#Produtora Bicho Raro
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luizdominguesfan · 6 months ago
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http://blogdoluizdomingues2.blogspot.com/2024/05/entrevista-moacir-barbosa-de-lima.html
Entrevista com o fotógrafo, film-maker, professor e ativista cultural, Moacir Barbosa de Lima ("Moah"), no meu Blog 2!
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portalagrovida · 2 years ago
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Viu esta? Vídeo mostra galinha atacada por falcão mas é salva por amigos
Um vídeo que mostra uma galinha sendo atacada por um falcão foi o conteúdo mais acessada no portal do Canal Rural na última semana. O ponto alto das imagens é quando a vítima recebe ajuda de outros bichos e é salva do ataque. Além dessa matéria, também foram destaque no período matérias sobre a vaca brasileira que é campeã mundial de produção de leite, um porco gigantesco que rendeu dezenas de salame, o maior peixe já registrado pela ciência e a presença do pirarucu fora de seu hábitat natural. Confira as reportagens mais vistas no site clicando sobre as imagens e links abaixo. Top 5 das matérias sobre pecuária mais vistas no Canal Rural 5. Pirarucu aumenta presença em São Paulo e preocupa cientistas Foto: Siglia Souza Espécie amazônica de grande porte se alimenta de outros animais aquáticos e pode causar desequilíbrio em ecossistema já impactado por barragens. Leia a reportagem completa   4. Maior peixe já registrado pela ciência é encontrado por pescadores Foto: Twitter/reprodução De acordo com especialista, é muito raro encontrar peixes atualmente devido à pesca excessiva e à degradação ambiental. Saiba mais   3. Porco gigante de 400 kg rende 240 peças de salame Foto: reprodução internet Com apenas 2,5 anos de idade, o suíno precisou ser retirado de trator do seu chiqueiro e pendurado por um guincho. Confira essa história   2. Vaca girolando do Brasil é a maior produtora de leite do mundo Foto: divulgação Fêmea Marília FIV Teatro de Naylo foi reconhecida oficialmente pelo livro dos recordes Guiness como a campeã de todo o planeta. Confira no site do programa Giro do Boi   1. Vídeo: galinha é atacada por falcão mas é salva por ‘amigos’ Foto: Reprodução/Twitter Imagens que mostram outros animais protegendo a vítima fazem sucesso estrondoso na internet. Assista aqui
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temostocles · 7 years ago
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Arqueira Branca Capítulos 1 ao 6 Respostando
A Arqueira Branca
 01
 E lá estava ela. Aquela mulher baixa, de um metro e setenta de altura, com um belo corpo, olhos verdes claros, um excelente físico e um cabelo bem diferente. Um cabelo branco como a neve. Esse cabelo fez ela ser motivo se chacota durante a infância o que a levou a odiar eternamente esse cabelo. Alguns sacerdotes dizem que o motivo de ela ter nascido em um rio durante uma noite de lua cheia fez o cabelo dela a tomar essa coloração. A verdade é que não se sabe a verdade. Em si, essa mulher era muito linda. Ela estava em uma floresta de grande extensão há dois dias caçando. Caçando um cervo albino. Um animal bem raro pelos lados de Alderium, país onde nossa jovem caçadora vive. E antes que eu me esqueça, o nome dela é Avenya.
Vamos falar um pouco sobre nossa querida dama antes de dar continuação a narrativa. Avenya tinha vinte e cinco anos e era uma especialista em arco-e-flecha. Sim, uma arqueira. E uma arqueira EXTREMAMENTE boa. Desde seus dez anos ela se destacava nessa arte. No arco-e-flecha foi o jeito da jovem deixar de ser implicada por outras crianças pela cor do cabelo. Além disso o treinamento com facas e lutas corpo-a-corpo. Imaginem que ninguém nunca mais mexeu com ela por muito tempo. Conforme ela foi crescendo e foi ficando bela, os meninos começaram a correr atrás dela. Não eram apenas alguns. Eram MUITOS, mas muitos meninos mesmos. Dando presentes, cartas, canções, poemas, doces e tudo o que mais você, caro leitor, pensa em presentes para agradar uma dama. Entretanto, ela sempre ignorou na maioria das vezes. Ficava com os presentes por dó. Nunca chegou a dar nenhuma chance para algum garoto. Avenya achava que um homem deveria se mostrar um bom guerreiro para tentar conquistá-la ao invés de dar presentes fúteis. Ela chegou a ganhar um apelido na infância o qual gostou e o leva até hoje contigo. “Neve”. Sim, por causa de seu cabelo. Neve cresceu em Raghtu, uma das grandes cidades de Alderium. Raghtu era especialista em aço devido as suas minas e também uma excelente produtora de madeira de qualidade. Nisso saiam excelente arcos de lá e também o aço bruto para outras cidades. A cidade conseguia muito dinheiro com esses dois materiais em especial, mas é óbvio que tinha renda vindo de outros meios.
Agora que já foi falado um pouco da história dela, vamos voltar a narrativa normal. Ao longo dessa narrativa, esse narrador aqui, pode vir a fazer essas pausas novamente. Então, não fiquei bravo comigo, caro leitor.
Antes de Avenya chegar nessa floresta em busca de sua caça, ela tinha sido avisada a um amigo em Raghtu de que tinham boatos de um cervo albino estar na floresta a cem quilômetros ao sul da cidade. Era apenas um boato, porque como é o inverno e a neve caia, qualquer um ter visto um cervo e a neve podendo ter confundido sua mente. Ela não pensou duas vezes e voltou correndo para sua casa pegar seu arco, sua aljava, capa, botas e alguns suprimentos na bolsa. Tudo branco para conseguir ficar ainda mais camuflada.  Para Neve conseguir caçar aquele animal seria a melhor coisa possível a se fazer. Dizem que a carne de um animal albino é a melhor de todos os tipos. Ela tinha um bom dom para culinária, então mais um motivo para conseguir capturar o animal.
Assim ela partiu em busca desse animal raro.
Pegou seu cavalo, Noite de Fogo, no estábulo e partiu rumo ao sul. E não me perguntem o porquê de “Noite de Fogo”. Só sei que o cavalo tem uma coloração avermelhada, sua crina é preta como a noite junto com seus olhos. Deve ser por isso o nome. Sei lá. Vamos seguir em frente.
Com Noite de Fogo, Avenya chegou em Alluir em apenas um dia. O cavalo era muito rápido e para ele se cansar era complicado. Esta cidade ficava a cerca de dez quilômetros da floresta onde o animal estava. Ela conseguiu percorrer noventa quilômetros em apenas um dia! A partir daí ela seguiria a pé. Em Alluir a arqueira deixou o seu cavalo no estábulo da cidade e sua bolsa no quarto da pousada que reservou. Verificou sua aljava com suas trinta flechas (arqueiros COMUNS costumam andar com apenas vinte devido a qualquer número superior a este começar a fazer peso desnecessário). Verificou seu arco, viu se a corda continuava firme e boa. Prendeu o longo cabelo branco em um rabo-de-cavalo. Colocou o capuz de sua capa e saiu rumo a floresta. Quem a olhasse de costas via apenas um vulto branco em meio a toda neve.
Ao chegar no local, o inverno dominava completamente o lugar. As árvores com folhas e galhos completamente brancos. O solo coberto por muita, muita, muita, mas muita neve mesmo. No começo Avenya simplesmente viu corujas, ratos, gatos selvagens e pássaros. Ela sempre tinha uma flecha na corda. Por dois dias ela ficou totalmente sem sinal do animal. Como tinha esquecido as rações na bolsa a qual deixou na pousada, acabou comendo o que passava a sua frente. O problema foi conseguir ascender uma fogueira. Ela demorou algumas horas até ter êxito e comer. A arqueira já começava a ficar desanimada que seu sonho podia ser apenas um boato. Só que, para a felicidade de nossa jovem, isso não era mais um boato. Ela escutou passos pesados na neve e escondeu-se rapidamente atrás de uma árvore. Quando colocou a cabeça fora do tronco da árvore, viu um par de grandes chifres e um animal branco como a neve. Imaginem um cervo adulto, com chifres grandes, alto e belo. Aquilo era um animal sensacional. Era dos deuses aquele bicho. Nada jamais tinha sido visto antes por aqueles olhos verdes. Uma lágrima caiu de seus olhos ao ver aquela cena. O cervo tinha achado um local onde não tinha neve e comia a grama. Avenya, segurando seu arco com a mão esquerda e a flecha com a outra mão, posicionou o arco a sua frente e puxou a flecha até onde conseguia encostando a mão em sua face. Braço esquerdo bem reto a sua frente e sua mão direita bem próxima a sua bochecha direita. Sua respiração mantinha-se normal. Saiu com todo o cuidado do mundo de trás da árvore e ficou em posição. Agora essa era a parte difícil. O momento do disparo. Ela parou de respirar, focou ao máximo sua presa e soltou os dedos da flecha. A flecha voou rapidamente em direção ao cervo albino.
 02
 No exato momento que a flecha deixou o arco algo aconteceu. O animal pulou em uma velocidade absurda. Avenya simples ficou pasma com a velocidade dos instintos do animal. Contudo, ela também era rápida. Enquanto o animal corria, flechas voavam atrás dele. Foram três flechas. Todas desviadas. Mas a terceira tinha pego a pata traseira esquerda de raspão. A Neve apenas observava aquele ser divino correr para longe de sua visão. Observava admirada com a beleza que o animal tinha e por ser uma presa difícil. Não há nada mais emocionante para um caçador do que uma presa desafiadora. Imaginem caçar algo fraco que não dá resistência. Tedioso, não?
A flecha que pegou de raspão ajudou demais. Havia uma trilha de sangue. Uma trilha de sangue em meio ao branco da neve. A Arqueira Branca não conseguia parar de sorrir. Emoção em todo corpo. Cada célula dela vibrava em uma intensidade absurda. Ela manteve o arco em posição o momento todo. Corria como se o mundo fosse acabar.
Por quase uma hora a caçadora correu. Correu. Correu. E correu. Seguindo aquele rastro de sangue. Avenya tinha entrado muito fundo na floresta. Parecia que o centro da mata não tinha tanta neve como a borda. Alguns locais tinha o solo bem visível. Continuo correndo até que ouviu algo. E não era coisa boa. Um tipo de uivo. Não de cães normais. De algo maligno. Algo com um instinto assassino absurdo. Ela simplesmente foi pulando de galo em galo na árvore mais próxima para conseguir ficar escondida. Colocou o capuz sobre a cabeça e ficou imóvel. Quem olhasse diria que era apenas um galho. Por alguns minutos Avenya não mexeu um músculo. Até o momento que ela ouviu passos na neve. Passos velozes. E pesados. Quando ela olhou para o chão viu três quadrúpedes. Eles tinham pelo menos três vezes o tamanhão de um cão de caça. Tinham uma pele azulada com as patas totalmente negras.
- Neftaros. O que eles estão fazendo aqui? Eles deviam estar em Eguarton! – sussurrou em voz baixa a arqueira.
Neftaros são animais demoníacos de origem em Eguarton. País que faz fronteira ao noroeste de Alderium. Eles são designados a pura matança. São grandes, fortes e rápidos. Sua mordida queimava. Suas patas continham veneno, por isso a coloração extremamente negra. E tirando o olfato extremamente aguçado. Uma coisa boa era que o cheiro de humano eles não podiam sentir a menos que o Invocador tenha dado algo que pertencia ao caçado. Quando são invocados, só param quando matarem aquilo que foram designados a matar. Caso algo entre no caminho deles, a morte é quase certa. E sim, eu disse “invocados”. Afinal de contas, demônios são invocados. Mas isso é algo que acontece apenas em Eguarton. Ou pelo menos costuma só acontecer lá. Não teria um porquê desses demônios estarem tão longe do seu país de origem.
- Você perdeu o animal novamente, Ifart! – rosnou um dos Neftaros. Esse aparentava ser um pouco menor que os outros só que com mais peso.
- Não perdi nada, Iguali. Caso sua cara de merda não tenha olhos, olhe a maldita trilha de sangue! – retrucou o Neftaro com uma enorme cicatriz no olho e o mais magro.
           - Chega! Os dois filhotes ficarão brigando por leite? Melhor caçarem ao invés de discutir porque senão eu mesmo irei comer suas cabeças! – urrou o maior e mais azulado dos Neftaros.
           - Sim, senhor Tamagos – disseram em uníssimo.
           - Agora vamos atrás no animal albino.
           Antes de mais nada, Neftaros falam sim.
           Avenya estava com o coração na mão. Jamais ela pensou que aquelas feras estariam em seu país Ainda mais no mesmo lugar que ela estaria caçando um animal raro. E ainda por cima o mesmo animal que ela. Ela ficou com medo, sentiu um desespero e tinha raiva. Ela jamais deixaria que eles fossem matar o que ela caça. Pulou rapidamente de galo em galo até chegar ao solo e seguiu o rastro de sangue. Ela simplesmente correu duas vezes mais rápido do que já tinha corrido. Isso senão correu ainda mais rápido. Demorou cerca de mais uma hora até ela ver no horizonte aqueles seres demoníacos cercando algo grande e branco. Eles tinham cercado o cervo albino. Rodeavam-no com uma intenção assassina que podia ser sentida a dez metros de distância. A mão do arco tremia de medo. Não só a mão como o corpo todo. Não era apenas medo. Era a excitação de poder caçar demônios e um animal raro. Quatro de uma vez. Um grande prêmio. Ou apenas uma grande porção de azar.
E se algo der errado, não me culpem! Apenas narro os malditos fatos que acontecem!
O Neftaro mais magro, Iguali, saltou para cima no albino pelo seu flanco direito. O salto foi tão rápido que Avenya quase não consegue acompanhar. “O mais magro é o mais veloz, tenho que tomar cuidado com este” pensou a arqueira. A caça conseguiu se esquivar dando um pulo para trás, mas no mesmo instante que suas patas tocaram o solo, Ifart pulou com a boca aperta com foco do lado esquerdo do pescoço. Quando Ifart ficou a poucos centímetros de distância o cervo um chifre foi de encontrou com a sua cabeça e o fez afundar um pouco no chão. Aquele ser albino tinha uma força absurda. Só que ele não teve tempo de se recuperar que Tamagos saiu correndo em uma velocidade alta para cima da caça. Ele foi de encontro frontal. A caça pulou para a esquerda para desviar da investia. Só que Tamagos tinha aquela velocidade anormal. Antes mesmo do cervo encostar as patas na grama Tamagos já tinha redirecionado a investida para cima do animal branco novamente. Porém, de algum modo, mesmo estão no ar, a caça saltou um pouco mais alto que a altura do Neftaro conseguindo. Se os meus olhos não pregaram uma peça, ele chutou o ar para conseguir mais altura.
Avenya ficou sem ar por ver aquela luta. Em desvantagem o animal caçado conseguia se sair melhor do que era esperado. Uma cena de se admirar com gosto. Enquanto ela processava o que tinha visto, viu o que os outros dois cães demoníacos iam correndo, um de cada lado da presa, com tudo para deixá-lo sem opção de fuga. A presa tinha o foco no líder deles que não viu ou ouviu a aproximação. E foi nesse instante que a Neve demonstrou seu dom com o arco. Colocou o arco em uma posição horizontal com duas flechas. E cada flecha separada por um ângulo muito aberto. Prendeu a respiração. E soltou a corda. As flecham passaram zumbindo. E cada uma acertou a perna traseira das feras. Aquilo gerou urros de dor ensurdecedores. Tamagos virou-se para ver onde tinha vindo aquelas flechas e apenas viu um par de olhos verdes em toda aquela neve. O olhar dele estava com uma raiva imensurável e assustadora.
- HUMANO! IFART! MATE-O! – ordenou o líder.
  03
Avenya nunca ficou com tanto ódio de seus olhos. Ifart correu na direção nela. Por um segundo ela ficou imobilizada. Encarar aquelas olhos vermelhos, cheios de ódio e sedentos de sangue deixaria qualquer pessoa imobilizada por muito tempo. A sorte era de Avenya não ser qualquer pessoa. O Neftaro correu em sua velocidade sobrenatural. Alguns metros antes de chegar onde se encontrava a Neve, ele saltou. Um salto em uma velocidade absurda. No momento do salto não deu mais para ver a bola de pelos azuis. Contudo, Avenya tinha experiência. No mesmo instante em que viu o animal pulando, saltou para o lado conseguindo desviar. O animal se colidiu com uma árvore de tronco largo. Um buraco tinha sido feito na árvore. Isso apenas prova a força de um Neftaro. A arqueira ficou impressionada com a força de impacto. Ela apenas pensou o estrago que aquilo poderia fazer no corpo dela caso ela tivesse sido atingida. Antes mesmo de o demônio conseguir ficar em pé, Avenya já escalou rapidamente uma árvore próxima para conseguir altura.
Lá em cima ficou observando o ser demoníaco se erguer e procurar a vítima. Ifart ficou farejando o ar e não conseguia nada além de sentir o cheiro do cervo. O problema de um Neftaro caçar algo ou alguém o qual ele não tinha sido invocado para tal, era que ele não poderia farejá-lo de jeito nenhum. Dependeria de sua visão e audição. Ela ficou deitada no galho vendo o animal olhando para cima procurando-a.
- Muito bem, Avenya. Você tinha acertar os Neftaros. Agora tem um te caçando e os outros atrás do cervo – pensou em voz alta sozinha.
Ifart começava a perder a paciência por não achar à humana. Continuava olhando para cima com esperança de ver aquele par de olhos verdes. Nada com muito sucesso. Não obstante, em certo momento ele foi olhar para o lado que ele tinha investido, assim ficando de costas para a Neve. Foi nessa hora que a mesma viu como chance perfeita. De sua aljava tirou uma flecha diferente. Ela tinha a ponta mais grossa e uma corda branca em volta dela. Esta flecha possuía alguns mecanismos os quais desconheço como funcionam. Ela ficou em pé, apontou para a árvore do outro lado, respirou fundo, e soltou a flecha. Ela voou em direção à árvore sem reproduzir barulho nenhum. Não fez barulho nem mesmo quando a flecha se encontrou com a madeira.
Por causa da neve não se via a corda branca que a flecha deixou. Uma parte estava presa na árvore e a outra estava no pé de Avenya. Isso graças aos mecanismos bizarros nesta flecha. Neve pegou a corda que estava ao pé dela e amarrou na cintura. E se você está se perguntando se ela vai fazer o que você está pensando que ela fará, sim, ela fará exatamente isto.
Mais uma flecha foi colocada no arco. Mirou em direção ao Neftaro e se preparou. Apontou o arco na direção da fera. Posicionou a flecha na corda. Puxou a flecha até sua mão ficou próxima à bochecha. E disparou. A flecha foi em uma velocidade grande. Deve ter sido a gravidade que ajudou a melhorar a velocidade. Na verdade, esta flecha era mais fina do que a maioria das outras. Apenas quando a flecha chegou perto de Ifart ele a escutou rasgando o vento. A reação foi lenta. A estrutura da flecha a deixava rápida demais. O objeto voador simplesmente atravessou o cão demoníaco no lado esquerdo do corpo. Não ficou presa. Não raspou. Ela atravessou por inteiro o demônio. A fera gritou de fúria e dor chamando a atenção de seus irmãos. E foi nesse momento que o cervo aproveitou que os inimigos tinham abaixado à guarda, e correu para longe.
- NÃO DEIXE O ANIMAL FUGIR! – urrou Tamagos para Iguali. E o mesmo saiu correndo atrás do animal enquanto Tamagos se aproximava de Ifart.
- O que você está fazendo, Ifart? – perguntou o chefe.
- Estou tentando matar o humano que o senhor mandou matar! – respondeu.
- Pelo visto você não fez um arranhão no corpo do humano, pois não vejo uma gota de sangue dele. Apenas vejo sangue seu!
O Neftaro mais magro foi recebido com uma patada na cara. Ele não fez nada a não ser olhar com ódio para o demônio maior. Digamos que se ele revidasse, as chances dele morrer iriam ser altas.
- Iguali irá retomar a caça. Já que você não é capaz de matar um simples humano sozinho terei que fazer esse serviço.
- Sim, senhor.
Na hora que Avenya viu que tinha mais Neftaro atrás dela, o coração começou a bater ainda mais forte.
- Estou fodida nessa merda!
  04
- Estou fodida nessa merda!
Opa. Nossa cara dama não tem uma das bocas mais educadas do país. Só quem não diria uns belos palavrões em situações assim? Vamos voltar ao que interessa de uma vez.
Avenya disse mais alguns palavrões depois do outro Neftaros ter se juntando ao primeiro. As duas feras ficavam olhando fixamente para cima. Na esperança de achar o humano. Apesar de que “esperança” não é a melhor palavra para demônios.
Nossa amada Arqueira não sabia o que fazer. Ela sabia onde estava sua presa. E tinha algo caçando sua presa. E ela estava impedida de prosseguir por ter duas coisas no seu caminho. Ela não tinha mais a flecha para ir de uma árvore a outra. Se ela tentasse isso com certeza seria vista. Ela tinha mais vinte e seis flechas na aljava. As ideias começavam a limitar. O nervosismo começava a bater.
- O que diabos eu faço? – perguntou-se dentro de seus pensamentos. – Tanto lugar para morrer e justo em uma floresta no meio do nada e no inverno.
A vontade de largar o arco estava aumentando cada vez mais. Ele parecia cada vez mais pesado. Braços e mãos tremiam de forma descontrolada. Só que o universo é belo e deu um sinal para ela. Atrás dos Neftaros o cervo apareceu com o terceiro Neftaro atrás dele. Mas o Neftaro que estava sendo pressionado. Aquilo acendeu algo dentro de seu corpo que deu energias renovadas para ela. O peso sumiu. A tremedeira sumiu.
A Arqueira Branca tinha voltado ao estado normal.
O cervo investia ferozmente em Iguali. O cão demoníaco apenas olhava com medo o animal. Jamais que ele esperava uma situação daquelas. O animal albino investia usando seus enormes chifres. Agora eles pareciam terem ficado com pontas finas ao invés das arredondadas. Além de ele parecer maior. O animal deu outra investida veloz. Pulou e juntou as patas ao corpo para pegar mais velocidade o que resultaria numa força de impacto maior. Iguali até tinha conseguido desviar, MAS NOVAMENTE o cervo chutou o ar e acertou os chifres na lateral do demônio. CHUTOU O AR! Detalhe: Avenya dessa vez tinha visto isso nitidamente. Tamagos e Ifart foram socorrer seu aliado. Nesse momento adrenalina veio à tona.
No mesmo instante que os dois perseguidores ficaram de costas para ir atrás do albino, a dama pulou da árvore já com o arco em posição. As feras escutaram o som de algo com peso cair na neve. Só que o erro do movimento de virar para ver o que era foi fatal. Assim que ambos ficaram de lado, Avenya soltou a flecha. Vinte e cinco flechas. A primeira pegou na lateral de Tamagos. Antes que a flecha atingisse seu alvo ela já estava com outra flecha na corda e atirou em Ifart. Vinte e quatro flechas. A reposição de flecha dela era veloz demais. Detalhe: em Ifart, a flecha foi no mesmo lugar em que ela tinha acertado quando Ifart foi para cima do cervo. Uma flecha sobre fecha. Saiu muito sangue daquele ferimento. Ifart chegou a tombar. Tamagos era resistente demais. A estrutura de seu corpo favorecia isso. Tamagos não ligou muito para dor e foi para cima. Com um salto gigantesco.
Avenya não teria tempo de repor outra flecha porque foi pega de surpresa pelo salto. O que ela fez foi inusitado. E aconselho a não fazerem isso quando estiver cara-a-cara contra um Neftaros. Ela segurou na parte baixa do arco, esperou a besta se aproximar e bateu com o arco na cara de Tamagos. O barulho foi lindo. Vocês devem estar pensando que o arco ficou em pedaços. Ele estava intacto. E a Neve demonstrava um sorriso que sua estratégia tinha dado certo. Se podemos chamar isso de estratégia. No chão via-se um dente de Tamagos.
- DO QUE É FEITO ESSA MERDA DE ARCO?! – perguntou totalmente irado o Nerftaro líder, enquanto observava o sangue deixando seu corpo e um daqueles dentes pretos naquela neve.
- É feito de carvalho negro, demônio filho da puta! – respondeu com um belo palavrão a arqueira. – Eu tenho mais de onde veio essa porra, seu verme! QUER ME MATAR? PODE TENTAR!
O desafio foi lançado. A cara azulada de Tamagos começava a ficar roxa de ódio. Nenhum humano antes tinha ferido ele. O seu orgulho estava despedaçado. Aquilo apenas aumenta a sede de sangue do ser demoníaco.
A menina colocou o arco nas costas. Pegou as duas adagas de lâminas médias na parte de trás do cinto. Com as lâminas voltadas na vertical para baixo, afastou suas pernas, flexionou seus joelhos, assim ficando em posição de batalha. Ifart tinha se recuperado e vinha para cima. Neve ficou esperando até o último segundo para fazer algum movimento. Ela sabia o quão rápido seus inimigos podiam ser. Neste último segundo ela pulou para o lado direito de Ifart (o lado esquerdo era onde ele tinha sido atingido pelas flechas) e fez um corte enorme. Muito sangue foi derramado. E mais gritos de fúria. A garota demonstrava um sorriso sem igual na cara. De uma orelha a outra. Seu corpo está agitado demais. Com todos os sentidos bem afiados. Tamagos tentou pegá-la de guarda baixa, porém foi recebido com o punhal da adaga na cara levando-o de encontro com o chão. Podem apostar que a adrenalina deu uma forcinha aí. Ela fez alguns corte pequenos, mas profundos em Tamagos. Os pelos dos Neftaros eram grossos e duros. Serviam como espécie de armadura, contudo isso não era muito útil com lâminas feitas de aço gélido. “O que é aço gélido?” você deve estar se perguntando. Aço gélido é a mistura de aço com rochas de gelo. Eu não sei como funciona o processo de fabricação e nem como removem um rocha de gelo, mas uma rocha de gelo é uma rocha que é feita de puro gelo o qual nem mesmo o sol consegue derreter. Apenas temperaturas elevadíssimas conseguem derrete-la. Está mistura de aço com este tipo peculiar de rocha dá um material de alta resistência e habilidade de corte. Mais sangue verde manchava a neve. E sim, o sangue deles é verde caso eu não tenha dito. Realmente, não me lembro de dizer isso.
Vamos voltar para a luta...
Avenya guardou as facas em suas bainhas no sinto e pegou o arco novamente. Tamagos estava atordoado. Ifart já tinha ficado em pé e preparava outro golpe. Acho que até vocês vão sentir dó do demônio depois do que irá acontecer. Uma flecha foi disparada no meio da cabeça de Ifart. Logo em seguida outra no lugar onde a flecha se encontrava. E outra, outra, outra, outra, outra, outra, outra, outra, outra, outra, outra, outra, outra e outra. Quinze flechas disparadas sem intervalo algum no centro da cabeça. O animal já tinha morrido com tantas pontas em seu cérebro. Tinha sangue demais no chão. E ela tinha sangue de demônio em suas mãos. O corpo do animal caiu morto. Tamagos continuava atordoado. Iguali gritou de ódio e correu em direção da assassina de seu companheiro. Ele recebeu cinco flechas em sua cabeça, mas apenas uma penetrou superficialmente. Este tinha uma cabeça mais dura. E os pelos de sua cabeça pareciam ser mais duros.
- Merda! – xingou a guerreira.
Só que ele viu umas pontas atravessando o corpo de Iguali. A cara era de perplexidade. O cervo tinha corrido até lá e enfiado seus chifres no corpo de Iguali. Os chifres forem capazes de atravessá-lo como se não fosse nada.
- Animal mal... mal... – Iguali não tinha capacidade falar. O cervo tirou os chifres do corpo e deu um coice na cabeça do demônio. Foi possível escutar o som de osso se quebrando.
Ela olhou para o animal albino perplexa. Não conseguiu acreditar no que tinha visto. Na verdade, ela já tinha visto o animal chutando o vento, então não teria problemas em ver que o animal salvou a vida dela. Só que não sou eu quem decide a emoção das pessoas.
O belo cervo ficou onde tinha dado o coice. Para Avenya ele estava a sua frente e de lado. Ele já tinha virado o corpo para ver se o cão continuava morto. Avenya foi aproximando-se devagar de sua caça. Ela nem sabia mais se aquilo ainda podia ser chamado de caça. Devagar. Devagar. Foi devagar até chegar perto o suficiente para sua mão tocar a cabeça do animal.
- Posso? – perguntou para o animal. E por incrível que pareça, ele entendeu o que ela disse e acenou positivo com a cabeça. Ela tocou no animal e sentiu a pele macia e graciosa. Ela nunca tinha tocado em algo assim antes. Era muita emoção para aquela jovem arqueira. Os chifres eram sólidos, pareciam pesados. Tão belos.
Não obstante, é claro que todo esse momento lindo e maravilhoso ia acabar...
Em um piscar de olhos, Tamagos surgiu sabe-se lá de onde, e atingiu o cervo na lateral com uma força absurda. A caça voou longe e só parou quando encontrou um tronco de árvore. Avenya só teve tempo de pegar o arco e colocar uma flecha na corda, pois do jeito que Tamagos caiu, ele virou para atacar à humana. A pata com as garras venenosas estava mirando o estômago para ser o ponto de partida do rasgo que ele pretendia fazer. Daquela distância ia ser impossível desviar e muito menos disparar a flecha. Só que ela conseguiu operar um milagre. Ela conseguiu pular para esquivar. Porém as garras pegaram abaixo das costelas do lado direito de Avenya. No mesmo instante que ela ia caindo deixou o arco em posição. O demônio estava a um metro de distância. A corda estava no limite, pronta para arrebentar.
- MORRA DE UMA VEZ, DEMÔNIO! – e com esse grito ela soltou a flecha. A flecha encontrou o alvo sem problemas. Tamagos foi jogado para longe, mas o desgraçado caiu em pé vomitando muito sangue. Virou-se para a humana e pulou com a boca aberta no máximo que conseguia. Ela caiu no chão sentindo o veneno nas garras adentrando seu sangue. Seus sentidos começavam a deixar seu corpo. Ela apenas já tinha desistido.
Avenya não tinha mais nada na cabeça a não ser o pensar de que a hora dela tinha chegado. Todas as forças do corpo tinham deixando o corpo dela. Coração não batia mais acelerado. Adrenalina tinha ido embora. Única coisa que ela via era aquele ser demoníaco pulando em sua direção com a boca aberta. Ela apenas fechou os olhos esperando a Morte vir buscá-la.
Assim ela fechou os olhos. O tempo pareceu não passar. O rosnar da fera era lento. O vento era lento. Sua respiração era lenta. O mundo era lento.
A besta tinha se aproximado o suficiente para a sede de sangue ser sentida. Era o fim de Avenya, a Arqueira Branca.
Contudo, algo inusitado aconteceu.
Avenya escutou o som dos dentes se fechando em algo. Pensou que tinha sido ela o alvo das mordidas. Mas não era. Ela não sentiu nenhum tipo de dor. Quando abriu os olhos deu um grito. Não de medo. Um grito de tristeza.
Porque o que ela via era Tamagos com a boca no pescoço do cervo.
O animal albino tinha se colocado na frente para salvar a humana.
  05
 O belo cervo tinha sacrificado sua vida para salvar uma humana? Salvar uma humana que estava o caçando? Sim, um animal selvagem tinha salvado a vida de Avenya. E ela não conseguia ficar conformada com isso. Ela tinha gritado por tristeza.
Na hora que o cervo gritou uma explosão de ar fez Tamagos ser jogado pelo menos há uns vinte metros de distância. Agora vou responder a dúvida que vocês devem ter sobre o que pode ser uma explosão de ar. Imagem um ciclone acumulado em apenas um copo muito pequeno. Aí chega uma hora que não é mais possível ter ar acumulado nesse copo e ele estoura fazendo com que todo o ar seja jogado para todas as direções. Agora imagem isso em maior quantidade. Isso é uma explosão de ar. Detalhe: Avenya ficou onde estava sei lá o porquê.
Tamagos ficou no chão. Ele grunhia de dor e parecia que ficaria por lá por um tempo. A Arqueira sentia ainda mais o veneno percorrendo por suas veias, mas ele foi se arrastando até o cervo. Ela chegou e via um olhar calmo do cervo. A mordida tinha sido bem profunda. Os furos das presas tinha fumaça saindo. Era o veneno queimando (a mordida também aparentava ter veneno) porque tinha sido em concentração maior. O ferimento de Avenya quase não tinha fumaça por não ter sido muito profundo o corte. Contudo, ainda tinha veneno. Ela conseguiu ficar ajoelhada perto do cervo, colocou a mão na lateral do corpo e sentia os batimentos acelerados. Ela começou a sentir um aperto no peito. Era para ela estar desse jeito e não aquele animal. Uma lágrima caiu de seu olho direito. O cervo viu aquilo e se mexeu. Seus chifres tinham perdido as pontas afiadas e voltaram ao normal. Avenya já tinha deitado de barriga para cima com a respiração pesada. Ela não conseguia pensar direito. Nesse tempo dela ficar deitada, o animal albino levantou e ficou próximo a ela. Neve conseguiu ver a cara de tristeza do cervo. De algum modo ela sentia que ele podia ver a dor dela. Duas lágrimas do cervo caíram no ferimento. O animal chorava por sentir a dor da humana. Muito emocionante. E o animal tombou.
Avenya escutou o som daquele corpo pesado caindo em neve e pensou que a caça não tinha mais tempo de vida restando. Contudo, ela começou a sentir sua respiração ficar mais calma. Sentia o veneno saindo de seu corpo. As energias estavam sendo renovadas e ela não sabia como. E seu ferimento tinha cicatrizado. Não tinha acontecido nada até o cervo chegar perto e chorar na ferida. Então tudo fez sentido. O cervo “chutar o ar”, ele ficar maior, seus chifres ficarem afiada e sua velocidade ser alta. Aquele não era um cervo qualquer e como último ato de vida, ele teria a curado. Ela foi caminhando até a direção dele com a cabeça cheia de teorias sobre o que podia ser o animal. Mas isso não importava no momento.
- Obrigada. Você conseguiu me salvar e seja lá que tipo de animal você é. Eu irei me lembrar de você por toda minha vida, ó grandioso cervo albino – agradeceu Avenya enquanto ela via o cervo “sorrindo” pelo elogio. Aquilo tocou o coração dela.
E para não perder o costume: bons momentos nasceram para serem estragados.
Com o canto do olho Avenya viu Tamagos ficar em pé novamente. Ainda cambaleando da explosão de ar. No mesmo instante ela correu para pegar seu arco. Sua aljava tinha saído de suas costas com o corte que tinha recebido. Ela tinha outra amarra dentro da bota. Trocou a amarra da aljava e pós nas costas. Ele viu que sobraram apenas quatro flechas. Milagres teriam que ser operados com aquelas poucas flechas. Tamagos continuava tonto. Ela já tinha uma flecha prepara no arco e foi caminhando até o cervo. Agachou-se, com o arco em posição, perto do cervo.
- Obrigada por me salvar novamente. Agora é minha vez de te vingar – disse com um olhar sério.
E foi nesse momento que ela começou a ver o Neftaros a tremer freneticamente. Ele espumava. Seus pelos de azuis estavam ficando vermelhos e ele começava a ficar maior. Nossa Arqueira Branca estava cada vez mais na merda. Entretanto, uma luz começou a sair do cervo. A luz cessou. E uma fumaça pairava o animal. Aquela fumaça começou a ganhar forma. Uma forma de pessoa pequena, braços, pernas, boca, nariz, orelhas pontudas, cabelos enrolados, magra e com um vestido longo. Óbvio que era aparência de mulher. Então a fumaça tinha se acumulado e formado uma pessoa.  Avenya tinha deixado o arco para baixo no momento da luz e ficava olhando aquele ser. Ele emitia uma sensação de calor. Uma aura quente, para melhor dizer. A neve envolta do corpo do animal derretia devagar por causa do ser de fumaça. Avenya não tinha reação. Nem respirar ela respirava direito.
- Olá, Arqueira! Como vai? – perguntou o ser de fumaça como se fossem amigos de longa data.
- Vo... voc... você fala? – perguntou Avenya inconformada com um amontoado de fumaça falar.
- Desculpe, não é sempre que um Skappie aparece para os humanos.
- O que diabos é um Skappie?
- Espíritos da Natureza. Ao menos somos os bons.
- São os bons? Então tem os malvados?
- Ah claro que tem! Isso não podia faltar. E me chamo Surya. Qual seu nome, nobre Arqueira?
- Avenya.
- Lindo nome!
- Pode me dizer o porquê você estava no corpo desse cervo?
- Explicações ficarão para mais tarde – disse Surya de forma mais séria. – Temos um Neftaros para matar. E esse cretino está em estado Berserk...
- Estado Berserk? Explica-me tudo direito nessa porra!
- Estado Berserk é quando alguém fica cheio de raiva que esta raiva começa a consumi-lo e você não para enquanto não matar o motivo que lhe causou tanto ódio. E em certos casos, o ser que fica em Berserk chega a ter transformações temporárias no corpo. No caso de demônios como Tamagos, essas mudanças são mais radicais como você vê.
- Sensacional. Eu tenho apenas quatro flechas contra um demônio queimando de ódio!
- Você quer a minha ajuda?
- Como um espírito vai me ajudar? Eu estou muito confusa com tudo isso.
- Vai querer ou não?
- Você é capaz de me ajudar a matá-lo?
- Sim, eu sou.
- Então, sim.
Uma aliança de espírito com humano? Sim, uma aliança inédita.
No momento que Avenya disse “sim”, Surya flutuou até a cabeça do cervo. Fez um carinho com sua mão de fumaça. Depois fechou seus olhos e se concentrou na mão. Uma luz verde foi emanada de sua mão. Essa luz ficou envolta de todo o corpo. A luz fechou a ferida da mordida, porém o cervo continuou respirando pesado.
- Você o curou, Surya? – perguntou Avenya com uma voz melancólica.
- Apenas fiz o que conseguia. O veneno se espalhou rápido demais por ter sido uma mordida profunda. Ele não tem tanto tempo, mas o sofrimento dele parou ao menos.
- Então o que me curou foi você...
- Sim, mas se ele não tivesse se movido, você teria morrido.
- Entendi.
- Nós vamos voltar, amigo – disse Surya para o cervo.
- Então vamos matar mais um Neftaros!
E nisso o monstro tinha ficado em pé sem problemas. Olhava fixamente para Avenya com um olhar que teria paralisado qualquer pessoa. A presença de Surya a impedia de ficar paralisada. E naquele Tamagos viu a Skappie e seu olhar ficou ainda mais insano. Avenya tinha entendido que o alvo daqueles Neftaros era aquele espírito. O cão demoníaco ficou ainda mais vermelho e cresceu mais.
- ENTÃO VOCÊ APARECEU, ESPÍRITO DA NATUREZA! – urrou a fera. Aquelas palavras tinham ecoado por toda a floresta. Uma voz sedenta de sangue, cheia de ódio e aterrorizante.
- Sim, eu apareci. Nunca pensei que meros Neftaros fossem vir atrás de mim. Estou me sentindo honrada. E como um Neftaros em estado Berserk consegue falar uma frase completa?
- EU CONSIGO FALAR PORQUE SOU UM NEFTAROS SUPREMO! A RAÇA MAIS ALTA DENTRE OS NEFTAROS!
- Olha só! Parabéns! Isso não vai mudar nada quando você morrer!
- VENHA ESPÍRITO MALDITO!
E ele avançou. Nos dois primeiros passos ele tombou na neve. As duas senhoritas não tinham entendido o que tinha acontecido. Mal sabiam elas que Tamagos estava poderoso demais e que seu corpo tinha mudado muito e ele não estava acostumado com ele ainda. E nisso Surya viu uma abertura.
- Rápido! Temos que nos unir o mais rápido possível! – disse o espírito para a humana.
- Unir? Tipo possessão?
- Sim, único jeito de um espírito se unir com alguém é assim! Mas você tem que escolher se quer possessão direta no corpo ou em alguma arma. E... meio que assim... em trinta segundos seria ótimo!
- Quando você diz “arma”, minhas facas entram nesse quesito?
- SIM! ANDA LOGO E ME RESPONDE QUE AQUELA MERDA TA VINDO EM NOSSA DIREÇÃO – e Tamagos vinha correndo muito rápido na direção delas.
- Nas minhas armas! Anda logo e entra nelas! – ordenou Avenya para Surya. O espírito perdeu sua forma e virou apenas fumaça ou névoa sei lá como definir aquilo. A madeira negra começou a ficar esverdeada. Preto e verde não ficou tão ruim. O arco ficou emitindo uma leve luz. O poder corria por todo o corpo da Arqueira Branca. O arco tinha uma aura. Uma aura muito forte. Não foi apenas o arco que teve mudanças. As adagas ganharam a mesma coloração do arco. Suas lâminas eram brancas com “veias” verdes. A sua vestimenta deu forma ao vestido de Surya. Um vestido longo simples de coloração verde. E esse vestido tinha um capuz. O cabelo ganhou tons de verde. E seus olhos eram do verde mais puro. Como uma esmeralda. No momento que um Skappie tem a permissão de alguém para “possuir” alguma coisa, esta coisa muda totalmente. Então, o cervo era comum até encontrar um Skappie. Avenya ficou apenas admirando sua transformação. Sem palavras
E voltando...
Tamagos não tinha diminuído o ritmo em nada. Quando faltavam alguns metros ele saltou. O lugar do solo da floresta que ele tinha se impulsionado para saltar tinha afundado pelo peso absurdo (imagina o que aconteceria se você fosse pisoteado pelo monstro). Avenya estava distraída demais ainda com a transformação que esqueceu totalmente da presença do inimigo. Ela apenas agiu por instinto. A mão direita que era a mão livre se moveu rapidamente e ficou apontando para o Neftaros. Via-se o ar sendo acumulado em frente à palma da mão. Uma parede de vento. Tamagos foi de encontro com a parede. Do jeito que ele foi, ele ficou. Não sabia o que tinha acontecido. Nesse intervalo de tempo, Neve fechou sua mão o que fez a parede sumir. E sabem o que aconteceu após a parede sumir? Lembram-se do copo com um ciclone dentro? Sim, uma explosão de ar. A fera foi jogada muito longe. Metros e mais metros de distância. E onde passou, quebrava árvores como se fossem gravetos finos. Como Avenya se sentia? Impressionada eu garanto.
- Muito bem, Avenya. Você reagiu por instinto – elogiou Surya, mas foi pela mente.
- Obrigada. Não sabia que poderia usar a natureza ao meu favor. E quando você fica em algo só pode falar pela mente? – respondeu Avenya mentalmente.
- Sim. Impressiona-me você não ficar procurando minha voz.
- Ah, eu aprendi a fechar minha mente e a me comunicar por ela com um cara chamado Kaiterin...
- Muito bem. Chega de conversa e vamos à caça. Quantas flechas ainda te restam?
- Só tenho quatro flechas.
- Será o suficiente. Sabe como você controlou a natureza agora? Concentre essa energia em suas flechas. Assim eles ganharão propriedades naturais. Como fazer uma explosão de vento, uma flecha de fogo, uma flecha de gelo e assim vai.
- Flecha Elemental?
- Gostei desse nome!
- Então vamos tentar uma flecha de fogo.
Assim nossa querida arqueira colocou o arco em posição, pegou uma flecha da aljava e ficou em posição. Tamagos já tinha se recuperado e estava ainda mais irado. Ele queria a todo o custo acabar com aquela humana e Skappie. No momento em que ele deu um passo, a flecha saiu da corda. Inicialmente, era apenas mais uma flecha comum até que de repente a flecha entrou em combustão fazendo uma imensa labareda na cara da fera. Não apenas a flecha, mas Avenya começou a jogar ar na flecha já em chamas. Mais ar, mais fogo. Mais fogo, mais dano. E então teve a colisão. O som de explosão foi enorme. Tamagos foi engolido num turbilhão de chamas. Óbvio que ambas acharam que ele tinha virado churrasco.
- SHISHISHISHISHISHI – riu Tamagos em meio ao turbilhão (sim, isso é a risada dele).
- COMO VOCÊ ESTÁ VIVO? ERA PARA TER VIRADO CHURRASCO!
- NEFTAROS SUPREMOS SÃO IMUNES A FOGO!
Merda. Era apenas isso que tanto Avenya como Surya pensavam. Era para tudo acabar num único golpe. O Neftaros Supremo deu um salto ainda mais rápido. Dessa vez não tempo de fazer uma parede de vento. Avenya conseguiu se jogar para o lado a tempo. Deu um soco no vento. Isso reproduziu seu soco em forma de vento. O soco apenas o afastou por uns metros. Sem o deixar reagir, ela se ajoelhou e apoiando no arco. Uma luz azul clara foi emitida do arco. Nisso o chão começou a tremer e a neve em sua frente começou a dar origem a espinhos de gelo. Espinhos grandes e pontiagudos. Eles seguiram em linha reta até onde Tamagos estava. Com as garras ele quebrou os que chegaram primeiro, mas outros continuavam a ir um atrás do outro. Quando um espinho tocou nele, ele se partiu em dois. A pele e os pelos estavam ainda mais resistentes do que foram. Avenya juntou suas forças para fazer apenas um espinho só. Esse espinho surgiu na lateral esquerda do demônio. O espinho tinha mais diâmetro e era mais fino. Ao contato ele não quebrou e nem penetrou. Tamagos tentava emburrar o espinho para longe com seus músculos. Uma disputa acirrada. Porém, sangue foi visto. O espinho penetrou. O cão demoníaco urrou de muita dor. E onde tinha penetrado tinha sido congelado. Então, uma parte de Tamagos tinha sido congelada. Avenya não ia deixar essa chance escapar. E teve uma ideia. Uma ideia boa e insana além de ser extremamente perigosa.
Pegou outra flecha. Apontou para o céu e jogou. Quando a flecha ficou acima da presa e explodiu em chamas fazendo uma bola de fogo. Aquela bola de fogo apenas esquentou a floresta e fez a neve derreter. Mas apenas a neve envolta de Tamagos, não a da floresta inteira. O demônio não conseguia entender o que acontecia. Em seguida pegou outra flecha, jogo no mesmo lugar da anterior só que essa quando chegou ao ponto ideal criou uma nuvem pesada que fez chover onde Tamagos estava. Restava apenas uma flecha;
- VOCÊ QUER ME DAR UM BANHO, HUMANA? SHISHISHISHISHI! NÃO ME FAÇA RIR! VAI ME MATAR AFOGADO?! SHISHISHISHISHISHIS – debochou o demônio enquanto ria.
- Bem, matar afogado era uma ideia que eu não tinha pensando – respondeu ironicamente com uma flecha pronta na corda. – Caso vocês demônios não sabem, quando chove há trovões e esses trovões podem matar pessoas caso caiam nelas. Dizem que a água faz os trovões causarem mais dano. Assim, se uma pessoa estiver molhada, esse trovão será ainda mais poderoso. Eles chamam esse trovão de eletricidade. E água conduz eletricidade assim como outros elementos e objetos. Você esta rodeado de água e está molhado.
- COM QUE TROVÃO PRETENDE ME MATAR, SUA VADIA?! NÃO TEM UMA NUVEM AQUI!
- Eu criei uma agora pouco. E não preciso de nenhuma nuvem. Preciso apenas dessa flecha.
Assim ela puxou a flecha ao máximo e a soltou. No caminho era possível ver uma iluminação amarela na flecha e ela fazer uns barulhos estranhos. Na verdade, esses barulhos eram estrondos iguais a dias de tempestades. Até um ser burro como ele tinha entendido que se aquela flecha o acertasse, ele estaria morto. E ele tentou pular para fugir. Não conseguiu. Avenya tinha feito a água que tinha envolvido as patas ficarem congeladas em uma boa concentração de gelo a qual o ser demoníaco não conseguiria fugir. Desespero estampado na cara. Todo aquele ódio e raiva tinham sumido por medo. O estado Berserk tinha sumido de repente. Ele voltou a ser um simples Neftaros. E a flecha chegou próximo à cabeça. Nesse instante um raio caiu em Tamagos. Aquele estrondo vindo do céu e rasgando tudo até chegar naquele monte de carne demoníaco. Um trovão sozinho já causaria um grande estrago. Contudo, com o alvo molhado o estrago seria de quatro vezes maior. Tamagos emitia um som de algo fritando de seu corpo. Ele gritava de dor como nunca. Pode ter parecido muito tempo. Isso não durou nem trinta segundos.
Do jeito que o trovão apareceu, ele sumiu. Avenya respirava pesado. Não de dor, de cansaço. Um sorriso estava estampado em seu rosto. Ela tinha conseguido matar aqueles monstros. E tinha ganhado novas habilidades que lhe seriam úteis. Tudo estava bonito até que ela se lembrou do cervo. Correu na direção do animal. Ficou de joelhos e colocou a mão no corpo do animal. Ele não respirava direito e os batimentos estavam muito fracos.
Ela começou a entrar em desespero. Aquele animal tinha se sacrificado por ela e sem ele não teria mais Avenya naquele mundo. Então suas mãos começaram a emitir a mesma luz de quando Surya curou as feridas do cervo. Por algum motivo Neve sabia que aquilo não estava funcionando em nada. Surya tinha se projetado em sua forma humanoide de fumaça ao lado de Avenya. Ela via o sofrimento de sua nova amiga e não podia fazer nada.
- Avenya, não adianta, infelizmente – disse “tocando” o ombro da companheira.
- Por que não adianta? Eu não estou o curando?
- Sim, você está o curando, mas não adianta. Ele já estava prestes a morrer antes de eu possui-lo. Eu salvei a vida dele por muito tempo. Mas ele não precisou mais de mim e disse para eu te ajudar. Ele rejeitou a vida dele por você...
- Isso não é possível. POR FAVOR! NÃO MORRA CERVO!
Ela continuou curando na esperança de curar. Ela tinha desenvolvido um afeto enorme pelo animal em seus últimos momentos de vida.
E a respiração parou junto com os batimentos. Os olhos foram se fechando... lentamente...
- NÃÃÃÃÃÃÃÃÃÃÃÃÃÃÃÃÃÃÃÃÃÃÃÃÃOOOOOOOOOOOOOOOOO!
Aquele animal salvador tinha perdido a sua vida em um ato nobre o qual sempre será lembrado...
  06
 - Avenya... não chore – pediu Surya, o Skappie, Espírito da Natureza.
- Como eu não posso chorar após esse sacrifício?! – questionou o espírito.
- Eu sei que é difícil, mas graças a esse servo pudemos matar esses demônios. O que lhe deu força para ajudá-lo?
- Ver esses monstros querendo o matar...
- Então isso que lhe deu forças. Você poderia ir embora, mas não. Ficou lá para protegê-lo. Não tem ato mais lindo do que esse. E o cervo vendo que você estava dando a sua vida para protegê-lo ele se sacrificou sem pensar duas vezes.
O silêncio reinou. Avenya apenas chorou mais um pouco com o queixo apoiado nos joelhos e ficou quieta. Enquanto isso Surya colocava fogo no corpo dos demônios.
- Surya, o que é um Skappie? – perguntou Avenya com a voz triste.
- Um Espírito da Natureza. O bom. Tudo isso te disse logo quando me viu – respondeu Surya com um sorriso em sua forma de fumaça.
- Isso eu sei... quero saber exatamente o que vocês são. O porquê podem possuir animais e pessoas. Onde vivem. Qual o objetivo de vocês, Skappies. E por que tinham Neftaros a atacando.
- Muito bem. Vamos lá então. Será uma longa história. Está preparada?
- Sim, estou – afirmou Avenya levantando a cabeça e encarando a fumaça.
- Como vou repetir pela terceira vez, sou uma Skappie, um Espírito da Natureza. Para ser mais exata, sou uma Skappie Lukt. Espírito da Natureza Branco, na língua morta. Nós somos o que vocês humanos chamam de Mãe Natureza. Ela não é uma coisa só como vocês pensam. Cada Skappie faz a natureza fluir como ela é. Sol. Chuva. Raios. Lagos. Neve. Montanhas. Rios. Mares. Tudo somos nós que cuidamos. Os animais são nossos “filhos”. Estamos sempre querendo os ajudar não importa como. Bem, ao menos essa é função dos Lukt. Os espíritos malignos que eu comentei mais cedo são os Skappies Derguk, Espírito da Natureza Sombrio. Eles têm a função de impedir o crescimento natural do mundo. Ou seja, da natureza em sim. E se você está pensando que eles são criados para nos contrabalancear para haver um equilíbrio, você está errada. A existência dele é apenas para gerar caos e destruição. Uma tempestade que acaba devastando cidades é um (a) Skappie Lukt triste ou com raiva.
- Se eles não são uma contraparte de vocês como são criados? – perguntou Avenya que já não demonstrava tanta tristeza.
- Todo Derguk já foi um Lukt. O Lukt deixa de lado o principal princípio de nossa existência que é o AMOR e o troca pelo ÓDIO. O ódio corrompe a nossa luz e nos torna em seres malignos com anseio de destruição. Então desde que o primeiro Derguk foi criado há uma luta entre Skappies. Uma batalha que é travada até os dias de hoje, mas desde há alguns anos os Derguk andam quietos demais e isso está deixando os Anciões da Floresta Sagrada inquietos.
“Nós moramos na Floresta Sagrada. Ou a Fragni Liavu. Ela não é uma floresta qualquer. Ela é cheia de luz e vida. Diversos tipos de animais. Diversos tipos de plantas e frutas. Um lugar onde existe a paz. Um verdadeiro Paraíso. Não são todos que moram lá, mas nosso lugar é ali. Ali que a maioria nasce antes de ir para o mundo real. A Fragni Liavu não é um local que pode ser encontrado facilmente. Ele fica em outra dimensão. Uma dimensão próxima a nossa. Apenas Skappies Lukt podem passar lá e pessoas que tenham à aprovação de um Skappie. Os Derguk estão banidos de lá.      Existe um feitiço capaz de abrir o portal, mas ninguém os conhece além dos próprios moradores da Floresta Sagrada. E é impossível dizermos o feitiço para alguém quando está nos torturando.”
“Nós podemos possuir animais para um único significado: curá-los. Como eu disse os animais são nossos “filhos” e é nosso dever cuidar deles de todo o jeito que pudermos. Mas ao possuir um animal ele fica com a coloração branca, em cinca por cento dos casos, e pode virar um alvo de humanos. E quando nós os possuímos sentimos tudo do animal. Sentimentos, dores, paixões, fome, necessidades. Somos um com o animal. Somos um único ser para sermos melhor. Com isso os Skappies podem amadurecer e ficarem mais fortes. É difícil mantermos uma relação de coexistência com humanos nos dias de hoje. Há centenas de anos atrás vivíamos praticamente como um só para tudo. Podíamos chamá-los de amigos até sermos traídos por um humano ganancioso que queria controlar a natureza para seu próprio prazer. Assim atualmente um humano tem que conseguir nossa confiança para que nós possamos ter essa possessão. E tanto quando um Skappie possuí o corpo de um humano ou animal ele ganha os poderes naturais igual você fez com suas flechas. A Natureza é a sua aliada. O que você pedir ela conseguirá fazer.”
- E você disse que quando vocês possuem um corpo esse mesmo corpo ganha poderes da Natureza, certo? – perguntou Avenya que não demonstrava mais tristeza no rosto, mas uma admiração por toda a história de um Skappie.
- Correto, Arqueira Branca – respondeu Surya esperando mais perguntas com um sorriso no rosto.
- Eu pedi para você possuir minhas armas. Por que diabos eu fiz uma parede de vento sem estar com meu arco apontado para o Tamagos? Eu deveria ser capaz de fazer isso apenas se eu tivesse dado preferência ao meu corpo ao invés das armas...
- Isso aconteceu porque no momento que eu me uni a suas armas, a união não ficou apenas nelas. Ela foi tanto para as armas quanto para você. Isso só acontece em casos de o humano ser totalmente puro. A sua bondade foi tanta que isso automaticamente me fez possuir você toda. Corpo e alma.
- Vou ficar com a palavra “união” que é melhor que a “possessão” quando se tratar de mim, ok? – pediu Avenya com vergonha.
- Ok – respondeu Surya rindo da vergonha de Avenya com a palavra.
- Se você pode se unir a armas, quer dizer que tinha uma luta, né?
- Exatamente.
- E os humanos eram receptáculos excelentes para lutar contra os Derguks. Sendo que um Derguk também poderia possuir animais e humanos. E o ser humano é facilmente consumido pelo ódio e sede de poder.
- Sua mente funciona rápido demais, Avenya. E você está correta. Quando o humano que nos traiu deixou os Derguk entrarem na Floresta Sagrada... nosso solo sagrado foi mancado com sangue. Sangue de nossos irmãos. Nossas famílias. Nossas casas foram destruídas. Toda a beleza foi consumida pela guerra. Mas isso é uma história que um Ancião deve lhe contar e não eu.
- Consegui entender tudo. Porque vocês existem, onde vivem, porque tem seres malignos, a função de vocês, a relação com os animais e humanos. Apenas uma coisa que eu ainda não entendi...
- E o que seria? – perguntou a Skappie Lukt intrigada após dizer tudo o que a bela jovem tinha curiosidade.
- Por que tinha demônios te caçando?
- Isso, minha jovem, é o que estamos querendo descobrir. Nos últimos meses há relatos de vários Lukt falando de estarem sendo perseguidos por demônios. Aparentemente existe alguém que nos quer mortos ou capturados. Felizmente, ninguém até agora sumiu ou morreu.
- Como vocês saberiam se alguém some ou morre? São todos ligados há algo em comum?
- Parabéns! Você acertou com poucas palavras. Somos conectados com a Árvore das Mil Almas. Nele há o nome de cada Lukt existente no mundo escrito em verde. Quando o nome fica preto é que ele sumiu e não tem como o rastrearmos pela Natureza. Quando o nome fica branco quer dizer que ele morreu.
- Bem, vocês são fumaça – disse Avenya pensativa olhando aquele avatar de fumaça. – E me desculpe. Eu não vejo como diabos vocês morreriam.
- Um Skappie pode morrer lutando contra outro Skappie. Nós termos uma forma física quando estamos em Fragni Liavu. Quando estamos em “fumaça” apenas golpes diretos da Natureza, como um raio caindo em nós, pode nos matar. Uma das suas flechas com meu poder. E demônios. Aqueles seres vindo direto do Inferno são capazes de nos matar como se um humano fosse matar outro humano.
- Engraçado que vocês protegem tanto a Natureza e podem morrer para a mesmo – riu Avenya. Isso já mostrava que ela estava bem e tinha começado a superar a morte do cervo.
- Não ria disso! Sabe quantos Skappies já morreram para raios nessas centenas de anos? Vários! Para uma humana você gosta de ser ousada.
Nisso ambas já estavam deitadas na neve olhando para o céu que começava a escurecer. Avenya simplesmente tinha saído de casa para caçar um cervo albino e acabou conhecendo uma Skappie Lukt e elas são amigas.
- Nossa. Está escurecendo já. Melhor voltarmos para a cidade. Nossa viagem até Raghtu será longa – disse Avenya para Surya, mas no momento que ela tombou ela cambaleou.
- Calma aí, minha jovem. Usar a união é algo que exige demais do corpo do usuário. Impressiona-me tu continuar consciente após usar quatro Flechas Elementais e uma parede de vento.
- Vocês tem algum nome para essa união com os humanos? Melhor do que ficar falando “união” e “possessão” – reclamou Avenya o que fez Surya rir.
- Sim, nós temos. Chama-se Parziver. Ou na sua língua: Luz Dupla.
- Luz Dupla?! HAHAHAHAHAHAHA – riu Avenya com muito gosto. – Por que Luz Dupla? Tudo bem que eu brilhei, mas isso não tem sentido. Hahahaha.
- Luz Dupla porque há a luz do Espírito da Natureza e a do Humano ou animal juntas em um único corpo se tornando uma só. Humpft – disse Surya cruzando os braços de fumaça e fazendo bico.
- Quando você está em Estado Fumaça, eu posso usar os poderes da Parziver?
- Sim, pode usar. Isso apenas é uma pequena projeção minha. E não ouse me chamar de Estado Fumaça quando eu estiver assim!
- Obrigado por tirar minha dúvida. E irei chamar você assim sim!
Ambas riram novamente. Algo que elas fizeram demais. Com isso Avenya respirou fundo e levantou. Fechou os olhos enquanto unia as suas mãos. As mãos foram sendo afastadas uma das outras e ao mesmo tempo um buraco era aberto em frente da Arqueira. Quando o buraco estava grande o suficiente Avenya abriu os olhos. Suor corria pelo rosto dela.
- Um túmulo para o cervo... – observou Surya com lágrimas em seus olhos. Se isso era possível para uma fumaça.
- Acho que ele merece um enterro digno ao invés de ser deixado para apodrecer. Ele foi um salvador...
- Espere Avenya!
- O que foi?
- Eu posso verificar onde não teve veneno no corpo dele para você cortar a carne e levar para casa.
- Eu não posso fazer isso! Não posso comer a carne de quem me salvou. A vida dele...
- Não tem problema, era isso que ele me pediu antes de morrer. Ele quer que você use-a.
- Se esse foi o último pedido dele irei atender.
Nisso Surya fez a análise de onde não tinha veneno. Avenya cortou e colocou a carne em bolsas improvisadas de folhas de árvore. Ela também cortou os chifres de seu salvador. A Arqueira Branca estralou os dedos e um redemoinho de vento levantou o cervo e o deixou no túmulo. Com outro estralo Avenya fechou o buraco no solo. Ela pegou os dois chifres e os fincou a cima do túmulo recém-fechado. Com isso raízes saíram do solo e envolveram os chifres o que os deixo firmes no túmulo.
- Muito bem. Está feito. Com isso ninguém roubará os chifres. Agora vamos embora, Surya – disse Avenya enquanto elas caminhavam para fora da floresta.
Com isso o que virou uma simples caçada comum acabou em um encontro diferente. Muitas aventuras ainda virão dessas duas mulheres.
 Enquanto isso, um ser encapuzado chegou ao local de combate.
- Vocês não conseguiram capturar uma simples Skappie, vermes? – pergunto para o nada o homem misterioso. Única informação dele é que ele teria por volta de um metro e setenta centímetros de altura. Após isso ele pegou um pó roxo no bolso e jogou em cima dos ossos de Tamagos. Houve uma explosão e um Tamagos transparente surgiu. Um fantasma.
- Onde eu estou?! – perguntou o fantasma do Neftaros enfurecido. – Cadê aquela humana e aquele espirito maldito?!
- Humana? – perguntou o homem para o fantasma.
- Senhor Fritz?! O que diabos o senhor está fazendo aqui?! – perguntou com a voz trêmula.
- Caro Tamagos, eu invoquei você e seus dois irmãos para caçar uma maldita Skappie. Vocês três tinham apenas que capturá-la. Não teria que demorar muito. E vocês CONSEGUIRAM serem todos mortos. O que resulta em uma invocação desperdiçada! VOCÊ ACHA QUE INVOCAR DEMÔNIOS É SIMPLES?!
- N... não... senhor.
- Me diga logo porque todos vocês foram mortos.
- Estávamos caçando o animal como o senhor tinha dito. Seguimos todas as instruções. Chegamos até essa floresta. Não tínhamos sinal do animal. Parecia que ele era um com todo esse branco. Então vimos uma trilha de sangue e a seguimos até chegar ao animal hospedeiro. Tínhamos o cercado. Quando tudo daria certo até uma humana com arco-e-flecha nos impediu. Ela matou Ifart com quinze flechas no mesmo local. Iguali foi atravessado pelos chifres do cervo que ficavam mudando de formato. Eu fui morto após a Skappie se unir ao humano. As flechas daquela vadia ganharam propriedades elementais. Fogo. Água. Raios. Vento.
- Três Neftaros. Ainda por cima um deles sendo do tipo Supremo. E mortos por uma humana e um cervo!
- Senhor Fritz, nos perdoe...
- Perdoar? Você sabe quanto tempo vou demorar para realizar outra invocação?! SERÃO DOIS MESES! A PORRA DE DOIS MESES! DOIS MESES PORQUE PENSEI QUE UM TIPO SUPREMO DARIA CONTA DE UMA TAREFA FÁCIL!
- Me perdoe senhor. Em dois meses já estaremos de volta ao normal. Ficarei mais forte e irei me vingar daquela vagabunda!
- Não, não haverá outra chance. Vocês nunca mais sairão do Inferno. Hazae!
Correntes surgiram envolta do fantasma de Tamagos. Ele gritava de desespero. Perdia perdão sem parar. Hazae é um feitiço de aprisionamento, significa “jaula”. Com isso o fantasma afundou na terra e sumiu. Aquela floresta dominada pela neve tinha ficado silenciosa.
- Minha doce Surya. Aguarde. Logo menos irei ter você em minhas mãos.
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luizdominguesfan · 9 months ago
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Boca do Céu, Los Interessantes Hombres Sin Nombres e Os Kurandeiros estarão representados na entrevista concedida ao programa "Rádio Matraca", pela USP FM, que vai ao ar na próxima terça-feira, às 24 horas (informações sobre links, dial e podcast permanente, estão abaixo).
Na pauta, o show que as três bandas farão conjuntamente, no Instituto Cultural Bolívia Rock (ICBR) de São Paulo, no dia 17 de fevereiro próximo, mais músicas das três bandas e uma mini apresentação ao vivo do Boca do Céu e do Los Interessantes Hombres Sin Nombres no estúdio, além de informações sobre os trabalhos dos três grupos.
A RÁDIO MATRACA é apresentada há 38 anos, aos sábados, das 17h às 18h, - e também às terças, à meia-noite - pelos 93,7 Mhz da RÁDIO USP, em São Paulo, e pelos 107,9, em Ribeirão Preto.
E pode ser ouvida em tempo real no link http://jornal.usp.br/radiousp-sp-aovivo.html
E depois, a qualquer momento em https://jornal.usp.br/radio-usp/sinopses/radio-matraca/
Produzida e apresentada por Alcione Sanna, Ayrton Mugnaini Jr. e Laert Sarrumor. Gravada e editada por José Miletto. E com os trabalhos de Bennet Ribeiro, na central técnica da Rádio USP.
Filmagem e edição: Moacir Barbosa de Lima ("Moah") - Produtora Bicho Raro.
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luizdominguesfan · 9 months ago
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Boca do Céu, Los Interessantes Hombres Sin Nombres e Os Kurandeiros estarão representados na entrevista concedida ao programa "Rádio Matraca", pela USP FM, que vai ao ar no próximo sábado, às 17 horas (informações sobre links, dial e podcast permanente, estão abaixo).
Na pauta, o show que as três bandas farão conjuntamente, no Instituto Cultural Bolívia Rock (ICBR) de São Paulo, no dia 17 de fevereiro próximo, mais músicas das três bandas e uma mini apresentação ao vivo do Boca do Céu e do Los Interessantes Hombres Sin Nombres no estúdio, além de informações sobre os trabalhos dos três grupos.
A RÁDIO MATRACA é apresentada há 38 anos, aos sábados, das 17h às 18h, - e também às terças, à meia-noite - pelos 93,7 Mhz da RÁDIO USP, em São Paulo, e pelos 107,9, em Ribeirão Preto.
E pode ser ouvida em tempo real no link http://jornal.usp.br/radiousp-sp-aovivo.html
E depois, a qualquer momento em https://jornal.usp.br/radio-usp/sinopses/radio-matraca/
Produzida e apresentada por Alcione Sanna, Ayrton Mugnaini Jr. e Laert Sarrumor. Gravada e editada por José Miletto. E com os trabalhos de Bennet Ribeiro, na central técnica da Rádio USP. Filmagem e edição: Moacir Barbosa de Lima ("Moah") - Produtora Bicho Raro.
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luizdominguesfan · 1 year ago
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https://www.youtube.com/watch?v=7rSR2zWccVI
Eis o documentário a cobrir os bastidores da gravação da música "1969" do Boca do Céu. Sob a edição e direção de Moacir Barbosa de Lima ("Moah"), pela produtora Bicho Raro
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