro ou vice-versa, achei que estávamos só... Curtindo...?
— E estamos — ele me abraçou ainda mais forte. — Mas para mim o que nós temos vai além disso de só curtir. Você está parecendo o Taozi, sabia?
— Ai, não, credo — fiz uma careta. — Tudo menos o Tao. Olha, obrigado pelo presente, mas eu nem te preparei nada porque achei que estaria fora.
— Tudo bem. Só me diz o que estava fazendo — ele sorriu de um jeito tão bonitinho que quis morder sua bochecha.
— Assistindo um filme, quer ver comigo? — perguntei sem abrir espaço para respostas, puxando-o em direção ao sofá e o obrigando a se sentar no meio dos lençóis. — É de suspense, do jeitinho que você gosta.
— Tem certeza de que não sabia que eu viria? — ele brincou, me puxando para sentar ao seu lado e colocando minhas pernas para cima das suas, de forma que eu ficasse deitadinho no sofá.
— Deixa de ser bobo — murmurei, então o vi se inclinar sobre mim para depositar um beijo em minha testa, depois em minha bochecha, no meu queixo e em seguida em meus lábios. — Hey...
— Hm? — ele murmurou com a testa encostada à minha.
— Eu te amo — murmurei com um dos milhares de sorrisos bobos que já dei para ele.
— Eu também te amo — e então ele ia me beijar novamente, mas nosso momento foi interrompido pelo filho de Lúcifer, Lu. Fiz uma careta de dor que fez com que Kyungsoo risse. — Ele mordeu você de novo, não é?
E eu apenas assenti.
Passamos o resto da noite agarradinhos no sofá lá de casa após prendermos a bola de pelos no quarto de Yixing. Nos enchemos de chocolate e beijinhos e eu o agradeci, com mais algumas coisinhas, por não ter me deixado sozinho na véspera de natal. Mas essas coisinhas eu não posso contar, porque é segredo, hohoho.
↩↪
Acordei na manhã de Natal com um Zitao me ligando apenas para gritar:
— Corre no Instagram, agora! Vai, vai, vai! E procura @kyungtwo!
E é aquele ditado, né? Manda quem pode, obedece quem tem juízo. Desliguei em sua cara e abri o Instagram, fazendo como ele pediu. Estranhei ao ver o meu Kyungsoo na foto de perfil daquela conta, então entrei e vi que só havia uma postagem. Cliquei nela e meu queixo caiu. Era uma foto nossa na noite anterior, eu dormindo com o rosto enfiado em seu peito e ele dando um beijo em minha testa. E a legenda dizia:
Eu sei que eu demorei, mas... Eu te amo demais.
Namora comigo?
E eu corri até o sofá onde Kyungsoo ainda dormia, pulando em cima dele e o acordando ao gritar a musiquinha que havia inventado para ele:
— Minha calda endurece por você, garoooooto! Eu gosto de você, pode crer, meu pau te ama!
E quando Kyungsoo acordou prontinho para me matar, não deixei que ele sequer abrisse a boca, apenas o beijei murmurando o óbvio: é claro que eu aceitava namorá-lo.
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Desafio de Halloween 4 | Jeongguk
— Jungkook smut; 1801 palavras
Desafio de Halloween nos. 24, 35 e 40: "É chamado de noite das travessuras originalmente, então vamos honrar esse nome.” + “A gente poderia jogar algo um pouco mais legal do que apple bobbing.” + “Você pode agir como se não gostasse de Halloween o quanto quiser, mas não vai me enganar.”
“Alguém aqui tem alguma ideia do que fazemos agora?” Hoseok perguntou, entediado. Os meninos e as meninas estavam sentados em diversos lugares da sala, todos mexendo no celular e com doces espalhados.
“Vamos brincar de apple bobbing!” Sugeri, fazendo todos me encararem, cogitando a ideia.
A graça do dia 31 era que, no final do dia, todos nos reuníamos, cada um com algum pacote de doce e bebida, e ficávamos conversando sobre aleatoriedades, vendo filmes ou fazendo qualquer outra coisa na minha casa.
No último ano, fizemos uma mini festa, sem decoração, sem gente e sem música. Não era nem festa propriamente dita, mas brincamos de apple bobbing e depois disso vimos dois filmes de terror. Mas naquele dia, parecia que o celular tinha sugado a alma de cada um, e todos eles estavam fazendo tudo - menos interagir.
“Apple bobbing parece ser legal. Alguém sugere outra coisa?” Hoseok perguntou, encarando todos os presentes na sala e não recebendo resposta.
“A gente poderia jogar algo um pouco mais legal do que apple bobbing.” Jimin falou, sorrindo e pegando um copo vazio. “Eu nunca. Ou verdade e consequência.”
“Por mim tanto faz.” Disse Jungkook, saindo do meu lado e se sentando no chão, ao lado de Jimin. Pouco a pouco nos reunimos, pensando em qual brincadeira seria melhor. Encarei Jeon, que estava com uma expressão neutra no rosto, o tédio mais aparente do que qualquer outra coisa. Sempre que podia, ele deixava bem claro que Halloween era besteira para ele e que tinha coisa melhor para fazer, como por exemplo, jogar em casa.
Até parece.
Me sentei de frente para Jungkook, ao lado de Yoona e Hoseok. Colocamos todas as bebidas no centro da roda e os doces em volta, caso alguém quisesse.
“Eu concordo em jogar ‘eu nunca’, primeiro porque eu namoro e segundo porque acho que ela não gostaria que eu beijasse alguma das meninas aqui.” Namjoon disse, olhando para sua namorada.
“Se fosse um dos meninos, não iria me importar.” Ela respondeu, rindo quando os meninos fizeram cara de nojo.
“Vocês não ligariam de expor os podres de vocês?” Seohyun perguntou.
“É noite de Halloween… e é chamado de noite das travessuras originalmente, então vamos honrar esse nome, contar nossos podres e o que for contado aqui, morre aqui.” Jimin sorriu.
“Tudo bem, então vamos começar.” Yoongi falou, esperando até que todos enchessem seus copos. “Eu nunca peguei mais de duas pessoas em uma balada.” Ele disse, vendo Taehyung, eu Jimin e sua namorada beberem. “É o que?”
“A gente nem sonhava em namorar, Yoongi. Próximo.” Rimos da cara de Yoongi.
“Eu nunca beijei uma menina.” Dahyun falou, fazendo os meninos grunhirem e beberem, junto com Yoona e Daehyo. “Que história é essa que perdemos?”
“Foi um desafio! Eu tive que dar um selinho na minha amiga, na faculdade.” Yoona disse, corando levemente. Daehyo riu, colocando mais bebida em seu copo.
“Eu não vou entrar em detalhes.” Jin arqueou uma sobrancelha para ela, que sorriu. “Eu nunca fui amarrada na cama.” Daehyo falou, fazendo Jin ruborizar. Taehyung, Namjoon e Yoongi também ficaram sem reação quando as namoradas deles esvaziaram o copo, todas elas sem coragem de olhar para os lados.
“Você não vai beber?” Jungkook perguntou, sem um pingo de vergonha, me fazendo arregalar os olhos.
“Eu não fui amarrada na cama!” Protestei, ouvindo os meninos rirem.
“Ser amarrada, não necessariamente à cama, conta?” Jungkook perguntou, vendo Daehyo rir e assentir, me encarando. Bebi o líquido de uma vez, enchendo o copo de novo sem encarar Jeon. “Sua vez, Hoseok.”
O jogo já tinha acabado. Não tinha um na sala que não estivesse pelo menos fora de seu estado 100% sóbrio. Deitei no tapete, olhando para o teto e me perguntando por que todos os tetos das casas eram ou de madeira, ou pintados de branco. Franzi minha testa, me perguntando na minha pergunta e não vendo Jeon deitar ao meu lado.
“Quer ir embora? Já tá chato aqui.”
“Ainda temos doces e comida pra comer, Jeon… a gente pode esculpir abóboras também!” Sorri, encarando Jungkook e colocando uma perna em cima das suas.
“Eu não quero, jagi… você sabe que eu não gosto, muita palhaçada pra um dia inútil.”
“Você pode agir como se não gostasse de Halloween o quanto quiser, mas não vai me enganar.” Revirei os olhos, vendo seus olhos me fitarem por alguns segundos. “Você ficaria muito gato de zumbi. Ou de qualquer coisa. Você é lindo.” Sorri, vendo ele sorrir de volta. “Posso maquiar você?”
“Não.”
“Mas é zumbi, Jeon… por favor. Vai ficar muito legal, você pode até usar aquela blusa furada do Taehyung.” Continuei tagarelando em seu ouvido, ouvindo o garoto grunhir irritado.
“Se eu deixar você me maquiar, você para de falar?” Concordei com a cabeça, vendo ele se levantar devagar e me ajudar a fazer o mesmo.
“Vamos nos fantasiar de zumbi e já voltamos.” Anunciei pro pessoal que tava caído no chão, todos parecendo estar prestes a dormir.
“Já acabou o Halloween, vão dormir.” Taehyung murmurou, virando pro lado e abraçando a cintura de Hoseok, que já estava apagado.
Encarei Jungkook, rindo do grupo e indo em direção ao meu quarto, sentando Jeon na cama e procurando pelas minhas maquiagens.
“Jagi, você tem certeza que tá sóbria o suficiente pra fazer maquiagem em mim?” Ele perguntou, e eu neguei com a cabeça, indo em sua direção com uma paleta de sombras escuras, base e mais mil coisas, colocando tudo na mesinha de cabeceira. Fiquei de frente para ele, abrindo a paleta e sentando em seu colo, escolhendo uma cor. “O que você tá fazendo?” Suas mãos foram para minha cintura, para que eu não caísse para trás. Sorri para Jeon, passando um produto para sua pele e acariando seu rosto.
“Você é muito lindo, sabia?” Beijei a ponta do nariz dele, vendo seus olhos encararem os meus, fitando minha boca em seguida. Ele roubou um selinho, me fazendo soltar uma risada.
“E você é a coisa mais melosa do mundo quando bebe.” Ele roubou outro selinho. “E também é a menina mais linda do mundo.” Ele sorriu, deitando na cama comigo por cima, roubando mais um selinho.
“Eu só tô falando a verdade.” Falei, me ajeitando em cima dele e começando a espalhar beijinhos por todo o seu rosto, fazendo ele rir.
“Para, jagi…” Ele pediu, tentando se controlar para não rir muito alto. Seu riso foi substituído por um gemido baixo, e suas mãos foram automaticamente para minha cintura. Não precisava nem perguntar o que tinha acontecido, já que eu consegui sentir seu membro começando a ficar ereto em minha coxa. “Sai de cima de mim, por favor.”
“E se eu não quiser?” Perguntei, esfregando minha coxa nele e ouvindo um suspiro sair de seus lábios. Antes que ele pudesse responder, beijei seus lábios, recebendo um beijo agressivo em resposta. Suas mãos desceram para minha bunda, apertando com força e forçando contra seu corpo, arrancando um gemido abafado de ambos. Sua língua envolvia a minha, liderando o beijo e seus lábios de vez em quando chupavam o meu, o calor no quarto ficando cada mais maior e de repente todas aquelas roupas pareciam muito para nós.
Separei nosso beijo, sentando em seu colo e sentindo agora seu membro completamente ereto fazer pressão contra meu corpo. Arfei, tirando minha blusa e meu sutiã, expondo minha parte de cima por completo. Suas mãos foram para a região nua, apertando meus seios com pouca delicadeza e me fazendo jogar a cabeça para trás, o movimento fazendo meu corpo todo se mover e acabar se movimentando contra a ereção de Jungkook.
“Jagi-ya…” Ele grunhiu, apertando meus seios com mais força e me fazendo gemer alto. Jungkook me olhou com reprovação, colocando um de seus dedos nos lábios e descendo a mão para minha coxa.
“Desculpa oppa… eu vou ser mais quietinha a partir de agora.” Sorri, saindo de seu colo e ficando entre suas pernas. Os olhos de Jungkook não saíram de meu corpo quando eu tirei sua calça e cueca juntas, libertando seu pênis e fazendo ele bater em sua barriga, e a mão de Jungkook foi para meus cabelos quando eu aproximei minha boca da região, lambendo sua glande com lentidão e fazendo o garoto soltar um grunhido arrastado.
“Eu juro que se você não parar de provocação agora, eu vou foder a sua boca até a sua garganta doer, você tá entendendo?” Ele ameaçou, seu tom de voz neutro e um sorriso em seus lábios quando eu concordei, abrindo a boca e colocando ele lentamente dentro dela.
Coloquei o máximo que podia, fazendo contato visual com Jungkook enquanto começava a me movimentar, a saliva escorrendo pela ereção dele e fazendo-o deslizar mais facilmente pela minha boca. “Jagi, você aguenta mais que isso.” Ele grunhiu, sua mão forçando minha cabeça a continuar colocando seu pênis todo na boca, e ele só parou quando ele atingiu a entrada na minha garganta, começando a se mover lentamente dentro de mim. “Tá confortável pra você?” Ele perguntou, me fazendo assentir com um ‘uhum’, vibrando por todo o seu volume e deixando ele arrepiado, estocando com mais força. “Caralho, jagi… não faz isso comigo.” Jeon jogou a cabeça para trás, se controlando para não continuar com um ritmo muito forte, mas ele se descontrolou quando seu orgasmo começou a se aproximar, seus movimentos mais brutais do que o usual. Comecei a fazer sucção com a bochecha, movendo a língua pela sua extensão conforme ele ia se movendo, e ele logo chegou ao seu ápice, mordendo o lábio com força para não soltar um gemido muito alto.
Seu líquido foi jorrado diretamente na minha garganta, e eu tirei seu pênis lentamente da minha boca, limpando com a língua o que havia sobrado.
“Meu Deus, jagi... “ Jungkook respirou fundo, regulando sua respiração e trazendo meu corpo para mais perto do dele. “Tampa a boca e não solta nenhum gemido, eu vou te recompensar por ter sido uma boa garota e ter cuidado tão bem de mim, ok?” Ele disse, sorrindo malicioso e se ajeitando entre as minhas pernas, beijando o interior da minha coxa.
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