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Moda & Picadilha com Gabrielle Medeiros
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No “Moda & Picadilha” de hoje, pauta da revista dedicada a falar da beleza, da realeza, do style, do swag do nosso povo periférico, batemos um papo com a afro empreendedora Gabrielle Medeiros. A goiana de 19 anos, moradora do Setor Central, rompeu com os padrões eurocêntricos na moda. Quando se viu com dificuldades de conseguir emprego, começou seu próprio empreendimento no segmento da beleza negra. Hoje, está muito bem obrigada, dia após dia consolidando seu espaço. Abaixo, entrevista com Gabrielle Medeiros. Confere aí seus “Não toca no meu cabelo”.
Marginal Mente: Quem é Gabrielle Medeiros?
Gabrielle: Eu sou uma mulher negra há 5 anos, pois até então eu não me via e nem me impunha como tal.
Marginal Mente: Há quanto tempo você faz esse trabalho?
Gabrielle: Eu trabalho como a rastafari há 2 anos e meio.
Marginal Mente: O que te levou a ser empreendedora no segmento de beleza negra?
Gabrielle: Trabalhei 3 anos em um salão onde eu fui embranquecida por dentro e por fora, perdi totalmente minha personalidade e pude perceber o quanto é doloroso quando passei novamente pelo processo de transição. O intuito principal do meu trampo seria facilitar esse processo doloroso pra manas pretas que estão passando por essa transição. Kkk e o amor que eu tenho pelo cabelo afro, é lógico.
“Trabalhei 3 anos em um salão onde eu fui embranquecida por dentro e por fora, perdi totalmente minha personalidade e pude perceber o quanto é doloroso quando passei novamente pelo processo de transição.”
MM: Qual o perfil da sua clientela?                          
Gabrielle: A maioria das clientes são negras, às vezes algumas pessoas brancas me procuram pra trançar kkkk péssimo.
MM: Quais tipos de trança você faz?
Gabrielle: Trança nagô, raiz, box braids e penteados pra cabelo crespo.
MM: Quantos clientes você atende por semana?
Gabrielle: No mínimo 2 clientes por semana.
MM: Quanto custa seu trabalho?
Grabrielle: 150 mão de obra das box braids, 50 nagô (raiz).
MM: Você já vive somente desse trabalho?
Gabrielle: Sim, meu sustento.
MM: Você atende em local fixo?
Gabrielle: Atendo onde for melhor pra cliente, na minha ou na casa dela.
MM: Pra quem deseja contratar o seu trabalho, quais as formas?
Gabrielle: Contato: 62 992229357
Instagram: ursulla_rastas
Facebook: Gabrielle Medeiros
“Desde o principio eu sofri muito com meu cabelo curto. E as pessoas, sei lá, ninguém me informou que eu podia mais do que aquilo. A galera sempre me impunha.”
MM: Você pretende expandir seu negócio? Onde você deseja chegar com ele?
Gabrielle: Esse ano tenho planos de ter um lugar fixo e abrir um mini Studio pra cabelos afro, tô juntando uma grana pra poder adquirir mais coisas pra Studio. Quero poder contratar manas pretas trancistas aqui de Goiânia pra trampar comigo, já tenho uma parceria com uma preta.
MM: Você disse que seu trabalho é facilitar o processo de transição, você passou por transição? Se sim, explique-nos como foi.
Gabrielle: Foi doloroso, não tive apoio de família e nem de amigo, a minha mãe me ofereceu dinheiro pra que eu passasse alisamento, ao decorrer do tempo que eu fui conhecendo pessoas negras que foram muito influentes nessa minha trajetória. As pessoas nunca me informaram que eu poderia colocar um rastafári. Desde o principio eu sofri muito com meu cabelo curto. E as pessoas, sei lá, ninguém me informou que eu podia mais do que aquilo. A galera sempre me impunha. Não era relaxamento, mas eram produtos que definiam os cachos, que abriam os cachos sempre, sempre, sempre...
MM: Como você vê o espaço das mulheres negras no mercado de trabalho?
Gabrielle: É um espaço que está sendo conquistado aos poucos. Por exemplo, eu fiquei um ano e meio desempregada e eu tenho vários cursos, ensino médio completo, eu fui atrás de vários empregos, fiz várias entrevistas, as oportunidades são mínimas, mínimas, mínimas. E todos os cargos que me submeteram eram cargos totalmente inferiores a qualquer trampo. E quando a gente não acha uma solução ou a mulher preta se vira com os dons que graças a deus me foram concedidos ou você vai procurar um Call Center da vida, qualquer coisa do tipo. Mas é um bagulho a ser conquistado ainda.
MM: Como você vê o momento da negritude em Goiânia?
Gabrielle: kkkkk essa nem vou responder.
MM: Você falou em transição, de alguma forma você tem que fazer algum tipo de preparação psicológica nas clientes?
Gabrielle: Sim!!!!! Muitas das vezes eu as acompanho durante toda a transição até completa-la. Tem uma cliente que a gente começou o processo de transição há 2 anos, foi uma das primeiras clientes e eu a conheci no colégio. Começou a conversar sobre, ela disse que não tava satisfeita com o cabelo dela, eu tava começando meu processo de trabalhar com as tranças, aí eu fui conquistando, hoje ela consegue usar o cabelo dela afro, até a gente tem um acompanhamento, eu vou a casa dela pra fazer as tranças, porque a mãe dela não deixa ela sair. Então tem todo um acompanhamento, desde o primeiro processo até hoje eu acompanho essa mina e outras.
MM: Mande seu recado pras manas negras de Goiânia. Passa a visão!
Gabrielle: NOIS MULHERES NEGRAS SEMPRE UMAS PELAS OUTRAS! O FORTALECIMENTO VEM DA NOSSA UNIÃO!!! NUNCA SE ESQUEÇA DA SUA MANA PRETA!!! SEMPRE ELOGIE UMA PRETA!
MM: Manda um salve pra favela.
Gabrielle: Um salve pra toda galera preta que sabe de onde veio e por que veio.
Abaixo, fotos de alguns trabalhos de Gabrielle Medeiros.
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