#MONICAPRESENTE
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filosofialesbica-blog · 7 years ago
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Marielle e Mônica, PRESENTE!
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"Lésbicas tem, acredito, uma relação particular com a opressão. Lésbicas são espancadas, são negadas a ter emprego, moradia, custódia de filhas e filhos; somos expelidas das universidades, internadas em hospícios, somos alvo de experimentação, assassinato e enfrentamos todo tipo de brutalidade que outras pessoas enfrentam sob diferentes formas de opressão. Mesmo assim, ainda que os efeitos sejam similares, penso que a opressão contra as lésbicas se distinguem de outras formas de opressão.
Em minha estimativa, lésbicas como um grupo não são primariamente marcadas como bodes expiatórios como, por exemplo, a opressão dos judeus foi construída. Lésbicas como um grupo não são primariamente caracterizadas de inferiores e retrógradas culturalmente como ocorre na justificativa de sistemas escravistas ou de exploração econômica. Lésbicas não tem suas terras roubadas para serem delimitadas e realocadas em reservas como ocorre na opressão contra os nativos norte-americanos. E lésbicas não são primariamente caracterizadas em relação a outros de forma que se defina nossas identidades como completas e nossa natureza preenchida através da subordinação de nossas vidas aos membros da sociedade dominante, como acontece na opressão contra as mulheres. A FORMA da opressão lésbica não é, em primeira instância, uma RELAÇÃO.
A sociedade paterna, ao invés disso, NEGA formalmente a existência lésbica: uma lésbica é descrita como uma mulher (heterossexual) que odeia homens (odiadora de homens/misândrica); o lesbianismo é tido como uma fase na vida de uma mulher (heterossexual); a lésbica é vista como uma mulher (heterossexual) que não é capaz de conquistar um homem; a lésbica é taxada como um homem no corpo de uma mulher (heterossexual). [...] E a ideia de mulheres amando mulheres é, então, impossível, inconcebível"
O presente trecho de Éticas Lésbicas (Lesbian Ethics) de Sarah Lucia Hoagland me remeteu instantaneamente ao fato de que a mídia, em grande parte, pretendeu negar a existência de Mônica, a companheira de Marielle. Programas e manchetes jornalísticas de massa não mencionaram sequer uma vez o fato de que Marielle era ativista LÉSBICA, negra, periférica. Ela estava confrontando o genocídio contra o povo negro e marginalizado, e também estava confrontando a lesbofobia! Em seu último pronunciamento aos parlamentares, Marielle afirmou a palavra LÉSBICA inúmeras vezes e enfatizou o combate contra os lesbocídios que acontecem no país. Expôs a atrocidade do fato de que, por semana, em geral, uma lésbica é assassinada, por ódio. Isso contando que nem todas, provavelmente, chegam ao conhecimento da população.
Até mesmo dentro dos movimentos sociais e de grupos autoproclamados feministas (heterossexuais, rs) a lesbofobia se manifestou no sentido da invisibilização e hostilidade contra as lésbicas que estão denunciando o crime como de ódio racista, fascista e lesbofóbico! Mulheres hostilizando lésbicas por dizermos a verdade que o patriarcado sempre buscou e sempre buscará negar: NOSSA EXISTÊNCIA E RESISTÊNCIA. Pessoas quiseram espalhar a falsa notícia de que Marielle era uma mulher bissexual. O que quem sabe o mínimo sobre o ativismo dela vai notar rapidamente que não é realidade. Um grande desrespeito e uma grande hipocrisia são as palavras que consigo usar para definir tamanho mal gosto! E como se não bastasse, rumores e difamações circulam a respeito de anos remotos da vereadora. Porém RESISTIMOS, de luto, LUTAMOS! Não permitiremos que a existência das lésbicas negras que vem confrontando e sofrendo as mais drásticas consequências da violência policial seja esquecida!
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