#Representatividade
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dmilla · 5 months ago
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"A vitória de Rebeca, Simone e Jordan nas Olimpíadas de Paris é um marco histórico não apenas para o esporte, mas também para a representatividade. Ver três mulheres pretas no topo do pódio é um símbolo poderoso de superação, força e talento. Elas não s�� conquistaram medalhas, mas também abriram portas e inspiraram gerações futuras a sonhar e alcançar o impossível. O impacto dessa conquista vai além das quadras e ginásios, refletindo o poder da diversidade e a importância da inclusão em todos os níveis da sociedade."
Parabéns para vocês!!! Rebeca Andrade, Simone Biles, Jordan Chiles!!!!
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esqrever · 26 days ago
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Podcast - EU pressiona Hungria, Atores Hetero em Papéis Gay & Luca Guadagnino
Esta semana falamos das sensibilidades que alguns atores hétero têm sobre representarem, por vezes reiteradamente, personagens Queer. Não percas! 👀🦄 #Podcast 🎙️🌈 EU pressiona Hungria, Atores Hetero em Papéis Gay & Luca Guadagnino
O DUCENTÉSIMO DÉCIMO SEGUNDO episódio do Podcast Dar Voz A esQrever 🎙️🏳️‍🌈 é apresentado por nós, Pedro Carreira e Nuno Miguel Gonçalves e falamos de atores que repetem papeis queer. No episódio desta semana, discutimos a condenação da Hungria pelo Tribunal de Justiça da União Europeia por violar os direitos LGBTQ+ através de leis discriminatórias. Como tema central, analisamos neste episódio do…
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magicalcrystalsproject · 1 year ago
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#Representatividade: Garotas Negras e Empoderadas!!
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Eu posso ser uma Garota Branca,Hetero e padrão mas como escritora e fã de franquias para garotas eu percebi que existem pouquíssimas Personagens Principais que são Negras! E quando tem elas tem pouco tempo de tela e isso é revoltante sabe? Então vendo essas situação Eu pensei por que não criar uma personagem Negra que não seja estereotipada e sim uma personagem com uma personalidade real e bem escrita e que represente diversas garotas Negras e que elas se sintam alegres e representadas vendo personagens fortes e independentes!Eu quero criar uma história sobre fadas que todas as garotas se sintam representadas sabe? Quero que independente da Cor,Etnia,Sexualidade e etc... as garotas vejam e digam meu Deus essa personagem me representa eu sou como ela! Isso é mágico e é uma conexão incrível!
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antonioarchangelo · 1 year ago
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Ailton Krenak: Uma voz forte para reconstruir os capítulos esquecidos da história brasileira
No dia 6 de outubro de 2023, o escritor e líder indígena Ailton Krenak conquistou um feito histórico ao ser eleito para a Academia Brasileira de Letras (ABL), tornando-se o primeiro membro indígena a ocupar uma cadeira na prestigiosa instituição literária. Essa eleição marcou não apenas um reconhecimento de seu talento literário, mas também um momento significativo na celebração da diversidade…
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animaletras · 2 years ago
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Apesar do que algumas pessoas pensam, representatividade importa de uma forma que é inexplicável quando ela acontece. Hoje é Dia do Cabelo Afro e vocês já repararam as ocasiões em que ele aparece nas animações? Vamos ver!
Cabelos crespos são fios que se adaptaram ao calor, servindo como um chapeuzinho para proteger a cabeça em dias quentes. No Brasil, esse chapeuzinho não era visto como bonito, muito pelo contrário, era algo sujo, desarrumado e feio… Mas, felizmente, essas características já estão sendo desvinculadas e o cabelo negro está ganhando novos adjetivos como: poderoso, radiante e exuberante.
Para que isso acontecesse muitas animações ajudaram. É importante salientar que os negros, durante muito tempo, foram minoria nas animações, mas felizmente temos certo protagonismo e podemos ver personagens parecidos conosco.
Exemplos de cabelos do tipo 3A ao 4C aparecem nas seguintes animações:
Em Homem Aranha no Aranhaverso, o cabelo de Miles Morales é incrivelmente bem feito e dá gosto de assistir.
Em She-ra e as Princesas do Poder, o Bow/Arqueiro tem um dos cabelos mais bonitos de todos no grupo, além de ter um penteado muito lindo.
Em Michiko to Hatchin, a personagem Atsuko Jackson esbanja um penteado audacioso e provocativo aos que acreditam que o cabelo crespo só pode ser de uma cor.
Para ilustrar a importância da representatividade, vejamos agora os relatos de alguns membros do Animaletras contando suas experiências sobre a vivência cacheada/crespa e também sobre a sensação de ver personagens com cabelos parecido com os deles:
Eu me incomodava muito com o meu cabelo, porque sempre me diziam que ele era ruim, e a minha única alternativa era cortá-lo completamente… O que me fazia sentir um pouco melhor é que o Ciborgue, o Lanterna Verde e outros personagens, também eram carecas, mas esse não era o cabelo que eu queria ter. Teve um dia, que chegando da escola, com catorze anos, eu fui assistir Vingadores — (OSMPT) e o Pantera Negra tirou a máscara e mostrou seu cabelo baixinho e crespo. Naquele momento, eu fiquei feliz de ver um personagem com o cabelo igual ao meu, apesar de “ruim”. Hoje o meu cabelo está grande, mais pra Super Choque, e a relação que eu tenho com ele também é melhor. Não me vejo mais sem o meu cabelo. Outras animações me ajudaram a ver o quanto ele é BOM e bonito exatamente do jeito que ele é!
Meu cabelo hoje é uma parte muito importante de quem eu sou. Sempre foi, na verdade, mas acho que antes ele dizia muito mais sobre o que eu queria ser, sobre o quanto eu me sentia inadequada. Meu cabelo sempre foi rebelde. Sempre ficou do jeito que ele queria ficar, e para uma criança dos anos 2000, que via em todos os lugares cabelos lisos escorridos sem o menor sinal de volume, isso era inadmissível. Desde bem novinha, fiz aqueles relaxamentos infantis, que serviam para “abrir os cachos”. E assim que tive idade, comecei a fazer todo tipo de química para tentar domá-lo. Um outro aspecto que sempre fez parte da minha relação com meu cabelo são as cores. Lembro até hoje de ouvir de todo mundo que eu não podia ter cabelo colorido, pois não ficaria tão bem no meu tom de pele. Ouvi de muita gente que “para ter um cabelo rosa você precisa ter a pele bem clarinha”. E por muito tempo eu acreditei nisso, mesmo sendo meu sonho poder me aventurar pelo mundo das cores. Com uns 15 anos eu comecei a pintar de ruivo (a única cor que parecia aceitável para uma pessoa negra naquela época), e aos pouquinhos fui me livrando dos preconceitos e passeei por todas as cores. Achava que já tinha realizado meus sonhos capilares, mas imaginem: progressiva, descoloração e chapinha. A combinação mais destrutiva possível para um cabelo. Sem contar que eu não fazia ideia dos tipos de cuidados que um cabelo cacheado poderia precisar. Eu mal conhecia meu cabelo e apoiava toda a minha personalidade, estilo e autoestima nele. Foi só aos 22 anos que decidi abandonar de vez a prisão das progressivas e comecei uma nova aventura: conhecer minha textura real. No início, me achava feia. Continuei me apoiando nas cores para sentir que ainda era a mesma pessoa de antes, e também para dar uma levantada na autoestima. Depois de um tempo, cortei toda a parte colorida para passar um tempo com o meu cabelo 100% natural, do jeito que veio ao mundo. E passei dois anos conhecendo esse novo amigo, aprendendo a lidar com ele e entendendo que a sua rebeldia, que antes eu tentava domar com produtos químicos e processos agressivos, na verdade combinava muito comigo. Só depois de sentir que eu tinha feito as pazes com toda a dor que o racismo e a pressão estética causaram a nós dois que decidi voltar para o meu sonho colorido. Hoje em dia, não preciso das cores para me esconder e me sentir eu mesma. Aprendi a amar meu cabelo do jeitinho que ele é. E nos dias mais rebeldes, eu abraço a rebeldia e ando por aí como se estivesse usando uma coroa.
Minha relação com o meu cabelo durante muito tempo foi conturbada. Eu cresci com vendo minha mãe tendo cabelo liso e querendo ser como ela. Em minha época de escola não existia os produtos para cabelo cacheado para temos hoje, então a solução era que ele vivesse preso. Com 11 anos de tanto querer ser como as outras meninas e ir de cabelo solto pra escola, eu resolvi alisar meu cabelo com formol. Com 16 anos, decidi entrar na transição para ver como era meu cabelo na forma normal porque eu nem sequel lembrava dele antes e o por mais que eu quisesse desistir, meus amigos me deram força e hoje eu não me vejo sem o meu cabelo cacheado. Como uma identidade minha, ser chamada de leoa que antes era ofensivo pra mim, se tornou elogio. Hoje vivo em uma relação de amor e odio, mas confesso que eu morro de amores por esse cabelo. Ser chamada de Moana em festas infantis ajuda o amor a crescer mais.
E você, que tem os cabelos crespos, ondulados ou cacheados, saiba que seu cabelo é muito lindo e você tem liberdade de fazer o que quiser com ele! Pintar de loiro ou de ruivo, de azul ou verde, fazer um penteado diferente, colocar tranças, o céu é o limite! Independente do que você fizer, o seu cabelo (e você, por extensão) serão e continuarão lindos!
Em qual animação você viu o cabelo cacheado ou crespo mais lindo? Deixa seu comentário!
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lcrosabooks · 1 year ago
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AVISO DE GATILHO: Gordofobia, transtornos alimentares, dismorfia corporal e todos os assuntos relacionados a esse tópico.
Olá a todes! Eu gostaria de introduzir esse texto falando que houve demanda para que eu o escrevesse, mas infelizmente o que eu tenho a dizer é que eu simplesmente estava pensando sobre esse tópico e achei que seria interessante dar os meus dois centavos sobre isso
Considerações iniciais:
"Ah, mas obesidade é doença!" Sabemos, Jorginho. Não é meu intuito aqui negar as consequências seríssimas da obesidade para seres humanos, tendo influência no desenvolvimento de diabetes, doenças cardiovasculares, alguns tipos de câncer, entre outros. Qualquer pessoa tem essas informações em mãos, e o único contexto razoável para palpitar sobre a saúde de uma pessoa que não seja você mesmo é caso a outra pessoa seja uma criança/adolescente e você seja o responsável por essa criança/adolescente.
Nisso, é importante salientar que livros de ficção não são cartilhas do ministério da saúde e pessoas gordas fazem parte de um grupo cada vez mais numeroso, crescente, e negligenciado por todas as esferas sociais. Além disso, pessoas gordas estão extremamente suscetíveis a desenvolver doenças como depressão e ansiedade em virtude da maneira como são tratadas socialmente, e, devo salientar, saúde mental também diz respeito a saúde, e é tão importante quanto a saúde física.
Se, ainda assim, você não estiver convencido de que sua opinião sobre o quanto a obesidade não deve ser "romantizada" na ficção não é interessante, gostaria de saber se você implica com personagens fumantes, ou com cenas de sexo sem camisinha, ou com personagens usuários de drogas... Suponho que não. Nesse caso, guarde sua insignificância para si mesmo, e nos poupe de ouvir seus comentários que, mascarados de uma falsa preocupação com a saúde de pessoas gordas, são apenas preconceituosos.
Ademais, devo aqui também fornecer algum contexto: No atual período da minha vida, estou com 24 anos, e passei a maior parte da minha existência sendo gorda. Já fui todos os tipos de gorda, desde a gorda que se odeia, a gorda que tenta desesperadamente emagrecer e não consegue, a gorda que tem maus hábitos alimentares e é sedentária e hoje sou a gorda que não se importa com a maneira como meu peso muda minha aparência, mas tenta emagrecer por motivos de saúde. Certamente não sou a representante eleita para falar por esse grupo tão heterogêneo e numeroso, mas posso falar um pouco sobre as minhas experiências pessoais enquanto pessoa gorda e que tipo de representação eu gostaria de ver mais frequentemente em livros de ficção.
Estamos acostumados a ver pessoas gordas em posições de chacota e alívio cômico (como, por exemplo, o Duda Dursley, de Harry Potter), onde o tempo todo é reiterado o quanto essa pessoa come, o quanto ela ocupa espaço, o quanto ela é desajeitada. Em alguns casos, vemos também pessoas gordas em posições de vilania, no intuito de torná-las "monstruosas" (como, por exemplo, Úrsula, de "A Pequena Sereia"... Ou o Duda Dursley de Harry Potter). Estas posições são desumanizantes, porque servem para estigmatizar a pessoa gorda e demonizar o seu corpo.
Mas... É errado ter um gordo vilão ou alívio cômico?
Não. É claro que não. Sou partidária da ideia de que estereótipos não são sumariamente proibidos, porque existem pessoas que se encaixam neles. Existem pessoas gordas engraçadas ou pessoas gordas que são simplesmente ruins, assim como qualquer outra pessoa pode ser ruim também.
No entanto, caso você queira retratar esse tipo de personagem gordo, eu recomendo que você tome alguns cuidados.
O Gordo Vilão:
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Esse daí acima é Francisco Ferreira, um dos personagens do meu livro em andamento "No Seu Ritmo 1", e provavelmente a pessoa mais desprezível de toda a história. Ele é uma pessoa ruim: Maltrata a enteada, bate no filho, humilhava a esposa que já está morta, tem relações sexuais com menores de idade sendo um cinquentão...
E ele é gordo.
Eu não sei exatamente quais foram os motivos que me fizeram enxergá-lo como um homem gordo na criação de seu personagem, mas isso não é importante, realmente, porque a sua personalidade cruel não orbita o fato dele ser gordo. No entanto, são frequentes as menções à sua falta de higiene e o quanto ele se alimenta mal, que são características do personagem, e isso poderia ser uma caricatura gordofóbica. É claro que poderia ser.
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Esse daí é João Lucas Ferreira, um dos personagens de "No Seu Ritmo 1", que se torna mais importante em "No Seu Ritmo 2". No segundo livro, ele também é um homem gordo.
Ele é amoroso, tímido, tem problemas de autoconfiança, estuda engenharia mecânica, gosta de cães, assiste animes, se dá bem com família e amigos...
Ele é uma pessoa completamente diferente do Francisco, que é alguém horrível.
É importante que exista esse contraste entre João e Francisco porque a crueldade de Francisco não está atrelada ao seu peso. Meu objetivo com um personagem com Francisco Ferreira não é demonizar o corpo gordo para fazê-lo monstruoso; meu objetivo é apenas inserir características ruins em pessoas que são humanas.
Quando o único personagem gordo do seu livro é um vilão, isso pode ser um problema. No entanto, não há problema em fazer um gordo ser vilão, já que existem pessoas ruins com todos os tipos de corpos.
O que você quer dizer quando faz do seu personagem uma pessoa gorda? É importante se perguntar sobre isso também. Às vezes você tem interesse em criar um vilão gordo apenas para criar a pessoa mais "feia" e consequentemente menos gostável possível, e aí é um problema.
Ou você pode simplesmente criar vilões gordos porque... Pessoas são diferentes, oras bolas!
(João não é o único personagem gordo "legal" da duologia No Seu Ritmo, mas ele provavelmente é o mais importante)
Dito isso, vamos ao segundo tópico.
2. O Gordo "alívio cômico"
Confesso que esse estereótipo me incomoda bem mais que o acima, porque eu o considero bem mais desumanizante. Basicamente você usa o corpo do personagem como forma de aliviar a tensão da narrativa, gerando algumas cenas cômicas aqui e ali, como, por exemplo, quando um bruxo coloca um RABO DE PORCO no seu personagem gordo. Bom dia, J. K. Rowling!
Eu também não considero esse estereótipo algo proibido, mas precisa haver algum cuidado quando estiver escrevendo um personagem assim. É verdade que existem pessoas gordas que são palhacinhas (assim como pessoas de todos os corpos), mas caso os corpos delas sejam utilizados como forma de descontração... Não. Só não.
Um bom exemplo também é o personagem Leitão, do livro Jantar Secreto, escrito por Raphael Montes. Esse personagem é uma caricatura muito gordofóbica (a começar pelo nome, né? Com certeza o autor deve ter achado o trocadilho hilário) e frequentemente o narrador tenta extrair uma descontração na tensão da narrativa, que trata de um assunto bem denso, falando sobre o quanto ele come, sobre o quanto a barriga dele é protuberante ou sobre o quanto as roupas dele são grandes.
(Eu gosto desse livro, a propósito. Dá pra gostar das coisas de forma crítica)
Mas e se meu personagem gordo for do tipo que faz piada com o próprio peso? Bom... Essas pessoas existem. Eu nunca fui esse tipo de pessoa, mas eu conheci algumas na minha vida.
Todas essas pessoas, sem exceção, eram assim para escapar do bullying, piadas e zoação. Explico: Antes mesmo que alguém fale o quanto sua bunda não cabe na cadeira, ou o quanto você está parecendo um balão com essa roupa, ou te compare com um elefante... Você mesmo faz.
Isso é muito violento, mas é uma forma de ser aceito. É uma forma de usar de algo que você sabe que será usado contra você como forma de gerar descontração, conquistar as pessoas pelo humor. Não é menos desumanizante porque é você quem faz, mas quando vem de você, você tem o controle da narrativa.
Eu gostaria muito de ver esse tipo de situação sendo trabalhada na psique de uma pessoa gorda, porque não é algo tão simples. Não é simplesmente "hahaha, ele é piadista!". Não. É uma forma de desrespeito, a gente sabe disso.
Por que o seu personagem gordo é tão cruel consigo mesmo? Por que ele naturaliza microagressões a ponto de praticá-las e naturalizá-las? Você está pronto para explorar esse lado do psicológico do seu personagem?
É óbvio que você pode simplesmente criar um personagem que faz piada do quanto ele parece uma baleia e do quanto ele ocupa espaço porque ele é engraçadão, divertido, daora. Um cara que não liga se você fala que ele come demais, que as roupas dele são do tamanho de uma lona de circo, que quando ele pula, gera um terremoto. Não sou eu quem vai te proibir. Mas essa, na minha opinião, não é uma boa representação, e não é algo que eu gostaria de ler.
Além desses dois tipos de personagem gordo, podemos falar de um terceiro, que pode ou não vir em conjunto com os outros dois acima
3. O personagem gordo que come muito/come mal
Novamente repetindo: Não sou contra você criar personagens que representam pessoas que existem.
Existem MUITAS pessoas que são gordas porque comem muito e comem mal (presente!). Existem pessoas que são gordas porque almoçam cup noodles, jantam x-frango e são sedentárias (bom dia, essa era eu em 2022). Mas existe uma nuance nesse ponto que eu vejo poucas pessoas explorando:
Pouquíssimas pessoas se alimentam mal e são sedentárias porque escolheram isso.
Normalmente, a alimentação da pessoa gorda entra na história somente como alívio cômico (voltamos ao ponto do gordo engraçadão) e pra fazer uma caricatura dele. Ele não se importa com o que come, é bonachão, espalhafatoso, manda pra dentro um monte de fritura, sorvete e refrigerante...
Na vida real, as pessoas não estão felizes em jantar McDonald's todo dia, não só porque isso te torna, bem... Gordo, mas também porque as implicações desse tipo de alimentação para a sua saúde não são boas.
E aí você pode argumentar que é uma questão de motivação, de perseverança e disciplina (assim como aqueles coaches de academia falam, mas enfim)
E, claro, algumas pessoas estão mais determinadas a se alimentar corretamente e praticar exercícios do que outras. No entanto, alguns pontos seríssimos estão sendo desconsiderados quando as pessoas afirmam que é questão de "querer": Dinheiro, tempo e, sobretudo, saúde mental.
Sim, eu cheguei aos 110kg comendo cup noodles porque minha saúde mental estava uma merda. Eu tinha crises de ansiedade, minha depressão não me permitia me dedicar a um esporte...
Muitas vezes, a má alimentação é causada por transtornos alimentares relacionados a transtornos que envolvem dismorfia corporal.
E aí, você está disposto a trabalhar com isso? A desenvolver o gordo que se alimenta mal, que é sedentário, e trabalhar com as implicações psicológicas que levam ele a ser assim?
Mas e se eu quiser fazer um gordo que se alimenta mal porque gosta, que não está nem aí para a própria saúde física, que não tem problemas de saúde mental, dinheiro e tempo que o levam a se alimentar mal e ser sedentário? Você pode fazer absolutamente tudo, eu não sou seu pai e nem presidente da Associação dos Leitores Gordos Brasileiros (ALGB), não tenho poder nenhum pra te impedir de fazer algo. Mas, se quer a minha opinião (e se você ainda está lendo esse texto, é porque você quer), essa é uma representação rasa de pessoa com maus hábitos de saúde. Ninguém adquire maus hábitos de saúde porque quer, porque é "preguiçoso". As coisas são mais complexas do que isso.
A decisão, no entanto, é e sempre será sua.
4. O gordo que possui ótimos hábitos de saúde
Essa é uma opinião extremamente pessoal minha e eu não sei se outras pessoas gordas vão concordar comigo, porque eu nunca conversei sobre. No entanto, algo que acontece com relativa frequência quando uma pessoa magra decide escrever sobre pessoas gorda é subverter o estereótipo do gordo preguiçoso totalmente, fazendo assim um gordo que se alimenta extremamente bem, se exercita com regularidade e ainda assim é gordo.
Isso é, sem dúvidas, uma opção melhor do que criar um Duda Dursley da vida, mas eu ainda acho um pouco... Desumanizante.
Vamos para a questão prática do negócio: É possível que uma pessoa com excelentes hábitos de saúde seja gorda? Sim (Lembrete que uma pessoa gorda é diferente de uma pessoa que não é magra, uma pessoa que não é sarada, uma pessoa que não possui um corpo de modelo. Muitas pessoas se consideram gordas simplesmente porque não cabem num jeans 38, mas a realidade tá longe de ser essa). No entanto, sejamos francos: É um pouco improvável. É claro que seu metabolismo tem um papel importante no emagrecer/engordar, mas a menos que você possua uma síndrome metabólica séria, é um pouco difícil uma pessoa que só come alface, frango grelhado, vai à academia 6x por semana e faz isso com certa regularidade ser efetivamente gorda.
Mas não é verossimilhança o que me incomoda aqui, de fato. Esses dias eu li um livro em que um cara montava num dragão. Dragões existem? Bom, naquele livro existe. Por que não pode existir, num livro de ficção, uma pessoa gorda com hábitos de saúde impecáveis?
O que incomoda a MINHA pessoa, EU, Lírio, nesse tipo de representação, é que parece que você está querendo fazer a pessoa compensar por ser gorda.
Ela é gorda, tadinha... Mas não é por culpa dela, porque olha só, ela se alimenta sempre certinho e faz exercício! Ela é gorda porque o corpo dela a castigou. Olha só, gente, ela tem o direito de ser gorda, porque está se esforçando para não ser!
É complicado. Por mais que pessoas como Alexandrismos digam o contrário, a maioria de nós não tem hábitos de saúde impecáveis. Isso não é nossa culpa, porque, como eu comentei, existem outras questões envolvidas, mas é fato que hábitos alimentares e sedentarismo estão envolvidos no emagrecer/engordar.
Aliás, sejamos francos: A grande maioria das pessoas (gorda ou magra) não é 100% responsável com sua dieta e condicionamento físico.
Nós somos humanos. Às vezes comemos alface com frango, às vezes comemos uma coxinha. Tem dias que a gente vai pra academia, dias que a gente não tá afim. Tomar refrigerante é muito bom, sim, mas pode ser que hoje eu queira uma água gelada. Existe um enorme espaço entre os extremos.
Mas, então, o que eu devo fazer?
Olha, o que eu acredito que seja a melhor opção (e essa é somente a minha opinião, você não é obrigade a concordar e tudo mais, muito menos a seguir o que eu estou falando) é... Não comentar sobre hábitos alimentares de personagens gordos.
Você faz isso com os seus personagens magros? Por que caralhos está preocupado em deixar explícito no seu livro se o seu personagem gordo se alimenta bem ou mal, se ele faz exercícios ou não? Isso é relevante para o plot dele?
Dá pra desenvolver outras coisas que não envolvam responder se o seu personagem é gordo por má alimentação e sedentarismo ou simplesmente genética. Quem se importa pelo motivo pelo qual ele é gordo, afinal?
5. O fato do meu personagem ser gordo deve afetar o seu plot?
Eu tenho sempre essa dúvida quando eu vou escrever personagens de minorias as quais eu não pertenço. Escrever um personagem negro que não sofre racismo na trama é apagamento ou é evitar o que a gente chama de "pornô de sofrimento"? De que forma o personagem ser de minoria impacta o seu desenvolvimento na trama (ou não impacta)?
A resposta, como sempre, é depende.
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Esta é Aya. Ela é uma das protagonistas de Caos e Sangue, e faz uma aparição importante em Inflamável. Ela é enfermeira, gosta de plantas, é carinhosa, vaidosa, vive com seu pai... E é gorda.
Na verdade, o fato dela ser gorda afeta pouquíssimo o plot dela. Isso porque Caos e Sangue se passa no ano de 1884, em um país chamado Carmerrum, que não existe. Há pressão para que as mulheres de determinados grupos sociais se encaixem em padrões de beleza, mas não é o caso de Aya, uma enfermeira que vive com o suficiente necessário para manter um ser humano, longe de ser parte das elites ou de uma das famílias tradicionais do país.
Ela possui problemas maiores (e aqui não estou falando que autoestima não é um problema grande, estou falando que dentro do contexto da história, Aya se preocupa com outras coisas). O fato da sua mãe ter sido morta pelos poderosos, por exemplo, ou simplesmente não ter certeza se terá o suficiente para viver com dignidade no mês seguinte. É muito bem resolvida com o próprio corpo e gosta de si mesma, fato que é reforçado pelas pessoas com quem ela se relaciona.
É correto dizer que o fato de Aya ser gorda não é relevante do seu plot, sendo apenas uma característica que o leitor sabe porque é mencionada a fins descritivos.
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Essa, por outro lado, é Isabella. Ela é uma das protagonistas de Borboletas & Furacões. É formada em medicina pela UNESP de Botucatu, especializada em psiquiatria, gosta de comédias românticas, livros melosos e cores pastéis. Ela também é gorda.
Ela e Aya se dariam muito bem, eu penso. Infelizmente isso não é possível, porque Aya vive em Carmerrum no ano de 1884 e Isabella vive em São Paulo, no ano de 2017.
Há uma diferença gritante entre Aya e Isabella, porque Isabella é extremamente afetada com o próprio peso e imagem, algo que não afeta Aya.
Mas por que isso acontece?
Claro que o fato de serem duas personagens diferentes implica duas personalidades diferentes, e as pessoas reagem às adversidades da vida de forma diferente das outras. Mas acredito que a maneira que determina a diferença entre autopercepção de ambas essas mulheres está em: Contexto social/histórico e backstory.
(Perdão, eu sou paulista, não consegui não enfiar uma palavra em inglês no meio do texto)
Bom, em primeiro lugar, não preciso dizer que os conceitos sociais de beleza em uma sociedade que não existe (Carmerrum) serão diferentes daqueles em uma sociedade que existe (São Paulo), uma vez que, ao ambientar meu livro em Carmerrum, eu faço as regras. Ao ambientar em São Paulo, não faço tanto as regras assim. Mas o período temporal é importante também, sobretudo se estamos falando das regras de uma sociedade ocidental (e, sim, alguém aqui vai me falar que o Brasil não faz tecnicamente parte do ocidente, e sim do sul global. Quando eu quero dizer "sociedade ocidental" eu quero dizer que nosso conceito de beleza é diferente do conceito dos indianos, por exemplo, ou do conceito dos povos da Mauritânia. Querendo ou não, o Brasil segue mais ou menos o mesmo padrão de beleza que os estadunidenses e europeus). A imposição de um corpo magro ocorreu à partir do século XX, com a indústria do consumo, em que os alimentos de alto valor calórico se tornaram mais acessíveis e a propaganda midiática se tornou mais difundida também. Dessa forma, o corpo gordo parou de ser sinônimo de beleza e começou a ser reprovado, sendo assim perseguido cada vez mais um ideal de magreza extrema.
Ao entrarmos no século XXI, isso se intensificou ainda mais (e eu posso dizer isso com propriedade, porque eu estava viva no início do século XXI e fui afetada pelos ideais de magreza inalcançável que eram bombardeados para nós através das supermodelos que figuravam as telas da TV), e ainda hoje o nosso padrão de beleza é predominantemente magro.
Estou dizendo isso tudo para explicar que, em qualquer sociedade do mundo, o padrão de beleza em 1884 e em 2017 será diferente, e consequentemente afetará pessoas que viveram nesses respectivos anos de formas distintas.
Além desse ponto, também é importante salientar que a nossa autopercepção é moldada de acordo com as experiências individuais de cada um.
Aya não foi afetada por ideais de beleza inatingíveis. Ela tinha um sonho simples: Ser bem sucedida como enfermeira (a profissão de sua mãe) e fazer com que aqueles que a mataram pagassem por isso. Só. As motivações dela são outras, e nada em seu passado indica problemas de autoimagem a respeito do próprio peso.
Isabella, por outro lado, possui uma motivação completamente diferente na narrativa.
A história já começa nos transportando para 2007, o último ano do ensino médio de Isabella, onde nos é revelado que ela sofre bullying por causa de seu corpo. Isso foi algo que Aya não teve que passar. Isso é algo que deixa marcas permanentes no nosso psicológico.
Além disso, devo dizer que o bullying não foi o único (embora seja o mais relevante) dos problemas que Isabella viveu devido ao seu peso.
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(E, sim, ela também é lésbica, o que gera OUTRO problema de autoaceitação. Mas vamos focar no tópico aqui).
Isso é importante porque nossa imagem sobre nós mesmas é criada a partir de nossas experiências passadas. É bem provável que alguém cuja existência enquanto pessoa gorda foi moldada por bullying na adolescência tenha uma visão sobre o próprio corpo diferente de alguém que não tem essa violência como marcador.
E aí, caímos, como sempre, na famosa construção de personagem. Cada personagem é único. Quais os fatores que você quer que se sobressaiam em sua existência?
(Acho que cabe aqui um parêntesis: Pouquíssimas pessoas gordas que vivem no século XXI seriam 0% afetadas psicologicamente pela gordofobia. É importante explorar como ser gordo afeta a vivência do seu personagem, mesmo que não seja algo muito importante em sua personalidade. Vivemos em uma sociedade gordofóbica, afinal.)
6. Autoestima x Pessoas gordas
Falei um pouco sobre isso no tópico anterior, mas acho importante separar um pedaço do texto pra falar especificamente sobre isso.
Eu não vou aqui explorar as infinitas possibilidades de construção de um personagem gordo, como a possibilidade de você estar escrevendo ele numa história ambientada no período renascentista, onde ser gordo era incontestavelmente o padrão de beleza, ou a possibilidade de você estar construindo o seu personagem numa sociedade que não existe, ou numa sociedade cujos padrões de beleza são muito diferentes daqueles que a gente reproduz na sociedade atual.
Vou aqui falar de histórias que se passam em sociedades parecidas com a nossa, num período histórico recente.
É possível que o seu personagem não se afete com imposições midiáticas de beleza? É possível. É provável? Bom...
Não estou aqui te impedindo de escrever um personagem gordo que nunca teve problemas de autoestima, eu não estou aqui para te impedir de escrever nada. Algumas pessoas talvez prefiram essa representação. Eu, pessoalmente, acho bem pouco crível, e se você conversar com as pessoas gordas ao seu redor (mesmo aquelas que não tem grandes conflitos com seus corpos, como eu), verá que essa está longe de ser a realidade.
Meu personagem gordo precisa se odiar, então?
Não. Na verdade, eu não recomendo que você crie um personagem gordo que sente um ódio feroz e paralisante de si mesmo a menos que estude bastante sobre isso (nem mesmo se você tiver passado por essa fase), porque é algo muito complexo e delicado, além de poder reforçar umas ideias não tão legais se não for feito com responsabilidade. Nem mesmo a minha personagem citada anteriormente, a Isabella, sente esse tipo de ódio intenso e cruel de si mesma: Ela tem uma vida para além disso.
O que eu estou dizendo é que faz parte da construção do personagem trabalhar o quanto a gordofobia o afeta. Porque a gordofobia existe, certo? E como o seu personagem reage a isso?
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Eu gosto muito desse trecho, porque ele mostra como dois personagens diferentes reagem ao fato de ser gordo. João e Helena são irmãos de mãe, ambos aparecem em No Seu Ritmo 1 (sendo Helena uma das protagonistas, e João um coadjuvante), mas em No Seu Ritmo 2 ambos os personagens tem papéis importantes e ambos são descritos como pessoas gordas.
Perceba que nenhuma das duas existências é proibida: Nem a de João, que sente vergonha do próprio corpo, nem a de Helena, que se sente bem consigo mesma. Só que isso implica alguns questionamentos: O que faz João se odiar? O que faz Helena gostar de si mesma? Qual será o tratamento dado a João para si mesmo ao longo da narrativa? Ele pretende mudar essa visão sobre si? É interessante que ele mude, mas não obrigatório. Livros não precisam ter lição de moral, mas eu ficaria mais satisfeita em ler uma história onde uma pessoa gorda que não gosta de si mesma aprende a se sentir bem no próprio corpo ao longo dos acontecimentos.
Também há um ponto que deve ser levado em consideração aqui: Ainda que Helena seja bem resolvida consigo mesma, ela não está imune dos julgamentos de uma sociedade gordofóbica. Ao longo da história ela fala mais de uma vez como ela dribla esse tipo de problema e como ele o afetou logo que ela começou a ganhar peso, e vemos que não foi algo instantâneo. Não existe pessoa separada de sua sociedade.
(Existem também alguns pontos que normalmente afetam mais o seu personagem do que outros, como esse personagem ser uma mulher ou um homem GBT. No caso, Helena é mulher, e João é um homem gay. Para um homem cis hétero, essa percepção acerca do próprio corpo seria diferente. Mas aí são outros 500)
Eu pessoalmente acho um pouco... Artificial o personagem gordo que se ama o tempo todo. Ninguém é assim, nem pessoas magras são assim. Eu aposto que até a Virgínia (que eu não acho bonita sob nenhum ângulo, a propósito) tem seus problemas de autoestima. Ajudaria o seu personagem a ser mais real caso você inserisse esses pequenos momentos de autoestima flutuante ao longo de sua vida.
(E a Thais Carla? Bom, a Thais Carla é, assim como TODOS os influencers, um personagem. Ela mostra para seu público o que ela quer. Eu duvido que não haja um mísero dia em que ela acorde se sentindo mal)
Por outro lado, a pessoa que se odeia o tempo todo também não é um tipo de personagem que eu goste. Sei lá, me faz ter a impressão de não há nada de bom em ser gordo, que tudo na sua vida gira em torno do seu corpo. Existem pessoas que pensam assim, e isso é uma distorção cognitiva (você pode abordar isso caso queira pesquisar bastante), mas eu não acho que a maioria das pessoas saiba trabalhar com essa situação.
Busque sempre um ponto de equilíbrio entre extremos, para não pender nem para a pessoa que se odeia imensamente e nem a pessoa que nunca se sente mal.
7. A pessoa gorda que emagrece ao longo da trama
Como eu falei, isso aqui não é um index librorum prohibitorum da representatividade gorda. Você pode escrever o que quiser, sem sombra de dúvidas, e eu não estou aqui para te cancelar ou te proibir de fazer algo.
Mas eu, pessoalmente, ODEIO esse tipo de plot. Não entendo muito qual o sentido de escrever um personagem gordo se ele está lá pra emagrecer e passar a mensagem de que tem algo de errado com o corpo inicial dele.
Existem exceções? Claro que existem. Você pode escrever esse plot como uma crítica. Você pode explicar o quanto os padrões de beleza afetam a saúde mental da pessoa gorda. Você pode também inserir isso como condicional a outra situação que não seja "Emagreceu porque quis perseguir um corpo melhor e isso é bom". Por exemplo, em Inflamável (Spoiler!), continuação de Caos e Sangue, a personagem Aya passa meses em um calabouço, se alimentando mal e tendo pouco acesso a questões básicas de sobrevivência para um ser humano. Isso faz parte do plot dela, é necessário para o desenvolvimento da história, e eu achei que seria simplesmente incongruente colocar uma personagem para lidar com essas questões desumanas e manter ela gorda.
Por isso, e somente por isso, ao final de Inflamável, Aya está magra. Mas isso não busca trazer lição de moral sobre o corpo de pessoas gordas, é simplesmente ser fiel à realidade de que ser exposta a uma privação extrema de nutrientes vai te emagrecer (de forma não saudável, aliás).
No geral eu diria pra você evitar esse tipo de desfecho. Não é algo que pessoas gordas curtem ler, e definitivamente não é algo que eu gostaria de ler (A menos que esteja num dos dois casos anteriores citados). Se for pra colocar um personagem cujo objetivo dele é ficar magro ao longo da narrativa, simplesmente insira um personagem magro de uma vez.
8. Personagens gordos x parceiros afetivos
É, bem, eu provavelmente sou a pior pessoa pra falar desse tópico, porque apesar de ser possivelmente arromântica, eu gosto de dar parceiros afetivos para os meus personagens. Romance é mais divertido quando é entre pessoas que não existem, e eu tenho o controle de todas as variáveis.
Mas eu não acho que exista algum problema no seu personagem gordo terminar a narrativa sem uma pessoa amada, desde que a motivação para esse fato não seja ele ser gordo.
É claro que a gente sabe que há um preterimento afetivo muito grande de pessoas gordas na nossa sociedade, e que uma pessoa gorda possivelmente terá mais dificuldades para encontrar parceiros do que uma pessoa padrão. Mas é um pouco... Cruel você condenar alguém gordo à solidão afetiva pelo fato da pessoa ser gorda, e também não é verdade que é impossível ou altamente improvável que pessoas gordas encontrem parceires que as amem e as respeitem.
No entanto, o seu personagem gordo pode ficar sozinho por outros motivos. Ele pode ser aroace, como o Isaac de heartstopper (eu odeio essa obra, a propósito, mas eu não acho que essa crítica ao personagem gordo não ter par afetivo seja coerente). Ele pode ser uma pessoa ruim. Ou ele pode simplesmente não querer relacionamentos no momento.
Inclusive, você pode explorar como a nossa sociedade sempre espera que todo mundo tenha interesse em relacionamentos afetivos, mas isso não corresponde à totalidade das pessoas. Seria interessante.
Eu penso que seria, assim, de bom tom, se o seu personagem gordo solteirão não fosse o único personagem gordo ou o único personagem solteirão da obra. Seria interessante também inserir um personagem gordo que se relaciona afetivamente com alguém ou um personagem magro que acaba sem relacionamentos ao final da trama. Mas isso é apenas algo que eu penso que seria de bom tom, não é uma regra, e nem faz da sua obra automaticamente desrespeitosa.
Meu personagem gordo pode/deve ficar necessariamente com outra pessoa gorda?
Esse questionamento me veio à mente enquanto eu estava digitando esse texto, e eu acabei percebendo que nenhum dos meus personagens gordos se envolve afetivamente com outra pessoa gorda.
Mas, olha... Seria interessante. Muito se reclama que há muitas obras (entenda "muitas" como algo nichado, porque a gente sabe que a maioria esmagadora das obras trata apenas de personagens padrão) com mulheres gordas que se relacionam com homens sarados, o que por um lado é uma boa representatividade para as mulheres gordas, mas os homens gordos continuam sendo jogados para escanteio. Eu mesma tenho um único personagem homem gordo "bacana", digamos assim, que é o João Lucas (e ele é gay). Nunca vi um casal gordocentrado e, para ser sincera, eu gostaria de ver.
Mas, claro, não é obrigação. Como eu falei, nem eu mesma faço isso. Não é errado unir uma pessoa gorda com uma pessoa magra em um casal, de forma alguma.
(Cabe aqui a ressalva: Esses parágrafos foram redigidos sob uma lógica monogâmica de relacionamentos. Em uma lógica não monogâmica, as regras são outras, e aí depende do que você quer para o seu personagem. Mas eu acho um pouco difícil alguém que se relaciona não monogamicamente ter apenas afetos gordos, justamente pela não delimitação que esse tipo de relacionamento traz. No entanto, é possível, claro)
9. Pornô de sofrimento
Eu achei importante colocar um tópico sobre isso aqui. A gente chama de pornô de sofrimento qualquer história que dramatize excessivamente as mazelas que acometeram determinados grupos sociais, no intuito de gerar comoção às pessoas que não fazem parte desses grupos, mas acaba sendo algo extremamente desconfortável para as pessoas que fazem.
Esse termo é geralmente utilizado para grupos que sofreram genocídio, como pessoas pretas ou judeus. Não sei se é o mais adequado usar ele para pessoas gordas, uma vez que nunca existiu um "genocídio gordo", então, em todo caso, eu peço perdão caso uma pessoa preta ou um judeu se ofenda pelo emprego do termo. Basta um pedido em qualquer uma das minhas redes sociais que eu irei retirá-lo e trocar por outra coisa.
No entanto, acho pertinente falar de uma situação parecida que acontece com demais grupos sociais marginalizados, e penso que esse termo ilustra bem o que quero dizer. É quando em, algum produto de mídia, uma pessoa insere uma pessoa de uma minoria social apenas para fazê-la sofrer, no intuito de gerar comoção.
Mas você acabou de dizer que não podemos ignorar as marcas da gordofobia na sociedade, Lírio! É, eu disse. No entanto, há um salto gigantesco entre isso e expor excessivamente uma pessoa que não existe a uma violência que acomete pessoas reais e causa mal estar nessas pessoas.
Você não precisa colocar um personagem sofrendo um bullying pesado para mostrar que a gordofobia existe. Você não precisa colocar um personagem sofrendo sucessivas rejeições das pessoas por quem ele é apaixonado, com mensagens cruéis e humilhantes, para mostrar que gordofobia existe. Você também não precisa colocar cenas e mais cenas da pessoa não cabendo nas roupas e quebrando as cadeiras quando senta.
Nós temos uma vida para além de sermos gordos. Nos podemos viver outras coisas. Eu sou farmacêutica, escritora, gosto de ler e amo gatos. Eu tenho amigos, saio com eles às vezes (introvertida sofre) e gosto de conversar sobre assuntos diversos. Eu não sou apenas a gordofobia que eu sofro.
Seu personagem pode sofrer gordofobia, mas evite transformar isso no ponto central do plot dele.
Mas é proibido? Mais uma vez, você não está proibido de fazer nada. Eu não sou sua mãe, não sou o presidente da ABL, não fui eleita pelos gordos falantes de português™️ para representá-los. Apenas seria algo que não me faria confortável de ler e também não faria a maioria das pessoas gordas que eu conheço confortável.
Você quer representar um grupo que não vai se sentir confortável ao ler sua história?
10. Como descrever um personagem gordo?
Ah, sim, eu sei que você estava esperando por esse tópico. Eu deixei ele por último, porque normalmente as pessoas só se importam com ele, como se todo o resto fosse desimportante. Eu na verdade acho ele o menos importante possível, porque a resposta é um grande depende
Vale aqui lembrar que o narrador não é o autor. O seu narrador (principalmente se for em primeira pessoa) pode ser gordofóbico. O personagem Dante, narrador de Jantar Secreto, frequentemente descreve o personagem Leitão de maneira gordofóbica, porque ele é gordofóbico. Não é obrigatório, nada é obrigatório, mas seria interessante se você, autor, desse ao longo da narrativa sinais de que a forma como esse narrador está se comportando não é legal (Infelizmente o Raphael Montes falha bastante nesse aspecto, e eu não encontrei esses sinais ao longo do romance. Mas enfim).
Mas caso você não queira criar um narrador intencionamente gordofóbico, aqui estão algumas dicas que eu pessoalmente acho que você poderia fazer.
Não há nada de ofensivo em usar a palavra gordo. Ela é descritiva, não ofensiva. Fulano de tal era gordo, ponto. Eu evitaria eufemismos como "cheinha, fofinha, acima do peso" porque parece que você está tentando amenizar o fato da pessoa ser gorda. Existem exceções: Leonardo, de No Seu Ritmo 2, frequentemente descreve a Helena como "cheinha" ou "gordinha", porque ele é marido dela. É uma forma carinhosa de se referir à mulher que ele ama, algo que não faria sentido algum se o narrador (terceira pessoa onisciente) ou uma pessoa completamente estranha chamasse a personagem dessa forma.
Agora, descrevendo com mais precisão: Existem inúmeras formas de corpos gordos, principalmente em corpos predominantemente estrogenados (pessoas AFAB que não tomam testosterona ou pessoas AMAB em TH). Existem pessoas com barrigas maiores, seios maiores, braços maiores, glúteos maiores... É um pouco complicado descrever sem cair na caricaturização ou na hipersexualização, então eu costumo não gastar muitas linhas falando dos corpos de pessoas gordas numa apresentação inicial e trago essa informação em outros momentos mais oportunos. Helena, de No Seu Ritmo 2, é uma gorda com o formato de corpo mais "violão". João, por outro lado, possui uma barriga proeminente. Quando o momento pede, tais descrições são fornecidas. Num momento inicial, eu digo que a pessoa é gorda, e só isso basta. Por vezes, pode ser necessário dizer que um pessoa é gorda maior ou gorda menor, principalmente em caso comparativo; João, por exemplo, é maior que Helena. Mas quem deve determinar isso é você.
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Esse é um trecho onde João fala com Benjamin, seu par afetivo, sobre as suas inseguranças, e nele podemos enxergar qual o formato de seu corpo.
Caso não exista oportunidade para descrever se o seu personagem tem mais peito, bunda, barriga ou braço, provavelmente é porque não é relevante para a narrativa. Se for, em algum momento essa oportunidade irá surgir, e será feita de forma natural.
O que eu recomendo que você evite: Comparar pessoas gordas com animais, como baleias e elefantes (eu sei que isso é óbvio, mas às vezes o óbvio precisa ser dito) e ficar reforçando o tempo todo o quanto ela é grande, e as roupas dela são grandes, e o quanto ela ocupa espaço. Não é o tipo de descrição que eu curtiria. (E, mais uma vez, você não está proibido de fazer NADA, estou apenas dizendo que eu não iria achar legal).
11. Gatilhos
Eu achei que tinha acabado, mas achei importante inserir esse parêntesis aqui.
Frequentemente tramas que tratam de minorias sociais trazem algum gatilho. Com pessoas gordas, é bem possível que a sua trama engatilhe alguém, principalmente devido à forma como você irá abordar o tema.
É um pouco difícil dizer o que irá engatilhar alguém ou não, e eu também não penso que seja proibido ou desaconselhável fazer uma obra que desperte gatilhos em alguém (desde que você avise antes). Minhas obras provavelmente despertariam gatilhos em alguém. Borboletas & Furacões já começa com uma pessoa gorda sofrendo bullying!
Mas, se for do seu interesse criar uma obra mais leve, eu recomendo que você não faça seu personagem passar por situações estressantes, não crie um personagem que se odeia e aborde a gordofobia de forma leve e sutil (talvez até ambientando essa história numa sociedade que não existe, por exemplo, e onde a gordofobia não é tão forte). Isso irá minimizar ao máximo o fator estressante contido no seu livro.
12. Peso e altura
Voltei aqui rapidinho pra fazer um adendo rápido.
Muita gente acha que falar peso e altura de personagem gordo é uma forma respeitosa de mostrar que ele é gordo mesmo, canonizar esse fato. Mas se eu pudesse dar meus dois centavos sobre isso, eu diria para você não fazer isso, primeiro porque não quer dizer muita coisa efetivamente (já que IMC desconsidera vários fatores, como a quantidade de massa magra) e segundo porque isso atrai T.A como açúcar atrai formiga. A menos que seja extremamente necessário e faça um sentido absurdo, evite citar peso e altura de personagem. (Na minha humilde opinião etc você pode fazer o que quiser, só não é algo que eu aconselharia você a fazer)
Abraços, espero que esse texto tenha ajudado e qualquer discordância/dúvida/sugestão/adendo, sintam-se livres para me procurar em qualquer rede social!
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atomicnotblonde · 1 year ago
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youtube
🇧🇷 The Idol é o retrato do cinema datado e no vídeo de hoje investigo o trabalho do diretor Sam Levinson, que tenta revisitar o cinema de autor de diretores renomados com mais uma produção cheia de male gaze, pretensiosidade e a perspectiva ultrapassada de um homem branco.
🇬🇧 The Idol is a portrait of dated cinema and in today's video I investigate the work of director Sam Levinson, who tries to revisit the auteur cinema of renowned directors with yet another production full of male gaze, pretentiousness and mostly the outdated perspective of a white man.
🇫🇷 The Idol est un portrait du cinéma daté et dans la vidéo d'aujourd'hui, j'enquête sur le travail du réalisateur Sam Levinson, qui tente de revisiter le cinéma d'auteur de réalisateurs de renom avec une énième production pleine de gaze masculine, de prétention et de la perspective dépassée d'un homme blanc.
🇪🇸 The Idol es un retrato del cine anticuado y en el vídeo de hoy investigo la obra del director Sam Levinson, que intenta revisitar el cine de autor de directores de renombre con otra producción llena de gasas masculinas, pretensiones y la perspectiva trasnochada de un hombre blanco.
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biaportfolio · 2 years ago
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Participei do edital das sandálias de ipanema para o lambe lambe deles e não passei.
Mas a arte fica para portfólio e futuros trabalhos
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holydreamlandengineer · 2 years ago
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mahausu · 3 months ago
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as crianças do oriente medio deixando de ser bombardeadas por algum velho branco aleatorio e passando a ser bombardeadas por uma #mulher #negra!
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esqrever · 2 years ago
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Onde estamos na TV: Estudo mostra como representação LGBTQ em séries bateu recorde na última temporada
Mulheres, pessoas com deficiência e pessoas a viver com VIH ainda estão subrepresentadas nas séries: Onde estamos na TV: Estudo mostra como representação LGBTQ em séries bateu recorde na última temporada 📺💻🌈
Cal é estudante em Sex Education e conta com a interpretação de Dua Saleh (pessoa não binária). O relatório Where We Are on TV (Onde Estamos na TV), conduzido pela GLAAD, analisa a diversidade LGBTQ encontrada em séries das principais estações e redes de streaming do mundo. Ao contrário do cinema, na temporada de 2021/2022 houve um recorde de personagens LGBTQ presentes nas séries. O estudo…
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melomanfrine · 7 months ago
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desertoparticular · 2 years ago
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Representatividade positiva importa!!!
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I love this picture. No caption needed.
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animaletras · 2 years ago
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Dia da Conscientização do Transtorno do Espectro Autista
Desde 2007, foi definido pela ONU o dia 02 de abril como “O Dia Mundial da Conscientização Sobre o Autismo”. TEA (Transtorno do Espectro Autista) é “um termo amplo que descreve um grupo de condições do neurodesenvolvimento”, segundo publicação da Isto é e “(…) em 2016, um estudo feito nos Estados Unidos com crianças de 8 anos descobriu uma proporção de 4,3 meninos com TEA para uma menina com TEA. Na mesma pesquisa, uma em cada 54 crianças era autista.” No dia de hoje, falaremos um pouco sobre como a representatividade na mídia pode ajudar tanto crianças autistas a se sentirem confortados, quanto crianças neurotípicas (que não possuem quaisquer transtornos de desenvolvimento neurológico) a conviver melhor com os colegas neurodivergentes (possuem transtornos de desenvolvimento neurológico).
Num artigo chamado “Como Steven Universe me ensinou a abraçar minha identidade neurodivergente”, Joseph Stanichar relata sua própria experiência de crescer com a série, que estreou alguns meses antes do seu aniversário de quatorze e terminou quando ele já chegava aos 20. Josh diz: “Eu estava vivendo um dos anos mais difíceis da minha vida, pois me sentia cada vez mais isolado de meus colegas e mantinha expectativas irreais de sucesso acadêmico (…) como alguém em processo de aceitar tanto o diagnóstico de autismo como o de TDAH, eu me sentia inferior às pessoas neurotípicas quase todos os dias. Eu pensei que Steven Universe , um programa sobre um garoto que luta contra monstros ao lado de suas três mães alienígenas do rock chamadas Crystal Gems, poderia ser uma fuga para mim. Em vez disso, esse desenho bobo sobre rochas espaciais acabou oferecendo algo mais. Direta ou indiretamente, Steven Universe me ensinou várias vezes sobre a importância da empatia, paciência e compreensão para com os outros, mas especialmente para nós mesmos.”
Jayar Brenner, um pesquisador autista da Universidade do Estado de Michigan, também escreveu sobre a importância de Steven Universe para pessoas do espectro. Ele afirma que mesmo que Pearl não tenha sido escrita para ser uma pessoa com autismo, a personagem ainda é um retrato positivo do que significa ser alguém autista. “Quando você faz parte de uma comunidade que não é muito representada, é comum procurar personagens com os quais você possa se relacionar fora de uma lente diretamente rotulada. No meu caso, esses personagens nunca são rotulados como autistas, mas seus maneirismos e experiências de vida ainda são marcantes.”, ele explica que resolve usar o termo autistic-coded, do mesmo jeito que a comunidade LGBTQIA+ usa queercoded, para explicar personagens que não são explicitamente autistas, mas cujos maneirismos remetem a essa experiência. Ele liga Pearl a várias experiências que também passa como autista: seletividade alimentar, interpretação literal, intensidade emocional, masking (uma resposta ao ridículação social que significa alterar completamente quem você é e como se comporta, para segurança e conforto social) e necessidade de planejamento e rotina.
Entrapta de She-ra por sua vez, não é uma personagem autistic coded, ela é realmente autista, confirmada pelos criadores ao serem questionados sobre a possibilidade da personagem estar no espectro. “Sim, nós a escrevemos assim. Um de nossos membros da tripulação estava no espectro e se relacionava especificamente com ela, e teve um papel importante na formação de sua história e personagem!”, afirmou Noelle Steverson, um dos criadores do show, dando os créditos ao artista de storyboard, Sam Szymanski, que também é do espectro, pela criação dos maneirismos e grande parte do arco dessa personagem.
No Artigo Por que o Entrapta de She-Ra significa tanto para a representação autista, Caitlin Chappel, explica porque acredita ser tão importante uma “representação positiva de uma mulher autista que tem orgulho de ser ela mesma”: “Entrapta está ciente de que ela não entende os sinais sociais tão bem quanto seus amigos, e ela tenta o seu melhor para compensar isso através de sua inteligência, paixão e outros pontos fortes. Quando suas amigas princesas veem que Entrapta se importa e mostra isso à sua maneira e única, elas percebem que poderiam trabalhar melhor para entender de onde ela vem. Após esse momento, Entrapta se torna um dos rebeldes mais cruciais e bem-sucedidos. Durante todo o show, Entrapta permaneceu fiel a quem ela é, salva o dia e lembra a todos que só porque um não funciona como esperado, isso não significa que eles estão quebrados; eles são excepcionalmente belos. Ver um personagem autista como Entrapta ser um herói é valido para muitos fãs do espectro e fornece aos espectadores de todas as idades um modelo que garante que suas diferenças os tornam maravilhosos.”
Por fim, personagens no espectro também ajudam a integração entre crianças neurotípicas e neurodivergentes, numa pesquisa conduzida por Carla Simone Engel e Elizabeth Sheppard da Escola de Psicologia da Universidade de Nottingham, no Reino Unido, em 2019, as pesquisadoras concluíram que ver crianças austistas em animações e aprender mais sobre o espectro, ajuda crianças neurotípicas a entender e interagir melhor com elas.
Você pode saber mais sobre o espectro nos artigos abaixo:
https://www.cbr.com/she-ra-entrapta-autistic-representation-matters/ https://link.springer.com/content/pdf/10.1007/s10803-019-04318-0.pdf
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geekpopnews · 9 months ago
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Poc Con 2024: Um mergulho na diversidade da cultura pop LGBTQIA+
A Poc Con 2024 é um evento imperdível para fãs de quadrinhos, artes gráficas e cultura pop LGBTQIA+. Venha celebrar a diversidade e conhecer artistas incríveis! #PocCon #LGBTQIA+ #quadrinhos #artesgráficas #culturapop
O maior evento de quadrinhos e artes gráficas voltado ao públco LGBTQIA+, finalmente, ganhou sua data e local para acontecer, Conheça a Poc Con. Prepare-se para celebrar a expressão artística e a representatividade LGBTQIA+ na Poc Con 2024! A Poc Con 2024 está se aproximando, e este ano promete ser uma celebração ainda maior da diversidade na cultura pop. Marcada para os dias 31 de maio e 1 de…
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blogmmmonteiros · 9 months ago
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Marielle Franco: Um Legado de Coragem, Justiça e Esperança
No cenário político brasileiro, poucas figuras são tão inspiradoras e impactantes quanto Marielle Franco. Nascida e criada na favela da Maré, no Rio de Janeiro, Marielle se destacou não apenas por sua trajetória pessoal, mas também por sua incansável luta pelos direitos humanos, igualdade social e justiça. Neste artigo, vamos explorar o legado de Marielle Franco e o significado de sua vida para a…
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