#NOVA DE BRAGA
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O lago Guarani 1.2
A comunidade indígena investiu na recuperação do Rio Ribeirão Manguinho, cuja nascente fica na Aldeia Itakupe. Com o trabalho e apoio da população em mutirões, foi possível “trazer de volta o fluxo da nascente” e criar três importantes lagos na região, que já estão próprios para banho. “Mas o trabalho de manejo ainda não terminou”, pontua o cacique Matheus Wera, da Aldeia Itakupe. Edson Novaes –…
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#a água é um ser vivo#Adriano Sampaio e Edson de Jesus Novaes#Aldeia Itakupe#aldeias da TI Jaraguá#alimentos tradicionais indígenas#atrás do Pico do Jaraguá# Adriano Sampaio. AGO Filmes catarse#cacique Matheus Wera#Camila Doretto – Ciclo Vivo#cidade paulistana#comunidade indígena#costumes dos guarani da região do Jaraguá#Cristina Braga – Folha Noroeste#ecossistema local#Edson Novaes - Existe Guarani em SP#ex-cacique Mateus Wera Mirim Poti Jornal Nacional#fonte de vida#força espiritual#geni macenA#lambaris#Naiara Albuquerque - Revista Galileu#nascente Aldeia Itakupe#O lago Guarani Tekoa Itakupe#Pedro Macena#peixes fish Brazilian#plantas aquáticas#ponto mais alto da cidade de São Paulo#povo Guarani-Mbya aldeia Itakupe (atrás da pedra)#prática tradicional do Nhanderekó (modo de vida Guarani)#recuperação do Rio Ribeirão Manguinho
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O PODER DAQUELES QUE SEGUIAM OS EXEMPLOS DO MESTRE JESUS.
Verdadeiros mártires de Cristo!
A imagem acima é uma cena esquecida nos dias de hoje. Filmes do século XX, alguns feitos ainda em preto e branco, narraram a perseguição contra os primeiros cristãos.
Abaixo, entrego uma adaptação traduzida (não foi entregue por um espírito desencarnado) por "Haroldo Dutra Dias". Falam das torturas feitas pelos romanos contra os cristãos da Gália do século IV - manuscritos em grego.
Não vejo diferença dessa Roma pré-cristã e aquela que por séculos impôs a conversão e submissão à sua instituição religiosa. É importante o esclarecimento da condição vibrante da grande "Besta Apocalíptica" - assim esclarecido pelo mestre Osvaldo Polidoro.
A imagem e o texto a seguir estão no livro "Chico, Diálogo e Recordações", de Carlos Alberto Braga Costa.
Acta dos Mártires
O cristão Sancto foi torturado por longos e penosos dias. Seus torturadores queriam dele nomes, lugares, indicações que os levassem a outros cristãos; entretanto, tudo o que ouviram de sua boca foi a declaração em latim: “Sou cristão”. Como os açoites e ferros não surtiam os efeitos desejados, foram-lhe aplicadas chapas de cobre em brasa sobre os membros, de tal forma que seu corpo praticamente perdeu a forma humana. Mesmo assim, em nada fraquejou. Após alguns dias, os algozes resolveram recomeçar as torturas de seu ponto inicial. Surpreendentemente, as novas aflições pareceram devolver a Sancto sua forma física e a recuperação dos movimentos de seus membros. Para os torturadores o fraquejar ou a morte dele assustaria profundamente os demais cristãos. No entanto, nada disso sucedeu. Sancto ainda teve que assistir ao estrangulamento dos irmãos de fé que, diante de sua coragem, também não se deixaram quedar. Após tudo isso, foi conduzido ao circo e jogado às feras que dele se aproveitaram o quanto quiseram; todavia, mais uma vez, não expirou. A turba expectadora, então, exigiu a cadeira de ferro em brasa onde o cristão foi posto, por fim, sem que exclamasse um gemido sequer, conservando, ainda, um semblante de fé, que tanto impressionava a quantos o vissem.
Átalo de Pérgamo foi outro cristão que a todos impressionou por sua grande demonstração de fé. O povo pagão exigia sua presença no anfiteatro, devido ao fato dele ser muito conhecido e por ser romano. Após ser exibido ao povo de maneira humilhante, foi levado ao cárcere, torturado com todo o tipo de instrumento de suplício para, finalmente, após alguns dias, ser novamente conduzido ao pátio onde foi, por último, posto na “cadeira de ferro fervente” – objeto de martírio que a plebe adorava – onde, enquanto era queimado, juntamente com outro impressionante cristão, Alexandre (que também não soltou um gemido sequer durante o mesmo ritual de dor a que foi submetido), exclamou, a viva voz e em latim: “Vede. Devorar homens é o que fazeis. Nós, porém, não somos antropófagos e não praticamos crime algum”. Interrogado, ainda, sobre o nome de Deus, replicou: “Deus não tem nome como os homens”.
Policarpo, outro mártire que marcado pela sua demonstração de fé e a virtude das manifestações espirituais que o cercaram. Após um sonho em que vira seu travesseiro em chamas, Policarpo deduziu e anunciou que seria martirizado em breve, em uma fogueira. Com efeito, passados alguns dias, é levado pelas autoridades romanas – que muito se impressionaram com a gentileza, cordialidade e grandeza de caráter daquele velho senhor – para ser interrogado e concitado a negar Jesus. Porém, na entrada do teatro, o cristão ouviu uma “voz do céu” a lhe dizer; “Sê forte, Policarpo! Sê homem!”. Após ter sido ameaçado de ser lançado às feras caso não jurasse pela fortuna de César, Policarpo deu uma maravilhosa demonstração de como deve proceder um cristão. Afirmando sua fé, diz que nunca renunciaria ao “rei” que o havia salvado, Jesus Cristo. Disse ainda ao Procônsul que, se o mesmo quisesse, poderia lhe conceder um dia para lhe falar de Cristo, tempo suficiente para convencê-lo da doutrina cristã. O preposto de César, então, respondeu para Policarpo que ele tentasse convencer às massas, ao que foi respondido: “A ti eu considero digno de escutar a explicação. Com efeito, aprendemos a tratar as autoridades e os poderes estabelecidos por Deus com o respeito devido, contanto que isso não nos prejudique. Quanto a esses outros, eu não os considero dignos, para me defender diante deles”. Então, o nobre cristão é condenado a ser queimado vivo. Uma vez colocado na fogueira, recusou-se a ser pregado no poste, alegando que Deus lhe daria forças para suportar o suplício sem fugir, sendo, então, amarrado. Com o fogo aceso, novo prodígio pôde ser testemunhado: as chamas como que formaram uma abóbada ao redor de seu corpo, não como se “queimassem carne”, mas como se “assassem pão”. Além disso, um cheiro de perfume impregnou todo o local, advindo do corpo do mártir. Impressionados, os algozes resolvem aplicar um golpe de misericórdia através de punhal. E, segundo os registros, da ferida “jorrou tanto sangue, que o fogo se apagou”.
Plante boas sementes e colham bons frutos sempre.
#chicochavier#chico#cristão#cristo#deus#enviados#martírio#jesus#força#fé#evolução#espiritismo#roma#império romano#grandeza#virtudes
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Olá! I was recently in northern Portugal (Porto, Braga, Guimarães, and Aveiro) and wanted to share some pictures from my trip 😊
The weather wasn't the greatest (it rained the whole day two out of the four days I was there 😬) but I really liked everything I saw, especially Porto and Aveiro. Part of Aveiro's historic center was under construction though 😐
By the way, I managed to communicate in Portuguese and I generally understood people when they spoke to me in Portuguese (if they didn't speak too quickly 😅). I didn't really have the opportunity to chat with anyone, but I spoke Portuguese in restaurants, supermarkets, bus stations, and buses. The only long conversation I had was with the owner of the hostel I stayed at. I spoke in Spanish and she spoke in (slow) Portuguese, and we managed to understand each other. Portuguese people normally have an easier time understanding us Spaniards than vice versa.
Church of Saint Ildefonso and Fountain of the Lions, Porto
Lello Bookstore and Cais da Ribeira, Porto
Palace of Raio, Sanctuary of Our Lady of Sameiro, and Sanctuary of Bom Jesus do Monte, Braga
Praça de S. Tiago, Guimarães
Praias da Ria, Aveiro, and Costa Nova typical houses, Ílhavo
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FM 2024 - AD Manteigas - 1º época
Transferências 🔄️ 🟢: Nuno Castro - GR - Courense (AF Viana do Castelo) 🟢: Dani Coelho - DD - Santa Maria FC (AF Braga) 🟢: Bruma - MC - Trancoso (AF Guarda) 🟢: Takeshi Hosaki - MD - Estrela Vendas Novas (AF Évora) 🟢: Alex Carvalho - MOE - Lousada (AF Porto) 🟢: Diogo Carrilho - PL - Atlético dos Arcos (AF Viana do Castelo) 🔴: Rodrigo Almeida - MC - FC Vilarinho (AF Porto) Dispensados 🚮: 🗑️: Fábio Nogueira - PL
Pré-epoca
Resultados foi satisfatório, tirando kel d jogo Villarreal la ki es marca di trossa Nsa testa um tatica assimetrico, nfazi alguns alterasons na el durante kes jogos la, hora ki xinta dreto nta partilha.
Setembro
N'perdi um jogo ainda pm @navinh-fm da 2 golo contra VFN Mah inda sta cedo, nu ta recupera
Nha jogador teve um desempenho agradável
Nsa ba ta fz mudansas na tática pa atxa kel q ta encaixa midjor na cada jogador
Outubro
Rapaz dja skeci juga, timi mesti ser mas eficaz, nu sa peka txeu na finalizason. Diferença pa prmr eh lugar eh di 2 pt, nton ainda ta da pa recupera
Novembro
Des vez erro sta na parte defensivo principalmente na zona central , tem stado ta sufri golos derivado di erros di nhas central
N'kaba pa dixi pa tercero lugar mah n'continua a 2 pt di 1º
Prmr jogo di Taça sa bem ser contra Fornos
@navinh tem stado ta fazi bons jogos, si n'ranja um PL mas eficiente di certeza eh ta consigui providencia alguns assistências
Dezembro
N'continua ku algum debilidade na parte defensivo mah nu tem sido mas eficiente na finalização
Termina 1ª volta ku pts empatado ku 1º i 2º lugar
Janeiro
Desempenho di equipa cai txeu na td aspecto Na Taça n'perdi contra Fornos, auto-golo d Baroni na 84min.
Nsa pensaba ma pelo menos semi-final nta txigaba, ka da. Gossi eh foca na Campeonato
Fevereiro
Vila Franca ka kre perdi, sa complican conta, tem forte probabiidade di campeonato ser decidido na ultimo jorna, jogo mi contra ez Equipa dja midjora um bocado dipos ki n'muda alguns kuzas na tatica
Março
N'consigui 1º lugar temporariamente mah n'caba pa perdi di novo, dipos di maz um derrota contra Vila Cortez, jogo foi equilibrado, n'kumessa ta perdi n'consigui recupera desvantagem, na fim di jogo es marcan um golo di penalty Si continua assi, ntem ki ganha Vila Franca na ultimo jornada pa n'consigui ser campeão
Abril
Nhas esperanças di ser campeão dja bai, dipos di perdi 2 jogo seguido, n'muda tatica pa um 4-3-3 convencional pensado ma kuzas ta midjora mah foi contrario, se calhar n'devia manti nha tatica assimetrico
VFN mesti so 1 vitoria pa es ganha i falta 2 jornada pa fim, gossi so 1 milagre pa n'ganha Proximo epoca nta tenta subida dnv
Novo presidente
N'ganha VFN na ultimo jornada d campeonato, n'muda alguns kzs na tatica ki nsa usa na nha save k Inter tb
Proximo epoca si nka subi nka ta juga mas
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Meus desejos para tua caminhada
Tua caminhada ainda não terminou... A realidade te acolhe dizendo que pela frente o horizonte da vida necessita de tuas palavras e do teu silêncio.
Desejo a vocês... Fruto do mato Cheiro de jardim Namoro no portão Domingo sem chuva Segunda sem mau humor Sábado com seu amor Filme do Carlitos Chope com amigos Crônica de Rubem Braga Viver sem inimigos Filme antigo na TV
Se amanh�� sentires saudades, lembra-te da fantasia e sonha com tua próxima vitória. Vitória que todas as armas do mundo jamais conseguirão obter, porque é uma vitória que surge da paz e não do ressentimento.
Desejo a vocês... Ter uma pessoa especial E que ela goste de você Música de Tom com letra de Chico Frango caipira em pensão do interior Ouvir uma palavra amável Ter uma surpresa agradável Ver a Banda passar Noite de lua cheia Rever uma velha amizade Ter fé em Deus
É certo que irás encontrar situações tempestuosas novamente, mas haverá de ver sempre o lado bom da chuva que cai e não a faceta do raio que destrói.
Desejo a vocês... Não ter que ouvir a palavra não Nem nunca, nem jamais e adeus. Rir como criança Ouvir canto de passarinho. Sarar de resfriado Escrever um poema de Amor Que nunca será rasgado Formar um par ideal Tomar banho de cachoeira Pegar um bronzeado legal Aprender um nova canção Esperar alguém na estação
Tu és jovem. Atender a quem te chama é belo, lutar por quem te rejeita é quase chegar a perfeição. A juventude precisa de sonhos e se nutrir de lembranças, assim como o leito dos rios precisa da água que rola e o coração necessita de afeto.
Desejo a vocês... Queijo com goiabada Pôr-do-Sol na roça Uma festa Um violão Uma seresta Recordar um amor antigo Ter um ombro sempre amigo Bater palmas de alegria Uma tarde amena Calçar um velho chinelo Sentar numa velha poltrona
Não faças do amanhã o sinônimo de nunca, nem o ontem te seja o mesmo que nunca mais. Teus passos ficaram. Olhes para trás... mas vá em frente pois há muitos que precisam que chegues para poderem seguir-te.
Desejo a vocês... Tocar violão para alguém Ouvir a chuva no telhado Vinho branco Bolero de Ravel E muito carinho meu.
Rogerio Messineo Luchi
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De Fernando Sabino para Clarice lispector
Nova York, 10 de junho de 1946
Clarice,
Esta é a quarta carta que inicio para responder a sua. A primeira eu deixei no Brasil, só trouxe a primeira página, que vai junto. A segunda eu rasguei. A terceira eu não acabei, vai junto também. Hoje recebi uma carta do Paulo [Mendes Campos], dizendo que não tinha mandado até agora a resposta dele. Positivamente somos uns cachorros irremediáveis. Você por favor não ligue para isso não. Pode ter certeza de que não te esquecemos. Ainda ontem me lembrei muito de você, porque um americano me perguntou se o meu relógio era suíço. A Suíça existe mesmo? Serão daí mesmo os queijos suíços? Me escreva, Clarice, sou tão cínico que te peço para me escrever, me responder com a pontualidade e a presteza que não tenho, contando tudo, suas aventuras e desventuras nessa poética Seminarstrasse.¹ Do Brasil não posso te contar nada, senão o que o Paulo me contou hoje na carta dele: que o Pajé² tem tomado aos domingos porres gigantescos, colossais. Que a sensação de um libertino ao acordar na segunda-feira é a pior coisa do mundo. Que houve um comício no largo da Carioca onde choveu bala sobre os comunistas, mataram um estudante.³ Que o Rubem Braga vai indo bem. Que num chá que os acadêmicos ofereceram a outros acadêmicos ninguém perguntou por você.
Daqui de Nova York não posso te contar nada além do que você calcula. Outro dia abri um livro do Erico Verissimo sobre literatura brasileira escrito aqui,⁴ mesmo na página em que ele fazia uma referência a você. Tenho sentido muita falta de seu livro que deixei no Brasil,⁵ para plagiar uns pedaços quando vou escrever o meu. Tenho tido muitas dores de cabeça, tenho ouvido histórias de espantar. Uma: o homem mais gordo do mundo fez um regime para emagrecer, emagreceu cinquenta quilos e morreu. Tenho dado muitas gafes aqui com o meu pobre inglês. Uma: entrei num drugstore para comprar remédio para dor de cabeça e acabei levando uma loção para cabelos. Tenho tido muitos pesadelos. Um: ontem sonhei com um rato encravado na parede, guinchando de dor. Tenho reformado muitos conceitos, por exemplo: o Jayme Ovalle não é tão chato como eu imaginava. Tenho imitado Otávio de Faria em tudo o que ele não faz. Tenho feito descobertas importantes, por exemplo: o pecado é simplesmente tudo o que Cristo não fez. Tenho conhecido sujeitos famosos, por exemplo: Duke Ellington. Tenho tido muito pouco dinheiro. Tenho tido muitas oportunidades de ficar calado. Tenho tido muita decepção com os Correios. Tenho tido cansaço, saudade e calma. Tenho bebido muito, muito, muito. Tenho lido os suplementos dominicais. Tenho tido vontade de voltar. Tenho escrito muitas cartas para você. Tenho dormido muito pouco. Tenho xingado muito o Getúlio. Tenho tido muito medo de morrer. Tenho faltado muita missa aos domingos. Tenho tido muita pena de Helena ter se casado comigo. Tenho tido dor de dente. Tenho certeza que não volto mais. Tenho contado muito nos dedos. Tenho franzido muito o sobrolho. Tenho falado muito com os meus botões. Tenho tido muita vontade de brincar. Tenho feito muitas manifestações de apreço ao senhor diretor.⁶ Clarice, estou perdido no meio de tantos particípios passados. Estou com vontade de fumar e o meu cigarro acabou, estou com vontade de namorar de tarde numa pracinha cheia de árvores, estou com muitas saudades de mamãe. Aqui na minha frente, na minha mesa do escritório, tem uma pilha de 1834 fichas me esperando para serem conferidas. São tão simpáticas, as fichinhas. Me esperam e sorriem burocraticamente: conhecem o meu triste fim. Sorrio também para elas, digo que esperem: agora estou indo para Seminarstrasse.
Só de pensar que você estará lendo esta carta muitos dias depois de ter sido escrita me dá vontade de não mandar. Mas mando, isso é uma desonestidade. Você nos escreveu há um mês. Juro que não faço mais isso, foi só da primeira vez, agora não faço mais. Me escreva, que responderei imediatamente. Como vai indo o seu livro? O que é que você faz às três horas da tarde? Quero saber tudo, tudo. Você tem recebido notícias do Brasil? Alguém mais escreveu sobre o seu livro? É verdade que a Suíça é muito branca? Você mora numa casa de dois andares ou de um só? Tem cortina na janela? Ou ainda está num hotel? Oh, meu Deus, Seminarstrasse será simplesmente um hotel? Qual é o cigarro que você está fumando agora? Pipocas, Fernando!⁷
Clarice, em Belém eu procurei no hotel uma carta do Mário [de Andrade] para você, não encontrei. Eu delirava se pudesse te dar essa alegria. Tinha certeza de encontrar e não encontrei.
Manuel Bandeira é um sujeito muito triste, Clarice. Também não me despedi de muita gente. Também me esqueci de muitas coisas no Brasil. Quando eu era menino, chupei uma vez tanta manga verde que fiquei doente de cama por três dias, faltei ao grupo, só vendo. Eu tinha um coelhinho chamado Pastoff. Um dia meu pai pegou o coelho e deu para um amigo, fiquei triste mesmo, chorei muito, papai foi muito mau. A coisa que mais gostava era no tempo de frio sair fumacinha da minha boca. Pipocas, Fernando! Clarice Lispector é uma coisa riscadinha sozinha num canto, esperando, esperando. Clarice Lispector só toma café com leite. Clarice Lispector saiu correndo no vento na chuva, molhou o vestido, perdeu o chapéu. Clarice Lispector sabe rir e chorar ao mesmo tempo, vocês já viram? Clarice Lispector é engraçada! Ela parece uma árvore. Todas as vezes que ela atravessa a rua bate uma ventania, um automóvel vem, passa por cima dela, e ela morre. Me escreva uma carta de sete páginas, Clarice.
Fernando
***
Clarice Lispector. Correspondências. Rio de Janeiro: Rocco, 2002, pp. 82-85.
[1] N.S.: Seminarstrasse, número 30, sede da Legação Brasileira em Berna, Suíça, onde trabalhava o marido de Clarice.
[2] N.S.: Pajé era como Otto Lara Resende era chamado no grupo dos quatro mineiros, composto por ele, Fernando Sabino, Paulo Mendes Campos e Hélio Pellegrino.
[3] N.S.: No dia 26 de maio de 1946, a polícia reprimiu um comício de Imprensa Popular do Partido Comunista Brasileiro, no largo da Carioca. A violência resultou na morte da estudante Zélia Magalhães, de 22 anos, militante do Partido.
[4] N.S.: Brazilian Literature: An Outline. Nova York: MacMillan, 1945. Reúne as conferências de Erico Verissimo do período em que lecionou na Universidade da Califórnia. Publicado no Brasil com o título Breve história da literatura brasileira pela Editora Globo em 1995.
[5] N.S.: Trata-se possivelmente de Perto do coração selvagem (1943).
[6] N.S.: Alusão à primeira estrofe de “Poética”, de Manuel Bandeira, que se encontra no livro Libertinagem (1930): “Estou farto do lirismo comedido/ Do lirismo bem comportado/ Do lirismo funcionário público com livro de ponto expediente protocolo e manifestações de apreço ao sr. Diretor.”
[7] N.A.: Referência à sua predileção por pipocas, que a levou um dia a me assustar com esta incontida exclamação de alegria infantil ao passarmos no meu carro em Copacabana diante de um pipoqueiro.
Fonte: https://correio.ims.com.br/carta/clarice-lispector-parece-uma-arvore/
#bookblr#litblr#clarice lispector#fernando sabino#cartas#literatura brasileira#literatura#meus#txt#story
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10 anos de NÃO
///// Nova série de risografias para assinalar os 10 anos da não (edições) \\\\\
Já estão disponíveis as impressões coloridas A3, em risografia, que reproduzem os desenhos das capas/contracapas da Colecção 32. Os originais de João Concha procuravam dialogar com poemas de autores tão diversos como Júlia de Carvalho Hansen, Sónia Baptista, Miguel Martins, Inês Francisco Jacob ou Duarte Drumond Braga, entre outros, recusando uma certa ideia de ‘ilustração’. Cada imagem é replicada numa série assinada e numerada, limitada a 10 exemplares.
///// Mais informação e pedidos via [email protected]
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Agenda de Novembro, 2023
02 a 30 – Festivais de Outono
Departamento de Comunicação e Arte da Universidade de Aveiro, Aveiro
Info/Bilhetes
02 – Mr. Blues Sessions
Cine Incrível, Almada
02 – Hércules
Maus Hábitos, Porto
22:00h . 10€
03 - Gary Yamamoto Saci Perere Ao Vivo
CRU, Vila Nova de Famalicão
23:00h . 5€
03 – Cuca Roseta “Amália e Orquestra”
Culturgest - Fundação CGD, Lisboa
19:00h
Info
03 - Indie Fest
Pátio do Sol, Barcarena
23:00h . 10€ com oferta de bebida
03 – Carminho
Coliseu dos Recreios, Lisboa
Info/Bilhetes
03 – Titãs
Altice Arena, Lisboa
21:30h
Info/Bilhetes
03 - X-Miles
Casa das Artes, Porto
21:30h
Info/Bilhetes
03 e 04 – Festival Profound Whatever
Moagem, Fundão
03 e 04 – Viseu Death Fest
Fora de Rebanho Ass., Viseu
04 – Emmy Curl
Teatro Municipal da Guarda, Guarda
22:00h . Entrada Livre
Info
04 – Music Azores 2023
Museu Francisco Lacerda, Calheta
17:00h . Entrada Livre
Info/Bilhetes
04 e 05 – Estoril Folk Fest
Casino do Estoril, Lisboa
Info/Bilhetes
05 - Spitgod + Dead Club + Idle Hand
Promotor: Ópio Events
Socorro, Porto
17:00h . 7€
Info
05 - Corinne Bailey Rae
Casa da Música, Porto
Sala 2 . 21:00h
Info/Bilhetes
06 – Madonna
Altice Arena, Lisboa
Bilhetes
08 a 12 – Sunburst Fest
Cine Incrível, Almada
08 a 29 – Jazz à 4º
Teatro Municipal de Bragança, Bragança
(Este evento repete-se todas as quartas-feiras de Novembro)
Info/Bilhetes
10 – Bárbara Tinoco
Centro Social e Cultural De Olival, Vila Nova de Gaia
Entrada Gratuita, mediante reserva para [email protected]
10 – Process of Guilt + Wells Valley + Murro
RCA Club, Lisboa
21:30h
Info/Bilhetes
10 – Jakaranda Blues
Clube Farense, Faro
10 - Cartaxo Sessions: HETTA + BØW + Critical + Damage Djset
Centro Cultural do Cartaxo, Cartaxo
10 e 17 – Power Stage Fest
Pátio do Sol, Barcarena
Info
11 – Mosher Fest
DRAC, Figueira da Foz
Reservas: https://www.mosherclothing.com
11 – GNR
Cine-Teatro de Alcobaça, Alcobaça
Info/Bilhetes
13 - Lord Friday the 13th
MINA, Bragança
22:00h . 10€
15 – 800 Gondomar + Facakill + Lizatron
Galeria Zé dos Bois ZDB, Lisboa
17 – Bezegol & Rude Bwoy Banda
Hard Club, Porto
Sala 1 . 21:30h
Info/Bilhetes
17 – Lebanon Hanover
Hard Club, Porto
Sala 2 . 21:30h
E no dia 18, no RCA Club em Lisboa
18 – Tons de Bossa
Casino Figueira, Figueira da Foz
23:00h . Entrada Livre
18 – Ao Lado | Outono CulturArte
Auditório Municipal de Reguengos de Monsaraz, Reguengos de Monsaraz
21:30h . 5€
Info
19 – Tatanka & Tiago Nacarato
Centro Cultural de Belém, Lisboa
21:00h
Info/Bilhetes
19 – The Saxophones
Promotor: Os Suspeitos
Auditório Francisco de Assis, Porto
19:00h
19 – Mannequin Pussy + Veenho
Galeria Zé dos Bois ZDB, Lisboa
21:00h . 12€
Info/Bilhetes
23 – Filipe Sambado
Auditório CCOP, Porto
PORTAS: 21:00h
24 e 25 – Festival para Gente Sentada
Theatro Circo, Braga
Info/Bilhetes
24 e 25 – Super Bock em Stock
Coliseu dos Recreios, Lisboa
Info/Bilhetes
25 - SpiritFest10
Promotor: Dedos Biónicos
Vários Artistas: Dark Alchemy, Gum Takes Tooth
TBA, Bragança
Info
25 – Slander Tongue
Village Underground, Lisboa
22:00h
25 – FFC Hardcore Fest II
Hollywood Spot, Estrelas do Feijó
25 a 26 – Vai-te Foder
Vários: Caos + Systemic Violence + DOKUGA + Pé Roto
Hard Club, Porto
PORTAS: 20:30h . 10€
29 – Jimmy P
Casa da Música, Porto
Sala Suggia . 21:00h
Info/Bilhetes
30 – Melanie Martinez
Sagres Campo Pequeno, Lisboa
20:00h
Bilhetes
30 – Carolina Deslandes
Altice Arena, Lisboa
Info/Bilhetes
30 – Luca Argel & Vânia Couto
Teatro Municipal de Bragança, Bragança
Info/Bilhetes
*OBS: Recomendamos verificar estas informações junto dos promotores ou sites oficiais
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Ventilador
Eu percebi que realmente o tempo voa quando olhei para o meu ventilador. É estranho, eu sei. Mas eu lembrei do Verão passado - aqui no velho continente eu criei o hábito de encaixar minhas memórias em pastas de acordo com a estação do ano - e de quando eu tomei a decisão de comprá-lo.
Estava um calor infernal e tão abafado quanto Volta Redonda. Eu não estava aguentando e decidi comprar um ventilador após passar uma noite inteira sem conseguir dormir. Na época, a Jéssica me acompanhou e rodou a cidade comigo em busca de um ventilador digno que não custasse o olho da cara. Passamos um dia inteiro andando pelos shoppings de Braga e não encontramos nada. Só não foi um dia perdido porque depois nos acabamos de rir da nossa busca e do estresse que foi aquele dia. Mas a busca não rendeu nada, depois eu precisei entrar em um site e comprei o ventilador online mesmo.
O Verão passou e eu o guardei na caixa bem bonitinho. O tempo correu, mas hoje eu precisei dele novamente e na hora que eu o vi, eu percebi que o tempo realmente passa. E foi aí que eu lembrei da Jéssica, que já está do outro lado do oceano agora. É verdade que eu senti a passagem do tempo, mas eu também vi as pegadas dele no meu ventilador.
Como se não bastasse esse devaneio, outra memória veio me visitar.
Quando o ventilador chegou na minha casa, eu enviei uma foto dele para o meu namorado contando sobre a minha nova aquisição. Na época, não havia hipótese de relacionamento, éramos unicamente ficantes livres e sem pretensões. Eu decidi abrir a galeria para rever a foto, que estava acompanhada pela seguinte legenda "olha quem chegou". Dei um sorriso para a vida e reafirmei o que eu sempre digo: o Cauan é a minha surpresa boa.
Voltei a realidade e ao agora. Neste momento, eu estou aqui sentada escrevendo esse texto no quarto dele, ele está ao meu lado trabalhando e o ventilador segue aqui como prova fiel da passagem e das mudanças do tempo.
Meu testemunho fiel de que tudo passa, inclusive o Verão.
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Ricardina é mais velha do que eu, mas não há quem diga: não chega ao meu ombro, é miúda e magra. Miúda e magra porém benfeita de corpo, e, agora, com os peitos crescendo, já está tomando jeito de moça. Ladina como ela só, não há quem lhe ganhe em esperteza e malícia, e, verdade seja dita, no trabalho não há outra igual, limpa e arruma na perfeição. Sempre cantando — voz bonita —, de cara alegre, não tem hora para descansar nem mesmo aos domingos e feriados. Se eu fizesse a metade dos serviços que ela faz já estaria morta há muito tempo. Cria da casa, quer dizer, não é uma empregada qualquer, não recebe ordenado. “... mesmo que filha”, ouço papai dizer ao referir-se a ela, Ricardina paga bem o prato que come. Adora quando a chamo de Ricarda, derrete-se toda, me faz confidências. É um regalo ouvi-la contar as histórias do tempo em que foi espantalho na roça do tio, antes de vir para São Paulo. Muito nova ainda, mas bastante ativa, ela corria pelos canteiros sacudindo trapos, espantando os passarinhos, salvando as sementeiras novas. Em compensação, não gosto de ouvi-la falar dos tempos em que perambulava pelas ruas de São Paulo, passando fome, pedindo esmola... Novidadeira como ela só, popular no bairro, Ricardina conhece Deus e o mundo, se dá com uns e outros... Seu grande amigo é o Duda, Eduardo, empregado da Farmácia Braga. Ela jura não serem namorados, apenas amigos, ambos ligados em música. Nas horas de folga, em geral depois de arrumar a cozinha, quando seu Braga, o patrão, dono da farmácia, tira uma soneca, ela corre ao encontro de Duda. Entre um freguês e outro que o rapaz atende, batem um papinho. É na farmácia que Ricardina fica a par da saúde da vizinhança; tira conclu- sões pelos medicamentos que compram.
— Desconfio que a Madalena está... — me disse a maliciosa, n’outro dia. — A mãe dela, coitada, nem desconfia que a filha está grávida... foi na Braga comprar Elixir Paregórico para o enjoo da filha... O que é que você acha?
— Eu não acho nada, Ricarda, não sou maldosa como você... Madalena é ainda nova para isso que você está dizendo... ela tem a minha idade... Imagine, Madalena de barriga!
Credo!
Há dias, ela chegou rindo, doida pra me contar uma coisa que certamente me escandalizaria:
— Escute só essa, Gê — ela também tem seu truque para me cativar com Gê pra cá, Gê pra lá —, você sabe o Nando, o do armazém? Ele veio pro meu lado com uma conversa fiada, querendo tirar farinha... com a cara mais lavada deste mundo ele me perguntou se eu já tenho pelinhos na xoxota...
— Ele falou xoxota, Ricarda? Tem certeza?
— Claro que falou! Não sou surda! Aliás, quer dizer, ele disse boceta, mas xoxota e boceta não é tudo a mesma coisa?...
— Ricardina ria, a descarada, só de ver minha cara.
— Você dá muita confiança para esses moleques... — ralhei, cara séria, me prendendo para não rir. — Não dê trela, fique no teu lugar...
— No meu lugar? — respondeu prontamente Ricardina.
— Que lugar?
Não encontrei resposta.
Zélia Gattai – Crônica de uma namorada – e de uma família paulista nos anos 50
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Santuário de Nossa Senhora dos Remédios - Lamego - Portugal 🇵🇹 by Vitor Oliveira Via Flickr: Restaurada a diocese no século XI, Lamego possuiu uma sé edificada no reinado de Afonso Henriques da qual nada resta. Da obra medieva sobra a torre lateral, do séc. XIII ou XIV, pois o templo foi reconstruído na transição do século XV para XVI. A fachada principal, obra do mestre João Lopes (1508-1515), é do gótico final. O interior foi renovado no séc. XVIII. O claustro apresenta belas arcadas renascentistas. O bispado de Lamego está documentado desde muito cedo na História do Cristianismo peninsular, datando a primeira referência de 572, ano em que o bispo Sardinário esteve presente no II Concílio de Braga. O edifício que hoje conhecemos começou a ser construído nos meados do século XII, por patrocínio parcelar de D. Afonso Henriques, sobre uma antiga capela dedicada a São Sebastião, esta mandada edificar pela condessa D. Teresa algumas décadas antes. Do período românico resta a monumental torre que flanqueia a fachada principal pelo lado Sul. De secção quadrangular, dispõe-se em três andares sobre forte embasamento, constituindo o último uma reconstrução mais recente do monumento original. Ao nível dos elementos divisores destacam-se as frestas de arco apontado do primeiro andar (como se de uma obra de arquitectura militar se tratasse) e as elegantes janelas de arco a pleno centro, de duas arquivoltas, do segundo andar. Estas são decoradas com meias-esferas e capitéis vegetalistas, circunstâncias que permitem atribuir uma datação algo tardia para o projecto, provavelmente já a rondar a viragem para o século XIII, tendo em conta que a obra, iniciada pela cabeceira, demorou ainda algum tempo a chegar à face ocidental e, consequentemente, às torres. Ler mais Durante a Baixa Idade Média, o conjunto edificado nas primeiras décadas da monarquia foi enriquecido com numerosos elementos, entre os quais algumas capelas funerárias, particularmente de membros do episcopado – casos de D. Paio, que instituiu a capela de São Sebastião em 1246; D. Domingos Pais, a quem se ficou a dever a Capela de Santa Margarida, em 1284; Nicolau Peres, deão, que patrocinou a Capela de Santa Marinha em 1299; ou D. Vasco Martins, que decidiu edificar a Capela de Santa Maria do Tesouro em 1302, entre muitos outros exemplos que poderíamos citar. Nos inícios do século XVI, o monumento foi objeto de uma importante reforma. O arranque dos trabalhos anda atribuído ao bispo D. João de Madureira, que entrou na cátedra em 1502 e o resultado foi a principal obra manuelina deste sector do reino, reservada à fachada principal, elemento primordial de cenografia e de impacto visual a todos quantos se aproximavam da catedral. Os três panos da frontaria, que denunciam o interior em três naves, passaram a conter uma tripla entrada harmónica, composta por portais de arco apontado (o axial inscrito em seis arquivoltas e os laterais em três), profusamente decorados com capitéis vegetalistas de secção oitavada e intercolúnio preenchido com motivos fitomórficos. As pilastras que dividem os panos são reforçadas por contrafortes rematados com cogulhos e, ao nível do segundo andar do corpo central rasga-se um grande janelão de arco abatido, inscrito em moldura rectangular, que se instituiu como verdadeira marca de estilo do projeto. Na Idade Moderna, o conjunto catedralício foi aumentado e enriquecido com outras obras, como o claustro (do período maneirista) e a nova capela-mor (barroca, bastante profunda e revestida por retábulo-mor, dois órgãos e tribunas, construída a partir de 1742). O transepto é igualmente barroco e foi realizado imediatamente após a conclusão da capela-mor, decorrendo os trabalhos até 1771. Por essa mesma altura dava-se corpo à sacristia e aos vários retábulos que ornamentam ainda a maioria das capelas devocionais do interior. Adaptado de: IPPAR /IGESPAR www.culturanorte.gov.pt/patrimonio/se-de-lamego/
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Rock, novela, política, nudez: Gal Costa inspirou mulheres a serem livres
[Texto opinativo sobre Gal Costa para a coluna PENSADORAS para UOL Universa]
De todas as cantoras brasileiras com mais de 50 anos de carreira, Gal Costa talvez tenha sido a que mais se reinventou ao longo dos anos. Essa capacidade de redescobrir-se foi uma das características mais marcantes da baiana Maria da Graça Costa Pena Burgos, nascida em Salvador em 1945 e morta em São Paulo na última quarta-feira (9).
Ela aprendeu cedo a usar a voz como instrumento e levou esse talento às últimas consequências. Versátil, transitou por diversos gêneros musicais e rompeu com os próprios padrões –e o que esperavam dela. Para além da música, botou as cordas vocais e os quadris pra jogo, deixando claro que o corpo é também uma ferramenta de expressão da maior importância, gritando para o mundo as suas verdades mais profundas. Sim, uma mulher pode ser várias ao longo de uma vida, apesar de a sociedade estar sempre tentando nos dizer o contrário.
Vejamos alguns exemplos. Se no primeiro disco, “Domingo” (1967), que dividiu com Caetano Veloso, a artista de voz doce e tímida se revelou uma discípula fiel de João Gilberto, os álbuns gravados na sequência, principalmente entre 1969 e 1971, deixaram claro o seu potencial para a estridência do rock. Nessa fase, ao tomar certa distância da bossa nova, Gal gravou Roberto e Erasmo Carlos, aproximou a jovem guarda da tropicália e alcançou o equilíbrio perfeito entre berros e sussurros.
Em 1971, a cantora de 26 anos vestiu uma saia bem abaixo do umbigo e apresentou o show “Fa-tal – Gal a todo vapor”, em que explorava os agudos cantando “Eu não tenho nada, antes de você ser eu sou amor da cabeça aos pés”, enquanto a guitarra de Lanny Gordin pontuava os versos de Moraes Moreira e Luiz Galvão ao fundo em “Dê um rolê”. A apresentação dirigida pelo poeta Waly Salomão, que deu origem a um disco ao vivo, cultuado até hoje pelas gerações mais jovens, representa também o engajamento político da artista, ao se colocar como uma das porta-vozes da resistência à ditadura militar enquanto Caetano e Gilberto Gil seguiam exilados.
Anos mais tarde, em 1973, ela teve a capa do disco “Índia” censurada pela mesma ditadura. Quem, naquela época, teria coragem de publicar um close da virilha? Gal Costa, claro. Recentemente, a cantora voltou a se posicionar politicamente, criticando Bolsonaro e lamentando as consequências da pandemia.
No fim da década de 1970, a figura de Gal já estava consagrada e sua imagem de sensualidade espontânea já estava gravada no imaginário popular brasileiro. Em uma cena hoje antológica da novela “Dancin’ Days” (1978), de Gilberto Braga, a artista canta em uma festa na casa de Júlia, personagem de Sônia Braga na trama, com a cabeleira imensa solta no ar, os lábios vermelhos. Foi nessa época que surgiu “Gal tropical” (1979), em que ela usava o timbre claro e definido em faixas como a marchinha pop “Balancê”, e seguiu frequentando as trilhas de novelas globais, nem aí para a opinião dos puristas.
Em um de seus mais controversos espetáculos, em 1994, a cantora exibiu os seios no palco do Imperator, no Rio de Janeiro, ao cantar “Brasil”, de Cazuza, no show de lançamento de “O sorriso do gato de Alice”, dirigido por Gerald Thomas. Parte do público carioca recebeu mal a proposta e vaiou a artista, enquanto alguns veículos que publicaram fotos da cena foram criticados. Além do figurino inesperado, uma camisa larga que podia ser desabotoada com facilidade, o show começava com Gal engatinhando ao som de guitarras distorcidas, contrariando as expectativas de quem esperava a postura padronizada de uma diva da MPB.
De peito aberto, Gal avançou pelos anos sem medo de mostrar a voz que ganhou intensidade, e seguiu explorando gêneros como a música eletrônica e o funk carioca. Ao mesmo tempo doce e bárbara, ela segue nos inspirando e lembrando que, em 2022, ano que começou com a partida de Elza Soares e termina sem Gal Costa, apesar de tudo, é preciso estar atenta e forte.
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hey since you have an interest in Gaelic stuff and you have a northern rib, I stumbled upon this wikipedia page: https://en.wikipedia.org/wiki/History_of_Portugal#Etymology which states that the name Gaia (as in Vila Nova de Gaia) comes from the name of the Celtic god Cailleach. I haven't been able to verify this, maybe you can get your hands on some reputable sources? 👀
OOOOH I will definitely get into this as soon as I get the chance.
I've heard similar of Braga, I believe. Or maybe it was Bragança, I forgot. I forget what the gaelic name was, but in myths the Milesians come from Iberia, and there's a dude named Brig-something that manages to spot Ireland from a tower he built. Some scholars apparently believe this to be Braga, while someone believe it to be a city in Spain, forgot which. I have to look into that again
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ANTÓNIO VARIAÇÕES (3 Dez. 1944 - 1984)
António Joaquim Ribeiro, o Variações, tinha a duplicidade que complica as coisas e torna interessantes certas existências. Exuberante e discreto, arrojado e tímido, expansivo e secreto, desabrido e delicadíssimo, magnético, atravessou como um meteoro o Portugal pasmado, escuro, de brancas peúgas, pouco tolerante a adereços estranhos e objectos ao dependuro.
Ave raríssima lhe chamaram, difícil de catalogar, de enquadrar, de encaixar, difícil até de descrever. Numa curiosidade insaciável, às vitrinas do primeiro salão de cabeleireiro unissexo do país, de Isabel Queirós do Vale, onde exerceu com enorme sucesso a sua profissão de barbeiro (sempre recusou o título de cabeleireiro) afluiu um rio de gente para ver e fotografar a sua figura exótica.
De um mero lençol, de peças de lona de toldos de praia extraia modelos nunca vistos que faziam arremelgar os olhos do Portugal pequenino do cu da Europa, pouco habituado a cortes ao arrepio das tendências, a cores insolentes. Vistoso, fazia parar o trânsito ao descer a Avenida da Liberdade, vestido de branco, chapéu colonial e papagaio colorido de madeira encarapitado no ombro. Um sapato de cada par, uma meia de cada cor, como se a sua figura fosse incapaz de acertar com as regras do bom uso e do bom-tom.
E depois havia as botas cardadas, as invernosas pantufas de feltro e roupão aos quadrados, a fazer as vezes do sobretudo – tudo a compor um “espectáculo público, gratuito e fascinante”. Na festa “Depois do Modernismo”, em janeiro de 1983, Variações caprichou: collants, rede de capoeira moldada à camisola, onde vinham fixar-se fechaduras e dobradiças de portas, cadeados, numa aparatosa toilette de fazer saltar os parafusos ao mais férreo pós-modernista. Um fenómeno.
Com a tesoura celebrou um pacto: “a tesoura ganha para a música”. E o som da tesoura fez-se ouvir na sua própria barbearia, "É pró menino e prá menina". Era ainda antes da aura de prestígio que haveria de envolvê-lo no início dos anos 80 e do tempo do ícone que rapidamente viria a ser o António Variações, um nome que o próprio fez questão de aclarar: “Variações é uma palavra que sugere elasticidade, liberdade. E é exactamente isso que eu sou e que faço no campo da música. Aquilo que canto é heterogéneo”.
Cantor e compositor inimitável, renovou a música ligeira portuguesa e marcou a história das mentalidades do Portugal contemporâneo: voz surpreendente, de larga amplitude, impregnada de fado, conjugando originalmente o folclore com sonoridades cosmopolitas – o rock, o pop, o blues; música difícil de catalogar, tanto assim que o próprio a descreveu como coisa situada “entre a Sé de Braga e Nova Iorque”; letras poderosas contendo o registo da observação quotidiana e a sua vida de solidão imensa; energia avassaladora a ondear num corpo que exibe o seu lado de performer extraordinário – como nenhum antes nem nenhum outro depois; imagem única, com uma popularidade visual que fez dele um artista antes mesmo de o ser, decorriam então em Portugal os anos 70, adoecidos de tristeza.
Nasceu em 1944 no lugar do Pilar (Amares, Braga), “demasiado cedo” – disse com a lucidez de quem se sabe para além do seu tempo. É, aliás, através do que muitos classificaram de heresia que António Variações emerge no mercado discográfico, em Junho de 1982, depois de algumas aparições extraordinárias na Rádio (“Meia de Rock”, da Renascença) e na Televisão (O Passeio dos Alegres, de Júlio Isidro) e de quatro longos anos sobre o contrato assinado com a Valentim de Carvalho. “Povo que Lavas no Rio” era essa “heresia”, uma versão do tema de Amália, integrando o lado B do maxi single “Estou Além”. A musa torceu o nariz, zangou-se mas depois rendeu-se àquele cantar inqualificável. Seguiu-se o LP “Anjo da Guarda” (1984), incluindo os êxitos “O Corpo é Que Paga” e “É P’ra Amanhã”, temas que continuamos a trautear e que, na altura, silenciaram as vozes mais detractoras.
Quando “Canção de Engate” (“Dar & Receber”, 1984) invade as rádios portuguesas, já a morte o cercava numa cama de hospital, pois nele o triunfo coincide com o fim. Broncopneumonia aguda seria a causa apontada para a morte do cantor, mas os cuidados extremos que se seguiram (queima da ambulância que o transportara, da cama, da roupa de cama) e a selagem do caixão “por constituir perigo para a saúde pública” agravariam as suspeitas de Sida, o primeiro caso conhecido em Portugal.
Em vida foi-lhe atribuído um único prémio: um dos mais mal vestidos do país. Recebeu o galardão, em 1983, não sem contestar a capacidade do júri para avaliar estilos de bem-vestir: “o estilo sou eu!”. E estava certo.
Sonhou, desde a primeira infância, repartida entre os estudos e o trabalho no campo a que se furtava, com a música e o mundo do espectáculo. Num desfile de modelos excêntricos e adereços bizarros, ao olhar de uma Lisboa que então sofria acentuadamente da doença da homogeneidade, fez da rua o palco que, ao fim de vários anos de tentativas e muitas decepções, se multiplicou por fim em espectáculos ao vivo.
Inconformado com a imobilidade do berço minhoto, à capital chegou, menino feito adulto, em 1956, iniciava a Radiotelevisão Portuguesa as suas emissões experimentais. E há-de sustentar-se de trabalhos tão variados quanto ocasionais. Depois do serviço militar, feito em Angola onde chegou a dar catequese, ruma a Londres para uma estadia breve. Segue-se Amesterdão, cidade onde todas as diferenças se conjugam. Aqui, adquire um significativo pecúlio de vivências e um curso de cabeleireiro.
Foi um ser em mudança, uma existência em trânsito, cantada numa busca sempre insatisfeita.
Teresa Carvalho
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Leah Singer e Lee Ranaldo homenageiam Lourdes Castro no gnration em Braga
DR O guitarrista de Sonic Youth e a artista multimédia apresentam uma nova performance de Contre Jour, inspirada na obra da artista visual portuguesa. Dia 30 de novembro, pelas 18:00, Leah Singer e Lee Ranaldo trazem ao gnration Contre Jour, com a apresentação do espetáculo All Lights are Shadows. Nesta performance, o duo combina guitarras acústicas, elétricas e instrumentos digitais para criar…
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