#Já desejei assisti-lo...
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#Eu AMO assistir filmes de ação...#Estrelado por mulheres...#Céus#este filme entrega muito...#Quando vi o trailer do mesmo...#Já desejei assisti-lo...#E então#seu momento chegou! 🤩#Filme: As Agentes 355 (2022) 😍🎬😍
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Apostando Alto (Startup)
Trama:
Apostando Alto nada mais é que um dorama coreano de romance adulto. Sobre a protagonista Dalmi. A protagonista sofrera quando jovem a princípio com a dificuldade financeira, depois a separação dos pais, em sequência a indiferença e frieza de sua mãe e de sua irmã ao abandoná-los quando a mãe aceita se casar com um cara rico e se muda para outro país sem pensar duas vezes. A avó de Dalmi— Mãe de seu pai.— encontra um jovem rapaz aparentemente perdido durante uma tempestade e tanta ajudá-lo. Mas a dureza e frieza do órfão o impede de receber sua ajuda. Jipyeong cresceu sem pais e viveu até a sua maioridade em um orfanato. Ao ser “chutado” pelo orfanato pela maioridade, sai a procura de emprego e abrigo. Sua relação com a avó de Dalmi fora muito difícil pela sua frieza. Ele não queria ajuda mesmo precisando. Por causa de ausência de pais, se tornou uma pessoa difícil de se abrir e admitir o que sente. Entretanto, a avó de Dalmi fora bastante paciente. Cedeu um lugar para ele ficar e logo eles se entendiam vagarosamente e Jipyeong deixava de ser cada vez menos rude com a senhora. E como mãe e vó que ela foi e ainda era, se apegou a ele.
Jipyeong fora incentivado pela a avó de Dalmi a escrever uma carta de consolo para sua neta, ele negou a princípio. Mas fora convencido com o argumento de que ele estaria recompensando a ajuda dela. Depois de aceitar disse que não queria relevar quem era de verdade. Olhou em um jornal próximo a ele, viu uma reportagem de um garotinho chamado Dosan e decidiu escolher esse nome.
Jipyoeng recebeu uma resposta de Dalmi. Escreveu de volta. Os dois trocaram cartas por um longo tempo. Até que Jipyeong fora embora devendo uma dívida para a Avó de Dalmi.
Dalmi esperou uma carta de volta, por muito, muito tempo. Para piorar Dalmi perdeu seu pai em um acidente de carro. Anos se passaram. Vida adulta. Jipyeong se tornou Ceo, sua irmã voltara ao país. Sua mãe também. E sua avó trabalhara vendendo cachorro quente na rua, ganha pão dela e de Dalmi.
A protagonista tinha um sonho de ser uma grande e influente Ceo. Era bastante inteligente. Então ela se inscreveu na Sand-Box que é um vale do silício fictício onde futuros Ceos terão ajuda de profissionais para impulsionar em suas carreiras como empresários. Dalmi deseja reencontrar Dosan também. Seu primeiro amor. Nessa nova fase de sua vida, sonho para se realizar, reencontro de sua irmã, mãe, Jipyeong e um novo amor. Dosan.
Jipyeong descobriu que Dalmi estava atrás dele. O garoto das cartas (que deu seu nome de Dosan). E, tentou buscar o verdadeiro Dosan — O que vira no jornal — para que Dosan encontrasse com ela e a dispensasse.
Porém ao encontrá-lo. Percebe que Dosan precisa de uma ajuda com a sua startup, SamSamTech. Com seus dois amigos. Eles não tinham investimentos. Jipyeong seria a pessoa perfeita para ajudá-los. Trabalhara nisso, ajudava novas empresas e investia nelas. Mas não gostava da ideia da SamSamTech. Foi honesto e franco demais com eles. Não havia gostado o suficiente para investir. Não acreditava no potencial dele e de seus amigos.
Dosan ficara chateado com a sua reação e resposta. Mas aceitou logo depois em ajudá-lo com Dalmi. No começo não gostou muito da ideia. Mas apareceu na festa surpreendendo Jipyeong tanto quanto Dalmi. Dosan fez o que havia lhe pedido, saiu com ela, confessou que era o Dosan das cartas e lhe deu carona. Porém não quis mais deixar de encontrá-la. E insistiu em continuar em menti sobre as cartas. E se apaixonava mais e mais por ela mas Jipyeong mostrou não ter gostado disso. Dentro da SandBox Dalmi vive uma competição com irmã Injae, entretanto o amor que sentem uma pela outra nunca deixara de existir.
Jipyeong:
Esconde tão bem seus sentimentos que engana muito bem a si mesmo. E Não os admite nunca. Se mostra forte na frente das pessoas. Rude, muitas das vezes com a avó de Dalmi que sempre lhe tratou bem. Mas sei que a ama também e se importa muito com ela. Apenas não quer mostrar. É honesto. Gosto disso. Ser franco é a sua maior qualidade, e as pessoas demoram a aceitar sua sinceridade porque provavelmente lhe atingiram no peito.
Jipyeong é extremamente inteligente, e sei que é possível ser culpa de seus pais por desenvolver esta personalidade difícil de conviver, mas o rapaz se mostrou bastante forte e esperto que sua vida, evoluiu muito. Passou de um pobre sem ter onde morar para um grande empresário. Mas infelizmente (infelizmente mesmo, estava torcendo por ele) foi burro em relação a Dalmi porque já errou em trocar de nome, não havia motivos tão grandes para fazer isto. Mas tudo bem, ele só mentiu sobre seu nome. Porém, simplesmente quis sumir sem continuar mantendo contato com seu amor. Sei lá, voltasse depois de um tempo. Mas a ignorou mesmo.
Mais uma chance recebeu quando a reencontrou, mas nada fez. Até hoje me pergunto por quê ele simplesmente ignorou o que eles viveram nos primeiros dias. Se mostrou indiferente com ela por perto (esse eu fiquei chocada, seu primeiro amor bem do seu lado e você age como se essa pessoa fosse alguém incomum). Então lembrei que o cara é bom em esconder seus sentimentos. (Mas ainda fiquei inconformada.)
Jipyeong parece até um antagonista e coisa assim mas ele é apenas franco. Não consegue falar tudo o que gostariam de ouvir. Diz o que deve. E confesso que concordo com ele ao ser franco. Ele tem muitas experiências. Mas tem coisas que devemos ter cuidado ao falar. Via uns exageros em suas falas. Não é atoa que depois de ter humilhado Dosan e seus amigos, eles provaram que tinham capacidade. Por que, uma coisa é você dizer “Não vai dar tanto sucesso se fazerem desse jeito” e outra é dizer “Não vão conseguir se fazerem desse jeito”. Bem em frente o rosto da pessoa. Dói, né?!
Se Jipyeong merecesse ficar com Dalmi, era porque ele fez por merecer e lutou por ela. Quando assisti não vi nada disso. E a perdeu. Teve mais uma outra chance durante um ano e nada aconteceu. Torci por eles dois mas Dosan estava me encantando e me fez escolher torcer para ele agora e Jipyoeng nada fez mais. Está justíssimo, sim.
Dosan:
Honestamente perdia um pouco sua personalidade pelo personagem viver grudado ou falando ou pensando em Dalmi concordando tudo com ela e com isso não dava para saber suas opiniões. Mas não o impedia de ser um grande fofo. Dosan é um ser incrível e apaixonado. Tem um grande coração porque ajudou a criarem um aplicativo para deficientes visuais só por causa da doença da avó de Dalmi.
Eu via o seu grande amor por ela. Não sei se é do ator mesmo. Mas compreendi que estava apaixonado e não demorou ao se confessar. Sempre esteve ao seu lado. Isso só comprova que ele mereceu estar com Dalmi. Seus amigos uma vez falaram mal da garota mas ele a defendeu. E acredito que sempre iria a defender. Eu via que Dalmi gostava dele mesmo. Eles saíam. Riam juntos. Paqueravam. Porque seria injusto?
Dalmi:
A vejo como uma grande mulher! Muitíssimo forte depois de ter sido esnobada pela mãe e sua irmã, que também era a sua melhor amiga. Perdeu a sua maior influência, seu pai. Deixou de se matricular na faculdade para ajudar sua avó no trabalho. Manteve seu otimismo e fé. Sofreu tanto. Fico triste com isso, coitada. Mas graças à Deus é uma mulher forte. Eu entenderia se sua personalidade mudasse. Ficasse mais séria e fria. Mas lembro que nem todos sofre dessa mudança.
Em relação as competições que teve com a Injae com suas startups, desejei que a mais velha desse uma resposta bem dada a ela para parar de alimentar briga de irmãs. Gosto da realidade. E na realidade, quando não é você quem começa uma inimizade e nem tem as piores atitudes mas arma um jeito para se dar melhor e alimentar essa rivalidade, você também pode e merece levar uma esporro bem dado ou passar uma vergonha. Mas a outra pessoa vai sofrer pior. Ou seja, torci para que Injae recebesse uma repreensão do padrasto mas que Dalmi merecesse um “deboche” bem dado de volta pra aprender a não alimentar briga desnecessária.
Mas de um lado, torci pela reconciliação das irmãs e da mãe. É uma família. O amor não pode acabar. Se amem e não percam tempo, se perdoem. Voltem a serem melhores amigas. E voltaram :’).
O Dorama:
Diga: “Dorama bem desenvolvido e maduro” e eu respondo ���Apostando Alto”. Verdades sejam escritas, né?!
Dos últimos que eu assisti este foi sem questionar o mais maduro dorama que já assisti. É mais realístico. Digo, conta sobre a personalidade complicada de Jipyeong sem o espectador o considerar antagonista. Imaturidades e maturidades de todos os personagem. Que são pontos excelentes. O dorama mostra para os espectadores o quão ruim é esconder sentimentos e emoções pelo personagem Jipyeong porque perderá o amor de sua vida. O quão horrível é omitir e mentir para alguém, principalmente para quem ama. Porque pode perde-la, no caso do Dosan. E mostra isso de modo maduro.
Aliás, torci para Jipyeong mas ele não tomava nenhuma atitude qualquer e agia indiferente com Dalmi. Dosan se mostrou um louco apaixonado que até disse “Dalmi é a única coisa boa que tenho” como não torcer por ele?
Apesar de serem protagonistas, Jipyeong e Dosan erraram em manter esse segredo cruel para Dalmi. Dosan quando vira a jovem, se encantou tanto com ela que tinha medo de entristecê-la ao contar a verdade. Tudo bem, é compreensivo, mas errado. E pagou pelo que fez. Isso gostei no dorama. Todos que erraram aprenderam com o erro e no final aconteceu o que mereciam.
Este dorama mexe com suas emoções, na atuação, na trama, enredo. Todos atuam belissimamente bem. Me surpreendeu mais os dois protagonistas, principalmente o Jipyeong jovem. Infelizmente a protagonista senti que faltou mais arte da atuação mais paixão pelo seu trabalho.
Personagens insuportáveis, padrasto e o “irmão” de Injae estão em 1° e 2° lugar consecutivamente. Depois a própria Inaje e sua mãe. Nunca me irritei tanto com um personagem como me irritei com esse dois. Zero paciência.
Simplesmente amei o arrependimento da mãe e Injae. A mãe conseguiu morar com Dalmi e sua avó e gostei disso também que é sobre o perdão. Lógico que nada vai voltar como era antes mas dar abrigo quando ela não tinha nenhum lugar para morar é um ato de compaixão e amor. Confesso que fiquei em dúvida se seria genuína o arrependimento delas ou só “quebrei minha cara e voltei a ser pobre, então me perdoe”. Ao invés de reconhecerem que erraram ao preferirem dinheiro do que a família. Só com o tempo mesmo.
O dorama quis dar mais atenção ao amigo de Dosan, Yongsan. Ao fazê-lo como um louco e futuro assassino que está se vingando pela morte do irmão, que se suicidou ao ouvir críticas duras de Jipyeong. É até interessante. Mas final deste desenvolvimento de se vingar, aconteceu nada. Literalmente. Desenvolveu um grande suspense para acontecer nada. Outro ponto negativo dessa vingança, é escolher logo o Yongsan que não se mostrou suspeito em nenhum momento de todo o dorama. Nem quem é um “Sherlock Holmes” diria que fosse o Youngsan o louco vingarista. Seria tão mais óbvio ser Alex. Seu semblante era de “estou tramando um plano”. Mesmo ter tramado mesmo, mas não esse plano. Poderia descartar muito bem essa ideia porque não mudou nada na trama.
Gostei por ser maduro, com personagens tendo erros e acertos e obtendo destinos de acordo com suas escolhas e atitudes. Diferente de outros doramas que assisti onde o final só aconteceria em contos de fadas. E um beijo do Dosan e Dalmi muuuuuuito apaixonante.
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Diário Pessoal de Elunaera - Entrada III
Minha primeira memória de Evar é certamente a de sua silhueta já muito alta para a idade, então com cinco anos, me encarando como se eu fosse uma peça de arte extremamente esquisita enquanto nossos pais insistiam que ele me levasse para brincar no jardim.
“Selenae não é minha mãe!” ele dizia enquanto batia os pés, fazendo com que papai revirasse os olhos e se agachasse ao seu lado.
“Elunaera ainda é sua irmã. E você deve respeitar sua madrasta também.”, ele dizia em tom severo, apesar de não parecer tão bravo.
A mãe de Evar e Dearno fazia parte do exército assim como nosso pai e, após o divórcio, decidira ingressar em um exército particular em Mognagral, decidindo não levar os filhos por acreditar que eles teriam oportunidades melhores com o pai, que tinha mais tempo para lidar com os pequenos do que ela. Nunca a havia visto, mas sabia que ela era uma mulher forte e bastante ligada a seu cargo de general. Ao contrário de nosso pai, ela não possuía um título de nobreza e provavelmente detestara cada segundo de sua vida nobre, por isso decidir ir embora.
Eu sempre senti que o maior motivo da frustração de Evar foi ver sua mãe ir embora e admitir para si mesmo que ele não poderia estar com ela. Gradualmente ele acabou por fazer amizade com minha mãe, aprendendo até mesmo seu idioma, mas eu sempre fui considerada a criatura esquisita da casa, até que ele se tornasse um adulto.
“Elunaera é esquisita. Suas orelhas são esquisitas. Seu rosto é pontudo e seu olhos me assustam!” Ele gritou. Foi a deixa para que Dearno entrasse nada sala e puxasse o irmão mais novo para o canto, dizendo que ele não deveria dizer essas coisas ou eles não treinariam mais com as espadas de madeira. Ele era incrivelmente maduro para sua idade e, naquele momento, era também meu salvador.
Eu me recusei a sair para o jardim quando eles estivessem ali, mas sempre os observava da janela enquanto minha mãe me ensinava algo na mesa diretamente abaixo dela. Conhecidos passavam pelo quintal e os cumprimentavam, depois reverenciavam minha mãe e então me olhavam como se eu fosse a coisa menos interessante ali. A criaturinha que pegara as características menos agradáveis de ambas as raças. Eles então seguiam para falar de negócios com meu pai enquanto eu os encrava e questionava o motivo de serem tão desagradáveis.
Aquilo tudo fez de mim uma pessoa reclusa. Aprendi piano, violino, ballet e quatro idiomas, mas nunca tive amigos para conversar.
“Sou Elunaera Margrave, filha de Ellair Margrave.” me apresentava, sempre que possível, quando visitávamos eventos e eu via outras crianças. Às vezes conseguia amigos, às vezes conseguia apenas olhares desgostosos, mas nada muito duradouro, afinal, eu teria que ir embora logo mais.
Tive poucas oportunidades de fazer amigos em Naelu porque a cidade era grande e cheia de estrangeiros o tempo todo. Meus pais temiam por minha segurança e sempre obrigavam Dearno ou Evar a me acompanharem.
Evar arranjava encrencas quase que semanalmente na cidade, então foi proibido de me acompanhar porque minha mãe temia que eu fosse acabar com um olho roxo como ele. Dearno era apenas… Diferente. Metia medo nas pessoas.
Acabamos nos tornando melhores amigos porque ele me acompanhava frequentemente até as lojas da cidade ou até a praia. Ele me ensinou a nadar.
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Olhar meu grupo era engraçado. Ninguém ali era como Dearno. Nem tão elegantes, nem tão assertivos. No entanto, eu me sentia tão confortável quanto.
Era como se a pequena Elunaera finalmente tivesse a oportunidade de conhecer amigos e ficar com eles até depois do fim de um baile ou jantar.
Eu me interessava por eles e por suas histórias banais sobre como haviam obtido suas roupas ou aprendido a cozinhar. Queria saber mais do que seus passados trágicos e suas grandes superações porque no fim das contas era isso que lhe mostrava quem uma pessoa realmente era.
Um dia eu também teria coragem de compartilhar minhas paixões infantis e meus dias desinteressantes, mas que ainda os fariam conhecer mais sobre mim a ponto de ler minhas sobrancelhas e me dar um apelido bobo.
Saímos da taverna pela manhã, com destino a Surdfild onde buscaríamos mais informações sobre os autores da carta que Fúria carregava. Eu não tive coragem de perguntar sobre sua ligação com ela, visto que minha curiosidade geralmente parava de existir quando as coisas se tornavam emocionantes demais, mas sabia que o mundo carregava mais maldade do que eu pude ser capaz de observar do alto de uma torre num casarão. Se um dia fosse considerada merecedora daqueles segredos, ela me contaria.
Soren e Aryan pareceram concordar com a ideia, embora não conhecessem a cidade. Se não encontrassem o que buscavam, ainda teriam a oportunidade de conhecer uma grande cidade e aprender um pouco mais, então não seria de todo desnecessário.
Foi durante nossa viagem que Soren finalmente nos contou algo que eu já antecipava: ele vinha do Agreste e estivera lá por centenas de anos. Não foi exatamente impressionante, mas ouvir de sua boca foi esquisito. Sei que o príncipe também se espantou um pouco, já que senti frio pelo resto da noite, embora não tenha falado nada. O firbolg também buscava familiares, o que me fez pensar que talvez compartilhasse de minha agonia, mas não tive coragem de entrar naquela conversa por medo de ser rude.
Jamais seria capaz de falar com ele da maneira como ele merecia, então deixei que os demais conversassem com ele. Talvez um dia ainda lhe oferecesse um abraço e dissesse que tudo ficaria bem, mas ainda não possuía essa coragem toda.
Vale ressaltar que Ajah ficou visivelmente incomodada com o fato de o rapaz ter mentido, o que me faz pensar que se ela descobrir que eu ouço vozes de outro plano, é melhor que eu justifique dizendo que meu quadro psicológico é apenas muito frágil.
Não levei uma vida exemplar aos olhos de paladinos, mas gosto de sua personalidade e gostaria que ela não resolvesse me enforcar no momento em que descobrisse minhas ligaç��es alternativas, já que ela certamente possuía força suficiente para esmagar minha traqueia com os dedos.
Para dizer a verdade, todo o meu grupo poderia me matar facilmente, mas parte dele é incapaz de fazê-lo. Quanto a outra parte, eu ficaria feliz se não o fizessem.
Em resumo, eu, Soren e Aryan buscamos familiares. Fúria busca erradicar todos os usuários daquele selo da face do planeta e Ajah busca justiça.
Quando chegamos a Surdfild, percebi que minha ligação com meus novos companheiros de viagem ia muito além do que eu imaginava. Sorri, saboreando a leveza de ter com quem contar mais uma vez. Apreciei aquele sentimento ingênuo como quem prova uma fruta pela primeira vez.
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Aos dezesseis, assisti Dearno sair de casa aos berros porque se negava a seguir a carreira militar. Nem sua mãe e nem nosso pai podiam acreditar que o prodígio da família negaria seu futuro brilhante em fazer de estudar magia, mas ele insistiu, bateu os pés e ameaçou nunca mais voltar se não aceitassem sua decisão. Naquele momento ele se tornou meu herói. Durante a madrugada, bati em sua porta e implorei que me ensinasse tudo que aprenderia para que eu também pudesse me tornar uma maga assim como ele.
No entanto, logo percebemos haver coisas mais divertidas que o arcano, enterradas naqueles livros velhos que ele trazia do porto. Truques, invocações, feitiços que prometiam seduzir pessoas e trazer escuridão e reanimar cadáveres. Era olhando para aquelas palavras e esquemas indecifráveis que eu sentia o característico frio na barriga que me fazia desejar o desconhecido com todas as minhas forças. Queria lançar feitiços que me fariam o tema das canções dos bardos e finalmente provariam para meus pais que eu era plenamente capaz de fazer tudo sozinha.
Queria a glória de ter sentido a força pulsar em minhas veias enquanto eu andava por entre as multidões e ignorava os olhares de admiração.
Por vezes desejei o doce néctar do poder de maneira tão fervorosa que vi as figuras nos livros se moverem até mim, Foi em uma daquelas noites, enquanto pressionava um grande livro contra meu peito e o apertava até que minhas falanges ficassem esbranquiçadas, que eu o ouvi pela primeira vez.
“Você começou pelo volume errado.” A voz disse, áspera como o som de patins de gelo em um dia excepcionalmente frio, enquanto uma brisa gélida alcançava minha nuca e então rodeava para minhas bochechas. “Desse jeito não entenderá nada.”
Inicialmente pensei estar apenas com sono, mas a voz persistia cada vez que tentava me concentrar, chegando a me causar raiva por sua petulância. O que a fazia pensar que eu queria conversar?
Quando comentei sobre isso com meu irmão, ele apenas riu e disse que eu estava imaginando coisas e sonhando acordada como sempre, já que ele mesmo havia tentado buscar aquela voz há meses sem sucesso.
Era impossível que eu, tão pura e amigável, fosse despertar as coisas ruins com as quais ele gostava de brincar.
Estudamos sobre contratos, divindades, monstros e demônios. Lemos sobre aqueles que trilharam caminhos menos glamorosos e encontraram fins terríveis. Eu repeti as consequências em minha mente mais vezes do que posso contar, mas a voz sempre me dizia que eu estava me preocupando demais e que se Dearno não fizesse logo seu contrato, eu deveria fazer. Neguei veementemente.
“Está maluco? Não sei nada sobre isso. Se há alguém que fará isso, será ele e não eu.”
“Um dia você irá se cansar de sua vida tediosa. Nesse dia, eu estarei ali para lhe mostrar o que mais o mundo tem a oferecer.”
Quando Dearno se foi, da noite para o dia, entre minhas lágrimas, eu questionei para a voz várias e várias vezes se ele havia ido embora por causa dela.
Gritei no vazio de nosso porão por respostas. Questionei os livros e rasguei minhas anotações, profundamente irritada que esse fosse o destino.
Parte de mim queria meu herói de volta, porque eu ainda não estava pronta para trilhar os caminhos da vida sozinha.
A outra parte questionada por que tinha que ser ele e não eu? Dearno tinha muito mais a oferecer do que eu ali. Era eu quem deveria ter sumido e seguido caminhos cheios de névoa. Deveria ter sido eu, embora eu não soubesse se aquele sentimento era lamentação ou a mais pura inveja.
Dias depois, após consolar minha família e dar diversos depoimentos, eu finalmente tomei coragem para descer até o porão.
Desenhei o símbolo da corte do inverno e o adornei com flores, esperando que alguém me respondesse,
Em uma exclamação quase que desesperada, senti que um par de mãos alcançara meus ombros e uma voz suave ecoava de todas as direções.
“Eu disse que você retornaria!”
Selei meu contrato sentindo haver finalmente mergulhado no mar cerúleo de frustrações e cedido a atraente ideia de ter meu destino desenhado de forma menos tediosa.
Em meus sonhos, valsei com um esqueleto gélido que gradualmente tomava a forma de um ser mascarado vestindo um manto azul. Seus olhos não eram visíveis, mas eu podia sentir seu olhar fixo em meus olhos, jogando-me promessas de glória enquanto me chamava de fraca e, ao mesmo tempo, elogiava minha aparência.
Como uma marionete, me deixava levar por suas mãos geladas por todo o salão escuro, enquanto ele sussurrava em um idioma desconhecido.
“Você será minha visão, Elunaera. A mais preciosa dentre as bolas de cristal. A criatura ingênua que eu capturei para mim.”
E ria, como se usasse o riso para esconder seus próprios sentimentos confusos.
Amanheci com meu pai me carregando para fora do porão e, naquela manhã, fui capaz de lançar a primeira rajada mística da minha vida.
E, de fato, Evar tinha razão quando mencionava meus olhos assustadores.
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O último dia chegou
01/10/2020
Acordei muito ansioso e tenso por ser meu último dia no trabalho atual. Depois de mais um aniversário e de receber o carinho de muita gente querida, era hora de encarar a vida real e o fim do aviso prévio.
Me perguntei se aquele dia passaria rápido, se as últimas reuniões seriam proveitosas. Enfim... Invés de simplesmente pensar que o último dia chegou, eu comecei a mapear como seria o dia na minha cabeça. Como se fosse mais um dia comum de trabalho. E de comum, aquele dia, que mal tinha começado, não tinha nada.
Passei muito tempo imaginando que o último dia seria 30/09, com a feliz coincidência de ser no meu aniversário. Mas, eu tinha entendido tudo errado e me "desesperei" em saber que teria que "estar lá" por mais um dia.
Mas, ao contrário do que imaginei, foi uma manhã bem tranquila, onde percebi que não tinha muito o que fazer, a não ser ajeitar o documento que montei com uma das pendências que ia passar para a analista que entrou no meu lugar. Então, naquela velocidade descompromissada de quem já estava cumprindo o aviso prévio, assistia vídeos de shows ao vivo do Descendents e do Pearl Jam e montava os slides. Cinco no total, com todas as informações mastigadinhas.
Às 11 da manhã, minha chefe chamou uma reunião para dar boas-vindas para esta analista e que depois, emendaríamos na nossa 'daily meeting'. Me simpatizei logo de cara com a analista. Pareceu muito gente boa e interessada no novo desafio. Ela já tinha trabalhado com a minha chefe, inclusive. Isso explica a rapidez de sua contratação.
Todos nos apresentamos e eu fui o último. Além de contar um pouco sobre mim, comentei sobre a minha saída e o que dava pra falar ali publicamente. Tive a sensação dela achar estranho conhecer o predecessor ao cargo dela. Em seguida, minha chefe começou a agradecer pela minha passagem, pela força que dei, pelas barras que segurei e disse que eu faria falta à equipe. Pra finalizar, um golpe baixo.
Ela começou a rodar um vídeo de 'Boa Noite, Vizinhança!', do Chaves. Aquele de Acapulco... Bom, dispensa legendas para quem gosta de Chaves. Logo pedi pra parar e disse que fecharia a câmera, caso ela não pausasse. Não só disse, como fechei a câmera. Esse vídeo é um dos meus maiores gatilhos e eu, depois de adulto, evito assisti-lo, porque eu me emociono mesmo. Ainda mais em tempos de isolamento e despedidas. Quem conhece, sabe que não é nenhum exagero.
Minha chefe tratou de tirar o vídeo rapidinho e eu comecei a falar sobre os impactos do isolamento na minha decisão de sair. Na verdade, eu tentei, porque o nó na garganta não deixou. Eu comecei a lembrar de tudo e com sucesso, consegui segurar as lágrimas. Consegui soltar mais uma dúzia de palavras, até que o resto do time tomou a palavra e começou um papo ali sobre os impactos de tudo para cada um.
A daily foi pro caralho. A chefe só tratou de oficializar. E ficamos até um pouco mais de meio-dia papeando.
Depois do almoço, neste período trabalhando em casa, sempre tiro um cochilo. Dessa vez, eu estava sem sono nenhum. Fiquei contando os minutos para a primeira reunião que eu tinha no dia, que seria para um fornecedor que estávamos contratando. Conduzi a reunião, mas a maior parte do tempo seria do fornecedor explicando a ferramenta deles e esclarecendo as dúvidas do time envolvido com este projeto. Foi bem produtivo, o que me aliviou muito, pois eu escolhi e trouxe esta ferramenta. Fica de legado.
Em seguida, tive a reunião com a analista que acabou de entrar para explicar à ela sobre este projeto e mais outro que ela tocaria do dia seguinte em diante. Senti que ela estava um pouco perdida com muita informação. Normal para quem acabou de entrar e estava sendo soterrada de detalhes. Conversamos rapidamente sobre as primeiras impressões dela com a empresa e desejei muita sorte (ela realmente vai precisar).
Nessa mesma reunião estava minha colega de time. Ela atua como prestadora de serviços, mas, já trabalhou na empresa por sete anos, em outra área. Ela pediu demissão no começo de 2019 por também ter quase entrado em burnout e jurou que não voltaria mais lá. Mas minha chefe, como num passe de mágica, conseguiu trazê-la de volta, dessa vez com um período determinado, prestando serviços.
Criamos um entrosamento muito rápido, participamos de muitos projetos juntos e surgiu uma confiança um com o outro. Costumeiramente, marcávamos calls rápidas durante o dia para fofocar sobre uma reunião específica ou apenas pra desabafar. Ela me ajudou muito nestes momentos que precisava dividir algo que aconteceu com alguém. E, às sextas-feiras, a gente sempre tentava abrir uma cerveja no fim da tarde, marcando assim o início do fim de semana.
Bom, como era minha última reunião, pedi licença a analista novata, fiz a menção para a minha companheira de jornadas e abri minha garrafa de Heineken. Acabou! A jornada chegou ao fim. Uma pena que elas tinham outras reuniões em seguida e não puderam brindar comigo.
Eu não senti o que achei que fosse sentir, que era alívio. Foi um pouco estranho, eu diria. A coisa da ficha que não caiu. A única coisa que consegui pensar era em responder as mensagens do pessoal que recebeu meu e-mail de despedida.
Tudo o que eu queria era relaxar um pouco, ficar deitado e não pensar em muita coisa. Só descansar mesmo. E assim o fiz até a hora de dormir. Sim, mesmo com um calor de 28 graus, às 23h, eu consegui cair no sono.
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Pornografia
Vou direto ao ponto.
O que encontramos dentro das categorias do pornô? Novinhas, ninfetas, colegiais, adolescentes, maduras, coroas, mães, bucetas, bundas, peitos, loiras, morenas, negras, asiáticas, travestis, lésbicas, gordas, incesto, abuso, pedofilia, zoofilia, etc... Nos subtítulos? Todas as histórinhas mais perversas possíveis, sendo 75% incestuosa... filha, filhinha do papai, metendo na mãe, sogra, irmã, prima, tia... até avó... amigas, chefes, dentistas, massagistas, médicas, etc...
Assisti um documentário de atrizes pornôs dizendo milhares de coisas desse terrível universo, dentre elas, que elas ficavam "felizes" de fazerem certas coisas, como serem estupradas Realmente, com sexo violento, ou por fazerem cenas de garganta profunda, até vomitarem, Torcendo, pelo menos, para que os homens ficassem satisfeitos com este tipo de material, para que não saíssem por aí praticando tais atrocidades com as mulheres! É cruel, né? Mas algumas perversões ficam somente na fantasia mesmo! Nem todo pedófilo abusa ou estupra crianças, e nem todo incesto é consumado, embora a maioria dos casos de abusos e estupros que temos é com crianças e cometido pelos familiares mais próximos!
Tenho falado e vou continuar falando um monte sobre sexualidade sadia! E para iniciarmos ela, de verdade, o primeiro passo é parar de consumir pornografia!
Não tem, absolutamente, nada Saudável e nem Educacional dentro desse cenário!!! E os sites pornográficos são muito mais acessados do que Facebook, Instagram e milhares de outros sites!!! É Surreal!!! As pessoas viciadas passam horas e horas do seu dia, da sua noite, se alimentando desse terror!!!
Tem duas coisas que eu não tenho: Hipocrisia e Vergonha! Já consumi pornografia muito mais do que eu desejei. E eu sei, é prático, rápido, fácil, acessível, viciante e tenta.dor! Esse mercado não é só consumido pelos homens, é pelas mulheres também! Mas eu fazia isso sem consciência, porém, sempre com culpa e mal estar. Nunca me senti bem! Me esforçava para tacar o foda-se já que, naturalmente, todo mundo assistia! Até que quis abrir minha consciência, quis estudar a pornografia, quis estudar o sexo, quis estudar nossa cultura, e quis, tive coragem de esmiuçar a minha sombra aqui, como sempre fiz, faço e desejo fazer para sempre. Enquanto houver escuridão, eu procurarei a Luz para me fazer digna de conduzi-los também! Algumas pessoas dizem que eu não preciso me expor tanto nos meus textos, porém, eu sou minha maior ferramenta de estudo e desejo com isso, me aproximar, humanamente, de vocês! É somente trazendo nossas sombras pra perto e bancando a angústia de nossas inferioridades humanas que conseguimos evoluir mesmo. Não tem outro caminho! Eu fui criada e poluída pelo mesmo sistema patriarcal que vocês!
Fantasias sexuais dizem coisas sobre nós, mas não dizem tudo, e como dito acima, não condizem também com a nossa realidade. Muitas mulheres tem fantasias com abusos e estupros, em serem pegas à força, e isso não significa que vamos gostar disso na realidade. E para quem não tem autoconhecimento e nem conhecimento de todos esses fatores, tudo pode ficar nebuloso e angustiante.
Os homens por verem tanta pornografia não aguentam ver uma mulher nua e não se excitarem, e muitas vezes nem com roupa. Por isso tanto assédio por todos os cantos! Duas mulheres não podem estar juntas que vocês criam as mais sórdidas fantasias! A mulher passa a ser supeeer erotizada, além de vocês perderem o contato, o tato com a realidade também. Quererem mulheres somente gostosonas, novinhas, sem pêlos... e quando foge desse padrão ou de outras preferências de vocês, o próprio corpo não aciona, não se relaciona com o real, porque o que tem acionado o corpo é o Mental, são os condicionamentos e os gatilhos com as fantasias!!!
Enfim, vamos sair dessa vibração baixa? Vamos ressignificar nosso sexo e pararmos de alimentarmos perversidades e doenças na nossa sociedade? Como tudo na vida, é treino! A nossa energia caí dentro desse consumo! Nos afastamos da realidade e do aprendizado do prazer saudável e natural!
Uma dica?
Quando as crianças querem ficar tocando os genitais, não podemos dizer à elas para não tocarem, para não desenvolvermos repressões nelas... mas também não é saudável que deixemos, principalmente, em lugares indevidos. O que fazemos com elas é direcionarmos sua atenção para outras coisas. Então, façamos isso com a gente mesmo. Sentiu vontade de assistir pornografia? Redirecione sua energia! Vai fazer outra coisa! Vai ler, estudar, chame alguém para conversar, assista um stand up Saudável... mobilize seu corpo de outras formas!
Mais uma dica?
Faça Terapia! Procure identificar o que esse consumo causou nos seus comportamentos e na sua sexualidade. Continuo aqui à disposição e com horários livres na minha agenda! 🙌🏼
Bora sair dessa baixa e densa vibração, abrindo os olhos e a consciência do que consumimos e alimentamos, por Amor, para sermos dignos de resgatarmos o Sutil da nossa Humaniz.ação! 🍀
Sexo é Saúde! Vamos trata-lo com mais Amor, Respeito e Consciência, por Amor! 🌷
💜💙💚💛❤
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wish/lust (desejo/luxúria)
eu lembro
de todos os pecados
todos os amaldiçoados enviados
pelo Caos
me tiraram do tornado
apenas para que eu pudesse ser crucificado
desejei
desejei vingança, trevas e sangue
assisti progressivamente
uma nébula negra sair de mim
e com ela carregou embora meu Diabo
quando laços se quebram
sentimentos se tornam fardos
o melhor a se fazer com os mortos
é enterrá-los
e superar preenchendo o buraco
a neve e o inverno chegaram
encobrindo as flores e o caixão
a lareira aqueceu-me enquanto
o álcool, não.
desejo me expressar
porém não sei o que dizer
transbordo de emoções e filosofias
auto-desenvolvidas com a vida
e que agonia!
de que adianta berrar
quando os tímpanos estão sanfonados
contra a verdade, e os corações
são blindados à sensibilidade?
desejei ser um homem, tempos atrás
pois ouvi que homens não choram
e quis que as lágrimas sumissem
mulheres choram e homens batalham
é como me ensinaram
portanto, sendo assim
sempre me vi homem fracos
nunca me contive quando
os santos transbordavam em meus olhos
a verdade é ardilosa, e eu a descobri
pouco após desejar
homens fortes choram e gritam seus sentimentos
enquanto os fracos os ocultam e se privam
e se isso é feminino, que bom!
os mais evoluídos seres
partem da androginia
e eu ostento meus sentimentos
como outros à uma corrente de ouro
tempos difíceis criam pessoas fortes
e fraquejar é essencial
para quê lutar, se não teme a derrota?
me soa incoerente
prefiro ser enterrado como indigente
do que viver me proibindo
de ser gente.
desejei paz, e para isto devo lutar
até meu último suspiro
não irão me silenciar!
irei sentir, chorar e gritar
berrar para que as estrelas ouçam
tudo que tenho à bradar
e jamais desistirei de as alcançar
a paz desejada já obtive
meu anjo da guarda se manifestou
e desejo, desejo
continuo desejando
pois sem asas não se alcança o céu
e eu pretendo transcendê-lo.
- BruGt.
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Completamente arrependido porém amando de novo...
Ah Emma Mosley, pra que merda eu fui rever esse filme?
Não me culparia mas ao mesmo tempo estou arrependido.
"Um dia" retrata a tocante história de amor de um jovem casal recém terminados de uma graduação. Ou seja, os nervos estão ali, se normalizando, muita coisa aconteceu, apesar da realidade deles serem completamente diferente (fora a cronologia sensacional), mais no sentido de simplificada do que surreal.
{Um belo grupo de amigos festejando o futuro que está ali a sua frente... Lindo né? Tão lindo que eles estão bebados feito a porra. (sim, eu xingo nos meus texto, quer não? pode cair fora <3). Logo de cara Emma tem um mistério, uma introspecção atrás dos seus óculos redondos.}
(Eu apaguei esse ultimo paragrafo no momento em que lembrei o motivo de ter assistido esse filme de novo, que por sinal eu deveria assistir mais filmes assim: tocantes, reais, simples...)
A vida é assim, tocante, real, simples, e quanto mais procuramos detalhes mais nos perdemos do todo. Eu digo com propriedade pois me perdi, tanto dos detalhes como do todo.
O amor retratado no filme entre dois "estranhos e diversos" me lembra a pessoa que eu amo. Ela com certeza vai ficar putaça de novo porque estou falando dela nesse texto, como fiz outrora. {Vide "Mais uma vez e de novo: amor"}. No momento anterior dessa trama, eu estava lá: perdidamente apaixonado, pronto para dominar o mundo com essa pessoa que eu tanto esperei e desejei... e no outro eu estava só, segurando uma lata de cerveja na mão (a qual eu odeio, não a cerveja mas seu efeito melancólico e revigorante.) e me perguntando onde estava tudo e porquê ela não estava ali... Talvez não tenha pensado exatamente isso, mas pensei nela.
Por incapacidade minha eu a tinha deixado ir, pois sua presença ali não era mais útil a mim. Sim, eu pensei isso.
EU PENSEI NA UTILIDADE DE UMA PESSOA, EU SÓ POSSO TÁ MORTO POR DENTRO...
. E eu estava, porém não havia percebido e isso, senhoras e senhores, é uma merda. Às vezes a realidade que vivemos é somente um vislumbre de vários pedaços de outras realidades que colocamos como nossa, e no momento que você se liberta disso o choque é grande. Eu não chorei, nem fiquei irritado: eu simplesmente desliguei. Não havia nada além da frieza e clareza dos meus pensamentos, como quem sente a gravidade puxar de um lugar muito alto depois do ápice do pulo.
O famoso "cair na real"
Como a queda ja tinha acontecido e eu não me lembrara porquê pulei, não havia muito o que ser feito senão seguir em frente, libertar-me de tudo que eu me prendia e conhecer outro lugar melhor. Meu pai, oráculo da verdade, previu boa parte dos acontecimentos de minha vida, os bons e os ruins, e eu surdo não lhe dei ouvidos. Porém não esqueci... Eu vivi um relacionamento de mentira, eu mesmo criei essa mentira e quando eu deixei de acreditar, o outro lado ainda acreditava e passamos boa parte desse tempo tento um convencer o outro daquilo que acreditávamos: seguir ou partir, junto ou separado.
Como todo bom drama romântico, "Um dia" gera vários conflitos emocionais para afastar e dissuadir os personagens daquilo que eles realmente acreditam, do que realmente tem juízo de valor pra sua vida: amor. Pobre Dexter... e ao mesmo tempo ele que se foda, mas ainda sim uma pena meu caro. Depois tenho que olhar o autor dessa merda destruidora de corações que eu assisti, porque... meu amigo:
ESSA PORRA ME PEGOU DESPREVINIDO. ME LEVANTOU DA CADEIRA, DESTRUIU MEU CONTO DE FADAS E ENTERROU NA REALIDADE.
E dito isso eu estou muito agradecido.
Eu, assim como Dexter, passei por certos conflitos nos últimos meses sendo que ele passou em anos, a sua vida de 1 hora e 47 minutos, chegando ao fundo do poço. E pra sua sorte, ele tinha alguém ali, que sempre esteve preparada para lhe aturar nos melhores e piores momentos sem deixar de amá-lo menos. E que por sua incapacidade de sentir (ou por não saber) feria de forma natural qualquer esperança ou sentimento que brotasse ali. Entretanto, isso não lhe impediu de ainda lutar por aquilo que sentia e ele foi recompensado com uma nova chance: a chance. Por que a chance? Porque simplesmente ele ja tinha passado por tudo que ele precisava para amadurecer emocionalmente que era apenas isso que lhe faltava: maturidade emocional.
Vei, isso é destruidor.
Você não saber o que está sentindo e vagar por ai sem rumo... te destrói, e pior ainda é você somente perceber isso quando é tarde demais. Eu tive um "tarde demais". A pessoa que eu realmente amava e queria bem estava seguindo sua vida, como havíamos combinado de fazer. Era mentira, como bom e excelente mentiroso que sou, eu não amei mas fui amado. Faz uma diferença do caralho isso, e por essa diferença criou-se um trauma, um obstáculo, um medo. Não há nada mais devastador que o medo, porque o medo é você tentando evitar que sofra de novo, por amor a você. Então o medo é o que separa você da verdade, do que realmente pode acontecer. Eu tinha medo de falar com as pessoas, sabia o que tinha que dizer, como dizer e como ser engraçado sem parecer assustador, mas tinha medo. Fui forçado a combater esse medo e hoje ele é uma habilidade do neguinho que vos fala.
Eu, assim como Dexter, me perdi. No meio disso tudo quem eu menos esperava veio iluminar meus pensamentos e colocar um sorriso de novo nessa cara preta. Nem precisou fazer muito: "Espero que esteja bem." No meu dicionário, isso quer dizer te amo. Às vezes eu digo para as pessoas porque dizer "eu te amo" virou um ato banal, mas pra mim não. Até pra minha mãe é difícil dizer, então eu prefiro só sentir.
Emma é a luz na vida de Dexter, um resquício de passado que tem um futuro absurdo, uma amizade conflituosa (por causa dele) e saudável. Duas metades opostas que se completam. Eu tive a sorte de ter essa Emma na minha vida, assim como vocês vão ter ou não, é difícil dizer. Já não tive tanto "azar" quanto ele, porque não precisei me envolver com milhões de pessoas ou passar por milhões de anos pra entender quem realmente ama você.
A minha pessoa ao ler esse texto sabe o que eu sinto, assim como Emma sabe o que sente mesmo depois de ter morado em 2 países diferentes, várias vivencias e poemas, e ela nunca esqueceu o pau no cu do Dexter, porque é isso que somos amigos, dois idiotas, retardados, sem noção, maníacos por sexo, com certos vícios e conflitos que destrói tudo que toda.
Ufa!
Mas ainda assim, somos amados, e como disse DK 47 no poesia 7, vivia de 171 e 77 com as malandra, mas dizia Sabotage, eu vi que isso era verdade que até mesmo a malandragem vira otário quando ama.
Não vou esperar pra ser tarde demais na minha vida para deixar quem eu amo feliz com minha presença, comigo presente ou não, que o pensamento em mim seja um mix doido de pensamentos mas uma sensação boa e um sorriso no fim do tipo
"essa porra é doida"
Talvez eu seja doido mesmo, mas sou doido por você: amor. Mais uma vez e de novo, amor, eu vou estar aqui, eu estou aqui. Pra você poder me odiar de pertinho e me amar de longe. Coçar a mão pra me socar o tempo todo, mas no fim fazer um afago na minha face. Olhar nos meus olhos e ver a tempestade mas sentir abrigada nos meus longos galhos (Eu sou o Groot). Uivar pra mim de longe e entender que não precisa mais fugir, não precisa ter medo, não precisa ficar longe. Porque assim como Dexter, minha vida se destruirá sem você aqui e eu vou ficar mais perdido do que nunca. Eu não sou o homem que você sonhava, mas quero ser o homem que você sonhava.
Eu só tenho a agradecer pelo presente que seu amor é na minha vida, e eu acho que não vou conseguir devolver a altura esse presente. Tem muita coisa ainda pra fazer por aí e você vem comigo, ou eu nem vou.
Amo você meu chuchu com queijo.
Tubaína. a.k.a o filha da puta mais amado desse mundo todo
(sim eu sou mesmo, inveja n�� minha filha?) <3
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Dois em um..
Esse conto sobre duas almas, jovens, dançantes, puras, onde vagueavam sem saber onde ir, o que fazer ou o que sentir.
Uma delas, ferida pelos nós do destino já estava à beira desistência. E por mais que você deseje salva-la e abraçar até tudo passar, você tem noção que ela ainda está quebrada..
Assim assisti aquela criança ferida e por mais que eu desejei juntar seus cacos, tinha noção de que sozinha eu não conseguiria.
Graças a essa teia chamada destino, minha criança encontrou outra alma, uma tão quente e acolhedora e sem ao menos perceber os dois já estavam entrelaçados, pela ternura e companheirismo da nova criança, a minha voltou a sorrir.
E todos os dias me permiti sentir felicidade em abrir a janela e ficar observando os dois brincando e dançando com a vida, com o sol iluminando suas peles, sua inocência, era tanto carinho que me contaminava observa-los.
Certo dia me dei conta que as duas crianças na verdade haviam se tornado uma só, que quando uma se machucava a outra cuidava, quando uma sentia dificuldade a outra dava força para seguir. Assim a unificação de dois em um veio e o caminho de todos que estavam por perto brilhava. Hoje olho para as estrelas e penso nos dois e torço para que continuem levando essa ternura ao universo.
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Acontecência
Eu ando por aí. Sorrio para os meus pensamentos. Planejo voos solitários. Lembro dos meus medos e sorrio para eles também. Já fui mais triste, é verdade. Essa condição foi importante para me reinventar. Fiz terapias e tive longas conversas com as minhas lágrimas. Escutei muitos silêncios que gritavam em mim. Desejei motivos bonitos para escrever, porque esqueci que para escrever não é necessário ter motivo. Não escrevi por muito tempo com medo de errar. Eu erro o tempo todo. Me contenho porque os meus pensamentos me atropelam quase sempre. Quase. Às vezes através das minhas conclusões e ansiedades absurdas, ou nas palavras em que escorrego sempre que escrevo o agora, pensando no depois. Hoje ando por aí sorrindo. Gosto de projetar sonhos em telas de cinema e assisti-los comendo pipoca. Quero saber sobre os cuidados com jardins e fundamentos de belas casas. Sonho com a África do Sul, planejando o Amazonas, enquanto estudo Marketing e almejo projetos de carpintaria como hobby. Eu quero o todo, tudo, toda vez. Vou sorrindo, errando, consertando, sonhando com planos ainda maiores. Sou gigante. Carrego princípios generosos e agradeço. É bom lembrar do que fomos e de quem somos. Assim me reconheço e me recomeço, de modo independente, a cada dia.
Laiane Dantas
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Deste quando vi o trailer deste filme... Já desejei assisti-lo... Esperei sair dublado... Mas, parece que dublado não terás versão... Então vai de legendado mesmo... É o que hoje tenho comigo... Pela história super interessante... Vale muito assisti-lo, mesmo que legendado... E eu espero que seja tudo isso que li de bom neste filme... Mas pela sinopse, trailer e elenco... Acredito que será um marco de filme assistido... Play cinema em casa que AMO DEMAIS! 🤩🤩🤩
Filme: A Substância (2024) 😳🎬😱
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O dia em que você salvou minha vida
Amor, me perdoa por tudo isso tá? Me perdoa por não estar do seu lado nos tempos difíceis, pelos anos que eu não estive e que não vou estar pra te ensinar e cuidar. A mamãe sempre te amou muito, não duvide disso por favor! Uma prova disso é que eu já até sabia o dia em que você ia nascer! No dia do aniversário da vovó. Eu te peço perdão por não ter sido forte o suficiente pra ficar do seu lado. Mas é que a mamãe foi forte para poder te dar tudo o que você merece, desculpa. Eu não sabia que tudo o que eu desejei dar a nós acabasse nisso, me perdoe por ser fraca. É que as humilhações foram muitas, e de graça. Eu não era do tipo vingativa, mas era muito sentimental. Lembra quando eu falei que as estrelas são pessoas que ficam olhando pra nós lá de cima? Então eu estou aqui te olhando, mesmo quando dia! Tenha fé em Deus, por mais que isso não pareça e eu concordo que não seja justo, foi ele quem cuidou de mim e de você quando ficávamos só nós! Quando a mamãe pegou e fugiu com você com medo de que te tirassem de mim! Por que você é tudo o que eu tenho! Eu ia falar sobre seu pai, não sei se ele fala bem ou mal de mim. Mas enfim... Eu poderia falar muitas verdades sobre ele, e confesso que estou um pouco inclinada a isso. Mas isso iria te destruir! E não quero que você fique sem um pilar, não sei se a vovó Ilda está com você, não estou aí, e se vejo agora da mesma forma não posso lhe dizer nada. Eu só quero lhe dizer algo como uma forma de pedido, sei que isso vai mexer com você e sua cabeça. Mas você tem que ser mais forte que eu. Tem que ficar aí! E cuidar de quem te ama, ajudar a quem precisa. E nunca desistir de um objetivo seu! E não, não importa o que as pessoas digam. Por que quando você conseguir, vai ser incrivelmente maravilhoso. Mas você tem que ser forte, por que as pessoas que você mais confia as vezes são as primeiras a querer te humilhar e por para baixo, mesmo assim levante a sua cabeça, respire fundo! Por que no final tudo vai dar certo! No final sempre fica! Só parece difícil agora por que você está passando por isso nesse momento, mas quando passar você vai ver que não foi nada, e se foi, vai ver quão forte você é! Mas sempre agradeça! Sempre, sempre, sempre! Por que gratidão é o que te faz vencer, por que isso mostra que até em uma situação difícil você pode escolher entre aprender ou não, e sim! Sempre tem um lado bom nas coisas! Por mais difícil que seja de achar tem! Tem uma frase de um filme que eu assisti com você (O rei leão)quando você era pequeno que era mais ou menos isso:
- Aí! Por que fez isso?
- Por que se importa? É passado mesmo. Disse o macaco.
- É mas ainda dói! Disse o leão.
- O passado pode doer, mas você pode encara-lo. Ou simplesmente aprender com ele.
Agora meu filho. Mesmo você sendo pequenino, já é um grande Herói! Mesmo não sabendo o que se passa na minha cabeça, e que eu estava lhe escrevendo isso. Você acaba de salvar a vida da sua mãe! Eu te amo!
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Eu parei de escrever. Decidi dar descanso às mãos que muitas vezes quiseram se voltar contra mim, que desejaram me dar o que parecia ser merecido para alguém como eu. É muito difícil sobreviver aos dias em que você acredita ser uma pessoa ruim, que não merece amor ou piedade, que parece estragar tudo de bom que já teve algum dia. É difícil quando você sente ódio da pele que te aprisiona dentro do seu corpo, ou quando seus pensamentos tornam-se seus próprios torturadores. Eu me torturei. Pareceu ter durado uma eternidade e às vezes ainda me vejo dentro dos mesmos ciclos de tortura. É difícil interromper ciclos. Eu assisti cada pedaço meu cair e se estilhaçar ao chão, diante dos meus olhos. Não houveram testemunhas dessa tragédia. Não havia ninguém. Parece que nunca houve alguém. Eu fechava os olhos todos os dias desejando não abri-los mais tarde. Eu desejei dormir durante tempo suficiente pra não sentir mais dor, mas parecia não haver tempo suficiente. As minhas lágrimas já não me traziam mais alívio. Respirar era difícil, pesado. Eu lutei contra cada um desses dias ainda que muitas vezes eu tenha desejado me libertar. Eu desejava constantemente não mais sentir, e pouco importavam os meios para isso. Meu coração não parou de bater e não foi registrada nenhuma morte cerebral. Não precisei de aparelhos para respirar, mas ainda assim era como se a vida ou qualquer luz que habitasse meu corpo tivesse se esvaído de mim, deixando só um vazio. Eu virei uma caixa oca. Meus fantasmas eram grandes demais e ecoavam em mim. As ondas desse eco chocavam-se contra minhas paredes e se repetiam infinitamente. Eu morri, ou quase. Me desliguei de tudo que era bom nesse mundo e que me dava forças pra continuar ao longo de um dia. Tudo era difícil demais. Pesado demais. Demais, demais, demais. Você disse que se eu aceitasse doeria menos. Aceitar não diminuiu minha dor, mas crescer, sim. Entender. Compreender. Esclarecer. A dor diminui quando se passa a entender que não se trata de dar a si o que é merecido porque não é o que eu mereço. Eu não mereço minhas mãos agressivas contra o meu corpo. Eu não sou uma pessoa ruim. Eu mereço amor, mas não quero sua piedade. Eu não estrago tudo que me é bom, mas eu erro porque sou humano. A minha pele não tem que ser uma prisão, e sim um lar. Eu quero me amar durante uma eternidade. Hoje, eu tento organizar os estilhaços. É possível criar algo belo através de materiais desgastados, e mais do que isso, é possível restaura-los. As ruínas também merecem respeito. Hoje, ainda não restaurado, sou ruína. Hoje, eu quero dormir e abrir os olhos pra ver o sol. Eu quero recuperar a luz que existia em mim. Eu. Isso é sobre mim e o meu processo de reconstrução. Infelizmente, é difícil não falar de uma ruína sem citar o motivo da sua destruição. Você assistiu minha queda. Eu fui destruído. Prometo voltar a escrever quando minha restauração estiver completa. Quando eu estiver bem longe dos males causados à minha estrutura. Volto para dizer como foi bom (re)encontrar pela primeira vez preciosidade nos meus detalhes. . . . re·si·li·ên·cia (latim resiliens) substantivo feminino 1. fís. propriedade que alguns corpos apresentam de retornar à forma original após terem sido submetidos a uma deformação elástica. 2. fig. capacidade de se recobrar facilmente ou se adaptar à má sorte ou às mudanças."
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"TW: depressão (?) Resiliens Eu parei de escrever. Decidi dar descanso às mãos que muitas vezes quiseram se voltar contra mim, que desejaram me dar o que parecia ser merecido para alguém como eu. É muito difícil sobreviver aos dias em que você acredita ser uma pessoa ruim, que não merece amor ou piedade, que parece estragar tudo de bom que já teve algum dia. É difícil quando você sente ódio da pele que te aprisiona dentro do seu corpo, ou quando seus pensamentos tornam-se seus próprios torturadores. Eu me torturei. Pareceu ter durado uma eternidade e às vezes ainda me vejo dentro dos mesmos ciclos de tortura. É difícil interromper ciclos. Eu assisti cada pedaço meu cair e se estilhaçar ao chão, diante dos meus olhos. Não houveram testemunhas dessa tragédia. Não havia ninguém. Parece que nunca houve alguém. Eu fechava os olhos todos os dias desejando não abri-los mais tarde. Eu desejei dormir durante tempo suficiente pra não sentir mais dor, mas parecia não haver tempo suficiente. As minhas lágrimas já não me traziam mais alívio. Respirar era difícil, pesado. Eu lutei contra cada um desses dias ainda que muitas vezes eu tenha desejado me libertar. Eu desejava constantemente não mais sentir, e pouco importavam os meios para isso. Meu coração não parou de bater e não foi registrada nenhuma morte cerebral. Não precisei de aparelhos para respirar, mas ainda assim era como se a vida ou qualquer luz que habitasse meu corpo tivesse se esvaído de mim, deixando só um vazio. Eu virei uma caixa oca. Meus fantasmas eram grandes demais e ecoavam em mim. As ondas desse eco chocavam-se contra minhas paredes e se repetiam infinitamente. Eu morri, ou quase. Me desliguei de tudo que era bom nesse mundo e que me dava forças pra continuar ao longo de um dia. Tudo era difícil demais. Pesado demais. Demais, demais, demais. Você disse que se eu aceitasse doeria menos. Aceitar não diminuiu minha dor, mas crescer, sim. Entender. Compreender. Esclarecer. A dor diminui quando se passa a entender que não se trata de dar a si o que é merecido porque não é o que eu mereço. Eu não mereço minhas mãos agressivas contra o meu corpo. Eu não sou uma pessoa ruim. Eu mereço amor, mas não quero sua piedade. Eu não estrago tudo que me é bom, mas eu erro porque sou humana. A minha pele não tem que ser uma prisão, e sim um lar. Eu quero me amar durante uma eternidade. Hoje, eu tento organizar os estilhaços. É possível criar algo belo através de materiais desgastados, e mais do que isso, é possível restaura-los. As ruínas também merecem respeito. Hoje, ainda não restaurada, sou ruína. Hoje, eu quero dormir e abrir os olhos pra ver o sol. Eu quero recuperar a luz que existia em mim. Eu. Isso é sobre mim e o meu processo de reconstrução. Infelizmente, é difícil não falar de uma ruína sem citar o motivo da sua destruição. Você assistiu minha queda. Eu fui destruída. Prometo voltar a escrever quando minha restauração estiver completa. Quando eu estiver bem longe dos males causados à minha estrutura. Volto para dizer como foi bom (re)encontrar pela primeira vez preciosidade nos meus detalhes. Rafaella Bianck
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TW: depressão Eu parei de escrever. Decidi dar descanso às mãos que muitas vezes quiseram se voltar contra mim, que desejaram me dar o que parecia ser merecido para alguém como eu. É muito difícil sobreviver aos dias em que você acredita ser uma pessoa ruim, que não merece amor ou piedade, que parece estragar tudo de bom que já teve algum dia. É difícil quando você sente ódio da pele que te aprisiona dentro do seu corpo, ou quando seus pensamentos tornam-se seus próprios torturadores. Eu me torturei. Pareceu ter durado uma eternidade e às vezes ainda me vejo dentro dos mesmos ciclos de tortura. É difícil interromper ciclos. Eu assisti cada pedaço meu cair e se estilhaçar ao chão, diante dos meus olhos. Não houveram testemunhas dessa tragédia. Não havia ninguém. Parece que nunca houve alguém. Eu fechava os olhos todos os dias desejando não abri-los mais tarde. Eu desejei dormir durante tempo suficiente pra não sentir mais dor, mas parecia não haver tempo suficiente. As minhas lágrimas já não me traziam mais alívio. Respirar era difícil, pesado. Eu lutei contra cada um desses dias ainda que muitas vezes eu tenha desejado me libertar. Eu desejava constantemente não mais sentir, e pouco importavam os meios para isso. Meu coração não parou de bater e não foi registrada nenhuma morte cerebral. Não precisei de aparelhos para respirar, mas ainda assim era como se a vida ou qualquer luz que habitasse meu corpo tivesse se esvaído de mim, deixando só um vazio. Eu virei uma caixa oca. Meus fantasmas eram grandes demais e ecoavam em mim. As ondas desse eco chocavam-se contra minhas paredes e se repetiam infinitamente. Eu morri, ou quase. Me desliguei de tudo que era bom nesse mundo e que me dava forças pra continuar ao longo de um dia. Tudo era difícil demais. Pesado demais. Demais, demais, demais. Você disse que se eu aceitasse doeria menos. Aceitar não diminuiu minha dor, mas crescer, sim. Entender. Compreender. Esclarecer. A dor diminui quando se passa a entender que não se trata de dar a si o que é merecido porque não é o que eu mereço. Eu não mereço minhas mãos agressivas contra o meu corpo. Eu não sou uma pessoa ruim. Eu mereço amor, mas não quero sua piedade. Eu não estrago tudo que me é bom, mas eu erro porque sou humano. A minha pele não tem que ser uma prisão, e sim um lar. Eu quero me amar durante uma eternidade. Hoje, eu tento organizar os estilhaços. É possível criar algo belo através de materiais desgastados, e mais do que isso, é possível restaura-los. As ruínas também merecem respeito. Hoje, ainda não restaurado, sou ruína. Hoje, eu quero dormir e abrir os olhos pra ver o sol. Eu quero recuperar a luz que existia em mim. Eu. Isso é sobre mim e o meu processo de reconstrução. Infelizmente, é difícil não falar de uma ruína sem citar o motivo da sua destruição. Você assistiu minha queda. Eu fui destruído. Prometo voltar a escrever quando minha restauração estiver completa. Quando eu estiver bem longe dos males causados à minha estrutura. Volto para dizer como foi bom (re)encontrar pela primeira vez preciosidade nos meus detalhes.
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Manuscritos de Alexandria 4 - Casimiro de Brito
UMA LÁGRIMA QUE CEGA
Arte regendus amor.
Ovídio
As vossas mulheres são para vós
como a terra.
Alcorão, II, 223.
Quando o amor te acenar...
segue-o.
Khalil Gibran
Sob a cascata de Astarte
dançámos nus. E depois deitado
à sombra dos cedros.
Eros Mínimo
CAPÍTULO I
A TERRA É FEMININA
A terra é feminina, a terra é caótica e pertence, naturalmente, ao reino das mulheres. Floresce nelas o enigma do mar. A morte ao vivo. O mundo pertence à morte. Quando nasci já estava feito. Perfeito. Preparado para a morte — para regressar ao caos. A este caos vivo em que vivo e nem sempre se vê. Havia que regressar atrás e o caminho era e continua a ser o corpo ardente e húmido das mulheres. São elas quem, mais do que inspiram, escrevem o que vai ser, ainda não sei, este livro.
Regresso, anos depois, ao meu diário. Quantas vezes me caiu o coração? Deixei-o em deriva e assim o quero. Vivi tormentosas separações, atravessei rios de sofrimento, mantive nervosa a oficina da escrita, a laranja do mundo apodreceu um pouco mais e o amor acenou-me de novo. Segui-o. Elevámos as nossas taças num andar alto da velha cidade marítima, sobre a igreja da Encarnação, ortodoxa e grega. Ela, num vestido longo, negro, de seda e crepe, moldando-se ao seu corpo felino, caindo negligente sobre uns sapatos de salto alto, com um motivo silvestre bordado a ouro. O contacto do tecido com os seios endurece-lhe os mamilos e o seu relevo discreto fez-me fechar os olhos durante um momento. Um único enfeite: um colar que eu lhe trouxe do museu de Quioto. Os cabelos sobre os ombros, as pálpebras levemente sombreadas.
— Como estás bela no teu vestido branco.
— Branco? Ah, sim, branco.
Bela, como se estivesse sentada diante de um rio. Apeteceu-me beijar-lhe o pescoço mas havia outras pessoas à volta, amigos de família, uma mãe, um marido, e senti-me dentro de um filme, do India Song, da Duras; como se estivesse na primeira fila de um cinema mas caminhando em volta, vendo-os deslizar, uns após os outros, uma frase sobre o tempo, outra perguntando-me se gosto do país, deslizando como se fossem peixes cansados e eu, com os olhos (os outros, os que não se vêem) postos em Myah, de mim separada por um aquário de homens e mulheres e mais uma taça de Moêt et Chandon. Sorrisos. Competia-me ser amável e discreto. Fui. Bom ano, bom ano, decerto vai ser, o corpo será feliz, as horas breves, a paixão ardente. Duas horas em aquário são uma eternidade. Mandei-lhe, um pouco antes da meia-noite, estávamos a dois passos, uma mensagem telefónica: “Estou feliz e vou amar-te a vida inteira”. Outra, dela, chegou quase ao mesmo tempo: “O meu desejo é saltar-te para cima.”
Que mais desejar se, de nada precisando, tenho quase tudo? Tudo o que sempre desejei: o amor louco, escrever sem peias, vagabundear por esses países como se fosse nómada. Nómada sou. Uns dias ganhando a eternidade, outros perdendo aviões. Uns dias batendo com a cabeça na parede, outros amaciado pelo dom da aceitação, que tantos nomes tem!
Dormi no seu atelier, dormi é como quem diz, fui um ouvido sintonizado ao menor ruído dela. Deles. Visitou-me às duas da manhã para saber se eu estava bem. O marido dormia. Disse-lhe que sim, que lia Tanizaki, onde as paixões e as mortes acontecem lentamente. Sorriu e deixou-me entre os seus desarrumados livros e manuscritos. No quarto do lado nenhum ruído, em mim uma tensão crescente. Mas parecia-me ouvi-la respirar. Ao meio da manhã viemos para aqui, para a casa da praia. Ampla, belíssima mas nem sequer abrimos as janelas sobre o mar. O sopro interior, aparentemente calmo, tomou-nos de assalto e começámos a respirar sem medida. Como quem respira quando se inspira a rodos. Praia amena o chão da casa, os tapetes, os ícones. Poucas palavras. Rápidos os corpos em seu voo. Nus, sob o frio da casa abandonada, mas logo vestidos um pelo outro. Toco-lhe nas maçãs do rosto agarro os seus cabelos sorri pouso a outra mão no pescoço e nos ombros e nos braços abre um pouco a boca ajusto as minhas pernas às suas acaricia-me o joelho entro pelos seus olhos adentro planta-me os seios no peito pressiono com os dedos os bicos dos seus seios afloram-me o umbigo puxo-a com os lábios lentamente para mim a sua boca tacteia-me o sexo o meu joelho entre as suas coxas e já me sorve pacientemente e já capto o olhar que me trespassa e morde-me e puxa-o e lambe afasto recusa aproximo a palma das suas mãos no meu rosto as minhas nas suas nádegas e agarro-a e ajusta-se ao meu sexo cego ajusta-o dentro do seu rio húmidos ardendo incansáveis fatigados explodindo — tudo, tudo… o amor que seja tudo, a vida toda… e descansamos… e recomeçamos mais lentos… vezes e vezes… voltas e voltas… tudo, pelo dia adiante. A noite aproxima-se, que venha, que seja louco o amor e todo e agora e para sempre. A vida inteira. O que é isso de vida? Carpe diem. É isto, e basta.
O mar do sexo onde nado e me tudo. Um mar de seda. Ah mas só mergulho quando as ondas me parecem enigmáticas. E não tenho medo, nem das marés mais bravas e loucas.
O sol esta manhã entra por todos os poros da casa como se fosse um amigo antigo que me veio visitar. Estou só e sento-me à escrita diante de um desses ícones que ela colecciona, uma Virgem da Paixão, suponho que pintada em Creta por autor anónimo. Assisti à manha com que ela comprou a última peça da sua colecção num antiquário de Damasco… Há flores por todo o lado e sinto nas costas a seda de uma abaya que ela me ofereceu na última vez. Ouço Thelonious Monk numa das suas gravações ao vivo: Nice work if you can get it. Saiu cedo, no cumprimento da sua vida sedentária: a sua avó, a sua fada como ela diz, a sua Teta (avó em fenício antigo) adoeceu, foi vê-la ao hospital da família, a velha pintora que me lembra a Justine do Durrell como devia ser no fim da sua vida — foi ela, a velha senhora, quem me ofereceu as “três graças” de marfim antigo que os meus dedos acariciam entre duas frases.
Na primeira vez, em Paris, olhava para os teus lábios — pequenos mas carnudos — e via, e previa os lábios do teu sexo.
Regresso ao meu canto e penso no dia em que a conheci, no aeroporto de Montpelier. Ambos convidados para um festival de poesia. Visualizo a cena, o que já me aconteceu mil vezes. Estava sentada, lia qualquer coisa mas, sobretudo, olhava. Penetrava. Indiscreta. Olhou-me e eu a ela. E esse olhar foi tudo, foi, pelo menos, um começo avassalador. Uma das guias apresentou-nos e o que vi foram uns olhos molhados. Molhados de brilhantes, incisivos e cheios de desejo e de sofrimento. Só meses depois eu saberia porque me tremeu a alma, habitualmente pouco dada às glosas do amor cego. Ao houbb a’ma!, como chamam os árabes, ao amor-paixão-sentimento que um homem sente pela mulher inesperada. Ah mas o meu corpo sabia, o dela também. Alquimia? Pensei na facilidade com que a vida nos desvia de um lado para o outro. Acidentes a par e passo. Um olhar, um pé que podia estar noutro lugar e subitamente o que podia ser uma coisa é outra, o destino existe quando um acaso nos surpreende ou faz tremer ou… Houve dois rostos que se reconheceram e depois as palavras, a música o desejo, o silêncio deram o passo seguinte. Dois corpos que se reconheceram depois de terem atravessado rios e mares montes e florestas veredas e núcleos da matéria até se encontrarem nesses longos e comovidos diálogos à distância, no frio das ruas de Paris, nas ilhas adriáticas, sobre o lago de Ohrid, em camas de países visitados e logo perdidos, em jardins provençais, em ruínas assírias e aztecas, nos bairros velhos de Lisboa e de Istambul, na casa onde viveu Gibran o Poeta-profeta, à sombra dos cedros milenários de Arz a-Rabb e em Byblos, em Brugges, em Pompeia, caminhos e nuvens e areias e lençóis deste mundo e do outro, dependentes um do outro, em alegria e temor, abismo e fulgor, exaustos e frescos como o sangue de outros rios. Ouço a alegria louca e sofrida da música de Monk e penso em nós quando nos amamos, quando a terra da vida me festeja o corpo e eu o dela. Quando tocamos, ao mesmo tempo, nas raízes e nas estrelas.
Amei. O mar sorri. Começou mais um dia. Ou acabou? Talvez amanhã, quem sabe, me seja dado outro. Pois que melhor sorte esta minha de poder vivê-lo com Myah?
Mais uma noite em que pudeste ficar comigo, como consegues? Jantámos num restaurante aquático, a bordo de um velho cargueiro, e então disseste ao teu marido, Vamos trabalhar no nosso livro. Trabalhámos a noite toda. Atentos e desordenados. Acordo e ouço o marulho da tua respiração. O sol manso da manhã invade-nos o quarto e o mar, ao fundo, ronrona. Vou ao terraço vê-lo, uma tela deitada onde posso ler o que me aprouver. Não, não te vou acordar embora te tivesse prometido que o faria mas sabes, eu sou um monstro, posso deitar-me às 5 e acordar às 7, fui possuído por forças que não sei de onde vêm. O sexo tumultuoso desta noite, seguido de momentos de detenção e de palavras amáveis promessas o que somos nesse pensar no que seremos e mais amor sempre mais e mais do teu corpo como se fosse a única jangada a última razão da minha vida uma praia o mundo em todo o seu esplendor contradições elementos catástrofes a paz após a tempestade. Tudo isso e muito mais, Mozart e os blues da Billie, o Menuetto allegro e a Blue Moon, encontrei em ti, no teu corpo de seda animal. Num monte de Vénus elevado e carnoso, apesar do rigor das tuas formas, como se pelo teu corpo tivesse passado, no seu antigamente, um afluente de sangue árabe. Passou. E tu? Que nunca pensaste que isto existia, que te podia acontecer, a entrega a invasão do teu corpo por outro corpo que lhe dá tudo que o vê que o escuta que o visita e acaricia e lambe e penetra com toda a doçura e violência da sede e do saber! Nunca te cansas, perguntas-me? Eu não sei nada, eu não sabia nada antes de te encontrar, eu acabava de sair de um casamento asséptico, sei apenas que vim encontrar em ti os desejos da minha vida e outros mais que nem pressentia, olhar-te como quem te possui, possuir-te como quem é teu e canta, absolutamente cego e sábio e louco e desesperado. Acordas e dizes, Oh, ao sentires a minha mão entalada nas tuas nádegas e então começamos, recomeçamos, leve, docemente, enquanto não acordas de todo. Um mar incessante. Que fazes? perguntas. Recolho e pouso-te na boca as gotas finais. Não se pode perder nada. Não, repetes, não se pode. Sorris. Sorves. Engoles. O outro mar, ao fundo, é uma tela cheia de música, emoç��o.
Pensei chamar-te Hawwa, a Vivente, como se chama no Alcorão à primeira mulher mas depois lembrei-me que não gostarias do conceito, a fuga do osso, a costela roubada durante o sono, embora também se diga que o corpo de Hawwa é profético, assim o teu, e a alma, a que chamam nafs, a do homem e a da mulher, é uma só. Alma, árvore, casa e casca que não se cansa de buscar o paraíso perdido. O lugar da fecundação, diziam os antigos — feito e refeito pelos perfumes do amor. Serás então Myah, tu própria escolheste o nome: “água”, água da fonte, água-fonte, fonte ardente
A doce desordem dos corpos que se amam, dos lugares onde nos fundimos como se por aqui tivesse passado um tufão, os trapos atirados para o ar, o caos da cama, a cama do chão, um cais onde caíram barcas loucas com seus lemes torcidos e memórias e sapatos e o pequeno computador e cuecas e uma chinela e livros e toalhas e canetas e telefones. Um lugar onde já não sabemos onde começam e acabam as nossas lembranças.
— Sou o teu veneno, dizes.
— E o meu antídoto, respondo.
Chegámos aqui depois de uma descida a praias poluídas e de um arak, que tu não bebes, só nele molhaste os lábios, bebes sumo de limão, acompanhado por pequenas variações encantadoras de comer e chorar por mais, acepipes orientais de que nunca nos saciamos. Chove, e depois deixa de chover, no terraço e nesta vida que escolhemos viver, nómada, arriscada, alimentada por um desejo duplo sinuoso e espantado, depois direi melhor, um mergulho intenso em corpos que atravessam um túnel, “um bosque incendiado —dizes— pelo seu próprio fogo”, e por vezes uns pós de ciúme pelo ar que o outro respira, pelos anos desastrados em que o outro não existia.
— Tens medo? perguntas.
— Nenhum, e tu?
— Nada nos pode separar. Nem sequer tenho medo de ter medo.
— Vamos ser sábios.
— Nós?
Rimos, obsessivos. Talvez o dente ou a bala ou a regra moral radical venha de onde parece haver cumplicidade, aceitação, compaixão por dois animais apaixonados. Não sei. Agora é assim, amar até ao esgotamento, adormecer dentro de ti, e tu dentro de mim, e depois logo se vê. Ou não se vê. A chuva cessou e o céu não poderia estar mais claro.
Apresentaram-nos no aeroporto. Que partiríamos para Lodève em grupos de oito poetas, que iriam chegando dos vários países. E que já estava alguém, uma poeta do Líbano, que me iriam apresentar: Isaac, Myah.
— Desculpa, não sei nada de ti.
Que não tinha importância, disse-lhe. Pedi um café. Ela, um sumo de laranja.
— Queres saber alguma coisa? perguntou.
— Nada. O que quiseres dizer.
— Escrevo mas não sei se presta. Ganhei um prémio e por isso me convidaram.
— E o que fazes além de escrever?
— Cuido da casa. Parece que mal. Tenho três filhos.
— Três filhos? Tantos assim? Pareces tão nova.
— 25 anos. Mas houve um tempo em que me fizeram filhos...
Olhos de metal macio. Provocadores. Como se fossem duas as mulheres dentro do mesmo olhar.
— Fizeram?
— O meu marido. Quando devia ter feito amor.
— Um filósofo?
— Um comerciante. Árabe sunita. Frio. Porquê um filósofo?
— Os filósofos têm tantas dúvidas que nem sempre fazem bem o seu amor. Falam mas não amam, raciocinam mas não gozam, duvidam mas não se entregam.
— Nunca tinha pensado nisso. É uma provocação?
— Talvez. Sinto-te doce e ao mesmo tempo convulsiva. Talvez provoques a provocação.
— E os poetas?
— Há de tudo.
— Tu?
— Gostava de tomar mais cafés contigo.
— Cafés?
— Começos. Palavras amargas. Café sem açúcar. E o que vem depois de cada café quando não sabemos nada do outro.
Que vamos então partir, disse a nossa guia. Que chegaram mais poetas, a carrinha está cheia.
Quem fala aqui? Um eu que não sou eu, que vem de longe e traz coisas pequeninas entre os dedos. Desígnios invisíveis. Um homem enjaulado no vasto mundo e, sobretudo, na teia de mulheres, as visitantes da noite, as portadoras do caos, umas vezes doce, outras nem tanto. Em cada milímetro da casa, em cada partícula do dia, uma boca, uma entrega que se pode desenvolver de um modo ou de mil outros pois a verdade, a realidade não é só uma. Em boa verdade não é nenhuma. Este é também um livro —um canto!— sobre o grande e único milagre, o de sermos isto, o de estarmos vivos desta maneira e não de outra quando tudo são apelos para outra coisa, outros erros nossos. Falo de mutações. De liberdade ora condicionada, ora solta. De libertinagem. O amor impera neste livro, o amor e o seu sexo, porque se parte do princípio de que tudo é caos — e a ordem que aqui se persegue não tem nada a ver com as regras da sociedade, apenas com as leis, também elas caóticas, do amor. Mas não sabereis quem sou. Parece que escrevo um diário, que me coloco à sombra da luz excessiva de uma verdade que não existe… Que vivo e me vejo viver….
“O poeta amigo de Myah”, devem pensar no meio. Amizade, amor platónico, pensarão. Mas eu estou perdido como se tivesse apenas este minuto, este chão para viver e as outras mulheres da minha vida tivessem caído numa caixa escura. Contemplo escuto acaricio bebo excito-me dispo-a deixo-me despir invadir devassar apoderar-se de mim que faça de mim o que quiser e ela quer tudo e então cresço ruborizo visito-a por todo o lado por e então ela pede-me que não deixe um só momento em solidão e entro invado-a e tudo e muito mais ela me devolve incansável inesgotável. Quantas vezes posso? Ela quer sempre mais e mais e há sempre um pouco mais onde parecia não haver mais nada. A minha vida é agora e apenas o meu corpo e sabe-me bem. Quem está comigo não pertence a este mundo, é este mundo. Estava eu nestes reflexões quando Myah, às voltas com os seus prelúdios, estamos na casa da praia, se levanta do piano e me pergunta:
— Amas-me? Diz que me amas, diz muitas vezes — e reparo que tem os olhos molhados.
— Por que choras?
Aproxima-se, entra para dentro dos meus olhos, coloca as mãos nos meus joelhos, puxa-me para o chão, sentados um diante do outro, e diz:
— Eu devia ter-te encontrado há dez anos.
— Mas há dez anos tu…
— Era uma adolescente? E depois? Eu sei que tu te terias apaixonado por mim e eu por ti. Não me teria casado, uma mulher não se deve casar aos 18 anos com o primeiro príncipe comercial que aparece, pressões de família, aqui ainda é assim… Mas também para me livrar do peso da família… Saí de um peso para entrar num pesadelo.
— Tens-me dito que os primeiros anos foram bons…
— Eu pensava que sim antes de saber que o amor é outra coisa, uma fusão de coração palavra sexo loucura excesso vício volúpia: humidades trocadas... As palavras são tuas, o corpo de quem ama é todo ele um sexo louco e sábio. E tu…
— Eu?
— Terias caído nas minhas malhas, de feiticeira, como dizes? Nos meus ardis? Terias caído apesar dos meus poucos anos?
— Esqueces os meus muitos. A minha mulher, ainda há um ano, dizia que eu estava acabado: “Já não podes?”, perguntava-me.
— Pobre da tua mulher que não te conhecia, que não deve perceber nada do que é um homem, do que se deve fazer com um homem para ele fazer connosco tudo o que nós quisermos.
— É assim que fazes comigo?
— Totalmente. Não gostas?
— Talvez eu não tenha nascido para ela.
— Claro que não. Nasceste para mim. Tu eras meu antes de saberes que eu existia. Meu, assim.
Enrolou-me as pernas na cintura e torceu-me o dorso num golpe seco mas delicado. Deitados, as pernas descruzaram-se. Tocou-me nos mamilos torceu-os com uma leve violência que me agitou o sangue e eu beijei os seus seios mordi-os soltou-se e atacou-me o sexo começou a acariciá-lo a excitá-lo enquanto eu busquei com a língua toda com toda a saliva possível e a meti na mão que, arado gentil, se infiltrou nos lábios espumosos da sua vagina.
— Já não choras? — perguntei, olhando-a fundo.
— Raramente choro quando entras para dentro de mim. Quando começo a voar enlouqueço.
— Pensava que tu eras sempre.
— Louca? Talvez. Mas agora vou perverter-te, corromper-te de amor. Para além do entendimento, como dizem nestas bandas. Assim está bem?
— Sim. Abre um pouco mais, assim.
— Toda, abro-me toda, dou-te tudo o que tenho, tudo o que sou. Bebe-me, agarra-me, come-me.
A bela desordem desta casa. Vejamos uma estante com livros, que livros? Ao lado da Bíblia, traduzida por André Chouraqui, o De l’ Amour, de Stendhal; e ao lado de um livro sobre Francisco de Assis, a Justine, a do marquês de Sade, ilustrada por Dubout; e ainda o delicioso Rouchd al-lâbib li mou’acharati al-habîb, uma espécie de Kama Sutra árabe que, traduzido à letra, disse-me ela, daria Guia do Desperto para a frequentação da Bem-amada; e, junto à foto do seu casamento, a pequena “menina” nua de João Cutileiro, que lhe ofereci no dia dos seus 26 anos.
Esta noite dormi sozinho e senti-me perdido sem o seu calor oriental. Existe tal coisa? Parece que sim, o seu corpo ardendo lentamente sobre sob o meu. Vou fechar os olhos, lembrar-me de cenas enquanto o sono não chega — ou ela, às oito da manhã. Como consegues aquecer-me só de me olhar? Não sei, tal como nada sei, senão vivê-lo, do mistério que arrancaste dos meus ossos frios, uma música distante que parecia esgotada.
Vou à janela, olho a baía, a profusão de luz em redor do mar. No Verão nadei nessas águas, ardi, ouvimos a Carmen no Templo de Júpiter, adormecemos ao som da cascata na gruta de Astarte. Releio o Cântico dos Cânticos: “Que ele me beije com os beijos da sua boca! Bem melhor do que vinho, o teu amor…” O teu rosto dramático não me sai da memória, são duas da manhã e já não sei adormecer sem a tua cabeça no meu pescoço o meu joelho nas tuas coxas as tuas mãos na minha cintura. Quantas vezes me deixo cair no sonho quando as tuas mãos me amaciam e depois me excitam?
Acordo. Um telefonema. E depois outro e outro, ao ritmo da sua vida. Barbeio-me, tomo duche enquanto ela continua com os seus telefonemas, a gerir a sua teia, filhos, amigos, obrigações mínimas e múltiplas e depois regresso, nu, para dentro da minha amaya. O nervo matinal animado pela água tépida. É ela agora quem vai à casa de banho: canta, despede-se do seu período e depois atira-se para dentro de mim. Faz frio, a casa nunca mais acaba, o ar condicionado falha. Um abraço vigoroso, o calor desigual, a respiração nos pescoços vai aquecer-nos. Cresço, mas não muito e é então que ela me toca, dedos finos e me vira as costas sem deixar a glande.
— O que fazes
— Toco-te, roço-te.
— Mas tu nunca
— Nunca muita coisa mas hoje apetece-me, queres?
— Tudo, de todas as maneiras.
E começa a salivar-me o sexo, a metê-lo na boca, e depois entre as nádegas, deixo-a conduzir, acaricio o clítoris, nada mais e sim, mais, mais, que faça o que quiser, e ela faz, muito lenta, o meu sexo conduzido pelos seus dedos como se fosse um objecto. É.
— Esqueces-te que tens uma boca? Que ela faz milagres?
— Tenho mais lábios, hoje vai ser com estes, gostas?
— Estou a gostar, molha, molha um pouco mais.
— Sim, com as mãos, só as mãos, as duas.
— Fizeste quando eras virgem? Com as virgens fazia-se assim — digo-lhe ao ouvido. Como não podiam perder a virtude antes do casamento exploravam outras coisas, outros ritmos… O namorado tinha que ser muito experiente. Claro que perdiam muitas vezes a cabeça.
— Nada, eu nunca fiz nada, fui atirada para o casamento como um cordeiro para a boca do lobo, mas o meu lobo ainda sabia menos do que eu. Nem dentes tinha. Apenas explorei um pouco os mistérios do meu corpo solitário. Estás a gostar?
— A gostar? Enlouqueço e vou enlouquecer-te. Vou fazer como faziam os casais virgens, horas.
— Horas? Não acredito.
— Passavam horas: meter um pouco, manter um pouco e depois tirar, retirar, era quase impossível mas tinha que ser assim. Uns orgasmos pelo meio, uns delírios. Pantanosos, fluviais. Quem não passou por isso ficou frio para a vida inteira. Ou agressivo ou apenas um vaso, no caso da mulher. As coisas delicadas que se fazem entre homens e mulheres!
— Nunca fiz. Sabes que não sou um vaso mas que serei um vaso quando quiser, se quiser. Horas? Agrada-me a promessa.
— Sobretudo se formos interrompidos pelo telefone de dez em dez minutos. Deixa-me tirar um pouco… assim… vou entalá-lo no teu rabo enquanto falas...
— Estou a gostar, mas deixa-me ser eu a fazer tudo, quero comer-te.
— Comer-me?
— Trabalhá-lo, chupá-lo! Gostas?
— Se gosto, mas agora vai doer-te, vou meter-te o dedo e depois o sexo, vais adorar.
— Adoro sim dói não faz mal eu gosto que doa um pouco mas não faças doer muito não sim sim assim molha molha mais podes fazer doer que já não me dói...
— Agora deixa-me ver, deixa-me descobrir o quase invisível, vê-lo outra vez.
— Pensavas que eu tinha sido seduzida, disseste-me na ilha.
— Não, isso não, já sabia que eras meio maronita, meio ortodoxa, mas admirei-o, o teu grão é tão pequenino. Uma das minhas mulheres tinha um clítoris que parecia um pequeno sexo masculino.
— Gostavas?
— Gosto do teu, tocá-lo com a glande como se fosse a língua, com a língua como se fosse a glande.
— Quanto tempo dizes tu que podes?
— O tempo todo, se me ajudares. Se me deixares concentrar. Para mim o sexo é uma mistura muito variável de sentimento, razão e tesão. Ah mas agora apetece-me entrar, derramar-me.
— Já não sou virgem?
— Já não. Salta-me para cima, força.
— Sim, sim. Vou-te inundar.
E aconteceu o que aconteceu..
A sândalo cheiras, a perfume de rosas mas o que lambo nas tuas coxas e sorvo na tua cintura é o suor do amor e tu em mim o que bebes e comes é uma terra que passou a ser tua. A terra humanizada cheiramos, e quase se ouve.
— Como é delicado o perfume das frases ingénuas e pomposas!
— Amo-te. Venero-te com tudo o que há em mim de místico e de erótico.
— Cada novo dia contigo é o melhor da minha vida, um milagre, uma coroação!
— Entro inteiro em ti, inteira permaneces quando partes.
— “Aspiro o delicado hálito da tua boca”...
Desfaço-me na lágrima absoluta, essa que me esvazia e cega.
CAPÍTULO II
A LÁGRIMA QUE ME CEGA
A avó pintora oferece-me uma minúscula peça de marfim, “há séculos na família”: As três graças! As três de ti, digo a Myah. A primeira, de seios ao alto, é a mulher que segue o amor, a que se entrega e depois logo se vê; a que deseja, agarra e depois logo se pensa. A segunda tem o mesmo ar de quando me falas do teu prazer, é perversa, parece desprovida de paixão por excesso dela, és tu quando me trabalhas depois da primeira fusão. Olho a terceira, como ela é discreta, desamparada, foi essa a que me perturbou, a sua solidão, depois da primeira me ter olhado, directa e agressiva. A primeira conquista e invade; a segunda subverte e negoceia e a terceira, um pouco mística, é a Myah que foi cantada por Salomão. Todas sabem, dizes, todas sabem que te vão amar para sempre. Interrompo-te sem nada dizer mas entendes sem nada me responder: para sempre quer dizer agora?
Ela não passa quando passa. Ela aproxima-se porque os seus olhos brilham e depois és tu quem vai procurá-la. Como se ela, mostrando-se, revelasse a primeira imagem de um enigma que tens que desvendar. E quando te aproximas os olhos dela, melhor, o seu olhar parece subitamente húmido. Há nela uma febre que é preciso decifrar. E quando ela fala abre-se uma fenda, ao mesmo tempo olorosa e distante, a que é difícil fugir. Aproximei-me. E em cada um dos seus movimentos (pegar num texto e lê-lo, colocar a mão em cima da minha, abrir-me o que parecia fechado) só encontrei princípio e desmesura.
Perdi há muitos anos a crença religiosa. E a política. Nem deuses nem santos nem doutrina nenhuma. Em cada uma delas colhi um ramo, por vezes uma raiz, uma semente. Vivo bem assim. Não tenho dúvidas porque deixei de interrogar quem não me poderá responder, o mundo, e só ele, mas ele não é mais do que mudança, não responde, é boca e só boca. Boca e ouvido. Agora é um pouco diferente, há uma mulher que me devolve o mundo inviolável, o melhor dele, o ar terroso, um corpo amante e frágil que o simboliza dando-me a respirar a terra mais pura e a mais impura. O paraíso, como defendem os da seita Jôdo. O meu é agora. Pó vivo! Se tenho alguma dúvida a dúvida que tenho desvanece-se quando Myah se despe e se deita a meu lado e toca com as suas mãos a madeira densa do meu desejo. Quando ela derrama, na minha pele, no meu ventre, as suas lágrimas de argila. Cegam-me.
Quando saímos da vida sedentária e entramos na nossa errância, esta que escolhemos enquanto nos deixarem, enquanto formos capazes de fazer passar este simulacro um pouco tosco a que damos o nome de “amizade amorosa”, enfim, enquanto a glória for durando, é um pouco como se entrássemos nessa gruta harmoniosa e obsessiva de que falava Séneca Filho: Cibus, somnus, libido, per hunc circulum curritur —como é bonito em latim!—, a mesa, o sono e o desejo. Eis o círculo onde rolamos.
— O dia impregnado de ti: dos teus aromas. Dos teus gestos. O teu riso marcou o meu despertar. Sentidos plenos. Repletos. Perfumados. Sonho ainda. Apetece-me mais. Apeteces-me toda.
Outro aeroporto. Lembro o perfume do paraíso: o jardim do teu corpo aberto ao meu. Agrada-me que sejamos assim, insaciáveis um do outro, drogados por sexo e ternura.
— Os aromas ficam. Alimentam-me. O sabor do teu esperma, que delícia. Os nossos corpos a desejarem-se. Essa quentura que nos ilumina. Boa viagem. meu bem.
Regresso a Myah. Vazia, diz-me pouco depois de a ter encontrado, a sua vida. Que não sabe onde está, sombras apenas, duplos, que ama sem amar, odeia sem odiar, que não tem objecto o que sente nas entranhas. A expressão árabe de um sentimento de carência que mais tarde me tocaria noutras ocasiões: isto mata-me, amor, e não sei onde estou. Assim, do pé para a mão. Que nunca mais esquecerá a ousadia da minha linguagem, a blasfémia, as metáforas do caos. Que vá visitá-la, que para o viajante que eu sou isso será apenas o desvio de uma gota de água. Não é assim, disse-lhe, só viajo para fazer coisas. Que vai organizar coisas, que as vai organizar, uma leitura na Universidade Americana de Beirute, outra num espaço francês e que ficarei instalado como desejar: num hotel da cidade ou em sua casa ou na montanha ou à beira mar. Que tudo faria: contactos, convites, universidades, embaixadas, como se fosse a jornalista que não era, a public relations que não era, que tudo seria feito. E foi. Que só teria que desejar, e desejei. Que só teria que viajar, e viajei. Mas antes faríamos um encontro em Paris, com Habib, o seu delicado esposo, uma espécie de Nessim (o da Justine de Durrell) mais pragmático, um comerciante de mármores, que comprava na Europa e vendia aos árabes do petróleo. Foi por esses dias que minha mãe faleceu. Disse-lhe. Que estava só, que a mulher com quem havia vivido nos últimos dez anos nem nesse momento me estendeu uma mão e que naquele momento só a memória dos olhos dela, que tão molhados colhi em Montpelier, me faziam companhia. Eu toda, disse, toda eu te farei companhia — e meteu-se no primeiro avião.
Telefonam-me.
— A tua mulher?
— Sim. Qualquer coisa com os filhos.
— Ainda está em tua casa?
— Ainda.
— Não é possível!
— Comprou-se uma casa mas ainda não foi entregue.
— És único.
— Eu sei. Incrível, não é?
— Vivendo com a mulher de quem te divorciaste.
— A casa é grande.
— Como conseguem?
— Não conseguimos. É terrível.
— Como assim?
— Ferimos o outro chorando. E cantando. Cada um na sua casa de banho. Coisas alusivas à separação.
— Como é possível?
— Os filhos.
Saudade, diz ela, e a palavra tem na sua língua um peso que não lhe conhecia em português. Como se devolvesse a palavra à sua origem árabe, um longo desejo que nasce do ventre e se dilui na mente, que aceita e compreende a ausência. Uma serpente que mete a cauda na boca, a saudade. Beijar uma pele que está longe, amar quem não nos pode dar mais do que uma ausência, mas quanto peso nessa ausência, quanta volúpia. Saudade, disse-me ela num dos nossos longos telefonemas, com a boca cheia dos perfumes da sua terra e do mel do nosso amor.
Pássaros. Seguindo o movimento de outros pássaros. Os olhos de Myah seguindo o movimento das minhas mãos.
Raramente o desejo contínuo e a plena contradição em acto: enquanto nos amamos todas as diferenças se esbatem, os dedos iguais aos cabelos, o cheiro igual ao tacto, a língua igual ao joelho, ao mesmo tempo que cada diferença se revela como se nela em cada momento tudo mas tudo, o corpo a palavra o desejo o movimento, se inventasse ali, naquela cama de nuvens, pela primeira vez. Exaltação paciência bebedeira desregramento de todos os sentidos, confusão auspiciosa energia infinita e fadiga, tão doce tão cheia ela também de desejo. O reflexo da mente na lágrima.
Bebo arak. Ou vinho, quase sempre. Myah não. Nem fuma. Nem toma café. Ardem nela mil sóis. Não precisa de nada que a excite. “Está tudo no meu sangue”, diz, arranhando-me a mão enquanto pego na minha taça. Falo-lhe do poema de Li Bai sobre as taças de vinho para lhe dizer que, na bebida, aprendi a parar exactamente quando quero. “Gozas menos!” “Gozo mais.” Conto-lhe a história, que também foi narrada, de modo diferente, por Apuleio e por Li Bai: “A primeira taça é para a sede; a segunda para a alegria; a terceira para a volúpia; a quarta para a loucura.” Cuidado com a quinta, costumo dizer — depois da quinta já não se faz nada.
— O que fazes na vida?
— Amo.
— És louco.
— Restam poucos.
Não te possuo. Nem tu a mim. Fazemos música. O prazer que sentimos, as aves que tiramos do corpo do outro, é uma música que se improvisa. O corpo do outro, por mais que o amemos, por mais que nos ame, jamais o possuímos. Nem ele, o corpo, possui os seus órgãos — entramos por ele adentro, um rio, buracos, margens, escutamos a sua respiração, a pulsação do sangue amado, mas há uma fronteira entre a música e o instrumento que a produz, a solo ou em dueto, uma quase perfeição por vezes, mas depois dói, é a nostalgia, a morte interrompida, o regresso ao caos. O corpo individual é um campo trágico e, por mais que desejemos ser Um, uma tragédia solitária, somos uma comunidade. Esse o drama dos amantes: por mais que se entreguem ficam sempre com algo mais para dar, por mais que desejem o corpo do outro ficam sempre de mãos vazias. O amor é um fantasma que por vezes nos roça — raramente. Não se vive, deseja-se viver. E depois, e depois? Amar-te é antigo mas também é amanhã e amanhã quem sabe o que é?
“Quando ele te acenar, segue-o”, diz Khalil Gibran sobre o amor. Outra coisa não faço sabendo embora que os outros, os que dependem de nós, não podem ser arrastados na cheia desta paixão. Há um coração despedaçado que paira sobre umas montanhas distantes debruçadas sobre um mar antigo. Lá de cima, quando estivemos na cabana de Khalil, víamos apenas o azul mediterrânico e a complacência dos montes. A dor ainda não se havia misturado com o desejo.
Enuncio as 5 verdades: Amo-te porque olhei e vi o teu olhar. Amo-te porque a palavra correu entre a tua pele e a minha. Amo-te porque ouvi a febre — esse todo em ti inesgotável. Amo-te porque me dás tudo e ficas mais plena e mais intacta. E amo-te porque és frágil e caótica e me revelas em cada momento que precisas de mim. Não precisas. Sou eu quem não saberia viver sem a tua confirmação constante de que o paraíso existe.
O que queres fazer? Onde queres jantar? Italiano, francês, cipriota? O que queres que eu faça? Saímos? Ficamos em casa? Na cama? Precisas de alguma coisa? Pouco de pouco me basta e ela, que tanto é, mais ainda me quer dar, destinar. Atenta aos meus desejos mais velados, a ler-me, a tocar piano, a escutar-me, a desejar conceder-me o que desejo, se desejo alguma coisa, que nada peço, que me deixo somente ir na onda, enfim, pouco mais que nada. O teu nada é quase tudo, dizia-me Tessa, há vinte anos. Pesa. Hoje, ainda na cama, perguntei-lhe se ainda tocava. Líamos, vagueávamos no corpo do outro. E logo se levantou, nua e fresca, levou-me pela mão para a sala de música, sentou-se ao piano, um Bosendorfer de 1975, exactamente da sua idade e perguntou-me, Queres escolher? e meteu-me nas mãos um caderno com partituras de Mozart. Apontei com o dedo o Andante grazioso da sonata Köchel Nr. 331 e sentei-me a seu lado, eu também nu, sob a luz que nascia das altas janelas. Começou a tocar, como se estivesse equilibrada entre o seu corpo colado ao meu e uma melodia ditada por um olhar muito vivo sobre a partitura que eu segurava com os dedos. Mãos subtis, as suas, nessa prova máxima, em que também aí parecia fazer o que queria. Virtuosidade e emoção a que só faltava a perseverança, e para quê, perguntava-me ela noutra ocasião, se não sei o que será amanhã? Talvez faltasse apenas um pouco de silêncio na sua interpretação, essas pausas brevíssimas que fazem a diferença entre um legato excessivo e um legato na medida justa. Pouco a pouco fui ficando excitado, já não sei se pela inesperada execução da sonata, se pela sua pele, aquecida pelo sol da música, roçando-me os flancos. Outra peça? Caímos no tapete, um desses que a família trouxe das montanhas da Arménia e começámos a amar-nos no chão. Depois fomos de novo para a cama, uma palavra que sempre nos enche a boca e depois os nossos corpos de mel, especiarias, acenderam-se um pouco mais. A sua pele brilhava como se absorvesse a luz toda do lugar.
Sexo o que é? Amar o corpo todo, a polpa de um dedo como se fosse um seio, um seio como se fosse uma nádega, uma nádega como se fosse a polpa de um dedo; ser amado por todo o corpo de quem me ama, quando ela me olha nos olhos como se me despisse no chão, quando ela me beija as axilas como quem navega por rios interiores, quando me faz sentir na boca o rumor das íntimas raízes. O que é o sexo? Tudo o que fazes com o outro que tu amas. Ela dorme, pobre ceifeira, enrolada em mim; eu espero que o sol nasça. Meu jovem dinossauro, disse-me antes de adormecer — que coisa linda! Na minha mão o seu pé. E através do pé, de veias salientes, ouço-a palpitar, as veias visíveis de quem fez ballet. O mesmo correr da vida que vi nos seus olhos, fechando-se, a boca aberta e escura, caindo por fim sobre o meu peito. Mas não há fim de festa nesta entrega de corpos amantes, detenção apenas, sequer detenção porque estes rios são circulares e o desejo não tem fim. Há também uns momentos um pouco mais extremos em que perco o tão parco equilíbrio do mundo.
Tu própria um instrumento a executar um dueto secreto com o teu piano, como se procurassem um corpo a corpo de que por momentos me senti excluído — mas só por breves instantes porque os meus dedos dificilmente poderiam desconhecer a pauta da tua pele. E depois do piano foi a flauta, “ó que bela flauta, a dos nossos concertos”, disse um dia, na velha Roma, Crisogono a Sempronia. Flauta ou falo? E vejo-nos deitados no velho tapete, enrolados um no outro, na execução desse duo em que pouco a pouco nos vamos tornando mestres e servos muito gratos.
A muitos dos fios deixados em aberto na memória dos dias, regressarei. Mas agora só desejo que me deixes sentar a teu lado. Com as pernas estendidas e os pés acariciando os teus.
Como se houvesse dentro dela uma guerra civil entre raízes que não dão frutos ou apenas frutos sem raízes. Uma guerra civil que libertou as seivas da velha árvore que sou nessa primeira manhã do mundo num “Best Western” de Paris, em que, farta das minhas alocuções amorosas, me perguntaste se podias subir ao meu quarto, que precisavas de ir à casa de banho, e foste, enquanto eu me estendia na cama e depois, com gestos quase cirúrgicos, me saltaste para cima e me arrancaste a roupa, os jeans, a t-shirt e com os dentes me tiraste o sexo da sua cova, como se estivesses a desenterrar um tesouro, ao mesmo tempo que as minhas mãos agora mais decididas te tiravam a blusa e o soutien e te agarravam furiosamente o crânio e ambos fomos um torvelinho, uma torrente de desejo e emoção e a tua boca me tomou pela raiz e o que era barro se tornou escultura, a escultura de uma árvore há tanto tempo morta e indefesa que, tocada pelo fogo, em breve soltou as suas velas e seivas que tu bebeste e rejubilei e depois sorrimos e depois rimos como se tivéssemos enlouquecido e bem loucos estávamos porque o mundo passou a ser outro mais trágico e mais luminoso. Não houve tempo, quero dizer tempo emocional, para mais nada, o mundo abria-se e decerto se abriria mais e mais. E com a boca ainda orlada por esperma disseste que me amavas e foi então que a loucura de novo se desenhou e levantou e nos conduziu para os caminhos que sabemos e alteraram a rota das nossas vidas até então paradas, desamparadas. E já não sabíamos o que dizíamos nem fazíamos como se tivéssemos subitamente renascido e logo enlouquecido.
Breves longos dias em que faço, como se fosse invisível, o que mais gosto de fazer: amar escrever olhar ler dormir. Com a leitura é a presença invisível que se faz paleta. No amor, sou outro e multiplico-me na terra cada vez mais obscura da minha amada; ela também invisível porque se recria e me molda aos desígnios do seu tempo e do seu corpo, onde me afundo e confundo. Quando ela parte, quando ela dispara para a sua vida sedentária, durmo ou caminho na praia, ali a meus pés, basta atravessar um terreno onde começam a construir uma mesquita. Levo um livro mas nem sempre o abro, a luz rebenta por todo o lado, no mar e na memória da minha pele. A sombra do meu corpo não me parece só minha.
— Por que me ofereces tantas coisas, só porque me vês olhar para elas? A mesa de cedro da Rue Rivoli, o alaúde de cristal, as fotos do teu casamento, depois de teres recortado apenas a tua figura?
— Porque não te posso dar o meu sangue.
Também mo deu.
O nome que deram aos filhos, A., B., C., revela uma intenção subconsciente de repovoamento. Após a guerra era essa a vontade religiosa, o plural dela, que domina há séculos as comunidades do país, os cristãos, os muçulmanos, os drusos, sempre em conflito latente. E tanto os maronitas (comunidade a que Myah pertence), como os sunitas (religião de Habib) assimilaram essa necessidade, para se manterem nas terras onde há séculos vivem. Como? dizem os outros. Roubadas — mas não vivemos todos num mundo roubado, nós que não temos nada, que mais somos do que pó? Os outros, sunitas e xiitas, fazem pois o mesmo. Reproduzem-se. Os drusos, um pouco mais secretos, também. “Por isso mesmo nos multiplicamos em grandes famílias. E como o país é pequeno, alastramos pelo mundo, invadimos quanto é terra que nos acolha. Cá dentro somos 4 milhões, lá fora 10. Já pensaste o que são 10 milhões de desejos febris como os nossos, perseverantes e truculentos desde há milhares de anos, quando éramos o que somos ainda, os inventivos fenícios? Até o meu irmão religioso, esse que está sempre a querer salvar-me o corpo e a alma das chamas do inferno, até esse mais-do-que-padre, é um gestor, e excelente, dos bens externos da família. Não sabe gerir a sua vida, foge das mulheres, é virgem aos 30 anos, nem consigo ensiná-lo a dançar mas gere naturalmente coisas nada fáceis: compra terrenos vagos, aproveita todas as oportunidades, constrói imóveis para habitação, aluga-os e continua a comprar. É o mais severo da família, não precisa de nada, apenas salvar algumas almas indomáveis e, diz ele, um pouco perdidas. O outro, o mais velho, multiplica tecnologias pelos países árabes, os novos ricos, embora os deteste, pois nós somos uma família arcaica, antiquíssima, culta. Ao cimo da pirâmide a Mãe, o seu poder imenso, a sua fúria paciente, a tua Myah mas desenhada apenas para o poder, jamais para o amor. Batia-nos por nada, controla tudo e todos, é de uma severidade rara mas também de uma rara capacidade para defender os seus. A sua colecção de tapetes vale milhões, há peças que têm séculos, maravilhas de seda, que foram trazidas da Arménia, em 50 burros, por gerações passadas. Não vende nunca nada, ou muito raramente, um bom tapete vale tanto em dinheiro como um imóvel — “mas um imóvel não tem a beleza de um tapete!” diz ela. O Pai não existe, foi um dos maiores industriais do país e perdeu a guerra, deixou comer tudo por quem para ele trabalhava quando podia fazer como os outros, comércio de guerra. É um homem bom, um verdadeiro religioso. Agora reza de manhã à noite e vive das moedas que a Mãe lhe dá. Das falências que sofreu salvou apenas um bem, uma praia com sete quilómetros de areia dourada, é lá que eu queria construir uma casa para viver contigo, mas a praia está perto dos campos palestinianos, agora dominados pelo Hezzbolah, sempre na iminência de novos conflitos, obuses, destruição. Um pesadelo para o resto das nossas vidas. Da tua também? Não, bem sabes que me basta amar-te e ser amada por ti, mas só se for loucamente. Habib, o senhor de quem Myah é senhora, aceita tudo. Desde que sejas feliz, diz. Enterra a cabeça na areia e não quer saber o que fazemos, “coisas de artistas” deve pensar, enquanto Myah, por baixo da abaya, me acaricia os joelhos.
Esta concentração indizível (vou dizendo) de quanto somos e de quanto vivemos antes de nascer. De tudo quanto desejámos antes de dormirmos um com o outro, de quanto vimos antes de olharmos um para o outro, de quanto ouvimos antes de termos sentido a respiração do outro. A linguagem que nos possuiu antes do sopro que nos conduziu ao outro, a este abraço que nos fez desejar ser um só corpo, a este olhar em olhos que se transformaram num só olho, na porta para dentro da qual entramos, calados e colados, esmagados por uma cegueira inesperada, uma luz incomum, quando nos olhamos e cruzamos as pernas em lótus e apertamos, primeiro em seda e depois em corda e depois em guerra animal, a cintura, as costas um do outro, a sua relva indefesa, a sua lama carente. A que música fomos submetidos, a que movimentos, ora suaves ora agressivos ora compulsivos, antes de sermos esta troca de águas espontâneas e exaltadas? Fragmentos que vêm de todo o lado, de uma multidão de ventres maternos, de pulsões irrepetíveis que se concentram neste fragmento da natureza que é estarmos aqui, diante do outro, ou é um espelho?
Estou na casa da Cidade Velha, no atelier onde ela escreve pela noite fora quando estamos longe um do outro. Habib deita-se com o poente e levanta-se quando o sol nasce. Sinto um calor estranho no corpo, um corpo que me parece estar dentro de um sonho. Mas não é um sonho, é uma mão que me envolve a cintura, outra que me desce pelas coxas. Durmo ou estou acordado? Há uma mão que se aninha no meu sexo, que me agarra pela raiz a febre matinal e outra que me levanta o pijama e abre o caminho da boca nos meus mamilos, tão mansa, consolo-me, fazia frio nesta cama mas agora há um seio flexível que se encosta ao meu peito, e nada nela faz ruído, nada nela sabe que já estou acordado, ou talvez saiba porque, subitamente, o dia começa. Rebenta, explode, e eu também, o dia do meu desejo, e penso na máxima medieval: Quod turget urget: o que se eleva, o que incha tem pressa. Ela sabe, ela compreende-me, ela acompanha-me. Vagarosamente.
Noutro dia és tu quem dorme. Debruço-me. Uma lagoa. Confundo-me contigo. Penso: o meu corpo com outra forma. Sinto a semelhança, o eco. Eco se chamava a ninfa que desejava Narciso. Mas Narciso preferia os bosques, a floresta, caçar, abandonar Eco ao seu desespero. Narciso amava-se e eu amo-te. E sobre ti me debruço. És o bosque do meu desejo. O corpo do meu corpo. As vozes que Narciso ouvia vindas do bosque ouço-as nos teus abismos. Para ele não tinham corpo, para mim são a terra do teu corpo. Nua e nítida. Coeamus! Juntemo-nos, dizia Narciso às vozes que não conseguia transformar em corpo. Coeamus! digo-te eu, no outro sentido da palavra: forniquemos! Vou esperar que acordes. Fazer-te uma festa. Um banquete. Pedir-te que me mates a sede. De Eco, a desprezada, só restou a voz.
E no entanto, apesar desta paixão, a minha vida não é só Myah, tão fenícia! Lúria, eco antigo, à prova de todos os desertos e tempestades, disse-me antes de eu vir para estas praias: Compreendo que ela te tivesse invadido, aceito, estarei sempre onde sempre estive. Frases destas, talvez demasiado redondas e no entanto claras, quotidianas. Que se recolhe na sua nostalgia e nunca deixará de esperar. Que segurará todos os fios que a vida lhe oferecer comigo. Quantos anos passaram desde o primeiro olhar? Quase vinte.
Não há nada que me comova tanto como o sexo de uma mulher. Nem… uma paisagem, uma tela, Rembrandt que seja, uma música, eu que choro quando ouço Bach, página alguma, nem de Ovídio, e nunca estive nem estarei sem uma na mão! Tenho bem situados na memória, no lugar mais límpido dela, os sexos das mulheres que amei, e como as amei: desenfreadamente, pacientemente, longamente, a elas e aos seus sexos tão diferentes uns dos outros como elas o são umas das outras… Se eu fosse pintor gastava o resto da minha vida a pintar o sexo das mulheres e, a partir da sua matriz, a expansão da vida em toda a sua inocência e experiência, jamais separadas…
— Uma palavra tua, uma só, e abandono tudo.
NOTA DO AUTOR: Os volumes desta Trilogia utilizam a minha técnica do fragmento, mas cada capítulo dos XXIV capítulos destes livros pode ser lido como uma coisa independente. Trata-se do primeiro volume de uma Trilogia, "As Três Graças", histórias simultâneas com 3 três mulheres da minha vida, cada volume tratando de uma mas com referências (fragmentos) às outras duas:
Myah, uma jovem poeta libanesa quando a conheci e agora uma destacada escritora de expressão francesa;
Nuria, uma professora espanhola, que se tem ocupado da minha obra em Espanha: e com quem mantenho uma "relação" há dezenas de anos.
Izumi (em homenagem à grande poeta Izumi), uma escultora japonesa que conheci no avião numa das minhas viagens ao Japão.
O primeiro volume, UMA LÁGRIMA QUE CEGA, trata da primeira dessas "três graças" — com quem corri o mundo até ao momento em que a história, com a minha cabeça a prémio, teve de ser acabada. Este 1º. volume só será editado em Outubro deste ano.
Este livro vai dedicado às mulheres secretas que o fizeram comigo e que, existam ou não, pertencem ao mundo da ficção.
Casimiro de Brito nasceu em 1938, em Loulé e tem sido um viajante infatigável. Publica desde 1958, e vão mais de 40 títulos: poesia, ficção, ensaio, aforismos, diário, traduções. Está incluído em 197 antologias, um pouco por todo o mundo e está traduzido para 26 línguas. Está a escrever: o Livro das Quedas (poesia), o Livro do Eros, o Livro das Obsessões (fragmentos), o Livro dos Haiku, o Livro do Desejo (ficção), o Livro das Pequenas Coisas (quotidianos). A obra anterior será reunida noutros “livros”. Ganhou vários prémios nacionais e internacionais: o Versília, pela obra reunida; o Leopold Senghor, pela carreira; o Europeu de Poesia, pela tradução italiana do Livro das Quedas (Libro delle Cadute). Conselheiro da Associação Mundial de Haiku (Tóquio); nomeado recentemente Embaixador Mundial da Paz (Genebra). Quatro dos seus livros: Labyrinthus (Prémio da APE), Opus Affettuoso (Prémio do PEN), Na Via do Mestre, Da Frágil Sabedoria.
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Carta aberta de um brasileiro jovem
Todavia pretenso suicida
Sou universitário, faço direito,
Pretendo ingressar na política
A corrupção corre em minhas veias
Tal qual o sangue que me mantém vivo.
Sou filho de um desses presos na Lava a Jato
Meu sobrenome ainda não me agride
Tenho um carro importado
Motor potente e adoro baladas.
Bebo de um tudo e gosto de algumas drogas
Todavia nunca saio só
Tenho uma turma da pesada: um bando de loucos.
Na balada sempre nos damos bem
Garotas se oferecem e fazem de tudo
A mim não interessa de é menor ou maior de idade
Deu moleza já zonza é o prato do dia.
Engraçado! Agora pensando me dei conta
Na maioria das vezes não sei nem o nome
Pode acontecer de um dia pegar alguém de parentesco
Mas dane-se deu mole: leva vara!
Saímos todas as sextas invariavelmente
Cartão de débito e crédito
Nunca me preocupei com a fatura
O negócio é aproveitar a vida enquanto livre.
Normalmente saímos das boates
Por volta de quatro horas da madrugada
Já houve vez de não saber como sair do lugar
Pois um branco veio forte e fiquei embasbacado.
A turma? Cada um deu seu jeito
Carona, taxi ou pegaram ônibus,
Não sei de nada!
Quando dei por mim estava hospitalizado
E já quase lúcido, perguntei quem me levou
Me, disseram que foi um segurança da boate.
Coisas da vida e de quem só pensa em viver perigosamente
A faculdade é particular e já estou no quinto período
Vou às aulas, já cambaleante e até perdido,
Mas já sabendo ser outra sexta feira.
Sábe! Há momentos que sinto até depressão
Quando estou lúcido e penso: que valor
Tem essa vida de careta de todo certo.
Deu quatro horas pedimos a conta
Dei o cartão de crédito e não lembrei a senha
O caixa me olhou de baixo a cima e disse.
A senha ainda é aquela que o Sr. Deixou comigo!
E eu respondi: valeu camarada, me salvou.
Juntei a turma e mais duas garotas
Tudo era só alegria! Em menos de dois minutos
Uma das gatas já estava nua e sendo degustada
A adrenalina subui feio, pisei forte no acelerador
O bicho respondeu e até levantou a frente
Pois atrás estava mais pesado, sinal fechado,
Nem tive reação de frear, não vi mais nada,
A não ser um barulho ensurdecedor
O carro despedaçou e outro também e um poste quebrado.
De repente me senti leve como se flutuasse
Olhei ao derredor e vi muito sangue
Várias pessoas estiradas no chão
Gritos de socorro de um dos carros .
E rapidamente corpo de bombeiros
Pois um carro estava consumido em chamas
Causou-me espanto quando alguém disse
O motorista que provocou o acidente
É aquele maluco de sempre,
Mas dessa vez se deu mal, está morto,
Totalmente destroçado, juro que não me reconheci.
Passou um tempinho e eu senti algo me tocando
E fui flutuando não tive reação alguma.
Quando um deles solicitamente me disse:
Você teve uma passagem horrível!
Não dá nem para reconhecer,
Ainda bem que tinha documentos consigo.
Pois é meu jovem ainda com vinte e dois anos
E já passou a fazer parte de uma estatística rude,
Brutal, fruto da irresponsabilidade e pelo fato,
De pensar ser imortal dirigindo a cento e oitenta Km.
Fica um pergunta: A pressa era para viver ou para morrer?
Bem! Seu dia chegou cedo, mas a irresponsabilidade,
Sempre o abraçou e comungou fortemente consigo
Espero que um bom sossego possa lhe fazer refletir.
Agora você não tem mais carro, não bebe,
Não usará drogas, não perturbará a ordem pública,
Não abusara de seus semelhantes estuprando garota
Bêbadas e drogadas que nem sequer sabiam a que m denunciar.
Todavia nada disso fará parte de seu mundo
Não necessitará de adrenalina
E nem será mais um perigo eminente.
Morreu de acidente ou suicidou?
Certamente que suicidou, ou melhor,
Sempre foi um suicida em potencial
Viveu acintosamente irresponsável
Pensava que era imune a tudo e a todos.
Seja bem chegado aonde terá tempo de refletir.
Jocabras 25-03-2016
Sabe!
Houve um tempo
Em que lhe amei verazmente
Houve um tempo em só lhe desejava
E a via cruamente nua sobre a cama
Lençol de seda branca
Sua nudez escancarada
Era algo alucinante
Seus lindos seios
Mamilos assanhados e entumecido
As curvas entre a última vértebra
E seu pujante quadril formava um vazio
Onde me fartava com a língua em riste
Rodeando o umbigo
E nós nos consumíamos arfando célere.
Lhe, penetrava e o fogo parecia perene,
Com gestos leves e concatenados
Enquanto você num desejo alucinado
Explodia de gozo de momentos em momentos.
Mas nos reduzimos somente à cama
O amor foi esvaziando
Conforme nossa convivência
Nossos diálogos se tornaram fúteis e difíceis.
É evidente que ao nos conhecermos
Surgiram os embates e as desconformidades
E fatos novos, ideias novas,
Manifestações de vontades novas
Me, causaram estranheza,
Então veio situações desconfortáveis
Nossos relógios já não comungavam mais as horas.
E começamos a falar duas línguas
E as horas certas rotineiras
Sucumbiram perante suas fugas.
Não posso atribuir a nenhum de nós
O fracasso e o desamor
Veio como na sorrelfa
Sem que se apresentasse a nós.
Quando percebemos e detectamos
As mudanças e os costumes
Percebemos que já não cabia volta.
E fica no vazio um questionamento:
Se não temos os fatores que nos uniu?
Como explicar esse desejo físico?
E essa sanha de sexo que queima e arde
Nossos corpos e nossas almas?
Todavia fica em aberto a ideia de readaptação
Pois nunca houve triação física e minha parte
Nem de pensamento e haveria motivo
Pois nos satisfazemos mutuamente.
Jocabras 28-03-2016
Eu sempre me pergunto:
O que é viver?
Ou de que vale a vida
Se não soubermos vivê-la
Viver é ter milhões de possibilidades
Viver é ser um eterno buscador
Viver é ser um eterno aprendiz
Assim como fenecer na mais completa ignorância.
Viver e ter milhões de chances e oportunidades
E viver reclamando que nunca teve uma chance sequer
Sendo que o mundo passou,
Fez um redemoinho ao seu derredor
E você boquiaberto n’uma pasmaceira de dar dó
Não levantou nem abriu os braços
Para açambarcar as oportunidades
Que você não percebeu
E as mesmas se dissiparam e só você não viu.
Viver é uma arte,
Sem ser artista ou arteiro
Viver é nunca perder o trem de sua existência.
Vida é algo para viver avidamente
É ter sede, todavia saciá-la devagar,
Pois vivemos um dia em cada dia
O amanhã pode até não existir para muitos.
Minha vida nunca me pediu pressa
Assim como nunca me recomendou morosidade
Viver é ser e estar evidente a cada dia
Viver não exige afoitismo, mas sagacidade sim!
Não me lembro de ter passado um dia sem viver
Não me lembro de ter escondido
De nenhum dia de minha vida
Mas lembro-me de tê-lo emendado.
Eu acredito muito na vida
Assim como acredito em passagem
Morte! Algo subjetivo!
Alguns já nascem mortos com muita saúde
Outros já nascem especiais
E pensamos nós:
Que não saberão nunca o que vieram fazer na vida
Ledo engano, falácias de quem ainda não sabe viver.
A vida independe rigorosamente da nossa aparência
As aparências enganam e como enganam!
Carecemos sim de dignidade e lisura para vivermos bem
As futilidades enganam e alimentam aos que vivem se sonhos.
Meu senso de razão é tão perverso comigo
Que não acredito em sorte, vindo de jogo de azar,
Sorte! Sorte é coisa falha
A sorte de um é alimentada pelo azar de muitos.
Voltando à minha vida!
Tenho a felicidade de ser feliz
Tenho a razão necessária para ser justo
Tenho amor para retribuir a todos que querem bem.
Mas aos incautos a vida pode ser ardilosa
Preparar cadafalsos na intenção de lhe ensinar
Que não há mal que se acabe, mas ficam sequelas,
Que não há mentira que perdure e que a vida não lhe traga à tona.
Na vida e na arte de viver com os proventos
A que temos em mãos é algo comum
Quem tem demais esbanja e humilha
Quem tem pouco sobrevive e Deus sempre proverá
Mas depende de sua fé
E de sua sagacidade em saber entender sua hora.
Na escola da vida sempre fui aluno e já cheguei a mestre
Mas me sinto eterno aprendiz de mim mesmo
Pois me sabendo e me entendendo
Terei mais facilidade em saber e entender meu semelhante.
Da vida nada tenho a reclamar
Sempre peço a Deus pai
Que me dê somente, aquilo que me fará falta,
Jocabras 31-03-2016
Da vida que já vivi
De todas as coisas que já vi
De pretensões ruindo como sorvete ao sol
De despretensiosos gênios
Vivendo quase na mendicância.
Da vida que já vivi
De tudo que já vi e vivi
De artistas e loucos sempre temos um pouco
Mas os loucos alguns são ternos apaixonados
Dos artistas que já vi são todos inspiradores
Com exceção de alguns
O resto vive buscando a felicidade
Arrancando de nós sorriso e deixando felicidade.
Da vida que já vivi
De tudo que já vi e vivi
Deparei com falsos sorrisos e farta dentição
Deparei com mendigos banguelas e rotos
Triturando nas mãos sujas o pão
Não dado de boa vontade, mas jogado,
Como se fossem latas de lixo.
Da vida que já vivi
De tudo que já vi e vivi
Das mulheres que me fascinaram
Todavia não as fascinei, nem as tive,
Dos amores que tive só uma me convenceu
Das noites perdidas como um boêmio, todavia sóbrio,
Vi fatos que até o mais libertino assustaria e benzeria.
De onde vivi e vim
Nada é diferente
Tudo tão igual, tudo é tão natural,
Todavia tão indecente quanto tudo que já vi e vivi.
Mas há vários questionamentos que fazê-los
Para saber com exatidão
Teria eu que experimentá-lo e sabê-lo
Da dúvida que assisti e não dirimi
Se me propusesse a repensar
E avaliar se a pena, sabê-los ou vivê-los.
Creio que sobre maneira abrandarei minha culpa
Mas não precisarei pedir perdão
Do que imaginei e desejei
Mas nunca tive coragem de sabê-los.
Dos envolvimentos que tive
Não carrego nenhum sentimento de culpa
E muito menos culpa de não tê-los
Me dado de presente, todavia não soube desembrulhá-los,
Desencorajado pelo medo de decepcionar-me
Mas ser o que a alma deseja
Por mais espúrio e impuro que seja
Talvez me condenasse menos
Ou talvez me inquirisse menos
Por ter me dado a esbôrnia em lupanares
Embolorados e enfumaçados e fétidos.
Mas o passado não tem efeito e não muda a realidade
Todavia não me arrependo
Do que vivi e da forma como vivi e sobrevivi
Aberto esvicerado como um marrano
Exposto ao lanho de um afiado facão.
Não penso que já vi e vivi tudo que me é mister,
Também não penso que as aventuras acabaram
Há muito, o que viver e muito tempo para amar.
Fui sucinto porque assim o sou
Fui realista não que eu o seja
Sou um sonhador, mormente da imortalidade,
Sou um a alma linda, sou um anjo,
Talvez não tenha sido entendi como devia
Os anos não roubaram de mim a vontade de viver
Sou livre, sou alado, sou do mundo, sou amado.
O que importa é o juízo que faço de mim.
Assim sendo, findo sem bravatear, sendo somente verdadeiro.
Sou do mundo, sou da paz, ainda não sou o sol,
Mas certamente serei sempre iluminado.
Jocabras 01-04-2016
Eu?
Nasci como se nascia
Na metade do século passado
Chorei sim, como todos recém nascidos choram
Vivi na escuridão por quarenta dias
Quando me puseram fora do quarto escuro
Estranhei e fechei os olhos
Fazendo uma careta horrível.
Era a primeira vez que eu tinha contato com o mundo
Senti que nasceria uma condescendência
Senti que a liberdade que já almejava
Estava no quintal de minha casa
Na frente o trem passava quase quebrando a telhas
Aos fundos, hoje uma das maiores tristeza,
Que já vi e vivi,
O Rio Pomba pujante e fato d’água limpa
Mais abaixo uma cachoeira ruidosa.
Todavia nunca tive muita intimidade
Nem com a perigosa linha do trem
Bem como o formoso Rio Pomba
Onde passe toda minha infância
E vez por outro tendo que mudar
Fugindo de sua engorda repentina.
Quando voltava ao seu leito
Havia somente uma camada de lama arenosa
O rio ainda não havia sido apresentado
Às garrafas PET, pneus e todo tipo de móvel descartado,
No mesmo que não tem jeito de se defender.
A única reação por seus direitos
Infelizmente não lhe foi dada
Certamente se pudesse jogaria tudo bem longe da margem.
Quando nasci
Foi tudo normal para metade do século passado
Pesei 4,850 Kg
Mas o mais cômico e enganoso
Foi que até aos cinquenta anos
Desenvolvi somente = 90%
Durante uns trinta e poucos anos
Pesei sempre abaixo dos 50 Kg.
Essa é uma das inexplicabilidades
Que no decorrer de nossa existência deparamos com elas
Assim dançamos conforme a música
Que nos é apresentada, Ou seja:
Há algumas situações que nos são irreversíveis
Outras dependem exclusivamente de cada um de nós.
A vida é algo como se cada um de nós
Estivéssemos num octodromo quase instransponível
E buscar nosso futuro, nossas conquistas,
Inerentes e buscadas por cada um
Então é bom e normal que entendamos
Que somente nós somos responsáveis
Por nós e por nossas atitudes certas ou erradas.
Me, dá a sensação que estamos n’uma mesa de jogo
Onde azar e sorte convivem concomitantemente
Todavia separadamente, nossa visão do mundo,
Aquele que buscamos para nós
Cada um alimenta suas buscas
Em alguns custe o que custar sempre valerá à pena.
Eu?
Penso diferente
Penso que só há um meio e um caminho com duas vertentes
Ou seja: A verdade e a crença
Se usarmos nossa lisura e verdade
Visando sempre trazer para cada um de nós
Aquilo que nos fará feliz e nos garantirá nosso sustento.
É ai que deparamos com um embate que ninguém escapa
É inviável ser somente feliz e não ter como sobreviver
Mas ter um ótimo trabalho e rendimento
E nunca dar-se o direito à felicidade
O direito de constitui família e torná-los felizes.
Mas há situações que fogem nossa razão e compreensibilidade
E nos inquirimos: Porque há tanto que não tem nada?
Porque tantos flagelados vitimados por drogas e cadeias
Que invariavelmente a uma morte prematura.
Não acredito em sorte e nem em azar
Reiterando: Acredito que cada um é responsável por si
Se a situação do seu momento não é a melhor
É porque você não creu, não vigiou para que história,
Viesse a ter um horizonte mais prospero.
Jocabras 02-04-2016
Da vida quero viver
Da luz, me fazer iluminado,
Das conjecturas oportunistas quero distância
Dos assumidos fofoqueiros
Quero a liberdade de fugir
Da mão pesada da culpa
Faço de tudo para que não vitime
Do punho e mão cerrados
Da justiça só peço que seja fiel
Que a dubiedade e permuta de favores
Não corrompa mais nenhum cidadão.
Não quero nunca
A lei de talião
Nem olho por olho ou nem dente por dente
Não quero nunca ser o que já fui
Não quero nunca mais repetir os mesmo erros
Bem como não cometer os mesmo acertos
Pois certamente hoje
Estarão em desconexão temporal e evolutiva
Não quero nunca mais trilhar pelas trilhas que trilhei
Aspirava ideias mirabolantes viagens aladas
Na velocidade de um foguete
E sempre uma queda emocionalmente vazia e evasiva.
Mas todo começo tem seu desfecho e final
O divorcio pode ser doloroso
Pois o amor existente era de perdição.
Mas há sempre saídas mais honrosas
Sim! Evidentemente que sim!
Mas dependendo das circunstâncias
Errar é eminentemente mais fácil.
Errei errando! Se lúcido ou lívido
Não é o primordial momentaneamente
O importante e reconhecer o erro e
Fazer tudo diferentemente certo.
Há controvérsias!
Pois a perfeição não existe
Mas a reincidência já é inimaginável para uns
E totalmente concebível e buscável
Até porque o mal nunca rescinde contrato
Ele sempre trabalha com a protelação
E uma quase certa busca e recaída.
Comigo tudo se fez e se deu coerente
Havia uma consciência que não calava
Que sempre me cobrava caramente
Ou será que amorosamente e carinhosamente
Ainda apostavam em meu retorno?
Cada um trabalha com a ferramenta de que dispõe
Embora essa frase seja controversa e até imoral
Me, mostra que o bandido trabalha,
Munido de um revolver municiado.
Mas sobrevivemos a perigos mais eminentes
Há mortes bem mais dolorosas que de uma bala
Perdida ou predestinada.
Somos todos, irresponsavelmente responsável,
Pelo venenoso fruto de nossos vícios
Das bebidas a cachaça é barato e não menos responsável
Que um copo de Whisky mormente acompanhado
De doces êxtases que lhe dá coragem
E lhe torna um mais irresponsável que o normal.
Não, não meu caminho as trilhas eram curtas,
Não carecia turbinar nem muito acelerar
A sanha era somente no início buscar uma fuga
As consequências de fugir
É não saber a hora de voltar
E nem de desligar a chave da compulsão.
Somo todos uns fujões
Somos todos uns compulsivos alguns inveterados
De dar calos nas nádegas
Buscadas nos tamboretes de botequins.
Ficamos tão irracionais e bitolados
Pois o vicio, nos leva a esquecer até família,
Imaginemos então os compromissos financeiros!
A compulsão é uma doença da mente
Pois estamos sempre fugindo
E buscando algo que supra alguma necessidade
Que vai desde uma simples coleção de chaveiros
Até apostar a própria roupa n’uma mesa de carteado.
Mas o mal não se restringe só ao citado acima
Fica bem pior quando nos enterramos de cabeça para baixo
E a vaidade doentia não nos deixa nenhum bom senso
Mesmo assim ainda garbosamente dizemos:
Eu abando esse vício a hora que bem quiser!
Mas uma pertinente pergunta não cala:
Quando é que vamos querer?
Esse é o maior dilema de quem vive uma compulsão
Esquecemos o leite e tomamos uma cerveja e uma pinga.
Todavia ainda há algo bem pior
Que pode nos arrolar em algo bem pior
Pois a compulsão é mais forte
E por ela nos tornamos fora da lei
Conhecemos a cadeia
Que no auge de nossa doença dizemos insanamente:
Cadeia foi feita pra homem!
Eu sinto muito e me constranjo
Tanto quanto as famílias que adoecem também
Vitimadas sempre pela espera da noticia pior
Ou seria a única que trará e dará a família
A dignidade perdida e o direito ao sossego
De uma vida menos drástica.
Da morte só espero aquela esperada na normalidade
Que minha morte não seja nunca
O apagamento dos danos que porventura
Tivesse vindo a provocar.
Mas me acode dizer: que adoro viver
Mas já não me apraz fugir do mundo
E muito menos Cabraleando
Quando disse: talvez fosse melhor
Pular da ponte e da vida, vida Severina.
Há um questionamento sombrio sob um véu negro
Que merece ser perguntado independentemente de direito
E tão somente me fazer entendido:
Ao vendedor de pipocas cabe nos oferecer seu produto
E valorizá-lo com boa conversa
Mas o delituoso traficante é o contrário
Todos o procuram o chamam de amigo
Paga sorrindo e nem pergunta se é da boa!
Concluindo: somos nós os errados,
Pois nós vamos ao seu domicílio
E muitas vezes não voltamos mais
Pois uma cantada fatalidade já esperada aconteceu.
Jocabras 06-04-2016
Tenho me feito abrir paulatinamente uma fresta
Do meu baú de reminiscências
Algumas louváveis e outras passando ainda pelo
Purgatório, mesmo assim saem às pressas,
Meus dedos digitam avidamente, mas a mente,
É livre de culpa, só digito o que min’alma pede
E certamente seja o tema da vez.
Jocabras 06-04-2016
motivo- A avast não informou via E-mail número de documento algum
bem como não realizou serviço algum em meu computador na data de
04-04-2016
portanto já solicitei ao ITAUCARD a suspensão do débito até que a
avast se manifeste e cumpra a compra efetuada e mediante ao protocolo
de prestação de serviço será liberado para cobrança.
João Carlos Almeida Lopes
Porque no Brasil os trabalhadores Alem de
Receber salários ainda recebe, vale
Transportes e vale refeição ou alimentação?
Tão fácil responder a todos esses questionamento
Quanto fazer uma criança alegre dando-lhe um sorvete.
Como disse é muito simples, o país tem uma das cargas
Tributárias mais escorchantes e desonestas do mundo.
Pois à medida que sai das fábricas de beneficiamento
E transformação vai sofrendo com o efeito cascata,
Ou seja, a tributação incide mais uma vez sobe o produto
Até que chegue ao consumidor final.
Então é muito fácil deduzir que os fabricantes e
Transformadores desses produtos vão vendo seus
Possíveis lucros serem tomado de se abruptamente
Pela mão grande do fisco.
O governo Federal e a Câmara Federal não se acordam
Com relação a uma profunda revisão no sentido de
Diminuir o número de impostos, eliminar o efeito cascata,
Criando um único e exclusivo imposto, onde todas as
Classes sociais sofressem o mesmo impacto,
Assim os empregadores pagariam um salário mais justo
Onde não necessitasse de adjutórios e penduricalhos
Aos salários e cada um arcasse com seu transporte
De preferência e alimentasse se valendo de seu salário.
Vale dizer que em se aplicando esse principio o INSS
Teria uma receita maior concomitantemente o futuro
Aposentado também aposentaria com um salário mais
Humano, pois quando se aposenta ou adoece e requere
O auxílio doença esses benefício somem de sua
Aposentadoria ou auxílio doença e o trabalhador se vê
Obrigado a refazer toda a sua estrutura de vida
Baseada numa aposentadoria injusta. Ou uma pensão
Pensão ínfima, mas não deixa de almoçar
E pagar coletivos, pois precisa estar sempre rondando
As agências da previdência social.
Então entendemos que o estado interfere erroneamente
Sobre as empresas instituindo imposto e teria aumentado
Mais se não fosse esse pedido de impeachment proposto
E aceito. Temos um estado paternalista e inchado com
31 ministérios, mais da metade não se sustentam baseado
Em sua necessidade, uma presidente fraca e ante social
Que necessita ser pajeada por uma corja de incapacitados
Denominados ministros, mas que nem verba tem para seus
Ministérios a não ser o básico para uma residência familiar:
Pó de café, produtos de limpeza e papel higiênico, esse
De primeira linha.
O mais incômodo é que os detentores dessas pastas
São oportunistas aparentados ou protegidos de políticos
Que já começam a cometer a corrupção quando indica
Alguém de sua laia, pois confiança seria esculachar,
Como nosso português.
Vamos ao imoral e famigerado, bolsa família, onde
Cerca de 20% dos beneficiários nos estado do norte
E nordeste são concedidos à famílias corruptas
E corruptoras, ou seja, indevidamente.
Mas há que se perguntar o porquê o gov. federal
Tem tanto melindre e o trata como um indês.
Porque ali está a gran fonte de corromper e constranger
Os eleitores menos abastados e mais judiados do
País e onde recai uma espécie de culpa maldita.
Pois são duas regiões onde a educação e a saúde
Funcionam mais precariamente propositalmente
Pois se melhorar estraga e desmonta a máquina de
Fazer safados candidatos e possíveis eleitos,
Então tirar da subserviência já mansa e acostumada
E deixar que levantem suas cabeças e tomem pé
Da situação em que vivem seria como dar um talão
De cheques assinados a qualquer político puteiro
E safado.
Esse labéu que recai infinitamente sobre os nortistas
E nordestinos já passou da hora de ser desmascarado,
Alias já vem sendo vagamente substituído por algumas
Instituições de ensino mostrando que mesmo vivendo
Diante da adversidade, quando lhes oferecem condição
Tem mostrado uma inteligência rara e se mostrando
Gênios, todavia sufocado pela falta de interesse em
Melhorar a educação naqueles estados.
É mister que reformulemos toda essa política protecionista
E paternalista criada por Lula, onde se criou o mito bonzinho,
Mas ser bom para alguém não significa que essa pessoa
Prosperará, mas sim ficará perenemente dependente,
De ser ajudando e criando o labéu de necessitado.
Essa mentalidade já enraizada e até endêmica nas regiões
Norte e nordeste traz em seu seio outra forma de corrupção
Que é o não pagamento de empréstimos e impostos por
Ex grandes e hoje quebrados usineiros, pois com mão de
Obra quase de graça, fica uma pergunta: porque modernizar
O parque industrial e assim quebraram deixando dívidas
Dantescas e Homéricas, Dantesca por que foi premeditada
Com a finalidade de endividar e nunca pagar. Homéricas
Porque por si só os latifundiários do século passado
Dominavam principalmente todo o nordeste brasileiro é só
Lembrarmos do atrevimento atabalhoado de A. C. M
Outro problema endêmico brasileiro que precisa acabar
Com muita rapidez é a valorização exacerbada dos salários
Pago pela federação no que diz respeito à burocracia e o
Grande desrespeito para com os professores e policiais,
Que sempre estiveram á margem nas políticas remuneratórias.
Infelizmente nós cultivamos como se fosse mudas de pau
Brasil muitos costumes do fim do século dezenove e até
Metade do século vinte, mentalidades arcaicas aliadas
À falta de reflexão sobre a política salarial no Brasil
Nas empresas privadas, que ao primeiro vento sinalizando
Crise, esse mesmo vento já leva uma leva de demitidos,
E o pessimismo recai como uma nuvem negra como o breu
Da noite sem lua.
Precisamos de uma constituição justa, severa e sem brechas,
Para advogados achacadores contribuindo para manter
A corrupção altamente ativa. Precisamos de Educação e
Saúde para nivelarmos a renda pessoal num patamar digno
E não num nível que esmaga e limita a todos os recursos.
No Brasil hoje de regra geral a educação pública é algo
Que existe simplesmente fisicamente em forma de edificação,
Mas o conteúdo é fraco e desestimulador, sem mencionar,
Que os alunos também não entendem a necessidade de
Uma formação técnica e profissionalizante. Há uma
Cronicidade nesses assuntos, os pais não tem mais uma
Condição de diálogo com seus filhos entendendo ser uma
Obrigação do estado na forma do professor, que por sua
Vez não tem a menor condição de educar um adulto
Deseducado e maculado pela pobreza e pelos desajustes
Sociais, morais e econômicos que nos assolam.
Entendo e já defendi varias vezes que o trabalhador
Não precisa de adendos ao seu salário, mas sim um
Salário justo que lhe garanta uma aposentadoria
Que lhe permita viver dentro do meso patamar de quando
Trabalhava ou até mais folgadamente, pois os filhos
Ganham vida própria e autonomia.
Essa é a verdadeira estória do famigerado bolsa família
E outros adendos para suprir a falta de salário e de
Trabalho justo,
Jocabras 19-04-2016
Martins Almeida Sabe Ludmila! Creio não ter a sutileza nas palavras quanto você, mas concordo-me hirsuto, mas não gosto de guardar interrogações ou mesmo exclamações, pois nunca apontam a contundência e acaba espalhando a insegurança, eu? eu já rasgo o verbo e prefiro os pontos finais a esmorecer desalentado, todavia sem aqueles que nada acrescentam e nem somam, também não divida, mas vive para minuir nossa auto estima. jocabras, 25-04-
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